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Design de Moda Universo – 1ºsem21 Design Têxtil Prof. Lúcia de Abreu Rosas Beneficiamento têxtil – primário e secundário O Beneficiamento Têxtil são processos executados nos tecidos visando de uma forma geral, melhorar as características físico-químicas do substrato, esteja ela na forma que estiver. Conceito Substrato: Nome dado aos suportes, às bases ou fundamentos que serão beneficiados. Ex.: Fibras, Fios, Filamentos, Tecido de cala, Tecido de malha, Não tecidos e Confeccionados. O beneficiamento se classifica em: ✓ Beneficiamento Primário ou pré-tratamento ✓ Beneficiamento Secundário ✓ Beneficiamento terciário Também chamado de pré-tratamento. Nome dado ao conjunto de operações realizadas sobre o substrato têxtil visando colocá-lo em condições de receber tintura (parcial ou total) e acabamento final, em conformidade com sua aplicação, isto é, prepara o material para os beneficiamentos seguintes. Etapa tão importante quanto ao beneficiamento secundário e de acabamento por ser a base para obtenção de um tecido de boa qualidade. Informação especialmente importante para os tecidos de algodão que contém expressivo teor de impurezas. São operações de lavagem e fervura a fim de limpar e desengomar o material, e assim eliminando óleos e aditivos que foram utilizados no processo de tecelagem ou malharia. Entre seus processos estão: desengomagem, chamuscagem, cozinhamento, branqueamento e mercerização. Beneficiamento primário A desengomagem tem como objetivo eliminar as gomas aplicadas aos fios de urdume antes da tecelagem, pois a goma interfere e até mesmo impede alguns processos de beneficiamento. Estas gomas podem ser a base de amidos naturais (batata, milho, madioca), cola, ceras de parafina ou éteres de celulose. É um fator decisivo para um bom acabamento. Não existe um processo de desengomagem universal seguro. Pode-se eliminar as gomas através dos seguintes métodos: - Desengomagem enzimática: processo biológico de eliminação de goma de amido por enzima (provoca a quebra da cadeia do amido tornando-o solúvel) que não ataca a fibra do algodão e as águas residuais podem ser degradadas biologicamente. - Desengomagem oxidativa: processo químico de eliminação tanto de gomas como de todas impurezas presentes no tecido. Ela tende a fazer 03 processos: desengomar, purgar e alvejar o tecido simultaneamente. A chamuscagem processo seco em que o tecido passa por chamas para realizar a queima dos fiapos e pequenas sujeiras que se encontram na superfície, e assim permitir um processo de estampagem mais uniforme, com estampas mais limpas. Melhora a aparência visual e o toque do tecido. Dependendo do tecido, da fibra, da sua construção e peso, a chama pode ser mais ou menos intensa, de apenas um lado do tecido ou de ambos. Antes da chamuscagem, o tecido passa por os processos de escovagem e navalhagem A Purga ou Cozinhamento visa eliminar as gorduras, ceras, resinas e demais impurezas do algodão e fibras naturais. No caso de fibras sintéticas tem o objetivo de eliminar as parafinas e óleos de encimagem que são adicionados a estas no processo de fiação e tecelagem. O processo constitui em impregnar os tecidos com a solução de hidróxido de sódio com aquecimento a vapor em temperatura de 100°C ou mais. O alvejamento consiste na continuação da desengomagem já que faz a remoção completa de cascas e sementes, da extração das impurezas de tipo indeterminado e remoção de goma residual. O processo consiste na adição de agentes químicos que reagem com o composto de cores da fibra, tornando-a sem cor. O substrato têxtil mesmo após o alvejamento, tem como tendência refletir uma coloração amarelada. Existe o processo de branqueamento por meio óptico onde é aplicado um produto que reflite raios azulados e avioletados que combatem o tom amarelado dando a impressão de um branco mais branco. A mercerização é realizada em tecidos de algodão e linho e consiste no tratamento do tecido em solução de soda cáustica por 25 a 50seg. que causa uma reação que faz inchar a fibra, tornando sua seção transversal mais arredondada, resultando em mais brilho e proporcionando grande afinidade aos corantes. Alvejamentos são requeridos nos tecidos que serão tingidos em cores de tonalidade clara ou que serão estampados. Posteriormente o tecido é neutralizado num banho de ácido para que saia com um PH mais próximo do neutro para não interferir em processos posteriores e irritações na pele. Beneficiamento secundário Nome dado ao conjunto de operações realizadas sobre o substrato têxtil visando fornecer-lhe coloração parcial (estampagem) ou total (tingimento). Para falarmos de tingimento temos primeiro que entender o que é a cor. Cor não é uma propriedade intrínseca das substâncias, mas sim uma sensação produzida no olho, segundo as condições da luz refletida por essas substâncias. Por isso, a cor depende, em grande parte, da natureza da luz que ilumina a substância, variando-se com a mesma, ou seja, sem luz não há cor. A luz branca, como por exemplo, a luz solar ordinária, é o resultado de uma série de rápidos movimentos vibratórios. Esta luz compõe-se de um número determinado de oscilações ou vibrações de diversas intensidades. A luz é portanto a radiação eletromagnética na faixa de 400 a 700 nm (nanômetros), a qual constitui a radiação visível para seres humanos. Ao passar um raio de luz branca através de um prisma, a luz se abre em forma de uma banda multicolor denominada espectro. As cores vão desde o violeta, com a longitude de onda mais curta e a máxima refração, passando pelo azul, verde, amarelo, alaranjado, até o vermelho, com a maior longitude de onda e a mínima refração. Portanto, para que se possa ver um determinado material colorido são necessários, uma fonte de luz, o material colorido e o olho humano. Expectro da luz visível Tingimento O tingimento de tecidos é uma arte milenar e a disponibilidade comercial de corantes é enorme. A tecnologia moderna no tingimento consiste de várias etapas que são escolhidas de acordo com a natureza da fibra têxtil, características estruturais, classificação e disponibilidade do corante para aplicação, propriedades de fixação compatíveis com o destino do material a ser tingido, considerações econômicas e muitas outras, segundo Guaratini e Zanoni. O tingimento é um processo químico da modificação de cor da fibra têxtil. Os produtos que provocam essa modificação são denominados matérias corantes que são compostos orgânicos capazes de colorir o substrato têxtil ou não têxtil, de forma que a cor seja relativamente sólida à luz e a tratamentos úmidos. O tecido pode ser somente tingido, somente estampado ou pode passar pelos dois processos. Não passam por essa fase tecidos construídos com fios tintos e tecidos de cor branca. O tingimento no tecido em peças produz uma base com cor lisa. Pode ser realizada com o tecido em corda (esgotamento - processo no qual o tecido fica em contato permanente com o banho até o término do beneficiamento, para obter igualização) ou aberto (impregnação - o tecido é passado em máquinas em que o banho é distribuído uniformemente por todo o substrato) , em três processos distintos: • Processo descontínuo ou por bateladas; • Processo semi-contínuo; • Processo Contínuo. Processo indicado para lotes com metragens menores e pouca produção. Na mesma máquina podem ser feitos todos os processos de preparação como purga e alvejamento, além do tingimento e lavagem final. Pode ser com o tecido em corda ou aberto, dependendo da máquina usada, sendo as mais comuns do tipo: Barca, Jet, Flow ou Jigger. Tingimento: processo descontínuo Tingimento: processo semi contínuo Impregnação do tecido com banho de tingimento realizado por Foulard, após esse processo o tecido fica em repouso por algumas horas para a reação do corante e posterior lavagem. Processo conhecido como ‘pad-batch’. Tingimento: processo contínuo Indicado para grandes produções e lotes com maior metragem. A reação do corante com a fibra é aceleradacom a adição de vapor ou temperatura. Com isso o tecido preparado entra na máquina e sai tingido e lavado. Os processos mais comuns são ‘pad-steam’, com vaporizador para tecidos de algodão, e, ‘pad-dry’, com circulação de ar-quente (hot-flue) para tecidos sintéticos, ou a combinação desses. Pad-dry (almofada seca)Pad-steam (almofadas de vapor) Corantes A definição técnica de um corante é: um composto químico que pode ser fixado num material qualquer, por exemplo, numa fibra têxtil de forma mais ou menos permanente, e que produz na mente humana a sensação visual de uma dada cor. Os produtos de cor podem ser divididos em corantes, que são solúveis no meio ao qual eles são aplicados e pigmentos, que são insolúveis no meio de aplicação. Há interações físico-químicas entre corante e fibra. Já os pigmentos são utilizados em estamparia, são insolúveis em meio, são aplicados e fixados por meio de resinas sintéticas (pastas de estampar). Tendo em vista que corantes, pigmentos e branqueadores ópticos são compostos complexos, muitas vezes é impossível traduzí-los por uma fórmula química pelo fato de alguns serem misturas de vários compostos e outros não possuírem estrutura química definida. Assim a nomenclatura usual é raramente usada preferindo-se usar os nomes comerciais. Para identificar os mesmo corantes comercializados com diferentes nomes utiliza-se o Color Index (CI) publicação da American Association of Textile Chemists and Colorists e da British Society of Dyers and Colorists que contém uma lista organizada de nomes e números para designar os diversos tipos. Corantes utilizados em: - Fibras celulósicas: reativos, diretos, à cuba, enxofres, naftóis e ácidos. - Fibras sintéticas: ácidos, dispersos e básicos. Corantes diretos são os que proporcionam cores inalteráveis e duradoras sem auxílio de produtos químicos. Um bom exemplo é a casca de noz, que resulta em tons de marrom e preto. Corantes a mordente – a maioria dos corantes naturais não se fixa satisfatoriamente nos tecidos se estes não forem tratados com os chamados mordentes. Os mordentes, a maioria de origem mineral como o alúmen, os sais de ferro, o cromo ou os sais de estanho, fazem com que a tinta “morda” ou se fixe no tecido. Corantes Ácidos O nome desta classe de corantes originou-se do processo de tingimento. Estes corantes são aplicáveis à lã, seda e poliamida na presença de um ácido orgânico ou inorgânico e, por isso, são designados corantes ácidos. Tipos de Corantes Corantes Dispersos Estes corantes apresentam uma gama completa de tonalidades para o poliéster e as poliamidas. Nas fibras acrílicas, são usados na obtenção de cores pastéis. Como estes corantes são os únicos que tingem homopolímeros de poliéster em processo convencional, eles são usados principalmente para esta fibra. Para o acetato, poliéster e o triacetato, estes corantes são a única maneira prática de tingimento. Corantes Reativos Designam-se corantes reativos aqueles cuja principal característica é a fusão dos corantes e pigmentos com a fibra a ser tingida impedindo assim que haja um desbotamento ou perda e alteração da cor original quando da lavagem ou uso. Com uma pasta e um aditivo de impressão imagens podem ser permanentemente ligadas ao substrato (celuloses, fibras, poliéster..) O futuro do tingimento têxtil chegou com a tecnologia de tingimento catiônica Nano-Dye que estabelece um novo marco sustentável para tingir tecidos de algodão e mistura de algodão, reduzindo drasticamente a poluição, o uso da água e o uso de energia nas fábricas de tingimento de algodão em todo o mundo. Através da colaboração com os principais fabricantes de equipamentos têxteis, diretores de fábricas de tingimento de algodão e químicos têxteis, a empresa americana Nano-Dye superou todos os obstáculos no projeto do sistema com a intenção estratégica de usar o equipamento atual de corante reativos e a biblioteca de corantes da fábrica de corantes têxteis. Tecnologia sustentável no tingimento Esta tecnologia de tingimento inovadora permite que os jatos de tintura de algodão não usem sal e esgotem até 99% do corante (eliminando resíduos sólidos), usem 75% menos água e 90% menos energia, enquanto produzem muito mais reprodutibilidade de tons de lote e tecido de qualidade consistente em todas as cores. Além disso, a redução da poluição no efluente faz com que as estações de tratamento de água com descarga zero sejam econômicas e define sua posição para futura colocação, tornando o tingimento de têxteis uma indústria limpa. Tipos de tingimento O tingimento do material têxtil é uma das etapas do beneficiamento, sendo este feito diretamente na malha, no tecido ou sobre os fios ou fibras. O tingimento dos fios antes da etapa de malharia e tecelagem proporciona maior qualidade ao produto final quando comparada com a do processo tradicional de tingimento da malha ou tecido pronto. O tingimento em fibras é o processo mais usado para fibras longas (lã) e filamentos. Consegue artigos mesclados. No caso de artigos sintéticos pode conseguir cores com a adição de pigmentos antes mesmo da fabricação do filamento. No tingimento dos fios o processo mais comum é o tingimento em bobinas mas sendo também possível durante outros processos da fiação. Mais indicado para a produção de tecidos listrados, xadrez e jacquard. O tingimento em fios favorece obter cores mais igualizadas, porém tem o inconveniente de ter que verificar alguns processos que representam gastos de tempo e mão-de-obra. Outro tingimento de fio muito usado é o tingimento em urdume, que pode ser com o urdume em aberto ou em corda. Ambos muito utilizados para o tingimento com corante índigo. O tingimento em tecido é o processo mais desenvolvido nos últimos anos devido a muitas vantagens como maior igualização em todo o comprimento da peça, menor desperdício de corante, menor quantidade de processos já que está junto com as operações de beneficiamento de tecidos. Produz um tecido com cor lisa e pode ser realizado com o tecido em corda (ocupa menos espaço e o tecido fica mais relaxado) ou em aberto (não forma vinco, pode-se trabalhar em processo contínuo).