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Guia aula dia 18.05.2021 Direitos das Obrigações – CEUPI Prof. André Luz 1. Transmissão das obrigações: Segundo Cláudio do Couto e Silva, na memorável obra “A Obrigação como um processo”, a obrigação é dinâmica, como uma relação processual, ela se movimenta. Admitem-se três formas básicas de transmissão obrigacional: 1) Cessão de crédito; 2) Cessão de contrato; 3) Cessão de débito. 1.1 Cessão de crédito: a) Conceito: Trata-se de um negócio jurídico bilateral, gratuito ou oneroso, pelo qual o credor de uma obrigação (cedente) transfere, no todo ou em parte, a terceiro (cessionário), independentemente do consentimento do devedor (cedido), sua posição na relação obrigacional, com todos os acessórios e garantias, salvo disposição em contrário, sem que se opere a extinção do vínculo obrigacional. - A cessão de crédito traduz a transmissibilidade total ou parcial de um crédito a um terceiro, a título gratuito ou oneroso, mantida a mesma relação obrigacional com o mesmo devedor (cedido). b) Sujeitos: I - Cedente: Credor originário, transfere seu crédito ao cessionário credor. II - Cessionário: Que é quem substitui o cedente; III - Cedido: Que é a outra parte da relação obrigacional. Cedente/credor originário Cessionário credor Devedor............................................. Devedor (Cedido) c) As espécies de cessão de crédito são: 1) Gratuita: na hipótese de o cessionário (novo credor) não ter contraprestação. Na cessão por título gratuito, o cedente, ainda que não se responsabilize, fica responsável ao cessionário pela existência do crédito ao tempo em que lhe cedeu, se tiver procedido de má-fé; 2) Onerosa: ocorre se o cedente a realizar com contraprestação do cessionário (novo credor). Na cessão por título oneroso, o cedente, ainda que não se responsabilize, fica responsável ao cessionário pela existência do crédito ao tempo em que lhe cedeu; 3) Total: na hipótese de transferir todo o crédito; 4) Parcial: na hipótese de transferir ao cessionário (novo credor) apenas parte do crédito; 5) Convencional: se decorrer de livre declaração de vontade; 6) Legal: quando resulta de lei, ou seja, independe da vontade das partes. - Como exemplo, a cessão dos acessórios de uma obrigação (juros, cláusula penal, garantias reais e pessoais), salvo estipulação em contrário; 7) Judicial: quando advém de sentença judicial. Como exemplo, a adjudicação do herdeiro único na partilha dos bens deixados pelo de cujus; 8) Pro soluto: na hipótese de haver exoneração imediata do cedente. É a regra geral, conforme os arts. 295 e 296 do Código Civil; 9) Pro solvendo: na hipótese de a exoneração do cedente depender da cobrança do crédito. Depende de estipulação expressa no instrumento nesse sentido – art. 297 do CC. No entanto, na prática o que mais se vê são cessões PRO SOLVENDO – art. 298 do CC. d) Os requisitos da cessão de crédito são: d.1) Capacidade: são necessárias a capacidade civil genérica e a capacidade especial, ou seja, ser titular do crédito que será transferido. d.2) Objeto: é necessário o crédito estar vencido ou por vencer, que seja passível de transmissão e que não conste do título cláusula proibitiva de cessão. e) Tipos de crédito que não podem ser cedidos: e.1) Aqueles que a natureza da obrigação impede a cessão: por exemplo, os créditos alimentícios e de salários. e.2) Aqueles que a lei impede a cessão: por exemplo, a herança de pessoa viva (art. 426 do CC) e art. 1749, III CC: e.3) E a obrigação de fazer de natureza infungível: e.4) Aqueles em que se convencionou no instrumento da obrigação a intransmissibilidade: A cláusula proibitiva de cessão. 2. Fundamento Jurídico – está previsto no art. 286 do CC: a) Regula a cessão de crédito: Toda cessão é permitida, EXCETO se houver: b) Em geral: A relação obrigacional tem no contrato a sua fonte, em um contrato firmado entre o credor originário e o devedor, pode constar uma cláusula proibindo a cessão de crédito (chamada de pacto de non cedendo). b.1) O pacto de NON CEDENDO: Para que surta efeitos em relação a terceiros, deve constar no contrato EXPLICITAMENTE, não pode ser oralmente, “de boca”. c) Deriva da boa-fé objetiva: d) Alcance da cessão – art. 287 do CC: e) Regra geral - eficácia inter partes – art. 288 do CC: e.1) Exceção – art. 654 §1° do CC: f) Direito de averbação – crédito hipotecário – art. 289 do CC: g) Dever de notificação ao devedor – art. 290 do CC: I - Esta comunicação ao devedor é importante também, para que ele saiba contra quem se defender (arts. 292 e 294). II - Se o devedor não for notificado, ele não saberá a quem pagar, de maneira que, se pagar ao credor primitivo, não poderá ser responsabilizado - art. 292. g.1) Da necessidade de prova: g.2) É necessária a autorização prévia do devedor: I - Dever de informação – deriva da boa-fé objetiva. II - Logicamente o devedor deve ser informado da cessão de crédito. III - À luz do princípio da boa-fé, com amparo no dever anexo de informação, é correto dizer, que o devedor, embora não tenha legitimidade para autorizar a cessão ou não, deve ser comunicado do ato, como requisito de eficácia (art. 290). g.3) Direito de oposição por parte do devedor – art. 294 do CC: Estabelece que, a partir do momento em que toma conhecimento da cessão, o devedor poderá opor as suas defesas ao novo credor. g.4) Pagamento pelo devedor ao antigo credor – antes do conhecimento da cessão – art. 292 do CC: h) Possibilidade de várias cessões – mesmo crédito – art. 291 do CC: Ocorrendo várias cessões no mesmo crédito, prevalece a que se completar com a tradição do título do crédito cedido. i) Direitos do Cessionário – conservar os direitos cedido – art. 293 do CC: j) Responsabilidade por título oneroso e gratuito – art. 295 do CC: 3. Cessão de contrato (cessão de posição contratual: a) Conceito: Emílio Betti, em sua obra dedicada à Teoria das Obrigações, anota que a cessão de contrato realiza a forma mais completa de sucessão a título particular na relação obrigacional. Na cessão de contrato, o cedente não está cedendo um crédito ou um débito, ele está cedendo a POSIÇÃO GLOBAL dele no contrato. c) Sujeitos na cessão de contrato: c.1) O cedente transfere a sua própria posição contratual integralmente, como um todo a um terceiro (cessionário), que passará a substituí-lo na relação obrigacional. c.2) A posição no contrato envolve um conjunto de créditos e débitos, muito mais abrangente. d) Teorias explicativas da cessão contratual: Duas correntes explicativas se digladiaram: d.1) Teoria da Decomposição Atomística: Sustentava que a cessão de contrato careceria de unidade, traduzindo apenas um conjunto de cessões de crédito e débito. d.2) Teoria Unitária: Adotada por Pontes de Miranda, Antunes Varella e outros. Mais adequada, por defender a cessão global da posição contratual. Por isso, recebe este nome. e) Requisitos da cessão de contrato: e.1) Celebração de negócio jurídico entre cedente e cessionário: e.2) Integralidade da cessão (cessão deve ser global): e.3) A anuência da outra parte: Este um requisito lógico, regra. f) Regra geral: na cessão de contrato é no sentido de que deve haver a anuência da outra parte contratante. g) Cessão legal ou imprópria: A doutrina em situação excepcional dispensa essa anuência na denominada. Conforme previsto no art. 31 §1º da lei 6766/79 – Lei do Parcelamento de Solo Urbano: