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<p>Ficha Técnica</p><p>Título: Enganar o Diabo: O Segredo para Alcançar a Liberdade</p><p>Título original: Outwitting the Devil: the Secret to Freedom and Success</p><p>Autor: Napoleon Hill</p><p>Traduzido do inglês por Paula Oliveira Antunes</p><p>Revisão: J. C. Silva</p><p>Capa: Rui Rosa / Lua de Papel</p><p>ISBN: 9789892345109</p><p>LUA DE PAPEL</p><p>[Uma chancela do grupo Leya]</p><p>Rua Cidade de Córdova, n.º 2</p><p>2610-038 Alfragide – Portugal</p><p>Tel. (+351) 21 427 22 00</p><p>Fax. (+351) 21 427 22 01</p><p>© 2011, The Napolean Hill Foundation</p><p>Todos os direitos reservados de acordo com a legislação em vigor</p><p>luadepapel@leya.pt</p><p>obloguedepapel.blogspot.pt</p><p>www.luadepapel.leya.com</p><p>www.leya.pt</p><p>mailto:luadepapel@leya.pt</p><p>https://obloguedepapel.blogspot.pt/</p><p>http://www.luadepapel.leya.com</p><p>http://www.leya.pt</p><p>NAPOLEON HILL</p><p>ENGANAR O DIABO</p><p>O SEGREDO PARA ALCANÇAR A LIBERDADE</p><p>Editado e anotado por Sharon Lechter</p><p>com a Fundação Napoleon Hill</p><p>Traduzido do inglês por</p><p>Paula Oliveira Antunes</p><p>Napoleon Hill, um dos autores de livros de autoajuda mais vendido de sempre</p><p>e cujos ensinamentos influenciaram gerações na procura do sucesso, escreveu</p><p>este livro profundo e provocador em 1938, logo após a publicação do seu</p><p>bestseller Pense e Fique Rico. Mas Enganar o Diabo não foi publicado porque</p><p>era considerado demasiado controverso pela sua família e pelos seus</p><p>conselheiros. As ideias de Hill para quebrar inibições e viver a vida sem medo,</p><p>dúvida e dependência permaneceram secretas – até agora.</p><p>Mais de sete décadas depois, Sharon Lechter – uma das nossas líderes em</p><p>pensamento motivacional – editou e interpretou o manuscrito de Hill em prol</p><p>do leitor contemporâneo, revelando estratégias provadas que permitem que nos</p><p>libertemos da influência do Diabo e possamos viver a vida abundante e bem-</p><p>sucedida que merecemos.</p><p>Este livro revela que o Diabo – depois de ser enganado por Hill, o lendário</p><p>guru do sucesso – renuncia aos segredos sobre os seus métodos ocultos de</p><p>controlo que nos podem conduzir à ruína. Brinda-nos com um olhar perspicaz</p><p>sobre a forma como entregamos o nosso destino a pensamentos negativos, à</p><p>aceitação passiva e à dor física, e identifica os maiores obstáculos que</p><p>enfrentamos para atingir os objetivos pessoais: medo, procrastinação, raiva e</p><p>ciúme.</p><p>O objetivo de Hill era, nas suas próprias palavras, ajudar a “abrir as portas das</p><p>prisões autoimpostas em que homens e mulheres se deixam prender”. Enganar</p><p>o Diabo faz exatamente isso. E porque foi escrito numa época em que o mundo</p><p>acabava de emergir de uma grave crise financeira e enfrentava um conflito</p><p>global, tem uma relevância surpreendente para o nosso tempo de incerteza</p><p>económica e política.</p><p>“Vai descobrir se o Diabo que ele entrevista é real ou imaginário, em grande</p><p>parte idêntico ao Diabo com quem pode estar a lidar pessoalmente na sua vida</p><p>e experiência.”</p><p>> MARK VICTOR HANSEN, cocriador da coleção n.o 1 do New York Times,</p><p>Canja de Galinha Para a Alma.</p><p>“O medo é a ferramenta de um diabo humano. A fé na autoconfiança em</p><p>si próprio é a arma fabricada pelo homem que derrota o diabo e a</p><p>ferramenta humana que constrói uma vida triunfante. E é mais do que</p><p>isso. É uma ligação às forças irresistíveis do universo que estão por trás</p><p>do homem que não acredita no fracasso e na derrota como não sendo mais</p><p>que experiências temporárias.”</p><p>NAPOLEON HILL</p><p>ELOGIOS A ENGANAR O DIABO DE NAPOLEON HILL</p><p>“Enganar o Diabo prova mais uma vez que as mensagens e filosofias de</p><p>Napoleon Hill são intemporais. Este livro contém ideias para se libertar de</p><p>hábitos e atitudes que impedem o sucesso e que, por fim, o levarão à felicidade</p><p>e à prosperidade. Se quiser vencer os seus próprios obstáculos, leia este livro!”</p><p>> T. HARV EKER, autor do bestseller do New York Times Os Segredos da</p><p>Mente Milionária</p><p>“Se quer ser dono da sua vida, tem de ter o seu próprio dinheiro. Em Enganar o</p><p>Diabo, Napoleon Hill partilha aquilo que pode estar a retraí-lo na sua vida</p><p>financeira e delineia o percurso para assumir o controlo e ser dono da sua</p><p>própria vida e dos seus sonhos.”</p><p>> JEAN CHATZKY, jornalista financeira e autora de The Difference: How</p><p>Anyone Can Prosper in Even the Toughest Times</p><p>“Provavelmente, estudei a obra de Napoleon Hill tanto quanto qualquer outra</p><p>pessoa viva. Foi há 50 anos que peguei no Pense e Fique Rico. Tenho-o sempre</p><p>comigo e leio-o todos os dias. Quando a Sharon Lechter me enviou uma cópia</p><p>de Enganar o Diabo pensei que Hill fizera das suas novamente, tinha mais uma</p><p>vez mudado o mundo. Este livro vai eliminar a confusão espiritual que as</p><p>pessoas de todo o mundo apresentam, e vai demolir o muro da ignorância que</p><p>separa milhões de pessoas da liberdade que a sua alma procura.”</p><p>> BOB PROCTOR, fundador de Life Success, www.bobproctor.com</p><p>“A maioria das pessoas atinge o máximo do seu sucesso um passo à frente</p><p>daquilo que parecia ser o seu maior fracasso. Enquanto Pense e Fique Rico de</p><p>Napoleon Hill é um mapa para o sucesso, Enganar o Diabo ajuda a quebrar as</p><p>barreiras que podem estar a retraí-lo.”</p><p>> BRIAN TRACY, autor de The Way to Wealth</p><p>http://www.bobproctor.com</p><p>Em baixo: A introdução, escrita numa máquina de escrever manual com notas</p><p>escritas à mão, do manuscrito original de Napoleon Hill.</p><p>NOTA AOS LEITORES</p><p>POR SHARON LECHTER</p><p>Enganar o Diabo é o livro mais profundo que jamais li.</p><p>Senti-me muito honrada quando Don Green, CEO da Fundação Napoleon</p><p>Hill, confiou em mim o suficiente para me pedir para me envolver neste</p><p>projeto. E depois li o manuscrito! Não consegui dormir durante uma semana.</p><p>Escrito numa máquina de escrever manual, em 1938, pelo próprio mestre,</p><p>Napoleon Hill, este manuscrito esteve trancado e escondido pela família de Hill</p><p>durante setenta e dois anos. Porquê? Porque eles tinham medo da reação que</p><p>provocaria. A coragem de Hill ao revelar a obra do Diabo em todos nós todos</p><p>os dias, nas nossas igrejas, nas nossas escolas, nos nossos políticos, ameaçava o</p><p>cerne da sociedade como era conhecida na época.</p><p>Quando lhe perguntei por que razão a família mantivera o manuscrito</p><p>escondido, Don Green recita a seguinte história interna:</p><p>Annie Lou, a mulher de Hill, opôs-se. Ela era secretária do Dr. William</p><p>Plumer Jacobs, presidente do Presbyterian College em Clinton, na</p><p>Carolina do Sul. Jacobs era também proprietário da Jacobs Press e</p><p>conselheiro público de um grupo de empresas de têxteis da Carolina do</p><p>Sul. Jacobs contratou Hill para trabalhar com ele em Clinton, e Annie</p><p>Lou não queria o livro publicado por causa do papel do Diabo. Ela temia</p><p>a reação da religião organizada (e talvez pelo emprego de Hill). Apesar de</p><p>Hill ter falecido em 1970, Annie Lou só morreu em 1984. Após a morte</p><p>de Annie Lou, o manuscrito ficou na posse do Dr. Charlie Johnson, na</p><p>altura presidente da Fundação Napoleon Hill. Charlie era sobrinho de</p><p>Annie Lou Hill. A mulher de Charlie, Frankie, conhecia e partilhava dos</p><p>sentimentos de Annie Lou. Frankie comunicou a Charlie que não</p><p>desejava ver o artigo publicado enquanto ela fosse viva. A mulher de</p><p>Charlie faleceu há cerca de dois anos e o Charlie deu-me, por fim, o</p><p>manuscrito, envolto em couro vermelho e gravado com as palavras</p><p>Enganar o Diabo estampadas a dourado na capa. A Fundação acredita</p><p>que o manuscrito possui uma poderosa mensagem que deve ser</p><p>partilhada.</p><p>Depois de falar com Don, senti-me invadida com uma poderosa perceção.</p><p>Este livro, apesar de ter sido escrito em 1938, era suposto ser publicado hoje…</p><p>era suposto agitar a nossa sociedade hoje! A sua intenção era fornecer respostas</p><p>durante este tempo de incerteza financeira e espiritual. Este livro faculta a</p><p>chave para cada um de nós enganar o Diabo nas nossas próprias vidas. Mostra-</p><p>nos como delinear um percurso para o sucesso e valorizar o mundo em nosso</p><p>de verdade que me têm sido</p><p>úteis a mim e a outros, mas nada do que observei me impressionou mais do que</p><p>a descoberta de que cada grande líder do passado, cuja vida estudei, foi</p><p>acossado de dificuldades e sofreu derrotas temporárias antes de alcançar os</p><p>seus objetivos.</p><p>“Cada grande líder do passado, cuja vida estudei, foi acossado de</p><p>dificuldades e sofreu derrotas temporárias antes de alcançar os seus</p><p>objetivos.”</p><p>O fracasso e a derrota temporária fazem parte do caminho para encontrar</p><p>o verdadeiro sucesso.</p><p>De Cristo até Edison, os homens que mais feitos alcançaram foram os que</p><p>mais vezes se depararam com formas de fracasso temporário. Isso poderia</p><p>eventualmente justificar a conclusão de que a Inteligência Infinita tem um</p><p>plano, ou uma lei, através da qual obriga os homens a deparem-se com muitos</p><p>obstáculos antes de lhes dar o privilégio da liderança ou a oportunidade de</p><p>realizarem um serviço útil de forma notável.</p><p>Não gostaria de sujeitar-me novamente às experiências que passei naquela</p><p>fatídica véspera de Natal em 1923, e também naquela noite, quando caminhei</p><p>em volta da escola na Virgínia e travei aquela terrível batalha contra o medo,</p><p>mas nem toda a riqueza do mundo me levaria a privar-me do conhecimento que</p><p>adquiri dessa experiência.</p><p>A fé tem um novo significado para mim</p><p>Repito que não sei exatamente o que é este “outro eu”, mas sei o suficiente</p><p>para me apoiar nele com um espírito de fé absoluta em tempos de necessidade,</p><p>quando a faculdade da razão da minha mente parece inadequada às minhas</p><p>necessidades.</p><p>A depressão económica, que começou em 1929, trouxe miséria para milhões</p><p>de pessoas, mas não devemos esquecer que a experiência também trouxe</p><p>muitas bênçãos, uma das mais importantes foi o conhecimento de que há algo</p><p>infinitamente pior do que ser-se forçado a trabalhar: ser-se forçado a não</p><p>trabalhar. No fundo, essa depressão foi mais uma bênção do que uma maldição,</p><p>se a analisarmos à luz das mudanças que trouxe às mentes dos que foram</p><p>tocados por ela. O mesmo se aplica a todas as experiências que modificam os</p><p>hábitos dos homens e os obrigam a olhar para o seu “interior” para resolver os</p><p>seus problemas.</p><p>“Há algo infinitamente pior do que ser-se forçado a trabalhar: ser-se</p><p>forçado a não trabalhar. No fundo, essa depressão foi mais uma</p><p>bênção do que uma maldição, se a analisarmos à luz das mudanças</p><p>que trouxe.”</p><p>Estará Hill a ser demasiado severo, ou estará a procurar o resultado</p><p>espiritual inerente a uma crise verdadeira e não só a causa e efeito</p><p>imediatos do desastre económico? Podem as nossas atuais labutas</p><p>económicas ser mais uma bênção que uma maldição? Pode a adversidade</p><p>económica, como a perda de emprego, ser uma bênção disfarçada? Talvez</p><p>sim, se o resultado for o despertar do espírito empreendedor e a criação</p><p>de novos negócios.</p><p>O tempo que passei em isolamento na Virgínia Ocidental foi, sem sombra de</p><p>dúvida, a mais severa das punições da minha vida, mas a experiência trouxe</p><p>bênçãos sob a forma de conhecimentos necessários e que mais do que</p><p>compensaram o sofrimento que me custou. Estes dois resultados – o sofrimento</p><p>e o conhecimento ganho com ele – foram inevitáveis. A lei da compensação,</p><p>que Emerson tão bem definiu, tornou este resultado natural e necessário.</p><p>Ralph Waldo Emerson (1803-1882) explicou a lei da compensação em</p><p>termos muito claros: “Por tudo o que nos falta, ganhamos algo mais; e por</p><p>tudo o que ganhamos, perdemos algo.” Na entrada de 8 de janeiro de</p><p>1826 do seu diário, ele também escreveu: “O mundo como o conhecemos</p><p>baseia-se num sistema de compensações. Cada defeito de um lado é</p><p>compensado noutro lado. Cada sofrimento é recompensado; cada</p><p>sacrifício é contrabalançado; toda a dívida é paga.”</p><p>Não tenho forma de saber o que o futuro me reserva em desapontamentos,</p><p>através de derrotas temporárias. Mas sei, contudo, que nenhuma experiência no</p><p>futuro me pode atingir tão profundamente como algumas das do passado,</p><p>porque pelo menos agora converso com o meu “outro eu”.</p><p>Desde que este “outro eu” se apoderou de mim, obtive conhecimentos úteis</p><p>que de certeza nunca teria descoberto enquanto a antiga entidade do medo</p><p>controlava. Pelo menos aprendi que todos aqueles que se deparam com</p><p>dificuldades que parecem intransponíveis podem, se quiserem, ultrapassá-las</p><p>esquecendo-as durante algum tempo e ajudando outros que passam por</p><p>dificuldades ainda maiores.</p><p>O valor de dar antes de tentar obter</p><p>Tenho a certeza que nenhum esforço que façamos pelas pessoas que estão em</p><p>dificuldades passa sem algum tipo de recompensa adequada. Nem sempre a</p><p>recompensa vem das pessoas a quem o serviço é prestado, mas virá de uma</p><p>fonte ou de outra.</p><p>Desconfio seriamente que ninguém pode tirar proveito dos benefícios do seu</p><p>“outro eu” enquanto estiver imbuído de ganância e avareza, de inveja e medo.</p><p>Mas, caso esteja errado, ainda tenho a honra de ser aquele que encontrou paz</p><p>de espírito e alegria através de um ponto de vista que não estava certo. Por isso,</p><p>eu preferia estar errado e feliz a estar certo e infeliz! Mas este ponto de vista</p><p>não está errado!</p><p>Enquanto estiver bem com o meu “outro eu” serei capaz de adquirir qualquer</p><p>coisa material que precise. Além disso, conseguirei conquistar felicidade e paz</p><p>de espírito. O que mais poderia alguém querer?</p><p>O único motivo que me inspirou a escrever este livro foi um desejo sincero</p><p>de ser útil aos outros, de partilhar com eles o que estiverem preparados para</p><p>aceitar da maravilhosa fortuna que se tornou minha quando descobri o meu</p><p>“outro eu”. Esta riqueza, felizmente, não pode ser só medida em termos</p><p>materiais ou financeiros, porque é maior do que tudo o que representa.</p><p>As riquezas materiais e financeiras, quando reduzidas aos seus valores</p><p>líquidos, são mensuráveis em termos de saldos bancários. Os saldos bancários</p><p>não são mais fortes do que os bancos. Esta outra forma de riqueza de que falo é</p><p>medida não só em termos de paz de espírito e contentamento, mas também se</p><p>manifesta nos adeptos da oração.</p><p>Quando rezo, o meu “outro eu” ensinou-me a concentrar-me no meu objetivo</p><p>e a esquecer o plano que deve ser atingido. Não estou a sugerir que os objetos</p><p>materiais possam ser adquiridos sem planos. Estou a dizer que o poder que</p><p>transforma os pensamentos e desejos em realidade tem a sua fonte na</p><p>Inteligência Infinita, que sabe mais sobre planos do que aquele que está a orar.</p><p>Explicando o caso de outra forma, pode ser sensato em oração confiar na</p><p>Mente Universal para nos dar o plano que melhor se adeque à realização do</p><p>objetivo dessa oração? A minha experiência em oração ensinou-me que</p><p>normalmente tudo o que resulta da oração é um plano (se a oração for ouvida),</p><p>um plano que é adequado para atingir o objetivo dessa oração, através de meios</p><p>naturais e materiais. O plano deve ser transmutado através de uma ação de</p><p>esforço pessoal.</p><p>Não conheço nada sobre orações que possam funcionar favoravelmente</p><p>numa mente dominada pelo medo, mesmo que em menor grau.</p><p>A oração faz parte da sua vida? Confia em Deus para “assegurar o melhor</p><p>plano para atingir o objetivo” da sua oração? Reconhece que, para que o</p><p>seu plano seja bem-sucedido, deve agir?</p><p>Um novo meio de orar</p><p>Desde que conheço melhor o meu “outro eu”, a minha forma de oração</p><p>modificou-se. Costumava rezar somente quando tinha dificuldades. Agora rezo</p><p>sempre que possível antes das dificuldades me deitarem abaixo. Agora já não</p><p>rezo pelos bens e pelas grandes bênçãos deste mundo, mas para ser merecedor</p><p>daquilo que já possuo. Acho que este plano é melhor do que o anterior.</p><p>A Inteligência Infinita parece não ficar ofendida</p><p>quando agradeço e</p><p>demonstro que estou grato pelas bênçãos que coroaram os meus esforços.</p><p>Fiquei espantado quando experimentei pela primeira vez este plano de oferecer</p><p>uma oração de agradecimento por tudo que já possuía, para descobrir a vasta</p><p>fortuna que já tinha sem apreciar.</p><p>Por exemplo, descobri que tinha um corpo saudável que nunca tinha sido</p><p>seriamente atingido pela doença. Tinha uma mente razoavelmente bem</p><p>equilibrada. Tinha uma imaginação criativa que podia ser muito útil a um</p><p>grande número de pessoas. Fui abençoado com toda a liberdade que desejava,</p><p>tanto de corpo como de mente. Possuía um desejo ardente de ajudar os outros</p><p>que não tinham a mesma sorte.</p><p>Descobri que a felicidade, o maior de todos os objetivos do ser humano,</p><p>podia ser minha, com ou sem depressão económica.</p><p>Por último, mas não menos importante, descobri que tinha o privilégio de me</p><p>aproximar da Inteligência Infinita, tanto com o intuito de agradecer pelo que</p><p>possuía como para pedir orientação.</p><p>Pode ser útil para cada leitor fazer o inventário dos seus ativos intangíveis.</p><p>Tal inventário pode mostrar que existem ativos de valor incalculável.</p><p>Devemos fazer um inventário das nossas bênçãos na vida. E agradecer</p><p>por todos os presentes que nos foram dados. Eu sei que quando estou mal</p><p>na vida, obrigo-me a pensar na minha família e nos meus amigos e nas</p><p>bênçãos que eles trouxeram para a minha vida. É o caminho mais rápido</p><p>para avançar e coloca os meus contratempos temporários em perspetiva.</p><p>Alguns sinais que subestimámos</p><p>O mundo inteiro está a passar por uma mudança de tais proporções que milhões</p><p>de pessoas estão em pânico com tantas preocupações, dúvidas, indecisões e</p><p>medo! Parece-me que agora é a altura certa para todos aqueles que, por alguma</p><p>razão, se encontram numa encruzilhada entre dúvida e incerteza, se esforcem</p><p>por conhecer os seus “outros eus”.</p><p>Será útil tirar uma lição da natureza se desejar realizar tal tarefa. A</p><p>observação mostrará que as estrelas eternas brilham todas as noites nos seus</p><p>devidos lugares; que o Sol continua a enviar os seus raios de calor, fornecendo</p><p>à mãe natureza abundância de comida e roupa; que a água continua a descer</p><p>pela colina; que os pássaros e os animais selvagens da floresta recebem as</p><p>quantidades necessárias e satisfatórias de alimento; que ao dia útil segue a noite</p><p>descansada; que ao verão agitado segue o inverno tranquilo; que as estações</p><p>vêm e vão exatamente como acontecia antes da grande depressão económica de</p><p>1929; que, na realidade, somente a mente dos homens deixou de funcionar</p><p>normalmente, e isso porque os homens encheram a sua mente de medos. A</p><p>observação destes factos simples da vida quotidiana pode ser útil como ponto</p><p>de partida para os que desejam suplantar o medo pela fé.</p><p>Eu não sou um profeta, mas posso, sem falsa modéstia, prever que cada</p><p>pessoa tem o poder de mudar o seu estatuto material ou financeiro alterando em</p><p>primeiro lugar a natureza das suas crenças.</p><p>“Cada pessoa tem o poder de mudar o seu estatuto material ou</p><p>financeiro alterando em primeiro lugar a natureza das suas crenças.”</p><p>Foi logo após a publicação de Pense e Fique Rico, em 1937, que</p><p>Napoleon Hill iniciou o seu manuscrito de Enganar o Diabo. Através da</p><p>sua entrevista ao Diabo, Hill descobre e revela como o Diabo pode “fazer</p><p>o que quer” consigo e como pode ligar o seu “outro eu” não só para</p><p>conquistar o Diabo na sua vida como também para autorizar o seu “outro</p><p>eu” a obter o seu maior sucesso! No seu trabalho existe o tema recorrente</p><p>da importância de transformar os seus pensamentos de medo em fé.</p><p>Não confunda a palavra “crença” com a palavra “desejo”. Elas não têm o</p><p>mesmo significado. Todos conseguimos “desejar” vantagens financeiras,</p><p>materiais ou espirituais, mas o elemento fé é o único poder verdadeiro através</p><p>do qual um desejo pode ser transformado numa crença, e uma crença em</p><p>realidade.</p><p>E é exatamente aqui que está um lugar apropriado para chamar a atenção</p><p>para o verdadeiro benefício que qualquer um pode experimentar bastando usar</p><p>de forma deliberada a fé ao focar a atenção em qualquer forma de desejo</p><p>construtivo. A mente age sempre de acordo com os nossos desejos mais</p><p>profundos e dominantes. Não há como escapar a este facto. E é realmente um</p><p>facto. “Tenha muito cuidado com o que verdadeiramente deseja, porque será</p><p>certamente seu.”</p><p>A fé é o princípio de toda</p><p>a grande realização</p><p>Se Edison se tivesse ficado pelo simples desejo de conhecer o segredo da</p><p>energia elétrica, essa vantagem para a civilização teria permanecido entre os</p><p>multifacetados segredos da natureza. Ele sofreu fracassos temporários por mais</p><p>de 10 mil vezes antes de finalmente conseguir arrancar esse segredo à natureza.</p><p>E conseguiu porque acreditou que conseguiria, e continuou a tentar até obter a</p><p>resposta.</p><p>Edison descobriu mais dos segredos da natureza (teriam sido apelidados de</p><p>“milagres” num período anterior) no campo da física do que qualquer outro</p><p>homem, e isso porque ele conheceu o seu “outro eu”. Eu ouvi isso do próprio</p><p>Edison, mas, mesmo que não tivesse ouvido, as suas realizações revelaram esse</p><p>segredo.</p><p>Nada dentro da razão é impossível ao homem que acredita e confia no seu</p><p>“outro eu”. Tudo o que um homem acreditar ser verdadeiro, tem maneira de se</p><p>tornar verdadeiro.</p><p>Uma oração é um pensamento libertado, umas vezes expresso em palavras</p><p>audíveis, outras, silenciosamente. Comprovei por experiência própria que uma</p><p>oração silenciosa é tão eficaz como uma oração expressa por palavras. Também</p><p>comprovei que o estado de espírito da pessoa que reza é o fator determinante</p><p>para a oração funcionar ou não.</p><p>A minha conceção do “outro eu”, e que tentei descrever, é que ele simboliza</p><p>somente uma abordagem recém-descoberta à Inteligência Infinita, uma</p><p>abordagem que se pode controlar e orientar pelo simples processo de combinar</p><p>a fé com os pensamentos. Esta é somente outra maneira de dizer que agora</p><p>tenho muito mais fé no poder da oração.</p><p>O estado de espírito conhecido como fé aparentemente é uma espécie de</p><p>sexto sentido através do qual podemos comunicar com fontes de poder e</p><p>informação que ultrapassam em muito os cinco sentidos. O desenvolvimento</p><p>deste sexto sentido vem sempre em nossa ajuda e está às nossas ordens, e é</p><p>uma estranha força que podemos imaginar como sendo um anjo da guarda que</p><p>lhe poderá abrir a porta do Templo da Sabedoria. O “sexto sentido” é a</p><p>experiência mais próxima a que já cheguei de algo a que se possa chamar</p><p>milagre, e isso talvez porque não compreendo o método de funcionamento</p><p>deste princípio.</p><p>O que eu realmente sei é que existe uma força, ou uma primeira causa, ou</p><p>uma Inteligência que permeia cada átomo de matéria e faz parte de cada</p><p>unidade de energia percetível ao homem; que essa Inteligência Infinita</p><p>converte bolotas em carvalhos, que faz com que a água desça pelos montes em</p><p>resposta à lei da gravidade, que faz a noite após o dia, o inverno após o verão,</p><p>cada um mantendo o seu próprio lugar e o relacionamento entre si. Esta</p><p>Inteligência pode ajudar a transformar desejos em formas concretas ou</p><p>materiais. Possuo este conhecimento porque o experimentei.</p><p>Durante muitos anos mantive o hábito de fazer o inventário de toda a minha</p><p>vida pessoal, uma vez por ano, com o objetivo de determinar quais as fraquezas</p><p>que conseguira ultrapassar ou eliminar, e também para calcular o progresso, se</p><p>é que fizera algum, durante o ano.</p><p>Esta secção sobre a fé vale a pena voltar a ler algumas vezes porque</p><p>contém um dos principais ensinamentos de Hill sobre a oração. No seu</p><p>ponto de vista, a</p><p>fé é um “sexto sentido” ou um poder espiritual que</p><p>permite que tenhamos êxito se estivermos a par da primeira causa das</p><p>coisas – uma das suas descrições de Deus. A sua fé é prática ou</p><p>“científica” dando ênfase a resultados tangíveis.</p><p>No livro Three Feet from Gold, eu e o meu coautor falamos da Equação</p><p>de Sucesso Pessoal, que claramente revela a importância da fé:</p><p>((P + T) x A x A) + F = Equação do seu Sucesso Pessoal</p><p>Combinando a sua Paixão com o seu Talento e depois procurando a</p><p>Associação correta e tomando a Ação certa são componentes muito</p><p>importantes para o Sucesso… mas é quando combinamos todos aqueles</p><p>componentes com uma Fé profunda em si mesmo e na sua missão que</p><p>temos verdadeiramente a nossa Equação de Sucesso Pessoal.</p><p>CAPÍTULO TRÊS</p><p>UMA</p><p>ESTRANHA</p><p>ENTREVISTA</p><p>COM O DIABO</p><p>Enquanto lê a entrevista com o Diabo, reconhecerá, pela breve descrição que</p><p>lhe dei da história da minha vida, o esforço desesperado que o Diabo fez para</p><p>me calar antes que eu conseguisse obter reconhecimento público. Também</p><p>compreenderá, depois de ler a entrevista com o Diabo, a razão por que a</p><p>entrevista teve de ser precedida por esta história do meu passado pessoal.</p><p>Antes de começar a ler a entrevista, quero que tenha uma imagem clara do</p><p>ataque final que o Diabo me desferiu e que se lembre bem de que foi este</p><p>ataque que espoletou a hipótese de lutar com o Diabo até ele guinchar a sua</p><p>confissão.</p><p>A ruína provocada pelo Diabo começou com a depressão de 1929. Através</p><p>dessa viragem de sorte da Roda da Vida, perdi a minha propriedade de 600</p><p>acres nas montanhas Castskill; o meu rendimento foi totalmente cortado; o</p><p>Harriman National Bank, onde estavam depositados todos os meus fundos,</p><p>faliu e desapareceu. Antes de me aperceber daquilo que estava a acontecer,</p><p>fiquei preso num furacão espiritual e económico que evoluiu para uma</p><p>catástrofe mundial de tal força que nenhum indivíduo ou grupo de indivíduos</p><p>lhe podia resistir.</p><p>Enquanto esperávamos que a tempestade e o medo passassem, mudei-me</p><p>para Washington, D. C., a cidade onde comecei depois do meu primeiro</p><p>encontro com Andrew Carnegie, quase cerca de um quarto de século antes.</p><p>Parecia não haver mais nada para fazer além de me sentar e esperar. Tudo o</p><p>que tinha era tempo. Depois de esperar três anos sem obter resultados</p><p>tangíveis, a minha alma irrequieta começou a empurrar-me para o trabalho.</p><p>Tinha poucas oportunidades para ensinar uma filosofia de sucesso quando o</p><p>mundo em meu redor estava no meio do mais abjeto fracasso e a mente dos</p><p>homens estava repleta com o medo da pobreza.</p><p>Este pensamento surgiu-me uma noite enquanto estava sentado no meu</p><p>automóvel em frente ao Lincoln Memorial, no rio Potomac, junto ao Capitólio.</p><p>Com ele surgiu outro pensamento: o mundo dera lugar a uma depressão sem</p><p>precedentes e sobre a qual nenhum ser humano tinha controlo. Juntamente com</p><p>essa depressão surgira-me uma oportunidade de testar a filosofia da autonomia,</p><p>à organização da qual dedicara a melhor parte da minha vida adulta. Mais uma</p><p>vez, tinha a oportunidade de aprender se a minha filosofia era prática ou</p><p>meramente teórica.</p><p>Também percebi que chegara a oportunidade de testar uma afirmação que</p><p>fizera centenas de vezes, de que “toda a adversidade traz consigo a semente de</p><p>uma vantagem equivalente”. Quais eram as vantagens de uma depressão</p><p>mundial para mim, perguntei-me?</p><p>Quando comecei a procurar uma direção na qual pudesse testar a minha</p><p>filosofia, fiz a mais chocante descoberta da minha vida. Descobri que através</p><p>de um estranho poder que não compreendi, perdera a minha coragem; a minha</p><p>iniciativa tinha sido desmoralizada; o meu entusiasmo tinha sido enfraquecido.</p><p>O pior era que me sentia embaraçado em reconhecer que era o autor de uma</p><p>filosofia de autodeterminação, porque, no fundo do meu coração, eu sabia, ou</p><p>pensava saber, que não conseguia fazer com que a minha filosofia me tirasse do</p><p>buraco de desespero no qual me encontrava.</p><p>Enquanto me debatia num estado mental de espanto, o Diabo devia estar a</p><p>dançar de regozijo. Finalmente, ele tinha “o autor da primeira filosofia mundial</p><p>de realização pessoal” à sua mercê e paralisado pela indecisão.</p><p>Mas os inimigos do Diabo também deviam estar a trabalhar!</p><p>Enquanto estava sentado em frente ao Lincoln Memorial, revendo em</p><p>perspetiva as circunstâncias que tantas vezes me tinham elevado a grandes</p><p>realizações, apenas para depois me deixarem cair a iguais profundezas de</p><p>desespero, um pensamento feliz surgiu sob a forma de um plano de ação</p><p>através do qual acreditei que podia livrar-me daquela sensação hipnótica de</p><p>indiferença à qual me sentia preso.</p><p>Na entrevista com o Diabo foi descrita a exata natureza do poder através do</p><p>qual eu fora privado da minha iniciativa e coragem. É o mesmo poder ao qual</p><p>milhões de outros estavam limitados durante a Grande Depressão. É a principal</p><p>arma com que o Diabo ludibria e controla os seres humanos.</p><p>A essência do pensamento que me surgiu era esta: apesar do facto de ter</p><p>aprendido com Andrew Carnegie e com mais de 500 outros, que foram bem-</p><p>sucedidos profissional e pessoalmente, que as realizações notáveis em todos os</p><p>campos da vida vêm através da aplicação do Master Mind (a coordenação</p><p>harmoniosa de duas ou mais mentes a trabalhar para um mesmo objetivo), eu</p><p>tinha falhado em fazer tal aliança com o objetivo de executar o meu plano de</p><p>revelar a primeira filosofia individual de sucesso ao mundo.</p><p>Apesar do facto de eu ter entendido o poder da Master Mind, tinha</p><p>negligenciado apropriar-me e usar essa força. Tinha estado a trabalhar como</p><p>um “lobo solitário” em vez de me aliar a outras mentes superiores.</p><p>A entrevista com o Diabo pode ter tido lugar quando Hill estava sentado</p><p>junto ao Lincoln Memorial. Foi real? Foi real para Hill e ele criou um</p><p>enquadramento para a forma como viveu a sua vida e partilhou as suas</p><p>revelações connosco: os seus alunos. Para reiterar as primeiras palavras</p><p>de Hill, ele tinha descoberto que “todo o grande líder do passado, cuja</p><p>vida estudei, foi atacado por dificuldades e conheceu derrotas temporárias</p><p>antes de ‘vencer’”. Ele também descreve pelas suas próprias palavras a</p><p>forma como estes grandes líderes se rodearam de Master Minds. Eles</p><p>conquistaram a sua luta interior com adversidade e depois usaram o poder</p><p>do Master Mind para impulsionar os seus sucessos. Imagine como</p><p>poderia formar um grupo da Master Mind – uma equipa – para o ajudar a</p><p>derrotar a adversidade e impulsioná-lo para o sucesso.</p><p>Uma análise</p><p>Vamos agora resumidamente analisar a estranha entrevista que está prestes a</p><p>ler. No final, alguns podem perguntar: “Entrevistou realmente o Diabo ou foi</p><p>somente um Diabo imaginário?” Alguns podem até desejar a resposta a essa</p><p>questão antes mesmo de começar a entrevista.</p><p>Responderei da única maneira honesta que posso… dizendo que o Diabo que</p><p>entrevistei pode ter sido real, como afirmava ser, ou pode ter sido uma criação</p><p>da minha própria imaginação. Fosse qual fosse, real ou imaginário, é de muito</p><p>pouca importância se comparado com a natureza e com o conteúdo das</p><p>informações contidas na entrevista.</p><p>A questão realmente importante é esta: a entrevista contém alguma</p><p>informação que possa ser realmente útil às pessoas que estão a tentar encontrar</p><p>o seu lugar no mundo? Se ela possui esse tipo de informação,</p><p>independentemente se é um facto ou uma ficção, merece uma análise séria</p><p>através de uma leitura cuidadosa. Não estou nada preocupado quanto à</p><p>verdadeira fonte da informação ou à real natureza do Diabo, cuja história</p><p>fantástica está prestes</p><p>a ler. Estou apenas preocupado com o facto de a</p><p>confissão do Diabo se encaixar perfeitamente com o que tenho visto na vida.</p><p>Acredito que a entrevista contém informações de benefícios práticos para</p><p>todos aqueles cuja vida não tem corrido de feição, e acredito nisso porque fiz</p><p>com que o tema central deste livro me trouxesse toda a felicidade que preciso,</p><p>da maneira que melhor se adequa à minha natureza.</p><p>Já tive experiências suficientes com os princípios mencionados pelo Diabo</p><p>para saber que eles farão exatamente o que ele diz que farão. Isso é suficiente</p><p>para mim. Por isso, passo-lhe a história desta entrevista, para que consiga</p><p>extrair dela o máximo possível de dividendos.</p><p>Talvez consiga maiores valores se aceitar que o Diabo é aquilo que diz ser, se</p><p>confiar na sua mensagem e não se preocupar em saber quem é o Diabo ou se</p><p>ele realmente existe.</p><p>Se deseja a minha honesta opinião, acredito que o Diabo é exatamente quem</p><p>afirma ser. Agora, vamos analisar a sua estranha confissão.</p><p>Depois de forçar a sua entrada na consciência do Diabo, o “Senhor Humano”</p><p>começou a entrevista que o Diabo não queria dar, com perguntas a que ele não</p><p>podia fugir...</p><p>Hill, o “Senhor Humano”, interroga o Diabo num ambiente quase de</p><p>tribunal. O Diabo é obrigado a dar respostas completas e precisas. Como</p><p>é que isto foi feito? Talvez Hill tenha forçado a confissão do Diabo</p><p>formando uma Master Mind, possivelmente com a sua mulher, “a</p><p>coordenação harmoniosa de duas ou mais mentes a trabalhar para um</p><p>objetivo definido” para exercer o poder de Deus – “o grande armazém de</p><p>Inteligência Infinita onde está guardado tudo o que é, tudo o que foi, e</p><p>tudo o que pode vir a ser”. Talvez Hill tenha ganhado o direito a ter</p><p>respostas precisas por ser um pensador no controlo da sua própria mente,</p><p>que dominou todos os seus medos. Graças a este domínio e controlo, Hill</p><p>podia exigir respostas precisas e verdadeiras ao Diabo. De qualquer</p><p>forma, Hill obriga o Diabo a expor os seus truques e embustes – para os</p><p>podermos contrariar e evitar as armadilhas nas nossas vidas.</p><p>Aqui começa a</p><p>Entrevista com o Diabo</p><p>P – Descobri o código secreto através do qual consigo aceder aos seus</p><p>pensamentos. Vim fazer-lhe algumas perguntas muito simples. Exijo que me dê</p><p>respostas diretas e verdadeiras. Está pronto para a entrevista, Senhor Diabo?</p><p>R – Sim, estou pronto, mas tem de me tratar com mais respeito. Durante esta</p><p>entrevista deve tratar-me apenas por “Sua Majestade”.</p><p>P – Com que direito me exige tal respeito real?</p><p>R – Deve saber que eu controlo 98 por cento das pessoas do seu mundo. Não</p><p>acha que isso me dá o direito a ser tratado como realeza?</p><p>Quando li esta entrevista pela primeira vez, tive uma reação</p><p>extremamente adversa ao ouvir o Diabo ser referido como “Sua</p><p>Majestade”. Depois percebi que Hill provavelmente tencionava criar</p><p>exatamente essa reação… e continuei a ler. E, claro, o texto não reflete se</p><p>Hill usou um tom sarcástico quando se dirige ao Diabo.</p><p>P – Tem provas daquilo que afirma?</p><p>R – Sim, tenho mesmo muitas.</p><p>P – Em que consistem as suas provas?</p><p>R – Consistem em muitas coisas. Se quer respostas terá de se dirigir a mim</p><p>como “Sua Majestade”. Algumas coisas compreenderá; outras, não. Para que</p><p>entenda o meu ponto de vista, vou descrever-me a mim mesmo e corrigir a</p><p>falsa noção que as pessoas têm de mim e do local onde habito.</p><p>P – Essa é uma excelente ideia, Sua Majestade. Comece por dizer-me onde</p><p>vive. Depois descreva a sua aparência física.</p><p>R – A minha aparência física? Meu caro Senhor Humano, eu não possuo um</p><p>corpo físico. Estaria em desvantagem com um tal fardo, como aqueles que</p><p>vocês criaturas humanas carregam ao longo da vida. Eu sou feito de energia</p><p>negativa e vivo na mente das pessoas que me temem. Também ocupo metade</p><p>de cada átomo de matéria física e cada unidade de energia mental e física.</p><p>Talvez compreenda melhor a minha natureza se lhe disser que sou a parte</p><p>negativa do átomo.</p><p>P – Ah, estou a perceber o que quer dizer. Está a preparar o terreno para dizer</p><p>que, se não fosse por si, não haveria mundo, nem estrelas, nem eletrões, nem</p><p>átomos, nem seres humanos, nem nada. É isso?</p><p>R – Verdade! Está absolutamente certo.</p><p>P – Então, se só ocupa metade da energia e da matéria, quem é que ocupa a</p><p>outra metade?</p><p>R – A outra metade é ocupada pela minha oposição.</p><p>P – Oposição? O que quer dizer com isso?</p><p>R – A oposição é aquilo a que vocês humanos chamam Deus.</p><p>P – Então, divide o universo com Deus. É isso que afirma?</p><p>R – Não é o que eu afirmo, é um facto. Antes do fim desta entrevista</p><p>compreenderá por que razão a minha afirmação é verdadeira. Também vai</p><p>entender por que razão tem de ser verdadeira, ou não poderia existir um mundo</p><p>como o seu, nem criaturas humanas como vocês. Eu não sou uma besta com</p><p>uma língua bifurcada e uma cauda pontiaguda.</p><p>P – Mas controla as mentes de 98 em cada 100 pessoas. Foi o que disse. Quem</p><p>provoca toda a desgraça aos 98 por cento do mundo controlados pelo Diabo, se</p><p>não é o Diabo?</p><p>R – Eu nunca disse que não sou a causa de toda a desgraça do mundo. Aliás, eu</p><p>gabo-me disso. Eu represento o lado negativo de tudo, incluindo os</p><p>pensamentos negativos dos humanos. De que outra forma poderia controlar as</p><p>pessoas? A minha oposição controla o pensamento positivo. Eu controlo o</p><p>pensamento negativo.</p><p>P – Como controla a mente das pessoas?</p><p>R – Ah, isso é fácil: simplesmente entro e ocupo o espaço do cérebro humano</p><p>que não é usado. Planto as sementes do pensamento negativo na mente das</p><p>pessoas, para assim poder ocupar e controlar o espaço!</p><p>P – Deve ter muitos truques e instrumentos para controlar e manter o acesso à</p><p>mente humana.</p><p>R – Para ser claro, eu emprego truques e ferramentas para controlar o</p><p>pensamento humano. Os instrumentos que uso também são inteligentes.</p><p>P – Descreva-me os seus truques inteligentes, Sua Majestade.</p><p>R – Um dos instrumentos mais engenhosos que uso para controlar a mente é o</p><p>medo. Planto a semente do medo na mente das pessoas e, à medida que essas</p><p>sementes germinam e crescem através do uso, controlo o espaço que elas</p><p>ocupam. Os seis medos mais eficazes são o medo da pobreza, da crítica, da</p><p>doença, da perda do amor, da velhice e da morte.</p><p>Diz o Diabo: “Um dos instrumentos mais engenhosos que uso para</p><p>controlar a mente é o medo […] o medo da pobreza, da crítica, da doença,</p><p>da perda do amor, da velhice e da morte.”</p><p>P – Qual destes seis medos o ajuda com mais frequência, Sua Majestade?</p><p>R – O primeiro e o último – pobreza e morte! Num ou noutro momento da vida,</p><p>estendo as minhas garras às pessoas através de um deles ou mesmo de ambos.</p><p>Planto esses medos na mente das pessoas com tanta destreza que elas acreditam</p><p>que eles são da sua própria criação. Realizo esta tarefa fazendo com que as</p><p>pessoas acreditem que estou apenas à espera delas na entrada da próxima vida,</p><p>à espera para poder julgá-las e puni-las por toda a eternidade. É claro que não</p><p>posso punir ninguém, exceto na própria mente dessa pessoa, através de alguma</p><p>forma de medo – mas o medo daquilo que não existe é-me tão útil quanto o</p><p>medo daquilo que existe. Todas as formas de medo aumentam o espaço que</p><p>ocupo na mente humana.</p><p>P – Sua Majestade, pode explicar como obteve este controlo sobre os seres</p><p>humanos?</p><p>R – A história é demasiado longa para ser contada em poucas palavras. Tudo</p><p>começou há mais de um milhão de anos, quando o primeiro homem começou a</p><p>pensar. Até àquele momento eu tinha o controlo sobre toda a humanidade, mas</p><p>os meus inimigos descobriram o poder do pensamento positivo, colocaram-no</p><p>na mente dos homens e eu iniciei uma batalha para permanecer no controlo.</p><p>Até agora tenho-me</p><p>saído muito bem sozinho, pois só perdi 2 por cento das</p><p>pessoas para a oposição.</p><p>P – Pela sua resposta deduzo que os homens que pensam são seus inimigos.</p><p>Estou certo?</p><p>R – Não está certo, mas está correto.</p><p>P – Fale-me mais sobre o mundo em que vive.</p><p>R – Vivo onde me apetece. O tempo e o espaço não existem para mim. A</p><p>melhor forma de me descrever é dizer que sou uma força que consiste em</p><p>energia. O local físico que mais prefiro, como já lhe disse, é a mente das</p><p>pessoas. Controlo uma parte do cérebro de cada ser humano. A quantidade de</p><p>espaço que ocupo em cada mente individual depende de quanto e do tipo de</p><p>pensamentos que cada um tem. Como já lhe disse, não posso controlar</p><p>totalmente uma pessoa que pense.</p><p>P – Já falou sobre a sua oposição. O que quer dizer com isso?</p><p>R – O meu oponente controla todas as forças positivas do mundo, como o</p><p>amor, a fé, a esperança e o otimismo. O meu oponente também controla os</p><p>fatores positivos de todas as leis naturais do universo, as forças que mantêm a</p><p>Terra e os planetas e todas as estrelas de forma equilibrada e em harmonia, mas</p><p>estas forças são ínfimas comparadas com as que operam na mente humana sob</p><p>o meu controlo. Como pode ver, eu não procuro controlar estrelas e planetas.</p><p>Prefiro controlar as mentes humanas.</p><p>P – Onde adquiriu a sua força e de que maneira a reforça?</p><p>R – Reforço-a apropriando-me do poder da mente dos humanos à medida que</p><p>passam pelo portão no momento da sua morte. Noventa e oito em cada 100 que</p><p>voltam para o meu plano, vindos do plano da Terra, são controlados por mim, e</p><p>o poder das suas mentes é acrescentado ao meu ser. Fico com todos os que vêm</p><p>com qualquer forma de medo. Estou constantemente a trabalhar, preparando as</p><p>mentes das pessoas antes da morte, de maneira a que possa apropriar-me delas</p><p>quando regressam ao meu plano.</p><p>P – Pode dizer-me como realiza o trabalho de preparar as mentes humanas para</p><p>que as possa controlar?</p><p>R – Tenho inúmeras maneiras de controlar as mentes humanas enquanto elas</p><p>ainda estão no plano da Terra. A minha maior arma é a pobreza. Desencorajo</p><p>deliberadamente as pessoas de acumular riqueza material porque a pobreza</p><p>desmoraliza as pessoas impedindo-as de pensar e torna-as presas muito fáceis</p><p>para mim. O meu outro grande amigo é a doença. Um corpo doente</p><p>desencoraja o pensamento. Depois, tenho milhares de trabalhadores na Terra</p><p>que me ajudam a ter controlo das mentes humanas. Tenho estes agentes</p><p>estrategicamente colocados. Eles representam todas as raças, credos e</p><p>religiões.</p><p>P – Quem são os seus maiores inimigos na Terra, Sua Majestade?</p><p>R – Todos aqueles que inspiram as pessoas a pensar e a agir por iniciativa</p><p>própria são meus inimigos. Homens como Sócrates, Confúcio, Voltaire,</p><p>Emerson, Thomas Paine e Abraham Lincoln. E tu também não me estás a</p><p>ajudar nada.</p><p>P – É verdade que usa homens que possuem grande riqueza?</p><p>R – Como já disse, a pobreza é sempre minha aliada porque ela desencoraja a</p><p>livre expressão de pensamentos e encoraja o medo na mente dos homens.</p><p>Alguns homens ricos servem qualquer causa, enquanto outros causam muitos</p><p>danos, dependendo da forma como esta riqueza é utilizada. A fortuna do grande</p><p>Rockefeller, por exemplo, é uma das minhas piores inimigas.</p><p>P – Isso é interessante, Sua Majestade; pode dizer-me porque teme a fortuna</p><p>dos Rockefeller mais do que as outras?</p><p>R – O dinheiro de Rockefeller está a ser usado para isolar e conquistar a cura</p><p>de doenças do corpo físico em todo o mundo. A doença sempre foi uma das</p><p>minhas armas mais eficazes. O medo da doença só é ultrapassado pelo medo da</p><p>pobreza. O dinheiro de Rockefeller está a revelar novos segredos da natureza</p><p>em centenas de coisas diferentes, todas elas sendo utilizadas para ajudar os</p><p>homens a terem o controlo total sobre as suas próprias mentes. Está a encorajar</p><p>novos e melhores métodos de alimentação, de vestuário e habitação. Está a</p><p>fazer desaparecer os bairros de lata das grandes cidades, lugar onde se</p><p>encontram os meus aliados preferidos. Está a financiar campanhas por</p><p>governos melhores e a ajudar a acabar com a desonestidade na política. Está a</p><p>ajudar a estabelecer padrões mais elevados na prática de negócios e a encorajar</p><p>os homens de negócios a conduzirem as suas empresas pela Regra de Ouro; e</p><p>isso não é bom para minha causa.</p><p>P – E esses rapazes e raparigas que estão a perder-se no Inferno? Também os</p><p>controla?</p><p>R – Bem, eu posso responder a essa questão só com um “sim e não”. Corrompi</p><p>as mentes dos jovens ensinando-os a beber e a fumar, mas eles têm-me</p><p>surpreendido com a sua tendência para pensar por si mesmos.</p><p>Hill anda para trás e para a frente no campo de batalha do Diabo. A sua</p><p>opinião anterior sobre a filantropia de Rockefeller é seguida por uma</p><p>explicação da razão por que os jovens estão “a perder-se no Inferno”.</p><p>Acho que o autor está a desafiar-nos a manter várias ideias em mente</p><p>enquanto deixa o Diabo fazer o trabalho sujo na esperança de nos</p><p>confundir. Procuremos outros exemplos ao longo do livro, e encontrá-los-</p><p>emos!</p><p>P – Diz que corrompeu as mentes dos jovens com álcool e cigarros. Consigo</p><p>compreender que o álcool pode destruir o poder do pensamento independente,</p><p>mas não consigo entender como é que os cigarros podem ajudar a sua causa.</p><p>R – Pode não saber, mas os cigarros quebram o poder da persistência; eles</p><p>destroem a capacidade de resistência e de concentração. Matam e fragilizam o</p><p>poder da imaginação e ajudam a que as pessoas não usem as suas mentes da</p><p>forma mais eficaz.</p><p>Sabe que tenho milhões de pessoas, jovens e velhos, de ambos os sexos, que</p><p>fumam dois maços de cigarros por dia? Isso significa que tenho milhões de</p><p>pessoas gradualmente a destruirem o seu poder de resistência.</p><p>Um dia, vou acrescentar ao seu hábito de fumar outros hábitos destruidores</p><p>do pensamento até conseguir controlar as suas mentes.</p><p>Os hábitos vêm aos pares, aos triplos e aos quádruplos. Qualquer hábito que</p><p>enfraqueça a força de vontade de uma pessoa abre portas para outros hábitos</p><p>negativos se apoderarem da sua mente. O vício do cigarro não só diminui o</p><p>poder de resistência e desencoraja a persistência, como também debilita outras</p><p>relações humanas.</p><p>P – Nunca pensei que os cigarros pudessem ser uma arma de destruição, Sua</p><p>Majestade, mas a sua explicação lança uma nova luz sobre o assunto. Quantos</p><p>se converteram ao vício?</p><p>R – Eu estou orgulhoso do meu recorde. Milhões são agora vítimas e o número</p><p>cresce diariamente. Em breve, a maior parte do mundo estará a deixar-se levar</p><p>por esse hábito. Em milhares de famílias tenho seguidores desse hábito,</p><p>incluindo todos os membros da família. Rapazes e raparigas muito jovens</p><p>entregam-se a este vício. Eles estão a aprender a fumar ao observar os seus</p><p>pais, irmãos e irmãs mais velhos.</p><p>P – Qual é para si a melhor ferramenta para obter o controlo das mentes</p><p>humanas – o tabaco ou o álcool?</p><p>R – Sem hesitar, eu diria o tabaco. Assim que consigo um jovem para se juntar</p><p>ao clube de dois maços por dia, não tenho qualquer problema em convencer</p><p>essa pessoa a começar a beber, a ter sexo em excesso, e todos os outros hábitos</p><p>relacionados com a destruição do pensamento e ação independentes.</p><p>Lembre-se, isto foi escrito em 1938 – muito antes de a natureza viciante</p><p>do tabaco ser descoberta. Aqui, como em muitas outras coisas, Napoleon</p><p>Hill está muito à frente do seu tempo em algumas das suas opiniões</p><p>médicas e sociológicas.</p><p>P – Sua Majestade, quando comecei esta entrevista estava totalmente errado a</p><p>seu respeito. Pensava que era uma fraude e uma falsificação. Mas agora vejo</p><p>que é muito real e muito poderoso.</p><p>R – Aceito o seu pedido de desculpas, mas não é</p><p>preciso preocupar-se. Milhões</p><p>de pessoas já questionaram o meu poder, e eu recebi a maior parte delas no</p><p>portão, assim que fizeram a passagem.</p><p>Não peço a ninguém para acreditar em mim. Prefiro que as pessoas tenham</p><p>medo. Não sou um mendigo! Só obtenho o que quero através da inteligência e</p><p>da força. Mendigar às pessoas para acreditar faz parte da maneira de ser do</p><p>meu oponente, não da minha.</p><p>P – Sua Majestade, perdoe-me a indelicadeza, mas não seria capaz de me olhar</p><p>ao espelho novamente se não lhe dissesse, aqui e agora, que é o pior demónio</p><p>que existe para as pessoas inocentes.</p><p>Sempre tive a ideia errada a seu respeito. Pensei que era suficientemente</p><p>simpático para deixar as pessoas em paz enquanto elas estão vivas, que apenas</p><p>torturava as suas almas depois da morte. Mas agora percebo, pelo</p><p>descaramento da sua própria confissão, que destrói o direito delas à liberdade</p><p>de pensamento e obriga-as a viver o inferno na Terra. O que tem a dizer quanto</p><p>a isso?</p><p>R – Eu consigo o que quero exercendo o autocontrolo. Não é bom para o meu</p><p>próprio negócio, mas sugiro que me imite em vez de me criticar. Autointitula-</p><p>se pensador, e realmente é. Caso contrário, nunca me teria forçado a esta</p><p>entrevista. Mas nunca será a espécie de pensador que me assusta exceto se</p><p>ganhar e exercer maior controlo sobre as suas próprias emoções.</p><p>P – Vamos afastar-nos das personalidades. Vim aqui para aprender mais sobre</p><p>si e não para falar sobre mim. Vamos continuar. Fale sobre os muitos truques</p><p>que criou para controlar a mente humana. Qual é a sua arma mais poderosa</p><p>neste momento?</p><p>R – Essa é uma questão difícil de responder. Tenho tantas ferramentas para</p><p>entrar na mente humana e controlá-la que é difícil dizer qual é a mais poderosa.</p><p>Neste preciso momento estou a tentar iniciar uma nova guerra mundial. Os</p><p>meus amigos aqui em Washington estão a ajudar-me a envolver os Estados</p><p>Unidos na guerra. Se eu conseguir fazer com que o mundo comece a matar-se</p><p>de forma maciça, serei capaz de colocar em ação a minha ferramenta preferida</p><p>para controlar a mente. É o que se pode chamar de medo em massa. Usei esta</p><p>ferramenta para provocar a Guerra Mundial de 1914. Também a utilizei para</p><p>causar a depressão económica de 1929 e, se o meu oponente não me tivesse</p><p>atraiçoado, estaria agora na posse de cada homem, mulher e criança deste</p><p>mundo. Pode ver por si próprio como estive tão perto do domínio mundial –</p><p>aquilo que tenho lutado para obter há milhares de anos.</p><p>Aqui o Diabo afirma estar a trabalhar para os dois lados de forma a</p><p>instigar a guerra, através do lançamento das sementes do medo por todo o</p><p>mundo. Esta é a essência daquilo que passou a conhecer-se no nosso</p><p>tempo como terrorismo – e a resposta a ele. Através do trabalho de Hill, o</p><p>Diabo fica com os louros não só pelas duas guerras mundiais, mas</p><p>também pela Grande Depressão… é fácil acrescentar o atual colapso</p><p>económico à sua lista de créditos. Tanto a guerra como o colapso</p><p>económico geram o medo na mente das pessoas e são certamente obra do</p><p>Diabo.</p><p>P – Estou a perceber. Quem não perceberia? É um manipulador muito</p><p>engenhoso da mente das pessoas. A sua ação demoníaca é executada apenas</p><p>através das pessoas de elevadas posições e grande influência?</p><p>R – Não! Eu uso a mente de pessoas de todas as classes. De facto, até prefiro o</p><p>tipo de pessoa que não faz questão de pensar muito. Consigo manipular este</p><p>tipo de pessoas sem qualquer dificuldade. Não conseguiria controlar 98 por</p><p>cento das pessoas do mundo se todas fossem capazes de pensar por si mesmas.</p><p>P – Estou interessado no bem-estar das pessoas que afirma conseguir controlar.</p><p>Por isso quero que me conte todos os truques utilizados para entrar e controlar</p><p>as mentes. Quero uma confissão completa, portanto, comece pelo seu truque</p><p>mais astuto.</p><p>R – Aquilo que me está a obrigar a fazer chama-se suicídio, mas estou de mãos</p><p>atadas. Tranquilize-se e dar-lhe-ei a arma através da qual milhões de seres</p><p>humanos se poderão defender de mim.</p><p>CAPÍTULO QUATRO</p><p>ALHEAR-SE</p><p>COM O DIABO</p><p>P – Primeiro, diga-me qual é o seu truque mais inteligente – aquele que usa</p><p>para ludibriar o maior número de pessoas possível.</p><p>R – Se me obrigar a revelar esse segredo, perderei milhões de pessoas ainda</p><p>vivas e outras ainda por nascer. Imploro-lhe que me permita deixar esta questão</p><p>sem resposta.</p><p>P – Então Sua Majestade, o Diabo, está com medo de uma humilde criatura</p><p>humana! Estou certo?</p><p>R – Não está certo, mas é verdade! Não tem o direito de roubar a minha</p><p>ferramenta de trabalho mais importante. Há milhões de anos que domino as</p><p>criaturas humanas através do medo e da ignorância. Depois o senhor aparece e</p><p>pensa que pode destruir as minhas armas obrigando-me a revelar a utilização</p><p>que faço delas. Compreende que, se me forçar a revelar os meus segredos,</p><p>perderei a minha vantagem e o meu poder de controlo sobre as pessoas que</p><p>lerem esta confissão que me está a arrancar? Não tem compaixão? Onde está o</p><p>seu sentido de humor? O seu desportivismo?</p><p>P – Deixe de empatar e comece a confessar. Quem pensa que é para pedir</p><p>compaixão a uma pessoa que, se pudesse, destruiria? Quem pensa que é para</p><p>falar em desportivismo e sentido de humor? O Senhor Diabo, que pela sua</p><p>confissão soltou o inferno na Terra, castigando pessoas inocentes, utiliza-se dos</p><p>seus medos e ignorâncias. Quanto a meter-me na minha vida, é exatamente o</p><p>que estou a fazer ao obrigá-lo a dizer como controla as pessoas através das suas</p><p>próprias mentes. O meu interesse é ajudar a abrir as portas das prisões</p><p>autoimpostas onde homens e mulheres estão confinados por causa dos medos</p><p>que planta nas suas mentes.</p><p>O Senhor Humano tem o poder para obrigar o Diabo a responder às suas</p><p>perguntas. O seu próprio conhecimento do pensamento independente e a</p><p>falta de medo são as suas armas para obrigar a esta confissão.</p><p>R – A arma mais poderosa que possuo sobre os seres humanos consiste em dois</p><p>princípios secretos de controlo mental. Primeiramente, falarei sobre o princípio</p><p>do hábito, através do qual entro silenciosamente nas mentes das pessoas.</p><p>Através desse princípio estabeleço (gostaria de poder evitar esta palavra) o</p><p>hábito do alheamento. Quando uma pessoa começa a ficar abstraída, ela avança</p><p>diretamente para as portas daquilo que vocês, seres humanos, chamam Inferno.</p><p>P – Descreva todas as formas como induz as pessoas a alhearem-se. Defina a</p><p>palavra e diga-nos exatamente o que ela significa.</p><p>R – A melhor forma de definir a palavra “alheamento” é dizer que as pessoas</p><p>que pensam por si mesmas nunca se alheiam, enquanto aquelas que não</p><p>pensam, ou pensam o mínimo possível, são as chamadas “alheadas”. Um</p><p>alheado é aquele que se deixa ser influenciado e controlado por circunstâncias</p><p>externas à sua mente. Ele prefere deixar que eu ocupe a sua mente e que pense</p><p>por ele do que ter o trabalho de pensar por si mesmo. O alheado é aquele que</p><p>aceita tudo da vida sem protestar nem lutar. Ele não sabe o que quer da vida e</p><p>passa o tempo inteiro a tentar descobrir. Um alheado tem muitas opiniões, mas</p><p>elas não lhe pertencem. A maioria delas é aplicada por mim.</p><p>O alheado é aquele que é muito preguiçoso para usar o seu próprio cérebro.</p><p>Essa é a razão para que eu assuma o controlo dos seus pensamentos e plante as</p><p>minhas ideias na sua mente.</p><p>“Aquelas que não pensam, ou pensam o mínimo possível por si próprias,</p><p>são as chamadas ‘alheadas’. Um alheado é aquele que se deixa ser</p><p>influenciado e controlado por circunstâncias externas à sua mente.”</p><p>P – Acho que compreendi bem o que é um alheado. Diga-me exatamente quais</p><p>são os hábitos das pessoas que se alheiam ao longo da vida. Quando e como</p><p>começa</p><p>a controlar a mente de uma pessoa.</p><p>R – O controlo que exerço sobre um ser humano inicia-se ainda na sua</p><p>juventude. Por vezes, lanço as bases para o controlo da mente ainda antes de a</p><p>pessoa ter nascido, manipulando a mente dos seus pais. Outras vezes, vou ainda</p><p>mais longe e preparo as pessoas para as controlar através daquilo que vocês</p><p>humanos chamam “hereditariedade física”. Como pode ver, tenho duas</p><p>abordagens à mente de uma pessoa.</p><p>P – Sim. Continue e descreva essas duas portas por onde entra e controla a</p><p>mente dos seres humanos.</p><p>R – Como já afirmei, ajudo a trazer as pessoas com mentes fracas para o seu</p><p>mundo, dando-lhes, ainda antes de nascerem, todas as fraquezas dos seus</p><p>antepassados. Os humanos chamam-lhe princípio de hereditariedade física.</p><p>Após o nascimento, uso o que vocês seres humanos chamam de “ambiente”</p><p>como meio de controlo. É aqui que entra o princípio do hábito. A mente não é,</p><p>nada mais nem nada menos, do que a soma de todos os hábitos! Um por um,</p><p>entro na mente e estabeleço hábitos, que levam finalmente ao completo e</p><p>absoluto domínio da mente.</p><p>P – Quais são os hábitos mais comuns para controlar a mente das pessoas?</p><p>R – Este é um dos meus truques mais sábios: entro na mente das pessoas</p><p>através de pensamentos que elas acreditam serem seus. Os mais úteis para mim</p><p>são o medo, a superstição, a avareza, a ganância, a luxúria, a vingança, a raiva,</p><p>a vaidade e a preguiça. Através de um ou mais, consigo entrar em qualquer</p><p>mente, em qualquer idade, mas obtenho melhores resultados quando assumo o</p><p>controlo de uma mente ainda jovem, antes que o seu proprietário tenha</p><p>aprendido a fechar alguma dessas nove portas. Depois estabeleço os hábitos</p><p>que mantêm essas portas abertas para sempre.</p><p>P – Estou a começar a entender os seus métodos. Agora voltemos ao hábito do</p><p>alheamento. Fale-nos sobre esse hábito, já que diz ser o seu melhor truque para</p><p>controlar a mente das pessoas.</p><p>R – Como já referi, faço com que as pessoas comecem a alhear-se durante a sua</p><p>juventude. Induzo-as a alhearem-se através da escola, quando não sabem que</p><p>profissão desejam seguir na vida. Aqui apanho a maioria das pessoas, tal como</p><p>os hábitos. Basta alhear-se numa direção e em breve estará alheado em todas as</p><p>direções. Também uso hábitos ambientais para me darem o controlo definitivo</p><p>das minhas vítimas.</p><p>P – Entendo. A sua ideia é treinar crianças no hábito do alheamento, induzindo-</p><p>as a ir para a escola sem propósito ou objetivo. Conte-me alguns dos seus</p><p>outros truques para levar as pessoas a alhearem-se.</p><p>R – Bem, o meu segundo melhor truque para desenvolver o hábito do</p><p>alheamento é um dos que coloco em ação com a ajuda de pais, professores e</p><p>instrutores religiosos.</p><p>Previno-o para não me obrigar a mencionar esse truque. Não o revele. Se o</p><p>fizer, será odiado pelos colaboradores que me ajudam a usá-lo. Se publicar esta</p><p>confissão em forma de livro, o seu livro será banido das escolas. Irá para a lista</p><p>negra da maioria dos líderes religiosos. Será ocultado das crianças por muitos</p><p>pais. Os jornais não ousarão fazer críticas do seu livro. Milhões de pessoas vão</p><p>odiá-lo por escrever este livro.</p><p>Na verdade, ninguém gostará de si ou do seu livro, exceto aqueles que</p><p>pensam, e sabe como esses são muito poucos! O meu conselho é que não me</p><p>obrigue a revelar este segundo truque.</p><p>O autor sabia que esta opinião seria um dos aspetos mais controversos do</p><p>seu livro. Na verdade, a sua mulher estava tão preocupada com a forma</p><p>como iria ser recebido que o fez prometer que não o publicaria. De facto,</p><p>somente agora, muito depois da morte dela, é que a família concordou em</p><p>partilhá-lo com o mundo. Encorajo-o a seguir o argumento de Hill sobre o</p><p>sistema público de educação e os professores religiosos e depois decida</p><p>por si próprio.</p><p>P – Então, para o meu próprio bem, quer que eu retenha a revelação do seu</p><p>segundo melhor truque. Ninguém gostará do meu livro exceto aqueles que</p><p>pensam, é isso? Muito bem, então responda.</p><p>R – Vai arrepender-se disto, Senhor Humano. Mas você é o culpado. Devido a</p><p>este erro seu, conseguirá desviar a atenção de mim para si. Os meus colegas de</p><p>trabalho, que são milhões, esquecer-me-ão e odiá-lo-ão por revelar os meus</p><p>métodos.</p><p>P – Não se preocupe comigo. Conte-me tudo sobre esse seu segundo melhor</p><p>truque com o qual induz as pessoas a alhearem-se consigo para o Inferno.</p><p>R – O meu segundo melhor truque na verdade não é o segundo. É o primeiro! É</p><p>o primeiro porque sem ele eu nunca conseguiria controlar a mente dos jovens.</p><p>Pais, professores, instrutores religiosos e muitos outros adultos, sem terem</p><p>consciência disso, servem a minha causa ajudando-me a destruir o hábito de</p><p>fazer as crianças pensarem por si mesmas. Eles fazem o seu trabalho de várias</p><p>formas, sem suspeitar o que fazem na mente das crianças ou a real causa dos</p><p>erros das crianças.</p><p>Já alguma vez ouviu um pai a terminar a frase de um filho? Ou viu um</p><p>pai fazer os trabalhos de casa do filho. Lembra-se daquelas feiras de</p><p>ciências na escola onde era óbvio que os miúdos tinham muita “ajuda”</p><p>nos seus projetos. A mãe e o pai podem ter “ajudado” um pouco demais,</p><p>mas no fundo eles sabem que os seus filhos apreciam a ajuda e</p><p>reconhecem que eles são bons pais. Não é? Na verdade, a criança pode</p><p>estar a pensar: “a mãe e o pai acham que não sou capaz de fazer isto</p><p>sozinho… para quê chatear-me!” Por fim, esta “ajuda” parental vai</p><p>destruir a autoconfiança da criança. Ao deixar que a criança seja</p><p>responsável e tome as suas decisões, os pais ajudam os filhos a</p><p>desenvolver o hábito de pensarem por si próprios!</p><p>P – Não posso acreditar, Sua Majestade. Sempre pensei que os melhores</p><p>amigos das crianças fossem aqueles que estão mais próximos delas, os seus</p><p>pais, os seus professores, os seus instrutores religiosos. Onde vão as crianças</p><p>buscar essa orientação fiável se não for aos que estão responsáveis por elas?</p><p>R – É aí que entra a minha sabedoria. Esta é a explicação exata de como</p><p>controlo 98 por cento das pessoas do mundo. Assumo o controlo das pessoas</p><p>durante a sua juventude, antes de elas conseguirem controlar as suas próprias</p><p>mentes, através daqueles que são responsáveis por elas. Preciso especialmente</p><p>da ajuda daqueles que ministram a religião às crianças, porque é aqui que</p><p>ponho fim ao pensamento independente e inicio as pessoas no hábito do</p><p>alheamento, confundindo as suas mentes com ideias que têm que ver com um</p><p>mundo sobre o qual elas nada conhecem. É também aqui que cultivo na mente</p><p>das crianças o maior de todos os medos – o medo do Inferno!</p><p>P – Eu sei que é muito fácil para si assustar as crianças com ameaças do</p><p>Inferno, mas como consegue fazer com que elas continuem a temê-lo e ao seu</p><p>Inferno quando crescem e aprendem a pensar por si mesmas?</p><p>R – As crianças crescem, mas nem sempre aprendem a pensar por si mesmas!</p><p>Depois de conseguir aprisionar a mente de uma criança através do medo,</p><p>enfraqueço a capacidade dessa criança de pensar racionalmente e também de</p><p>pensar por si mesma, e essa fraqueza acompanha a criança durante toda a sua</p><p>vida.</p><p>P – Isso não é aproveitar-se de forma desleal de um ser humano contaminando</p><p>a sua mente antes de ela a dominar?</p><p>R – É justo, porque os fins justificam os meios. Não sofro dessas limitações</p><p>idiotas sobre o certo e o errado. O poder é o que me interessa. Utilizo toda e</p><p>qualquer fraqueza humana que conheço para obter e manter o controlo sobre a</p><p>mente dos homens.</p><p>P – Compreendo a sua natureza diabólica! Voltemos a discutir os seus métodos</p><p>para induzir as pessoas ao alheamento, transformando as suas vidas num</p><p>inferno na Terra. Pela sua confissão, já percebi que</p><p>se apodera da mente das</p><p>crianças muito jovens e vulneráveis. Fale-me mais sobre a forma como usa os</p><p>pais, os professores e os líderes religiosos para provocar o alheamento nas</p><p>pessoas.</p><p>R – Um dos meus truques preferidos é coordenar os esforços de pais e</p><p>instrutores religiosos para que possam trabalhar em conjunto e ajudar-me a</p><p>destruir o poder das crianças de pensarem por si próprias. Uso muitos líderes</p><p>religiosos para minar a coragem e a força do pensamento independente das</p><p>crianças, ensinando-os a temerem-me; mas uso os pais para ajudar os líderes</p><p>religiosos nesta minha grande obra.</p><p>P – Como é que os pais ajudam os líderes religiosos a destruir a capacidade das</p><p>crianças de pensarem por si mesmas? Nunca ouvi falar de tal monstruosidade.</p><p>R – Consigo isso com um truque muito inteligente. Faço com que os pais</p><p>ensinem os filhos a seguirem as suas crenças em relação à religião, à política,</p><p>ao casamento e outros assuntos importantes. Desta forma, como pode ver,</p><p>quando domino a mente de uma pessoa, consigo facilmente perpetuar esse</p><p>domínio levando essa pessoa a ajudar-me e a estender esse controlo sobre a</p><p>mente de seus filhos.</p><p>P – De que outras formas usa os pais para transformarem os seus filhos em</p><p>alheados?</p><p>R – Faço com que as crianças se tornem alheadas seguindo o exemplo de seus</p><p>pais, a maioria dos quais eu já controlo e estão eternamente ligados à minha</p><p>causa. Em algumas partes do mundo, domino a mente das crianças e subjugo a</p><p>sua força de vontade exatamente da mesma maneira que os homens conseguem</p><p>domesticar animais de pouca inteligência. É-me indiferente a forma como a</p><p>força de vontade de uma criança é subjugada, desde que ela tenha algum tipo</p><p>de medo. Entrarei nessa mente através do medo e limitarei o seu poder de</p><p>pensar independentemente.</p><p>O Diabo entra na mente de uma criança através do medo e depois limita o</p><p>poder dessa criança de pensar independentemente. Lembro-me dos</p><p>muitos líderes religiosos que conheci no passado e imediatamente os</p><p>divido entre instrutores através do medo e instrutores através da fé. De</p><p>facto, ainda me arrepio ao relembrar o “fogo e o enxofre” de alguns</p><p>sermões baseados no medo que ouvi quando era criança. Pelo contrário,</p><p>lembro-me da sensação edificante da esperança e coragem dos sermões de</p><p>fé. As palavras de sabedoria de Hill soaram-me muito verdadeiras. Então,</p><p>o medo paralisa o pensamento independente?</p><p>P – Parece-me que faz qualquer coisa para impedir as pessoas de pensarem.</p><p>R – Sim. O pensamento organizado é fatal para mim. Não consigo existir na</p><p>mente daqueles que pensam de forma estruturada. Não me importo que as</p><p>pessoas pensem, desde que o façam em termos de medo, desencorajamento,</p><p>desespero e destruição. Quando começam a pensar de forma construtiva em fé,</p><p>coragem, esperança e com propósitos definidos, imediatamente se tornam</p><p>aliadas da minha oposição e, por consequência, perco-as.</p><p>P – Estou a começar a perceber como consegue dominar a mente das crianças</p><p>através da ajuda dos seus pais e instrutores religiosos, mas não vejo como é que</p><p>os professores podem ajudá-lo nesse trabalho maldito.</p><p>R – Os professores ajudam-me a controlar a mente das crianças não tanto pelo</p><p>que lhes ensinam, mas pelo que não lhes ensinam. Todo o sistema público de</p><p>escolas é administrado desta forma para ajudar a minha causa: ensinar às</p><p>crianças quase tudo, exceto como usarem as suas mentes e pensarem de forma</p><p>independente. Vivo sempre com medo que algum dia uma pessoa corajosa</p><p>reverta esse sistema de ensino e inflija um golpe fatal na minha causa,</p><p>permitindo aos estudantes tornarem-se instrutores e usando aqueles que hoje</p><p>servem como professores somente como guias para ajudarem as crianças a</p><p>estabelecer meios para desenvolverem as suas próprias mentes. Quando esse</p><p>tempo chegar, os professores deixarão de pertencer à minha equipa.</p><p>Eis a essência da crítica de Hill à educação pública, escrita em 1938.</p><p>Concorda com ele? Pense nas crianças durante o tempo do seu infantário</p><p>e primeiros anos de escola. Elas são entusiastas e voluntariam-se para</p><p>tudo, pondo as mãos no ar, empolgadas por aprender. Agora avance dez</p><p>anos, e pense nessas mesmas crianças como alunas do liceu – aquelas</p><p>sentadas na última fila da sala de aula, sem nunca olharem diretamente</p><p>para os adultos, e sem nunca se voluntariarem ou fazerem uma pergunta.</p><p>Elas desvincularam-se do processo de aprendizagem. O que aconteceu a</p><p>essas crianças? Dez anos de escolaridade. Perceberam que cometer um</p><p>erro vai sujeitá-las ao ridículo e embaraço. Por isso, deixam de participar</p><p>para se protegerem a si próprias. É-lhes ensinado que as soluções para</p><p>todos os problemas e conflitos não está nas suas mãos nem nas suas</p><p>mentes, mas sim nas mãos e mente do professor – o representante das</p><p>autoridades. Agir de forma independente face ao conflito gera uma rápida</p><p>repreensão e represália do professor. Por isso, as crianças são</p><p>desencorajadas do pensamento independente e doutrinadas com o</p><p>conceito de que não são capazes de resolver os seus próprios problemas.</p><p>Embora haja muitos professores excelentes, a crítica de Hill parece</p><p>validada pelo estado da educação de hoje. Se concorda com Hill, o que</p><p>acha que podemos fazer quanto a isso? Devíamos procurar professores e</p><p>escolas que encorajam o pensamento independente aos seus alunos e</p><p>aplaudi-los pela sua coragem!</p><p>P – Pensei que o objetivo da escola era ajudar as crianças a pensarem.</p><p>R – Esse pode ser o objetivo da escolaridade, mas o sistema na maioria das</p><p>escolas do mundo não atinge essa meta. As crianças na escola são ensinadas a</p><p>não desenvolver nem a usar as suas próprias mentes, mas sim a adotar e usar as</p><p>ideias de outros. Esse tipo de ensino destrói a capacidade de pensamento</p><p>independente, exceto nos raros casos em que crianças confiam na sua própria</p><p>força de vontade e recusam-se a deixar os outros pensarem por elas. O</p><p>pensamento estruturado e organizado pertence à minha oposição, não a mim!</p><p>P – Qual a relação, se alguma existe, entre a sua oposição e os lares, as escolas</p><p>e as igrejas? A sua resposta a essa questão deve ser interessante.</p><p>R – É aqui que faço uso de alguns dos meus truques mais sábios. Faço com que</p><p>tudo o que é feito pelos pais, pelos professores e pelos instrutores religiosos</p><p>pareça ter sido feito pela minha oposição.</p><p>Isso desvia a atenção de mim enquanto manipulo a mente dos jovens.</p><p>Quando os instrutores religiosos tentam ensinar às crianças as virtudes da</p><p>minha oposição, fazem-no geralmente assustando-as com o meu nome. Isso é</p><p>tudo o que peço deles. Fomento a chama do medo para tais proporções que</p><p>destroem o poder do pensamento organizado da criança. Nas escolas, os</p><p>professores aprofundam a minha causa mantendo as crianças tão ocupadas a</p><p>acumular informações não essenciais nas suas mentes que elas não têm a</p><p>oportunidade de pensar de forma estruturada nem de analisar corretamente as</p><p>coisas que lhes ensinam.</p><p>P – Reclama a favor da sua causa todos aqueles que estão limitados pelo hábito</p><p>do alheamento?</p><p>R – Não. O alheamento é apenas um dos meus truques, através do qual assumo</p><p>o poder do pensamento independente. Antes de uma pessoa alheada se tornar</p><p>minha propriedade permanente, tenho de guiá-la e ludibriá-la com outro truque.</p><p>Contar-lhe -ei sobre esse outro truque depois de acabar de descrever os meus</p><p>métodos de converter as pessoas em alheadas.</p><p>P – Isso significa então que possui um método que consegue levar as pessoas a</p><p>alhearem-se da autodeterminação de tal forma que elas nunca conseguirão</p><p>salvar-se a si mesmas?</p><p>R – Sim. Um método definitivo.</p><p>E é tão eficaz que nunca falha.</p><p>P – O seu método é tão poderoso que a oposição não consegue salvar aqueles</p><p>que roubou para sempre pelo hábito do alheamento?</p><p>R – É exatamente isso que estou a dizer! Acha que eu controlaria tantas pessoas</p><p>se a minha oposição pudesse impedi-lo? Só as próprias pessoas me podem</p><p>impedir de as controlar.</p><p>Nada me pode parar, exceto o poder do pensamento estruturado. As pessoas</p><p>que pensam de forma organizada não se alhearem de nenhum assunto. Elas</p><p>reconhecem o poder das suas próprias mentes. Além disso, elas assumem esse</p><p>poder e não o cedem a ninguém nem a nenhuma influência.</p><p>P – Conte-me mais sobre os seus métodos. O que leva as pessoas a alhearem-se</p><p>para o Inferno consigo!</p><p>R – Faço com que as pessoas se alheiem em todos os assuntos em que posso</p><p>controlar o pensamento independente e a ação. Por exemplo, o tema saúde.</p><p>Faço com que a maioria das pessoas coma muita comida e a comida errada.</p><p>Isso leva à indigestão e destrói o poder do pensamento estruturado. Se as</p><p>escolas e igrejas ensinassem às crianças maneiras mais sadias de se alimentar,</p><p>elas causariam um dano irreparável à minha causa.</p><p>Casamento: Faço com que homens e mulheres se alheiem nos seus</p><p>casamentos deixando-os sem planos ou objetivos delineados para converter o</p><p>relacionamento em harmonia. Eis um dos meus métodos mais eficazes para</p><p>converter as pessoas ao hábito do alheamento. Faço com que casais discutam e</p><p>debatam sobre assuntos financeiros. Levo-os a desentenderem-se sobre a forma</p><p>de educar os filhos. Faço com que entrem em controvérsias desagradáveis</p><p>sobre as suas relações íntimas e em desacordo sobre amigos e atividades</p><p>sociais. Mantenho-os tão ocupados procurando falhas um no outro que nunca</p><p>têm tempo suficiente para quebrar o hábito do alheamento.</p><p>Profissão: Ensino as pessoas a tornarem-se alheadas fazendo com que</p><p>abandonem a escola para aceitar o primeiro emprego que encontram, sem</p><p>nenhum plano ou objetivo definido, exceto a sobrevivência. Através deste</p><p>truque, mantenho milhões de pessoas com medo da pobreza durante toda a</p><p>vida. Através desse medo, guio-as lentamente, mas sempre para a frente, até</p><p>atingirem o ponto para além do qual ninguém conseguiu quebrar o hábito do</p><p>alheamento.</p><p>Poupança: Faço com que as pessoas gastem muito e economizem pouco ou</p><p>nada, até tê-las totalmente sob controlo pelo medo da pobreza.</p><p>Ambiente: Faço com que as pessoas se alheiem em ambientes dissonantes e</p><p>desagradáveis em suas casas, nos locais de trabalho, nas suas relações com</p><p>parentes e conhecidos, e mantenho-as aí até as prender no hábito do</p><p>alheamento.</p><p>Pensamentos dominantes: Faço com que as pessoas se alheiem caindo no</p><p>hábito de pensar negativamente. Isso leva a atos negativos e envolve as pessoas</p><p>em controvérsias. Preenche as suas mentes com temores, preparando, dessa</p><p>forma, o caminho para eu entrar e as controlar. Quando entro, atraio as pessoas</p><p>com pensamentos negativos que elas acreditam ser criações suas. Planto as</p><p>sementes do pensamento negativo na mente das pessoas através do púlpito das</p><p>igrejas, dos jornais, dos filmes, da rádio e de todos os outros meios populares.</p><p>Faço com que as pessoas me permitam tomar conta dos seus pensamentos</p><p>porque elas são demasiado preguiçosas ou indiferentes para pensarem por si</p><p>mesmas.</p><p>P – Concluo, pelo que está a dizer, que alheamento e procrastinação são a</p><p>mesma coisa. É verdade?</p><p>R – Sim, é verdade. Qualquer hábito que leve uma pessoa a procrastinar – adiar</p><p>a tomada de uma decisão definitiva – conduz ao hábito do alheamento.</p><p>Diz o Diabo: “Faço com que as pessoas me permitam tomar conta dos</p><p>seus pensamentos porque elas são demasiado preguiçosas ou indiferentes</p><p>para pensarem por si mesmas.”</p><p>******************</p><p>Preguiça + Indiferença = Procrastinação = Alheamento</p><p>Isto descreve um verdadeiro alheado como é definido por Hill. Uma vez</p><p>que fui uma verdadeira procrastinadora toda a minha vida, isto diz-me</p><p>respeito. Gosto de usar aquela desculpa de que funciono melhor sob</p><p>pressão – mas é só isso: uma desculpa para explicar a procrastinação.</p><p>Lembra-se de exemplos na sua própria vida em que a preguiça e a</p><p>indiferença o desviaram do seu caminho para o sucesso? Quando uma</p><p>oportunidade lhe escapou pelos dedos porque era demasiado lento para a</p><p>agarrar a tempo?</p><p>P – O homem é a única criatura que se alheia?</p><p>R – Sim. Todas as outras criaturas regem-se de acordo com leis definidas pela</p><p>natureza. Sozinho, o homem desafia as leis da natureza e alheia-se quando</p><p>quer.</p><p>Tudo o que existe no exterior da mente dos homens é controlado pela minha</p><p>oposição, por leis tão definidas que alhear-se é impossível. Eu controlo a mente</p><p>dos homens unicamente devido ao seu hábito de se alhearem, o que é apenas</p><p>outra maneira de dizer que controlo as suas mentes somente porque eles</p><p>negligenciam ou recusam-se a controlar e a usar a sua própria mente.</p><p>P – Isso está a tornar-se muito profundo para um mero ser humano. Vamos</p><p>voltar à discussão sobre algo menos abstrato. Por favor, diga-me como é que o</p><p>hábito do alheamento afeta as pessoas na vida do dia a dia e diga-me de forma</p><p>a que uma pessoa normal consiga compreender.</p><p>R – Eu preferia manter esta entrevista lá no alto, entre as estrelas!</p><p>P – Não tenho dúvida de que sim. Isso evitaria que ficasse exposto. Mas</p><p>voltemos à Terra. Diga-me agora o que o hábito do alheamento está a fazer por</p><p>nós, como nação, nos Estados Unidos.</p><p>R – Francamente, devo dizer-lhe que odeio os Estados Unidos de uma maneira</p><p>que só o Diabo consegue.</p><p>P – Isso é interessante. Qual é a causa desse ódio?</p><p>R – A causa nasceu a 4 de julho de 1766, quando 56 homens assinaram um</p><p>documento que destruiu as minhas hipóteses de controlar a nação. Esse</p><p>documento é conhecido como a Declaração da Independência. Se não fosse a</p><p>influência desse maldito documento, eu teria neste momento um ditador no</p><p>governo do país e poderia pôr fim a este direito ao livre discurso e ao</p><p>pensamento independente, que estão a ameaçar o meu domínio sobre a Terra.</p><p>P – Devo compreender, pelo que está a dizer, que as nações controladas por</p><p>ditadores autoeleitos pertencem ao seu lado?</p><p>R – Não existem ditadores autoeleitos. São todos eleitos por mim. Além disso,</p><p>eu manipulo-os e oriento-os no seu trabalho. Os países governados pelos meus</p><p>ditadores sabem o que querem e tomam-no pela força. Veja o que fiz com</p><p>Mussolini na Itália! Veja o que estou a fazer com Hitler na Alemanha. Veja o</p><p>que estou a fazer com Estaline na Rússia. Os meus ditadores governam essas</p><p>nações para mim porque as pessoas foram subjugadas através do hábito do</p><p>alheamento. Os meus ditadores não se alheiam. É por isso que eles governam</p><p>em meu nome milhões de pessoas mantendo-as sob o seu controlo.</p><p>P – O que aconteceria se Mussolini, Estaline e Hitler se tornassem traidores e</p><p>desobedecessem a si e à sua regra?</p><p>R – Isso não acontecerá porque os tenho bem subornados. Estou a pagar a cada</p><p>um deles as suas vaidades, fazendo-os acreditar que estão a agir por vontade</p><p>própria. Esse é outro dos meus truques.</p><p>P – Vamos regressar aos Estados Unidos e tentar saber o que está a fazer para</p><p>converter as pessoas ao hábito do alheamento.</p><p>R – Neste momento estou a preparar o caminho para um regime ditatorial,</p><p>cultivando as sementes do medo e da incerteza na mente das pessoas.</p><p>P – Através de quem está a realizar o seu trabalho?</p><p>R – Principalmente através do presidente. Estou a destruir a sua influência</p><p>junto das pessoas, fazendo com que ele se alheie na questão do acordo laboral</p><p>entre patrões e empregados. Se conseguir induzi-lo a alhear-se por mais um</p><p>ano, ele estará tão desacreditado</p><p>que poderei entregar o país a um ditador. Se o</p><p>presidente continuar a alhear-se, eu paralisarei a liberdade pessoal nos Estados</p><p>Unidos, da mesma forma que a destruí em Espanha, na Itália, na Alemanha e</p><p>na Inglaterra.</p><p>Em 1938, quando Hill estava a laborar neste manuscrito, o presidente era</p><p>Franklin D. Roosevelt. Os comentários do Diabo podem ser aplicados</p><p>hoje? Acha que Hill escreveria as mesmas palavras hoje que escreveu há</p><p>setenta anos?</p><p>P – O que diz leva-me a concluir que alhear-se é uma fraqueza que</p><p>inevitavelmente acaba em fracasso, quer em relação às pessoas quer aos países.</p><p>É isso que está a dizer?</p><p>R – Alhear-se é a causa mais comum de fracasso em qualquer altura da vida.</p><p>Eu consigo controlar qualquer pessoa que possa levar a criar o hábito do</p><p>alheamento, qualquer que seja a sua área. São duas as razões para isto.</p><p>Primeira, o alheado fica tão vulnerável nas minhas mãos, que consigo moldá-lo</p><p>dando-lhe a forma que escolher, porque o alheamento destrói o poder da</p><p>iniciativa individual. Segunda, o alheado não consegue obter ajuda da minha</p><p>oposição, porque esta não se sente atraída por algo tão mole e inútil.</p><p>P – É por isso que algumas pessoas são ricas, enquanto a maioria é pobre?</p><p>R – É exatamente por essa razão. A pobreza, como a doença física, é</p><p>contagiosa. Encontramo-la sempre nos alheados e nunca naqueles que sabem o</p><p>que querem e que estão determinados a consegui-lo! Se reparar bem, os que</p><p>não se alheiam, que são os que eu não controlo, e os que possuem as maiores</p><p>riquezas do mundo são os mesmos.</p><p>P – Sempre pensei que o dinheiro era a raiz de todo o mal, que os pobres e os</p><p>submissos herdariam o céu, enquanto os ricos iriam inevitavelmente parar às</p><p>suas mãos. O que tem a dizer sobre isso?</p><p>R – Os homens que sabem como obter os bens materiais da vida geralmente</p><p>também sabem como manter-se longe do Diabo. A capacidade de adquirir</p><p>coisas é contagiosa. Os alheados não adquirem nada, exceto aquilo que</p><p>ninguém quer. Se mais pessoas tivessem objetivos definidos e desejos intensos</p><p>e marcantes por riquezas materiais e espirituais, eu teria menos vítimas.</p><p>O verdadeiro versículo da Bíblia fala do “amor ao dinheiro”, e não do</p><p>dinheiro em si:</p><p>“Porque o amor ao dinheiro é a raiz de toda a espécie de males.”</p><p>Timóteo 6:10</p><p>P – Parto do princípio, pelo que diz, que não reclama a parceria com os líderes</p><p>industriais. Eles não são seus amigos, certo?</p><p>R – Meus amigos? Eu digo-lhe que tipo de amigos eles são. Eles ligaram o país</p><p>com boas estradas, unindo assim as pessoas da cidade e do campo.</p><p>Converteram minérios em aço com os quais construíram os esqueletos de</p><p>grandes arranha-céus. Aproveitaram a energia elétrica e converteram-na em</p><p>milhares de usos, tudo concebido para dar ao homem mais tempo para pensar.</p><p>Forneceram, através do fabrico do automóvel, um meio de transporte mais</p><p>pessoal e humilde, dando a todos a liberdade de viajar. Forneceram a cada casa</p><p>notícias instantâneas daquilo que está a acontecer em todo o mundo com a</p><p>ajuda do rádio.</p><p>…e atualmente da televisão, dos smartphones, de satélite e da Internet!</p><p>Edificaram bibliotecas em todas as cidades, vilas e aldeias e encheram-nas</p><p>com livros, dando a todos os que leem uma noção completa dos principais</p><p>conhecimentos adquiridos pelo homem até o momento. Concederam aos</p><p>cidadãos mais humildes o direito de exprimirem a sua própria opinião sobre</p><p>qualquer assunto, a qualquer hora, em qualquer lugar, sem medos, e também</p><p>previram que cada cidadão pudesse ajudar a fazer as suas próprias leis, escolher</p><p>os seus próprios impostos e administrar o seu próprio país através de eleições.</p><p>Estas são apenas algumas das coisas que os líderes industriais fizeram para dar</p><p>a cada cidadão o privilégio de se tornarem um não-alheado. Acha que estes</p><p>homens ajudaram a minha causa?</p><p>P – Quem são alguns dos atuais não-alheados sobre os quais não tem controlo?</p><p>R – Não tenho controlo sobre nenhum não-alheado, no passado ou no presente.</p><p>Eu controlo os fracos, não aqueles que pensam por si mesmos.</p><p>P – Então descreva um típico alheado. Dê-me a sua descrição exata para poder</p><p>reconhecer um alheado quando vir algum.</p><p>R – A primeira coisa que irá reparar num alheado é na sua total falta de um</p><p>objetivo na vida.</p><p>A sua falta de autoconfiança será evidente.</p><p>Nunca conquistará nada através do pensamento e do esforço.</p><p>Gasta tudo o que ganha e ainda mais se conseguir arranjar crédito.</p><p>Ficará doente ou debilitado com alguma causa real ou imaginária, e clamará</p><p>aos céus quando sofrer de dor física.</p><p>Terá pouca ou nenhuma imaginação.</p><p>Faltar-lhe-á entusiasmo e iniciativa para começar qualquer coisa que não seja</p><p>obrigado a fazer e exprimirá claramente a sua fraqueza através da escolha do</p><p>atalho que menos resistência oferecer.</p><p>Será mal-humorado e não terá qualquer controlo sobre as suas emoções.</p><p>A sua personalidade não terá magnetismo e não atrairá ninguém.</p><p>Terá muitas opiniões sobre tudo, mas pouco conhecimento sobre nada.</p><p>Pode ser o homem dos sete instrumentos, mas não é bom em nenhum.</p><p>Recusar-se-á a cooperar com as pessoas em seu redor, mesmo com aquelas</p><p>de quem possa depender para ter comida e abrigo.</p><p>Cometerá os mesmos erros várias vezes, nunca tirando proveito do fracasso.</p><p>Será limitado e intolerante em relação a todos os assuntos, sempre pronto a</p><p>crucificar aqueles que estiverem em desacordo com ele.</p><p>Esperará tudo dos outros, mas estará pouco ou nada disposto a dar em troca.</p><p>Poderá começar muitas coisas, mas não terminará nenhuma.</p><p>Será incisivo na condenação do seu governo, mas nunca dirá exatamente</p><p>como poderá ser melhorado.</p><p>Nunca tomará decisões se puder evitá-las, e se for obrigado a decidir voltará</p><p>atrás na primeira oportunidade.</p><p>Comerá muito e fará pouco exercício físico.</p><p>Beberá apenas se alguém pagar.</p><p>Jogará apenas se isso se proporcionar.</p><p>Criticará outras pessoas que forem bem-sucedidas na sua carreira.</p><p>Em resumo, o alheado trabalhará mais para não ter de pensar, do que os</p><p>outros que trabalham para ter uma vida melhor.</p><p>Preferirá contar uma mentira a ter de admitir a sua ignorância sobre qualquer</p><p>assunto.</p><p>Se trabalhar para outros, irá criticá-los pelas costas e elogiá-los na frente.</p><p>P – Acabou de me dar uma descrição gráfica do alheado. Agora, por favor,</p><p>descreva-me o não-alheado para que eu possa reconhecê-lo assim que o vir.</p><p>R – O primeiro sinal de um não-alheado é: está sempre envolvido a fazer algo</p><p>definido, através de algum plano muito bem organizado e definido. Tem um</p><p>objetivo maior na vida, para o qual está sempre a trabalhar, e muitos outros</p><p>objetivos menores. Todos eles conduzem ao seu esquema central.</p><p>O tom da sua voz, a rapidez do seu passo, o brilho dos seus olhos, a rapidez</p><p>das suas decisões distinguem-no claramente como uma pessoa que sabe</p><p>exatamente o que quer e está determinada a consegui-lo, por mais tempo que</p><p>possa levar ou por maior que seja o preço que tenha de pagar.</p><p>Se lhe fizer perguntas, ele dará respostas diretas e nunca cairá em</p><p>contradições nem evasões ou subterfúgios, seja qual for o assunto.</p><p>Fará muitos favores a outros, mas quase não aceitará favores em troca.</p><p>Ele estará sempre na frente, quer esteja a jogar um jogo ou a lutar uma</p><p>guerra.</p><p>Se não souber as respostas, dir-lhe-á com franqueza que não sabe.</p><p>Tem uma ótima memória. Nunca fornece um álibi para os seus defeitos.</p><p>Nunca culpa os outros pelos seus erros, mesmo que eles mereçam.</p><p>Costumava ser conhecido como batalhador, mas nos tempos modernos é</p><p>chamado de dador. Poderá encontrá-lo a gerir o maior negócio da cidade, a</p><p>viver na melhor rua, a conduzir o melhor automóvel e a fazer a sua presença</p><p>sentida onde quer que esteja.</p><p>É uma inspiração para todos aqueles</p><p>redor através do processo.</p><p>Da mesma forma que Pense e Fique Rico nos ajudou a recuperar e a ter êxito</p><p>após a Grande Depressão, Enganar o Diabo foi escrito para ajudar cada um de</p><p>nós a recuperar e a ter êxito hoje!</p><p>Podemos questionar se Hill acreditava que a sua conversa com o Diabo era</p><p>real ou meramente imaginária. A escolha é sua. Mas eu também inquiri Don</p><p>Green sobre os pensamentos de Hill nos seus outros escritos para ver se</p><p>conseguíamos perceber o funcionamento da sua mente. A resposta de Don foi a</p><p>seguinte:</p><p>A utilização de conversas imaginárias não era novidade para Hill. Em</p><p>1953, publicou How to Raise Your Own Salary, que foi escrito como uma</p><p>conversa entre Hill e Carnegie. Hill tinha realmente entrevistado Carnegie</p><p>em 1908 e Carnegie morreu em 1919, muito antes da sua publicação.</p><p>Esta não foi a primeira vez que Hill usou conversas imaginárias para</p><p>transmitir o que estava a escrever. Em Pense e Fique Rico, Hill,</p><p>elaborando sobre o sexto sentido, escreveu sobre a sua reunião de</p><p>conselho imaginária com os nove homens cujas vidas de trabalho tinham</p><p>sido as mais impressionantes para Hill. Estes nove homens imaginários</p><p>do conselho eram Emerson, Paine, Edison, Darwin, Lincoln, Burbank,</p><p>Napoleão, Ford e Carnegie.</p><p>Em Pense e Fique Rico, Hill escreveu que durante os encontros com os</p><p>seus “Conselheiros Invisíveis” dava pela sua mente muito recetiva a</p><p>ideias, pensamentos e conhecimento que lhe chegavam nessas alturas em</p><p>que o seu sexto sentido estava ativado.</p><p>Em Enganar o Diabo não foi a primeira vez que escreveu sobre</p><p>religião. De facto, depois de publicar A Lei do Sucesso, em 1928, ele</p><p>recebeu cartas que criticavam a sua posição relativamente a escolas e a</p><p>religião. Em Pense e Fique Rico, no capítulo intitulado “Os Seis</p><p>Fantasmas do Medo”, Hill escreveu que o medo da morte, na maioria dos</p><p>casos, podia ser imputado ao fanatismo religioso. Hill tinha muito a dizer</p><p>sobre os líderes religiosos neste capítulo do seu clássico bestseller. Hill</p><p>tinha muito a dizer sobre religião até na sua revista Golden Rule. Ele</p><p>escreveu um artigo: “Uma Sugestão para os Pastores do Gospel”, no qual</p><p>aconselhava os líderes da igreja a ensinar aos seus seguidores a</p><p>praticarem a harmonia entre eles.</p><p>Por isso, a escolha é sua. Será que Hill realmente falou com o Diabo ou será</p><p>isto uma parábola criada para tocar o seu coração? O estilo único de Hill vai</p><p>atraí-lo e fazê-lo pensar de formas que nunca julgou possíveis. As palavras</p><p>neste livro são as do próprio Hill. Uma vez que o manuscrito original era</p><p>bastante longo, editei com uma precisão atenta de forma a preservar o profundo</p><p>impacto da sua mensagem.</p><p>Mantive a sua linguagem original mesmo quando a gramática moderna podia</p><p>ter ditado alguns ajustes.</p><p>Num esforço para destacar determinadas questões, clarificar as suas palavras</p><p>e mostrar que as suas próprias previsões se tornaram realidade, acrescentei os</p><p>meus próprios pensamentos ao manuscrito num tipo de letra diferente. Isto</p><p>permite-lhe escolher ler o livro com ou sem os meus comentários.</p><p>Aprecie este poderoso livro e partilhe-o com os seus amigos e familiares. O</p><p>poder das palavras de Hill pode e vai mudar a sua vida.</p><p>PREFÁCIO</p><p>O Dr. Napoleon Hill é, por assim dizer, o mais famoso escritor de autoajuda</p><p>que incita à ação, pensador, evocador e autor mais vendido de todos os tempos.</p><p>Pedimos que consulte rapidamente a entrevista com o Diabo. Dessa forma</p><p>sentirá o impacto na sua vida de quem o Diabo realmente é e aquilo que ele faz</p><p>a 98 por cento dos seres vivos, de acordo com o próprio Diabo.</p><p>Como estímulo de pensamento, Hill rapidamente inicia a jornada do livro,</p><p>levando-nos pela sua vida e por aquilo que foi significativo e transformador</p><p>para si. Hill aprendeu os maiores, mais úteis e muito convenientes princípios de</p><p>sucesso do planeta, mas não sabia como usá-los e aplicá-los. Prevemos que isso</p><p>é verdade para muitas pessoas ainda hoje. É fácil dizer as palavras e às vezes</p><p>até pensar os pensamentos. É necessária uma decisão profunda e duradoura</p><p>para viver realmente segundo os princípios numa base diária e em todas as</p><p>áreas. Sharon Lechter esclarece o significado das palavras de Hill quando</p><p>transpostas para o dinheiro, os pensamentos e a compreensão.</p><p>O objetivo do Dr. Hill era comunicar com clareza uma filosofia e uma prática</p><p>de realização pessoal que estimularia uma felicidade duradoura. O seu eu</p><p>interior guiou-o de forma a encontrar o seu próprio arco-íris da vida.</p><p>Estamos agora a ser testados nos tempos mais duros imagináveis, exatamente</p><p>como Hill foi durante a Depressão. Ele sentiu, agiu e ficou deprimido e</p><p>desanimado, uma atitude que era danosa para a sua própria existência, assim</p><p>como é para nós e para o nosso bem-estar. Ler este livro inspirador pode</p><p>ajudar-nos a sair da nossa letargia e mente negativa e a entrar num caminho</p><p>novo e mais glorioso em direção a um futuro mais brilhante, melhor e ainda</p><p>mais compensador.</p><p>Como Hill, estamos aqui para dominar os nossos medos e não para deixá-los</p><p>dominar-nos, para viver apaixonadamente e com propósito, para decidir aquilo</p><p>que queremos ser, fazer e ter e fazer isso acontecer.</p><p>Ao redescobrirmos as descobertas maravilhosas e mágicas do Dr. Hill,</p><p>saberemos e acreditaremos que podemos igualá-las e ultrapassá-las se</p><p>quisermos, porque somos ilimitados. Hill diz, com razão, “As suas próprias</p><p>limitações são autoimpostas”. Este livro vai ajudar-nos a ter consciência de que</p><p>podemos alcançar as nossas conquistas usando tudo o que ele aprendeu ao</p><p>entrevistar os 500 vencedores mais bem-sucedidos vivos.</p><p>Vamos descobrir se o Diabo que ele entrevista é real ou imaginário, muito</p><p>como o Diabo com o qual podemos estar a lidar pessoalmente na nossa vida e</p><p>experiência.</p><p>MARK VICTOR HANSEN</p><p>Mark Victor Hansen é cocriador da série bestseller do New York Times,</p><p>Canja de Galinha para a Alma e coautor de Cracking the Millionaire</p><p>Code, The One Minute Millionaire e Cash in a Flash.</p><p>CAPÍTULO UM</p><p>O MEU</p><p>PRIMEIRO</p><p>ENCONTRO</p><p>COM ANDREW</p><p>CARNEGIE</p><p>Durante mais de um quarto de século, o meu principal objetivo foi o de separar</p><p>e organizar numa filosofia de realizações as principais causas do fracasso e do</p><p>sucesso, com o propósito de ser útil a todos os que não têm a inclinação nem a</p><p>oportunidade para se envolver nesse tipo de pesquisa.</p><p>A minha tarefa começou em 1908, em consequência de uma entrevista que</p><p>fiz ao falecido Andrew Carnegie. Eu disse a Carnegie, com sinceridade, que</p><p>desejava entrar na Faculdade de Direito e que tinha concebido a ideia de pagar</p><p>o meu percurso académico entrevistando homens e mulheres bem-sucedidos,</p><p>descobrindo como eles alcançavam o sucesso e descrevendo as histórias das</p><p>minhas descobertas em revistas. No final da minha primeira visita, Andrew</p><p>Carnegie perguntou-me se eu tinha coragem para levar a cabo aquilo que</p><p>estava prestes a oferecer-me. Respondi que coragem era tudo o que eu tinha e</p><p>que estava preparado para dar o meu melhor, qualquer que fosse a proposta que</p><p>ele tivesse para me oferecer.</p><p>Então ele disse: “A sua ideia de escrever histórias sobre homens e mulheres</p><p>bem-sucedidos é louvável enquanto ideia, e eu não tenho qualquer intenção de</p><p>tentar desencorajá-lo de atingir o seu objetivo, mas devo dizer-lhe que se</p><p>realmente deseja fazer um trabalho útil, não só para as pessoas de hoje mas</p><p>também para a posteridade, deve fazê-lo organizando todas as causas do</p><p>fracasso e do sucesso das pessoas.</p><p>“Há milhões de pessoas no mundo que não fazem a menor ideia das causas</p><p>do sucesso e do fracasso. As escolas e faculdades ensinam praticamente tudo,</p><p>exceto os princípios de realização pessoal. Elas exigem</p><p>que entram em contacto com a sua</p><p>mente.</p><p>A característica mais marcante que distingue um não-alheado é esta: Ele</p><p>possui uma mente totalmente sua e usa-a para alcançar todos os seus objetivos.</p><p>O não-alheado “possui uma mente totalmente sua e usa-a para</p><p>alcançar todos os seus objetivos”.</p><p>****************</p><p>Conhece alguém que se insira nesta descrição? Essa pessoa é um não-</p><p>alheado?</p><p>P – O não-alheado nasce com algum tipo de vantagem mental, física ou</p><p>espiritual indisponível para o alheado?</p><p>R – Não. A maior diferença entre o alheado e o não-alheado é algo igualmente</p><p>disponível para ambos. É simplesmente a prerrogativa certa para usar a sua</p><p>própria mente e pensar por si mesmo.</p><p>P – Que tipo de mensagem breve enviaria para um alheado típico se desejasse</p><p>curá-lo desse hábito diabólico?</p><p>R – Aconselhá-lo-ia a acordar e a dar.</p><p>P – Dar o quê?</p><p>R – Alguma espécie de serviço útil ao máximo possível de pessoas.</p><p>P – Então o não-alheado deve dar, não é?</p><p>R – Sim, se estiver à espera de receber! E tem de dar antes de receber.</p><p>P – Algumas pessoas duvidam da sua existência.</p><p>R – Eu não me preocuparia com isso. Aqueles que estão prontos para serem</p><p>convertidos do hábito do alheamento reconhecem a autenticidade desta</p><p>entrevista pela qualidade dos conselhos. Os outros não merecem que tente</p><p>convertê-los.</p><p>P – Porque não tenta impedir-me de publicar esta confissão?</p><p>R – Porque essa seria a maneira mais certa para garantir a sua publicação.</p><p>Tenho um plano melhor do que tentar impedir a publicação da minha confissão.</p><p>Vou instigá-lo a fazê-lo e depois sento-me e observo-o a sofrer quando alguns</p><p>dos meus alheados fiéis começarem a tornar a sua vida difícil. Não preciso de</p><p>negar a sua história. Os meus seguidores farão isso por mim. Vai ver.</p><p>Saber que de facto este livro só foi publicado mais de setenta anos depois</p><p>de Hill ter escrito estas palavras, sinto-me intrigada e ansiosa para saber</p><p>que mais irá ele revelar! Ainda há muitas surpresas para vir…</p><p>CAPÍTULO CINCO</p><p>A CONFISSÃO</p><p>CONTINUA</p><p>P – Se a sua confissão ficasse por aqui, as suas declarações seriam sólidas,</p><p>mas, felizmente para milhões das suas vítimas que ficarão em liberdade devido</p><p>à sua confissão, esta entrevista vai continuar até que me tenha fornecido a arma</p><p>que eventualmente ajudará milhões de pessoas a combaterem o seu domínio</p><p>através dos medos e superstições. Lembre-se, Sua Majestade, a sua confissão</p><p>só agora começou. Depois de conseguir arrancar de si uma descrição dos seus</p><p>métodos de domínio das pessoas, vou também obrigá-lo a dar a fórmula pela</p><p>qual o seu controlo poderá ser quebrado por vontade própria.</p><p>É verdade que não estarei aqui o tempo suficiente para o derrotar, mas a</p><p>palavra publicada que deixarei será imortal porque ela é a verdade! Não teme a</p><p>oposição de nenhum indivíduo, pois sabe que será breve, mas teme a verdade.</p><p>Tem medo da verdade e nada mais, pois a verdade vai lentamente, mas de</p><p>forma definitiva, dar aos seres humanos a liberdade de todos os tipos de medo.</p><p>Sem a arma do medo ficaria inofensivo e totalmente incapaz de controlar</p><p>qualquer ser humano! Isto é verdadeiro ou falso?</p><p>“É verdade que não estarei aqui o tempo suficiente para o derrotar,</p><p>mas a palavra publicada que deixarei será imortal porque ela é a</p><p>verdade!”</p><p>De facto, Napoleon Hill faleceu em 1970, e esta obra, publicada em 2011,</p><p>torna-se imortal.</p><p>R – Não tenho alternativa senão admitir que o que diz é a verdade.</p><p>P – Agora que nos compreendemos, vamos avançar com a sua confissão. Mas</p><p>antes de continuarmos, vou aproveitar o tempo para pôr fim a uma dúvida</p><p>muito pessoal. Vou limitar-me a fazer uma pergunta cuja resposta me trará toda</p><p>a satisfação que desejo. Não é verdade que controla apenas as mentes daqueles</p><p>que se permitiram cair no hábito da alheação?</p><p>R – Sim, é verdade. Já admiti essa verdade uma dúzia de vezes. Porque me</p><p>perturba tanto repetindo essa pergunta?</p><p>P – Há poder na repetição. Estou a obrigá-lo a repetir os pontos principais da</p><p>sua confissão de todas as maneiras diferentes e possíveis para que as suas</p><p>vítimas possam ler esta entrevista e determinar a sua solidez através das suas</p><p>próprias experiências consigo. Esse é um dos meus pequenos truques. Aprova</p><p>o meu método?</p><p>R – Não está a preparar uma armadilha para mim com o objetivo de conseguir</p><p>algo mais poderoso, pois não?</p><p>P – Estou a fazer as perguntas e o Diabo responde! Agora confesse a sua</p><p>impotência para me impedir de o obrigar a fazer esta confissão. Quero a sua</p><p>confissão para ajudar e confortar todas as suas vítimas que tentei libertar do seu</p><p>controlo no momento exato em que elas lerem a sua confissão.</p><p>R – Sinto-me impotente para influenciá-lo ou controlá-lo simplesmente porque</p><p>descobriu o principal segredo para o meu reinado. Sabe que existo somente na</p><p>mente dos que têm medos. Sabe que só controlo os alheados que se recusam a</p><p>usar a sua própria mente. Sabe que o meu inferno é aqui mesmo na Terra, e não</p><p>no mundo que vem depois da morte. E também sabe que os alheados fornecem</p><p>todo o fogo que eu uso no meu inferno. Sabe que sou um princípio ou forma de</p><p>energia que exprime o lado negativo da matéria ou da energia, e que não sou</p><p>uma pessoa com uma língua bifurcada e uma cauda pontiaguda. Tornou-se o</p><p>meu mestre porque superou todos os seus medos. Por último, sabe que pode</p><p>libertar todas as vítimas humanas com quem entrar em contacto, e este</p><p>conhecimento definido é o golpe que me provocará o maior dano.</p><p>Não consigo controlá-lo porque descobriu a sua própria mente e assumiu o</p><p>controlo dela. Por isso, Senhor Humano, esta confissão deve alimentar a sua</p><p>vaidade ao máximo.</p><p>Diz o Diabo: “Não consigo controlá-lo porque descobriu a sua própria</p><p>mente e assumiu o controlo dela. Este conhecimento definido é o golpe</p><p>que me provocará o maior dano.”</p><p>P – Este último dardo foi desnecessário. O tipo de conhecimento que utilizei</p><p>para o dominar não se contamina com a indulgência vulgar da vaidade. A</p><p>verdade é a única coisa no mundo que consegue manter-se acima do ridículo.</p><p>Agora vamos continuar com a sua confissão. O que tem de mal o princípio da</p><p>lisonja? Usa-o, não usa?</p><p>R – Se eu o uso? Óbvio! A lisonja é uma das minhas armas mais úteis. Com</p><p>este instrumento mortal apanho os grandes e os pequenos.</p><p>P – A sua admissão interessa-me. Continue e conte-me como faz uso da</p><p>lisonja.</p><p>R – Uso-a de tantas formas que é difícil saber por onde começar. Estou a avisá-</p><p>lo, antes de eu responder detalhadamente, que publicar as minhas respostas vai</p><p>expô-lo ao ridículo por ter feito essa pergunta.</p><p>P – Eu assumirei a responsabilidade. Prossiga.</p><p>R – Bem, devo admitir que descobriu o meu maior segredo: a forma como</p><p>converto as pessoas ao hábito do alheamento!</p><p>P – Essa é uma admissão surpreendente. Continue a sua confissão e foque-se</p><p>apenas no capítulo da lisonja. Nada de mais conversas nem brincadeiras neste</p><p>momento. Conte-me tudo sobre a maneira como usa a lisonja para dominar as</p><p>pessoas.</p><p>R – A lisonja é um isco de valor incomparável para os que desejam ter controlo</p><p>sobre as outras pessoas. Ela possui qualidades atrativas porque opera através de</p><p>duas das fraquezas humanas mais comuns: a vaidade e o egocentrismo. Existe</p><p>uma determinada quantidade de vaidade e egocentrismo em todas as pessoas.</p><p>Em algumas pessoas estas qualidades são tão pronunciadas que servem</p><p>literalmente como corda para se enforcarem. A melhor corda de todas é a</p><p>lisonja.</p><p>A lisonja é o principal isco usado pelos homens para seduzirem as mulheres.</p><p>Na verdade, com frequência, as mulheres usam o mesmo isco para controlar os</p><p>homens, especialmente aqueles que não podem ser dominados pelo apelo</p><p>sexual. Ensino a sua utilização tanto aos homens como às</p><p>mulheres. A lisonja é</p><p>o principal isco com que os meus agentes ganham a confiança das pessoas de</p><p>quem obtêm as informações necessárias para prosseguir na sua missão de</p><p>guerra.</p><p>Sempre que alguém alimenta a sua vaidade pela lisonja, eu apareço e começo</p><p>a criar mais um alheado. Os não-alheados não são fáceis de lisonjear. Eu</p><p>inspiro as pessoas a usarem a lisonja em todas as relações humanas onde seja</p><p>possível, porque os que são influenciados por ela tornam-se vítimas fáceis do</p><p>hábito do alheamento.</p><p>Diz o Diabo: “A lisonja é o principal isco usado pelos homens para</p><p>seduzirem as mulheres.”</p><p>P – Consegue controlar qualquer pessoa que seja suscetível à lisonja?</p><p>R – Muito facilmente. Como já lhe disse, a lisonja é da maior importância para</p><p>cativar as pessoas para o hábito do alheamento.</p><p>P – Com que idade são as pessoas mais suscetíveis à lisonja?</p><p>R – A idade não tem nada que ver com a suscetibilidade à lisonja. As pessoas</p><p>reagem a ela, de uma forma ou outra, a partir do momento em que se tornam</p><p>conscientes da sua própria existência e até morrerem.</p><p>P – Através de que forma as mulheres podem ser facilmente lisonjeadas?</p><p>R – Através da sua vaidade. Diga a uma mulher que ela está bonita ou que se</p><p>veste muito bem.</p><p>P – Qual a forma mais eficaz de apanhar os homens?</p><p>R – Egocentrismo, com “E” maiúsculo. Diga a um homem que ele tem um</p><p>corpo hercúleo e forte ou que ele é perfeito nos negócios e ele derrete-se.</p><p>Depois disso já sabe o que acontece.</p><p>P – Os homens são todos assim?</p><p>R – Não. Dois em cada 100 possuem o seu egocentrismo tão controlado que</p><p>nem um lisonjeador profissional conseguiria penetrar na sua pele.</p><p>P – Como é que uma mulher esperta aplica a arte da lisonja para atrair os</p><p>homens?</p><p>R – Caramba, homem! Tenho de lhe fazer um desenho? Não tem imaginação?</p><p>P – Sim, tenho imaginação suficiente, Sua Majestade, mas estou a pensar</p><p>naqueles pobres homens que precisam de compreender a técnica exata para</p><p>serem lisonjeados e tornarem-se alheados. Conte-nos como é que uma mulher</p><p>pode agarrar homens ricos e espertos.</p><p>R – É um truque diabólico para aplicar nas mulheres, mas já que está a pedir a</p><p>informação tenho de a revelar. As mulheres influenciam os homens através de</p><p>uma técnica que consiste, basicamente, e em primeiro lugar, na capacidade de</p><p>usar um tom de voz suave e quase infantil; e, segundo, o semicerrar os olhos, o</p><p>que resulta no hipnotismo juntamente com a lisonja aos homens.</p><p>Estou certa de que algumas mulheres se agitaram com isto; de facto, a</p><p>princípio eu também fiquei. Veja melhor e continue… esta é a verdade!</p><p>P – Isso é tudo o que há relativo à lisonja?</p><p>R – Não, esta é apenas a técnica. Depois vem o motivo para a mulher a usar</p><p>como isco. O tipo de mulher que talvez tenha em mente nunca se vende a um</p><p>homem e muito menos lhe dá algo em troca. Em vez disso, ela vende-lhe o seu</p><p>próprio egocentrismo!</p><p>P – É isso que as mulheres usam quando querem lisonjear os homens?</p><p>R – Essa é a coisa mais eficaz que elas usam. Funciona muito bem quando a</p><p>atração sexual falha!</p><p>P – Então devo acreditar que os homens grandes, fortes e espertos podem ser</p><p>manipulados pela lisonja, exatamente como se fossem um brinquedo nas mãos</p><p>de outra pessoa. Isso é possível?</p><p>R – Se isso é possível? Acontece a toda a hora. Além disso, exceto se forem</p><p>não-alheados, quanto mais sobem, maior é a queda se uma lisonjeadora</p><p>profissional se atirar a eles.</p><p>P – Conte-me mais alguns dos truques com os quais leva as pessoas a</p><p>alhearem-se na vida.</p><p>R – Um dos meus instrumentos mais eficazes é o fracasso! A maioria das</p><p>pessoas começa a alhear-se assim que encontra oposição e raramente uma a</p><p>cada 10 mil continuará a tentar depois de fracassar duas ou três vezes.</p><p>P – Então a sua missão é induzir as pessoas a fracassar sempre que pode.</p><p>Correto?</p><p>R – Sim, correto. O fracasso acaba com a moral, destrói a autoconfiança, mata</p><p>o entusiasmo, enfraquece a imaginação e afasta qualquer tipo de objetivo.</p><p>Sem essas qualidades ninguém consegue manter o sucesso em qualquer</p><p>missão, não de forma permanente. O mundo produziu milhares de inventores</p><p>com capacidades superiores às do falecido Thomas A. Edison. Mas ninguém</p><p>ouviu falar deles, enquanto o nome de Edison será imortal, porque Edison</p><p>converteu o fracasso num trampolim para alcançar grandes feitos, enquanto os</p><p>outros utilizaram o fracasso como um álibi para não apresentar resultados.</p><p>P – A capacidade para superar o fracasso sem se sentir desencorajado é uma</p><p>das grandes qualidades de Henry Ford?</p><p>R – Sim, e essa mesma qualidade é a verdadeira característica de todos os</p><p>homens que alcançam sucessos notáveis em todos os aspetos da vida.</p><p>A “capacidade para superar o fracasso sem se sentir desencorajado”</p><p>é “a verdadeira característica de todos os homens que alcançam</p><p>sucessos notáveis em todos os aspetos da vida.”</p><p>+++++++++++++++</p><p>No livro Three Feet from Gold, o meu coautor e eu entrevistámos mais de</p><p>35 líderes de topo atuais, não sobre o seu sucesso mas sim sobre os seus</p><p>momentos mais duros e como perseveraram para alcançar grande sucesso.</p><p>Por exemplo, Julie Krone, a primeira mulher a fazer parte da</p><p>Thoroughbred Hall of Fame, com 3704 vitórias com as suas rédeas,</p><p>descreveu a sua luta no início da sua carreira como jockey. Muitos dos</p><p>proprietários de cavalos simplesmente não contratavam uma mulher</p><p>jockey. Para ela, o seu lema de perseverança era: “continua a aparecer!” E</p><p>por fim: “Descobri que se aparecesse todos os dias e fizesse o melhor,</p><p>acabariam por pôr-me num cavalo só para se livrarem de mim.” O resto é</p><p>história. A Julie foi apelidada de uma das atletas mais fortes de todos os</p><p>tempos pelo USA Today.</p><p>P – Essa afirmação é muito generalizada, Sua Majestade. Não deseja modificá-</p><p>la ou atenuá-la para obter maior precisão?</p><p>R – Não é necessária nenhuma modificação, porque a alegação não é muito</p><p>vasta. Pesquise com precisão a vida de homens e mulheres que alcançaram um</p><p>sucesso duradouro e descobrirá, sem exceção, que o sucesso deles tem a exata</p><p>proporção que a capacidade de superação do fracasso.</p><p>A vida de cada pessoa bem-sucedida corrobora grandemente aquilo que os</p><p>verdadeiros filósofos já sabiam: “Cada fracasso traz consigo a semente de um</p><p>sucesso equivalente.”</p><p>Mas a semente não germinará nem crescerá sob a influência de um alheado.</p><p>Só se debruça para a vida quando está nas mãos de alguém que reconhece que a</p><p>maior parte dos fracassos são apenas derrotas temporárias, e que nunca, sob</p><p>nenhuma circunstância, aceita a derrota como uma desculpa para o</p><p>alheamento.</p><p>P – Se o estou a compreender corretamente, está a afirmar que existe alguma</p><p>virtude no fracasso. Isso não me parece plausível. Porque é que tenta incitar as</p><p>pessoas ao fracasso se há virtude nele?</p><p>R – Não há inconsistência nas minhas afirmações. O que parece ser uma</p><p>inconsistência é, na verdade, a sua falta de compreensão. O fracasso apenas é</p><p>uma virtude quando não leva as pessoas a desistirem de tentar e começar a</p><p>alhearem-se. Eu induzo tantas pessoas quantas posso a fracassarem o mais</p><p>possível pela simples razão de que, provavelmente, nem uma em cada 10 mil</p><p>continuará a tentar depois de falhar duas ou três vezes. Não estou preocupado</p><p>com os que convertem os fracassos em trampolins para o sucesso porque, de</p><p>qualquer forma, eles já pertencem à minha oposição. Eles são os não-alheados</p><p>e, por isso, já estão fora do meu alcance.</p><p>P – A sua explicação clarifica o assunto. Agora conte-me alguns dos seus</p><p>outros truques para induzir as pessoas ao alheamento.</p><p>“Edison converteu o fracasso num trampolim para alcançar grandes</p><p>feitos, enquanto os outros utilizaram o fracasso como um álibi para</p><p>não apresentar</p><p>resultados.”</p><p>***************</p><p>Como está a lidar com o fracasso na sua vida?</p><p>R – Outro dos meus truques mais eficazes é conhecido como a propaganda.</p><p>Este é o instrumento de maior valor para mim: fazer com que as pessoas se</p><p>matem umas às outras com a desculpa da guerra.</p><p>A inteligência deste truque consiste principalmente na subtileza com que o</p><p>uso.</p><p>Misturo propaganda com as notícias do mundo. Faço com que ensinem isso</p><p>nas escolas públicas ou privadas, pois tem sempre uma boa audiência. Dou cor</p><p>a imagens tocantes com ela. Faço com que ela entre em cada casa onde exista</p><p>um rádio. Faço com que apareça em cartazes publicitários, jornais e programas</p><p>de rádio. Espalho-a em todos os locais de trabalho. Uso-a para encher as salas</p><p>dos tribunais com divórcios e faço com que sirva para destruir os negócios e a</p><p>indústria.</p><p>É o meu principal instrumento para iniciar as corridas aos bancos. Os meus</p><p>súbditos cobrem o mundo de forma tão eficaz que consigo dar início a</p><p>epidemias de doenças, incitar a guerras ou fazer com que a economia entre em</p><p>pânico.</p><p>P – Se consegue fazer tudo o que diz com a propaganda, não é de admirar que</p><p>haja tantas guerras e crises económicas. Dê-me uma descrição simples do que</p><p>quer dizer com o termo “propaganda”. O que é e como funciona? Desejo saber</p><p>em particular como leva as pessoas a alhearem-se através da utilização deste</p><p>instrumento diabólico.</p><p>R – A propaganda é um instrumento, um plano ou um método, através do qual</p><p>as pessoas podem ser influenciadas sem saber que estão a sê-lo, não sabendo</p><p>mesmo qual a fonte da influência.</p><p>A propaganda é usada nos negócios com o objetivo de desencorajar a</p><p>concorrência. Os patrões usam-na para ganhar vantagem sobre os seus</p><p>empregados. Os empregados retaliam usando-a para ganhar vantagem sobre os</p><p>seus patrões. Na verdade, é usada de forma tão universal e através de uma</p><p>técnica tão simples e moderna que parece inofensiva mesmo quando é</p><p>detetada.</p><p>P – Suponho que alguns dos seus súbditos estão neste momento muito</p><p>ocupados a preparar a mente dos americanos para se alhearem em alguma</p><p>forma de ditadura. Conte-me como é que eles trabalham.</p><p>R – Sim! Milhões dos meus súbditos estão a preparar os americanos para se</p><p>tornarem “hitlerizados”. Os meus melhores homens estão a trabalhar através de</p><p>organizações políticas e sindicatos. Tencionamos dominar o país através de</p><p>eleições e não de armas. Os americanos são tão sensíveis que nunca</p><p>suportariam o choque de ver o seu governo mudado com a ajuda de</p><p>metralhadoras ou tanques de guerra. Então, os nossos propagandistas estão a</p><p>servir-lhes uma dieta que eles engolirão, preparando uma luta entre patrões e</p><p>empregados e virando o governo contra a indústria e o comércio. Quando a</p><p>propaganda tiver feito o seu trabalho por completo, um dos meus súbditos</p><p>servirá de ditador e os Nove Velhos do seu Supremo Tribunal, com as suas</p><p>noções tolas da Constituição, partirão! Todos terão um emprego ou serão</p><p>alimentados a partir dos cofres do governo. Quando a barriga dos homens</p><p>estiver cheia, eles alhear-se-ão livremente com aqueles que providenciam o que</p><p>comer. Os homens famintos perdem o controlo.</p><p>Em 1938, um dos instrumentos do Diabo para “hitlerizar” a América era</p><p>“virar o governo contra a indústria e o comércio” e alimentar a população</p><p>com os cofres do governo. Ainda é assim hoje? O Diabo está a ser bem-</p><p>sucedido? Se Napoleon Hill entrevistasse o Diabo hoje, o Diabo poderia</p><p>regozijar-se com os programas de “direito” que existem agora ou sugerir</p><p>e gabar-se com o aumento do envolvimento do governo em empresas</p><p>independentes, como a das indústrias automóvel e financeira.</p><p>P – Pergunto-me com frequência quem inventou o sábio truque a que chama</p><p>propaganda. Compreendo por que razão ela é tão mortal baseado no que me diz</p><p>sobre a sua fonte e natureza. Só alguém tão esperto como Sua Majestade</p><p>poderia ter inventado tal instrumento que, sem qualquer razão, destronasse a</p><p>vontade própria e seduzisse os homens para o alheamento.</p><p>Porque não usa a sua poderosa propaganda para controlar as suas vítimas em</p><p>vez de subjugá-las através do medo e aniquilá-las através da guerra?</p><p>R – O que é a propaganda senão o medo do Diabo? Não observou a minha</p><p>técnica cuidadosamente, ou teria visto que sou o maior propagandista do</p><p>mundo. Nunca alcanço um fim através de meios diretos, se puder alcançá-lo</p><p>através do subterfúgio e da astúcia. O que acha que estou a usar quando coloco</p><p>ideias negativas na mente dos homens e os domino através daquilo que</p><p>acreditam ser as suas próprias ideias? O que lhes chamaria senão a mais</p><p>inteligente de todas as formas de propaganda?</p><p>P – Com certeza não me vai dizer que destrói as pessoas com a ajuda delas,</p><p>sem que se apercebam do que lhes está a fazer?</p><p>R – É exatamente isso que desejo que compreenda. Além disso, vou mostrar-</p><p>lhe exatamente como é realizado o truque.</p><p>P – Agora é que estamos a falar bem. Como é que converte os seres humanos</p><p>em propagandistas e os seduz a aprisionarem-se? Conte-me a história com</p><p>todos os detalhes sórdidos. Esta é a parte mais importante da sua confissão e eu</p><p>quero muito ficar na posse do seu segredo. Não o posso culpar por me tentar</p><p>empatar com a resposta, porque sabe muito bem que ela vai retirar milhões de</p><p>vítimas inocentes do seu controlo. Também sabe que a sua resposta vai</p><p>proteger inúmeros milhões de seres humanos que ainda não nasceram de se</p><p>tornarem suas vítimas.</p><p>R – As suas deduções estão corretas. Esta parte da minha confissão vai</p><p>provocar-me mais danos do que tudo o resto.</p><p>P – Para explicar melhor a situação, podemos dizer que esta parte da sua</p><p>confissão salvará ainda mais milhões de pessoas do seu controlo do que o</p><p>resto.</p><p>R – Tudo o que posso dizer é que me pôs numa situação infernal!</p><p>P – Agora vai saber como se sentem milhões das suas vítimas. Continuemos.</p><p>R – A minha primeira entrada na mente de um indivíduo é feita subornando-o.</p><p>P – O que usa como suborno?</p><p>R – Uso muitas coisas, todas elas coisas agradáveis que as pessoas cobiçam.</p><p>Uso o mesmo tipo de suborno que as pessoas usam para subornar outra. Ou</p><p>seja, uso as coisas que as pessoas mais desejam. A maioria dos subornos são:</p><p>• Amor</p><p>• Sexo</p><p>• Ganância pelo dinheiro</p><p>• Desejo obsessivo em ganhar alguma coisa por nada (jogos de azar)</p><p>• Vaidade nas mulheres e egocentrismo nos homens</p><p>Na situação atual, tanto as mulheres como os homens são, em igual</p><p>forma, vítimas da vaidade e do egocentrismo.</p><p>• Desejo de ser dono dos outros</p><p>• Desejo por medicamentos e narcóticos</p><p>• Desejo pela autoexpressão através de palavras e atos</p><p>• Desejo de imitar os outros</p><p>• Desejo da perpetuação da vida após a morte</p><p>• Desejo de ser um herói ou uma heroína</p><p>• Desejo por alimento físico.</p><p>P – Essa é uma lista de subornos muito imponente, Sua Majestade. Usa</p><p>outros?</p><p>R – Sim, muitos outros, mas estes são os meus preferidos. Através da</p><p>combinação de alguns deles, consigo entrar na mente de qualquer ser humano</p><p>quando me apetecer em qualquer idade, desde o nascimento até à morte.</p><p>P – Isso significa que estes subornos são a chave com a qual consegue</p><p>silenciosamente abrir a porta para qualquer mente que escolha?</p><p>R – É exatamente isso que quero dizer. E é exatamente isso que posso fazer.</p><p>P – O que acontece quando entra na mente de uma pessoa que ainda não tem o</p><p>hábito do alheamento, mas pertence à classe dos 98 por cento de potenciais</p><p>alheados?</p><p>R – Trabalho imediatamente para ocupar tanto quanto conseguir a mente dessa</p><p>pessoa. Se a maior fraqueza dela é o desejo por dinheiro, começo a brincar com</p><p>moedas na sua frente, em sentido</p><p>figurado, claro. Intensifico o seu desejo e</p><p>induzo-a a correr atrás do dinheiro. Depois, quando ela está perto de o agarrar,</p><p>simplesmente tiro-lho da frente.</p><p>Este é um velho truque meu. Depois de repetir esse truque algumas vezes, o</p><p>pobre infeliz sucumbe e desiste. Nessa altura, ocupo um pouco mais de espaço</p><p>da sua mente e preencho-o com o medo da pobreza. Esse é um dos melhores</p><p>truques.</p><p>P – Sim, admito que o seu método é muito inteligente, mas o que acontece se a</p><p>vítima conseguir enganá-lo e deitar a mão a muito dinheiro? Já não consegue</p><p>encher a sua mente com o medo da pobreza, pois não?</p><p>R – Não, não consigo. Ocupo o espaço enchendo a sua mente com alguma</p><p>coisa que também sirva o meu objetivo. Se a minha vítima consegue converter</p><p>esse desejo por dinheiro em grandes quantias, começo a sobrecarregá-la com</p><p>todas as coisas que ela pode comprar. Por exemplo, faço com que ela consuma</p><p>alimentos altamente calóricos. Isso reduz a sua capacidade de pensamento, põe</p><p>o seu coração em risco e inicia o caminho para o alheamento.</p><p>Depois, faço com que ela se sinta indisposta com o excesso de comida que</p><p>ingere. Isso também diminui a sua capacidade de pensamento, já para não falar</p><p>na péssima disposição que provoca.</p><p>P – Mas, e se a vítima não é comilona? Que outros vícios pode induzi-la a</p><p>escolher para a levar ao hábito do alheamento?</p><p>R – Se a vítima é homem, posso geralmente enganá-lo através do apetite por</p><p>sexo. O prazer do sexo leva mais homens a fracassar do que todas as outras</p><p>causas juntas.</p><p>P – Quer dizer então que a comida e o sexo são dois dos seus melhores iscos.</p><p>Correto?</p><p>R – Sim. Com esses dois engodos posso controlar a maioria das minhas</p><p>vítimas, juntamente com o desejo por dinheiro.</p><p>P – Começo a achar que a riqueza é mais perigosa do que a pobreza, se é que</p><p>se pode acreditar nas suas palavras.</p><p>R – Bem, isso tudo depende de quem tem a riqueza e como foi ela adquirida.</p><p>P – O que tem que ver a maneira como o dinheiro foi adquirido com o facto de</p><p>ele ser uma bênção ou uma maldição?</p><p>R – Tudo. Se não acredita em mim veja aqueles que receberam uma grande</p><p>quantia de dinheiro repentinamente, mas que não tiveram a sabedoria para lidar</p><p>com ele, e observe atentamente como eles usaram o dinheiro.</p><p>Porque acha que os filhos dos homens ricos raramente conseguem igualar ou</p><p>superar as realizações dos seus pais? Eu digo-lhe. Porque foram privados da</p><p>autodisciplina que vem do facto de se ser obrigado a trabalhar.</p><p>Repare nas estrelas de cinema ou nos atletas que subitamente ganham</p><p>fortunas e são venerados como heróis e elogiados pelo público. Observe como</p><p>consigo dominá-los num ápice, principalmente através do sexo, do jogo, da</p><p>comida e do álcool. Com estes vícios controlo as maiores e melhores pessoas</p><p>assim que elas põem as mãos em grandes fortunas.</p><p>Pense nos inúmeros atletas que se tornaram megacelebridades apenas</p><p>para caírem logo de seguida sem dinheiro e fama… e depois pense nos</p><p>milhões de jovens que os veneraram! Pense nos vencedores da lotaria que</p><p>acabam por perder todo o seu dinheiro em poucos anos… podia ser o</p><p>alheamento… o azar ao jogo? Podem estes ciclos ser orquestrados pelo</p><p>Diabo?</p><p>P – E aqueles que adquirem o dinheiro lentamente, prestando alguma forma de</p><p>serviço útil? Eles também são facilmente apanhados?</p><p>R – Ah, eu consigo apanhá-los, mas geralmente tenho de mudar o isco. Uns</p><p>querem uma coisa e outros querem outra.</p><p>Quando o meu objetivo é alcançado, faço com que recebam aquilo que mais</p><p>desejam, mas consigo meter no pacote algo que eles não querem. Aquilo que</p><p>lhes dou é algo definitivo que os torna alheados. Está a perceber como eu</p><p>trabalho?</p><p>P – O seu trabalho é muito inteligente. Atrai as pessoas através dos seus</p><p>desejos naturais e coloca, sempre que pode, o seu veneno mortal no objeto dos</p><p>seus desejos.</p><p>R – Agora está a começar a entender. Como pode ver, ataco em todas as</p><p>frentes.</p><p>P – De tudo o que diz, posso deduzir que não consegue convencer um não-</p><p>alheado a ajudá-lo a ganhar o controlo da sua mente com os seus subornos.</p><p>Correto?</p><p>R – Correto. Posso e tento convencer os não-alheados com os meus subornos,</p><p>porque uso como suborno as coisas que todas as pessoas naturalmente desejam,</p><p>mas os não-alheados parecem-se com um peixe que rouba o isco do anzol, mas</p><p>que se recusa a ser pescado.</p><p>O não-alheado leva da vida o que quer, mas fá-lo segundo os seus próprios</p><p>termos. O alheado leva tudo o que consegue, mas leva o que consegue segundo</p><p>os meus termos e condições.</p><p>Por outras palavras, o não-alheado pede dinheiro a um banqueiro legítimo, se</p><p>o quiser, e paga uma taxa de juros legítima. O alheado vai à loja de penhores</p><p>empenhar o seu relógio e paga uma taxa de juros suicida pelo seu empréstimo.</p><p>P – Concluo por todas as suas afirmações que consegue pôr a mão em todos os</p><p>problemas e desgraças das pessoas, apesar da sua presença não ser visível?</p><p>R – Os meus trabalhadores mais reticentes são, na verdade, os meus melhores</p><p>operários. Como vê, os meus trabalhadores mais relutantes são os que eu não</p><p>posso controlar com uma combinação de subornos, pessoas que tenho de</p><p>dominar pelo medo ou por alguma forma de tragédia. Eles não desejam servir-</p><p>me, mas não conseguem evitá-lo porque estão eternamente ligadas a mim pelo</p><p>hábito do alheamento.</p><p>P – Agora estou a começar a compreender melhor a sua técnica. Suborna as</p><p>suas vítimas através dos seus desejos naturais e leva-as a tornarem-se alheadas</p><p>se elas reagirem ao seu estímulo. Se elas se recusarem a responder, planta a</p><p>semente do medo nas suas mentes ou provoca-lhes algum tipo de infortúnio,</p><p>atacando-as enquanto elas estão em baixo. É esse o seu método?</p><p>R – É exatamente assim que eu trabalho. Inteligente, não acha?</p><p>P – Quem prefere que sirva como propagandista – jovens ou velhos?</p><p>R – Os jovens, é claro! Eles podem ser influenciados pela maioria dos subornos</p><p>muito mais facilmente do que as pessoas mais maduras. Além disso, eles</p><p>permanecem mais tempo ao meu serviço.</p><p>P – Sua Majestade, deu-me uma clara descrição do alheamento. Diga-me o que</p><p>deve ser feito para se precaver contra o hábito do alheamento? Quero uma</p><p>fórmula completa que qualquer um possa usar.</p><p>R – A proteção contra o alheamento está facilmente ao alcance de todo o ser</p><p>humano que possui um corpo normal e uma mente sã. A autodefesa pode ser</p><p>aplicada através destes métodos simples:</p><p>1. Pense por si mesmo em todas as ocasiões. O facto de os seres humanos</p><p>não terem controlo total sobre nada exceto o poder de pensar por si</p><p>próprios é significativo.</p><p>2. Decida definitivamente o que quer da vida; depois crie um plano para</p><p>alcançá-lo e esteja disposto a sacrificar tudo o resto, se necessário, em vez</p><p>de aceitar uma derrota permanente.</p><p>3. Analise a derrota temporária, qualquer que seja a natureza ou a causa, e</p><p>extraia dela a semente para uma vantagem equivalente.</p><p>4. Esteja disposto a prestar um serviço útil equivalente ao valor de todas as</p><p>coisas materiais que pede à vida, e preste o serviço primeiro.</p><p>5. Reconheça que o seu cérebro é um aparelho recetor que pode ser</p><p>sintonizado para receber comunicações da central universal de Inteligência</p><p>Infinita, para ajudá-lo a transformar os seus desejos no equivalente físico.</p><p>6. Reconheça que a sua maior vantagem é o tempo, a única coisa, com</p><p>exceção do poder do pensamento, que também tem nas mãos e a única que</p><p>pode ser moldada para qualquer coisa material que seja do seu agrado.</p><p>Organize e apresente o orçamento do seu tempo para que nenhum seja</p><p>desperdiçado.</p><p>7. Reconheça que o medo geralmente preenche a porção disponível da sua</p><p>mente. É somente um estado de espírito no qual pode controlar o</p><p>enchimento de espaço que ocupa com a fé na sua capacidade</p><p>de levar a</p><p>vida a dar-nos aquilo que queremos dela.</p><p>8. Quando rezar, não implore! Peça o que quer e insista em obter exatamente</p><p>isso, sem substitutos.</p><p>9. Reconheça que a vida é cruel e que tem de a controlar ou será ela a</p><p>controlá-lo. Não há meio-termo. Nunca aceite da vida nada que não queira.</p><p>Se aquilo que não quer lhe aparecer temporariamente, pode recusá-lo na</p><p>sua própria mente. E isso abrirá espaço para trazer as coisas que realmente</p><p>quer.</p><p>10. Por último, lembre-se de que seus pensamentos dominantes atraem,</p><p>através de uma lei definitiva da natureza, pela rota mais conveniente e</p><p>curta, a sua contrapartida física. Tenha cuidado com o foco dos seus</p><p>pensamentos.</p><p>P – Essa lista parece-me impressionante. Dê-me uma fórmula simples</p><p>combinando os dez pontos. Se tivesse que combinar todos os dez pontos em</p><p>apenas um, qual deles seria?</p><p>R – Ser definido em tudo o que faz e nunca deixar pensamentos não acabados</p><p>na mente. Crie o hábito de alcançar decisões definidas em todos os assuntos.</p><p>P – O hábito do alheamento pode ser quebrado ou torna-se permanente depois</p><p>de ter sido formado?</p><p>R – O hábito pode ser quebrado se a vítima tiver força de vontade suficiente,</p><p>desde que isso seja feito a tempo. Existe um ponto de rutura no qual o hábito</p><p>nunca mais pode ser quebrado. Para além desse ponto, a vítima é minha. Ela</p><p>parece uma mosca apanhada numa teia de aranha. Pode lutar, mas não</p><p>consegue libertar-se. Cada movimento que ela faça prende-a ainda mais. A teia</p><p>na qual enredo as minhas vítimas permanentemente é uma lei da natureza que</p><p>ainda não foi estudada nem entendida pelos homens da ciência.</p><p>CAPÍTULO SEIS</p><p>O RITMO</p><p>HIPNÓTICO</p><p>P – Que misteriosa lei é essa através da qual controla permanentemente os</p><p>corpos das pessoas mesmo antes de possuir as suas almas? Todos querem saber</p><p>mais sobre essa lei e como ela funciona.</p><p>R – Será difícil descrever a lei de forma a poder compreendê-la, mas pode</p><p>chamar-lhe “ritmo hipnótico”. É a mesma lei usada para hipnotizar as pessoas.</p><p>P – Então, Sua Majestade possui o poder de usar as leis da natureza como uma</p><p>teia para prender as suas vítimas num domínio eterno. É isso o que afirma?</p><p>R – Isso não é apenas o que eu afirmo. Isso é a verdade. Controlo as suas</p><p>mentes e os seus corpos mesmo antes de morrerem, sempre que consigo atraí-</p><p>las ou assustá-las com o ritmo hipnótico.</p><p>P – O que é o ritmo hipnótico? Como é que o utiliza para dominar de forma</p><p>permanente os seres humanos?</p><p>R – Terei de recuar no tempo e no espaço e dar-lhe uma breve descrição</p><p>elementar de como a natureza usa o ritmo hipnótico. Caso contrário, não</p><p>conseguirá compreender a descrição do meu uso desta lei universal para</p><p>controlar os seres humanos.</p><p>P – Continue, mas mantenha a sua história confinada a exemplos simples em</p><p>que eu possa basear as minhas próprias experiências e conhecimentos das leis</p><p>naturais.</p><p>R – Muito bem. Farei o meu melhor. Sabe certamente que a natureza mantém</p><p>um equilíbrio perfeito entre todos os elementos e toda a energia do universo.</p><p>Sabe que as estrelas e os planetas se movem com uma precisão perfeita, cada</p><p>qual respeitando o seu próprio lugar no tempo e no espaço. Pode ver que as</p><p>estações do ano vão e vêm com uma regularidade perfeita. Pode ver que um</p><p>carvalho cresce desde que é uma bolota e o pinheiro cresce a partir da semente</p><p>do seu antecessor. Uma bolota nunca produzirá um pinheiro e um pinhão nunca</p><p>produzirá um carvalho.</p><p>São coisas simples que qualquer pessoa consegue entender; o que é difícil de</p><p>ver é a lei universal através da qual a natureza mantém um equilíbrio perfeito</p><p>em toda a miríade de universos.</p><p>Os humanos tiveram consciência de uma ínfima fração desta grande lei</p><p>universal quando Newton descobriu que ela mantém a Terra na sua posição</p><p>exata e faz com que todos os objetos materiais sejam atraídos para o centro da</p><p>mesma. Ele chamou-lhe Lei da Gravidade.</p><p>Mas ele não avançou o suficiente com o estudo dessa lei. Se o tivesse feito,</p><p>teria descoberto que a mesma lei que mantém a Terra na sua posição e ajuda a</p><p>natureza a manter um equilíbrio perfeito nas quatro dimensões – nas quais toda</p><p>a matéria e energia estão contidas – é a teia com a qual prendo e controlo a</p><p>mente dos seres humanos.</p><p>P – Conte-me mais sobre essa surpreendente lei do ritmo hipnótico.</p><p>R – Conforme já afirmei, há uma forma universal de energia com a qual a</p><p>natureza mantém um equilíbrio perfeito entre toda a matéria e energia. A</p><p>natureza usa essa forma de energia de maneira muito especializada, dividindo-a</p><p>em diferentes comprimentos de onda. O processo de divisão é feito através do</p><p>hábito.</p><p>Compreenderá melhor o que estou a tentar dizer se eu fizer uma comparação</p><p>com o método como alguém aprende a tocar um instrumento musical. Primeiro,</p><p>as notas musicais são memorizadas na mente. Depois, relacionam-se umas com</p><p>as outras através da melodia e do ritmo. A repetição da melodia e do ritmo</p><p>fixam-se na nossa mente. Observe como o músico deve repetir incessantemente</p><p>uma música antes de a dominar. Através da repetição, as notas musicais</p><p>misturam-se e produzem a música.</p><p>Qualquer impulso de pensamento que a mente repita várias vezes através do</p><p>hábito forma um ritmo organizado. Hábitos indesejáveis podem ser curados.</p><p>Têm de ser curados antes de assumirem as proporções do ritmo. Está a</p><p>acompanhar-me?</p><p>P – Sim.</p><p>R – Bem, continuando, o ritmo é a última etapa do hábito! Qualquer</p><p>pensamento ou movimento físico que seja repetido várias vezes, através do</p><p>princípio do hábito, alcança finalmente a proporção de ritmo.</p><p>A partir desse momento, o hábito não pode ser quebrado porque a natureza</p><p>assume-o e transforma-o em algo permanente. É como um redemoinho na</p><p>água. Um objeto pode manter-se a flutuar indefinidamente até que seja</p><p>apanhado num redemoinho. Depois é centri-fugado e não consegue escapar. A</p><p>energia do pensamento das pessoas pode ser comparada à água num rio.</p><p>P – Então é desta forma que controla a mente das pessoas, não é?</p><p>R – Sim. Tudo o que tenho que fazer para conseguir controlar qualquer mente</p><p>humana é induzir o seu proprietário ao alheamento.</p><p>P – Devo então entender que o hábito do alheamento é o maior risco que as</p><p>pessoas correm de perder a sua prerrogativa ou o seu privilégio de terem os</p><p>seus próprios pensamentos e moldar o seu próprio destino?</p><p>R – Isso e muito mais. O alheamento também é o hábito através do qual</p><p>controlo as suas almas depois de desistirem dos seus corpos físicos.</p><p>P – Então, o único meio de um ser humano ser salvo da aniquilação eterna é</p><p>mantendo o controlo sobre a sua própria mente enquanto está na Terra. É</p><p>verdade isso?</p><p>R – É a verdade absoluta. Aqueles que controlam e usam as suas mentes</p><p>conseguem escapar da minha teia. Todos os outros acabam nas minhas mãos de</p><p>forma tão natural como o sol se pôr no ocidente.</p><p>Diz o Diabo: “Aqueles que controlam e usam as suas mentes conseguem</p><p>escapar da minha teia.”</p><p>P – Isso é tudo o que há para saber sobre a salvação da aniquilação eterna?</p><p>Aquilo a que chama oposição não tem nada que ver com a salvação das</p><p>pessoas?</p><p>R – Estou a ver que realmente pensa de forma profunda. A minha oposição – o</p><p>poder a que vocês humanos chamam Deus – tem tudo que ver com a salvação</p><p>das pessoas da aniquilação eterna, e é por essa razão que é a minha oposição</p><p>que fornece a cada ser humano o privilégio de poder usar a sua própria mente.</p><p>Se usar esse poder para manter o controlo sobre a sua própria mente, acaba</p><p>por se tornar uma parte dela quando desistir do seu corpo físico. Se</p><p>negligenciar o uso da sua mente, eu assumo o privilégio de tirar vantagem</p><p>dessa negligência através da lei do ritmo hipnótico.</p><p>P – Com que parte da pessoa fica quando a controla?</p><p>R – Com tudo o que sobrar depois de ela deixar de controlar e usar a sua</p><p>própria mente.</p><p>P – Por outras palavras, quando consegue controlar uma pessoa, apodera-se de</p><p>toda a sua individualidade até ao momento em que ela deixa de usar a própria</p><p>mente? Correto?</p><p>R – Essa é a forma como trabalho.</p><p>P – O que faz com as pessoas que controla antes da morte? Para que lhe</p><p>servem essas pessoas enquanto estão vivas?</p><p>R – Uso-as, ou o que sobrou delas depois de me apoderar, como propagandistas</p><p>para me ajudarem a preparar a mente de outros para o alheamento.</p><p>P – Não só engana as pessoas destruindo o poder de controlarem a sua própria</p><p>mente, como as usa para ajudá-lo a enganar outras?</p><p>R – Claro, não deixo passar nenhuma oportunidade.</p><p>P – Vamos voltar ao assunto do ritmo hipnótico. Conte-me mais pormenores</p><p>sobre o funcionamento desta lei. Mostre-me como usa as pessoas para o</p><p>ajudarem a apoderar-se de outras. Quero saber a maneira mais eficaz de usar o</p><p>ritmo hipnótico.</p><p>R – Ah, isso é fácil! Aquilo que mais gosto é ocupar a mente das pessoas com</p><p>medo. Depois de o fazer, não tenho nenhuma dificuldade em levá-las ao</p><p>alheamento até ficarem presas na minha teia de ritmo hipnótico.</p><p>P – Que tipo de medo humano melhor serve o seu objetivo?</p><p>R – O medo da morte.</p><p>P – Porque é que o medo da morte é sua arma preferida?</p><p>R – Porque ninguém sabe e, de acordo com as leis naturais do universo,</p><p>ninguém consegue provar com precisão o que acontece após a morte. Esta</p><p>incerteza assusta as pessoas.</p><p>Aquelas que se entregam ao medo – a qualquer tipo de medo – recusam-se a</p><p>usar a sua mente e começam a alhear-se. Por fim, elas alheiam-se no</p><p>redemoinho do ritmo hipnótico do qual poderão nunca escapar.</p><p>P – Então não se preocupa com o que os líderes religiosos pensam ou dizem de</p><p>si quando falam da morte?</p><p>R – Não, desde que eles digam alguma coisa! Se as igrejas deixassem de falar</p><p>de mim, a minha causa sofreria um grande revés. Todos os ataques desferidos</p><p>contra mim aumentam o medo na mente de todas as pessoas que são</p><p>influenciadas por ele. A verdade é que a oposição é a única coisa que evita que</p><p>algumas pessoas caiam no alheamento! Desde que ela não se agarre a isso!</p><p>P – Já que diz que as igrejas ajudam a sua causa em vez de a prejudicar, diga-</p><p>me então o que o preocupa?</p><p>R – A minha única preocupação é que algum dia possa aparecer na Terra um</p><p>verdadeiro pensador.</p><p>P – O que aconteceria se um pensador aparecesse?</p><p>R – Pergunta-me a mim o que aconteceria? Vou dizer-lhe o que aconteceria. As</p><p>pessoas aprenderiam a maior de todas as verdades – que o tempo que elas</p><p>passam a temer alguma coisa, se fosse invertido, dar-lhes-ia tudo o que elas</p><p>gostariam de ter do mundo material e também as salvaria de mim depois da</p><p>morte. Vale a pena pensar nisso, não acha?</p><p>Diz o Diabo: “O tempo que elas [as pessoas] passam a temer alguma</p><p>coisa, se fosse invertido, dar-lhes-ia tudo o que elas gostariam de ter do</p><p>mundo material e também as salvaria de mim depois da morte.”</p><p>P – O que impede o aparecimento de um pensador desses no mundo?</p><p>R – O medo da crítica! Talvez lhe possa interessar saber que o medo da crítica</p><p>é a única arma eficaz de que disponho para lutar contra si. Se não tivesse medo</p><p>de publicar esta confissão depois de ma arrancar à força, eu perderia o meu</p><p>reino terreno.</p><p>P – E se eu o surpreendesse e a publicasse, quanto tempo levaria a perder o seu</p><p>reinado?</p><p>R – Apenas o tempo suficiente para que uma geração de crianças crescesse em</p><p>entendimento. Não consegue tirar-me os adultos. Tenho-os muito presos na</p><p>minha teia. Mas se publicasse esta confissão isso seria suficiente para manter-</p><p>me longe do controlo dos que ainda não nasceram e também daqueles que</p><p>ainda não alcançaram a idade da razão. Não ousaria publicar o que eu lhe falei</p><p>sobre os líderes religiosos. Eles crucificá-lo-ão.</p><p>P – Pensei que a prática selvagem da crucificação já tivesse passado de moda</p><p>há mais de dois mil anos.</p><p>R – Não estou a falar da crucificação numa cruz, literalmente. O que estou a</p><p>falar é de uma crucificação social e financeira. Deixaria de ter rendimentos.</p><p>Seria uma persona non grata nos círculos sociais. Os líderes religiosos e os</p><p>seus seguidores desprezá-lo-iam.</p><p>P – Suponho que deveria apostar nos poucos escolhidos que pretendem fazer</p><p>uso das suas próprias mentes, em vez de me preocupar com o medo das muitas</p><p>pessoas que não as usam – as pessoas que afirma ter 98 por cento?</p><p>R – Se tiver coragem suficiente para o fazer, vai prejudicar o meu estilo.</p><p>Um arrepio percorreu-me a espinha quando li isto pela primeira vez…</p><p>uma vez que as circunstâncias tinham realmente impedido este</p><p>manuscrito, escrito em 1938, de ser publicado até agora, muito depois da</p><p>morte de Hill, em 1970. Terá o adiamento da sua publicação realmente</p><p>sido provocado pelo “medo da crítica” por parte da sua mulher e</p><p>preocupação com a reação dos líderes religiosos e defensores da escola</p><p>pública… ou terá sido obra do próprio Diabo? E agora a família e a</p><p>Fundação decidiram que era chegada a altura de partilhar o manuscrito</p><p>com o mundo. Devemos seguir a sabedoria de Hill, descobrir o nosso</p><p>“outro eu” e controlar as nossas próprias mentes, reivindicando o nosso</p><p>destino?</p><p>P – Porque não fala de nenhum cientista? Não gosta de cientistas?</p><p>R – Ah, sim, eu gosto de todas as pessoas, mas os verdadeiros cientistas estão</p><p>fora do meu alcance.</p><p>P – Porquê?</p><p>R – Porque eles pensam por si mesmos e passam o seu tempo a estudar as leis</p><p>naturais. Eles lidam com causas e efeitos. Lidam com factos onde quer que os</p><p>encontrem. Mas não cometa o erro de acreditar que os cientistas não têm</p><p>religião. Eles têm uma religião muito bem definida.</p><p>P – Qual é a religião deles?</p><p>R – A religião da verdade! A religião das leis naturais. Se o mundo alguma vez</p><p>produzir um pensador com capacidade para desvendar os mais profundos</p><p>segredos da vida e da morte, pode ter a certeza de que a ciência será</p><p>responsável pela catástrofe.</p><p>P – Catástrofe para quem?</p><p>R – Para mim, é claro!</p><p>P – Regressemos ao assunto do ritmo hipnótico. Quero saber mais sobre ele.</p><p>Por acaso, baseia-se no princípio segundo o qual as pessoas conseguem</p><p>hipnotizar-se umas às outras?</p><p>R – É precisamente a mesma coisa, e eu já lhe disse isso. Porque repete tantas</p><p>vezes as suas questões?</p><p>P – Esse é um velho costume mundano muito meu, Sua Majestade. Para que</p><p>fique esclarecido, vou dizer-lhe que o estou a obrigar a repetir tantas vezes as</p><p>suas afirmações para lhes dar mais ênfase. Também estou a tentar ver se</p><p>consigo apanhá-lo numa mentira! Não mude de assunto. Volte ao ritmo</p><p>hipnótico e conte-me tudo o que sabe sobre isso. Eu sou uma vítima dele?</p><p>R – Neste momento não, mas quase caiu na minha teia. Alheou-se na questão</p><p>do redemoinho do ritmo hipnótico até descobrir como me obrigar a fazer esta</p><p>confissão. Nesse momento, perdi o controlo sobre si!</p><p>P – Que interessante. Não está a tentar apanhar-me através da lisonja, pois</p><p>não?</p><p>R – Esse seria o melhor suborno que poderia oferecer-lhe. É o suborno que usei</p><p>em si antes de conseguir realmente ser mais esperto do que eu.</p><p>P – Tentou lisonjear-me com o quê?</p><p>R – Com muitas coisas, principalmente com o sexo e com o desejo por</p><p>autoexpressão.</p><p>P – Que efeito teve em mim o seu suborno?</p><p>R – Fez com que negligenciasse o seu principal objetivo na vida e com que</p><p>começasse a alhear-se.</p><p>P – Foi só isso que me fez com os seus subornos?</p><p>R – Isso já é muito.</p><p>P – Mas já estou de volta ao caminho e fora do seu alcance agora, não estou?</p><p>R – Sim, está temporariamente fora do meu alcance, porque não está alheado.</p><p>P</p><p>– O que quebrou o seu feitiço sobre mim e me libertou do hábito do</p><p>alheamento?</p><p>R – A minha resposta poderá humilhá-lo. Deseja ouvi-la?</p><p>P – Não se acanhe e diga-me, Sua Majestade. Quero saber até onde consigo</p><p>aguentar a verdade.</p><p>R – Quando encontrou um grande amor na mulher da sua escolha, perdi o meu</p><p>controlo sobre si.</p><p>P – Então vai acusar-me de me esconder atrás das saias de uma mulher, é isso?</p><p>R – Não, não se está a esconder. Eu não poria as coisas dessa forma. Diria que</p><p>aprendeu a aproveitar-se de uma história sólida com o embelezamento da</p><p>mente de uma mulher.</p><p>P – Então a saia da mulher não tem nada que ver com isso?</p><p>R – Não, mas o cérebro dela sim. Quando começou a juntar o seu cérebro com</p><p>o da sua mulher através do seu hábito diário de Master Minding, deparou-se</p><p>com o poder secreto com o qual me obrigou a realizar esta confissão.</p><p>P – Isso é verdade ou está a tentar lisonjear-me novamente?</p><p>R – Eu podia lisonjeá-lo se estivesse sozinho consigo, mas não o posso fazer</p><p>enquanto estiver a usar também a mente da sua mulher.</p><p>P – Estou a começar a compreender algo muito importante. Estou a começar a</p><p>entender o que queria dizer aquela citação da Bíblia que declarava</p><p>essencialmente: “Se dois de vocês, na terra, concordarem em qualquer coisa</p><p>importante que pedirem, ela lhes será concedida.” É verdade, então, que duas</p><p>mentes são melhores do que uma.</p><p>R – Não é somente verdade, mas é também necessário antes que alguém</p><p>consiga continuamente contactar a grande central de Inteligência Infinita onde</p><p>está armazenado tudo o que é, o que foi, e o que será.</p><p>P – Existe essa central de Inteligência Infinita?</p><p>R – Se não existisse, não conseguiria estar neste momento a humilhar-me com</p><p>esta confissão tola e forçada.</p><p>P – Não é perigoso dar este tipo de informação ao mundo?</p><p>R – Claro, é muito perigoso para mim. Se fosse a si não divulgaria este tipo de</p><p>informação.</p><p>P – Voltemos à técnica através da qual prende as suas vítimas no hábito do</p><p>alheamento. Qual é o primeiro passo que um alheado deve dar para quebrar o</p><p>hábito?</p><p>R – Um desejo ardente de quebrá-lo! Sabe certamente que ninguém pode ser</p><p>hipnotizado por outra pessoa sem estar disposto a isso. Essa disposição pode</p><p>assumir a forma de indiferença em relação à vida em geral, falta de ambição,</p><p>medo, falta de definição de um propósito e muitas outras formas. A natureza</p><p>não precisa do consentimento de ninguém para fazer uma pessoa cair sob o</p><p>feitiço do ritmo hipnótico. Tudo o que ela precisa é de encontrar essa pessoa</p><p>desprevenida, através de qualquer forma de recusa em usar a sua própria</p><p>mente. Lembre-se disto: o que quer que tenha, use ou perde!</p><p>Todas as tentativas bem-sucedidas de quebrar o hábito do alheamento devem</p><p>ser feitas antes que a natureza torne o hábito permanente através do ritmo</p><p>hipnótico.</p><p>P – Pelo que estou a compreender, o ritmo hipnótico é uma lei natural através</p><p>da qual a natureza fixa a vibração de todos os ambientes. Verdade?</p><p>R – Sim, a natureza usa o ritmo hipnótico para tornar permanentes os</p><p>pensamentos dominantes de uma pessoa e os seus hábitos de pensamento. É</p><p>por isso que a pobreza é uma doença. A natureza fá-la dessa forma fixando</p><p>permanentemente os hábitos de pensamento de todos os que aceitam a pobreza</p><p>como uma circunstância inevitável.</p><p>Através dessa mesma lei do ritmo hipnótico, a natureza também fixa</p><p>permanentemente os pensamentos positivos de riqueza e prosperidade.</p><p>Talvez compreenda melhor a forma de funcionamento do ritmo hipnótico se</p><p>eu lhe disser que a sua natureza é fixar permanentemente todos os hábitos,</p><p>sejam eles mentais ou físicos. Se a sua mente teme a pobreza, a sua mente</p><p>atrairá a pobreza. Se a sua mente deseja e espera riqueza, a sua mente atrairá os</p><p>equivalentes físicos e financeiros da opulência. Isso está em concordância com</p><p>uma lei imutável da natureza.</p><p>Hill escreveu pela primeira vez sobre a Lei da Atração na edição de</p><p>março de 1919 da sua revista Golden Rule. Nesta última década, esta lei</p><p>imutável da natureza tem-se tornado popular no mundo através do</p><p>sucesso retumbante do livro e do filme O Segredo.</p><p>P – O escritor daquela frase da Bíblia “o que o homem plantar, ele colherá”</p><p>tinha em mente esta lei da natureza?</p><p>R – Ele só podia ter isso em mente. A afirmação é verdadeira. Podemos ver</p><p>evidências dessa verdade em todas as relações humanas.</p><p>P – É por isso que o homem que tem o hábito de se alhear da vida deve aceitar</p><p>o que a vida lhe der. Correto?</p><p>R – Absolutamente correto. A vida paga ao alheado o seu próprio preço</p><p>segundo as suas próprias condições. O não-alheado faz com que a vida lhe</p><p>pague nos seus termos.</p><p>P – A questão da moral não entra naquilo que se consegue obter da vida?</p><p>R – Claro, mas apenas porque a moral tem influência nos pensamentos de uma</p><p>pessoa. Ninguém consegue o que quer da vida somente por ser bom, se é isso</p><p>que quer saber.</p><p>P – Não, acho que não. Compreendo o que quer dizer. Estamos todos onde</p><p>estamos e somos o que somos por causa das nossas ações.</p><p>R – Não, não exatamente. Estão onde estão e são o que são por causa dos seus</p><p>pensamentos e das suas ações.</p><p>P – Então não existe aquilo a que chamamos sorte, pois não?</p><p>R – Explicitamente, não. As circunstâncias que as pessoas não entendem são</p><p>classificadas como sorte. Por trás de cada realidade existe uma causa. Muitas</p><p>vezes a causa está tão longe do efeito que a circunstância pode ser explicada</p><p>somente atribuindo-se a sorte. A natureza não reconhece tal lei como sorte. É</p><p>uma hipótese feita pelo homem, com a qual ele explica as coisas que não</p><p>entende. Lembre-se disto: tudo o que possui uma existência real pode ser</p><p>provado. Mantenha essa verdade na sua mente e tornar-se-á um pensador mais</p><p>profundo.</p><p>P – O que é mais importante: os pensamentos ou os atos?</p><p>R – Todos os atos são consequência de pensamentos. Não existem feitos sem</p><p>antes ter havido um padrão de pensamento. Além disso, todos os pensamentos</p><p>têm tendência a tornarem-se no seu equivalente físico. Os pensamentos</p><p>dominantes, aqueles que misturamos com as emoções, desejos, esperança, fé,</p><p>medo, ódio, ganância, entusiasmo, não só têm tendência a tornar-se no seu</p><p>equivalente físico, como são obrigados a isso.</p><p>P – Isso lembra-me que quero pedir-lhe para me falar mais sobre si próprio.</p><p>Além da mente das pessoas, onde trabalha e vive?</p><p>R – Trabalho onde quer que haja algo que eu possa controlar e apropriar-me. Já</p><p>lhe disse que eu sou a parte negativa do eletrão da matéria.</p><p>• Sou a explosão do raio.</p><p>• Sou a dor na doença e no sofrimento físico.</p><p>• Sou o general invisível na guerra.</p><p>• Sou o agente desconhecido da pobreza e da fome.</p><p>• Sou o carrasco na morte.</p><p>• Sou o inspirador da luxúria da carne.</p><p>• Sou o criador do ciúme, da inveja e da ganância.</p><p>• Sou o instigador do medo.</p><p>• Sou o génio que converte os feitos dos homens da ciência em instrumentos</p><p>de morte.</p><p>• Sou o destruidor da harmonia em todas as formas de relações humanas.</p><p>• Sou a antítese da justiça.</p><p>• Sou a força impulsionadora de toda a imoralidade.</p><p>• Sou o obstáculo a tudo o que é bom.</p><p>• Sou a ansiedade, o suspense, a superstição e a insanidade.</p><p>• Sou o destruidor da esperança e da fé.</p><p>• Sou o inspirador dos rumores destrutivos e do escândalo.</p><p>• Sou o desencorajador do pensamento livre e independente.</p><p>• Em resumo, sou o criador de todas as formas de desgraça humana, o</p><p>instigador do desencorajamento e do desapontamento.</p><p>P – E não chama a isso frio e cruel?</p><p>R – Eu chamo-lhe inegável e certo.</p><p>A crise económica mundial destruiu os hábitos dos homens e redistribuiu as</p><p>fontes de oportunidade em todos os setores da vida numa escala sem</p><p>precedentes.</p><p>O álibi do alheado, com o qual ele tenta explicar a sua posição</p><p>indesejável, é</p><p>o seu grito de que acabaram as novas oportunidades no mundo.</p><p>Os não-alheados não esperam pela oportunidade para saber o seu caminho.</p><p>Eles criam oportunidades que encaixem nos seus desejos e necessidades da</p><p>vida!</p><p>Hill fala das grandes oportunidades que surgiram durante a Grande</p><p>Depressão e das fortunas que ganharam aqueles que agarraram essas</p><p>oportunidades. Acho que Hill diria o mesmo nos nossos dias… existem</p><p>muitas oportunidades hoje devido à crise económica. Vai agarrar alguma</p><p>e criar a sua própria oportunidade para encaixar os seus desejos e</p><p>necessidades?</p><p>P – Os não-alheados são suficientemente espertos para evitar a influência do</p><p>ritmo hipnótico?</p><p>R – Ninguém é suficientemente esperto para fugir da influência do ritmo</p><p>hipnótico. Uma pessoa pode facilmente evitar a influência da Lei da Gravidade.</p><p>A Lei do Ritmo Hipnótico fixa permanentemente os pensamentos dominantes</p><p>dos homens, quer sejam alheados ou não-alheados.</p><p>Não existe razão para que um não-alheado queira evitar a influência do ritmo</p><p>hipnótico, porque essa lei é-lhe favorável. Ela ajuda-o a converter os seus</p><p>objetivos, planos e metas de domínio nas suas réplicas físicas. Fixa os seus</p><p>hábitos de pensamento e torna-os permanentes.</p><p>Somente um alheado desejaria escapar à influência do ritmo hipnótico.</p><p>P – Grande parte da minha vida adulta fui um alheado. Como é que consegui</p><p>escapar do redemoinho do ritmo hipnótico?</p><p>R – Não conseguiu. Grande parte dos seus pensamentos e desejos dominantes,</p><p>desde que alcançou a idade adulta, têm sido um desejo bem definido de</p><p>compreender todas as potencialidades da mente.</p><p>Pode ter-se alheado em pensamentos de menor importância, mas não se</p><p>alheou em relação a esse desejo. E porque não se alheou, está agora a redigir</p><p>um documento que lhe dará exatamente o que os seus pensamentos dominantes</p><p>desejavam da vida.</p><p>P – Porque é que a sua oposição não usa o ritmo hipnótico para tornar</p><p>permanentes os pensamentos mais elevados e as ações nobres? Porque é que a</p><p>sua oposição permite que use essa força estupenda como um meio de</p><p>emaranhar as pessoas numa teia diabólica gerada pelos seus próprios</p><p>pensamentos e ações? Porque é que a sua oposição não o vence limitando as</p><p>pessoas a terem pensamentos que as construam e as elevem acima da sua</p><p>influência?</p><p>R – A lei do ritmo hipnótico está disponível para todos os que a queiram usar.</p><p>Eu uso-a de forma mais eficaz do que a minha oposição, porque ofereço às</p><p>pessoas subornos mais atrativos para que elas pensem o meu tipo de</p><p>pensamentos e realizem o meu tipo de ações.</p><p>P – Por outras palavras, controla as pessoas tornando os pensamentos negativos</p><p>e as ações destrutivas num prazer para elas. Certo?</p><p>R – Sim, essa é exatamente a ideia!</p><p>CAPÍTULO SETE</p><p>AS SEMENTES</p><p>DO MEDO</p><p>P – Sempre me perguntei porque é que a sua oposição – aquele a que nós</p><p>humanos chamamos Deus – simplesmente não o aniquila? Pode dizer-me por</p><p>que razão?</p><p>R – Porque o poder é tanto meu como dele. É isso que tenho estado a tentar</p><p>dizer-lhe. O poder mais elevado do universo pode ser usado para fins</p><p>construtivos, através daquele a quem chamam Deus, ou pode ser usado para</p><p>fins negativos, através daquele a quem chamam Diabo. E há algo ainda mais</p><p>importante: esse poder pode ser usado por qualquer ser humano de forma tão</p><p>eficaz como por Deus ou por mim.</p><p>P – Está a fazer uma afirmação muito abrangente. Consegue provar o que está</p><p>a afirmar?</p><p>R – Sim, mas seria muito melhor se o conseguisse provar por si mesmo. A</p><p>palavra do Diabo não tem muita validade entre vocês, humanos pecadores.</p><p>Nem a palavra de Deus. Temem o Diabo e não confiam no vosso Deus. Por</p><p>isso, apenas têm uma fonte disponível para indicar o benefício do poder</p><p>universal, que é justamente confiar e usar o seu próprio poder do pensamento.</p><p>Esse é o caminho direto para a central universal de Inteligência Infinita. Não há</p><p>outro caminho disponível para qualquer ser humano.</p><p>P – Porque é que nós, seres humanos, não encontrámos o caminho para a</p><p>Inteligência Infinita mais cedo?</p><p>R – Porque eu intercetei-vos e tirei-vos do caminho semeando nas vossas</p><p>mentes pensamentos que destroem o vosso poder de usar a mente de forma</p><p>construtiva. Tornei atrativa a utilização do Poder da Inteligência Infinita para</p><p>obter fins negativos, através da ganância, da avareza, da luxúria, da inveja e do</p><p>ódio. Lembre-se, a sua mente atrai aquilo com que ela mais lida. Para vos</p><p>manter longe da minha oposição, só tinha que alimentar-vos com pensamentos</p><p>que fossem úteis à minha causa.</p><p>P – Se estou a compreender bem, está a admitir que nenhum ser humano tem</p><p>de temer o Diabo ou de se preocupar em lisonjear Deus!</p><p>R – É precisamente isso. Esta admissão pode afetar o meu estilo, mas tenho</p><p>esta satisfação de saber que pode abrandar a minha oposição enviando pessoas</p><p>diretamente à fonte de todo o poder.</p><p>Aqui, como noutros pontos durante este diálogo, Hill torna-se</p><p>explicitamente teológico. Usando o Diabo para despistar e deixando as</p><p>palavras sair da boca do símbolo do mal, Napoleon Hill pode explanar os</p><p>seus pensamentos e opiniões sobre Deus – Inteligência Infinita – como a</p><p>última fonte para a sua filosofia de sucesso.</p><p>P – Por outras palavras, se não pode controlar as pessoas através de subornos</p><p>negativos ou do medo, então prefere mandar tudo às urtigas e mostrar às</p><p>pessoas como ir diretamente a Deus? Por acaso também é político? A sua</p><p>técnica parece-me estranhamente familiar.</p><p>R – Eu, na política? Se eu não estou na política, quem pensa que lança as crises</p><p>económicas e leva as pessoas a entrarem em guerra? Por acaso acha que esse</p><p>papel pertence à minha oposição? Como já lhe disse, tenho aliados em todos os</p><p>setores da vida para me ajudarem em todas as relações humanas.</p><p>P – Porque é que não se apodera das igrejas e as usa definitivamente na sua</p><p>causa?</p><p>R – Acha que sou idiota? Quem manteria vivo o medo do Diabo se eu</p><p>subjugasse as igrejas? Quem serviria de isco para atrair a atenção das pessoas</p><p>enquanto eu manipulo as suas mentes se eu não tivesse uma agência através da</p><p>qual pudesse semear as sementes do medo e da dúvida? A coisa mais</p><p>inteligente que faço é justamente usar os aliados da minha oposição para</p><p>manter sempre vivo o medo do Inferno na mente das pessoas. Enquanto as</p><p>pessoas temerem algo, seja o que for, eu manterei o meu controlo sobre elas.</p><p>P – Estou a começar a perceber o seu esquema. Usa as igrejas para plantar a</p><p>semente do medo, da incerteza e da indefinição na mente das pessoas. Esses</p><p>estados negativos da mente levam as pessoas a formar o hábito do alheamento.</p><p>Esse hábito acaba por se tornar permanente através da lei do ritmo hipnótico;</p><p>depois a vítima fica indefesa para se ajudar a si mesma, não é? O ritmo</p><p>hipnótico então é algo para ser observado e respeitado?</p><p>R – A melhor forma de dizer a verdade é que o ritmo hipnótico é algo a ser</p><p>estudado, compreendido e aplicado voluntariamente para alcançar metas</p><p>precisas e desejadas.</p><p>P – A força do ritmo hipnótico pode constituir um grande perigo se não for</p><p>aplicada voluntariamente para se alcançar determinados fins?</p><p>R – Sim, e porque ela funciona automaticamente. Se ela não for aplicada de</p><p>forma consciente para obter um resultado desejado, poderá e conseguirá</p><p>resultados indesejados.</p><p>Pense no clima, por exemplo. Qualquer pessoa pode ver e compreender que a</p><p>natureza obriga cada ser humano e cada elemento da matéria a ajustarem-se ao</p><p>seu clima. Nos trópicos ela cria árvores que dão frutos e se reproduzem. Ela</p><p>força as árvores a formarem folhas especialmente adequadas à proteção contra</p><p>os raios de</p><p>sol. Estas mesmas árvores não poderiam sobreviver se fossem</p><p>removidas para as regiões árticas, onde a natureza estabeleceu um clima</p><p>completamente diferente.</p><p>Num clima mais frio ela cria árvores que são adequadas para sobreviverem e</p><p>se reproduzirem, mas elas não poderiam sobreviver se fossem transplantadas</p><p>nas regiões tropicais. Da mesma maneira, a natureza veste os seus animais</p><p>dando a cada um deles, em cada clima diferente, um tipo de cobertura</p><p>adequada para o seu conforto e sobrevivência nesse clima.</p><p>De igual maneira, a natureza impõe na mente dos homens as influências do</p><p>seu ambiente, e que são mais fortes do que os próprios pensamentos dos</p><p>indivíduos. As crianças são obrigadas pela natureza a receber influência de</p><p>todos à sua volta, a não ser que seus próprios pensamentos sejam mais fortes</p><p>do que essas influências.</p><p>A natureza estabelece um ritmo definido para cada ambiente, e tudo dentro</p><p>desse ritmo é forçado a adaptar-se. O homem, sozinho, possui o poder de</p><p>estabelecer o seu próprio ritmo de pensamento, desde que ele exercite este</p><p>privilégio antes de o ritmo hipnótico ter forçado sobre ele as influências do seu</p><p>ambiente.</p><p>Todas as casas, todos os tipos de negócio, todas as cidades e vilas e todas as</p><p>ruas e centros comunitários têm o seu próprio ritmo, definido e compreensível.</p><p>Se deseja saber que diferença existe nos ritmos das ruas, dê um passeio pela</p><p>Quinta Avenida, em Nova Iorque, e depois desça uma rua em direção aos</p><p>bairros pobres! Todas as formas de ritmo se tornam permanentes com o tempo.</p><p>P – Cada indivíduo possui o seu próprio ritmo de pensamento?</p><p>R – Sim. Essa é precisamente a maior diferença entre os indivíduos. A pessoa</p><p>que pensa em termos de poder, sucesso, opulência, define um ritmo que atrai</p><p>essas posses desejáveis. A pessoa que pensa em termos de miséria, escassez,</p><p>fracasso, desencorajamento e pobreza atrai essas influências indesejáveis. Isso</p><p>explica por que razão o sucesso e o fracasso são resultados do hábito. O hábito</p><p>estabelece o ritmo do pensamento e esse ritmo atrai o objeto dos pensamentos</p><p>dominantes.</p><p>P – O ritmo hipnótico é algo que se parece com um íman que atrai coisas pelas</p><p>quais possui uma afinidade magnética. Está correto?</p><p>R – Sim, isso está correto. É por isso que as pessoas orientadas para a pobreza</p><p>se juntam nas mesmas comunidades. Isso explica aquele velho ditado: “A</p><p>miséria adora companhia.” Isso também explica por que razão as pessoas que</p><p>começam a ser bem-sucedidas em qualquer tarefa descobrem que o sucesso se</p><p>multiplica com muito menos esforço, à medida que o tempo passa.</p><p>Todas as pessoas bem-sucedidas usam o ritmo hipnótico, quer consciente</p><p>quer inconscientemente, esperando e exigindo o sucesso. A exigência torna-se</p><p>um hábito, o ritmo hipnótico apodera-se do hábito, e a lei da atração</p><p>harmoniosa tradu-la para o seu equivalente físico.</p><p>P – Por outras palavras, se eu souber o que quero da vida, se o exigir</p><p>mostrando disponibilidade para pagar o preço que a vida cobrar por esta minha</p><p>imposição, e ainda recusar aceitar quaisquer substitutos, a lei do ritmo</p><p>hipnótico tomará conta dos meus desejos e ajudar-me-á, pelos meios lógicos e</p><p>naturais, a transformá-los no seu equivalente físico. Isso é verdade?</p><p>R – Isso descreve a forma como a lei funciona.</p><p>P – A ciência estabeleceu provas irrefutáveis de que as pessoas são como são</p><p>por causa da hereditariedade e do ambiente. Ao nascer, elas trazem consigo</p><p>uma combinação de todas as qualidades físicas dos seus numerosos</p><p>antepassados. Depois de chegarem aqui, atingem a idade da autoconsciência e,</p><p>a partir daí, moldam as suas próprias personalidades e definem, mais ou menos,</p><p>os seus destinos terrenos como resultado das influências ambientais a que estão</p><p>sujeitas, especialmente as influências que as controlam durante a primeira</p><p>infância. Esses dois factos foram tão bem estabelecidos que não há o menor</p><p>espaço para questioná-los, mesmo para qualquer pessoa inteligente. Como é</p><p>que o ritmo hipnótico pode mudar a natureza de um corpo físico, que é uma</p><p>combinação de milhares de antepassados que viveram e morreram antes de ele</p><p>ter nascido? Como pode o ritmo hipnótico alterar a influência do ambiente em</p><p>que se vive? As pessoas que nascem na pobreza e na ignorância possuem uma</p><p>forte tendência para permanecerem guiadas pela pobreza e pela ignorância</p><p>durante toda a sua vida. O que pode o ritmo hipnótico fazer em relação a isso,</p><p>se é que existe alguma coisa que possa fazer?</p><p>R – O ritmo hipnótico não pode mudar a natureza do corpo físico que herdamos</p><p>ao nascer, mas pode e modificará, mudará, controlará e tornará permanentes as</p><p>influências ambientais à nossa volta.</p><p>P – Deixe-me ver se entendi bem: um ser humano é levado pela natureza a</p><p>aceitar e tornar-se parte do ambiente que escolhe, ou é o ambiente que lhe é</p><p>imposto?</p><p>R – Isso está correto, mas há maneiras e meios através dos quais um indivíduo</p><p>pode resistir às influências de um ambiente que ele não deseja aceitar, e há</p><p>também um método pelo qual se pode reverter a influência do ritmo hipnótico</p><p>para se alcançar resultados positivos.</p><p>P – Está a dizer que existe um método definido através do qual o ritmo</p><p>hipnótico pode ser utilizado para servir em vez de destruir?</p><p>R – É exatamente isso que eu quero dizer.</p><p>P – Diga-me como pode ser obtido esse fantástico objetivo.</p><p>R – Para que a minha descrição tenha algum valor prático, ela terá</p><p>necessariamente de ser longa, porque terá que cobrir os sete princípios da</p><p>psicologia, que devem ser entendidos e aplicados por todos aqueles que</p><p>desejem usar o ritmo hipnótico para os ajudar a obrigar a vida a dar-lhes aquilo</p><p>que realmente querem.</p><p>P – Então divida a sua descrição em sete partes, cada uma delas contendo uma</p><p>análise detalhada dos sete princípios, com instruções simples para a sua</p><p>aplicação na prática.</p><p>Sempre fui fascinada pela forma como a mente de Hill funciona. Depois</p><p>de falar da fatalidade iminente, ele agora revela a linha de orientação para</p><p>os que procuram o sucesso. Este é um ponto de viragem crítico. Como</p><p>lerá mais à frente, será que os seus “sete princípios” prendem a sua</p><p>imaginação, como fizeram com a minha?</p><p>CAPÍTULO OITO</p><p>DEFINIÇÃO</p><p>DE PROPÓSITO</p><p>P – Sua Majestade vai agora revelar os segredos dos sete princípios através dos</p><p>quais os seres humanos podem obrigar a vida a fornecer-lhes a liberdade</p><p>espiritual, mental e física.</p><p>No resto do livro, Hill fala destes sete princípios para obter liberdade</p><p>espiritual, mental e física:</p><p>1. Definição de propósito</p><p>2. Autodisciplina</p><p>3. Aprender com a adversidade</p><p>4. Controlar a influência ambiental (associações)</p><p>5. Tempo (dar permanência aos hábitos de pensamento positivo em vez</p><p>do negativo e desenvolver sabedoria)</p><p>6. Harmonia (agir com definição de propósito para se tornar a influência</p><p>dominadora no seu próprio ambiente mental, espiritual e físico)</p><p>7. Cautela (pensar bem o seu plano antes de agir)</p><p>Não seja poupado na sua descrição desses princípios. Quero uma</p><p>exemplificação completa de como estes princípios podem ser utilizados por</p><p>qualquer pessoa que o deseje. Diga-nos tudo o que sabe sobre o princípio da</p><p>definição de propósito.</p><p>O interrogador ganha aqui um impulso e ataca a jugular. Teremos a</p><p>coragem, em momentos de oportunidade, de agir com tanta agressividade</p><p>como com um propósito definido?</p><p>R – Se, por acaso, seguir adiante com esta ideia maluca de publicar a minha</p><p>confissão, estará a abrir as portas do Inferno e a libertar todas as almas</p><p>preciosas que colecionei ao longo dos tempos. Vai privar-me das almas que</p><p>ainda não nasceram. Vai libertar da minha servidão milhões</p><p>de almas que</p><p>vivem. Pare. Imploro-lhe.</p><p>P – Fale de uma vez por todas. Vamos ouvir o que tem a dizer sobre o princípio</p><p>da definição de propósito.</p><p>R – Está a deitar água nas chamas do Inferno, mas a responsabilidade é sua,</p><p>não minha. Eu posso, sem sombra de dúvida, dizer que qualquer ser humano</p><p>que seja firme nos seus objetivos e metas pode fazer com que a vida lhe dê</p><p>exatamente aquilo que deseja.</p><p>P – Essa é uma afirmação muito abrangente, Sua Majestade. Pode estreitar um</p><p>pouco o âmbito dessa afirmação?</p><p>R – Estreitar? Não, eu desejo alargar. Quando ouvir o que eu tenho a dizer,</p><p>compreenderá por que razão o princípio da definição de propósito é tão</p><p>importante. A minha oposição usa um truque muito inteligente para me retirar o</p><p>controlo sobre as pessoas. A oposição sabe que a definição de propósito fecha a</p><p>porta da mente de qualquer um contra mim com tanta firmeza que não consigo</p><p>entrar a não ser induzindo essa pessoa ao hábito do alheamento.</p><p>P – Porque é que a sua oposição não revela o seu segredo a todas as pessoas</p><p>mostrando-lhes como devem evitá-lo através da definição de propósito? Já</p><p>admitiu que apenas duas em cada 100 pessoas pertencem à sua oposição.</p><p>R – Porque eu sou mais esperto do que a minha oposição. Eu afasto as pessoas</p><p>da definição com as minhas promessas. Consigo controlar mais pessoas do que</p><p>a minha oposição porque sou melhor vendedor e também um grande fanfarrão.</p><p>Trato de atrair as pessoas alimentando-as generosamente com os hábitos de</p><p>pensamentos com que elas gostam de se mimar.</p><p>P – O princípio da definição de propósito é algo com que se nasce ou algo que</p><p>pode ser adquirido?</p><p>R – Todas as pessoas, conforme já lhe disse, nascem com o privilégio de terem</p><p>definição de propósito. Mas 98 em cada 100 pessoas perdem esse privilégio</p><p>porque se esquecem da sua existência. O privilégio da definição de propósito</p><p>pode ser mantido apenas se o usar para nos guiar em todos os assuntos da vida.</p><p>P – Ah, compreendo! Pode-se tirar vantagem do princípio da definição de</p><p>propósito da mesma forma que se pode moldar um corpo físico forte – através</p><p>do uso constante e sistemático. É isso?</p><p>R – Essa é a verdade nua e crua.</p><p>P – Acho que já estamos a chegar a algum lado, Sua Majestade. Finalmente,</p><p>chegámos ao ponto de partida onde começam todos os que são</p><p>autodeterminados nas suas vidas.</p><p>Descobrimos, com a sua fantástica confissão, que o seu maior ativo é a falta</p><p>de precaução do homem, que lhe permite conduzi-lo para a selva da</p><p>indefinição, através de simples subornos.</p><p>Aprendemos, sem sombra de dúvida, que qualquer um que adote o princípio</p><p>da definição de propósito como política e a use nas suas experiências diárias</p><p>não pode ser induzido a criar o hábito do alheamento. Sem a ajuda do hábito do</p><p>alheamento, ninguém tem força para atrair as pessoas através de promessas.</p><p>Correto?</p><p>R – Eu próprio não teria dito melhor.</p><p>P – Descreva como as pessoas negligenciam o privilégio de serem livres e</p><p>autodeterminadas através da indefinição e do alheamento.</p><p>R – Já fiz uma breve referência a este princípio, mas agora entrarei em</p><p>pormenor para explicar de que forma ele funciona. Terei de começar no</p><p>momento do nascimento. Quando uma criança nasce, ela não traz nada consigo</p><p>para além de um corpo físico que representa os resultados evolutivos de</p><p>milhões de anos dos seus antepassados.</p><p>A sua mente é um vazio total. Quando a criança atinge a idade da consciência</p><p>e começa a reconhecer os objetos em seu redor, ela começa também a imitar os</p><p>outros.</p><p>A imitação torna-se um hábito fixo. Naturalmente, a criança imita, antes de</p><p>mais, os seus pais! Depois começa a imitar os outros parentes e as pessoas que</p><p>a acompanham diariamente, incluindo os instrutores religiosos e os professores</p><p>da escola.</p><p>A imitação estende-se não apenas à expressão física, mas também ao</p><p>pensamento. Se os pais de uma criança têm medo de mim e exprimem esse</p><p>medo junto dela, a criança adquire o medo através do hábito da imitação e</p><p>armazena-o no seu subconsciente como parte do seu conjunto de crenças.</p><p>Se o instrutor religioso dessa criança exprime alguma forma de medo de mim</p><p>(e todos eles exprimem de uma forma ou outra), esse medo é anexado ao</p><p>mesmo temor passado para a criança pelos seus pais e essas duas formas</p><p>negativas de limitação ficam armazenadas no subconsciente, de forma a serem</p><p>utilizadas por mim mais tarde.</p><p>Da mesma forma, a criança aprende, por imitação, a limitar o seu poder de</p><p>pensamento, preenchendo a sua mente com inveja, ódio, ganância, luxúria,</p><p>vingança e todos os outros impulsos negativos do pensamento que destroem</p><p>qualquer possibilidade de definição de propósito.</p><p>Entretanto, alojo-me na mente dessa criança e induzo-a a alhear-se, até ter</p><p>controlo sobre ela através do ritmo hipnótico.</p><p>P – Devo entender pelas suas afirmações que tem de controlar as pessoas</p><p>enquanto elas são muito jovens ou perde a oportunidade de as controlar?</p><p>R – Eu prefiro possuí-las antes que elas se apoderem das suas próprias mentes.</p><p>Quando uma pessoa aprende o verdadeiro poder dos seus próprios</p><p>pensamentos, torna-se positiva e difícil de subjugar. Na verdade, eu não</p><p>controlo nenhum ser humano que descubra e use o princípio da definição de</p><p>propósito.</p><p>P – O hábito da definição de propósito é uma proteção permanente contra o seu</p><p>controlo?</p><p>R – Não, de maneira nenhuma. A definição de propósito fecha-me a porta da</p><p>mente, mas apenas enquanto a pessoa segue o princípio. Quando a pessoa</p><p>hesitar, procrastinar, ou tornar-se indefinida em relação a qualquer coisa, ela</p><p>está apenas a um passo do meu controlo.</p><p>Diz o Diabo: “Quando a pessoa hesitar, procrastinar, ou tornar-se</p><p>indefinida em relação a qualquer coisa, ela está apenas a um passo do</p><p>meu controlo.”</p><p>*************</p><p>Os aspetos metafísicos e espirituais da filosofia do autor são revelados</p><p>nestas respostas do Diabo. Aquilo que ele chama “definição” é hoje</p><p>chamado “intenção” ou “perseguir o objetivo” ou “ser impulsionado pelo</p><p>propósito”.</p><p>P – Qual é a relação existente entre a definição de propósito e as circunstâncias</p><p>materiais de uma pessoa? Quero saber se uma pessoa pode adquirir poder</p><p>através da definição de propósito, sem ter de sofrer o poder da destruição com a</p><p>lei da compensação.</p><p>R – A sua questão limita os meus exemplos porque há tão poucas pessoas no</p><p>mundo que entendem, e muito poucas no passado compreendiam, como usar o</p><p>princípio da definição de propósito sem atrair para si mesmas as implicações</p><p>negativas da lei da compensação.</p><p>Aqui está a obrigar-me a revelar um dos meus truques mais valiosos. Sou</p><p>obrigado a contar-lhe que eventualmente reclamo para a minha causa todos</p><p>aqueles que me escapam temporariamente através do princípio da definição de</p><p>propósito. A recuperação dessas pessoas faz-se enchendo as suas mentes com</p><p>ganância por poder e amor pela expressão egocêntrica, até o indivíduo cair no</p><p>hábito da violação dos direitos dos outros. Nessa altura, surjo com a lei da</p><p>compensação e recupero a minha vítima.</p><p>P – Estou a ver pela sua admissão que o princípio da definição de propósito</p><p>pode ser perigoso em proporção com a possibilidade de ser uma forma de</p><p>poder. Isso é verdade?</p><p>R – Sim, e o que é mais importante é que cada princípio de bem traz consigo a</p><p>semente de um perigo equivalente.</p><p>P – É difícil acreditar nisso. Que perigo, por exemplo, pode haver no hábito do</p><p>amor à verdade?</p><p>R – O perigo encontra-se na palavra “hábito”. Todos os hábitos, com exceção</p><p>do amor à definição de propósito, podem conduzir ao alheamento. O amor pela</p><p>verdade, exceto se assumir a proporção da procura definitiva por ela, pode</p><p>tornar-se semelhante a todas as</p><p>que os jovens passem</p><p>entre quatro e oito anos a adquirir conhecimentos abstratos, mas não lhes</p><p>ensinam o que fazer com esse conhecimento.</p><p>“O mundo precisa de uma filosofia de realização prática e inteligível,</p><p>organizada a partir do conhecimento factual obtido pela experiência dos</p><p>homens e das mulheres na grande universidade da vida. Em todo o domínio</p><p>filosófico, não encontro nada que se assemelhe, mesmo remotamente, ao tipo</p><p>de filosofia que tenho em mente. Temos muito poucos filósofos capazes de</p><p>ensinar a arte de viver a homens e mulheres.</p><p>“Parece-me que esta é uma oportunidade que deveria desafiar um jovem</p><p>ambicioso do seu género, mas somente a ambição não basta para a tarefa que</p><p>sugeri. Aquele que se comprometer a realizá-la deverá possuir coragem e</p><p>tenacidade.</p><p>“O trabalho requer pelo menos vinte anos de esforço contínuo, durante os</p><p>quais a pessoa que o aceitar terá que ganhar a vida de outra forma, porque este</p><p>tipo de pesquisa nunca é lucrativo no início, e geralmente aqueles que</p><p>contribuíram para a civilização com um trabalho desta natureza tiveram que</p><p>esperar cem anos ou mais após a sua morte para receber reconhecimento pelo</p><p>seu feito.”</p><p>NOTA AOS LEITORES: Sharon Lechter anexa os seus comentários em</p><p>seções especiais como esta.</p><p>Vinte anos de trabalho sem recompensa financeira e possivelmente sem</p><p>reconhecimento! Como reagiria a esta “oferta”? Como ele afirma mais</p><p>adiante, Hill aceitou o desafio de Carnegie e, com uma carta de</p><p>apresentação deste, começou a entrevistar os gigantes da época, incluindo</p><p>Theodore Roosevelt, Thomas Edison, John D. Rockefeller, Henry Ford,</p><p>Alexander Graham Bell, King Gillette (fundador da Gillette Safety Razor</p><p>Company), e muitos outros. O seu esforço culminou, por fim, na</p><p>publicação de vários livros, incluindo os oito volumes de A Lei do</p><p>Sucesso e em Pense e Fique Rico, após mais de vinte e cinco anos de</p><p>pesquisa. Pense e Fique Rico é mundialmente conhecido como a obra de</p><p>referência de automotivação, apresentando todos os princípios que</p><p>continuam a servir como alicerce para os ensinamentos dos gurus atuais</p><p>em desenvolvimento pessoal. Como se reflete na própria descrição de</p><p>Hill, o processo de desenvolver e publicar Pense e Fique Rico foi, em si</p><p>mesmo, um estudo sobre os princípios que ele revelou. Pode ser revelador</p><p>que o manuscrito de Enganar o Diabo tinha sito escrito um ano após</p><p>Pense e Fique Rico ser publicado, uma vez que este trabalho pode revelar</p><p>a frustração e revelação do “outro eu” de Hill e a forma como a</p><p>ultrapassou e teve êxito ao usar os próprios princípios que descritos no</p><p>livro. Enganar o Diabo revelará o despertar espiritual de Hill e a forma</p><p>como cada um de nós pode aprender com o seu encontro com o Diabo.</p><p>“Se assumir este trabalho, não deve entrevistar somente as pessoas bem-</p><p>sucedidas, mas também as que fracassaram. Deve analisar atentamente</p><p>milhares de pessoas classificadas de ‘fracassadas’, e o que eu quero dizer com</p><p>o termo ‘fracassado’ é homens e mulheres que chegam à fase final das suas</p><p>vidas desapontados porque não conseguiram alcançar as metas a que se</p><p>propuseram. Por mais inconsistente que possa parecer, aprendemos muito mais</p><p>a vencer com os fracassos do que com os chamados sucessos. Eles ensinam-</p><p>nos o que não devemos fazer.</p><p>“Na parte final da sua pesquisa, caso a conduza com sucesso, fará uma</p><p>descoberta que poderá constituir uma grande surpresa. Descobrirá que a causa</p><p>do sucesso não é algo separado e distante do homem, mas sim uma força tão</p><p>intangível na natureza que a maioria dos homens nunca a reconhece; uma força</p><p>que pode muito bem ser chamada de ‘outro eu’. O mais interessante é que este</p><p>‘outro eu’ raramente exerce a sua influência ou se faz conhecer, exceto em</p><p>alturas de invulgar emergência, quando os homens são obrigados, por meio das</p><p>adversidades e das derrotas temporárias, a mudar os seus hábitos e a repensar</p><p>as formas de ultrapassar as dificuldades.</p><p>“A minha experiência indica-me que um homem nunca está tão perto do</p><p>sucesso como quando se deixa apoderar daquilo a que chama ‘fracasso’,</p><p>porque é nessas ocasiões que ele é forçado a pensar. Se pensar com exatidão e</p><p>com persistência, descobre que, na verdade, o chamado fracasso nada mais é do</p><p>que um sinal para conceber um novo plano ou objetivo. A maioria dos</p><p>fracassos reais deve-se a limitações que os homens impõem na sua própria</p><p>mente. Se tivessem a coragem de dar mais um passo, eles descobririam os seus</p><p>próprios erros.”</p><p>“A maioria dos fracassos reais deve-se a limitações que os homens</p><p>impõem na sua própria mente.”</p><p>Uma mentalidade negativa e falta de confiança podem ser os primeiros</p><p>obstáculos ao sucesso. Com a atual situação económica em baixa,</p><p>demasiadas pessoas que durante toda a sua vida fizeram tudo certo estão</p><p>agora, pela primeira vez, a enfrentar graves adversidades económicas. A</p><p>maior barreira à sua recuperação é o seu próprio medo e falta de</p><p>confiança instilados pela sua experiência recente. Deixou que a atual</p><p>situação económica adversa se apoderasse de si? A falta de confiança e a</p><p>autodestruição impediram-no de concretizar os seus sonhos? Somos nós</p><p>próprios os nossos piores inimigos? Em Pense e Fique Rico, Hill contou a</p><p>história de R. U. Darby, um prospetor de ouro. Frustrado quando um veio</p><p>de ouro se esgotou, Darby vendeu a sua licença para extrair ouro por uma</p><p>ninharia ao homem da lixeira da cidade. O homem mandou chamar os</p><p>conselheiros certos e descobriu que Darby redescobriria o seu veio se se</p><p>tivesse desviado apenas cerca de um metro. Se Darby tivesse perseverado</p><p>teria feito fortuna, mas ele desistiu e abandonou os seus sonhos – quando</p><p>estava apenas a um metro do ouro. Em vez de ficar desfeito com o seu</p><p>erro, Darby aprendeu com a experiência e construiu um império no ramo</p><p>dos seguros. Vai abandonar a sua busca mesmo antes de atingir o grande</p><p>sucesso, quando está apenas a um metro do ouro? (Pode ler quantos dos</p><p>ícones atuais perseveraram através de situações difíceis no livro Three</p><p>Feet from Gold.)</p><p>Começar uma vida nova</p><p>O discurso de Carnegie redefiniu toda a minha vida e semeou na minha mente</p><p>um desejo ardente que me orientou sempre, e isso apesar de só ter uma vaga</p><p>ideia do significado que ele dava ao termo “outro eu”.</p><p>Durante o meu trabalho de pesquisa às causas do fracasso e do sucesso, tive</p><p>o privilégio de analisar mais de 25 mil homens e mulheres rotulados de</p><p>“derrotados”, e mais de 500 classificados de “bem-sucedidos”. Há muitos anos,</p><p>tive o meu primeiro contacto com aquele “outro eu” que Carnegie tinha</p><p>mencionado. A descoberta surgiu como ele disse que aconteceria: como</p><p>resultado de dois pontos de viragem na minha vida, mas que foram, na verdade,</p><p>emergências que me obrigaram a pensar numa forma totalmente nova de</p><p>vencer as dificuldades.</p><p>Gostaria que fosse possível descrever essa descoberta sem o uso do pronome</p><p>pessoal, mas isso é impossível, visto que ela advém de experiências pessoais</p><p>das quais não pode ser separada. Para lhe dar uma ideia completa, terei que</p><p>regressar ao primeiro desses dois pontos de viragem da minha vida e mostrar,</p><p>passo a passo, essa descoberta.</p><p>A pesquisa necessária para a compilação de dados sobre os 17 princípios de</p><p>sucesso e as 30 maiores causas de fracasso exigiram muitos anos de trabalho.</p><p>Eu tinha chegado à falsa conclusão de que a minha tarefa de organizar uma</p><p>filosofia completa de sucesso pessoal tinha terminado. Longe de estar</p><p>completo, o meu trabalho tinha apenas começado. Eu tinha construído o</p><p>esqueleto de uma filosofia organizando os 17 princípios do sucesso e as 30</p><p>maiores causas de</p><p>outras boas intenções. E já sabe o que faço com</p><p>boas intenções.</p><p>“Todos os hábitos, com exceção do amor à definição de propósito, podem</p><p>conduzir ao alheamento.”</p><p>P – O amor pela família também é perigoso?</p><p>R – O amor por qualquer coisa ou por qualquer pessoa, exceto o amor pela</p><p>definição de propósito, pode ser perigoso. O amor é um estado de espírito que</p><p>encobre a razão, enfraquece a força de vontade e cega as pessoas para os factos</p><p>e para a verdade.</p><p>Todos os que se tornam autodeterminados e ganham liberdade espiritual para</p><p>ter os seus próprios pensamentos, devem analisar cuidadosamente cada emoção</p><p>que pareça vagamente relacionada com o amor.</p><p>Vai ficar surpreendido por saber que o amor é um dos meus iscos mais</p><p>eficazes. Com ele conduzo aqueles que não consegui atrair com mais nada para</p><p>o hábito do alheamento.</p><p>Foi por isso que o coloquei no topo da minha lista de subornos. Mostre-me</p><p>aquilo que uma pessoa mais ama e eu terei a chave para saber como essa</p><p>pessoa pode ser induzida ao alheamento até a apanhar com o ritmo hipnótico.</p><p>Amor e medo combinados fornecem-me as armas mais eficazes para levar as</p><p>pessoas a alhearem-se. São ambos igualmente úteis. Ambos têm o efeito de</p><p>levar as pessoas a negligenciar o desenvolvimento da precisão na utilização das</p><p>suas próprias mentes. Dê-me o controlo sobre os medos de uma pessoa e diga-</p><p>me o que ela mais ama e pode marcar essa pessoa como minha escrava. Tanto o</p><p>amor como o medo são forças emocionais com uma força tão grande que</p><p>qualquer uma das duas tem o poder de retirar a força de vontade e o uso da</p><p>razão. Sem o poder da vontade e da razão não há nada para apoiar a definição</p><p>de propósito.</p><p>P – Mas, Sua Majestade, não valeria a pena viver se as pessoas nunca</p><p>sentissem a emoção do amor.</p><p>R – Pois! Está certo no que respeita à sua razão, mas esqueceu-se de</p><p>acrescentar que o amor devia estar sempre sob o controlo total de cada um.</p><p>Claro que o amor é um estado de espírito desejável, mas também é um</p><p>paliativo que pode ser usado para limitar ou destruir a razão e a força de</p><p>vontade, e ambas devem ser mais importantes que o amor para os seres</p><p>humanos que desejam a liberdade e a autodeterminação.</p><p>P – Entendo, pelo que diz, que as pessoas que ganham poder devem endurecer</p><p>as suas emoções, controlar o medo e dominar o amor. Correto?</p><p>R – As pessoas que ganham e mantêm o poder devem tornar-se precisas em</p><p>todos os seus pensamentos e ações. E se isso é o que chama endurecer, então,</p><p>sim, elas têm que ser duros.</p><p>P – Vamos ver as razões da vantagem da precisão em todos os assuntos diários</p><p>da vida. Qual é mais apto para ser bem-sucedido: um plano fraco aplicado com</p><p>precisão ou um plano forte e profundo aplicado sem precisão?</p><p>R – Os planos fracos têm uma forma de se tornarem fortes se forem aplicados</p><p>com precisão.</p><p>P – Quer dizer que qualquer plano, desde que persiga um propósito definido,</p><p>pode ser bem-sucedido mesmo que não seja o melhor plano?</p><p>R – Sim, é exatamente isso que eu quero dizer. A definição de propósito e a</p><p>precisão de plano, através do qual o objetivo deve ser alcançado, geralmente</p><p>trazem consigo o sucesso, por mais fraco que o plano possa ser. A maior</p><p>diferença entre um plano forte e um fraco é que o plano forte, se aplicado com</p><p>precisão, pode ser executado mais depressa do que um plano fraco.</p><p>P – Por outras palavras, embora uma pessoa não consiga estar sempre certa,</p><p>deve ser sempre precisa? É essa a mensagem que está a tentar passar?</p><p>R – Essa é a ideia. As pessoas que são definidas, tanto nos seus planos como</p><p>nos seus objetivos, só aceitam as derrotas temporárias como um sinal para se</p><p>esforçarem mais. Pode ver por si próprio que esse tipo de política está</p><p>condenada a ganhar, se for feita com precisão.</p><p>P – Uma pessoa que se move com precisão, tanto de planos como de objetivos,</p><p>pode estar sempre certa de alcançar o sucesso?</p><p>R – Não. O melhor dos planos falha algumas vezes, mas a pessoa que age com</p><p>precisão reconhece a diferença entre a derrota temporária e o fracasso. Quando</p><p>os planos falham, ela substitui-os por outros, mas não muda o seu propósito,</p><p>ela persevera. Por fim, ela encontra um plano que será bem-sucedido.</p><p>“A pessoa que age com precisão reconhece a diferença entre a derrota</p><p>temporária e o fracasso. Quando os planos falham, ela substitui-os por</p><p>outros, mas não muda o seu propósito, ela persevera.”</p><p>P – Um plano baseado em fins imorais ou injustos será tão bem-sucedido e tão</p><p>rápido como um plano motivado por um sentido apurado de justiça e</p><p>moralidade?</p><p>R – Através da lei da compensação, todos colhem aquilo que semeiam. Os</p><p>planos baseados em motivos injustos ou imorais podem trazer um sucesso</p><p>temporário, mas o sucesso duradouro deve ter em consideração a quarta</p><p>dimensão: o tempo.</p><p>O tempo é o inimigo da imoralidade e da injustiça. É o amigo da justiça e da</p><p>moralidade. O fracasso em reconhecer este facto tem sido responsável pela</p><p>onda de crimes perpetrados por jovens do mundo inteiro.</p><p>A mente jovem e inexperiente pode frequentemente cometer o erro de avaliar</p><p>o sucesso temporário como algo permanente. Os jovens com frequência</p><p>cometem o erro de cobiçar os ganhos temporários de planos injustos e imorais,</p><p>mas esquecem-se de olhar para a frente e observar as punições que se seguem,</p><p>exatamente como a noite vem depois do dia.</p><p>CAPÍTULO NOVE</p><p>EDUCAÇÃO</p><p>E RELIGIÃO</p><p>P – Isso é algo muito profundo, Sua Majestade. Voltemos à discussão de</p><p>assuntos mais leves e mais concretos, e que provavelmente vão interessar à</p><p>maioria das pessoas. Estou interessado em discutir as coisas que tornam as</p><p>pessoas felizes e infelizes, ricas e pobres, doentes e saudáveis. Em resumo,</p><p>estou interessado em tudo o que pode ser usado pelos seres humanos para</p><p>levarem a vida a dar dividendos satisfatórios em troca do esforço que fazemos.</p><p>R – Muito bem, vamos ser precisos.</p><p>P – Já percebeu a minha ideia, Sua Majestade. Tem uma tendência para divagar</p><p>sobre detalhes abstratos que a maioria das pessoas não consegue entender nem</p><p>usar na solução dos seus problemas. Por acaso, não será isso um plano seu bem</p><p>definido para responder às minhas perguntas com respostas indefinidas? Se</p><p>esse é o seu plano, é um truque astuto, mas não vai funcionar. Diga-me mais</p><p>alguma coisa sobre as tristezas e os fracassos dos seres humanos que resultam</p><p>diretamente da indefinição.</p><p>R – Porque não me deixa falar mais sobre os prazeres e sucessos das pessoas</p><p>que entendem e aplicam o princípio da definição de propósito?</p><p>P – Eu observo que, algumas vezes, pessoas com planos e objetivos definidos</p><p>conseguem o que querem da vida, somente para depois descobrirem que aquilo</p><p>que elas conseguiram não é exatamente o que queriam. E depois?</p><p>R – Geralmente, livramo-nos daquilo que não queremos aplicando o mesmo</p><p>princípio de definição de quando adquirimos as coisas. Uma vida que é vivida</p><p>com absoluta paz de espírito, contentamento e felicidade livra-se sempre</p><p>daquilo que não quer. Qualquer um que se submete a coisas aborrecidas que</p><p>não deseja não é definido. É um alheado.</p><p>“Uma vida que é vivida com absoluta paz de espírito, contentamento</p><p>e felicidade livra-se sempre daquilo que não quer.”</p><p>***************</p><p>Quantas pessoas se sentem verdadeiramente contentes? Num mundo onde</p><p>tantas pessoas estão a tentar “manter-se atualizadas”, não podíamos todos</p><p>aprender algo aqui? Existe alguma coisa na sua vida de que necessite de</p><p>se desfazer? Comprometa-se a rir quando se sente aborrecido… e lembre-</p><p>se das palavras do Diabo: “Qualquer um que se submete a coisas</p><p>aborrecidas que não deseja não é definido. É um alheado.”</p><p>P – E as pessoas casadas que deixam de querer estar uma com</p><p>a outra? Devem</p><p>separar-se ou é verdade que todos os casamentos são feitos no céu e as partes</p><p>contratantes ficam, dessa forma, ligadas eternamente por esse acordo, mesmo</p><p>provando ter sido uma má escolha para ambos?</p><p>R – Primeiro, deixe-me corrigir esse velho ditado de que todos os casamentos</p><p>são feitos no céu. Conheço alguns que foram realizados do meu lado. As</p><p>mentes que nunca entram em harmonia não deviam ser forçadas a permanecer</p><p>juntas no casamento ou em qualquer tipo de relacionamento. O atrito e todas as</p><p>formas de discórdia entre as mentes levam inevitavelmente ao hábito ao</p><p>alheamento e, consequentemente, à indefinição.</p><p>P – As pessoas ficam, por vezes, ligadas umas às outras por um sentido de</p><p>dever, o que impossibilita que levem da vida o que elas mais querem, não é?</p><p>R – “Dever” é uma das palavras mais abusadas e mal interpretadas que</p><p>existem. O primeiro dever de cada ser humano é para consigo mesmo. Cada</p><p>pessoa tem o dever de viver uma vida plena e feliz. Além disso, se a pessoa</p><p>tiver tempo e energia que não sejam necessárias para realizar os seus próprios</p><p>desejos, deve assumir a responsabilidade de ajudar outros.</p><p>“O primeiro dever de cada ser humano é para consigo mesmo. Cada</p><p>pessoa tem o dever de viver uma vida plena e feliz.”</p><p>******************</p><p>Claro que, embora obrigado a responder com precisão, o Diabo continua</p><p>a responder na perspetiva de Diabo. É possível que a Madre Teresa ou</p><p>Gandhi tivessem uma opinião muito diferente nesta questão? Eles</p><p>viveram a sua vida ao serviço dos outros. Como se sente? Tentar</p><p>encontrar uma vida plena e feliz está em primeiro lugar na sua vida?</p><p>Concorda com aqueles que dizem que para estar verdadeiramente ao</p><p>serviço dos outros têm primeiro de cuidar de si? Será então possível que a</p><p>Madre Teresa ou Gandhi tenham tido uma vida plena e feliz – através do</p><p>serviço aos outros?</p><p>P – Isso não é uma atitude egoísta? E o egoísmo não é uma das principais</p><p>razões para falharmos na procura da felicidade?</p><p>R – Mantenho exatamente a mesma frase que lhe disse antes: não existe maior</p><p>dever do que aquele que devemos a nós mesmos.</p><p>P – Uma criança não tem um dever para com os seus pais, que lhe deram a vida</p><p>e o sustento durante os períodos de necessidade?</p><p>R – De forma alguma. É exatamente o contrário. Os pais devem aos seus filhos</p><p>tudo o que eles lhes puderem dar sob a forma de conhecimento. Para lá disso,</p><p>os pais normalmente mimam, em vez de ajudarem os seus filhos, com uma</p><p>falsa sensação de dever que os faz satisfazer as crianças em vez de obrigá-las a</p><p>procurar e obter conhecimento.</p><p>P – Estou a perceber o que está a dizer. A sua teoria é que o excesso de ajuda</p><p>aos jovens encoraja-os a alhearem-se e a tornarem-se indefinidos em todas as</p><p>coisas. Acredita que a necessidade é um professor de grande sagacidade, que a</p><p>derrota carrega consigo uma virtude equivalente, que os presentes de qualquer</p><p>natureza e que não são merecidos, podem tornar-se uma maldição em vez de</p><p>uma bênção. Correto?</p><p>Hill diz: “os presentes de qualquer natureza, e que não são merecidos,</p><p>podem tornar-se uma maldição em vez de uma bênção.” No nosso</p><p>esforço de dar aos nossos filhos, estaremos realmente a amaldiçoá-los?</p><p>Um pensamento muito sensato, mas também um excelente conselho para</p><p>os pais.</p><p>R – Explicou perfeitamente a minha filosofia. A minha crença não é uma teoria.</p><p>É um facto.</p><p>P – Então não defende a oração como um meio de atingir os fins que deseja?</p><p>R – Pelo contrário, eu defendo a oração, mas não o tipo de oração composto</p><p>por palavras vazias, suplicantes e desprovidas de sentido. O tipo de oração</p><p>contra a qual sou impotente é a oração de definição de propósito.</p><p>P – Nunca pensei na definição de propósito como sendo uma oração. Como é</p><p>isso possível?</p><p>R – A definição é, com efeito, a única forma de oração na qual podemos</p><p>realmente confiar. Na verdade, ela coloca a pessoa pronta a usar o ritmo</p><p>hipnótico para alcançar fins definidos… apropriando-se da grande fonte</p><p>universal de Inteligência Infinita. Essa apropriação, caso esteja interessado,</p><p>acontece através da definição de um propósito, seguido com persistência!</p><p>P – Porque falha a maioria das orações?</p><p>R – Elas não falham. Todas as orações nos dão aquilo pelo qual rezamos.</p><p>P – Mas acabou de dizer que a definição de propósito é o único tipo de oração</p><p>em que podemos confiar. E agora diz que todas as orações dão resultado. Em</p><p>que ficamos, afinal?</p><p>R – Não há nada inconsistente nisso. A maioria das pessoas que reza só o faz</p><p>depois de tudo o resto ter falhado. Claro que iniciam as suas orações com a</p><p>mente cheia de medo de que as orações não sejam atendidas. Bem, esses</p><p>medos, pelo menos, são realizados.</p><p>A pessoa que ora com definição de propósito e fé de que vai alcançar o</p><p>objetivo, aciona as leis da natureza que transmutam os seus maiores desejos no</p><p>seu equivalente físico. Na oração basta isto.</p><p>Uma forma de oração negativa traz somente resultados negativos. A outra</p><p>forma é positiva e traz resultados definidos e positivos. Não há nada mais</p><p>simples do que isto, pois não?</p><p>As pessoas que se lamentam e imploram a Deus que assuma</p><p>responsabilidade por todos os seus problemas e lhes forneça todas as</p><p>necessidades e luxos da vida são demasiado preguiçosas para criar aquilo que</p><p>querem e traduzi-lo numa existência através do poder da sua própria mente.</p><p>Quando ouve uma pessoa a rezar por algo que ela deveria obter com os seus</p><p>próprios esforços, pode ter a certeza de que está a ouvir um alheado. A</p><p>Inteligência Infinita favorece apenas os que compreendem e se adaptam às suas</p><p>leis. Ela não discrimina um bom caráter ou uma personalidade agradável. Essas</p><p>coisas ajudam as pessoas a negociar o seu caminho através da vida de forma</p><p>mais harmoniosa umas com as outras, mas a fonte que responde à oração não é</p><p>imediatamente visível. A lei da natureza diz: “Saiba o que quer, adapte-se às</p><p>minhas leis, e acabará por obter.”</p><p>A pergunta e resposta anteriores aumentam os limites da crítica de Hill</p><p>entre religião organizada e espiritualidade e responsabilidade pessoal.</p><p>P – Isso segue os ensinamentos de Cristo?</p><p>R – Perfeitamente. E também segue os ensinamentos de todos os grandes</p><p>filósofos.</p><p>P – A sua teoria de definição está em harmonia com a filosofia dos homens da</p><p>ciência?</p><p>R – A definição é a maior diferença entre um cientista e um alheado. Através</p><p>do princípio da definição de propósito e de plano, o cientista força a natureza a</p><p>revelar-lhe os seus segredos mais profundos. Foi através deste princípio que</p><p>Edison revelou o segredo do fonógrafo, da lâmpada incandescente e de outros</p><p>benefícios para a humanidade.</p><p>P – Então, penso que a definição é o primeiro requisito para o sucesso de todo</p><p>o empreendimento terreno. Correto?</p><p>R – Exatamente. Qualquer coisa que ensine as pessoas a analisarem factos e a</p><p>coordená-los em planos definidos através da precisão de pensamento lesa a</p><p>minha profissão. Se esta sede pelo conhecimento definido, que agora se está a</p><p>espalhar pelo mundo se mantiver, o meu negócio será seriamente ameaçado nos</p><p>próximos séculos. Eu prospero na ignorância, na superstição, na intolerância e</p><p>no medo, mas não consigo enfrentar um conhecimento definido e bem</p><p>organizado em planos definidos na mente das pessoas que pensam por si</p><p>mesmas.</p><p>P – Porque não se apodera da Omnipotência e administra todos os trabalhos à</p><p>sua maneira?</p><p>R – Também pode perguntar porque é que a parte negativa do eletrão não</p><p>domina a parte positiva e faz todo o trabalho. A resposta é que ambas as cargas</p><p>energéticas, positiva e negativa, são necessárias para a existência do eletrão.</p><p>Uma é equilibrada igualmente contra a outra.</p><p>E</p><p>é esta a relação entre a Omnipotência e eu. Representamos as forças</p><p>positiva e negativa de todo o sistema de universos, e estamos igualmente</p><p>equilibrados um contra o outro.</p><p>Se essa força de equilíbrio fosse modificada mesmo que muito pouco, todo o</p><p>sistema de universos rapidamente seria reduzido a uma massa de matéria</p><p>inerte. Agora já sabe porque é que não posso apoderar-me de tudo e fazer o que</p><p>me apetece.</p><p>P – Se o que diz é verdade, tem exatamente o mesmo poder que a</p><p>Omnipotência. Certo?</p><p>R – Certo. A minha oposição – aquela a quem chama Omnipotência – exprime-</p><p>se através das forças que apelida de boas, as forças positivas da natureza. Eu</p><p>exprimo-me através das forças a que chama de más, as forças negativas. Tanto</p><p>o bem como o mal coexistem na natureza. Cada uma é tão importante como a</p><p>outra.</p><p>P – Então a doutrina da predestinação é verdadeira. As pessoas nascem para o</p><p>sucesso ou para o fracasso, para a tristeza ou para a felicidade, para serem boas</p><p>ou más, e elas nada têm a dizer contra isso e nada podem fazer para modificar a</p><p>sua natureza. É isso que está a declarar?</p><p>R – Enfaticamente não! Todo o ser humano possui uma ampla variedade de</p><p>escolhas tanto nos pensamentos como nas ações. Todo o ser humano pode usar</p><p>o seu cérebro para receber e exprimir pensamentos positivos ou pensamentos</p><p>negativos. A sua escolha nesse assunto tão importante molda toda a sua vida.</p><p>P – Pelo que me disse, percebi que os serem humanos têm mais liberdade de</p><p>expressão do que Sua Majestade ou a sua oposição. Isso é verdade?</p><p>R – Sim, é verdade. Eu e a Omnipotência estamos vinculados a leis imutáveis</p><p>da natureza. Só podemos exprimir-nos em conformidade com estas leis.</p><p>P – Então é verdade que o homem possui direitos e privilégios que não estão</p><p>disponíveis para a Omnipotência nem para o Diabo. Isso é verdade?</p><p>R – Sim, isso é verdade. Mas também tem que acrescentar que o homem ainda</p><p>não se apercebeu do potencial deste poder. O homem ainda se considera um</p><p>grão de poeira quando, na realidade, possui muito mais poder do que todas as</p><p>criaturas vivas juntas.</p><p>P – A definição de propósito parece ser uma solução milagrosa para todos os</p><p>males do homem.</p><p>R – Talvez não seja, mas pode ter a certeza de que ninguém se tornará</p><p>autodeterminado sem definição de propósito.</p><p>P – Porque não ensinam a definição de propósito nas escolas?</p><p>R – Porque não existe um plano definido ou um propósito em nenhum</p><p>currículo escolar. As crianças vão para a escola para terem um diploma e</p><p>aprenderem a memorizar, não para descobrir o que realmente querem da vida.</p><p>Diz o Diabo: “As crianças vão para a escola para terem um diploma e</p><p>aprenderem a memorizar, não para descobrir o que realmente</p><p>querem da vida.”</p><p>*******************</p><p>Acho isto desmoralizador. Hill fez soar o alarme em 1938 e, todavia, o</p><p>manuscrito continuou sem ser publicado e atualmente ainda estamos a</p><p>“ensinar para os testes” nas nossas escolas. Estou numa missão para</p><p>promover a educação financeira para ensinar aos jovens algo sobre o</p><p>dinheiro, uma verdadeira capacidade para a vida e, no entanto, muitas</p><p>escolas ainda rejeitam porque isso não satisfaz as “exigências do teste”</p><p>pelas quais são classificados e recebem fundos. Não será altura de fazer</p><p>soar o alarme novamente?</p><p>P – De que serve um diploma se não se consegue convertê-lo em necessidades</p><p>espirituais e materiais da vida?</p><p>R – Eu sou apenas o Diabo. Não resolvo enigmas!</p><p>P – Deduzo, por aquilo que diz, que nem as escolas nem as igrejas fornecem</p><p>aos jovens do mundo um conhecimento prático das suas próprias mentes.</p><p>Existe alguma coisa de maior importância para um ser humano do que o</p><p>entendimento das forças e circunstâncias que influenciam a sua própria mente?</p><p>R – A única coisa de valor para qualquer ser humano é conhecer o</p><p>funcionamento da sua própria mente. As igrejas não permitem que uma pessoa</p><p>descubra as potencialidades da sua própria mente, nem as escolas reconhecem</p><p>que exista sequer uma mente.</p><p>Porque é que Napoleon Hill desaprovava tanto as igrejas e as religiões</p><p>que prevaleciam na sua época? Acredito que a sua crítica vem de um</p><p>amor eterno pelo verdadeiro espírito e significado da fé e pela validade</p><p>subjacente de todas as tradições religiosas – apesar daquilo que os seres</p><p>humanos fazem para enfraquecê-los ou corrompê-los. Qual é o equilíbrio</p><p>entre aceitar aquilo que é revelado à sua mente e coração – e alma – e a</p><p>realidade da vida num mundo tantas vezes infetado de maldade, como o</p><p>que é personificado pelo Diabo de Hill?</p><p>P – Não está a ser um tanto duro com as escolas e com as igrejas?</p><p>R – Não, estou apenas a descrevê-las como elas são, sem parcialidades ou</p><p>preconceitos.</p><p>P – As escolas e as igrejas não são os seus piores inimigos?</p><p>R – Os seus líderes podem pensar que sim, mas eu só me impressiono com</p><p>factos. A verdade é esta, se quer saber assim tanto: as igrejas são os meus</p><p>aliados mais úteis e as escolas vêm logo atrás.</p><p>P – Em que termos específicos ou gerais faz essa afirmação?</p><p>R – Baseado no facto de que tanto as igrejas como as escolas me ajudarem a</p><p>converter as pessoas ao hábito do alheamento.</p><p>P – Percebe que a sua acusação é apenas uma acusação indiscriminada sobre as</p><p>duas instituições de maior importância e que foram responsáveis pela</p><p>civilização como a conhecemos hoje?</p><p>R – Se percebo? Dou pulos de alegria. Se as escolas e as igrejas tivessem</p><p>ensinado as pessoas a pensarem por si mesmas, onde estaria eu agora?</p><p>P – Essa sua confissão vai desiludir milhões de pessoas cuja única esperança de</p><p>salvação está nas suas igrejas. Isso é algo cruel para lhes fazer, não é? Não</p><p>seria muito melhor que a maioria das pessoas vivesse na ignorância do que</p><p>saber a verdade sobre si?</p><p>R – O que quer dizer com o termo “salvação”? Do que estão as pessoas a ser</p><p>salvas? A única forma de salvação duradoura que realmente é válida para</p><p>qualquer ser humano é aquela que vem do reconhecimento do poder da sua</p><p>própria mente. Ignorância e medo são os únicos inimigos dos quais os homens</p><p>precisam de salvação.</p><p>P – Parece que para si nada é sagrado.</p><p>R – Está enganado. Mantenho como sagrada a única coisa que considero meu</p><p>mestre – a única coisa da qual tenho medo.</p><p>P – E o que é isso?</p><p>R – O poder do pensamento independente apoiado pela definição de propósito.</p><p>P – Então não tem muitas pessoas para temer?</p><p>R – Apenas duas em cada cem, para ser mais exato. Eu controlo as outras.</p><p>P – Vamos dar descanso às igrejas e voltar às escolas. A sua confissão mostra</p><p>claramente que prospera e perpetua-se de uma geração para outra utilizando o</p><p>truque de se apoderar da mente das crianças antes de elas terem a hipótese de</p><p>usar os seus próprios intelectos.</p><p>Desejo saber o que está errado com o sistema escolar que permite que o</p><p>Diabo controle tantas pessoas. Desejo também saber o que pode ser feito ao</p><p>sistema de ensino que garanta às crianças a oportunidade de aprender –</p><p>primeiro, que possuem mentes e, segundo, como usar as suas mentes para</p><p>trazer liberdade espiritual e económica às suas vidas.</p><p>Estou a pôr essa questão de forma suficientemente definida, e uma vez que</p><p>salientou a importância da definição de propósito, estou aqui e agora para o</p><p>alertar de que a sua resposta à minha questão deve ser definida e precisa.</p><p>R – Espere um momento enquanto recupero o fôlego. Deu-me uma ordem e</p><p>tanto! Parece estranho que tenha vindo ter com o Diabo para aprender a viver.</p><p>Eu penso que deveria visitar a minha oposição. Porque não o faz?</p><p>P – É Sua Majestade quem está a ser julgado, não eu. Quero a verdade e não</p><p>me interessa através de quem a obtenho. Existe algo radicalmente errado com o</p><p>sistema de educação</p><p>que nos põe prestes a chegar ao vermelho, numa tentativa</p><p>de encontrar o caminho da autodeterminação, como se fossemos animais</p><p>perdidos na selva.</p><p>Quero saber duas coisas sobre este sistema. Primeiro, qual é a maior fraqueza</p><p>do sistema? Segundo, como é que essa fraqueza pode ser eliminada? É a sua</p><p>vez! Por favor, mantenha-se focado na questão e pare de tentar levar-me a</p><p>discutir questões abstratas. Isso é ser definido, não é?</p><p>R – Não me deixa escolha senão dar uma resposta direta. Para começar, o</p><p>sistema de ensino aborda a educação de um ângulo errado. O sistema escolar</p><p>esforça-se para ensinar as crianças a memorizarem factos, em vez de lhes</p><p>ensinar a usarem as suas próprias mentes.</p><p>P – É só isso que está errado com o sistema?</p><p>R – Não, esse é apenas o começo. Outra grande fraqueza do sistema escolar é</p><p>não estabelecer na mente das crianças a importância da definição de propósito</p><p>nem tentar ensinar os jovens a serem definidos em relação a tudo.</p><p>O maior objetivo de toda a educação é obrigar os alunos a sobrecarregarem</p><p>as suas memórias com factos, em vez de os ensinar a organizarem e a fazerem</p><p>um uso prático desses factos.</p><p>Este sistema de sobrecarga centra a atenção dos alunos em ganhar créditos,</p><p>mas deixa de lado a questão mais importante: o uso desse conhecimento nos</p><p>assuntos práticos da vida. Este sistema forma diplomados com certificados,</p><p>mas cujas mentes estão vazias de autodeterminação. O sistema escolar já</p><p>começou mal. As escolas começaram como instituições de “elevada</p><p>aprendizagem”, criadas inteiramente para alguns felizardos cujas famílias lhes</p><p>permitiam a educação.</p><p>Dessa forma, todo o sistema escolar evoluiu começando pelo topo e</p><p>descendo até ao fundo. Não é de estranhar que o sistema negligencie o ensino</p><p>às crianças da importância da definição de propósito, quando o próprio sistema,</p><p>literalmente, evoluiu através da indefinição.</p><p>P – O que corrigiria essa fraqueza do sistema escolar? Não vamos reclamar da</p><p>fraqueza do sistema exceto se estivermos preparados para oferecer um remédio</p><p>prático, com o qual todo o sistema possa ser corrigido. Por outras palavras,</p><p>enquanto discutimos a importância da definição de um plano e de um</p><p>propósito, vamos nós tomar o nosso próprio remédio e sermos definidos.</p><p>R – Porque não esquece as escolas e as igrejas e evita uma série de incómodos</p><p>para si mesmo? Não sabe que está a meter o nariz nos assuntos que envolvem</p><p>as duas forças que controlam o mundo? Vamos supor que mostra que as escolas</p><p>e as igrejas são fracas e inadequadas para as necessidades dos seres humanos?</p><p>E depois? Como vai substituir estas duas instituições?</p><p>P – Pare de tentar fugir às minhas questões com o velho truque de fazer outra</p><p>pergunta! Não tenho intenção de substituir as escolas e as igrejas. Mas tenho a</p><p>intenção de encontrar, se puder, um meio de fazer com que essas forças</p><p>organizadas possam ser modificadas para que sirvam as pessoas em vez de as</p><p>manter na ignorância. Continue e dê-me uma lista detalhada de todas as</p><p>mudanças que poderiam ser feitas no sistema escolar de modo a ser</p><p>aperfeiçoado.</p><p>R – Então, quer a lista completa, é isso? Quer as mudanças sugeridas segundo a</p><p>sua ordem de importância?</p><p>Este é outro ponto em que o entrevistador obriga o Diabo a sair da sua</p><p>zona de conforto. É divertido e instrutivo testemunhar esta troca, que</p><p>fornece uma visão para a melhoria das nossas escolas públicas.</p><p>P – Descreva as mudanças necessárias à medida que lhe vão ocorrendo.</p><p>R – Está a obrigar-me a cometer um ato de traição contra mim próprio, mas cá</p><p>vai:</p><p>Inverta o presente sistema dando às crianças o privilégio de liderarem nos</p><p>seus trabalhos escolares, em vez de seguirem regras ortodoxas concebidas</p><p>apenas para divulgar conhecimento abstrato. Deixe os instrutores servirem de</p><p>alunos e os alunos servirem de instrutores.</p><p>Tanto quanto possível, organize todo o trabalho escolar em métodos</p><p>definidos através dos quais os alunos possam aprender pela prática, e direcione</p><p>o trabalho da turma de maneira a que todos os alunos estejam envolvidos em</p><p>alguma forma de trabalho prático ligado aos problemas diários da vida.</p><p>As ideias são o princípio de todas as realizações humanas. Ensine os alunos a</p><p>reconhecerem ideias práticas que possam ser de grande benefício para os ajudar</p><p>a obter o que a vida exige deles.</p><p>Ensine os alunos a fazerem uma utilização eficaz do tempo e, sobretudo,</p><p>ensine que o tempo é o maior ativo disponível aos seres humanos, e também o</p><p>mais barato.</p><p>Ensine ao aluno os motivos básicos pelos quais todas as pessoas são</p><p>influenciadas, e mostre-lhe como usar estes motivos para adquirir as</p><p>necessidades e os luxos da vida.</p><p>Ensine às crianças o que comer, a quantidade a comer, e qual a relação</p><p>existente entre uma boa alimentação e um corpo saudável.</p><p>Ensine às crianças a verdadeira natureza e função da emoção do sexo e,</p><p>sobretudo, ensine-lhes que o sexo pode ser transmutado numa força propulsora</p><p>capaz de levar qualquer um ao topo das suas realizações.</p><p>Ensine às crianças a importância de definirem todas as coisas, começando</p><p>com a escolha de um grande propósito definido para a vida!</p><p>Ensine às crianças a natureza e as possibilidades do bem e do mal no</p><p>princípio do hábito, usando como exemplos as experiências diárias de crianças</p><p>e adultos para reforçar a ideia.</p><p>Ensine às crianças que os hábitos se tornam permanentes através da lei do</p><p>ritmo hipnótico e influencie-as a adotarem, enquanto ainda estão no início do</p><p>ano escolar, hábitos que as levarão a ter pensamentos independentes!</p><p>Ensine às crianças a diferença entre derrota temporária e fracasso, e mostre-</p><p>lhes como procurar a semente de uma vantagem equivalente que cada derrota</p><p>traz consigo.</p><p>Ensine às crianças a importância de exprimirem os seus próprios</p><p>pensamentos sem medo, e ensine-as a aceitarem ou rejeitarem, por sua própria</p><p>vontade, todas as ideias dos outros, reservando para si mesmas, sempre, o</p><p>privilégio de confiarem no seu próprio julgamento.</p><p>Ensine as crianças a tomarem decisões prontamente e a mudá-las, mesmo</p><p>que por completo, com lentidão e relutância e nunca sem uma razão definida.</p><p>Ensine às crianças que o cérebro humano é o instrumento com o qual se</p><p>recebe, da grande fonte da natureza, a energia que é especializada em</p><p>pensamentos definidos; que o cérebro não pensa, mas serve como um</p><p>instrumento para a interpretação dos estímulos que causam o pensamento.</p><p>Ensine às crianças o valor da harmonia nas suas próprias mentes e que isso é</p><p>obtido apenas através do autocontrolo.</p><p>Ensine às crianças a natureza e o valor do autocontrolo.</p><p>Ensine às crianças que existe uma lei de retornos crescentes que pode e deve</p><p>ser posta em ação, como um hábito, prestando sempre mais e melhores serviços</p><p>do que é esperado delas.</p><p>Ensine às crianças a verdadeira natureza da Regra de Ouro e, sobretudo,</p><p>mostre-lhes que, através deste princípio, tudo o que elas fazem para e por</p><p>outros, acabam por fazer por si próprias.</p><p>Ensine as crianças a não terem opiniões, a não ser que sejam formadas por</p><p>factos ou crenças que possam ser razoavelmente aceites como factos</p><p>verdadeiros.</p><p>Ensine às crianças que cigarros, bebidas, drogas e o excesso de sexo</p><p>destroem a força de vontade e levam ao hábito do alheamento. Não proíba estes</p><p>males – basta explicar-lhos.</p><p>Ensine às crianças o perigo que é acreditarem em qualquer coisa só porque</p><p>os seus pais, instrutores religiosos ou outra pessoa lhes tenha dito para o fazer.</p><p>Ensine as crianças a enfrentarem os factos, quer sejam agradáveis ou</p><p>desagradáveis, sem recorrer a subterfúgios ou oferecer-lhes álibis.</p><p>Ensine as crianças a encorajarem o uso do seu sexto sentido, através do qual</p><p>as ideias</p><p>se apresentam na sua mente vindas de fontes desconhecidas, e a</p><p>analisar tais ideias cuidadosamente.</p><p>Ensine às crianças a importância da lei da compensação como foi</p><p>interpretada por Ralph Waldo Emerson, e mostre-lhes como a lei funciona nos</p><p>acontecimentos diários mais banais.</p><p>Ensine às crianças que a definição de propósito, apoiada por planos definidos</p><p>e aplicados persistente e continuamente, é a forma mais eficaz de oração</p><p>disponível para os seres humanos.</p><p>Ensine às crianças que o espaço que elas ocupam no mundo é medido pela</p><p>qualidade e quantidade de serviço útil que prestam ao mundo.</p><p>Ensine às crianças que não existe nenhum problema que não tenha uma</p><p>solução adequada, e que a solução pode ser maioritariamente encontrada nas</p><p>circunstâncias que criaram o problema.</p><p>Ensine às crianças que as suas únicas verdadeiras limitações são aquelas que</p><p>impõem a si próprias ou que deixam os outros semear nas suas próprias</p><p>mentes.</p><p>Ensine-lhes que o homem pode alcançar tudo o que conceber e acreditar!</p><p>Ensine às crianças que todas as escolas e todos os livros são elementos</p><p>essenciais que podem ser úteis no desenvolvimento das suas mentes, mas que a</p><p>única escola de real valor é a grande Universidade da Vida, onde se tem o</p><p>privilégio de aprender com a experiência.</p><p>Ensine as crianças a serem sempre verdadeiras consigo mesmas e, dado que</p><p>não podem agradar a todos, pelo menos que consigam agradar a si próprias.</p><p>P – É uma lista imponente, mas parece-me óbvio que ela ignora praticamente</p><p>todas as disciplinas que agora são ensinadas nas escolas. Era essa a intenção?</p><p>R – Sim. Pediu-me uma lista de mudanças sugeridas no currículo escolar que</p><p>beneficiariam as crianças e foi isso o que lhe dei.</p><p>P – Algumas das mudanças que sugere são tão radicais que chocariam a</p><p>maioria dos educadores de hoje, não concorda?</p><p>R – A maioria dos educadores de hoje precisa deste choque. Um bom choque</p><p>normalmente ajuda o cérebro atrofiado pelo hábito.</p><p>P – As mudanças que sugere para as escolas dariam imunidade às crianças</p><p>contra o hábito do alheamento?</p><p>R – Sim, esse seria um dos resultados que as mudanças trariam, mas existem</p><p>também outros.</p><p>Não posso dizer que concordo com todas as coisas da lista do Diabo. No</p><p>entanto, quando parei para analisar a lista de recomendações, a questão</p><p>surgiu na minha mente: Não será isto o que as nossas escolas deviam</p><p>ensinar aos nossos filhos? O Diabo sabia disto e nós não?!?</p><p>Quem me dera que Hill se tivesse lembrado de perguntar por que razão as</p><p>nossas escolas são como são – e onde são – ou o que e onde não são. Os</p><p>grandes eruditos que conceberam o nosso sistema escolar devem ter-se</p><p>apercebido da importância de, pelo menos, parte daquilo que o Diabo</p><p>professava que as nossas escolas deviam ensinar. Porque é que estas</p><p>coisas não fazem parte do sistema? Como é que os arquitetos originais</p><p>daquilo que é hoje o nosso sistema de educação obrigatória estavam tão</p><p>longe do alvo? O Diabo declarou que o sistema escolar é um dos seus</p><p>principais veículos para criar e sustentar o seu grande exército de</p><p>alheados. Será?</p><p>P – Como é que as mudanças sugeridas podiam ser aplicadas no sistema</p><p>escolar? Claro que sabe que é tão difícil programar uma nova ideia no cérebro</p><p>de um professor como é levar um líder religioso a modificar a religião para</p><p>poder ajudar as pessoas a obterem mais da vida.</p><p>Qualquer um que tenha tentado fazer alterações no sistema escolar</p><p>público está provavelmente a concordar neste momento.</p><p>R – A maneira mais certa e mais rápida para aplicar estas ideias práticas no</p><p>sistema escolar é, primeiro, introduzi-las através de escolas privadas e</p><p>estabelecer uma exigência para o seu uso nas escolas públicas, de tal forma que</p><p>os reitores dessas escolas se sintam compelidos a empregá-las.</p><p>P – Deviam ser feitas outras mudanças no sistema das escolas?</p><p>R – Sim, muitas. Entre outras mudanças necessárias em todos os programas</p><p>escolares está o acréscimo de um curso completo de formação sobre a</p><p>psicologia de negociação harmoniosa entre as pessoas. Todas as crianças</p><p>deveriam ser educadas na arte da venda de modo a criar o mínimo de atritos na</p><p>vida.</p><p>Todas as escolas deviam ensinar os princípios da realização individual</p><p>através dos quais se pode obter uma posição de independência financeira.</p><p>As turmas deviam ser completamente abolidas e substituídas por um sistema</p><p>de mesa-redonda ou de conferência, como é usado pelos homens de negócios.</p><p>Todos os estudantes deviam receber instruções individuais e orientação ligada</p><p>às disciplinas que não podem ser ensinadas de forma adequada em grupos.</p><p>Todas as escolas deviam ter um grupo auxiliar de instrutores constituído por</p><p>homens de negócios e profissionais, cientistas, artistas, engenheiros e</p><p>jornalistas, e cada um partilharia com todos os alunos o conhecimento prático</p><p>da sua própria profissão, negócio ou ocupação. Este ensino devia ser conduzido</p><p>no sistema de conferência, de forma a poupar tempo aos instrutores.</p><p>P – O que está a sugerir é, com efeito, um sistema auxiliar de instrução que</p><p>daria a todos os alunos um conhecimento mais profissional dos assuntos</p><p>práticos da vida diretamente da fonte original. É essa a ideia?</p><p>R – Expôs a ideia corretamente.</p><p>Este é outro assunto que me parece muito atual. O meu marido lembra-se</p><p>que, no princípio da década de 1970, em Nova Jérsia, uma das</p><p>organizações em que ele estava envolvido reuniu um grupo de cientistas e</p><p>empresários para dar cursos básicos – por exemplo, matemática e física –</p><p>na sua área como voluntários nas escolas. Mas foi-lhes dito que, uma vez</p><p>que cientistas e empresários não eram professores profissionais, eles não</p><p>eram bem-vindos. Mais recentemente, a missão de proporcionar um</p><p>ensino prático nas escolas foi popularizada por vários grupos (Teach for</p><p>America, America Saves, Junior Achievement), mas ainda é vista como</p><p>material especial e não como parte do currículo escolar essencial.</p><p>Esta e muitas outras mudanças na forma como o conteúdo, o contexto,</p><p>os princípios e as capacidades são dadas às nossas crianças no nosso</p><p>sistema obrigatório de educação deviam ser incluídas como parte de um</p><p>processo interativo e experimental que vai determinar como as nossas</p><p>crianças vivem a vida – e o impacto que elas terão neste mundo complexo</p><p>onde vivemos. O desafio é este: como é que integramos tudo num</p><p>programa que possa ser implementado sistematicamente de maneira a ser</p><p>orientado para o sucesso, recompensador e satisfatório para todos os</p><p>participantes de igual forma, crianças e adultos? Estou feliz e orgulhosa</p><p>por dizer que trabalho com grupos que conceberam tais programas – e</p><p>estão a levar estes programas para a frente com definição de propósito.</p><p>A visão de futuro – como a sua – é ter um sistema educativo que evolua</p><p>para uma força poderosa, capaz de produzir membros da sociedade</p><p>motivados, confiantes e de pensamento independente e que contribuam de</p><p>forma positiva. E que sejam também capazes de produzir algo mais</p><p>importante – gerações futuras prontas e capazes de trabalhar num mundo</p><p>complexo, de viver com sucesso e tirar prazer em qualificar-se a si e aos</p><p>outros, e em fazer uma diferença real e duradoura no mundo como</p><p>cidadãos informados, responsáveis, envolvidos, cada um com definição</p><p>de propósito!</p><p>P – Vamos esquecer um pouco o sistema escolar por agora e voltar às igrejas</p><p>por um momento. Toda a minha vida ouvi clérigos a pregarem contra o pecado</p><p>e a avisarem os pecadores para estarem atentos e se arrependerem, para</p><p>poderem ser salvos. Mas nunca ouvi nenhum deles dizer-me o que é o pecado.</p><p>Pode esclarecer-me sobre esta questão?</p><p>R</p><p>– O pecado é algo que alguém faz ou pensa e que causa infelicidade a outro!</p><p>Os seres humanos que estão em perfeita saúde física e espiritual devem sentir-</p><p>se em paz consigo mesmos e sempre felizes. Qualquer forma de desgraça</p><p>mental ou física indica a presença do pecado.</p><p>P – Nomeie algumas das formas comuns de pecado.</p><p>R – Comer em excesso é uma forma de pecado, porque leva à perda da saúde e</p><p>à infelicidade.</p><p>O excesso de sexo é um pecado porque enfraquece a força de vontade e</p><p>conduz ao hábito do alheamento.</p><p>Permitir que a mente seja dominada por pensamentos negativos de inveja,</p><p>ganância, medo, ódio, intolerância, vaidade, autopiedade ou desencorajamento</p><p>é uma forma de pecado, porque esses estados mentais levam para o hábito do</p><p>alheamento.</p><p>Enganar, mentir e roubar também são pecados, porque esses hábitos</p><p>destroem o respeito próprio, reprimem a consciência e levam à infelicidade.</p><p>Permanecer na ignorância também é pecado, porque leva à pobreza e à perda</p><p>da autoconfiança.</p><p>Aceitar da vida qualquer coisa que não se queira é pecado, porque isso indica</p><p>uma forma imperdoável de negligenciar o uso da mente.</p><p>P – É um pecado alhear-se através da vida, sem um objetivo definido, um plano</p><p>ou um propósito?</p><p>R – Sim, porque este hábito leva à pobreza e destrói o privilégio da</p><p>autodeterminação. E também priva uma pessoa do privilégio de usar a sua</p><p>própria mente como um meio de contacto com a Inteligência Infinita.</p><p>P – Sua Majestade é o principal inspirador do pecado?</p><p>R – Sim! O meu interesse é controlar a mente das pessoas de todos os meios</p><p>possíveis.</p><p>P – Consegue controlar a mente de uma pessoa que não comete pecados?</p><p>R – Não consigo, porque essa pessoa nunca permite que a sua mente seja</p><p>dominada por qualquer forma de pensamento negativo. Não consigo entrar na</p><p>mente de quem não peca, muito menos controlá-la.</p><p>P – Qual é o pecado mais comum e destrutivo de todos?</p><p>R – O medo e a ignorância.</p><p>P – Não tem mais nada para acrescentar à lista?</p><p>R – Não há mais nada a acrescentar.</p><p>P – O que é a fé?</p><p>R – É um estado mental que reconhece e utiliza o poder do pensamento</p><p>positivo como meio para tirar proveito da central universal da Inteligência</p><p>Infinita.</p><p>P – Por outras palavras, a fé é a ausência de todas as formas de pensamento</p><p>negativo. É essa a ideia?</p><p>R – Sim, essa é outra forma de a descrever.</p><p>P – Um alheado possui a capacidade de usar a fé?</p><p>R – Ele pode ter essa capacidade, mas não a utiliza. Todos têm a força potencial</p><p>para esvaziar a mente de todos os pensamentos negativos e, dessa forma,</p><p>servir-se do poder da fé.</p><p>P – Colocando a questão de outra forma, a fé é a definição de propósito</p><p>apoiada pela crença na obtenção do objetivo desse propósito. Isso está correto?</p><p>R – Essa é exatamente a ideia.</p><p>A fé é “um estado mental que reconhece e utiliza o poder do</p><p>pensamento positivo como meio para tirar proveito da central</p><p>universal da Inteligência Infinita”.</p><p>******************</p><p>Hill resume sucintamente a definição:</p><p>“A fé é a definição de propósito apoiada pela crença na obtenção do</p><p>objetivo desse propósito.”</p><p>CAPÍTULO DEZ</p><p>AUTODISCIPLINA</p><p>P – A que tipo de preparação devemos submeter-nos antes de podermos</p><p>avançar com a definição de propósito permanentemente?</p><p>R – A pessoa deve ter domínio sobre si mesma. Este é o segundo dos sete</p><p>princípios. A pessoa que não se controla a si mesma jamais poderá ser líder de</p><p>outras. A falta de autodomínio é, por si só, a forma mais destrutiva de</p><p>indefinição.</p><p>“A pessoa que não se controla a si mesma jamais poderá ser líder de</p><p>outras.”</p><p>Como isto é verdade! Lembre-se dos nossos líderes políticos que caíram</p><p>em desgraça porque não conseguiram controlar o seu próprio</p><p>comportamento. Como podemos confiar que controlem o nosso?</p><p>P – Por onde deve uma pessoa começar para se controlar a si mesma?</p><p>R – Dominando os três apetites responsáveis pela maior parte da falta de</p><p>autodisciplina das pessoas. Os três apetites são: (1) o desejo de comida, (2) o</p><p>desejo de sexo e (3) o desejo de exprimir opiniões inexatas.</p><p>P – O homem possui outros apetites que devam ser controlados?</p><p>R – Sim, muitos outros, mas estes três são os que devem ser conquistados</p><p>primeiro. Quando um homem domina estes três desejos, desenvolve a</p><p>autodisciplina suficiente para conquistar todos os de menor importância.</p><p>P – Mas esses desejos são naturais. Eles devem ser satisfeitos se a pessoa for</p><p>saudável e feliz.</p><p>R – Deve certificar-se de que são desejos naturais, mas também são perigosos</p><p>porque as pessoas que não possuem autodomínio abusam dos desejos. O</p><p>autodomínio contempla um controlo suficiente sobre os desejos que nos</p><p>permite alimentá-los com o que precisam e reter o alimento que não é</p><p>necessário.</p><p>P – O seu ponto de vista é tão interessante como educativo. Descreva os</p><p>pormenores para que eu possa compreender como e em que circunstâncias as</p><p>pessoas se excedem nos seus desejos.</p><p>R – Temos, por exemplo, o desejo de comida. A maioria das pessoas é tão fraca</p><p>na autodisciplina, que enche o estômago com combinações de alimentos</p><p>altamente calóricos, que satisfazem o paladar, mas que abusam dos órgãos da</p><p>digestão e da eliminação.</p><p>Põem no estômago tanta quantidade e combinações de alimentos que o corpo</p><p>só consegue descartar convertendo a comida em toxinas venenosas.</p><p>Estes venenos entopem e estagnam o sistema excretor do organismo até</p><p>diminuir o seu trabalho de eliminação desse desperdício. Após algum tempo, o</p><p>sistema gastrointestinal deixa de funcionar e a vítima tem o que se chama de</p><p>“obstipação”.</p><p>Nesse momento, já estará pronta para ir para o hospital. A autointoxicação,</p><p>ou envenenamento do sistema gastrointestinal, leva o cérebro a transformar-se</p><p>em algo parecido com uma massa pastosa.</p><p>A vítima então torna-se lenta nos seus movimentos físicos e mentalmente</p><p>irritada e irrequieta. Se ela pudesse sentir o cheiro do seu sistema</p><p>gastrointestinal, teria vergonha de se ver ao espelho.</p><p>Os sistemas excretores não são os lugares mais agradáveis quando ficam</p><p>entupidos, mas são limpos e suaves comparados com o sistema gastrointestinal</p><p>quando está sobrecarregado ou obstipado. Esta não é uma história bonita para</p><p>ser associada ao ato agradável e necessário de comer, mas as coisas são assim,</p><p>porque comer em demasia e combinar alimentos de forma errada é o que causa</p><p>a autointoxicação.</p><p>As pessoas que comem com sensatez e mantêm os seus sistemas excretores</p><p>limpos dificultam o meu trabalho, porque um sistema intestinal em perfeito</p><p>funcionamento significa um corpo saudável e um cérebro que funciona de</p><p>forma apropriada.</p><p>Imagine – se a sua imaginação consegue chegar a tal ponto – como qualquer</p><p>ser humano poderia mover-se com definição de propósito se o seu sistema</p><p>intestinal tivesse uma quantidade de “veneno” suficiente para matar 100</p><p>pessoas, caso fosse injetado diretamente na corrente sanguínea.</p><p>Novamente, Napoleon Hill está muito avançado para o seu tempo. A</p><p>ciência acabou finalmente por chegar ao nível de Hill – e até ultrapassou</p><p>a sua intuição sobre os processos físicos e como se ligam com a saúde</p><p>mental e emocional.</p><p>P – E todo este problema é o resultado da falta de controlo sobre o apetite</p><p>físico por comida?</p><p>R – Bem, se deseja ser absolutamente correto, deveria dizer que comer de</p><p>forma errada é o responsável pela grande maioria dos males do corpo, e</p><p>praticamente de todas as dores de cabeça.</p><p>Se quer uma prova disso, selecione 100 pessoas que sofram de dores de</p><p>cabeça e dê a cada uma delas uma lavagem intestinal completa com um clister,</p><p>e verá que pelo menos 95 das dores de cabeça</p><p>desaparecem poucos minutos</p><p>após a limpeza dos intestinos.</p><p>P – De tudo o que diz sobre o trato intestinal, fico com a impressão de que o</p><p>domínio sobre o apetite físico por comida implica também o domínio sobre o</p><p>hábito de negligenciar e manter os intestinos limpos.</p><p>R – Sim, isso é verdade. Tão importante é eliminar as toxinas do organismo e</p><p>as porções não utilizadas de comida como é ingerir a quantidade certa e as</p><p>combinações adequadas de alimentos.</p><p>P – Nunca pensei na autointoxicação como sendo um dos seus instrumentos de</p><p>controlo sobre as pessoas e estou completamente chocado por saber quantas</p><p>pessoas são vítimas desse subtil inimigo. Vamos ouvir o que tem a dizer sobre</p><p>os outros dois desejos.</p><p>R – Bem, falemos do desejo por sexo. Essa é uma força com a qual controlo os</p><p>fracos e os fortes, os velhos e os jovens, os ignorantes e os sábios. De facto,</p><p>domino todos aqueles que negligenciam em dominar o desejo por sexo.</p><p>P – Como se pode dominar a emoção do sexo?</p><p>R – Pelo simples processo de transmutar essa emoção em alguma forma de</p><p>atividade que não seja a cópula. O sexo é uma das maiores forças motivadoras</p><p>dos seres humanos. Por causa disso, é também uma das forças mais perigosas.</p><p>Se os seres humanos conseguissem controlar os seus desejos por sexo e os</p><p>transformassem numa força dinamizadora que conseguissem utilizar nas suas</p><p>ocupações, ou seja, se gastassem no trabalho metade do tempo que perdem em</p><p>busca de sexo, nunca conheceriam a pobreza.</p><p>P – Está a dizer que existe uma relação entre sexo e pobreza?</p><p>R – Sim, quando o sexo não está sob controlo. Se lhe for permitido seguir o seu</p><p>curso natural, o sexo rapidamente leva a pessoa ao hábito do alheamento.</p><p>P – Existe alguma relação entre sexo e liderança?</p><p>R – Sim, todos os grandes líderes, em todos os ramos da vida, são altamente</p><p>eróticos, mas eles seguem o hábito de controlar os seus desejos por sexo,</p><p>transformando-os numa força dinamizadora e motivando-os nas suas</p><p>profissões.</p><p>P – O vício do sexo é tão perigoso como o vício de drogas ou de álcool?</p><p>R – Não há diferença entre esses vícios. Ambos levam ao controlo hipnótico,</p><p>através do hábito do alheamento.</p><p>P – Porque é que o mundo olha para o sexo como algo vulgar?</p><p>R – Devido ao abuso que as pessoas fizeram desta emoção. Não é o sexo que é</p><p>vulgar. É o indivíduo que negligencia ou se recusa a controlá-lo e a guiá-lo.</p><p>P – Quer dizer, com a sua afirmação, que não se deve satisfazer o desejo por</p><p>sexo?</p><p>R – Não, eu quero dizer que o sexo, como todas as outras forças à disposição</p><p>do homem, deve ser entendido, dominado e feito para servir o homem. O</p><p>desejo por sexo é tão natural como o desejo por comida. É impossível pôr fim</p><p>ao desejo como é impossível impedir um rio de correr. Se a emoção do sexo for</p><p>desligada do seu modo de expressão natural, ela transforma-se noutras formas</p><p>menos desejáveis, do mesmo modo que um rio, se tiver uma represa, tenta fluir</p><p>em volta dela. A pessoa que possui autodisciplina entende a emoção do sexo,</p><p>respeita-a e aprende a controlá-la e a transformá-la em atividades construtivas.</p><p>P – Quais são os danos do desejo excessivo por sexo?</p><p>R – O maior dos danos é que ele priva a fonte de uma das maiores forças</p><p>dinamizadoras do homem e desperdiça, sem uma compensação adequada, a</p><p>energia criativa do homem.</p><p>Dissipa a energia necessária pela natureza para manter a saúde física. O sexo</p><p>é a força terapêutica mais útil da natureza.</p><p>Esgota a energia magnética que é a fonte de uma personalidade atrativa e</p><p>agradável.</p><p>Remove o brilho dos olhos e gera a discórdia no tom de voz da pessoa.</p><p>Destrói o entusiasmo, acaba com a ambição e leva inevitavelmente ao vício</p><p>do alheamento, em todos os assuntos.</p><p>P – Gostaria que respondesse à minha pergunta de outra forma, dizendo-me</p><p>quais os fins benéficos que a emoção do sexo pode proporcionar, se for</p><p>dominada e transformada.</p><p>R – O sexo controlado fornece a força magnética que atrai as pessoas umas</p><p>para as outras. É o fator mais importante de uma personalidade agradável.</p><p>Dá qualidade ao tom de voz e permite exprimir através da voz um sentimento</p><p>desejado.</p><p>Serve, melhor do que qualquer coisa, para dar força motivacional aos desejos</p><p>de uma pessoa.</p><p>Mantém o sistema nervoso carregado com a energia necessária para levar a</p><p>cabo o trabalho de manter o corpo a funcionar.</p><p>Aperfeiçoa a imaginação e permite que a pessoa crie ideias úteis.</p><p>Fornece agilidade e definição aos movimentos físicos e mentais.</p><p>Dá à pessoa persistência e perseverança na procura pelo objetivo maior na</p><p>vida.</p><p>É um grande antídoto para todos os medos.</p><p>Fornece imunidade contra o desencorajamento.</p><p>Ajuda a dominar a preguiça e a procrastinação.</p><p>Dá à pessoa resistência física e mental nos momentos em que se passa por</p><p>alguma forma de fracasso ou revés.</p><p>Fornece as qualidades necessárias para lutar sejam quais forem as</p><p>circunstâncias.</p><p>Em suma, cria vencedores, e não desistentes.</p><p>P – Essas são as vantagens que afirma estarem relacionadas com a energia</p><p>controlada do sexo?</p><p>R – Não, são apenas alguns dos seus benefícios mais importantes. Talvez</p><p>alguns acreditem que a maior de todas as virtudes do sexo é ser o método que a</p><p>natureza utiliza para perpetuar todos os seres vivos do planeta. Só isso já deve</p><p>eliminar todo o pensamento de que o sexo é algo vulgar.</p><p>P – Pelo que diz, devo perceber que a emoção do sexo é uma virtude e não um</p><p>defeito?</p><p>R – É uma virtude quando controlada e direcionada para obter fins desejáveis.</p><p>É um defeito quando é negligenciada e nos leva a atos de luxúria.</p><p>P – Porque é que essas verdades não são ensinadas às crianças pelos pais e</p><p>pelas escolas?</p><p>R – A negligência deve-se à ignorância sobre a verdadeira natureza do sexo. É</p><p>tão necessário para manter a saúde compreender e usar adequadamente a</p><p>emoção do sexo como é manter o sistema intestinal limpo. Os dois temas</p><p>deviam ser ensinados em todas as escolas e em todas as casas onde haja</p><p>crianças.</p><p>P – A maioria dos pais precisa de instruções sobre a função e o uso adequado</p><p>do sexo antes de poderem ensinar os seus filhos de forma inteligente?</p><p>R – Sim, e o mesmo se aplica aos professores das escolas.</p><p>P – Qual o grau de importância que daria à necessidade de conhecimento</p><p>detalhado sobre sexo?</p><p>R – Está próximo do topo da lista. Há apenas uma coisa de maior importância</p><p>para os seres humanos: pensar com exatidão.</p><p>“Há apenas uma coisa de maior importância para os seres humanos:</p><p>pensar com exatidão.”</p><p>P – Está a afirmar que o conhecimento das verdadeiras funções do sexo e a</p><p>capacidade para pensar com exatidão são as duas coisas de maior importância</p><p>para a humanidade?</p><p>R – Era isso que eu queria que entendesse. Pensar com exatidão vem em</p><p>primeiro, porque é a solução para todos os problemas do homem, a resposta a</p><p>todas as suas preces, a fonte da opulência e de todas as posses materiais. O</p><p>pensamento exato é auxiliado pela emoção do sexo adequadamente controlada</p><p>e direcionada, porque a emoção do sexo é a mesma energia que o homem usa</p><p>para pensar. Começa com todos os que desejam ter autodeterminação suficiente</p><p>para pagar o seu preço. Ninguém consegue ser inteiramente livre – espiritual,</p><p>mental, física e economicamente – sem aprender a arte do pensamento exato.</p><p>Ninguém consegue aprender a pensar com exatidão sem incluir, como parte do</p><p>conhecimento necessário, informações sobre o controlo da emoção do sexo</p><p>através da transmutação.</p><p>P – Será uma grande surpresa para muitas pessoas saber que existe uma relação</p><p>próxima entre o pensamento e a emoção do sexo. Fale-nos, agora, sobre o</p><p>terceiro desejo e vejamos o que isso tem que ver com autodisciplina.</p><p>R – O hábito de exprimir opiniões imprecisas e desorganizadas é um dos</p><p>hábitos mais</p><p>destrutivos. O poder destrutivo consiste na tendência para</p><p>influenciar as pessoas para adivinharem em vez de procurarem os factos</p><p>quando formam opiniões, criam ideias ou organizam planos.</p><p>O hábito desenvolve uma espécie de “mente gafanhoto” – é aquela mente</p><p>que pula de uma coisa para outra, mas que nunca chega a completar nenhuma.</p><p>E, claro, o descuido ao exprimir opiniões leva ao hábito do alheamento. A</p><p>partir daí é apenas um passo ou dois até que alguém fique limitado pela lei do</p><p>ritmo hipnótico, que, automaticamente, inibe o pensamento exato.</p><p>“O hábito de exprimir opiniões imprecisas e desorganizadas é um dos</p><p>hábitos mais destrutivos.”</p><p>P – Que outras desvantagens existem na livre expressão de opiniões?</p><p>R – A pessoa que fala demais acaba por informar o mundo dos seus planos e</p><p>objetivos e dá aos outros a oportunidade de lucrarem com as suas ideias.</p><p>Os homens sensatos guardam os seus planos para si próprios e evitam</p><p>exprimir opiniões indesejadas. Isso evita que os outros se apropriem das suas</p><p>ideias e que interfiram nos seus planos.</p><p>P – Porque é que tantas pessoas caem no hábito de exprimir opiniões não</p><p>solicitadas?</p><p>R – Esse hábito é uma forma de exprimir egocentrismo e vaidade. O desejo da</p><p>autoexpressão é inato nas pessoas. O motivo por trás do hábito é atrair a</p><p>atenção de outros e impressioná-los favoravelmente. Na verdade, acaba por ter</p><p>o efeito contrário. Quando o orador atrai a atenção, ela geralmente é</p><p>desfavorável.</p><p>P – Sim, e quais são as outras desvantagens desse hábito?</p><p>R – A pessoa que insiste em falar raramente tem a oportunidade de aprender</p><p>ouvindo os outros.</p><p>P – Mas não é verdade que um orador intenso tende a colocar-se no caminho</p><p>da oportunidade para se beneficiar atraindo a atenção de outros através do</p><p>poder da sua oratória?</p><p>R – Sim, um orador que tem o dom da fala possui um ativo de tremendo valor</p><p>na capacidade de impressionar as pessoas com o seu discurso, mas não</p><p>consegue fazer o melhor uso desse ativo se forçar o seu discurso nas pessoas</p><p>que não o solicitaram. Nenhuma qualidade é tão importante para a</p><p>personalidade de uma pessoa do que a capacidade de falar com emoção, força e</p><p>convicção, mas o orador nunca deve impor o seu discurso aos outros sem ter</p><p>sido convidado a fazê-lo. Há um velho ditado que diz que nada vale mais do</p><p>que o seu verdadeiro valor. Isso tanto se aplica à livre expressão de opiniões</p><p>indesejadas como às coisas materiais.</p><p>P – E as pessoas que exprimem as suas opiniões voluntariamente por escrito?</p><p>Elas também sofrem de falta de autodisciplina?</p><p>R – Um dos piores parasitas na Terra é a pessoa que escreve cartas indesejadas</p><p>a pessoas de destaque. Políticos, estrelas do cinema, empresários bem-</p><p>sucedidos, ou até mesmo escritores de bestsellers, e ainda pessoas cujos nomes</p><p>aparecem frequentemente nos jornais, que são continuamente assediados por</p><p>pessoas que escrevem cartas exprimindo as suas opiniões sobre todos os</p><p>assuntos.</p><p>P – Mas escrever cartas não solicitadas é uma forma inofensiva de encontrar o</p><p>prazer através da autoexpressão, não é? Que dano provoca uma pessoa com</p><p>esse hábito?</p><p>Lembre-se que escrever cartas era quase a única maneira de comunicar de</p><p>forma escrita quando Napoleon Hill escreveu este manuscrito. Ao ler,</p><p>imagine como os seus pensamentos se aplicariam ao mundo de hoje com</p><p>os blogues e as redes sociais.</p><p>R – Os hábitos são contagiosos. Todo o hábito atrai um conjunto de hábitos</p><p>relacionados. O hábito de fazer qualquer coisa inútil leva à formação de outros</p><p>hábitos que também são inúteis, especialmente o hábito do alheamento.</p><p>Mas há mais perigos associados ao hábito do prazer de escrever opiniões não</p><p>solicitadas. O hábito cria inimigos e coloca nas suas mãos armas perigosas com</p><p>as quais podem causar grandes prejuízos aos que insistem em mantê-los.</p><p>Ladrões, impostores e chantagistas pagam preços elevados pelos nomes e</p><p>endereços de escritores de cartas indesejadas, sabendo que eles acabam por</p><p>tornar-se vítimas fáceis de todo o tipo de esquemas que resultam na perda do</p><p>seu dinheiro. Eles referem-se aos escritores de tais cartas como “doidos”. Se</p><p>deseja saber quão idiotas essas pessoas são, leia a coluna de cartas de leitores</p><p>de qualquer jornal – a coluna na qual o jornal publica opiniões voluntárias dos</p><p>seus leitores – e verá por si mesmo como os escritores de tais cartas</p><p>antagonizam pessoas e convidam muitas outras a opor-se.</p><p>P – Sua Majestade, não sabia que as pessoas podiam criar tanta confusão</p><p>apenas por exprimirem opiniões não solicitadas, mas agora que mencionou o</p><p>assunto, lembro-me de ter escrito ao editor de uma proeminente revista uma</p><p>carta com uma crítica indesejada, e que me custou uma excelente posição na</p><p>sua empresa com um salário alto.</p><p>R – Esse exemplo é perfeito. O lugar adequado para começar a autodisciplina é</p><p>exatamente onde está. O modo para começar é exatamente reconhecendo a</p><p>verdade – que não há nada bom nem mau nas miríades do universo com o mais</p><p>ínfimo poder para influenciar um ser humano, exceto a natureza e os próprios</p><p>seres humanos.</p><p>Não existe nenhum ser humano vivo, que já tenha vivido ou que venha a</p><p>viver que tenha o direito ou o poder de privar outro ser humano do seu</p><p>privilégio inato de pensamento livre e independente. Esse privilégio é o único</p><p>sobre o qual qualquer pessoa pode ter controlo absoluto. Nenhum ser humano</p><p>adulto perde o direito à liberdade de pensamento, mas muitos perdem os</p><p>benefícios deste privilégio por negligência ou porque lhes foi tirado pelos seus</p><p>pais ou instrutores religiosos antes da idade do entendimento. Estas verdades</p><p>são evidentes e não são menos importantes por serem chamadas à sua atenção</p><p>pelo Diabo em vez de pela minha oposição.</p><p>Hill distingue o nosso direito a ter pensamentos independentes da nossa</p><p>expressão indesejada desses pensamentos. Como aplicaria este princípio</p><p>no mundo atual dos blogues e das redes sociais?</p><p>P – Mas onde é que as pessoas se vão apoiar no momento de uma emergência</p><p>quando não souberem a quem ou ao que apelar?</p><p>R – Deixe-as apoiarem-se no único poder fiável disponível para qualquer ser</p><p>humano.</p><p>P – E que poder é esse?</p><p>R – Eles mesmos! O poder dos seus próprios pensamentos. O único poder que</p><p>eles podem controlar e no qual se podem apoiar. A única força que não pode</p><p>ser distorcida, pintada, mexida e falsificada pelos outros seres humanos mal-</p><p>intencionados.</p><p>“O único poder fiável disponível para qualquer ser humano… O</p><p>poder dos seus próprios pensamentos. O único poder que eles podem</p><p>controlar e no qual se podem apoiar.”</p><p>*****************</p><p>Pode não conseguir controlar outras pessoas… mas pode controlar a</p><p>forma como reage a elas e às suas ações. Isto é fácil de dizer, mas muito</p><p>difícil de fazer. Temos tendência a mudar outras pessoas quando podemos</p><p>verdadeiramente apenas mudar-nos a nós próprios e à forma como</p><p>reagimos aos outros.</p><p>P – Tudo o que diz parece lógico, mas porque tenho de vir justamente ao Diabo</p><p>para descobrir tais verdades tão profundas? Vamos voltar aos sete princípios. Já</p><p>revelou informação suficiente que mostra claramente que o segredo para</p><p>quebrar o poder do ritmo hipnótico está nesses sete princípios. Também</p><p>mostrou que o mais importante de todos estes princípios é a autodisciplina.</p><p>Agora descreva os outros cinco princípios que ainda não mencionou, e indique</p><p>a sua função na autodisciplina.</p><p>R – Primeiro, deixe-me resumir essa parte da minha confissão revelada até</p><p>agora.</p><p>Contei-lhe que os meus dois instrumentos mais eficazes para dominar os</p><p>seres humanos são o hábito do alheamento e a lei do ritmo hipnótico. Mostrei-</p><p>lhe que alhear-se não é uma lei natural,</p><p>mas sim um hábito praticado pelo</p><p>homem que o leva a submeter-se à lei do ritmo hipnótico.</p><p>Os sete princípios são os meios pelos quais o homem pode quebrar o padrão</p><p>do ritmo hipnótico e assumir novamente o controlo da sua própria mente.</p><p>Dessa forma, os sete princípios são os sete passos que levam as vítimas do</p><p>ritmo hipnótico a sair das prisões autoimpostas.</p><p>P – Os sete princípios são a chave-mestra que abre as portas para a</p><p>autodeterminação espiritual, mental e económica? Isso é verdade?</p><p>R – Sim, essa é outra forma de dizer a verdade.</p><p>CAPÍTULO ONZE</p><p>APRENDER</p><p>COM A</p><p>ADVERSIDADE</p><p>P – Alguma vez o fracasso é um benefício para o homem?</p><p>R – Sim. Na verdade, aprender com a adversidade é o terceiro dos sete</p><p>princípios. Mas poucas pessoas sabem que cada adversidade traz consigo a</p><p>semente de uma vantagem equivalente. E menos pessoas ainda sabem a</p><p>diferença entre derrota temporária e fracasso. Se esse conceito fosse do</p><p>conhecimento geral, eu ficaria privado de uma das minhas armas mais</p><p>poderosas de controlo dos seres humanos.</p><p>P – Mas tinha dito que o fracasso era um dos seus grandes aliados. Tive a</p><p>impressão, pela sua confissão, que o fracasso leva as pessoas a perderem a</p><p>ambição e a deixarem de tentar, e depois apodera-se delas sem qualquer tipo de</p><p>oposição da parte delas.</p><p>R – Esse é justamente o ponto. Apodero-me delas no exato momento em que</p><p>elas desistem de tentar. Se elas soubessem a diferença entre derrota temporária</p><p>e fracasso, não desistiriam quando se deparam com adversidades na vida. Se</p><p>soubessem que cada forma de derrota, e todos os fracassos, trazem consigo a</p><p>semente de uma nova oportunidade, continuariam a lutar e a vencer. O sucesso</p><p>normalmente está a um passo muito curto do ponto em que se desiste de lutar.</p><p>P – Isso é tudo o que se pode aprender sobre a adversidade, a derrota e o</p><p>fracasso?</p><p>R – Não, esse é o mínimo que se pode aprender. Detesto dizer isso, mas o</p><p>fracasso normalmente serve como uma bênção disfarçada, porque ele quebra o</p><p>padrão do ritmo hipnótico e liberta a mente para um novo começo.</p><p>P – Agora estamos a chegar a algum lado. Confessou, finalmente, que até a lei</p><p>natural do ritmo hipnótico pode ser, e normalmente é, anulada pela própria</p><p>natureza. Isso está correto?</p><p>R – Não, essa não é a forma correta e exata de abordar este assunto. A natureza</p><p>nunca anula nenhuma das suas leis naturais. A natureza nunca tira a liberdade</p><p>de pensamento de um ser humano através do ritmo hipnótico. O indivíduo</p><p>abdica da sua liberdade por abusar dessa lei. Se um homem saltasse de uma</p><p>árvore e morresse pelo impacto súbito do seu corpo na terra, através da lei da</p><p>gravidade, não diria que a natureza o assassinou, pois não? Provavelmente,</p><p>diria que o homem negligenciou relacionar-se apropriadamente com a lei da</p><p>gravidade.</p><p>P – Estou a começar a compreender. A lei do ritmo hipnótico tem uma</p><p>aplicação negativa e positiva. Ela pode arrastar uma pessoa para a escravatura</p><p>através da perda do privilégio da liberdade de pensamento, ou pode ajudar uma</p><p>pessoa a alcançar o topo das suas realizações através da livre utilização dos</p><p>seus pensamentos, dependendo da forma como o indivíduo se relaciona com a</p><p>lei. É isso?</p><p>R – Agora já percebeu.</p><p>P – E sobre o fracasso? Ninguém fracassa intencionalmente, pensando</p><p>deliberadamente em falhar. Ninguém estimula a derrota temporária. São</p><p>circunstâncias sobre as quais o indivíduo não possui qualquer tipo de controlo.</p><p>Como é que se pode dizer que a natureza não tira a liberdade de pensamento</p><p>quando na verdade o fracasso destrói a ambição, a força de vontade e a</p><p>autoconfiança essenciais para um novo começo?</p><p>R – O fracasso é uma circunstância provocada pelo homem. Nunca é real até</p><p>que seja aceite pelo homem como permanente. Dito de outra forma, o fracasso</p><p>é um estado de espírito; por isso, é algo que um indivíduo pode controlar até se</p><p>negar a exercer esse privilégio. A natureza não obriga as pessoas a fracassarem.</p><p>Mas impõe a sua lei de ritmo hipnótico sobre todas as mentes, e através desta</p><p>lei mantém em permanência todos os pensamentos que dominam essas mentes.</p><p>Por outras palavras, os pensamentos de fracasso são dominados pela lei do</p><p>ritmo hipnótico e tornados permanentes, se o indivíduo aceitar tais</p><p>circunstâncias como sendo um fracasso permanente. Essa mesma lei também</p><p>assume e torna permanentes os pensamentos de sucesso.</p><p>“O fracasso é um estado de espírito; por isso, é algo que um indivíduo</p><p>pode controlar até se negar a exercer esse privilégio.”</p><p>*********************</p><p>Pode isto ser verdade? Hill convenceu-o de que o “fracasso é uma</p><p>circunstância provocada pelo homem”? Acho que ele é bastante</p><p>persuasivo. Se eu olhar bem para a minha vida – os meus próprios</p><p>sucessos e fracassos na vida empresarial, erros e escolhas erradas – posso</p><p>afirmar que alguém além de mim pode ser responsabilizado? Será que um</p><p>inventário pessoal da sua vida produz resultados diferentes? Hill ajudou-</p><p>me a dar um valor diferente ao fracasso que eu dava antigamente…</p><p>P – Como é que o fracasso ajuda um indivíduo a quebrar o padrão do ritmo</p><p>hipnótico depois de essa lei estar fixada na mente da pessoa?</p><p>R – O fracasso traz consigo um clímax no qual uma pessoa tem o privilégio de</p><p>limpar a mente do medo e começar de novo noutra direção. O fracasso prova</p><p>conclusivamente que algo está errado com os objetivos da pessoa ou com os</p><p>planos através dos quais esses objetivos são almejados. O fracasso é o ponto</p><p>final do hábito que a pessoa tem seguido, e, quando é alcançado, ele obriga a</p><p>pessoa a deixar esse caminho e a seguir por outro, criando assim um novo</p><p>ritmo.</p><p>Mas o fracasso faz mais do que isso. Dá ao indivíduo uma oportunidade para</p><p>se testar a si próprio e, assim, perceber a força de vontade que possui. O</p><p>fracasso também força as pessoas a aprenderem muitas verdades que nunca</p><p>descobririam sem ele. O fracasso normalmente leva o indivíduo a compreender</p><p>o poder da autodisciplina, sem a qual ninguém poderia voltar atrás depois de</p><p>ter sido vítima do ritmo hipnótico.</p><p>Estude a vida de todas as pessoas que alcançaram um sucesso fantástico, em</p><p>qualquer ramo de atividade, e observe que o seu sucesso é, em geral,</p><p>diretamente proporcional às suas experiências antes de serem bem-sucedidos.</p><p>“O fracasso traz consigo um clímax no qual uma pessoa tem o</p><p>privilégio de limpar a mente do medo e começar de novo noutra</p><p>direção.”</p><p>P – É tudo o que tem a dizer sobre as vantagens do fracasso?</p><p>R – Não, ainda mal comecei. Se deseja o verdadeiro significado da</p><p>adversidade, do fracasso, da derrota e de todas as outras experiências que</p><p>quebram os hábitos do ser humano e o obrigam a formar novos hábitos,</p><p>observe a natureza no seu trabalho. A natureza usa a doença para quebrar o</p><p>ritmo físico do corpo, quando as células e os órgãos entram em rota de colisão.</p><p>Usa as crises económicas para quebrar o ritmo do pensamento em massa,</p><p>quando um grande número de pessoas se relaciona mal – através de negócios,</p><p>atividades sociais e políticas. E usa o fracasso para quebrar o ritmo do</p><p>pensamento negativo, quando um indivíduo se relaciona mal consigo mesmo</p><p>na sua própria mente.</p><p>Observe com cuidado e verá que, em toda a natureza, há sempre uma lei</p><p>natural que proporciona uma eterna mudança de toda a matéria, de toda a</p><p>energia e de todo o poder do pensamento. A única coisa permanente em todos</p><p>os universos é a mudança. A mudança eterna e inexorável – através da qual</p><p>todos os átomos da matéria e toda a unidade de energia possuem a</p><p>oportunidade de se relacionarem apropriadamente com outras</p><p>unidades de</p><p>matéria e energia, e cada ser humano tem a oportunidade e o privilégio de se</p><p>relacionar apropriadamente com todos os outros seres humanos,</p><p>independentemente da quantidade de erros que cometa, ou de quantas vezes e</p><p>de que maneiras possa ser derrotado.</p><p>Quando o fracasso em massa toma conta de uma nação, como aconteceu na</p><p>Grande Depressão de 1929, a circunstância está em perfeita harmonia com os</p><p>planos da natureza para quebrar os hábitos dos homens e providenciar novas</p><p>oportunidades.</p><p>A beleza de publicar este livro agora, durante o atual tumulto económico,</p><p>é que a natureza está novamente a quebrar os hábitos do homem e a</p><p>apresentar novas oportunidades.</p><p>P – O que está a dizer é intrigante. Devo compreender que o ritmo hipnótico</p><p>tem algo que ver com a forma como as pessoas se relacionam umas com as</p><p>outras?</p><p>R – Essa coisa esquiva e abstrata chamada caráter nada mais é do que uma</p><p>manifestação da lei do ritmo hipnótico. Por isso, quando se fala do caráter de</p><p>alguém, seria mais apropriado dizer-se que os seus hábitos de pensamento</p><p>foram cristalizados numa personalidade positiva ou negativa através da lei do</p><p>ritmo hipnótico. Uma pessoa é boa ou má devido à junção dos seus</p><p>pensamentos com as suas ações através desta lei. Uma pessoa está ligada à</p><p>pobreza ou é abençoada com a abundância por causa das suas aspirações,</p><p>planos e desejos, ou pela falta deles, que, por sua vez, são tornados</p><p>permanentes e reais pelo ritmo hipnótico.</p><p>P – Isso é tudo o que tem a dizer sobre a ligação entre o ritmo hipnótico e as</p><p>relações humanas?</p><p>R – Não, ainda agora comecei. Lembre-se que, enquanto estou a falar, estou a</p><p>mencionar a influência do ritmo hipnótico conectado com todas as relações</p><p>humanas. As pessoas que são bem-sucedidas nos negócios são-no inteiramente</p><p>devido à forma como se relacionam com os seus sócios e com os outros fora do</p><p>âmbito profissional.</p><p>Os profissionais que são bem-sucedidos são-no principalmente devido à</p><p>forma como se relacionam com os seus clientes. É muito mais importante para</p><p>o advogado conhecer as pessoas e as leis da natureza do que conhecer a lei</p><p>jurídica. E o médico é um fracasso antes mesmo de começar, exceto se souber</p><p>como se relacionar com os seus pacientes e como estabelecer a fé destes nele</p><p>próprio.</p><p>Os casamentos fracassam ou são bem-sucedidos inteiramente por causa da</p><p>maneira como os participantes se relacionam uns com os outros. Um</p><p>relacionamento adequado no casamento começa com um motivo para o</p><p>casamento. A maioria dos casamentos não traz felicidade, porque as partes</p><p>contratantes não entendem nem tentam entender a lei do ritmo hipnótico, pois</p><p>cada palavra que dirigem um ao outro, cada ato e cada motivo que os leva a</p><p>lidar um com o outro é tecido numa rede que os enleia numa tristeza de</p><p>controvérsia ou que lhes dá asas de liberdade para que possam elevar-se acima</p><p>de todas as formas de infelicidade.</p><p>Cada nova amizade que surje entre as pessoas pode acabar numa amizade</p><p>verdadeira, e depois numa harmonia espiritual (algumas vezes chamada amor),</p><p>ou plantar uma semente de suspeita e dúvida, que vai evoluindo e crescendo e</p><p>tornando-se uma rebelião aberta, de acordo com a forma como os participantes</p><p>nessa relação se relacionam uns com os outros.</p><p>O ritmo hipnótico escolhe as motivações dominantes, as aspirações, os</p><p>objetivos e os sentimentos das mentes em contacto, e transforma-os numa</p><p>espécie de fé ou medo, amor ou ódio. Depois de o padrão ter tomado forma</p><p>definitiva, o que acontece com o decorrer do tempo, ele é imposto a essas</p><p>mentes que estão em contacto e torna-se parte delas.</p><p>Nessa forma silenciosa, a natureza torna permanentes os fatores dominantes</p><p>de cada relação humana. Em cada relacionamento humano, os motivos e os</p><p>atos maldosos desses indivíduos estão coordenados e consolidados numa forma</p><p>definida e emaranhados no mais importante traço humano conhecido como</p><p>caráter. Da mesma maneira, as motivações e os atos de bem são consolidadas e</p><p>impostas ao indivíduo. Pode ver-se, por isso, que não são apenas os atos, mas</p><p>também os pensamentos dela, que determinam a natureza de todas as relações</p><p>humanas.</p><p>P – Está a entrar em águas perigosas. Vamos permanecer perto da costa, onde</p><p>posso segui-lo sem ter medo de me afundar. Diga-me como os relacionamentos</p><p>humanos funcionam realmente num mundo tão cheio de problemas como o que</p><p>temos hoje.</p><p>R – Esse é um pensamento feliz. Mas deixe-me ter a certeza de que</p><p>compreende os princípios que estou a revelar antes de lhe tentar mostrar como</p><p>deve aplicá-los nos princípios da vida.</p><p>Desejo ter a certeza de que compreende que a lei do ritmo hipnótico é algo</p><p>que não se pode controlar, influenciar ou escapar. Mas toda a gente pode</p><p>relacionar-se com esta lei de forma a beneficiar inexoravelmente da sua ação.</p><p>Uma relação harmoniosa com a lei consiste inteiramente na mudança dos</p><p>hábitos do indivíduo para representar as circunstâncias e as coisas que o</p><p>indivíduo deseja e está disposto a aceitar.</p><p>Ninguém pode mudar a lei do ritmo hipnótico, assim como ninguém pode</p><p>modificar a lei da gravidade, mas todos podem modificar-se a si próprios.</p><p>Lembre-se, contudo, que, em resumo, todas as relações humanas são feitas e</p><p>mantidas pelos hábitos dos indivíduos.</p><p>“Ninguém pode mudar a lei do ritmo hipnótico, assim como ninguém</p><p>pode modificar a lei da gravidade, mas todos podem modificar-se a si</p><p>próprios.”</p><p>*****************</p><p>Já tentou mudar alguém e sentiu-se frustrado quando percebeu que não</p><p>estava no controlo e por isso não era bem-sucedido?</p><p>A lei do ritmo hipnótico possui apenas o papel de solidificar os fatores que</p><p>constituem as relações humanas, mas ela não cria esses fatores. Antes de</p><p>avançarmos com a discussão das relações humanas, quero que tenha uma</p><p>perceção clara da mente subconsciente.</p><p>O termo “mente subconsciente” representa um órgão físico hipotético que</p><p>não possui existência real. A mente do homem consiste em energia universal</p><p>(alguns chamam-lhe Inteligência Infinita), que o indivíduo recebe, se apropria e</p><p>organiza em formas definidas de pensamento, através da rede de um aparelho</p><p>físico muito complexo conhecido como cérebro.</p><p>Essas formas de pensamento são réplicas de vários estímulos que chegam ao</p><p>cérebro através dos cinco sentidos comuns e do sexto sentido, que não é tão</p><p>bem conhecido. Quando qualquer forma de estímulo chega ao cérebro e toma a</p><p>forma definida de um pensamento, ele é classificado e armazenado num grupo</p><p>de células cerebrais conhecido como grupo da memória.</p><p>Todos os pensamentos de natureza semelhante são armazenados juntos, de</p><p>modo a que, quando se traz um pensamento, este leva facilmente ao contacto</p><p>com todos os outros pensamentos associados a ele. O sistema é muito</p><p>semelhante à forma de armazenamento moderna e é operado de forma similar.</p><p>As impressões de pensamento, com as quais misturamos a maior quantidade</p><p>das emoções (ou sentimentos), são os fatores dominantes do cérebro, porque</p><p>estão sempre próximos da superfície –, no topo do sistema de armazenamento,</p><p>por assim dizer – onde entram em ação voluntariamente logo que um indivíduo</p><p>se negue a exercitar a autodisciplina. Esses pensamentos cheios de emoção são</p><p>tão poderosos que frequentemente fazem com que o indivíduo entre em ação e</p><p>cometa atos que ainda não foram submetidos nem aprovados pela faculdade da</p><p>razão. Essas explosões emocionais normalmente destroem a harmonia em todas</p><p>as relações humanas. O cérebro com frequência junta combinações de</p><p>sentimentos e emoções tão poderosas que acabam por assumir o controlo que</p><p>era detido pela razão. Em todas essas ocasiões, os relacionamentos humanos</p><p>estão condenados</p><p>fracasso, mas aquele esqueleto tinha que ser coberto com a</p><p>carne da dedicação e da experiência. Além disso, tinha de lhe ser dada uma</p><p>alma que inspirasse homens e mulheres a ultrapassarem obstáculos sem se</p><p>deixarem abater por eles.</p><p>Como descobri mais tarde, a “alma” que ainda teria que ser adicionada só</p><p>ficou disponível após o aparecimento do meu “outro eu”, através dos dois</p><p>pontos cruciais da minha vida.</p><p>Resolvido a focar a minha atenção e quaisquer outros talentos que pudesse</p><p>ter em rendimentos monetários através de canais de negócios e profissionais,</p><p>decidi dedicar-me à profissão de publicitário e tornei-me, então, o diretor de</p><p>publicidade da Extensão La Salle da Universidade de Chicago. Tudo correu</p><p>bem durante um ano, no fim do qual fui tomado por uma violenta repulsa pelo</p><p>meu trabalho e demiti-me.</p><p>Ingressei posteriormente no ramo de cadeias de lojas, juntamente com o ex-</p><p>presidente da Extensão La Salle da Universidade e tornei-me presidente da</p><p>Betsy Ross Candy Company. Infelizmente – ou o que me pareceu ser na altura</p><p>uma infelicidade –, divergências com os sócios desse negócio fizeram com que</p><p>eu o abandonasse.</p><p>A atração pela publicidade ainda me corria no sangue, e tentei novamente</p><p>dar-lhe expressão organizando uma escola de publicidade e vendas, como parte</p><p>da Escola de Negócios Bryant & Stratton.</p><p>O negócio corria com tranquilidade e estávamos a fazer muito dinheiro</p><p>quando os Estados Unidos entraram na Primeira Guerra Mundial. Em resposta</p><p>a um chamado interior, que não há palavras para descrever, saí da escola e</p><p>entrei ao serviço do governo dos Estados Unidos, sob a direção pessoal do</p><p>presidente Woodrow Wilson, deixando um negócio sólido a desintegrar-se.</p><p>No dia do armistício, em 1918, iniciei a publicação da revista Golden Rule.</p><p>Apesar do facto de não ter nenhum cêntimo de capital, a revista cresceu</p><p>rapidamente e em pouco tempo obteve uma circulação nacional de quase meio</p><p>milhão de exemplares, terminando o seu primeiro ano de existência com um</p><p>lucro de 3156 dólares.</p><p>Para uma perspetiva adequada, 3156 dólares representaria hoje cerca de</p><p>45 mil dólares baseado na média do Índice de Preços de Consumo para</p><p>cada ano compilado pelo Bureau of Labor Statistics norte-americano e</p><p>202 mil utilizando as tabelas nominais per capita do PIB. Não é um lucro</p><p>nada mau para o primeiro ano no ramo editorial… quando 80 a 90 por</p><p>cento dos novos títulos fracassam e até os bem-sucedidos levam três a</p><p>cinco anos a tornarem-se rentáveis.</p><p>http://www.magazinepublisher.com/startup.html)</p><p>Passados alguns anos, aprendi com um editor experiente que nenhum homem</p><p>versado na edição e distribuição de revistas nacionais pensaria em começar</p><p>uma revista deste género com menos de 500 mil dólares de capital.</p><p>A revista Golden Rule e eu estávamos destinados a separar-nos. Quanto mais</p><p>sucesso alcançávamos, mais descontente eu me tornava, até que, por fim, e</p><p>devido a um acumular de contrariedades provocadas por sócios no negócio,</p><p>ofereci-lhes a revista de presente e saí. Com essa decisão talvez tenha deitado</p><p>fora uma pequena fortuna.</p><p>Este foi apenas o princípio do amor de Hill pelas revistas. À Golden Rule</p><p>seguiu-se a sua publicação da The Napoleon Hill Magazine. Mais tarde,</p><p>tornou-se o editor da SUCCESS, uma revista que ainda hoje é editada.</p><p>Depois organizei uma escola de formação para vendedores. O meu primeiro</p><p>compromisso era formar um exército de vendas de 3 mil pessoas para uma rede</p><p>de lojas, trabalho pelo qual recebi 10 dólares por cada vendedor que</p><p>frequentasse as minhas aulas. Em seis meses esse trabalho rendia-me pouco</p><p>mais de 30 mil dólares. O sucesso, pelo menos em termos financeiros, estava a</p><p>coroar os meus esforços com abundância. Comecei novamente a ficar inquieto.</p><p>Não me sentia feliz. Todos os dias se tornava mais óbvio que nenhuma quantia</p><p>de dinheiro me faria feliz.</p><p>Sem qualquer desculpa razoável pelos meus atos, saí e desisti de um negócio</p><p>pelo qual teria facilmente recebido um salário muito satisfatório. Os meus</p><p>amigos e sócios acharam que eu estava maluco, e não estavam muito errados.</p><p>No fundo, estava inclinado a concordar com eles, mas nada podia fazer. Eu</p><p>procurava a felicidade e ainda não a tinha encontrado. Pelo menos essa é a</p><p>única explicação para justificar os meus atos inusitados. Que homem realmente</p><p>se conhece a si mesmo?</p><p>“Comecei novamente a ficar inquieto. Não me sentia feliz. Todos os</p><p>dias se tornava mais óbvio que nenhuma quantia de dinheiro me</p><p>faria feliz.”</p><p>Podia ter escrito isto sobre mim própria há alguns anos. Mas quando</p><p>deixei uma situação que, embora financeiramente compensadora, já não</p><p>estava alinhada com a minha missão pessoal, novas portas de</p><p>oportunidade se abriram para mim. Foi afinal a melhor decisão da minha</p><p>vida profissional. Consegue lembrar-se de uma altura da vida em que</p><p>tomou uma decisão difícil… mas sabia que era a certa, apesar de os</p><p>outros o questionarem?</p><p>Isso aconteceu no final do outono de 1923. Sentia-me isolado em Columbus,</p><p>Ohio, sem recursos e, pior ainda, sem qualquer plano para sair daquela situação</p><p>difícil. Na verdade, era a primeira vez na vida que estava parado por falta de</p><p>recursos.</p><p>Já tinha passado por momentos de aperto em muitas ocasiões, mas nunca me</p><p>tinha faltado dinheiro a ponto de não poder suprir as minhas necessidades</p><p>pessoais. A experiência impressionou-me. Eu estava totalmente à deriva quanto</p><p>ao que podia ou devia fazer.</p><p>Pensei em vários planos para resolver o meu problema, mas descartei-os a</p><p>todos por serem impraticáveis ou impossíveis de realizar. Senti-me perdido,</p><p>como se estivesse numa selva sem uma bússola para me orientar. Qualquer</p><p>tentativa para sair das dificuldades acabava por me trazer novamente ao ponto</p><p>de partida.</p><p>Durante quase dois meses, sofri com a pior das enfermidades humanas: a</p><p>indecisão. Eu conhecia os 17 princípios da realização pessoal, mas não sabia</p><p>como aplicá-los! Sem saber, estava a enfrentar uma daquelas emergências da</p><p>vida em que os homens às vezes descobrem os seus “outros eus”, exatamente</p><p>como Carnegie me tinha avisado.</p><p>A minha aflição era tão grande que nunca me ocorreu sentar-me e analisar a</p><p>sua causa e procurar a sua cura.</p><p>“A pior das enfermidades humanas: a indecisão.”</p><p>Já se sentiu paralisado pela indecisão? Este foi o primeiro e mais</p><p>importante ponto de viragem na vida de Napoleon Hill. A sua</p><p>movimentação de emprego em emprego, procurando contentamento e a</p><p>sua própria vida profissional ideal, parece-se muito com as pessoas de</p><p>hoje… pessoas que procuram felicidade no trabalho e na vida. O apuro de</p><p>Hill foi, segundo o próprio admite, autoinfligido. No entanto, deu por si</p><p>nas mesmas circunstâncias que as pessoas de hoje que foram afetadas</p><p>negativamente pela presente situação económica. Hill tirou vantagem do</p><p>seu fracasso temporário, usando-o como um estímulo para se obrigar a</p><p>pensar e a analisar – de forma a encontrar o seu “outro eu.” Se sofreu</p><p>algum revés económico, também pode usá-lo como alavanca e motivação</p><p>para encontrar o seu “outro eu.”</p><p>A derrota é convertida em vitória</p><p>Uma tarde, tomei uma decisão que me ajudou a sair da dificuldade. Eu tinha a</p><p>sensação de que desejava ir para os “espaços abertos” do país, onde poderia</p><p>respirar ar fresco e, principalmente, pensar.</p><p>Comecei a caminhar e depois de percorrer 12 a 13 quilómetros, fiquei</p><p>imóvel. Durante vários minutos fiquei ali, como se tivesse os pés colados. Tudo</p><p>escureceu em meu redor. Eu ouvia o som estridente de alguma forma de</p><p>energia que vibrava a um ritmo muito alto.</p><p>Então os meus nervos acalmaram-se, os músculos</p><p>a perder a harmonia.</p><p>Através do funcionamento do sexto sentido, o cérebro de um ser humano</p><p>pode contactar o arquivo de outros cérebros e inspecionar quaisquer impressões</p><p>que estejam presentes nele. A condição pela qual uma pessoa consegue</p><p>contactar e inspecionar o arquivo do cérebro de outra pessoa é geralmente</p><p>conhecida como harmonia, mas pode entender melhor o que isso quer dizer se</p><p>eu disser que cérebros que estão sintonizados nas mesmas vibrações de</p><p>pensamento podem fácil e rapidamente exercitar o privilégio de entrar e</p><p>inspecionar os arquivos de pensamentos uns dos outros.</p><p>Além de receber pensamentos organizados de arquivos de outros cérebros</p><p>através do sexto sentido, uma pessoa pode, através desse mesmo órgão físico,</p><p>contactar e receber informações da fonte central conhecida como Inteligência</p><p>Infinita.</p><p>Toda a informação que chega ao cérebro de uma pessoa através do sexto</p><p>sentido provém de fontes que não são facilmente isoladas ou localizadas; por</p><p>isso, acredita-se que esse tipo de informação vem geralmente da mente</p><p>subconsciente da pessoa. O sexto sentido é o órgão do cérebro através do qual</p><p>se recebem todas as informações, todo o conhecimento, todas as impressões de</p><p>pensamento que não vêm através de um ou de todos os cinco sentidos.</p><p>Agora que compreende como a mente funciona, entenderá melhor como e</p><p>porquê as pessoas acabam por provocar tristeza e desarmonia através de</p><p>relações humanas impróprias. Também compreenderá como os</p><p>relacionamentos humanos podem ser idealizados para angariar riquezas na sua</p><p>mais elevada forma, riquezas materiais, mentais e espirituais.</p><p>Além disso, compreenderá que nunca pode haver felicidade exceto através</p><p>do entendimento e da aplicação dos princípios corretos das relações humanas.</p><p>Entenderá também que nenhum indivíduo é uma entidade em si mesma, e que</p><p>só se pode conseguir uma mente plena pela harmonia de objetivos e ações entre</p><p>duas ou mais mentes. Compreenderá porque cada ser humano deveria, por sua</p><p>própria escolha, tornar-se o guardião do seu irmão, tanto de facto como em</p><p>teoria.</p><p>P – O que diz pode ser verdade, mas insisto que está a levar-me a ultrapassar as</p><p>profundezas de segurança do pensamento. Voltemos para junto da superfície,</p><p>onde eu possa chapinhar em águas familiares. Nadaremos nas águas profundas</p><p>depois de eu aprender a nadar bem. Começámos por discutir como lucrar com a</p><p>adversidade, mas parece que nos desviámos um pouco do assunto.</p><p>R – Fizemos um desvio, mas não nos alheámos. O Diabo nunca se alheia. O</p><p>desvio era necessário para que estivesse preparado para compreender a parte</p><p>mais importante de toda esta entrevista.</p><p>Agora estamos prontos para voltar à discussão sobre adversidade. Visto que a</p><p>maior parte das adversidades acontece devido a relações impróprias entre as</p><p>pessoas, parece-me importante compreender como as pessoas podem</p><p>relacionar-se adequadamente.</p><p>Claro que se coloca a questão sobre o conceito de uma relação apropriada</p><p>entre as pessoas. A resposta é que um relacionamento apropriado é aquele que</p><p>traz a todos os que estão ligados a ele, ou que são afetados por ele, alguma</p><p>forma de benefício.</p><p>“Um relacionamento apropriado é aquele que traz a todos os que</p><p>estão ligados a ele, ou que são afetados por ele, alguma forma de</p><p>benefício.”</p><p>******************</p><p>Faça um inventário das suas relações, em casa, no trabalho e nos tempos</p><p>livres. Faça uma lista de relações que pareçam estar a necessitar de</p><p>melhoria e mantenha-as em mente à medida que continua a ler.</p><p>P – O que é então um relacionamento impróprio?</p><p>R – Qualquer relacionamento entre pessoas que cause dano ou provoque</p><p>qualquer forma de tristeza ou infelicidade para qualquer um dos indivíduos.</p><p>P – Como se podem corrigir os relacionamentos impróprios?</p><p>R – Pela mudança da mente da pessoa que está a provocar o relacionamento</p><p>impróprio ou pela mudança das pessoas envolvidas no relacionamento.</p><p>Algumas mentes harmonizam-se naturalmente, enquanto outras colidem com a</p><p>mesma naturalidade. Os relacionamentos humanos bem-sucedidos, e para</p><p>permanecerem como tal, devem ser formados por mentes que naturalmente se</p><p>harmonizem, além de terem interesses comuns como forma de os juntar na</p><p>harmonia.</p><p>Quando falamos de líderes que são bem-sucedidos porque “sabem escolher</p><p>homens”, podemos dizer mais corretamente que eles são bem-sucedidos porque</p><p>sabem associar mentes que se harmonizam naturalmente. Saber escolher</p><p>pessoas de forma bem-sucedida, para qualquer objetivo definido na vida,</p><p>baseia-se na capacidade de reconhecer os tipos de pessoas cujas mentes</p><p>naturalmente se harmonizam.</p><p>Lembra-se da definição de Hill de Master Mind: “a coordenação</p><p>harmoniosa de duas ou mais mentes trabalhando para um mesmo</p><p>objetivo.”</p><p>P – Continue focado na adversidade, se faz favor. Se existem possíveis</p><p>benefícios encontrados através da adversidade, nomeie alguns.</p><p>R – A adversidade liberta as pessoas da vaidade e do egocentrismo. Ela</p><p>desencoraja o egoísmo, provando que ninguém pode ser bem-sucedido sem a</p><p>cooperação de outros.</p><p>A adversidade força o indivíduo a testar a sua força mental, física e</p><p>espiritual; portanto, põe o indivíduo cara a cara com as suas fraquezas e dá-lhe</p><p>a oportunidade de as ultrapassar.</p><p>A adversidade força a pessoa a procurar caminhos e meios para fins</p><p>definidos, através da meditação e do pensamento introspetivo. Isso</p><p>normalmente leva à descoberta e à utilização do sexto sentido, através do qual</p><p>a pessoa consegue comunicar com a Inteligência Infinita.</p><p>A adversidade obriga a pessoa a reconhecer a necessidade de uma</p><p>inteligência que só está disponível em fontes exteriores à sua mente.</p><p>A adversidade quebra velhos hábitos de pensamento e dá à pessoa a</p><p>oportunidade de formar novos hábitos; por isso, ela pode servir para quebrar o</p><p>ciclo do ritmo hipnótico e mudar o seu funcionamento de negativo para</p><p>positivo.</p><p>P – Qual é o maior benefício que uma pessoa pode receber através da</p><p>adversidade?</p><p>R – O maior benefício da adversidade é que ela pode obrigar uma pessoa a</p><p>mudar os seus hábitos de pensamento, e geralmente fá-lo, quebrando e</p><p>redirecionando a força do ritmo hipnótico.</p><p>P – Por outras palavras, o fracasso é sempre uma bênção quando obriga a</p><p>pessoa a adquirir conhecimento ou a construir hábitos que levam à realização</p><p>dos maiores objetivos de vida de uma pessoa. Isto é correto?</p><p>R – Sim, e há mais! O fracasso é uma bênção quando obriga a pessoa a</p><p>depender menos das forças materiais e mais das forças espirituais.</p><p>Muitos seres humanos descobrem o seu “outro eu”, ou seja, as forças que</p><p>operam através do poder do pensamento, somente depois de alguma catástrofe</p><p>que os priva do livre e total uso dos seus corpos físicos. Quando um homem já</p><p>não consegue usar as suas mãos e os seus pés, geralmente começa a usar o</p><p>cérebro; assim, abre caminho para descobrir o poder da sua própria mente.</p><p>O Diabo faz entrar aqui o “outro eu”, revelando como podemos usar o</p><p>nosso poder de pensamento e os nossos “outros eus” para descobrir o</p><p>nosso verdadeiro poder e objetivo maior.</p><p>P – Que benefícios podemos obter com a perda de coisas materiais – dinheiro,</p><p>por exemplo?</p><p>R – A perda de coisas materiais pode ensinar muitas lições necessárias,</p><p>contudo, nenhuma tão grande como a verdade que o homem não controla nada</p><p>e não tem garantia permanente sobre a utilização de nada, exceto o poder do</p><p>seu próprio pensamento.</p><p>P – Pergunto-me se este não é o maior benefício disponível através da</p><p>adversidade.</p><p>R – Não. O maior potencial benefício de qualquer circunstância</p><p>que leva uma</p><p>pessoa a começar de novo é fornecer uma oportunidade para quebrar o</p><p>equilíbrio do ritmo hipnótico e estabelecer um novo conjunto de hábitos de</p><p>pensamento. Novos hábitos oferecem a única saída para as pessoas que</p><p>fracassaram. A maior parte das pessoas que foge do funcionamento negativo</p><p>para o positivo da lei do ritmo hipnótico fá-lo apenas por causa de uma forma</p><p>de adversidade que as obriga a mudar os seus hábitos de pensamento.</p><p>P – A adversidade não está apta para quebrar a autoconfiança e levar uma</p><p>pessoa a desistir de ter esperança?</p><p>R – Ela tem esse efeito naqueles cuja força de vontade é fraca por causa de</p><p>hábitos de alheamento há muito estabelecidos. Ela possui o efeito oposto em</p><p>todos aqueles que não foram enfraquecidos pelo alheamento. O não-alheado</p><p>encontra o fracasso e a derrota temporária, mas a sua reação a todas as formas</p><p>de adversidade é positiva. Ele luta em vez de desistir, e normalmente vence.</p><p>A vida não dá imunidade contra a adversidade, mas dá a todos o poder do</p><p>pensamento positivo, o que é suficiente para dominar todas as circunstâncias de</p><p>adversidade e convertê-las em benefícios. O indivíduo possui o privilégio de</p><p>usar, ou a prerrogativa de negligenciar, o seu direito a pensar para ultrapassar</p><p>todas as adversidades. Cada indivíduo é obrigado a usar o poder do seu</p><p>pensamento para a obtenção de fins positivos e definidos ou a negligenciar o</p><p>uso desse poder para a obtenção de fins negativos. Não pode haver um</p><p>compromisso, nenhuma recusa no uso da mente.</p><p>A lei do ritmo hipnótico obriga cada pessoa a dar algum uso, quer seja</p><p>negativo quer seja positivo, à sua mente, mas não influencia o indivíduo sobre</p><p>qual dos usos ele deverá fazer.</p><p>“O não-alheado encontra o fracasso e a derrota temporária, mas a</p><p>sua reação a todas as formas de adversidade é positiva. Ele luta em</p><p>vez de desistir e normalmente vence.”</p><p>*********************</p><p>Lembra-se de quando lhe apetecia desistir… mas não o fazia? O meu</p><p>coautor e eu explicámos este conceito no nosso livro Three Feet from</p><p>Gold com histórias de perseverança de mais de 35 líderes mundiais de</p><p>topo, que não são alheados!</p><p>P – Devo depreender, então, que toda a adversidade é uma bênção?</p><p>R – Não, eu não disse isso. Eu disse que existe a semente de uma vantagem</p><p>equivalente em cada adversidade. Não disse que era a flor, mas sim a semente.</p><p>Normalmente, a semente consiste numa espécie de conhecimento, uma ideia ou</p><p>um plano, ou alguma oportunidade que só estaria disponível através da</p><p>mudança de hábitos de pensamento forçados pela adversidade.</p><p>P – São aqueles os benefícios disponíveis ao ser humano pelo fracasso?</p><p>R – Não, o fracasso é usado pela natureza como linguagem comum para</p><p>castigar as pessoas quando elas não procuram adaptar-se às suas leis.</p><p>Por exemplo, a guerra mundial foi provocada pelo homem e destrutiva. A</p><p>natureza plantou nas circunstâncias da guerra a semente de um castigo</p><p>equivalente sob a forma de uma depressão mundial. A depressão era inevitável</p><p>e incontornável. Seguiu-se à guerra de forma tão natural como o dia segue a</p><p>noite e através da lei do ritmo hipnótico.</p><p>P – Devo depreender que a lei do ritmo hipnótico é a mesma a que Ralph</p><p>Waldo Emerson chamou lei da compensação?</p><p>R – A lei do ritmo hipnótico é a lei da compensação. É o poder com o qual a</p><p>natureza equilibra as forças positiva e negativa através dos universos, com</p><p>todas as formas de energia, todas as formas de matéria e todas as relações</p><p>humanas.</p><p>P – A lei do ritmo hipnótico funciona rapidamente em todas as instâncias? Por</p><p>exemplo, esta lei abençoa imediatamente uma pessoa com os benefícios da</p><p>aplicação positiva de pensamentos ou amaldiçoa imediatamente com os</p><p>resultados de pensamentos negativos?</p><p>R – A lei funciona de facto, mas nem sempre de forma célere. Tanto os</p><p>benefícios como os castigos a que as pessoas estão sujeitas podem ser colhidos</p><p>por outros, antes ou depois da sua morte.</p><p>Observe como a lei funciona deixando recair sobre uma geração de pessoas</p><p>os efeitos dos pecados e das virtudes das gerações anteriores. No</p><p>funcionamento de todas as leis da natureza, a quarta dimensão, o tempo, é um</p><p>fator incontornável. A quantidade de tempo consumida pela natureza em</p><p>relação aos efeitos tidos pelas suas causas depende, em todas as instâncias, das</p><p>circunstâncias do momento. A natureza faz crescer uma abóbora em três meses.</p><p>Um carvalho de bom tamanho precisa de cem anos. Ela converte um ovo numa</p><p>galinha em quatro semanas, mas necessita de nove meses para converter um</p><p>óvulo humano numa pessoa.</p><p>“A vida não dá imunidade contra a adversidade, mas dá a todos o</p><p>poder do pensamento positivo, o que é suficiente para dominar todas</p><p>as circunstâncias de adversidade e convertê-las em benefícios.”</p><p>*********************</p><p>A natureza criou a atual crise económica para nos permitir converter, mais</p><p>uma vez, as adversidades pessoais em benefícios?</p><p>CAPÍTULO DOZE</p><p>AMBIENTE,</p><p>TEMPO,</p><p>HARMONIA E</p><p>CAUTELA</p><p>P – Agora compreendo melhor as potencialidades da adversidade e do fracasso.</p><p>Pode avançar com a sua descrição do próximo dos sete princípios. Qual é o seu</p><p>próximo princípio?</p><p>R – O próximo princípio é a influência ambiental.</p><p>P – Descreva o princípio da influência ambiental como fator determinante nos</p><p>destinos humanos.</p><p>R – Consiste em todas as forças mentais, espirituais e físicas que afetam e</p><p>influenciam os seres humanos.</p><p>P – Que ligação existe, se é que existe alguma, entre as influências ambientais</p><p>e o ritmo hipnótico?</p><p>R – O ritmo hipnótico torna sólidos e permanentes os hábitos de pensamento</p><p>dos seres humanos. Os hábitos de pensamento são estimulados por influências</p><p>do meio. Por outras palavras, o material que alimenta o pensamento vem do</p><p>ambiente que está à volta da pessoa. Os hábitos de pensamento são tornados</p><p>permanentes pela lei do ritmo hipnótico.</p><p>P – Qual é a parte mais importante do meio em que vive, a parte que</p><p>determina, mais do que qualquer outra, se um indivíduo faz um uso positivo ou</p><p>negativo da sua mente?</p><p>R – A parte mais importante do meio de uma pessoa é aquela que é criada pela</p><p>sua associação com outros. Todas as pessoas absorvem e dominam, quer</p><p>consciente quer inconscientemente, os hábitos de pensamento daqueles com os</p><p>quais se associam intimamente.</p><p>P – Quer com isso dizer que a ligação constante com uma pessoa cujos hábitos</p><p>de pensamento sejam negativos influencia essa pessoa a formar hábitos de</p><p>pensamento negativos?</p><p>R – Sim, a lei do ritmo hipnótico obriga todos os seres humanos a formarem</p><p>hábitos de pensamento que se harmonizem com as influências dominantes do</p><p>seu ambiente, principalmente a parte do ambiente criada pela sua associação</p><p>com outras mentes.</p><p>P – Então é importante que a pessoa escolha com muita cautela os seus</p><p>associados?</p><p>R – Sim, os associados que se relacionam intimamente com a pessoa devem ser</p><p>escolhidos com tanto cuidado como a pessoa escolhe a comida para alimentar o</p><p>seu corpo, sempre com o objetivo de se associar a pessoas cujos pensamentos</p><p>dominantes sejam positivos, amigáveis e harmoniosos.</p><p>P – Que classe de associados tem maior influência sobre uma pessoa?</p><p>R – São os companheiros de casamento, os de casa e os do trabalho. Depois</p><p>disso, vêm os amigos íntimos e os conhecidos. Amigos casuais e estranhos</p><p>exercem pouca influência sobre a pessoa.</p><p>“O material que alimenta o pensamento vem do ambiente que está à</p><p>volta da pessoa. Os hábitos de pensamento são tornados permanentes</p><p>pela lei do ritmo hipnótico.”</p><p>******************</p><p>Já alguma vez sentiu a sua atitude ou humor tornar-se negativo só por</p><p>estar na presença de alguém negativo?</p><p>Era a sua mulher, filho ou sócio?</p><p>Hill sugere que precisamos de intervir com pensamentos positivos,</p><p>amigáveis e harmoniosos não só para contrabalançar os pensamentos</p><p>negativos, mas também para influenciar essa pessoa para um espaço mais</p><p>positivo. Se for o seu sócio, avalie se a relação é daquelas que deseja</p><p>manter… ou tome a decisão de se afastar da negatividade dele.</p><p>P – Porque é que o parceiro de casamento possui uma influência tão grande</p><p>sobre a mente de uma pessoa?</p><p>R – Porque o casamento põe as pessoas sob a influência de forças espirituais,</p><p>de tal peso que elas acabam por se tornar as forças dominantes da mente.</p><p>P – Como podem as influências ambientais ser usadas para quebrar o ritmo</p><p>hipnótico?</p><p>R – Todas as influências que estabelecem hábitos de pensamento são</p><p>permanentes através do ritmo hipnótico. Podemos modificar as influências do</p><p>nosso ambiente para que possam ser positivas ou negativas, e a lei do ritmo</p><p>hipnótico torna-as permanentes, a menos que elas sejam modificadas através</p><p>dos hábitos de pensamento.</p><p>P – Dizendo de outra forma, uma pessoa pode submeter-se a qualquer</p><p>influência ambiental que deseje, quer seja positiva ou negativa, e a lei do ritmo</p><p>hipnótico tornará essa influência permanente quando assumir a magnitude</p><p>deste hábito de pensamento. É assim que a lei funciona?</p><p>R – Correto. Tenha cuidado com todas as forças que inspiram pensamentos;</p><p>estas são as forças que constituem o ambiente e determinam a natureza do</p><p>destino terreno da pessoa.</p><p>P – Que classe de pessoas controla as suas influências ambientais?</p><p>R – Os não-alheados. Todos aqueles que são vítimas do hábito do alheamento</p><p>perdem o poder de escolher o seu próprio ambiente. Eles tornam-se vítimas de</p><p>todas as influências negativas do seu meio.</p><p>P – Existe alguma saída para o alheamento? Existe algum método que o possa</p><p>submeter à influência de um ambiente positivo?</p><p>R – Sim, existe uma escapatória para os alheados. Eles podem parar de se</p><p>alhear, assumir o controlo das suas próprias mentes e escolher um ambiente</p><p>que inspire pensamentos positivos. Podem conseguir isso através da definição</p><p>de propósito.</p><p>P – É só isso o que é necessário para eliminar o hábito do alheamento? Esse</p><p>hábito é apenas um estado da mente?</p><p>R – Alhear-se nada mais é do que um estado negativo da mente, um estado</p><p>mental conhecido pela ausência total de propósito.</p><p>P – Qual o procedimento mais eficaz para estabelecer um ambiente que seja</p><p>útil para desenvolver e manter hábitos de pensamento positivos?</p><p>R – O mais eficaz de todos os ambientes é aquele que pode ser criado por uma</p><p>aliança amigável de um grupo de pessoas que se entreajudam para alcançarem</p><p>o objeto de um propósito definido. Esse tipo de aliança é conhecida como</p><p>Master Mind. Através dela pode associar-se a indivíduos escolhidos</p><p>cuidadosamente, cada um enriquecendo a aliança com algum conhecimento,</p><p>experiência, educação, plano ou ideia adequado às suas necessidades para</p><p>executar o objeto do seu propósito definido.</p><p>Os líderes mais bem-sucedidos em todos os quadrantes da vida aproveitam-</p><p>se deste tipo de influência ambiental feita para os servir. As realizações</p><p>fantásticas são impossíveis sem a cooperação amigável de outros. Por outras</p><p>palavras, as pessoas bem-sucedidas devem controlar o seu ambiente,</p><p>assegurando-se assim contra a influência de um ambiente negativo.</p><p>P – E as pessoas cujo dever para com os familiares não conseguem evitar a</p><p>influência de um ambiente negativo?</p><p>R – Nenhum ser humano deve a outro qualquer responsabilidade que possa</p><p>tirar-lhe o privilégio de construir os seus hábitos de pensamento num ambiente</p><p>positivo. Por outro lado, todo o ser humano tem o dever de remover do seu</p><p>ambiente toda e qualquer influência que possa, mesmo que remotamente,</p><p>desenvolver hábitos de pensamento negativos.</p><p>P – Essa não é uma filosofia a sangue-frio?</p><p>R – Somente os fortes sobrevivem. Ninguém consegue ser forte sem remover</p><p>toda a influência que possa desenvolver hábitos de pensamento negativos.</p><p>Estes hábitos resultam na perda do privilégio da autodeterminação,</p><p>independentemente do que ou de quem possa causar esses hábitos. Os hábitos</p><p>de pensamento positivos podem ser controlados pelo indivíduo e devem ser</p><p>feitos para servir os seus propósitos e objetivos. Os hábitos de pensamentos</p><p>negativos controlam o indivíduo e privam-no do privilégio da</p><p>autodeterminação.</p><p>P – Presumo, por tudo o que disse, que aqueles que controlam as influências</p><p>ambientais construindo os hábitos de pensamento são donos dos seus destinos</p><p>na Terra e que todos os outros são dominados pelos destinos terrenos. Estou</p><p>correto?</p><p>R – Perfeitamente.</p><p>P – O que estabelece os hábitos de pensamento de uma pessoa?</p><p>R – Todos os hábitos são estabelecidos devido a desejos ou motivos inerentes</p><p>ou adquiridos. Ou seja, os hábitos são resultado de alguma forma de desejo</p><p>definido.</p><p>P – O que ocorre no cérebro físico enquanto uma pessoa está a formar hábitos</p><p>de pensamento?</p><p>R – Os desejos são impulsos de energia organizados, chamados pensamentos.</p><p>Os desejos que são misturados com sentimentos e emoções magnetizam as</p><p>células cerebrais nas quais estão armazenados e preparam essas células para</p><p>que sejam assumidas e direcionadas pela lei do ritmo hipnótico. Quando</p><p>qualquer pensamento surge no cérebro, ou é criado lá, e é misturado com os</p><p>sentimentos da emoção do desejo, a lei do ritmo hipnótico começa</p><p>imediatamente a traduzir isso no seu equivalente físico. Os pensamentos</p><p>dominantes que agem inicialmente pela lei do ritmo hipnótico são aqueles que</p><p>estão misturados com os desejos mais profundos e com os sentimentos mais</p><p>intensos envolvidos. Os hábitos de pensamento são estabelecidos pela repetição</p><p>dos mesmos pensamentos.</p><p>P – Quais são os motivos ou desejos que mais inspiram a ação do pensamento?</p><p>R – Os dez motivos mais comuns, aqueles que mais inspiram pensamentos</p><p>voltados para a ação, são estes:</p><p>• O desejo por sexo e amor.</p><p>• O desejo por alimento.</p><p>• O desejo por autoexpressão espiritual, mental e física.</p><p>• O desejo pela perpetuação da vida após a morte.</p><p>• O desejo por poder sobre outros.</p><p>• O desejo por riqueza material.</p><p>• O desejo por conhecimento.</p><p>• O desejo por imitar outros.</p><p>• O desejo por exceder os outros.</p><p>• Os sete medos básicos.</p><p>Estes são os motivos dominantes que inspiram a maioria de todos os esforços</p><p>humanos.</p><p>P – E os desejos negativos, como a ganância, a inveja, a avareza, o ciúme, a</p><p>ira? Não se exprimem com mais frequência do que qualquer um dos desejos</p><p>positivos?</p><p>R – Todos os desejos negativos se resumem a frustrações de desejos positivos.</p><p>São inspirados por alguma espécie de derrota, fracasso ou negligência dos seres</p><p>humanos em se adaptarem às leis da natureza de uma forma positiva.</p><p>P – Há uma nova perspetiva sobre o assunto dos pensamentos negativos. Se</p><p>estou a compreender corretamente o que disse, todos os pensamentos negativos</p><p>são inspirados pela recusa ou fracasso da pessoa em adaptar-se</p><p>harmoniosamente às leis da natureza. Certo?</p><p>R – Está certo, sim. A natureza não tolera o ócio nem o vazio de nenhuma</p><p>espécie. Todo o espaço deve estar cheio de alguma coisa.</p><p>Tudo na existência, tanto de natureza física como espiritual, deve estar e tem</p><p>de estar constantemente em movimento. O cérebro humano não é exceção. Foi</p><p>criado para receber, organizar, especializar e exprimir o poder do pensamento.</p><p>Quando a pessoa não usa o cérebro para exprimir pensamentos positivos e</p><p>criativos, a natureza enche o vazio obrigando o cérebro a agir sobre os</p><p>pensamentos negativos.</p><p>Não pode haver vazios no cérebro.</p><p>Se compreender este princípio</p><p>compreenderá o papel que as influências ambientais têm na vida dos seres</p><p>humanos.</p><p>Também compreenderá melhor a forma como a lei do ritmo hipnótico</p><p>funciona, sendo esta lei que mantém tudo e todos em constante movimento</p><p>através de alguma forma de expressão dos princípios negativos ou positivos.</p><p>“A natureza não tolera o ócio nem o vazio de nenhuma espécie. Todo</p><p>o espaço deve estar cheio de alguma coisa […] Quando a pessoa não</p><p>usa o cérebro para exprimir pensamentos positivos e criativos, a</p><p>natureza enche o vazio obrigando o cérebro a agir sobre os</p><p>pensamentos negativos.”</p><p>********************</p><p>Acho que isto é uma grande verdade quando penso nas crianças que têm</p><p>demasiado tempo de ócio nas suas mãos. Don Green, CEO da Fundação</p><p>Napoleon Hill, relembra: “Quando jovens, estamos constantemente</p><p>ocupados com a admoestação que o vazio era o local de trabalho do</p><p>Diabo.” Interessante paralelo, não acha?</p><p>A natureza não está interessada na moral. Ela não se interessa pelo certo e o</p><p>errado. Ela não se interessa pela justiça nem pela injustiça. Ela está interessada</p><p>apenas em obrigar tudo a exprimir ação de acordo com a sua natureza!</p><p>P – Essa é uma interpretação esclarecedora da natureza. Quem posso abordar</p><p>para corroborar as suas afirmações?</p><p>R – Homens da ciência, filósofos, todos os pensadores. Por fim, às</p><p>manifestações físicas da própria natureza.</p><p>A natureza não tem matéria morta. Cada átomo de matéria está</p><p>constantemente num estado de movimento. Toda a energia está constantemente</p><p>em movimento. Não existem vazios em lado nenhum. O tempo e o espaço são</p><p>literalmente manifestações de movimento de tal rapidez que não podem ser</p><p>medidas pelos seres humanos.</p><p>P – Então somos obrigados a concluir, por aquilo que diz, que as fontes de</p><p>conhecimento fiável são chocantemente limitadas.</p><p>R – As fontes desenvolvidas de conhecimento são limitadas. Todo o cérebro</p><p>humano adulto é uma potencial passagem para todo o conhecimento que existe</p><p>nos universos. Todo o cérebro adulto normal tem dentro do seu mecanismo a</p><p>possibilidade de comunicação direta com a Inteligência Infinita, onde existe</p><p>todo o conhecimento que há ou haverá.</p><p>P A sua declaração leva-me a acreditar que os seres humanos podem tornar-se</p><p>tudo aquilo que atribuíram a quem chamam Deus. É isso que está a dizer?</p><p>R – Através da lei da evolução o cérebro humano está a ser aperfeiçoado para</p><p>comunicar à vontade com a Inteligência Infinita. A perfeição virá através do</p><p>desenvolvimento organizado do cérebro, através da sua adaptação às leis da</p><p>natureza. O tempo é o fator que trará perfeição.</p><p>P – O que causa ciclos de eventos recorrentes, como epidemias de doenças,</p><p>crises económicas, guerras e ondas de crimes?</p><p>R – Todas as epidemias, nas quais um grande número de pessoas é afetada de</p><p>maneira semelhante, são causadas pela lei do ritmo hipnótico, através da qual a</p><p>natureza consolida pensamentos de natureza similar e faz com que esses</p><p>pensamentos sejam expressos através de uma ação em massa.</p><p>P – Então, a grande depressão foi posta em ação devido ao grande número de</p><p>pessoas influenciadas a libertar pensamentos de medo? Isso está correto?</p><p>R – Perfeitamente. Milhões de pessoas estavam a tentar conseguir alguma coisa</p><p>em troca de nada, através de apostas na bolsa. Quando de repente descobriram</p><p>que tinham obtido nada por alguma coisa, amedrontaram-se, correram para os</p><p>seus bancos e retiraram o seu dinheiro, e o pânico instalou-se. Através do</p><p>pensamento em massa de milhões de mentes, todas com medo da pobreza, a</p><p>crise prolongou-se por alguns anos.</p><p>A presente crise económica nos Estados Unidos e por todo o mundo foi</p><p>posta em ação de forma semelhante. Milhões estavam a tentar obter algo</p><p>por nada, através do imobiliário (negócios sem a presença de dinheiro,</p><p>hipotecas de alto risco e bolhas de avaliação), assim como os mercados</p><p>financeiros. Quando tudo começou a colapsar, ficaram assustados e o</p><p>pânico instalou-se novamente. Ao mudar os pensamentos destes milhões</p><p>do medo novamente para o foco em princípios financeiros sólidos,</p><p>podemos estabilizar a economia? A filosofia de Napoleon Hill pode</p><p>mostrar-nos o caminho – a escolha é nossa.</p><p>P – Pelo que está a dizer, deduzo que a natureza consolida os pensamentos</p><p>dominantes das pessoas e exprime-os através de alguma forma de ação em</p><p>massa, tal como crises económicas, momentos de euforia empresarial e assim</p><p>por diante. Isso está correto?</p><p>R – Essa é a ideia certa.</p><p>P – Vamos agora para o próximo dos sete princípios. Descreva-o.</p><p>R – O próximo princípio é o tempo, a quarta dimensão.</p><p>P – Que relação existe entre o tempo e o funcionamento da lei do ritmo</p><p>hipnótico?</p><p>R – O tempo é a lei do ritmo hipnótico. O lapso de tempo necessário para dar</p><p>permanência aos hábitos de pensamento depende do objeto e da natureza dos</p><p>pensamentos.</p><p>P – Mas pensei que tinha dito que a única coisa permanente na natureza era a</p><p>mudança. Se isso é verdade, então o tempo está constantemente a mudar,</p><p>rearranjando-se e voltando a combinar todas as coisas, incluindo os hábitos de</p><p>pensamento das pessoas. Como, então, poderia a lei do ritmo hipnótico dar</p><p>permanência aos hábitos de pensamento de uma pessoa?</p><p>R – O tempo divide todos os hábitos de pensamento em duas classes:</p><p>pensamentos negativos e pensamentos positivos. Os pensamentos de um</p><p>indivíduo estão constantemente a mudar e a ser novamente combinados para se</p><p>adequarem aos desejos do indivíduo, mas os pensamentos não mudam do</p><p>negativo para o positivo, ou vice-versa, exceto através do esforço voluntário</p><p>por parte do indivíduo.</p><p>O tempo penaliza o indivíduo por todos os pensamentos negativos e</p><p>recompensa-o por todos os pensamentos positivos, de acordo com a natureza e</p><p>o propósito dos pensamentos. Se os pensamentos dominantes de uma pessoa</p><p>são negativos, o tempo penaliza o indivíduo construindo na sua mente o hábito</p><p>do pensamento negativo, e depois passa a solidificar este hábito num ato</p><p>permanente durante cada segundo da sua existência. Os pensamentos positivos</p><p>são, da mesma forma, construídos pelo tempo em hábitos permanentes. O</p><p>termo “permanência”, obviamente, refere-se à vida natural do indivíduo.</p><p>Literalmente falando, nada é permanente. O tempo converte hábitos de</p><p>pensamento naquilo que pode ser chamado permanência durante a vida do</p><p>indivíduo.</p><p>P – Agora compreendo melhor como funciona o tempo. Que outras</p><p>características tem o tempo em relação ao destino terreno dos seres humanos?</p><p>R – O tempo é a influência do tempero da natureza, através da qual a</p><p>experiência humana pode ser amadurecida em sabedoria. As pessoas não</p><p>nascem com sabedoria, mas nascem com a capacidade de pensar e podem,</p><p>através do lapso de tempo, chegar à sabedoria através dos pensamentos.</p><p>“As pessoas não nascem com sabedoria, mas nascem com a</p><p>capacidade de pensar e podem, através do lapso de tempo, chegar à</p><p>sabedoria através dos pensamentos.”</p><p>*****************</p><p>Acho que esta é a afirmação mais profunda de todo o livro. Ao usar a</p><p>nossa capacidade para pensar e analisar as nossas experiências na vida,</p><p>quer sejam sucessos quer sejam fracassos, podemos ganhar sabedoria.</p><p>Pode ser mesmo assim tão simples?</p><p>P – Os jovens alguma vez possuem sabedoria?</p><p>R – Só em assuntos elementares. A sabedoria vem somente com o tempo. Ela</p><p>não pode ser herdada nem transferida de uma pessoa para outra, exceto através</p><p>do lapso de tempo.</p><p>P – O passar do tempo pode obrigar um indivíduo a adquirir sabedoria?</p><p>R – Não! A sabedoria só chega aos não-alheados, que formam hábitos de</p><p>pensamento positivo</p><p>como força dominante das suas vidas. Os alheados e todos</p><p>aqueles cujos pensamentos dominantes são negativos nunca adquirem</p><p>sabedoria, exceto em relação a coisas de natureza elementar.</p><p>P – Segundo o que está a dizer, deduzo que o tempo é amigo da pessoa que</p><p>treina a sua mente a seguir hábitos de pensamentos positivos, e inimigo da</p><p>pessoa que se alheia em hábitos de pensamentos negativos. É verdade?</p><p>R – Isso é absolutamente verdadeiro. Todas as pessoas podem ser classificadas</p><p>como alheadas ou não-alheadas. As alheadas estão sempre à mercê das não-</p><p>alheadas, e o tempo torna essa relação permanente.</p><p>P – Está a dizer que, se eu me alhear ao longo da vida, sem objetivo ou</p><p>propósito definido, o não-alheado pode tornar-se meu mestre, e o tempo serve</p><p>apenas para dar ao não-alheado uma vantagem mais forte e mais permanente</p><p>sobre mim?</p><p>R – É exatamente correto.</p><p>“A sabedoria só chega aos não-alheados, que formam hábitos de</p><p>pensamento positivo como força dominante das suas vidas.”</p><p>******************</p><p>Sou novamente forçada a pensar nas nossas crianças. Com tanta</p><p>negatividade em nosso redor devido ao terrorismo e às guerras</p><p>financeiras, qual será o impacto a longo prazo nas nossas crianças? Temos</p><p>de envolver as nossas crianças em experiências positivas para gerar</p><p>pensamentos positivos nas suas mentes.</p><p>P – O que é a sabedoria?</p><p>R – A sabedoria é a capacidade de se relacionar com as leis da natureza, para</p><p>que elas nos sirvam, e a capacidade de se relacionar com outras pessoas, de</p><p>modo a ganhar a sua cooperação harmoniosa e voluntária, ajudando-nos a</p><p>conseguir da vida tudo o que quisermos.</p><p>P – Então, o conhecimento acumulado não é sabedoria?</p><p>R – Céus, não! Se o conhecimento fosse sabedoria, as conquistas da ciência não</p><p>teriam sido convertidas em instrumentos de destruição.</p><p>P – O que é necessário para converter o conhecimento em sabedoria?</p><p>R – O tempo e o desejo por sabedoria. A sabedoria nunca pode ser imposta a</p><p>uma pessoa. Ela é adquirida, se é que é adquirida, pelo pensamento positivo</p><p>através de um esforço voluntário.</p><p>P – É seguro para todas as pessoas terem conhecimento?</p><p>R – Nunca é seguro para ninguém ter um conhecimento extenso sem</p><p>sabedoria.</p><p>P – Em que idade é que a maioria das pessoas começa a adquirir sabedoria?</p><p>R – A maioria das pessoas que adquire sabedoria fá-lo após ter passado os 40</p><p>anos. Antes desse período, a maioria das pessoas está muito ocupada a angariar</p><p>conhecimentos e a organizá-los em planos para perder tempo em obter</p><p>sabedoria.</p><p>P – Qual das circunstâncias da vida é a mais apta para levar uma pessoa a</p><p>adquirir sabedoria?</p><p>R – A adversidade e o fracasso. Estas são as linguagens universais da natureza</p><p>usadas para transmitir sabedoria a todos aos que estão preparados para recebê-</p><p>la.</p><p>P – A adversidade e o fracasso trazem sempre sabedoria?</p><p>R – Não, só para os que estão prontos para receber a sabedoria e procuram</p><p>voluntariamente por ela.</p><p>P – O que determina se uma pessoa está pronta para receber a sabedoria?</p><p>R – O tempo e a natureza dos hábitos de pensamento.</p><p>P – O conhecimento adquirido recentemente é igual ao conhecimento já testado</p><p>pelo tempo?</p><p>R – Não. O conhecimento testado através do intervalo de tempo é sempre</p><p>superior ao que foi recentemente adquirido. O tempo dá definição ao</p><p>conhecimento em termos de qualidade, quantidade e fiabilidade. Nunca se pode</p><p>ter certeza de um conhecimento que não tenha sido testado.</p><p>P – O que é um conhecimento fiável?</p><p>R – É o conhecimento que se harmoniza com a lei natural, o que significa que é</p><p>baseado em pensamentos positivos.</p><p>P – O tempo modifica e altera os valores do conhecimento?</p><p>R – Sim, o tempo modifica e altera todos os valores. Aquilo que é um</p><p>conhecimento exato hoje pode tornar-se nulo e inválido amanhã por causa do</p><p>reajustamento do tempo aos factos e aos valores. O tempo modifica todas as</p><p>relações humanas para melhor ou para pior, dependendo da forma como as</p><p>pessoas se relacionam umas com as outras.</p><p>No domínio dos pensamentos existe um momento que é próprio para lançar</p><p>as sementes do pensamento e existe um momento próprio para os colher, da</p><p>mesma forma que existe o momento certo para plantar e para colher no solo da</p><p>terra. Sem a medição adequada do tempo entre a semeadura e a colheita, a</p><p>natureza modifica ou retém as recompensas da semeadura.</p><p>P – Continue e descreva os dois últimos princípios.</p><p>R – O próximo princípio é a harmonia.</p><p>Em toda a natureza podemos encontrar provas de que toda a lei natural</p><p>acontece de maneira ordenada, através da lei da harmonia. Através desta lei, a</p><p>natureza força tudo o que estiver dentro dos limites de um determinado</p><p>ambiente a relacionar-se de forma harmoniosa. Se compreender esta verdade,</p><p>terá uma visão nova e intrigante do poder do ambiente. Compreenderá porque a</p><p>associação com mentes negativas é fatal para aqueles que procuram a</p><p>autodeterminação.</p><p>P – Está a dizer que a natureza força voluntariamente os seres humanos a</p><p>harmonizarem-se com as influências do seu meio?</p><p>R – Sim, isso é verdade. A lei do ritmo hipnótico impõe a todos os seres vivos</p><p>as influências dominantes do ambiente em que vivem.</p><p>P – Se a natureza obriga os seres humanos a aceitarem a natureza do ambiente</p><p>em que vivem, que meios de fuga existem para as pessoas que se encontram</p><p>num ambiente de fracasso e pobreza e do qual desejam fugir?</p><p>R – Devem mudar imediatamente de ambiente ou permanecer presos pela</p><p>pobreza. A natureza não permite que ninguém escape das influências do seu</p><p>ambiente.</p><p>Contudo, a natureza, na sua abundante sabedoria, dá a cada ser humano o</p><p>privilégio de estabelecer o seu próprio ambiente mental, espiritual e físico, mas</p><p>depois de o escolher tem de se tornar parte dele. Esse é o funcionamento</p><p>inexorável da lei da harmonia.</p><p>P – Numa associação com fins comerciais, por exemplo, quem estabelece a</p><p>influência dominante que determina o ritmo do ambiente?</p><p>R – O indivíduo ou os indivíduos que pensam e agem com definição de</p><p>propósito.</p><p>P – É assim tão simples?</p><p>R – Sim, a definição de propósito é o ponto de partida para que um indivíduo</p><p>estabeleça o seu próprio ambiente.</p><p>P – Acho que não consegui acompanhar o seu raciocínio. O mundo inteiro está</p><p>dividido pela guerra e pelas crises económicas e ainda outras formas de crises</p><p>que podem representar qualquer coisa, exceto harmonia. A natureza não parece</p><p>estar a obrigar as pessoas a harmonizarem umas com as outras. Como explica</p><p>essa inconsistência?</p><p>Como na época de Hill, parece não haver harmonia no mundo de hoje.</p><p>Quando pensamos na economia, nos desastres naturais, nos conflitos</p><p>militares, na devastação humana causada pelas doenças e pela fome, a</p><p>harmonia parece ser fácil de alcançar? Hill diria que sim, mesmo</p><p>enfrentando as piores condições da sua época. Embora nenhum de nós</p><p>possa estar em controlo da harmonia no nosso mundo, podemos criar</p><p>harmonia em nossa casa.</p><p>R – Não há inconsistência. As influências dominantes do mundo são, como diz,</p><p>negativas. Muito bem, a natureza está a obrigar os seres humanos a</p><p>harmonizarem-se com as influências dominantes do ambiente do mundo.</p><p>As manifestações de harmonia podem ser positivas ou negativas. Por</p><p>exemplo, um grupo de homens numa prisão pode, e geralmente fá-lo, pensar e</p><p>agir de maneira negativa, mas a natureza faz com que a influência dominante</p><p>da prisão fique impressa em cada indivíduo. Um grupo de pessoas orientadas</p><p>para a pobreza e que vivam em apartamentos pode lutar entre si e resistir a</p><p>todas as formas de harmonia, mas a natureza obriga cada um a tornar-se parte</p><p>da influência dominante da casa onde vive.</p><p>A harmonia, no sentido que aqui lhe está a ser dado, implica que a natureza</p><p>relacione todas as coisas que são semelhantes através de todos os universos. As</p><p>influências negativas são forçadas a associarem-se umas às outras, não importa</p><p>onde elas possam estar. As influências positivas são definitivamente forçadas a</p><p>associarem-se umas com as outras.</p><p>P – Estou a começar a ver porque é que os líderes de negócios bem-sucedidos</p><p>são tão cuidadosos na escolha dos seus sócios. Os homens bem-sucedidos em</p><p>qualquer ramo geralmente estabelecem o seu próprio ambiente cercando-se de</p><p>pessoas que pensam e agem em termos de sucesso. É essa a ideia?</p><p>R – É exatamente essa a ideia. Observe com atenção que a única coisa que os</p><p>homens bem-sucedidos exigem é a harmonia entre os seus associados. Outra</p><p>característica de pessoas bem-sucedidas é que elas se movimentam com</p><p>definição de propósito e insistem que os seus associados façam o mesmo. Basta</p><p>compreender estas duas verdades e compreenderá a grande diferença que existe</p><p>entre um Henry Ford e um trabalhador comum.</p><p>Por isso, o princípio da harmonia é um benefício para todos quando nos</p><p>rodeamos de outras pessoas bem-sucedidas. Pense nas pessoas com quem</p><p>trabalha. Elas apoiam-no… ou fazem-no retrair-se?</p><p>P – Agora fale-me do último dos sete princípios.</p><p>R – O último princípio é a cautela.</p><p>A seguir ao hábito do alheamento, a característica humana mais perigosa é a</p><p>falta de cautela.</p><p>As pessoas alheiam-se em todos os tipos de circunstâncias perigosas porque</p><p>não exercem cautela ao planear os movimentos que fazem. O alheado move-se</p><p>sempre sem cautela. Age primeiro e pensa depois, se é que alguma vez pensa.</p><p>Ele não escolhe os seus amigos. Alheia-se e permite que as pessoas se liguem a</p><p>ele nos seus próprios termos. Ele não escolhe uma ocupação. Alheia-se na</p><p>escola e fica satisfeito quando consegue o primeiro emprego que lhe garante</p><p>roupa e comida. Ele convida as pessoas a enganá-lo nos negócios porque não</p><p>se informa sobre as regras do negócio. Convida a doença, esquecendo-se de se</p><p>informar sobre as regras de uma saúde perfeita. Ele convida a pobreza por</p><p>negligenciar proteger-se contra as influências ambientais daqueles que</p><p>nasceram para a pobreza. Convida o fracasso a cada passo que dá ao</p><p>negligenciar o exercício da cautela para observar o que leva as pessoas a</p><p>fracassarem. Ele convida o medo, em todas as suas formas, pela sua falta de</p><p>cautela em analisar as causas do medo. Fracassa no casamento porque</p><p>negligencia o uso de cautela na escolha da sua parceira, e usa ainda menos</p><p>cautela nos seus métodos para se relacionar com ela após o casamento. Ele</p><p>perde os seus amigos ou converte-os em inimigos devido à sua falta de cautela</p><p>em relacionar-se com eles de maneira adequada.</p><p>“A seguir ao hábito do alheamento, a característica humana mais</p><p>perigosa é a falta de cautela.”</p><p>P – A cautela faz falta a todas as pessoas?</p><p>R – Não. Somente às que adquiriram o hábito do alheamento. O não-alheado</p><p>usa sempre de cautela. Ele pensa cuidadosamente os seus planos antes de os</p><p>iniciar. Compensa as fragilidades humanas dos seus associados e planeia</p><p>antecipadamente como resolvê-las.</p><p>Se enviar um mensageiro numa missão importante, ele manda outra pessoa</p><p>para ter a certeza de que o mensageiro cumpriu a sua missão. Depois ele</p><p>verifica ambos para ter certeza de que os seus desejos foram escrupulosamente</p><p>cumpridos. Não toma nada como garantido sempre que a cautela fornece uma</p><p>forma de garantir o seu sucesso.</p><p>P – A cautela excessiva é tão prejudicial como a falta de cautela?</p><p>R – A cautela nunca é excessiva. O que chama de “cautela excessiva” é uma</p><p>expressão de medo. O medo e a cautela são duas coisas totalmente diferentes.</p><p>P – As pessoas confundem o medo com a cautela excessiva?</p><p>R – Sim, isso acontece às vezes, mas a maioria das pessoas cria para si próprias</p><p>muitos mais perigos pela completa falta do hábito da cautela do que pelo</p><p>excesso desta.</p><p>P – De que forma a cautela pode ser usada de forma mais vantajosa?</p><p>R – Na seleção dos associados e nos métodos de se relacionarem com eles. A</p><p>razão para isso é óbvia. Os associados constituem a parte mais importante do</p><p>ambiente de uma pessoa, e as influências ambientais determinam se a pessoa</p><p>ganha o hábito de alhear-se ou se vai tornar-se um não-alheado. A pessoa que</p><p>exerce cautela na escolha dos seus associados nunca se permite estar</p><p>intimamente associada com qualquer pessoa que não lhe traga, através da</p><p>associação, alguma forma definida de benefício mental, espiritual ou</p><p>económico.</p><p>P – Esse método de escolher associados não é egoísta?</p><p>R – É um método sensato e leva à autodeterminação. É o desejo de qualquer</p><p>pessoa normal encontrar sucesso material e felicidade.</p><p>Nada contribui mais para o sucesso e a felicidade de uma pessoa do que a</p><p>escolha cuidadosa dos seus associados. A cautela na escolha de associados</p><p>torna-se, por isso, o dever de todos os que queiram ser felizes e bem-sucedidos.</p><p>O alheado permite que os seus associados mais próximos se liguem a ele</p><p>segundo os seus próprios termos. O não-alheado escolhe cuidadosamente os</p><p>seus associados e não permite que ninguém se associe intimamente a ele sem</p><p>que contribua com alguma forma de influência útil ou benéfica.</p><p>P – Nunca me ocorreu que a cautela na escolha de amigos seria tão definitiva</p><p>para o sucesso ou o fracasso de uma pessoa. Todas as pessoas bem-sucedidas</p><p>agem com cautela na seleção dos seus associados, quer seja nas relações</p><p>empresariais, sociais ou profissionais?</p><p>R – Sem o exercício da cautela na escolha de todos os seus associados,</p><p>ninguém pode estar certo do sucesso em qualquer área. Por outro lado, a falta</p><p>de cautela traz consigo uma derrota quase certa em qualquer área de atuação.</p><p>Acha difícil dizer “não” às pessoas? Este capítulo faz-nos perceber que</p><p>exercer cautela na escolha de associados e aprender a dizer “não” com</p><p>mais frequência pode acelerar o seu caminho para o sucesso.</p><p>SÍNTESE</p><p>Há três coisas ligadas com a minha entrevista com o Diabo que me interessam</p><p>muito. Esses três fatores interessam-me porque foram as influências mais</p><p>importantes da minha vida, um facto que qualquer leitor da minha história</p><p>consegue facilmente discernir. Os três fatores mais importantes são: o hábito do</p><p>alheamento, a lei do ritmo hipnótico, através da qual todos os hábitos acabam</p><p>por se tornar permanentes, e o elemento tempo.</p><p>Eis um trio de forças que guarda inviolado o destino de todos os homens. As</p><p>três forças têm um significado novo e mais importante quando são agrupadas e</p><p>estudadas como força combinada. Basta ter alguma imaginação e um pouco de</p><p>conhecimento sobre as leis naturais para compreender que a maior parte das</p><p>dificuldades que as pessoas enfrentam são de sua autoria. Além disso, as</p><p>dificuldades raramente são o resultado de circunstâncias imediatas. Elas são</p><p>geralmente o clímax de um conjunto de circunstâncias que foram consolidadas</p><p>através do hábito do alheamento e com a ajuda do tempo.</p><p>“A maior parte das dificuldades que as pessoas enfrentam são de sua</p><p>autoria.”</p><p>Hoje em dia, muitas pessoas possuem uma mentalidade de vítima que</p><p>usam como desculpa para não aceitarem a responsabilidade pelas suas</p><p>vidas.</p><p>Samuel Insull não perdeu o seu império industrial de 4 mil milhões de</p><p>dólares por causa da crise económica. Ele começou a perdê-lo muito antes da</p><p>depressão, altura em que foi vítima de um grupo de mulheres que o</p><p>persuadiram a preferir a ópera ao serviço de utilidade pública. Se alguma vez</p><p>um homem de elevada posição do mundo financeiro se perdeu por causa do</p><p>poder do alheamento, do ritmo hipnótico e do tempo, esse homem foi Samuel</p><p>Insull.</p><p>Escrevo com conhecimento de causa sobre o Senhor Insull e a causa dos</p><p>seus problemas, que datam do tempo em que servi com ele na Primeira Guerra</p><p>Mundial, até ao momento da sua tentativa de fugir de si mesmo.</p><p>Samuel Insull mudou-se de Inglaterra para os Estados Unidos em 1881,</p><p>para se tornar secretário particular de Thomas Edison e chegou a ser</p><p>presidente da Chicago Edison Co. em 1892. Em 1907, ele apoderara-se</p><p>do controlo do sistema de trânsito de Chicago. Em 1912, presidia a várias</p><p>centenas de centrais elétricas. Promoveu de forma vigorosa as ações das</p><p>suas empresas. Quando elas entraram em colapso em 1932, ele fugiu para</p><p>a Europa; extraditado em 1934, foi julgado três vezes por fraude, violação</p><p>das leis da bancarrota e burla, mas foi sempre absolvido. Ele fornece-nos</p><p>um olhar interno sobre as outras razões para o colapso e queda. Hoje</p><p>reconhecemos de imediato o nome Edison… mas provavelmente não</p><p>reconhecemos Insull.</p><p>Henry Ford passou pela mesma crise que arruinou Insull, mas Ford saiu no</p><p>topo sem um arranhão. Quer saber porquê? Eu digo-lhe. Ford tem o hábito de</p><p>não se alhear em nenhum assunto. O tempo é amigo de Ford, porque ele</p><p>formou o hábito de usá-lo de forma construtiva e positiva, com a ajuda dos seus</p><p>pensamentos, que constituem planos de sua própria criação.</p><p>Qualquer circunstância pode ser medida com referência ao seu</p><p>relacionamento com o hábito do alheamento, do ritmo hipnótico e do tempo, e</p><p>certamente verá com precisão a causa de todo o fracasso ou de todo o sucesso.</p><p>Franklin D. Roosevelt assumiu a sua administração com inovações durante o</p><p>seu primeiro mandato. Mas ele só tinha um propósito principal em mente, e</p><p>esse era bem definido. O seu objetivo era travar o medo e levar as pessoas a</p><p>pensarem e falarem em termos de recuperação nos negócios em vez de crise.</p><p>Ao realizar esse propósito, não havia alheamento. As forças de toda a nação</p><p>estavam consolidadas e unidas para ajudar o presidente a alcançar o seu</p><p>propósito definido. Pela primeira vez na História da América, os jornais de</p><p>todas as inclinações políticas, as igrejas de todas as denominações, as pessoas</p><p>de todas as raças e cores e as organizações políticas de todos os partidos</p><p>uniram-se numa força fantástica com o único objetivo de ajudar o presidente a</p><p>restaurar a fé e as relações comerciais no país.</p><p>Numa conferência realizada entre o presidente e um grupo de conselheiros de</p><p>urgência poucos dias depois de assumir a presidência, perguntei-lhe qual era o</p><p>seu maior problema. Ele respondeu: “Não é uma questão de maior ou menor;</p><p>nós só temos um problema que é travar o medo e suplantá-lo com a fé.”</p><p>Antes do final do seu primeiro ano no cargo, o presidente tinha vencido o</p><p>medo e tinha-o suplantado pela fé, e a nação caminhava vagarosa, mas</p><p>empenhada, na saída da crise. No final do seu primeiro mandato – repare bem</p><p>no elemento tempo –, o presidente tinha consolidado tão eficazmente as forças</p><p>dos negócios americanos e da vida privada que tinha uma nação inteira a apoiá-</p><p>lo, pronta, determinada e entusiasticamente desejosa de o seguir qualquer que</p><p>fosse o caminho que ele seguisse.</p><p>Estes factos são bem conhecidos de todos os que leem os jornais ou ouvem a</p><p>rádio.</p><p>Como todos nós, Napoleon Hill viveu num ambiente político que afetou</p><p>todos. Normalmente pensamos em nós como “vítimas” dos meios de</p><p>comunicação social ou do sistema político ou de outras forças exteriores.</p><p>Hill mostra-nos como sermos superiores a essa doença – outro dos</p><p>instrumentos do Diabo – e aceitar as responsabilidades por todas as</p><p>nossas escolhas.</p><p>Depois veio outra eleição presidencial e a oportunidade para as pessoas</p><p>expressarem a sua fé no seu líder. Elas manifestaram-na com uma vitória</p><p>esmagadora na política americana, e o presidente assumiu o gabinete para um</p><p>segundo mandato com uma votação quase unânime, apenas com dois estados</p><p>dissidentes.</p><p>Agora, observe como a roda da vida começou a mudar e a voltar-se para</p><p>outra direção. O presidente mudou a sua política de definição de propósito para</p><p>a indefinição e para o alheamento.</p><p>A sua mudança na política dividiu o poderoso partido trabalhista e fez com</p><p>que mais de metade desse grupo se virasse contra ele. Ele dividiu os muitos</p><p>apoiantes que tinha nas duas câmaras do Congresso e, mais importante do que</p><p>tudo isso, ele dividiu o povo americano em prós e contras, e o resultado final</p><p>daquilo que sobrou do carisma político do presidente foi o seu largo sorriso e</p><p>seu aperto de mão firme – obviamente, não foi o suficiente para reconquistar o</p><p>poder que tinha tido na vida americana.</p><p>Aqui temos, então, um excelente exemplo de um homem que alcançou um</p><p>grande poder subindo muito, através da definição de propósito, e cuja queda foi</p><p>ainda maior por causa do seu hábito do alheamento. Tanto na subida como na</p><p>queda, pode ver-se claramente o funcionamento dos princípios do alheamento e</p><p>do nãoalheamento, alcançando um clímax através do poder do ritmo hipnótico</p><p>e do tempo.</p><p>“Aqui temos, então, um excelente exemplo de um homem que</p><p>alcançou um grande poder subindo muito, através da definição de</p><p>propósito, e cuja queda foi ainda maior por causa do seu hábito de</p><p>alheamento.”</p><p>******************</p><p>Pense nas outras pessoas, na opinião pública ou no seu círculo de</p><p>influência, que alcançaram grande sucesso apenas para o perderem depois</p><p>por causa do alheamento.</p><p>Em toda a minha vida, o Diabo teve uma dramática história para contar sobre</p><p>os seus negócios comigo. Ele viu-me alhear-me em oportunidades de negócios</p><p>pelas quais muitos teriam dado uma mão. Viu-me alhear-me na minha política</p><p>de relacionamento com os outros, particularmente na minha falta de cautela nos</p><p>negócios.</p><p>A circunstância que me salvou do controlo fatal da lei do ritmo hipnótico foi</p><p>a definição de propósito à qual dediquei toda a minha vida – a organização de</p><p>uma filosofia de realização pessoal. Alheei-me numa altura ou noutra, em</p><p>pequenos esforços e caprichos, mas o meu alheamento era pelo meu propósito</p><p>maior, que era o suficiente para restaurar a minha coragem e colocar-me na</p><p>busca do conhecimento sempre que era derrotada por objetivos menores.</p><p>Aprendi alguma coisa sobre a natureza prejudicial do hábito do alheamento</p><p>enquanto estava comprometido no estudo de mais de 25 mil pessoas ligadas à</p><p>organização da Lei do Sucesso. Esses estudos mostraram que apenas duas em</p><p>cada cem pessoas possuem um objetivo definido na vida. As outras 98 ficaram</p><p>presas pelo hábito do alheamento. Parece-me mais do que uma coincidência</p><p>que os meus estudos tenham claramente corroborado as afirmações do Diabo</p><p>de que ele controla 98 em cada cem pessoas, devido justamente ao hábito do</p><p>alheamento.</p><p>Olhando para a minha própria carreira passada, posso claramente ver que</p><p>poderia ter evitado a maioria das derrotas temporárias com as quais me deparei</p><p>se naquele momento tivesse seguido um plano para obtenção do meu maior</p><p>propósito na vida.</p><p>Da minha experiência no estudo dos problemas de mais de cinco mil</p><p>famílias, eu sei, definitivamente, que a maioria das pessoas casadas que se</p><p>desarmoniza uma com a outra o faz devido à acumulação de um grande número</p><p>de pequenas circunstâncias no seu casamento que poderiam ter sido</p><p>esclarecidas e contornadas à medida que iam surgindo, se houvesse uma</p><p>política definida para o fazer. Eles não vivem a sua vida de casal com definição</p><p>de propósito.</p><p>Assim se fez a história desde o princípio dos tempos. O homem que possui o</p><p>plano e o propósito mais definido caminha para a vitória. Os outros correm</p><p>para conseguir abrigo e acabam sob a liderança daqueles que são mais</p><p>determinados.</p><p>A resposta não é difícil de encontrar. Não há necessidade de procurar muito.</p><p>Por mim, preferiria procurar a resposta</p><p>no Diabo, porque ele me diria</p><p>rapidamente que a vitória é obtida pelas pessoas que sabem o que querem e que</p><p>estão determinadas a consegui-la. Elas dominaram o hábito do alheamento.</p><p>Elas possuem políticas definidas, planos definidos e objetivos definidos. A sua</p><p>oposição, que pode ser em número muito superior, não tem hipótese alguma</p><p>contra elas, porque a oposição não possui um plano, nenhum propósito e</p><p>nenhuma política, exceto a de se alhear, esperando que alguma coisa possa</p><p>surgir para as ajudar. Naquelas três breves frases possui a soma e a substância</p><p>da diferença entre o sucesso e o fracasso, a força e a falta dela.</p><p>Chegamos agora perto do fim da nossa visita através deste livro. Se tentasse</p><p>colocar numa só frase a coisa mais importante que tentei exprimir através deste</p><p>livro, seria algo do género:</p><p>“Os desejos dominantes podem ser cristalizados nos seus equivalentes</p><p>físicos, através da definição de propósito, apoiada pela definição de</p><p>planos, com a cooperação da lei natural do ritmo hipnótico e do</p><p>tempo.”</p><p>Eis a fase positiva da filosofia de realização pessoal que tentei descrever</p><p>através deste livro, com o máximo de brevidade e simplicidade. Se expandir a</p><p>filosofia com o propósito de adaptá-la às circunstâncias da vida, verá que ela é</p><p>tão grande quanto a vida em si, que ela cobre todos os relacionamentos</p><p>humanos, todos os pensamentos humanos, objetivos e também desejos.</p><p>Aqui estamos, no final da mais estranha de todas as milhares de entrevistas</p><p>que fiz aos grandes e aos quase grandes, por um período de mais de cinquenta</p><p>anos de trabalho, na minha procura pelas verdades da vida que levam à</p><p>felicidade e à segurança económica.</p><p>É estranho, no entanto, que, depois de ter tido a cooperação ativa de homens</p><p>como Carnegie, Edison e Ford, tenha sido obrigado a ir até ao Diabo para</p><p>encontrar um conhecimento prático dos maiores princípios revelados na minha</p><p>procura pela verdade. Como é estranho que tenha sido forçado a passar pela</p><p>pobreza, pelo fracasso e pela adversidade, em centenas de formas, antes de ter</p><p>tido o privilégio de entender e utilizar a lei da natureza que neutraliza essas</p><p>armas malvadas e as elimina por completo. Mas o mais estranho de toda esta</p><p>dramática experiência que a vida me proporcionou foi a simplicidade da lei</p><p>que, se a tivesse entendido, poderia ter transformado os meus desejos de forma</p><p>substancial, sem ter de me submeter a tantos anos de pobreza e miséria.</p><p>Agora percebo, no final da minha entrevista com o Diabo, que tinha estado a</p><p>carregar nos meus próprios bolsos os fósforos com os quais o fogo da</p><p>adversidade estava a ser desencadeado. E vejo também que a água com a qual</p><p>esses fogos poderiam ter sido extintos existia em grande abundância à minha</p><p>disposição.</p><p>Procurei a pedra filosofal com a qual o fracasso pode ser convertido em</p><p>sucesso, apenas para perceber que tanto o sucesso como o fracasso são o</p><p>resultado das forças evolucionárias do nosso dia a dia, através das quais os</p><p>pensamentos dominantes são ligados ponto por ponto e transformados nas</p><p>coisas que queremos, ou nas coisas que não queremos, de acordo com a</p><p>natureza desses pensamentos.</p><p>Infelizmente, não entendia essa verdade no momento em que cheguei à idade</p><p>da razão, porque, se a tivesse entendido, teria sido capaz de contornar os</p><p>obstáculos que fui obrigado a saltar, enquanto caminhava no “vale da sombra”</p><p>da vida.</p><p>A história da minha entrevista com o Diabo está agora nas suas mãos. Os</p><p>benefícios que receberá dela terão a exata proporção do pensamento que ela</p><p>inspira em si. Para beneficiar da leitura desta entrevista, não precisa de</p><p>concordar com todas as suas partes.</p><p>Só tem de pensar e chegar às suas próprias conclusões em relação a cada</p><p>parte dela. Isso é bastante razoável. Somos o juiz, o jurado e o advogado, tanto</p><p>da defesa como da acusação. Se não vencer o seu caso, a perda e a causa dela</p><p>serão somente suas!</p><p>NAPOLEON HILL</p><p>“Os desejos dominantes podem ser cristalizados nos seus equivalentes</p><p>físicos, através da definição de propósito, apoiada pela definição de</p><p>planos, com a cooperação da lei natural do ritmo hipnótico e do</p><p>tempo!”</p><p>Napoleon Hill desejava partilhar esta mensagem com o mundo na década</p><p>de 1930, mas, em vez disso, ela foi guardada num cofre, para finalmente</p><p>ser revelada e partilhada consigo em 2011 – por uma razão. Vai</p><p>conseguir…</p><p>– Perceber que tem nos seus bolsos os fósforos com os quais os fogos</p><p>da adversidade são desencadeados, e descobrir também que a água que</p><p>pode extinguir esses fogos existe em grande abundância à sua disposição?</p><p>E depois:</p><p>– Encontrar a sua definição de propósito?</p><p>– Criar um plano definido?</p><p>– Comprometer-se com a ajuda da lei da natureza do ritmo hipnótico?</p><p>– E usar o ativo do tempo para o ajudar a atingir o seu maior sucesso?</p><p>EPÍLOGO</p><p>Quer tenha lido todo este livro ou apenas algumas páginas antes de vir ao</p><p>epílogo, terá percebido que, se os nomes históricos, datas e acontecimentos</p><p>neste livro fossem substituídos pelos dos nossos tempos atuais, pouco teria</p><p>mudado. A partir da descrição de Hill da propaganda dos meios de</p><p>comunicação social, o condicionamento que as crianças recebem na escola, o</p><p>ensinamento baseado no medo pregado pelas religiões, a dieta e os hábitos</p><p>alimentares pobres das pessoas, até ao clima económico desafiante, pouco</p><p>parece ter mudado na nossa consciência coletiva e, por consequência, na nossa</p><p>experiência coletiva.</p><p>A boa notícia é que nunca é tarde para um novo começo, para um</p><p>renascimento em consciência. Como Hill lembra: “eu também descobri que a</p><p>semente de um benefício equivalente vem com cada experiência de derrota</p><p>temporária e cada fracasso.” O nosso caminho é aparentemente composto por</p><p>uma polaridade de fracasso e sucesso. Numa forma mais ligeira de pôr a</p><p>questão: os princípios de Hill para viver ensinam-nos “a fracassar com</p><p>sucesso”. Este é um paradoxo compreendido pelos que são espiritualmente</p><p>maduros, aqueles que ele descreve como tendo-se elevado acima do “ritmo</p><p>hipnótico” e descoberto o seu “outro eu”, que também pode ser identificado</p><p>como o Eu do eu, o Eu Elevado ou o Eu Autêntico.</p><p>É encorajador que muitos dos autores de autoajuda espiritual e filosófica</p><p>atuais, e até autores científicos, partilham do ponto de vista de Hill sobre aquilo</p><p>a que ele chama “definição de propósito”, ou, em linguagem corrente,</p><p>“estabelecer de intenções”. Quando a nossa intenção é acordar do “ritmo</p><p>hipnótico” de viver – aquilo que os hindus chamam desilusão e os budistas</p><p>chamam ilusão – a consciência individual e coletiva expande. Nós, juntamente</p><p>com a nossa família global, beneficiamos.</p><p>A integridade de Hill brilha através das suas descrições daquilo que significa</p><p>manifestar sucesso. De facto, ele anuncia sem hesitar que “qualquer homem</p><p>pode servir-se dos benefícios do seu ‘outro eu’” desde que não esteja “imerso</p><p>em ganância”. Esta afirmação espiritualmente dignificada eleva o sucesso a</p><p>uma questão de consciência – ou seja, o sucesso não significa necessariamente</p><p>que “aquele que tem mais ferramentas vence”. Desta forma, Hill elimina o</p><p>confuso despertar espiritual com a capacidade de manifestar coisas na vida de</p><p>uma pessoa porque nunca existe um “mais” suficiente.</p><p>Também nos é ensinada a importância da consciencialização e da prudência,</p><p>uma atividade de consciência aberrante do Diabo de Hill, que se delicia em</p><p>usar a falha dos homens de pensarem por si próprios como vantagem.</p><p>Conscientemente observar a mente e as suas capacidades é olhar para ela com</p><p>respeito, compaixão, gratidão, pois essa é a dádiva de Deus para</p><p>nós. A mente</p><p>não só forma a nossa paisagem interior como cria circunstâncias exteriores.</p><p>Não lutemos com a mente; apreciemos as suas nuances, as suas intuições, as</p><p>suas maiores capacidades com a compreensão de que a mente é a chave para se</p><p>ser autodirigido, autocapacitado, autoconfiante.</p><p>Após o “alheamento”, o traço humano mais perigoso que Hill descreve é a</p><p>“falta de cautela”, ou aquilo a que podemos chamar de falta de discernimento.</p><p>O discernimento é parente da sabedoria, o que nos leva a pensar nas</p><p>repercussões antes de agirmos, assim como a observar honestamente os</p><p>resultados das nossas escolhas. Assim, podemos criar o nosso próprio caminho</p><p>para a liberdade.</p><p>Nas mentes dos leitores dos tempos modernos, os ensinamentos de Hill são</p><p>com frequência associados com prosperidade, o que se traduz por dinheiro nos</p><p>cofres individuais de cada um. Mas, verdade seja dita, ele partilhou com o</p><p>mundo a sua sabedoria dos “princípios de como viver”, começando com o ser</p><p>interior de cada um, o estado de consciência interior de cada um, convidando-</p><p>nos a dar uma expressão exterior ao nosso mais elevado potencial não apenas</p><p>para seu próprio benefício, mas para o de toda a humanidade.</p><p>Quero acrescentar que foi uma escolha guiada pela sabedoria da parte da</p><p>Fundação Napoleon Hill confiar este precioso manuscrito nas mãos capazes de</p><p>Sharon Lechter. Os seus muitos anos de estudo dos princípios de verdade de</p><p>Napoleon Hill, e, ainda mais importante, a sua prática deles, tornaram-na a</p><p>candidata perfeita para oferecer agora este manuscrito ao mundo.</p><p>Que todos os leitores de Hill se libertem dos sistemas de crenças</p><p>condicionais e vivam a vida em toda a sua riqueza, a sua requintada beleza e</p><p>alegria, entregando livremente as suas dádivas, talentos e capacidades neste</p><p>planeta a que todos chamamos lar. Paz e as melhores bênçãos para vocês!</p><p>MICHAEL BERNARD BECKWITH</p><p>Michael Bernard Beckwith é o autor de Spiritual Liberation: Fulfilling</p><p>Your Soul’s Potencial, e foi apresentado em O Segredo. É o fundador do</p><p>Centro Espiritual Internacional Agape e cofundador da Association for</p><p>Global New Thought e a Season for Nonviolence.</p><p>REFLEXÃO</p><p>Nos escritos de Napoleon Hill existe uma forte espiritualidade presente,</p><p>justificando os seus métodos e a sua moralidade. Em muitas partes deste livro,</p><p>Enganar o Diabo, esta fundação religiosa para o seu sistema de crença é talvez</p><p>muito explícita.</p><p>Algumas das suas declarações sobre o mal e o medo, sobre “indefinição” e</p><p>“alheamento”, derivam de uma tradição religiosa americana que data, pelo</p><p>menos, ao Transcendentalismo de Ralph Waldo Emerson, nos meados do</p><p>século XIX. As correntes na espiritualidade americana na época de Hill</p><p>(durante a escrita deste livro, no final da década de 1930) incluíam Norman</p><p>Vincent Peale, Emmett Fox e, na ficção popular inspiradora, Lloyd C. Douglas.</p><p>O evangelismo cristão muito pessoal de Aimee Semple McPherson e Billy</p><p>Sunday também ainda estava omnipresente na consciência pública e da</p><p>comunicação da época.</p><p>No entanto, para Hill a estatura de alguns dos titãs da indústria e finanças da</p><p>época obteve uma espécie de validação religiosa e serviu para inspirar os seus</p><p>próprios pensamentos e ações, e ele incitou outros a olharem para estes homens</p><p>– e eram todos homens – como modelos de comportamento moral bem-</p><p>sucedido que mostrava sucesso pessoal assim como bem geral.</p><p>A Grande Depressão foi, para Napoleon Hill, e em grande medida, um</p><p>fracasso moral. O que diria ele sobre as nossas atuais crises nos mercados</p><p>financeiros – o quase colapso do sistema bancário em 2008 e a consequente</p><p>recessão severa que afetou a vida de todos os que leram este livro em 2011 e</p><p>depois disso?</p><p>O seu panteão incluía Carnegie (claro), Edison, Ford e Rockefeller. Cada um</p><p>destes magnatas tem sido consequentemente analisado e reanalisado por</p><p>historiadores, economistas e biógrafos e as suas falhas pessoais colocadas sob a</p><p>luz do escrutínio público. Para Hill, eles não eram figuras históricas, mas sim</p><p>líderes contemporâneos no palco do mundo – como eram Adolf Hitler e Benito</p><p>Mussolini, Franklin Roosevelt e Winston Churchill. Ele não criticou a rude</p><p>competitividade de Rockefeller e provavelmente não estava consciente na</p><p>altura do antissemitismo de Ford.</p><p>Para Hill, a sociedade americana e o sistema de mercado livre tinham as</p><p>melhores esperanças para o mundo enquanto este hesitava à beira da</p><p>conflagração – e mesmo com as imperfeições evidentes do seu país natal (o que</p><p>ele via como suscetibilidade às maquinações do Diabo), não havia nada na</p><p>Terra que se pudesse comparar.</p><p>Para as pessoas que faziam a escolha pessoal de serem bem-sucedidas na</p><p>vida, que resistiam a tentações e fraquezas de irreligião e procuravam, em vez</p><p>disso, a ajuda de Deus (chamado por vários nomes no livro), não havia limite</p><p>para o quão longe eles podiam ir. Os limites eram autoimpostos, ou impostos</p><p>pela força negativa exterior do mal, personificada pelo Diabo.</p><p>Então, qual é a religião de Hill? Com franqueza, isso não é importante para</p><p>mim. Por muito que tenha sido influenciada pela filosofia de Napoleon Hill e</p><p>fascinada pela sua vida, nunca me interessou a igreja que ele frequentava ou se</p><p>sequer frequentava alguma. Mais importante é a questão: O que está ele a</p><p>ensinar-nos hoje sobre o papel da fé nas nossas vidas?</p><p>A resposta a essa questão é uma decisão sua. Acho que é uma questão</p><p>fundamental que afeta cada linha que ele escreve. Afinal, ele escolheu</p><p>estruturar este livro no género clássico do diálogo filosófico, e estabelece uma</p><p>combinação debatida com a figura antirreligiosa mais intensa de toda a</p><p>literatura (desde a Bíblia, passando por Milton e por C.S. Lewis). E eu continuo</p><p>a ser fascinada pela sua escolha porque isso permite a Hill exprimir – num</p><p>estilo muito agradável de ler – as suas próprias crenças e teorias profundas</p><p>sobre o comportamento humano. Detém lições profundas para todos nós.</p><p>À medida que vai avançando na sua vida e encontrando obstáculos no seu</p><p>caminho, pode ser-lhe útil rever os sete princípios de Hill para Enganar o</p><p>Diabo na sua vida.</p><p>> Definição de propósito</p><p>> Domínio sobre o eu</p><p>> Aprender com a adversidade</p><p>> Controlar a influência ambiental (associações)</p><p>> Tempo (dar permanência ao positivo em vez de ter hábitos de pensamento</p><p>negativos e desenvolver a sabedoria)</p><p>> Harmonia (agir com definição de propósito para se tornar a influência</p><p>dominante no seu ambiente mental, espiritual e físico)</p><p>> Cautela (pensar bem antes de agir)</p><p>Ao rever estes sete princípios, pode identificar e revelar o que o está a</p><p>impedir de avançar e obter o seu maior sucesso.</p><p>Foi uma grande bênção para mim que a Fundação Napoleon Hill me</p><p>confiasse este manuscrito – um manuscrito que esteve escondido e fechado por</p><p>mais de setenta anos (quer pela sua mulher ou pelo próprio Diabo… cada um</p><p>decide). Dizem que quando um aluno está pronto, o professor aparece. É</p><p>possível que Pense e Fique Rico fosse a mensagem certa durante a Grande</p><p>Depressão e que Enganar o Diabo seja a mensagem certa para os tempos</p><p>atuais?. Acredito que vemos a mão de Deus a trabalhar e não a do Diabo.</p><p>Acredito que Enganar o Diabo só foi publicado quando Deus sentiu que era a</p><p>mensagem certa no momento certo… agora em 2011. Provocou</p><p>definitivamente um grande impacto na minha vida e espero que o ache de valor</p><p>para a sua vida.</p><p>Que as palavras de Napoleon Hill lhe tragam</p><p>esperança, coragem e, acima de tudo,</p><p>definição de propósito para a sua vida…</p><p>Abençoado seja.</p><p>SHARON LECHTER</p><p>AGRADECIMENTOS</p><p>Um número tremendo de pessoas teve um papel importante em levar Enganar</p><p>o Diabo a ser publicado depois de ter passado mais de setenta anos escondido.</p><p>A Fundação Napoleon Hill agradece muito à família do Dr. Napoleon Hill,</p><p>que manteve o seu legado vivo. O Dr. Charlie Johnson, o sobrinho de Hill, que</p><p>tinha a custódia do controverso manuscrito, reconheceu o poder e a</p><p>importância da sua mensagem e deu recentemente o manuscrito à Fundação</p><p>Napoleon Hill para que fosse publicado.</p><p>Muito obrigada a Sharon Lechter e à sua grande paixão por preservar e</p><p>promover o legado de Hill. Nos seus comentários por todo o livro, a Sharon</p><p>utilizou os seus talentos e energia para ajudar os leitores a apreciarem e a</p><p>beneficiarem desta mensagem oportuna.</p><p>A Sharon junta-se a nós a agradecer aos admiradores de Napoleon Hill por</p><p>todo o mundo que nos ajudaram a divulgar a sabedoria de Hill – professores e</p><p>mentores, oradores motivacionais e professores universitários, líderes</p><p>empresariais bem-sucedidos e empreendedores em ascensão. Vocês são</p><p>testemunhos vivos para a importância continuada da obra de Hill. Não é de</p><p>admirar que Hill tenha sido frequentemente apelidado de “Milagreiro” e</p><p>“Fazedor de Milionários” durante os muitos anos das suas viagens como</p><p>orador.</p><p>Agradecemos a toda a equipa da Sterling Publishing pela sua dedicação e</p><p>perícia, principalmente a Marcus Leaver, Jason Prince, Michael Fragnito e</p><p>Kate Zimmermann. Numa nota mais pessoal, agradecemos às nossas equipas</p><p>na Fundação Napoleon Hill e Pay Your Family First pela sua incessante</p><p>orientação e apoio… Robert T. Johnson Jr., Michael Lechter, Annedia Sturgill,</p><p>Philip Lechter, Kevin Stock, Angela Totman e Kristin Thomas. Além disso,</p><p>apreciamos o encorajamento e a ajuda de Steve Riggio, Greg Reid, Joe</p><p>McNeely, Greg Tobin e Cevin Bryerman.</p><p>Em nome de Napoleon Hill, cuja viagem começou há mais de um século e</p><p>cuja sabedoria trouxe esperança e encorajamento a milhões de pessoas em todo</p><p>o mundo, obrigado!</p><p>DON GREEN, CEO DA FUNDAÇÃO NAPOLEON HILL, E SHARON LECHTER</p><p>NAPOLEON HILL</p><p>1883-1970</p><p>Napoleon Hill nasceu em 1883, nas montanhas longínquas de Wise County,</p><p>Virgínia. Nasceu pobre, e a sua mãe morreu quando ele tinha nove anos. Um</p><p>ano mais tarde, o seu pai voltou a casar e a sua madrasta tornou-se uma fonte</p><p>de inspiração para o rapaz.</p><p>Com a influência da sua madrasta, Hill tornou-se jornalista ainda na</p><p>adolescência. A sua escrita chamou a atenção de Robert L. Taylor, antigo</p><p>governador do Tennessee e, mais tarde, senador dos Estados Unidos. Taylor</p><p>detinha a Bob Taylor’s Magazine e deu emprego ao jovem Hill para escrever</p><p>histórias de sucesso. Na altura, Hill estava inscrito na Georgetown University</p><p>Law School.</p><p>Em 1908, Hill foi escolhido para entrevistar Andrew Carnegie e uma</p><p>entrevista de três horas tornou-se numa entrevista de três dias. Enquanto Hill</p><p>fazia a entrevista, Carnegie convenceu-o da ideia de organizar a primeira</p><p>filosofia mundial de realização pessoal, baseada nos princípios do sucesso.</p><p>Carnegie apresentou Hill a gigantes da altura, incluindo Henry Ford, Thomas</p><p>A. Edison e John D. Rockefeller. Hill iria passar vinte anos a entrevistar,</p><p>estudar e escrever sobre indivíduos de sucesso.</p><p>Passariam vinte anos depois de Hill entrevistar Andrew Carnegie quando ele</p><p>escreveu o oitavo volume de A Lei do Sucesso, em 1928. Escreveu muitos</p><p>bestsellers na sua vida. Em 1937, Hill escreveu Pense e Fique Rico, que se</p><p>tornou o livro de autoajuda mais vendido de todos os tempos e continua hoje a</p><p>vender milhões de cópias por todo o mundo. Não admira que Hill tenha sido</p><p>frequentemente apresentado como “Milagreiro – Fazedor de Milionários”.</p><p>SHARON LECHTER</p><p>Defensora da educação desde sempre, Sharon Lechter é a fundadora da Pay</p><p>Your Family First, uma organização de educação financeira. Sharon é a porta-</p><p>voz nacional da National CPA Financial Literacy Commission. Em 2008, foi</p><p>nomeada para o primeiro Conselho Consultivo sobre Literacia Financeira do</p><p>Presidente, servindo os dois presidentes Bush e Obama.</p><p>A Sharon é uma empreendedora, autora, filantropa, educadora, oradora</p><p>internacional, CPA licenciada e mãe. Tem sido pioneira no desenvolvimento de</p><p>novas tecnologias, programas e produtos para levar a educação à vida das</p><p>crianças de formas inovadoras, desafiantes e divertidas. O seu jogo de tabuleiro</p><p>sobre literacia financeira, o ThriveTime for Teens, um jogo inovador e</p><p>experimental sobre realidades monetárias, ganhou reconhecimento com</p><p>prémios cobiçados incluindo o GOLD Mom’s Choice Award, Creative Child</p><p>Magazine 2010 Game of The Year, Dr. Toy’s Best Vacation Product, e uma</p><p>classificação de cinco estrelas da WTS Toy Reviews. A Sharon é reconhecida</p><p>como especialista nos temas de educação financeira para crianças, finanças</p><p>pessoais e empreendedorismo.</p><p>A Sharon escreveu o bestseller nacional Three Feet from Gold juntamente</p><p>com a Fundação Napoleon Hill e Greg Reid. Também é conhecida</p><p>mundialmente como coautora do bestseller do New York Times Pai Rico, Pai</p><p>Pobre e 14 outros livros da série Pai Rico.</p><p>Filantropa empenhada, a Sharon também ajuda comunidades mundiais como</p><p>voluntária e benfeitora. Está nos quadros nacionais da Organização das</p><p>Mulheres Presidentes e da Childhelp, uma organização nacional fundada para</p><p>prevenir e tratar o abuso de crianças.</p><p>O objetivo da Fundação Napoleon Hill é…</p><p>> Fazer evoluir o conceito de empresa privada oferecido pelo Sistema</p><p>Americano</p><p>> Ensinar as pessoas a passar de um princípio humilde para posições de</p><p>liderança nas suas profissões escolhidas</p><p>> Ajudar jovens a estabelecer objetivos para a sua vida e carreira</p><p>> Dar ênfase à importância da honestidade, moralidade e integridade como</p><p>alicerce do americanismo</p><p>ELOGIOS A ENGANAR O DIABO</p><p>“Estão sempre a dizer-nos para ignorar a existência do negativo e focarmo-nos</p><p>apenas no positivo. No entanto, o poder está em reconhecer ambos e aprender a</p><p>lidar com eles. Este livro conta uma excelente história e ensina espantosas</p><p>lições.”</p><p>> LARRY WINGET, autor bestseller de Shut Up, Stop Whining & Get a Life!</p><p>do New York Times e Wall Street Journal</p><p>“O imortal Pense e Fique Rico de Napoleon Hill estava 50 anos à frente do seu</p><p>tempo. O seu recém-descoberto tesouro Enganar o Diabo é mais uma prova da</p><p>sua sabedoria e do seu legado. Hill guia-nos através do verdadeiro e do falso,</p><p>do melhor e do pior, do certo e do errado, como se ainda estivesse vivo. Este</p><p>livro não é uma opção para quem procure os conhecimentos de hoje que nos</p><p>levarão ao sucesso e realização de amanhã.”</p><p>> JEFFREY GITOMER, AUTOR DE THE LITTLE RED BOOK OF SELLING E THE</p><p>LITTLE GOLD BOOK OF YES ATTITUDE</p><p>“Se não se programar a si próprio, a vida encarrega-se de o fazer! O espantoso</p><p>Enganar o Diabo de Napoleon Hill fornece-lhe o código para atingir o seu</p><p>melhor potencial!”</p><p>> LES BROWN, THE MOTIVATOR! AUTOR DE LIVE YOUR DREAMS</p><p>“Hill aproveita uma ideia que C. S. Lewis usou em The Screwtape Letters,</p><p>expande-a e depois apresenta-a de uma forma muito pessoal. O resultado é uma</p><p>visão fascinante à mente de Napoleon Hill e à forma como ele vê a sociedade a</p><p>programar-nos cegamente para o fracasso. Enganar o Diabo pode ainda</p><p>parecer demasiado ‘avançado’ para ser publicado.”</p><p>> DR. J. B. HILL, NETO DE NAPOLEON HILL</p><p>“O olhar espantoso à mente da lenda inspiradora, Napoleon Hill.”</p><p>> GREG S. REID, COAUTOR DE THREE FEET FROM GOLD</p><p>“Os ensinamentos de Hill são frequentemente associados, na mente dos seus</p><p>leitores modernos, à prosperidade, que se traduz por dinheiro nos cofres de</p><p>cada um. Mas, verdade seja dita, ele partilhou com o mundo a sua sabedoria de</p><p>‘princípios de como viver’, começando com o ser interior de cada um, o estado</p><p>interior de consciência de cada um, convidando-nos</p><p>relaxaram e uma grande</p><p>calma apoderou-se de mim. A atmosfera começou a clarear e, enquanto isso</p><p>acontecia, recebi uma ordem do meu interior sob a forma de um pensamento,</p><p>tanto quanto consigo descrevê-lo.</p><p>A ordem era tão clara e distinta que não conseguia compreendê-la. Na</p><p>essência, ela dizia: “Chegou o momento de completares a filosofia de sucesso</p><p>que começou com a sugestão de Carnegie. Volta para casa imediatamente e</p><p>começa a transferir os dados que reuniste na tua própria mente, transformando-</p><p>os em manuscritos.” O meu “outro eu” tinha acordado.</p><p>Por alguns minutos fiquei aterrorizado. Nunca passara por nenhuma</p><p>experiência destas. Virei-me e caminhei rapidamente até chegar a casa. Quando</p><p>me aproximei de casa, vi os meus três filhos a olharem pela janela para os</p><p>filhos do vizinho, que estavam a decorar uma árvore de Natal.</p><p>Depois lembrei-me que era véspera de Natal. Além disso, recordei-me com</p><p>pura tristeza de que não haveria árvore de Natal na nossa casa. O olhar de</p><p>desapontamento no rosto dos meus filhos fez-me lembrar esse facto</p><p>dolorosamente.</p><p>Entrei em casa, sentei-me à máquina de escrever e comecei imediatamente a</p><p>transcrever todas as descobertas que tinha feito relacionadas com as causas de</p><p>sucesso e de fracasso. No momento em que coloquei a primeira folha de papel</p><p>na máquina fui interrompido pelo mesmo sentimento estranho que me tinha</p><p>ocorrido algumas horas antes. E este pensamento passou de forma muito clara</p><p>na minha mente:</p><p>“A tua missão nesta vida é completares a primeira filosofia mundial de</p><p>sucesso pessoal. Tens tentado em vão escapar da tua tarefa e cada esforço traz-</p><p>te fracasso. Estás à procura da felicidade. Aprende esta lição, de uma vez por</p><p>todas: só encontrarás alegria ajudando os outros a encontrá-la! Tens sido um</p><p>estudante teimoso. Tinhas que te curar da teimosia através de desapontamentos.</p><p>Dentro de alguns anos, o mundo inteiro começará uma experiência na qual</p><p>milhões de pessoas vão necessitar da filosofia que completares. Chegou a tua</p><p>grande oportunidade de encontrares a felicidade prestando um serviço útil. Vai</p><p>trabalhar e não pares até teres completado e publicado os manuscritos que</p><p>iniciaste.”</p><p>Eu estava consciente de ter chegado finalmente ao fim do arco-íris da vida e</p><p>estava feliz!</p><p>A dúvida surge</p><p>O “feitiço”, se é que assim se pode chamar a essa experiência, passou. Comecei</p><p>a escrever e, pouco depois, a minha “razão” sugeriu-me que talvez estivesse a</p><p>embarcar numa missão idiota. A ideia de que um homem que estava em plena</p><p>depressão e praticamente falido pudesse escrever uma filosofia de sucesso</p><p>pessoal parecia-me tão ridícula que me ri a bandeiras despregadas, algo</p><p>desdenhosamente.</p><p>Ajeitei-me na cadeira, passei os dedos pelo cabelo e tentei arranjar um álibi</p><p>que justificasse à minha própria mente que eu deveria tirar o papel da máquina</p><p>de escrever antes de começar, mas o desejo de continuar era muito mais forte</p><p>do que o desejo de desistir. Acabei por me reconciliar com a minha tarefa e</p><p>segui em frente.</p><p>“O desejo de continuar era mais forte do que o desejo de desistir.”</p><p>Lembra-se daquela vez em que tinha vontade de desistir, mas algo o levou</p><p>a continuar? Pode muito bem ter sido o seu “outro eu.”</p><p>Olhando para trás, à luz de tudo o que aconteceu, consigo perceber que essas</p><p>pequenas experiências de adversidade pelas quais passei estavam entre as mais</p><p>enriquecedoras e lucrativas de todas as minhas experiências. Elas eram, na</p><p>verdade, bênçãos disfarçadas, porque me obrigaram a continuar um trabalho</p><p>que finalmente me trouxe uma oportunidade para me tornar mais útil ao mundo</p><p>do que teria sido caso tivesse sido bem-sucedido em qualquer dos planos ou</p><p>objetivos anteriores.</p><p>Durante quase três meses trabalhei nestes manuscritos, terminando-os no</p><p>princípio de 1924. Assim que os completei, senti-me novamente atraído pelo</p><p>desejo de regressar ao jogo dos grandes negócios americanos.</p><p>Sucumbindo ao desejo, comprei a Faculdade de Negócios Metropolitana em</p><p>Cleveland, Ohio, e comecei a desenvolver planos para aumentar a sua</p><p>capacidade. No final de 1924, já a tínhamos desenvolvido e expandido,</p><p>acrescentando novos cursos, até quase termos duplicado o melhor recorde que</p><p>a escola já conhecera.</p><p>Novamente o vírus do descontentamento começou a borbulhar no meu</p><p>sangue. Percebi mais uma vez que não iria encontrar a felicidade nesse tipo de</p><p>empreendimento. Entreguei o negócio aos meus sócios e continuei a dar</p><p>palestras sobre a filosofia da realização pessoal à organização a que dedicara</p><p>tantos dos meus anos anteriores.</p><p>Uma noite, tinha de dar uma palestra em Canton, Ohio. O destino, ou seja lá</p><p>o que for que por vezes molda o destino dos homens, por mais que eles tentem</p><p>lutar contra ele, surgiu mais uma vez e obrigou-me a enfrentar uma experiência</p><p>dolorosa.</p><p>Na audiência estava sentado Don R. Mellett, editor do Daily News de</p><p>Canton. Mellett ficou tão interessado na filosofia de realização pessoal que</p><p>debati naquela noite que me convidou a ir visitá-lo no dia seguinte.</p><p>Aquela visita resultou num acordo que devia ter tido lugar no dia 1 do</p><p>seguinte mês de Janeiro, altura em que Mellett estava a planear reformar-se</p><p>como editor do Daily News, para assumir o negócio e a publicação da filosofia</p><p>em que eu tinha andado a trabalhar.</p><p>No entanto, em julho de 1926, Mellett foi assassinado por Pat McDermott,</p><p>um indivíduo do submundo, e por um polícia de Canton, tendo ambos sido</p><p>sentenciados a prisão perpétua. Foi assassinado porque estava a expor no seu</p><p>jornal uma ligação entre contrabandistas e determinados membros da força</p><p>policial de Canton. O crime foi um dos mais chocantes que a era da proibição</p><p>produziu.</p><p>O assassinato, em julho de 1926, do jornalista Donald Ring Mellett,</p><p>editor do Daily News de Canton, Ohio, foi um dos crimes mais</p><p>mediatizados da década de 1920. Em 1925, Mellett descobrira a</p><p>corrupção espalhada pela força policial de Canton e embarcou numa</p><p>campanha editorial antivício e anticorrupção tendo como alvo, entre</p><p>outros, o chefe da polícia de Canton. Dizia-se que Hill tinha pedido ao</p><p>governador de Ohio para iniciar uma investigação sobre a corrupção, um</p><p>pormenor que não foi refletido no registo de Hill.</p><p>Figuras locais do submundo, e pelo menos um polícia de Canton,</p><p>contrataram Patrick McDermott, um ex-condenado da Pensilvânia, para</p><p>silenciar Mellett. Este foi baleado à porta de sua casa. Segundo reza a</p><p>história, também havia assassinos à espera de Hill, mas uma avaria</p><p>automóvel fortuita manteve-os longe dele. A 17 de julho, o New York</p><p>Times relatou, num artigo intitulado “Mais Ameaças de Morte Após o</p><p>Assassínio do Editor de Canton”, que os cidadãos de Canton “estão</p><p>tomados pelo terror por ameaças de mais mortes pelos chefes dos</p><p>contrabandistas, jogadores e outros criminosos”. Como contado por Hill,</p><p>depois de saber do assassínio de Mellett e de ter recebido um aviso</p><p>anónimo para sair da cidade, ele fugiu para a Vírginia Ocidental. Em</p><p>grande parte devido ao trabalho de um detetive privado contratado pelo</p><p>promotor de Stark County, McDermott, dois bandidos locais, e um</p><p>detetive ex-polícia foram por fim condenados pelo assassínio de Mellett.</p><p>O acaso (?) salva-me a vida</p><p>Na manhã seguinte após a morte de Mellett, recebi um telefonema anónimo a</p><p>avisar-me de que tinha uma hora para sair de Canton; que podia ir</p><p>voluntariamente dentro de uma hora, mas se esperasse mais provavelmente iria</p><p>num caixão. A minha sociedade com Mellett aparentemente tinha sido mal</p><p>interpretada. Os seus assassinos acreditavam que eu estava diretamente ligado</p><p>às revelações que</p><p>para dar expressão exterior</p><p>aos nosso mais elevado potencial, não só para nosso benefício mas para o de</p><p>toda a humanidade.”</p><p>> MICHAEL BERNARD BECKWITH, AUTOR DE SPIRITUAL LIBERATION:</p><p>FULFILLING YOUR SOUL’S POTENTIAL</p><p>“A sabedoria intemporal de Napoleon Hill foi combinada com a capacidade de</p><p>comunicação de Sharon Lechter com o leitor moderno em Enganar o Diabo, a</p><p>sequela profunda e inovadora de Pense e Fique Rico. À medida que vai lendo e</p><p>depois volta a ler, vai perceber que aquilo em que acredita é aquilo que terá!”</p><p>> RITA DAVENPORT, AUTORA, ORADORA E HUMORISTA</p><p>“Pense e Fique Rico revelou os princípios fundamentais do sucesso… Enganar</p><p>o Diabo vai revelar aquilo que pode estar a impedi-lo de avançar, a forma</p><p>como quebrar aquelas barreiras e alcançar o sucesso que merece.”</p><p>> JIM STOVALL, AUTOR DO BESTSELLER THE ULTIMATE GIFT</p><p>“Vai descobrir se o Diabo que ele entrevista é real ou imaginário, em grande</p><p>parte idêntico ao Diabo com quem pode estar a lidar pessoalmente na sua vida</p><p>e experiência.”</p><p>> MARK VICTOR HANSEN, COCRIADOR DA COLEÇÃO N.º 1 DO NEW YORK TIMES,</p><p>CANJA DE GALINHA PARA A ALMA.</p><p>“Nunca houve uma altura mais importante para a verdade do que agora. Estou</p><p>orgulhosa da coragem de Sharon Lechter em pôr Deus no centro das nossas</p><p>vidas.”</p><p>> SARA O’MEARA, COFUNDADORA E PRESIDENTE DA CHILDHELP, INC.,</p><p>NOMEADA CINCO VEZES PARA O PRÉMIO NOBEL DA PAZ</p><p>CAPA</p><p>Ficha Técnica</p><p>ELOGIOS A ENGANAR O DIABO DE NAPOLEON HILL</p><p>NOTA AOS LEITORES POR SHARON LECHTER</p><p>PREFÁCIO</p><p>CAPÍTULO UM O MEU PRIMEIRO ENCONTRO COM ANDREW CARNEGIE</p><p>CAPÍTULO DOIS UM NOVO MUNDO É-ME REVELADO</p><p>CAPÍTULO TRÊS UMA ESTRANHA ENTREVISTA COM O DIABO</p><p>CAPÍTULO QUATRO ALHEAR-SE COM O DIABO</p><p>CAPÍTULO CINCO A CONFISSÃO CONTINUA</p><p>CAPÍTULO SEIS O RITMO HIPNÓTICO</p><p>CAPÍTULO SETE AS SEMENTES DO MEDO</p><p>CAPÍTULO OITO DEFINIÇÃO DE PROPÓSITO</p><p>CAPÍTULO NOVE EDUCAÇÃO E RELIGIÃO</p><p>CAPÍTULO DEZ AUTODISCIPLINA</p><p>CAPÍTULO ONZE APRENDER COM A ADVERSIDADE</p><p>CAPÍTULO DOZE AMBIENTE, TEMPO, HARMONIA E CAUTELA</p><p>SÍNTESE</p><p>EPÍLOGO</p><p>REFLEXÃO</p><p>AGRADECIMENTOS</p><p>ele estava a fazer nos seus jornais.</p><p>Não esperei que o limite de uma hora expirasse, entrei de imediato no meu</p><p>carro e dirigi-me a casa de parentes nas montanhas da Virgínia Ocidental, onde</p><p>permaneci até que os assassinos tivessem sido presos.</p><p>Essa experiência está dentro da categoria descrita por Carnegie como “uma</p><p>emergência” que obriga homens a pensarem. Pela primeira vez na minha vida,</p><p>conheci a dor do medo constante. A minha experiência em anos anteriores, em</p><p>Columbus, preenchera a minha mente com algumas dúvidas e muita indecisão</p><p>temporária, mas esta preencheu a minha mente com um medo que parecia</p><p>impossível de erradicar. Durante o tempo em que estive escondido, raramente</p><p>saía de casa à noite e, quando o fazia, tinha sempre a mão numa pistola</p><p>automática no bolso do meu casaco, sempre destravada para uso imediato. Se</p><p>um automóvel estranho parasse em frente à casa onde estava escondido, ia</p><p>imediatamente para a cave e, cuidadosamente, observava os seus ocupantes</p><p>através das janelas.</p><p>Depois de alguns meses a viver este género de experiência, os meus nervos</p><p>começaram a dar de si. A minha coragem desapareceu por completo. A</p><p>ambição que sentia no meu coração durante os longos anos de trabalho em</p><p>busca das causas do fracasso e do sucesso também se evaporou.</p><p>Lentamente, pouco a pouco, senti-me a resvalar para um estado de letargia</p><p>do qual temia jamais conseguir emergir. O sentimento deve ter sido muito</p><p>parecido com o daquelas pessoas que ficam presas nas areias movediças e que</p><p>percebem que cada esforço que fazem para sair da areia apenas os afunda ainda</p><p>mais. O medo é um pântano que se alimenta a si próprio.</p><p>Se a semente da insanidade estivesse presente na minha maneira de ser,</p><p>certamente teria germinado durante esses meses como morto-vivo. A indecisão,</p><p>os sonhos irresolutos, a dúvida e o medo eram a preocupação da minha mente,</p><p>dia e noite.</p><p>A “emergência” que senti foi desastrosa por dois motivos. Primeiro, a</p><p>verdadeira natureza dessa emergência manteve-me num constante estado de</p><p>indecisão e medo. Segundo, esse enclausuramento forçado deixou-me num</p><p>estado de tensão que, juntamente com o tempo que custava a passar, acabei por</p><p>dedicar a preocupar-me.</p><p>A minha faculdade de razão quase paralisara. Percebi que tinha de ajudar a</p><p>minha mente a sair deste estado. Mas como? Os recursos que me tinham</p><p>ajudado a resolver todas as emergências anteriores pareciam ter ganhado asas,</p><p>deixando-me com uma total sensação de inutilidade.</p><p>Além de todas as dificuldades, que já me pesavam muito, surgiu uma que</p><p>parecia mais dolorosa que todas as outras combinadas. Era a perceção de que</p><p>eu tinha gastado a melhor parte dos meus últimos anos em busca do arco-íris,</p><p>procurando em todo o lado as causas do sucesso, e encontrava-me agora mais</p><p>fraco do que qualquer das 25 mil pessoas que eu julgara serem “fracassadas”.</p><p>Este pensamento era quase enlouquecedor. Além disso, era também</p><p>extremamente humilhante, porque eu tinha dado palestras por todo o país em</p><p>escolas e faculdades e em organizações de comércio, ousando ensinar às outras</p><p>pessoas como aplicar os 17 princípios do sucesso, enquanto aqui estava,</p><p>incapaz de aplicá-los em mim. Tinha a certeza de que nunca mais conseguiria</p><p>enfrentar o mundo com confiança.</p><p>Sempre que me olhava ao espelho, notava uma expressão de autodesprezo no</p><p>meu rosto, e dizia frequentemente coisas ao homem do espelho que não podem</p><p>ser descritas. Tinha começado a colocar-me na categoria dos charlatões que</p><p>oferecem aos outros um remédio para o fracasso, mas que não conseguem</p><p>aplicá-lo a si mesmos com sucesso.</p><p>Os criminosos que assassinaram Mellett tinham sido julgados e sentenciados</p><p>a prisão perpétua; por isso, era perfeitamente seguro sair do meu esconderijo e</p><p>retomar o meu trabalho. Contudo, não conseguia sair porque agora enfrentava</p><p>circunstâncias mais assustadoras do que aquela criada pelos assassinos.</p><p>A experiência destruíra qualquer tipo de iniciativa que eu tivesse tido. Senti-</p><p>me sob uma tal influência depressiva que tudo me parecia um pesadelo. Eu</p><p>estava vivo; eu podia mover-me, mas não conseguia pensar num único</p><p>movimento para continuar a perseguir o objetivo que tinha estipulado para mim</p><p>mesmo, por sugestão de Carnegie. Estava rapidamente a tornar-me indiferente,</p><p>não apenas a mim mesmo mas, pior ainda, estava a tornar-me resmungão e</p><p>irritadiço com aqueles que me tinham oferecido abrigo durante a minha</p><p>“emergência”.</p><p>Enfrentei a maior emergência da minha vida. A menos que tenham passado</p><p>por uma experiência similar, ninguém consegue imaginar como me senti. Tais</p><p>experiências não podem ser descritas. Têm de ser sentidas para serem</p><p>compreendidas.</p><p>“A minha faculdade da razão quase paralisara.”</p><p>Hill estava paralisado, primeiro pelo medo de lesões físicas e depois pela</p><p>vergonha de ter ficado paralisado pelo medo. Já ficou paralisado por</p><p>emoções semelhantes? Quando enfrentamos as nossas próprias</p><p>“emergências”, o medo pode motivar-nos ou paralisar-nos. Ao</p><p>reconhecermos que temos uma opção e reagindo positivamente aos</p><p>nossos medos, podemos mudar a vida permanentemente para melhor.</p><p>Muitas pessoas hoje podem sentir os mesmos sentimentos de raiva</p><p>seguidos pela irritabilidade e o sentimento debilitante da indiferença.</p><p>Sentem-se desencorajadas e falta-lhes autoconfiança devido à incerteza da</p><p>sua situação financeira ou da sua vida pessoal. Podem estar zangadas e</p><p>deixar que a raiva as paralise. Eu tive uma conversa com um jovem</p><p>assim. “Tenho 30 anos”, disse ele, “e não tenho qualquer capacidade</p><p>vendável ou perspetiva disso.” Ele tinha um milhão de desculpas para não</p><p>fazer nada para mudar a sua situação. Salientei que se ele não agisse nada</p><p>mudaria. “Exceto se fizer um esforço para mudar as coisas”, disse-lhe,</p><p>“daqui a um ano a única diferença será que terá 31 anos sem qualquer</p><p>capacidade vendável ou perspetiva disso.” Este padrão soa-lhe familiar,</p><p>quer para si quer para alguém com quem se preocupe? Como é que se</p><p>acaba com esta paralisia? Napoleon Hill partilha como ultrapassou o seu</p><p>medo e indiferença e encontrou a esperança, a inspiração e a motivação</p><p>para recuperar e criar sucesso na sua vida.</p><p>O momento mais dramático da minha vida</p><p>A mudança surgiu repentinamente, no outono de 1927, mais de um ano após o</p><p>incidente de Canton. Saí de casa numa noite e caminhei até ao edifício da</p><p>escola pública que ficava no topo de uma colina acima da cidade.</p><p>Tinha tomado a decisão de lutar contra tudo aquilo antes que a noite</p><p>acabasse. Comecei a contornar o edifício, tentando forçar o meu cérebro</p><p>confuso a pensar com clareza. Devo ter dado centenas de voltas em redor do</p><p>edifício antes que qualquer coisa que se assemelhasse a um pensamento</p><p>remotamente organizado pudesse ter lugar na minha mente. Enquanto</p><p>caminhava, repetia constantemente para mim mesmo: “Existe uma saída e eu</p><p>vou encontrá-la antes de voltar para casa.” Devo ter repetido essa frase mil</p><p>vezes. Além disso, estava decidido a fazer o que dizia. Estava totalmente</p><p>indignado comigo mesmo, mas considerei uma esperança de salvação.</p><p>Então, como um raio num céu claro, uma ideia surgiu na minha mente com</p><p>tal força que o impulso fez com que o meu sangue subisse e descesse nas</p><p>minhas veias bruscamente: “Este é o teu período de teste. Foste reduzido à</p><p>pobreza e humilhado para que pudesses ser forçado a descobrir o teu ‘outro</p><p>eu’.”</p><p>Se a economia de hoje lhe deu um pontapé, levando-o à pobreza,</p><p>embaraçando-o ou lesando a sua autoconfiança, considere isso um teste,</p><p>exatamente como Napoleon Hill fez no final dos anos 20 e princípios dos</p><p>anos 30. Obrigue-se a descobrir o seu “outro eu”. Trabalhando os pontos</p><p>baixos da sua vida e com perseverança, pode ganhar a visão necessária</p><p>para ter êxito.</p><p>Pela primeira vez em anos, recordei o que Carnegie havia dito sobre este</p><p>“outro eu”. Lembrei-me que ele dissera que iria descobri-lo no final do meu</p><p>trabalho de pesquisa às causas do fracasso e do sucesso, e que a descoberta</p><p>normalmente viria como resultado de uma emergência, quando os homens são</p><p>forçados a mudar os seus hábitos e a pensarem em formas de ultrapassar as</p><p>dificuldades.</p><p>Continuei a andar em redor da escola, mas agora estava a flutuar.</p><p>Inconscientemente, parecia saber que estava prestes a ser libertado da prisão</p><p>onde me enfiara.</p><p>Dei-me conta de que esta grande emergência me tinha trazido uma</p><p>oportunidade, não só para descobrir o meu “outro eu”, mas para testar o</p><p>fundamento da filosofia de sucesso que tinha ensinado aos outros como algo de</p><p>realizável. Em breve saberia se ela funcionava ou não. Decidi que, se ela não</p><p>funcionasse, queimaria todos os manuscritos que escrevera e nunca mais me</p><p>sentiria culpado por dizer aos outros que eles eram “os senhores do seu destino,</p><p>os comandantes da sua alma”.</p><p>Hill está a parafrasear o poema Invictus, publicado em 1888 por William</p><p>Ernest Henley (1849-1903).</p><p>Do breu da noite que não dissolve</p><p>A envolver-me em nuvem negra,</p><p>A qualquer deus – se algum me ouve,</p><p>Agradeço por minha alma que não se verga.</p><p>Fustigado pelas garras do acaso,</p><p>Nunca lamentei, não esmoreceu a minha fé.</p><p>Sob os golpes fortuitos do descaso,</p><p>Trago a cabeça em sangue, mas ainda de pé.</p><p>Além deste lugar de ira e ranger de dentes</p><p>Só se vê o Horror de sombras silentes,</p><p>Mas a ameaça do Tempo, que nunca recua,</p><p>Não me amedronta, nem me acua.</p><p>Embora estreito o portão, sigo adiante,</p><p>Mesmo tendo ao lado o castigo e o desatino,</p><p>Da minha alma eu sou comandante;</p><p>Eu sou o senhor do meu destino.</p><p>A lua cheia estava a nascer por cima da montanha. Eu nunca a vira brilhar tão</p><p>intensamente. Fiquei a contemplá-la e outro pensamento surgiu na minha</p><p>mente. Era assim: “Tens ensinado outras pessoas a dominar o medo e a vencer</p><p>as dificuldades que surgem nas emergências da vida. De agora em diante,</p><p>podes falar com autoridade, porque estás prestes a superar as tuas próprias</p><p>dificuldades com coragem e objetivo, resolução e ousadia”.</p><p>Com esse pensamento surgiu uma mudança na química do meu ser que me</p><p>elevou a um estado de exultação que eu nunca experimentara. O meu cérebro</p><p>começou a dissipar o estado de letargia em que caíra. A minha faculdade da</p><p>razão começou novamente a trabalhar.</p><p>Por um breve instante, senti-me por ter tido o privilégio de passar por aqueles</p><p>longos meses de tormento, já que a experiência me ofereceu uma oportunidade</p><p>para testar a eficácia dos princípios de sucesso que eu laboriosamente</p><p>pesquisara.</p><p>Quando este pensamento surgiu, parei, juntei os pés, fiz uma saudação (não</p><p>sei a quê nem a quem) e fiquei rigidamente atento por vários minutos. A</p><p>princípio, isto parecia uma idiotice, mas enquanto estava de pé, outro</p><p>pensamento cruzou a minha mente sob a forma de uma “ordem”, que foi tão</p><p>breve e instantânea como uma ordem dada por um comandante militar a um</p><p>subordinado.</p><p>A ordem dizia: “Amanhã, entra no teu carro e dirije-te a Filadélfia, onde</p><p>receberás ajuda para publicares a tua filosofia do sucesso.”</p><p>Não havia mais nenhuma explicação nem qualquer modificação da ordem.</p><p>Assim que a recebi, voltei para casa, fui para a cama e dormi profundamente</p><p>com uma paz de espírito que já não sentia há mais de um ano.</p><p>Quando acordei na manhã seguinte, levantei-me da cama e imediatamente</p><p>comecei a fazer as malas para a viagem a Filadélfia. A minha razão dizia-me</p><p>que estava a embarcar numa missão sem sentido. Quem conhecia eu em</p><p>Filadélfia que pudesse ajudar-me financeiramente a publicar oito volumes de</p><p>livros a um custo de 25 mil dólares, perguntei a mim próprio.</p><p>Imediatamente, a resposta a essa pergunta surgiu na minha mente, tão clara</p><p>como se as palavras tivessem sido murmuradas ao meu ouvido: “Agora estás a</p><p>seguir ordens, em vez de fazeres perguntas. O teu ‘outro eu’ vai comandar</p><p>durante esta viagem.”</p><p>Havia outra circunstância que parecia tornar absurda a minha preparação</p><p>para ir a Filadélfia. Eu não tinha dinheiro! Esse pensamento mal me ocorrera</p><p>quando o meu “outro eu” explodiu dando uma ordem ríspida: “Pede ao teu</p><p>cunhado 50 dólares e ele emprestará.”</p><p>A ordem parecia definitiva e final. Sem qualquer hesitação, segui as</p><p>instruções. Quando pedi o dinheiro ao meu cunhado, ele disse: “Claro que te</p><p>empresto os 50 dólares, mas se vais para tão longe e por muito tempo, seria</p><p>melhor levares 100 dólares.” Agradeci-lhe e disse-lhe que 50 dólares seriam o</p><p>suficiente. Sabia que não chegava, mas esta era a quantia que o meu “outro eu”</p><p>me tinha mandado pedir, e foi exatamente isso que fiz.</p><p>Fiquei bastante aliviado quando percebi que o meu cunhado não me ia</p><p>perguntar por que razão eu ia para Filadélfia. Se ele soubesse o que se tinha</p><p>passado na minha mente na noite anterior, talvez achasse que eu devia fazer</p><p>tratamentos num hospital psiquiátrico em vez de ir para Filadélfia numa busca</p><p>sem sentido.</p><p>O meu “outro eu” assume o comando</p><p>Saí com a minha cabeça dizendo-me que eu era um idiota e o meu “outro eu” a</p><p>mandar-me ignorar o desafio e seguir as instruções.</p><p>Conduzi toda a noite e cheguei a Filadélfia na manhã seguinte. A minha</p><p>primeira ideia era procurar uma pensão modesta onde conseguisse alugar um</p><p>quarto a um dólar por dia.</p><p>Novamente, o meu “outro eu” chegou-se à frente e ordenou que me</p><p>hospedasse no hotel mais luxuoso da cidade. Com pouco mais de 40 dólares no</p><p>bolso, o que restava do meu capital, parecia mais um suicídio financeiro</p><p>quando caminhei até à receção e pedi um quarto; mas, devo dizer, que mal</p><p>comecei a pedir um quarto o meu recém-descoberto “outro eu” ordenou-me</p><p>para pedir a melhor das suítes. O custo dessa suíte consumiria o meu restante</p><p>capital em dois dias. Mas obedeci.</p><p>O carregador de malas agarrou na minha bagagem, entregou-me o bilhete do</p><p>meu automóvel e conduziu-me até o elevador como se eu fosse o príncipe de</p><p>Gales. Era a primeira vez em mais de um ano que um ser humano me</p><p>demonstrava tal deferência. Os meus próprios parentes, com quem estivera a</p><p>morar, longe de me mostrarem qualquer tipo de deferência, achavam que eu era</p><p>um peso para eles (pelo menos era o que eu imaginava), e tenho a certeza de</p><p>que assim era, porque nenhum homem no estado mental em que eu me</p><p>encontrava no último ano poderia ser mais do que um peso para todos aqueles</p><p>com quem entrasse em contacto.</p><p>Estava a tornar-se evidente que o meu “outro eu” estava determinado a</p><p>afastar-me do complexo de inferioridade que eu tinha desenvolvido.</p><p>Dei um dólar ao carregador de malas. Comecei a avaliar quanto seria a minha</p><p>conta de hotel no fim da semana, quando o meu “outro eu” me ordenou que</p><p>libertasse completamente a mente de quaisquer pensamentos limitativos, e que</p><p>levasse a minha vida por agora como se tivesse todo o dinheiro do mundo na</p><p>carteira.</p><p>A experiência pela qual estava a passar era tão nova como estranha. Nunca</p><p>passei por ser mais do que acreditava que poderia ser.</p><p>Durante cerca de meia hora, este “outro eu” deu-me ordens que eu segui à</p><p>risca durante o período que durou a minha estadia em Filadélfia. As instruções</p><p>eram dadas através de pensamentos que surgiam na minha mente com tal força</p><p>que facilmente se distinguiam dos meus outros pensamentos normais.</p><p>Hill assumiu a personagem de homem rico que desejava ser. Acreditamos</p><p>cegamente que para se ser rico deve-se pensar em grande. Também</p><p>é</p><p>importante estar no ambiente certo. Don Green, CEO da Fundação</p><p>Napoleon Hill, uma vez disse-me: “Primeiro comprei os meus fatos bons</p><p>na Sobel, uma loja de roupa feita à medida – onde os executivos da</p><p>Eastman Kodak compravam. O proprietário tinha uma placa por trás da</p><p>caixa registadora onde se lia: Se quer ser um sucesso, tem primeiro de</p><p>vestir o personagem.</p><p>No entanto, recomendamos moderação ao tentar imitar Hill a gastar</p><p>dinheiro que ele não tinha.</p><p>Eu recebo “ordens” estranhas</p><p>de uma fonte estranha</p><p>As minhas instruções começaram desta forma:</p><p>“A partir de agora está no comando do teu ‘outro eu’. Tens o direito de saber</p><p>que duas entidades ocupam o teu corpo, na verdade, duas entidades</p><p>semelhantes ocupam o corpo de cada ser vivo na Terra.</p><p>“Uma dessas entidades é motivada e reage ao impulso do medo. A outra é</p><p>motivada e reage ao impulso da fé. Por mais de um ano foste conduzido, como</p><p>um escravo, pela entidade do medo.</p><p>“Há duas noites, a entidade da fé assumiu o controlo do teu corpo físico, e</p><p>agora és motivado por essa entidade. Por mera conveniência, podes chamar</p><p>esta entidade da fé o teu ‘outro eu’. Ela não conhece limitações, não tem medos</p><p>e não reconhece a palavra ‘impossível’.</p><p>“Foste levado a escolher este ambiente de luxo num bom hotel, como meio</p><p>de desencorajar o regresso da entidade do medo e do seu poder. Esse ‘antigo</p><p>eu’ motivado pelo medo não está morto; ele foi simplesmente destronado; e</p><p>continuará a seguir-te onde quer que vás, esperando uma oportunidade</p><p>favorável para reassumir o controlo sobre ti. Ele pode controlar-te apenas</p><p>através dos teus pensamentos. Lembra-te disso e mantém as portas da tua</p><p>mente hermeticamente fechadas contra todos os pensamentos que procuram</p><p>limitar-te, qualquer que seja a forma, e ficarás a salvo.</p><p>“Não te preocupes com o dinheiro que vais precisar para as tuas despesas</p><p>imediatas. Ele aparecerá sempre que precisares.</p><p>“Agora, vamos tratar de negócios. Antes de mais, deves estar ciente de que a</p><p>entidade da fé, que agora está no comando do teu corpo, não realiza milagres</p><p>nem trabalha contra nenhuma lei da natureza. Enquanto ela estiver no comando</p><p>do teu corpo, ela vai guiar-te sempre que a chamares, através de impulsos de</p><p>pensamentos que coloca na tua mente, a executar os planos através dos meios</p><p>naturais mais lógicos e convenientes disponíveis.</p><p>“Acima de qualquer coisa, fixa este facto claramente na tua mente, que o teu</p><p>‘outro eu’ não fará o trabalho por ti; ele apenas te guiará de forma inteligente</p><p>para obteres para ti próprio os teus objetivos e desejos.</p><p>Será guiado pela fé?</p><p>Ou vai permitir que o medo se apodere de si?</p><p>“Este ‘outro eu’ vai ajudar-te a tornares os teus planos realidade. Além disso,</p><p>tens de saber que ele começa sempre com o teu maior ou mais profundo desejo.</p><p>Neste momento, o teu maior desejo – aquele que te trouxe até aqui – é</p><p>publicares e distribuíres os resultados da tua pesquisa nas causas de sucesso e</p><p>de fracasso. A tua estimativa é de que serão necessários aproximadamente 25</p><p>mil dólares.</p><p>“Entre os teus conhecidos há um homem que te vai disponibilizar o capital</p><p>necessário. Começa de imediato a pensar no nome de todas as pessoas que</p><p>conheces e que poderiam de alguma forma ser induzidas a fornecer a ajuda</p><p>financeira de que precisas.</p><p>“Quando o nome da pessoa certa te vier à cabeça, vais reconhecê-lo de</p><p>imediato. Entra em contacto com essa pessoa, e a ajuda que procuras será dada.</p><p>Na tua abordagem, contudo, apresenta o teu pedido com a terminologia que</p><p>usarias numa transação normal de negócios. Nunca faças referência a este</p><p>‘outro eu’. Se violares estas instruções, enfrentarás a derrota temporária.</p><p>“O teu ‘outro eu’ continuará no comando e a guiar-te enquanto confiares</p><p>nele. Mantém sempre a dúvida, o medo e as preocupações e todos os</p><p>pensamentos limitativos fora da tua mente.</p><p>“Isto é tudo por agora. A partir deste momento começarás a mexer-te por</p><p>vontade própria, exatamente como fazias antes de descobrir o teu ‘outro eu’.</p><p>Fisicamente, és a mesma pessoa que sempre foste; por isso, ninguém</p><p>reconhecerá qualquer mudança em ti.”</p><p>Olhei em volta do quarto, pestanejei e, para ter a certeza de que não estava a</p><p>sonhar, levantei-me, encaminhei-me para um espelho e olhei atentamente para</p><p>mim. A expressão do meu rosto tinha mudado de dúvida para coragem e fé. Já</p><p>não havia dúvida na minha mente de que o meu corpo físico estava a controlar</p><p>uma influência muito diferente daquela que tinha sido destronada há duas</p><p>noites, quando eu caminhava em redor daquela escola na Virgínia Ocidental.</p><p>Aqui, ao editar o manuscrito, terminei o capítulo num dos grandes pontos</p><p>de viragem da vida do autor. Já alguma vez sofreu uma reviravolta tão</p><p>grande na vida como a que Hill descreveu? Também pode ser descrita, em</p><p>termos religiosos, como uma experiência de conversão. Os outros podem</p><p>simplesmente referir-se a ela como “uma chamada de atenção” ou um</p><p>“sinal” ou mais veemente como “um estalo na cara!”.</p><p>CAPÍTULO DOIS</p><p>UM NOVO MUNDO É-ME</p><p>REVELADO</p><p>Era claro que eu tinha passado por uma espécie de renascimento através do</p><p>qual me distanciara de todas as formas de medo. Agora possuía uma coragem</p><p>que nunca sentira antes. Apesar de ainda não saber como ou de que fonte iria</p><p>receber os recursos necessários, tinha a fé inabalável de que o dinheiro viria, de</p><p>tal forma que já o conseguia ver na minha posse.</p><p>Em muito poucas ocasiões em toda a minha vida pude experimentar tal tipo</p><p>de fé. Era um sentimento indescritível. Não existem palavras que possam</p><p>descrevê-lo – um facto que todos aqueles que tiveram experiências semelhantes</p><p>podem facilmente verificar.</p><p>Comecei imediatamente a executar as instruções que tinha recebido. Toda a</p><p>sensação de que estava a embarcar numa missão impossível tinha-me agora</p><p>abandonado. Um a um, comecei a rever na minha mente todos os nomes de</p><p>conhecidos que sabia serem capazes de me financiar os 25 mil dólares que eu</p><p>precisava, começando pelo nome de Henry Ford e continuando por toda a lista</p><p>de mais de trezentas pessoas. O meu “outro eu” simplesmente disse: “Continua</p><p>a procurar.”</p><p>A hora mais negra é mesmo antes do amanhecer</p><p>Mas eu chegara ao fim da linha. A minha lista de conhecidos esgotara-se, e</p><p>com ela também a minha resistência física. Tinha estado a trabalhar,</p><p>concentrando a minha mente naquela lista de nomes, durante a maior parte de</p><p>dois dias e duas noites, parando somente para dormir algumas horas.</p><p>Recostei-me na cadeira, fechei os olhos e entrei numa espécie de transe</p><p>durante alguns minutos. Fui acordado pelo que parecia ser uma explosão no</p><p>quarto. Ao ganhar consciência, o nome de Albert L. Pelton surgiu na minha</p><p>mente… e com ele um plano que soube imediatamente ser o plano que me</p><p>levaria ao sucesso: convencer Pelton a publicar os meus livros. Lembrei-me de</p><p>Pelton apenas como anunciante na revista Golden Rule, aquela que eu</p><p>publicara em anos anteriores.</p><p>O subconsciente de Hill identificou um conhecido, lembrado apenas</p><p>como anunciante na revista de Hill, como uma potencial fonte de fundos.</p><p>Nós deixamos uma impressão em todos quantos conhecemos, da mesma</p><p>forma que as pessoas que conhecemos deixam uma impressão em nós.</p><p>Nunca se sabe quando uma pessoa que conhecemos se pode tornar um</p><p>parceiro nos negócios. Existe grande poder na sua rede de</p><p>conhecimentos.</p><p>Pedi uma máquina de escrever e escrevi uma carta a Pelton no Meriden,</p><p>Connecticut, descrevendo o plano exatamente como ele me tinha sido dado. Ele</p><p>respondeu por telegrama, dizendo que estaria em Filadélfia para falar comigo</p><p>no dia seguinte.</p><p>Quando ele</p><p>chegou, mostrei-lhe os manuscritos originais da minha filosofia e</p><p>expliquei resumidamente qual seria a sua missão. Ele folheou os manuscritos</p><p>durante alguns minutos, depois parou de repente e, fixando os olhos na parede</p><p>por alguns segundos, disse: “Vou publicar os seus livros.”</p><p>O contrato foi assinado. Recebi uma quantia substancial de direitos de autor,</p><p>e os manuscritos foram-lhe entregues e levados para Meriden.</p><p>Na altura não lhe perguntei o que o levou a tomar a decisão de publicar os</p><p>meus livros antes mesmo de ter lido os manuscritos, o que sei é que ele me</p><p>forneceu o capital necessário, imprimiu os livros e ajudou-me a vender</p><p>milhares deles à sua própria clientela de compradores de livros, espalhados</p><p>praticamente por todos os países de língua inglesa no mundo.</p><p>O meu “outro eu” é bem-sucedido</p><p>Três meses depois da visita ao senhor Pelton em Filadélfia, um conjunto</p><p>completo dos meus livros foi colocado em cima da mesa à minha frente, e o</p><p>meu rendimento pela venda dos livros começou a ser suficientemente grande</p><p>para colmatar todas as minhas necessidades. Estes livros agora estão nas mãos</p><p>dos meus alunos pelo mundo inteiro.</p><p>O meu primeiro pagamento por direitos de autor referente à venda dos meus</p><p>livros foi de 850 dólares. Ao abrir o envelope, o meu “outro eu” disse: “A tua</p><p>única limitação é aquela que impões à tua própria mente!”</p><p>“A tua única limitação é aquela que impões à tua própria mente!”</p><p>Esta afirmação soa-lhe tão verdadeira como a mim? Tantas vezes fui o</p><p>meu pior inimigo e sem necessidade contive-me por causa da minha falta</p><p>de autoconfiança. Hill quer que descubramos o nosso “outro eu” para</p><p>podermos alcançar o nosso potencial máximo.</p><p>Não estou completamente certo de entender o que é este “outro eu”, mas sei</p><p>que não há derrota permanente para o homem ou mulher que o descubra e</p><p>confie nele.</p><p>No dia seguinte à visita de Pelton a Filadélfia, o meu “outro eu” presenteou-</p><p>me com uma ideia que resolveu imediatamente o meu problema financeiro.</p><p>Ocorreu-me a ideia de que os métodos de venda da indústria automóvel teriam</p><p>de sofrer uma mudança drástica e que os futuros vendedores desta área da</p><p>indústria teriam de aprender a vender automóveis, em vez de servir de meros</p><p>compradores de carros usados, como a maioria estava a fazer na época.</p><p>Também me ocorreu que jovens que tinham agora terminado a faculdade e</p><p>que, como tal, não sabiam nada dos velhos “truques” da venda de automóveis,</p><p>seriam o ponto de partida para esse novo tipo de profissional de vendas que</p><p>poderia ser muito melhor trabalhado.</p><p>A ideia era tão distinta e impressionante que telefonei imediatamente ao</p><p>diretor de vendas da General Motors Company e expliquei-lhe resumidamente</p><p>o meu plano. Também ele ficou impressionado e mandou-me ir à filial da</p><p>Buick Automobile Company em Filadélfia, que naquela época era propriedade</p><p>de Earl Powell e por ele gerida. Fui visitar Powell, expliquei-lhe o meu plano e</p><p>ele colocou-me de imediato a treinar quinze jovens acabados de sair da</p><p>faculdade e cuidadosamente selecionados, pondo o plano em ação e pagando-</p><p>me um adiantamento.</p><p>Este adiantamento foi mais do que suficiente para pagar todas as minhas</p><p>despesas nos três meses seguintes, até que os resultados da venda dos meus</p><p>livros começassem a entrar, incluindo o custo daquele luxuoso quarto de hotel,</p><p>que no princípio me preocupou tanto.</p><p>O meu “outro eu” não me tinha desapontado. O dinheiro que eu precisava</p><p>chegou às minhas mãos exatamente no momento certo, como me tinha sido</p><p>assegurado. Nesta altura, já estava convencido de que a minha viagem para</p><p>Filadélfia não era, em hipótese alguma, uma missão suicida, como a minha</p><p>razão me tinha indicado antes de partir da Virgínia.</p><p>A partir daquele momento e até agora, tudo o que eu precisei veio até mim, e</p><p>isso apesar do facto de o mundo ter passado recentemente por um período de</p><p>depressão económica, altura em que as necessidades básicas nem sempre eram</p><p>colmatadas para muitas pessoas. Por vezes, a chegada dos bens materiais de</p><p>que precisei veio um pouco tarde, mas posso dizer com toda a certeza que o</p><p>meu “outro eu” sempre me encontrou e sempre me indicou o caminho que eu</p><p>devia seguir.</p><p>O “outro eu” não tem precedentes, não reconhece limites e encontra sempre</p><p>uma maneira de satisfazer os desejos! Pode deparar-se com derrotas</p><p>temporárias, mas nunca com o fracasso permanente. Tenho tanta certeza disso</p><p>como tenho de estar aqui a escrever estas linhas.</p><p>O “outro eu” pode “deparar-se com a derrota temporária, mas nunca com</p><p>o fracasso permanente”. Quantas vezes permitimos que uma derrota</p><p>temporária nos afete como se fosse um fracasso permanente em vez de</p><p>aprendermos com ela e seguirmos o nosso caminho? Como Hill descreve,</p><p>ele próprio sofreu muitos contratempos ao longo do seu caminho, mas</p><p>conseguiu sempre encontrar a fonte de um benefício maior e continuar a</p><p>avançar para maiores sucessos.</p><p>Entretanto, espero sinceramente que alguns dos milhões de homens e</p><p>mulheres que foram atingidos pela depressão ou por outros dissabores da vida</p><p>descubram dentro de si mesmos esta estranha entidade a que eu chamei o meu</p><p>“outro eu”, e que essa descoberta os guie, como me guiou a mim, para uma</p><p>relação mais próxima com essa fonte de energia que supera obstáculos e</p><p>domina todas as dificuldades, em vez de serem dominados por ela. Existe uma</p><p>grande força para ser descoberta no seu “outro eu”! Procure com toda a sua</p><p>força e encontrá-la-á.</p><p>O trabalho de Hill foi publicado durante a Grande Depressão e ajudou de</p><p>facto milhões de pessoas a encontrar esperança e coragem para viver com</p><p>a fé de que achariam o seu próprio caminho para o sucesso. Acredito que</p><p>conseguimos encontrar muitas semelhanças entre o seu tempo e o nosso.</p><p>É durante os períodos de grande stress que encontramos a nossa vontade e</p><p>a nossa força interior. Com as atuais incertezas económicas, as pessoas</p><p>escolhem – ou são forçadas a encontrar– novos caminhos para si mesmos</p><p>e para as suas famílias, e muitos alcançarão grande êxito. Eles serão as</p><p>grandes histórias de sucesso sobre as quais vamos ler daqui a alguns anos.</p><p>Estaremos entre essas histórias de sucesso ou ainda preferimos estar a</p><p>assistir de fora?</p><p>“Fracasso”: uma bênção disfarçada</p><p>Fiz uma outra descoberta como resultado desta apresentação ao meu “outro</p><p>eu”, ou seja, há uma solução para cada problema legítimo, por mais difícil que</p><p>o problema pareça ser.</p><p>“Há uma solução para cada problema legítimo, por mais difícil que o</p><p>problema pareça ser.”</p><p>Embora este conceito possa ser difícil de reconhecer quando estamos no</p><p>meio de uma tempestade, em retrospetiva, geralmente comprova-se a sua</p><p>veracidade.</p><p>Também descobri que para cada experiência de derrota temporária e para</p><p>cada fracasso e cada forma de adversidade existe uma semente equivalente de</p><p>benefício.</p><p>Lembre-se que não falei num sucesso em pleno, mas sim de uma semente</p><p>através da qual essa flor pode germinar e crescer. Não conheço exceções a esta</p><p>regra. A semente de que falo pode nem sempre ser visível, mas pode ter a</p><p>certeza de que ela está lá, de uma forma ou de outra.</p><p>Não tenho a pretensão de entender tudo sobre essa estranha força que me</p><p>reduziu à pobreza e à necessidade, que me encheu de medo, e que depois me</p><p>fez renascer com fé, e através da qual tive o privilégio de ajudar dezenas de</p><p>milhares de pessoas que estavam em queda. Mas sei que uma tal força entrou</p><p>na minha vida e que estou a fazer tudo o que posso para que outros possam</p><p>comunicar com ela.</p><p>Durante os vinte e cinco anos que dediquei à pesquisa sobre as causas do</p><p>sucesso e do fracasso, descobri muitos princípios</p>