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Historia do Brasil 217 
escassas perdas nas zonas insalubres de Cuba - o sistêma 
de Finlay e Gorgas -; e queria aplicá-lo com o mesmo 
rigôr. Afrontando o cépticismo acadêmico (dos que ainda 
criam na etiología da peste ligada às alterações do sólo, 
às emanações miasmáticas, contagio e clima) (1), Osvaldo 
Cruz definiu em quatro pontos a campanha: eliminar 
o maldito insecto, remover os fócos, isolar os doentes, 
imunizar pela vacina específica a cidade (2). 
Para o vulgo, sem excluir grandes personagens, a 
primeira condição era irônica (e Bilac dedicou-lhe uma 
sátira engraçada) (8), a segunda curiosa, mas a última -
a vacina - um atentado. . Os positivistas manifestaram 
a sua repulsa. Com razões cientificas, morais, religiosas -
se opunham à "monstruosidade": a violencia justificava 
todas as resistências... Resistiu Osvaldo ao ataque nos 
numerosos tons, de ridiculo, censura, oposição e revolta, 
mas exasperada revolta que lhe pôs em perigo a vida. 
Libertou o Rio da febre amarela - contra o Rio. Dra­
maticamente. 
Nomeado a 23 de Março de 1903, cm sucessão a 
Nuno de Andrade (empenhado aliás em utilizar o pro­
cesso adotado em Cuba) (4), logo a 28, organizou Osvaldo 
o com bate à epidemia - com o Dr. Carlos Carneiro de 
Mendonça. Juntou a 15 de Maio, em comando unico, os 
serviços federal e municipal; e, por Aviso de 15 de Abril, 
creou a respectiva repartição (Profilaxía da febre 
amarela), com a polícia dos fócos, a interdição das habi­
tações malsãs, a destruição da stegomya nos esterqui-
(1) Saudando Osvaldo Cruz nu. sua recepção ncaclêmlca, disse 
Afrânlo Peixoto: "Este poder absoluto da vontade, em que ncreclltals, 
e que exerceis, é a vossa força, e clela vos velu a gloria", Academia 
Brasileira, Discursos academicos, ll, 2Dõ, Rio I03õ. " Esse poder d n fé ... ", 
louvou Aloyslo de Castro, Discursos Acadêmicos, IV, 21, Rio 1986". 
" ... Não tórce nem québra", Ruv BAnnosA, Osvaldo Cruz, p. 2õ, Rio 1917. 
(2) Vd. E. SALES GUERRA, Osvaldo Cruz, p. 60 e segs., Rio 1940. 
(8) Ouvo Bluc, Critica e fantasia, p. 274, Porto 1904. 
(4) P Hoc10N SERPA, A vida gloriosa de Osvaldo Cruz, p. 120, Rio 
1087. 
218 Pedro Calmon 
línios urbanos, afinal a vacinação, nos moldes da lei 
alemã de 18741 Este prussianismo pegou a capital num 
estado de comoção profunda. 
Turmas de vacinadôres, com policiais de escolta, de 
casa em casa, de bairro em bairro, forçavam os moradô­
res a se submeterem à incisão: e, sem tempo nem pru­
dência para advertir da vantagem daquilo, aterrorizavam, 
como se espalhassem a peste, que evitavam. . . Os inci­
dentes foram múltiplos e sérios. Havia quem ameaçasse 
de morte os sujeitos da higiêne; os que se vangloriavam 
de os terem expulsado, de arma em punho; os que, 
sucumbidos, aguardavam que germinassem da vacina as 
atrózes consequencias. . . A cidade não fôra infor­
mada (1)1 A imprensa e a tribuna somavam-se à politica 
irritada para convencê-la de que tudo isso violava a liber­
dade na fórma menos suportavel de tirania, que era a 
sectária. Não acreditava o positivismo na teoría da 
vacinação; os liberais contrapunham ao dever do Estado 
- que assistía - o direito do homem - de não ser assis­
tido; o povo, supersticioso, achava que redobraria a 
calamidade, propagada insidiosamente; e a demagogia, 
inspirando-se na reação, rebelou, nas ruas, a ralé, e, nos 
quarteis, a juventude militar. Abaixo a opressão - e 
viva Floriano! 
Contra a vacina. 
Tornou-se mais tensa a crise em Novembro de 1904. 
Havia comicios - como e~ 1897 - no largo de São 
Francisco. Na tarde de 10 de Novembro a policia deteve 
(1) Vd. discurso de Ruy, no Senado, 16 de Nov. de 1904, Obras, XXXI, 
tom. 1, 45. Serve de documento à incompreensão geral: "O Estado mata, 
em nome da lei, os grandes criminosos. Mas não póde, em nome da 
saúde, impôr o suicidio aos inocentes". Transcreve E. Sales Guerra, 
Osvaldo Cruz, p. 259, um dos boletins sedlosos: "A verdade provada pelos 
fatos é que a vacina propaga a variola ... " O Apostolado Positivista 
adotava a linguagem: "O Código das torturas foi uma conquista desses 
médicos. . . Esse atentado ..• " 
Historia do Brasil 219 
um orador popular e interveiu a cavalaria, para que a 
multidão não o livrasse. No dia 12 repetiram-se as cenas 
de agressão, o povo contra os policiais e a ovacionar o 
exercito. Rebentou a insurreição - aos gritos de :ibaixo 
a vacina - nessa noite, e no dia seguinte, após agitada 
reunião no Centro das Classes Operarias, à rua Espirito 
Santo, presidida pelo senador Lauro Sodré, acolitado pelo 
deputado Barbosa Lima e pelo Dr. Vicente de Souza, 
orientador ostensivo do movimento. Em massa, abalaram 
os manifestantes para o Catete. Foram contidos, por pe­
lotões do exercito e da policia. Refluiram para as ruas 
centrais, apupando, de passagem, o comandante da força 
publica, general Silva Piragibe. Engajaram-se em tiroteio 
com as patrulhas, apedrejaram os bondes da "Jardim Bo­
tânico" e os lampeões das Laranjeiras ... (1) 
A tibieza da repressão os encorajou, na praça Ti­
radentes e adjacencias. Enquanto o chefe de policia, 
Cardoso de Castro, e o general Piragibe tratavam de pro­
teger o Catete, espalhava-se o levante pela rua do Sacra­
mento. Como os desmontes do prefeito Passos forneciam, 
a mancheias, as pedras com que podia fazer frente aos 
soldados, atirando-lhas das barricadas rapidamente 
erguidas por aquelas ruas estreitas, a insurreição tomára 
o aspecto vago de um combate: e a autoridade, sem 
animo para uma ação conclusiva, hesitava, assustada. Já 
agora magotes de desordeiros queimavam os bondes, cor­
tavam os fios telefonicos, assaltavam, no Mangue, a com­
panhia de Gaz... Segunda-feira, 14 de Novembro, 
amanheceu a situação dramatica, concentrada a resis­
tencia no bairro da Saúde, que a imaginação dos exal­
tados chamou de Porto Artur (evocando a guerra russo­
japoneza) e a conspiração militar ultimando-se, numa 
reunião política sob a chefia do senador Lauro Sodré. 
(1) SERTÓRIO DE CASTBO, op. cit., p. 190 (e o( o resumo, decalcado 
no noticiário dos jornais, do sublevação das ruas). 
220 Pedro Calmon 
A revolta de Travassos. 
A revolta que nesse dia explodiu tinha como diri­
gentes Lauro, Barbosa Lima, Alfredo Varela, o general 
Silvestre Travassos, o major Gomes de Castro.. . Inter­
pretou-a Ruy (dois dias depois, no Senado): "É um 
movimento deliberado a se apoderar imediatamente do 
governo, substituindo-o por uma junta governativa de 
tres membros, dois dos quais serão o general Olimpio da 
Silveira, com a chefia, e o general Travassos ... "(1) 
Não se póde confundir o movimento de 14 de No­
vembro com as arruaças que dominaram a cidade. Tinha 
sido concertado entre vários oficiais positivistas (como o 
general Marciano Magalhães, irmão de Benjamin), mar­
cando-se para a parada do dia 15, comemorativa da repú­
blica, a explosão (2) - favorecida pelo descontentamento 
popular. Tomára o governo porem tais medidas preventi­
vas que se anteviu frustrado o golpe, com a abstenção de 
Marciano e, sobretudo, do general Olimpio, incompa­
tível com a situação desde que fôra destituído do comando 
no Acre. Desligou-se este depois de uma entrevista 
infeliz com o presidente da república - em nome da 
classe. Ia expôr algumas das queixas do exercito. Ro­
drigues Alves recebeu-o friamente, e se limitou a dizer 
que falasse ao ministro da guerra ... (3) Decepcionado e 
prudente, o general retraíu-se: não figurou na demons­
tração armada da noite de 14, que deu a Travassos um 
destaque lastimavel. As 5 da tarde apresentou-se na 
Escola Militar da Praia Vermelha, onde, pouco depois, 
foi ter com ele Lauro Soclré. Gritava, que decidira salvar 
a república, e os alunos ainda uma vez cometeriam esse 
(1) Obras, XXXI, tom. I. 58 (rcfcTinclo-sc à denuncia que. às A da 
noite, lhe levára. o pai ele um elo~ caquando o modelo de desenvolvimento econômico 
começou a dar sinais de esgotamento. Além de problemas inerentes ao modelo, um fator externo 
foi fundamental para a crise. 
 
 
Esse fator foi: 
 
a) a guerra do Vietnã 
 
b) a Guerra Fria 
 
c) o choque do petróleo 
 
d) a invasão do Kuwait pelo Iraque 
 
e) a revolução islâmica no Irã 
 
 
 
03 - (FGV) 
 
“A anistia, portanto, não é apenas um reencontro de pessoas. É também uma luta onde 
trabalhadores, estudantes e intelectuais, profissionais liberais, bancários, comerciários e todos os 
que se movem hoje no Brasil, vão se encontrar para trocar suas idéias, para juntar suas forças. 
Anistia é união. Unir brasileiros já em um passo da luta contra a ditadura que desde 64 não busca 
outra coisa a não ser a separação, seja pela morte, seja pela cadeia, seja pelo exílio ou mesmo pela 
desconfiança, o medo e a delação.” 
 
(Fernando Gabeira, 1978) 
 
 
 
Sobre a anistia política brasileira pós~64, é incorreto afirmar que: 
 
a) A lei de anistia, de agosto de 1979, não respondeu efetivamente aos interesses dos familiares de 
desaparecidos políticos, na medida em que não instituiu a obrigação do Estado em reconhecer 
seus crimes e apurà-los; 
 
b) A lei de anistia, de agosto de 1979, possibilitou o retorno de muitos exilados e banidos politicos, 
entre estes o educador Paulo Freire, o ex-governador Leonel Brizola e o dirigente comunista Luis 
Carlos Prestes; 
c) As lutas pela anistia política reuniram diferentes grupos sociais em prol da reorganização da vida 
democrática no Brasil; 
 
 
d) Foi resultado apenas da vontade civil-militar da ditadura, que fez dela um marco do momento 
de abertura lenta e gradual proposta por Geisel; 
e) A lei de anistia, de agosto de 1979, excetuou de benefícios os que foram condenados por crimes 
de terrorismo, assalto, seqüestro e atentado pessoal". 
 
 
04 - (FGV) 
 
A respeito do quadro partidário brasileiro, é correto afirmar: 
 
a) Ao final de 1965, os partidos políticos existentes foram extintos pelo regime militar e, no ano 
seguinte, foi estabelecido o bipartidarismo com a formação da Arena e do MDB. 
 
b) PCB, PC do B, PSB e PDT foram legalizados em 1985, durante o governo de José Sarney. 
 
c) Em 1980, a formação do PDS, PMDB, PSDB, PT e PTB marcou o retorno do pluripartidarismo. 
 
d) O processo de fusão entre o PT e o PDT foi proibido pela legislação eleitoral da Ditadura Militar, 
receosa da criação de uma forte agremiação de esquerda. 
e) Com a implementação do pluripartidarismo, estabeleceu-se também a fidelidade partidária, o 
voto distrital e o financiamento público das campanhas partidárias. 
 
 
05 - (FUVEST SP) 
 
A vitória do Brasil na Copa do Mundo de 1970: 
 
a) Não teve qualquer repercussão no campo político, por se tratar de um acontecimento 
estritamente esportivo. 
 
b) Alentou o trabalho das oposições que deram destaque à capacidade do povo brasileiro de 
realizar grandes proezas. 
c) Propiciou uma operação de propaganda do governo Medici, tentando associar a conquista ao 
regime autoritário. 
d) Favoreceu o projeto de abertura do general Geisel, ao criar um clima de otimismo pelas 
realizações do governo. 
 
e) Alcançou repercussão muito limitada, pois os meios de comunicação não tinham a eficácia que 
têm hoje. 
 
 
06 - (FATEC SP) 
 
No dia 13 de dezembro de 1968, o governo brasileiro baixou o Ato Institucional nº 5 (AI – 5). Em 
fevereiro de 1969, surgiu o decreto-lei nº 477. O governo, com estas duas medidas jurídicas, 
pretendia: 
 
a) anistiar os envolvidos com a guerrilha do Araguaia e iniciar um período de distensão política. 
 
b) consolidar as reformas iniciadas pelo vice-presidente Pedro Aleixo, permitindo, 
respectivamente, o funcionamento dos partidos políticos e das entidades estudantis. 
c) institucionalizar a repressão, suspendendo as garantias constitucionais e individuais, e afastar 
das universidades brasileiras os elementos considerados subversivos. 
d) isolar os generais que defendiam um endurecimento do regime militar e preparar o país para a 
“abertura política” realizada pelo presidente Emílio Garrastazu Médici. 
 
e) acabar com a guerrilha do Bico do Papagaio (AI – 5) e impedir a votação da Lei de Anistia 
proposta pela Arena em agosto de 1968. 
 
 
07 - (PUC RJ) 
 
O período da história do Brasil iniciado pelo golpe de 1964 implantou no país um regime autoritário 
que: 
a) Escravizou os partidos políticos, favorecendo outras formas de organização social, como os 
sindicatos. 
b) Submeteu as punições políticas à apreciação do Poder Juduciário. 
 
c) Reforçou a autonomia dos Estados e valorizou o Poder Legislativo com a Constituição de 1967. 
 
d) Suspendeu, com a Al-5, várias garantias constitucionais, como o "habeas corpus" nos crimes 
contra a segurança nacional e as prerrogatigas da magistratura. 
 
e) Ampliou o sulfrágio eleitoral e liberou a criação de partidos políticos esvaziar os movimentos 
populares de oposição. 
 
 
08 - (PUC SP) 
 
O período militar brasileiro recente (1964-1985): 
 
 
a) Destacou-se pelo forte crescimento econômico nacional, associado à aplicação de vários 
projetos voltados à diminuição das diferenças sociais e à superação das barreiras entre as 
classes. 
 
b) Ocorreu simultaneamente à presença de ditaduras militares em outros países latino- 
americanos, como a Argentina, o Chile e o Uruguai, o que caracteriza uma fase militarista na 
história latino-americana. 
c) Caracterizou-se pela preservação da democracia, a despeito da disposição autoritária de alguns 
grupos militares, que desejavam suprimir direitos políticos de membros da oposição. 
 
d) Iniciou-se com o golpe militar que depôs o presidente João Goulart e encerrou-se com as 
eleições presidenciais diretas e a convocação da Assembléia Constituinte ao final do governo 
Médici. 
e) Contou com forte presença militar e política dos Estados Unidos, que utilizaram o território 
brasileiro como base para a instalação de mísseis anticubanos, dentro do cenário da Guerra Fria. 
 
 
09 - (UFLA MG) 
 
Os governos militares que integraram o período do Regime Militar no Brasil (1964-1985), foram 
caracterizados por ações distintas. Assim, o início do período que se convencionou chamar de “milagre 
econômico” e a consolidação da chamada “abertura política” se deram respectivamente nos governos 
a) Geisel e José Sarney. 
 
b) Médici e João Figueiredo. 
 
c) Castelo Branco e Junta Militar. 
 
d) Costa e Silva e Médici. 
 
e) João Figueiredo e Castelo Branco. 
 
 
 
10 - (UFPE) 
 
No governo do general Garrastazu Médici, um dos representantes dos governos militares no Brasil 
do século XX, pode-se registrar: 
 
 
a) uma maior abertura política, com surgimento de jornais oposicionistas e luta entre os partidos 
mais importantes.

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