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<p>A cópia do material didático utilizado ao longo do curso é de propriedade do(s) autor(es),</p><p>não podendo a contratante vir a utilizá-la em qualquer época, de forma integral ou</p><p>parcial. Todos os direitos em relação ao design deste material didático são reservados à</p><p>Fundação Getulio Vargas. Todo o conteúdo deste material didático é de inteira</p><p>responsabilidade do(s) autor(es), que autoriza(m) a citação/divulgação parcial, por</p><p>qualquer meio convencional ou eletrônico, para fins de estudo e pesquisa, desde que</p><p>citada a fonte.</p><p>Adicionalmente, qualquer problema com sua turma/curso deve ser resolvido, em primeira</p><p>instância, pela secretaria de sua unidade. Caso você não tenha obtido, junto a sua</p><p>secretaria, as orientações e os esclarecimentos necessários, utilize o canal institucional da</p><p>Ouvidoria.</p><p>ouvidoria@fgv.br</p><p>www.fgv.br/fgvmanagement</p><p>SUMÁRIO</p><p>1. PROGRAMA DA DISCIPLINA ........................................................................... 1</p><p>1.1 EMENTA .......................................................................................................... 1</p><p>1.2 CARGA HORÁRIA ............................................................................................. 1</p><p>1.3 OBJETIVOS ..................................................................................................... 1</p><p>1.4 CONTEÚDO PROGRAMÁTICO ............................................................................. 1</p><p>1.5 METODOLOGIA ................................................................................................ 2</p><p>1.6 CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO ............................................................................... 2</p><p>1.7 BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA .......................................................................... 2</p><p>CURRICULUM VITAE DO PROFESSOR ....................................................................... 3</p><p>2. DEZ CONCEITOS BÁSICOS .............................................................................. 4</p><p>3. TEORIA DO CONSUMIDOR ............................................................................ 10</p><p>3.1 CONCEITO .....................................................................................................10</p><p>3.2 LEI DA DEMANDA ............................................................................................10</p><p>3.2.1 RELAÇÃO ENTRE QUANTIDADE DEMANDADA E PREÇO DO BEM .........................10</p><p>3.2.2 ELASTICIDADE-PREÇO DA DEMANDA .............................................................11</p><p>3.2.3 OFERTA DE MERCADO ..................................................................................11</p><p>3.3 EQUILÍBRIO DE MERCADO ...............................................................................12</p><p>4. TEORIA DA PRODUÇÃO ................................................................................. 14</p><p>4.1 CONCEITOS BÁSICOS ......................................................................................14</p><p>4.1.1 PRODUÇÃO ..................................................................................................14</p><p>4.1.2 FUNÇÃO DE PRODUÇÃO ................................................................................14</p><p>4.2 ANÁLISE DE CURTO PRAZO ..............................................................................15</p><p>4.3 A ANÁLISE DE LONGO PRAZO ...........................................................................15</p><p>4.3.1 ECONOMIA DE ESCALA OU RENDIMENTO DE ESCALA .......................................15</p><p>5. ESTRUTURAS DE MERCADO ........................................................................... 16</p><p>5.1 CONCORRÊNCIA PURA OU PERFEITA .................................................................16</p><p>5.2 MONOPÓLIO ...................................................................................................17</p><p>5.2.1 DISCRIMINAÇÃO DE PREÇOS .........................................................................17</p><p>5.3 OLIGOPÓLIO ..................................................................................................18</p><p>5.3.1 COORDENAÇÃO DE PREÇOS ..........................................................................18</p><p>5.3.2 BARREIRAS À ENTRADA ................................................................................19</p><p>5.4 CONCORRÊNCIA MONOPOLÍSTICA ....................................................................20</p><p>6. O PRODUTO E A RENDA: MEDINDO OS AGREGADOS MACROECONÔMICOS ... 21</p><p>6.1 AS ORIGENS KEYNESIANAS DAS CONTAS NACIONAIS ........................................21</p><p>6.2 A MENSURAÇÃO DOS PRINCIPAIS AGREGADOS MACROECONÔMICOS ...................21</p><p>7. ECONOMIA DO SETOR PÚBLICO .................................................................... 28</p><p>7.1 ORÇAMENTO PÚBLICO .....................................................................................28</p><p>7.2 RESULTADO FISCAL ........................................................................................28</p><p>7.3 FINANCIAMENTO DO SETOR PÚBLICO ...............................................................28</p><p>7.3.1 EMISSÃO MONETÁRIA ................................................................................28</p><p>7.3.2 EMISSÃO DE TÍTULOS PÚBLICOS ...................................................................28</p><p>7.4 DÍVIDA PÚBLICA INTERNA ...............................................................................29</p><p>7.5 POLÍTICA FISCAL ............................................................................................29</p><p>8. MOEDAS E BANCOS ....................................................................................... 30</p><p>8.1 MOEDA ..........................................................................................................30</p><p>8.1.1 HISTÓRICO .................................................................................................30</p><p>8.1.2 FUNÇÕES DA MOEDA ....................................................................................30</p><p>8.1.3 BANCOS ......................................................................................................30</p><p>8.2 POLÍTICA MONETÁRIA .....................................................................................31</p><p>8.2.1 COMPRA/VENDA DE TÍTULOS PÚBLICOS .........................................................31</p><p>8.2.2 ENCAIXE COMPULSÓRIO ...............................................................................31</p><p>8.2.3 TAXA DE REDESCONTO .................................................................................32</p><p>9. INFLAÇÃO ..................................................................................................... 33</p><p>9.1 TEORIAS ........................................................................................................33</p><p>9.2 POLÍTICAS DE ESTABILIZAÇÃO ........................................................................34</p><p>9.2.1 ORTODOXAS ...............................................................................................34</p><p>9.2.2 HETERODOXAS ............................................................................................35</p><p>9.3 SISTEMA DE METAS DE INFLAÇÃO ....................................................................35</p><p>10. FINANÇAS INTERNACIONAIS ..................................................................... 37</p><p>10.1 BALANÇO DE PAGAMENTOS ............................................................................37</p><p>10.1.1 BALANÇA COMERCIAL .................................................................................37</p><p>10.1.2 BALANÇA DE SERVIÇOS ..............................................................................37</p><p>10.1.3 TRANSFERÊNCIAS UNILATERAIS ..................................................................37</p><p>10.1.4 MOVIMENTO DE CAPITAL ............................................................................38</p><p>10.2 SISTEMAS MONETÁRIOS INTERNACIONAIS ......................................................38</p><p>10.2.1 PADRÃO-OURO ..........................................................................................38</p><p>fiscal, resultado esse que exclui os pagamentos dos juros da dívida</p><p>pública. O objetivo é gerar uma “poupança” suficiente para reduzir a relação dívida</p><p>pública / PIB, e assim diminuir a percepção de risco do mercado em relação ao</p><p>pagamento da dívida.</p><p>30</p><p>Economia dos negócios</p><p>8. MOEDAS E BANCOS</p><p>8.1 Moeda</p><p>8.1.1 Histórico</p><p>A divisão do trabalho acompanhada da troca de mercadorias é um aspecto central da</p><p>vida em sociedade. A troca possibilita aos indivíduos obter bens que eventualmente não</p><p>produzem, abrindo espaço à especialização. Graças à especialização, aumenta a</p><p>produtividade e a eficiência econômica e, em decorrência disso, maiores níveis de bem-</p><p>estar são alcançados. A moeda é um bem que possibilita a troca, dispensando a presença</p><p>de outros bens. A moeda, portanto, é um elemento que favorece o aumento do bem-</p><p>estar. Ao potencializar a troca, possibilitando a especialização, a moeda impulsiona a</p><p>eficiência, gerando bem-estar.</p><p>Sal, conchas, metais nobres, entre outros bens, já fizeram, em épocas passadas, o papel</p><p>de moeda. Durabilidade, divisibilidade, portabilidade, homogeneidade e fácil</p><p>reconhecimento são atributos que moldaram a aceitação de diferentes moedas.</p><p>O ouro, a prata e outros metais, por apresentarem essas qualidades, são elementos que,</p><p>ao longo da história, se destacaram fazendo o papel de moeda. Recibos de depósito</p><p>feitos em ouro no Tesouro, por sua intensa circulação, também se prestaram ao uso</p><p>como moeda. Esses recibos, cujo lastro era o metal precioso que ele representava, é o</p><p>precursor das notas de dinheiro, tal qual hoje as conhecemos.</p><p>O dinheiro atualmente não possui lastro em metais preciosos. A moeda, hoje, tem valor</p><p>devido às suas características fiduciárias. É a confiabilidade de quem as emite que lhes</p><p>empresta valor.</p><p>8.1.2 Funções da Moeda</p><p>Uma “boa” moeda é aquela que desempenha a contento três funções: meio de troca,</p><p>unidade de conta e reserva de valor. Quanto melhor o desempenho dessas funções,</p><p>maior é a aceitação da moeda.</p><p>8.1.3 Bancos</p><p>8.1.3.1 Sistema Bancário</p><p>Os bancos são instituições que, basicamente, captam depósitos do público e emprestam</p><p>fundos para indivíduos e empresas. Eles são os intermediários financeiros entre os</p><p>agentes superavitários e os agentes deficitários.</p><p>O sistema bancário é constituído pelo conjunto das instituições financeiras que operam a</p><p>captação e o empréstimo de fundos financeiros. Ele funciona de modo que essas</p><p>instituições também trocam fundos entre si. Este mercado – o chamado mercado</p><p>interbancário – estabelece diariamente o custo do dinheiro – o valor da taxa de juros –</p><p>a partir da oscilação nos movimentos de oferta e demanda por moeda. Em vista disso, os</p><p>31</p><p>Economia dos negócios</p><p>bancos só aceitam captar recursos pagando taxas abaixo daquelas praticada no mercado</p><p>interbancário. Da mesma forma, os bancos buscam aplicar fundos recebendo uma taxa</p><p>de remuneração superior àquela praticada no mercado interbancário. Sendo assim, a</p><p>taxa de juros do mercado interbancário tende a ser a taxa de juros básica da economia.</p><p>8.1.3.2 Efeito Multiplicador</p><p>Os bancos, ao captarem recursos do público e emprestarem esses recursos à terceiros,</p><p>multiplicam o total de moeda da economia. Isso porque a atividade bancária faz operar o</p><p>seguinte mecanismo: os bancos, após reservarem parte dos valores captados do público</p><p>– o chamado encaixe bancário -, emprestam aos demandantes de crédito os recursos</p><p>depositados. O público, por sua vez, utiliza apenas parte dos recursos recebidos,</p><p>retornando a outra parte aos bancos. Isso é feito sob a forma de novos depósitos. Na</p><p>sequência, esses depósitos, por se constituírem em uma nova captação, são</p><p>emprestados ao público, que, mais uma vez, deposita parte desses empréstimos nos</p><p>bancos. Assim, a atividade bancária, ao disponibilizar, através do crédito, recursos</p><p>financeiros para o público, multiplica a quantidade de moeda emitida pelo governo,</p><p>fazendo aumentar a oferta de moeda na economia.</p><p>Matematicamente, podemos descrever o efeito multiplicador da seguinte forma:</p><p>EF = 1/r; onde;</p><p>EF = Efeito multiplicador</p><p>R = taxa de encaixe</p><p>8.2 Política Monetária</p><p>Ao regular a quantidade de moeda na economia, o Banco Central impacta diretamente a</p><p>demanda agregada, afetando os preços. A política monetária dispõe, basicamente, de</p><p>três instrumentos para regular a taxa de juros da economia. São eles:</p><p>8.2.1 Compra/Venda de Títulos Públicos</p><p>O open market, ou o chamado mercado aberto, é a instância do mercado financeiro onde</p><p>são negociados os títulos da dívida pública. Se o governo buscar aumentar a quantidade</p><p>de moeda na economia, ele irá recomprar seus próprios títulos, expandindo, assim, o</p><p>meio circulante. Caso ele se decida a reduzir a oferta de moeda na economia, ele irá</p><p>vender títulos representativos da sua dívida, enxugando a liquidez do mercado de</p><p>moeda. Esses movimentos de compra e venda de títulos, portanto, regulam a quantidade</p><p>de moeda na economia, impactando a taxa de juros.</p><p>8.2.2 Encaixe Compulsório</p><p>O encaixe compulsório é a parcela dos depósitos bancários que os bancos têm que</p><p>obrigatoriamente recolher aos cofres do Banco Central. Como visto anteriormente, o</p><p>encaixe, ao estabelecer a proporção dos depósitos que pode ser utilizada para</p><p>empréstimos, define a magnitude do efeito multiplicador. Dessa forma, o encaixe afeta</p><p>diretamente a oferta de moeda, impactando a taxa de juros.</p><p>32</p><p>Economia dos negócios</p><p>8.2.3 Taxa de Redesconto</p><p>A taxa de redesconto é a taxa cobrada dos bancos por conta do uso de recursos do</p><p>Banco Central quando estes não conseguem cumprir o encaixe compulsório. A taxa de</p><p>redesconto normalmente é uma taxa punitiva de modo que os bancos evitem utilizar</p><p>esse mecanismo ao invés de recorrerem ao mercado interbancário.</p><p>33</p><p>Economia dos negócios</p><p>9. INFLAÇÃO</p><p>Inflação é a alta contínua e generalizada dos preços. Na Alemanha, em janeiro de 1921,</p><p>um jornal custava alguns poucos marcos. Menos de dois anos depois, o mesmo jornal</p><p>custava algumas dezenas de milhões de marcos. Todos os demais preços da economia</p><p>haviam aumentado da mesma forma. O episódio é um dos mais espetaculares exemplos</p><p>históricos de inflação, um aumento no nível geral de preços na economia.</p><p>O que provoca a inflação? Nos casos de inflação persistente, a causa é quase sempre a</p><p>mesma: o aumento na oferta de moeda. Quando um governo emite moeda de forma</p><p>imoderada, seu valor cai. Na Alemanha da década de 1920, a alta de preços acompanhou</p><p>o aumento na emissão de moeda. Nos EUA da década de 1990, uma taxa de inflação</p><p>relativamente mais baixa esteve associada a um crescimento lento da quantidade de</p><p>moeda.</p><p>Para efeito da compreensão do fenômeno inflacionário, é importante distinguir entre o</p><p>aumento generalizado e persistente do nível de preços e uma mudança de preços</p><p>relativos. No segundo caso, alguns preços sobem ao mesmo tempo em que alguns</p><p>preços caem, sem haver necessariamente mudanças nos níveis de preços. Ocorre,</p><p>portanto, uma variação relativa de preços, o que é bastante diferente de inflação.</p><p>9.1 Teorias</p><p>A inflação é um fenômeno cuja explicação implicou a formulação de diferentes teorias.</p><p>Apontamos, em seguida, algumas delas:</p><p>a) A inflação como fenômeno monetário.</p><p>A chamada Teoria Quantitativa da Moeda descreve a inflação como um fenômeno</p><p>meramente monetário. Para a teoria, a relação entre os preços e a quantidade de</p><p>moeda pode ser descrita a partir da equação:</p><p>MV = PT, onde;</p><p>M = Estoque de moeda,</p><p>V = Velocidade-renda de circulação da moeda,</p><p>P = Nível de preços,</p><p>T = Quantidade de bens e serviços,</p><p>Assim, havendo aumento do estoque de moeda (emissão monetária) em</p><p>proporção maior do que o aumento na quantidade produzida de bens e serviços, e</p><p>mantida inalterada a velocidade-renda de circulação da moeda, haverá,</p><p>necessariamente, aumento do nível de preços.</p><p>b) Inflação estrutural</p><p>O entendimento aqui é que a inflação pode ser um processo resultante de</p><p>condições estruturais</p><p>da economia. Nessa perpectiva, problemas relacionados à</p><p>hiatos de produto, conflitos distributivos e distorções nos preços relativos seriam</p><p>responsáveis pela eclosão de processos inflacionários.</p><p>34</p><p>Economia dos negócios</p><p>c) Inflação de demanda</p><p>A emergência de um processo de alta de preços como resultado de um</p><p>descasamento entre oferta e demanda dá origem a essa teoria. A noção aqui é de</p><p>que a demanda, premida por um fator exógeno – por exemplo, um aumento de</p><p>renda determinado institucionalmente -, pode superar a oferta, pressionando os</p><p>preços.</p><p>A alta do salário mínimo por ocasião da decretação do Plano Cruzado, por</p><p>exemplo, pode ser apontada como um dos fatores responsáveis pelo excessivo</p><p>aquecimento da demanda à época, o que pressionou os preços, contribuindo para</p><p>o fracasso do congelamento de preços.</p><p>d) Inflação de custos</p><p>A ocorrência de um choque de custos – um aumento abrupto nos preços de um</p><p>insumo (o petróleo, por exemplo) que tenha importância estratégica na formação</p><p>dos demais preços da economia – pode desencadear uma alta de preços,</p><p>culminando na eclosão de um processo inflacionário.</p><p>Exemplos de choques de custos, as altas expressivas no preço do petróleo, em</p><p>1973 e em 1979, provocaram aumento da inflação em vários países.</p><p>e) Inflação inercial</p><p>A presença de mecanismos de indexação de preços e salários na economia é vista</p><p>como um fator que pode replicar uma alta de preços ocorrida no passado. Assim,</p><p>mecanismos de reajustes automáticos de preços podem se constituir em fatores</p><p>reprodutores da alta de preços, contribuindo para a persistência (e aceleração) do</p><p>processo inflacionário.</p><p>O reajuste mensal de salários, mecanismo em vigor até a instituição do Plano</p><p>Real, pode ser apontado como exemplo de dispositivo que replicava a alta de</p><p>preços ocorrida no passado, e que contribuía para a manutenção da inflação.</p><p>9.2 Políticas de Estabilização</p><p>9.2.1 Ortodoxas</p><p>As políticas ortodoxas de combate à inflação visam, basicamente, atuar sobre o chamado</p><p>hiato do produto. A estratégia visa provocar uma recessão na atividade econômica de</p><p>modo a que o nível da demanda agregada evolua, ao menos temporariamente, abaixo do</p><p>nível da oferta agregada. Busca-se, assim, reduzir a pressão da demanda sobre os</p><p>preços. Um dos principais instrumentos utilizados para isso é a regulação da taxa de</p><p>juros. Através da fixação de uma taxa de juros elevada, a autoridade monetária procura</p><p>desestimular o consumo, desencorajando assim aumentos de preços.</p><p>A condução da política monetária no Brasil no período imediatamente posterior à</p><p>implantação do Plano Real é um exemplo de política ortodoxa de estabilização. Nos</p><p>meses posteriores a edição do plano, a taxa de juros foi mantida em níveis muito</p><p>elevados (em torno de 20% ao ano), buscando-se inibir o consumo. O objetivo era barrar</p><p>movimentos de altas de preços, evitando a volta da inflação.</p><p>35</p><p>Economia dos negócios</p><p>9.2.2 Heterodoxas</p><p>As políticas heterodoxas têm como foco principal eliminar o componente inercial da</p><p>inflação. Essas políticas se utilizam basicamente de mecanismos de desindexação</p><p>compulsória (como o congelamento de preços) de modo a promover a eliminação da</p><p>inércia inflacionária. Outros instrumentos, como tablitas, bloqueio de ativos financeiros e</p><p>reformas monetárias também são utilizados.</p><p>O Plano Cruzado, cujo arcabouço de medidas incluía o congelamento de preços e o uso</p><p>de uma tablita, é um exemplo de política heterodoxa de estabilização.</p><p>9.3 Sistema de Metas de Inflação</p><p>O regime de metas de inflação é a estratégia atualmente estabelecida pelo governo de</p><p>modo a manter uma política de permanente combate à inflação. Pelo seu papel central</p><p>na condução da política econômica nos últimos dez anos, vejamos mais detidamente os</p><p>fundamentos que sustentam o arcabouço do regime de metas de inflação.</p><p>O modus operandi do regime se caracteriza, basicamente, pela presença de três</p><p>elementos.</p><p>1. O regime de IT (inflation targeting) é um modelo de política macroeconômica em</p><p>que a autoridade monetária reconhece que a estabilidade de preços é o principal</p><p>objetivo de longo prazo da política monetária. Anúncios públicos de metas de</p><p>inflação são divulgados, servindo como principais referências de condução dessa</p><p>política.</p><p>Credibilidade, flexibilidade e legitimidade são atributos que devem, necessariamente,</p><p>estar presentes na estruturação do regime de IT. A credibilidade é um atributo essencial,</p><p>pois a estrutura do regime deve sinalizar confiança para os agentes econômicos, pois,</p><p>não havendo confiança, os agentes não considerarão as metas na composição das suas</p><p>expectativas, o que poderá comprometer o alcance das metas. A flexibilidade é</p><p>imprescindível, pois a estrutura do regime deve permitir à política monetária uma ação</p><p>preventiva, e, assim, evitar choques não previstos. Havendo rigidez na política, choques</p><p>adversos não poderão ser considerados na formulação das metas. Por fim, a legitimidade</p><p>é necessária, pois ela é capaz de fazer com que a política monetária possa ser mantida</p><p>mesmo diante de eventuais pressões contrárias.</p><p>2. No regime de IT, o principal instrumento da política macroeconômica é a política</p><p>monetária. A política fiscal não é reputada como um instrumento macroeconômico</p><p>eficiente, pois a política monetária é vista como a política dominante, conduzindo</p><p>a uma subordinação da política fiscal.</p><p>3. A política monetária deve ser conduzida por um banco central independente.</p><p>Através de uma operacionalização independente da política monetária evitam-se</p><p>as chamadas inconsistências intertemporais.</p><p>36</p><p>Economia dos negócios</p><p>Com relação à estrutura operacional do regime de IT, também há importantes aspectos a</p><p>considerar. Primeiramente, sobressai a questão da definição das metas de inflação. A</p><p>autoridade monetária deve estabelecer uma meta pontual, ou um intervalo de valores, e</p><p>definir um período de tempo durante o qual a meta deve ser alcançada.</p><p>Em segundo lugar, o horizonte da meta deve, necessariamente, corresponder ao</p><p>horizonte de controle da política monetária. Por isso deve ser levado em consideração o</p><p>hiato temporal entre a tomada de decisão e a geração de efeitos da política.</p><p>O terceiro aspecto a considerar é que a escolha de uma faixa, ao invés de um ponto,</p><p>para as metas, proporciona maior flexibilidade, tanto em termos de estabilidade do</p><p>produto como em termos de acomodação frente à grandes flutuações do câmbio.</p><p>Um quarto aspecto diz respeito ao fato de que o regime também pede a definição de um</p><p>modelo que forneça informações sobre a inflação futura, isto é, a previsão da inflação é</p><p>uma peça importante na engrenagem do regime.</p><p>Essa discussão remete a outro importante aspecto operacional, e que se refere à questão</p><p>das leis monetárias. De acordo com a regra de Taylor, os bancos centrais devem “sobre</p><p>reagir” à eventuais sinais de desvio da inflação com relação às metas propostas.</p><p>Segundo a regra, os bancos centrais devem reagir a um aumento da inflação esperada</p><p>através de um aumento na taxa de juros nominal em proporção superior ao aumento da</p><p>inflação esperada. A expectativa é de isso provoque um avanço na taxa de juros real,</p><p>ajudando a debelar a inflação.</p><p>A taxa de juros é vista, portanto, como o principal instrumento de política monetária. É</p><p>através da regulação da taxa de juros que a autoridade monetária consegue impactar a</p><p>demanda agregada, buscando, assim, afetar o movimento dos preços.</p><p>37</p><p>Economia dos negócios</p><p>10. FINANÇAS INTERNACIONAIS</p><p>10.1 Balanço de Pagamentos</p><p>O balanço de pagamento é a ferramenta que contabiliza as operações de entrada e saída</p><p>de divisas de um país em relação ao resto do mundo. O balanço é constituído de quatro</p><p>grandes contas: balança comercial, balança de serviços, transferências unilaterais e</p><p>movimento de capital ou conta de capital.</p><p>10.1.1 Balança Comercial</p><p>A Balança Comercial é o instrumento de registro das operações de importação e de</p><p>exportação de mercadorias</p><p>de um país, por período de tempo. Ela indica os valores</p><p>relativos as transações comerciais entre o país e o exterior. Superávits comerciais</p><p>indicam que as exportações superam as importações. Déficits comerciais indicam que a</p><p>importações superam as exportações.</p><p>10.1.2 Balança de Serviços</p><p>A Balança de Serviços compreende um conjunto de contas que não se referem ao</p><p>trânsito de mercadorias, mas, basicamente, a contas de natureza financeira. As</p><p>principais contas são da Balança de Serviços são: transportes, seguros, viagens</p><p>internacionais, royalties (como pagamento pelo uso de marcas e patentes), despesas</p><p>administrativas, aluguel, projetos, rendas de capitais (juros, lucros e dividendos).</p><p>A legislação brasileira, acompanhando uma tendência internacional, permite que as</p><p>empresas instaladas no Brasil que possuem matriz no exterior façam transferências de</p><p>lucros, quando dispõem de capital fechado, e dividendos, quando operam com capital</p><p>aberto (Silva, 2002). Essa regra tem por objetivo estimular a atração de capitais para</p><p>investimentos produtivos no Brasil.</p><p>A conta “juros” refere-se à parcela de juros que incide sobre o estoque de empréstimos e</p><p>financiamentos contraídos no exterior, menos os juros recebidos por empréstimos e</p><p>financiamentos realizados no exterior. No caso do Brasil, esta conta, tem apresentado</p><p>uma tradição de resultados negativos, assim como todas as demais contas de serviço</p><p>(Silva, 2002).</p><p>10.1.3 Transferências Unilaterais</p><p>Na conta Transferências Unilaterais são registradas todas as transferências que não</p><p>envolvem contrapartida de mercadorias ou serviço, como, por exemplo, remessas de</p><p>emigrantes, bolsas de estudos pagas para estudantes que realizam cursos no exterior,</p><p>doações a organizações e despesas do governo com embaixadas no exterior.</p><p>38</p><p>Economia dos negócios</p><p>10.1.4 Movimento de Capital</p><p>Refere-se aos investimentos de longo prazo ou capital de risco, empréstimos,</p><p>financiamentos e amortizações recebidas, menos os valores enviados ao exterior em</p><p>operações da mesma natureza das supracitadas.</p><p>A obtenção de superávit na conta de capital deve ser analisada com atenção, dado que</p><p>no futuro os recursos recebidos terão que ser devolvidos (caso dos empréstimos e</p><p>financiamentos), ou parcialmente repatriado (caso dos investimentos onde ocorre a</p><p>possibilidade de remessa de lucros e dividendos à matriz no exterior).</p><p>O estoque de dívida acumulada de exercícios anteriores, quando existente, recebe</p><p>registro na autoridade monetária. É sobre este estoque que incidem os juros pagos na</p><p>conta “renda de capitais” do balanço de serviços.</p><p>10.2 Sistemas Monetários Internacionais</p><p>10.2.1 Padrão-Ouro</p><p>Na sua forma ortodoxa, o padrão ouro consiste no estabelecimento, pelo Banco Central,</p><p>de uma relação fixa entre a quantidade de ouro em mãos do governo e o valor de moeda</p><p>em circulação. O modelo mais usado na descrição do mecanismo do padrão ouro ainda é</p><p>o modelo de fluxo de moedas metálicas, de D. Hume (séc. XVIII). O modelo se baseia</p><p>em um sistema onde circulariam apenas moedas de ouro. Sob tal sistema, superávits e</p><p>déficits nos balanços de pagamentos (BP) implicariam na transferência de moedas entre</p><p>os países, impactando os preços internos e conduzindo a um reequilíbrio do BP.</p><p>No sistema de padrão ouro em que circulasse papel-moeda, os fluxos de ouro também</p><p>financiariam os desequilíbrios nos BPs de cada país. Se houvesse déficit no BP de um</p><p>país, este deveria exportar ouro. Se um país tivesse superávit no seu BP, ele deveria</p><p>importar ouro. A importação de ouro levaria o país a expandir a sua base monetária,</p><p>acarretando um aumento de preços e uma perda de competitividade de seus produtos, o</p><p>que o tornaria deficitário. Analogamente, a exportação de ouro levaria o país a contrair</p><p>sua base monetária, acarretando uma baixa nos seus preços e um aumento na</p><p>competitividade dos seus produtos, o que o tornaria superavitário.</p><p>10.2.2 Padrão-Dólar</p><p>O padrão-dólar viria a substituir o padrão-ouro a partir do estabelecimento do Acordo de</p><p>Bretton Woods (1944). O novo padrão consistia na fixação do valor do dólar em US$ 35 a</p><p>onça-troy de ouro. As demais regras seriam as seguintes:</p><p> Paridade fixa das demais moedas em relação ao dólar: poderia haver variação de</p><p>até +/- 1% em relação ao dólar</p><p> Variação cambial até 10%: deveriam ser previamente comunicadas ao FMI</p><p> Variação cambial > 10%: deveriam ser previamente autorizadas pelo FMI</p><p>39</p><p>Economia dos negócios</p><p>10.2.3 O Sistema de Taxas Flutuantes</p><p>A partir dos persistentes déficits comerciais dos EUA, na década de 1960, e com a eclosão</p><p>da crise do petróleo, em 1973, o dólar passou a sofrer forte pressão vendedora nos</p><p>mercados cambiais. Movimentos especulativos levaram a uma desvalorização da moeda</p><p>norte-americana em 1973/1974, de cerca de 10%. Em vista de um quadro de volatilidade</p><p>que ameaçava as reservas norte-americanas de ouro, o governo norte-americano decidiu,</p><p>em 1973, suspender a conversibilidade do dólar. A partir daquela data, a cotação das</p><p>moedas dependeria de um sistema de taxas flutuantes, isto é, as forças de mercado</p><p>passariam a definir livremente a cotação das taxas de câmbio dos países.</p><p>A despeito de uma maior liberdade monetária, a livre flutuação das taxas de câmbio</p><p>passou a gerar um aumento na volatilidade dos ativos negociados internacionalmente.</p><p>Essa maior volatilidade ampliou o risco embutido nas transações que incluíam</p><p>compromissos cambiais, elevando o grau de incerteza dos agentes econômicos – países e</p><p>empresas – envolvidos em transações internacionais. Maior incerteza e maior risco se</p><p>constituíram, assim, nas principais consequências do novo regime cambial.</p><p>10.3 Os Regimes Cambiais</p><p>A influência da Autoridade Monetária sobre a taxa cambial pode ser exercida,</p><p>basicamente, de duas maneiras. A primeira delas consiste na adoção de um regime de</p><p>câmbio fixo, no qual o banco central mantém a taxa do câmbio em um patamar</p><p>previamente definido. Isso é conseguido por meio da administração das reservas</p><p>internacionais. O governo utiliza divisas para estabelecer a cotação escolhida. A segunda</p><p>maneira consiste na adoção de um regime de câmbio flutuante, caso em que o mercado</p><p>determina a taxa de câmbio, através da oferta e demanda por divisas. Regimes</p><p>intermediários combinam elementos dos dois casos extremos.</p><p>10.3.1 A Classificação dos Regimes Cambiais Segundo o FMI</p><p>Abaixo estão descritos os principais regimes cambiais, apresentados de acordo com a</p><p>classificação do FMI, em ordem decrescente de rigidez monetária.</p><p>10.3.1.1 União Monetária</p><p>As uniões monetárias são as formações de blocos que utilizam a mesma moeda como</p><p>meio de pagamento, unidade de medida e reserva de valor, mantendo uma autoridade</p><p>monetária centralizada, um banco central regional, como é o caso da União Europeia.</p><p>10.3.1.2 Dolarização</p><p>A dolarização ocorre quando os residentes de um país utilizam de forma extensiva o</p><p>dólar em detrimento da moeda nacional. A dolarização pode ser dividida em extraoficial,</p><p>em que os indivíduos mantêm depósitos bancários ou títulos em moeda estrangeira para</p><p>proteger-se das oscilações da moeda doméstica; em dolarização semioficial na qual há</p><p>duas moedas de curso legal dentro do país; e em dolarização oficial na qual o governo</p><p>adota a moeda estrangeira (dólar) como moeda oficial e de curso legal.</p><p>40</p><p>Economia dos negócios</p><p>10.3.1.3 Currency Board</p><p>O arranjo do tipo currency board é um compromisso para ofertar ou demandar moeda a</p><p>uma taxa de câmbio fixa. Isso acarreta que as reservas monetárias devem ser iguais ao</p><p>total de moeda em circulação na economia. Sob esse regime, a política monetária é</p><p>inteiramente subordinada ao regime de taxa de câmbio; e os aumentos ou reduções na</p><p>oferta de moeda são determinados pelo câmbio estrangeiro. O compromisso do arranjo</p><p>cambial de currency board deve ser crível, pois o país deve ser capaz de converter a</p><p>moeda doméstica na moeda externa, devendo submeter a sua política monetária à</p><p>quantidade</p><p>de reservas internacionais que o país possui.</p><p>10.3.1.4 Fixo Convencional</p><p>Neste caso, o Banco Central vende e compra moeda estrangeira, de forma a manter uma</p><p>dada taxa de câmbio. A taxa a ser mantida deve ser aquela anunciada pelo próprio Banco</p><p>Central. Neste sistema o banco central se compromete a ofertar moeda ao nível que</p><p>assegure que a taxa de câmbio de equilíbrio se igualará à taxa de câmbio anunciada.</p><p>Isso significa que a oferta de moeda se ajustará automaticamente, ao nível necessário</p><p>que garanta o equilíbrio. Por causa disso diz ser que a política monetária se torna</p><p>passiva.</p><p>10.3.1.5 Bandas Cambiais</p><p>O regime de bandas cambiais é caracterizado como um regime de ancoragem, dotado de</p><p>uma faixa de variação cambial estreita. As bandas são ajustáveis, porém as autoridades</p><p>só podem intervir na taxa de câmbio dentro de uma faixa de variação muito pequena.</p><p>Um exemplo desse regime é o sistema que foi adotado no âmbito do Acordo de Bretton-</p><p>Woods, que vigorou de 1944 a 1973. Neste o regime cambial as taxas de câmbio eram</p><p>fixas, porém com uma faixa de variação de mais ou menos 1%, até 1971, e mais ou</p><p>menos 2,25% até 1973.</p><p>10.3.1.6 Flutuação Administrada</p><p>Este tipo de regime é também conhecido como flutuação suja. Podemos dizer que esse</p><p>regime foi adotado pelos países industrializado a partir da dissolução do Sistema</p><p>Monetário de Bretton Woods. Neste regime as autoridades governamentais podem</p><p>intervir para prevenir agudas flutuações de curto prazo. Ocorrem intervenções no</p><p>mercado cambial de forma esporádica e não anunciada.</p><p>10.3.1.7 Flutuação Pura</p><p>O regime de taxas de câmbio flutuantes é aquele que não utiliza nenhuma política</p><p>cambial. A defesa desse regime é influenciada por Milton Friedman, segundo o qual, dada</p><p>a intensidade de mudanças nas transações internacionais, tanto por meio de choques</p><p>reais como nominais, é fundamental a adoção de regimes de taxas de câmbio flexíveis. A</p><p>liberdade cambial permitiria ao mercado traduzir, através dos sinais emitidos pelos</p><p>preços, as reais condições de oferta e demanda. Decorrência disso é a ausência do</p><p>governo do mercado cambial.</p><p>1. Programa da disciplina</p><p>1.1 Ementa</p><p>1.2 Carga horária</p><p>1.3 Objetivos</p><p>1.4 Conteúdo programático</p><p>1.5 Metodologia</p><p>1.6 Critérios de avaliação</p><p>1.7 Bibliografia recomendada</p><p>Curriculum vitae do professor</p><p>2. Dez conceitos Básicos</p><p>3. Teoria do Consumidor</p><p>3.1 Conceito</p><p>3.2 Lei da Demanda</p><p>3.2.1 Relação entre Quantidade Demandada e Preço do Bem</p><p>3.2.2 Elasticidade-Preço da Demanda</p><p>3.2.3 Oferta de Mercado</p><p>3.3 Equilíbrio de Mercado</p><p>4. TEORIA DA PRODUÇÃO</p><p>4.1 Conceitos Básicos</p><p>4.1.1 Produção</p><p>4.1.2 Função de Produção</p><p>4.2 Análise de curto prazo</p><p>4.3 A Análise de longo Prazo</p><p>4.3.1 Economia de Escala ou Rendimento de Escala</p><p>5. ESTRUTURAS DE MERCADO</p><p>5.1 Concorrência Pura ou Perfeita</p><p>5.2 Monopólio</p><p>5.2.1 Discriminação de Preços</p><p>5.3 Oligopólio</p><p>5.3.1 Coordenação de Preços</p><p>5.3.2 Barreiras à Entrada</p><p>5.4 Concorrência Monopolística</p><p>6. O PRODUTO E A RENDA: MEDINDO OS AGREGADOS MACROECONÔMICOS</p><p>6.1 As Origens Keynesianas das Contas Nacionais</p><p>6.2 A Mensuração dos Principais Agregados Macroeconômicos</p><p>7. ECONOMIA DO SETOR PÚBLICO</p><p>7.1 Orçamento Público</p><p>7.2 Resultado Fiscal</p><p>7.3 Financiamento do Setor Público</p><p>7.3.1 Emissão Monetária</p><p>7.3.2 Emissão de Títulos Públicos</p><p>7.4 Dívida Pública Interna</p><p>7.5 Política Fiscal</p><p>8. MOEDAS E BANCOS</p><p>8.1 Moeda</p><p>8.1.1 Histórico</p><p>8.1.2 Funções da Moeda</p><p>8.1.3 Bancos</p><p>8.1.3.1 Sistema Bancário</p><p>8.1.3.2 Efeito Multiplicador</p><p>8.2 Política Monetária</p><p>8.2.1 Compra/Venda de Títulos Públicos</p><p>8.2.2 Encaixe Compulsório</p><p>8.2.3 Taxa de Redesconto</p><p>9. INFLAÇÃO</p><p>9.1 Teorias</p><p>9.2 Políticas de Estabilização</p><p>9.2.1 Ortodoxas</p><p>9.2.2 Heterodoxas</p><p>9.3 Sistema de Metas de Inflação</p><p>10. FINANÇAS INTERNACIONAIS</p><p>10.1 Balanço de Pagamentos</p><p>10.1.1 Balança Comercial</p><p>10.1.2 Balança de Serviços</p><p>10.1.3 Transferências Unilaterais</p><p>10.1.4 Movimento de Capital</p><p>10.2 Sistemas Monetários Internacionais</p><p>10.2.1 Padrão-Ouro</p><p>10.2.2 Padrão-Dólar</p><p>10.2.3 O Sistema de Taxas Flutuantes</p><p>10.3 Os Regimes Cambiais</p><p>10.3.1 A Classificação dos Regimes Cambiais Segundo o FMI</p><p>10.3.1.1 União Monetária</p><p>10.3.1.2 Dolarização</p><p>10.3.1.3 Currency Board</p><p>10.3.1.4 Fixo Convencional</p><p>10.3.1.5 Bandas Cambiais</p><p>10.3.1.6 Flutuação Administrada</p><p>10.3.1.7 Flutuação Pura</p><p>10.2.2 PADRÃO-DÓLAR .........................................................................................38</p><p>10.2.3 O SISTEMA DE TAXAS FLUTUANTES..............................................................39</p><p>10.3 OS REGIMES CAMBIAIS .................................................................................39</p><p>10.3.1 A CLASSIFICAÇÃO DOS REGIMES CAMBIAIS SEGUNDO O FMI .........................39</p><p>1</p><p>Economia dos negócios</p><p>1. PROGRAMA DA DISCIPLINA</p><p>1.1 Ementa</p><p>Macroeconomia: indicadores. Flutuações cíclicas e crescimento de longo prazo. Inflação,</p><p>índices de preço e suas aplicações. Atuação do Banco Central e sua influência sobre os</p><p>negócios: política monetária, taxas de juros e regime de metas para a inflação.</p><p>Elementos de macroeconomia aberta: taxas de câmbio, regimes cambiais e balanço de</p><p>pagamentos. Comércio internacional: principais indicadores, mecanismos e instituições.</p><p>Microeconomia: oferta, demanda e seus determinantes. Outras estruturas de mercado,</p><p>oligopólios e defesa da concorrência.</p><p>1.2 Carga horária</p><p>24 horas/aula</p><p>1.3 Objetivos</p><p> Apresentar os principais conceitos que tratam da formação de preços em</p><p>economias de mercado. Apontar aplicações práticas dos conceitos</p><p> Apresentar os principais conceitos que versam sobre os custos das empresas</p><p> Identificar e analisar as estruturas de mercado nas quais se inserem</p><p>consumidores e empresas.</p><p> Conhecer os principais elementos que compõem as finanças do Estado</p><p> Analisar o papel da taxa de juros e a função do sistema bancário nas economias</p><p>de mercado</p><p> Investigar as causas da inflação, examinar seus efeitos e analisar as políticas de</p><p>estabilização.</p><p> Apresentar os principais conceitos que compõem o referencial teórico da taxa de</p><p>câmbio. Apresentar a aplicação dos conceitos.</p><p>1.4 Conteúdo programático</p><p>Teoria do Consumidor Utilidade; demanda</p><p> Elasticidade-Preço; elasticidade-</p><p>renda</p><p> Oferta</p><p> Equilíbrio de mercado</p><p>Teoria da Produção Produtividade</p><p> “Nível ótimo de produção”</p><p> “Economias de escala”</p><p>Estruturas de mercado Concorrência Perfeita</p><p> Monopólio</p><p> Oligopólio</p><p> Concorrência monopolística</p><p>Produto Interno Bruto Mensurando a geração de</p><p>riqueza</p><p> A igualdade Produto e Renda</p><p>2</p><p>Economia dos negócios</p><p>Finanças Públicas Orçamento Público</p><p> Dívida pública</p><p> Política Fiscal</p><p>Moedas e Bancos Moeda</p><p> O papel do sistema bancário</p><p> O Efeito multiplicador bancário</p><p> Política monetária</p><p>Inflação Teorias sobre a inflação</p><p> Políticas de estabilização</p><p> Sistema de metas de inflação</p><p>Finanças Internacionais Balanço de pagamentos</p><p> Sistemas monetários</p><p> Regimes cambiais</p><p>1.5 Metodologia</p><p>Aulas expositivas com uso de recursos audiovisuais.</p><p>1.6 Critérios de avaliação</p><p>Prova escrita (individual) a ser realizada após o término do curso.</p><p>1.7 Bibliografia recomendada</p><p>BLANCHARD, Olivier. Macroeconomia. 3ª ed. São Paulo: Prentice Hall, 2004.</p><p>MILES, David e SCOTT, Andrew. Macroeconomia - Compreendendo a riqueza das nações.</p><p>São Paulo:Saraiva, 2005.</p><p>MANKIW, N.G. Introdução à Economia- Princípios de Micro e Macroeconomia. Rio de</p><p>Janeiro: Elsevier, 2001.</p><p>PINHO, Benevides, SANDOVAL DE VASCONCELOS, Marco Antonio (orgs) Manual de</p><p>Economia. 4ª ed. São Paulo: Saraiva, 2003</p><p>STIGLITZ, J., Walsh, Carl. Introdução à Macroeconomia. Rio de Janeiro: Ed. Campus,</p><p>2003</p><p>O LIVRO DA ECONOMIA / (tradução Carlos S. Mendes Rocha). São Paulo: Globo, 2013</p><p>3</p><p>Economia dos negócios</p><p>Curriculum vitae do professor</p><p>Mauro Rochlin é Doutor em Economia pela UFRJ, Mestre em Relações Internacionais pela</p><p>PUC-RJ e Bacharel em Ciências Econômicas pela UFRJ. Na área acadêmica, atuou como</p><p>economista-sênior do Grupo de Pesquisa em Cadeias Produtivas e Complexos Industriais</p><p>(UFRJ) até 2006, foi Pesquisador do Instituto de Pesquisa e Economia Aplicada (IPEA),</p><p>até 2008, e foi Diretor de ‘Desenvolvimento e Integração’ da Universidade Candido</p><p>Mendes, até 2009. Lecionou na PUC-RJ e no IBMEC-RJ, até 2015. Atualmente é</p><p>coordenador acadêmico e professor da FGV. Na área empresarial, foi Diretor Financeiro</p><p>de empresas dos setores têxtil-vestuário, publicitário e comercial (varejo). Atualmente é</p><p>sócio-diretor de empresa de consultoria econômica e Diretor do Núcleo Brasil de empresa</p><p>de produção de conteúdo audiovisual.</p><p>4</p><p>Economia dos negócios</p><p>2. DEZ CONCEITOS BÁSICOS</p><p>A Economia é o estudo do modo pelo qual a sociedade aloca recursos escassos, e o faz</p><p>com a finalidade de maximizar os seus benefícios. A maneira pela qual a sociedade se</p><p>organiza para produzir pode ser visto como um “sistema econômico”. Em se tratando de</p><p>uma empresa, de um país, ou do mundo inteiro, um sistema econômico pode ser definido</p><p>como a interação de um grupo de pessoas com o objetivo de garantir a sua própria</p><p>sobrevivência.</p><p>Mankiw (2001) propõe como ponto de partida a apresentação de 10 (dez) conceitos que</p><p>resumiriam as questões seminais deste instigante campo de investigação. São eles:</p><p>1. As pessoas devem escolher entre alternativas mutuamente excludentes</p><p>(tradeoffs)</p><p>A ideia aqui é de que para obtermos algo que desejamos, devemos abdicar de</p><p>outra coisa que também almejamos. Considere um médico que deve decidir como</p><p>empregar um recurso escasso – o seu tempo. Caso ele se decida a clinicar, por</p><p>exemplo, estará abrindo mão de realizar outra atividade. Cada hora de trabalho</p><p>implica em abrir mão de tempo para a realização de outras atividades.</p><p>Do ponto de vista coletivo, um tradeoff relevante é aquele antepõe eficiência e</p><p>equidade. Eficiência significa obter o maior retorno possível por conta do</p><p>emprego de recursos limitados. Equidade implica numa justa distribuição dos</p><p>benefícios gerados pelo emprego de recursos. Como muitas vezes o emprego de</p><p>soluções eficientes não implica necessariamente numa distribuição equânime dos</p><p>resultados da adoção dessas alternativas, a escolha entre eficiência e equidade se</p><p>constitui em um trade off relevante.</p><p>Assim, as opções que fazemos, individualmente ou em sociedade, implicam em</p><p>escolher entre diferentes alternativas. Reconhecer que as escolhas também</p><p>implicam em renúncias é importante porque as pessoas só tomam decisões</p><p>racionais se tiverem pleno conhecimento das opções disponíveis.</p><p>2. O custo de algo é equivalente ao custo do que se renuncia para obtê-lo.</p><p>Esse princípio surge como decorrência lógica do primeiro princípio. O médico do</p><p>exemplo anterior se encontra frente à seguinte alternativa: caso ele se decida a</p><p>atender pacientes no seu consultório, será remunerado por isso. Porém, caso ele</p><p>se decida, alternativamente, a participar de atividades de lazer, estará abrindo</p><p>mão do rendimento que obteria clinicando. Para o médico, o custo do</p><p>investimento em lazer equivale a remuneração ao qual ele renunciou para poder</p><p>se dedicar a outra atividade.</p><p>Desse modo, podemos definir como custo de oportunidade, o preço da renúncia</p><p>de um bem de modo a se obter um outro bem.</p><p>5</p><p>Economia dos negócios</p><p>3. As pessoas racionais pensam na margem</p><p>Considere que uma empresa aérea se encontra diante da seguinte situação: o</p><p>custo de realizar um voo Rio de Janeiro – Nova York é de US$ 300.000, e o avião</p><p>que fará o voo dispõe de 300 assentos. Neste caso, a empresa calcula que o custo</p><p>médio por passageiro é de US$1.000, caso todas as passagens sejam vendidas.</p><p>Suponha que a empresa tenha vendido 200 bilhetes, cobrando US$ 2.000 por</p><p>cada um, e que, no momento do embarque, haja um novo cliente disposto a</p><p>pagar apenas US$ 500 pelo assento. Você acha que a empresa deveria aceitar a</p><p>oferta? Uma vez que a escolha da empresa se resume a aceitar ou não o valor de</p><p>US$500, a cobrança de qualquer valor acima do custo adicional que esse</p><p>passageiro representasse - talvez pouco mais que o custo de uma refeição -</p><p>representaria um ganho para a empresa. Perceba que a empresa, para decidir de</p><p>forma racional se deve ou não aceitar a proposta, deve comparar esse valor com</p><p>o custo adicional que este novo passageiro representaria,</p><p>e não com o custo</p><p>médio de cada assento. Parece um tanto ingênuo pensar na média ou na</p><p>acumulação quando a variação na margem é muito mais relevante.</p><p>Os economistas adotam a expressão “alterações marginais” para indicar pequenos</p><p>ajustes incrementais em uma dada situação. O que está em pauta aí são as mais</p><p>recentes alterações ocorridas. Racionar ‘na margem’ significa verificar o que</p><p>ocorreu por último.</p><p>4. As pessoas reagem a incentivos</p><p>Comparar a relação custo-benefício de uma dada iniciativa é um procedimento</p><p>que as pessoas adotam frente ao processo de tomada de decisão. Quando o custo</p><p>ou o benefício de uma dada iniciativa se altera, o comportamento das pessoas</p><p>pode mudar. Se o preço da tarifa de taxi aumenta, por exemplo, as pessoas</p><p>consideram o uso de transportes alternativos, como o metrô ou o ônibus, porque</p><p>o custo de andar de taxi está maior. Isto é, as pessoas reagem a incentivos.</p><p>Quando os formuladores de políticas públicas não consideram como suas decisões</p><p>impactam os incentivos, acabam produzindo resultados não-desejados. Considere,</p><p>por exemplo, que o prefeito de uma cidade turística, preocupado em aumentar a</p><p>arrecadação municipal, decida aumentar as taxas cobradas dos proprietários de</p><p>postos de gasolina. Caso os postos de gasolina decidam aumentar os preços dos</p><p>combustíveis em reação ao novo custo, o efeito pode ser uma diminuição do fluxo</p><p>de turistas motorizados. Com isso, a receita municipal proveniente dos impostos</p><p>cobrados sobre serviços de hospedagem pode diminuir, cancelando o ganho da</p><p>nova taxa.</p><p>O caso da legislação que torna obrigatório o uso de cinto de segurança em</p><p>veículos também serve de exemplo do efeito dos incentivos no processo de</p><p>tomada de decisões. Estudos realizados em países que tornaram obrigatório o</p><p>uso cinto de segurança mostram que, em algumas regiões, o uso do cinto</p><p>coincidiu com o aumento do número de acidentes de trânsito. Segundo esses</p><p>mesmos estudos, o aumento dos acidentes seria devido ao aumento da velocidade</p><p>6</p><p>Economia dos negócios</p><p>média do trânsito, o que seria resultado, por sua vez, da maior “sensação” de</p><p>segurança que o cinto oferece. Ou seja, os motoristas, se sentido mais seguros</p><p>com o uso dos cintos, passaram a transitar a uma velocidade média maior, o que</p><p>elevou o número de acidentes. Pessoas são sensíveis a incentivos</p><p>Assim, ao se analisar qualquer política é necessário levar em conta não só os</p><p>efeitos diretos, mas também os impactos indiretos decorrentes da aplicação dos</p><p>incentivos. Se a política modificar os incentivos, as pessoas reagirão, alterando</p><p>seu comportamento.</p><p>5. O comércio pode beneficiar a todos</p><p>À primeira vista, o comércio é uma atividade econômica que pressupõe</p><p>ganhadores e perdedores. Empresas competem com empresas na conquista de</p><p>consumidores (e, assim, pressionam os preços), consumidores competem com</p><p>consumidores na busca por produtos (e, assim, pressionam os preços) e</p><p>trabalhadores competem com trabalhadores na procura por emprego (e, assim,</p><p>pressionam os salários) e assim por diante. Entretanto, visto no conjunto, o</p><p>comércio não se assemelha, necessariamente, a um jogo do tipo ganha-ou-perde.</p><p>Na verdade, o comércio pode melhorar a situação de todos.</p><p>Apesar da competição entre os agentes econômicos, ninguém estaria melhor caso</p><p>se isolasse. Se o fizesse teria que produzir todos os bens necessários à sua</p><p>própria existência. Por outro lado, graças ao comércio, cada agente pode se</p><p>especializar na atividade em que é mais capaz, e utilizar o produto do seu</p><p>trabalho para trocar bens. O comércio possibilita aos agentes comprar uma</p><p>variedade maior de produtos e fazê-lo a um custo menor do que se produzissem</p><p>isoladamente. Isso ocorre porque os agentes podem se especializar nas atividades</p><p>as quais usufruem de maior aptidão, se beneficiando, assim, com a troca.</p><p>Os países também podem se beneficiar do comércio. Se especializando na</p><p>produção de bens na qual a sua produtividade é maior, os países obtêm</p><p>vantagens ao comercializar esses bens com outros países. Isso é o que se chama</p><p>de vantagens comparativas.</p><p>6. O mercado tem sido, em geral, uma forma mais eficiente de organização</p><p>da produção</p><p>A queda do comunismo na União Soviética e na Europa Oriental e a guinada</p><p>econômica da China deixaram para trás as experiências de planificação</p><p>econômica. Nos países comunistas o governo definia metas de produção e preços</p><p>a partir de decisões administrativas. Esses países adotavam a premissa de que o</p><p>planejamento centralizado da economia era a forma mais eficaz de produzir bens</p><p>e gerar bem-estar econômico.</p><p>7</p><p>Economia dos negócios</p><p>Em uma economia de mercado as decisões relativas à alocação de recursos são</p><p>tomadas por milhões de famílias e empresas isoladamente. As empresas decidem</p><p>o que produzir, visando maximizar seus lucros. As famílias decidem o que</p><p>consumir, visando maximizar seu orçamento. Essas empresas e famílias</p><p>interagem no mercado, buscando alcançar seus objetivos. Os preços orientam a</p><p>tomada de decisões.</p><p>A ideia subjacente é a de que os agentes reagem aos preços, ajustando</p><p>continuamente as suas decisões de produção e consumo. Aumentos de preços</p><p>incentivam a produção e desestimulam o consumo. Reduções de preços</p><p>incentivam o consumo e desestimulam a produção. De forma muito simplificada,</p><p>essa é a dinâmica que explica o comportamento dos agentes interagindo no</p><p>mercado.</p><p>Apesar de o mercado ser um mecanismo através do qual os agentes econômicos</p><p>buscam o interesse próprio, esse sistema tem sido relativamente bem-sucedido</p><p>em promover o crescimento econômico e o bem-estar social.</p><p>7. A atuação do governo pode corrigir problemas do mercado</p><p>Por vezes o mercado por si só não consegue empregar recursos de forma</p><p>eficiente. O conceito de falha de mercado se refere a esse tipo de situação.</p><p>Quando isso ocorre, sustentam alguns economistas, os governos deveriam intervir</p><p>na economia de modo a corrigir os problemas que impedem o mercado de</p><p>promover a eficiência e equidade.</p><p>Os economistas identificam duas causas principais para a ocorrência de falhas de</p><p>mercado. Em primeiro lugar, a presença de externalidades. O termo serve para</p><p>designar o impacto das ações de alguém sobre o bem-estar dos demais (ou dos</p><p>que estão próximos). Um exemplo muito utilizado é o da poluição. Se uma</p><p>siderúrgica não arca com todo o custo da poluição que gera, estará transferindo o</p><p>custo dos efeitos da poluição para terceiros. Neste caso, o governo pode corrigir</p><p>essa externalidade através da imposição de normas mais rígidas de controle</p><p>ambiental.</p><p>Mankiw (2001) também cita como causa de falha de mercado o poder de</p><p>mercado das empresas. Poder de mercado é o conceito que designa a capacidade</p><p>de um agente econômico de influenciar de forma indevida os preços de mercado.</p><p>O monopólio da oferta de um bem essencial, por exemplo, confere ao monopolista</p><p>poder de mercado. Nesse caso, a regulamentação do preço do bem pode</p><p>aumentar a eficiência econômica, como veremos adiante.</p><p>8</p><p>Economia dos negócios</p><p>8. O crescimento da renda média de um país depende de sua capacidade de</p><p>produzir bens e serviços</p><p>Como é sabido, a renda média do americano é muito superior ao do brasileiro.</p><p>Este, por sua vez, tem uma renda média superior ao do indiano. As diferenças na</p><p>renda média geralmente se traduzem em indicadores de bem-estar social.</p><p>Indivíduos de países com rendas mais altas têm, em média, mais anos de estudo,</p><p>melhores padrões nutricionais e maior expectativa de vida do que indivíduos de</p><p>países com menores rendas.</p><p>A explicação para essas diferenças de renda entre países reside em diferenças na</p><p>produtividade dos países. Produtividade é um conceito que indica a quantidade de</p><p>bens e serviços produzida por hora de trabalho. Quanto maior for a produtividade</p><p>de um país, maior será a sua renda média. Assim, a taxa de crescimento da</p><p>produtividade em um país define a taxa de crescimento da renda média.</p><p>9. A emissão imoderada de moeda provoca aumentos nos preços</p><p>Alguns países passaram por processos inflacionários que fizeram com que os</p><p>preços se multiplicassem várias vezes em um curto período de tempo. A</p><p>Alemanha da década de 20 e o Brasil da década de 80 são exemplos disso. Em</p><p>ambos os casos, o período de alta inflação coincidiu com uma fase de baixo</p><p>crescimento econômico. Como a inflação implica em vários custos, a estabilidade</p><p>de preços é um importante objetivo de política econômica.</p><p>A inflação é um processo de aumento generalizado e persistente de preços. Se</p><p>alguns poucos bens sofrem aumentos de preços, isso não significa,</p><p>necessariamente, que o índice geral de preços – o medidor de inflação – irá subir.</p><p>O índice de inflação traduz uma média de aumentos de preços, com base em uma</p><p>hipotética cesta de bens e serviços. Portanto, para que haja inflação é necessário</p><p>que os aumentos de preços sejam disseminados para toda a economia e que</p><p>esses aumentos se mantenham de forma mais permanente.</p><p>Qual a causa da inflação? Que fator (es) pode gerar os problemas apontados? A</p><p>resposta a essa pergunta tem gerado grandes controvérsias entre os economistas.</p><p>Enquanto alguns apontam a emissão exagerada de moeda como a causa</p><p>fundamental, outros apontam, por vezes, pressões de demanda ou de custos</p><p>como a origem do processo. Entretanto, evidências empíricas têm apontado para</p><p>uma forte correlação entre o crescimento excessivo da oferta de moeda e a</p><p>emergência de processos inflacionários.</p><p>Mankiw (2001) registra que na Alemanha da década de 1920, quando os preços,</p><p>em média, triplicavam a cada três meses, a quantidade de moeda também</p><p>triplicava nesse período. A história econômica recente dos EUA também corrobora</p><p>o argumento que associa emissão de moeda e inflação. Ela mostra que um</p><p>período de inflação mais alta, como a década de 70, coincidiu com uma maior</p><p>oferta de moeda e que um período de inflação mais baixa, como a década de 90,</p><p>está associado com um menor crescimento da quantidade de moeda.</p><p>9</p><p>Economia dos negócios</p><p>10. A política econômica deve escolher entre uma das duas alternativas de</p><p>curto prazo: inflação ou desemprego.</p><p>Se a inflação é causada pelo crescimento da oferta de moeda, por que os</p><p>governos têm dificuldade em resolver o problema? Os economistas apontam para</p><p>o fato de que o combate à inflação parece estar associado a um aumento</p><p>temporário no desemprego. A curva de Phillips é o modelo que os economistas</p><p>utilizam para descrever esse tradeoff entre inflação e desemprego.</p><p>A ideia subjacente ao modelo é que as políticas de combate à inflação, ao</p><p>reduzirem a oferta de moeda na economia, geram uma diminuição no consumo de</p><p>bens, fazendo com que as empresas diminuam a produção. Essa retração, por sua</p><p>vez, leva as empresas a demitir trabalhadores, causando desemprego. Sendo</p><p>assim, o combate à inflação não pode ser feito de forma indolor. O governo teria</p><p>que fazer uma difícil escolha entre ser mais leniente com a alta de preços,</p><p>poupando o trabalhador, ou, alternativamente, ser mais duro no enfrentamento</p><p>da alta de preço, sacrificando o emprego.</p><p>Como o governo pode lidar com esse problema através de instrumentos de forte</p><p>impacto socioeconômico – aumentando ou diminuindo o nível de impostos,</p><p>aumentando ou diminuindo o seu montante de gastos, expandindo ou contraindo</p><p>a política monetária – a maneira de utilizá-los desperta acirrados debates.</p><p>10</p><p>Economia dos negócios</p><p>3. TEORIA DO CONSUMIDOR</p><p>3.1 Conceito</p><p>Os fundamentos da análise da demanda têm por base o conceito subjetivo de utilidade. O</p><p>conceito utilidade, em economia, designa o grau de satisfação que o consumidor atribui</p><p>aos bens e serviços que podem ser adquiridos no mercado. Utilidade, portanto, é um</p><p>atributo que os bens econômicos possuem de satisfazer o consumidor.</p><p>A origem do conceito reside nos trabalhos seminais de Jevons e Walras, cuja Teoria do</p><p>Valor-Utilidade pressupõe que o valor de um bem se forma a partir da sua demanda. Isto</p><p>é, o valor de um bem é determinado a partir da satisfação que esse bem representa para</p><p>o consumidor. O estudo da demanda, objeto desta seção, baseia-se nessa teoria.</p><p>A teoria utilitarista considera que a utilidade total de um bem tende a aumentar à medida</p><p>que aumenta a quantidade consumida desse bem. Entretanto, a utilidade marginal - que</p><p>é a satisfação que o consumidor obtém ao adquirir uma unidade adicional de um bem - é</p><p>decrescente uma vez que a satisfação do consumidor decresce à medida que ele adquire</p><p>unidades adicionais do bem.</p><p>O exemplo clássico que ilustra o conceito é o chamado paradoxo da água e do diamante.</p><p>Por que a água, um bem essencial, é tão barata, e o diamante, um bem supérfluo, é tão</p><p>caro? A resposta é que a água tem elevada utilidade total, mas reduzida utilidade</p><p>marginal (por ser abundante), e o diamante, por ser escasso, tem elevada utilidade</p><p>marginal e total.</p><p>3.2 Lei da Demanda</p><p>A demanda ou procura pode ser definida como a quantidade de um determinado bem ou</p><p>serviço que os consumidores desejam adquirir em um determinado período de tempo.</p><p>A demanda por um bem não depende só do preço do bem, mas também de outras</p><p>variáveis que influenciam a escolha do consumidor. São elas: o preço dos outros bens, a</p><p>renda do consumidor e os gostos e preferências do consumidor. A hipótese coeteris</p><p>paribus é o recurso que se utiliza para se estudar a influência dessas variáveis, ou seja,</p><p>considera-se que enquanto uma variável atua, as demais permanecem constantes.</p><p>3.2.1 Relação entre Quantidade Demandada e Preço do Bem</p><p>Há uma relação inversa entre o preço do bem e a quantidade demandada, coeteris</p><p>paribus. Isso porque, quando o preço de um bem cai, este fica mais barato em relação a</p><p>seus concorrentes, fazendo com que os consumidores fiquem mais propensos a adquiri-</p><p>lo. Essa relação pode ser observada a partir da construção da curva de procura do bem.</p><p>A curva de procura abaixo mostra a relação entre a procura de um bem e o preço desse</p><p>mesmo bem.</p><p>11</p><p>Economia dos negócios</p><p>Matematicamente, a relação pode ser descrita pela chamada função demanda:</p><p>Qd = f(P); onde:</p><p>Qd = quantidade procurada de um determinado bem ou serviço, por período de tempo;</p><p>P = preço do bem ou serviço.</p><p>A expressão acima significa que a quantidade demandada é uma função f do preço P.</p><p>3.2.2 Elasticidade-Preço da Demanda</p><p>É a forma com que se expressa, em economia, a sensibilidade da demanda a variações</p><p>nos preços. Em outras palavras, é a variação percentual na quantidade procurada de um</p><p>bem X, em resposta a uma variação percentual em seu preço, coeteris paribus.</p><p> Demanda elástica: caso em que a variação percentual da quantidade demandada</p><p>é maior do que a variação percentual do preço.</p><p> Demanda inelástica: caso em que a variação percentual no preço acarreta uma</p><p>variação percentual relativamente menor na quantidade procurada.</p><p>3.2.3 Oferta de Mercado</p><p>A oferta pode ser definida como a quantidade de um bem ou serviço que os produtores</p><p>desejam vender por unidade de tempo. Do mesmo modo que a demanda, a oferta</p><p>depende de vários fatores, além do preço do produto. Dentre eles, citamos: os demais</p><p>preços, o preço dos fatores de produção e a tecnologia.</p><p>A chamada Lei Geral da Oferta mostra que há uma relação direta entre quantidade</p><p>ofertada e o nível de preços, coeteris paribus. Seguindo a lei, podemos indicar uma</p><p>escala de oferta de um bem X. Ou seja, dada uma série de preços, quais seriam as</p><p>quantidades ofertadas a cada preço:</p><p>Preço Quantidade ofertada</p><p>1,00 1.000</p><p>3,00 5.000</p><p>6,00 9.000</p><p>8,00 11.000</p><p>10,00 13.000</p><p>12</p><p>Economia dos negócios</p><p>A relação entre o preço e a quantidade ofertada também pode ser expressa graficamente</p><p>como a seguir:</p><p>Matematicamente, a função de oferta pode ser expressa da seguinte forma:</p><p>Qo = f(P); onde:</p><p>Qo = quantidade ofertada de um bem ou serviço, por período de tempo;</p><p>P = preço do bem ou serviço</p><p>A relação direta entre a quantidade ofertada de um bem e o preço desse bem é devido</p><p>ao fato de que, coeteris paribus,</p><p>um aumento no preço do bem incentiva as empresas a</p><p>aumentar sua produção, de modo a aumentar sua receita.</p><p>3.3 Equilíbrio de Mercado</p><p>A interseção das curvas de oferta e de demanda determina o preço e a quantidade de</p><p>equilíbrio de um bem ou serviço no mercado. Ou seja, na interseção das duas curvas</p><p>temos o preço e a quantidade que atendem às aspirações dos produtores e dos</p><p>consumidores simultaneamente.</p><p>13</p><p>Economia dos negócios</p><p>Se a quantidade ofertada se encontrar abaixo daquela indicada pelo ponto de equilíbrio</p><p>E, ocorrerá uma situação que pode ser descrita como escassez de oferta ou excesso de</p><p>demanda. Nesse caso, as quantidades ofertadas serão inferiores as quantidades</p><p>procuradas. Isso acarretará uma competição dos consumidores pelos produtos, o que</p><p>provocará uma elevação dos preços. Esse movimento vai se estender até que o equilíbrio</p><p>seja restabelecido.</p><p>De forma análoga, se a quantidade ofertada se situar acima do ponto de equilíbrio,</p><p>haverá uma situação de excesso de oferta. Isso acarretará a formação de estoques não-</p><p>planejados por parte dos produtores, que reagirão diminuindo preços. Também nesse</p><p>caso o movimento nos preços se estenderá até que o equilíbrio seja restabelecido.</p><p>Assim, não havendo impedimentos para a livre movimentação dos preços, haverá uma</p><p>tendência natural para que o sistema volte ao ponto de equilíbrio. No entanto, para que</p><p>isso ocorra, é necessário que não haja interferência nem do governo nem de setores com</p><p>poder de mercado, que geralmente dificultam o livre movimento das forças de mercado.</p><p>14</p><p>Economia dos negócios</p><p>4. TEORIA DA PRODUÇÃO</p><p>4.1 Conceitos Básicos</p><p>4.1.1 Produção</p><p>É o processo de transformação dos fatores de produção utilizados pela empresa em</p><p>produtos a serem comercializados no mercado. Nesse processo são combinados diferentes</p><p>fatores de produção de modo a se produzir o bem ou produto final. As formas através das</p><p>quais as empresas combinam os fatores constituem os chamados métodos de produção.</p><p>A escolha de um dado método de produção vai depender de sua eficiência. Um método é</p><p>tecnicamente eficiente se, comparado a outros métodos, utiliza menor quantidade de</p><p>fatores para produzir uma quantidade equivalente do produto.</p><p>4.1.2 Função de Produção</p><p>A função de produção identifica a forma de resolver os problemas técnicos da produção, por</p><p>meio da apresentação das combinações de fatores que podem ser utilizados para o</p><p>desenvolvimento do processo produtivo. Ela pode ser conceituada como a relação que mostra</p><p>a quantidade obtida do produto, a partir da quantidade utilizada dos fatores de produção.</p><p>É importante sublinhar que, a função de produção assim definida admite sempre que o</p><p>empresário esteja utilizando a maneira mais eficiente de combinar os fatores e,</p><p>consequentemente, obterá maior quantidade produzida do produto. Ou seja, a questão</p><p>da melhor técnica passa ao largo do debate econômico, supondo-se já resolvida pela</p><p>área de engenharia.</p><p>A função de produção pode ser expressa analiticamente da seguinte maneira:</p><p>q = f {x1, x2, x3,..., xn}</p><p>Onde:</p><p>q é a quantidade produzida do bem ou serviço, num determinado período de tempo; x1,</p><p>x2, x3,..., xn, identificam as quantidades utilizados de diversos fatores de produção; f</p><p>indica que q é uma função da quantidade de insumos utilizados.</p><p>Fatores Fixos e Fatores Variáveis de Produção - Curto prazo e Longo prazo:</p><p> Fatores variáveis- São aqueles cujas quantidades utilizadas variam à medida que</p><p>a quantidade produzida varia. Exemplos: matérias-primas e mão-de-obra.</p><p> Fatores fixos- São aqueles cujas quantidades não variam quando a produção</p><p>varia. Exemplo: o tamanho (a planta industrial) da empresa.</p><p> Curto Prazo- É definido como o período de tempo em que ao menos um fator se</p><p>mantém fixo.</p><p> Longo prazo- É o período de tempo em que todos os fatores podem sofrer</p><p>variação.</p><p>15</p><p>Economia dos negócios</p><p>4.2 Análise de curto prazo</p><p>Suponhamos uma função de produção simplificada, com apenas dois fatores (um fixo e</p><p>um variável):</p><p>q = f (N, K)</p><p>onde:</p><p>q=quantidade;</p><p>N = mão-de-obra (fator variável)</p><p>K = capital fixo (fator fixo)</p><p>Nesse caso, para que a quantidade produzida possa variar, é necessário que haja</p><p>variação na quantidade utilizada do fator variável. Assim, a função de produção pode ser</p><p>expressa como:</p><p>q = f (N)</p><p>Assim observada, a função de produção ajuda a entender alguns conceitos básicos da</p><p>Teoria da Produção aplicáveis a análise da firma. São eles:</p><p> Produto Total: É a quantidade do produto obtida a partir da utilização do fator</p><p>variável, mantendo-se fixa a quantidade dos demais fatores.</p><p> Produtividade média do fator: É o resultado do quociente da quantidade total</p><p>produzida pela quantidade utilizada do fator.</p><p> Produtividade marginal do fator: É a relação entre as variações do produto total e</p><p>as variações da quantidade utilizada do fator.</p><p>4.3 A Análise de longo Prazo</p><p>A análise de longo prazo pressupõe que todos os fatores de produção são variáveis.</p><p>Assim, a possibilidade de que o tamanho da empresa também possa variar, dá origem ao</p><p>conceito de economia de escala</p><p>4.3.1 Economia de Escala ou Rendimento de Escala</p><p>O conceito de economia de escala diz respeito à queda do custo total médio em resposta</p><p>a um aumento da produção. Pode-se apontar como causa geradora das economias de</p><p>escala a maior especialização no trabalho quando a empresa cresce. O caso da fábrica de</p><p>alfinetes apontado por Adam Smith é o exemplo clássico de como a especialização gera</p><p>rendimentos de escala.</p><p>As economias de escala ocorrem quando a variação na quantidade do produto total é</p><p>mais do que proporcional à variação da quantidade utilizada dos fatores de produção. Por</p><p>exemplo, elevando-se a utilização dos fatores em 20%, a produção total aumenta 30%.</p><p>16</p><p>Economia dos negócios</p><p>5. ESTRUTURAS DE MERCADO</p><p>A Teoria Neoclássica supõe que o mercado tende a encontrar o equilíbrio. Essa suposição</p><p>traz implícita a noção de que os mercados são competitivos, não havendo interferências</p><p>que impeçam a livre movimentação de preços. Entretanto, formas diversas dos</p><p>ambientes de competição são encontradas no mercado.</p><p>Este capítulo discute as formas que o mercado pode assumir com vistas à organização da</p><p>concorrência. Essas formas ou estruturas de mercado dependem basicamente de três</p><p>fatores:</p><p>a) Do número de empresas que participam do mercado</p><p>b) Do tipo de produto (similares ou diferenciados)</p><p>c) Da existência de barreiras à entrada no mercado</p><p>Apresentaremos, a seguir, as estruturas de mercado que a teoria tem focalizado como</p><p>objeto de análise.</p><p>5.1 Concorrência Pura ou Perfeita</p><p>É o tipo de estrutura em que um número muito grande de empresas atua, de tal maneira</p><p>que a oferta se encontra muito pulverizada e que, por isso, nenhuma empresa</p><p>isoladamente consegue modificar os níveis de oferta e, consequentemente, o preço de</p><p>equilíbrio.</p><p>Nesse tipo de mercado devem prevalecer, ainda, as seguintes premissas:</p><p> Produtos homogêneos: não existe diferenciação entre produtos ofertados pelas</p><p>empresas concorrentes;</p><p> É livre a entrada de empresas no mercado</p><p> Há pleno conhecimento das informações relativas ao mercado (nível de oferta,</p><p>preços, etc)</p><p>Uma característica fundamental dessa estrutura é que, no longo prazo, não existem</p><p>lucros extraordinários (em que as receitas superam os custos), mas apenas os chamados</p><p>lucros normais, que correspondem ao custo de oportunidade do emprego do capital.</p><p>Em concorrência perfeita, como há pleno conhecimento de informações, e como não</p><p>existem bloqueios à entrada de concorrentes, se existirem lucros extraordinários, isso</p><p>atrairá novas empresas para o mercado. Com o aumento do número de empresas,</p><p>haverá um aumento na oferta de mercado, o que fará os preços recuarem. Dessa forma,</p><p>será restabelecida a situação de lucro normal, cessando a entrada de novas empresas no</p><p>mercado.</p><p>17</p><p>Economia dos negócios</p><p>Esquema de empresa em concorrência perfeita</p><p>5.2 Monopólio</p><p>É a estrutura de mercado onde apenas uma empresa detém a totalidade da oferta de</p><p>mercado. Neste caso, portanto, não há concorrência. O produto da empresa monopolista</p><p>não se defronta com produtos substitutos-próximos. Assim, ou os consumidores aceitam</p><p>as condições impostas pelo produtor ou deixam de consumir o produto.</p><p>Como o monopolista não enfrenta a concorrência de outras empresas, podendo regular a</p><p>oferta total de mercado, ele tem grande influência sobre o preço A capacidade de gerar</p><p>lucros extras decorre do poder de mercado que a empresa detém.</p><p>Para que o monopolista permaneça com a exclusividade da oferta de mercado, é</p><p>necessário que haja barreiras intransponíveis à entrada de potenciais concorrentes. As</p><p>principais fontes de barreiras à entrada são as seguintes:</p><p> Monopólio natural: ocorre quando o mercado, por suas próprias características,</p><p>impõe a instalação de grandes unidades produtivas, que operam com</p><p>elevadíssimas economias de escala. Nessa situação a empresa pode operar com</p><p>preços relativamente baixos, inviabilizando a entrada de concorrentes. Exemplo:</p><p>empresa fornecedora de água encanada; empresa fornecedora de gás encanado.</p><p> Patentes ou legislação restritiva: restrições decorrentes de legislação estabelecem</p><p>fortes bloqueios à entrada de novos participantes. Exemplo: patentes</p><p>farmacêuticas</p><p> Controle de fonte de matéria-prima: a empresa detém o fornecimento exclusivo</p><p>da matéria-prima necessária a produção.</p><p>5.2.1 Discriminação de Preços</p><p>O monopolista usufrui do poder de marcar preços diferentes em diferentes segmentos de</p><p>mercado. Aproveitando-se do fato de ser o único ofertante, o monopolista pode verificar</p><p>aqueles segmentos de mercado em que a elasticidade –preço da demanda é menor, para</p><p>então ali praticar preços mais elevados.</p><p>quantidade</p><p>receita</p><p>total custo total lucro</p><p>receita</p><p>marginal</p><p>custo</p><p>marginal</p><p>0 0 3 -3 6 2</p><p>1 6 5 1 6 3</p><p>2 12 8 4 6 4</p><p>3 18 12 6 6 5</p><p>4 24 17 7 6 6</p><p>5 30 23 7 6 7</p><p>6 36 30 6 6 8</p><p>7 42 38 4 6 9</p><p>8 48 47 1 6</p><p>18</p><p>Economia dos negócios</p><p>5.3 Oligopólio</p><p>É a estrutura em que um número reduzido de empresas detém parcela expressiva da</p><p>oferta de mercado.</p><p>O setor produtivo brasileiro é altamente oligopolizado, havendo vários exemplos de</p><p>grupos nacionais e estrangeiros que dominam indústrias inteiras. Os setores</p><p>automobilísticos, químico, farmacêutico, de papel e celulose, de bebidas, de cigarros,</p><p>siderúrgico, bancário, de transporte aéreo e rodoviário, e vários outros, compõem a lista</p><p>de exemplos</p><p>A existência de economias de escala é um dos principais fatores que possibilita a</p><p>formação de oligopólios. As empresas oligopolistas, por regularem a oferta de mercado,</p><p>têm expressivo poder de mercado, conseguindo interferir na formação de preços. Como a</p><p>curva de demanda do oligopólio é negativamente inclinada, as empresas podem</p><p>restringir a oferta de mercado, de modo a aumentar seus preços.</p><p>5.3.1 Coordenação de Preços</p><p>As empresas oligopolistas buscam, por vezes, coordenar suas estratégias de modo a</p><p>conseguir exercer maior influência sobre os preços. Apesar da legislação dos países coibir</p><p>esse tipo de coordenação, as empresas se utilizam de métodos tácitos de coordenação. A</p><p>coordenação, se bem-sucedida, pode garantir a obtenção de lucros de monopólio para o</p><p>conjunto das empresas.</p><p>A coordenação de preços pode ser feita de forma explícita ou de forma tácita. O cartel</p><p>dos produtores de petróleo, por exemplo, por ser um instituto supranacional, constituído</p><p>por governos nacionais, não enfrenta restrições de ordem legal. Já a atuação de</p><p>empresas com vistas à formação de cartéis é, regra geral, considerada prática ilegal pela</p><p>legislação dos países.</p><p>A literatura econômica considera que a coordenação de preços implícita ou tácita é</p><p>prática não incomum das empresas oligopolistas. As principais estratégias de</p><p>coordenação tácita são as seguintes:</p><p> Liderança de preços: a empresa líder adota um preço que garante lucros</p><p>extranormais e este preço é seguido pelas demais</p><p> Liderança barométrica: a empresa com os custos médios mais “representativos do</p><p>conjunto das empresas do setor define o preço a ser praticado pelo oligopólio.</p><p> Mark-up padrão: as empresas utilizam um mesmo fator multiplicador dos custos</p><p>para definir seus preços.</p><p>Na verdade, em oligopólio, mesmo sem coordenação, as empresas podem praticar</p><p>preços que lhes garantam lucros extraordinários, pois as barreiras à entrada limitam a</p><p>concorrência.</p><p>19</p><p>Economia dos negócios</p><p>Alguns fatores, além da legislação, podem dificultar a coordenação das empresas</p><p>oligopolísticas. São eles:</p><p> Heterogeneidade de produtos</p><p> Grande número de concorrentes</p><p> Estruturas de custos</p><p> Mudanças nas condições de mercado (necessidade de “aprendizagem” do preço</p><p>comum)</p><p> Encomendas maciças e infrequentes</p><p> Baixa concentração</p><p>Nessa estrutura de mercado, existem fortes barreiras à entrada de novas empresas. As</p><p>empresas estabelecidas se utilizam de várias estratégias de forma a evitar a entrada de</p><p>novos concorrentes. Uma estratégia muito comum é a prática do chamado preço-limite.</p><p>Através da prática de um preço que não representa um atrativo para os concorrentes,</p><p>por só maximizar os lucros do produtor no longo prazo, os oligopolistas mantêm</p><p>eventuais concorrentes afastados.</p><p>Por fim, é importante ressaltar que a concorrência via preços é muito reduzida em</p><p>oligopólio. As empresas oligopolistas evitam se confrontar em batalhas de preço,</p><p>preferindo preservar suas margens de lucro. Os embates se concentram na esfera da</p><p>publicidade.</p><p>5.3.2 Barreiras à Entrada</p><p>a) Barreiras estruturais:</p><p>Podemos distinguir 5 elementos presentes na estrutura da indústria que podem se</p><p>constituir em fontes de barreiras à entrada. São elas:</p><p>1. Vantagens absolutas de custo</p><p>2. Preferências do consumidor</p><p>3. Economias de escala</p><p>4. Altos investimentos requeridos</p><p>5. Presença de custos irrecuperáveis (aumento da capacidade instalada e</p><p>publicidade)</p><p>b) Barreiras estratégicas:</p><p>Podemos apontar, basicamente, duas modalidades de estratégias que as</p><p>empresas podem adotar de modo a afastar a presença de concorrentes:</p><p>1. Estratégia do preço-limite</p><p>A estratégia do preço-limite se constitui em uma prática comercial da empresa e</p><p>está respaldada em vantagens de custos. Através da prática de um preço que não</p><p>representa um atrativo para os concorrentes, por só maximizar os lucros do</p><p>produtor no longo prazo, os oligopolistas mantêm eventuais concorrentes</p><p>afastados.</p><p>20</p><p>Economia dos negócios</p><p>2. Investimento em P&D (Pesquisa e Desenvolvimento) como barreira estratégica</p><p>As empresas também podem intensificar seus investimentos na área de Pesquisa</p><p>e Desenvolvimento de modo a estabelecer uma vantagem sobre seus</p><p>concorrentes. O investimento pode resultar na criação de uma vantagem</p><p>tecnológica em relação a seus concorrentes. A vantagem pode se configurar tanto</p><p>em termos de custos (processo) como em termos de diferenciação (produto).</p><p>5.4 Concorrência Monopolística</p><p>Concorrência monopolística é um conceito que, à primeira vista, parece ser um paradoxo.</p><p>Concorrência, de um lado, e monopólio, de outro, sugerem ambientes empresariais</p><p>diametralmente opostos. Entretanto, sendo a diferenciação de produtos o conceito</p><p>central dessa estrutura, fica mais fácil se entender a dinâmica de funcionamento da</p><p>mesma.</p><p>Trata-se de uma estrutura com um número relativamente elevado de empresas. Nessa</p><p>situação, o poder de mercado do produtor fica comprometido pela presença de produtos</p><p>que são substitutos-próximos. Contudo, como os produtores ofertam um produto que</p><p>embute a diferenciação, a curva de demanda dos seus produtos é negativamente</p><p>inclinada.</p><p>A diferenciação de produto, que confere algum poder de mercado ao produtor, não se</p><p>revela somente através de características funcionais do bem. Aspectos tais como: marca,</p><p>embalagem e conceituação do produto também são relevantes como atributos</p><p>concorrenciais.</p><p>Apêndice: A abordagem evolucionista</p><p>A ideia</p><p>que ‘tecnologia’ não é um fator de produção “autônomo”, uma vez que está</p><p>associada/incorporada ao fator ‘capital’ - assim supõe a teoria neoclássica -, tem nos</p><p>trabalhos seminais de Giovanni Dosi e Christopher Freeman sua mais original</p><p>apresentação. A premissa dos chamados evolucionistas é que a tecnologia é o elemento</p><p>dinâmico do sistema produtivo, capaz de transformar rígidas estruturas de mercado. A</p><p>proposição é que a inovação tecnológica, pelo seu impacto na estruturação da atividade</p><p>econômica, pode fazer com que mercados onde a concorrência é muito reduzida (poucos</p><p>produtores) se convertam em ambiente onde a disputa é muito acirrada (muitos</p><p>produtores).</p><p>A inovação tecnológica tem ensejado não apenas mudanças incrementais no processo</p><p>produtivo, mas promovido a transformação de mercados bastante fechados em</p><p>ambientes de acirrada concorrência. Mais ainda: o desaparecimento de setores</p><p>econômicos que até recentemente tiveram grande expressão – por exemplo, as</p><p>indústrias de máquinas de escrever, de discos, de filmes fotográficos, de fitas de vídeo,</p><p>de disquetes -, superadas por produtos e processos cuja origem é a inovação, é</p><p>evidência de que o papel “autônomo” da tecnologia deve ser distintivo na análise</p><p>microeconômica.</p><p>21</p><p>Economia dos negócios</p><p>6. O PRODUTO E A RENDA: MEDINDO OS AGREGADOS</p><p>MACROECONÔMICOS</p><p>6.1 As Origens Keynesianas das Contas Nacionais</p><p>A contabilidade nacional tem por base a macroeconomia keynesiana. Com Keynes, o foco</p><p>da análise econômica se transfere do âmbito microeconômico para o âmbito da</p><p>macroeconomia, ou seja, para a investigação acerca dos fatores determinantes do nível</p><p>agregado de produto e renda da economia. Neste contexto, surge a contabilidade</p><p>nacional para elaborar as principais medidas desse campo de estudo, os agregados</p><p>macroeconômicos: o quanto foi produzido, consumido, investido e quanto foi gerado de</p><p>Renda, e como esta foi apropriada (Feijó e Ramos, 2003:5).</p><p>Para Keynes, o principal problema econômico reside no fato de que nada garante que a</p><p>economia opere sob pleno emprego. Isso ocorre porque os agentes econômicos tomam</p><p>decisões com base em expectativas, sem que exista qualquer mecanismo que garanta</p><p>que o que foi planejado será o realizado. As expectativas orientam as decisões de</p><p>investimento, as quais são continuamente ajustadas à demanda efetiva. Sendo assim,</p><p>não há nada que conduza, obrigatoriamente, a economia a operar sob pleno emprego.</p><p>No sistema de contas nacionais (SCN), considera-se que a produção é destinada ao</p><p>mercado e é vista como um processo que se desenrola no tempo, operado por empresas.</p><p>Desta forma, os sistemas de contas nacionais incorporam a noção de que a produção de</p><p>bens e serviços está relacionada com a geração de renda que ocorre durante o processo</p><p>produtivo, tornando equivalentes os fluxos de produção e renda estimados em um dado</p><p>período (Feijó e Ramos, 2003: 5). A oferta de bens e serviços é destinada ao mercado,</p><p>onde a demanda de consumo e de investimento se encarrega absorvê-la.</p><p>Assim, os fluxos de produção, renda e despesa podem ser monitorados a partir de um</p><p>sistema de contabilidade que registre e relacione transações econômicas cuja relevância</p><p>justifique a sua mensuração.</p><p>6.2 A Mensuração dos Principais Agregados Macroeconômicos</p><p>A contabilidade nacional mensura, através de um denominador comum a todas as</p><p>transações econômicas – o seu valor em moeda –, os valores dos agregados</p><p>macroeconômicos.</p><p>O sistema econômico, em termos esquemáticos, pode ser descrito a partir de um</p><p>diagrama conhecido como fluxo circular de renda, que representa o circuito econômico</p><p>dos fluxos de produto e renda.</p><p>22</p><p>Economia dos negócios</p><p>O diagrama representa um esquema através do qual podem ser identificados dois setores</p><p>na economia: famílias e empresas. O primeiro consome bens e serviços e oferta mão de</p><p>obra. O segundo produz bens e serviços e emprega mão de obra no processo produtivo.</p><p>Como a moeda é o meio de troca na economia, podemos apontar dois fluxos: um fluxo</p><p>de troca de produto e um fluxo de troca de moeda.</p><p>A oferta de produto das empresas é levada ao mercado de bens e serviços onde é</p><p>trocada por moeda. As famílias adquirem esses bens e serviços no mercado, pagando-os</p><p>através da entrega de moeda. Para obterem renda, as famílias ofertam no mercado de</p><p>trabalho mão de obra, pela qual recebe renda monetária. Portanto, o diagrama possibilita</p><p>identificar os valores dos fluxos real e monetário da economia.</p><p>Produto Interno Bruto (PIB)</p><p>Representa o valor total dos bens e serviços produzidos na economia de um país, um</p><p>dado período de tempo. O manual da ONU de 1993 (SNA, 1993) considera como tal:</p><p> Produção de bens e serviços voltada para o mercado;</p><p> Produção de bens e serviços pelo governo e instituições sem fins lucrativos,</p><p>vendida ou não;</p><p> Produção de bens para autoconsumo das famílias;</p><p> Produção de bens de capital pelas empresas para consumo próprio;</p><p> Produção de serviços pessoais e domésticos quando remunerados;</p><p> Serviços de habitação pelos proprietários moradores (arbitramento de um valor de</p><p>aluguel às habitações utilizadas pelo próprio proprietário.</p><p>23</p><p>Economia dos negócios</p><p>A definição do valor da produção em termos monetários permite que se agreguem</p><p>quantidades heterogêneas. Dado que a produção é contabilizada segundo o seu valor de</p><p>mercado, o PIB e os demais agregados contábeis são medidos a preços de mercado.</p><p>Da perspectiva da empresa, a produção equivale à medida, em valor monetário, de</p><p>quanto se produziu em um determinado período de tempo. Entretanto, se formos</p><p>simplesmente somar os valores da produção de todas as empresas estaremos incorrendo</p><p>em dupla contagem, pois o valor da produção de bens que são utilizados na produção de</p><p>outros bens estará sendo contabilizada duas ou mais vezes.</p><p>Considerando isso, podemos concluir que a medida relevante para avaliar a produção de</p><p>um país é o valor adicionado ou valor agregado. Ou seja, a produção equivale ao quanto</p><p>que cada empresa adiciona, em termos monetários, no seu processo de produção.</p><p>Portanto, para se obter a mensuração do PIB, contabiliza-se a soma do valor agregado</p><p>por cada uma das unidades produtoras da economia. Essa forma de cálculo do PIB é</p><p>conhecida por “ótica da produção.</p><p>O diagrama do fluxo circular, como vimos anteriormente, indica que o fluxo de produção</p><p>gera um fluxo de renda. Sendo assim, também podemos mensurar o PIB somando a</p><p>remuneração de todos os fatores de produção (no caso, capital e trabalho) de todas as</p><p>empresas. Assim, o PIB também pode ser mensurado através da soma dos pagamentos</p><p>efetuados aos detentores dos fatores de produção, no caso, de forma genérica,</p><p>capitalistas e assalariados. No que diz respeito as contas nacionais, essa é chamada a</p><p>“ótica da renda”.</p><p>Podemos, ainda, considerar uma terceira abordagem, a qual vamos nos debruçar mais</p><p>adiante: a chamada “’ótica da demanda”. Por essa abordagem, considera-se que toda a</p><p>produção se direciona ao mercado, seja sob a forma de gasto corrente (consumo), seja</p><p>sob a forma de gasto em ampliação de capacidade produtiva (investimento). Sendo</p><p>assim, uma outra medida do PIB pode ser obtida pela soma dos gastos correntes e dos</p><p>gastos em investimentos.</p><p>Produto interno per capita</p><p>Como é evidente, o PIB não pode ser tomado como medida absoluta de riqueza de um</p><p>país. Ele não revela o montante dessa riqueza se distribuída igualmente entre os</p><p>habitantes do país. Entretanto, se considerarmos o PIB per capita estaremos introduzindo</p><p>uma medida que permite saber o quanto caberia a cada habitante do país caso a riqueza</p><p>fosse distribuída igualmente. Assim, o PIB per capita se constitui em uma medida síntese</p><p>do padrão de vida dos países.</p><p>No entanto, não obstante essa referência do PIB per capita, a mesma não pode ser</p><p>considerada uma representação satisfatória do nível de bem-estar dos habitantes de um</p><p>país. Como o cálculo do PIB mede a renda média da população, e como, muitas</p><p>vezes, a</p><p>distribuição de renda é feita de forma desigual, a renda média não representa um padrão</p><p>de renda típico da maioria da população.</p><p>24</p><p>Economia dos negócios</p><p>Renda Nacional Bruta1</p><p>A Renda Nacional Bruta (RNB) é o agregado que considera o valor da adicionado da</p><p>produção gerado por fatores de produção de propriedade de residentes no país. Neste</p><p>caso, o indicador não considera a geração de valores por fatores de produção de</p><p>propriedade estrangeira. Assim, a produção de empresas estrangeiras sediadas no país é</p><p>contabilizada no conceito de interno, mas não no conceito de nacional.</p><p>Líquido X Bruto</p><p>Além dos conceitos de nacional e interno, uma outra distinção importante a ser feita à é</p><p>a relativa à líquido e bruto. O conceito de Produto Líquido refere-se ao valor da produção</p><p>descontado o valor do desgaste e obsolescência das máquinas e equipamentos que</p><p>compõe a estrutura produtiva do país. Em outras palavras, o estoque físico de capital</p><p>sofre uma depreciação que deve ser contabilizada para efeito do cálculo do produto</p><p>adicionado.</p><p>O conceito de líquido é aplicável à ótica de mensuração do produto, pois a deterioração</p><p>física de ativos fixos, a partir do seu uso, representa um custo de produção e não uma</p><p>remuneração de fator de produção.</p><p>PIB real e PIB a preços constantes</p><p>Para se acompanhar a evolução do PIB entre dois períodos distintos é necessário se fazer</p><p>a distinção entre valores correntes e valores constantes. Para isso, é preciso se verificar</p><p>o quanto do crescimento foi verificado por conta da variação de preços e o quanto</p><p>ocorreu por conta da variação de quantidades.</p><p>Para se fazer esse tipo de acompanhamento é necessário se considerar como se avalia a</p><p>variação de uma variável entre dois períodos de tempo. Para tanto, no caso do Produto,</p><p>é preciso estabelecer dois diferentes critérios de escolha de valores – valores correntes e</p><p>valores constantes.</p><p>Valores correntes podem ser definidos como sendo valores medidos aos preços médios</p><p>do período considerado. Caso se considere o ano de 2008, os valores correntes serão</p><p>aqueles apurados a partir das quantidades transacionadas em 2008 multiplicadas pelos</p><p>preços médios deste mesmo ano.</p><p>Podemos definir valores constantes como valores apurados ao preço médio de um</p><p>determinado ano. Assim, podemos considerar o PIB de 2014 a valores de 2013 (por</p><p>exemplo), considerando as quantidades transacionadas em 2014, valoradas aos preços</p><p>médios de 2013.</p><p>1 No novo Sistema de Contas Nacionais, essa terminologia substitui a antiga Produto Nacional Bruto.</p><p>25</p><p>Economia dos negócios</p><p>Política macroeconômica</p><p>Como veremos adiante, a política macroeconômica é a forma pela qual governos buscam</p><p>impactar a chamada demanda agregada (consumo, investimento e exportações). O</p><p>objetivo é estimular o crescimento econômico (crescimento do PIB) e, adicionalmente,</p><p>controlar a inflação. Considerando que, no curto prazo, a demanda agregada é a variável</p><p>que exerce maior impacto sobre o nível de atividade econômica (PIB), a política</p><p>macroeconômica, ao impactar o consumo, o investimento e as transações econômicas</p><p>externas, pode incentivar o crescimento econômico e/ou inibir a alta de preços.</p><p>A política macroeconômica é estruturada a partir de três instrumentos. São eles:</p><p>a) Política cambial</p><p>A política cambial é a estratégia através da qual o governo influencia a formação</p><p>da taxa de câmbio. A variação cambial, por impactar diretamente ganhos e gastos</p><p>de exportadores e importadores, afeta o desempenho de ambos, o que se reflete</p><p>no PIB. Adicionalmente, uma vez que a variação cambial também afeta o custo de</p><p>produção de importadores e exportadores, os níveis de preços e de atividade</p><p>econômica também são impactados.</p><p>b) Política fiscal</p><p>Política fiscal trata da condução da política de gastos do governo. A política fiscal</p><p>diz respeito tanto ao aspecto quantitativo como ao direcionamento do gasto</p><p>público. Ou seja, se, e em quanto, o gasto público deve exceder a receita (ou o</p><p>inverso), e que setores, programas e projetos devem receber recursos</p><p>orçamentários. Como a variação do gasto público tem impacto sobre a demanda</p><p>agregada, a gestão desses gastos é feita com o intuito de exercer influência sobre</p><p>o PIB e/ou sobre a inflação.</p><p>c) Política monetária</p><p>Política monetária se refere à regulação do governo no que diz respeito a oferta</p><p>(quantidade) de moeda na economia. Através do uso de mecanismos que</p><p>permitem injetar e retirar moeda do sistema econômico, o governo busca</p><p>influenciar o nível da taxa de juros. Como a variação (e o nível) da taxa de juros</p><p>tem impacto direto sobre o nível de demanda agregada - via custo do crédito – o</p><p>objetivo final é influenciar o PIB e/ou a inflação.</p><p>Apêndice: O debate macroeconômico: neoliberais X desenvolvimentistas</p><p>O debate acerca da eficácia de políticas macroeconômicas tem nas ideias liberais e,</p><p>alternativamente, na teoria keynesiana suas principais referências. De um lado, Adam</p><p>Smith e os liberais, defensores do Estado mínimo, preconizam, em termos de política</p><p>macroeconômica, a liberalização dos mercados e a não interferência do Estado na</p><p>economia. O fundamento dessas propostas reside no suposto que a presença do Estado</p><p>no sistema econômico, ao interferir no funcionamento dos mercados, prejudicaria uma</p><p>alocação eficiente de recursos. Em linha com essas ideias, a corrente liberal, ao</p><p>considerar que a renda gerada no processo produtivo é integralmente destinada ao</p><p>consumo – “a oferta cria sua própria demanda” (Lei de Say) -, descarta a ocorrência de</p><p>crises nas economias de mercado, prevendo um sistema produtivo “endogenamente” em</p><p>equilíbrio.</p><p>26</p><p>Economia dos negócios</p><p>Em oposição a essas ideias, os desenvolvimentistas, sob a liderança de Keynes, lançam</p><p>foco sobre as oscilações cíclicas de consumo (demanda) que afligem as economias de</p><p>mercado. Keynes preconiza que as economias de mercado estariam sujeitas a crises</p><p>recorrentes, crises essas provocadas por insuficiência crônica de demanda. Para ele,</p><p>crises cíclicas eclodiriam, pois haveria um hiato recorrente entre a renda gerada no</p><p>processo produtivo e o gasto direcionado ao consumo. A suposição keynesiana é a de</p><p>que a renda gerada no processo produtivo não é integralmente direcionada ao consumo,</p><p>mas uma parte crescente é destinada à poupança. Assim, sempre que a poupança</p><p>avança mais do que a renda, em termos proporcionais, há um desencontro entre oferta e</p><p>demanda. Isso significa dizer que economias de mercado estariam sujeitas à um</p><p>descasamento crônico entre oferta e demanda. Crise, portanto, não seria um problema</p><p>“de oferta”, mas uma insuficiência estrutural de demanda. O corolário dessa tese é a</p><p>necessária participação do Estado na economia, de modo a impedir, via gasto público, o</p><p>subconsumo. Sob essa perspectiva, políticas fiscais e monetárias ativas seriam bem</p><p>vistas.</p><p>Ao longo de quase cinco décadas (1930-1980), o pensamento keynesiano e suas revisões</p><p>ocuparam papel de destaque na formulação de políticas macroeconômicas de vários</p><p>governos. Em diferentes quadrantes, assistimos à implementação de medidas que, sob o</p><p>pretexto de assegurar a robustez da demanda, reforçaram cada vez mais a presença do</p><p>Estado na economia. Em particular na América Latina, essa maior presença se deu sob o</p><p>argumento de que uma crônica carência de capital privado tornaria necessária uma maior</p><p>intervenção do Estado na economia. Sendo o processo de industrialização o meio pelo</p><p>qual os países pobres poderiam superar a condição de subdesenvolvimento, e dada a</p><p>reduzida capacidade de financiamento do setor privado nesses países, o Estado teria a</p><p>missão “estratégica” de liderar esse processo. A estatização de setores estratégicos (por</p><p>exemplo: exploração de petróleo, energia, transporte e telefonia), a persistente</p><p>manutenção de uma taxa de câmbio desvalorizada, a concessão de subsídios ao crédito,</p><p>o controle da taxa de juros e o protecionismo comerciais foram medidas que se</p><p>inscreveram nesse contexto.</p><p>A despeito do relativo sucesso dessas políticas, a partir da década de 70, uma crítica cada vez</p><p>mais consistente apontava a formação de oligopólios e monopólios, aliada a muita burocracia</p><p>(vale dizer, regulação e protecionismo), como fonte de ineficiência e de baixa competitividade</p><p>nas economias que haviam seguido a cartilha keynesiana. O processo de industrialização dos</p><p>países emergentes havia feito surgir uma economia mais diversificada, dotada de produtos</p><p>menos sujeitos a bruscas oscilações de preço, dispondo de maior oferta de emprego e maior</p><p>geração de renda. Porém, ao mesmo tempo, fez emergir um setor industrial altamente</p><p>concentrado, protegido da concorrência externa e fortemente regulado. Industrialização sim,</p><p>porém com produtos caros e de baixa qualidade. Para os neo-liberais,a conclusão era</p><p>inevitável. A crítica liberal ainda apontava o crônico endividamento do Estado como evidência</p><p>de que os preceitos keynesianos se encontravam superados. O Estado que, ao longo de mais</p><p>de três décadas, havia se portado como elemento dinâmico do processo de industrialização, se</p><p>colocava, ao fim da década de 70, como pesado obstáculo à continuidade do crescimento.</p><p>27</p><p>Economia dos negócios</p><p>Sob a batuta dessas ideias, a política macroeconômica de importantes economias (EUA),</p><p>com Ronald Reagan, e Inglaterra, com Margareth Tatcher) passou a contemplar uma</p><p>postura cada vez mais austera e cada vez menos regulatória. A partir da década de 80,</p><p>uma onda de políticas de inspiração neoliberal varreu a Europa, a América Latina e o</p><p>Sudeste Asiático. Políticas implementando programas de privatização, acordos de</p><p>liberalização comercial e redução de normas de regulação foram as marcas de vários</p><p>governos. Setores importantes da economia passaram às mãos do setor privado.</p><p>Telefonia, petróleo, energia, logística (estradas, portos e aeroportos) e siderurgia foram</p><p>alguns dos setores em que mais intensamente esse processo ocorreu. Ao mesmo tempo,</p><p>o mundo todo, e em particular as economias emergentes, experimentava altas taxas de</p><p>crescimento econômico. A consolidação de um ciclo de expansão econômica que abrangia</p><p>desde economias voltadas à exportação de commodities (Brasil, Argentina) até</p><p>economias de industrialização recente (Coréia do Sul, Taiwan) pareceu validar as</p><p>propostas que previam a hegemonia do mercado em detrimento da presença do Estado.</p><p>Apesar do rápido ritmo de crescimento da economia mundial no período que se seguiu a</p><p>“onda liberal”, a crise que eclodiu em 2008, dada a sua dimensão, extensão e</p><p>profundidade, reacendeu o debate macroeconômico. A ameaça de uma crise financeira</p><p>mundial, concretizada com a quebra do quinto maior banco norte-americano, o Lehman</p><p>Brothers, colocou à prova o arcabouço teórico neoliberal. O papel central do Estado</p><p>diante da crise, promovendo uma reação que se mostrou fundamental frente à catástrofe</p><p>que se anunciava, obrigou a uma revisão sobre a natureza desse papel. O debate atual</p><p>tem dois focos: i) se a ação do Estado pode ser dispensada, já que a resposta dos</p><p>governos, ativando suas políticas fiscais e monetárias, parece ter evitado uma debacle</p><p>maior e também favorecido a retomada do crescimento; ii) qual o papel da (des)</p><p>regulação na geração de crises, já que a crise teve como causa maior a excessiva</p><p>alavancagem dos bancos.</p><p>Dada a proximidade temporal dos eventos relatados, o debate ainda se encontra em</p><p>construção. Afirmar a superior eficiência do mercado na alocação de recursos ou,</p><p>alternativamente, defender a intervenção estatal como forma de acelerar o crescimento</p><p>econômico são posições antagônicas de um embate ainda sem desfecho previsível. Os</p><p>desafios que a crise levanta colocarão à prova, mais uma vez, as premissas de ambos os</p><p>lados. Sobre a hegemonia de um deles, o futuro trará a resposta.</p><p>28</p><p>Economia dos negócios</p><p>7. ECONOMIA DO SETOR PÚBLICO</p><p>7.1 Orçamento Público</p><p>O orçamento público é o instrumento legal e a ferramenta operacional que serve ao</p><p>planejamento e execução das Finanças Públicas. Ele consiste na estimativa das receitas</p><p>públicas e na fixação das despesas públicas.</p><p>7.2 Resultado Fiscal</p><p> Resultado Primário: É a diferença entre a receita apurada e a despesa incorrida,</p><p>excluindo-se as despesas financeiras. Diz-se superávit primário ou fiscal, quando</p><p>a receita excede a despesa. Quando a despesa é maior do que a receita se</p><p>registra um déficit primário ou fiscal. Não se inclui no Resultado Fiscal o valor</p><p>relativo aos juros pagos pelo governo por conta do serviço da dívida pública.</p><p> Resultado Nominal: Compreende o Resultado Fiscal e o valor dos juros da</p><p>dívida pública. É o resultado mais abrangente das contas do governo. Pode ser</p><p>expresso por um superávit ou por um déficit nominal.</p><p>7.3 Financiamento do Setor Público</p><p>O pagamento do déficit público pode ser viabilizado através do recurso à duas fontes de</p><p>financiamento: a emissão de moeda e a contratação de dívida pública. Ou seja, o</p><p>governo pode cobrir seus déficits orçamentários a partir da colocação de moeda no</p><p>mercado ou a partir da venda de títulos públicos para investidores.</p><p>7.3.1 Emissão Monetária</p><p>Criação de moeda com aumento do meio circulante. O aumento do estoque de moeda em</p><p>proporção maior do que o aumento da quantidade de bens e serviços é causa da inflação.</p><p>7.3.2 Emissão de Títulos Públicos</p><p>Venda de títulos da dívida pública interna no mercado financeiro. Um título público é um</p><p>compromisso financeiro assumido pelo Estado. É o instrumento através qual o Estado se</p><p>compromete a resgatar o compromisso financeiro nele indicado, respeitando o valor, a</p><p>forma de reajuste desse valor e o prazo de pagamento nele determinado. A venda de</p><p>títulos públicos é feita através de leilões públicos, conforme indicado abaixo.</p><p> Leilão de títulos públicos</p><p>i) Mercado primário</p><p> Mercado que funciona sob a forma de leilão, no qual os títulos públicos são</p><p>negociados pela primeira vez. No leilão primário apenas o Banco Central atua,</p><p>oferecendo títulos públicos que são vendidos pela primeira vez aos eventuais</p><p>interessados. É a chamada emissão primária de títulos públicos.</p><p>29</p><p>Economia dos negócios</p><p>ii) Mercado aberto</p><p> Mercado que funciona sob a forma de leilão, no qual os títulos públicos, já</p><p>emitidos anteriormente, são vendidos e comprados por diferentes agentes</p><p>econômicos. É a principal instância de negociação de títulos, regulando a</p><p>oferta de moeda na economia e definindo a taxa de juros de curto prazo.</p><p> Operações overnight</p><p> São operações de compra e venda de títulos públicos, financiados diariamente</p><p>por instituições financeiras compradoras dos títulos.</p><p> Modalidades de títulos: por tipo de reajuste</p><p> Títulos com reajuste pré-fixado: títulos cujas taxas de juros são fixadas por</p><p>ocasião da emissão.</p><p> Títulos com reajuste pós-fixado: títulos cujo reajuste depende da variação de</p><p>outro indicador.</p><p>7.4 Dívida Pública Interna</p><p> É o estoque de títulos públicos domésticos em mãos do mercado.</p><p> Rolagem da dívida</p><p> É a venda primária de títulos públicos realizada com o objetivo de financiar o</p><p>pagamento de títulos a vencer.</p><p> Serviço da dívida:</p><p>É o montante de juros pagos pelo Estado por conta da aplicação de uma taxa de juros ao</p><p>estoque da dívida pública.</p><p>7.5 Política Fiscal</p><p>A política fiscal é a política através da qual o governo define uma dada estratégia em</p><p>termos de alocação de recursos públicos. A política fiscal diz respeito tanto à relação</p><p>quantitativa entre despesas e receitas públicas como ao direcionamento que o gasto</p><p>público deve ter. Por exemplo, se, e em quanto, o gasto público deve exceder a receita</p><p>(ou o inverso), e que setores, programas e projetos devem receber recursos</p><p>orçamentários. Atualmente, no Brasil, o governo está comprometido (voluntariamente)</p><p>com uma política fiscal de obtenção de superávits primários. Ou seja, o governo busca,</p><p>através da condução de sua política fiscal, obter receitas fiscais em proporção maior do</p><p>que o seu gasto</p>