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M</p><p>ar</p><p>qu</p><p>es</p><p>d</p><p>os</p><p>S</p><p>an</p><p>to</p><p>s</p><p>Ultrassom abdominal de animal da</p><p>espécie canina, raça yorkshire, oito</p><p>anos de idade, demonstrando pa-</p><p>redes duodenais espessadas</p><p>Revista de educação continuada do clínico veterinário de pequenos animais</p><p>Neurologia - 36</p><p>Doença cerebelar em cães e gatos</p><p>Cerebellar disease in dogs and cats</p><p>Enfermedad cerebelar en perros y gatos</p><p>Odontologia - 42</p><p>Doença periodontal em cães e prevenção</p><p>Periodontal disease in dogs and prevention</p><p>Prevención de la enfermedad periodontal en perros</p><p>Oncologia - 54</p><p>Glioma misto em um cão – relato de caso</p><p>Mixed glioma in a dog – case report</p><p>Glioma mixto en un perro – caso clínico</p><p>Oncologia - 60</p><p>Diagnóstico de neoplasia epitelial maligna</p><p>em líquido pleural - relato de caso</p><p>Malignant epithelial neoplasia in pleural fluid - case report</p><p>Diagnóstico de tumor epitelial maligno en el líquido pleural - relato de caso</p><p>Oncologia - 64</p><p>Detecção molecular do rearranjo</p><p>Line-1/c-MYC em tumores venéreos</p><p>transmissíveis caninos espontâneos</p><p>Molecular detection of Line-1/c-MYC in</p><p>spontaneous canine transmissible venereal tumors</p><p>Detección molecular de reestructuración de Line-1/c-MYC en tumor venéreo</p><p>transmisible espontáneo en perros</p><p>Clínica médica - 70</p><p>Hipotireoidismo em cães – revisão</p><p>Hypothyroidism in dogs – a review</p><p>Hipotiroidismo en los perros – revisión</p><p>Clínica médica - 78</p><p>Tratamento da doença inflamatória intestinal</p><p>canina com budesonida: relato de caso</p><p>Treatment of canine inflammatory bowel disease with budesonide: a case report</p><p>El tratamiento de la enfermedad inflamatoria intestinal</p><p>canina con budesonida: reporte de un caso</p><p>Cirurgia - 84</p><p>Reconstrução mandibular</p><p>em cães: revisão de literatura</p><p>Mandibular reconstruction in dogs: a literature review</p><p>Reconstrucción mandibular en perros: revisión de la literatura</p><p>M</p><p>ar</p><p>ia</p><p>na</p><p>I</p><p>. P</p><p>. P</p><p>al</p><p>um</p><p>bo</p><p>/F</p><p>M</p><p>V</p><p>Z</p><p>/U</p><p>ne</p><p>sp</p><p>-B</p><p>ot</p><p>uc</p><p>at</p><p>u</p><p>Sistema nervoso central de cão</p><p>Aglomerado de células epiteliais</p><p>neoplásicas evidenciando nucléo-</p><p>los (seta preta) e multinucleação</p><p>(seta vermelha) (1000x, Diff Quik)</p><p>Teste de detecção do rearranjo</p><p>Line-1/MYC a partir de DNA de</p><p>células de TVT</p><p>Rogério Martins Amorim - FMVZ/Unesp-Botucatu</p><p>Editorial - 8</p><p>Notícias - 10</p><p>• Resgate de pinguins-de-magalhães</p><p>no litoral do Estado do RJ 10</p><p>• Unidade Móvel de Esterilização e Educação</p><p>em Saúde (UMEES): ensinando medicina</p><p>veterinária e cidadania 14</p><p>• Merial apóia ação inédita no mercado</p><p>brasileiro e lança campanha de estímulo</p><p>ao recolhimento de embalagens 22</p><p>• Conpavepa, Conpavet e Pet South</p><p>America: permanece o sucesso 24</p><p>Saúde pública - 30</p><p>• A saúde global marca presença no</p><p>XXII Panvet, em Lima, no Peru 30</p><p>• VII Simpósio Internacional de</p><p>Leishmaniose Visceral Canina 32</p><p>Internet - 92</p><p>Crescem as ofertas de ensino</p><p>à distância (EAD)</p><p>Seções Livros - 94</p><p>• Neurologia em cães e gatos</p><p>• Cachorros</p><p>falam</p><p>• A Odisséia de Homero</p><p>Pet food - 96</p><p>Segurança alimentar e qualidade de</p><p>alimentos para cães e gatos</p><p>Gestão, marketing &</p><p>estratégia - 97</p><p>A nova classe média</p><p>Medicina veterinária</p><p>legal - 98</p><p>Óbito em clínica de pequenos animais.A</p><p>necropsia como ferramenta fundamental</p><p>Lançamentos - 100</p><p>• Novos alimentos para cães e gatos</p><p>• Antiparasitário em gel</p><p>• Novos petiscos funcionais</p><p>Negócios e oportunidades - 102</p><p>Serviços e especialidades - 103</p><p>Agenda - 111</p><p>4 Clínica Veterinária, Ano XV, n. 89, novembro/dezembro, 2010</p><p>A</p><p>rquivo: A</p><p>ssociação Proidea</p><p>Estande</p><p>da revista</p><p>Clínica</p><p>Veterinária</p><p>na Pet South</p><p>America</p><p>O tema</p><p>leishmaniose</p><p>visceral canina</p><p>lota o auditório</p><p>da Emater, em</p><p>Belo Horizonte</p><p>CORRESPONDÊNCIA E ASSINATURAS</p><p>LETTERS AND SUBSCRIPTION</p><p>Editora Guará Ltda.</p><p>Depto. de Assinaturas</p><p>Caixa Postal 66002 - 05314-970 - São Paulo - SP</p><p>BRASIL</p><p>cvassinaturas@editoraguara.com.br</p><p>Telefone/fax: (11) 3835-4555</p><p>EDITORES / PUBLISHERS</p><p>Arthur de Vasconcelos Paes Barretto</p><p>editor@editoraguara.com.br</p><p>CRMV-MG 10.684</p><p>Maria Angela Sanches Fessel</p><p>cvredacao@editoraguara.com.br</p><p>CRMV-SP 10.159</p><p>PUBLICIDADE / ADVERTISING</p><p>midia@editoraguara.com.br</p><p>EDITORAÇÃO ELETRÔNICA / DESKTOP PUBLISHING</p><p>Editora Guará Ltda.</p><p>CAPA / COVER</p><p>Pinguim africano (Spheniscus demersus) – Brand X Pictures.</p><p>Esta espécie é encontrada na costa sul-</p><p>ocidental da África, vivem em colônias</p><p>em 24 ilhas entre a Namíbia e a África do</p><p>Sul. Uma população de 1,5 milhão de</p><p>pinguins estimada em 1910 foi reduzida a</p><p>cerca de 10% no final do século 20. O</p><p>pinguim Africano é uma das espécies pro-</p><p>tegidas pelo Acordo sobre a Conservação</p><p>das Aves Aquáticas Migratórias Eurásia-</p><p>Africanas (AEWA) e está listado no Livro</p><p>Vermelho da IUCN (International Union</p><p>for Conservation of Nature - www.iucn.</p><p>org) como uma espécie vulnerável.</p><p>IMPRESSÃO / PRINT</p><p>Ibep Gráfica - www.www.ibepgrafica.com.br.com.br</p><p>TIRAGEM / CIRCULATION</p><p>13.000 exemplares</p><p>CONSULTORES CIENTÍFICOS/SCIENTIFIC COUNCIL</p><p>Clínica Veterinária, Ano XV, n. 89, novembro/dezembro, 20106</p><p>Indexada no ISI Web of Knowledge - Zoological Record, Latindex e no CAB Abstracts</p><p>Adriano B. Carregaro</p><p>FZEA/USP</p><p>carregaro@usp.br</p><p>Alceu Gaspar Raiser</p><p>DCPA/CCR/UFSM</p><p>raisermv@smail.ufsm.br</p><p>Alessandra Martins Vargas</p><p>Endocrinovet</p><p>alessandra@endocrinovet.com.br</p><p>Alexandre Lima Andrade</p><p>CMV/UNESP-Aracatuba</p><p>landrade@fmva.unesp.br</p><p>Alexander Welker Biondo</p><p>UFPR, UI/EUA</p><p>abiondo@uiuc.edu</p><p>Aloysio M. F. Cerqueira</p><p>UFF</p><p>amfcerqueira@uol.com.br</p><p>Ana Claudia Balda</p><p>FMU, Hovet Pompéia</p><p>anabalda@terra.com.br</p><p>Ana Paula F. L. Bracarense</p><p>DCV/CCA/UEL</p><p>anapaula@uel.br</p><p>André Luis Selmi</p><p>Anhembi/Morumbi e Unifran</p><p>andre_selmi@yahoo.com.br</p><p>Angela Bacic de A. e Silva</p><p>FMU</p><p>angelbac2002@ yahoo.com.br</p><p>Antonio Marcos Guimarães</p><p>DMV/UFLA</p><p>amg@ufla.br</p><p>Aparecido A. Camacho</p><p>FCAV/Unesp/Jaboticabal</p><p>camacho@fcav.unesp.br</p><p>A. Nancy B. Mariana</p><p>FMVZ/USP</p><p>anbmaria@usp.br</p><p>Arlei Marcili</p><p>ICB/USP</p><p>amarcili@usp.br</p><p>Aulus C. Carciofi</p><p>FCAV/Unesp/Jaboticabal</p><p>aulus@fcav.unesp.br</p><p>Aury Nunes de Moraes</p><p>UESC</p><p>a2anm@cav.udesc.br</p><p>Ayne Murata Hayashi</p><p>FMVZ/USP</p><p>aynemurata@ig.com.br</p><p>Benedicto W. De Martin</p><p>FMVZ/USP; IVI</p><p>ivi@ivi.vet.br</p><p>Berenice Avila Rodrigues</p><p>FAVET/UFRGS</p><p>berenice@portoweb.com.br</p><p>Carlos Alexandre Pessoa</p><p>Médico veterinário autônomo</p><p>animalexotico@terra.com.br</p><p>Carlos Eduardo S. Goulart</p><p>FTB</p><p>carlosedgoulart@hotmail.com</p><p>Carlos Roberto Daleck</p><p>FCAV/Unesp/Jaboticabal</p><p>daleck@fcav.unesp.br</p><p>Cassio R. Auada Ferrigno</p><p>FMVZ/USP</p><p>cassioaf@usp.br</p><p>César Augusto D. Pereira</p><p>UAM, UNG, UNISA</p><p>dinolaca@hotmail.com</p><p>Christina Joselevitch</p><p>IP/USP</p><p>christina.joselevitch@gmail.com</p><p>Cibele F. Carvalho</p><p>UNICSUL</p><p>cibelefcarvalho@terra.com.br</p><p>Clarissa Niciporciukas</p><p>ANCLIVEPA-SP</p><p>clarissa@usp.br</p><p>Cleber Oliveira Soares</p><p>EMBRAPA</p><p>cleber@cnpgc.embrapa.br</p><p>Cristina Massoco</p><p>Salles Gomes C. Empresarial</p><p>cmassoco@gmail.com</p><p>Daisy Pontes Netto</p><p>FMV/UEL</p><p>rnetto@uel.br</p><p>Daniel Macieira</p><p>FMV/UFF</p><p>macieiradb@vm.uff.br</p><p>Denise T. Fantoni</p><p>FMVZ/USP</p><p>dfantoni@usp.br</p><p>Dominguita L. Graça</p><p>FMV/UFSM</p><p>dlgraca@smail.ufsm.br</p><p>Edgar L. Sommer</p><p>PROVET</p><p>edgarsommer@sti.com.br</p><p>Edison L. P. Farias</p><p>UFPR</p><p>elpf@uol.com.br</p><p>Eduardo A. Tudury</p><p>DMV/UFRPE</p><p>eat@dmv.ufrpe.br</p><p>Elba Lemos</p><p>FioCruz-RJ</p><p>elemos@ioc.fiocruz.br</p><p>Fabiano Montiani-Ferreira</p><p>FMV/UFPR</p><p>fabiomontiani@hotmail.com</p><p>Fernando C. Maiorino</p><p>FEJAL/CESMAC/FCBS</p><p>fcmaiorino@uol.com.br</p><p>Fernando de Biasi</p><p>que justifiquem tão</p><p>triste conduta?</p><p>Não seriam os órgãos de classe pro-</p><p>fissionais responsáveis por zelar pelo</p><p>bem-estar da sociedade ? O paradigma</p><p>de que acima de tudo está o homem diz</p><p>que os animais podem ser mortos por</p><p>nada, até com diagnósticos errados ou</p><p>inconsistentes?</p><p>Por que a conduta pública tem se ra-</p><p>dicalizado na prática da eliminação dos</p><p>cães? Por que tem se concentrado em</p><p>buscar apoio somente na literatura favo-</p><p>rável a tal condição e por que convida</p><p>para as discussões somente pesquisado-</p><p>res que simpatizam com tal conduta?</p><p>Também, durante o simpósio foi ana-</p><p>lisada a questão do vetor. Todas as</p><p>ações públicas que temos visto em nos-</p><p>so país indicam que o controle do vetor</p><p>não é priorizado. Por que não se con-</p><p>centram esforços em tal medida? Re-</p><p>cente revisão sistemática realizada por</p><p>Romero & Boelaert (2010), apresentada</p><p>durante o simpósio, indicou que as in-</p><p>tervenções de controle do vetor são</p><p>mais bem aceitas pela sociedade, por</p><p>motivos óbvios, e os modelos matemáti-</p><p>cos confirmam e encorajam sua eficiên-</p><p>cia. Esses autores chamam a atenção</p><p>para que seja adquirido melhor conhe-</p><p>cimento da sazonalidade do vetor e do</p><p>seu comportamento para otimização e</p><p>qualificação dessas intervenções. Por</p><p>que isso não é adotado? Por que as medi-</p><p>das contra o vetor não têm sido radical-</p><p>mente efetuadas? O controle do vetor,</p><p>aparentemente, vem sendo negligenciado,</p><p>34</p><p>pois o serviço não instrui a população</p><p>de forma sistemática a respeito das</p><p>medidas necessárias para evitar que</p><p>ocorra a transmissão entre os cães. Os</p><p>nossos funcionários públicos, quando</p><p>visitam as casas para coleta de sangue</p><p>de cães para diagnóstico, não informam</p><p>as pessoas sobre a prevenção da trans-</p><p>missão para seus animais. As pessoas</p><p>não são orientadas para o uso dos co-</p><p>lares inseticidas, para o manejo ambien-</p><p>tal que desfavoreça criadouros dos in-</p><p>setos, para aplicação de inseticidas nos</p><p>canis e para a vacinação dos cães. Por</p><p>que isso não acontece? Será que os fun-</p><p>cionários que visitam as casas não têm</p><p>conhecimento ou treinamento adequa-</p><p>dos para esse serviço? Será que a pre-</p><p>venção não é prioridade dos articulado-</p><p>res públicos da saúde? Por que insistem</p><p>no diagnóstico duvidoso e na duvidosa</p><p>eliminação canina? Lembramos enfa-</p><p>ticamente que o controle do vetor é</p><p>apontado por estudos reconhecidos</p><p>cientificamente como a principal medi-</p><p>da de controle da leishmaniose visceral.</p><p>Outras discussões apresentadas du-</p><p>rante o simpósio foram as irrefutáveis</p><p>evidências científicas da existência de</p><p>outros reservatórios em meio urbano –</p><p>gatos, gambás, roedores e o próprio</p><p>homem. Essas evidências trazem a per-</p><p>gunta: o serviço público partirá para a</p><p>eliminação de todas as espécies animais</p><p>envolvidas?</p><p>Evidências científicas da transmissão</p><p>sexual e vertical da Leishmania infantum</p><p>foram apresentadas, alertando os clí-</p><p>nicos sobre a necessidade do controle</p><p>dos animais reprodutores.</p><p>A questão do tratamento dos cães</p><p>também foi analisada e as publicações</p><p>que demonstram a neutralização ou re-</p><p>dução da infecciosidade dos cães trata-</p><p>dos foram apresentadas. Tem sido con-</p><p>solidado o conceito de que os cães po-</p><p>dem ser submetidos a tratamentos. Os</p><p>animais tratados vivem com qualidade</p><p>e são protegidos contra o vetor com me-</p><p>didas comprovadas pela literatura cien-</p><p>tífica. Aliás, todos os cães, infectados</p><p>ou não, em tratamento ou não, devem</p><p>ser constantemente protegidos da pica-</p><p>da do vetor, por meio do uso de inseti-</p><p>cidas em forma de colar ou tópicos em</p><p>forma de spray, pour on ou banhos.</p><p>A questão jurídica foi analisada du-</p><p>rante o simpósio e a ANCLIVEPA co-</p><p>loca à disposição dos clínicos um asses-</p><p>sor jurídico, para auxílio em casos pon-</p><p>tuais. É do conhecimento dos clínicos</p><p>que existem várias ações, em todo o</p><p>Brasil, que defendem a vida de cães,</p><p>por meio do tratamento de animais</p><p>infectados.</p><p>Por tudo isso, a ANCLIVEPA reite-</p><p>rou após o VII Simpósio Internacio-</p><p>nal de Leishmaniose Visceral Canina</p><p>sua discordância da política do canicí-</p><p>dio e se coloca disponível para colabo-</p><p>rar com práticas que visem o benefício</p><p>de toda a sociedade, buscando ações</p><p>pautadas na literatura científica e não</p><p>guiadas por conflitos de interesses ou</p><p>por interesses pessoais.</p><p>Saúde pública</p><p>Clínica Veterinária, Ano XV, n. 89, novembro/dezembro, 2010</p><p>Durante o simpósio o dr. Fernando Lender</p><p>recebeu homenagem da Anclivepa-MG pela</p><p>sua constante dedicação em proteger a vida e</p><p>promover a saúde. Acima, da esquerda para a</p><p>direita, dr. Fernando Lender e dr. Vitor Márcio</p><p>Ribeiro (Anclivepa-MG)</p><p>na coordenação dos movimentos inicia-</p><p>dos por outras partes do cérebro, fazen-</p><p>do-o por meio do ajuste dos impulsos</p><p>que são emitidos pelos sistemas pirami-</p><p>dal e extrapiramidal 3. Como o cerebelo</p><p>não inicia a atividade motora, a paresia</p><p>não é um sinal de disfunção cerebelar 4,</p><p>a menos que o tronco do encéfalo tam-</p><p>bém esteja acometido 5.</p><p>As lesões do cerebelo causam impor-</p><p>tantes déficits clínicos na harmonia com</p><p>que se realiza o movimento 3. A ataxia</p><p>simétrica, caracterizada por marcha hi-</p><p>permétrica de base ampla, a ataxia do</p><p>Mariana Isa Poci Palumbo</p><p>MV, residente</p><p>Depto. Clínica Veterinária - FMVZ/Unesp-Botucatu</p><p>palumboma11@yahoo.com.br</p><p>Felipe Gazza Romão</p><p>MV, residente</p><p>Depto. Clínica Veterinária - FMVZ/Unesp-Botucatu</p><p>fgazza_vet@hotmail.com</p><p>Luiz Henrique de Araújo Machado</p><p>MV, prof. ass. dr.</p><p>Depto. Clínica Veterinária - FMVZ/Unesp-Botucatu</p><p>henrique@fmvz.unesp.br</p><p>Maria Lúcia Gomes Lourenço</p><p>MV, profa. ass. dra.</p><p>Depto. Clínica Veterinária - FMVZ/Unesp-Botucatu</p><p>mege@uol.com.br</p><p>Michiko Sakate</p><p>MV, profa. ass. dra.</p><p>Depto. Clínica Veterinária - FMVZ/Unesp-Botucatu</p><p>michikos@fmvz.unesp.br</p><p>Doença cerebelar em</p><p>cães e gatos</p><p>Resumo: As doenças do cerebelo são comuns em pequenos animais e resultam em uma síndrome clínica</p><p>caracterizada por hipermetria, base ampla de sustentação e tremores intencionais de cabeça e tronco. Todos os</p><p>movimentos dos membros são espásticos e desajeitados. O exame neurológico auxilia a localização de lesões</p><p>cerebelares ou a detecção de disfunções relativas a outras porções do sistema nervoso, caracterizando um</p><p>processo patológico multifocal. As afecções neurológicas de cães e gatos podem sugerir uma lista muito extensa</p><p>de diagnósticos diferenciais, pois podem ser causadas por processos infecciosos, degenerativos e traumáticos,</p><p>entre outros. As possíveis etiologias para a síndrome cerebelar incluem: aplasia, hipoplasia, abiotrofia, neoplasia,</p><p>infarto vascular e distúrbios inflamatórios. O objetivo do presente trabalho é revisar os sinais clínicos que auxiliam</p><p>na localização da lesão cerebelar e discorrer sobre as possíveis causas dessa síndrome em cães e gatos.</p><p>Unitermos: neurologia veterinária, etiologia, síndromes neurológicas</p><p>Abstract: Diseases of the cerebellar system are common in small animals, and result in a clinical syndrome</p><p>characterized by hypermetria, base-wide stance and intentional tremors of the head and body. All movements of</p><p>the limbs are spastic and awkward. The neurological examination assists in the localization of lesions restricted to</p><p>the cerebellum or in the detection of disorders relating to other parts of the nervous system, which characterizes a</p><p>multifocal disease process. Neurological disorders in dogs and cats may suggest a very extensive list of</p><p>differential diagnoses, since they may be caused by infectious, degenerative and traumatic processes, among</p><p>others. The possible etiologies for cerebellar syndrome include: aplasia and hypoplasia, abiotrophy, cancer,</p><p>vascular stroke and inflammatory disorders. The aim of this paper is to review the clinical signs that aid in the</p><p>location of the cerebellar lesion and discuss the possible causes of this syndrome in dogs and cats.</p><p>Keywords: veterinary neurology, etiology, neurological syndromes</p><p>Resumen: Los trastornos del sistema cerebeloso son comunes en los pequeños animales, y dan lugar a un</p><p>síndrome clínico caracterizado por hipermetría, aumento de la base de apoyo y temblores de la cabeza y del</p><p>tronco. Todos los movimientos de las extremidades son espásticos e incoordinados.</p><p>El examen neurológico ayuda</p><p>en la localización de las lesiones en el cerebelo o en la detección de los trastornos relacionados con otras partes</p><p>del sistema nervioso, caracterizando así una enfermedad multifocal. Los trastornos neurológicos en perros y gatos</p><p>pueden tener origen en una gran cantidad de procesos infecciosos, degenerativos y traumáticos, entre otros. Las</p><p>posibles causas para el síndrome cerebeloso son: aplasia o hipoplasia, abiotrofia, cáncer, derrames vasculares e</p><p>inflamatórias. El objetivo de este trabajo es revisar los signos clínicos que ayuden en la localización de la lesión</p><p>cerebelosa y discutir las posibles causas de este síndrome en perros y gatos.</p><p>Palabras clave: neurología veterinaria, etiología, síndromes neurológicos</p><p>Clínica Veterinária, n. 89 p. 36-40, 2010</p><p>Cerebellar disease in dogs and cats</p><p>Enfermedad cerebelar en perros y gatos</p><p>Introdução</p><p>As afecções neurológicas de cães e</p><p>gatos podem sugerir uma lista muito ex-</p><p>tensa de diagnósticos diferenciais, pois</p><p>podem ser causadas por processos in-</p><p>fecciosos, degenerativos e traumáticos,</p><p>entre outros. A realização de exame</p><p>neurológico completo e a localização da</p><p>lesão são fundamentais para conduzir ao</p><p>diagnóstico 1. O exame neurológico au-</p><p>xilia a localização de lesões apenas no</p><p>cerebelo ou a detecção de disfunções re-</p><p>lativas a outras porções do sistema ner-</p><p>voso, caracterizando um processo pato-</p><p>lógico multifocal. A gravidade da dis-</p><p>função cerebelar pode ser estimada e</p><p>exames neurológicos seriados podem</p><p>monitorizar seu desenvolvimento 2.</p><p>As doenças do sistema cerebelar são</p><p>comuns em pequenos animais e suas</p><p>possíveis etiologias incluem: aplasia,</p><p>hipoplasia, abiotrofia, neoplasia, trau-</p><p>ma, alterações vasculares e distúrbios</p><p>inflamatórios. O objetivo do presente</p><p>trabalho é revisar os sinais clínicos que</p><p>auxiliam na localização da lesão cerebe-</p><p>lar e discorrer sobre as possíveis causas</p><p>dessa síndrome em cães e gatos.</p><p>Anatomia funcional</p><p>O cerebelo, que em latim significa</p><p>“pequeno cérebro”, localiza-se caudal</p><p>ao córtex cerebral e dorsal ao tronco do</p><p>encéfalo (Figuras 1 e 2). Embora consti-</p><p>tua apenas 10% do encéfalo, ele contém</p><p>mais da metade de todos os neurônios</p><p>cerebrais 3.</p><p>O cerebelo não é necessário para a</p><p>sensação ou para o movimento. A força</p><p>muscular permanece quase inalterada</p><p>com a destruição completa do cerebelo.</p><p>Mas ele desempenha um papel crucial</p><p>36 Clínica Veterinária, Ano XV, n. 89, novembro/dezembro, 2010</p><p>Figura 1 - Sistema nervoso central de cão</p><p>M</p><p>ariana Isa Poci Palum</p><p>bo/FM</p><p>V</p><p>Z</p><p>/U</p><p>nesp-B</p><p>otucatu</p><p>do cerebelo produzem a doença vestibu-</p><p>lar paradoxal, com sinais semelhantes</p><p>aos da doença vestibular, incluindo per-</p><p>da do equilíbrio, nistagmo e tendência a</p><p>cair. Nesses casos, o corpo se inclina pa-</p><p>ra o lado oposto da lesão e a cabeça</p><p>mostra desvio para o lado oposto dela 7.</p><p>O envolvimento da cabeça diferencia</p><p>as lesões cerebelares das lesões dos tra-</p><p>tos vestibuloespinhais, que podem pro-</p><p>duzir sinais semelhantes nos membros 5.</p><p>A resposta à ameaça pode ficar prejudi-</p><p>cada de modo ipsilateral à lesão nos ani-</p><p>mais com doença cerebelar difusa, mes-</p><p>mo que a visão e a função do nervo fa-</p><p>cial estejam normais 6.</p><p>Etiologias</p><p>As possíveis etiologias da doença</p><p>cerebelar incluem: aplasia, hipoplasia,</p><p>abiotrofia, neoplasia, trauma, alterações</p><p>vasculares e distúrbios inflamatórios.</p><p>Aplasia e hipoplasia cerebelares</p><p>As más-formações incluem aplasia e</p><p>agenesia parcial ou hipoplasia, referin-</p><p>do-se respectivamente a uma falta par-</p><p>cial ou uniforme do tecido cerebelar. Os</p><p>sinais clínicos geralmente não são pro-</p><p>gressivos e podem melhorar com a</p><p>adaptação 8.</p><p>O termo “hipoplasia cerebelar” é re-</p><p>servado para doenças como alterações</p><p>hereditárias, deficiências nutricionais e</p><p>exposições teratogênicas, em que fatores</p><p>intrínsecos ou extrínsecos alteram o</p><p>desenvolvimento normal da população</p><p>germinativa das células neuroepiteliais 9.</p><p>A causa mais comum de hipoplasia</p><p>cerebelar em cães e gatos neonatos é</p><p>uma infecção viral intrauterina no meio</p><p>ou no fim da gestação 10. Em cães, a</p><p>hipoplasia cerebelar não tem sido descri-</p><p>ta como secundária à infecção viral</p><p>intrauterina 10, sendo geralmente heredi-</p><p>tária 8. A hipoplasia cerebelar hereditária</p><p>foi relatada em cães das raças airedale,</p><p>setter irlandês e chow chow 11. Foi rela-</p><p>tada também a ocorrência de hipoplasia</p><p>cerebelar em seis cães de diferentes</p><p>raças, incluindo Labrador, weimaraner,</p><p>dachshund e bull terrier 12.</p><p>O parvovírus, responsável pela ente-</p><p>rite infecciosa felina (panleucopenia),</p><p>pode produzir uma variedade de más-for-</p><p>mações cerebelares, incluindo a hipo-</p><p>plasia cerebelar. Além da virulência do</p><p>vírus, a vacina modificada com vírus vi-</p><p>vo também pode produzir essa síndrome.</p><p>Os gatos que são acometidos com o</p><p>vírus após duas semanas de vida rara-</p><p>mente desenvolvem sinais neurológi-</p><p>cos, mesmo que os sinais sistêmicos</p><p>possam ser graves 5.</p><p>O herpesvírus canino acomete os fi-</p><p>lhotes de cães com menos de duas se-</p><p>manas de vida e causa ataxia cerebelar.</p><p>Deve-se considerar a possibilidade de</p><p>essa forma de doença cerebelar ocorrer</p><p>em filhotes de cães que sobrevivem aos</p><p>efeitos sistêmicos do vírus 5.</p><p>Em cães e gatos ocorre desenvolvi-</p><p>mento cerebelar contínuo após o parto,</p><p>e o grau de incapacidade pode não ser</p><p>aparente até que tenha ocorrido matu-</p><p>ração cerebelar. Nesse caso, os animais</p><p>acometidos podem ser comparados com</p><p>outros da mesma ninhada que tenham se</p><p>desenvolvido normalmente, o que faz</p><p>com que o problema clínico se torne</p><p>óbvio. Na maioria dos pacientes, os si-</p><p>nais são estáticos, pois a condição não é</p><p>progressiva 11.</p><p>A falta de progressão clínica de um</p><p>distúrbio cerebelar costuma ser a base</p><p>para o diagnóstico, que ocorre por ex-</p><p>clusão. Técnicas de imagens avançadas,</p><p>como a tomografia computadorizada e a</p><p>ressonância magnética, podem demons-</p><p>trar o cerebelo pequeno em muitos pa-</p><p>cientes acometidos, mas não em todos 11.</p><p>Atualmente não há tratamento para</p><p>promover a maturidade cerebelar nor-</p><p>mal nem para aliviar os sinais clínicos 5.</p><p>Os animais acometidos não devem ser</p><p>usados para reprodução, por causa da</p><p>possível natureza hereditária da condi-</p><p>ção 11.</p><p>Abiotrofia cerebelar</p><p>O termo abiotrofia é utilizado para</p><p>descrever um processo prematuro de de-</p><p>generação do sistema nervoso, tipica-</p><p>mente causado por uma anormalidade</p><p>intrínseca na estrutura celular, alterando</p><p>o processo metabólico necessário para a</p><p>vitalidade e a função celular 13. A degene-</p><p>ração cortical cerebelar primária refere-</p><p>se à degeneração e à perda das células de</p><p>Purkinje e das células granulosas 8,</p><p>sendo um processo usualmente pós-</p><p>natal 4.</p><p>Normalmente, a abiotrofia cerebelar</p><p>limita-se ao cerebelo, de modo que os</p><p>animais acometidos exibem apenas si-</p><p>nais cerebelares11. Com poucas exceções,</p><p>os filhotes são neurologicamente nor-</p><p>mais ao nascimento, mas desenvolvem</p><p>Clínica Veterinária, Ano XV, n. 89, novembro/dezembro, 2010</p><p>tronco e o tremor intencional, que é</p><p>mais pronunciado na cabeça, são muito</p><p>sugestivas de doença cerebelar 5. Os si-</p><p>nais clínicos incluem uma resposta exa-</p><p>gerada dos membros quando o movi-</p><p>mento é iniciado (hipermetria), ou du-</p><p>rante as reações posturais, tais como o</p><p>saltitamento. Às vezes, o animal ultra-</p><p>passa a vasilha de alimentos quando</p><p>tenta se alimentar 6.</p><p>Animais afetados frequentemente co-</p><p>locam as patas muito distanciadas umas</p><p>das outras (marcha de base ampla) e an-</p><p>dam de maneira descoordenada (ataxia),</p><p>o que reflete a incapacidade do sistema</p><p>vestibulocerebelar e do trato espinoce-</p><p>rebelar em coordenar o equilíbrio e o</p><p>movimento do esqueleto axial 3. O com-</p><p>portamento e o nível de consciência não</p><p>são afetados por lesões cerebelares 5.</p><p>Diferentemente dos tremores do sis-</p><p>tema extrapiramidal, os tremores de in-</p><p>tenção são muito menos graves quando</p><p>o animal está relaxado e imóvel, pioran-</p><p>do quando um movimento está sendo</p><p>executado 3.</p><p>A lesão aguda no cerebelo causa um</p><p>quadro clínico diferente, sem depressão</p><p>da consciência, com hipertonia extenso-</p><p>ra dos membros torácicos e flexão dos</p><p>membros pélvicos e opistótono. Esses</p><p>sinais são mais pronunciados quando</p><p>combinados</p><p>com lesões no tronco do</p><p>encéfalo, no nível do mesencéfalo ou da</p><p>ponte 5.</p><p>Na doença cerebelar, observa-se tre-</p><p>mor do bulbo ocular, que predomina so-</p><p>bre o nistagmo, mais associado à doen-</p><p>ça vestibular. O nistagmo vestibular é</p><p>mais pronunciado à medida que o ani-</p><p>mal substitui o olhar de um campo vi-</p><p>sual por outro (tremor intencional) 5.</p><p>As lesões dos lobos floculonodulares</p><p>37</p><p>Figura 2 - Esquema da localização anatômica</p><p>do cerebelo (caudal ao encéfalo e dorsal ao</p><p>tronco encefálico)</p><p>A</p><p>na A</p><p>ugusta Pagnano D</p><p>erussi</p><p>adjacentes (como o crânio ou vértebra)</p><p>que invadem ou comprimem estruturas</p><p>do SNC 18.</p><p>Os tipos de tumores que podem afe-</p><p>tar o cerebelo são: meningiomas, astro-</p><p>citomas, oligodendrogliomas, medulo-</p><p>blastomas, reticuloses, papilomas do</p><p>plexo coroide, neoplasias metastáticas e</p><p>sarcomas de crânio. Um histórico de</p><p>adenocarcinoma de próstata ou mama</p><p>pode indicar metástases cerebelares</p><p>desses tumores 2.</p><p>Os tumores comprometem a função</p><p>do sistema nervoso por meio da destrui-</p><p>ção do parênquima, compressão das es-</p><p>truturas circunjacentes, interferência na</p><p>circulação, desenvolvimento de edema</p><p>cerebral vasogênico e interrupção da</p><p>circulação do líquor. O aumento da</p><p>pressão intracraniana decorrente dos</p><p>efeitos combinados da presença da mas-</p><p>sa, do edema e do acúmulo do líquor po-</p><p>de provocar a herniação do cérebro,</p><p>ventral ao tentório do cerebelo, ou a</p><p>herniação do cerebelo em direção ao fo-</p><p>rame magno 5.</p><p>Os sinais de neoplasia cerebelar ge-</p><p>ralmente progridem lentamente, mas a</p><p>piora aguda pode seguir a hemorragia</p><p>ou a obstrução do fluxo do líquor com</p><p>secundário aumento da pressão intracra-</p><p>niana. O diagnóstico deve ser feito com</p><p>tomografia computadorizada ou resso-</p><p>nância magnética. A punção espinhal</p><p>para análise do líquor é contraindicada</p><p>por causa do risco de herniação 5.</p><p>Há quatro tipos de tratamento indica-</p><p>dos para a redução ou a erradicação da</p><p>massa tumoral: cirurgia, quimioterapia,</p><p>radioterapia e imunoterapia 19. Alguns</p><p>gliomas caninos são cirurgicamente</p><p>acessíveis, mas a remoção cirúrgica dos</p><p>gliomas é considerada mais complicada</p><p>do que a dos meningiomas, pois eles</p><p>tentam infiltrar o parênquima cerebral</p><p>normal e é difícil discernir a margem tu-</p><p>moral do tecido encefálico durante a ci-</p><p>rurgia 20.</p><p>Agentes quimioterápicos específicos,</p><p>que atingem adequadamente o SNC, in-</p><p>cluem as nitrosureias (carmustina, lo-</p><p>mustina e semustina) 5. Vários cães com</p><p>histopatologia confirmada de glioma</p><p>melhoraram após a administração da ni-</p><p>trosureia lomustina, isolada ou associa-</p><p>da a outras formas de tratamento 17. Vá-</p><p>rios autores recomendam o uso da lo-</p><p>mustina na dose de 60mg/m2 a cada seis</p><p>a oito semanas para cães 20.</p><p>Trauma e alterações vasculares</p><p>Qualquer idade, raça ou sexo de cão</p><p>ou gato é suscetível a trauma craniano.</p><p>A causa mais comum de traumatismo de</p><p>cabeça em cães e gatos é acidente com</p><p>veículo motorizado. Outras causas me-</p><p>nos comuns incluem ferimentos pene-</p><p>trantes (por exemplo, ferimentos por</p><p>bala ou mordedura), quedas e chutes 21.</p><p>Um traumatismo craniano resulta ge-</p><p>ralmente em isquemia cerebral, edema,</p><p>hemorragia e hipoxia. A isquemia é cau-</p><p>sada por destruição e obstrução mecâni-</p><p>ca de pequenos vasos sanguíneos na</p><p>área traumatizada. Os pacientes devem</p><p>ser submetidos a exames neurológicos</p><p>cuidadosos e repetidos para avaliar a lo-</p><p>calização e o grau dos danos intracra-</p><p>nianos 21.</p><p>O tratamento médico deve ser orien-</p><p>tado para reverter o edema, a hipoxia e</p><p>a isquemia encefálicos, a pressão intra-</p><p>craniana aumentada e evitar infecção.</p><p>Os cuidados de enfermagem são de má-</p><p>xima importância até o animal poder</p><p>deambular 2. A descompressão cirúrgica</p><p>do cerebelo pode ser necessária se os</p><p>fragmentos ósseos estiverem alojados</p><p>no tecido nervoso 2. Geralmente, pacien-</p><p>tes admitidos com traumatismo de cabe-</p><p>ça grave (ou seja, que estão em estupor</p><p>ou coma) devem ser tratados inicial-</p><p>mente com fluidoterapia intensiva –</p><p>para reverter o estado de choque –, suc-</p><p>cinato sódico de metilprednisolona e fu-</p><p>rosemida, além de oxigenioterapia 21.</p><p>A maioria das doenças que acometem</p><p>o cerebelo é relativamente lenta no iní-</p><p>cio, mas as lesões vasculares como in-</p><p>farto dos vasos sanguíneos cerebelares</p><p>podem causar sinais clínicos agudos e</p><p>não progressivos 5. A ocorrência de</p><p>sinais neurológicos agudos, unilaterais e</p><p>não progressivos deve alertar o clínico</p><p>para a possibilidade de doença cerebro-</p><p>vascular em cães e gatos 22.</p><p>As doenças vasculares não são relata-</p><p>das com frequência na literatura veteri-</p><p>nária, mas alguns autores confirmaram</p><p>a ocorrência de infarto cerebelar em sete</p><p>animais necropsiados no período de cin-</p><p>co anos 22. Esses autores ainda relataram</p><p>a ocorrência de infarto cerebelar em</p><p>dois cães diagnosticados por ressonân-</p><p>cia magnética. Os animais apresenta-</p><p>vam síndrome cerebelar grave de evolu-</p><p>ção aguda, com melhora total do qua-</p><p>dro.</p><p>Em medicina veterinária, o tratamento</p><p>déficits cerebelares progressivos 4,10. Na</p><p>maioria dos animais, os sinais surgem a</p><p>partir dos dois meses de idade. Os sinais</p><p>clínicos em geral são lentamente pro-</p><p>gressivos, acabando por incapacitar o</p><p>animal 11.</p><p>O diagnóstico da abiotrofia cerebelar</p><p>também é de exclusão. Em geral, é fácil</p><p>distinguir essa lesão da hipoplasia cere-</p><p>belar à necropsia, pois as abiotrofias ce-</p><p>rebelares refletem disfunção e morte ce-</p><p>lular em um tecido antes normal. As</p><p>lesões macroscópicas são variáveis, mas</p><p>em geral há uma redução mínima no ta-</p><p>manho do cerebelo 11.</p><p>A distrofia neuroaxonal é uma abio-</p><p>trofia caracterizada por grave degenera-</p><p>ção das células neuronais, resultando</p><p>em tumefações axonais proeminentes</p><p>denominadas esferóides. Há relato de</p><p>ocorrência de distrofia neuroaxonal em</p><p>dois cães da raça papillon que apresen-</p><p>tavam ataxia cerebelar progressiva aos</p><p>seis meses de idade 14.</p><p>Foi relatada a ocorrência de abiotro-</p><p>fia cerebelar em uma cadela da raça</p><p>schnauzer miniatura que apresentou</p><p>sinais de ataxia cerebelar progressiva</p><p>aos três meses e meio de idade 15. Há tra-</p><p>balho descrevendo os achados clínicos e</p><p>histopatológicos de 63 cães da raça</p><p>american staffordshire terrier e a heredi-</p><p>tariedade da doença 16. A idade de início</p><p>dos sinais clínicos variava de dezoito</p><p>meses a nove anos e a hereditariedade</p><p>foi mais consistente com um modo de</p><p>transmissão recessivo, com prevalência</p><p>estimada de um em 400 cães.</p><p>A ocorrência de abiotrofia cerebelar</p><p>cortical foi relatada em uma raça de cão</p><p>italiana chamada lagotto romagnolo 5. O</p><p>animal começou a apresentar sinais de</p><p>ataxia cerebelar com treze semanas de</p><p>idade e passou por eutanásia com dezes-</p><p>sete semanas, devido à rápida progres-</p><p>são da doença.</p><p>Neoplasia cerebelar</p><p>As neoplasias que afetam o sistema</p><p>nervoso central (SNC) podem ser classi-</p><p>ficadas como primárias ou secundárias,</p><p>dependendo da célula de origem 17. Os</p><p>tumores primários surgem de células</p><p>que normalmente são encontradas no</p><p>encéfalo e nas meninges, enquanto os</p><p>secundários são aqueles que atingem o</p><p>SNC como metástase de um foco pri-</p><p>mário fora do sistema nervoso, ou</p><p>como invasão de tecidos não neuronais</p><p>38 Clínica Veterinária, Ano XV, n. 89, novembro/dezembro, 2010</p><p>agentes associados a neuropatias nessa</p><p>espécie 23. Em alguns casos, a infecção</p><p>com esses protozoários coccídios pode</p><p>originar sinais neurológicos, porém a</p><p>maioria dos casos é subclínica ou apre-</p><p>senta a doença sistêmica 11.</p><p>A infecção bacteriana é rara 2. Alguns</p><p>fatores contribuem para o diagnóstico</p><p>deficiente de doenças bacterianas do</p><p>SNC por meio de culturas do LCR,</p><p>como a pequena quantidade de material</p><p>coletado para o exame; a pequena con-</p><p>centração de microrganismos no líquor</p><p>em função da sua presença no parênqui-</p><p>ma cerebral; o crescimento lento de al-</p><p>guns microrganismos; e antibioticotera-</p><p>pia realizada antes da coleta do material</p><p>destinado a cultura 26.</p><p>O índice de mortalidade associado a</p><p>infecções bacterianas no sistema ner-</p><p>voso central é muito alto em cães</p><p>(87%) e muitos animais que se recupe-</p><p>ram ficam com sequelas neurológicas</p><p>permanentes, como andar em círculos,</p><p>ataxia, inclinação de cabeça, déficits</p><p>proprioceptivos e paralisia de nervos</p><p>cranianos</p><p>27.</p><p>A meningoencefalite granulomatosa</p><p>(MEG) é uma doença inflamatória não</p><p>supurativa do SNC de cães – e menos co-</p><p>mumente de gatos – associada à prolife-</p><p>ração perivascular acentuada de células</p><p>reticuloendoteliais (RE). Embora as</p><p>lesões possam ocorrer em qualquer parte</p><p>do sistema nervoso central, parecem ter</p><p>predileção pelo cérebro e pelo ângulo</p><p>pontinocerebelar 11. Alguns autores relata-</p><p>ram a ocorrência de MEG focal no cere-</p><p>belo de um cão da raça dachshund que</p><p>apresentava ataxia cerebelar e vestibular28.</p><p>A MEG tende a ocorrer mais em fê-</p><p>meas de raça toy. É principalmente uma</p><p>doença que afeta desde cães jovens aos de</p><p>meia-idade (de um a oito anos), mas que</p><p>pode ocorre em qualquer idade. O trata-</p><p>mento padrão consiste em administrar</p><p>imunossupressores, radioterapia ou uma</p><p>combinação de ambos. O imunossupres-</p><p>sor mais usado é a prednisona (de 1 a</p><p>2mg/kg/dia); contudo, outros fármacos, co-</p><p>mo citoxano, azatioprina 7 e citosina ara-</p><p>binose 29, também têm sido empregados.</p><p>Clínica Veterinária, Ano XV, n. 89, novembro/dezembro, 2010</p><p>de infartos é de suporte. São necessários</p><p>maiores estudos clínicos para definir os</p><p>protocolos ideais de tratamentos 22.</p><p>Distúrbios inflamatórios</p><p>Cães e gatos de qualquer idade, raça</p><p>ou sexo podem apresentar sinais cerebe-</p><p>lares resultantes de um processo infla-</p><p>matório 2. As alterações inflamatórias</p><p>podem ser causadas por agentes infeccio-</p><p>sos específicos, como os vírus da cino-</p><p>mose e da raiva, os protozoários (toxo-</p><p>plasmose e neosporose) e os fungos</p><p>(criptococose e histoplasmose), além</p><p>dos de origem inespecífica ou não deter-</p><p>minada 23.</p><p>A infecção e/ou inflamação do SNC</p><p>podem causar uma série de sinais clínicos</p><p>inespecíficos e multifocais, tais como:</p><p>ataxia, dor, rigidez cervical, paresia, para-</p><p>lisia, hiper-reflexia, nistagmo, inclinação</p><p>de cabeça, febre, convulsões, déficits de</p><p>nervos cranianos, entre outros 24.</p><p>A cinomose canina e a peritonite in-</p><p>fecciosa felina são as infecções virais</p><p>mais comuns. As infecções causadas</p><p>pelo vírus da cinomose devem ser</p><p>consideradas em qualquer cão adulto</p><p>com sinais cerebelares progressivos 2.</p><p>Pode ocorrer uma doença multifocal</p><p>progressiva crônica do sistema nervoso</p><p>central em animais adultos de qualquer</p><p>idade, sendo primariamente uma doença</p><p>da substância branca, em que costumam</p><p>predominar sinais vestibulocerebelares</p><p>com acometimento da medula espinhal</p><p>e do cérebro. O prognóstico da forma</p><p>neurológica da cinomose é reservado,</p><p>com pequena porcentagem de pacientes</p><p>que se recuperam, mas com sequelas 11.</p><p>A encefalite fúngica pode ser vista</p><p>em qualquer idade, sendo mais comum</p><p>em adultos 11. A criptococose é a encefa-</p><p>lite micótica mais frequente e a maioria</p><p>dos pacientes tem sinais neurológicos 2.</p><p>Quando se examina o líquor, o micror-</p><p>ganismo pode ser visto ao exame cito-</p><p>lógico, em especial nas infecções cripto-</p><p>cócicas. O tratamento de eleição é a flu-</p><p>citosina, isolada ou associada à anfote-</p><p>ricina B, mesmo que esta apresente bai-</p><p>xa permealibidade na barreira hema-</p><p>toencefálica 25. Há poucos relatos de tra-</p><p>tamento bem sucedido da encefalite</p><p>fúngica 11.</p><p>As infecções por protozoários são</p><p>importantes causas de alterações neuroló-</p><p>gicas em cães, sendo o Toxoplasma gondii</p><p>e o Neospora caninum os principais</p><p>39</p><p>nervoso de pequenos animais. In: FEITOSA, F. L.</p><p>F. Semiologia veterinária: a arte do diagnóstico.</p><p>São Paulo: Roca, 2008. p. 4111-4160.</p><p>07-SANDERS, S. G. ; BAGLEY, R. S. Distúrbios audi-</p><p>tivos e de equilíbrio: nervo vestibulococlear e estru-</p><p>turas associadas. In: DEWEY, C. W. Neurologia de</p><p>cães e gatos: guia prático. São Paulo: Roca, 2003.</p><p>p. 123-139.</p><p>08-COATES, J. R. ; O'BRIEN, D. P. ; KLINE, K. L. ;</p><p>STORTS, R. W. ; JOHNSON, G. C. ; SHELTON,</p><p>G. D. ; PATTERSON, E. E. ; ABBOTT, L. C.</p><p>Neonatal cerebellar ataxia in Coton de Tulear dogs.</p><p>Journal of Veterinary Internal Medicine, v. 16, n.</p><p>6, p. 680-689, 2002.</p><p>09-SUMMERS, B. A. ; CUMMINGS, J. F. ; de</p><p>LAHUNTA, A. Injures to the central nervous sys-</p><p>tem. In:___. Veterinary neuropathology. St Louis:</p><p>Mosby, 1995. p. 189-193.</p><p>10-SCHATZBERG, S. J. ; HALEY, N. J. ; BARR, S. C. ;</p><p>PARRISH, C. ; STEINGOLD, S. ; SUMMERS, B. A.</p><p>; deLAHUNTA, A. ; KORNEGAY, J. N. ; SHARP,</p><p>N. J. H. Polymerase chain reaction (PCR) amplifi-</p><p>cation of parvoviral DNA from the brains of dogs</p><p>and cats with cerebellar hypoplasia. Journal of</p><p>Veterinary Internal Medicine, v. 17, p. 538-544,</p><p>2003.</p><p>11-FENNER, W. R. Doenças do cérebro. In:</p><p>ETTINGER, S. J. ; FELDMAN, E. C. Tratado de</p><p>medicina interna veterinária: doenças do cão e</p><p>do gato. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2004.</p><p>p. 586-637.</p><p>12-KORNEGAY, J. N. Cerebellar vermian</p><p>hypoplasia in dogs. Veterinary Pathology, v. 23, n.</p><p>4, p. 374-379, 1986.</p><p>13-DELAHUNTA, A. Abiotrophy in domestic</p><p>animals. A review. Canadian Journal of</p><p>Veterinary Research, v. 54, p. 65-76, 1990.</p><p>14-NIBE, K. ; KITA, C. ; MOROZUMI, M. ;</p><p>AWAMURA, Y. ; TAMURA, S. ; OKUNO, S. ;</p><p>KOBAYASHI, T. ; UCHIDA, K.</p><p>Clinicopathological features of canine neuroaxonal</p><p>dystrophy and cerebellar cortical abiotrophy in</p><p>papillon and papillon-related dogs. Journal of</p><p>Veterinary Medical Science, v. 69, n. 10, p. 1047-</p><p>1052, 2007.</p><p>15-BERRY, M. L. ; BLAS-MACHADO, U. Cerebellar</p><p>abiotrophy in a miniature schnauzer. Canadian</p><p>Veterinary Journal, v. 44, p. 657-659, 2003.</p><p>16-OLBY, N. ; BLOT, S. ; THIBAUD, J. L. ;</p><p>PHILLIPS, J. ; O´BRIEN, D. P. ; BURR, J. ;</p><p>BERG, J. ; BROWN, T. ; BREEN, M. Cerebellar</p><p>cortical degeneration in adult American</p><p>Staffordshire terriers. Journal of Veterinary</p><p>Internal Medicine, v. 18, p. 201-208, 2004.</p><p>Considerações finais</p><p>Doenças do sistema cerebelar são</p><p>comuns em pequenos animais e resul-</p><p>tam em uma síndrome clínica caracteri-</p><p>zada por hipermetria, base ampla e tre-</p><p>mores intencionais. A doença cerebelar</p><p>em cães e gatos pode ser causada por:</p><p>aplasia e hipoplasia, abiotrofia, neopla-</p><p>sia, trauma, alterações vasculares e dis-</p><p>túrbios inflamatórios. A realização do</p><p>exame neurológico completo é funda-</p><p>mental para localizar a lesão, determi-</p><p>nar os possíveis diagnósticos diferen-</p><p>ciais e formular um plano diagnóstico,</p><p>permitindo a instituição do tratamento e</p><p>a estimativa do prognóstico.</p><p>Agradecimentos</p><p>Aos docentes e residentes do Serviço</p><p>de Patologia Veterinária da Faculdade de</p><p>Medicina Veterinária e Zootecnia Júlio</p><p>de Mesquita Filho - Unesp, campus de</p><p>Botucatu, que realizaram a retirada do</p><p>encéfalo para a figura 1 do trabalho.</p><p>Referências</p><p>01-CONCEIÇÃO, L. C. ; ANTUNES, M. I. P. P. ;</p><p>MACHADO, L. H. A. ; CREMASCO, A. C. M. ;</p><p>VAILATI, M. C. F. ; LOURENÇO, M. L. G. ;</p><p>SEQUEIRA, J. L. Meningite supurativa secundária</p><p>a otite média e interna em um gato: relato de caso.</p><p>Clínica Veterinaria, n. 84, ano 15, p. 54-58, 2010.</p><p>02-CHRISMAN, C. L. Incoordenação da cabeça e</p><p>membros. In:___. 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Moreira</p><p>MV, M.Sc., D.Sc., profa. adj. - DVT/UFV</p><p>masm@ufv.br</p><p>Doença periodontal em</p><p>cães e prevenção</p><p>Resumo: A doença periodontal é um processo que envolve a infecção e inflamação do tecido de suporte e</p><p>proteção dos dentes e pode acarretar a sua perda. A placa bacteriana dental é reconhecida como o agente</p><p>etiológico da doença. Dessa forma, conhecendo as estruturas periodontais, os microrganismos da placa</p><p>bacteriana e a evolução da doença, pode-se estabelecer um plano preventivo envolvendo técnicas de escovação</p><p>e aplicação de antissépticos. Tais substâncias, administradas ao animal por uso tópico ou adicionadas à</p><p>composição de alimentos para cães, poderiam reduzir significativamente a incidência da afecção, que interfere de</p><p>maneira importante na qualidade de vida dos animais e na sua convivência com seus donos.</p><p>Unitermos: doenças dos animais, periodontia, gengivite, placa dentária, odontologia preventiva</p><p>Abstract: Periodontal disease is a process that can cause teeth loss and involves infection and inflammation of</p><p>the supporting and protecting tissues of the teeth. Since the bacterial plaque is the causing agent of the disease,</p><p>knowledge about the periodontal structures, the microorganisms of the bacterial plaque and the evolution of the</p><p>disease can lead to the establishment of a preventive plan involving brushing techniques and the use of</p><p>antiseptics. If such substances would be administered topically or added to the dog feed, they could significantly</p><p>decrease the incidence of this disease, which interferes considerably in the quality of life of the animals and in the</p><p>relationship with their owners.</p><p>Keywords: animal diseases, periodontics, gingivitis, dental plaque, preventive dentistry</p><p>Resumen: La enfermedad periodontal tiene mayor prevalencia en perros adultos, y es un proceso que envuelve</p><p>la infección e inflamación del tejido de soporte y protección de los dientes, pudiendo llevar a la pérdida de los</p><p>mismos. La placa bacteriana es reconocida como el agente causal de la enfermedad. Conociendo las estructuras</p><p>periodontales, la ecología de la placa bacteriana y la evolución de la enfermedad, se puede establecer un plan</p><p>preventivo que englobe técnicas de cepillado y de aplicación de antimicrobianos. La vía de administración puede</p><p>ser tópica o mediante adicionados a la composición de alimentos para perros, buscando reducir de forma</p><p>significativa la incidencia de esa patología, que a su vez interfiere de manera importante en la calidad de vida de</p><p>los animales y en la convivencia de los mismos con sus amos.</p><p>Palabras clave: enfermedades de los animales, periodoncia, gingivitis, placa dental, odontología preventiva</p><p>Clínica Veterinária, n. 89 p. 42-52, 2010</p><p>Periodontal disease in dogs and prevention</p><p>Prevención de la enfermedad</p><p>periodontal en perros</p><p>Introdução</p><p>A periodontia é a ciência que tem por</p><p>objetivo o estudo do periodonto e o</p><p>diagnóstico, tratamento e prevenção das</p><p>doenças periodontais, visando a promo-</p><p>ção e o restabelecimento da saúde perio-</p><p>dontal 1,2.</p><p>O periodonto é o conjunto de estrutu-</p><p>ras que fornecem suporte e proteção ao</p><p>elemento dental. Essas estruturas são:</p><p>gengiva, cemento, osso alveolar e liga-</p><p>mento periodontal 1-4.</p><p>A doença periodontal tem sido relata-</p><p>da como a afecção que mais acomete os</p><p>cães 1, chegando a até 85% de prevalên-</p><p>cia em animais com idade acima de qua-</p><p>tro anos 2,3,5,6. A placa bacteriana dental é</p><p>considerada agente etiológico, que pro-</p><p>move reação inflamatória na gengiva,</p><p>ponto de partida da doença periodontal 4,7.</p><p>Com o avançar da doença, as estruturas</p><p>de suporte e proteção do dente passam a</p><p>ser destruídas, podendo haver perda do</p><p>elemento dental envolvido 1.</p><p>Para correto manejo dessa afecção de</p><p>importância elevada na medicina veteri-</p><p>nária, é necessário amplo conhecimento</p><p>a respeito da estrutura dental e das es-</p><p>truturas adjacentes ao elemento dental –</p><p>o periodonto –, dos agentes etiológicos</p><p>da doença, da sua evolução, dos tipos de</p><p>tratamento e das técnicas preventivas 3.</p><p>O objetivo deste trabalho é fazer uma</p><p>revisão da literatura atualizada para for-</p><p>necer conhecimento sobre a doença pe-</p><p>riodontal em cães e a sua prevenção.</p><p>Anatomia do órgão dental dos cães</p><p>A anatomia do órgão dental dos cães</p><p>possui subdivisões e estruturas seme-</p><p>lhantes às dos humanos, diferindo na</p><p>forma da cavidade – que varia inclusive</p><p>entre as raças 8 –, na anatomia e na quan-</p><p>tidade dos elementos dentais contidos 1.</p><p>Os cães possuem, assim como os seres</p><p>humanos, dentes incisivos, caninos, pré-</p><p>molares e molares, diferindo entre si</p><p>quanto às funções e o número de raízes8-10.</p><p>42 Clínica Veterinária, Ano XV, n. 89, novembro/dezembro, 2010</p><p>Figura 1 - Estrutura anatômica do órgão dental</p><p>de cães</p><p>Fábio A</p><p>lessandro Pieri</p><p>A gengiva livre pode ser rósea ou, em</p><p>algumas raças, pigmentada, de consis-</p><p>tência firme e superfície opaca 13. A mar-</p><p>gem da gengiva livre é a borda. Entre a</p><p>gengiva livre e o dente se forma um vale</p><p>conhecido como sulco gengival 10, cuja</p><p>profundidade, em condições normais,</p><p>varia entre 1 e 3mm 1,8. O sulco é recober-</p><p>to por um epitélio gengival em cuja base</p><p>se insere o dente e que é denominado</p><p>epitélio juncional. Esse epitélio secreta</p><p>um fluido com células mediadoras de</p><p>inflamação, imunoglobulinas e substân-</p><p>cias antibacterianas, importantes na pro-</p><p>teção física e imunológica do epitélio</p><p>juncional e dos tecidos profundos 19.</p><p>O epitélio juncional se localiza no</p><p>fundo do sulco, com células planas e</p><p>alongadas 17,18,20,21 que aderem ao esmalte</p><p>através de hemidesmossomos, promo-</p><p>vendo a junção entre a gengiva e o den-</p><p>te 1,18. O epitélio juncional termina na</p><p>junção cemento-esmalte 8.</p><p>A gengiva aderida é a continuação da</p><p>gengiva livre que, resistente, é firme-</p><p>mente ligada ao osso subjacente e se es-</p><p>tende até a junção mucogengival 16.</p><p>Clínica Veterinária, Ano XV, n. 89, novembro/dezembro, 2010</p><p>Periodonto</p><p>O periodonto (peri – em volta de;</p><p>odonto – dente) 13 é o conjunto de teci-</p><p>dos moles e duros 10 que dão</p><p>suporte aos</p><p>dentes 1,14,15, fixando-os, fazendo-os ade-</p><p>rir ao osso alveolar 8,13 e protegendo-os 8.</p><p>As estruturas que compõem o periodon-</p><p>to são: o ligamento periodontal, o ce-</p><p>mento, a gengiva e o osso alveolar 13,16,17.</p><p>Essas estruturas estão divididas de acor-</p><p>do com suas funções: o periodonto de</p><p>sustentação formado pelo cemento, o li-</p><p>gamento periodontal, o osso alveolar e a</p><p>gengiva que, além de participar da sus-</p><p>tentação, também compõe o periodonto</p><p>de proteção 8.</p><p>Gengiva</p><p>É a parte da mucosa mastigatória que</p><p>circunda a porção cervical do dente e re-</p><p>cobre o processo alveolar 13. Tem como</p><p>principal função proteger as estruturas</p><p>adjacentes ao dente, sendo então a pri-</p><p>meira barreira de defesa contra a doen-</p><p>ça periodontal 1. Podem ser diferencia-</p><p>das duas partes: a gengiva livre e a ade-</p><p>rida 1,13,18.</p><p>43</p><p>Cemento</p><p>O cemento é um tecido duro e sem</p><p>vascularização 22,23 que cobre a raiz do</p><p>dente 10, composto por fibras colágenas</p><p>embutidas em uma matriz orgânica e</p><p>possui em sua porção mineral, que é</p><p>responsável por cerca de 65% do seu</p><p>peso, cristais de hidroxiapatita 13. Sua</p><p>deposição ocorre continuamente por</p><p>toda a vida do animal 1,13.</p><p>Possui, como principais funções, a</p><p>inserção das fibras do ligamento perio-</p><p>dontal à raiz do dente 1,8,13, a contribuição</p><p>para o processo de reparação da superfí-</p><p>cie radicular e a manutenção das fibras</p><p>do ligamento periodontal 12,13.</p><p>Existem dois tipos de cemento: o pri-</p><p>meiro, denominado cemento primário</p><p>ou acelular, é formado em associação</p><p>com a formação da raiz e a erupção do</p><p>dente 13, ocupa os terços coronal e médio</p><p>da raiz dentária e é constituído em sua</p><p>maior parte pelas fibras de Sharpey –</p><p>fibras colágenas do ligamento periodon-</p><p>tal, que se prendem em uma extremida-</p><p>de ao cemento e na outra ao osso alveo-</p><p>lar 8; o outro tipo de cemento é chamado</p><p>do grupamento gengival, compostas pe-</p><p>las dentogengivais (que ligam o cemen-</p><p>to à gengiva), as alveologengivais (que</p><p>ligam a placa cribiforme à gengiva) e as</p><p>circulares (que circundam o dente na</p><p>altura da gengiva livre); as fibras do</p><p>grupamento transeptal (que ligam o ce-</p><p>mento supra-alveolar de dentes circun-</p><p>vizinhos); e as fibras do grupamento al-</p><p>veolodental, que são as da crista alveo-</p><p>lar (que ligam a crista alveolar ao ce-</p><p>mento de forma obliqua), as horizontais</p><p>(que ligam a crista ao cemento horizon-</p><p>talmente), as oblíquas (que ligam o ce-</p><p>mento ao osso alveolar, o qual possui</p><p>maior número de ligamentos), as apicais</p><p>(que ligam o osso alveolar ao cemento</p><p>em torno do ápice) e as inter-radiculares</p><p>(que ficam entre as raízes dos dentes</p><p>multirradiculares) 8,17.</p><p>O ligamento periodontal desempenha</p><p>várias funções no órgão dental, como:</p><p>funções físicas, de sustentação, de</p><p>absorção ao choque provocado pela for-</p><p>ça mastigatória e de transmissão das</p><p>forças oclusivas ao osso 24; função for-</p><p>madora, promovida pelos osteoblastos,</p><p>cementoblastos e fibroblastos; função</p><p>reabsorvente, promovida pelos osteo-</p><p>clastos, cementoclastos e fibroclastos 4;</p><p>função sensorial, pois ele é abundante-</p><p>mente inervado por fibras nervosas sen-</p><p>soriais capazes de transmitir sensações</p><p>táteis, de pressão e de dor pelas vias tri-</p><p>geminais; função nutritiva, já que ele</p><p>possui vasos sanguíneos, os quais forne-</p><p>cem nutrientes e outras substâncias re-</p><p>queridas pelos tecidos do ligamento,</p><p>pelos cementócitos e pelos osteócitos</p><p>mais superficiais do osso alveolar; e</p><p>função homeostática, pois ele tem a ca-</p><p>pacidade de reabsorver e sintetizar a</p><p>substância intercelular do tecido con-</p><p>juntivo do ligamento, do osso alveolar e</p><p>do cemento 16,24.</p><p>Em casos em que se dá a avulsão</p><p>completa do elemento dental, existe a</p><p>possibilidade de ele se reintegrar ao or-</p><p>ganismo 25, desde que restituído ao al-</p><p>véolo de forma rápida, pois o ligamento</p><p>periodontal tem a capacidade de aderir</p><p>novamente ao cemento 26. Nesses casos,</p><p>deve-se realizar o devido tratamento en-</p><p>dodôntico, visto que a vascularização</p><p>apical do dente se rompeu 25.</p><p>Doença periodontal</p><p>A doença periodontal é a afecção</p><p>que acomete o periodonto, ou seja, as</p><p>estruturas que, circunjacentes ao elemen-</p><p>to dental, têm a função de protegê-lo e</p><p>de lhe fornecer suporte 3. É uma doença</p><p>infecciosa 10 que acomete mais de 75%</p><p>dos cães 1,8,27, chegando a cerca de 85%</p><p>no caso de animais com mais de quatro</p><p>anos 2,3 – o que a coloca na posição de</p><p>doença mais prevalente em cães 1,10,28.</p><p>A doença é causada pelo acúmulo de</p><p>placa bacteriana nos dentes e na gengi-</p><p>va 1,28, por causa da toxicidade do meta-</p><p>bolismo desses microrganismos e da</p><p>resposta imunológica do hospedeiro</p><p>contra a infecção 10, desencadeando</p><p>então um processo inflamatório. Inicial-</p><p>mente esse processo acomete apenas os</p><p>tecidos gengivais, caracterizando a de-</p><p>nominada gengivite, mas posteriormen-</p><p>te pode se agravar e evoluir para um</p><p>processo de periodontite, que envolve</p><p>alterações nos outros tecidos do perio-</p><p>donto e pode acarretar perda óssea, de</p><p>ligamento periodontal, em alguns casos</p><p>de cemento e até do elemento dental en-</p><p>volvido 1.</p><p>Em processos como inflamação, hi-</p><p>perplasia ou a junção dos dois proces-</p><p>sos, o epitélio juncional pode migrar</p><p>apicalmente ou a gengiva aumentar, tor-</p><p>nando o sulco gengival mais profundo 1.</p><p>Na hiperplasia gengival, o aprofunda-</p><p>mento do sulco se dá sem perda de teci-</p><p>do periodontal, sendo denominado pseu-</p><p>dobolsa; porém, quando já existe perda</p><p>do tecido que sustenta e protege o ele-</p><p>mento dental, o sulco passa a ser cha-</p><p>mado de bolsa periodontal, que pode ser</p><p>de dois tipos: supraóssea, quando o fun-</p><p>do da bolsa é coronário ao osso alveolar</p><p>de suporte, e intraóssea, quando o fundo</p><p>se encontra apicalmente localizado em</p><p>relação ao osso alveolar adjacente. A</p><p>profundidade da bolsa pode variar entre</p><p>as regiões da boca e até entre dentes vi-</p><p>zinhos 21.</p><p>As bactérias envolvidas no processo</p><p>patológico do periodonto podem migrar</p><p>por bacteremia para outras regiões do</p><p>corpo pela corrente sanguínea e coloni-</p><p>zá-las, causando doenças diversas,</p><p>como endocardite, nefrite 1,11,27,29, hepati-</p><p>te 11,27 e miocardite 1. Outra doença que</p><p>pode ser causada pela progressão dos</p><p>microrganismos envolvidos na doença</p><p>periodontal é um processo patológico</p><p>conhecido como lesão periodontal-en-</p><p>dodôntica ou simplesmente lesão perio-</p><p>endo. Há infecção e inflamação da pol-</p><p>pa dental, causada pela migração das</p><p>de cemento secundário ou celular, for-</p><p>ma-se após a erupção do dente 13, locali-</p><p>za-se normalmente na região periapical</p><p>e é secretado pelos cementócitos ou ce-</p><p>mentoblastos, células que ficam aprisio-</p><p>nadas à matriz orgânica do cemento e</p><p>que, por este não possuir vasculariza-</p><p>ção, são nutridas a partir do ligamento</p><p>periodontal. As células secretam o ce-</p><p>mento celular em resposta às demandas</p><p>funcionais 17. Apesar da descrição da lo-</p><p>calização de cada tipo de cemento, em</p><p>alguns casos, eles podem ocorrer alter-</p><p>nadamente em algumas áreas da super-</p><p>fície radicular 13.</p><p>Osso alveolar</p><p>São os ossos da maxila, osso incisivo</p><p>e mandíbula que dão suporte aos ele-</p><p>mentos dentais, em cavidades onde es-</p><p>tes se inserem. Essas cavidades são de-</p><p>nominadas alvéolos 1,8,12.</p><p>Composto por 65% de sais mine-</p><p>rais 17, esse osso possui consistência</p><p>dura e é muito denso e compacto,</p><p>mas difere do cemento radicular,</p><p>por possuir inervação e vasculari-</p><p>zação sanguínea e linfática 13.</p><p>É no interior dos alvéolos que se lo-</p><p>caliza a placa cribiforme que, radiogra-</p><p>ficamente, recebe a denominação de lâ-</p><p>mina dura, caracterizada como uma</p><p>linha radiopaca ao redor do alvéolo.</p><p>Essa placa é constituída pelas fibras do</p><p>ligamento periodontal que fixa o dente,</p><p>e é por aí que passam os vasos que irri-</p><p>gam o ligamento e nutrem a matriz or-</p><p>gânica do cemento 1,8.</p><p>O osso alveolar pode ser reabsorvido</p><p>ou remodelado de acordo com os estí-</p><p>mulos que possa vir a sofrer 1,8.</p><p>Ligamento periodontal</p><p>É uma estrutura de tecido conectivo</p><p>que liga o dente ao seu alvéolo, fixan-</p><p>do-o 13,24. Tem origem nas células</p><p>mesenquimais do saco dental 12,17.</p><p>O espaço periodonal é preenchido</p><p>pelo ligamento periodontal – composto</p><p>por fibras periodontais –, nervos e</p><p>grande vascularização, além de outras</p><p>células e</p><p>se localiza entre o cemento ra-</p><p>dicular e a placa cribiforme. A altura, a</p><p>largura, a qualidade e o estado do liga-</p><p>mento periodontal são determinantes</p><p>para conferir ao elemento dental a sua</p><p>mobilidade característica 1,8,13.</p><p>Existem três categorias diferentes de</p><p>fibras no ligamento periodontal: as fibras</p><p>44 Clínica Veterinária, Ano XV, n. 89, novembro/dezembro, 2010</p><p>enfermidade. O diagnóstico da doença</p><p>periodontal é obtido por meio de inspe-</p><p>ção visual, de sondagem periodontal</p><p>com sonda milimetrada e, se necessário,</p><p>de exame radiográfico 3.</p><p>A doença se divide em duas fases: a</p><p>fase inicial, de gengivite, que pode ser</p><p>revertida porque ainda não houve perda</p><p>de tecido; e a periodontite, caracterizada</p><p>por perda tecidual, que é irreversível –</p><p>ou seja, a gengiva retraída não retorna</p><p>ao ponto de inserção inicial no dente e o</p><p>osso destruído também não se refaz 11.</p><p>O tratamento profissional, realizado</p><p>pelo médico veterinário, tem dois obje-</p><p>tivos: 1) remover todo cálculo e placa</p><p>dental; em casos mais simples, em que</p><p>há discreto acúmulo de cálculo e gengi-</p><p>vite, o tratamento profissional também é</p><p>indicado, pois a presença de cálculo</p><p>favorece um acúmulo maior de placa</p><p>bacteriana, fazendo que a doença pro-</p><p>grida mais rápido; 2) restabelecer a</p><p>profundidade fisiológica do sulco gen-</p><p>gival em casos de periodontite instala-</p><p>da; nesses casos, o tratamento cirúrgico</p><p>– a cirurgia periodontal – pode ser</p><p>necessário, por meio de procedimentos</p><p>como gengivectomias, gengivoplastias,</p><p>execução de raspagem a céu aberto por</p><p>meio de retalho mucogenvival e ex-</p><p>trações 1,8,11.</p><p>Placa bacteriana dental</p><p>A placa bacteriana é um material pe-</p><p>gajoso, amarelado, que coloniza toda a</p><p>boca 11, as faces dos dentes em sua estru-</p><p>tura amelar (esmalte) 30,31 e os seus sul-</p><p>cos gengivais 15.</p><p>Essa placa, considerada a maior cau-</p><p>sadora do processo patológico (agente</p><p>etiológico) 35,36, é um biofilme 8,32, ou se-</p><p>ja, uma comunidade microbiana indefi-</p><p>nida associada à superfície do dente 33,34.</p><p>A placa tem como principais consti-</p><p>tuintes as glicoproteínas salivares, os</p><p>sais minerais, as bactérias orais, os po-</p><p>lissacarídeos extracelulares que aderem</p><p>à superfície dentária, as células epite-</p><p>liais descamadas, os leucócitos, os ma-</p><p>crófagos e os lipídeos 1,8.</p><p>Inicialmente, há sobre as superfícies</p><p>dentais e outras regiões da boca a forma-</p><p>ção de uma película, chamada película</p><p>Clínica Veterinária, Ano XV, n. 89, novembro/dezembro, 2010</p><p>bactérias periodontais ao ápice do dente</p><p>e pela penetração no canal radicular</p><p>através das foraminas, que são peque-</p><p>nos orifícios por onde passa o feixe vas-</p><p>culonervoso 25.</p><p>A conduta ideal para o manejo da</p><p>saúde oral do cão é a prevenção da</p><p>doença periodontal, que deve ser feita</p><p>por meio de escovação diária dos dentes</p><p>do cão, da aplicação de soluções antis-</p><p>sépticas orais, do fornecimento de ali-</p><p>mentos ou petiscos contendo substân-</p><p>cias com a mesma finalidade 3,10,11 e do</p><p>uso de ossos artificiais e brinquedos</p><p>para promover a remoção mecânica da</p><p>placa bacteriana 3,28. Mesmo o animal</p><p>submetido a uma conduta preventiva</p><p>correta deve ser levado anualmente ao</p><p>médico veterinário para que a eficácia</p><p>do tratamento seja avaliada e para que</p><p>ele seja submetido a profilaxia clínica 8,28</p><p>caso isso seja necessário.</p><p>Para animais nos quais a doença pe-</p><p>riodontal esteja na fase inicial de gengi-</p><p>vite, a promoção de cuidados profiláti-</p><p>cos como os tomados na prevenção pa-</p><p>rece ser suficiente para a regressão da</p><p>45</p><p>na placa dental se modificam de acordo</p><p>com a evolução da doença. Na gengiva</p><p>sadia, os cocos representam cerca de</p><p>dois terços das bactérias presentes, se-</p><p>guidos por bastonetes imóveis peque-</p><p>nos. As bactérias presentes são essen-</p><p>cialmente gram-positivas e praticamen-</p><p>te não há representação considerável de</p><p>tipos bacterianos mais virulentos. Já na</p><p>fase de gengivite, os bastonetes gram-</p><p>positivos (imóveis) aumentam gradual-</p><p>mente, ultrapassando os cocos, havendo</p><p>também um crescimento na quantidade</p><p>de bactérias gram-negativas. Sem o tra-</p><p>tamento adequado, ocorre a destruição</p><p>do epitélio juncional e assim as bacté-</p><p>rias passam a invadir estruturas mais</p><p>profundas de suporte, gerando ambiente</p><p>anaeróbio, o que favorece o crescimento</p><p>de bactérias gram-negativas anaeróbias</p><p>com motilidade, que por sua vez passam</p><p>a produzir metabólitos mais agressivos,</p><p>acentuando o processo de destruição do</p><p>tecido periodontal 8,15. Nesse momento,</p><p>na fase de acometimento do periodonto</p><p>(periodontite), há um grande aumento</p><p>de microrganismos mais patogênicos</p><p>gram-negativos, que atingem então um</p><p>grande percentual das bactérias presen-</p><p>tes, chegando as espiroquetas a repre-</p><p>sentar quase a metade das bactérias pre-</p><p>sentes, enquanto os gram-positivos são</p><p>pouco representativos 40.</p><p>As principais bactérias envolvidas</p><p>na formação da placa dental são</p><p>Streptococcus sp 1,30,31,34,38,39,41-47,</p><p>Actinomyces sp 31,38 e Lactobacilus sp 8,46.</p><p>Estas colonizam inicialmente a película</p><p>que aderiu ao esmalte dental, passando</p><p>então a se multiplicar e a se agregar. A</p><p>partir daí, os receptores de superfície</p><p>dos cocos e bastonetes gram-positivos</p><p>permitem a aderência de microrganis-</p><p>mos gram-negativos, que, com o passar</p><p>do tempo, passam a se apresentar com</p><p>maior biodiversidade e potencial pa-</p><p>togênico 34. Deste grupo, podem-se</p><p>citar como os gêneros mais importantes</p><p>em cães: Veillonella, Bacterioides,</p><p>Prevotella 15,48, Fusobacterium 45,49 e</p><p>Porphyromonas 15,31,48,49.</p><p>Evolução da doença periodontal</p><p>Nos cães, a progressão da doença pe-</p><p>riodontal pode ser dividida em fases</p><p>com base na aparência clínica da gengi-</p><p>va (classificada de acordo com um ín-</p><p>dice que varia do grau 0 – atribuído</p><p>à gengiva sadia – ao grau 4 – gengiva</p><p>severamente comprometida) 8,10 e no</p><p>nível clínico de inserção, isto é, a dis-</p><p>tância entre a porção mais apical do</p><p>epitélio juncional (fundo do sulco ou</p><p>bolsa) e o local onde ele originalmente</p><p>estaria sob higidez, que é a junção ame-</p><p>locementéria. Deve-se então praticar a</p><p>sondagem com sonda milimetrada.</p><p>Logo, se um animal apresenta retração</p><p>gengival de 6mm e sulco de 2mm (sem</p><p>bolsa porque a gengiva se retraiu), não</p><p>se pode dizer que ele está hígido por não</p><p>apresentar bolsa; a perda do nível clíni-</p><p>co de inserção de 4mm (6mm de</p><p>retração menos 2mm do sulco) já deno-</p><p>ta um estágio de periodontite 10.</p><p>Na primeira fase da doença, o perio-</p><p>donto ainda está sadio (estágio 0) 1, a</p><p>gengiva tem coloração uniforme e a</p><p>placa bacteriana presente, de caracterís-</p><p>ticas pouco patogênicas, é imperceptí-</p><p>vel. Não há halitose 3. Com o aumento</p><p>da placa bacteriana e sua alteração no</p><p>que diz respeito à quantidade, à especi-</p><p>ficidade e à patogenicidade dos micror-</p><p>ganismos presentes, começa a surgir en-</p><p>tão uma inflamação que marca o início</p><p>da doença periodontal propriamente</p><p>dita, que pode ser dividida nas seguintes</p><p>fases: gengivite (estágio 1), periodontite</p><p>inicial (estágio 2), periodontite mode-</p><p>rada (estágio 3) e periodontite severa</p><p>(estágio 4) 1.</p><p>Gengivite</p><p>O estágio 1 da doença periodontal</p><p>inicia-se com o surgimento de bactérias</p><p>que, por meio de seus metabólitos, pas-</p><p>sam a provocar inflamação no tecido</p><p>gengival, primeira defesa do órgão den-</p><p>tal, porém sem grande patogenicidade e</p><p>sem causar danos às estruturas do perio-</p><p>donto de sustentação. A referida infla-</p><p>mação é semelhante à que ocorre em</p><p>outros tecidos conjuntivos. Apresenta</p><p>vasodilatação, marginalização leucoci-</p><p>tária, migração celular e produção de</p><p>prostaglandinas e enzimas destrutivas 11,</p><p>fazendo com que a gengiva se apresente</p><p>avermelhada, edemaciada (Figura 2) e</p><p>dolorida, podendo apresentar halitose 3.</p><p>Nessa fase ainda há a possibilidade de</p><p>involução da doença mediante o correto</p><p>manejo da saúde oral do animal, com me-</p><p>didas como a escovação, que pode pro-</p><p>mover a remoção do agente etiológico</p><p>(placa bacteriana) 11,50. Nesse momento</p><p>podem-se também utilizar antissépticos</p><p>bucais em conjunto com a escovação,</p><p>aderida, que é um filme constituído de</p><p>glicoproteínas salivares e sais minerais</p><p>e que, a princípio, não possui micror-</p><p>ganismos 37. Posteriormente, a película</p><p>adquirida se torna um biofilme, com a</p><p>adesão dos primeiros microrganismos,</p><p>que são em sua grande maioria cocos</p><p>gram-positivos aeróbios 11,34,37, principal-</p><p>mente do gênero Streptococcus – os</p><p>quais produzem um exopolissacarídeo,</p><p>uma substância que atua como “cola”,</p><p>facilitando a fixação dessas bactérias às</p><p>superfícies em questão 8,11,17, principal-</p><p>mente em locais onde ocorrem peque-</p><p>nas irregularidades, fissuras ou rugo-</p><p>sidades 37.</p><p>A primeira camada normalmente é</p><p>monocelular e se apresenta irregular-</p><p>mente distribuída sobre a superfície</p><p>dental. A partir do crescimento micro-</p><p>biano, a camada passa a sair dessas zo-</p><p>nas de irregularidades na superfície do</p><p>esmalte e, aumentando de volume, as</p><p>placas isoladas passam a se unir, for-</p><p>mando uma placa única. Com o passar</p><p>do tempo, novas cepas microbianas com</p><p>menor capacidade de aderência às estru-</p><p>turas dentais aderem à placa já formada,</p><p>caracterizando novas microcolônias e</p><p>aumentando a sua biodiversidade 37.</p><p>Nesse processo, chamado de organiza-</p><p>ção da placa bacteriana, as bactérias</p><p>precisam de aproximadamente 24 a 48</p><p>horas para se organizarem a ponto de</p><p>causar a doença 11. Nessa fase, a simples</p><p>desorganização da placa bacteriana faz</p><p>estagnar e retroceder o processo, consti-</p><p>tuindo portanto o melhor meio de com-</p><p>batê-la 38.</p><p>Não havendo interferência na forma-</p><p>ção da placa bacteriana, pode então</p><p>ocorrer um processo inflamatório que</p><p>marca o início da doença periodontal,</p><p>propiciando ambiente favorável à altera-</p><p>ção da sua composição microbiana, que</p><p>passa então a um biofilme com caracte-</p><p>rísticas mais patogênicas, dando sequên-</p><p>cia às fases posteriores da doença 11,37,39.</p><p>Microbiologia da doença periodontal</p><p>Durante todo o processo patológico</p><p>que acomete as estruturas do periodon-</p><p>to, como já citado, há uma série de mo-</p><p>dificações na população microbiana da</p><p>placa dental. Tais alterações envolvem</p><p>desde a quantidade de microrganismos</p><p>até os tipos de bactérias e o seu grau de</p><p>patogenicidade 1,11,40.</p><p>Os constituintes bacterianos presentes</p><p>46 Clínica Veterinária, Ano XV, n. 89, novembro/dezembro, 2010</p><p>o seu agente etiológico e sim a placa</p><p>bacteriana. Grandes quantidades de cál-</p><p>culo não são indicativas da fase em que</p><p>a doença se encontra, devendo-se então</p><p>fixar o diagnóstico da doença na sonda-</p><p>gem gengival para avaliar a perda de</p><p>adesão do epitélio 8,11.</p><p>Periodontite moderada e severa</p><p>São os estágios mais avançados da</p><p>doença periodontal e diferem entre si</p><p>apenas em relação ao grau das lesões 1.</p><p>Alguns autores não relatam a presença</p><p>da periodontite moderada, considerando</p><p>apenas a periodontite severa, após o</p><p>processo inicial de agressão aos tecidos</p><p>de sustentação do elemento dental 3.</p><p>Nessas fases a microbiota da placa den-</p><p>tal é completamente diversa da inicial,</p><p>possuindo apenas pequena quantidade</p><p>de cocos gram-positivos imóveis e por-</p><p>centagens grandiosas de espiroquetas</p><p>gram-negativas com motilidade, pratica-</p><p>mente ausentes em indivíduos sadios 40.</p><p>Essa fase apresenta inflamação severa,</p><p>com sangramento como resposta ao mí-</p><p>nimo estímulo, grande acúmulo de</p><p>placa bacteriana, mau hálito intenso 3,</p><p>mobilidade dental leve (na moderada)</p><p>ou grande (na severa) 1 e, na maioria</p><p>dos casos, há também retração gengival</p><p>e grande acúmulo de cálculo dental</p><p>(Figura 4). As bactérias entram na cir-</p><p>culação e causam danos ao coração, ao</p><p>fígado, aos rins, às articulações e a ou-</p><p>tros órgãos 3,11. No caso da periodontite</p><p>moderada, chega a haver entre 25 e 50%</p><p>de perda de periodonto de sustentação</p><p>(que pode ser mascarada por grande</p><p>hiperplasia gengival em alguns ani-</p><p>mais), levando à necessidade de trata-</p><p>mento e cuidados especiais para a ma-</p><p>nutenção do elemento dental no alvéolo.</p><p>Na periodontite severa, existe perda de</p><p>mais de 50% do tecido periodontal de</p><p>sustentação, podendo haver exposição</p><p>de furca em dentes multirradiculares e</p><p>levando em muitos casos à esfoliação</p><p>dos dentes 1.</p><p>É importante ressaltar que a doença</p><p>periodontal pode se apresentar com</p><p>graus de acometimento diferentes em</p><p>cada face de um mesmo dente e/ou em</p><p>dentes diversos, sendo assim importante</p><p>a análise criteriosa de todas as faces dos</p><p>dentes para o correto diagnóstico da</p><p>afecção 13.</p><p>Devem-se ressaltar as pesquisas que</p><p>têm sido realizadas com a finalidade de</p><p>estabelecer maneiras de regenerar o te-</p><p>cido periodontal perdido e assim tornar</p><p>a doença reversível. Porém, o estudo de</p><p>substâncias e compostos – por exemplo,</p><p>o biovidro, a hidroxiapatita e os peptí-</p><p>deos sintéticos, entre outros 51-54 – que</p><p>possam participar da regeneração do pe-</p><p>riodonto acometido ou substituir as es-</p><p>truturas perdidas funcionalmente ainda</p><p>constitui um desafio.</p><p>Técnicas preventivas</p><p>A prevenção é considerada um as-</p><p>pecto essencial da manutenção dos den-</p><p>tes dos animais por toda a vida, im-</p><p>possibilitando a formação do processo</p><p>patológico periodontal 55. A escovação,</p><p>Clínica Veterinária, Ano XV, n. 89, novembro/dezembro, 2010</p><p>para obter aumento da eficiência da</p><p>remoção bacteriana 4. A doença perio-</p><p>dontal pode permanecer nesse estado ou</p><p>progredir para a perda de inserção da</p><p>gengiva ao dente, ou seja, perda da ade-</p><p>rência do epitélio juncional e, conse-</p><p>quentemente, a formação de bolsa pe-</p><p>riodontal, que caracteriza o estágio pato-</p><p>lógico denominado periodontite inicial 7.</p><p>Periodontite inicial</p><p>Sendo a sequela da gengivite não tra-</p><p>tada, é a fase que se inicia com a perda</p><p>da inserção do epitélio juncional, consi-</p><p>derada a primeira fase irreversível da</p><p>doença, a partir da qual passa a ser pos-</p><p>sível apenas estabilizá-la 3,8,11. O proces-</p><p>so inflamatório já atingiu o periodonto</p><p>de sustentação (ligamento periodontal,</p><p>cemento e osso alveolar), o que leva à</p><p>destruição progressiva dos tecidos rela-</p><p>tados 1,7. A gengiva pode apresentar to-</p><p>pografia ainda normal – apesar de algu-</p><p>mas raças apresentarem já uma leve re-</p><p>tração gengival (Figura 3) –, porém, já</p><p>estando muito inflamada, pode sangrar</p><p>quando tocada. Já há leve inflamação no</p><p>ligamento periodontal e a perda óssea</p><p>ainda é pouco evidente 1. A halitose pode</p><p>se apresentar já com forte intensidade 3.</p><p>Em geral há também a formação de cál-</p><p>culo dentário, popularmente chamado</p><p>de tártaro, que nada mais é do que a</p><p>mineralização da placa dental por meio</p><p>de sais da saliva, o que torna ainda mais</p><p>fácil a aderência de novos microrga-</p><p>nismos com características ainda mais</p><p>patogênicas, aumentando então a se-</p><p>veridade das lesões causadas aos tecidos</p><p>periodontais. A quantidade de cálculo</p><p>não deve ser utilizada para a classifi-</p><p>cação da doença, visto que não constitui</p><p>47</p><p>Figura 4 - Cão poodle, de catorze anos, com</p><p>doença periodontal severa. Note-se a coroa</p><p>dental do canino superior direito, com grande</p><p>presença de cálculo (a), retração gengival visí-</p><p>vel (b) e gengiva hiperêmica e hiperplasiada (c)</p><p>mascarando uma retração gengival ainda maior</p><p>Fábio A</p><p>lessandro Pieri</p><p>Figura 3 - Dentes incisivos, caninos e pré-mo-</p><p>lares da arcada superior direita de um cão</p><p>Yorkshire de quatro anos, com periodontite ini-</p><p>cial. Na região do terceiro e do quarto PM há</p><p>grande edemaciação (seta amarela). Percebe-</p><p>se alteração do contorno gengival, que não</p><p>acompanha a linha cervical (limite entre coroa e</p><p>raiz, e logo entre esmalte e cemento – linha</p><p>preta) do dente canino superior direito, indican-</p><p>do retração gengival. Grande acúmulo de cál-</p><p>culo (seta vermelha). A remoção do cálculo se</p><p>faz necessária para um completo exame por</p><p>meio de inspeção e sondagem periodontal</p><p>Fábio A</p><p>lessandro Pieri</p><p>Figura 2 - Dentes incisivos, caninos e pré-</p><p>molares superiores de cão poodle de dois anos</p><p>com gengivite, apresentando leve hiperemia (a)</p><p>na gengiva próxima à região cervical (limite</p><p>entre coroa e raiz, e logo entre esmalte e</p><p>cemento - linha preta) dos dentes. Percebe-se</p><p>edemaciação na face distal do terceiro pré-</p><p>molar superior (seta amarela)</p><p>Fábio A</p><p>lessandro Pieri</p><p>momento do emprego do tratamento</p><p>profissional 60. Uma das técnicas de esco-</p><p>vação mais indicadas utiliza movimen-</p><p>tos circulares sobre as faces dentais, com</p><p>a escova inclinada a um ângulo de 45°</p><p>da margem gengival (Figura 5), sendo a</p><p>mais citada na literatura veterinária 58.</p><p>Terapias com antissépticos</p><p>orais</p><p>Alguns estudos têm sido conduzidos</p><p>com a intenção de estabelecer novas te-</p><p>rapias de combate ao acúmulo micro-</p><p>biano nas faces dentais, tanto para auxi-</p><p>liar a escovação quanto como agente</p><p>preventivo de eleição contra a doença</p><p>periodontal, nos casos da ineficiente</p><p>prática da escovação, como em animais</p><p>indóceis que não permitem as práticas</p><p>mecânicas de manejo oral 28,61.</p><p>Várias formas de introdução dessas</p><p>terapias no manejo do animal têm sido</p><p>testadas e muitas delas disponibilizadas</p><p>comercialmente por empresas do ramo</p><p>pet – entre elas a utilização de biscoitos a</p><p>e objetos mastigatórios para higiene oral</p><p>por meio da abrasão da placa bacteriana</p><p>dental 28,58, aditivos para a água de beber b</p><p>com ação inibitória do crescimento das</p><p>bactérias 62, soluções enxaguatórias</p><p>bucais c, além de couros e biscoitos com</p><p>adição de agentes antimicrobianos d 58,63.</p><p>Pesquisadores, em estudo recente 5</p><p>visando ampliar a quantidade de alter-</p><p>nativas no combate ou retardo da forma-</p><p>ção de cálculo dental, testaram o hexa-</p><p>metafosfato de sódio e o tripolifosfato</p><p>de sódio, com resultados significativos</p><p>em ambas as substâncias, contradizendo</p><p>o apresentado por outro trabalho, que</p><p>não encontrou vantagem no seu uso 64.</p><p>Já com relação à redução da formação</p><p>da placa bacteriana oral em si, estudo</p><p>demonstrou a ineficiência de biscoitos</p><p>com hexametafosfato de sódio e tripoli-</p><p>fosfato de sódio 65. Várias opções de bis-</p><p>coitos e rações para cães de inúmeros</p><p>fabricantes estão disponíveis no merca-</p><p>do, com essas e outras substâncias, tais</p><p>como clorexidina e complexos enzimá-</p><p>ticos que liberam o íon hipotiocianato,</p><p>que elimina bactérias formadoras da</p><p>placa dental.</p><p>O adoçante natural xilitol vem sendo</p><p>utilizado em pacientes humanos em</p><p>gomas de mascar, enxaguatórios bucais</p><p>e cremes dentais com a finalidade de re-</p><p>duzir a placa bacteriana. Um trabalho</p><p>demonstrou in vitro a atividade antimi-</p><p>crobiana do açúcar sobre bactérias da</p><p>placa dental como Streptococcus 66, sen-</p><p>do possivelmente esse o seu mecanismo</p><p>de ação na inibição da placa bacteriana</p><p>dental. Adicionalmente, um trabalho</p><p>realizado no ano de 2006 apresentou</p><p>significativa redução de placa e cálculo</p><p>dental utilizando um produto à base de</p><p>xilitol e acrescido à água bebida pelo</p><p>animal; esse produto já se encontra dis-</p><p>ponível no mercado de produtos veteri-</p><p>nários 62.</p><p>A aplicação tópica de um medica-</p><p>mento para o controle da doença é con-</p><p>siderada a mais desejável, tendo em</p><p>vista a menor incidência de efeitos cola-</p><p>terais quando comparada a outras vias</p><p>de aplicação. Para a prevenção da doen-</p><p>ça periodontal, levando-se em considera-</p><p>ção a natureza menos nociva das bacté-</p><p>rias no início da doença e a maior preva-</p><p>lência da placa supragengival, aconse-</p><p>lham-se as soluções de aplicação tópica</p><p>oral, como os enxaguatórios bucais, su-</p><p>ficientes para combater as bactérias em</p><p>questão com grande vantagem, devido à</p><p>facilidade com que podem ser aplicadas</p><p>na maioria dos pacientes 67.</p><p>Entre as substâncias químicas que</p><p>podem ser utilizadas dessa forma para a</p><p>redução do acúmulo de placa em faces</p><p>dentais têm sido bastante avaliadas as</p><p>bisguanidas, as amônias quaternárias e</p><p>os fenóis 7,68. A substância de maior efi-</p><p>cácia comprovada na inibição da placa</p><p>bacteriana oral é a clorexidina 7, que tem</p><p>boa atividade antisséptica contra todos</p><p>os patógenos orais e mais diretamente</p><p>os produtos mastigáveis promotores de</p><p>atrito e a utilização de substâncias anti-</p><p>microbianas são consideradas técnicas</p><p>preventivas, em função da eliminação</p><p>da placa dental supra e subgengival.</p><p>Deve-se destacar a necessidade do</p><p>acompanhamento da eficácia da técnica</p><p>preventiva por um médico veterinário,</p><p>cuja intervenção será necessária na</p><p>maioria das vezes para realizar a profi-</p><p>laxia dental e para eliminar a placa e os</p><p>cálculos residuais em locais de difícil</p><p>acesso 56.</p><p>Escovação</p><p>A escovação dental, que vai remo-</p><p>vendo o biofilme dental por meio de</p><p>atrito 57, é considerada uma técnica de</p><p>efeito superior na redução do acúmulo</p><p>de placa bacteriana 7. A frequência de es-</p><p>covação dos dentes dos animais deveria</p><p>ser diária, para evitar constantemente a</p><p>formação da placa dental 58 e para que se</p><p>estabeleça uma rotina para o dono e pa-</p><p>ra o animal; porém, pelo fato de menos</p><p>de 10% dos proprietários seguirem</p><p>essas recomendações 56 e de a placa</p><p>bacteriana levar de 24 a 48 horas para</p><p>se organizar, tem-se preconizado a</p><p>escovação dental dos cães três vezes por</p><p>semana com resultados satisfatórios 57,58.</p><p>Existem inúmeras escovas dentais</p><p>veterinárias disponíveis no mercado</p><p>atualmente, porém uma escova infantil</p><p>com cerdas macias é considerada efeti-</p><p>va para a remoção da placa dental dos</p><p>cães. Várias pastas dentais veterinárias</p><p>também se encontram disponíveis, ela-</p><p>boradas com palatalizantes para que o</p><p>animal aceite melhor a escovação, além</p><p>de produzirem um acréscimo no atrito</p><p>promovido nos dentes 58. Percebe-se,</p><p>porém que o simples emprego correto</p><p>das técnicas de escovação minimizaria</p><p>a necessidade desse efeito aditivo da</p><p>pasta dental sobre o atrito aplicado aos</p><p>dentes 56. Substâncias antimicrobianas</p><p>também podem auxiliar efetivamente na</p><p>eliminação do biofilme dental 56,58,59, uti-</p><p>lizadas em conjunto com a escova, adi-</p><p>cionadas em cremes dentais ou empre-</p><p>gadas como soluções, potencializando</p><p>os efeitos da técnica de escovação em</p><p>alguns pontos de difícil acesso na boca</p><p>do animal.</p><p>Independentemente do material utili-</p><p>zado para a escovação, é muito impor-</p><p>tante a realização da prática, para evitar</p><p>ou retardar o surgimento da doença até o</p><p>48 Clínica Veterinária, Ano XV, n. 89, novembro/dezembro, 2010</p><p>a) Biscrok®, Pedigree, Mogi-Mirim, SP</p><p>b) CET® AquaDent™, Virbac Saúde Animal, São Paulo, SP</p><p>c) CET® Oral Hygiene Rinse, Virbac Saúde Animal, São Paulo,</p><p>SP</p><p>d) CET® Enzymatic Oral Hygiene Chews For Dogs, Virbac</p><p>Saúde Animal, São Paulo, SP e) CET® AquaDent™, Virbac Saúde Animal, São Paulo, SP</p><p>Figura 5 - Escovação dental praticada por pro-</p><p>prietário em cão da raça poodle, com escova</p><p>infantil de cerdas macias, em ângulo de 45° em</p><p>relação à gengiva</p><p>Fábio A</p><p>lessandro Pieri</p><p>(Vitis amurensis) 77, snake jasmine</p><p>(Rhinacanthus nasutus) 78, folhas de</p><p>curry (Murraya koenigii), alho (Allium</p><p>sativum) e óleo de melaleuca (Melaleuca</p><p>alternifolia) 79.</p><p>Desta forma, os pesquisadores pros-</p><p>seguem em suas análises à procura de</p><p>novos produtos para uso na prevenção</p><p>da doença periodontal por meio da ini-</p><p>bição da placa bacteriana, com possibi-</p><p>lidade de uso contínuo 61, buscando com</p><p>especial interesse um quimioterápico</p><p>que combine propriedades como ativi-</p><p>dade antimicrobiana sem provocar re-</p><p>sistência bacteriana e inibição de ade-</p><p>rência microbiana nas superfícies den-</p><p>tais, que sugeririam grande potencial</p><p>para utilização em terapias na cavidade</p><p>oral e como auxiliar na higiene oral 44,80.</p><p>Para utilização na terapêutica de ani-</p><p>mais domésticos, sugere-se a inclusão</p><p>deste possível agente antisséptico e anti-</p><p>aderente em formulações contendo pa-</p><p>latabilizantes à base de galinha, carne</p><p>bovina, peixes entre outros 3.</p><p>Considerações finais</p><p>Conclui-se que por meio do prévio</p><p>conhecimento das estruturas periodon-</p><p>tais, da microbiota oral envolvida na pa-</p><p>togenia da doença periodontal, tal como</p><p>o processo patogênico e sua progressão,</p><p>além das técnicas e substâncias com</p><p>possível aplicação no combate à placa</p><p>dental, podem-se estabelecer diferentes</p><p>terapias preventivas para evitar a forma-</p><p>ção da doença. Se aplicadas de maneira</p><p>correta, tais terapias poderiam reduzir</p><p>significativamente a incidência da</p><p>afecção, que interfere de maneira im-</p><p>portante na qualidade de vida dos ani-</p><p>mais e na sua convivência com seus pro-</p><p>prietários.</p><p>Entretanto, é importante salientar que</p><p>o tratamento profissional é indispensá-</p><p>vel na maior parte dos casos, principal-</p><p>mente na população predisposta à doen-</p><p>ça, geralmente uma vez por ano, apre-</p><p>sentando assim limitações, pois a placa</p><p>dental volta a se acumular, devendo ser</p><p>acompanhada das técnicas preventivas</p><p>disponíveis, como a escovação dental</p><p>na frequência preconizada e as outras</p><p>formas de prevenção disponíveis no</p><p>mercado veterinário.</p><p>Referências</p><p>01-HARVEY, C. E. ; EMILY, P. P. Small animal</p><p>dentistry. St. Louis: Mosby - Year Book Inc,</p><p>1993. 413p.</p><p>02-ROMAN, F. S. ; CANCIO, S. ; CEDIEL, R. ;</p><p>GARCIA, P. ; SANCHES, M. 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Tais efeitos jus-</p><p>tificam a utilização dessa substância</p><p>apenas por poucos dias 11, o que poderia</p><p>inviabilizar sua aplicação na prevenção</p><p>da doença periodontal, terapia que exi-</p><p>giria uso contínuo do agente quimiote-</p><p>rápico eleito para essa finalidade 71.</p><p>Recentemente o óleo de girassol</p><p>ozonizado foi testado, apresentando re-</p><p>sultados positivos na redução microbia-</p><p>na em pacientes humanos com doença</p><p>periodontal 72 e o óleo de copaíba foi</p><p>aplicado de forma tópica em cães, com</p><p>auxílio de gaze embebida em solução a</p><p>10% do mesmo, tendo sido obtidos</p><p>resultados iguais aos da clorexidina na</p><p>redução de mais de 50% da população</p><p>microbiana oral destes, comparados a</p><p>um controle negativo 61. Adicionalmente</p><p>alguns ensaios in vitro foram realizados</p><p>para análise da atividade antimicrobiana</p><p>do óleo de copaíba (Copaifera sp) so-</p><p>bre bactérias formadoras de placa den-</p><p>tal 61,73,74 e avaliação da inibição da</p><p>aderência de Streptococcus sp em capi-</p><p>lares de vidro causada pelo mesmo fito-</p><p>terápico 61, obtendo em ambos os casos</p><p>resultados positivos. Vale ressaltar que</p><p>para ambas as substâncias ainda não há</p><p>comercialização de produtos com a fi-</p><p>nalidade de combater a placa dental,</p><p>visto que novos estudos têm sido desen-</p><p>volvidos para confirmação da atividade</p><p>antimicrobiana, mecanismo e espectro</p><p>de ação e possíveis efeitos colaterais.</p><p>Muitos outros produtos naturais têm</p><p>sido estudados como potenciais fontes</p><p>de compostos para uso na prevenção da</p><p>doença periodontal pela inibição de</p><p>bactérias formadoras de placa dental,</p><p>porém ainda sem aplicabilidade comer-</p><p>cial, tais como: própolis 47, chá verde</p><p>(Camellia sinensis) 75, jurema-preta</p><p>(Mimosa tenuiflora) 76, uva de Amur</p><p>50 Clínica Veterinária, Ano XV, n. 89, novembro/dezembro, 2010</p><p>f) Periogard®, Colgate-Palmolive Company, São Paulo, SP</p><p>small animal dentistry. Cheltenham: British</p><p>small animal veterinary association, 1990. p. 73-</p><p>83.</p><p>27-DEBOWES, L. ; MOSIER, D. ; LOGAN, E. ;</p><p>HARVEY, C. E. ; LOWRY, S. ; RICHARDSON,</p><p>D. C. Association of periodontal disease and</p><p>histologic lesions in multiple organs from 45</p><p>dogs. Journal of Veterinary Dentistry, v. 13,</p><p>n. 2, p. 57-60, 1996.</p><p>28-GIOSO, M. A. ; CARVALHO, V. G. G. Métodos</p><p>Preventivos para a manutenção da boa saúde</p><p>bucal em cães e gatos. Clínica Veterinária, Ano</p><p>9, n. 52, p. 68-76, 2004.</p><p>29-PEDDLE, G. D. ; DROBATZ, K. J. ; HARVEY,</p><p>C. E. ; ADAMS, A. ; SLEEPER, M. M.</p><p>Association of periodontal disease, oral</p><p>procedures, and other clinical findings with</p><p>bacterial endocarditis in dogs. Journal of the</p><p>American Veterinary Medical Association,</p><p>v. 234, n. 1, p. 100-107, 2009.</p><p>30-SLEE, A. M. ; O'CONNOR, J. R. ; BAILEY, D.</p><p>M. 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Stermann</p><p>FMVZ/USP</p><p>fsterman@usp.br</p><p>Franz Naoki Yoshitoshi</p><p>Provet</p><p>franz.naoki@terra.com.br</p><p>Geovanni Dantas Cassali</p><p>ICB/UFMG</p><p>cassalig@icb.ufmg.br</p><p>Geraldo Márcio da Costa</p><p>DMV/UFLA</p><p>gmcosta@ufla.br</p><p>Gerson Barreto Mourão</p><p>ESALQ/USP</p><p>gbmourao@esalq.usp.br</p><p>Hannelore Fuchs</p><p>Instituto PetSmile</p><p>afuchs@amcham.com.br</p><p>Hector Daniel Herrera</p><p>Univ. de Buenos Aires</p><p>hdh@fvet.uba.ar</p><p>Hector Mario Gomez</p><p>EMV/FERN/UAB</p><p>hectgz@netscape.net</p><p>Hélio Autran de Moraes</p><p>Dep. Clin. Sci./Oregon S. U.</p><p>demorais@svm.vetmed.wisc.edu</p><p>Hélio Langoni</p><p>FMVZ/UNESP-Botucatu</p><p>hlangoni@fmvz.unesp.br</p><p>Heloisa J. M. de Souza</p><p>FMV/UFRRJ</p><p>justen@centroin.com.br</p><p>Herbert Lima Corrêa</p><p>ODONTOVET</p><p>odontovet@odontovet.com</p><p>Iara Levino dos Santos</p><p>Koala H. A. e Inst. Dog Bakery</p><p>iaralevino@yahoo.com.br</p><p>Idael C. A. Santa Rosa</p><p>UFLA</p><p>starosa@ufla.br</p><p>Ismar Moraes</p><p>FMV/UFF</p><p>fisiovet@vm.uff.br</p><p>James N. B. M. Andrade</p><p>FMV/UTP</p><p>jamescardio@hotmail.com</p><p>Jane Megid</p><p>FMVZ/Unesp-Botucatu</p><p>jane@fmvz.unesp.br</p><p>Janis R. M. Gonzalez</p><p>FMV/UEL</p><p>janis@uel.br</p><p>Jairo Barreras</p><p>FioCruz</p><p>jairo@ioc.fiocruz.br</p><p>Jean Carlos Ramos Silva</p><p>UFRPE, IBMC-Triade</p><p>jean@triade.org.br</p><p>João G. Padilha Filho</p><p>FCAV-Unesp-Jaboticabal</p><p>padilha@fcav.unesp.br</p><p>João Pedro A. Neto</p><p>UAM</p><p>joaopedrovet@hotmail.com</p><p>José Alberto P. da Silva</p><p>FMVZ/USP e UNIBAN</p><p>jsilva@uniban.br</p><p>José de Alvarenga</p><p>FMVZ/USP</p><p>alangarve@terra.com.br</p><p>Jose Fernando Ibañez</p><p>FALM/UENP</p><p>ibanez@uenp.edu.br</p><p>José Luiz Laus</p><p>FCAV/Unesp-Jaboticabal</p><p>jllaus@fcav.unesp.br</p><p>José Ricardo Pachaly</p><p>UNIPAR</p><p>pachaly@uol.com.br</p><p>José Roberto Kfoury Júnior</p><p>FMVZ/USP</p><p>robertok@fmvz.usp.br</p><p>Juliana Brondani</p><p>FMVZ/Unesp-Botucatu</p><p>jtbrondani@yahoo.com</p><p>Julio C. Cambraia Veado</p><p>FMVZ/UFMG</p><p>cambraia@vet.ufmg.br</p><p>Karin Werther</p><p>FCAV/Unesp-Jaboticabal</p><p>werther@fcav.unesp.br</p><p>Leonardo Pinto Brandão</p><p>Merial Saúde Animal</p><p>leobrandao@yahoo.com</p><p>Leucio Alves</p><p>FMV/UFRPE</p><p>leucioalves@gmail.com</p><p>é uma revista técnico-científica bimestral, dirigida</p><p>aos clínicos veterinários de pequenos animais, estu-</p><p>dantes e professores de medicina veterinária, publi-</p><p>cada pela Editora Guará Ltda.</p><p>As opiniões em artigos assinados não são neces-</p><p>sariamente compartilhadas pelos editores.</p><p>Os conteúdos dos anúncios veiculados são de</p><p>total responsabilidade dos anunciantes.</p><p>Não é permitida a reprodução parcial ou total do</p><p>conteúdo desta publicação sem a prévia autoriza-</p><p>ção da editora.</p><p>Revista de educação continuada do clínico veterinário de pequenos animais</p><p>Clínica Veterinária, Ano XV, n. 89, novembro/dezembro, 2010 7</p><p>CONSULTORES CIENTÍFICOS/SCIENTIFIC COUNCIL</p><p>Luciana Torres</p><p>FMVZ/USP</p><p>lu.torres@terra.com.br</p><p>Lucy M . R. de Muniz</p><p>FMVZ/Unesp-Botucatu</p><p>lucy_marie@uol.com.br</p><p>Luiz Carlos Vulcano</p><p>FMVZ/Unesp-Botucatu</p><p>vulcano@fmvz.unesp.br</p><p>Luiz Henrique Machado</p><p>FMVZ/Unesp-Botucatu</p><p>henrique@fmvz.unesp.br</p><p>Marcello Otake Sato</p><p>FMV/UFTO</p><p>otake@uft.edu.br</p><p>Marcelo A. B. V. Guimarães</p><p>FMVZ/USP</p><p>mabvg@usp.br</p><p>Marcelo Bahia Labruna</p><p>FMVZ/USP</p><p>labruna@usp.br</p><p>Marcelo de C. Pereira</p><p>FMVZ/USP</p><p>marcelcp@usp.br</p><p>Marcia Kahvegian</p><p>FMVZ/USP</p><p>makahve@hotmail.com</p><p>Márcia Marques Jericó</p><p>UAM e UNISA</p><p>marciajerico@hotmail.com</p><p>Marcia M. Kogika</p><p>FMVZ/USP</p><p>mmkogika@usp.br</p><p>Marcio B. Castro</p><p>UNB</p><p>mbcastro2005@yahoo.com.br</p><p>Marcio Dentello Lustoza</p><p>Biogénesis-Bagó Saúde Animal</p><p>mdlustoza@uol.com.br</p><p>Márcio Garcia Ribeiro</p><p>FMVZ/Unesp-Botucatu</p><p>mgribeiro@fmvz.unesp.br</p><p>Marco Antonio Gioso</p><p>FMVZ/USP</p><p>maggioso@usp.br</p><p>Marconi R. de Farias</p><p>PUC-PR</p><p>marconi.farias@pucpr.br</p><p>Maria Cecilia Rui Luvizotto</p><p>CMV/Unesp-Aracatuba</p><p>ruimcl@fmva.unesp.br</p><p>Maria Cristina F. N. S. Hage</p><p>FMV/UFV</p><p>crishage@ufv.br</p><p>Maria Cristina Nobre</p><p>FMV/UFF</p><p>mcnobre@predialnet.com.br</p><p>Maria de Lourdes E. Faria</p><p>VCA/SEPAH</p><p>Maria Jaqueline Mamprim</p><p>FMVZ/Unesp-Botucatu</p><p>jaquelinem@fmvz.unesp.br</p><p>Maria Lúcia Zaidan Dagli</p><p>FMVZ/USP</p><p>malu021@yahoo.com</p><p>Maria Rosalina R. Gomes</p><p>Médica veterinária sanitarista</p><p>rosa-gomes@ig.com.br</p><p>Marion B. de Koivisto</p><p>CMV/Unesp-Araçatuba</p><p>koivisto@fmva.unesp.br</p><p>Marta Brito</p><p>FMVZ/USP</p><p>mbrito@usp.br</p><p>Mary Marcondes</p><p>CMV/Unesp-Araçatuba</p><p>marcondes@fmva.unesp.br</p><p>Masao Iwasaki</p><p>FMVZ/USP</p><p>miwasaki@usp.br</p><p>Mauro J. Lahm Cardoso</p><p>FALM/UENP</p><p>maurolahm@ffalm.br</p><p>Mauro Lantzman</p><p>Psicologia PUC-SP</p><p>maurolantzman@gmail.com</p><p>Michele A. F. A. Venturini</p><p>ODONTOVET</p><p>michele@odontovet.com</p><p>Michiko Sakate</p><p>FMVZ/Unesp-Botucatu</p><p>michikos@fmvz.unesp.br</p><p>Miriam Siliane Batista</p><p>FMV/UEL</p><p>msiliane@uel.br</p><p>Moacir S. de Lacerda</p><p>UNIUBE</p><p>moacir.lacerda@uniube.br</p><p>Monica Vicky Bahr Arias</p><p>FMV/UEL</p><p>vicky@uel.br</p><p>Nadia Almosny</p><p>FMV/UFF</p><p>mcvalny@vm.uff.br</p><p>Nayro X. Alencar</p><p>FMV/UFF</p><p>nayro@vm.uff.br</p><p>Nei Moreira</p><p>CMV/UFPR</p><p>neimoreira@ufpr.br</p><p>Nilson R. Benites</p><p>FMVZ/USP</p><p>benites@usp.br</p><p>Nobuko Kasai</p><p>FMVZ/USP</p><p>nkasai@usp.br</p><p>Noeme Sousa Rocha</p><p>FMV/Unesp-Botucatu</p><p>rochanoeme@fmvz.unesp.br</p><p>Norma V. Labarthe</p><p>FMV/UFFe FioCruz</p><p>labarthe@centroin.com.br</p><p>Patrícia Mendes Pereira</p><p>DCV/CCA/UEL</p><p>pmendes@uel.br</p><p>Paulo César Maiorka</p><p>FMVZ/USP</p><p>pmaiorka@yahoo.com</p><p>Paulo Iamaguti</p><p>FMVZ/Unesp-Botucatu</p><p>pauloiamaguti@ig.com.br</p><p>Paulo S. Salzo</p><p>UNIMES, UNIBAN</p><p>pssalzo@ig.com.br</p><p>Paulo Sérgio M. Barros</p><p>FMVZ/USP</p><p>pauloeye@usp.br</p><p>Pedro Germano</p><p>FSP/USP</p><p>pmlgerma@usp.br</p><p>Pedro Luiz Camargo</p><p>DCV/CCA/UEL</p><p>p.camargo@uel.br</p><p>Rafael Almeida Fighera</p><p>FMV/UFSM</p><p>anemiaveterinaria@yahoo.com.br</p><p>Rafael Costa Jorge</p><p>Hovet Pompéia</p><p>rc-jorge@uol.com.br</p><p>Regina H. R. Ramadinha</p><p>FMV/UFRRJ</p><p>regina@vetskin.com.br</p><p>Renata Navarro Cassu</p><p>Unoeste-Pres. Prudente</p><p>renavarro@uol.com.br</p><p>Renée Laufer Amorim</p><p>FMVZ/Unesp-Botucatu</p><p>renee@fmvz.unesp.br</p><p>Ricardo Duarte</p><p>Hovet Pompéia</p><p>netuno2000@hotmail.com</p><p>Rita de Cassia Garcia</p><p>FMV/USP</p><p>rita@vps.fmvz.usp.br</p><p>Rita de Cassia Meneses</p><p>IV/UFRRJ</p><p>cassia@ufrrj.br</p><p>Rita Leal Paixão</p><p>FMV/UFF</p><p>rita_paixao@uol.com.br</p><p>Robson F. Giglio</p><p>Provet e Hosp. Caes e Gatos</p><p>robsongiglio@gmail.com</p><p>Rodrigo Gonzalez</p><p>FMV/Anhembi-Morumbi</p><p>rgonzalez@globo.com</p><p>Rodrigo Mannarino</p><p>FMVZ/Unesp-Botucatu</p><p>r.mannarino@uol.com.br</p><p>Ronaldo Casimiro da Costa</p><p>CVM/Ohio State University</p><p>dacosta.6@osu.edu</p><p>Ronaldo G. Morato</p><p>CENAP/ICMBio</p><p>ronaldo.morato@icmbio.gov.br</p><p>Rosângela de O. Alves</p><p>EV/UFG</p><p>rosecardio@yahoo.com.br</p><p>Rute Chamie A. de Souza</p><p>UFRPE/UAG</p><p>rutecardio@yahoo.com.br</p><p>Ruthnéa A. L. Muzzi</p><p>DMV/UFLA</p><p>ralmuzzi@ufla.br</p><p>Sady Alexis C. Valdes</p><p>ICBIM/UFU</p><p>sadyzola@usp.br</p><p>Sheila Canavese Rahal</p><p>FMVZ/Unesp-Botucatu</p><p>sheilacr@fmvz.unesp.br</p><p>Silvia E. Crusco</p><p>FMVA/Unesp-Araçatuba</p><p>silviacrusco@terra.com.br</p><p>Silvia R. G. Cortopassi</p><p>FMVZ/USP</p><p>silcorto@usp.br</p><p>Silvio Arruda Vasconcellos</p><p>FMVZ/USP</p><p>savasco@usp.br</p><p>Silvio Luis P. de Souza</p><p>FMVZ/USP, UAM</p><p>slpsouza@usp.br</p><p>Stelio Pacca L. Luna</p><p>FMVZ/Unesp-Botucatu</p><p>stelio@fmvz.unesp.br</p><p>Suely Beloni</p><p>DCV/CCA/UEL</p><p>beloni@uel.br</p><p>Tilde Rodrigues Froes Paiva</p><p>FMV/UFPR</p><p>tilde9@hotmail.com</p><p>Valéria Ruoppolo</p><p>Int. Fund for Animal Welfare</p><p>vruoppolo@uol.com.br</p><p>Vamilton Santarém</p><p>Unoeste</p><p>vsantarem@itelefonica.com.br</p><p>Viviani de Marco</p><p>UNG, Hovet Pompéia</p><p>vivianidemarco@terra.com.br</p><p>Wagner S. Ushikoshi</p><p>FMV/UNISA e FMV/CREUPI</p><p>wushikoshi@yahoo.com.br</p><p>Zalmir S. Cubas</p><p>Itaipu Binacional</p><p>cubas@foznet.com.br</p><p>Indexada no ISI Web of Knowledge - Zoological Record, Latindex e no CAB Abstracts</p><p>Instruções aos autores</p><p>Artigos científicos inéditos, revisões de lite-</p><p>ratura e relatos de caso enviados à redação</p><p>são avaliados pela equipe editorial. Em face</p><p>do parecer inicial, o material é encaminhado</p><p>aos consultores científicos. A equipe decidirá</p><p>sobre a conveniência da publicação, de forma</p><p>integral ou parcial, encaminhando ao autor</p><p>sugestões e possíveis correções.</p><p>Para esta primeira avaliação, devem ser</p><p>enviados pela internet (cvredacao@</p><p>editoraguara.com.br) um arquivo texto (.doc)</p><p>com o trabalho e imagens digitalizadas em for-</p><p>mato .jpg . No caso dos autores não possuirem</p><p>imagens digitalizadas, cópias das imagens ori-</p><p>ginais (fotos, slides ou ilustrações acompa-</p><p>nhadas de identificação de propriedade e de</p><p>autor) devem ser encaminhadas pelo correio</p><p>ao nosso departamento de redação. Os</p><p>autores devem enviar tambem a identificação</p><p>de todos os autores do trabalho (nome com-</p><p>pleto, RG,</p><p>21-NEWMAN, M. G. ; CARRANZA, F. A. ;</p><p>TAKEI, F. A. ; HENRY, H. Periodontia clínica.</p><p>9. ed. Rio de Janeiro: Editora Guanabara</p><p>Koogan, 2004. 899p.</p><p>22-HARVEY, C. E. ; SHOFER, F. S. ; LASTER, L.</p><p>Association of age and body weight with</p><p>periodontal disease in North American dogs.</p><p>Journal of Veterinary Dentistry, v. 11, n. 3,</p><p>p. 94-105,1994.</p><p>23-HENNET, P. Periodontal disease and oral</p><p>microbiology. In: CROSSLEY, D. A. ;</p><p>PENMANN, S. Manual of small animal</p><p>dentistry. 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Efeitos secundários dos tumores,</p><p>como edema vasogênico e hidrocefalia,</p><p>também podem ser observados pela TC</p><p>ou pela RM 16.</p><p>Outra técnica diagnóstica utilizada</p><p>em animais com alterações neurológi-</p><p>cas é a análise do líquido cefalorraqui-</p><p>diano (LCR). Para esta, deve-se tomar</p><p>cuidado durante a colheita nos animais</p><p>com suspeita de neoplasmas intracra-</p><p>nianos, pois a pressão intracraniana</p><p>Mariana Isa Poci Palumbo</p><p>MV, residente</p><p>Depto. Clínica Veterinária - FMVZ/Unesp-Botucatu</p><p>palumboma11@yahoo.com.br</p><p>Rogério Martins Amorim</p><p>MV, prof. ass. dr.</p><p>Depto. Clínica Veterinária - FMVZ/Unesp-Botucatu</p><p>rmamorim@fmvz.unesp.br</p><p>Didier Quevedo Cagnini</p><p>Médico veterinário</p><p>PPGMV/Unesp-Botucatu</p><p>didiercagnini@yahoo.com.br</p><p>Júlio Lopes Sequeira</p><p>MV, prof. ass. dr.</p><p>Depto. Patol. Veterinária - FMVZ/Unesp-Botucatu</p><p>sequeira@fmvz.unesp.br</p><p>Vânia Maria de Vasconcelos Machado</p><p>MV, profa. ass. dra.</p><p>Depto. Radiol. Veterinária - FMVZ/Unesp-Botucatu</p><p>vaniamvm@fmvz.unesp.br</p><p>Luiz Carlos Vulcano</p><p>MV, prof. adj.</p><p>Depto. Radiol. Veterinária - FMVZ/Unesp-Botucatu</p><p>vulcano@fmvz.unesp.br</p><p>Glioma misto em um cão –</p><p>relato de caso</p><p>Resumo: Os neoplasmas intracranianos são causas comuns de disfunções neurológicas em cães de idade média</p><p>a avançada. Com a viabilidade da realização de tomografia computadorizada, tornou-se possível a determinação</p><p>da extensão e a localização exata dos tumores cerebrais em cães e gatos, bem como a sua identificação ante</p><p>mortem. O presente trabalho tem como objetivo relatar a ocorrência de glioma misto em um cão da raça boxer</p><p>atendido no Hospital Veterinário da FMVZ-Unesp, campus de Botucatu. O animal apresentava uma síndrome</p><p>cerebral de início agudo e curso progressivo. No exame de tomografia computadorizada observou-se a presença</p><p>de massa no hemisfério cerebral direito, que se estendia da região frontal até a parietal, envolvendo os núcleos</p><p>da base. Diante da gravidade das alterações neurológicas, optou-se pela realização da eutanásia e a análise</p><p>microscópica da massa permitiu o diagnóstico de glioma misto.</p><p>Unitermos: neoplasia, sistema nervoso central, neurologia</p><p>Abstract: Intracranial neoplasms are common causes of neurological disorders in middle-aged and elderly dogs.</p><p>With the feasibility of computed tomography, it is now possible to determine the extent and exact location of brain</p><p>tumors, identifying them ante mortem in dogs and cats. This paper aims to report the occurrence of a mixed glioma</p><p>in a Boxer dog examined at the Veterinary Hospital of Unesp, Botucatu Campus. The animal presented with a brain</p><p>syndrome of acute onset and progressive course. CT scan showed the presence of a mass in the right cerebral</p><p>hemisphere extending from the frontal to the parietal region and involving the basal ganglia. Given the gravity of</p><p>the neurological disorder, the owner chose to perform euthanasia. Microscopic analysis of the mass allowed the</p><p>diagnosis of mixed glioma.</p><p>Keywords: neoplasm, central nervous system, neurology</p><p>Resumen: Los neoplasmas intracraneales son causas comunes de trastornos neurológicos en perros de edad</p><p>media a avanzada. Con el advenimiento de la tomografía computarizada fue posible determinar la extensión y la</p><p>ubicación exacta de los tumores cerebrales en perros y gatos, y su identificación con el animal vivo. Este artículo</p><p>tiene por objeto informar la aparición de un glioma mixto en un perro Boxer en el Hospital Veterinario de la Clínica</p><p>Veterinaria de la Unesp, campus de Botucatu. El animal tenía un síndrome cerebral de comienzo agudo y curso</p><p>progresivo. La TC mostró la presencia de masa en el hemisferio cerebral derecho que se extendía desde la región</p><p>frontal a la parietal involucrando los ganglios basales. Dada la gravedad de los trastornos neurológicos, se optó</p><p>por realizar la eutanasia. El análisis microscópico de la masa permitió el diagnóstico de glioma mixto.</p><p>Palabras clave: cáncer, sistema nervioso central, neurología</p><p>Clínica Veterinária, n. 89, p. 54-58, 2010</p><p>Mixed glioma in a dog – case report</p><p>Glioma mixto en un perro – caso clínico</p><p>Introdução</p><p>Apesar dos neoplasmas intracrania-</p><p>nos aparentemente serem mais comuns</p><p>em cães do que em outras espécies do-</p><p>mésticas, existem poucos dados sobre a</p><p>incidência de tumores cerebrais na espé-</p><p>cie canina 1,2. Em média, estima-se que</p><p>ocorram em 14,5% dos cães e 3,5% dos</p><p>gatos 3.</p><p>Os neoplasmas que afetam o sistema</p><p>nervoso central (SNC) podem ser classi-</p><p>ficados como primários ou secundários,</p><p>dependendo da célula de origem 1,4-6. Os</p><p>tumores primários surgem de células</p><p>normalmente encontradas no encéfalo e</p><p>nas meninges, enquanto os secundários</p><p>são os tumores metastáticos que afetam</p><p>o SNC e são originários de um foco pri-</p><p>mário fora do sistema nervoso, ou</p><p>ainda, por extensão direta, de neoplas-</p><p>mas infiltrativos de tecidos não neuro-</p><p>nais adjacentes (como o crânio ou uma</p><p>vértebra) que invadem ou comprimem</p><p>estruturas do SNC 2,7.</p><p>Os meningiomas e os gliomas são os</p><p>neoplasmas intracranianos primários</p><p>mais comuns em cães e gatos 1,8-10. Os</p><p>neoplasmas da glia são um grupo pleo-</p><p>mórfico e sua classificação é baseada no</p><p>tipo celular predominante, isto é, astró-</p><p>citos ou oligodendrócitos 11. Desde mea-</p><p>dos de 1990, alguns patologistas obser-</p><p>varam que, além dos gliomas monocíti-</p><p>cos, existem neoplasmas que misturam</p><p>dois ou mais tipos de células da glia 12.</p><p>Um exemplo disso é o glioma misto,</p><p>também designado oligoastrocitoma,</p><p>que apresenta duas populações celulares</p><p>neoplásicas distintas: os oligodendróci-</p><p>tos e os astrócitos 11.</p><p>Os tumores causam disfunção cere-</p><p>bral por efeitos primários ou secundá-</p><p>rios. Os efeitos</p><p>primários ocorrem devi-</p><p>do à infiltração do tecido cerebral nor-</p><p>mal, à compressão de estruturas adja-</p><p>centes e à necrose local 13. Os efeitos se-</p><p>cundários incluem edema vasogênico,</p><p>hemorragia e distúrbios na drenagem do</p><p>54 Clínica Veterinária, Ano XV, n. 89, novembro/dezembro, 2010</p><p>pode ser utilizada como agente único ou</p><p>associada a outros tipos de tratamento 24.</p><p>A imunoterapia consiste na cultura e na</p><p>estimulação de linfócitos do paciente in</p><p>vitro para aplicação em sítios tumorais</p><p>durante cirurgias 25 e esta pode ser uma</p><p>modalidade de tratamento efetiva 16.</p><p>Os gliomas são associados a um</p><p>prognóstico desfavorável 8. A maioria</p><p>desses animais morre ou é submetida a</p><p>eutanásia em um a quatro meses por</p><p>piora do quadro neurológico 8.</p><p>O presente trabalho tem como objeti-</p><p>vo relatar os aspectos clínicos, laborato-</p><p>riais, tomográficos e histológicos de um</p><p>glioma misto diagnosticado em um cão</p><p>da raça boxer atendido no Hospital Ve-</p><p>terinário da FMVZ-Unesp, campus de</p><p>Botucatu.</p><p>Relato de caso</p><p>Um cão da raça boxer, macho, de</p><p>doze anos de idade, foi trazido ao Hos-</p><p>pital Veterinário da Faculdade de Medi-</p><p>cina Veterinária e Zootecnia da Unesp-</p><p>Botucatu com histórico de distúrbios</p><p>comportamentais (agressividade para</p><p>com outros cães) havia sete dias. O ani-</p><p>mal relutava em andar e, quando se lo-</p><p>comovia, andava em círculos.</p><p>O paciente apresentou vacinas éticas</p><p>atualizadas e os dois cães contactantes</p><p>estavam assintomáticos. Durante o exa-</p><p>me físico, não foram observadas altera-</p><p>ções nos parâmetros vitais avaliados.</p><p>Foram realizados exames complemen-</p><p>tares como: hemograma, urinálise, teste</p><p>de função renal, glicemia e dosagem do</p><p>cálcio sérico, cujos valores estavam</p><p>dentro da normalidade. Os testes de fun-</p><p>ção hepática estavam discretamente al-</p><p>terados (ALT: 140,8UI/L; FA:</p><p>229,6UI/L; GGT: 9,5UI/L).</p><p>Clínica Veterinária, Ano XV, n. 89, novembro/dezembro, 2010</p><p>(PIC) geralmente está aumentada e a co-</p><p>lheita do líquor pode levar à herniação</p><p>cerebelar – compressão medular aguda</p><p>com parada respiratória 13,17. De modo</p><p>geral, um aumento na concentração de</p><p>proteínas sem um aumento concomi-</p><p>tante na contagem celular é observado</p><p>em neoplasmas cerebrais 18. Em um rela-</p><p>to, apenas 39,6% dos animais apresen-</p><p>taram alterações típicas na análise do</p><p>LCR 19.</p><p>O eletroencefalograma pode ajudar</p><p>no diagnóstico de tumores corticais pe-</p><p>la demonstração de anormalidades fo-</p><p>cais 16. Outros métodos utilizados menos</p><p>comumente incluem: radiografias, an-</p><p>giografia cerebral e biópsia cerebral.</p><p>Há quatro tipos de tratamento indica-</p><p>dos para a redução ou a erradicação da</p><p>massa tumoral: cirurgia, quimioterapia,</p><p>radioterapia e imunoterapia 20-22. Alguns</p><p>gliomas caninos são cirurgicamente</p><p>acessíveis, mas a remoção cirúrgica dos</p><p>gliomas é considerada mais complicada</p><p>do que a de meningiomas 8. Os gliomas</p><p>tendem a infiltrar o parênquima cerebral</p><p>normal, tornando-se difícil discernir a</p><p>margem tumoral do tecido encefálico</p><p>durante a cirurgia 8.</p><p>Agentes quimioterápicos específicos,</p><p>que atingem adequadamente o SNC,</p><p>incluem: nitrosureias, carmustina, lo-</p><p>mustina e semustina 16. Vários cães com</p><p>histopatologia confirmada de glioma</p><p>melhoraram após a administração de ni-</p><p>trosureia e lomustina sozinha ou asso-</p><p>ciada a outras formas de tratamento 1. É</p><p>recomendado o uso da lomustina na do-</p><p>se de 60mg/m2 a cada seis a oito sema-</p><p>nas para cães 8.</p><p>O uso da radioterapia para o trata-</p><p>mento de tumores primários em cães e</p><p>gatos está bem estabelecido 20,23. Ela</p><p>55</p><p>No exame neurológico o animal de-</p><p>monstrou andar rígido, tetra-ataxia, pro-</p><p>priocepção consciente diminuída nos</p><p>quatro membros, hiperestesia, hiper-re-</p><p>flexia em todos os membros e andar em</p><p>círculos compulsivos para o lado es-</p><p>querdo. Todos os testes clínicos de ner-</p><p>vos cranianos mostraram normalidade,</p><p>e constatou-se nível de consciência aler-</p><p>ta. Quando colocado em decúbito late-</p><p>ral, o animal apresentou rigidez de de-</p><p>cerebelação (opistótono, espasticidade</p><p>de membros anteriores, flexão de poste-</p><p>riores e nível de consciência normal).</p><p>Realizaram-se exames sorológicos</p><p>para toxoplasmose e neosporose, cujos</p><p>resultados foram negativos. O resultado</p><p>do PCR da urina para cinomose também</p><p>foi negativo. Foram realizadas TC e co-</p><p>leta de líquor. A análise das imagens</p><p>obtidas na TC revelou efeito de massa</p><p>caracterizado pelo desvio à esquerda da</p><p>foice cerebral, colabamento do ventrí-</p><p>culo lateral direito, aspecto isoatenuante</p><p>(35 HU) pré-contraste, evidenciando</p><p>heterogeneidade do parênquima cere-</p><p>bral com áreas hiperatenuantes que so-</p><p>freram realce de imagem após injeção</p><p>de meio de contraste (46 HU) e hipoate-</p><p>nuantes (22 HU) pós-contraste, sugerin-</p><p>do presença de massa que se estendia da</p><p>região frontal até a parietal, com envol-</p><p>vimento dos núcleos da base (Figura 1).</p><p>Na análise do líquor foi observada</p><p>discreta pleocitose linfocítica (47%) e</p><p>presença de células mononucleares</p><p>(27%), neutrófilos segmentados (17%),</p><p>macrófagos (7%) e eosinófilos (2%),</p><p>além de presença de hemossiderina em</p><p>macrófagos. O valor da proteína total</p><p>apresentou-se normal (19,2mg/dL).</p><p>Prescreveu-se prednisona (1mg/kg, a</p><p>cada doze horas) e sulfa com trimeto-</p><p>Discussão</p><p>Os tumores cerebrais ocorrem em</p><p>cães de qualquer idade, de todas as</p><p>raças e de ambos os sexos, porém são</p><p>mais frequentes em cães idosos, com</p><p>maior incidência após cinco anos de</p><p>idade 1,8,23,26,27. Mais de 70% dos tumores</p><p>primários cerebrais ocorrem em cães</p><p>com mais de seis anos de idade 21,28. A</p><p>idade do animal deste relato está de</p><p>acordo com um estudo que refere que o</p><p>risco maior para tumores da glia ocorreu</p><p>em cães de dez a quatorze anos de ida-</p><p>de 29. Outros estudos mostram que a</p><p>média das idades de 183 cães com neo-</p><p>plasma cerebral estudados era de nove</p><p>anos 23,27.</p><p>Neste caso, o tumor intracraniano</p><p>ocorreu em um cão da raça boxer, o que,</p><p>por sua vez, corrobora o afirmado por</p><p>outros autores que citaram as raças bra-</p><p>quicefálicas como as mais predispostas</p><p>a desenvolver gliomas 6,18,30.</p><p>O animal apresentava histórico de dis-</p><p>túrbios comportamentais (agressividade</p><p>para com outros cães) havia sete dias e</p><p>aparecimento das demais alterações neu-</p><p>rológicas havia um dia. Na maioria dos</p><p>casos, os sinais clínicos da disfunção neu-</p><p>rológica ocorrem lentamente; entretanto,</p><p>pode ocorrer desenvolvimento agudo ou</p><p>subagudo por exaustão dos mecanismos</p><p>compensatórios e pelo desenvolvimento</p><p>de hemorragias ou de hidrocefalia obstru-</p><p>tiva secundária ao tumor 8,16.</p><p>Os tumores cerebrais que afetam o</p><p>córtex podem resultar em ataxia, andar</p><p>em círculos, andar contínuo e pressão</p><p>da cabeça contra objetos 16,17. Os gliomas</p><p>provocam um grande edema peritumo-</p><p>ral, por sua natureza expansiva e com-</p><p>portamento invasivo 31,32. Outros sinais</p><p>clínicos frequentemente associados a</p><p>tumores cerebrais em cães e gatos in-</p><p>cluem: pleurotótono, alterações com-</p><p>portamentais, convulsões, depressão</p><p>mental, incontinência urinária e hiperes-</p><p>tesia da coluna cervical 17,27,30,33,34. Todos</p><p>os sinais neurológicos apresentados</p><p>pelo animal são compatíveis com as</p><p>alterações descritas pela literatura.</p><p>Os exames laboratoriais realizados</p><p>permitiram a exclusão de possíveis</p><p>causas metabólicas. Também foi descar-</p><p>tada a possibilidade de toxoplasmose,</p><p>neosporose e cinomose. A análise do</p><p>LCR coletado sugeriu processo infla-</p><p>matório. As células tumorais raramente</p><p>são vistas na análise do LCR 7,29. De</p><p>modo geral, observa-se aumento na</p><p>concentração de proteínas sem um</p><p>aumento concomitante na contagem</p><p>celular em neoplasmas cerebrais 18,</p><p>porém o líquor pode apresentar-se nor-</p><p>mal 19.</p><p>A TC mostrou a presença e a locali-</p><p>zação exata da massa intracraniana 7. A</p><p>aparência dos gliomas na TC é variada,</p><p>e pode não haver realce após injeção de</p><p>meio de contraste iodado 31,35,36. Neste re-</p><p>lato, a análise da TC revelou a presença</p><p>de uma massa tumoral isoatenuante nas</p><p>imagens pré-contraste, com leve realce</p><p>após a aplicação do contraste, corrobo-</p><p>rando os achados de outros autores, que</p><p>descrevem que os gliomas exibem</p><p>pobre realce ao meio de contraste 31.</p><p>Os gliomas são neoplasias paren-</p><p>quimatosas com aspectos tomográfi-</p><p>cos similares:</p><p>são únicos, de localização</p><p>intra-axial, mais frequentemente ros-</p><p>trotentorial, apresentam aspecto ova-</p><p>loide ou difuso, com produção de efei-</p><p>to de massa severo, edema adjacente e</p><p>prim (30mg/kg, a cada doze horas) e</p><p>cloridrato de tramadol (2mg/kg, a cada</p><p>oito horas), porém, diante da gravidade</p><p>dos sinais neurológicos, o proprietário</p><p>optou pela realização da eutanásia do</p><p>animal. Posteriormente foi realizado o</p><p>exame necroscópico.</p><p>Na avaliação macroscópica obser-</p><p>vou-se aumento de volume do córtex</p><p>parietal e occipital, causando compres-</p><p>são do cerebelo. Verificou-se herniação</p><p>da porção caudal do verme do cerebelo</p><p>através do forame magno. Ao corte,</p><p>observou-se massa de coloração hetero-</p><p>gênea, variando entre branco-acinzenta-</p><p>da e rósea, medindo 1,5cm de diâmetro,</p><p>localizada na região subcortical desde a</p><p>região frontal até a parietal, que acome-</p><p>tia os núcleos da base e o tálamo, com</p><p>destruição do parênquima cerebral, des-</p><p>locamento do hipocampo, do tálamo e</p><p>do mesencéfalo e aumento do volume</p><p>de LCR, com dilatação dos ventrículos</p><p>laterais (Figura 1).</p><p>A análise microscópica mostrou a pre-</p><p>sença de massa neoplásica composta por</p><p>populações morfologicamente distintas.</p><p>A primeira, composta por oligoden-</p><p>drócitos, caracterizou-se pela presença de</p><p>células com pequenos núcleos redondos e</p><p>basofílicos, com cromatina condensada,</p><p>dispostos centralmente e circundados por</p><p>citoplasma pálido, não corável, criando</p><p>um halo perinuclear (Figura 2). As célu-</p><p>las estavam arranjadas em um padrão</p><p>“favo de mel”. A segunda população era</p><p>composta por astrócitos fibrosos e gemis-</p><p>tocíticos. Essas células apresentavam</p><p>núcleos redondos e discretamente vesicu-</p><p>losos e citoplasma acidofílico e estrelado</p><p>(Figura 3). Os astrócitos gemistocíticos</p><p>demonstravam núcleo excêntrico e amplo</p><p>citoplasma acidofílico. Viam-se ainda</p><p>extensas áreas de necrose intratumoral e</p><p>neovascularização moderada.</p><p>56 Clínica Veterinária, Ano XV, n. 89, novembro/dezembro, 2010</p><p>Figura 3 - Área de diferenciação astrocitária.</p><p>Os astrócitos fibrosos apresentam núcleos</p><p>redondos, discretamente vesiculosos, cito-</p><p>plasma acidofílico e estrelado. HE, obj 400x</p><p>(setas)</p><p>D</p><p>idier C</p><p>agnini - FM</p><p>V</p><p>Z</p><p>-U</p><p>nesp-B</p><p>otucatu</p><p>Figura 2 - Área de diferenciação oligodendrocitá-</p><p>ria. Os oligodendrócitos apresentam núcleos pe-</p><p>quenos, redondos e basofílicos, com cromatina</p><p>condensada, dispostos centralmente e circun-</p><p>dados por citoplasma pálido, não corável, crian-</p><p>do um halo perinuclear. HE, obj 400x (setas)</p><p>D</p><p>idier C</p><p>agnini - FM</p><p>V</p><p>Z</p><p>-U</p><p>nesp-B</p><p>otucatu</p><p>Figura 1 - Imagens comparativas da massa</p><p>tumoral na tomografia computadorizada e na</p><p>necropsia (setas)</p><p>Rogério Martins Amorim - FMVZ/Unesp-Botucatu</p><p>tumors of the nervous system. Seminars in</p><p>Veterinary Medicine Surgery, v. 5, p. 210-222,</p><p>1990.</p><p>06-SUMMERS, B. A. ; CUMMINGS, J. F. ; DE</p><p>LAHUNTA, A. Tumors of the central nervous</p><p>system. In: ___. Veterinary neuropathology, St.</p><p>Louis: Mosby, 1995. p. 362-373.</p><p>07-LECOUTEUR, R. A. Advanced diagnostic</p><p>techniques in feline brain disease. Journal of</p><p>Feline Medicine and Surgery, v. 5, p. 117-119,</p><p>2003.</p><p>08-DEWEY, C. 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Current concepts in the</p><p>diagnosis and treatment of brain tumors in dogs</p><p>and cats. Journal of Small Animal Practice,</p><p>v. 40, n. 9, p. 411-416, 1999.</p><p>14-OLBY, N.; JEFFERY, N. Pathogenesis of</p><p>diseases of the central nervous system. In:</p><p>SLATTER, D. H. Textbook of small animal</p><p>surgery. WB Saunders, 2003. p.1132-1147.</p><p>15-BAGLEY, R. S. Special considerations in</p><p>neurologic oncology. In: AMERICAN</p><p>COLLEGE OF VETERINARY INTERNAL</p><p>MEDICINE, 17., Chicago, USA.</p><p>Proceedings…, 1999. p. 17. American College</p><p>of Veterinary Internal Medicine.</p><p>16-LORENZ, M. D. ; KORNEGAY, J. N. Systemic</p><p>or multifocal signs. In:___. Handbook of</p><p>veterinary neurology, 4. ed, St. Louis:</p><p>Saunders, 2004. p. 355-417.</p><p>17-BREARLEY, M. J. ; ARGYLE, D. J. Tumors of</p><p>the brain, spinal cord, peripheral nerves, and</p><p>special senses. In: ARGYLE, D. J. ;</p><p>BREARLEY, M. J. ; TUREK, M. M. Decision</p><p>making in small animal oncology. Iowa: Wiley-</p><p>Blackwell, 2008. p. 355-369.</p><p>18-MOORE, M. P. ; BAGLEY, R. S. ;</p><p>HARRINGTON, M. L. ; GAVIN, P. R.</p><p>Intracranial tumors. Veterinary Clinics of</p><p>North America - Small Animal Practice, v. 26,</p><p>n. 4, p. 759-777, 1996.</p><p>19-BAILEY, C. ; HIGGINS, R. Characteristics of</p><p>cisternal cerebrospinal fluid associated with</p><p>primary brain tumors in the dog: a retrospective</p><p>study. Journal of American Veterinary</p><p>Medical Association, v. 188, p. 414-417, 1986.</p><p>20-LECOUTEUR, R. A. ; TURREL, J. M. Brain</p><p>tumors in dogs and cats. In: KIRK, R. W.</p><p>Current veterinary therapy IX: small animal</p><p>practice. Philadelphia: WB Saunders, 1986.</p><p>p. 820-825.</p><p>21-JEFFERY, N. Tumors affecting the nervous</p><p>system. In: DOBSON, J. M. ; LASCELLES, B.</p><p>D. X. 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L. ;</p><p>LEATHERS, C. W. Retrospective review of 50</p><p>canine intracranial tumors evaluated by magnet-</p><p>ic resonance imaging. Journal of Veterinary</p><p>Internal Medicine, v. 11, p. 2 18-225, 1997.</p><p>heterogeneidade pós-contraste com</p><p>presença de anel peritumoral (em 1/3</p><p>dos casos) 8,21,31.</p><p>Os astrocitomas podem se apresentar,</p><p>quanto à densidade pré-contraste, isoate-</p><p>nuantes ou hiperatenuantes, enquanto os</p><p>oligodendrogliomas são hipodensos 31.</p><p>No entanto, apenas este critério não é</p><p>suficiente para classificar esses neoplas-</p><p>mas 31, já que se observaram neste caso</p><p>aspectos tomográficos compatíveis</p><p>tanto com os astrocitomas quanto com</p><p>os oligodendrogliomas, fato este justifi-</p><p>cável quando há populações celulares</p><p>distintas, como nos casos dos gliomas</p><p>mistos.</p><p>A prednisona tem sido utilizada</p><p>como terapia de suporte, pois deve di-</p><p>minuir a PIC, aliviando o edema cere-</p><p>bral associado e diminuindo a produção</p><p>de LCR 8,29. Prescreveram-se prednisona,</p><p>analgésico e antibiótico de amplo es-</p><p>pectro após a realização da coleta de</p><p>líquor e do exame tomográfico, porém,</p><p>perante a gravidade dos sinais neu-</p><p>rológicos, o proprietário optou pela</p><p>realização da eutanásia do animal.</p><p>Os achados microscópicos apresen-</p><p>taram-se de acordo com os descritos na</p><p>literatura nos casos de gliomas mistos</p><p>compostos por astrócitos e oligoden-</p><p>drócitos 6,28.</p><p>Considerações finais</p><p>Neoplasmas intracranianos são relati-</p><p>vamente comuns em cães e gatos. O</p><p>diagnóstico ante mortem é dificultado</p><p>pela limitada disponibilidade de recursos</p><p>avançados de neuroimagem no Brasil.</p><p>Embora alguns achados de tomografia</p><p>sejam altamente sugestivos de neoplasia,</p><p>o diagnóstico definitivo só pode ser esta-</p><p>belecido com biópsia ou necropsia, asso-</p><p>ciadas a exame histopatológico.</p><p>Referências</p><p>01-BAGLEY, R. S. ; KORNEGAY, J. N. ; PAGE, R.</p><p>L. Central nervous system. In: SLATTER, D. H.</p><p>Textbook of small animal surgery, 2. ed.,</p><p>Philadelphia: WB Saunders, 1993. p. 2137-2166.</p><p>02-BRAUND, K. G. Clinical syndromes in</p><p>veterinary neurology. St Louis: Mosby, 1994.</p><p>p.477.</p><p>03-VANDEVELDE, M. Brain tumors in domestic</p><p>animals: an overview. In: Proceedings of a</p><p>Conference on brain tumors in man and</p><p>animals, Research Triangle Park, NC, 1984.</p><p>04-BRAUND, K. G. Neoplasia of the nervous</p><p>system. The Compendium on Continuing</p><p>Education for the Practicing Veterinarian,</p><p>v. 6, p. 717-722, 1984.</p><p>05-JOHNSON, G. C. Genesis and pathology of</p><p>58 Clínica Veterinária, Ano XV, n. 89, novembro/dezembro, 2010</p><p>fundamentais para promover uma me-</p><p>lhor qualidade de vida aos animais</p><p>portadores de neoplasmas em estágios</p><p>avançados 6.</p><p>A detecção de tumores malignos pela</p><p>análise de líquidos cavitários tem de-</p><p>monstrado sensibilidade de 64% e espe-</p><p>cificidade de 99% para cães. Quase dois</p><p>terços das doenças malignas que cau-</p><p>sam derrame pleural ou peritoneal são</p><p>detectados pelo exame citológico. A di-</p><p>ferenciação entre determinados tipos de</p><p>neoplasmas, como, por exemplo, o me-</p><p>sotelioma maligno e o carcinoma, é difí-</p><p>cil, uma vez que as células mesoteliais</p><p>têm critérios de malignidade semelhan-</p><p>tes 2. Além disso, deve-se ressaltar que a</p><p>diferenciação entre neoplasma mesote-</p><p>lial e hiperplasia mesotelial é um dos</p><p>assuntos mais controversos em se tra-</p><p>tando desse tema.</p><p>Este trabalho tem como objetivo rela-</p><p>tar um caso de neoplasia epitelial ma-</p><p>ligna em um cão, diagnosticado por</p><p>meio da análise do líquido pleural. O</p><p>relato evidencia a importância da ava-</p><p>liação citológica, um teste rápido, eficaz</p><p>e de baixo custo, em casos de acúmulo</p><p>de líquido nas cavidades corporais.</p><p>Descrição do caso</p><p>Uma cadela fox de treze anos de idade</p><p>foi encaminhada ao Hospital Veterinário</p><p>Raqueli Teresinha França</p><p>MV, residente - Patologia Clínica - HVU/UFSM</p><p>raquelifranca@yahoo.com.br</p><p>Danieli Brolo Martins</p><p>MV, mestre, doutoranda - PPGMV/UFSM</p><p>vetdanielimartins@yahoo.com.br</p><p>Cinthia Melazzo Mazzanti</p><p>MV, profa. adj.</p><p>Depto. Clínica de Pequenos Animais - UFSM</p><p>cmelazzo@yahoo.com.br</p><p>Rafael Almeida Fighera</p><p>MV, prof. adj.</p><p>Depto. Patologia Veterinária - UFSM</p><p>anemiaveterinaria@yahoo.com.br</p><p>Sonia Terezinha dos Anjos Lopes</p><p>MV, profa. adj.</p><p>Depto. Clínica de Pequenos Animais - UFSM</p><p>sonia@smail.ufsm.br</p><p>Diagnóstico de neoplasia</p><p>epitelial maligna em líquido</p><p>pleural - relato de caso</p><p>Resumo: As neoplasias constituem importante causa de morte em pequenos animais. Algumas neoplasias que</p><p>acometem as cavidades corporais e os órgãos internos são responsáveis pela formação de líquido no seu</p><p>interior, sendo de suma importância avaliá-lo para esclarecer sua etiologia. Relata-se um caso de efusão pleural</p><p>neoplásica em uma cadela fox de treze anos de idade com histórico de dispneia e tosse havia um mês, em</p><p>decorrência de efusão pleural. Realizaram-se hemograma completo, testes bioquímicos e análise de líquido</p><p>pleural. A avaliação citológica do líquido pleural revelou agregados celulares interpretados como epiteliais e</p><p>neoplásicos, permitindo um diagnóstico citológico de carcinoma posteriormente confirmado na histopatologia. Este</p><p>relato evidencia a importância da análise citológica de líquidos para o diagnóstico precoce de neoplasmas, em</p><p>especial aqueles formadores de efusões.</p><p>Unitermos: cão, efusão, carcinoma, citologia</p><p>Abstract: Neoplasms are an important cause of death in small animals. Some cancers that affect the body cavity</p><p>and internal organs are responsible for the formation of liquid inside, and the examination of such fluid is</p><p>extremely important to reveal its etiology. This report describes a case of neoplastic pleural effusion in a 13-year-</p><p>old female Fox Terrier dog presenting with dyspnea and cough for around a month. Complete blood count,</p><p>biochemical tests and cytological analysis were carried out. Cytological evaluation of the pleural fluid showed</p><p>clusters of neoplastic epithelial cells, leading to a cytological diagnosis of carcinoma later confirmed by</p><p>histopathology. This article points out the importance of the cytological analysis of fluids for early diagnosis of</p><p>neoplasms, especially those that present effusions.</p><p>Keywords: dog, effusion, carcinoma, cytology</p><p>Resumen: Las neoplasias son una causa importante de muerte en los animales pequeños. Algunos tipos de</p><p>cáncer que afectan las cavidades corporales y órganos internos son responsables de la formación de líquido en</p><p>su interior, cuya evaluación suele ser extremadamente importante para aclarar su etiología. En el presente</p><p>trabajo se relata un caso de efusión pleural neoplásica en una perra Fox Terrier de 13 años de edad con historia</p><p>de disnea y tos de un mes, en consecuencia de efusión pleural. Se realizó hemograma completo, exámenes</p><p>bioquímicos y análisis de líquido pleural. La evaluación citológica del líquido pleural reveló agregados celulares</p><p>interpretados como epiteliales y neoplásicos permitiendo un diagnóstico de carcinoma posteriormente confirmado</p><p>por histopatología. Este relato evidencia la importancia del análisis citológico de líquidos para el diagnóstico</p><p>precoz de neoplasias, en especial aquellas formadoras de efusiones.</p><p>Palabras clave: perros, efusión, carcinoma, citología</p><p>Clínica Veterinária, n. 89, p. 60-62, 2010</p><p>Malignant epithelial neoplasia in</p><p>pleural fluid - case report</p><p>Diagnóstico de tumor epitelial maligno</p><p>en el líquido pleural - relato de caso</p><p>Introdução</p><p>A análise do líquido das cavidades</p><p>corporais é essencial para o diagnóstico</p><p>de doenças que cursam com efusão</p><p>pleural e/ou abdominal e muitas</p><p>vezes</p><p>complementa a determinação da etiolo-</p><p>gia dessas doenças. Além disso, esse</p><p>exame muitas vezes auxilia o clínico a</p><p>realizar a terapia ou a intervenção médi-</p><p>ca/cirúrgica adequada. Sua avaliação</p><p>permite um rápido e acurado diagnósti-</p><p>co, minimizando a morbidade e mortali-</p><p>dade dos pacientes. A citologia do líqui-</p><p>do é valiosa para a identificação de di-</p><p>versos processos, como infecção por</p><p>parasitas, inflamação séptica ou assépti-</p><p>ca e neoplasias 1-4.</p><p>As neoplasias constituem importante</p><p>causa de morte em cães, sendo o segun-</p><p>do motivo de óbito na clínica médica de</p><p>animais adultos, enquanto em animais</p><p>idosos essa é a causa principal 5. O en-</p><p>volvimento das cavidades serosas em</p><p>tumores malignos tem importante im-</p><p>plicação na terapêutica e no prognósti-</p><p>co. Em alguns pacientes, a presença de</p><p>células neoplásicas em efusões é a pri-</p><p>meira indicação de câncer. Assim, a</p><p>identificação e o tratamento precoce</p><p>do derrame pleural maligno se tornam</p><p>60 Clínica Veterinária, Ano XV, n. 89, novembro/dezembro, 2010</p><p>Após os resultados obtidos na</p><p>avaliação do líquido pleural, realizou-se</p><p>toracotomia exploratória e drenaram-se</p><p>aproximadamente 400mL de líquido se-</p><p>rosanguinolento da cavidade torácica</p><p>(Figura 2). Na ocasião, também foram</p><p>retirados fragmentos de pleura, na altura</p><p>da inserção esternal do pericárdio, para</p><p>exame histopatológico.</p><p>Na análise histopatológica da pleura</p><p>foi observada proliferação neoplásica em</p><p>ilhas e as escassas células individuais</p><p>eram circundadas por moderada reação</p><p>desmoplásica. Essas células eram polié-</p><p>dricas e tinham limites citoplasmáticos</p><p>pouco distintos. Seus citoplasmas eram</p><p>eosinofílicos e os núcleos tinham dispo-</p><p>sição central, redondos ou, menos fre-</p><p>quentemente, reniformes e constituídos</p><p>por cromatina frouxamente arranjada.</p><p>Havia acentuado pleomorfismo, que in-</p><p>cluía a presença de células com núcleos</p><p>bizarros e algumas figuras de mitoses</p><p>atípicas.</p><p>Após a cirurgia, o cão teve melhora</p><p>significativa. Porém, ao sexto dia do</p><p>pós-operatório, o paciente apresentou</p><p>dispneia súbita e morreu.</p><p>Discussão</p><p>Os líquidos neoplásicos podem ser</p><p>classificados como transudato modifi-</p><p>cado ou exsudato e, ocasionalmente,</p><p>como transudato puro 3. Contudo, devido</p><p>Clínica Veterinária, Ano XV, n. 89, novembro/dezembro, 2010</p><p>Universitário da Universidade Federal</p><p>de Santa Maria (HVU-UFSM), por</p><p>apresentar dispneia e tosse havia um</p><p>mês, com piora gradual do quadro. No</p><p>exame físico observou-se taquicardia,</p><p>taquipneia, ausculta cardíaca e pulmo-</p><p>nar dificultada, aumento do reflexo tus-</p><p>sígeno e nódulo em uma das mamas. Na</p><p>avaliação radiológica constatou-se pre-</p><p>sença de líquido na cavidade torácica.</p><p>Foram realizadas coletas de sangue e de</p><p>líquido pleural para análise.</p><p>Não foram observadas alterações no</p><p>eritrograma e o leucograma foi interpre-</p><p>tado como de estresse, pois se caracte-</p><p>rizava por leve leucocitose, neutrofilia,</p><p>monocitose e linfopenia. No painel bio-</p><p>químico, a atividade da enzima alanina</p><p>aminotransferase (ALT) estava no li-</p><p>mite de normalidade e a fosfatase alca-</p><p>lina (FA) apresentava um aumento</p><p>significativo. Na análise do líquido</p><p>pleural foi encontrada alta contagem de</p><p>células nucleadas (6.100/µL), proteína</p><p>(5g/dL), aspecto turvo, pH 6,5 e ausên-</p><p>cia de glicose. Na avaliação citológica</p><p>do líquido pleural havia agrupamentos</p><p>de células epiteliais que apresentavam</p><p>citoplasma basofílico e vacuolizado,</p><p>núcleo formado por cromatina frouxa</p><p>com nucléolos angulares, múltiplos e</p><p>evidentes, anisocitose, anisocariose,</p><p>células multinucleadas e figuras de</p><p>mitoses atípicas. Esses achados citoló-</p><p>gicos permitiram classificar o neoplas-</p><p>ma como tendo origem epitelial maligna</p><p>(Figura 1).</p><p>61</p><p>Figura 1 - Aglomerado de células epiteliais neo-</p><p>plásicas evidenciando nucléolos (seta preta) e</p><p>multinucleação (seta vermelha) (1000x, Diff</p><p>Quik)</p><p>D</p><p>anieli B</p><p>rolo M</p><p>artins</p><p>Figura 2 - Líquido pleural apresentando aspec-</p><p>to serosanguinolento</p><p>D</p><p>anieli B</p><p>rolo M</p><p>artins</p><p>confundidas no exame citológico 2.</p><p>Neste relato, o diagnóstico citológico</p><p>foi compatível com o resultado do exa-</p><p>me histopatológico que revelou metás-</p><p>tase de carcinoma de local indetermina-</p><p>do. Apesar de a avaliação citológica não</p><p>ser o diagnóstico definitivo, ela caracte-</p><p>riza o grupo celular envolvido, o pro-</p><p>cesso presente e a presença ou ausência</p><p>de malignidade, auxiliando, dessa ma-</p><p>neira, o clínico a decidir qual a conduta</p><p>a ser tomada.</p><p>A formação de líquidos cavitários</p><p>pode estar relacionada com diversos</p><p>tipos de tumores, como os de glândula</p><p>mamária, pâncreas, brônquios, tireoide,</p><p>ovários, glândulas sudoríparas, trato</p><p>gastrintestinal, células escamosas e cé-</p><p>lulas do epitélio de transição 8. O proces-</p><p>so carcinomatoso de qualquer órgão</p><p>pode provocar metástase na pleura 10.</p><p>Entretanto, não foi possível determinar</p><p>a origem primária desse tumor, já que a</p><p>necropsia não foi autorizada pelo pro-</p><p>prietário do cão. Mas, existe a hipótese</p><p>de que ele possa ter-se originado na</p><p>glândula mamária, pois o cão apresenta-</p><p>va um nódulo em uma das mamas, fato</p><p>constatado no exame físico. No Sul do</p><p>Brasil, dentre os neoplasmas que comu-</p><p>mente levam os cães à morte, os que se</p><p>originam nas glândulas mamárias cons-</p><p>tituem a maior parcela 5. As metástases</p><p>pulmonares são comuns nesse tipo de</p><p>tumor, podendo abranger de 25% a 50%</p><p>dos casos. Alguns cães podem desen-</p><p>volver efusão pleural e/ou peritoneal em</p><p>decorrência de metástase de neoplasma</p><p>mamário 6,11.</p><p>Um aspecto a ser discutido neste</p><p>caso é o aumento no nível sérico da FA,</p><p>que pode estar relacionado a gli-</p><p>cocorticoides e também a alguns neo-</p><p>plasmas como: osteossarcoma, heman-</p><p>giossarcoma, adenocarcinoma e carci-</p><p>noma de células escamosas. Por outro</p><p>lado, em animais geriátricos com</p><p>aumento inexplicável de FA sérica,</p><p>deve-se considerar sempre a possibili-</p><p>dade de neoplasia. Contudo, doenças</p><p>hepáticas subclínicas são comuns em</p><p>animais idosos e podem ser a causa da</p><p>maior atividade dessa enzima 12.</p><p>Entretanto, neste caso o aumento foi</p><p>atribuído à presença de neoplasma e</p><p>também à liberação de glicocorticoide</p><p>endógeno, uma vez que o leucograma</p><p>desse cão foi caracterizado como de</p><p>estresse.</p><p>Considerações finais</p><p>A avaliação citológica de líquidos</p><p>cavitários pode auxiliar no diagnóstico</p><p>e no prognóstico, ajudando o médico</p><p>veterinário a decidir qual a conduta a</p><p>ser tomada com o paciente. Em casos</p><p>de formação de líquido, indica-se a aná-</p><p>lise da efusão independente da suspeita</p><p>de existência ou não de neoplasma, tor-</p><p>nando a avaliação citológica imprescin-</p><p>dível.</p><p>Referências</p><p>01-DELL'ORCO, M. ; BERTAZZOLO, W. ;</p><p>PACCIORETTI, F. What is your diagnosis?</p><p>Peritoneal effusion from a dog. Veterinary</p><p>Clinical Pathology, v. 38, n. 3, p. 367-369, 2009.</p><p>02-HIRSCHBERGER, J. ; DENICOLA, D. B. ;</p><p>HERMANNS, W. ; KRAFT, W. Sensitivity and</p><p>specificity of cytologic evaluation in the</p><p>diagnosis of neoplasia in body fluids from dogs</p><p>and cats. Veterinary Clinical Pathology, v. 28,</p><p>n. 4, p. 142-146, 1999.</p><p>03-SHELLY, S. M. Fluidos de cavidades corporais.</p><p>In: RASKIN, R. E. ; MEYER, D. J. Atlas de</p><p>citologia de cães e gatos. São Paulo: Roca,</p><p>2003. p. 157-171.</p><p>04-RIZZI, T. E. ; COWELL, R. L. ; TYLER, R. D. ;</p><p>MEINKOTH, J. H. Effusion: abdominal,</p><p>thoracic, and pericardial. In: COWELL, R. L. ;</p><p>TYLER, R. D. ; MEINKOTH, J. H. ;</p><p>DENICOLA, D. B. Diagnostic cytology and</p><p>hematology of the dog and cat. Canada:</p><p>Elsevier, 2008. p. 235-255.</p><p>05-FIGHERA, R. A. ; SOUZA, T. M. ; SILVA, M. C. ;</p><p>BRUM, J. S. ; GRAÇA, D. L. ; KOMMERS, G.</p><p>D. ; IRIGOYEN, L. F. ; BARROS, C. S. L.</p><p>Causas de morte e razões para eutanásia de cães</p><p>da Mesorregião do Centro Ocidental Rio-</p><p>Grandense (1965-2004). Pesquisa Veterinária</p><p>Brasileira, v. 28, n. 4, p. 223-230, 2008.</p><p>06-CASSALI, G. D. ; GÄRTNER, F. ; SILVA, M. J.</p><p>V. ; SCHMITT, F. C. Cytological diagnosis of a</p><p>metastatic canine mammary tumor in pleural</p><p>effusion. Arquivo Brasileiro de Medicina</p><p>Veterinária e Zootecnia, v. 51, n. 4, p. 307-310,</p><p>1999.</p><p>07-CONNALLY, H. E. Citology and fluid analysis</p><p>of the acute abdomen. Clinical Techniques in</p><p>Small Animal Pratice, v. 18, n. 1, p. 39-44,</p><p>2003.</p><p>08-ALLEMAN, A. R. Abdominal, thoracic</p><p>and</p><p>pericardial effusions. The Veterinary Clinics of</p><p>North America. Small Animal Practice, v. 33,</p><p>n. 1, p. 89-118, 2003.</p><p>09-TEIXEIRA, L. R. ; VARGAS, F. S. ; MARCHI,</p><p>E. Derrame pleural neoplásico. Jornal</p><p>Brasileiro de Pneumologia, v. 32, supl. 4,</p><p>p. 182-189, 2006.</p><p>10-SAHN, S. A. Malignancy metastatic to the</p><p>pleura. Clinics in Chest Medicine, v. 19, n. 2,</p><p>p. 351-361, 1998.</p><p>11-HEDLUND, C. S. Cirurgia do sistema reprodutor</p><p>e genital. In: FOSSUM, T.W. Cirurgia de</p><p>pequenos animais. São Paulo: Roca, 2002.</p><p>p. 596-601.</p><p>12-LASSEN, E. D. Avaliação laboratorial do fígado.</p><p>In: THRALL, M. A. Hematologia e bioquímica</p><p>clínica veterinária. São Paulo: Roca, 2007.</p><p>p. 335-354.</p><p>à variabilidade na concentração de pro-</p><p>teínas e células nucleadas, algumas</p><p>efusões não se enquadram nas classifi-</p><p>cações normalmente utilizadas 7. A con-</p><p>centração de proteína, a quantidade de</p><p>células nucleadas e o aspecto turvo per-</p><p>mitiram classificar a amostra como um</p><p>transudato modificado; entretanto, res-</p><p>saltamos a importância da análise do se-</p><p>dimento, pois a avaliação citológica foi</p><p>fundamental para determinar a origem</p><p>do líquido pleural.</p><p>O diagnóstico de células neoplásicas</p><p>em líquidos cavitários requer experiên-</p><p>cia e cautela. As efusões resultantes de</p><p>carcinoma geralmente apresentam gran-</p><p>des agrupamentos de células redondas</p><p>com limites citoplasmáticos mantidos. 8</p><p>A distinção de células mesoteliais reati-</p><p>vas e macrófagos das células do carci-</p><p>noma requerem a identificação de qua-</p><p>tro ou mais critérios de malignidade, a</p><p>saber: marcada anisocariose, nucléolos</p><p>angulares grandes e múltiplos, anorma-</p><p>lidade de cromatina, pleomorfismo,</p><p>multinucleação e figuras de mitoses atí-</p><p>picas 8. Contudo, na avaliação citológica</p><p>do líquido pleural deste caso, foi possí-</p><p>vel observar mais de cinco critérios de</p><p>malignidade.</p><p>Aproximadamente um terço dos der-</p><p>rames neoplásicos em seres humanos</p><p>apresentam pH menor que 7,3 e estão</p><p>associados a níveis baixos de glicose;</p><p>esses dois aspectos avaliados junta-</p><p>mente parecem ser denotadores de</p><p>doença avançada no espaço pleural,</p><p>com menor sobrevida do paciente 9. En-</p><p>tretanto, em medicina veterinária é es-</p><p>cassa a literatura que faça referência a</p><p>essa correlação.</p><p>O derrame pleural é de moderado a</p><p>elevado, variando de 500 a 2.000mL,</p><p>em 75% dos pacientes que apresentam</p><p>envolvimento da pleura com carcinoma,</p><p>e esse líquido pode variar de seroso ou</p><p>serosanguinolento a sanguinolento 10.</p><p>Apesar de ter se encontrado, neste caso,</p><p>um volume um pouco menor (400mL)</p><p>de líquido serosanguinolento no interior</p><p>da cavidade torácica do que o citado</p><p>pela literatura, este foi considerado alte-</p><p>rado, pois apresentava uma significativa</p><p>esfoliação do material celular.</p><p>O diagnóstico definitivo do tipo de</p><p>tumor envolvido na avaliação citológica</p><p>de líquidos requer exame histopatológi-</p><p>co, uma vez que as células de mesote-</p><p>lioma e de carcinoma são facilmente</p><p>62 Clínica Veterinária, Ano XV, n. 89, novembro/dezembro, 2010</p><p>Clínica Veterinária, Ano XV, n. 89, novembro/dezembro, 2010 63</p><p>constituição cromossômica dessas cé-</p><p>lulas é semelhante à de uma célula so-</p><p>mática canina normal em relação à pre-</p><p>sença de diversos rearranjos 4-6.</p><p>Dentre as várias formas de coleta de</p><p>amostras desse tumor, a mais adequada</p><p>é o exame citológico, por punção, pois</p><p>reduz sobremaneira a contaminação por</p><p>sangue e seus constituintes, isolando</p><p>grande quantidade de células de TVT</p><p>ideais para o cultivo celular e/ou a</p><p>obtenção de DNA/RNA para a pesquisa</p><p>de marcadores moleculares e de expres-</p><p>são gênica 7.</p><p>Os avanços da biologia molecular</p><p>nos últimos anos tiveram grande impacto,</p><p>não só pela disponibilidade de novas</p><p>metodologias em busca de mutações por</p><p>sequenciamento de DNA, mas também</p><p>por uma mudança de conceito para o</p><p>Jeison Solano Spin</p><p>Médico veterinário autônomo</p><p>jeison_solano@yahoo.com.br</p><p>Luciano Santos da Fonseca</p><p>MV, mestrando - FMVZ/Unesp-Botucatu</p><p>scoobyluc@gmail.com</p><p>Lígia Souza Lima Silveira da Mota</p><p>Zootectnista, profa. dra.</p><p>Inst. Biociências - Depto. Genética/Unesp-Botucatu</p><p>lmota@ibb.unesp.br</p><p>Erick da Cruz Castelli</p><p>Biomédico, pós-doutorando</p><p>Depto. Clínica Médica - FM - Ribeirão Preto</p><p>castelli@usp.br</p><p>Sandra Bassani Silva</p><p>MV, dra. - FMVZ/Unesp-Botucatu</p><p>sabassani@yahoo.com.br</p><p>Isabelle Ferreira</p><p>MV, mestre, doutoranda - FMVZ/Unesp-Botucatu</p><p>iferreira_16@hotmail.com</p><p>Noeme Sousa Rocha</p><p>MV, profa. livre-docente</p><p>Depto. Clin. Vet. - FMVZ/Unesp-Botucatu</p><p>rochanoeme@fmvz.unesp.br</p><p>Detecção molecular do</p><p>rearranjo Line-1/c-MYC</p><p>em tumores venéreos</p><p>transmissíveis caninos</p><p>espontâneos</p><p>Resumo: O tumor venéreo transmissível (TVT) é uma neoplasia que se desenvolve em condições naturais no cão. É de fácil</p><p>transplantação, demonstrando a capacidade de transmissão de um animal para outro. Pelo fato de o rearranjo Line-1/c-MYC</p><p>ainda não ter sido estudado nas células do TVT no Hospital Veterinário da FMVZ, Unesp, campus de Botucatu, SP, este estu-</p><p>do teve por objetivo detectar o rearranjo, uma alteração genética específica desse tumor, por meio da reação em cadeia da</p><p>polimerase (PCR). Para tanto, foram utilizados vinte cães com diagnóstico citológico de TVT. Amostras das células tumorais</p><p>foram colhidas para se detectar a presença do marcador Line-1/c-MYC. O rearranjo caracterizado por amplicons de 340pb de</p><p>tamanho não variou nas amostras, em concordância com descrições anteriores, contribuindo para a identificação mais precisa</p><p>das células neoplásicas persistentes em casos nos quais o neoplasma não seja macroscópica ou microscopicamente</p><p>detectável, o que poderia ocasionar a recorrência do tumor em questão.</p><p>Unitermos: cão, punção aspirativa, DNA, extração, PCR, amplificação</p><p>Abstract: Transmissible venereal tumor (TVT) is a neoplasia that develops naturally in dogs. It can be easily transplanted,</p><p>which demonstrates its ability to spread from animal to animal. Since the Linr-1/c-MYC rearrangement in TVT cells had not been</p><p>studied at the Veterinary Hospital of the Veterinary School, Unesp in Botucatu, SP, this study aimed to detect this genetic</p><p>alteration specific to this kind of tumor by means of the polymerase chain reaction (PCR). Twenty dogs with cytological</p><p>diagnosis of TVT were used. Samples of neoplastic cells were collected to determine the presence of the Line-1/c-MYC</p><p>marker. The rearrangement characterized by 340bp amplicons did not vary, in agreement with previous studies using the same</p><p>methodology. This contributed to a more precise identification of persistent tumor cells in cases in which gross or microscopi-</p><p>cal detection was not possible.</p><p>Keywords: dog, aspiration punction, DNA, extraction, PCR, amplification</p><p>Resumen: El tumor venéreo transmisible (TVT) es una neoplasia que se desarrolla en perros en condiciones naturales. Debido</p><p>a que la disposición del rearreglo Line-1/c-MYC no ha sido estudiada en las células de TVT en nuestra institución, Unesp en</p><p>Botucatu, SP, este estudio tuvo como objetivo detectar su localización por medio de la reacción en cadena de la polimerasa</p><p>(PCR), donde esta alteración es específica de este tumor. Fueron utilizados veinte animales con diagnóstico citológico de TVT.</p><p>Posteriormente las células tumorales fueron colectadas para detectar la presencia del marcador Line-1/c-MYC. La disposición</p><p>caracterizada por el tamaño de 340pb no tuvo variación en las muestras, coincidiendo con resultados de otros estudios,</p><p>considerándose satisfactorio desde el punto de vista clínico y diagnóstico, contribuyendo en la identificación más precisa de</p><p>las células neoplásicas persistentes, donde las mismas no serían visibles macro y microscópicamente, hecho que podría</p><p>provocar la recurrencia del tumor en cuestión.</p><p>Palabras clave: canes, punction de la aspiración, DNA, extracción, PCR, amplificación</p><p>Clínica Veterinária, n. 89 p. 64-68, 2010</p><p>Molecular detection of Line-1/c-MYC</p><p>in spontaneous canine transmissible</p><p>venereal tumors</p><p>Detección molecular de reestructuración de Line-</p><p>1/c-MYC en tumor venéreo transmisible espontá-</p><p>neo en perros</p><p>Introdução</p><p>O tumor venéreo transmissível</p><p>(TVT) é uma neoplasia que em condi-</p><p>ções naturais</p><p>se desenvolve no cão, na</p><p>região genital e extragenital de ambos</p><p>os sexos, em animais que atingiram a</p><p>puberdade 1-3.</p><p>Apesar de intensa investigação, alguns</p><p>pontos sobre a neoplasia permanecem</p><p>controversos. A etiologia, origem his-</p><p>tológica e origem genética são alguns</p><p>dos fatores que permanecem incertos.</p><p>Até o momento, não houve nenhuma</p><p>constatação do envolvimento de algum</p><p>agente físico, químico ou biológico na</p><p>origem dessa lesão, nem tampouco de</p><p>a origem histológica da célula ser</p><p>epitelial ou mesenquimal. Além disso, a</p><p>64 Clínica Veterinária, Ano XV, n. 89, novembro/dezembro, 2010</p><p>neoplásicas e não às células somáticas</p><p>normais. No entanto, a detecção desse</p><p>rearranjo ainda não foi descrita em TVTs</p><p>espontâneos no Brasil. Dessa forma,</p><p>este estudo teve por objetivo detectar o</p><p>rearranjo Line/c-MYC e adequar a me-</p><p>todologia já descrita para avaliar a ocor-</p><p>rência do rearranjo Line/MYC para</p><p>diagnóstico específico da presença de</p><p>células neoplásicas de TVT espontâneo</p><p>em animais atendidos no Hospital Vete-</p><p>rinário da Unesp, campus de Botucatu.</p><p>Material e métodos</p><p>Foram utilizados vinte cães sem res-</p><p>trição de sexo, raça ou idade prove-</p><p>nientes da rotina do Hospital Veteriná-</p><p>rio, FMVZ/Unesp, campus de Botucatu.</p><p>Todos os animais tiveram diagnóstico</p><p>citológico positivo de TVT. As células</p><p>tumorais foram coletadas por punção</p><p>aspirativa, colocadas em um criotubo</p><p>contendo solução tampão fosfato PBS e</p><p>conservadas a -20 ºC para extração de</p><p>DNA genômico. A digestão proteica foi</p><p>realizada em 500µL de tampão de di-</p><p>gestão (Tris-HCl 10Mm pH 8,5, EDTA</p><p>1Mm pH 8,0, Tween 20 a 0,5%, protei-</p><p>nase-K 400µg/µL). As amostras foram</p><p>então incubadas a 65 ºC, durante 24h. A</p><p>extração do DNA seguiu-se de adição</p><p>de CTAB/NaCl, com posterior precipi-</p><p>tação do DNA com etanol, formação de</p><p>pellet por secagem e diluição em solu-</p><p>ção de Tris HCl 1M pH 7,5 e EDTA</p><p>250Mm ou água ultrapura estéril. A</p><p>quantidade de DNA foi avaliada por</p><p>leitura em espectrofotômetro digital a, e</p><p>sua qualidade, avaliada por eletroforese</p><p>em gel de agarose a 2%, corado com</p><p>brometo de etídio.</p><p>A presença do marcador Line-1/c-</p><p>MYC foi avaliada por meio da reação</p><p>em cadeia da polimerase (PCR), com a</p><p>utilização dos primers MYC.S (5` ATG</p><p>CACCAAGATTTTCTTCACTGC 3`) –</p><p>específico para o gene MYC – e Line.A</p><p>(5' ATCCTAGAGAAGAACACAGGC</p><p>AACAC 3') – específico para o segmen-</p><p>to Line-1 –, disponíveis no banco de</p><p>dados do National Centre for</p><p>Biotechnology Information (NCBI,</p><p>2010) 24. Dois primers específicos para o</p><p>gene de hemoglobina humana foram</p><p>utilizados como controles internos posi-</p><p>tivos de reação de amplificação</p><p>HBGA.S (5' CGGTATTTGGAGGTCA</p><p>GCAC 3') e HGBA.A (5' CCCACCAC</p><p>CAAGACCTACTT 3'). Cada reação foi</p><p>feita em volume final de 25µL contendo</p><p>10pmol de cada iniciador, 2,5mM de</p><p>cloreto de magnésio (MgCl2), 0,28mM</p><p>de dNTPs e 1U de DNA polimerase b. O</p><p>perfil de ciclagem utilizado foi 94 ºC</p><p>por 5 min., seguido de 35 ciclos a 94 ºC</p><p>por 1 min., 64 ºC por 1 min. e 72 ºC por</p><p>5 min. O tamanho de peso molecular es-</p><p>perado é de 340pb. Todas as reações de</p><p>amplificação foram realizadas junta-</p><p>mente com um controle negativo para</p><p>contaminação (ausência de DNA) e um</p><p>controle negativo para o rearranjo utili-</p><p>zando DNA humano na reação.</p><p>Os produtos de amplificação foram</p><p>submetidos à corrida eletroforética em</p><p>gel de agarose a 2% por 1h a 100V, con-</p><p>tracorados com 0,3% de brometo de etí-</p><p>dio em tris-borato-EDTA (TEB) a 10%</p><p>e visualizados sob exposição a luz ultra-</p><p>violeta. A presença do rearranjo foi en-</p><p>contrada por amplificação específica de</p><p>um fragmento de 340pb, distância entre</p><p>os pontos de ligação dos iniciadores uti-</p><p>lizados quando o rearranjo está presente</p><p>(Figura 1).</p><p>Clínica Veterinária, Ano XV, n. 89, novembro/dezembro, 2010</p><p>diagnóstico, prognóstico, monitoramen-</p><p>to e entendimento das doenças 8-11.</p><p>Utilizando essa metodologia, pode-se</p><p>identificar e quantificar a expressão dos</p><p>genes individuais com importância espe-</p><p>cífica para um determinado tumor 12,13.</p><p>Entre os vários rearranjos cromossô-</p><p>micos dessas células neoplásicas, o que</p><p>se dá entre um elemento transponível</p><p>(Line-1) e o gene MYC é um dos mais</p><p>característicos. Esse rearranjo caracteri-</p><p>za um ótimo marcador molecular para</p><p>células de TVT, uma vez que sua pre-</p><p>sença não é detectada em células somá-</p><p>ticas normais tornando-o um marcador</p><p>molecular de alta especificidade para o</p><p>TVT. No ser humano, o gene c-MYC</p><p>encontra-se na posição 8q24.1 e tem</p><p>como função em células normais a re-</p><p>gulação de transcrição de fatores com</p><p>ação nuclear, compreendendo três</p><p>éxons, cujos produtos consistem em</p><p>fosfoproteínas nucleares altamente con-</p><p>servadas. As descobertas acerca desse</p><p>gene reforçam sua atuação como modu-</p><p>lador da transcrição gênica e sua partici-</p><p>pação em outros mecanismos potencial-</p><p>mente relevantes no processo carcino-</p><p>gênico. 14,15</p><p>Quanto aos elementos de transposi-</p><p>ção, eles representam aproximadamente</p><p>17% do genoma humano e são sequên-</p><p>cias de DNA que podem se mover no</p><p>genoma, caracterizando a principal fon-</p><p>te de mutações espontâneas. Também</p><p>podem causar efeitos deletérios, culmi-</p><p>nando com o desenvolvimento de várias</p><p>doenças no ser humano 16-18. O grande</p><p>número desses elementos no genoma</p><p>propicia ampla oportunidade para re-</p><p>combinação homóloga desigual, ocasio-</p><p>nando deleções ou duplicações gênicas,</p><p>ou mesmo alterações mais complexas</p><p>do material genético 19,20.</p><p>No TVT, pesquisadores encontraram</p><p>o oncogene c-MYC rearranjado pela in-</p><p>serção de um elemento longo de trans-</p><p>posição Line-1 na região da extremi-</p><p>dade 5' para o primeiro éxon. Por meio</p><p>das técnicas de biologia molecular, essa</p><p>junção foi detectada em todas as amos-</p><p>tras testadas desse tumor, porém não foi</p><p>observada em amostras de DNA de</p><p>células normais de cães 21-23.</p><p>A junção Line/c-MYC é um rearran-</p><p>jo entre dois genes expressos nas células</p><p>neoplásicas do TVT. Já foi detectada em</p><p>células de TVT em diferentes países,</p><p>sempre associada apenas às células</p><p>65</p><p>Figura 1 - Mapa gênico dos pontos de ligação</p><p>dos primers</p><p>Bancos de dados GeneBank - http://www.ncbi.nlm.nih.gov/</p><p>b) Invitrogen® Life Technologies, EUA. www.invitrogen.com/</p><p>a) Espectrofotômetro Digital Celm® modelo E - 225D. CELM -</p><p>Cia. Equipadora de Laboratórios Modernos, S.A., Barueri, SP</p><p>Resultados</p><p>A punção aspirativa permitiu a coleta</p><p>de número adequado de células para a</p><p>realização da técnica proposta. Houve</p><p>necessidade de se realizarem testes para</p><p>a indicação da temperatura mais ade-</p><p>quada para anelamento dos primers</p><p>MYC.S e Line.A, com o intuito de pa-</p><p>dronizar a reação da PCR. Assim, expu-</p><p>semos doze amostras de DNA de TVT a</p><p>células de TVT foi diluído com DNA</p><p>extraído de células de sangue de cães</p><p>clinicamente sadios, na proporção de</p><p>1:25, 1:50 e 1:100. A reação para de-</p><p>tecção do rearranjo se mostrou adequa-</p><p>da para identificar células de TVT em</p><p>todas as concentrações testadas, mesmo</p><p>quando o DNA de células de TVT esta-</p><p>va presente em uma proporção de 1:100</p><p>de células normais (Figura 3). Ainda,</p><p>todas as vinte amostras testadas se mos-</p><p>traram positivas para a presença do rear-</p><p>ranjo e nenhuma amostra de sangue de</p><p>cão normal se mostrou positiva para o</p><p>rearranjo, fato esse que comprova a es-</p><p>pecificidade da reação.</p><p>Discussão</p><p>O método de punção para a coleta das</p><p>amostras foi considerado adequado para</p><p>a aplicação da PCR empregada neste</p><p>trabalho. De fato, como já preconizado</p><p>por outros autores, reduziu a contamina-</p><p>ção por sangue e seus constituintes,</p><p>conferindo alta celularidade, o que con-</p><p>tribuiu com um melhor resultado da</p><p>técnica molecular aplicada – no caso, a</p><p>PCR 25.</p><p>A conservação das amostras e a pos-</p><p>terior extração do DNA apresentaram</p><p>resultados satisfatórios quando compa-</p><p>rados com os dos trabalhos que utiliza-</p><p>ram procedimentos semelhantes 26-28, tais</p><p>como o armazenamento por longo pe-</p><p>ríodo à temperatura de -20 ºC, possibili-</p><p>tando a aplicação em futuras pesquisas.</p><p>Porém, esses autores não especificam</p><p>em seus relatos qual seria o período má-</p><p>ximo para armazenamento das amostras</p><p>sem comprometimento da qualidade do</p><p>DNA, dado de fundamental importância</p><p>no artigo científico. O protocolo de</p><p>ex-</p><p>tração utilizado por nós com a mesma</p><p>temperatura – de -20 ºC, por nove meses</p><p>– não alterou a sensibilidade e a especi-</p><p>ficidade da PCR; consequentemente,</p><p>obteve-se a detecção do Line-1/c-MYC</p><p>em todas as vinte amostras 29. Diante</p><p>disso, consideramos que nove meses é o</p><p>tempo de armazenamento ideal para fu-</p><p>turas pesquisas, dado até o momento</p><p>não relatado na literatura especializada</p><p>no assunto – o que mostra o ineditismo</p><p>de nosso trabalho.</p><p>A reação em cadeia da polimerase</p><p>(PCR) demonstrou-se neste estudo um</p><p>método de fácil execução, simples, rápi-</p><p>do e de extrema sensibilidade para a de-</p><p>tecção do rearranjo 11,30, em que se pôde</p><p>obter grande quantidade de DNA de um</p><p>gene específico a partir de uma quanti-</p><p>dade mínima de DNA, como preconiza</p><p>a literatura 10. Com relação à padroniza-</p><p>ção desse método molecular, obtivemos</p><p>ótimos resultados quanto ao método de</p><p>ciclagem das amostras quando várias</p><p>temperaturas e números de ciclos foram</p><p>testados, como realizado em outros es-</p><p>tudos moleculares que utilizaram proto-</p><p>colos semelhantes 29.</p><p>Quanto às diluições utilizadas de 1:25,</p><p>1:50 e 1:100, não foram encontradas na</p><p>doze temperaturas diferentes, que varia-</p><p>ram de 50 ºC a 70,5 ºC (Figura 2).</p><p>Realizou-se a corrida eletroforética</p><p>das amostras, verificando que a amostra</p><p>seis apresentou padrão de sonda de me-</p><p>lhor qualidade quando exposta a tempe-</p><p>ratura de mais de 58,1ºC, definida como</p><p>temperatura ótima para as ciclagens</p><p>subsequentes. Também se variaram as</p><p>quantidades da enzima Taq DNA poli-</p><p>merase nas reações, com o intuito de</p><p>minimizar o gasto e maximizar os resul-</p><p>tados.</p><p>A sensibilidade do teste para a detec-</p><p>ção do rearranjo Line-1/MYC foi ava-</p><p>liada por meio do uso de diversas dilui-</p><p>ções de amostras. O DNA extraído de</p><p>66 Clínica Veterinária, Ano XV, n. 89, novembro/dezembro, 2010</p><p>número de reações 13x volume final 25 L</p><p>constituintes da reação [ ] inicial 1x ( L) 13x ( L) [ ] final</p><p>água ultrapura (MILLI-Q) - 17,2 223,6 -</p><p>tampão para PCR 10x 2,5 32,5 1x</p><p>cloreto de magnésio 50mM 1,25 16,25 2,5mM</p><p>dNTPS 20mM 0,35 4,55 0,28mM</p><p>iniciador 1S Hemo.5 10 M 0,75 9,75 0,3 M</p><p>iniciador 1A Hemo.3 10 M 0,75 9,75 0,3 M</p><p>enzima Taq (Life) 5U/ L 0,2 2,6 1U/ L</p><p>volume total - 23 299 -</p><p>volume de amostra Ug/ L 2 - *ng/ L</p><p>Perfil de ciclagem</p><p>amostra 1 50 oC amostra 7 60,8 oC</p><p>amostra 2 50,3 oC amostra 8 63,5 oC</p><p>amostra 3 51,4 oC amostra 9 66 oC</p><p>amostra 4 53,2 oC amostra 10 68,1 oC</p><p>amostra 5 55,5 oC amostra 11 69,7 oC</p><p>amostra 6 58,1 oC amostra 12 70,5 oC</p><p>Figura 3 - Na primeira coluna, o marcador de</p><p>100bp. O número 1 representa o controle de</p><p>contaminação no DNA, o número 2 o controle</p><p>negativo (sangue de cão), os números 3, 4 e 5</p><p>representam as amostras de TVTc diluídas em</p><p>sangue de cão na proporção 1:25, 1:50 e</p><p>1:100, respectivamente, e o número 6 repre-</p><p>senta a amostra de TVTc sem diluição</p><p>E</p><p>rick da C</p><p>ruz C</p><p>astelli</p><p>Figura 2 - Exposição de doze amostras de DNA de TVT a doze temperaturas diferentes</p><p>Agradecimentos</p><p>Agradecemos à FAPESP e ao</p><p>PIBIC/CNPq pelo suporte financeiro.</p><p>Referências</p><p>01-NIELSEN, S. W. ; KENNEDY, P. C. Tumors of</p><p>the genital systems. In: MOULTON, J. E. Tumor</p><p>in domestic animals. 3. ed. Berkeley: University</p><p>of California Press, 1990. p. 479-517.</p><p>02-HARMELIN, A. ; PINTHUS, H. ; KATZIR, N. ;</p><p>KAPON, A. ; VOLCANI, Y. ; AMARIGLIO, E.</p><p>N. ; RECHAVI, G. 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Veterinary Quarterly, Bilthoven,</p><p>v. 25, n. 3, p. 101-111, 2003.</p><p>Clínica Veterinária, Ano XV, n. 89, novembro/dezembro, 2010</p><p>literatura tais diluições do DNA genô-</p><p>mico para diminuição dos custos desse</p><p>teste – cujo propósito foi averiguar a</p><p>possibilidade de utilizá-lo em cães em</p><p>final de tratamento, quando os métodos</p><p>tradicionais não são capazes de detectar</p><p>as células tumorais na região. O proto-</p><p>colo final alcançou o objetivo esperado,</p><p>com boa definição em gel de agarose, o</p><p>que reduz os custos do teste.</p><p>A detecção do rearranjo genético en-</p><p>contrado em nosso trabalho e o tamanho</p><p>da amplificação, que foi de 340pb, dife-</p><p>riu de outros autores 25,31 que verificaram</p><p>tamanho da amplificação de 550pb para</p><p>o segmento 5' do referido rearranjo, no</p><p>qual a sequência do Line-1 possuía</p><p>1.3378pb flanqueados por 10pb em re-</p><p>petição direta upstream para o gene c-</p><p>MYC. Entretanto, os produtos da PCR</p><p>dos oligonucleotídeos variaram em</p><p>comprimento, onde esse rearranjo en-</p><p>contrava-se em 416pb por uma sequên-</p><p>cia homóloga inversa. Essa variação</p><p>pode ser explicada devido ao fato de a</p><p>utilização de outros primers amplificar</p><p>em uma região diferente. Para isso, é</p><p>necessário aprofundar as investigações</p><p>relativas a esse assunto.</p><p>Nossos resultados estão de acordo com</p><p>a literatura especializada, em que se</p><p>encontram relatos de outros pesquisado-</p><p>res que testaram por meio da PCR a am-</p><p>plificação desse segmento de DNA em</p><p>outros tumores, constatando a ausência</p><p>do rearranjo Line-1/c-MYC. No entanto,</p><p>a literatura cita a necessidade de mais</p><p>estudos para saber qual o verdadeiro</p><p>papel desse evento na carcinogênese,</p><p>bem como do mecanismo do elemento de</p><p>transposição Line e seu verdadeiro papel</p><p>no desenvolvimento da neoplasia 32.</p><p>Considerações finais</p><p>Concluiu-se que a técnica da PCR</p><p>para detecção do rearranjo Line-1/c-</p><p>MYC nas células de TVT canino espon-</p><p>tâneo em cães, em amostras armazena-</p><p>das em temperatura de -20 ºC por nove</p><p>meses, apresenta alto grau de especifici-</p><p>dade para pesquisa do rearranjo genético</p><p>em questão. São necessários mais estu-</p><p>dos a respeito, pois a sensibilidade dessa</p><p>alteração genética é indiscutível para a</p><p>carcinogênese do TVT, como apresen-</p><p>tado neste trabalho e unânime na litera-</p><p>tura especializada, porém ainda não foi</p><p>demonstrado que essa alteração seja a</p><p>causa primária e única dessa neoplasia.</p><p>67</p><p>21-LIAO, K. W. ; LIN, Z. Y. ; PAO, H. N. ; KAM, S.</p><p>Y. ; WANG, F. I. ; CHU, R. M. Identification of</p><p>canine transmissible venereal tumor cells using</p><p>in situ polymerase chain reaction and the stable</p><p>sequence of the long interspersed nuclear</p><p>element. Journal of Veterinary Diagnostic</p><p>Investigation, Columbia, v. 15, n. 5, p. 399-406,</p><p>2003.</p><p>22-KATZIR N. ; RECHAVI, G. ; COHEN, J. B. ;</p><p>UNGER, T. ; SIMONI, F. ; SEGAL, S. ;</p><p>COHEN, D. ; GIVOL, D. “Retroposon” insertion</p><p>into the celular oncogen c-Myc in canine</p><p>transmissible venereal tumor. 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Molecular structure of canine</p><p>LINE-1 elements in canine transmissible</p><p>venereal tumor. Animal Genetics, Oxford, v. 30,</p><p>n. 1, p. 51-3, 1999.</p><p>32-CHOI, Y. ; KIM, C. J. Sequence analysis of</p><p>canine LINE-1 elements and p53 gene in canine</p><p>transmissible venereal tumor. Journal of</p><p>Veterinary Sciences, Suwon, v. 3, n. 4, p. 285-</p><p>292, 2002</p><p>folicular secundária na tireoide 8.</p><p>Os sintomas clássicos do hipotireoi-</p><p>dismo em cães incluem: ganho de peso,</p><p>letargia, termofilia, alopecia, “cauda de</p><p>rato” (perda de pelo apenas na cauda) e</p><p>anormalidades reprodutivas. As neuro-</p><p>patias centrais ou periféricas são menos</p><p>frequentes, assim como as alterações</p><p>cardiovasculares e os distúrbios gastrin-</p><p>testinais, dentre outros. Alguns cães</p><p>apresentam também termofilia 5,9,10.</p><p>Fisiopatologia</p><p>Mais de 90% dos cães hipotireoideos</p><p>são do tipo primário adquirido 11,12. O</p><p>hipotireoidismo primário é causado pela</p><p>destruição tireoideana, resultando em</p><p>disfunção da glândula. As causas in-</p><p>cluem: tireoidite linfocítica, atrofia foli-</p><p>cular idiopática, deficiência de iodo na</p><p>dieta, neoplasia, infecção ou destruição</p><p>iatrogênica (por exemplo, fármacos ti-</p><p>reotóxicos, tireoidectomia, terapia com</p><p>iodo radioativo).</p><p>A tireoidite linfocítica corresponde</p><p>aproximadamente à metade dos casos de</p><p>hipotireoidismo primário. A sua etiologia</p><p>é desconhecida, contudo, sabe-se que</p><p>tem caráter hereditário. Histologicamen-</p><p>te, a tireoidite linfocítica é caracterizada</p><p>Felipe Gazza Romão</p><p>MV, residente</p><p>Depto. Clínica Veterinária - FMVZ/Unesp-Botucatu</p><p>fgazza_vet@hotmail.com</p><p>Mariana Isa Poci Palumbo</p><p>MV, residente</p><p>Depto. Clínica Veterinária - FMVZ/Unesp-Botucatu</p><p>palumboma11@yahoo.com.br</p><p>Luciene Maria Martinello</p><p>MV, residente</p><p>UNIRP</p><p>lucienemartinello@hotmail.com</p><p>Luiz Henrique de Araújo Machado</p><p>MV, prof. ass. dr.</p><p>Depto. Clínica Veterinária - FMVZ/Unesp-Botucatu</p><p>henrique@fmvz.unesp.br</p><p>Maria Lúcia Gomes Lourenço</p><p>MV, profa. ass. dra.</p><p>Depto. Clínica Veterinária - FMVZ/Unesp-Botucatu</p><p>mege@uol.com.br</p><p>Hipotireoidismo em</p><p>cães – revisão</p><p>Resumo: O hipotireoidismo é uma das endocrinopatias mais frequentes na espécie canina, que acomete</p><p>preferencialmente animais de meia-idade de raça pura. Os sintomas clínicos são bastante variados e muitas vezes</p><p>inespecíficos, incluindo alterações metabólicas, dermatológicas ou cardiovasculares. Os principais achados</p><p>laboratoriais são anemia arregenerativa e hipercolesterolemia. Hiponatremia, aumento da atividade da fosfatase</p><p>alcalina e da alanina aminotransferase também podem ser observados com menor frequência. Existem testes</p><p>específicos, utilizados no auxílio ao diagnóstico do hipotireoidismo, que devem ser interpretados em conjunto com</p><p>os sinais clínicos apresentados pelo animal. As concentrações de tireotopina (TSH), tiroxina (T4) livre e total são</p><p>os testes hormonais mais utilizados. É importante diferenciar hipotireoidismo da síndrome do eutireoideo doente,</p><p>condição que pode ser causada por doenças graves e, principalmente, o hiperadrenocorticismo, levando à</p><p>diminuição dos níveis de TSH e T4. O tratamento de escolha é a levotiroxina sódica. O objetivo deste trabalho é</p><p>realizar uma revisão sobre o hipotireoidismo em cães, por se tratar de uma doença de difícil diagnóstico e de ocor-</p><p>rência comum na rotina da clínica de pequenos animais.</p><p>Unitermos: tireoide, tireoidite, tiroxina, levotiroxina sódica</p><p>Abstract: Hypothyroidism is one of the most frequent endocrinopathies in dogs, affecting preferentially</p><p>middle-aged, pure breed animals. Associated clinical signs are variable and often non-specific, including</p><p>metabolic, dermatological or cardiovascular alterations. The main laboratorial findings are non-regenerative</p><p>anemia and hypercholesterolemia. Hyponatremia and an increase in alanine transferase and alkaline phosphatase</p><p>activities can also be observed with lower frequency. There are specific diagnostic tests that can be used to help</p><p>diagnose hypothyroidism, and those should be interpreted in the light of the animal´s clinical symptoms. The</p><p>levels of thyroxine stimulating hormone (TSH) and both free and total thyroxine (T4) are the most used hormonal</p><p>tests. It is important to differentiate between hypothyroidism and the euthyroid sick syndrome, a condition that may</p><p>be caused by severe diseases such as hyperadrenocorticism and lead to decreased TSH and T4 levels as well.</p><p>Levothyroxine sodium is the standard</p><p>CPF, endereço residencial com cep,</p><p>telefones e e-mail).</p><p>Os artigos de todas as categorias devem</p><p>ser acompanhados de versões em língua in-</p><p>glesa e espanhola de: título, resumo (de 700 a</p><p>800 caracteres) e unitermos (3 a 6). Os uni-</p><p>termos não devem constar do título. Devem</p><p>ser dispostos do mais abrangente para o mais</p><p>específico (eg, “cães, cirurgias, abcessos,</p><p>próstata). Verificar se os unitermos escolhidos</p><p>constam dos “Descritores em Ciências de</p><p>Saúde” da Bireme (http://decs.bvs.br/).</p><p>Utilizar letra arial tamanho 10, espaço sim-</p><p>ples. Não deixar linhas em branco ao longo do</p><p>texto, entre títulos, após subtítulos e entre as</p><p>referências.</p><p>No caso do material ser totalmente enviado</p><p>por correio, devem necessariamente ser en-</p><p>viados, além de uma apresentação impressa,</p><p>uma cópia em CD-room.</p><p>Imagens como tabelas, gráficos e ilustra-</p><p>ções não podem ser provenientes de literatu-</p><p>ra, mesmo que seja indicada a fonte. Imagens</p><p>fotográficas ou desenhos devem possuir indi-</p><p>cação do fotógrafo/desenhista e proprietário; e</p><p>quando cedidas por terceiros, deverão ser</p><p>obrigatoriamente acompanhadas de autoriza-</p><p>ção para publicação e cessão de direitos para</p><p>a Editora Guará. Quadros, tabelas, fotos,</p><p>desenhos, gráficos deverão ser denominados</p><p>figuras e numerados por ordem de apareci-</p><p>mento das respectivas chamadas no texto.</p><p>As referências bibliográficas serão indica-</p><p>das ao longo do texto apenas por números so-</p><p>brescritos ao texto, que corresponderão à lis-</p><p>tagem ao final do artigo – autores e datas não</p><p>devem ser citados no texto. A apresentação</p><p>das referências ao final do artigo deve seguir</p><p>as normas atuais da ABNT e elas devem ser</p><p>numeradas pela ordem de aparecimento no</p><p>texto. Utilizar o formato v. para volume, n.</p><p>para número e p. para página. Não utilizar “et</p><p>al” - todos os autores devem ser relacionados.</p><p>Não abreviar títulos de periódicos.</p><p>Com relação aos princípios éticos da expe-</p><p>rimentação animal, os autores deverão con-</p><p>siderar as normas do COBEA (Colégio Bra-</p><p>sileiro de Experimentação Animal).</p><p>Informações referentes a produtos utiliza-</p><p>dos no trabalho devem ser informadas em ro-</p><p>dapé, com chamada no texto com letra sobres-</p><p>crita ao princípio ativo ou produto. No rodapé</p><p>devem constar o nome comercial, fabricante,</p><p>cidade e estado. Para produtos importados</p><p>informar também o país de origem, o nome do</p><p>importador/distribuidor, cidade e estado.</p><p>Revista Clínica Veterinária / Redação</p><p>Caixa Postal 66002 CEP 05314-970 São Paulo SP</p><p>cvredacao@editoraguara.com.br</p><p>E d i t o r i a lE d i t o r i a l</p><p>Clínica Veterinária, Ano XV, n. 89, novembro/dezembro, 2010 8</p><p>Oano de 2010 foi declarado pela ONU o Ano Internacional da Biodiversi-</p><p>dade. O objetivo do movimento foi colocar em evidência algumas ações</p><p>humanas como a ocupação desordenada de áreas naturais, a exploração</p><p>predatória de recursos da natureza e a poluição. Vem sendo comprova-</p><p>do que ações como estas trazem sérias consequências para o meio ambiente, levando o planeta</p><p>a perder cada vez mais espécies animais e vegetais.</p><p>No Brasil, existem inúmeras ações que degradam o meio ambiente de forma constante e algumas até de forma</p><p>assustadora, como, por exemplo, o projeto da usina de Belo Monte. A candidata do Partido Verde às eleições presi-</p><p>dencias de 2010, Marina Silva, ao obter quase 20% dos votos, mostrou que boa parte da população brasileira está</p><p>atenta ao meio ambiente, à sustentabilidade e às fontes de energias renováveis. Essa consciência ambiental que se</p><p>espalha pela população é muito importante, pois o Brasil, além de ser uma potência emergente, é dono da maior</p><p>biodiversidade do planeta.</p><p>O aumento da consciência ambiental também tem direcio-</p><p>nado a atenção para as condições de vida dos animais, fato</p><p>que é uma tendência mundial. No movimento internacional</p><p>Help Elephants (www.helpelephants.com), por exemplo, é</p><p>marcante a pressão exercida para que elefantes mortos nos</p><p>zoológicos não sejam repostos. No Brasil, esse tipo de condu-</p><p>ta também está sendo disseminado, mas a espécie catalisadora</p><p>do movimento não foi o elefente, mas a girafa. No zoológico</p><p>da Fundação Zoobotânica do RS (FZB), na cidade de Sapucaia</p><p>do Sul, no RS, no início de setembro, morreu Dorotéia, a últi-</p><p>ma girafa da instituição. Indícios de que a</p><p>direção da instituição pretendia trazer novas</p><p>girafas para o zoológico desencadearam o</p><p>movimento Lugar de Animal é em seu Habitat</p><p>Natural (www.lugardenaimal.com).</p><p>Além desses movimentos promovidos por instituições que se dedicam à preservação da vida, muitas empresas</p><p>passaram a adotar medidas que visam mostrar seu comprometimento com a preservação do meio ambiente.</p><p>Associados a essas ações empresarias, ganham destaque também os movimentos educacionais que trabalham a</p><p>questão da sustentabilidade com crianças. Se almejamos uma educação que gere cidadãos capazes de contribuir</p><p>para um mundo mais justo e pacífico, devemos começar na primeira infância, pois valores, atitudes, comportamentos</p><p>e habilidades adquiridas nesse período podem ter impacto duradouro por toda a vida.</p><p>Reverter toda a destruição que já foi feita à natureza é uma tarefa que necessita da colaboração de todos.</p><p>Recentemente, o professor Maurício Talebi, do departamento de Ciências Biológicas da Unifesp (Universidade Federal</p><p>de São Paulo), campus Diadema, coordenou trabalhos que resultaram na inclusão de duas espécies brasileiras de pri-</p><p>matas não-humanos na lista dos 25 primatas não humanos mais ameaçados de extinção no mundo: o macaco-prego-</p><p>galego (Cebus flavius), encontrado nos Estados do Rio Grande do Norte, da Paraíba, de Pernambuco e de Alagoas; e</p><p>o guigó-da-caatinga (Callicebus barbarabrownae), que sobrevive nos Estados da Bahia e de Sergipe. A inclusão ocor-</p><p>reu durante o 23º Congresso Internacional de Primatologia realizado em setembro na Universidade de Quioto, no</p><p>Japão. A lista é revisada a cada dois anos, sob a coordenação do Grupo Especialista em Primatas da União Interna-</p><p>cional para a Conservação da Natureza (PSG/IUCN), e tem como principal objetivo ampliar as ações conservacio-</p><p>nistas para as espécies listadas.</p><p>O Ano Internacional da Biodiversidade está terminando, mas as iniciativas para continuar defendendo a vida pre-</p><p>cisam seguir pelas gerações futuras. O engajamento de todos, mesmo em pequenas ações, é fundamental. “O que</p><p>eu faço, é uma gota no meio de um oceano. Mas sem ela, o oceano será menor.” (Madre Teresa de Calcutá).</p><p>Arthur de Vasconcelos Paes Barretto</p><p>"Não podemos ver a beleza essencial de um animal enjaulado,</p><p>apenas a sombra de sua beleza perdida" - Julia Allen Field, 1937</p><p>Clínica Veterinária, Ano XV, n. 89, novembro/dezembro, 201010</p><p>Resgate de pinguins-de-magalhães no litoral do Estado do RJ</p><p>Por Marcia Chame - Coordenadora do Programa Institucional Biodiversidade & Saúde - Fiocruz</p><p>No Rio de Janeiro, RJ, pinguins-de-magalhães</p><p>embarcaram em avião da Gol com destino a Porto</p><p>Alegre e, posteriormente, foram transportados por</p><p>rodovia até o CRAM (Centro de Reabilitação de</p><p>Animais Marinhos), em Rio Grande, RS</p><p>Pinguim-de-magalhães resgatado</p><p>por jovem atleta kitesurfer.</p><p>Bastante debilitado, recebeu</p><p>cuidados e recuperou-se</p><p>O cardápio dos pinguins resgatados era</p><p>formado por sardinhas e manjubinhas</p><p>A</p><p>rquivo: A</p><p>ssociação Proidea</p><p>A</p><p>rquivo: A</p><p>ssociação Proidea</p><p>A</p><p>rquivo: A</p><p>ssociação Proidea</p><p>Arquivo: Associação Proidea</p><p>reagir, para poder ficar de pé e cami-</p><p>nhar, como se locomovem os pinguins em</p><p>terra firme, nadar e reaprender a comer</p><p>sozinho. Estava inicialmente salvo, mas</p><p>triste! Pinguins são animais gregários,</p><p>vivem em grandes colônias e Pingu es-</p><p>tava só.</p><p>Daí foi carinhosamente acolhido pela</p><p>equipe do Gemm-Lagos, da Fundação</p><p>Oswaldo Cruz. A instituição mantém</p><p>projeto de monitoramento de animais</p><p>marinhos na costa do Rio de Janeiro,</p><p>uma vez que esses animais indicam con-</p><p>dições de saúde e mudanças dos ecos-</p><p>sistemas, importantes para a previsão de</p><p>agravos à saúde humana. Pingu se juntou</p><p>a outros de sua espécie em Arraial do</p><p>No início de setembro de 2010,</p><p>um pinguim-de-magalhães qua-</p><p>se morto foi resgatado das águas</p><p>da Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro,</p><p>treatment. The main objective of this paper is to review hypothyroidism in</p><p>dogs, since this is a very common disease in small animal clinics, but with difficult diagnosis.</p><p>Keywords: thyroid, thyroiditis, thyroxine, levothyroxine sodium</p><p>Resumen: El hipotiroidismo es la enfermedad endocrina más común en los perros, que afecta principalmente a</p><p>animales de raza y de mediana edad. Los signos clínicos son muy variados e inespecíficos, incluyendo sintomas</p><p>metabólicos, dermatológicos y cardiovasculares. Los hallazgos de laboratorio más comunes son la anemia</p><p>arregenerativa y la hipercolesterolemia. La hiponatremia, aumento de la actividad de la fosfatasa alcalina y</p><p>alanina aminotransferasa, también se observaron con menor frecuencia. Hay pruebas específicas utilizadas en el</p><p>diagnóstico del hipotiroidismo, que deben ser interpretados conjuntamente con los signos clínicos del animal. Las</p><p>concentraciones de tireotropina (TSH), tiroxina (T4) libre y total son las pruebas hormonales más utilizadas. Es</p><p>importante diferenciar el hipotiroidismo del síndrome del eutiroideo enfermo, una condición que puede ser</p><p>causada por enfermedades graves y, sobre todo el hiperadrenocorticismo, dando lugar a la disminución de los</p><p>niveles de TSH y T4. El tratamiento de elección es la levotiroxina sódica. El objetivo de este trabajo es realizar</p><p>una revisión bibliográfica sobre el hipotiroidismo en los perros, debido a que es una enfermedad difícil de diag-</p><p>nosticar y de ocurrencia común en la rutina de la clínica de animales pequeños.</p><p>Palabras clave: tiroide, tiroiditis, tiroxina, levotiroxina sódica</p><p>Clínica Veterinária, n. 89 p. 70-76, 2010</p><p>Hypothyroidism in dogs – a review</p><p>Hipotiroidismo en los perros – revisión</p><p>Introdução</p><p>O hipotireoidismo é uma endocrino-</p><p>patia comum em cães causada por uma</p><p>deficiência na síntese de hormônios pela</p><p>tireoide, com uma prevalência relatada</p><p>de 0,2% a 0,8% da população canina</p><p>acometida 1-4. Afeta cães de médio a</p><p>grande porte (doberman, golden e labra-</p><p>dor retriever, chow-chow, boxer, setter</p><p>irlandês, airedale terrier, beagle, teckel,</p><p>schnauzer miniatura, cocker spaniel,</p><p>rottweiler são raças predispostas) de</p><p>meia-idade (quatro a dez anos), não</p><p>havendo predisposição sexual 5. No as-</p><p>pecto clínico, é uma enfermidade com</p><p>diversos sintomas, em razão do efeito</p><p>da deficiência desses hormônios em</p><p>uma série de sistemas orgânicos 6,7.</p><p>Um esquema de classificação conve-</p><p>niente para o hipotireoidismo foi criado</p><p>e baseia-se na localização do problema</p><p>dentro do complexo glandular hipotála-</p><p>mo-hipófise-tireoide. O hipotireoidismo</p><p>primário é a forma mais comum desse</p><p>distúrbio em cães, sendo resultante de</p><p>problemas na própria glândula tireoide.</p><p>O tipo secundário resulta da deficiência</p><p>da secreção de TSH (hormônio tireoes-</p><p>timulante), levando a uma deficiência</p><p>secundária da síntese e da secreção do</p><p>hormônio tiroideano. O hipotireoidismo</p><p>terciário é causado por uma deficiência</p><p>da produção do TRH (hormônio libera-</p><p>dor de tireotropina); a ausência de se-</p><p>creção desse hormônio pode ocasionar</p><p>deficiência da secreção de TSH e atrofia</p><p>70 Clínica Veterinária, Ano XV, n. 89, novembro/dezembro, 2010</p><p>células CD4+ é importante nos achados</p><p>patológicos da tireoidite canina. Alguns</p><p>autores sugerem também um forte com-</p><p>ponente hereditário dessa condição 13.</p><p>Os sinais e sintomas clínicos do hipo-</p><p>tireoidismo manifestam-se somente</p><p>quando aproximadamente 75% da glân-</p><p>dula foi destruída. A perda do controle</p><p>de retroalimentação negativa sobre a hi-</p><p>pófise teoricamente resulta em um au-</p><p>mento na concentração de TSH circu-</p><p>lante 7,12.</p><p>A atrofia idiopática tireoidiana, não</p><p>relacionada à tireoidite, acomete cerca</p><p>de 50% dos pacientes com hipotireoi-</p><p>dismo primário. Caracteriza-se pela de-</p><p>generação folicular das células, com a</p><p>redução do tamanho folicular e a substi-</p><p>tuição do parênquima normal por tecido</p><p>adiposo conjuntivo 12. As demais causas</p><p>são incomuns em cães.</p><p>O hipotireoidismo secundário em</p><p>cães é incomum. Resulta da falha de</p><p>desenvolvimento ou da disfunção dos</p><p>tireotrofos hipofisários, causando se-</p><p>creção deficiente de TSH e uma defi-</p><p>ciência secundária na síntese e secreção</p><p>do hormônio da tireoide. A atrofia folic-</p><p>ular secundária ocorre gradativamente,</p><p>determinando a ausência de TSH. Ou-</p><p>tras causas do hipotireoidismo secun-</p><p>dário são: neoplasia hipofisária ou su-</p><p>pressão da função tireotrópica por hor-</p><p>mônios ou fármacos (por exemplo,</p><p>glicocorticoides) 8,11.</p><p>O hipotireoidismo terciário é uma</p><p>deficiência na secreção de TRH por</p><p>neurônios peptidérgicos nos núcleos</p><p>supraópticos e paraventriculares do hi-</p><p>potálamo, o que leva a uma deficiência</p><p>na secreção de TSH e à atrofia folicular</p><p>secundária da tireoide 8. Apenas um</p><p>caso foi descrito na literatura mundial,</p><p>relatando a ocorrência do hipotireoidis-</p><p>mo terciário em um cão de nove anos,</p><p>da raça labrador, que não respondeu</p><p>adequadamente ao teste de estimulação</p><p>com TRH 14.</p><p>Anormalidades na concentração dos</p><p>homônios tireoideos sem a evidência da</p><p>coexistência de enfermidade na hipófise</p><p>ou na tireoide são comumente encontra-</p><p>das em uma série de doenças não tireoi-</p><p>deanas, incluindo infecções, trauma,</p><p>Clínica Veterinária, Ano XV, n. 89, novembro/dezembro, 2010</p><p>por uma infiltração multifocal ou difusa</p><p>de linfócitos, macrófagos e plasmócitos</p><p>na glândula. As células do epitélio foli-</p><p>cular, que são normalmente cuboides na</p><p>aparência, tornam-se colunares sob o</p><p>efeito estimulatório do aumento de</p><p>TSH. Há um espessamento da mem-</p><p>brana basal e uma substituição do tecido</p><p>normal glandular por tecido conjuntivo</p><p>fibroso maduro 12.</p><p>A patogênese molecular e imunológi-</p><p>ca da tireoidite linfocítica em cães não</p><p>foi muito bem caracterizada ainda. Em-</p><p>bora esse processo tenha sido estudado</p><p>em galinhas e ratos e induzido em cães,</p><p>é difícil avaliar até que ponto esses mo-</p><p>delos mimetizam as condições naturais</p><p>de ocorrência da doença. Em seres hu-</p><p>manos, o infiltrado é predominante-</p><p>mente linfocítico, com linfócitos B e T</p><p>(estes em maior quantidade). Confir-</p><p>mou-se a resposta proliferativa de célu-</p><p>las mononucleares do sangue periférico</p><p>à tireoglobulina canina em animais hi-</p><p>potireoideos com aumento dos níveis de</p><p>anticorpos antitireoglobulina, o que su-</p><p>gere que a perda da autotolerância das</p><p>71</p><p>ou seca) e piodermite superficial. Hiper-</p><p>queratose, hiperpigmentação, comedos,</p><p>hipertricose e otite também foram des-</p><p>critos. As alterações cutâneas estão rela-</p><p>cionadas com a diminuição da síntese</p><p>proteica e da atividade mitótica, além da</p><p>diminuição do consumo de oxigênio</p><p>pela pele, o que resulta em atrofia da</p><p>epiderme, atrofia das glândulas sebá-</p><p>ceas e queratinização anormal 19.</p><p>O mixedema é facilmente reconheci-</p><p>do ao exame físico e geralmente encon-</p><p>trado no exame histopatológico de</p><p>biópsias cutâneas, o que torna a pele</p><p>mais espessada especialmente na região</p><p>da cabeça, conferindo à face do animal</p><p>uma expressão de fascies tragica. Isso</p><p>ocorre pelo acúmulo na derme de muci-</p><p>na – composta primariamente de ácido</p><p>hialurônico 6.</p><p>O mixedema comatoso é outra possí-</p><p>vel complicação do hipotireoidismo, le-</p><p>vando a alteração do estado mental e da</p><p>termorregulação. O hormônio tireoidia-</p><p>no tem um efeito permissivo sobre a en-</p><p>zima ATPase: quando ocorre uma dimi-</p><p>nuição da atividade dessa proteína, há</p><p>um decréscimo do uso do ATP, levando</p><p>à hipóxia celular e à diminuição da ge-</p><p>ração de calor. Em adição, o edema ce-</p><p>rebral pode resultar em disfunção do hi-</p><p>potálamo, estrutura importantíssima no</p><p>mecanismo termorregulatório 20.</p><p>Em seres humanos, o hipotireoidis-</p><p>mo leva a alterações eletrocardiográfi-</p><p>cas como bradicardia sinusal, comple-</p><p>xos QRS pequenos, prolongamento do</p><p>intervalo Q-T e diminuição ou inversão</p><p>da onda T 21. Um estudo demonstrou que</p><p>onze entre dezenove cães hipotireoideos</p><p>apresentavam ondas R de baixa ampli-</p><p>tude; além disso, o ecocardiograma de</p><p>dois animais exibia evidência de fraca</p><p>contratilidade miocárdica e cardiomio-</p><p>patia dilatada 9.</p><p>Os sinais neurológicos são incomuns</p><p>no hipotireoidismo primário (cerca de</p><p>7,5% dos animais hipotireoideos apre-</p><p>sentam disfunção neurológica) e podem</p><p>ser causados por mudanças mixedema-</p><p>tosas ou ateroscleróticas secundárias à</p><p>hiperlipidemia. Os sinais podem incluir</p><p>convulsões, andar em círculos, desorien-</p><p>tação e coma 4,22. Outras manifestações</p><p>neurológicas incluem polineuropatia e</p><p>neuropatia focal. A patogenia desses</p><p>processos não está totalmente elucida-</p><p>da, mas acredita-se que resulte de uma</p><p>anormalidade metabólica no transporte</p><p>axonal e de disfunção das células de</p><p>Schwann 6.</p><p>As anormalidades reprodutivas in-</p><p>cluem anestro persistente, galactorreia,</p><p>infertilidade, prolongado intervalo inte-</p><p>restro nas cadelas, diminuição da fertili-</p><p>dade e da libido nos machos, tudo isso</p><p>atribuído ao hipotireoidismo. A inapro-</p><p>priada galactorreia, por exemplo, é re-</p><p>conhecida como consequência do au-</p><p>mento das concentrações circulantes de</p><p>prolactina causado pelo aumento gene-</p><p>ralizado da estimulação da glândula hi-</p><p>pofisária pelo TRH 12.</p><p>O diagnóstico do hipotireoidismo em</p><p>cães é feito com base nos achados clíni-</p><p>cos, nos exames laboratoriais de rotina e</p><p>nos testes de função tireoideana, além</p><p>de na resposta à terapia hormonal 1,15. In-</p><p>felizmente, o diagnóstico torna-se com-</p><p>plexo, pois muitos fatores influenciam</p><p>os resultados, levando a uma diminui-</p><p>ção dos níveis de tiroxina séricos 7.</p><p>Os resultados do hemograma, do pai-</p><p>nel bioquímico e da urinálise podem</p><p>ajudar no diagnóstico do hipotireoidis-</p><p>mo e descartar outros distúrbios. A ane-</p><p>mia arregenerativa normocítica normo-</p><p>crômica moderada está presente em 30 a</p><p>40% dos casos 6, consequência das redu-</p><p>ções da atividade metabólica periférica</p><p>e da demanda de oxigênio nos tecidos.</p><p>A hipercolesterolemia ocorre em 75%</p><p>dos cães hipotireoideos, enquanto a hi-</p><p>pertrigliceridemia acomete 88% dos</p><p>animais doentes, associadas tanto a uma</p><p>redução da taxa de degradação de lipí-</p><p>dios quanto da síntese 12. Aumento dos</p><p>níveis de frutosamina, mesmo quando a</p><p>glicemia apresenta-se normal, também é</p><p>observado, em razão de um aumento do</p><p>turnover proteico 3,12,19,23.</p><p>A ultrassonografia cervical é um mé-</p><p>todo diagnóstico pouco empregado na</p><p>medicina veterinária, porém, de grande</p><p>valia como auxiliar no diagnóstico dife-</p><p>rencial entre o hipotireoidismo e a sín-</p><p>drome do eutireoideo doente, principal-</p><p>mente nos casos em que ocorre atrofia</p><p>idiopática da glândula, com diminuição</p><p>significativa do tamanho quando com-</p><p>parado ao da glândula de animais sa-</p><p>dios. A média do volume total da glân-</p><p>dula tireoide (VTG) de animais com hi-</p><p>potireoidismo foi de 0,28cm3, enquanto</p><p>animais hígidos apresentaram 0,54cm3.</p><p>Além disso, a glândula doente é hipoe-</p><p>coica em relação à musculatura cervi-</p><p>cal, ao contrário do que ocorre no tecido</p><p>condições inflamatórias, neoplasias,</p><p>megaesôfago e hiperadrenocorticismo,</p><p>dentre outras 15,16.</p><p>Uma diminuição na concentração sé-</p><p>rica do hormônio da tireoide pode resul-</p><p>tar de um declínio na secreção de TSH</p><p>secundário à supressão do hipotálamo</p><p>ou da hipófise, de uma síntese diminuí-</p><p>da de tiroxina (T4), de uma concentra-</p><p>ção diminuída de proteínas circulantes</p><p>(por exemplo, globulina que se liga à ti-</p><p>reoide), de inibição da deiodinação de</p><p>T4 para T3, ou de qualquer combinação</p><p>desses fatores. Acredita-se que a dimi-</p><p>nuição subsequente de T4 total sérico e,</p><p>em muitos casos, das concentrações de</p><p>T4 livre (fT4) represente uma adaptação</p><p>fisiológica do organismo, com o propó-</p><p>sito de diminuir o metabolismo celular</p><p>durante períodos de enfermidade 8. Esse</p><p>processo ocorre na chamada síndrome</p><p>do eutireoideo doente, que é um achado</p><p>comum em cães e é resultado da ação de</p><p>algumas drogas (como anti-inflamató-</p><p>rios não esteroidais e esteroidais, feno-</p><p>barbital, sulfonamidas) ou de algumas</p><p>doenças sobre as concentrações dos hor-</p><p>mônios tireoidianos 17.</p><p>Diagnóstico</p><p>Os sinais e sintomas clínicos caracte-</p><p>rísticos mais comuns são: sinais meta-</p><p>bólicos (84% dos casos), em especial le-</p><p>targia (76%), ganho de peso (44%) e in-</p><p>tolerância ao exercício (24%); e anor-</p><p>malidades dermatológicas (80% dos</p><p>casos), incluindo alopecia (56%), pe-</p><p>lame de má qualidade (30%) e hiper-</p><p>pigmentação (20%) 3.</p><p>A obesidade, o ganho de peso, a letar-</p><p>gia e a intolerância ao exercício são pro-</p><p>vocados por um decréscimo da taxa me-</p><p>tabólica; o gasto energético é aproxima-</p><p>damente 15% menor em cães hipotireoi-</p><p>deos quando comparados a cães nor-</p><p>mais 6. Além disso, o mixedema tem</p><p>sido apontado como maior culpado pelo</p><p>ganho de peso, justamente pelo acúmu-</p><p>lo de mucopolissacarídeos no tecido</p><p>subcutâneo 18.</p><p>A alopecia é um sinal clínico comum</p><p>em animais com hipotireoidismo, pois</p><p>os hormônios tireoideanos são necessá-</p><p>rios para iniciar a fase anágena do cres-</p><p>cimento do pelo, que fica na fase telóge-</p><p>na por longos períodos, tornando-se</p><p>seco e sem brilho 6,19.</p><p>Outros achados dermatológicos co-</p><p>muns encontrados são seborreia (oleosa</p><p>72 Clínica Veterinária, Ano XV, n. 89, novembro/dezembro, 2010</p><p>pois a fração livre da tiroxina é metabo-</p><p>licamente ativa e está disponível para os</p><p>tecidos. No entanto, é importante salien-</p><p>tar que a mensuração do T4 livre deve</p><p>ser feita, preferencialmente, pela técnica</p><p>diálise de equilíbrio ou T4 livre bifásico,</p><p>pois possibilitam a separação da fração</p><p>livre da porção total 1,12,28.</p><p>A concentração basal de T3 tem pou-</p><p>co valor na diferenciação entre hipotire-</p><p>oideos e eutireoideos, já que a glândula</p><p>tireoide normal secreta muito mais tiro-</p><p>xina do que tri-iodotironina 1; além</p><p>disso, os níveis séricos de T3 estão nor-</p><p>mais em 50% dos cães hipotireoideos,</p><p>tornando esse exame muito pouco sen-</p><p>sível 10.</p><p>O teste de estimulação com o TSH</p><p>foi tradicionalmente considerado o</p><p>“padrão-ouro” para o diagnóstico de hi-</p><p>potireoidismo canino. A administração</p><p>intravenosa de uma dose suprafisiológi-</p><p>ca de TSH de origem bovina resulta na</p><p>máxima estimulação da glândula tireoi-</p><p>de após seis horas da aplicação. O pro-</p><p>tocolo geralmente utilizado é da admi-</p><p>nistração intramuscular da tireotropina a,</p><p>na dose de 0,44UI/kg de peso corpóreo,</p><p>coletando-se a amostra sanguínea após</p><p>doze horas. A determinação do T4 total</p><p>circulante antes e depois dessa adminis-</p><p>tração fornece uma avaliação da capaci-</p><p>dade funcional da tireoide 12. Esse teste</p><p>está em desuso pela dificuldade de se</p><p>encontrar o TSH bovino e pela possibi-</p><p>lidade de anafilaxia quando administra-</p><p>do 27,29.</p><p>O TSH recombinante humano b tem</p><p>sido utilizado com relativo sucesso para</p><p>o teste de estimulação por tireotropina</p><p>na Europa, já que causa menos efeitos</p><p>colaterais que o análogo bovino; porém,</p><p>seu alto custo torna pouco acessível sua</p><p>utilização na medicina veterinária no</p><p>Brasil. Um estudo com 33 cães dividi-</p><p>dos em dois grupos (15 cães com sinais</p><p>clínicos compatíveis com hipotireoidis-</p><p>mo e 18 cães sadios) utilizou duas do-</p><p>ses, de 75 e 150µg por animal e de-</p><p>monstrou que a maior é mais confiável,</p><p>já que resultados anormais do teste fo-</p><p>ram registrados com a dose de 75µg.</p><p>Como em outros testes para o diagnósti-</p><p>co de hipotireoidismo, devem-se ex-</p><p>cluir outras doenças de base ou o uso de</p><p>medicamentos que possam interferir</p><p>nos resultados 30.</p><p>Tratamento e prognóstico</p><p>A levotiroxina sintética c é o trata-</p><p>mento de escolha para hipotireoidismo.</p><p>Sua administração oral deve resultar em</p><p>concentrações séricas normais de T4,</p><p>T3 e cTSH, baseando-se no fato de que</p><p>esses produtos podem ser convertidos</p><p>em T3, que é a forma metabolicamente</p><p>ativa 8.</p><p>Muitos autores recomendam o uso da</p><p>levotiroxina duas vezes ao dia ou, mes-</p><p>mo ocasionalmente, três vezes ao dia.</p><p>No entanto, a resposta clínica quando</p><p>administrada uma vez ao dia normal-</p><p>mente é excelente, desde que o pico da</p><p>concentração adequada seja atingido.</p><p>Embora a utilização de doses divididas</p><p>certamente resulte em menor flutuação</p><p>das concentrações de T4 circulante em</p><p>comparação à administração da mesma</p><p>dose total como uma única diária em</p><p>bolus, a ação biológica dos hormônios</p><p>da tireoide pode ultrapassar a da meia-</p><p>vida plasmática, o que explica o sucesso</p><p>clínico da terapia diária 12.</p><p>A dose inicial da levotiroxina é de</p><p>0,02mg/kg/dia, sendo a dose aumentada</p><p>ou diminuída de acordo com a resposta</p><p>clínica e a evolução dos resultados dos</p><p>testes laboratoriais</p><p>31.</p><p>Com a terapia apropriada, todos os</p><p>sinais clínicos e anormalidades clinico-</p><p>patológicas associados ao hipotireoidis-</p><p>mo apresentam remissão 8. Em geral,</p><p>sintomas metabólicos como retardo</p><p>mental e letargia estão entre os primei-</p><p>ros a melhorar, sendo muitas vezes</p><p>observada uma melhora dentro de sete</p><p>dias após o início do tratamento. A per-</p><p>da de peso é uma característica constan-</p><p>te do sucesso do tratamento e uma redu-</p><p>ção de 10% do peso pode ocorrer dentro</p><p>de três meses após seu início 12. Em</p><p>seres humanos, foi comprovado que a</p><p>perda de peso deve-se principalmente à</p><p>dissipação do fluido mucopolissacarí-</p><p>deo (mixedema) acumulado no tecido</p><p>subcutâneo 18.</p><p>Segundo alguns autores, a monitora-</p><p>ção da terapia deve ser feita entre sete e</p><p>dez dias após do início do tratamento,</p><p>ou quando houver mudança da dose 31.</p><p>Outros autores afirmam que esse con-</p><p>trole deva ser feito com seis a oito</p><p>Clínica Veterinária, Ano XV, n. 89, novembro/dezembro, 2010</p><p>normal, que é hiperecoico em relação à</p><p>mesma musculatura 24.</p><p>Medicamentos, incluindo sulfonami-</p><p>das, glicocorticoides e fenobarbital,</p><p>assim como doenças graves e hiperadre-</p><p>nocorticismo, podem diminuir a con-</p><p>centração de T4 total e livre 10,25. Um es-</p><p>tudo demonstrou que o uso de sulfona-</p><p>midas potencializadas, como o sulfame-</p><p>toxazoletrimetroprim, causou a queda</p><p>dos níveis de tiroxina total, o que pro-</p><p>porcionou diagnóstico falso positivo de</p><p>hipotireoidismo 26.</p><p>A concentração de TSH, juntamente</p><p>com a de T4 total e de T4 livre, são utili-</p><p>zadas no diagnóstico da doença 25. O hi-</p><p>potireoidismo causa um decréscimo das</p><p>concentrações basais do hormônio ti-</p><p>reoideano e aumento do TSH, em razão</p><p>da falta de retroalimentação negativa</p><p>que o T4 exerce na produção de TSH</p><p>pela adeno-hipófise 15.</p><p>O T4 total basal sérico tem sido, tra-</p><p>dicionalmente, o principal elemento</p><p>para o diagnóstico do hipotireoidismo</p><p>canino e continua sendo uma excelente</p><p>linha de teste diagnóstico para a doença.</p><p>É um marcador barato e sensível para o</p><p>hipotireoidismo, porém os baixos valo-</p><p>res não confirmam a enfermidade, já</p><p>que muitas condições (uso de fármacos)</p><p>reduzem os níveis séricos. A sensibili-</p><p>dade diagnóstica desse teste é de cerca</p><p>de 95% e a especificidade, de aproxima-</p><p>damente 70%, tornando-o pouco confiá-</p><p>vel quando utilizado sem outros testes,</p><p>ou sem achados clínicos 10,12.</p><p>A concentração sérica de TSH geral-</p><p>mente aumenta em casos de hipotireoi-</p><p>dismo primário. Contudo, até 35% dos</p><p>animais hipotireoideos apresentam ní-</p><p>veis normais de TSH; não se sabe a cau-</p><p>sa exata desse fenômeno, mas acredita-</p><p>se que ocorra exaustão da adeno-hipó-</p><p>fise, ou que haja uma flutuação randô-</p><p>mica durante o dia, ou ainda que exis-</p><p>tam isoformas de TSH canino que não</p><p>possam ser mensuradas. A presença de</p><p>uma doença concomitante e de hipoti-</p><p>reoidismo secundário são causas prová-</p><p>veis para a detecção de níveis normais</p><p>de TSH em animais com hipotireoidis-</p><p>mo primário, portanto, não se recomen-</p><p>da a utilização somente desse teste para</p><p>investigar essa enfermidade 7,27.</p><p>A concentração de T4 livre é conside-</p><p>rada o teste diagnóstico mais fidedigno</p><p>para o diagnóstico de hipotireoidismo</p><p>dentre as opções disponíveis no mercado,</p><p>74</p><p>a) Dermathycin®, Schering-Plough, EUA; http://www.trade-</p><p>markia.com/dermathycin-73620605.html</p><p>b) Thyrogen®, Genzyme Genzyme Corporation, Reino Unido,</p><p>Distribuidora Brasil, Ariquemes, RD c) Puran®, Sanofi Aventis, São Paulo, SP</p><p>Os animais com hipotireoidismo se-</p><p>cundário causado por má-formação ou</p><p>destruição da glândula hipofisária apre-</p><p>sentam o prognóstico reservado. A ex-</p><p>pectativa de vida é menor nos cães com</p><p>má-formação congênita da hipófise (na-</p><p>nismo hipofisário), pois o hormônio ti-</p><p>reoideano é fundamental no desenvolvi-</p><p>mento fetal e nos primeiros meses de</p><p>vida 27. O hipotireoidismo secundário</p><p>adquirido geralmente é causado pela</p><p>destruição glandular por um tumor que</p><p>substitui o parênquima funcional, que</p><p>tem o potencial de se expandir para o</p><p>tronco encefálico 8.</p><p>Considerações finais</p><p>O hipotireoidismo é uma endocrino-</p><p>patia comum no cotidiano do clínico de</p><p>pequenos animais, porém pouco diagnos-</p><p>ticado pela dificuldade de interpretação</p><p>dos exames laboratoriais específicos e</p><p>pela influência de diversos fatores no</p><p>resultado dos testes endócrinos. Além</p><p>disso, é uma enfermidade que pode</p><p>levar a sinais clínicos inespecíficos em</p><p>múltiplos sistemas orgânicos.</p><p>O tratamento dessa enfermidade é re-</p><p>lativamente simples e acessível, tornan-</p><p>do totalmente favorável o prognóstico</p><p>dessa doença. É extremamente necessá-</p><p>rio um controle rigoroso das condições</p><p>do animal, como seu peso corporal e</p><p>sintomas clínicos, para que se possa</p><p>fazer um ajuste correto na terapêutica.</p><p>Como em outras endocrinopatias, deve-</p><p>se avaliar cada caso individualmente,</p><p>utilizando um protocolo específico.</p><p>Referências</p><p>01-PETERSON, M. E. ; MELIÁN, C. ; NICHOLS,</p><p>R. Measurement of serum total thyroxine,</p><p>triiodothyronine, free thyroxine, and thyrotropin</p><p>concentrations for diagnosis of hypothyroidism</p><p>in dogs. Journal of the American Veterinary</p><p>Medical Association, v. 211, n. 11, p. 1396-</p><p>1402, 1997.</p><p>02-DIXON, R. M. ; MOONEY, C. T. 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Se os níveis de T4 ainda estiverem</p><p>baixos, um aumento da dose do medica-</p><p>mento deve ser considerado 11.</p><p>O prognóstico para cães com hipoti-</p><p>reoidismo depende da causa subjacente.</p><p>A expectativa de vida de um animal</p><p>adulto com hipotireoidismo primário</p><p>adquirido submetido ao tratamento ade-</p><p>quado deve ser normal. A maioria das</p><p>manifestações clínicas, se não todas</p><p>elas, respondem à suplementação com</p><p>hormônio da tireoide 8,11,23.</p><p>75Clínica Veterinária, Ano XV, n. 89, novembro/dezembro, 2010</p><p>Journal, v. 60, n. 2, p. 88-93, 2007.</p><p>15-SCOTT-MONCRIEFF, J. C. R. ; NELSON, R.</p><p>W. ; BRUNER, J. M. ; WILLIAMS, D. A.</p><p>Comparison of serum concentrations of</p><p>thyroid-stimulating hormone in healthy dogs,</p><p>hypothyroid dogs, and euthyroid dogs with</p><p>concurrent disease. Journal of the American</p><p>Veterinary Medical Association, v. 212, n. 3,</p><p>p. 387-391, 1998.</p><p>16-HINES, M. T. 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Journal of Veterinary</p><p>Internal Medicine, v. 23, n. 4, p. 856-861, 2009.</p><p>31-DIXON, R. M. ; REID, S. W. J. ; MOONEY, C.</p><p>T. Treatment and therapeutic monitoring of</p><p>canine hypothyroidism. Journal of Small</p><p>Animal Practice, v. 43, n. 8, p. 334-340, 2002.</p><p>76 Clínica Veterinária, Ano XV, n. 89, novembro/dezembro, 2010</p><p>função imunoprotetora da mucosa gas-</p><p>trentérica sofre desequilíbrio, favore-</p><p>cendo a lesão inicial. A extensão desses</p><p>processos é variável, podendo envolver</p><p>não só o intestino delgado, mas também</p><p>o estômago e o cólon 4,5.</p><p>A DII idiopática é uma das causas</p><p>mais comuns de vômito e diarreia crôni-</p><p>ca em cães e gatos. Não existe predispo-</p><p>sição sexual aparente e a doença é</p><p>observada com mais frequência em cães</p><p>de meia-idade. Dentre as raças mais</p><p>acometidas, destacam-se: beagle, pastor</p><p>alemão, schnauzer gigante, setter irlan-</p><p>dês, rottweiler, shar pei, yorkshire ter-</p><p>rier, além de raças toy 3. Algumas dessas</p><p>raças apresentam predisposição para ti-</p><p>pos específicos de DII, como, por exem-</p><p>plo, a colite ulcerativa histiocítica do</p><p>boxer 5, a enterite linfocítica-plasmocíti-</p><p>ca do basenji e do shar pei, e a enterite</p><p>eosinofílica do pastor alemão 3. Vômito</p><p>e/ou diarreia são os sintomas mais co-</p><p>mumente observados na DII canina, que</p><p>pode se manifestar apenas com vômitos</p><p>crônicos e intermitentes. Porém, o qua-</p><p>dro clínico pode incluir vômito bilioso,</p><p>hematêmese, diarreia proveniente do in-</p><p>testino delgado (grande volume, aquo-</p><p>sa, melena) ou do intestino grosso (he-</p><p>matoquesia, fezes mucoides, frequência</p><p>aumentada e tenesmo), alças intestinais</p><p>espessadas, desconforto ou dor abdomi-</p><p>nal, excessivos borborigmos e flatulên-</p><p>cia, disorexia (polifagia, hiporexia,</p><p>anorexia e/ou fitofagia), perda de peso e</p><p>Bruna Siqueira Campos Ciotti</p><p>Médica veterinária autônoma</p><p>residente - HV/UnG</p><p>brunaciotti@terra.com.br</p><p>Viviani De Marco</p><p>MV, profa. dra. - FMV/UnG</p><p>endocrinologista - HV/Pompéia</p><p>vivianidemarco@terra.com.br</p><p>Flávio Augusto Marques dos Santos</p><p>MV, mestre, prof. - FMV/UAM e UnG</p><p>Hemovet</p><p>flavioaugusto@anhembimorumbi.edu.br</p><p>Thelma Parraz</p><p>Médica veterinária autônoma</p><p>residente - HV/UnG</p><p>thelmaparraz@ig.com.br</p><p>Tratamento da doença</p><p>inflamatória intestinal</p><p>canina com budesonida:</p><p>relato de caso</p><p>Resumo: A doença inflamatória intestinal inclui um grupo de alterações gastrintestinais crônicas e idiopáticas</p><p>caracterizadas pela resposta inflamatória do trato digestório perante um estímulo antigênico anormal. Uma cadela</p><p>da raça yorkshire terrier de oito anos de idade foi atendida no Hovet da Universidade Guarulhos, apresentando</p><p>sinais de êmese, prostração e dor abdominal. A ultrassonografia abdominal apresentou sugestão de duodenite,</p><p>sendo então realizada biópsia intestinal por endoscopia, que revelou presença de linfócitos e plasmócitos</p><p>abundantes nas vilosidades duodenais. O tratamento inicial foi com prednisona, porém, devido aos efeitos</p><p>colaterais, optou-se por substituí-la por budesonida na dose de 3mg/cão a cada 24 horas, por via oral, por</p><p>sessenta dias. Após a remissão completa dos sinais clínicos, realizou-se a retirada gradual da medicação. Após</p><p>doze meses de acompanhamento, não houve recidiva do quadro.</p><p>Unitermos: cães, inflamação, gastrenterite, corticosteroide</p><p>Abstract: Inflammatory bowel disease includes a group of chronic idiopathic gastrointestinal disorders</p><p>characterized by an inflammatory response of the digestive tract to an abnormal antigenic stimulation. An eight-</p><p>year-old Yorkshire Terrier dog was attended at the Veterinary Hospital of the University of Guarulhos, showing signs</p><p>of vomiting, abdominal pain and prostration. The abdominal ultrasound was suggestive of duodenitis; intestinal</p><p>biopsy was then performed by endoscopy, which revealed the presence of abundant lymphocytes and plasma cells</p><p>in the duodenal villi. Initial treatment was with prednisone, but due to side effects, we opted for budesonide</p><p>(3mg/dog orally once a day for 60 days). After complete remission of clinical symptoms, gradual withdrawal of</p><p>medication was performed. There was no recurrence within twelve months of follow up.</p><p>Keywords: dogs, inflammation, gastroenteritis, corticosteroid</p><p>Resumen: La enfermedad inflamatoria</p><p>intestinal incluye un grupo de alteraciones gastrointestinales crónicas e</p><p>idiopáticas caracterizadas por la respuesta inflamatoria del tracto digestivo, frente a un estimulo antigénico</p><p>anormal. Una perra de raza Yorkshire Terrier, de 8 años de edad se presentó a consulta en Hospital Veterinario</p><p>de la Universidad de Guarulhos, con signos de vómitos, dolor abdominal y postración. La ecografía abdominal fue</p><p>sugestiva de duodenitis, siendo entonces realizada biopsia intestinal por endoscopia, que reveló la presencia de</p><p>abundantes linfocitos y células plasmáticas en las vellosidades del duodeno. El tratamiento inicial fue con</p><p>prednisona, pero debido a los efectos secundarios, se optó por la sustitución con la budesonida, a dosis de</p><p>3mg/perro una vez al día, por vía oral durante 60 días. Después de la remisión completa de los síntomas</p><p>clínicos, se realizó la retirada gradual de la medicación. Después de doze meses de seguimiento, no hubo recaída</p><p>del cuadro.</p><p>Palabras clave: perros, inflamación, gastroenteritis, esteroides</p><p>Clínica Veterinária, n. 89 p. 78-82, 2010</p><p>Treatment of canine inflammatory bowel</p><p>disease with budesonide: a case report</p><p>El tratamiento de la enfermedad</p><p>inflamatoria intestinal canina con budesonida:</p><p>reporte de un caso</p><p>Introdução</p><p>O termo doença inflamatória intestinal</p><p>(DII) refere-se a um grupo de afecções</p><p>gastrintestinais crônicas e idiopáticas,</p><p>caracterizadas por infiltração difusa de</p><p>células inflamatórias (linfócitos, plas-</p><p>mócitos, eosinófilos, neutrófilos e ma-</p><p>crófagos) na mucosa do trato gastrenté-</p><p>rico, em diferentes combinações 1,2.</p><p>As variações histológicas da inflama-</p><p>ção sugerem que a DII idiopática não</p><p>seja uma entidade nosológica única,</p><p>pois a nomenclatura descreve o tipo ce-</p><p>lular predominante. Em cães, os tipos</p><p>mais comuns de DII são a enterite linfo-</p><p>cítica-plasmocítica e a colite linfocítica-</p><p>plasmocítica, seguidas da enterite eosi-</p><p>nofílica e, mais raramente, da enterite</p><p>granulomatosa 2,3.</p><p>A DII é considerada uma síndrome</p><p>clínica, caracterizada por uma resposta</p><p>inflamatória exacerbada e descontrola-</p><p>da do trato digestório perante uma</p><p>estimulação antigênica normal. A mu-</p><p>cosa intestinal desempenha a função de</p><p>barreira e controla a exposição dos</p><p>antígenos ao tecido linfoide gastrentéri-</p><p>co (GALT). No entanto, na DII essa</p><p>78 Clínica Veterinária, Ano XV, n. 89, novembro/dezembro, 2010</p><p>atrofia da mucosa e das vilosidades, fu-</p><p>são de vilos, erosão epitelial e fibrose 2.</p><p>A biópsia intestinal pode ser realizada</p><p>por meio de endoscopia ou laparotomia</p><p>exploratória. A endoscopia é um método</p><p>fácil e não invasivo, mas apresenta limi-</p><p>tações, particularmente a inacessibilida-</p><p>de ao jejuno e ao íleo e a incapacidade</p><p>de incluir no fragmento biopsiado toda a</p><p>espessura da parede intestinal. A co-</p><p>lonoscopia também pode ser empregada</p><p>nos casos de inflamação do intestino</p><p>grosso, como a colite. Por esse motivo,</p><p>é preferível a laparotomia exploratória.</p><p>Vários fragmentos devem ser coletados,</p><p>pois podem existir diferentes graus de</p><p>inflamação em diferentes regiões do</p><p>intestino, podendo haver áreas normais</p><p>intercaladas com áreas que apresentem</p><p>alterações 6.</p><p>O tratamento da DII inclui manejo</p><p>alimentar, antibióticos, administração</p><p>de anti-inflamatórios e fármacos imu-</p><p>nossupressores 1,8. As dietas de exclusão</p><p>são efetivas quando se trata de hipersen-</p><p>sibilidade alimentar e antibióticos são</p><p>indicados quando há hemorragia do tra-</p><p>to gastrintestinal ou supercrescimento</p><p>bacteriano (por perda da capacidade em</p><p>controlar a flora intestinal) 3. Doença in-</p><p>flamatória intestinal moderada a grave</p><p>requer, além de modificações na dieta, a</p><p>administração de glicocorticoides e de</p><p>metronidazol e, em casos mais graves</p><p>ou não responsivos a esta combinação,</p><p>de azatioprina 9. Agentes imunossupres-</p><p>sores potentes como a ciclofosfamida e</p><p>a ciclosporina são raramente usados na</p><p>doença inflamatória intestinal canina 3.</p><p>A dose dos glicocorticoides varia de 0,5</p><p>a 2,2mg/kg, a cada 24 horas ou a cada</p><p>doze horas, na dependência da gravi-</p><p>dade do quadro clínico. Se a prednisona</p><p>promover efeitos colaterais importantes</p><p>ou se o animal apresentar limitações</p><p>com relação ao uso dos glicocorticoi-</p><p>des, como diabetes melito, hiperadreno-</p><p>corticismo, nefropatias ou hepatopatias</p><p>crônicas, deve-se utilizar em seu lugar a</p><p>budesonida.</p><p>A budesonida é um anti-inflamatório</p><p>esteroidal com revestimento entérico de</p><p>ação local administrado por via oral, de-</p><p>senvolvido para causar poucos efeitos</p><p>colaterais, devido ao seu extensivo me-</p><p>tabolismo de primeira passagem pelo fí-</p><p>gado, com mínima biodisponibilidade</p><p>sistêmica 1. As características de pH do</p><p>revestimento das cápsulas de budesoni-</p><p>da permitem que seu princípio ativo seja</p><p>liberado ao longo do TGI para tratamen-</p><p>to de enteropatias, não sendo dissolvi-</p><p>das pelo suco gástrico 10. A budesonida é</p><p>utilizada com frequência na DII em hu-</p><p>manos, como na doença de Crohn,</p><p>porém seu uso em cães com DII ainda é</p><p>pouco relatado 1,9.</p><p>O prognóstico da DII nos cães depen-</p><p>de da gravidade do infiltrado inflamató-</p><p>rio, da presença de hipoalbuminemia,</p><p>das condições do animal e da necessi-</p><p>dade de terapia por longo prazo com</p><p>fármacos imunossupressores 9.</p><p>O objetivo do presente trabalho é re-</p><p>latar o uso e a eficácia da budesonida</p><p>em um cão com diagnóstico de doença</p><p>inflamatória intestinal.</p><p>Relato de caso</p><p>Foi atendida uma cadela da raça</p><p>yorkshire terrier, de oito anos de idade,</p><p>no Hovet-UnG, apresentando episódios</p><p>eméticos de forma intermitente nos últi-</p><p>mos dois meses, além de prostração, hi-</p><p>porexia e dor abdominal havia dois dias.</p><p>No exame físico, o animal apresentava</p><p>apatia e abdômen tenso à palpação, com</p><p>sensibilidade na região epigástrica. O</p><p>hemograma e os exames bioquímicos</p><p>(ALT, FA, ureia e creatinina) não de-</p><p>monstraram anormalidades. Com base</p><p>nesses achados iniciais, foi instituído um</p><p>tratamento sintomático que compreen-</p><p>deu: fluidoterapia endovenosa com</p><p>NaCl 0,9%, metoclopramida a 0,5mg/kg</p><p>a cada oito horas; ranitidina b 2mg/kg a</p><p>cada oito horas; butilbrometo de esco-</p><p>polamina + dipirona sódica c 25mg/kg a</p><p>cada 8 horas; cloridrato de tramadol d</p><p>2mg/kg a cada oito horas; jejum alimen-</p><p>tar de doze horas e, posteriormente, ali-</p><p>mentação caseira à base de arroz, batata</p><p>e peito de frango cozidos. A ultrassono-</p><p>grafia abdominal, realizada no dia se-</p><p>guinte, revelou duodeno em topografia</p><p>habitual, contorno definido, parede es-</p><p>pessada (medindo 0,46cm de espessura,</p><p>já que a medida da parede duodenal</p><p>ideal para o porte do animal é de até</p><p>0,4cm 11), irregular, com conteúdo ane-</p><p>cogênico homogêneo e gasoso, sugesti-</p><p>vo de duodenite (Figura 1); o pâncreas e</p><p>demais órgãos não apresentavam altera-</p><p>ções.</p><p>Clínica Veterinária, Ano XV, n. 89, novembro/dezembro, 2010</p><p>hipoproteinemia (por extravasamento</p><p>de proteína para a luz intestinal, diante</p><p>de inflamação grave). O apetite pode es-</p><p>tar normal se a inflamação for discreta,</p><p>porém a dor pós-prandial pode ser inten-</p><p>sa, mesmo na ausência de outros sinais,</p><p>sendo a pancreatite crônica um impor-</p><p>tante diagnóstico diferencial neste caso 3.</p><p>O diagnóstico da DII é baseado em</p><p>critérios histológicos de tecido da mu-</p><p>cosa intestinal, porém uma investigação</p><p>clínica e laboratorial inicial faz-se ne-</p><p>cessária para a exclusão de outras doen-</p><p>ças causadoras de vômito e/ou diarreia</p><p>de forma crônica, tais como: pancreati-</p><p>te, parasitismo intestinal (especialmente</p><p>a giardíase), hipersensibilidade alimen-</p><p>tar, hipoadrenocorticismo, doença renal,</p><p>insuficiência pancreática exócrina e lin-</p><p>foma alimentar 1,4.</p><p>Quanto aos exames laboratoriais, os</p><p>achados são inespecíficos, como leuco-</p><p>citose por neutrofilia, ocasionalmente,</p><p>com desvio à esquerda na enterite linfo-</p><p>cítica-plasmocítica, anemia secundária</p><p>à inflamação ou à perda crônica de san-</p><p>gue. Na bioquímica sérica, não existem</p><p>alterações características da DII, mas a</p><p>realização de exames laboratoriais (pro-</p><p>teína sérica, função renal, função he-</p><p>pática, lipase, teste de estimulação com</p><p>ACTH, TLI canino - trypsin-like</p><p>immunoreactivity, etc.) auxilia na iden-</p><p>tificação de outras doenças com sinais</p><p>clínicos semelhantes</p><p>6.</p><p>O exame radiográfico simples ou</p><p>com contraste raramente oferece infor-</p><p>mações adicionais na DII, sendo possí-</p><p>vel observar alguma alteração somente</p><p>nos casos em que há um comprometi-</p><p>mento grave da mucosa 3. O exame ul-</p><p>trassonográfico, embora inespecífico, é</p><p>considerado importante na abordagem</p><p>da DII, pois é capaz de mensurar a es-</p><p>pessura da parede das alças intestinais,</p><p>além de identificar aumento de linfono-</p><p>dos mesentéricos 7.</p><p>O diagnóstico definitivo da DII</p><p>baseia-se na análise histológica do TGI</p><p>(trato gastrintestinal), que possibilita</p><p>correlacionar a natureza e a gravidade</p><p>dos sinais clínicos à região anatômica</p><p>acometida e ao tipo celular inflamatório</p><p>prevalente 1. De acordo com os achados</p><p>histológicos e as porcentagens das célu-</p><p>las inflamatórias, a DII é classificada</p><p>como discreta, moderada, moderada a</p><p>grave e grave. Outras anormalidades</p><p>que são levadas em consideração são:</p><p>79</p><p>a) Plasil® - SANOFI AVENTIS, São Paulo, SP</p><p>b) Antak® - GlaxoSmithKline, Rio de Janeiro, RJ</p><p>c) Buscopan Composto® - Boehringer Ingelheim, São Paulo, SP</p><p>d) Tramal® - Pfizer, Guarulhos, SP</p><p>polifagia e taquipneia tornaram-se evi-</p><p>dentes já nos primeiros dez dias de</p><p>tratamento; por esse motivo, optamos</p><p>pela substituição da prednisona pela bu-</p><p>desonida i (3mg/cápsulas) na dose de</p><p>3mg/cão a cada 24 horas. Após duas se-</p><p>manas de tratamento com a budesonida,</p><p>a proprietária referiu melhora satisfató-</p><p>ria com redução da dor pós-prandial e</p><p>dos episódios eméticos em 90%, além</p><p>da normalização da sede, da produção</p><p>urinária e da frequência respiratória.</p><p>Foram realizados exames laborato-</p><p>riais para avaliação dos efeitos colate-</p><p>rais sistêmicos da budesonida após três</p><p>semanas de administração diária e ne-</p><p>nhuma alteração laboratorial foi eviden-</p><p>ciada. Além disso, o ultrassom abdomi-</p><p>nal de controle já se encontrava dentro</p><p>dos padrões da normalidade (Figura 2).</p><p>E assim foi realizada a medicação diária</p><p>até completar sessenta dias, com remis-</p><p>são completa dos sinais clínicos. Após o</p><p>período de sessenta dias, foi iniciada a</p><p>redução gradual da dose da budesonida</p><p>para cada 48h, depois a cada 72h, até a</p><p>retirada completa da medicação. Após</p><p>doze meses do término do tratamento,</p><p>não houve recidiva do quadro; a pacien-</p><p>te tem se alimentado, atualmente, de</p><p>dietas terapêuticas comerciais com bai-</p><p>xo teor de gordura e ricas em fibras, de-</p><p>vido à obesidade e à recusa da ração hi-</p><p>poalergênica após dois meses de uso.</p><p>Discussão e conclusão</p><p>A doença inflamatória intestinal é</p><p>uma denominação coletiva que</p><p>descreve distúrbios intestinais caracteri-</p><p>zados pela evidência histológica de</p><p>inflamação intestinal, sendo a forma</p><p>mais comumente relatada a enterite lin-</p><p>focítica-plasmocítica 3, assim como no</p><p>presente caso.</p><p>Na paciente relatada, os fatores etá-</p><p>rios, raciais e sexuais mostraram-se</p><p>condizentes com os dados de literatura,</p><p>acometendo principalmente animais de</p><p>meia-idade, sendo a yorkshire uma das</p><p>raças predispostas para a doença 3.</p><p>A apresentação clínica do animal,</p><p>como êmese, prostração, dor abdominal</p><p>e hiporexia, embora inespecífica, pode-</p><p>ria sugerir um quadro de pancreatite, es-</p><p>pecialmente pela dor abdominal. Tal</p><p>suspeita, no entanto, não foi confirmada</p><p>pelos exames laboratoriais (leucograma,</p><p>TLI, colesterol, triglicérides) e de ima-</p><p>gem, embora o ultrassom abdominal pa-</p><p>ra diagnóstico de pancreatite tenha sen-</p><p>sibilidade de apenas 68% 12. Mesmo sa-</p><p>bendo-se que a sensibilidade do TLI</p><p>para o diagnóstico da pancreatite canina</p><p>seja apenas de 30% a 60% 12, e que sua</p><p>maior indicação é voltada para o diagnós-</p><p>tico da IPE (insuficiência pancreática</p><p>exócrina), optou-se por mensurá-lo,</p><p>pois a determinação sérica da PLI cani-</p><p>na (pancreatic lipase immunoreactivity),</p><p>cuja sensibilidade é bastante superior</p><p>(80%) 12, não se encontrava disponível</p><p>na ocasião. A hiperemia observada nas</p><p>mucosas gástrica e duodenal durante a</p><p>realização da endoscopia sugere um</p><p>quadro inespecífico de gastrite e duode-</p><p>nite, porém, aliada aos achados histoló-</p><p>gicos do intestino delgado (presença de</p><p>linfócitos e plasmócitos abundantes nas</p><p>vilosidades duodenais) e à resposta à cor-</p><p>ticoideterapia apresentada pelo animal,</p><p>aponta a DII como principal fator etio-</p><p>lógico. Os sinais clínicos apresentados</p><p>Após três dias de terapia intensiva, o</p><p>quadro permaneceu inalterado, com</p><p>piora das dores abdominais pós-pran-</p><p>diais. Novos exames foram realizados,</p><p>como exame parasitológico de fezes, TLI</p><p>(Trypsin-like immunoreactivity) canino,</p><p>albumina sérica, proteína total, coleste-</p><p>rol e triglicérides, porém todos apresen-</p><p>taram resultados dentro dos padrões da</p><p>normalidade. Foi prescrito metronidazol e</p><p>20mg/kg a cada doze horas; dimeticona f,</p><p>1gota/kg a cada oito horas; manutenção</p><p>do cloridrato de tramadol d, 2mg/kg a</p><p>cada doze horas e a dieta caseira.</p><p>Após sete dias, a proprietária referia</p><p>melhora discreta, mas com dores abdo-</p><p>minais persistentes e vômitos intermi-</p><p>tentes. Foi então indicada biópsia intes-</p><p>tinal por meio de endoscopia ou laparo-</p><p>tomia exploratória, sendo a endoscopia</p><p>o método de escolha pela proprietária.</p><p>Na endoscopia do TGI, observou-se hi-</p><p>peremia das mucosas gástrica e duode-</p><p>nal, sendo coletados diversos fragmen-</p><p>tos para análise histopatológica, com o</p><p>seguinte laudo: discreto infiltrado infla-</p><p>matório nodular em mucosa gástrica e</p><p>presença de linfócitos e plasmócitos</p><p>abundantes nas vilosidades duodenais,</p><p>além de dilatação de vasos linfáticos,</p><p>criptas irregulares e hiperplasia de pla-</p><p>cas de peyer. Os achados histológicos,</p><p>aliados aos dados de anamnese, ao exa-</p><p>me físico, aos exames laboratoriais e a</p><p>tentativas terapêuticas malsucedidas,</p><p>possibilitou o diagnóstico de enterite</p><p>linfocítica-plasmocítica.</p><p>Foi prescrita uma ração hipoalergêni-</p><p>ca g e prednisona h na dose de 0,5mg/kg a</p><p>cada doze horas durante sete dias e, pos-</p><p>teriormente, 0,5mg/kg a cada 24 horas.</p><p>Houve melhora do quadro, porém os</p><p>efeitos colaterais inerentes ao hipercor-</p><p>tisolismo, como poliúria, polidipsia,</p><p>80 Clínica Veterinária, Ano XV, n. 89, novembro/dezembro, 2010</p><p>e) Flagyl® - SANOFI AVENTIS, São Paulo, SP</p><p>f) Luftal® - B-MS, São Paulo, SP</p><p>g) Royal Canin Hipoalergenic® - Royal Canin do Brasil, Descal-</p><p>vado, SP</p><p>h) Meticorten® - Mantecorp, São Paulo, SP</p><p>i) Entocort® - AstraZeneca, Cotia, SP</p><p>Figura 1 - Ultrassom abdominal de animal da</p><p>espécie canina, raça yorkshire, oito anos de</p><p>idade, demonstrando paredes duodenais espessadas (A) e irregulares (B), sugestivo de duodenite</p><p>A</p><p>Flávio A</p><p>ugusto M</p><p>arques dos Santos</p><p>B</p><p>Flávio A</p><p>ugusto M</p><p>arques dos Santos</p><p>Figura 2 - Ultrassom abdominal do animal da fi-</p><p>gura 1, seis meses após o término do tratamen-</p><p>to, demonstrando paredes duodenais dentro</p><p>dos padrões da normalidade</p><p>Flávio A</p><p>ugusto M</p><p>arques dos Santos</p><p>do tratamento. Durante o tratamento</p><p>com budesonida, os efeitos colaterais</p><p>foram amenizados na primeira semana</p><p>e, posteriormente, abolidos. O uso da</p><p>budesonida tem sido avaliado em cães</p><p>com DII, proporcionando menos efeitos</p><p>colaterais quanto à indução da poliúria e</p><p>ao aumento da fosfatase alcalina sérica,</p><p>se comparado com a prednisona, como</p><p>pudemos constatar 13. No entanto, deve-</p><p>se levar em consideração que, embora a</p><p>budesonida seja considerada um glico-</p><p>corticoide de ação local, foi demonstra-</p><p>do que é capaz de suprimir o eixo hipo-</p><p>tálamo-hipófise-adrenal de cães subme-</p><p>tidos a terapia prolongada em doenças</p><p>crônicas. Dessa forma, a droga deve ser</p><p>descontinuada de forma gradativa e com</p><p>doses cada vez menores 14, como foi</p><p>realizado em nossa paciente.</p><p>De forma geral, a budesonida apre-</p><p>senta eficácia terapêutica comprovada</p><p>na doença intestinal crônica e na doença</p><p>asmática tanto em humanos como em</p><p>felinos, sendo empregada neste último</p><p>caso sob a forma de sprays nasais e ina-</p><p>lação, conferindo mínimos efeitos cola-</p><p>terais sistêmicos típicos da corticoidete-</p><p>rapia 15.</p><p>Em pacientes humanos com doença</p><p>inflamatória intestinal (chamada de</p><p>doença de Crohn), o tratamento com bu-</p><p>desonida é muito frequente, tanto na te-</p><p>rapia de indução quanto na de manuten-</p><p>ção da doença. Estudos demonstraram</p><p>que o tratamento de indução com a</p><p>prednisolona foi clinicamente</p><p>mais efi-</p><p>caz do que com a budesonida, mas a di-</p><p>ferença entre os agentes não alcançou</p><p>significância estatística 16,17. Nesse caso,</p><p>há também a opção de se realizar a in-</p><p>dução terapêutica com a prednisona e,</p><p>posteriormente, dar continuidade à tera-</p><p>pia com a budesonida, como realizado</p><p>em nossa paciente canina.</p><p>Conclui-se, assim, que a terapia da</p><p>doença inflamatória intestinal canina</p><p>com budesonida oral mostrou-se eficaz</p><p>neste caso, com mínimos efeitos colate-</p><p>rais, devendo, portanto, ser mais bem</p><p>explorada na medicina veterinária.</p><p>Referências</p><p>01-JERGENS, A. E. Inflammatory bowel disease:</p><p>current perspectives. The Veterinary Clinics of</p><p>North America. Small Animal Practice,</p><p>Philadelphia, v. 29, n. 2, p. 501-521, 1999.</p><p>02-TAMS, T. R. Doenças crônicas do intestino</p><p>delgado. In: TAMS, T. R. Gastroenterologia de</p><p>pequenos animais. 1. ed. São Paulo: Roca,</p><p>p. 207-245, 2005.</p><p>03-HALL, E. J. ; SIMPSON, K. W. Doenças do</p><p>intestino delgado. In: ETTINGER, S. J. ;</p><p>FELDMAN, E. C. Tratado de medicina interna</p><p>veterinária - doenças do cão e do gato. 5. ed.</p><p>Rio de Janeiro: Guanabara/Koogan, 2004. v. 2,</p><p>p. 1247-1305.</p><p>04-JUNIOR, A. R. ; BARRIO, M. A. M. D. Doença</p><p>intestinal inflamatória crônica. In: SOUZA, H. J.</p><p>M. Coletâneas em medicina e cirurgia felina.</p><p>Rio de Janeiro: L. F. Livros, 155-164, 2003.</p><p>05-GERMAN, A. J. Inflammatory bowel disease. In:</p><p>BONAGURA, J. D. ; TWEDT, D. C. Kirk's</p><p>Current veterinary therapy. 14. ed., p. 501-</p><p>506, 2009.</p><p>06-JERGENS, A. E. ; MOORE, F. M. ; HAYNES, J.</p><p>S. ; MILES, K. G. Idiopathic inflammatory bowel</p><p>disease in dogs and cats: 84 cases (1987-90).</p><p>Journal of the American Veterinary Medical</p><p>Association, v. 201, n. 10, p. 1603-1608, 1992.</p><p>07-JUNIOR, J. C. M. S. Doença de Crohn - aspectos</p><p>clínicos e diagnósticos. Revista Brasileira de</p><p>Coloproctologia, v. 19, n. 4, p. 276-285, 1999.</p><p>08-BIONDO-SIMÕES, M. L. P. ; MANDELLI, K.</p><p>K. ; PEREIRA, M. A. C. ; FATURI, J. L. Opções</p><p>terapêuticas para as doenças inflamatórias</p><p>intestinais: revisão. Revista Brasileira de</p><p>Coloproctologia, v. 23, n. 3, p. 172-182, 2003.</p><p>09-NELSON, R. W. ; COUTO, C. G. Distúrbios do</p><p>trato intestinal. In: ___. Medicina interna de</p><p>pequenos animais. 3. ed. Rio de Janeiro:</p><p>Elsevier, p. 417-448, 2006.</p><p>10-PLUMB, D. C. Veterinary drug handbook. 5.</p><p>ed. Ames, IA: Iowa State University Press, p. 97-</p><p>100, 2005.</p><p>11-RUDORF, H. ; VAN SCHAIK, G. ; O'BRIEN, R.</p><p>T. ; BROWN, P. J. ; BARR, F. 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L. ; BERNARDI, M. M.</p><p>Farmacologia aplicada à medicina veterinária.</p><p>4. ed., Rio de Janeiro: Guanabara/Koogan,</p><p>p. 273-285, 2006.</p><p>16-RUTGEERTS, P. J. Conventional treatment of</p><p>Crohn's disease: objectives and outcomes.</p><p>Inflammatory Bowel Diseases, v. 7, (Suppl. 1):</p><p>S2-S8, 2001.</p><p>17-EDSBÄCKER, S. ; NILSSON, M. ; LARSSON,</p><p>P. A cortisol suppression dose-response</p><p>comparison of budesonide in controlled ileal</p><p>release capsules with prednisolone. Alimentary</p><p>Pharmacology & Therapeutics, v. 13, n. 2,</p><p>p. 219-224, 1999.</p><p>pela nossa paciente (dor abdominal, hi-</p><p>porexia, êmese e prostração) em asso-</p><p>ciação à duodenite não são, usualmente,</p><p>os mais relatados, visto que a diarreia</p><p>crônica é considerada o achado mais</p><p>frequente em cães com DII 3.</p><p>O diagnóstico diferencial de outras</p><p>doenças potencialmente capazes de</p><p>causar quadro clínico semelhante ao da</p><p>nossa paciente é de extrema importância</p><p>e, para tanto, realizamos diversos exa-</p><p>mes laboratoriais, que se mostraram</p><p>dentro da normalidade. O exame ultras-</p><p>sonográfico deve ser sempre solicitado,</p><p>à procura de espessamento das alças in-</p><p>testinais e de aumento dos linfonodos</p><p>mesentéricos 7. A constatação de paredes</p><p>duodenais espessadas e irregulares no</p><p>ultrassom foi sugestiva de duodenite,</p><p>que, associada aos sinais clínicos e à ex-</p><p>clusão de outras doenças gastrentéricas,</p><p>apontou a necessidade de biópsia intes-</p><p>tinal. O diagnóstico definitivo da DII no</p><p>presente caso foi baseado na análise his-</p><p>tológica de fragmento gástrico e intesti-</p><p>nal coletado na biopsia por meio de en-</p><p>doscopia. A presença de discreto infil-</p><p>trado inflamatório nodular em mucosa</p><p>gástrica, infiltrado linfocítico e plasmo-</p><p>cítico mais intenso nas vilosidades duo-</p><p>denais, criptas irregulares e hiperplasia</p><p>de placas de peyer possibilitaram a con-</p><p>firmação da doença inflamatória intes-</p><p>tinal. Deve-se dar atenção especial aos</p><p>casos graves de enterite linfocítica-plas-</p><p>mocítica ou enterite linfocítica, princi-</p><p>palmente em felinos, pois a diferencia-</p><p>ção histológica do linfoma pode ser bas-</p><p>tante difícil 6.</p><p>A budesonida é um potente glicocor-</p><p>ticoide (quinze vezes mais potente que a</p><p>prednisolona) com grande atividade tó-</p><p>pica e fraca atividade mineralocorticoi-</p><p>de. Sua biodisponibilidade em cães é de</p><p>apenas 10-20% e sua meia-vida, de duas</p><p>a três horas 10. Embora tenha sido utili-</p><p>zada a dose de 3mg/cão neste relato, a</p><p>mesma eficácia terapêutica pode ser</p><p>obtida com doses inferiores, de acordo</p><p>com o protocolo: 1mg/cão a cada 24</p><p>horas para animais de pequeno porte,</p><p>2mg/cão a cada 24 horas para animais</p><p>de médio porte 10 e 3mg/cão a cada 24</p><p>horas ou a cada doze horas para animais</p><p>de grande porte 2.</p><p>A paciente revelou efeitos colaterais</p><p>secundários à administração da predni-</p><p>sona logo na primeira semana de trata-</p><p>mento, o que dificultaria a manutenção</p><p>82 Clínica Veterinária, Ano XV, n. 89, novembro/dezembro, 2010</p><p>Clínica Veterinária, Ano XV, n. 89, novembro/dezembro, 2010 83</p><p>uma revisão sobre reconstrução mandi-</p><p>bular em cães, apresentando as técnicas</p><p>utilizadas em seres humanos e em ani-</p><p>mais, visando uma melhora da quali-</p><p>dade de vida e da aparência cosmética</p><p>dos pacientes submetidos a mandibu-</p><p>lectomias.</p><p>Tumores orais</p><p>A cavidade oral é o quarto local mais</p><p>comum de ocorrência de neoplasias em</p><p>cães e gatos, representando 6% de todos</p><p>os tumores em cães e 3% em gatos 5,6.</p><p>Aproximadamente 60% desses tumores</p><p>são malignos, destacando-se o melano-</p><p>ma, o fibrossarcoma, o carcinoma de cé-</p><p>lulas escamosas e o osteossarcoma. En-</p><p>tre os principais tumores benignos estão</p><p>o épulis acantomatoso, o épulis fibro-</p><p>matoso e o ameloblastoma. O amelo-</p><p>blastoma e o épulis acantomatoso apre-</p><p>sentam características infiltrativas com</p><p>recorrências locais 3,7,8. A maior preva-</p><p>lência é em cães machos e idosos, ha-</p><p>vendo também uma predisposição para</p><p>as raças cocker spaniel, golden retriever,</p><p>boxer, pastor alemão e poodle 5,9,10.</p><p>Diagnóstico</p><p>O diagnóstico é baseado na apresen-</p><p>tação clínica pelo aumento de volume</p><p>oral, além de halitose, perda de peso, au-</p><p>mento da salivação, sangramento oral,</p><p>disfagia, deformidade facial, obstrução</p><p>nasal, perda de dentes e mobilidade den-</p><p>tal 6,10,11. A figura 1 mostra um cão macho,</p><p>de oito anos de idade, sem raça definida</p><p>(SRD), apresentando um aumento de</p><p>volume oral, com perda de dente.</p><p>Para permitir uma melhor avaliação</p><p>Cristiano Gomes</p><p>MV, MSc, doutorando</p><p>LACE/UFSM</p><p>crisgomes98@hotmail.com</p><p>Lisiane Pinho Foerstnow</p><p>Graduanda - Favet/UFRGS</p><p>lisiane@dob.com.br</p><p>Emerson Antonio Contesini</p><p>MV, dr., prof. adj.</p><p>Depto. Medicina Animal - Favet/UFRGS</p><p>emerson.contesini@ufrgs.br</p><p>Ney Luis Pippi</p><p>MV, PhD, prof. tit. - UFSM</p><p>nlpippi@smail.ufsm.br</p><p>Reconstrução mandibular</p><p>em cães: revisão</p><p>de literatura</p><p>Resumo: A cavidade oral é o quarto local mais acometido por neoplasias em cães,</p><p>representando cerca de 6%</p><p>de todos os tumores nessa espécie. A cirurgia é a principal modalidade terapêutica dos tumores orais, sendo</p><p>necessária a remoção de todo o tumor com boa margem de segurança. Portanto, nesses casos indicam-se</p><p>tratamentos cirúrgicos radicais como mandibulectomia e maxilectomia. Apesar de esses procedimentos serem</p><p>bem tolerados pelos proprietários e pelos animais, algumas complicações podem ocorrer pelo fato de não se</p><p>manterem a anatomia e a funcionalidade originais. Na medicina humana, as técnicas de reconstruções são</p><p>priorizadas, por oferecerem não somente melhor aparência estética, mas também um retorno mais rápido das</p><p>funções fisiológicas e mecânicas da boca. Este trabalho tem como objetivo apresentar uma revisão sobre</p><p>reconstruções mandibulares em cães, fazendo simultaneamente uma analogia com o que é realizado em</p><p>medicina humana.</p><p>Unitermos: tumores orais, neoplasia oral, mandibulectomia</p><p>Abstract: The oral cavity is the fourth most affected place by neoplasias in dogs, representing more than 6% of</p><p>all tumors in this species. Surgical excision is the main therapeutic modality for oral neoplasias, implying the need</p><p>of total removal with a large safety margin. In such cases, aggressive treatments as mandibulectomy and</p><p>maxillectomy are indicated. Even though these procedures are well tolerated by the owners and dogs, a lot of</p><p>complications may occur, since these surgeries do not maintain the original anatomy and function of the mouth.</p><p>Reconstructive procedures are always prioritized in human medicine, not only for the cosmetic appearance but also</p><p>for a faster mouth function return. The aim of this paper is to present a literature review about mandibular</p><p>reconstructions in dogs and to perform analogies with similar procedures in human medicine.</p><p>Keywords: oral tumors, oral neoplasm, mandibulectomy</p><p>Resumen: La cavidad oral es el cuarto local anatómico mas afectado por neoplasias en caninos, representando</p><p>cerca del 6% de todos los tumores en ésta especie. La cirugía es la principal modalidad terapéutica de los tumores</p><p>orales, que requieren la eliminación de todo el tumor con buen margen de seguridad quirúrgico. El tratamiento</p><p>quirúrgico radical como mandibulectomía y maxilectomía son las cirugías mas comunmente indicadas. A pesar de</p><p>que éstos procedimientos son bien tolerados por los propietarios y pacientes, muchas complicaciones pueden</p><p>ocurrir por no mantener la anatomía y funcionalidades originales. En medicina humana las técnicas de</p><p>reconstrucción son siempre priorizadas, no solamente por ofrecer una mejor apariencia estética, sino también para</p><p>un regreso mas rápido de las funciones fisiológicas y mecánicas de la boca. Este trabajo tiene como</p><p>objetivo presentar una revisión sobre reconstrucciones mandibulares en caninos, haciendo simultáneamente una</p><p>analogía con lo que es realizado en medicina humana</p><p>Palabras clave: tumores orales, neoplasia oral, mandibultectomía</p><p>Clínica Veterinária, n. 89 p. 84-90, 2010</p><p>Mandibular reconstruction in dogs:</p><p>a literature review</p><p>Reconstrucción mandibular en perros:</p><p>revisión de la literatura</p><p>Introdução</p><p>A primeira descrição da utilização de</p><p>enxertos ósseos na reconstrução de fa-</p><p>lhas ósseas data de 1668, quando um ci-</p><p>rurgião russo implantou osso de um cão</p><p>para reparar um defeito craniano de um</p><p>soldado 1. Ollier desenvolveu trabalhos</p><p>experimentais com enxerto autógeno</p><p>em coelhos e cães em 1867 2. A primeira</p><p>reconstrução mandibular foi relatada</p><p>em 1892 por Bardenheuer, que realizou</p><p>um transplante do próprio osso mandi-</p><p>bular para preencher uma falha óssea</p><p>nesse local. Com o advento da anestesia</p><p>e a introdução das técnicas de antissep-</p><p>sia, o uso dos enxertos ósseos tornou-se</p><p>cada vez mais frequente, apresentando</p><p>resultados clínicos satisfatórios 1.</p><p>Em cães, os tratamentos de escolha</p><p>para os tumores orais são a mandibu-</p><p>lectomia e a maxilectomia, que são fe-</p><p>chadas com tecidos moles e raramente é</p><p>realizada reconstrução mandibular 3, o</p><p>que é priorizado em humanos 4. As re-</p><p>construções mandibulares ainda hoje</p><p>constituem um desafio para os cirur-</p><p>giões, pois o procedimento pode acarre-</p><p>tar defeitos estéticos que dificultam a</p><p>integração do indivíduo à sociedade, in-</p><p>terferindo na qualidade de vida e na au-</p><p>toestima, além de comprometer as fun-</p><p>ções orais como fonação, mastigação</p><p>e demais funções da mandíbula.</p><p>Assim, este trabalho busca apresentar</p><p>84 Clínica Veterinária, Ano XV, n. 89, novembro/dezembro, 2010</p><p>excisional) para coleta do material, que</p><p>deve ser enviado para exame his-</p><p>topatológico a fim de obter o diagnós-</p><p>tico definitivo. Porém, em alguns casos,</p><p>faz-se necessária a imuno-histoquímica</p><p>para a confirmação do diagnóstico 6,11-13.</p><p>Tratamento</p><p>O tratamento pode ser feito por meio</p><p>da cirurgia, da quimioterapia, da radio-</p><p>terapia ou de uma combinação desses</p><p>métodos 12. A cirurgia é a principal mo-</p><p>dalidade terapêutica dos tumores orais,</p><p>sendo necessária a remoção de todo o</p><p>tumor, com uma margem de segurança</p><p>de aproximadamente 1 a 2cm tanto do</p><p>limite tumoral macroscópico quanto da</p><p>destruição óssea causada por ele 6.</p><p>As principais técnicas para a remo-</p><p>ção desses tumores são a mandibulecto-</p><p>mia e a maxilectomia 7,8,14. Esses proce-</p><p>dimentos têm sido bem descritos pela li-</p><p>teratura e permitem um bom controle</p><p>local do tumor, sendo bem tolerados</p><p>pelos cães 12. Em animais, o defeito cria-</p><p>do após a mandibulectomia e/ou maxi-</p><p>lectomia é fechado com tecidos moles e</p><p>geralmente nenhuma reconstrução é</p><p>realizada 3. A literatura apresenta raros</p><p>relatos de reconstruções mandibulares</p><p>em cães 15-17.</p><p>Foi constatado que 85% dos proprie-</p><p>tários ficaram satisfeitos com esse pro-</p><p>cedimento, sendo que os índices de sa-</p><p>tisfação foram diretamente proporcio-</p><p>nais ao tempo de sobrevida dos pacien-</p><p>tes. Apesar de 44% apresentarem uma</p><p>certa dificuldade em se alimentar, 78%</p><p>apresentaram uma qualidade de vida</p><p>normal e em 18% a qualidade de vida</p><p>melhorou. Todos relataram que a apa-</p><p>rência cosmética ficou aceitável após o</p><p>crescimento dos pelos 18.</p><p>Prognóstico</p><p>Em geral, os resultados obtidos são</p><p>excelentes para tumores benignos,</p><p>bons para carcinomas de células es-</p><p>camosas, regulares para fibrossarcomas</p><p>e osteossarcomas e desfavoráveis para o</p><p>melanoma 3,7,8. A figura 3 demonstra o</p><p>prognóstico dos principais tumores</p><p>orais em cães após a realização de</p><p>mandibulectomia ou maxilectomia.</p><p>O melanoma é o tumor oral que pos-</p><p>sui o pior prognóstico. Por essa razão,</p><p>outras modalidades terapêuticas estão</p><p>sendo estudadas para aumentar a sobre-</p><p>vida nos casos de melanoma, como a</p><p>radioterapia, a quimioterapia, a biópsia</p><p>por congelamento – que permitiria a de-</p><p>tecção de margens livres do tumor du-</p><p>rante o procedimento cirúrgico, dimi-</p><p>nuindo as chances de recidivas e</p><p>aumentando a sobrevida dos pacientes –</p><p>e, mais recentemente, a imunoterapia –</p><p>pelo uso de vacinas de DNA – e a</p><p>eletroquimioterapia 19-21.</p><p>Complicações da mandibulectomia</p><p>São esperados edema da pele e da</p><p>mucosa após a cirurgia, que devem di-</p><p>minuir gradativamente dentro de dois a</p><p>três dias. Uma vez que a cavidade oral é</p><p>bastante contaminada, a principal com-</p><p>plicação é a infecção. Se a área do repa-</p><p>ro sofrer uma forte tensão, não estiver</p><p>recebendo o suprimento sanguíneo ade-</p><p>quado ou o tecido na área cirúrgica ficar</p><p>gravemente traumatizado, é esperada a</p><p>deiscência parcial de sutura dentro de</p><p>três a cinco dias 22.</p><p>Quando a técnica cirúrgica for de</p><p>mandibulectomia unilateral rostral ou</p><p>hemimandibulectomia total, é esperada a</p><p>protrusão lateral da língua, especialmen-</p><p>te quando há a falta do dente canino 3,</p><p>além de sialorreia 11. A figura 4 mostra</p><p>um canino macho, cocker spaniel, de</p><p>treze anos de idade, após a mandibu-</p><p>lectomia unilateral.</p><p>A cirurgia pode resultar em má oclusão</p><p>significativa e apesar de não demonstra-</p><p>rem sinais clínicos, os animais podem</p><p>apresentar uma degeneração da articu-</p><p>lação temporomandibular. Essa má oclu-</p><p>são pode ser grave, a ponto de impedir</p><p>os cães de fecharem completamente a</p><p>Clínica Veterinária, Ano XV, n. 89, novembro/dezembro, 2010</p><p>do quadro, o animal deve ser anestesia-</p><p>do, possibilitando também a realização</p><p>de exames complementares, como ra-</p><p>diografias e biópsia da região afetada 6,11.</p><p>O hemograma e as análises bioquími-</p><p>cas, além de radiografias torácicas e</p><p>ecografia abdominal, vão auxiliar a ve-</p><p>rificação do estado geral do animal e se</p><p>há presença de metástases 12, enquanto</p><p>as radiografias da mandíbula ou da ma-</p><p>xila vão servir para averiguar a existên-</p><p>cia e a extensão da destruição óssea cau-</p><p>sada pelo tumor 6,11. A figura 2 mostra a</p><p>destruição óssea causada por um mela-</p><p>noma oral (mesmo animal da figura 1).</p><p>A citologia permite a identificação de</p><p>metástases nos linfonodos regionais,</p><p>porém apresenta um valor limitado na</p><p>identificação da neoplasia oral, devido à</p><p>necrose e à inflamação que acompanham</p><p>os tumores da cavidade oral. Assim,</p><p>recomenda-se a biópsia (incisional ou</p><p>85</p><p>Tipo Recorrência Média de Taxa de sobrevida</p><p>tumoral local sobrevida após 1 ano</p><p>épulis acantomatoso 0-3% > 28-64 meses 98-100%</p><p>carcinoma de células escamosas 0-23% 9-26 meses 80-91%</p><p>osteossarcoma 15-44% 6-18 meses 35-71%</p><p>fibrossarcoma 31-60% 11-12 meses 23-50%</p><p>melanoma 0-40% 7-17 meses 21%</p><p>Figura 1 - Cão macho, de oito anos de idade,</p><p>SRD, apresentando um aumento de volume</p><p>oral no corpo mandibular direito, entre o canino</p><p>e o primeiro molar, havia aproximadamente</p><p>dois meses, com perda de dente e áreas de ne-</p><p>crose, causado por um melanoma oral</p><p>C</p><p>ristiano G</p><p>om</p><p>es</p><p>Figura 2 - Imagem radiográfica do cão da figu-</p><p>ra 1, monstrando destruição óssea da mandí-</p><p>bula, causada pelo melanoma oral, constituída</p><p>pela perda do alvéolo dentário e, consequen-</p><p>temente, pela perda de dentes</p><p>C</p><p>ristiano G</p><p>om</p><p>es</p><p>Figura 3 - Prognóstico dos tumores orais após mandibulectomia ou maxilectomia 11</p><p>um rápido retorno anatômico e funcio-</p><p>nal, mantendo uma aparência cosmética</p><p>melhor e a funcionalidade, melhorando</p><p>assim a qualidade de vida dos animais 17.</p><p>Na medicina humana, existe uma</p><p>grande controvérsia entre realizar a re-</p><p>construção mandibular imediatamente</p><p>após a mandibulectomia ou tardiamen-</p><p>te. As vantagens da reconstrução ime-</p><p>diata é que diminui o número de inter-</p><p>venções e a morbidade que a perda da</p><p>função acarreta, além de proteger e pre-</p><p>servar as estruturas anatômicas. Já os</p><p>defensores da reconstrução tardia ale-</p><p>gam que a reconstrução imediata pode</p><p>camuflar a recidiva do tumor, além de</p><p>aumentar o tempo cirúrgico. Entretanto,</p><p>a reconstrução tardia pode promover a</p><p>retração cicatricial, a fibrose e a atrofia</p><p>dos tecidos, dificultando assim a realiza-</p><p>ção da reconstrução. Outra opção seria a</p><p>estabilização da mandíbula com uma</p><p>placa de reconstrução e, após seis a oito</p><p>semanas, promover a reconstrução 4.</p><p>Existe ainda a possibilidade de utili-</p><p>zar somente a reconstrução para estabi-</p><p>lizar os ramos mandibulares, sem a co-</p><p>locação de nenhum material para o</p><p>preenchimento da falha 4.</p><p>Sistemas de fixação</p><p>Para obter sucesso no procedimento,</p><p>é fundamental que o enxerto apresente</p><p>uma estabilidade que possibilite a revas-</p><p>cularização do tecido. Ultimamente,</p><p>tem-se utilizado osteossíntese rígida</p><p>com placas de reconstrução de titânio 25.</p><p>As placas de titânio são materiais</p><p>biologicamente inertes e completamen-</p><p>te biocompatíveis; por isso, essas placas</p><p>normalmente só são removidas se hou-</p><p>ver rejeição 26. Além disso, elas podem</p><p>ser facilmente modeladas antes da res-</p><p>secção mandibular para manutenção do</p><p>plano oclusal 4. Antigamente utilizava-</p><p>se osteossíntese semirrígida com fios de</p><p>aço. O tamanho dessas placas pode va-</p><p>riar do sistema 2 a 2,4mm, sendo que</p><p>quando esta última é utilizada, deve ser</p><p>moldada ao contorno mandibular e em</p><p>cada extremidade devem ser colocados</p><p>pelo menos três parafusos bicorticais 25.</p><p>A figura 5 mostra um cão macho da raça</p><p>labrador retrievier submetido a mandi-</p><p>bulectomia unilateral rostral com poste-</p><p>rior reconstrução feita com a placa apro-</p><p>priada e enxerto ósseo.</p><p>Na medicina veterinária, existem pou-</p><p>cos relatos de reconstrução mandibular</p><p>com essas placas. Foram descritos dois</p><p>casos de reconstrução com placas e au-</p><p>toenxerto ósseo, após o processo de</p><p>falta de união óssea em decorrência de</p><p>fraturas mandibulares. Houve completa</p><p>regeneração um ano após os procedi-</p><p>mentos cirúrgicos 15. Em outro caso, foi</p><p>realizada a reconstrução mandibular</p><p>com uso de placa e autoenxerto ósseo de</p><p>um cão que apresentava má oclusão</p><p>após hemimandibulectomia parcial.</p><p>Após três meses já era observado o pro-</p><p>cesso de regeneração do osso, porém a</p><p>completa remodelação só foi constatada</p><p>após quatro anos 16.</p><p>Em um trabalho, a reconstrução com</p><p>placa e autoenxerto ósseo foi feita ime-</p><p>diatamente após a ressecção cirúrgica</p><p>de um nódulo tumoral. Uma semana</p><p>após a cirurgia, observou-se uma boa re-</p><p>cuperação pós-operatória; o animal ali-</p><p>mentava-se sem dificuldade, sem dor</p><p>aparente, nem deformidade facial visí-</p><p>vel. Um mês após a cirurgia, a radiogra-</p><p>fia revelou o início da incorporação do</p><p>enxerto e após nove meses, nenhum</p><p>sinal de falha do implante nem de reci-</p><p>diva tumoral foi notada 17.</p><p>Em um outro caso, uma reconstrução</p><p>mandibular utilizando placa associada a</p><p>proteína óssea morfogenética recombi-</p><p>nante humana 2 (rhBMP-2) foi realiza-</p><p>da em um cocker após a mandibulecto-</p><p>mia para a remoção de um odontoma</p><p>complexo. A reação óssea foi observada</p><p>aos três meses após o procedimento ci-</p><p>rúrgico e a completa remodelação foi</p><p>observada após 26 meses 27.</p><p>O uso dessas placas também foi des-</p><p>crito em cães como modelos experimen-</p><p>tais para se avaliarem diferentes mate-</p><p>riais sintéticos, obtendo-se regeneração</p><p>nos diferentes grupos 22. Outro método</p><p>de fixação em cães foi realizado, também</p><p>boca, em razão de os dentes caninos não</p><p>estarem corretamente alinhados, cau-</p><p>sando deslocamento medial da mandí-</p><p>bula com dente canino inferior ocluindo</p><p>no palato e também úlceras no palato</p><p>duro, obrigando muitas vezes à extração</p><p>dos dentes ou à redução da coroa, com</p><p>posterior tratamento do canal 3. Pode</p><p>ocorrer dificuldade de preensão dos ali-</p><p>mentos, especialmente após mandibu-</p><p>lectomia rostral bilateral, distal ao se-</p><p>gundo dente pré-molar 11. Por isso, reco-</p><p>menda-se aos proprietários que forne-</p><p>çam somente alimento pastoso aos cães,</p><p>e que estes sejam impedidos de mastigar</p><p>objetos duros durante um mês 23.</p><p>Quando a mandibulectomia ou a ma-</p><p>xilectomia envolverem pré-molares</p><p>e/ou molares, é esperado que haja um</p><p>déficit na limpeza oral que ocorre du-</p><p>rante a mastigação normal, havendo</p><p>então um acúmulo excessivo de cálculo</p><p>e placa bacteriana nos dentes antagonis-</p><p>tas. São indicados a escovação dos den-</p><p>tes e o tratamento periodontal regular</p><p>nesses casos 3.</p><p>Reconstrução imediata x</p><p>reconstrução tardia</p><p>Os principais objetivos da reconstru-</p><p>ção mandibular em seres humanos são a</p><p>manutenção estável da ventilação; a res-</p><p>tauração da mastigação, da deglutição e</p><p>da função vocal; a possibilidade de apli-</p><p>cação de implantes dentários, o retorno</p><p>do contorno mandibular normal e a ma-</p><p>nutenção da estética facial 24. Nos ani-</p><p>mais, esse procedimento pode fornecer</p><p>boa estabilização das estruturas ósseas e</p><p>86 Clínica Veterinária, Ano XV, n. 89, novembro/dezembro, 2010</p><p>Figura 4 - Cão macho, cocker spaniel, de treze</p><p>anos de idade, após a mandibulectomia unilate-</p><p>ral para a remoção de um osteossarcoma man-</p><p>dibular. Nota-se a protrusão acentuada da lín-</p><p>gua, mesmo após a realização da bucoplastia</p><p>C</p><p>ristiano G</p><p>om</p><p>es</p><p>Figura 5 - Reconstrução mandibular feita com a</p><p>placa própria para tal fim (seta preta) e autoen-</p><p>xerto de crista ilíaca (seta azul)</p><p>C</p><p>ristiano G</p><p>om</p><p>es</p><p>somente uma pequena fração de células</p><p>transplantadas em um segmento autóge-</p><p>no não vascularizado venham a sobrevi-</p><p>ver, elas podem contribuir para melhorar</p><p>a resposta cicatricial 31. Por essas caracte-</p><p>rísticas, os autoenxertos corticoesponjo-</p><p>sos são considerados o “padrão ouro”</p><p>dentre os tipos de materiais disponíveis</p><p>para as reconstruções ósseas 32,33.</p><p>A vantagem do enxerto alógeno em</p><p>relação ao autógeno é que ele não ne-</p><p>cessita de sítio doador do hospedeiro e</p><p>possibilita fornecimento de osso do</p><p>mesmo tipo e forma daquele que irá ser</p><p>substituído. Entretanto, ele não fornece</p><p>células viáveis</p><p>como o autógeno e pode</p><p>provocar reações imunológicas. Já os</p><p>enxertos xenógenos também não reque-</p><p>rem outro local cirúrgico do hospedeiro</p><p>e podem fornecer grande quantidade de</p><p>osso, necessitando, todavia, ser tratados</p><p>rigorosamente para a redução da antige-</p><p>nicidade 34. Outra desvantagem desses</p><p>dois métodos é a necessidade da obten-</p><p>ção de doadores e a formação de um</p><p>banco de ossos 25.</p><p>O uso de enxertos ósseos é principal-</p><p>mente indicado na intensificação da con-</p><p>solidação, na reposição do osso perdido</p><p>por traumatismos com fragmentos co-</p><p>minutivos ou por ressecção cirúrgica de-</p><p>vido a tumores e cistos, em casos de</p><p>osteomielites e nos processos de falta de</p><p>união óssea 30.</p><p>Locais de obtenção de enxertos</p><p>As principais regiões anatômicas que</p><p>funcionam como sítios doadores são a</p><p>crista ilíaca, a costela, o rádio, a fíbula,</p><p>a escápula e o calvário 28. Pela proximi-</p><p>dade da área receptora, o crânio apre-</p><p>senta como vantagem uma menor mor-</p><p>bidade do local, porém existe pouca</p><p>quantidade de osso para ser enxertado 25.</p><p>As maiores vantagens do enxerto de</p><p>costela são a facilidade com que é mo-</p><p>delado e sua anatomia curva similar à da</p><p>região de sínfise mandibular, que é uma</p><p>das áreas com maior dificuldade de re-</p><p>construção. Mas seu uso implica o risco</p><p>de lesão pleural no transoperatório e</p><p>algumas possíveis complicações no tra-</p><p>tamento pós-operatório dessa lesão. Os</p><p>autores referidos afirmam que o enxerto</p><p>Clínica Veterinária, Ano XV, n. 89, novembro/dezembro, 2010</p><p>em nível experimental, para avaliar a</p><p>cicatrização óssea mediante uso de en-</p><p>xerto vascularizado da tíbia com fixador</p><p>esquelético externo associado a cercla-</p><p>gem 28. Há também um caso de recons-</p><p>trução mandibular utilizando vértebra</p><p>coccígea vascularizada com o auxílio de</p><p>pino intramedular de Steinmann 29.</p><p>Tipos de enxerto</p><p>Os enxertos, quanto à sua imunocom-</p><p>patibilidade, são de três diferentes tipos 2.</p><p>O enxerto autógeno é o transplante do</p><p>enxerto de um ponto a outro do mesmo</p><p>indivíduo; o enxerto alógeno é o trans-</p><p>plante do enxerto de um indivíduo a</p><p>outro da mesma espécie; e o enxerto xe-</p><p>nógeno é o transplante entre animais de</p><p>diferentes espécies 30.</p><p>O enxerto corticoesponjoso autógeno,</p><p>quando implantado no tecido hospedeiro,</p><p>pode apresentar simultaneamente uma</p><p>ação osteogênica – pelo fornecimento</p><p>de células viáveis –, uma ação osteocon-</p><p>dutiva – através de sua matriz óssea – e</p><p>uma ação osteoindutiva – devido à pre-</p><p>sença de proteínas nessa matriz. Embora</p><p>87</p><p>Com relação à técnica cirúrgica, de-</p><p>ve-se ter um cuidado especial com rela-</p><p>ção à raiz dentária, para que ela não seja</p><p>lesada durante a perfuração da mandí-</p><p>bula para a colocação dos parafusos na</p><p>fixação da placa de reconstrução 16,17.</p><p>Nos estudos realizados com ani-</p><p>mais, as complicações observadas após</p><p>as reconstruções foram abrasão do</p><p>quarto pré-molar e do primeiro e se-</p><p>gundo molares superiores na gengiva,</p><p>levando à necessidade de extração do</p><p>primeiro e segundo molares superiores,</p><p>para evitar a continuidade da lesão e a</p><p>migração de dois parafusos um ano</p><p>após a cirurgia, que foram removidos</p><p>junto com a placa 16. Em um animal foi</p><p>observada deiscência de sutura, que foi</p><p>tratada com antibióticos e limpezas lo-</p><p>cais. A sutura foi fechada com flap de</p><p>avanço de mucosa 24. Em outro animal</p><p>houve exposição da placa e ela foi re-</p><p>movida posteriormente, após a remode-</p><p>lação óssea 27. Entretanto, devido à pou-</p><p>ca utilização dessa técnica em cães, no-</p><p>vos estudos devem ser feitos para verifi-</p><p>car quais são as principais complicações.</p><p>Considerações finais</p><p>A reconstrução mandibular em cães,</p><p>apesar de pouco difundida, é uma técni-</p><p>ca de utilização viável, que parece per-</p><p>mitir, especialmente quando se utilizam</p><p>as placas de reconstrução, uma boa esta-</p><p>bilidade da mandíbula, mantendo uma</p><p>melhor aparência cosmética e funciona-</p><p>lidade, proporcionando um retorno me-</p><p>lhor da anatomia e da função normal da</p><p>boca e melhorando assim a qualidade de</p><p>vida desses pacientes.</p><p>Esse procedimento pode ser uma al-</p><p>ternativa não somente para corrigir uma</p><p>má oclusão decorrente de uma mandi-</p><p>bulectomia, mas também em outros</p><p>casos de neoplasias orais, especialmente</p><p>quando o proprietário não concordar</p><p>com a realização da mandibulectomia</p><p>ou quando a ampla ressecção do tumor</p><p>permitir uma boa sobrevida desse pa-</p><p>ciente. Ele acelera o retorno da função</p><p>da boca, levando os proprietários a acei-</p><p>tar mais facilmente o procedimento ci-</p><p>rúrgico agressivo.</p><p>Entretanto, novos trabalhos devem</p><p>ser realizados em busca do melhor mé-</p><p>todo de fixação da mandíbula, para veri-</p><p>ficar a adaptabilidade das placas de re-</p><p>construção mandibular utilizadas em se-</p><p>res humanos, minimizar as complicações</p><p>relacionadas à reconstrução e avaliar os</p><p>melhores tipos e locais de obtenção de</p><p>enxertos para aperfeiçoar cada vez mais</p><p>a função oral desses animais, proporcio-</p><p>nando-lhes assim mais qualidade de vida.</p><p>Referências</p><p>01-HJORTING-HANSEN, E. Bone grafting to the</p><p>jaws with special reference to reconstructive</p><p>preprosthetic surgery: a historical review. Mund</p><p>Kieer Gesichtschir, v. 6, n. 1, p. 6-14, 2002.</p><p>02-WEIGEL, J. P. Enxerto ósseo. In: BOJRAB, M.</p><p>J. Mecanismos da moléstia na cirurgia dos</p><p>pequenos animais. São Paulo: Manole, 1996.</p><p>p. 791-798.</p><p>03-VERSTRAETE, F. J. M. Mandibulectomy and</p><p>maxillectomy. Veterinary Clinics of North</p><p>America: Small Animal Practice, v. 35, n. 4,</p><p>p. 1009-1039, 2005.</p><p>04-FREITAS, R. ; RAPOSO, A. F. ; AGOSTINHO,</p><p>C. N. L. F. ; COSTA, A. C. Reconstrução da</p><p>região craniomaxilofacial. In: FREITAS, R.</p><p>Tratado de cirurgia bucomaxilofacial. São</p><p>Paulo: Santos, 2006. p. 607-653.</p><p>05-FELIZZOLA, C. R. ; STOPIGLIA, A. J. ;</p><p>ARAÚJO, N. S. Oral tumors in dogs. Clinical</p><p>aspects, exfoliative cytology and histopathology.</p><p>Ciência Rural, v. 29, n. 3, p. 499-506, 1999.</p><p>06-WHITE, R. A. S. Tumours of the oropharynx. In:</p><p>DOBSON, J. M. ; LASCELLES, B. D. X.</p><p>BSAVA Manual of canine and feline oncology.</p><p>Gloucester: BSAVA, 2003. p. 206-213.</p><p>07-KOSOVSKY, J. ; MATTHIESEN, D. T. ;</p><p>MARRETTA, S. M. ; PATNAIK, A. K. 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Cancer of the</p><p>gastrointestinal tract. In: WITRHOW, S. J. ;</p><p>VAIL, D. M. Small animal clinical oncology. 4.</p><p>ed. Philadelphia: W. B. Saunders, 2007. p. 455-510.</p><p>12-MORRIS, J. ; DOBSON, J. Head and neck</p><p>In:___. Small animal oncology. Oxford:</p><p>Blackwell Science, 2001, p. 94-124.</p><p>13-MARRETA, S. M. Maxillofacial surgery.</p><p>Veterinary Clinics of North America: Small</p><p>Animal Practice, v. 28, n. 5, p. 1285-1296, 1998.</p><p>14-BERG, J. Principles of oncology orofacial</p><p>surgery. Clinical Techniques in Small Animal</p><p>Practice, v. 13, n. 1, p. 38-41, 2003.</p><p>15-BOUDRIEAU, R. J. ; TIDWELL, A. T. ;</p><p>ULLMAN, S. L. ; GORES, B. R. Correction of</p><p>mandibular nonunion and maloclusion by plate</p><p>fixation and autogenous cortical bone grafts in</p><p>two dogs. Journal of America Veterinary</p><p>Medical Association, v. 204, n. 5, p. 744-750, 1994.</p><p>mais usado atualmente é o da crista ilía-</p><p>ca, que, além de fornecer uma boa quan-</p><p>tidade de osso de fácil obtenção, ofe-</p><p>rece os três tipos de enxerto: o cortical,</p><p>o medular e o corticoesponjoso 25. Nos</p><p>trabalhos com cães, os locais de obten-</p><p>ção de autoenxerto foram a costela, a</p><p>ulna e a crista ilíaca, que em todos os</p><p>casos forneceram uma quantidade ade-</p><p>quada de osso para</p><p>RJ, por um jovem atleta kitesurfer, Reno</p><p>Romeu. Tratou de entregá-lo à pessoa</p><p>que reconhecia como capaz de lutar por</p><p>aquela vida tão jovem e já tão compro-</p><p>metida.</p><p>Sorte a do Pingu, nome carinhoso que</p><p>aquele novo “menino do Rio” recebeu.</p><p>Mas Pingu estava doente, na verdade</p><p>quase morto de frio, sede, fome e exaus-</p><p>tão. Viajara milhares de quilômetros em</p><p>água fria, trazido por tempestades e</p><p>frentes frias e ao aportar nas praias ca-</p><p>riocas, não achou local tranquilo para se</p><p>aquecer e descansar. Permaneceu no mar</p><p>até encontrar seu salvador.</p><p>Nos primeiros dias, Pingu foi aqueci-</p><p>do, alimentado e hidratado. Sob os cuida-</p><p>dos de uma médica veterinária voluntária</p><p>da Associação Proidea, recebeu medica-</p><p>mentos e repousou o necessário para</p><p>Cabo, RJ, acolhidos pelo veterinário</p><p>que apoia o Gemm-Lagos na região.</p><p>Os pinguins foram alimentados com</p><p>sardinhas frescas mas estas devem ser</p><p>servidas em tamanho adequado aos ani-</p><p>mais – nem grandes nem pequenas. Os</p><p>pinguins foram alimentados também</p><p>com muitas manjubinhas.</p><p>Nesse tempo, ao Pingu e aos dois que</p><p>ele encontrou no Gemm-Lagos junta-</p><p>ram-se mais dois: um, encontrado por</p><p>pescadores em Itaúnas, Saquarema, e o</p><p>outro, por pescadores de Araruama. O</p><p>grupo aumentou e já mostrava o com-</p><p>portamento natural da espécie – conver-</p><p>savam, reclamavam se ficassem longe</p><p>uns dos outros, sempre na linguagem</p><p>“tutu-tu-tu”...</p><p>Liberdade - Pinguins</p><p>Rumo ao Sul</p><p>De que adiantaria o esforço de</p><p>tantos seres humanos se não fosse</p><p>para devolver-lhes a liberdade? En-</p><p>tretanto, os pinguins estavam muito</p><p>longe de casa. As possibilidades de</p><p>retornarem sozinhos ao sul do con-</p><p>tinente são desconhecidas; a longa</p><p>permanência em locais impróprios</p><p>e em condições tão diferentes das</p><p>do seu habitat natural promove</p><p>doenças; e a criação artificial de um</p><p>ambiente adequado para mantê-los</p><p>saudáveis requer recursos financei-</p><p>ros e equipe capacitada. Além disso, os</p><p>animais selvagens necessitam de cuida-</p><p>dos especiais e de documentos que ates-</p><p>tem não terem sido capturados para fins</p><p>Detalhe da</p><p>acomodação</p><p>do pinguim-</p><p>de-magalhães</p><p>na caixa de</p><p>transporte</p><p>Clínica Veterinária, Ano XV, n. 89, novembro/dezembro, 2010 11</p><p>marinhos, foi a escolhida para receber o</p><p>grupo de pinguins e que acolheu pronta-</p><p>memente ao chamado da Fiocruz.</p><p>Os seres humanos vivem neste plane-</p><p>ta em um rede complexa de relações</p><p>biológicas. As diferentes espécie, por</p><p>mais distantes que sejam da humana,</p><p>cumprem papel fundamental e não des-</p><p>cartável na manutenção dos serviços am-</p><p>bientais que utilizamos para nossa sobre-</p><p>vivência. A vida humana depende dessa</p><p>rede. A espécie humana vem eliminando</p><p>a biodiversidade do planeta em taxa re-</p><p>corde e é essa biodiversidade que nos</p><p>provê alimento, ar respirável, solo fértil,</p><p>filtro de doenças, medicamentos e mui-</p><p>tos outros serviços. A vida de outras es-</p><p>pécies está profundamente relacionada</p><p>à saúde humana, e o valor da vida e da</p><p>liberdade é inalienável. Nenhuma vida</p><p>pode ser descartada. Infelizmente ainda</p><p>não podemos salvar tantas outras!</p><p>A chegada dos pinguins ao CRAM,</p><p>em Rio Grande, RS, concluiu a primeira</p><p>etapa da missão Pinguins Rumo ao Sul.</p><p>Na segunda etapa, já nas instalações do</p><p>CRAM, os pinguins passaram por nova</p><p>avaliação, vermifugação e tratamento, e</p><p>ingressaram no grupo de pinguins que já</p><p>estavam nas instalações, recuperando-se</p><p>também para serem soltos em novembro.</p><p>O entendimento do valor da vida e de</p><p>um planeta saudável reuniu espontanea-</p><p>mente pessoas, instituições e empresas</p><p>que acreditam que a conservação da</p><p>biodiversidade, além de justa, é neces-</p><p>sária. Que esse esforço sirva de exemplo</p><p>e de motivação para um mundo melhor</p><p>para todos.</p><p>comerciais, como, por exemplo, o con-</p><p>trabando de espécies.</p><p>Sem medir esforços, a cada dia novas</p><p>pessoas se envolveram e colaboraram</p><p>na obtenção de sardinhas e na busca de</p><p>uma maneira de viabilizar que Pingu e</p><p>seus amigos retornassem sãos e salvos</p><p>ao sul do continente, seu habitat natural.</p><p>Foi criado o projeto Pinguins Rumo</p><p>ao Sul a partir de um planejamento cui-</p><p>dadoso e com muitas etapas de execu-</p><p>ção. Em primeiro lugar, o grupo deveria</p><p>estar bem de saúde para suportar a via-</p><p>gem até o Sul do Brasil. Por convicção</p><p>e determinação científica da equipe en-</p><p>volvida, a viagem foi condicionada à</p><p>certeza de que não levariam consigo</p><p>novos patógenos nesse retorno. Em se-</p><p>gundo lugar, os animais deveriam ser</p><p>destinados a uma instituição altamente</p><p>capacitada a recebê-los e a finalizar o</p><p>processo de recuperação e de libertação.</p><p>Houve a necessidade de se encontrar</p><p>uma maneira o mais rápida e segura</p><p>possível para transportá-los. A docu-</p><p>mentação deveria estar absolutamente</p><p>em ordem. Um veterinário capacitado</p><p>deveria recebê-los para mediar qualquer</p><p>intercorrência, se necessário.</p><p>Reunir todas as garantias e a docu-</p><p>mentação levou mais de uma semana.</p><p>Isso porque a equipe contava com médi-</p><p>cos veterinários e biólogos experientes.</p><p>Com a cooperação e auxílio de diversas</p><p>pessoas foi-se construindo uma rede de</p><p>solidariedade impressionante! Não hou-</p><p>ve nesse caminho quem não se mostras-</p><p>se verdadeiramente comprometido com</p><p>a causa: a volta ao lar de Pingu e seus</p><p>amigos!</p><p>Nessa rede, foi obtido o apoio institu-</p><p>cional, incondicional e decisivo da Gol</p><p>Linhas Aéreas, que transportou os ani-</p><p>mais com atenção e eficiência do Rio de</p><p>Janeiro a Porto Alegre; da Acergy-Brasil</p><p>S/A, que doou as caixas de transporte</p><p>cuidadosamente escolhidas pelos biólo-</p><p>gos; do Centro de Gerenciamento da</p><p>Fauna do Ibama-RJ, que licenciou pron-</p><p>tamente a remessa dos animais; da dra.</p><p>Rosane Colares, responsável pelo rece-</p><p>bimento dos animais no aeroporto de</p><p>Porto Alegre e da sua avaliação antes</p><p>que embarcassem na viatura do 1º Rio</p><p>Grande; do Centro de Recuperação de</p><p>Animais Marinhos (CRAM) da</p><p>FURG/RS, de Rio Grande, instituição</p><p>que, por possuir recintos adequados e</p><p>profissionais especializados em animais</p><p>Agradecimentos nominais</p><p>Ancelmo Mastandrea – GOL Cargas</p><p>Flavya Mendes de Almeida – Médica</p><p>Veterinária – PROIDEA/UFF</p><p>Gabriela Landau Remy – Bióloga/PROIDEA</p><p>Luciana Ramos Plastino – Centro de</p><p>Gerenciamento da Fauna/IBAMA-RJ</p><p>Luzia Maria Felippe - PROIDEA</p><p>Nelson Bittar Romeu – Acergy Brasil S/A</p><p>Norma Labarthe – Médica Veterinária –</p><p>Fiocruz/PIBS</p><p>Octávio Lisboa – Médico Veterinário</p><p>Odilo Costa F. de Freitas – Médico Veterinário</p><p>Paula Breves – Médica Veterinária</p><p>Renato Bastos – Acergy Brasil S/A</p><p>Rodolfo Pinho da Silva – Centro de</p><p>Recuperação de Animais Marinhos –</p><p>FURG/CRAM</p><p>Rodrigo Gonçalves dos Santos – 1º Batalhão</p><p>Ambiental do Rio Grande do Sul</p><p>Rosane Colares – Médica Veterinária</p><p>Salvatore Siciliano – Fiocruz/GEMM Lagos</p><p>Valdir Ramos – Biólogo/PROIDEA</p><p>Viviane das Graças Pinto - Gol LOG</p><p>Pinguim-de-magalhães (Spheniscus magellanicus) J.R.FOSTER, 1781</p><p>Vivem no sul do continente, nas ilhas Malvinas (Falklands), na Argentina e no Chile. No inverno, in-</p><p>divíduos jovens chegam até o litoral do Brasil com as correntes de frentes frias e tempestades. São</p><p>gregários, vivendo em colônias de até 1,8 milhão de indivíduos. Quando adultos, medem 70cm,</p><p>chegando a pesar 5kg. Alimentam-se de peixes (anchovetas, sardinhas e outros), lulas e crus-</p><p>táceos. As fêmeas são pouco menores que os machos, mas a plumagem de ambos é igual. Fazem</p><p>ninhos em buracos uma vez ao ano, onde colocam dois ovos que são chocados por quarenta dias.</p><p>Nos primeiros vinte dias a mãe incuba os</p><p>ovos, enquanto o pai chega a nadar a 500km</p><p>ao longo da costa para se alimentar; depois</p><p>ele se reveza com a mãe, que se alimenta por</p><p>igual período. Os filhotes ficam nas tocas por</p><p>setenta dias, alimentados diariamente pelo</p><p>pai e pela mãe. A plumagem cinza os protege</p><p>do frio, mas não lhes garante boa flutuação,</p><p>como a dos adultos. Os pinguins-de-maga-</p><p>lhães podem viver vinte anos. A primeira</p><p>reprodução se dá quando as fêmeas têm qua-</p><p>tro anos e os machos cinco. Eles sempre</p><p>voltam ao local em que nasceram para se</p><p>reproduzir e são fiés ao parceiro por toda a</p><p>vida. Fazem uma muda por ano, após a</p><p>reprodução, quando passam até vinte dias</p><p>sem comer. Apesar de aparentemente abun-</p><p>dante, a espécie tem pequena distribuição</p><p>geográfica e sua população</p><p>formar a ponte entre</p><p>os segmentos mandibulares 15-17.</p><p>Outra técnica de reconstrução mandi-</p><p>bular é o método de microcirurgia com</p><p>enxerto vascularizado. Vários locais, co-</p><p>mo crista ilíaca, rádio, fíbula, costela e</p><p>escápula, permitem o uso dessa técnica.</p><p>Entretanto, a técnica mais consagrada é</p><p>a utilização da fíbula 28. Essa técnica pro-</p><p>move a cicatrização óssea primária e au-</p><p>menta a resistência à infecção e à necro-</p><p>se causada pela radioterapia. Além disso,</p><p>ela pode fornecer também enxertos cu-</p><p>tâneos vascularizados junto com o teci-</p><p>do ósseo que pode ser empregado quan-</p><p>do existe uma perda muito grande de</p><p>pele e de outros tecidos moles 4.</p><p>Complicações da reconstrução</p><p>As complicações mais observadas na</p><p>técnica de reconstrução mandibular se</p><p>devem a falhas no sistema de fixação, a</p><p>técnicas cirúrgicas inadequadas e a fa-</p><p>lhas no sistema de cobertura dos teci-</p><p>dos, acarretando um quadro de infecção</p><p>e até de perda do enxerto 25.</p><p>As falhas do sistema de fixação ge-</p><p>ralmente decorrem de reabsorção óssea</p><p>do local, deixando o enxerto instável, de</p><p>perda dos parafusos ou de erro na esco-</p><p>lha do tipo de fixação. A deiscência de</p><p>sutura leva à cobertura inadequada dos</p><p>tecidos, podendo ocorrer necrose e ex-</p><p>posição tecidual. Ela é causada por ten-</p><p>são excessiva da pele, por redução ina-</p><p>dequada do espaço morto ou até mesmo</p><p>pela presença de tecido desvitalizado.</p><p>Nesses casos, o mais indicado é realizar</p><p>uma nova intervenção cirúrgica que</p><p>possibilite uma boa cicatrização. A in-</p><p>fecção do enxerto é a causa mais</p><p>comum de insucesso da técnica. Ela se</p><p>dá pela contaminação durante o proce-</p><p>dimento cirúrgico e no período pós-ope-</p><p>ratório. A reabordagem cirúrgica para a</p><p>descontaminação do enxerto é de extre-</p><p>ma importância nesses casos, a fim de</p><p>estabelecer condições favoráveis para a</p><p>integração do enxerto, além da adminis-</p><p>tração de antibioticoterapia sistêmica 4.</p><p>88 Clínica Veterinária, Ano XV, n. 89, novembro/dezembro, 2010</p><p>p. 247-250, 1998.</p><p>22-HEDLUND, C. S. Cirurgia do sistema digestório.</p><p>In: FOSSUM, T. W. Cirurgia de pequenos</p><p>animais. São Paulo: Roca, 2002, p. 222-405.</p><p>23-SALISBURY, E. K. Maxilectomia e</p><p>Mandibulectomia. In: SLATTER, D. Manual de</p><p>cirurgia de pequenos animais. 2. ed. São Paulo:</p><p>W. B. Saunders, 1998. p. 636-645.</p><p>24-STRONG, E. B. ; RUBINSTEIN, B. ;</p><p>PAHLAVAN, N. ; MARTIN, B. ; KUNTSI-</p><p>VAATTOVAARA, H. ; VERSTRAETE, F. J.</p><p>Mandibular reconstruction with an alloplastic</p><p>bone tray in dogs. Otolaryngology Head and</p><p>Neck Surgery, v. 129, n. 4, p. 417-426, 2003.</p><p>25-GANDELMAN, I. H. A. ; CAVALCANTE, M.</p><p>A. A. ; FAVILLA, E. E. Enxertos e reconstruções</p><p>ósseas em cirurgia dos tumores odontogenicos e</p><p>não-odontogenicos. In: CARDOSO, R. J. A. ;</p><p>MACHADO, M. E. L. Odontologia, arte e</p><p>conhecimento: cirurgia, endodontia, periodon-</p><p>tia e estomatologia. São Paulo: Artes Medicas,</p><p>2003. p. 95-104.</p><p>26-WOLFF, D. ; HASSFELD, S. ; HOFELE, C. The</p><p>outcome of various cements in combination with</p><p>titanium reconstruction plates after segmental</p><p>resection of the mandible. British Journal of</p><p>Oral and Maxillofacial Surgery, v. 43, n. 4,</p><p>p. 303-308, 2005.</p><p>27-SPECTOR, D. I. ; KEATING J. H. ;</p><p>BOUDRIEAU, R. J. Immediate mandibular</p><p>reconstruction of a 5cm defect using rhBMP-2</p><p>after partial mandibulectomy in a dog.</p><p>Veterinary Surgery, v. 36, n. 8, p. 752-759, 2007.</p><p>28-BEBCHUK, T. N. ; DEGNER, D. A. ;</p><p>16-BOUDRIEAU, R. J. ; MITCHELL, S. L. ;</p><p>SEEHERMAN, H. Mandibular reconstruction of</p><p>a partial hemimandibulectomy in a dog with</p><p>severe malocclusion. Veterinary Surgery, v. 33,</p><p>n. 2, p. 119-130, 2004.</p><p>17-GOMES, C. ; ELIZEIRE, M. B. ; CONTESINI,</p><p>E. A. ; FERREIRA, K. C. ; BOHRER, P. ;</p><p>SCHWANTES, V. C. Reconstrução mandibular</p><p>com placa de titânio e enxerto de crista ilíaca</p><p>após mandibulectomia em um cão: relato de</p><p>caso. Revista da Universidade Rural, Série</p><p>Ciências da e Vida, v. 27, supl, p. 515-517, 2007</p><p>18-FOX, L. E. ; GEOGHEGAN, S. L. ; DAVIS, L.</p><p>H. ; HARTZEL, J. S. ; KUBILIS, P. ; GRUBER,</p><p>L. A. Owner satisfaction with parcial</p><p>mandibulectomy or maxilectomy for treatment of</p><p>oral tumors in 27 dogs. Journal of American</p><p>Animal Hospital Association, v. 33, n. 1, p. 25-31,</p><p>1997.</p><p>19-BERGMAN, P. J. Canine oral melanoma.</p><p>Clinical Techniques in Small Animal Practice,</p><p>v. 22, n. 2, p. 55-60, 2007.</p><p>20-OLIVEIRA, L. O. ; OLIVEIRA, R. T. ; GOMES,</p><p>C. ; TELLÓ, M. Eletroterapia no tratamento do</p><p>câncer. In: DALECK, C. R. ; DE NARDI, A. B. ;</p><p>RODASKI, S. Oncologia em cães e gatos. São</p><p>Paulo: Roca, 2009. p. 599-606.</p><p>21-FREITAS JÚNIOR, R. ; PAULA, E. C. ;</p><p>CARDOSO, V. M. ; AIRES, N. M. ; SILVEIRA</p><p>JÚNIOR, L. P. ; QUEIROZ, G. S. Estudo</p><p>prospectivo utilizando material coletado por</p><p>bioptycut para realização de exame de congelação</p><p>em pacientes com tumores de mama. Revista do</p><p>Colégio Brasileiro de Cirurgiões, v. 25, n. 4,</p><p>WALSHAW, R. ; BROURMAN, J. D. ;</p><p>ARNOCZKY, S. P. ; STICKLE, R. L. ; PROBST,</p><p>C. W. Evaluation of a free vascularized medial</p><p>tibial bone graft in dogs. Veterinary Surgery,</p><p>v. 29, p. 128-144, 2000.</p><p>29-YEH, L. S. ; HOU, S. M. Repair of a mandibular</p><p>defect with a free vascularized coccygeal</p><p>vertebra transfer in a dog. Veterinary Surgery,</p><p>v. 23, n. 4, p. 281-285, 1994.</p><p>30-STEVENSON, S. Enxertos ósseos. In:</p><p>SLATTER, D. Manual de cirurgia de pequenos</p><p>animais. São Paulo: Manole, 1998. p. 2006-2017.</p><p>31-BAUER, T. W. ; MUSCHLER, G. F. Bone graft</p><p>materials. Clinical Orthopaedics and Related</p><p>Research, v. 371, p. 10-27, 2000.</p><p>32-HE, Y. ; ZHANG, Z. Y. ; ZHU, H. G. ; QIU, W. ;</p><p>JIANG, X. ; GUO, W. Experimental study on</p><p>reconstruction of segmental mandible defects</p><p>using tissue engineered bone combined bone</p><p>marrow stromal cells with three-dimensional</p><p>tricalcium phosphate. The Journal of</p><p>Craniofacial Surgery, v. 18, n. 4, p. 800-805,</p><p>2007.</p><p>33-WOJTOWICZ, A. ; CHABEREK, S. ;</p><p>URBANOWSKA, E. ; OSTROWSKI, K.</p><p>Comparison of efficiency of platelet rich plasma,</p><p>hematopoietic stem cells and bone marrow in</p><p>augmentation of mandibular bone defects. New</p><p>York State Dental Journal, v. 73, n. 2, p. 41-45,</p><p>2007.</p><p>34-ELLIS, E. Reconstrução cirúrgica dos defeitos</p><p>maxilares. In: PETERSON, L. J. Cirurgia oral e</p><p>maxilofacial contemporâneo. 4. ed. São Paulo:</p><p>Elsevier, 2005. p. 681-694.</p><p>90 Clínica Veterinária, Ano XV, n. 89, novembro/dezembro, 2010</p><p>Clínica Veterinária, Ano XV, n. 89, novembro/dezembro, 2010 91</p><p>Clínica Veterinária, Ano XV, n. 89, novembro/dezembro, 2010</p><p>(UFPR) esta metodologia já vem sendo</p><p>aprimorada há mais de dez anos e per -</p><p>mi te o acesso direto e permanente aos</p><p>pro fessores. Essa interação constante</p><p>per mite que os alunos extrapolem os li -</p><p>mi tes dos horários de aula. A qualquer</p><p>mo mento durante o curso é possível</p><p>apro fundar conceitos e trocar experiên-</p><p>cias diretamente com os maiores espe-</p><p>cialistas da área. Na UFPR há dois cur-</p><p>sos à distância disponíveis: diagnóstico</p><p>por imagem do abdômen de animais de</p><p>com panhia – radiografia e ultrassono-</p><p>grafia e oftalmologia veterinária.</p><p>Outra instituição</p><p>que está investindo</p><p>no ensino à dis tân cia</p><p>é o Ins ti tuto Bra si -</p><p>lei ro de Veterinária</p><p>(IBVET). Seus cursos de pós-gradua -</p><p>ção, desde setembro, passaram a contar</p><p>com ferramentas on line onde os alunos</p><p>podem usufruir de diversos recursos</p><p>como: fóruns, provas, atividades,</p><p>vídeos, fotos, chats, glossá rios e muitas</p><p>Amodalidade de ensino à distân-</p><p>cia encontra-se cada vez mais</p><p>po pular. Entre as vantagens</p><p>dessa metodologia destaca-se a liberda -</p><p>de total na escolha dos horários e am -</p><p>bien tes de estudo. O aluno determina</p><p>onde, quando e como estudar. O contato</p><p>não se restringe às horas em sala de</p><p>aula, é durante todo o curso.</p><p>Na Universidade Federal do Paraná</p><p>92</p><p>Crescem as ofertas de ensino à distância (EAD)</p><p>outras opções.</p><p>Em breve, também estarão dis po ní -</p><p>veis no site do IBVET (www.ibvet.</p><p>com.br) cursos de extensão nas diver-</p><p>sas áreas da veterinária. Essa ferramen-</p><p>ta surge para suprir a necessidade de ca -</p><p>pa citação para aqueles profissionais que</p><p>se encontram distantes dos pólos de es -</p><p>tu do, pois o EAD adapta-se ao seu</p><p>ritmo, pode ser acessado a qualquer</p><p>hora e de qualquer lugar que tenha aces-</p><p>so à internet.</p><p>No Portal EAD Qualittas</p><p>(www.</p><p>portaleadqualittas.com.br) também é</p><p>possível encontrar</p><p>ofer tas de cursos nas</p><p>di versas áreas da medi -</p><p>ci na veterinária, tanto</p><p>na modalidade à distância quanto semi -</p><p>pre sencial.</p><p>Aproveite. Escolha o curso que mais</p><p>atende às suas necessidades e passe ago -</p><p>ra mesmo a estudar, pois o aperfeiçoa-</p><p>mento e a es pe cialização oferecem gran -</p><p>de diferencial no mercado de trabalho.</p><p>! Internet</p><p>Nos cursos a distância oferecidos pela UFPR os</p><p>alunos podem acessar, remotamente, aulas ao</p><p>vivo, aulas gravadas, desafios, fóruns, biblioteca</p><p>virtual e uma gama de ferramentas que possibili-</p><p>tam interatividade contínua durante todo o curso:</p><p>www.pecca.ufpr.br</p><p>Aobservação dos olhos, orelhas, ca-</p><p>beça, boca, dentes, pernas e cauda</p><p>dos cães pode transmitir muita informa-</p><p>ção sobre as intenções dos cães. O estu-</p><p>do de toda essa linguagem corporal dos</p><p>cães facilita o entendimento, o manejo e</p><p>o convívio com os cães. Uma forma</p><p>bem prática e atraente de aprender sobre</p><p>este tema é a leitura do livro Cachorros</p><p>falam – entenda a linguagem corporal</p><p>dos cães, de Sophie Collins. Lançado,</p><p>recentemente, pela Ediouro Publicações,</p><p>contém diversas fotos das posições que</p><p>os cães adotam ao se comunicarem,</p><p>exercendo a função de um guia que re-</p><p>corre a imagens e exemplos com o obje-</p><p>tivo de 'traduzir' essa interação e propi-</p><p>ciar uma compreensão do comporta-</p><p>mento dos cães.</p><p>Para comprar, acesse: www.probem.info .</p><p>Abandonado, cego e rejeitado, Ho-</p><p>mero tinha tudo para ser amuado e</p><p>medroso. Ninguém imaginaria que um</p><p>gato sem os olhos – que precisaram ser</p><p>retirados cirurgicamente para garantir</p><p>sua sobrevivência – seria capaz de levar</p><p>uma vida normal, com a alegria e a es-</p><p>perteza características dos felinos. Con-</p><p>trariando todas as expectativas, Homero</p><p>vivia como se seus olhos não lhe fizes-</p><p>sem falta. Era bagunceiro, implicante,</p><p>temperamental, divertido e dengoso</p><p>como qualquer outro gato. Gwen Cooper</p><p>fazia questão de afirmar que ele não era</p><p>diferente. Mas ele era. Diferente não por</p><p>causa da falta de visão, mas por sua</p><p>capacidade de fazer aflorar nas pessoas</p><p>o que elas tinham de melhor. Parecia</p><p>haver em seu espírito uma sabedoria</p><p>oculta e uma energia latente que inspira-</p><p>vam todos à sua volta. Homero se</p><p>tornou o centro do mundo de sua dona.</p><p>Foi se esforçando para garantir a segu-</p><p>rança do seu gato que ela aprendeu a es-</p><p>tabelecer a sua própria. Foi preocupan-</p><p>do-se com a felicidade dele que Gwen</p><p>percebeu quanto estava sozinha. E foi</p><p>lhe oferecendo um amor incondicional</p><p>que ela permitiu que esse sentimento</p><p>entrasse em sua vida. Mais do que um</p><p>livro sobre as aventuras de um gatinho,</p><p>'A odisseia de Homero' é uma história</p><p>de superação, de autoconhecimento, de</p><p>transformação e de crescimento pessoal.</p><p>Esta obra foi recém lançada pela</p><p>Editora Sextante e encontra-se disponí-</p><p>vel no endereço: www.probem.info.</p><p>Olivro Neurologia em cães e gatos,</p><p>de Valentina Lorenzo Fernández e</p><p>Marco Bernardini, é uma obra destinada</p><p>aos médicos veterinários que, no exercí-</p><p>cio da prática clínica, lidam com pa-</p><p>cientes portadores de alterações neuro-</p><p>lógicas e a todos aqueles que tenham</p><p>particular interesse pela neurologia.</p><p>Ricamente ilustrado com diversas fo-</p><p>tografias, o livro possui enfoque prático</p><p>e segue os passos que habitualmente são</p><p>tomados no casos de problemas neuro-</p><p>lógicos atendidos em clínicas veteriná-</p><p>rias.</p><p>O conteúdo está agrupado em 23</p><p>capítulos.</p><p>Inicialmente, são apresentados a</p><p>forma de abordagem ao paciente e a</p><p>aplicação de diagnósticos diferenciais.</p><p>Também são descritas as enfermida-</p><p>des neurológicas, agrupadas em função</p><p>de suas naturezas, bem como algumas</p><p>síndromes e doenças que, por suas ca-</p><p>racterísticas ou incidência clínica, mere-</p><p>cem ser estudadas separadamente.</p><p>Na loja virtual da Med Vet Livros é</p><p>possível conferir o índice do livro.</p><p>Med Vet Livros: www.medvetlivros.</p><p>com.br/NeurologiaemCaeseGatos.aspx</p><p>NEUROLOGIA EM CÃES E GATOS</p><p>CACHORROS FALAM</p><p>A ODISSÉIA DE HOMERO</p><p>Uma história de superação, de</p><p>autoconhecimento, de transformação</p><p>e de crescimento pessoal</p><p>Clínica Veterinária, Ano XV, n. 89, novembro/dezembro, 201094</p><p>A Odisséia de Homero - Editora Sextante</p><p>Clínica Veterinária, Ano XV, n. 89, novembro/dezembro, 201096</p><p>Segurança alimentar e qualidade</p><p>de alimentos para cães e gatos</p><p>Yves Miceli de Carvalho</p><p>ymvet.consulting@yahoo.com.br</p><p>YMVet Consulting - Consultoria em</p><p>Medicina Veterinária e Nutrição Animal</p><p>Diretor da Nano Vet - www.nanovet.com.br</p><p>• Mestre em nutrição animal (FMVZ/USP)</p><p>• Membro da comissão científica do CBNA (www.cbna.org.br) e</p><p>da Anclivepa-SP (www.anclivepa-sp.org.br)</p><p>• Membro do comitê técnico e do conselho técnico da ANFAL Pet</p><p>(www.anfalpet.org.br)</p><p>alimento balanceado: fundamental para garantir a saúde desta relação</p><p>Quando falamos em alimentos</p><p>para cães e gatos, primeiramente</p><p>pensamos que foram elaborados</p><p>para proporcionar benefícios nutricionais,</p><p>estéticos e de desempenho para uma me-</p><p>lhor qualidade de vida e bem-estar ao ani-</p><p>mal. Porém, de nada adianta o alimento</p><p>ser balanceado, equilibrado, palatável,</p><p>digestível, ser bem aceito pelos animais,</p><p>ter uma embalagem atrativa e outros que-</p><p>sitos, se ele estiver contaminado.</p><p>Prováveis contaminantes</p><p>e suas origens</p><p>Essa contaminação pode ser prove-</p><p>niente de compostos de origem biológi-</p><p>ca, orgânica, sintética e química. Podem</p><p>estar presentes ou serem formados antes</p><p>do processo, através da matéria-prima e</p><p>dos ingredientes utilizados na manufatu-</p><p>ra, durante o processo, através dos equi-</p><p>pamentos, por resíduos de vários ele-</p><p>mentos ou após uma limpeza que não foi</p><p>realizada corretamente, e/ou após a fa-</p><p>bricação do alimento, na armazenagem,</p><p>no transporte, na manipulação e por</p><p>meio de métodos de conservação inade-</p><p>quados.</p><p>Nos casos em que os contaminantes</p><p>são fungos e bactérias, sua proliferação</p><p>ocorre rapidamente, principalmente se</p><p>estes encontrarem condições favoráveis</p><p>ao seu desenvolvimento durante o arma-</p><p>zenamento.</p><p>Esses contaminantes podem afetar as</p><p>diversas funções orgânicas – renais,</p><p>neurológicas, hepáticas, circulatórias – e</p><p>até mesmo ocasionar diversos tipos de</p><p>cânceres e infecções e, dependendo do</p><p>grau, serem letais ao cão ou ao gato.</p><p>Nos casos de intoxicação aguda (alta</p><p>dose/ tempo curto), os sintomas de into-</p><p>xicação podem surgir rapidamente; nos</p><p>casos crônicos (ingestão de pequenas</p><p>quantidades/longo tempo), podem surgir</p><p>lentamente, levando ao desenvolvimen-</p><p>to de tumores e diversas doenças crôni-</p><p>cas ( ex: hepáticas – micotoxicoses, afla-</p><p>toxina), incluindo o desequilibrio do sis-</p><p>tema imunológico e a redução da resis-</p><p>tência do animal, favorecendo a instala-</p><p>ção de infecções.</p><p>As contaminações de origem biológi-</p><p>ca estão relacionadas com a proliferação</p><p>de bactérias (ex: salmonelas) e fungos</p><p>patogênicos/ toxicogênicos.</p><p>As contaminações orgânicas e sintéti-</p><p>cas estão relacionadas com resíduos de</p><p>antibióticos e hormônios, formação de</p><p>nitrossaminas e as famosas micotoxinas.</p><p>As contaminações químicas estão re-</p><p>lacionadas com metais pesados, resíduos</p><p>de agrotóxicos e até mesmo situações</p><p>em que o uso de corantes apresenta</p><p>níveis elevados.</p><p>A segurança em primeiro lugar</p><p>Na produção de alimentos para cães e</p><p>gatos, as empresas devem ser cuidadosas</p><p>durante todo o processo de fabricação</p><p>dos produtos, desde a escolha do forne-</p><p>cedor – e, consequentemente, a escolha</p><p>e a recepção das matérias-primas – até a</p><p>comercialização do produto acabado,</p><p>sempre obedecendo às boas práticas de</p><p>fabricação (BPF) e às análises de peri-</p><p>gos e pontos críticos (APPC).</p><p>Muitos fabricantes realizam suas</p><p>próprias análises, dispondo de laborató-</p><p>rio próprio e capacitado para controlar a</p><p>qualidade das matérias-primas que</p><p>adquirem e do alimento que produzem.</p><p>A maioria dos ingredientes não passam</p><p>por um processamento anterior, sendo</p><p>adicionados in natura na produção do</p><p>alimento, ou são minimamente proces-</p><p>sados, como acontece com os grãos e</p><p>alguns componentes de origem vegetal.</p><p>Os cuidados também se estendem do</p><p>transporte ao armazenamento nas cen-</p><p>trais de distribuição, nos pontos de</p><p>venda (pet shops, agropecuárias, clinicas</p><p>veterinárias, supermercados)</p><p>e na casa</p><p>do dono do animal.</p><p>Cuidados a serem tomados</p><p>Ao adquirir o alimento devem-se</p><p>tomar alguns cuidados para evitar a con-</p><p>taminação, tais como:</p><p>• selecionar produtos que tenham a em-</p><p>balagem intacta e que não estejam ex-</p><p>postos à luz solar ou se encontrem em</p><p>ambientes quentes, com alta umidade e</p><p>sem ventilação;</p><p>• jamais adquirir produtos comercializa-</p><p>dos fora da embalagem original ou ven-</p><p>didos a granel (tratando-se de alimentos</p><p>secos).</p><p>A nova classe média</p><p>Clínica Veterinária, Ano XV, n. 89, novembro/dezembro, 2010 97</p><p>Nos últimos sete anos, 23 milhões de</p><p>pessoas saíram da classe D e E para</p><p>a C. Isto é, começaram a faturar o dobro</p><p>do que antes; saíram de aproximada-</p><p>mente um salário mínimo e meio, para</p><p>dois ou três salários mínimos. Estamos</p><p>falando de alguém que hoje ganha perto</p><p>de R$1.200,00 a R$ 1.500,00. Não</p><p>alguém, desculpe, mas 23 milhões de</p><p>pessoas que dobraram o que "ganha-</p><p>vam"! Adivinhe o que eles farão com</p><p>esse montante? Comprar! Gastar! O</p><p>que você está fazendo para atraí-los</p><p>para o seu negócio? No setor pet, é níti-</p><p>do que as famílias dessa nova classe</p><p>média vão querer ter mais um membro:</p><p>um cão, um gato, um peixe, um pássaro.</p><p>Isso gera uma demanda de acessórios,</p><p>de alimentos, de produtos farmacêuti-</p><p>cos, de serviços!</p><p>Onde você se encaixa nisso tudo? O</p><p>que de concreto você fez? Está esperan-</p><p>do que ele entre no seu estabelecimento</p><p>ou planejou o marketing de seu negócio,</p><p>promoções, divulgação, comunicação?</p><p>Novas contratações? Novos serviços?</p><p>Novos negócios? Novos produtos?</p><p>O que essa nova classe quer? Como</p><p>ela quer gastar? De certo que se ele já</p><p>tem um pet, hoje ele pode comprar uma</p><p>coleira mais fashion, passa a dar um ali-</p><p>mento melhor, leva o cão para banhos e</p><p>tosas mais frequentes, faz agility; com-</p><p>pra animais com pedigree, de raça, entre</p><p>muitas outras possibilidades. Você,</p><p>assim, deve instigar esses desejos, supe-</p><p>rar expectativas, aproveitar o momento</p><p>para suprir essa demanda, de acordo</p><p>com os benefícios que o cliente deseja.</p><p>Classe média não deseja luxo, mas pro-</p><p>dutos e serviços honestos, com preços</p><p>adequados ao seu bolso. A renda fami-</p><p>liar da classe média com pai e mãe ati-</p><p>vos financeiramente gira em torno de</p><p>2.000 reais. Seus preços devem levar</p><p>isso em conta. Que percentagem de</p><p>classe C tem o local de seu negócio? Se</p><p>for mais de 70%, vale a pena investir em</p><p>entender mais sobre a classe C. Meia</p><p>hora no Google pode ajudar muito! Cur-</p><p>sos, palestras na Associação Comercial</p><p>ou de assuntos afins farão o profissional</p><p>adquirir ideias que poderão surtir gran-</p><p>de efeito prático.</p><p>Profissionais do setor pet que apenas</p><p>se desenvolveram na parte técnica</p><p>(diagnosticar e tratar) – apesar de a</p><p>base, o fundamento, ser essencial –</p><p>estão ultrapassados! Nunca abandone a</p><p>técnica; pelo contrário, aperfeiçoe-se</p><p>ininterruptamente até o final de sua vida</p><p>profissional. Além disso, adquira</p><p>conhecimento na área de marketing,</p><p>pois temos que nos adaptar ao mundo</p><p>atual, cujas novidades são constantes.</p><p>Percebo, todavia, que muitos profis-</p><p>sionais do setor pet ainda não acor-</p><p>daram para essa nova realidade. Suas</p><p>clínicas e petshops mantêm o padrão</p><p>habitual, as mesmices. Não há ousadia,</p><p>desafios; não se instiga o cliente, a pop-</p><p>ulação, com raras exceções. Pouco se</p><p>inovou nos serviços veterinários ou de</p><p>petshops. Se não concorda, envie-me</p><p>um e-mail mostrando uma inovação</p><p>nesse setor! Adoraria saber, ter um caso</p><p>para contar! Pense, estude, adapte-se,</p><p>inove! Ouse! Desafie-se. Fuja do con-</p><p>vencional!</p><p>A nova classe média, quem diria,</p><p>hoje representa perto de 50% da popu-</p><p>lação, e quer inovações de nosso setor!</p><p>Não espere soluções mágicas!</p><p>Crie-as!</p><p>Por Marco Antonio Gioso</p><p>Docente do Depto. de Cirurgia da</p><p>FMVZ-USP (www.fmvz.usp.br)</p><p>www.gioso.com.br</p><p>Não há uma só clínica, consultório,</p><p>pet shop ou hospital veterinário</p><p>que já não tenha passado pela experiên-</p><p>cia de revolta ou tristeza de proprie-</p><p>tários que não se conformaram com a</p><p>morte de seu animal de estimação, seja</p><p>ele cachorro, gato ou outro pet. Quando</p><p>coloco o local como sujeito passivo,</p><p>quero dizer que nesses casos, todos</p><p>aqueles que trabalham na empresa, e</p><p>não somente o médico veterinário,</p><p>acabam sentindo o pesado ambiente que</p><p>paira naquele momento e que perdura</p><p>por tempos, dependendo de como foi</p><p>conduzido o caso.</p><p>Situações diferentes podem aconte-</p><p>cer aqui. Comentarei algumas.</p><p>Primeira situação: o próprio médico</p><p>veterinário não se conforma com o óbito</p><p>porque ele entende que, dentro de seu</p><p>alcance, fez de tudo para salvar o ani-</p><p>mal. Essa situação ocorre normalmente</p><p>quando o animal já chega debilitado ao</p><p>profissional e, após uma determinada</p><p>intervenção (terapêutica), não responde</p><p>favoravelmente ou então há piora do</p><p>quadro, progredindo para a indesejada</p><p>morte. O proprietário aqui se conforma</p><p>e, embora infeliz, entende e crê no</p><p>empenho do médico veterinário em ten-</p><p>tar salvar seu animal, que afinal de con-</p><p>tas já não estava bem mesmo.</p><p>Mesmo assim, nesses casos, o médi-</p><p>co veterinário sempre se questiona e</p><p>várias perguntas acabam sendo</p><p>(re)feitas para si mesmo. O que foi que</p><p>eu não percebi no exame clínico? Que</p><p>exames eu deveria ter pedido e não</p><p>pedi? Será que o proprietário contou</p><p>tudo o que sabia? A culpa foi minha</p><p>mesmo ou o animal já estava entregue a</p><p>uma doença em curso terminal?</p><p>Quando esse inconformismo incomo-</p><p>da, quando o médico veterinário se</p><p>sente desconfortável perante a dúvida</p><p>da causa mortis ou então simplesmente</p><p>quando tem apenas curiosidade de saber</p><p>de que o animal morreu, então ele</p><p>solicita uma necropsia.</p><p>Nesse caso, quando a necropsia é</p><p>sugerida ao proprietário (ou guardião,</p><p>como queiram), este pode aceitar ou não</p><p>que ela seja realizada. Em caso afirma-</p><p>tivo, seria de bom-tom a própria clínica</p><p>arcar com as despesas (necropsia,</p><p>exames histopatológico, toxicológico,</p><p>etc.) ou a clínica repassaria os custos</p><p>ao proprietário? Como enxergar a situa-</p><p>ção mais adequada nesse momento de-</p><p>licado?</p><p>Segunda situação: quando todos</p><p>aqueles sentimentos de inconformismo,</p><p>dúvida e desconforto agora estão pre-</p><p>sentes no dono do animal. Nesse caso, o</p><p>evento da morte não era esperado e</p><p>quem solicita a necropsia é o proprie-</p><p>tário. Este sustenta, mentalmente que</p><p>seja, a hipótese (ou a certeza) de um</p><p>erro do médico veterinário e para tanto</p><p>exige uma necropsia. Quem seria o</p><p>responsável pela contratação de um</p><p>necropsista?</p><p>E pergunto mais: o proprietário con-</p><p>fiaria o destino do exame necroscópico</p><p>à própria clínica em que o animal mor-</p><p>reu ou ele levaria o corpo do seu animal</p><p>para outro profissional por conta</p><p>própria? E o corpo? Pertenceria à clíni-</p><p>ca, visto que esta tem responsabilidades</p><p>no armazenamento e no descarte de</p><p>“resíduos de origem biológica”? Tente</p><p>explicar essa questão para esse proprie-</p><p>tário: não é fácil.</p><p>Podemos encontrar a resposta para</p><p>essas questões no capítulo II da</p><p>Resolução do CFMV nº 923, de 13 de</p><p>novembro de 2009, que dispõe sobre</p><p>procedimentos e responsabilidades do</p><p>médico veterinário e do zootecnista em</p><p>relação à biossegurança no manuseio de</p><p>microrganismos e de animais domésti-</p><p>cos, silvestres, exóticos e de laboratório,</p><p>inclusive os geneticamente modifica-</p><p>dos, bem como suas partes, fluidos,</p><p>secreções e excreções.</p><p>“Art. 13. Para o acondicionamento e</p><p>o descarte dos resíduos biológicos,</p><p>deve-se atender ao item 32.5 da Portaria</p><p>nº 485, de 11 de novembro de 2005, do</p><p>Ministério do Trabalho e Emprego, às</p><p>normas da vigilância sanitária e de</p><p>segurança ambiental, bem como aos</p><p>demais dispositivos que as comple-</p><p>mentem ou substituam.”</p><p>Em outras palavras, o corpo é, dentro</p><p>do seu estabelecimento comercial, de</p><p>total responsabilidade do médico vete-</p><p>rinário, devido à possibilidade de riscos</p><p>para a saúde pública em um eventual</p><p>descarte ou inumação irresponsável.</p><p>Sobre o óbito em si, o médico vete-</p><p>rinário pode fazer o atestado de óbito</p><p>segundo a Resolução nº 844, de 20 de</p><p>setembro de 2006, que traz inclusive um</p><p>modelo, onde se devem incluir, de acor-</p><p>do com o artigo 2º, os seguintes requi-</p><p>sitos:</p><p>I. nome, espécie, raça, porte, sexo;</p><p>II. pelagem, quando for o caso;</p><p>III. idade real ou presumida;</p><p>IV. local do</p><p>óbito;</p><p>V. hora, dia, mês e ano do falecimento;</p><p>VI. causa do óbito;</p><p>VII. identificação do proprietário: nome,</p><p>CPF e endereço completo;</p><p>VIII. outras informações que possibili-</p><p>tem a identificação posterior do animal;</p><p>IX. identificação do médico veterinário:</p><p>carimbo (legível) com o nome completo,</p><p>número de inscrição no CRMV e</p><p>assinatura;</p><p>X. identificação do estabelecimento (ra-</p><p>zão social, CNPJ, registro no CRMV),</p><p>quando for o caso.</p><p>O parágrafo único afirma que os ates-</p><p>tados de óbito devem ser confecciona-</p><p>dos em 02 (duas) vias, numerados e sem</p><p>rasuras ou emendas.</p><p>Em relação ao estabelecimento</p><p>(clínica, hospital, laboratório, etc.), tem-</p><p>se a Resolução nº 670, de 10 de agosto</p><p>de 2000, que conceitua e estipula</p><p>condições para o funcionamento de</p><p>estabelecimentos médicos veterinários,</p><p>além do Decreto nº 40.400, de 24 de ou-</p><p>tubro de 1995, ambos dando como</p><p>condição fundamental a existência de</p><p>equipamentos para a manutenção de</p><p>produtos de origem biológica (freezer,</p><p>geladeira) e abrigos para resíduos sólidos</p><p>Guilherme Durante Cruz</p><p>Médico veterinário, mestre em patologia</p><p>animal, professor de patologia animal, pela</p><p>Universidade de Santo Amaro - UNISA.</p><p>Centro de Diagnóstico Veterinário Canis Felis.</p><p>Membro da Comissão de Ensino da ABMVL</p><p>canis.felisdv@gmail.com</p><p>guidurante@yahoo.com</p><p>www.abmvl.com/blog</p><p>Óbito em clínica de pequenos animais.</p><p>A necropsia como ferramenta fundamental</p><p>Clínica Veterinária, Ano XV, n. 89, novembro/dezembro, 201098</p><p>enquanto aguardam coleta, onde o arma-</p><p>zenamento de resíduos infectantes de-</p><p>verá ser feito separadamente dos resí-</p><p>duos comuns.</p><p>Quando a necropsia é realizada, inde-</p><p>pendentemente da situação, o médico</p><p>veterinário acaba tendo em mãos uma</p><p>excelente fonte de conhecimento e</p><p>aprendizado, principalmente se este a</p><p>assistir. Também é uma “autoajuda</p><p>profissional” fantástica, pois ele poderá</p><p>agora responder minimamente aos seus</p><p>questionamentos com mais tranquili-</p><p>dade.</p><p>Mas… e quando há morte com</p><p>envolvimento judicial consequente?</p><p>Atualmente, no universo das clínicas</p><p>de pequenos animais, o médico vete-</p><p>rinário que realiza necropsias tem sido</p><p>chamado constantemente para ajudar</p><p>em questões judiciais médico-legais</p><p>envolvendo principalmente acusações</p><p>contra o clínico – de imperícia, im-</p><p>prudência ou negligencia. Costumeira-</p><p>mente, são ações indenizatórias por</p><p>danos materiais e até morais, em que o</p><p>patologista pode se envolver ou como</p><p>assistente técnico de um cliente (pro-</p><p>prietário processando clínica) ou como</p><p>perito da justiça.</p><p>Cabe agora a pergunta: como pode</p><p>então o clínico, confiante na sua inocên-</p><p>cia e consciente de seus deveres, com-</p><p>provar a veracidade dos fatos? Realizan-</p><p>do-se uma completa necropsia, com a ela-</p><p>boração de laudo ou parecer técnico</p><p>competente, adequada fotodocumenta-</p><p>ção e arquivamento.</p><p>Nesse tocante, o patologista tem a</p><p>teoria, a experiência e a malícia ne-</p><p>cessária para reconhecer, identificar e</p><p>entender, por exemplo, o fenômeno das</p><p>alterações cadavéricas, modificações</p><p>corporais estas que podem influenciar</p><p>muito na conclusão de um determinado</p><p>caso, confundindo-se com alterações</p><p>provocadas em vida. Além disso, esse</p><p>profissional tem a qualidade de saber</p><p>coletar, armazenar e enviar corretamen-</p><p>te as amostras biológicas para atender às</p><p>mais variadas dúvidas em relação ao</p><p>esclarecimento do caso.</p><p>Vincit omnia veritas, ou seja: a ver-</p><p>dade vence todas as coisas.</p><p>Em tempo: a Resolução nº 722, de</p><p>16 de agosto de 2002, que aprova o</p><p>Código de Ética do Médico Vete-</p><p>rinário, diz ser vedado ao médico ve-</p><p>terinário:</p><p>“XI - [...] deixar de fornecer ao</p><p>cliente, quando solicitado, laudo médico-</p><p>veterinário, relatório, prontuário, atesta-</p><p>do, certificado, bem como deixar de dar</p><p>explicações necessárias à sua com-</p><p>preensão.</p><p>Quem ganha com tudo isso? Toda a</p><p>sociedade, pois a classe veterinária</p><p>torna-se fortalecida, por apresentar res-</p><p>postas à altura para os proprietários com</p><p>a realização de exames elaborados, os</p><p>quais jamais poderiam supor que exis-</p><p>tissem, esteja a verdade com quem</p><p>estiver. E ganham os animais, que sem-</p><p>pre merecem todo o nosso respeito e</p><p>gratidão.</p><p>Clínica Veterinária, Ano XV, n. 89, novembro/dezembro, 2010 99</p><p>Vermigel é um novo antiparasitário</p><p>com ação ovicida, larvicida e vermicida,</p><p>para combater as infestações causadas</p><p>em cães e gatos por cestódeos (Taenia</p><p>spp.) e nematódeos (T. canis, T. cati, T.</p><p>leonina, Trichuris vulpis, A. caninum, A.</p><p>brasiliense e Uncinaria stenocephala).</p><p>Sua inovadora apresentação propor-</p><p>ciona fácil administração diretamente</p><p>sobre a língua do animal ou misturado</p><p>no alimento. Não requer nenhuma dieta</p><p>preliminar, tendo alta palatabilide tanto</p><p>para cães quanto para gatos.</p><p>Cada 100mL de Vermigel contém ni-</p><p>closamida (24g), oxibendazol (3g) e ex-</p><p>cipiente q.s.p. (100mL).</p><p>A recomendação de bula do produto</p><p>é que a dose média a ser administrada,</p><p>em dose única, deve ser de 0,5mL de</p><p>Vermigel para cada kg de massa corporal.</p><p>Syntec: (11) 4702-5425</p><p>www.syntecvet.com.br</p><p>entre os neurônios e favorece as funções</p><p>cognitivas e de aprendizagem. O alimen-</p><p>to, que também é rico em vitaminas, age</p><p>beneficamente no crescimento dos pets e</p><p>na formação do tecido nervoso.</p><p>Pet Active Gatos</p><p>Indicado</p><p>para gatos de</p><p>todas as idades</p><p>e raças, o ali-</p><p>mento possui</p><p>microrganismos</p><p>vivos que favo-</p><p>recem a diges-</p><p>tão e a absorção</p><p>dos componen-</p><p>tes da dieta equilibrada pela</p><p>flora intestinal. O petisco con-</p><p>tém também vitaminas A, D,</p><p>B3 e B6, aminoácidos, ômegas</p><p>e nucleotídeos, que agem no</p><p>metabolismo de modo sinérgi-</p><p>co para a manutenção do equi-</p><p>líbrio orgânico. O alimento re-</p><p>gula a qualidade da pelagem,</p><p>melhora a consistência e o</p><p>odor das fezes e ainda preserva</p><p>a função renal.</p><p>Vetnil: 0800 109 197</p><p>www.vetnil.com</p><p>Lançamentos</p><p>100 Clínica Veterinária, Ano XV, n. 89, novembro/dezembro, 2010</p><p>Osucesso da linha de petiscos fun-</p><p>cionais, que antes contava com o Pet</p><p>Active Palitos e o Pet Active Pró-Bife,</p><p>ganha agora dois novos reforços, um ex-</p><p>clusivamente para a alimentação saudá-</p><p>vel de gatos e outro para cães de todas as</p><p>idades em treinamento.</p><p>Com ação probiótica e prebiótica, os</p><p>petiscos auxiliam na manutenção e repo-</p><p>sição da flora intestinal dos pets, facili-</p><p>tam a digestão e agem também na limpe-</p><p>za dos dentes e na maciez e brilho da pe-</p><p>lagem. Para agradar sem incorrer no</p><p>ganho de peso dos pets, o Pet Active</p><p>Gatos e o Pet Active Aprendiz têm baixo</p><p>teor calórico e são altamente palatáveis.</p><p>Pet Active Aprediz</p><p>Indicado para todas as</p><p>raças de cães, o Pet Active</p><p>Aprendiz é ideal para ser usa-</p><p>do em qualquer atividade de</p><p>aprendizado. O petisco favo-</p><p>rece a função cognitiva do pet,</p><p>acelerando sua capacidade de</p><p>aprender, estimulando a me-</p><p>mória e beneficiando a visão.</p><p>O melhor desempenho se de-</p><p>ve ao teor nutricional do ali-</p><p>mento, rico em DHA, um tipo</p><p>nobre de ômega 3 que melho-</p><p>ra a troca de informações</p><p>APremier Pet ampliou sua linha de ali-</p><p>mentos para cães e gatos. Entre as</p><p>novidades estão: Premier Ambientes</p><p>Internos Sênior, alimento desenvolvido</p><p>para cães acima dos</p><p>sete anos de idade;</p><p>Premier Raças Especí-</p><p>ficas Golden Retriever</p><p>Adultos; Premier Ra-</p><p>ças Específicas Shih</p><p>Tzu Adultos e PremieR</p><p>Raças Específicas Shih</p><p>Tzu Filhotes, criados</p><p>para atender às neces-</p><p>sidades de nutrição</p><p>particulares dessas ra-</p><p>ças. Para gatos, a novi-</p><p>dade é a linha Premier</p><p>Ambientes Internos</p><p>Gatos totalmente revi-</p><p>talizada, com novas</p><p>embalagens.</p><p>Outras novidades da Premier Pet são o</p><p>relançamento do alimento Premier Pet</p><p>Raças Grandes, específico para cães de</p><p>grande porte e suas necessidades nutriti-</p><p>vas particulares; a opção Golden Power</p><p>Training, desenvolvido para cães que</p><p>treinam, compe-</p><p>tem ou têm ati-</p><p>vidade física in-</p><p>tensa em sua roti-</p><p>na; e também o</p><p>Golden Duo, que</p><p>está fazendo sucesso entre os consumi-</p><p>dores por permitir a variação do cardápio</p><p>do cão sem a necessidade de adaptação.</p><p>Premier Pet: 0800 55 6666</p><p>www.premierpet.com.br</p><p>A embalagem de Vermigel, antiparasitário oral,</p><p>contém uma seringa de 10 mL</p><p>A linha completa Premier Ambientes Internos Gatos acaba de ser revitalizada e</p><p>ganhar novo layout. São dez diferentes opções de alimentos</p><p>em embalagens de</p><p>400g e sabores frango ou salmão, altamente apreciados pelos gatos. Seus prin-</p><p>cipais benefícios estão em uma composição que promove um sistema urinário</p><p>saudável, prevenindo a formação de cálculos, maior desenvolvimento corporal,</p><p>graças a proteínas de alta qualidade e maior desenvolvimento do cérebro e</p><p>visão para os filhotes pela presença de óleo de peixe. A exclusiva combinação</p><p>entre MOS, FOS, polpa de beterraba e extrato de Yucca propiciam maior saúde</p><p>intestinal, fezes firmes e menos odor na caixinha de areia. Já a presença de mi-</p><p>nerais quelatados fornecem maior resistência a doenças, enquanto o equilíbrio</p><p>entre ômega 6 e ômega 3 deixam a pelagem macia e brilhante</p><p>D</p><p>ivulgação</p><p>D</p><p>iv</p><p>ul</p><p>ga</p><p>çã</p><p>o</p><p>D</p><p>ivulgação</p><p>D</p><p>ivulgação</p><p>D</p><p>iv</p><p>ul</p><p>ga</p><p>çã</p><p>o</p><p>Premier Raças</p><p>Específicas</p><p>Golden</p><p>Retriever</p><p>Adultos</p><p>Premier Raças</p><p>Específicas</p><p>Shih Tzu</p><p>D</p><p>ivulgação</p><p>NOVOS ALIMENTOS PARA CÃES E GATOS</p><p>NOVOS PETISCOS FUNCIONAISANTIPARASITÁRIO</p><p>EM GEL</p><p>N E G Ó C I O S E O P O R T U N I DA D E S$ $</p><p>• anorexia</p><p>• vômito crônico</p><p>• obstrução intestinal</p><p>• diabetes melito</p><p>• e outras</p><p>Pedidos:</p><p>(11) 3835-4555</p><p>www.editoraguara.com.br</p><p>Manual de fluidoterapia</p><p>em pequenos animais</p><p>saiba sobre os diferentes fluidos para</p><p>as diferentes alterações orgânicas</p><p>Escolha os eletrólitos</p><p>mais adequados e</p><p>administre doses precisas</p><p>A - perdas</p><p>ocorridas</p><p>B - manutenção</p><p>diária</p><p>C - perdas</p><p>continuadas</p><p>Quantidade</p><p>de fluido a</p><p>ser administrada</p><p>Clínica Veterinária, Ano XV, n. 89, novembro/dezembro, 2010 111</p><p>www.agendaveterinaria.com.br</p><p>22 de novembro a</p><p>17 de dezembro</p><p>São Paulo - SP</p><p>Curso de auxiliar</p><p>veterinário</p><p>! www.cetacvet.com.br</p><p>22 a 25 de novembro</p><p>São Paulo - SP</p><p>Curso de diagnóstico por</p><p>imagem em animais silvestres e</p><p>exóticos – módulo III</p><p>! (11) 3579-1427</p><p>22 a 26 de novem-</p><p>bro</p><p>Campinas - SP</p><p>Echoa Cursos - Ultrassonografia</p><p>abdominal e pélvica</p><p>! (19) 3365-1221</p><p>26 a 28 de novembro</p><p>São Paulo - SP</p><p>Curso de eletrocardiografia em</p><p>cães e gatos, da teoria à prática</p><p>! (11) 3579-1427</p><p>26 a 28 de novembro</p><p>Osasco – SP</p><p>Curso de contracepção</p><p>cirúrgica: da teoria à</p><p>prática</p><p>! (11) 3682-5158</p><p>19 a 21 de novembro</p><p>São Paulo - SP</p><p>Curso Ibravet -</p><p>Fisioterapia Mód. 2</p><p>! www.ibravet.com.br</p><p>19 a 21 de novembro</p><p>Jaboticabal - SP</p><p>Curso de</p><p>reabilitação em pequenos animais</p><p>! www.gieu.com.br</p><p>20 e 21 de novembro</p><p>São Paulo - SP</p><p>Simpósio</p><p>internacional em</p><p>anestesiologia veterinária</p><p>! www.apavet.com.br</p><p>20 a 21 de novembro</p><p>Blumenau - SC</p><p>Blumenau Pet Fashion</p><p>! blumenaupetfashion.com.br</p><p>21 de novembro</p><p>São Paulo - SP - HVP</p><p>Exames comple-</p><p>mentares em</p><p>cardiologia</p><p>! (11) 3673-9455</p><p>26 de novembro a</p><p>05 de dezembro</p><p>São Paulo - SP</p><p>Curso intensivo</p><p>de Fisiodiagnóstico</p><p>! www.ibravet.com.br</p><p>26 a 28 de novembro</p><p>Viçosa - MG</p><p>Curso de</p><p>odontologia em</p><p>pequenos anmais</p><p>! (31) 3899-8300</p><p>27 e 28 de novembro</p><p>Uberlândia - MG</p><p>Florais de Saint</p><p>Germain - todas</p><p>as essências do</p><p>sistema (completo)</p><p>! www.fsg.com.br</p><p>27 e 28 de novembro</p><p>São Paulo - SP</p><p>Introdução ao</p><p>manejo e</p><p>semiologia de</p><p>animais</p><p>de estimação</p><p>não convencionais</p><p>! (11) 2988-1648</p><p>NOVEMBRO</p><p>16 a 18 de novembro</p><p>São José do Rio Preto - SP</p><p>Simpósio de Direito Animal</p><p>! (16) 3623-0370</p><p>18 a 20 de novembro</p><p>Búzios - RJ</p><p>ENDOVET 2010</p><p>! www.endovet2010.com</p><p>Até 19 de novembro (inscrições)</p><p>Vila Velha - ES - (UVV)</p><p>Programa de residência</p><p>médico-veterinária -</p><p>Curso de pós-graduação 'Lato</p><p>Sensu' (clínica médica de</p><p>pequenos animais, clínica cirúrgi-</p><p>ca e anestesiologia de pequenos</p><p>animais, diagnóstico por imagem,</p><p>entre outras áreas)</p><p>! www.uvv.br</p><p>19 a 21 de novembro</p><p>São Paulo - SP</p><p>III Curso de emergência e terapia</p><p>intensiva veterinária</p><p>! www.provet.com.br</p><p>Nacional</p><p>5 de dezembro</p><p>Piracicaba - SP</p><p>Desvendando FIV/FeLV: abor-</p><p>dagem clínico-laboratorial</p><p>! (19) 3432-2704</p><p>6 a 10 de dezembro</p><p>Campos dos Goytacazes - RJ</p><p>3º Simpósio Latino-Americano de</p><p>Cardiologia Veterinária</p><p>! (22) 2739-7061</p><p>13 a 17 de dezembro</p><p>Jaboatão - PE</p><p>XXIV Curso FOCA (Formação de</p><p>Oficiais de Controle Animal)</p><p>! www.itecbr.org</p><p>13 a 17 de dezembro</p><p>Campinas - SP</p><p>Echoa Cursos</p><p>Ecodopplercar-</p><p>diografia veterinária</p><p>! (19) 3365-1221</p><p>16 a 18 de dezembro</p><p>Viçosa - MG</p><p>CPT - Curso de</p><p>cirurgias de tecidos moles em</p><p>pequenos animais</p><p>! (31) 3899-8300</p><p>2011</p><p>JANEIRO</p><p>17 a 21 de janeiro</p><p>Salvador - BA</p><p>XXV Curso FOCA (Formação de</p><p>Oficiais de Controle Animal)</p><p>! www.itecbr.org</p><p>23 de janeiro</p><p>Piracicaba - SP</p><p>Interpretação de</p><p>exames laboratoriais</p><p>na clínica de pequenos animais</p><p>! (19) 3432-2704</p><p>2 a 4 de dezembro</p><p>São Paulo - SP</p><p>Curso Intensivo Prático de</p><p>Ortopedia - CIPO (módulo básico)</p><p>! (11) 3819-0594</p><p>Inscrições: dezembro 2010</p><p>14 a 16 de fevereiro (prova) 2011</p><p>Curitiba - PR - UFPR</p><p>Curso de treinamento</p><p>em serviço em medici-</p><p>na veterinária</p><p>(Residência)</p><p>! (41) 3350-5785</p><p>3 a 5 de dezembro</p><p>São Paulo - SP</p><p>Curso de endocrinologia e</p><p>metabologia em cães e gatos</p><p>! (11) 3579-1427</p><p>3 a 5 de dezembro</p><p>Viçosa - MG</p><p>CPT - Curso de</p><p>anestesias em pequenos animais</p><p>! (31) 3899-8300</p><p>4 e 5 de dezembro</p><p>São Paulo</p><p>Cirurgia da cabeça</p><p>e pescoço</p><p>! (14) 3882-4243</p><p>4 de dezembro a</p><p>01 de janeiro de 2011</p><p>Campinas - SP</p><p>XVIII Curso de</p><p>acupuntura</p><p>veterinária</p><p>! (19) 3208-0993</p><p>4 e 5 de dezembro</p><p>Osasco - SP</p><p>Tópico avançado</p><p>em artropatias</p><p>! (11) 9234-7888</p><p>www.agendaveterinaria.com.br</p><p>Clínica Veterinária, Ano XV, n. 89, novembro/dezembro, 2010112</p><p>30 de janeiro</p><p>Piracicaba - SP</p><p>Coluna vertebral: onde está a</p><p>lesão? - Animal Labor</p><p>! (19) 3432-2704</p><p>FEVEREIRO</p><p>07 a 11 de fevereiro</p><p>São Paulo - SP</p><p>Dinâmica populacional e controle</p><p>de cães e gatos</p><p>! www.itecbr.org</p><p>MARÇO</p><p>17 a 20 de março</p><p>Olinda - PE</p><p>Fena Pet</p><p>! www.fenapet.com.br</p><p>18 a 20 de março</p><p>Florianópolis - SC</p><p>5º NEUROVET</p><p>! www.peteventos.blogspot.com</p><p>27 e 28 de novembro</p><p>Botucatu - SP</p><p>I Curso de atualização de tomo-</p><p>grafia computadorizada e</p><p>ressonância magnética em</p><p>pequenos animais</p><p>! www.fmvz.unesp.br/</p><p>27 e 28 de novembro</p><p>Rio de Janeiro - RJ</p><p>Simpósio Internacional</p><p>em Anestesiologia Veterinária</p><p>! (14) 3882-4243</p><p>27 e 28 de novembro</p><p>Rio de Janeiro - RJ</p><p>Curso de formação</p><p>de responsáveis</p><p>técnicos para mercado Pet</p><p>! sergiorslvet@hotmail.com</p><p>29 de novembro a</p><p>03 de dezembro</p><p>São José do Rio Preto - SP</p><p>Curso "cardiologia clínica em</p><p>pequenos animais - ECG, PA e</p><p>Holter (teórico-prático)"</p><p>! www.kardiovet.com.br</p><p>30 de novembro</p><p>Belo Horizonte - MG</p><p>Fórum internacional</p><p>de alergologia veterinária</p><p>! (31) 3281-0500</p><p>DEZEMBRO</p><p>1 de dezembro a</p><p>30 de janeiro de 2011</p><p>Lavras - MG</p><p>Inscrições</p><p>para o curso</p><p>de pós-gradu-</p><p>ação Lato Sensu EAD na área</p><p>clínica médica e cirúrgica de</p><p>pequenos animais</p><p>! www.openufla.com.br</p><p>Clínica Veterinária, Ano XV, n. 89, novembro/dezembro, 2010 113</p><p>25 a 27 de maio</p><p>Rio de Janeiro - RJ</p><p>Rio Vet</p><p>! www.riovet.com.br</p><p>29 de abril a 01 de maio</p><p>Botucatu - SP</p><p>IV Curso de cinofilia e</p><p>adestramento</p><p>! (14) 3354-546</p><p>JUNHO</p><p>25 a 26 de junho</p><p>Brasília - DF</p><p>Curso teórico/prático de videoen-</p><p>doscopia diagnóstica em animais</p><p>silvestres</p><p>! (61) 3326-0524</p><p>JULHO</p><p>01 a 03 de julho</p><p>São Paulo - SP</p><p>II Conferência</p><p>Internacional</p><p>de Medicina</p><p>Veterinária do</p><p>Coletivo</p><p>! www.itecbr.org</p><p>30 de março a 02 de abril</p><p>Gramado - RS</p><p>Congresso da</p><p>Sociedade de</p><p>Zoológicos do</p><p>Brasil - SZB</p><p>! www.congressoszb2011.com.br</p><p>ABRIL</p><p>16 a 21 de abril</p><p>São Paulo - SP</p><p>XXI SACAVET e</p><p>VIII SIMPROPIRA</p><p>! (11) 9842-1261</p><p>27 a 30 de abril</p><p>Goiania - GO</p><p>32º Congresso Brasileiro da</p><p>Associação Nacional de Clínicos</p><p>Veterinários de Pequenos</p><p>Animais (Anclivepa)</p><p>! (11) 3205-5000</p><p>MAIO</p><p>18 a 22 de maio</p><p>Curitiba – PR</p><p>VI Jornada Grupo Fowler</p><p>! www.grupofowler.org</p><p>Clínica Veterinária, Ano XV, n. 89, novembro/dezembro, 2010114</p><p>www.twitter.com/vetagenda</p><p>NOVEMBRO</p><p>04 a 07 de novembro</p><p>Albuquerque, NM - USA</p><p>VCS Veterinary</p><p>Cancer Society -</p><p>2011 Annual Conference</p><p>! www.vetcancersociety.org</p><p>24 a 26 de novembro</p><p>Punta del Este - Uruguay</p><p>VIII Congresso Iberoamericano</p><p>FIAVAC - VIII Congresso Nacional</p><p>de SUVEPA - XXI Jornadas</p><p>Veterinarias de Maldonado -</p><p>Tradução para o português</p><p>! http://fiavac2011.org/</p><p>2012</p><p>18 a 21 de novembro</p><p>Las Vegas,</p><p>Nevada - EUA</p><p>VCS Veterinary</p><p>Cancer Society</p><p>- 2012 Annual Conference</p><p>! www.vetcancersociety.org</p><p>OUTUBRO</p><p>10 a 14 de outubro</p><p>Cape Town - África do Sul</p><p>30th World Veterinary Congress</p><p>2011 - Caring for animals:</p><p>healthy communities</p><p>! www.worldvetcongress2011.</p><p>com</p><p>14 a 17 de outubro</p><p>Jeju - Korea</p><p>WSAVA 2011 -</p><p>36th World Small</p><p>Animal Veterinary</p><p>Association World Congress</p><p>! www.wsava2011.org</p><p>Internacional</p><p>2011</p><p>JANEIRO</p><p>1 de janeiro a</p><p>20 de março</p><p>South Africa +</p><p>São Paulo</p><p>II Vet Practices in</p><p>South África + Módulo Brasil</p><p>! www.abravas.com.br/</p><p>15 a 19 de janeiro</p><p>Orlando - EUA</p><p>North American</p><p>Veterinary</p><p>Conference (NAVC)</p><p>! tnavc.org</p><p>FEVEREIRO</p><p>18 e 19 de fevereiro</p><p>Moscow - Russia</p><p>4 ª PractiVet Summit 2011</p><p>! www.practivet.ru/pv/en/</p><p>MAIO</p><p>12 a 15 de maio</p><p>Bolonha - Itália</p><p>Zoomark International 2011</p><p>! http://zoomark.it/</p><p>SETEMBRO</p><p>30 de setembro a</p><p>2 de outubro</p><p>Sofia - Bulgaria</p><p>PET BIZ 2011 - The Balkan</p><p>Special Event For Pet Food,</p><p>Pet Accessories,Aquariums,</p><p>and NEW Business Ideas</p><p>! www.petbiz.gr</p><p>vem declinando</p><p>rapidamente, em razão da competição com a</p><p>pesca comercial e dos impactos causados por</p><p>atividades offshore de petróleo e gás, além da</p><p>poluição dos mares. No Chile e na Argentina,</p><p>onde suas áreas são protegidas, um adulto</p><p>gasta de dezesseis a dezoito horas buscando</p><p>alimento para o filhote. Nas ilhas Malvinas,</p><p>um indivíduo adulto leva 35 horas para obter</p><p>a mesma quantidade de alimento.</p><p>A</p><p>rq</p><p>ui</p><p>vo</p><p>: A</p><p>ss</p><p>oc</p><p>ia</p><p>çã</p><p>o</p><p>Pr</p><p>oi</p><p>de</p><p>a</p><p>Artigos relacionados</p><p>O CRAM (Centro de Recuperação de Animais Mari-</p><p>nhos), anexo ao Museu Oceanográfico, pertence tam-</p><p>bém à Fundação Universidade Federal do Rio Grande</p><p>– FURG/RS, está localizado em Rio Grande/RS e pos-</p><p>sui instalações adequadas aos trabalhos de reabilita-</p><p>ção de animais marinhos: áreas para despetrolização,</p><p>tanques para reabilitação, sistemas hidráulicos adequa-</p><p>dos, água quente em abundância, medicamentos,</p><p>materiais para resgate e imobilização. O CRAM, além</p><p>de salvar e reabilitar os animais, educa a comunidade</p><p>para uma convivência mais equilibrada com a natureza.</p><p>Contatos: http://www.museu.furg.br/cram.html</p><p>estagiocram@furg.br • musbird@furg.br</p><p>Reabilitação de pinguins</p><p>afetados por petróleo -</p><p>Clínica Veterinária n. 50</p><p>e n. 51</p><p>Aves e mamíferos marinhos visi-</p><p>tantes da costa brasileira - Clínica</p><p>Veterinária n. 20</p><p>Primeiros socorros a cetáceos - Clínica</p><p>Veterinária n. 5</p><p>Esta temporada reprodutiva teve início em setembro e</p><p>até agora seis casais já se formaram no Acqua Mundo</p><p>Apesar da reprodução em cativeiro</p><p>ser um ato difícil de ocorrer, o segun-</p><p>do pinguim-de-magalhães nascido</p><p>em um aquário no país foi fruto de</p><p>um casal criado no maior aquário da</p><p>América do Sul, na cidade do Gua-</p><p>rujá, SP – o Acqua Mundo (www.</p><p>acquamundo.com.br). O filhote,</p><p>atualmente considerado jovem, nas-</p><p>ceu em novembro de 2008 e apresen-</p><p>ta histórico saudável de desenvolvi-</p><p>mento, pesando quase 4kg. Entre-</p><p>tanto, devido ao histórico de ter cau-</p><p>sado a quebra de ovo na temporada</p><p>reprodutiva que passou e por seguir</p><p>apresentando comportamento agres-</p><p>sivo, o jovem pinguim irá passar</p><p>alguns meses no Aquário Municipal</p><p>de Santos, SP. Esse remanejamento</p><p>visa favorecer a formação dos casais</p><p>e a postura de ovos pelos pinguins</p><p>que estão no Acqua Mundo</p><p>Jovem pinguim-de-ma-</p><p>galhães que passará</p><p>temporada no Aquário</p><p>Municipal de Santos</p><p>RReeprprodução em caodução em catitivveireirooCRAMCRAM (Centr(Centro de Ro de Recuperecuperaaçãoção</p><p>de de Animais Marinhos)Animais Marinhos)</p><p>Ar</p><p>qu</p><p>ivo</p><p>A</p><p>cq</p><p>ua</p><p>M</p><p>un</p><p>do</p><p>Ar</p><p>qu</p><p>ivo</p><p>A</p><p>cq</p><p>ua</p><p>M</p><p>un</p><p>do</p><p>Ar</p><p>qu</p><p>ivo</p><p>A</p><p>cq</p><p>ua</p><p>M</p><p>un</p><p>do</p><p>Clínica Veterinária, Ano XV, n. 89, novembro/dezembro, 201012</p><p>Cultura (PROEC); estabelecimento do</p><p>convênio com a Prefeitura de Curitiba;</p><p>aprovação para trânsito pela Circunscri-</p><p>ção Regional de Trânsito (CIRETRAN-</p><p>PR); aprovação em reunião ordinária do</p><p>Conselho Regional de Medicina Veteri-</p><p>nária do Paraná (CRMV-PR); e aprova-</p><p>ção de parceria com a Associação dos</p><p>Clínicos de Pequenos Animais do Paraná</p><p>(ANCLIVEPA-PR).</p><p>A partir disso, formou-se um grupo</p><p>multidisciplinar que coordenou a ade-</p><p>quação do ônibus conforme a área de</p><p>conhecimento de cada integrante, espe-</p><p>cialmente quanto aos protocolos de pro-</p><p>dutos e equipamentos e quanto às insta-</p><p>lações elétricas e mecânicas mais ade-</p><p>quadas para a realização dos procedi-</p><p>mentos cirúrgicos, todas elas minucio-</p><p>samente verificadas para atender aos re-</p><p>gimentos e legislações vigentes da</p><p>UFPR, do CRMV-PR, da Prefeitura de</p><p>Curitiba e do CIRETRAN-PR.</p><p>A modificação foi feita em um ônibus</p><p>modelo Mercedes-Benz 371RS (ano de</p><p>fabricação 1989, modelo 1990, cor pre-</p><p>dominante prata) da UFPR, tanto na sua</p><p>estrutura interna e externa como nos as-</p><p>pectos hidráulicos, elétricos e mobiliá-</p><p>rios, segundo as normas técnicas e sanitá-</p><p>rias do CRMV-PR e Vigilância Sanitária</p><p>de Curitiba, estabelecidas pela legislação</p><p>em vigor. As principais alterações no inte-</p><p>rior do ônibus foram: troca do assoalho</p><p>original por outro revestido com napa la-</p><p>vável; isolamento termoacústico em iso-</p><p>por; revestimento do teto e das paredes</p><p>em fórmica; adaptação de quatro baga-</p><p>geiros em canis e gatis (Figura 2); instala-</p><p>ção de duas pias de aço inoxidável, armá-</p><p>rios complementares, toldo externo,</p><p>mesas auxiliares e duas mesas cirúrgicas</p><p>em aço inoxidável; fechamento de oito</p><p>janelas, sendo quatro de cada lado no</p><p>ambiente em que fica a sala cirúrgica;</p><p>Unidade Móvel de Esterilização</p><p>e Educação em Saúde (UMEES):</p><p>ensinando medicina</p><p>veterinária e cidadania</p><p>Adensidade populacional de animais</p><p>domésticos tem aumentado nas</p><p>vias públicas dos grandes centros urba-</p><p>nos como conseqüência do abandono e</p><p>guarda irresponsável de cães e gatos.</p><p>Entre os principais problemas causados</p><p>por essa fauna urbana e sinantrópica</p><p>estão vários agravos à saúde pública,</p><p>como zoonoses e acidentes por morde-</p><p>duras 1.</p><p>As atividades isoladas de recolher e</p><p>eliminar cães e gatos não têm se mostra-</p><p>do efetivas para o controle da dinâmica</p><p>dessas populações, visto que a disposição</p><p>de abrigo e alimento, a procriação animal</p><p>sem controle e a falta de responsabilida-</p><p>de do homem quanto à guarda animal</p><p>contribuem para manter esse quadro. Es-</p><p>tudo retrospectivo do recolhimento e eu-</p><p>tanásia de cães em Curitiba de 2001-</p><p>2004 demonstrou que, mesmo com mais</p><p>de 1.000 cães mortos por mês, não houve</p><p>impacto no controle populacional 2.</p><p>Um programa ideal de controle de</p><p>populações animais deveria incluir</p><p>ações educativas permanentes, controle</p><p>da reprodução, e registro e identificação</p><p>animal. A comunidade deve trabalhar</p><p>em conjunto com o programa para indi-</p><p>car as maiores necessidades da região e</p><p>colaborar na execução das propostas 3.</p><p>O Departamento de Medicina Veteri-</p><p>nária da Universidade Federal do Para-</p><p>ná (UFPR) realiza desde 2004 projetos</p><p>de extensão universitária junto à comu-</p><p>nidade local, executando trabalhos de</p><p>educação em zoonoses e guarda respon-</p><p>sável, com o intuito de atuar continua-</p><p>mente no controle das populações ani-</p><p>mais e de seus agravos (www.zoonoses.</p><p>agrarias.ufpr.br).</p><p>Com base nessa proposta, surgiu em</p><p>2008 a Unidade Móvel de Esterilização</p><p>de cães e gatos e Educação em Saúde</p><p>(UMEES), que tem por objetivo auxiliar</p><p>no ensino de cirurgia de pequenos ani-</p><p>mais, zoonoses, saúde pública, bem-</p><p>estar animal e áreas correlatas, além de</p><p>se tornar importante instrumento nessas</p><p>ações sociais de cidadania para a forma-</p><p>ção profissional do futuro médico vete-</p><p>rinário (Figuras 1 e 2). A intenção é tam-</p><p>bém promover a guarda responsável,</p><p>dimensionar e cadastrar as populações</p><p>de cães e gatos de Curitiba e Região</p><p>Metropolitana e realizar cirurgias de</p><p>castração, a fim de controlar o crescimen-</p><p>to da população de animais domésticos.</p><p>As atividades realizadas pela UMEES</p><p>contam com a participação de estudan-</p><p>tes de Medicina Veterinária em todas as</p><p>etapas, sob a supervisão de professores,</p><p>pós-graduandos e residentes, com a cria-</p><p>ção de um novo programa de residência:</p><p>Medicina Veterinária do Coletivo.</p><p>Para a realização dos procedimentos</p><p>de esterilizações cirúrgicas e educação</p><p>no interior de um veículo foi necessário</p><p>adaptar um ônibus convencional de</p><p>transporte interestadual para que este ti-</p><p>vesse as mesmas características funcio-</p><p>nais e higiênicas de um centro cirúrgico,</p><p>e constituísse uma Unidade Móvel de</p><p>Esterilização e Educação em Saúde. A</p><p>iniciativa foi viabilizada por um convê-</p><p>nio entre a Prefeitura Municipal de Cu-</p><p>ritiba (PMC) e a UFPR, assinado no</p><p>mês de abril de 2009, com a cessão de</p><p>equipamentos pela PMC.</p><p>A liberação do ônibus para funciona-</p><p>mento passou por várias fases, tais</p><p>como: processo interno de licitação para</p><p>aquisição e modificação interna por</p><p>pregão eletrônico do veículo via UFPR;</p><p>aprovação da UMEES como projeto de</p><p>extensão na Pró-Reitoria de Extensão e</p><p>14 Clínica Veterinária, Ano XV, n. 89, novembro/dezembro, 2010</p><p>Antônio Felipe Paulino de Figueiredo Wouk</p><p>MV, mestre, dr., prof. tit. Depto. Medicina Veterinária - UFPR felipewouk@yahoo.com.br</p><p>Rogério Ribeiro Robes</p><p>MV, mestre, RT pela UMEES rrrobes@ufpr.br</p><p>Alexander Welker Biondo</p><p>MV, mestre, dr. prof. assist. Depto. Medicina Veterinária UFPR. prof. visitante</p><p>- Universidade</p><p>de Illinois e da Universidade de Purdue, EUA abiondo@illinois.edu</p><p>Figura 1 - Unidade Móvel de Esterilização de</p><p>cães e gatos e Educação em Saúde (UMEES),</p><p>da Universidade Federal do Paraná</p><p>A</p><p>lexander W</p><p>elker B</p><p>iondo</p><p>o ambiente o mais asséptico possível</p><p>(Figura 4). Os cirurgiões, anestesistas, re-</p><p>sidentes e estagiários entram no ônibus</p><p>pela sala de educação, realizam a anti-</p><p>sepsia e a paramentação na ante-sala e em</p><p>seguida adentram a sala cirúrgica, onde</p><p>serão realizadas as castrações dos ani-</p><p>mais. No interior da sala cirúrgica exis-</p><p>tem duas mesas para a realização dos pro-</p><p>cedimentos (Figura 5) e, portanto, pode-</p><p>se castrar dois animais ao mesmo tempo,</p><p>com amplo espaço para equipamentos de</p><p>monitoramento (tubo de oxigênio, oxí-</p><p>metro e monitoramento cardíaco, apare-</p><p>lho anestésico volátil e foco cirúrgico) e</p><p>para os próprios alunos. Além do mais, na</p><p>parte traseira da UMEES há uma geladei-</p><p>ra para armazenar vacinas e medicamen-</p><p>tos, um forno micro-ondas e uma autocla-</p><p>ve pequena. Para o correto funcionamen-</p><p>to da UMEES, o local de instalação deve</p><p>possuir um ponto de luz e um ponto de</p><p>captação de água, além de contar com sa-</p><p>nitários para uso dos alunos e professores</p><p>participantes.</p><p>O animal a ser castrado é mantido em</p><p>gaiolas adaptadas no porta-malas do</p><p>ônibus, e para receber a preparação ci-</p><p>rúrgica entra pela parte traseira do ôni-</p><p>bus, por uma passagem existente entre</p><p>o exterior e a sala de pré- e pós-oper-</p><p>atório (Figura 6). Nessa sala é realizada</p><p>Clínica Veterinária, Ano XV, n. 89, novembro/dezembro, 2010</p><p>abertura de uma porta lateral no final do</p><p>lado direito do veículo; e colocação de</p><p>móveis internos. Vale ressaltar que, por se</p><p>tratar de uma Unidade Móvel de ensino e</p><p>educação em saúde e não de fluxo de</p><p>esterilizações, foram instaladas apenas</p><p>duas mesas no centro cirúrgico.</p><p>As alterações dos aspectos hidráuli-</p><p>cos e elétricos consistiram na colocação</p><p>de bomba d'água automática, canos e</p><p>conexões, tomadas, interruptores e fios,</p><p>luminárias de teto, e na instalação de</p><p>três equipamentos de ar condicionado e</p><p>de um cabo de energia com quarenta</p><p>metros de comprimento para acesso ex-</p><p>terno a energia elétrica (Figura 3). Na</p><p>área externa foram instaladas caixas de</p><p>água potável e para efluentes, comparti-</p><p>mento para cilindro de oxigênio e gera-</p><p>dor para suprir eventual falta de energia.</p><p>Outro aspecto importante observado é</p><p>o fluxo no interior do ônibus, pois, como</p><p>num centro cirúrgico, é necessário manter</p><p>15</p><p>Figura 2 - UMEES em atividade em Antonia, cidade</p><p>do litoral do Estado do Paraná. Ao lado, destaque do</p><p>canil e gatil instalados no bagageiro do ônibus</p><p>Figura 5 - Foto da estrutura interna do centro</p><p>cirúrgico da UMEES</p><p>Figura 3 - Ponto de acesso à rede externa de</p><p>energia elétrica e equipamentos de ar condi-</p><p>cionado instalados no bagageiro</p><p>A</p><p>lexander W</p><p>elker B</p><p>iondo</p><p>A</p><p>lexander W</p><p>elker B</p><p>iondo</p><p>Figura 4 - Planta baixa da UMEES</p><p>A</p><p>lexander W</p><p>elker B</p><p>iondo</p><p>R</p><p>odrigo Juste D</p><p>uarte</p><p>R</p><p>od</p><p>ri</p><p>go</p><p>J</p><p>us</p><p>te</p><p>D</p><p>ua</p><p>rt</p><p>e</p><p>cada município. Além</p><p>disso, as famílias terão</p><p>obrigatoriamente de par-</p><p>ticipar das atividades</p><p>de educação para guar-</p><p>da responsável e torna-</p><p>rem-se multiplicadores</p><p>dessas atividades na</p><p>área onde moram.</p><p>Durante a realização</p><p>do procedimento cirúr-</p><p>gico de esterilização, os</p><p>proprietários são mais</p><p>uma vez instruídos so-</p><p>bre bem-estar animal,</p><p>zoonoses e guarda res-</p><p>ponsável tanto na sala</p><p>de educação localizada ao lado do moto-</p><p>rista, que possui um sofá e monitor de</p><p>televisão com DVD, como sob o toldo</p><p>anexo ao ônibus, onde é possível assistir</p><p>a vídeos educativos e interagir com esta-</p><p>giários e médicos veterinários (Figura 9).</p><p>Além disso, os animais castrados rece-</p><p>bem uma identificação eletrônica, via</p><p>microchip aplicado gratuitamente, con-</p><p>tendo os dados do proprietário e do ani-</p><p>mal (Figura 10).</p><p>Por ocasião dos atos cirúrgicos, são</p><p>coletadas amostras de sangue para</p><p>permitir a realização de inquérito soro-</p><p>lógico das principais zoonoses nos ani-</p><p>mais submetidos às esterilizações, in-</p><p>cluindo toxoplasmose, leptospirose e</p><p>leishmaniose.</p><p>Conforme a vigência na época da Re-</p><p>solução Nº 670 do Conselho Federal de</p><p>Medicina Veterinária, de 10 de agosto</p><p>de 2000, Capítulo III, da Unidade Mó-</p><p>vel de Atendimento Veterinário, Artigo</p><p>9º: “Unidade Móvel de Atendimento</p><p>Médico Veterinário é o veículo utilitário</p><p>vinculado a um estabelecimento médico</p><p>veterinário, utilizado unicamente para</p><p>transporte de animais,</p><p>sendo vedada realização</p><p>de consulta, vacinação</p><p>ou quaisquer outros pro-</p><p>cedimentos médicos ve-</p><p>terinários.” Consideran-</p><p>do o descrito nessa Re-</p><p>solução não seria possí-</p><p>vel a realização do pro-</p><p>cedimento cirúrgico de</p><p>castração no interior da</p><p>UMEES. No entanto,</p><p>em reunião ordinária do</p><p>Conselho Regional de</p><p>Medicina Veterinária</p><p>do Paraná (CRMV-PR),</p><p>a tricotomia e a medicação pré-anestési-</p><p>ca sobre uma mesa com uma gaiola</p><p>embutida logo abaixo, onde o animal</p><p>aguarda para entrar por uma porta con-</p><p>vencional na sala cirúrgica. Após o pro-</p><p>cedimento o paciente volta para essa</p><p>sala, onde permanece em observação</p><p>em ambiente aquecido (Figura 7). Deste</p><p>modo, o cirurgião paramentado só entra</p><p>em contato com o animal quando este já</p><p>está preparado para o procedimento, o</p><p>que diminui o nível de contaminação na</p><p>sala cirúrgica (Figura 8).</p><p>A UMEES é utilizada apenas na este-</p><p>rilização de cães e</p><p>gatos com proprietá-</p><p>rios, ou com ao menos</p><p>um responsável pelo</p><p>animal. Isso faz com</p><p>que a guarda respon-</p><p>sável ocorra antes dos</p><p>atos cirúrgicos, otimi-</p><p>zando os recursos in-</p><p>vestidos e aumentan-</p><p>do o índice de sucesso</p><p>do programa a curto,</p><p>médio e longo prazos.</p><p>As casas são previa-</p><p>mente visitadas, as</p><p>condições de vida do</p><p>animal verificadas e</p><p>os proprietários são</p><p>orientados a fazer adequações, como</p><p>muros para evitar o acesso à rua e abri-</p><p>gos contra intempéries. Após essa fase,</p><p>os animais são submetidos a exame clí-</p><p>nico-laboratorial, vacinação espécie-es-</p><p>pecífica múltipla, vacinação contra</p><p>raiva, desverminação e tratamento de</p><p>outros problemas, como dermatites. As</p><p>intervenções cirúrgicas são, portanto</p><p>realizadas apenas em animais clinica-</p><p>mente saudáveis, vacinados, desvermi-</p><p>nados e com proprietários que possuam</p><p>as exigências sociais estabelecidas em</p><p>16 Clínica Veterinária, Ano XV, n. 89, novembro/dezembro, 2010</p><p>A</p><p>lexander W</p><p>elker B</p><p>iondo</p><p>Figura 6 - A) Foto da estrutura externa do local de entrada dos animais a serem esterilizados na</p><p>UMEES. B) Foto monstrando o procedimento da entrada do cão à UMEES</p><p>A</p><p>lexander W</p><p>elker B</p><p>iondo</p><p>A B</p><p>Figura 7 - Sala utilizada nos pré e</p><p>pós-operatórios</p><p>Figura 8 - Centro cirúrgico da UMEES, com</p><p>duas mesas cirúrgicas,</p><p>Figura 10 - Leitor e aplicador de microchip</p><p>Figura 9 - Foto da estrutura externa da UMEES, mostrando o toldo</p><p>anexo para realização de atividades educativas</p><p>R</p><p>odrigo Juste D</p><p>uarte</p><p>A</p><p>lexander W</p><p>elker B</p><p>iondo</p><p>Rodrigo Juste Duarte</p><p>R</p><p>odrigo Juste D</p><p>uarte</p><p>de orientações corretas sobre cuidados</p><p>com os seus animais e sobre noções de</p><p>zoonoses. Com base nisso, ressalta-se</p><p>que a participação social é essencial</p><p>para o bom desenvolvimento da propos-</p><p>ta da UMEES, para que o programa não</p><p>tenha funcionalidade pontual, mas que</p><p>perpetue o conhecimento entre as gera-</p><p>ções e que a educação e o respeito com</p><p>os animais se estabeleçam de forma</p><p>continuada. Vale ressaltar que em estu-</p><p>do realizado com modelos matemáticos</p><p>ficou evidenciado que, mesmo para</p><p>altas taxas de esterilização (por exemplo</p><p>80%), uma redução de 20% na densida-</p><p>de populacional seria notada apenas</p><p>após cerca de cinco anos de campanha</p><p>de esterilização 4.</p><p>A UMEES e demais propostas de es-</p><p>terilização de cães e gatos devem fun-</p><p>cionar como parte de um Programa de</p><p>Guarda Responsável e Educação em</p><p>Saúde, e não o inverso, pois a solução</p><p>para o descontrole populacional de cães</p><p>e gatos está na educação para a guarda</p><p>responsável 5. Nesse aspecto, dois proje-</p><p>tos se destacam na UFPR: um deles é o</p><p>Projeto Veterinário Mirim, realizado no</p><p>município de Pinhais/PR desde 2006,</p><p>que consiste numa importante ferra-</p><p>menta de educação para guarda respon-</p><p>sável nas escolas do município e permi-</p><p>te a atuação</p><p>direta das crianças como</p><p>multiplicadoras do conhecimento 6. Nes-</p><p>se sentido é de suma importância que se</p><p>estabeleçam políticas públicas para ga-</p><p>rantir a eficiência das ações educativas e</p><p>o impacto das esterilizações na popula-</p><p>ção de animais do local em questão 7. A</p><p>inserção de temas como zoonoses, bem-</p><p>estar animal e guarda responsável no</p><p>conteúdo de ciências da rede de ensino</p><p>público municipal também é outro</p><p>exemplo de ação de educação continua-</p><p>da em saúde, com dois livros infantis já</p><p>produzidos pela UFPR, o primeiro inti-</p><p>tulado "Zoonoses, bem-estar animal e</p><p>guarda responsável" e o segundo "A ci-</p><p>dade e seus bichos".</p><p>Em conclusão, o controle e preven-</p><p>ção dos agravos à saúde animal, ao</p><p>meio ambiente e à saúde pública consti-</p><p>tuem as bases do conceito de saúde úni-</p><p>ca, onde o êxito de cada programa de-</p><p>pende do outro. Assim, entende-se que</p><p>recursos de secretarias de saúde e meio</p><p>ambiente podem e devem ser investidos</p><p>na saúde e controle animal, em particular</p><p>nos centros urbanos de grandes cidades,</p><p>pois afetam diretamente a saúde am-</p><p>biental e a saúde pública. A UMEES</p><p>deve ser considerada também como um</p><p>instrumento no ensino de cirurgia de pe-</p><p>quenos animais, zoonoses, saúde públi-</p><p>ca, bem-estar animal e outras áreas cor-</p><p>relatas, mas principalmente na forma-</p><p>ção profissional e cidadania do futuro</p><p>médico veterinário.</p><p>Sugestão de bibliografia</p><p>1-SILVANO, D. ; BENDAS, A. J. R. ; MIRANDA,</p><p>M. G. N. ; PINHÃO, R. ; MENDES-DE-ALMEI-</p><p>DA, F. ; LABARTHE, N. V. ; PAIVA, J. P.</p><p>Divulgação dos princípios da guarda responsável:</p><p>uma vertente possível no trabalho de pesquisa a</p><p>campo. Revista Eletrônica Novo Enfoque, ano</p><p>2010, v. 9, n. 9, p. 64-86.</p><p>2-BIONDO, A. W. ; CUNHA, G. R. ; SILVA, M. A.</p><p>G. ; FUJII, K. Y. ; UTIME, R. MOLENTO, C. F.</p><p>M. Carrocinha não resolve. Revista do Conselho</p><p>Regional de Medicina Veterinária do Paraná,</p><p>n. 25, p. 20-21. 2007.</p><p>3-São Paulo (Estado). Secretaria de Estado da Saúde</p><p>São Paulo. Manual: Programa de Controle</p><p>Populacional de cães e gatos. São Paulo: SMSP,</p><p>2006. p. 157</p><p>4-AMAKU, M. ; DIAS, R. A. ; FERREIRA, F.</p><p>Dinâmica populacional canina: potenciais efeitos</p><p>de campanhas de esterilização. Pan American</p><p>Journal of Public Health; v. 25, n. 4, p. 300-304.</p><p>2009</p><p>5-MOLENTO , C. F. M. ; LAGO, E. ; BOND, G. B.</p><p>Populational control of dogs and cats in ten Rural</p><p>Villages in the State of Paraná, Brazil: mid-term</p><p>results. Archives of Veterinary Science; v. 12,</p><p>n. 3., p. 43-50, 2007.</p><p>6-BARROS, C. C. ; PAMPUCH, R. ; ANNUNZIATO,</p><p>R. J. ; JUNIOR AMORA, D. S. ; CUNHA, G. R. ;</p><p>BRAGA, K. F. ; SCZEPANSKI, B. ; ALMEIDA,</p><p>J. C. ; WOUK, A. F. P. F. ; BIONDO, A. W.</p><p>Veterinário mirim: ferramenta na educação em</p><p>saúde e promoção de cultura sobre guarda respon-</p><p>sável e bem-estar animal no município de</p><p>Pinhais/PR. Revista Veterinária em Foco, v. 6,</p><p>n. 2, p. 179-184, Canoas/RS, 2009.</p><p>7-GARCIA, R. C. M. ESTUDO DA DINÂMICA</p><p>POPULACIONAL CANINA E FELINA E</p><p>AVALIAÇÃO DE AÇÕES PARA O</p><p>EQUILÍBRIO DESSAS POPULAÇÕES EM</p><p>ÁREA DA CIDADE DE SÃO PAULO, SP,</p><p>BRASIL. 2009. 265p. Tese (Doutorado em</p><p>Ciências - Programa de pós-graduação em</p><p>Epidemiologia Experimental Aplicada às</p><p>Zoonoses) - Faculdade de Medicina Veterinária e</p><p>Zootecnia, Universidade de São Paulo, São Paulo,</p><p>2009.</p><p>Agradecimentos</p><p>Agradecemos ao prof. dr. da UFPR</p><p>James Newton Bizetto Meira de</p><p>Andrade e aos acadêmicos de medicina</p><p>veterinária da UFPR Graziela Ribeiro da</p><p>Cunha, Carolina Lacowicz, Daniel</p><p>Hyroito Sano e Katlyn Barp Meyer, por</p><p>colaborarem para a produção desta</p><p>matéria.</p><p>entendeu-se que a UMEES não constitui</p><p>uma Unidade Móvel de Atendimento</p><p>Médico Veterinário, pois tem por objeti-</p><p>vo a guarda responsável e está vincula-</p><p>da ao ensino de Medicina Veterinária de</p><p>uma Instituição Federal de Ensino Su-</p><p>perior (IFES), além de estar em sintonia</p><p>à demanda social em saúde animal e</p><p>saúde pública.</p><p>O Conselho Federal de Medicina Ve-</p><p>terinária, atento à esta demanda social e</p><p>à participação do médico veterinário na</p><p>assistência da saúde da família, e ciente</p><p>de que "programas desta ordem refle-</p><p>tem positivamente na classe Médico Ve-</p><p>terinária como alicerce técnico na saúde</p><p>pública e no próprio Sistema Único de</p><p>Saúde" recentemente estabeleceu em</p><p>sua Resolução No. 962, de 27 de agosto</p><p>de 2010, Artigo 6º: "Os procedimentos</p><p>de contracepção em cães e gatos tam-</p><p>bém poderão ser realizados em Unidade</p><p>Móvel de Esterilização e Educação em</p><p>Saúde (UMEES), devidamente regulari-</p><p>zada perante o CRMV e demais órgãos</p><p>competentes, tais como registro no De-</p><p>partamento de Trânsito e Prefeitura Mu-</p><p>nicipal". Ainda determina que "a</p><p>UMEES deve estar, obrigatoriamente,</p><p>vinculada a uma instituição pública e, se</p><p>possível, a uma instituição de ensino su-</p><p>perior em Medicina Veterinária". Sendo</p><p>assim, o termo UMEES se tornou por-</p><p>tanto uma sigla genérica de Unidades</p><p>Móveis vinculadas ao ensino de Medici-</p><p>na Veterinária em todo o Brasil.</p><p>Os profissionais da UMEES da</p><p>UFPR não realizam procedimentos de</p><p>esterilização em animais de rua ou sem</p><p>dono, por entenderem que não se ensina</p><p>guarda responsável assumindo a irres-</p><p>ponsabilidade de quem os abandonou.</p><p>As atividades da UMEES da UFPR são</p><p>voltadas exclusivamente aos animais de</p><p>população carente, com triagem social</p><p>realizada por secretaria municipal de</p><p>ação social ou similar, inserindo social-</p><p>mente apenas comunidades que não</p><p>teriam acesso a um atendimento veteri-</p><p>nário particular. Deste modo, ao contrá-</p><p>rio de competir com o médico veteriná-</p><p>rio particular, a UMEES insere a profis-</p><p>são dentro do contexto social nessas co-</p><p>munidades carentes.</p><p>Além de esterilizar o animal, a</p><p>UMEES da UFPR funciona como um</p><p>atrativo para população de baixa renda,</p><p>pois facilita o acesso desta aos profis-</p><p>sionais da saúde e possibilita o repasse</p><p>18 Clínica Veterinária, Ano XV, n. 89, novembro/dezembro, 2010</p><p>22 Clínica Veterinária, Ano XV, n. 89, novembro/dezembro, 2010</p><p>Ações efetivas para o correto cui-</p><p>dado com lixo já começaram a</p><p>fazer parte da rotina da popula-</p><p>ção brasileira nas últimas décadas. Em-</p><p>bora avanços tenham sido conquistados,</p><p>o conhecimento sobre a destinação cor-</p><p>reta de alguns tipos de materiais merece</p><p>uma atenção diferenciada. Poucos</p><p>sabem, mas assim como as pilhas não</p><p>devem ser descartadas em lixo comum,</p><p>embalagens de produtos de uso veteri-</p><p>nário, como pipetas de antiparasitários,</p><p>seringas para vermifugação e outros</p><p>tipos de materiais, precisam de uma</p><p>destinação adequada.</p><p>Preocupada com esta realidade e em</p><p>respeito à nova Política Nacional de Re-</p><p>síduos Sólidos, que tramitou no Con-</p><p>gresso Nacional (lei federal nº 12.305) e</p><p>teve sua aprovação em agosto desse</p><p>ano, a Merial Saúde Animal colaborou</p><p>com o Sindicato Nacional da Indústria de</p><p>Produtos para Saúde Animal (Sindan),</p><p>com o Conselho Regional de Medicina</p><p>Veterinária do Estado do Paraná (CRMV-</p><p>PR), com a Associação Nacional de Clí-</p><p>nicos Veterinários de Pequenos Animais</p><p>(ANCLIVEPA-PR) e a Serquip, empre-</p><p>sa de destinação de resíduos, no lança-</p><p>mento, em 17 de setembro, do Projeto</p><p>Piloto de destinação correta de resíduos</p><p>sólidos no Estado do Paraná.</p><p>De acordo com dados do Sindan,</p><p>apenas entre 25% a 30% do lixo gerado</p><p>em clínicas e hospitais veterinários têm</p><p>uma destinação final correta. Para cola-</p><p>borar com o projeto a Merial Saúde Ani-</p><p>mal, de forma pioneira, incentiva seus</p><p>consumidores e parceiros em clínicas e</p><p>hospitais veterinários a descartarem</p><p>corretamente as embalagens de seus</p><p>produtos. No Paraná, a empresa iniciou</p><p>o projeto piloto, uma ação exclusiva na</p><p>indústria veterinária para pequenos ani-</p><p>mais, que foi lançada em conjunto com</p><p>um programa de recolhimento de resí-</p><p>duos das clínicas veterinárias do estado,</p><p>além de ser uma parceria do sindicato</p><p>da indústria veterinária e a associação</p><p>de clínicas paranaenses.</p><p>A campanha pretende desenvolver no</p><p>consumidor o hábito de retornar as em-</p><p>balagens utilizadas de produtos veteri-</p><p>nários no ponto de venda. Assim, os</p><p>donos de animais de companhia do Pa-</p><p>raná têm direito a um desconto na com-</p><p>pra do antipulgas Frontline, mas com a</p><p>condição de que o cliente devolva à clí-</p><p>nica ou ao petshop as embalagens</p><p>vazias.</p><p>Desta forma, esta ação</p><p>cria oportu-</p><p>nidades que incentivam uma atitude</p><p>ecologicamente responsável e ao</p><p>mesmo tempo, oferece dispositivos aos</p><p>pontos comerciais como oportunidade</p><p>de alavancar vendas por meio da</p><p>fidelização de clientes.</p><p>Um projeto teste foi realizado no in-</p><p>terior de São Paulo, e cerca de 85% do</p><p>número de embalagens comercializadas</p><p>retornaram vazias ao estabelecimento.</p><p>A idéia da empresa é auxiliar na divul-</p><p>gação do Projeto Piloto de destinação de</p><p>resíduos que foi lançado inicialmente no</p><p>Paraná. O estado foi escolhido por ser</p><p>hoje uma referência nacional no respei-</p><p>to ao meio ambiente, seja pela legisla-</p><p>ção e atuação do poder público ou pela</p><p>reconhecida consciência ecológica de</p><p>sua população.</p><p>“Além de esclarecer à população</p><p>sobre o descarte correto das embala-</p><p>gens, nossa ação é uma importante</p><p>oportunidade para clínicas e pet shops</p><p>aderirem à implantação do projeto. Es-</p><p>tamos felizes e orgulhosos em contribuir</p><p>para o acesso à informação e promover</p><p>uma mudança de paradigma, na forma</p><p>como é realizado o comércio e consumo</p><p>de artigos para a saúde animal no</p><p>Brasil”, conclui o diretor de operações</p><p>para animais de companhia da Merial</p><p>Saúde Animal, Luiz Luccas.</p><p>Parceria do SINDAN com associações e órgãos públicos resultou na implantação de projeto piloto para a correta destinação</p><p>de embalagens utilizadas em clínicas e pet shops. A Merial lançou campanha exclusiva de conscientização dos consumidores</p><p>Merial apóia ação inédita no mercado brasileiro e lança</p><p>campanha de estímulo ao recolhimento de embalagens</p><p>Clínica Veterinária, Ano XV, n. 89, novembro/dezembro, 2010</p><p>Conpavepa, Conpavet e Pet South America: permanece o sucesso</p><p>24</p><p>por Arthur de Vasconcelos Paes Barretto - CRMV-MG 10.684 - fotos: Alexandre Corazza</p><p>Arealização anual do Conpavepa e</p><p>da Pet South America já era uma</p><p>associação de eventos bastante produti-</p><p>va. Este ano, mais um congresso foi</p><p>incluído: o Conpavet. Isto fez com que a</p><p>oferta da informação científica</p><p>aumentasse significativamente.</p><p>Diversas especialidades e assuntos atuais</p><p>preencheram a grade científica dos dois</p><p>congressos. Além das palestras, foram</p><p>apresentados quase 200 trabalhos cientí-</p><p>ficos.</p><p>Vários destaques foram marcantes no estande da Vetnil: a ONG Mata Ciliar, nova</p><p>parceira, que distribuiu durante a feira 3.000 mudas de ipê rosa, pitanga e grumixa-</p><p>ma; os lançamentos Pet Active Aprendiz e Pet Active Gatos; o sorteio de um carro</p><p>0 km; e o designer de todo o es-</p><p>tande com material de reciclagem</p><p>O xampu Dermogen, para peles sensíveis de</p><p>cães e gatos, foi uma das novidades da Agener</p><p>O combate às zoonoses foi destaque no</p><p>estande da Bayer</p><p>Estande da Ceva onde se destaca a nova iden-</p><p>tidade visual da logomarca da empresa</p><p>A Ouro Fino elaborou uma praça para receber</p><p>todos os visitantes e comemorar as inovações</p><p>lançadas pela empresa na última década</p><p>Cerenia, antiemético para cães, foi a novidade</p><p>apresentada pela Pfizer</p><p>A Merial, empresa com produtos reconhecidos</p><p>no mercado pela sua alta qualidade também</p><p>investe no meio ambiente. Iniciou em setembro</p><p>campanha exclusiva de conscientização dos con-</p><p>sumidores para o recolhimento de embalagens</p><p>Com produtos que primam pela qualidade, a</p><p>Vencofarma chamou a atenção de muitos</p><p>visitantes</p><p>Na Pet South</p><p>America os visitantes</p><p>puderam encontrar uma</p><p>grande variedade de</p><p>produtos para pet shops</p><p>e serviços veterinários</p><p>especializados. Um de-</p><p>talhe marcante este ano</p><p>foi a preocupação de</p><p>diversos expositores em</p><p>mostrarem sua respon-</p><p>sabilidade ambiental e</p><p>a oferta de produtos eco-</p><p>logicamente corretos.</p><p>Cortavance (esterói-</p><p>de em spray), foi uma</p><p>das novidades apre-</p><p>sentadas pela Virbac</p><p>A segunda edição do concurso Groom</p><p>Brasil foi um dos destaques presentes</p><p>na Pet South America. Confira os</p><p>vencedores do concurso no endereço</p><p>www.groombrasil.com.br</p><p>O espaco grooming e novos produtos específicos para a</p><p>estética animal atrairam muitos visitantes à Pet Society</p><p>Consultoria especializada e descontos nos produtos</p><p>movimentaram o estande da Intervet Schering-Plough</p><p>Diversos equipamentos para o uso em estética</p><p>animal estavam em exposição na Clippertec</p><p>O antiparasitário em gel</p><p>Vermigel foi a novidade</p><p>apresentada pela Syntec</p><p>Royal Shower: grande variedade de produtos</p><p>para promoção da higiene dos animais</p><p>Duprat desta-</p><p>cou o granula-</p><p>do higiênico</p><p>FisioCat</p><p>Os suplementos Pet Slim e</p><p>Cat Malt foram destaques</p><p>da Vansil</p><p>Infertile, produto utilizado como método de con-</p><p>tracepção química em cães machos, foi um dos</p><p>produtos inovadores encontrado no estande da</p><p>Farmapet</p><p>A promoção de Prac-tic, spot-on contra pulgas e</p><p>carrapatos, foi o foco das ações da Novartis</p><p>A promoção de assinatura da Clínica Veterinária</p><p>contemplou o veterinário Marcio R. de Mello com</p><p>uma bolsa de estudo no Cetac (www.cetacvet.com.br)</p><p>Algumas novidades da Total Alimentos</p><p>foram os alimentos Max ao Molho, Max Cat</p><p>ao Molho e Big Boss Gatos (Sabor Misto,</p><p>Filhotes e seis sabores). Outra novidade</p><p>que chamou muito a atenção foi Equilíbrio</p><p>Du Chef, alimento inovador que pode ser</p><p>encontrado em duas diferentes apresen-</p><p>tações: em um kit com dois potes menores</p><p>de 115g ou em uma embalagem de 250g</p><p>Clínica Veterinária, Ano XV, n. 89, novembro/dezembro, 2010</p><p>A Royal Canin marcou presença apresentando todo</p><p>o processo de fabricação</p><p>de seus alimentos e des-</p><p>tacou pontos importantes,</p><p>como a rastreabilidade de</p><p>100% da matéria prima</p><p>ao produto acabado. Além</p><p>de conhecer todos esses</p><p>detalhes da fabricação dos produtos da Royal</p><p>Canin, os visitantes puderam participar da pro-</p><p>moção vinte anos de Royal Canin no Brasil</p><p>(www.20anosroyalcaninbrasil. com.br), que</p><p>dará uma viagem à França</p><p>A Farmina Pet Foods estreou sua participação na</p><p>Pet South America em grande estilo, apresentando</p><p>uma ampla linha de produtos</p><p>A marca Supra, da Alisul, esteve presente desta-</p><p>cando suas exportações para América do Sul,</p><p>Europa, África e Ásia</p><p>TAG desenvolvido para</p><p>a ONG Cão Guia Brasil</p><p>Linha Ciclos, destaque da Evialis</p><p>Os alimentos Pedigree Expert e o novo Whiskas</p><p>Sachê foram destaques da Mars. Além disso, os</p><p>visitantes puderam participar da comemoração</p><p>dos catorze mil cães adotados, em dois anos,</p><p>por meio da campanha Adotar é tudo de bom</p><p>(www.adotaretudodebom.com.br)</p><p>A Premier Pet reali-</p><p>zou diversos lança-</p><p>mentos no evento:</p><p>Premier Ambientes</p><p>Internos Sênior,</p><p>Premier Raças</p><p>Específicas Shih Tzu</p><p>Adultos, Premier</p><p>Raças Específicas</p><p>Shih Tzu Filhotes,</p><p>Premier Raças</p><p>Específicas Golden</p><p>Retriever Adultos.</p><p>Além disso, apresen-</p><p>tou sua linha Premier</p><p>Ambientes Internos</p><p>Gatos totalmente</p><p>revitalizada</p><p>A Organnact colocou em destaque no seu</p><p>estande a família Palitos Organnact, que comple-</p><p>tou dez anos de sucesso STICK’S – bastões de carne funcionais foi</p><p>a novidade apresentada pela Pet Nutrition</p><p>A divisão de proteção de marcas da</p><p>Arjowiggins Security desenvolveu TAG prote-</p><p>gido para a ONG Cão Guia Brasil. O TAG</p><p>sendo reconhecido como legítimo é uma</p><p>garantia do produto comprado pelo consumi-</p><p>dor – realmente revertendo benefícios à ONG</p><p>26</p><p>No estande da BioBrasil os visitantes puderam</p><p>conhecer produtos como o analisador hemato-</p><p>lógico automático da Mindray e os estetoscó-</p><p>pios UltraScope</p><p>Hermes Pardini, importante empresa do setor de</p><p>diagnóstico, marcou presença na Pet South America</p><p>A participação da Real H colocou os produtos</p><p>homeopáticos veterinários em evidência</p><p>Ressonância magnética é um dos novos servi-</p><p>ços que o Provet divulgou no evento</p><p>Ortovet apresentou ampla linha de produtos</p><p>para ortopedia veterinária</p><p>Estande da REM/Idexx, empresa de referência</p><p>em equipamentos de diagnóstico</p><p>Flox, agulhas para acupuntura veterinária.</p><p>Novidade presente na Pet South America</p><p>Lupa de mão acoplada com lâmpada de Wood</p><p>e câmara escura foi destaque da Med-Sinal</p><p>Brasmed, presente com excelentes ofertas e</p><p>muita variedade</p><p>Estande da Arca Brasil, ONG que se empenha</p><p>por um mundo melhor para homens e animais</p><p>Bet Laboratories, empresa especializada</p><p>em endocrinologia veterinária, recebeu</p><p>clientes de todo o Brasil</p><p>Florais de Saint Germain, terapia alternativa</p><p>presente na Pet South America</p><p>Cristófoli apresentou variedade</p><p>de equipamen-</p><p>tos para biossegurança</p><p>Clínica Veterinária, Ano XV, n. 89, novembro/dezembro, 201028</p><p>OXXII Congresso Pan-americano de</p><p>Ciências Veterinárias (Panvet)</p><p>ocorreu em Lima, Peru, no período</p><p>de 1 a 4 de setembro de 2010. Esse con-</p><p>gresso se reúne a cada dois anos à Associa-</p><p>ção Pan-americana de Ciências Veteriná-</p><p>rias, congregando os profissionais veteri-</p><p>nários do continente americano com o obje-</p><p>tivo de integrar a comunidade</p><p>veterinária para enfrentar os de-</p><p>safios do novo milênio, que</p><p>exige a participação empenha-</p><p>da dos profissionais ligados aos</p><p>setores de saúde, alimentos,</p><p>biodiversidade e comércio. O</p><p>Panvet visa também fomentar a</p><p>interação entre colegas e insti-</p><p>tuições afins, a atualização e o</p><p>intercâmbio de experiências,</p><p>bem como a geração de conclu-</p><p>sões técnicas que são repassa-</p><p>das aos órgãos políticos da re-</p><p>gião.</p><p>O programa científico</p><p>30</p><p>contou com especialistas das áreas de ani-</p><p>mais de companhia, saúde e produção de</p><p>ruminantes, suínos, aves, aquicultura e ca-</p><p>melídeos sul-americanos. Um dos diferen-</p><p>ciais desse congresso é o Fórum de Educa-</p><p>ção Veterinária. Neste ano foram discutidos</p><p>temas relacionados a experiências inova-</p><p>doras para a aprendizagem; avaliação do</p><p>desempenho do estudan-</p><p>te; desenvolvimento e va-</p><p>lidação de competências</p><p>do estudante; projetos pe-</p><p>dagógicos e acreditação</p><p>dos cursos de medicina</p><p>veterinária. Dentro desse</p><p>espírito de integração e</p><p>troca de experiências</p><p>entre as instituições, de-</p><p>senvolveu-se também um</p><p>instigante debate sobre</p><p>saúde pública veterinária,</p><p>de modo a promover e</p><p>desenvolver o conceito</p><p>de saúde como um bem</p><p>dependente, em todo o mundo, de diferen-</p><p>tes variáveis, e portanto com diferentes res-</p><p>ponsáveis (um mundo, uma saúde). O</p><p>conceito de saúde global foi muito enfati-</p><p>zado como fator transformador para atingir</p><p>a meta de formar</p><p>profissionais capa-</p><p>zes de avaliar e so-</p><p>lucionar problemas</p><p>de saúde pública.</p><p>Os objetivos e ati-</p><p>vidades desenvol-</p><p>vidos dentro desse</p><p>conceito podem</p><p>ser acessados pelo</p><p>endereço eletrôni-</p><p>co: www.sapuvetnet.org.</p><p>Além de cursos pré-congresso, palestras</p><p>e fóruns, foram apresentados 98 trabalhos</p><p>em forma oral e 362 em pôster. O Brasil</p><p>participou apresentando 15 trabalhos orais</p><p>e 70 pôsteres.</p><p>O XXIII Panvet ocorrerá em 2012 em</p><p>Cartagena, Colômbia. Programem-se!</p><p>A saúde global marca presença no XXII Panvet, em Lima, no Peru</p><p>Saúde pública</p><p>Clínica Veterinária, Ano XV, n. 89, novembro/dezembro, 2010</p><p>Ana Paula Battaglin, doutoranda</p><p>na UEL, presente no evento com</p><p>o doutorando Rafael Fagnani e a</p><p>profa. Ana Paula F.R.L. Braca-</p><p>rense, também da UEL</p><p>AAssociação Nacional de Clíni-</p><p>cos Veterinários de Pequenos</p><p>Animais – Regional Minas</p><p>Gerais, ANCLIVEPA-MG, realizou nos</p><p>dias 25 e 26 de setembro de 2010 o VII</p><p>Simpósio Internacional de Leishma-</p><p>niose Visceral Canina. O tema propos-</p><p>to para o simpósio foi “O QUE ELES</p><p>DEVERIAM FAZER” e “O QUE NÓS</p><p>PODEMOS FAZER”. Com essa moti-</p><p>vação crítica os organizadores se propu-</p><p>seram a discutir com coragem temas</p><p>como “Leishmaniose no Brasil e no</p><p>mundo”, “Transmissão sexual e vertical</p><p>da Leishmania infantum”, “Leishmanio-</p><p>se visceral felina”, “Controle do vetor</p><p>em comunidades”, “O canicídio adota-</p><p>do como estratégia prioritária de contro-</p><p>le”, “Aspectos jurídicos que envolvem a</p><p>doença”, “Controle populacional e</p><p>posse responsável como alternativa de</p><p>controle da doença”, entre outros. En-</p><p>tretanto, as atenções foram centraliza-</p><p>das no canicídio atualmente praticado</p><p>em nosso país. Os pesquisadores de-</p><p>monstraram por meio de evidências</p><p>científicas que muito se tem a aprender</p><p>sobre a leishmaniose visceral canina e</p><p>que muito pode se feito. Ficou claro que</p><p>algumas medidas devem ser tomadas</p><p>prioritariamente e precisam ser melhor</p><p>discutidas e divulgadas.</p><p>Em primeiro lugar está a educação</p><p>em saúde. Essa medida, básica em qual-</p><p>quer programa de controle de doenças,</p><p>exige que a política de saúde pública</p><p>seja integral. A leishmaniose visceral</p><p>acomete principalmente a população</p><p>pobre, que necessita de melhor alimen-</p><p>tação, educação e estrutura social. É</p><p>nessas populações que a doença acome-</p><p>te e mata o maior número de pessoas, e</p><p>apesar de seus cães serem mortos em</p><p>larga escala – até sem diagnóstico que</p><p>confirme sua infecção –, os números</p><p>32</p><p>não indicam redução da doença nessas</p><p>áreas. O que será que acontece? Será</p><p>que a educação em saúde, voltada para</p><p>o controle da leishmaniose visceral dei-</p><p>xa a desejar? Será que a prática anti-éti-</p><p>ca e sem resultados consistentes do ca-</p><p>nicídio não é a máscara da falta de in-</p><p>vestimento em educação e em estrutura</p><p>social da população carente?</p><p>Durante a conferência sobre a leishma-</p><p>niose visceral humana, destacou-se que</p><p>a questão da leishmaniose visceral não</p><p>VII Simpósio Internacional de Leishmaniose Visceral Canina</p><p>“O que eles deveriam fazer” e “O que nós podemos fazer”</p><p>25 e 26 de setembro de 2010 - Belo Horizonte - MG</p><p>Saúde pública</p><p>Clínica Veterinária, Ano XV, n. 89, novembro/dezembro, 2010</p><p>Vitor Márcio Ribeiro</p><p>Professor adjunto III - Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais</p><p>Médico veterinário da Clínica Veterinária Santo Agostinho, Brasil</p><p>Membro da comissão científica da Associação de Clínicos Veterinários de</p><p>Pequenos Animais do Estado de Minas Gerais (Anclivepa-MG)</p><p>Conselheiro Suplente do Conselho Regional de Medicina Veterinária do Estado</p><p>de Minas Gerais - MG (CRMV-MG).</p><p>Carlos Henrique Nery Costa, profissional com</p><p>doutorado em saúde pública tropical (Harvard,</p><p>1997) é Coordenador Executivo da Rede Nor-</p><p>deste de Biotecnologia, Diretor do Instituto de</p><p>Doenças Tropicais Natan Portella e Supervi-</p><p>sor da residência médica em Infectologia da</p><p>UFPI. Em seu currículo Lattes os termos mais</p><p>freqüentes na contextualização da produção</p><p>científica, tecnológica e artístico-cultural são:</p><p>leishmaniose visceral, Calazar, Leishmania</p><p>chagasi, diagnóstico, Lutzomyia longipalpis,</p><p>transmissão, AIDS, controle, doença de Cha-</p><p>gas e epidemiologia. Para o especialista, as</p><p>medidas para controle da leishmaniose visce-</p><p>ral continuarão não surtindo efeito, pois não</p><p>focam ações e pesquisas para o controle do</p><p>vetor, que deveria ser o principal alvo das</p><p>ações e das pesquisas</p><p>Auditório da Emater repleto de participantes prove-</p><p>nientes de diversas partes do país</p><p>pode ser encarada como algo restrito às</p><p>grandes cidades. Parece haver desvio da</p><p>apresentação do problema, quando o</p><p>serviço público focaliza a discussão nos</p><p>grandes centros. Sabemos que nas</p><p>regiões de maior carência social do</p><p>nosso país o canicídio é praticado livre-</p><p>mente, mas os resultados obtidos são in-</p><p>consistentes. Nos grandes centros, da</p><p>mesma forma, as ações de controle im-</p><p>plementadas centralizam-se no canicí-</p><p>dio. Os resultados de tal conduta têm</p><p>sido contestados do ponto de vista técni-</p><p>co e ético. Para isso cita-se Otranto et al.</p><p>(2007): “A prática da eutanásia de cães</p><p>infectados é uma abordagem inaceitá-</p><p>vel para grande parte da sociedade, em</p><p>vários países. Nessas sociedades, os es-</p><p>forços são empreendidos para busca de</p><p>vacinas e proteção dos cães contra as</p><p>picadas de flebotomíneos”. Essa não</p><p>tem sido a trilha proposta pelos nossos</p><p>servidores públicos.</p><p>Outro agravante discutido, foram as</p><p>evidências de falhas dos métodos de</p><p>diagnóstico da infecção em cães, que le-</p><p>varam à morte milhares de animais. Por</p><p>menos sensíveis que sejam os técnicos</p><p>públicos, isso não pode continuar. Du-</p><p>rante o simpósio foram apresentados</p><p>dados mostrando que o diagnóstico ca-</p><p>nino está sujeito a reações cruzadas e re-</p><p>sultados falso-positivos com os méto-</p><p>dos atuais de diagnóstico. Esses dados</p><p>são do conhecimento do mundo científi-</p><p>co e estão indicados até nos kits de mé-</p><p>todos de diagnóstico utilizados na roti-</p><p>na. Mesmo assim, tivemos, recentemen-</p><p>te, em São Paulo, inexplicável reação do</p><p>setor público quanto a adotar critérios</p><p>seguros para o diagnóstico da doença</p><p>canina, em projeto de lei (PL 510/2010)</p><p>que regulamentava tal questão. Isso pa-</p><p>rece novamente um problema de análise</p><p>ética.</p><p>Onde estão os órgãos responsáveis</p><p>quando muitos animais são mortos por</p><p>exames ineficientes ou quando são mor-</p><p>tos sem resultados</p>

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