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<p>MERCADO DE CAPITAIS</p><p>AULA 3</p><p>Prof. Alfredo Beckert Neto</p><p>2</p><p>CONVERSA INICIAL</p><p>Olá! Seja bem-vindo à nossa terceira rota de aprendizagem. Vamos iniciar</p><p>mais um assunto: “financiamento de empresas e o mercado acionário”.</p><p>Sabemos que as empresas precisam de capital para investir ou mesmo</p><p>para fazer suas operações “girar”. Por isso, nesta rota veremos os aspectos que</p><p>envolvem do financiamento de empresas até sua captação de recursos no</p><p>mercado de capitais, por meio de debêntures e ações. Além disso, esses</p><p>produtos podem ser formas de investimento, tanto para empresas quanto para</p><p>pessoas físicas compradoras.</p><p>Iniciaremos pelo detalhamento sobre o mercado de capitais, para assim</p><p>conversarmos sobre o financiamento de empresas. Depois disso, abordaremos</p><p>as debêntures e ações de empresas. Para finalizar a rota, discutiremos sobre o</p><p>mercado primário e mercado secundário.</p><p>Aproveite para parar e refletir durante os pontos que considerar</p><p>interessantes durante a aula, pois podemos criar associações e,</p><p>consequentemente, gerar novas ideias.</p><p>Desejamos a você um ótimo estudo!</p><p>CONTEXTUALIZANDO</p><p>Sabemos que diariamente o mercado de capitais movimenta bilhões de</p><p>reais no Brasil. Com o aumento da complexidade das operações de capitais</p><p>devido à globalização e à maior competição nos mercados, o maior desafio se</p><p>encontra em proporcionar o acesso às informações e a comercialização dos</p><p>produtos, de forma rápida e eficiente. Porém, isso não é tarefa fácil. E quais</p><p>seriam esses principais produtos do mercado de capitais?</p><p>As debêntures e as ações de empresas. Caso uma empresa necessite de</p><p>capital para realizar sua expansão e investir em suas operações, estes dois</p><p>produtos possibilitam essa captação de capital. O primeiro por meio de títulos de</p><p>dívida, e o outro por meio da venda do capital da empresa. Por outro lado, uma</p><p>pessoa física ou jurídica poderá adquirir essas ações e debêntures como forma</p><p>de investimento, visando tanto à valorização das ações e o recebimento de</p><p>dividendos, como à remuneração de juros das debêntures. Diante disso, é</p><p>interessante que o gestor financeiro conheça todos os produtos existentes no</p><p>3</p><p>mercado financeiro, tanto de captação de recursos como de investimento, para</p><p>selecionar o mais adequado à sua realidade e aos seus objetivos, favorecendo</p><p>assim sua estratégia e a melhora no resultado da organização.</p><p>Pesquise</p><p>Vamos buscar entender sobre como as empresas realizam seu</p><p>financiamento: quais são os produtos mais acessados? E as empresas S.A. de</p><p>capital aberto: como elas realizam a captação de recursos no mercado de</p><p>capitais? Podemos também buscar o porquê de usar o mercado de capitais em</p><p>ambos os lados: captador ou investidor. Isso nos fará compreender um pouco</p><p>mais sobre esse mercado e seus produtos.</p><p>TEMA 1 – FINANCIAMENTO DE EMPRESAS</p><p>Imagine que você é o gestor financeiro de uma empresa, e está sendo</p><p>indagado pelo presidente sobre se seria possível captar 10 milhões de reais para</p><p>o desenvolvimento de um novo projeto. Você teria a obrigação de levantar as</p><p>opções que a empresa possui para tal captação, assim como suas</p><p>consequências, custo, prazos e exigibilidades. Percebeu a responsabilidade?</p><p>Esse tipo de necessidade de captação é muito comum nas empresas, pois</p><p>elas precisam investir constantemente, tanto em busca de expansão quanto para</p><p>manter suas operações em funcionamento e capital de giro.</p><p>O gestor financeiro possui dois tipos de recursos para captar: capital</p><p>próprio ou capital de terceiros. Para captar capital próprio, ele terá que convencer</p><p>e provar para os sócios da empresa quanto à necessidade desse capital e, ainda</p><p>dependerá do fato de se estes sócios possuem capital disponível. Quanto ao</p><p>capital de terceiros, o gestor financeiro pode buscar no mercado financeiro, tanto</p><p>de crédito quanto de capitais. Podemos pensar que o capital de terceiros é pior,</p><p>pois a empresa ficará endividada, mas nem sempre é assim, pois os proprietários</p><p>dividem o risco da empresa com terceiros. E lembre-se, a empresa sempre</p><p>estará endividada, tendo como credores os sócios e terceiros, ou você acha que</p><p>os sócios não querem ser remunerados por meio de juros e de outras formas?</p><p>Você, como gestor financeiro, deve compreender que as decisões de</p><p>investimento devem estar associadas às decisões de financiamento e levantar</p><p>possibilidades de captação é fundamental para obter o capital mais próximo dos</p><p>4</p><p>termos desejados, resultando assim em uma melhor gestão financeira e,</p><p>consequentemente, em melhores resultados.</p><p>Pensando em financiamento com capital de terceiros, o mercado de</p><p>crédito oferece muitos produtos, como operações de compror, vendor, linhas de</p><p>capital de giro, linhas subsidiadas pelo BNDES, financiamentos para exportação</p><p>e importação, entre muitos outros produtos.</p><p>Por outro lado, o mercado de capitais possibilita a captação de recursos</p><p>por meio da emissão de títulos de dívida e a venda de ações da organização,</p><p>resultando assim na diminuição da participação do capital da empresa dos</p><p>acionistas. Normalmente, essas formas são acessíveis e utilizadas por empresas</p><p>de grande porte. No entanto, já existem meios para que organizações menores</p><p>consigam captar recursos com base no mercado de capitais.</p><p>Claro que o gestor deve levar em conta os aspectos que envolvem o custo</p><p>do capital (juros, impostos e taxas), prazos e formas de pagamento, garantias e,</p><p>em alguns casos, o sistema de amortização.</p><p>Existem também outros terceiros que podem facilitar ou até mesmo</p><p>auxiliar no financiamento de empresas: o governo e fornecedores.</p><p>Vamos imaginar que você, como gestor financeiro de uma nova operação,</p><p>necessita levantar capital de acordo com a seguinte estrutura:</p><p> Capital de giro............................. R$ 900.000,00</p><p> Obras e máquinas.................... R$ 2.000.000,00</p><p> Pesquisa e desenvolvimento....... R$ 700.000,00</p><p> Marketing..................................... R$ 900.000,00</p><p>Analisaremos o capital de giro. Essa rubrica é necessária, principalmente,</p><p>para cobrir o ciclo financeiro, ou seja, se vendemos nossos produtos em até 90</p><p>dias para o cliente pagar e pagamos o fornecedor em 60 dias, temos 30 dias de</p><p>necessidade de capital de giro. Caso você consiga financiar esse capital de giro</p><p>a um custo de 2,5% de juros a.m., vale a pena analisar com seus fornecedores</p><p>se consegue negociar um prazo maior, tal como 90 dias, e inclusive, podemos</p><p>oferecer pagar um valor de 1% a mais. Resumindo a ideia, se os fornecedores</p><p>oferecem prazos para pagamento, significa que eles estão “emprestando” capital</p><p>para sua operação, e quanto melhor for a negociação, menos capital de giro será</p><p>necessário.</p><p>5</p><p>Com relação ao governo, devemos analisar a possibilidade de utilização</p><p>de benefícios fiscais, e inclusive de linhas de capital não reembolsáveis. Isso</p><p>poderia reduzir drasticamente a necessidade de capital na rubrica pesquisa e</p><p>desenvolvimento.</p><p>Em resumo, há uma certa complexidade para financiar os investimentos</p><p>e operações das empresas, visto que existem diversas formas e produtos para</p><p>realizar isso. O mercado oferece soluções de curto, médio e longo prazo que</p><p>podem saciar as necessidades das organizações. Todavia, note que o gestor</p><p>financeiro deve conhecer exatamente o montante de capital que necessita para</p><p>seu projeto, pois a falta de capital pode fazer com que o projeto não se</p><p>desenvolva e a sobra de capital financiado pode gerar uma redução nos</p><p>resultados devido à despesa financeira, gerando assim uma menor rentabilidade</p><p>para os sócios e/ou acionistas.</p><p>TEMA 2 – O MERCADO DE CAPITAIS</p><p>Mais uma vez nosso tema é mercado financeiro – mais especificamente,</p><p>mercado de capitais.</p><p>Imagine que você ou sua empresa estão com dinheiro em caixa</p><p>"sobrando", ou seja, sem destinação; por isso, você pensa em investir no</p><p>mercado</p><p>de capitais. Logicamente, antes de realizar o investimento, é</p><p>necessário conhecer o mercado, seus produtos e como as regras funcionam. Em</p><p>alguns países a cultura de aplicar no mercado de capitais é bem difundida,</p><p>inclusive entre pessoas físicas, como ocorre nos Estados Unidos. Nos últimos</p><p>anos, com o crescente acesso à informação, o Brasil tem visto aumentar a</p><p>procura pela compra de ações pela população em geral.</p><p>Por outro lado, empresas que necessitam de capital para expandir suas</p><p>operações. Podem, por exemplo, verificar a possibilidade de entrada no mercado</p><p>de capitais para captar recursos financeiros.</p><p>O mercado de capitais é o mercado no qual se comercializam valores</p><p>mobiliários, como ações, debêntures, commercial papers, derivativos, opções de</p><p>compra de valores mobiliários, quotas de fundos imobiliários, entre outros</p><p>produtos, que permitem a circulação de capital para custear o desenvolvimento</p><p>econômico. Pode ser definido, conforme BM&FBovespa (2010, p.7), como “um</p><p>sistema de distribuição de valores mobiliários que tem o propósito de</p><p>6</p><p>proporcionar liquidez aos títulos de emissão de empresas e viabilizar o processo</p><p>de capitalização”.</p><p>Esse mercado é constituído pelas corretoras, bolsas, agentes de</p><p>liquidação e custódia de títulos e outras instituições financeiras autorizadas.</p><p>Segundo Pereira (2013, p. 82), os títulos de valores mobiliários são</p><p>caracterizados por alterarem de nominação de um investidor para o outro, sendo</p><p>considerados então como ativos móveis. O autor também menciona que o</p><p>desenvolvimento do mercado de capitais foi impulsionado pela redução no custo</p><p>de captação de recursos, visto que o mercado de crédito oferecia custos mais</p><p>altos em relação ao mercado de capitais; inclusive, em alguns casos o credor se</p><p>transforma em acionista da empresa.</p><p>Ademais, o mercado de crédito permitiu a ascensão do mercado de</p><p>capitais quando não atendeu às necessidades das empresas no que se refere a</p><p>condições em termos de custos, prazos e outras exigências.</p><p>Sendo assim, este mercado incentiva o crescimento da poupança, pois</p><p>quanto maior o nível de poupança, maior será a disponibilidade para investir. Por</p><p>isso, tanto pessoas físicas quanto jurídicas são consideradas como fontes do</p><p>financiamento dos investimentos de uma nação. Com os investimentos,</p><p>desenvolve-se o crescimento econômico, assim como se propicia o aumento de</p><p>renda, gerando uma espécie de ciclo.</p><p>Portanto, quanto mais as empresas crescem, mais recursos são</p><p>necessários, sendo que esses recursos normalmente são captados por meio de</p><p>empréstimos de terceiros, participação dos acionistas e reinvestimento de lucros.</p><p>No mercado de capitais, temos como agente mais importante as</p><p>sociedades anônimas (S.A.) de capital aberto, consideradas emissores. Como</p><p>intermediários, por exemplo, existem os bancos de investimento,</p><p>administradores de carteiras e corretores de mercadorias, de títulos e valores</p><p>mobiliários.</p><p>Neste mercado, os investidores dividem-se em duas categorias:</p><p> Individuais ou particulares: indivíduos ou empresas que atuam</p><p>diretamente comprando e vendendo no mercado;</p><p> Institucionais: pessoas jurídicas que administram e movimentam</p><p>grandes montantes de capital dentro do mercado financeiro, sendo esse</p><p>capital de outras pessoas. Exemplos: fundos de investimento, sociedades</p><p>7</p><p>de capitalização, sociedades seguradoras, clubes de investimento e</p><p>entidades de previdência privada.</p><p>Há ainda um outro conceito importante, que é o de mercado de balcão,</p><p>que se refere à comercialização dos valores mobiliários “por fora” da bolsa de</p><p>valores. Ou seja, é o mercado em que são negociadas a compra e venda dos</p><p>títulos e de outros produtos de forma direta, entre o comprador e o emissor ou</p><p>vendedor, ou ainda existindo a intermediação de alguma instituição financeira,</p><p>mas sem operações dentro da bolsa de valores.</p><p>É importante ressaltar que o mercado de capitais, de um modo geral, ou</p><p>seja, na maioria de seus produtos, não oferece ao investidor rentabilidade</p><p>garantida. E como não oferecem garantia de retorno, devem ser considerados</p><p>investimentos de risco. Outro ponto importante no mercado de capitais é que a</p><p>rentabilidade passada não garante rentabilidade futura. Por exemplo, se você</p><p>comprou ações da Petrobrás no mês passado e seu valor subiu 10%, isso não</p><p>garante em nada que no mês seguinte também ocorrerá um aumento, podendo</p><p>inclusive existir a redução do valor. Por isso, esse tipo de aplicação é</p><p>considerado como de renda variável.</p><p>Vale lembrar que o mercado de capitais é supervisionado pela Comissão</p><p>de Valores Mobiliários (CVM) e seus produtos, em grande parte, são negociados</p><p>pelas bolsas de mercadorias e futuros, assim como as bolsas de valores. Por</p><p>isso, para uma organização ou mesmo pessoa física ter acesso ao mercado, são</p><p>seguidas diversas normas e regras, que visam ao bom funcionamento do</p><p>mercado.</p><p>As empresas S.A. normalmente utilizam-se dos principais papéis</p><p>mobiliários para captar recursos: as ações e as debêntures. Abordaremos estes</p><p>dois papéis nos próximos temas.</p><p>Leitura sugerida</p><p>Livro da disciplina, páginas 82 a 83</p><p>8</p><p>TEMA 3 – DEBÊNTURES</p><p>Imagine uma empresa de capital aberto listada na bolsa precisando captar</p><p>recursos no mercado para desenvolver um novo segmento. Essa organização</p><p>pode emitir títulos de dívida de médio e longo prazo. A empresa define as</p><p>condições, juros de remuneração, prazos e coloca os títulos para</p><p>comercialização. Quem tiver interesse nas condições definidas poderá comprar</p><p>esses títulos – simples assim. Claro que esse título oferece risco, visto que a</p><p>empresa poderá não pagar ao comprador no vencimento do título. Por isso,</p><p>existem agências que classificam o risco das empresas, sendo as três principais:</p><p>Standard & Poor's, Fitch e Moody's.</p><p>Contudo, vamos seguir com as definições de debêntures. De acordo com</p><p>Kerr (2011, p. 87), “[...] debêntures são valores mobiliários representativos de</p><p>dívida de médio e longo prazos, com privilégio geral sobre os bens sociais ou</p><p>garantia real sobre determinados bens emitidos por sociedades anônimas no</p><p>mercado de capitais”. É uma emissão de título privado que tem por intuito</p><p>financiar projetos de investimento ou reestruturar e alongar o perfil da dívida da</p><p>organização.</p><p>Para ficar claro, a debênture gera o direito ao comprador de receber uma</p><p>remuneração do emissor (normalmente juros) e, periodicamente ou quando o</p><p>título vencer, receber também o valor investido (principal). Ela pode ser emitida</p><p>por S.A. de capital aberto ou fechado. Ademais, as especificações das</p><p>debêntures constam em sua escritura de emissão, que inclusive poderá citar a</p><p>destinação dos recursos captados. É interessante salientar que as debêntures</p><p>são uma das formas mais antigas de captação de recursos via títulos no Brasil.</p><p>Mesmo assim, ela não é massivamente difundida.</p><p>Cada empresa pode fazer diversas emissões, sendo que cada emissão</p><p>pode ser classificada em séries. Quando mencionamos debêntures da mesma</p><p>série, significa que elas possuem o mesmo valor nominal, assim como</p><p>disponibilizam os mesmos direitos aos titulares.</p><p>Outro ponto interessante é que as debêntures podem ter o prazo de</p><p>vencimento determinado, antecipado ou indeterminado. Como as demais</p><p>informações, o prazo de vencimento e as condições de antecipação do</p><p>vencimento devem constar na escritura de emissão.</p><p>As debêntures podem ser negociadas em mercado de balcão e na bolsa</p><p>de valores.</p><p>9</p><p>Podemos listar algumas vantagens desses títulos:</p><p> Normalmente possui custos de captação menores para os emissores;</p><p> É uma alternativa aos financiamentos bancários;</p><p> Para o investidor, é um investimento em renda fixa, possibilitando a</p><p>previsão do fluxo de caixa e uma boa rentabilidade em comparação com</p><p>outros produtos de renda fixa.</p><p>Além disso, a empresa pode incluir alguns itens para motivar mais</p><p>compradores,</p><p>como as debêntures com participação nos lucros e conversíveis</p><p>em ações.</p><p>Portanto, existem diversas categorias de debêntures: conversíveis,</p><p>permutáveis e simples (ou não conversíveis).</p><p>No caso das debêntures conversíveis em ações, se o emissor não pagar</p><p>o que consta na escritura de emissão, a garantia são as próprias ações da</p><p>empresa, ou seja, o comprador ficará com ações dessa no valor e formas</p><p>estipuladas na escritura.</p><p>As debêntures não conversíveis ou simples não podem ser convertidas</p><p>em ações da empresa emissora. As debêntures conversíveis, por sua vez, em</p><p>sua escritura possuem cláusulas possibilitando que elas sejam convertidas em</p><p>ações tanto ao término de prazo estipulado quanto a qualquer tempo, caso esteja</p><p>determinado na escritura de emissão. Já as debêntures permutáveis dizem</p><p>respeito aos títulos que podem ser transformados em ações de emissão de outra</p><p>empresa, e não em títulos da empresa que emitiu a própria debênture.</p><p>Além de tudo isso, as debêntures podem ser incentivadas. A Lei nº</p><p>12.431, de 24 de junho de 2011, menciona sobre a incidência do imposto de</p><p>renda nas operações de debêntures de infraestrutura. Esses títulos são emitidos</p><p>por S.A. em que os recursos captados visem à implementação de projetos de</p><p>investimento na área de infraestrutura ou de produção maciça em pesquisa,</p><p>desenvolvimento e inovação, determinados como prioritários pelo Governo</p><p>Federal.</p><p>Ademais, uma debênture pode ser classificada, quanto à sua forma, como</p><p>nominativa ou escritural. As nominativas se referem a certificados emitidos em</p><p>nome do titular, e são registradas em livro próprio retido pela empresa. As</p><p>escriturais, por sua vez, não possuem certificados representativos, e uma</p><p>10</p><p>instituição financeira depositária designada pela empresa mantém em nome do</p><p>titular em conta de depósito.</p><p>Por fim, existe um conceito utilizado no mercado e que é necessário</p><p>conhecermos. São os commercial papers. Segundo Kerr (2011, p. 87),</p><p>commercial papers ou ainda, notas promissórias comerciais, são títulos de dívida</p><p>para obtenção de capital de curto prazo, podendo existir garantias oferecidas</p><p>pela empresa emissora ou não, e sua remuneração pode ser prefixada (mais</p><p>usual) ou pós-fixada.</p><p>Leitura sugerida</p><p>KERR, R. B. Mercado financeiro e de capitais (p. 88: visualizar o quadro 6.1.)</p><p>#ficaadica</p><p>Caso necessite conhecer o rating de alguma companhia ou governo, pesquise</p><p>na internet. Alguns links sobre debêntures:</p><p>• ;</p><p>• .</p><p>TEMA 4 – AÇÕES</p><p>Agora vamos estudar as ações: aquelas que ou deixam pessoas</p><p>milionárias, ou as fazem perder grande parte de seu patrimônio em poucos dias.</p><p>Pereira (2013, p. 84) comenta que as ações são emitidas por companhias,</p><p>e que são títulos de renda variável que representam a menor fração do capital</p><p>de uma empresa. Diante disso, podemos apresentar um exemplo: caso</p><p>pegássemos todo o capital de uma empresa e dividíssemos nas menores partes</p><p>possíveis, cada parte seria uma ação, e cada parte torna uma pessoa acionista</p><p>(proprietária) da empresa. Essa ação gera para o acionista o direito de participar</p><p>dos resultados da empresa seguindo a proporção da quantidade de ações que</p><p>cada acionista tem. Além disso, quanto mais ações de uma empresa uma pessoa</p><p>tiver, mais influência ela terá nas decisões dessa empresa.</p><p>Além disso, as ações podem ser classificadas em ordinárias (ON) e</p><p>preferenciais (PN, PNA e PNB). Essas siglas são muito comuns e importantes.</p><p>11</p><p>As ações ordinárias, de acordo com Pereira (2013, p. 84), concedem</p><p>direito a voto em assembleias da empresa, sendo que cada ação ordinária</p><p>fornece o direito a um voto. Com isso, quanto maior a quantidade de ações,</p><p>maior a influência nas votações em assembleias. Além disso, as ações ordinárias</p><p>também fornecem o direito na participação dos lucros da empresa. Por outro</p><p>lado, as ações preferenciais, ainda segundo Pereira (2013, p. 84), não fornecem</p><p>o direito a voto, mas em contrapartida cedem prioridade no recebimento de</p><p>dividendos, assim como, em caso de distrato da sociedade, no reembolso de</p><p>capital. O autor ainda menciona que há uma regra peculiar: em caso de a</p><p>companhia parar de pagar os dividendos fixos ou mínimos por um prazo</p><p>estabelecido no estatuto e não superior a três exercícios consecutivos, os</p><p>detentores de ações preferenciais passarão a ter direito a voto, e caso a empresa</p><p>retorne o pagamento de dividendos, as ações voltam a não proporcionar direito</p><p>a voto.</p><p>Apenas como um exemplo, é interessante perceber que a Petrobrás está</p><p>listada na bolsa de valores com as denominações PETR3 e PETR4. A PETR3</p><p>se refere a ações ordinárias e a PETR4 são ações preferenciais. Ainda, as ações</p><p>preferenciais podem ser finalizadas pelos números 5 e 6, por exemplo: VALE5</p><p>(PNA), ELET6 (PNB). Além disso, existem as units, que podemos fazer uma</p><p>analogia com “pacotes” de ações, e dentro desses pacotes existem ações</p><p>preferenciais e ordinárias. O código para os pacotes de ações é o número 11,</p><p>como o exemplo: BBTG11. Perceba o quanto o mercado de capitais é preparado</p><p>e organizado.</p><p>As ações podem ser emitidas por sociedades anônimas tanto de capital</p><p>fechado quanto capital aberto. Todas as empresas de capital aberto devem estar</p><p>registradas na CVM, e são obrigadas a disponibilizar inúmeras informações</p><p>econômicas, financeiras e sociais para o mercado. Vale lembrar que, em</p><p>qualquer período, as ações são conversíveis em dinheiro por meio da</p><p>comercialização em bolsa de valores ou em mercado de balcão.</p><p>Agora que já sabemos o que é uma ação, vamos para a “parte boa”:</p><p>conhecer a rentabilidade de uma ação.</p><p>Essa rentabilidade é variável, pois uma parte é composta de dividendos</p><p>(participação nos resultados), assim como benefícios concedidos pela empresa</p><p>– basta ter a posse da ação); outra parte resulta de um possível ganho de capital</p><p>na venda da ação. A seguir listamos algumas das remunerações:</p><p>12</p><p> Dividendos – São representados pela participação nos resultados por</p><p>meio da distribuição de dividendos em dinheiro, sendo que esse</p><p>percentual de distribuição dos lucros é definido pela empresa.</p><p>Normalmente o lucro de uma empresa é dividido para algumas</p><p>finalidades, como reserva legal, reinvestimentos e pagamento de</p><p>dividendos. Por exemplo: se uma empresa apurou um lucro líquido de 100</p><p>milhões de reais, isso não quer dizer que os acionistas dividirão esse</p><p>montante entre si, mas sim uma parte dele. A Lei das S.A. determina que</p><p>sejam distribuídos ao menos 25% do lucro líquido do exercício.</p><p> Juros sobre o capital próprio (JSCP) – As organizações podem</p><p>escolher por distribuir resultados de outra forma para seus acionistas.</p><p>Utilizando o pagamento de juros sobre o capital próprio, em vez de</p><p>distribuir dividendos, a empresa remunera os acionistas desde que atenda</p><p>às regras estabelecidas na regulamentação sobre JSCP. Para Pereira</p><p>(2013, p. 85), o JSCP pode oferecer um benefício fiscal sobre os</p><p>dividendos, visto que é uma despesa que pode ser abatida do lucro</p><p>tributável da companhia, e para o acionista tanto o recebimento de</p><p>dividendos quanto o JSCP representam uma remuneração financeira do</p><p>capital investido em ações.</p><p> Bonificação em ações – Ocorre quando existe um aumento de capital</p><p>de uma companhia por meio de incorporação de reservas e lucros, e</p><p>nesse caso, novas ações são distribuídas gratuitamente para os</p><p>acionistas seguindo a proporção de ações de cada um.</p><p> Bonificação em dinheiro – De forma mais específica e não muito</p><p>comum, essa bonificação ocorre quando, além dos dividendos, a</p><p>companhia concede aos acionistas uma participação adicional nos lucros</p><p>via bonificação em dinheiro.</p><p> Direito de subscrição – Representa o direito dos acionistas pela</p><p>aquisição de um novo lote de ações, seguindo a proporção das ações já</p><p>possuídas, com preferência na subscrição.</p><p> Venda de direitos de subscrição – Pelo</p><p>fato de o exercício de</p><p>preferência do direito de subscrição não ser obrigatório, o acionista</p><p>poderá vendê-los a terceiros.</p><p>13</p><p>É importante conhecer também o conceito de lote padrão de ações, que</p><p>é composto por 100 ações iguais. Por isso, é muito comum que as ordens de</p><p>compra e venda sigam múltiplos de 100. Isso facilita a negociação das ações e</p><p>gera maior liquidez. Mesmo assim, é possível comprar 70 ou 120 ações,</p><p>entretanto, elas não serão um lote padrão.</p><p>É interessante conhecermos também mais dois conceitos que podem</p><p>alterar o preço da ação, mesmo mantendo o valor da riqueza para o acionista.</p><p>São eles: os desdobramentos (splits) e os agrupamentos de ações (inplits).</p><p> Desdobramentos – Imagine que o preço de uma ação é de R$150,00.</p><p>Para comprar um lote padrão de 100 unidades será necessário pagar R$</p><p>15.000,00. Isso pode dificultar a compra por pessoas físicas,</p><p>diferentemente se a ação custasse R$ 20,00, e o lote padrão R$ 2.000,00.</p><p>Por isso, quando o preço da ação está muito alto, podendo dificultar sua</p><p>negociação, pois reduz a quantidade de possíveis compradores, a</p><p>empresa realiza o desdobramento, distribuindo novas ações para cada</p><p>ação em posse do acionista, gerando um aumento na quantidade de</p><p>ações no mercado. Consequentemente, o valor da ação é reduzido na</p><p>proporção do desdobramento.</p><p> Agrupamentos – Agora que conhecemos os desdobramentos, basta</p><p>invertermos o conceito para chegarmos ao dos agrupamentos. Eles</p><p>normalmente acontecem quando o preço da ação está reduzido, pois em</p><p>alguns casos isso pode causar uma má impressão e aumentar a</p><p>volatilidade. Por isso, como o próprio termo diz, existe um agrupamento</p><p>de ações, ou seja, uma diminuição na quantidade de ações, fazendo com</p><p>que seu preço aumente.</p><p>Note que o mercado de capitais possui muitos conceitos a que não</p><p>estamos acostumados. Por isso, é muito importante estudar e compreender seu</p><p>funcionamento antes de iniciar as operações tanto de investimento, 1quanto de</p><p>captação de recursos. Vale lembrar que o mercado acionário é administrado pela</p><p>bolsa de valores. Por isso, em nossas próximas aulas analisaremos e</p><p>aprenderemos como a bolsa de valores e suas negociações funcionam.</p><p>14</p><p>Leitura sugerida</p><p>KERR, R. B. Mercado Financeiro e de Capitais. (p. 88 a 93)</p><p>#ficaadica</p><p>Antes de negociar ações, estude em blogs e nos sites oficiais da</p><p>BM&FBovespa.</p><p>TEMA 5 – MERCADO PRIMÁRIO E SECUNDÁRIO</p><p>Existem vários mercados dentro do mercado de capitais, e muitos termos</p><p>para os descrever. Agora estudaremos os mercados primário e secundário.</p><p>O mercado primário, de acordo com Pereira (2013, p. 83), “existe quando</p><p>o título ou valor mobiliário é lançado pela primeira vez ao mercado, e o emissor</p><p>realiza a captação dos recursos pela venda do título”. Por exemplo, quando uma</p><p>empresa fará sua primeira venda de ações ou emissão de debêntures ou ainda,</p><p>emissão de notas promissórias, está caracterizado o mercado primário, pois os</p><p>valores captados pelas vendas serão destinados à companhia. As companhias</p><p>se utilizam do mercado primário para captar os recursos de que necessitam, com</p><p>o intuito de financiar seus projetos de expansão ou outras atividades.</p><p>Quanto ao mercado secundário, é por meio dele que acontecem as</p><p>negociações dos títulos adquiridos no mercado primário, proporcionando a</p><p>liquidez necessária. Em outras palavras, o mercado secundário é constituído</p><p>pela negociação dos títulos entre investidores, e não mais pela companhia</p><p>emissora e compradores. Por isso, os títulos são renegociados diariamente no</p><p>mercado de ações ou no mercado de balcão, destacando o papel fundamental</p><p>da bolsa de valores para realizar de forma organizada essas negociações.</p><p>Conforme Kerr (2011, p. 95), o mercado primário tem sua importância para</p><p>a capitalização das companhias, mas é o mercado secundário – a bolsa de</p><p>valores – que possui a função de dar liquidez ao mercado primário.</p><p>É interessante destacar alguns mecanismos que são utilizados no</p><p>mercado secundário, principalmente na bolsa de valores. O tão falado pregão</p><p>eletrônico (Mega Bolsa) se caracteriza pela possibilidade de o investidor realizar</p><p>suas negociações por meio de um dispositivo com acesso à internet. Outro termo</p><p>comum utilizado é o after market, que permite realizar ordens de negócio no</p><p>mercado acionário mesmo depois do encerramento do pregão eletrônico. Além</p><p>desses conceitos, quando ouvir falar de home broker saiba que é o sistema que</p><p>15</p><p>possibilita ao investidor realizar ordens de compra e venda por meio de um</p><p>dispositivo com internet, ou seja, é um sistema que possibilita o acesso ao</p><p>pregão eletrônico.</p><p>Então, pensando “na prática”, o mercado primário propicia a captação de</p><p>recursos para as empresas, que normalmente visam ao desenvolvimento de</p><p>novos projetos e o capital necessário para sua expansão. Mesmo assim, uma</p><p>companhia atingir o grau de maturidade para acessar o mercado primário é uma</p><p>tarefa que exige um grande esforço, pois além da regulação, a empresa precisa</p><p>publicar informações para que os acionistas tenham acesso, dentre várias outras</p><p>atividades, as quais têm o objetivo de gerar valor para suas ações e despertar o</p><p>interesse de compra nos investidores.</p><p>Por outro lado, no mercado secundário, a negociação ocorre de investidor</p><p>para investidor, sem que os ganhos ou as perdas realizadas com a negociação</p><p>dos títulos afetem a empresa emissora, pois ficam restritos aos investidores,</p><p>tornando o mercado, em parte, especulativo, sem contribuir com o</p><p>desenvolvimento das empresas. Mesmo assim, as companhias emissoras de</p><p>títulos devem desenvolver um bom relacionamento com o mercado e com seus</p><p>acionistas. Inclusive, verifica-se em empresas de capital aberto que</p><p>normalmente existe uma área ou um profissional responsável pelas relações</p><p>com investidores (RI), cujo intuito é ser uma interface ou conexão entre a gestão</p><p>da empresa e os acionistas e seus representantes, e com os demais agentes</p><p>atuantes no mercado de capitais.</p><p>Você, como gestor financeiro deve buscar como objetivo final de suas</p><p>decisões a melhoria e aumento de três itens fundamentais na gestão financeira:</p><p>o aumento do lucro, do caixa e do valor de mercado da empresa (valor das</p><p>ações).</p><p>TROCANDO IDEIAS</p><p>O mundo está mudando e as empresas se adaptam a todo momento. Hoje</p><p>algumas empresas e pessoas captam recursos por meio de sites de</p><p>crowdfunding (financiamentos coletivos).</p><p>Quando alguém ou alguma organização possui bons projetos, é possível</p><p>a essas pedirem doações ou realizar uma espécie de “pré-venda” ou vendas de</p><p>brindes com valor para financiar seus projetos. Para saber mais, pesquise na</p><p>internet.</p><p>16</p><p>E não para por aí: pensando na mesma ideia, nos últimos anos surgiu o</p><p>equity crowdfunding, que é permitido pela CVM. Ele possibilita que investidores</p><p>pessoa física participem do capital de micro e pequenas empresas. Conheça</p><p>mais em .</p><p>Além disso, como sugestão para você conhecer mais produtos do</p><p>mercado financeiro, recomendamos acessar o site da B3 Brasil e verifique no</p><p>menu de produtos e serviços. Selecione cada um dos produtos para conhecê-</p><p>los melhor. O link é: .</p><p>Outra informação interessante é que normalmente nos livros consta que</p><p>o home broker necessita de um computador, mas hoje já existem apps para</p><p>smartphones que realizam esse papel, possibilitando a compra e venda de</p><p>títulos.</p><p>SÍNTESE</p><p>Nesta Rota de Aprendizagem, vimos que o mercado de capitais possui</p><p>inúmeros produtos, mas sua organização e eficiência transmitem segurança e</p><p>credibilidade para os investidores. Esse mercado é uma alternativa para as</p><p>empresas captarem recursos com o intuito de expansão e manutenção de suas</p><p>operações.</p><p>Um dos títulos que possibilita essa captação de recursos para a empresa</p><p>é a debênture, que é um título privado de dívida da companhia emissora, e em</p><p>sua</p><p>escritura de emissão constam todas as informações necessárias para o</p><p>investidor, como: remuneração (juros), prazos, formas de pagamento, entre</p><p>outras. Outra forma de uma sociedade anônima captar recursos é por meio da</p><p>emissão e venda de suas ações. Cada ação representa a menor fração do capital</p><p>social da empresa, e fornece direitos no resultado da empresa, assim como em</p><p>votações em assembleias. Quando uma empresa emite ações, ela fará a</p><p>comercialização no mercado primário, pois a negociação ocorre entre</p><p>companhia e investidor. Os recursos captados entrarão no caixa da empresa</p><p>para que ela possa se desenvolver. Todavia, para garantir liquidez ao comprador</p><p>das ações, existe o mercado secundário, que possibilita a negociação das ações</p><p>entre investidores, normalmente por meio da bolsa de valores e do mercado de</p><p>balcão.</p><p>17</p><p>REFERÊNCIAS</p><p>BM&FBOVESPA. Disponível em:</p><p>. Acesso em: 25 abr. 2017.</p><p>CVM – COMISSÃO DE VALORES MOBILIÁRIOS. Disponível em:</p><p>. Acesso em: 25 abr. 2017.</p><p>DEBENTURES.COM.BR. Disponível em: .</p><p>Acesso em: 25 abr. 2017.</p><p>INTRODUÇÃO ao mercado de capitais. BM&FBOVESPA, 2010: Disponível em:</p><p>. Acesso em: 25 abr.</p><p>2017.</p><p>KERR, R. B. Mercado financeiro e de capitais. São Paulo: Pearson Prentice</p><p>Hall, 2011.</p><p>PEREIRA, C. L. Mercado de capitais. Curitiba: Intersaberes, 2013.</p><p>PORTAL DO INVESTIDOR. Disponível em:</p><p>. Acesso em: 25 abr. 2017.</p>