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UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE 
 
 
 
 
 
 
 
GABRIELA STENGEL DE CARVALHO 
 
 
 
 
 
 
 
PLANEJAMENTO SUCESSÓRIO: VANTAGENS E DESVANTAGENS DA 
INSTITUIÇÃO DE UMA HOLDING FAMILIAR COMO INSTRUMENTO PARA UMA 
SUCESSÃO MAIS ECONÔMICA E DESBUROCRATIZADA 
 
 
São Paulo 
2023 
 
 
 
 
GABRIELA STENGEL DE CARVALHO 
 
 
 
 
 
 
PLANEJAMENTO SUCESSÓRIO: VANTAGENS E DESVANTAGENS DA 
INSTITUIÇÃO DE UMA HOLDING FAMILIAR COMO INSTRUMENTO PARA UMA 
SUCESSÃO MAIS ECONÔMICA E DESBUROCRATIZADA 
 
 
 
 
 
 
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como 
requisito para obtenção do título de Bacharel no Curso de 
Direito da Universidade Presbiteriana Mackenzie. 
 
 
 
 
 
 
ORIENTADORA: PROF. DRA. ANA CLÁUDIA SCALQUETTE 
 
 
São Paulo 
2023 
 
 
 
 
GABRIELA STENGEL DE CARVALHO 
 
 
 
 
PLANEJAMENTO SUCESSÓRIO: VANTAGENS E DESVANTAGENS DA 
INSTITUIÇÃO DE UMA HOLDING FAMILIAR COMO INSTRUMENTO PARA UMA 
SUCESSÃO MAIS ECONÔMICA E DESBUROCRATIZADA 
 
 
 
 
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como 
requisito para obtenção do título de Bacharel no Curso de 
Direito da Universidade Presbiteriana Mackenzie. 
 
 
 
 
 
Aprovada em: _________________________ 
 
BANCA EXAMINADORA 
__________________________________ 
Examinador(a): ______________________ 
 
__________________________________ 
Examinador(a): ______________________ 
 
__________________________________ 
Examinador(a): ______________________ 
 
3 
 
 
PLANEJAMENTO SUCESSÓRIO: VANTAGENS E DESVANTAGENS DA 
INSTITUIÇÃO DE UMA HOLDING FAMILIAR COMO INSTRUMENTO PARA 
UMA SUCESSÃO MAIS ECONÔMICA E DESBUROCRATIZADA 
 
Gabriela Stengel de Carvalho1 
RESUMO 
O presente artigo analisa as vantagens e desvantagens da constituição de uma sociedade 
empresária, denominada Holding Familiar, como ferramenta de planejamento sucessório, 
servindo como uma alternativa para realizar a “sucessão em vida” evitando conflitos familiares 
durante a partilha dos bens após o falecimento, economizando tempo e recursos que seriam 
gastos em processos judiciais e extrajudiciais de inventário. A pesquisa destaca que a utilização 
da Holding Familiar é viável e vantajosa sob a legislação brasileira, uma vez que proporciona 
economia fiscal e possibilita que a sucessão não precise passar pelo processo de inventário 
quando estruturada de maneira adequada, aliviando a carga para as famílias envolvidas na 
sucessão. 
 
Palavras-chave: Sucessão; Planejamento Sucessório; Holding; Patrimônio. 
ABSTRACT 
This article examines the advantages and disadvantages of succession planning through the 
establishment of a company, known as a Family Holding, as a succession planning instrument, 
serving as an alternative to carry out "succession during one's lifetime", avoiding family 
conflicts during the distribution of assets after the passing, and saving time and resources that 
would be spent on judicial and extrajudicial probate processes. The research highlights that the 
use of the Family Holding is both viable and advantageous under Brazilian legislation, since it 
provides tax savings and allows the succession to skip the inventory process when structured 
appropriately, relieving the burden on families involved in the succession. 
 
Keywords: Succession; Succession Planning; Holding; Assets. 
 
Sumário: Introdução. 1. Introdução à Holding Familiar. 1.1. Constituição e Integralização do 
Capital Social. 2. Planejamento Sucessório e Tributário na Constituição da Holding Familiar. 
2.1. Proteção Patrimonial Familiar. 2.2. A Incidência do Imposto de Transmissão Causa Mortis 
e Doação (ITCMD). 2.3. O Imposto de Transmissão de Bens Imóveis (ITBI). 2.4. A Tributação 
de Renda na Holding Familiar. 3. Vantagens e Limites Legais da Holding Familiar. 3.1. 
Diminuição de Conflitos e Eficiência Tributária. 3.2. Cláusulas Especiais. 3.3. Respeito à 
Legítima dos Herdeiros Necessários. 3.4. Desconsideração da Personalidade Jurídica. 
Considerações Finais. Referências. 
 
1Graduanda em Direito pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. 
4 
 
 
 
INTRODUÇÃO 
O artigo tem como objetivo explorar uma abordagem alternativa para o planejamento 
sucessório, destacando que não é estritamente necessário seguir o processo tradicional da 
sucessão. Além do uso do testamento, que é amplamente conhecido como uma ferramenta de 
planejamento sucessório, existem outras maneiras de planejar a sucessão que podem ser mais 
eficazes. Embora a morte seja inevitável, os avanços na área jurídica oferecem maneiras de 
reduzir a burocracia e os custos associados à sucessão. 
Este estudo apresenta um instrumento específico chamado de Holding Familiar, que é 
uma empresa de responsabilidade limitada usada como uma ferramenta de destaque no 
planejamento sucessório. Serão discutidas de forma clara e objetiva as possíveis vantagens e 
desvantagens desse dispositivo, que, embora seja relativamente novo na legislação brasileira, 
tem se mostrado um meio eficaz e vantajoso de planejar a sucessão. 
Esse tipo de planejamento representa uma estratégia vital, permitindo que o detentor do 
patrimônio, ainda em vida, estabeleça de forma consciente como seus bens serão distribuídos 
entre os herdeiros. Isso proporciona uma segurança considerável e evita a necessidade de passar 
por procedimentos dispendiosos de inventário, seja na esfera judicial ou extrajudicial. Além 
disso, em certos casos, o uso da Holding Familiar pode resultar em vantagens tributárias 
significativas, reduzindo as obrigações fiscais e as despesas relacionadas à transferência de 
bens. 
Uma outra vantagem notável está relacionada ao tempo necessário para concluir o 
planejamento sucessório. Comparado aos procedimentos envolvidos na transferência de 
propriedade de bens, a Holding Familiar frequentemente acelera esse processo, economizando 
um tempo significativo. Essa economia de tempo é especialmente relevante quando comparada 
ao prolongado processo de inventário, que pode ser atrasado por disputas entre herdeiros, 
avaliações de ativos e acordos sobre como dividir os custos processuais, emolumentos 
cartorários e honorários advocatícios, entre outros. 
No entanto, este estudo busca abordar uma questão crucial: se o planejamento sucessório 
por meio da criação de uma Holding Familiar é vantajoso em todas as circunstâncias ou se 
existem situações específicas em que essa estratégia pode não ser recomendada. Dessa forma, 
será apresentada uma análise detalhada sobre a viabilidade prática desse instituto, sua eficácia 
5 
 
 
na otimização do processo sucessório, benefícios fiscais e segurança jurídica para todas as 
partes envolvidas, assegurando a preservação integral de seus direitos. 
1 INTRODUÇÃO À HOLDING FAMILIAR 
Empresas familiares enfrentam desafios internos que podem afetar suas operações, 
especialmente quando familiares são também sócios. Uma abordagem eficaz para lidar com os 
conflitos familiares é criar uma sociedade holding, que tem se mostrado uma estratégia eficiente 
no planejamento de sucessões. Isso envolve a criação de uma empresa familiar durante a vida 
do patriarca. 
O termo "holding", derivado do inglês "to hold" (segurar), não se limita apenas a manter 
ativos, mas também implica em ter domínio sobre eles. De acordo com a legislação brasileira, 
uma holding é uma sociedade cujo objetivo principal é a participação em outras empresas, 
conforme definido no artigo 2º, § 3º, da Lei das Sociedades Anônimas (Brasil, 1976), que 
regulamenta as empresas holdings no Brasil. 
Nesse sentido, Roberta Nioac Prado (2011, p. 279) traz um conceito de holding, nos 
seguintes termos: 
 
A Holding, em sentido amplo, é um modelo de sociedade que possui uma participação 
em outras sociedades, como acionista ou quotista, tendo personalidade jurídica 
própria, cujo capital social,necessidade de preservar a integridade do sistema 
jurídico e assegurar a proteção dos credores contra abusos empresariais. 
A desconsideração da personalidade jurídica ocorre quando um sócio, de maneira 
indevida, esvazia o patrimônio da sociedade e o incorpora ao seu patrimônio pessoal. Nesses 
casos, é possível aplicar a desconsideração inversa da personalidade jurídica quando o 
esvaziamento e a ocultação de ativos ocorrem no sentido oposto, ou seja, quando ativos que 
originalmente pertenciam ao patrimônio do sócio são transferidos para o patrimônio da 
sociedade. 
Em relação à constituição de um grupo econômico, é fundamental que exista um 
interesse comum que integre as atividades das empresas e as leve a atuar de forma coordenada. 
A caracterização de um grupo econômico entre empresas é prevista no parágrafo 2º do artigo 
2º da CLT, que estabelece que "Sempre que uma ou mais empresas, tendo, embora, cada uma 
delas, personalidade jurídica própria, estiverem sob a direção, controle ou administração de 
outra, constituindo grupo industrial, comercial ou de qualquer outra atividade econômica, serão, 
para os efeitos da relação de emprego, solidariamente responsáveis a empresa principal e cada 
uma das subordinadas." 
31 
 
 
Portanto, ao aplicar a desconsideração da personalidade jurídica, o princípio da 
entidade, que estabelece que o patrimônio da empresa não se confunde com o patrimônio dos 
sócios, será flexibilizado para evitar abusos praticados pelos sócios por meio da pessoa jurídica, 
com a intenção de contornar as normas legais e prejudicar os direitos de terceiros. 
Nesse sentido, a doutrina acredita que a ferramenta mais eficaz para combater a desvio 
da legítima e fraudes aos direitos sucessórios dos herdeiros por meio do uso indevido e abusivo 
da pessoa jurídica é a aplicação da desconsideração da personalidade jurídica. Essa abordagem 
tem como finalidade anular atos simulados e fraudulentos, visando a restituição das porções da 
herança que foram indevidamente retidas dos herdeiros. 
CONSIDERAÇÕES FINAIS 
Considerando a alta carga tributária que incide sobre as atividades de pessoas e 
empresas, torna-se crucial adotar mecanismos legais que ofereçam opções mais vantajosas para 
reduzir os custos tributários relacionados às sucessões. Além disso, é importante buscar 
alternativas que permitam que as empresas prosperem e protejam o patrimônio para as futuras 
gerações, evitando conflitos familiares e garantindo a continuidade dos negócios. 
O processo de sucessão hereditária no Brasil é restritivo em termos de planejamento 
sucessório, envolvendo procedimentos caros, burocráticos e demorados. Muitas vezes, esses 
procedimentos não atendem às necessidades das famílias que passam por eles, não apenas 
devido aos encargos financeiros, mas também devido aos conflitos familiares que podem surgir. 
Lidar com a situação do patrimônio deixado pelo falecido em um momento tão delicado pode 
levar a disputas familiares, tornando o processo de luto ainda mais difícil e problemático para 
a família. 
Nesse contexto, tem surgido a ideia de distribuir os bens familiares ainda em vida como 
uma alternativa para reduzir o ônus financeiro e burocrático resultante das normas civis. Uma 
dessas alternativas é a criação de uma empresa holding familiar patrimonial, cujo objetivo é 
administrar, preservar e organizar os bens de uma família. Isso torna possível transferir o 
patrimônio enquanto os membros da família ainda estão vivos, potencialmente eliminando a 
necessidade de inventário e reduzindo a carga tributária. 
A holding familiar é uma sociedade criada para atender às necessidades de uma família 
específica e pode ser usada como parte do planejamento patrimonial e sucessório. Nesse 
cenário, a família interessada cria uma holding familiar patrimonial e transfere o patrimônio 
32 
 
 
que seria objeto de sucessão por meio da integralização do capital social, distribuindo-o aos 
sucessores por meio de doação de quotas. 
Esse modelo demonstra ser vantajoso em relação a outras formas de planejamento, uma 
vez que a transferência do patrimônio de uma pessoa física para uma pessoa jurídica pode 
resultar em economia tributária significativa. Além disso, as quotas doadas podem incluir uma 
cláusula de reserva de usufruto vitalício, permitindo que o doador mantenha o controle do 
patrimônio até sua morte, concedendo aos futuros herdeiros apenas a propriedade das quotas. 
Quando o usufruto chega ao fim após a morte do doador, basta fazer uma alteração no registro 
da sociedade, e os herdeiros se tornam proprietários legítimos das quotas, dispensando a 
necessidade de um inventário, uma vez que o falecido não deixou bens a serem inventariados. 
Em resumo, a holding familiar se mostra um meio eficaz de planejamento sucessório, 
oferecendo vantagens tanto no processo sucessório quanto em termos de economia tributária. 
Embora o planejamento tributário seja um aspecto importante, não deve ser o único foco do 
planejamento sucessório. Além disso, um planejamento mal elaborado ou mal executado pode 
resultar em desvantagens, litígios entre herdeiros e aumentar desnecessariamente os custos com 
impostos. No entanto, a análise tributária também pode fornecer segurança jurídica aos 
envolvidos, protegendo os herdeiros de aumentos nas alíquotas de impostos de transmissão 
causa mortis e doação ou da criação de novos impostos que possam afetar o patrimônio. 
Portanto, o custo tributário da criação da holding deve ser avaliado considerando todas as 
vantagens relacionadas ao planejamento sucessório. 
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33 
 
 
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TEIXEIRA, João Alberto Borges. Holding Familiar: tipo societário e seu regime tributário. 
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Disponível em: http://bdjur.stj.jus.br/dspace/handle/2011/82797. Acesso em: 5 out. 2023. 
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TOIGO, Daiille Costa. Planejamento Sucessório Empresarial: proteção patrimonial nacional 
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VENOSA, Silvio de Salvo. Direito Civil: direito das sucessões - vol. 7. 16 ed. São Paulo: Atlas, 
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Conference of the International Council for Small Business, Naples, v. 44, 1999. 
https://v3.camscanner.com/user/downloadem todo ou em parte, é constituído e integralizado com 
participações societárias de outras pessoas físicas ou jurídicas. 
 
A doutrina classifica esta sociedade em duas categorias distintas: a empresa holding 
pura, criada unicamente com o propósito de se envolver em outra empresa, e a empresa holding 
mista, que não apenas investe em outras empresas, mas também se envolve em atividades 
adicionais, como operações comerciais e prestação de serviços (Hungaro, 2009). 
Segundo Teixeira (2007, p. 1), a holding é pura: 
 
(...) quando de seu objetivo social conste somente a participação no capital de outras 
sociedades, isto é, uma empresa que, tendo como atividade única manter ações de 
outras companhias, as controla sem distinção de local, podendo transferir sua sede 
social com grande facilidade. 
 
6 
 
 
Em contrapartida, a holding é mista: 
 
(...) quando, além da participação, ela exerce a exploração de alguma atividade 
empresarial. Na visão brasileira, por questões fiscais e administrativas, esse tipo do 
holding é a mais usada, prestando serviços civis ou eventualmente comerciais, mas 
nunca industriais. Diante dessa afirmação é necessário, como veremos adiante, 
estabelecer se a holding deverá ser uma Sociedade Simples Limitada ou simplesmente 
uma Limitada, porém só excepcionalmente uma Sociedade Anônima. (Teixeira, 2007, 
p. 1). 
 
Porém, é crucial destacar que, dentro dessas duas categorias principais, a sociedade pode 
se ramificar em várias outras formas, dependendo do propósito para o qual foi estabelecida. 
Dessa forma, Mamede (2019, p. 30) menciona várias categorias, incluindo a holding pura, a 
holding de controle, a holding de participação, a holding de administração, a holding 
patrimonial e a holding imobiliária. Entre essas, é relevante enfocar especialmente a holding 
patrimonial, que tem como objetivo ser a proprietária e gestora de um determinado conjunto de 
ativos, veja-se: 
 
Embora o artigo 2 o , § 3 o , da Lei 6.404/76, nada fale a respeito, é possível também 
que se constitua uma sociedade com o objetivo de ser a proprietária (a titular) de um 
determinado patrimônio, entre bens imóveis, bens móveis, propriedade imaterial 
(patentes, marcas etc.), aplicações financeiras, direitos e créditos diversos. Desse 
patrimônio podem constar, inclusive, quotas e ações de outras sociedades. (Mamede, 
2019, p. 30). 
 
Portanto, podemos compreender que, no sentido amplo, a função principal de uma 
holding é gerir os ativos da empresa que controla e, muitas vezes, deter o controle acionário de 
outras empresas. Porém, além disso, uma holding pode ser uma empresa individual, não 
participando de outras empresas, mas focada apenas em controlar o patrimônio dos sócios. Isso 
é feito visando à segurança patrimonial, organização dos recursos, administração dos bens, 
aproveitamento de benefícios fiscais e planejamento da sucessão hereditária (Mamede; 
Mamede, 2017). 
Assim, a utilização da holding é abrangente, uma vez que pode ser empregada não 
apenas para controlar outras empresas, mas também para administrar um patrimônio 
diversificado, exercendo controle sobre todos esses ativos. 
Nesse sentido, ensinam Fabio Pereira da Silva e Alexandre Alves Rossi (2015, p. 16): 
7 
 
 
 
Quando se fala em grandes corporações, a holding tem um papel primordial na 
consolidação do poderio económico do grupo empresarial por meio do exercício de 
controle centralizando. Possibilitando que a gestão estratégica do conglomerado seja 
unificada. Por sua vez, na holding familiar, embora esses objetivos não sejam 
descartados, a intenção se fundamenta para garantir a manutenção do património 
conquistado por seus membros, incluindo o sucesso de eventuais empresas 
pertencentes à família perpassando a geração atual. 
 
Desta forma, existe a possibilidade de criar uma holding familiar, que não possui uma 
classificação distinta, mas é mencionada na literatura como uma adaptação de outras categorias. 
Essa modalidade é estabelecida para atender às necessidades de um grupo familiar e pode, 
portanto, assumir qualquer uma das formas já mencionadas, desde que satisfaça as exigências 
da família que a criou (Mamede, 2019). 
Portanto, compreende-se que a holding familiar, quando utilizada para fins de 
planejamento sucessório, é essencialmente uma variação da holding patrimonial, não sendo 
uma categoria independente, mas sim uma aplicação específica de uma das modalidades 
mencionadas. 
1.1 CONSTITUIÇÃO E INTEGRALIZAÇÃO DO CAPITAL SOCIAL 
Inicialmente, a criação de uma holding ocorre por meio da elaboração de um estatuto 
ou contrato social, dependendo do formato societário escolhido (Mamede, 2019). 
Nesse contexto, é fundamental compreender que ao estabelecer uma holding, está-se 
formando uma entidade empresarial, e, portanto, o primeiro passo é determinar sua natureza, 
que pode ser empresarial ou simples. A partir desse ponto, a decisão sobre o tipo societário 
deve ser tomada, o que terá impacto na responsabilidade dos sócios. Assim, a formação da 
holding é delineada pela escolha da natureza e do tipo societário, devendo seguir os 
procedimentos específicos exigidos por cada um deles. 
A respeito da natureza da sociedade, Mamede (2019, p. 126) afirma: 
 
De abertura, a diferença está no registro: sociedades simples são registradas nos 
Cartórios de Registro Público de Pessoas Jurídicas; sociedades empresárias, por seu 
turno, nas Juntas Comerciais. A distinção não é singela, considerando que as Juntas 
Comerciais têm um controle mais rígido sobre os atos empresariais, atos societários e 
afins. A interferência dos Registradores é, habitualmente, bem menor, assim como seu 
8 
 
 
poder de intervenção, ao contrário do que se passa com as Juntas, que têm órgãos 
deliberativos com poder para julgamento, ainda que contra eles se possa recorrer ao 
Judiciário. Os registradores têm o poder de suscitar dúvidas junto ao Poder Judiciário. 
Aqui, também, há uma outra distinção importante: muitas das discussões sobre os atos 
da Junta Comercial deverão ser submetidas à Justiça Federal, já que desempenham 
função federal delegada. Em oposição, os atos registrais civis são discutidos na Justiça 
Estadual. 
 
Nesse contexto, Prado (2011) esclarece que "a holding pode ser estabelecida sob 
qualquer formato societário, uma vez que se trata de uma característica da empresa e não se 
limita a um tipo societário específico". Prado (2018) ainda explica que "a criação de uma 
holding de controle da empresa operacional pode auxiliar na solução de questões relacionadas 
à gestão e ao controle". Portanto, função principal da holding é assegurar a perpetuação do 
patrimônio familiar investido na empresa, promovendo uma gestão eficaz e eliminando 
atividades operacionais que possam causar prejuízos financeiros aos sócios. 
Além disso, é fundamental abordar a questão da integralização do capital social. 
Conforme Mamede (2019, p. 135) explica, "o capital social é o montante de investimento feito 
pelos sócios na empresa, ou seja, o valor destinado para a realização de seu objeto social". Esse 
valor deve ser estabelecido no ato de constituição da empresa e não é obrigatório que seja em 
dinheiro; os sócios podem optar por contribuir com bens. O importante é que o valor seja 
expresso em moeda corrente. No entanto, nas sociedades simples, é possível integralizar o 
capital social por meio da prestação de serviços. 
O referido autor ainda sustenta que: 
 
É de se destacar que a transferência de bens para a sociedade, a título de integralização 
do capital social, pode fazer-se tanto pelo valor de mercado, também chamado de 
valor venal (o valor pelo qual efetivamente pode ser vendido), quanto por seu valor 
escritural, vale dizer, pelo valor que está escriturado na declaração de bens da pessoa 
ou, em se tratando de empresário ou pessoa jurídica, pelo valor que consta de seus 
registros contábeis(Mamede, 2019, p. 140). 
 
Dessa forma, a holding patrimonial, em primeiro lugar, consiste principalmente em 
ativos que serão transferidos para compor o capital social. Nesse contexto, o fundador da 
holding é responsável por essa transferência, convertendo seus próprios bens em parte do capital 
da empresa. 
9 
 
 
2 PLANEJAMENTO SUCESSÓRIO E TRIBUTÁRIO NA CONSTITUIÇÃO DA 
HOLDING FAMILIAR 
É comum evitar a contemplação da eventualidade do falecimento de um ente querido e, 
consequentemente, adiar a reflexão sobre a distribuição dos bens após o óbito. Além do aspecto 
emocional e da angústia que essas reflexões podem causar, surgem frequentemente questões 
relativas à partilha dos bens, que por vezes geram conflitos entre os membros da família. 
Para evitar tais desconfortos, a abordagem mais recomendável é a realização de um 
planejamento sucessório e tributário em vida, que pode ser realizado através da instituição de 
uma holding familiar, tendo como objetivo garantir a preservação e a continuidade da estrutura 
organizacional, ao mesmo tempo em que antecipa como os bens que serão transferidos aos 
herdeiros. Essa estratégia também visa minimizar os altos encargos fiscais relacionados à 
herança e ao inventário. 
Segundo Oliveira (1999, p. 32), no Brasil, a criação de holdings tem aumentado 
consideravelmente. Uma das vantagens desse tipo de sociedade reside na facilidade que 
proporciona para a sucessão empresarial, permitindo a consolidação de todos os ativos da 
pessoa física no patrimônio dessa empresa, o que, por sua vez, possibilita a transferência de 
quotas ou ações para os herdeiros, enquanto o indivíduo mantém o usufruto, ou seja, a 
capacidade de administrar seus bens. Isso destaca a importância de um planejamento fiscal e 
tributário adequado ao utilizar essa ferramenta. 
Em suma, o planejamento sucessório é a estratégia que busca definir a maneira mais 
adequada e organizada de distribuir os bens durante a vida e organizar a sucessão patrimonial, 
o que equivale a um "inventário em vida". A herança representa o conjunto indivisível de ativos 
transferidos para os sucessores por meio do espólio após o falecimento. Neste sentido, destaca-
se a avaliação sobre o planejamento sucessório trazida por Mamede (2018, p. 111): 
 
Não se pode deixar de considerar o custo elevado da ausência de um plano sucessório 
e, mesmo, da preparação de pessoas para que venham eventualmente a ocupar a 
administração societária a bem da proteção dos interesses familiares. 
 
Através de uma estratégia de sucessão cuidadosamente elaborada, é viável destinar uma 
parte dos bens até mesmo a herdeiros que não estão previstos na legislação, incluindo pessoas 
que não fazem parte da descendência legítima, como também regulamentando a situação dos 
10 
 
 
bens do cônjuge, sendo tal possibilidade examinada mais adiante. Por sua vez, o adequado 
planejamento financeiro pode acarretar na prevenção de potenciais controvérsias e litígios 
relacionados à herança, promover um ambiente familiar harmonioso, assegurar a rápida 
disponibilização e destinação dos recursos do espólio, garantir a continuidade das operações da 
empresa, obter benefícios fiscais não apenas durante o processo de partilha dos bens, mas 
também para a sustentabilidade do negócio. 
Dessa forma, ao realizar o planejamento sucessório familiar com o auxílio de uma 
holding, é possível acessar vantagens tributárias significativas, contribuindo para uma melhor 
proteção do patrimônio e a potencial redução da carga fiscal. 
Neste sentido, acerca da definição do planejamento tributário, disciplina James Marins 
(2002, p. 33): 
 
(...) denomina-se planejamento fiscal ou tributário latu sensu a análise do conjunto de 
atividades atuais ou dos projetos de atividades econômico-financeiras do contribuinte 
(pessoa física ou jurídica), em relação ao seu conjunto de obrigações fiscais com o 
escopo de organizar suas finanças, seus bens, negócios, rendas e demais atividades 
com repercussões tributárias, de modo que venham a sofrer o menor ônus fiscal 
possível. 
 
Porém, de acordo com a perspectiva dos autores Gladston e Eduarda Mamede (2017, p. 
105), a fim de alcançar benefícios fiscais, o planejamento tributário precisa estar em harmonia 
com a situação específica da família que está estabelecendo a holding: 
 
É preciso compreender a realidade vivida pela empresa e seus sócios (família) para 
aferir se a constituição de uma holding é uma vantagem. Em muitos casos, 
simplesmente não é. (...) A holding pode se tornar um polo para a consolidação de 
posturas uniformes, definidas em conformidade com as melhores práticas tributárias, 
não só visando a economia no recolhimento de impostos, taxas e contribuições, mas 
também evitando a verificação de erros e os respectivos prejuízos que podem causar 
ao caixa. 
 
Nesse contexto, é relevante salientar alguns dos principais mecanismos disponíveis na 
estrutura da holding que têm o potencial de reduzir a carga tributária. No entanto, é crucial 
sempre levar em consideração os requisitos essenciais para que essas vantagens sejam 
efetivamente obtidas, avaliando cuidadosamente as características da família e da própria 
holding a fim de identificar as melhores estratégias a serem adotadas. 
11 
 
 
Para a autora Daiille Costa Toigo (2016, p. 93): 
 
O escopo do planejamento sucessório é estruturar o patrimônio familiar apenas para 
evitar disputas futuras, promover a perpetuação, mas também para protegê-lo e 
garantir melhor inteligência fiscal e consequentemente economia tributária. A análise 
é casuística, pois cada família tem uma estrutura única e ativos e, próprios, desde 
imóveis até produtos financeiros, embarcações. 
 
Portanto, conclui-se que não existe uma abordagem de planejamento sucessório 
universal que seja adequada para todas as situações. Pelo contrário, o planejamento sucessório 
deve ser desenvolvido com base na realidade específica e no patrimônio que se pretende 
resguardar. Isso requer uma análise detalhada realizada por um profissional do direito, que 
avaliará se é necessário implementar o planejamento sucessório, levando em consideração a 
natureza dos ativos da família. 
2.1 PROTEÇÃO PATRIMONIAL FAMILIAR 
A holding representa uma estratégia fundamental para a preservação do patrimônio, 
garantindo a continuidade do negócio, mesmo na ausência do administrador principal. De 
acordo com Loeblein (2017), a holding oferece inúmeros benefícios para seus detentores, uma 
vez que sua estrutura é altamente adaptável e pode ser vista como uma extensão da própria 
estrutura familiar. 
O planejamento sucessório desempenha um papel fundamental em empresas familiares, 
conforme destacado por Gallotti e Mendonça (2017), uma vez que, conforme os autores, apenas 
30% dessas empresas conseguem realizar efetivamente a transição para a segunda geração. A 
falta de preparo dos sucessores pode levar à dissipação do patrimônio, o que pode ser evitado 
com um planejamento que leve em consideração não apenas as necessidades do negócio, mas 
também o desenvolvimento e o envolvimento dos futuros gestores da empresa. É crucial definir 
claramente o papel do sucessor e estabelecer uma estrutura que faça sentido para a continuidade 
do negócio, incluindo a presença de um administrador competente para orientar a empresa. 
Vale ressaltar que o planejamento sucessório atua como uma salvaguarda para o 
patrimônio da empresa, permitindo a seleção cuidadosa dos sucessores encarregados de liderar 
a empresa após o falecimento ou afastamento do fundador. Isso evita incertezas e desafios que 
podem surgir durante a transição (Madaleno, 2014). 
12 
 
 
Segundo os autores Weinstein (1999), Ward (1987) e Venter, Bosholff e Maas (2005), 
a preparação do sucessor é uma das características mais cruciais associadas à sobrevivência da 
empresa na próxima geração. A holding familiar permite que os membrosda família 
proprietária tenham um papel ativo na gestão e no controle das diferentes empresas e ativos do 
grupo, enquanto também facilita a transferência gradual de responsabilidades para a próxima 
geração. É neste ponto que a preparação do sucessor se destaca como essencial. 
Além disso, a seleção do sucessor deve ser criteriosa, levando em consideração não 
apenas o parentesco, mas também a competência e a aptidão para liderar a empresa. Dessa 
forma, a holding familiar oferece uma estrutura que permite a avaliação e a preparação 
adequada dos candidatos à sucessão. 
Neste sentido, conforme observado por Vidigal (1996), é bastante comum surgirem 
desentendimentos familiares durante a transição de gerações em uma empresa. Isso ocorre, 
principalmente, devido à ausência de um planejamento adequado por parte do fundador da 
empresa, que frequentemente continua a liderar a empresa até uma idade avançada, não dando 
aos seus sucessores a oportunidade de assumirem o comando. 
Portanto, ao empregar a holding familiar como uma estratégia no planejamento 
patrimonial, é possível estabelecer diretrizes para a gestão das empresas, identificando os 
herdeiros mais qualificados para assumir responsabilidades administrativas de forma 
profissional. O fundador da empresa pode fazer essa divisão de ativos em vida, retendo o 
controle sobre o patrimônio até o momento de seu falecimento, decidindo quem irá gerenciar a 
empresa e seus bens quando não estiver mais presente. 
Dessa forma, a holding patrimonial assegura a preservação do patrimônio que será 
transferido, uma vez que o fundador transfere seus ativos para a empresa como parte da 
integralização do capital social, permitindo a mitigação das complicações associadas ao seu 
falecimento, evitando conflitos entre herdeiros e simplificando o processo de sucessão, que 
muitas vezes é complexo em razão das disposições trazidas pelo Código Civil (Mamede, 2019). 
O que ocorre é que a propriedade dos bens muda de mãos, ou seja, de pessoas físicas 
passa para uma única pessoa jurídica, que passa a usufruir de todos os benefícios e obrigações 
relacionados a essa posição. Assim, a sucessão hereditária ocorre nas quotas e ações da 
sociedade, como mencionado por Gladston Mamede (2019, p. 118): "a sucessão hereditária 
ocorre não nos ativos ou na empresa em si ou nas participações sociais nas empresas 
operacionais, mas nas participações sociais na holding”. 
Segundo Daille Costa Toigo (2016, p. 103): 
13 
 
 
 
Em outras palavras, com a constituição dessas holdings, em vez de os familiares serem 
proprietários de cada bem individualmente considerado, eles serão sócios dessa 
sociedade, e esta, por sua vez, será a real proprietária de todos os bens. E o contrato 
social, ou estatuto, estabelecerá as regras e métodos para a administração de todo o 
patrimônio alocado na holding e, por consequência evitará dissabores e conflitos entre 
os entes familiares, e como forma de planejamento sucessório mostra-se 
extremamente eficaz para fazer a transição entre gerações. 
 
Assim, quando o patriarca fizer a integralização do capital social, ele estará realizando 
a doação das quotas aos seus herdeiros, de acordo com suas preferências, mas respeitando 
sempre as disposições do direito sucessório. Essa doação pode ser realizada com certas 
restrições, ou seja, por meio de cláusulas contratuais específicas. O objetivo dessas cláusulas é 
proteger o beneficiário potencial em relação à gestão e ao uso de seus bens enquanto o doador 
estiver vivo, como destacado por Moretta (2019). 
Em relação ao direito de usufruto, Gladston Mamede (2019, p. 119) ensina: 
 
Alternativamente, há o recurso ao usufruto: transfere-se aos herdeiros apenas a nua 
propriedade dos títulos societários (quotas ou ações), mantendo o(s) genitor(es) a 
condição de usufrutuários, ou seja, podendo exercer os direitos relativos àqueles 
títulos e, dessa maneira, podendo manter a administração da holding e, com ela, o 
controle das sociedades operacionais e demais investimentos da família. 
 
Adicionalmente, conforme será exposto mais adiante, é possível também empregar 
cláusulas restritivas, tais como as de incomunicabilidade, inalienabilidade e impenhorabilidade, 
conforme mencionado por Cristiana Sanchez Gomes Ferreira e Carolina Fagundes Leitão 
(2016, p. 17): 
 
O doador das quotas ou ações pode, inclusive, gravar os títulos, como já se viu, com 
a cláusula de inalienabilidade, nos termos do art. 1.911 do CC49, que, por sua vez, 
implica em impenhorabilidade e incomunicabilidade – mas, obrigatoriamente, 
fundamentando este ato, caso seja realizado através de testamento, consoante dispõe 
o art. 1.848 do CC. 
 
Tatiana Moretta (2019) observa que, uma vez que a doação das quotas é efetuada com 
a reserva do direito de usufruto, no momento do falecimento do doador, basta apresentar a 
14 
 
 
certidão de óbito à junta comercial competente para eliminar a condição de usufruto. Como 
resultado, os herdeiros adquirem plenos direitos de propriedade sobre suas quotas, tornando 
desnecessário o processo de inventário. 
Dessa forma, a utilização de uma holding no planejamento sucessório não apenas 
simplifica a distribuição dos ativos, mas também permite que o detentor do patrimônio a ser 
transmitido mantenha o controle sobre esses ativos. Isso pode ser alcançado por meio de 
cláusulas contratuais e dispositivos jurídicos que acomodem essa intenção, ou permitindo que 
os herdeiros administrem individualmente suas respectivas partes. 
2.2 A INCIDÊCIA DO IMPOSTO DE TRANSMISSÃO CAUSA MORTIS E DOAÇÃO 
(ITCMD) 
Como mencionado no contexto do planejamento sucessório envolvendo uma holding 
familiar, após a integralização do capital social da holding, um dos primeiros passos consiste 
na doação das quotas sociais pelo patriarca aos herdeiros, com a manutenção do direito de 
usufruto vitalício em seu favor. Nesse cenário, ocorre o evento que desencadeia a incidência do 
Imposto de Transmissão Causa Mortis e Doação (ITCMD). Esse imposto, de responsabilidade 
dos estados, encontra sua base na Constituição Federal de 1988, conforme disposto no artigo 
155, da seguinte maneira: 
 
Art. 155. Compete aos Estados e ao Distrito Federal instituir impostos sobre: 
I - transmissão causa mortis e doação, de quaisquer bens ou direitos; 
§ 1º O imposto previsto no inciso I: 
I - relativamente a bens imóveis e respectivos direitos, compete ao Estado da situação 
do bem, ou ao Distrito Federal 
II - relativamente a bens móveis, títulos e créditos, compete ao Estado onde se 
processar o inventário ou arrolamento, ou tiver domicílio o doador, ou ao Distrito 
Federal (Brasil, 1988). 
 
Ademais, também encontra previsão nos arts. 35 a 42 do Código Tributário Nacional, 
nos termos: 
 
Art. 35. O imposto, de competência dos Estados, sobre a transmissão de bens imóveis 
e de direitos a eles relativos tem como fato gerador: 
I - a transmissão, a qualquer título, da propriedade ou do domínio útil de bens imóveis 
por natureza ou por acessão física, como definidos na lei civil; 
15 
 
 
II - a transmissão, a qualquer título, de direitos reais sobre imóveis, ex-ceto os direitos 
reais de garantia; 
III - a cessão de direitos relativos às transmissões referidas nos incisos I e II. 
Parágrafo único. Nas transmissões causa mortis, ocorrem tantos fatos geradores 
distintos quantos sejam os herdeiros ou legatários (Brasil, 1966). 
 
Quando se trata de questões de sucessão por óbito, a abertura do processo sucessório e, 
consequentemente, a origem do fato gerador do ITCMD se materializam de forma automática 
no momento do falecimento de uma pessoa natural. Essa disposição encontra fundamento no 
artigo 1.784 do Código Civil, que estabelece: "Aberta a sucessão, a herança transmite-se, desde 
logo, aos herdeiros legítimos e testamentários" (Brasil, 2002). 
Quanto à base de cálculo desse imposto,o artigo 38 do Código Tributário Nacional 
estipula que: "Art. 38. A base de cálculo do imposto é o valor venal dos bens ou direitos 
transmitidos" (BRASIL, 1966). Por outro lado, a alíquota aplicável é definida pelo Senado 
Federal, conforme previsto no artigo 155, IV da Constituição Federal. Atualmente, essa alíquota 
máxima está estabelecida em 8% de acordo com a Resolução nº 9 do Senado Federal. Em outras 
palavras, nenhum ente federativo pode estabelecer uma alíquota superior a 8% ao criar e aplicar 
o ITCMD. Vale ressaltar que as alíquotas podem variar de um estado para outro, desde que 
estejam dentro do limite máximo de 8% (Barreto, 2016). 
Nesse contexto, é importante notar que o ITCMD é devido quando ocorre a doação das 
quotas pelo patriarca aos herdeiros. Portanto, a primeira conclusão que podemos tirar desse 
cenário é que a utilização da holding familiar como parte do planejamento sucessório não tem 
o poder de eliminar a carga tributária. Assim, a afirmação de que a holding é uma maneira de 
"evitar" a tributação do patrimônio é imprecisa. 
No que diz respeito ao pagamento do imposto em questão na doação de quotas, é 
importante mencionar que a legislação varia de acordo com cada Estado. Por exemplo, no 
Estado de São Paulo, a tributação do ITCMD é regulamentada pela Lei nº 10.705/2000, que 
estabelece uma alíquota de 4%, conforme o artigo 16 da referida lei. Além disso, em São Paulo, 
é possível efetuar o pagamento do ITCMD de forma fracionada, sendo 2/3 no momento da 
doação e 1/3 na extinção do usufruto, que ocorre com a morte do usufrutuário (Viscardi, 2013). 
Essa possibilidade de pagamento fracionado pode ser especialmente vantajosa para uma 
holding familiar, especialmente quando o patrimônio em questão é de alto valor. 
Dessa forma, tendo em vista que a base de cálculo do ITCMD na doação das quotas 
pode variar dependendo da legislação estadual, quando as quotas são doadas em vida, algumas 
16 
 
 
legislações permitem que o cálculo do ITCMD seja baseado no valor patrimonial das quotas, 
em vez do valor de mercado das participações. Isso pode resultar em uma economia tributária 
significativa para a família, uma vez que o cálculo do imposto é feito com base no valor no 
momento da transferência, que é menor do que o valor de mercado no futuro. Diferentemente, 
no caso de sucessão após a morte (causa mortis), em que o ITCMD é frequentemente calculado 
com base no valor venal ou de mercado dos bens e direitos recebidos pelos herdeiros. Nesse 
caso, após a morte, os bens são avaliados pelo seu valor de mercado atual, que pode ser 
significativamente maior do que o valor de aquisição original. Como resultado, o valor do 
ITCMD a ser pago pode ser substancial. (Mendes, 2015). 
Em outras palavras, em situações específicas, o simples fato de haver uma discrepância 
entre o custo original de compra de um bem e o montante total do ITCMD pode resultar em 
economia significativa de impostos. No entanto, é fundamental analisar cuidadosamente se o 
custo de aquisição do bem é realmente menor do que seu valor de mercado antes de tomar 
qualquer decisão. 
Nesse contexto, os autores Gladston e Eduarda Mamede (2017, p. 103) destacam a 
relação entre o ITCMD e a holding, fazendo uma comparação com o processo de inventário: 
 
No Brasil, essa transferência, entre vivos (intervivos) ou causada pela morte (causa 
mortis), é tributada. A bem da precisão, não há distinção nos encargos tributários entre 
a doação em vida e a transferência dos mesmos bens em função da morte, haja ou não 
um testamento. Essa tributação é de 4% sobre o valor dos bens transferidos. No 
entanto, há vantagens laterais que não podem ser desconsideradas. De abertura, a 
simplicidade do procedimento de doação, que consome infinitamente menos tempo 
do que o processo de inventário, ainda que haja testamento e consenso entre os 
herdeiros. 
 
2.3 O IMPOSTO DE TRANSMISSÃO DE BENS IMÓVEIS (ITBI) 
Além da questão relacionada ao Imposto de Transmissão Causa Mortis e Doação 
(ITCMD), é importante mencionar que a holding familiar também pode ter um tratamento 
específico quando se trata do Imposto de Transmissão de Bens Imóveis (ITBI). Este imposto é 
de competência municipal para sua instituição e incide sobre a transmissão de bens imóveis 
mediante atos onerosos intervivos, ou seja, em vida, como previsto no artigo 156 da 
Constituição Federal de 1988. 
17 
 
 
No entanto, é fundamental destacar que o ITBI e o ITCMD têm suas particularidades. 
Enquanto o ITCMD se relaciona com a transmissão de bens por herança ou doação, o ITBI 
incide sobre a transmissão de bens imóveis que envolvem contraprestação financeira entre as 
partes. Portanto, mesmo que ambos os impostos estejam previstos no Código Tributário 
Nacional e na Constituição, eles se aplicam a situações diferentes e possuem regras distintas 
em relação à sua incidência e cálculo: 
 
Art. 156. Compete aos Municípios instituir impostos sobre: 
II - transmissão "intervivos", a qualquer título, por ato oneroso, de bens imóveis, por 
natureza ou acessão física, e de direitos reais sobre imóveis, exceto os de garantia, 
bem como cessão de direitos a sua aquisição; 
§ 2º O imposto previsto no inciso II: 
II - compete ao Município da situação do bem (Brasil, 1988). 
 
De acordo com esse dispositivo legal, a competência para a instituição do ITBI é 
atribuída aos municípios onde os bens imóveis estão localizados. Portanto, as regras e 
regulamentos relacionados a esse imposto devem ser estabelecidos por leis municipais 
específicas. (Barreto, 2016). 
Além disso, é importante ressaltar alguns pontos relevantes sobre a incidência do ITBI 
no contexto das holdings, especialmente examinando as disposições que tratam das hipóteses 
de não incidência. No caso de uma holding patrimonial ou imobiliária cujo capital social tenha 
sido integralizado com bens imóveis, existe a possibilidade de não incidência desse imposto, 
conforme estabelecido no artigo 36 do Código Tributário Nacional (CTN): 
 
Art. 36. Ressalvado o disposto no artigo seguinte, o imposto não incide sobre a 
transmissão dos bens ou direitos referidos no artigo anterior: 
I - quando efetuada para sua incorporação ao patrimônio de pessoa jurídica em 
pagamento de capital nela subscrito (Brasil, 1966); 
 
Entretanto, é fundamental observar que a integralização do capital social da holding com 
imóveis nem sempre resulta na isenção tributária. Nesse sentido, é necessário considerar as 
disposições do artigo 37 do CTN e do artigo 156, §2º, inciso I, da Constituição Federal de 1988 
(CF/88): 
 
18 
 
 
Art. 37. O disposto no artigo anterior não se aplica quando a pessoa jurídica adquirente 
tenha como atividade preponderante a venda ou locação de propriedade imobiliária 
ou a cessão de direitos relativos à sua aquisição. 
§ 1º Considera-se caracterizada a atividade preponderante referida neste artigo quando 
mais de 50% (cinqüenta por cento) da receita operacional da pessoa jurídica 
adquirente, nos 2 (dois) anos anteriores e nos 2 (dois) anos subseqüentes à aquisição, 
decorrer de transações mencionadas neste artigo. 
§ 2º O imposto previsto no inciso II: 
I - não incide sobre a transmissão de bens ou direitos incorporados ao patrimônio de 
pessoa jurídica em realização de capital, nem sobre a transmissão de bens ou direitos 
decorrente de fusão, incorporação, cisão ou extinção de pessoa jurídica, salvo se, 
nesses casos, a atividade preponderante do adquirente for a compra e venda desses 
bens ou direitos, locação de bens imóveis ou arrendamento mercantil (Brasil, 1966); 
 
Analisando a norma constitucional mencionada, a transferência dos imóveis do patriarca 
para a constituição da holding familiar, como parte da integralização do capital social, só estará 
sujeita à incidência do ITBI quando a atividade principal da sociedade for relacionada à locação 
e venda desses imóveis,o que pode ser chamado de "atividade imobiliária". Não haverá a 
incidência do ITBI, por exemplo, quando a atividade principal da sociedade for apenas a 
administração desses bens. 
De acordo com essas disposições, em situação normal, o ITBI não será aplicado à 
integralização do capital social da holding. No entanto, para confirmar essa condição, a holding 
deve comprovar que sua atividade principal não está relacionada com a obtenção de receitas 
provenientes de aluguéis ou vendas de imóveis. O parágrafo 1º do artigo 37 do CTN estabelece 
que uma atividade é considerada predominante se a receita gerada por transações envolvendo 
aluguel e venda de imóveis for superior a 50%, considerando os dois anos anteriores e os dois 
anos seguintes à aquisição. 
Quando examinados os dois impostos mencionados, torna-se evidente que a formação 
de uma holding familiar não resulta na ocorrência simultânea do fato gerador para ambos os 
tributos. No caso de uma transmissão onerosa, incide o ITBI, caso contrário, ou seja, nos casos 
das transmissões não onerosas, incidirá o ITCMD. Naturalmente, outras transações diversas 
realizadas pela holding podem desencadear a obrigação de recolher os mencionados impostos, 
de acordo com as circunstâncias do fato gerador tributário (Barreto, 2016). 
Nesse contexto, mesmo com a incidência do imposto municipal, a criação da sociedade 
pode ser vantajosa devido à economia na tributação do lucro e da receita bruta. Após a 
integralização dos bens pelas pessoas físicas, a holding será responsável por receber as receitas 
ou aluguéis gerados pelo patrimônio. Esses rendimentos serão tributados na pessoa jurídica, o 
19 
 
 
que representa uma considerável vantagem fiscal, como será abordado posteriormente no 
contexto da tributação da renda (Mendes, 2015). 
2.4 A TRIBUTAÇÃO DE RENDA NA HOLDING FAMILIAR 
Uma das vantagens mais significativas da criação de uma holding está relacionada à 
tributação de seus rendimentos, ou seja, ao Imposto de Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ). Nesse 
contexto, é crucial comparar a tributação dos rendimentos em uma pessoa jurídica com a de 
uma pessoa física, a fim de identificar as principais vantagens fiscais disponíveis. 
O imposto sobre a renda é regulado pelo artigo 153, inciso III, da Constituição Federal 
e pelos artigos 43 a 45 do Código Tributário Nacional, conforme disposto a seguir: 
 
Art. 153. Compete à União instituir impostos sobre: 
III - renda e proventos de qualquer natureza; (Brasil, 1988). 
Art. 43. O imposto, de competência da União, sobre a renda e proventos de qualquer 
natureza tem como fato gerador a aquisição da disponibilidade econômica ou jurídica: 
I - de renda, assim entendido o produto do capital, do trabalho ou da combinação de 
ambos; 
II - de proventos de qualquer natureza, assim entendidos os acréscimos patrimoniais 
não compreendidos no inciso anterior (Brasil, 1966). 
 
De acordo com essas disposições, o Imposto de Renda é uma responsabilidade do 
governo federal e é aplicado sobre a renda, que engloba o resultado financeiro gerado a partir 
do capital, trabalho ou de ambos em conjunto. Além disso, qualquer tipo de provento é 
considerado no cálculo do imposto. 
Para esclarecer, o conceito de renda, conforme definição de Lima Gonçalves (2002, p. 
180), se refere a um aumento no patrimônio, que pode se manifestar tanto em dinheiro quanto 
em bens: 
 
Renda haverá, portanto, quando houver sido detectado um acréscimo, um plus; tenha 
ele, ou não, sido consumido; seja ele, ou não, representado por instrumentos 
monetários, direitos, ou por bens, imateriais ou físicos, móveis ou imóveis, agora não 
importa (...) 
 
Para que algo seja considerado renda, é essencial que ocorra um aumento no patrimônio, 
podendo este aumento ser representado por qualquer tipo de direito ou bens, independentemente 
20 
 
 
de sua natureza, contanto que seja possível mensurar seu valor em moeda. Essa definição é 
fundamentada na ideia de que a renda é um acréscimo ao patrimônio líquido de uma pessoa 
(Gonçalves, 2002). 
Quando se analisa a tributação, nota-se que a holding, operando sob o regime de lucro 
presumido, está sujeita a uma taxa de impostos que varia de 11,33% a no máximo 14,54% da 
receita bruta da empresa. Em contrapartida, para pessoas físicas, a alíquota do Imposto de 
Renda pode chegar a 27,5%, dependendo do valor total dos rendimentos auferidos, conforme 
mencionado anteriormente (Mendes, 2015). 
É importante também ressaltar que os lucros e dividendos distribuídos aos acionistas 
pela holding não estão sujeitos a uma nova tributação pelo Imposto de Renda na pessoa física, 
uma vez que tais rendimentos não são considerados tributáveis, conforme estabelecido pelo 
artigo 10 da Lei 9.249/95: 
 
Art. 10. Os lucros ou dividendos calculados com base nos resultados apurados a partir 
do mês de janeiro de 1996, pagos ou creditados pelas pessoas jurídicas tributadas com 
base no lucro real, presumido ou arbitrado, não ficarão sujeitos à incidência do 
imposto de renda na fonte, nem integrarão a base de cálculo do imposto de renda do 
beneficiário, pessoa física ou jurídica, domiciliado no País ou no exterior (Brasil, 
1995). 
 
Em relação às vendas de imóveis, as regras fiscais diferem para pessoas físicas e 
holdings familiares. Para pessoas físicas, quando ocorre a venda de um imóvel, a carga 
tributária é de 15% sobre o ganho de capital obtido, ou seja, sobre a diferença entre o valor da 
venda e o valor informado na Declaração de Imposto de Renda. Por outro lado, no caso de uma 
holding patrimonial que vende um imóvel, a carga tributária é consideravelmente mais baixa. 
Ela enfrenta um custo tributário final de aproximadamente 5,93%, acrescido de um adicional 
que equivale a cerca de 6,54% sobre o valor total da alienação, não sendo aplicado sobre o 
ganho de capital, como na tributação de pessoas físicas (Viscardi, 2013). 
Diante desse cenário, pode-se concluir que a criação de uma holding familiar, 
especialmente sob o formato de holding patrimonial, pode ser muito mais vantajosa em termos 
de carga tributária, uma vez que a tributação é consideravelmente menor do que a que uma 
pessoa física teria que suportar. 
3 VANTAGENS E LIMITES LEGAIS DA HOLDING FAMILIAR 
21 
 
 
A formação de Holdings Familiares, ao longo do tempo, ampliou seu propósito, 
transcendo a mera busca por benefícios fiscais. Atualmente, essa forma de sociedade é adotada 
por várias razões, incluindo o controle das empresas, facilitação da sucessão, centralização da 
administração, eficiência tributária e benefícios fiscais legais. No entanto, é importante 
entender que ao criar uma holding familiar, há vantagens e desvantagens significativas a serem 
consideradas. 
Sob uma perspectiva econômica, é importante destacar que a constituição de uma 
holding familiar acarreta despesas significativas tanto na fase de estabelecimento quanto na de 
manutenção, devido aos procedimentos de registro e conformidade necessários, que muitas 
vezes demandam um investimento inicial considerável. Por outro lado, conforme apontado por 
Silva e Rossi (2017, p. 84), nos métodos tradicionais, que demandam a realização, por exemplo, 
do inventário, é comum que a família seja obrigada a vender um de seus ativos para conseguir 
pagar o imposto que deve ser liquidado antecipadamente. Dessa forma, a adoção de uma 
holding familiar pode criar uma configuração tributária mais vantajosa como alternativa. 
Outra vantagem é a capacidade de estabelecer cláusulas de incomunicabilidade e 
impenhorabilidade, que protegem os ativos contra partilhas decorrentes de separações ou 
divórcios, desde que dentro dos limites legais e das legítimas dos herdeiros necessários. 
No entanto, é crucial destacar que a criação de uma holding não deve ser usada para 
contornar a lei. O abuso ou uso inadequado dessa estratégia pode levar à desconsideração da 
personalidadejurídica da holding, resultando em consequências legais adversas. 
Em suma, a formação de uma Holding Familiar oferece benefícios importantes, no 
entanto, também apresenta desafios e deve ser estabelecida de maneira estritamente legal e 
ética. Executivos e famílias interessados devem avaliar cuidadosamente suas necessidades e 
objetivos antes de decidir pela criação de uma holding, buscando sempre formas legais de obter 
os benefícios desejados. 
Adiante serão elencadas as principais vantagens e limites legais enfrentados pela 
constituição de um Holding Familiar. 
3.1 DIMINUIÇÃO DE CONFLITOS E EFICIÊNCIA TRIBUTÁRIA 
A criação de uma holding familiar apresenta uma série de benefícios, sendo notável a 
sua capacidade de efetivamente prevenir conflitos familiares durante o processo de sucessão. 
Conforme anteriormente apresentado, a constituição de uma holding familiar oferece uma 
22 
 
 
oportunidade única de integralizar o patrimônio dos fundadores na empresa, doando quotas aos 
herdeiros com reserva de usufruto, substituindo a necessidade de um testamento e eliminando 
a necessidade de um processo judicial de inventário, conhecido por ser moroso e propenso a 
conflitos familiares. 
Conforme Pozzetti (2018) destaca, a sucessão é um método de transmissão de herança 
que frequentemente apresenta desafios, e o planejamento desempenha um papel crucial na 
prevenção de conflitos de diversas naturezas. Ao permitir que a sucessão seja determinada 
durante a vida, essa ferramenta contribui para a preservação tanto dos bens quanto das relações 
familiares, evitando disputas e possíveis consequências negativas no processo. 
Outro ponto crucial é que a holding familiar pode ser uma ferramenta eficaz para a 
gestão dos negócios familiares, permitindo a definição de regras de administração e a 
identificação de herdeiros mais capacitados para uma gestão profissional. Consequentemente, 
isso contribui para assegurar a continuidade das operações empresariais após o falecimento do 
fundador, prevenindo conflitos e preservando tanto o acervo patrimonial quanto a satisfação 
dos herdeiros. 
A constituição da holding familiar também desempenha um papel fundamental na 
redução de litígios durante a sucessão. O sucessor pode ser escolhido sem a necessidade de um 
testamento, o que ajuda a prevenir disputas familiares dispendiosas e demoradas. Além disso, 
a holding oferece um ambiente dedicado para resolver quaisquer conflitos que possam surgir, 
separando, assim, questões familiares das empresariais. 
De acordo com Milhomem (2018), nos casos em que surgem conflitos, a própria holding 
fornece um espaço para a resolução dessas questões, evitando a necessidade de litígios. Além 
disso, dentro desse sistema, os envolvidos são capazes de separar problemas familiares de 
questões relacionadas à administração da empresa. 
Quanto à possibilidade de recolher o tributo de forma segregada, é possível evitando o 
pagamento integral de uma só vez, pode ser uma estratégia altamente vantajosa para uma 
holding familiar, especialmente quando se lida com um patrimônio de grande valor. 
Bianchini (2014) observa que o processo de sucessão em empresas familiares pode ser 
dispendioso para os herdeiros, devido aos impostos e tributos que incidem sobre a transferência 
de posse. Portanto, o planejamento sucessório também considera as despesas e a forma de 
condução desse processo, garantindo que os herdeiros tenham meios para cumprir todas as 
etapas. 
23 
 
 
No contexto do planejamento sucessório, uma etapa inicial envolve a doação das quotas 
sociais do patriarca aos herdeiros, com a reserva de usufruto vitalício em seu favor. No entanto, 
essa doação desencadeia a incidência do Imposto de Transmissão Causa Mortis e Doação 
(ITCMD) no momento da realização e novamente quando o usufruto é extinto. Além disso, em 
uma holding familiar, haverá a incidência de tributação sobre a integralização do capital social 
da empresa, considerando a incidência do Imposto de Renda (IR) e do Imposto sobre 
Transmissão de Bens Imóveis (ITBI). No entanto, mesmo quando esses tributos estão presentes, 
a constituição da holding ainda pode ser vantajosa devido à eficiência tributária superior em 
comparação com a tributação nas pessoas físicas. 
Em suma, embora a holding não evite a incidência de tributos, pode reduzir seu impacto, 
dependendo das circunstâncias específicas. A eficiência tributária pode resultar de uma 
antecipação planejada do pagamento do imposto sobre a herança, evitando surpresas com 
aumentos futuros das alíquotas. 
É importante destacar que, em um planejamento tributário mal elaborado ou com uma 
gestão inadequada, a carga tributária pode ser maior, tornando essencial um planejamento 
cuidadoso e uma estratégia de gestão eficaz. 
3.2 CLÁUSULAS ESPECIAIS 
O Código Civil, em seu artigo 1911 (Brasil, 2002), aborda a cláusula de inalienabilidade, 
que implica em impenhorabilidade e incomunicabilidade, e que pode ser aplicada aos bens 
doados. A Súmula nº 49 do Supremo Tribunal Federal (Brasil, 2015) esclarece que a cláusula 
de inalienabilidade também inclui a incomunicabilidade dos bens. 
De acordo com a definição de Gomes (2004), a cláusula de inalienabilidade proíbe a 
transferência dos bens doados, seja de forma gratuita ou onerosa, aos herdeiros ou legatários. 
Por outro lado, a incomunicabilidade restringe a inclusão desses bens na comunhão estabelecida 
no casamento, enquanto a impenhorabilidade impede a sua penhora. 
Embora essas cláusulas sejam autônomas, a cláusula de inalienabilidade, de acordo com 
Fioranelli (2008, p. 24-25), prevalece sobre as outras devido ao seu interesse social, absorvendo 
as demais. Bagnoli (2016, p.59) destaca que a cláusula de inalienabilidade garante que o bem 
doado não seja transferido para terceiros, respeitando a vontade do doador. 
No contexto do planejamento sucessório, segundo Silva e Rossi (2017, p. 116), é comum 
usar a cláusula de inalienabilidade por meio de uma holding familiar para proteger o patrimônio 
24 
 
 
contra interferências de pessoas externas à família, impedindo que os herdeiros alienem suas 
quotas sociais. Em relação à cláusula de incomunicabilidade, ela é importante em regimes de 
casamento, como a comunhão universal de bens, onde todos os bens presentes e futuros são 
comunicados, exceto os bens doados com essa cláusula, de acordo com o artigo 1.668 do 
Código Civil (Brasil, 2002). 
No entanto, importante ressaltar que os frutos gerados por esses bens, mesmo com a 
cláusula de incomunicabilidade, integram o patrimônio do casal e podem ser usufruídos por 
ambos durante o casamento, semelhante à distribuição de lucros das quotas do capital social. 
Por fim, é possível incluir uma cláusula de reversão no patrimônio doado, estabelecendo 
que, se o donatário falecer antes do doador, o patrimônio retornará para o doador, conforme o 
artigo 547 do Código Civil (Brasil, 2002). Pablo Stolze Gagliano (2021, p.57) define a cláusula 
de reversão de forma simples como o retorno do bem doado ao doador em caso de falecimento 
do donatário. 
3.3 RESPEITO À LEGÍTIMA DOS HERDEIROS NECESSÁRIOS 
No sistema jurídico brasileiro, a condição de herdeiro necessário é conferida a grupos 
específicos de pessoas e sua regulamentação é estabelecida pelo artigo 1845 do Código Civil 
de 2002. Esse dispositivo estabelece uma uma hierarquia na sucessão legítima, sendo os 
primeiros convocados os descendentes, seguidos pelos ascendentes e posteriormente o cônjuge 
sobrevivente. 
Muitos estudiosos do direito defendem que o companheiro deve ser incluído nesse 
grupo, sendo igualado ao cônjuge, como herdeiro necessário. Isso se deve ao reconhecimento 
pelo Supremo Tribunal Federal da inconstitucionalidade do artigo 1790 do Código Civil, o que 
implica que não pode haver distinção no direito sucessório entre cônjuges e companheiros. Essa 
decisão não se limita apenas aodireito de concorrência, mas abrange mais amplamente o 
tratamento igualitário dessas duas categorias2. 
A lei assegura aos herdeiros necessários o direito a metade da herança, conforme 
previsto no artigo 1846 do Código Civil de 2002: "pertence aos herdeiros necessários, de pleno 
direito, a metade dos bens da herança, constituindo a legítima". Ademais, a intervenção do 
 
2STF – Tema 498: É inconstitucional a distinção de regimes sucessórios entre cônjuges e companheiros prevista 
no art. 1790 do CC/2002, devendo ser aplicado, tanto nas hipóteses de casamento quanto nas de união estável, o 
regime do art. 1829 do CC/2002 
25 
 
 
Estado na legítima também é prevista em casos de sucessão testamentária. Nesse cenário, o 
legislador restringiu a autonomia do testador, que só pode dispor da metade da herança quando 
há herdeiros necessários, de acordo com o artigo 1789 do Código Civil: "havendo herdeiros 
necessários, o testador só poderá dispor de metade da herança" (Brasil, 2002). 
Carlos Maximiliano (1952, p. 361) explicava que essas disposições legais são normas 
obrigatórias que limitam a vontade do autor da herança e refletem o princípio da intangibilidade 
da legítima. Isso significa que a legítima não pode ser reduzida em sua essência ou valor por 
meio de cláusulas testamentárias. 
Portanto, apesar de no planejamento sucessório, elaborado por meio da instituição de 
uma holding, ser possível destinar uma parte dos bens a herdeiros que não estão previstos na 
legislação, incluindo pessoas que não fazem parte da descendência legítima, se faz necessário 
que seja respeitada a metade dos bens da herança destinada aos herdeiros necessários. Tal 
proteção com relação à legítima dos herdeiros necessários é o principal obstáculo à autonomia 
do autor da herança no planejamento sucessório. Essas normas impedem que o autor disponha 
de seu patrimônio, independentemente da forma escolhida, de maneira que prejudique a parte 
legalmente reservada aos herdeiros necessários ou imponha restrições ao direito de propriedade 
sobre essa parcela. 
Desta forma, com o objetivo de evitar a redução da parcela legalmente destinada aos 
herdeiros necessários, a legislação estabelece mecanismos de proteção à legítima, tais como a 
redução das disposições testamentárias excedentes e das doações inoficiosas, bem como impõe 
o dever de colação, conforme previsão dos artigos 1966 e 1967 do Código Civil. 
Neste sentido, segundo Mario Luiz Delgado e Jânio Urbano Marinho Junior (2020, p. 
331), “o princípio da intangibilidade da legítima materializa-se, por sua vez, na possibilidade 
de redução das disposições testamentárias, de redução das doações inoficiosas e no instituto da 
colação, representando, portanto, a principal limitação ao planejamento sucessório”. 
Assim, os autores finalizam: 
 
O desafio que se coloca, nessa perspectiva, é a utilização desse instrumento levando-
se em conta a restrição da legítima que – embora possa ser questionada 
doutrinariamente diante de todas as transformações da atual sociedade brasileira – não 
pode ser ignorada, sob pena de configurar fraude à lei ou mesmo abuso de direito”. 
(Delgado; Marinho Junior. 2020, p. 331) 
 
26 
 
 
No que diz respeito às doações inoficiosas, o artigo 549 do Código Civil estipula a 
nulidade, no momento em que o doador faz a liberalidade, das doações que ultrapassam a parte 
da herança que este teria direito a dispor em testamento. 
Silvio de Salvo Venosa (2016, p.364) explica que, “sem esse princípio presente no ato 
da liberalidade em vida, facilmente se burlaria a garantia da legítima. Por isso, a lei estipula que 
a doação dos pais aos filhos importa em adiantamento de legitima”. 
O dever de colação encontra sua previsão legal nos artigos 2002 e 2003 do Código Civil. 
Conforme estabelecido pelo artigo 2002, os descendentes que participam da sucessão do mesmo 
ascendente são obrigados a igualar as legítimas, trazendo para a partilha da herança o valor das 
doações que receberam do ascendente em vida. A não observância desse dever pode resultar 
em sonegação. O artigo 2003 estabelece que a colação visa a igualar, conforme as proporções 
estipuladas no Código, as legítimas dos descendentes e do cônjuge sobrevivente. Além disso, 
os donatários que, no momento do falecimento do doador, já não possuírem os bens doados 
também estão sujeitos ao dever de colação. 
A colação, como explica Maria Berenice Dias (2019, p. 823), é essencialmente o dever 
dos herdeiros de apresentar ao juízo as doações que receberam, a fim de possibilitar a divisão 
equitativa da herança. Esse mecanismo garante que as doações realizadas durante a vida do 
doador sejam consideradas no momento da partilha, evitando que a legítima seja prejudicada. 
Continua a autora explicando que: 
 
(...) todo ato de liberalidade em favor de um dos descendentes precisa ser conferido 
quando da abertura da sucessão, para comprovar se a doação extrapolou ou não a parte 
disponível da herança. Isto porque, os bens doados em vida são reconhecidos como 
retirados da legítima dos herdeiros necessários e não da metade disponível (Dias, 
2019, p. 823). 
 
Tanto a doutrina quanto a prática jurídica reconhecem a ocorrência comum de atos 
simulados no contexto do planejamento sucessório, com o propósito de contornar a legítima 
dos herdeiros. Um dos exemplos mais frequentes, identificados na prática, envolve a simulação 
de uma venda que, aparentemente, respeita a legalidade, mas que, na verdade, encobre uma 
doação feita com o objetivo de beneficiar um membro da família (Madaleno, 2009). 
Logo, para combater essas práticas fraudulentas, a colação, a doação inoficiosa e a 
redução das disposições testamentárias são utilizadas para proteger a legítima dos herdeiros, 
que pode ser comprometida por meio de ações fraudulentas, simuladas e abusivas que não 
27 
 
 
respeitam os limites legais e se desviam do propósito lícito do planejamento sucessório. 
Portanto, o planejamento sucessório deve ser conduzido dentro dos parâmetros legais, 
garantindo o respeito à legítima e sua intangibilidade. 
Dentro do contexto de ações que desrespeitam ou fraudam a lei, tem se tornado 
lamentavelmente comum a criação de sociedades jurídicas com o propósito de contornar as 
regras imperativas destinadas à proteção da legítima, frequentemente respaldadas por 
mecanismos legais estabelecidos no campo do Direito Empresarial. 
A doutrina fornece exemplos nos quais o autor da herança estabelece uma sociedade 
empresarial e emprega táticas que incluem a inclusão de terceiros como sócios em uma 
capacidade meramente nominal, com o propósito de justificar a participação desses terceiros, o 
que prejudica os herdeiros necessários (Delgado; Marinho Junior, 2020, p. 338). Além disso, 
pode ser realizado pelo autor da herança a distribuição das quotas ou ações da empresa de 
maneira desigual entre os herdeiros, ultrapassando limites legais, ou seja, excedendo a parte 
disponível, e a transferência gradual de quotas sociais em favor de um ou mais herdeiros, 
enquanto prejudica outros (Hironaka; Cahali, 2012, p. 460). 
Além disso, uma pessoa jurídica criada para a partilha em vida da herança entre os 
herdeiros, mesmo que inicialmente respeite os limites legais da legítima dos herdeiros, pode, 
por meio de uma operação de aumento do capital social por um ou mais sócios, diluir a 
participação dos herdeiros na empresa, que não participaram da subscrição, reduzindo sua parte 
na herança. Isso significa uma redução na quota do herdeiro sobre a herança, uma vez que seu 
percentual de propriedade comum na empresa se torna menor devido à diluição 
(Hironaka; Cahali, 2012, p. 460). 
Assim, apesar de em tais situações o negócio jurídico ser real, este é fraudulento, uma 
vez que esta intrinsicamente ligado ao propósito de fraudar a reserva sobre a legítima conferida 
aos herdeiros necessários. Sempre que a legítima dosherdeiros necessários for desrespeitada, o 
negócio jurídico poderá ser considerado nulo de acordo com o art. 166, VI, do Código Civil, 
que estabelece a nulidade de qualquer negócio jurídico que tenha como objetivo fraudar uma 
lei imperativa. 
Além disso, de acordo com Rolf Madaleno (2009, p. 296), nem sempre as ferramentas 
usualmente utilizadas para a proteção da legítima serão eficazes para corrigir desigualdades na 
divisão do patrimônio hereditário, nos casos em que o autor da herança fizer uso indevido de 
uma pessoa jurídica para transferir bens de seu patrimônio em prejuízo de alguns ou todos os 
herdeiros necessários. Portanto, a doutrina converge para a ideia de que a desconsideração da 
28 
 
 
personalidade jurídica é o meio mais apropriado para prevenir a violação das normas de ordem 
pública por meio da utilização indevida da pessoa jurídica, conforme afirma Mario Luiz 
Delgado e Jânio Urbano Marinho Junior (2020, p. 335): 
 
A partir desta constatação, tem-se sustentado a possibilidade de aplicação da teoria da 
desconsideração da personalidade jurídica (disregard of legal entity), com a finalidade 
de se invalidar estes atos fraudulentos praticados por meio da sociedade, contra 
herdeiros necessários, podendo o juiz descartar a personalidade jurídica utilizada em 
abuso, em fraude, ou e detrimento da ordem pública, para lesar um quinhão 
hereditário, exatamente como previsto pelo art. 50 do Código Civil. O procedimento 
encontra-se atualmente previsto no CPC/2015. 
 
Dado o valor significativo dessa abordagem, vamos agora examinar com maior 
profundidade o conceito de desconsideração da personalidade jurídica no contexto do 
planejamento sucessório. 
3.4 DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA 
Com base nas conclusões deste estudo, a criação de uma holding familiar é uma 
estratégia comumente empregada no planejamento patrimonial das famílias. No entanto, é 
fundamental destacar que o uso dessa prerrogativa legal não deve ser motivado por intenções 
ilegais, como a tentativa de contornar direitos sucessórios, evadir obrigações fiscais, fraudar 
credores, ou violar quaisquer outros direitos de terceiros estabelecidos por lei. Caso contrário, 
os atos jurídicos realizados podem ser considerados nulos. 
Portanto, apesar do reconhecimento da autonomia da vontade no planejamento 
sucessório por meio da criação de uma holding, é essencial respeitar os limites legais 
estabelecidos. Por exemplo, não é permitido que as disposições relativas ao patrimônio familiar 
prejudiquem os direitos dos herdeiros necessários ou de terceiros. Além das ferramentas 
convencionais do Direito Sucessório, como a limitação das disposições em testamento, a 
anulação de doações excessivas e o dever de colação, outras opções legais como a 
desconsideração da personalidade jurídica, a desconsideração inversa da personalidade jurídica 
e a desconsideração por grupo econômico podem ser acionadas. 
É importante ressaltar que as entidades jurídicas têm personalidade jurídica própria, e 
seus ativos não devem ser confundidos com os ativos dos sócios. No entanto, em situações 
excepcionais, essa autonomia e independência legal das pessoas jurídicas podem ser ignoradas 
29 
 
 
por meio da desconsideração da personalidade jurídica. Esse recurso é aplicado em 
circunstâncias específicas, quando se identifica que a entidade jurídica foi utilizada como 
instrumento para cometer fraude, abuso de direitos ou confusão patrimonial, como explicado 
por Fabio Ulhoa Coelho (1989, p.54). 
Sobre o tema Rolf Madaleno (2014) explica que: 
 
A boa-fé é um modelo de comportamento esperado de um bom chefe de família, de 
um profissional ou de um empresário, sócio ou administrador, qual seja, é dever de 
qualquer cidadão, devendo obrar com lealdade e com a diligência de um bom homem 
de negócios, evitando sua inclinação por qualquer manobra fraudulenta, contrariando 
os deveres éticos e jurídicos de um empresário. A desconsideração da personalidade 
jurídica tutela o princípio da boa-fé e não se compadece com o uso de formas jurídicas, 
quando mascaram o propósito de elidir legítimas obrigações. Também na prática 
brasileira vem sendo utilizada a fórmula societária para partilhar em vida, quinhões 
ou meações desiguais, servindo a desconsideração da personalidade jurídica para 
afastar o uso impróprio e abusivo da pessoa jurídica com o intuito de fraudar direitos 
inerentes ao Direito de Família e ao Direito das Sucessões. 
 
A utilização incorreta do planejamento sucessório na tentativa de contornar a lei também 
é identificada pelos autores Flávio Tartuce e Giselda Hironaka (2019), que fazem referência 
aos autores Mario Luiz Delgado e Jânio Urbano Marinho Junior, conforme suas palavras: 
 
Apesar dessas múltiplas opções, não se pode negar que, nos últimos anos, o 
planejamento sucessório tem sido utilizado com o intuito de praticar fraudes, 
buscando, muitas vezes, a malfadada “blindagem patrimonial”, especialmente de 
devedores contumazes. Tal preocupação não passou despercebida por Mário Luiz 
Delgado e Jânio Urbano Marinho Júnior, que citam as holdings familiares, muitas 
vezes utilizadas como “fachada” por sócios de fato, para desvios patrimoniais e de 
finalidade da pessoa jurídica, visando à fraude à execução ou em face de credores. 
Segundo eles: a proliferação de situações como essas, de mau uso do planejamento 
sucessório por profissionais inescrupulosos, com intuito de fraude, compromete e 
enfraquece essa importante ferramenta, na medida em que se põe sob suspeita diversos 
atos e negócios jurídicos realizados em vida pelo autor da herança e resultando nas 
maiores controvérsias sucessórias levadas ao Poder Judiciário. A segurança jurídica 
que seria propiciada pelo planejamento sucessório, dando lugar a imbróglios 
intermináveis, os quais, não raro, implicam em deterioração do acervo hereditário 
(Delgado; Marinho Junior, 2020). 
 
Assim, como uma solução para esses tipos de atos falsos e fraudulentos praticados pela 
entidade empresarial, incluindo os casos em que há suspeita de evasão à legítima através do uso 
da pessoa jurídica, podemos recorrer à aplicação do conceito de disregard, mais conhecido 
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como desconsideração da personalidade jurídica. Esse conceito encontra-se estabelecido no 
artigo 50 do Código Civil de 2002 e nos artigos 133 a 137 do Código de Processo Civil de 2015. 
Rolf Madaleno (2014), citando Roberto Martinez Ruiz, ensina que: 
 
Embora, em princípio, sócios e sociedade não se confundam como titulares do 
personalidades e patrimônios diferentes, a teoria da desestimação inclina-se em 
convencer da existência de casos excepcionais, onde deve ser superada esta separação 
patrimonial entre a pessoa jurídica e seus componentes, coibindo a fuga ou a limitação 
da responsabilidade dos sócios ou da sociedade. A personalidade jurídica precisa ser 
desconsiderada quando seus integrantes se escondem por detrás da máscara societária 
e empregam o instituto da personalidade jurídica para atingir, pelo abuso do direito, 
pela confusão patrimonial, ou pela fraude, finalidades totalmente condenáveis e 
incompatíveis com o Direito e com o objeto social da empresa, causando, sobretudo, 
incontáveis prejuízos a terceiros, como facilmente pode acontecer em detrimento do 
primado básico de proteção da legítima, suscitando como bem aponta Roberto 
Martinez Ruiz , litígios entre irmãos, que não raro transitam pela jurisdição penal, 
quebrando sempre e, em qualquer hipótese, o ideal de união da família, e litígios 
igualmente frequentes entre madrasta e enteados. 
 
É importante ressaltar que, na aplicação da desconsideração da personalidade jurídica, 
é essencial demonstrar a presença de elementos que justifiquem a medida, tais como o desvio 
de finalidade e a confusão patrimonial, com o intuito de fraudar os direitos dos credores. Esse 
instituto legal tem seus fundamentos na

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