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Disciplina:ARA2236 MECANISMO E DINÂMICA DAS MÁQUINAS Professor: Helton Cabral e-mail: helton_cabral@hotmail.com Aula 3: Análise Cinemática e Síntese Dos Mecanismos 26/08/2024 Na aula passada.... •Entendemos por partícula, ou ponto material, um corpo cuja forma e dimensões não são relevantes para a caracterização de seu movimento. Devemos notar que, segundo esta conceituação, partículas não são necessariamente corpos de pequenas dimensões. •Assim, por exemplo, um avião cujo movimento é monitorado por uma estação de radar, conforme ilustrado na Figura 1.1(a), pode ser considerado como uma partícula porque, na medição efetuada pelo radar, não se faz distinção entre os movimentos de diferentes pontos do avião, de modo que a forma e as dimensões deste não são importantes para o monitoramento. • Por outro lado, se estivermos interessados em determinar as acelerações dos diferentes pontos do avião durante uma manobra, como mostrado na Figura 1.1 (b), temos que considerar as posições destes pontos, sendo que estas posições são determinadas pela forma e dimensões do avião. Neste caso, o modelo de partícula não mais se aplica. • Considerando, ainda, o exemplo do avião, se admitirmos que ele não sofra deformações (modificações em sua forma e/ou dimensões) durante o movimento, podemos tratá-lo como um corpo rígido. Grandezas cinemáticas fundamentais: posição, deslocamento, velocidade e aceleração •A completa caracterização das grandezas cinemáticas – posição, velocidade e aceleração – requer, inicialmente, o estabelecimento de um sistema de referência, em relação ao qual estas grandezas são medidas. •É comum atribuirmos ao sistema de referência um observador do movimento, para manter o significado físico inerente a observações cotidianas ou a experimentos científicos. •Frequentemente, o sistema de referência é representado por um conjunto de eixos, aos quais se associam medidas lineares e/ou angulares (denominadas coordenadas) e uma base de vetores unitários. •A forma mais comum é o sistema de referência cartesiano, denotado por Oxyz, formado por três eixos x, y e z, com os respectivos vetores unitários, ortogonais dois a dois, com origem em um ponto O, conforme mostrado na Figura 1.2. Para este sistema de referência, as coordenadas de um ponto do espaço são três distâncias medidas em relação à origem, levando-se em conta seus sinais algébricos. Define-se a velocidade vetorial média entre os instantes t e t + ∆ t como sendo o vetor expresso sob a forma: A velocidade vetorial instantânea, ou vetor velocidade, é definida segundo: A velocidade escalar, denotada por v, é definida como sendo: Para definir a velocidade escalar instantânea de uma forma alternativa mais conveniente, introduzimos a coordenada curvilínea s(t), medida ao longo da trajetória, a partir de uma origem arbitrária O ′ , com uma orientação positiva e outra negativa, também escolhidas arbitrariamente, conforme indicado na Figura 1.6. Observamos que quando ∆ t tende a zero, o comprimento da corda se aproxima do comprimento do arco de trajetória, cuja medida é ∆ s. Assim, podemos escrever: No estudo da Cinemática, também nos interessamos, frequentemente, em avaliar a rapidez com que a velocidade de uma partícula varia com o tempo. A grandeza que quantifica esta rapidez é denominada aceleração. Observemos que θ indica a posição angular do avião (a qual se confunde com a posição do segmento AB), em relação à direção de referência escolhida. No caso mais geral em que o segmento de reta AB se movimenta sobre um plano β orientado arbitrariamente em relação aos eixos de referência, conforme mostrado na Figura 1.11, podemos expressar os vetores velocidade angular e aceleração angular sob as formas: Em termos de suas componentes nas direções dos eixos cartesianos indicados, estes vetores podem ser expressos segundo: Quando a trajetória desenvolvida por uma partícula é uma linha reta, o movimento é denominado movimento retilíneo. Neste tipo de movimento, todas as grandezas cinemáticas (posição, deslocamento, velocidade e aceleração) são vetores que têm, necessariamente, a direção da trajetória. Tem-se, então, um movimento dito unidimensional. Consideremos a partícula P que se movimenta sobre uma trajetória retilínea, conforme mostrado na Figura. Por conveniência, escolhemos o eixo de referência x coincidente com a trajetória, com sua origem e sentido escolhidos arbitrariamente. O vetor posição da partícula, medido em relação à origem O, é dado por: A velocidade vetorial instantânea da partícula: A velocidade escalar instantânea é dada por: Para obter a aceleração vetorial instantânea da partícula, levando em conta, mais uma vez, que o vetor unitário é constante: A aceleração escalar instantânea é dada por: Da Equação (1.31), podemos concluir que: •um valor positivo da aceleração escalar pode ocorrer em duas situações: a partícula se movimenta no sentido positivo do eixo x, com velocidade de módulo crescente (movimento dito acelerado), ou no sentido oposto ao da orientação positiva do eixo x, com velocidade de módulo decrescente (movimento dito retardado); •um valor negativo da aceleração escalar pode ocorrer em duas situações: a partícula se movimenta no sentido positivo do eixo x, com velocidade de módulo decrescente (movimento retardado), ou no sentido oposto ao da orientação positiva do eixo x, com velocidade de módulo crescente (movimento acelerado). •São frequentes na Engenharia situações envolvendo movimentos retilíneos simultâneos de várias partículas, havendo uma dependência entre estes movimentos em virtude da existência de ligações mecânicas entre as partículas. Uma destas situações é ilustrada na Figura 1.30, na qual os movimentos dos corpos A e B são vinculados pela existência de um cabo e um conjunto de polias. •Neste tipo de problema, devemos buscar relacionar as velocidades e as acelerações das partículas envolvidas, considerando as restrições cinemáticas existentes. Desprezando as dimensões das polias e admitindo que o cabo seja inextensível (de comprimento constante), expressamos da seguinte forma seu comprimento total L em função das coordenadas medidas a partir das referências indicadas na Figura 1.30: Levando em conta que L, x1 e x2 são constantes, escrevemos: Derivando a equação acima duas vezes sucessivamente em relação ao tempo, obtemos as seguintes relações entre as velocidades e as acelerações das partículas A e B: Neste capítulo nos ocuparemos em expressar as grandezas cinemáticas posição, velocidade e aceleração de pontos que pertencem a corpos modelados como corpos rígidos. Diferentemente das partículas, cuja modelagem cinemática, apresentada no Capítulo 1, é baseada na representação do corpo por um único ponto, os corpos rígidos são modelados como sólidos que possuem infinitos pontos distribuídos sobre seu volume, de modo que os movimentos destes pontos, no caso mais geral, variam de acordo com sua posição. • A hipótese de rigidez ideal, que será adotada, implica que a distância entre dois pontos quaisquer do corpo permanece inalterada durante o movimento. Com relação a esta hipótese, é importante observar que, conforme aprendemos no estudo da Mecânica dos Sólidos, todo material sólido se deforma quando é submetido a forças e/ou momentos. • Admitiremos aqui, todavia, que os deslocamentos associados a estas deformações sejam suficientemente pequenos para que possam ser desprezados quando comparados com os deslocamentos que resultam do movimento. A dinâmica de sólidos, levando em conta suas deformações, é objeto de outra disciplina denominada Vibrações Mecânicas. O movimento mais simples que um corpo rígido pode realizar é o movimento de translação, que fica caracterizado quando todo e qualquer segmento de reta ligando dois pontos quaisquer do corpo mantém sua orientação inalterada durante o movimento. Em consequência, no movimento de translação, a velocidade angular e a aceleração angulardo corpo rígido são nulas. Outro fato observado no movimento de translação de um corpo rígido é que todos os pontos do corpo descrevem trajetórias paralelas, que podem ser retilíneas ou curvilíneas, como mostra a Figura 2.1. No primeiro caso, o movimento é denominado translação retilínea e, no segundo, translação curvilínea. Consideremos agora a situação mais geral mostrada na Figura 2.3 na qual são observados os movimentos de dois pontos quaisquer A e B de um corpo rígido que descreve movimento de translação curvilínea. Para a análise do movimento destes pontos utilizamos os dois sistemas de referência indicados: o sistema fixo OXYZ e o sistema Axyz, preso ao corpo rígido, com origem no ponto A. • Considerando que os pontos A e B foram escolhidos arbitrariamente, com base nas Equações (2.3) e (2.6) concluímos que no movimento de translação, todos os pontos do corpo possuem mesma velocidade e mesma aceleração. Um exemplo de movimento de rotação em torno de um eixo fixo é mostrado na Figura 2.4, na qual observamos que este tipo de movimento é determinado pela existência de vínculos cinemáticos, representados por dois mancais em A e B, que restringem o movimento do corpo, permitindo apenas sua rotação em torno do eixo que passa pelos pontos A e B Na Figura 2.5, na qual consideramos situações mais gerais, vemos que, na rotação em torno de um eixo fixo OO ′, denominado eixo de rotação, que pode ou não interceptar o corpo rígido, todos os pontos do corpo descrevem trajetórias circulares concêntricas, posicionadas em planos paralelos entre si, que são perpendiculares a este eixo. Os centros destas trajetórias, que se localizam sobre o eixo de rotação, têm velocidade e aceleração nulas. Visando representar a velocidade e a aceleração de um ponto qualquer do corpo rígido, consideremos a situação mais geral de um corpo girando em torno do eixo fixo indicado por AA′, conforme ilustrado na Figura 2.6. Designando por θ o ângulo que define a posição angular do corpo em relação a uma direção de referência arbitrária, de acordo com o exposto na Seção 1.3, atribuímos ao corpo o vetor velocidade angular, , que tem o valor escalar ω = , a direção do eixo de rotação, e sentido determinado pela regra da mão direita. Dúvidas e sugestões Obrigado pela atenção! Até a próxima aula!