Prévia do material em texto
INSTITUTO FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO MESTRADO PROFISSIONAL EM TECNOLOGIAS SUSTENTÁVEIS YASMIN COELHO DE FREITAS FERRAMENTA DIGITAL PARA O GERENCIAMENTO SUSTENTÁVEL DE RESÍDUOS ORGÂNICOS EM INSTITUIÇÕES DE ENSINO Vitória 2022 YASMIN COELHO DE FREITAS FERRAMENTA DIGITAL PARA O GERENCIAMENTO SUSTENTÁVEL DE RESÍDUOS ORGÂNICOS EM INSTITUIÇÕES DE ENSINO Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Tecnologias Sustentáveis do Instituto Federal do Espírito Santo, como requisito para obtenção do título de Mestre em Tecnologias Sustentáveis. Orientadora: Prof. Dra. Adriana Marcia Nicolau Korres Coorientadora: Prof. Dra. Fernanda Aparecida Veronez. Vitória 2022 Dados Internacionais de Catalogação-na-Publicação (CIP) (Biblioteca Nilo Peçanha do Instituto Federal do Espírito Santo) F866f Freitas, Yasmin Coelho de. Ferramenta digital para o gerenciamento sustentável de resíduos orgânicos em instituições de ensino / Yasmin Coelho de Freitas. – 2022. 104 f. : il. ; 30 cm. Orientadora: Adriana Márcia Nicolau Korres. Coorientadora: Fernanda Aparecida Veronez. Dissertação (mestrado) – Instituto Federal do Espírito Santo, Programa de Pós-graduação em Tecnologias Sustentáveis, Vitória, 2022. 1. Inteligência artificial. 2. Métodos de simulação. 3. Resíduos orgânicos. 4. Educação ambiental. 5. Escolas – Estudo de casos. 6. Sustentabilidade. I. Korres, Adriana Márcia Nicolau. II. Veronez, Fernanda Aparecida. III. Instituto Federal do Espírito Santo. IV. Título. CDD 21 – 006.3 Elaborada por Marcileia Seibert de Barcellos – CRB-6/ES - 656 “Na natureza nada se cria, nada se perde; tudo se transforma.” Lavoisier (1805 [1789]). AGRADECIMENTOS À professora Adriana Korres pelo incentivo, paciência e pelos conhecimentos compartilhados durante a orientação deste trabalho. À professora Fernanda Veronez pela coorientação e pelo auxílio durante a pesquisa. Ao meu irmão Igor que me auxiliou com dicas importantes para o desenvolvimento da planilha. À Amanda que me incentivou e acreditou em meu potencial. Aos meus amigos Ricardo e Yago pelo apoio e carinho. Aos meus colegas de mestrado que compartilharam comigo momentos felizes, desafiadores e de muito aprendizado. À Fapes pelo apoio financeiro. Ao Ifes, campus Vitória, ao Programa de Pós-graduação em Tecnologias Sustentáveis e seus professores por me ajudarem nesse desafio. E à minha família. Muito obrigada! RESUMO Instituições de ensino vem buscando a sustentabilidade em seus espaços, empregando técnicas como a compostagem para a valorização dos resíduos orgânicos. Nesses espaços, o uso de ferramentas digitais que permitem a avaliação e monitoramento juntamente com práticas de educação ambiental pode contribuir com a implantação e manutenção da compostagem, além de mensurar seus benefícios para a sustentabilidade. Entretanto, existe uma carência de instrumentos com esse fim. Visto a importância do tema, este trabalho teve como objetivo desenvolver uma ferramenta digital para o gerenciamento sustentável de resíduos orgânicos em instituições de ensino, promovendo a coleta seletiva e a compostagem como alternativas sustentáveis. A metodologia foi dividida em quatro etapas: busca bibliográfica, revisão sistemática de literatura com base no método PRISMA, consulta a especialistas em três campus do Instituto Federal do Espírito Santo e desenvolvimento da ferramenta no software Microsoft Excel com uso de programação VBA (Visual Basic for Applications). Como resultados, obteve-se a ferramenta digital batizada como Planilha Orgâni-se, sendo dividida em três ambientes principais: ambiente de controle da coleta seletiva, ambiente para medição da sustentabilidade e ambiente com materiais de educação ambiental. O ambiente de controle da coleta seletiva contém formulário que permite a inserção de dados referentes à massa de resíduos orgânicos coletados por setor da instituição, gerando ao final um relatório interativo que auxilia no monitoramento da coleta. O ambiente para medição da sustentabilidade possui 16 indicadores de sustentabilidade relacionados a resíduos orgânicos que foram identificados e selecionados por meio de uma revisão sistemática de literatura, sendo sua aplicabilidade avaliada por meio de uma consulta a especialistas. Já o ambiente dedicado a educação ambiental contém materiais que foram identificados e categorizados de acordo com a faixa etária do público-alvo, contribuindo no desenvolvimento de atividades educativas relacionadas ao tema. Com a pesquisa, foi obtida uma ferramenta digital que fornece planilhas inteligentes e materiais de educação ambiental que contribuem com o planejamento, monitoramento e manutenção da coleta seletiva e compostagem em instituições de ensino. A partir de suas funcionalidades, esse instrumento visa colaborar com o gerenciamento inteligente e sustentável dos resíduos orgânicos nesses espaços. Palavras-chave: Resíduos Orgânicos. Desenvolvimento Sustentável. Educação Ambiental. Escolas. Campus Universitário. ABSTRACT Educational institutions have been seeking sustainability in their spaces, employing techniques such as composting for the recovery of organic waste. The use of evaluation and monitoring tools such as indicators, together with environmental education practices can contribute to the implementation and maintenance of this practice, in addition to measuring its benefits for sustainability. However, there is a lack of instruments for this purpose. Given the importance of the theme, this work aimed to develop a digital tool for the sustainable management of organic waste in educational institutions, promoting selective collection and composting as sustainable alternatives. The methodology consisted of four stages: bibliographic search, systematic literature review based on the PRISMA method, consultation with specialists in three campuses of the Federal Institute of Espírito Santo and development of the tool in Microsoft Excel software using VBA (Visual Basic for Applications) programming. As a result, a digital tool called Planilha Orgâni-se was obtained, being divided into three main environments: selective collection control environment, environment for measuring sustainability and environment with environmental education materials. The selective collection control environment contains a form that allows the insertion of data referring to the mass of organic waste collected by sector of the institution, generating at the end an interactive report that helps in monitoring the collection. The environment for measuring sustainability has 16 sustainability indicators related to organic waste that were identified and selected through a systematic literature review, and their applicability was evaluated through a consultation with experts in three campuses of the Instituto Federal do Espírito Santo. The environment with environmental education materials contains materials that were identified and categorized according to the age group of the target audience, contributing to the development of educational activities related to the theme. With the research, a digital tool was obtained that provides smart spreadsheets and environmental educationno setor (SUQUISAQUI, 2020). As IE têm buscado novas ferramentas para auxiliar o gerenciamento de resíduos sólidos em seus espaços, permitindo implementar, monitorar e otimizar suas práticas com o intuito de torná-las mais sustentáveis (FERREIRA, 2019). Visto a importância do tema, estudos que abordam ferramentas digitais que promovam o alinhamento das práticas aos princípios da sustentabilidade são de grande relevância, contribuindo com a divulgação de novos instrumentos que colaboram com a sustentabilidade institucional (FERREIRA, 2019). Um exemplo é o trabalho de Canhete (2017) que propôs um sistema computacional para a elaboração do Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos (PGRS) em IE. 35 Esse sistema permite o diagnóstico preliminar, o planejamento, implantação e monitoramento, servindo como um método de apoio na tomada de decisão por parte dos gestores (CANHETE, 2017). Já Ferreira (2019) desenvolveu um software para auxiliar a gestão integrada de resíduos sólidos em instituições de ensino. Esse software tem como base a hierarquia da gestão de resíduos sólidos definida pela PNRS, que consiste na não geração, no reaproveitamento e na destinação correta dos resíduos, contribuindo com a sustentabilidade do campus e no cumprimento das legislações ambientais (BRASIL, 2010; FERREIRA, 2019). No contexto de gerenciamento de resíduos sólidos, grande parte dos trabalhos relatados consideram a existência da compostagem como uma alternativa sustentável de reaproveitamento dos resíduos orgânicos (MASSUKADO; ZANTA, 2006; SIMONETTO; LÖBLER, 2014; CANHETE, 2017; FERREIRA, 2019; SUQUISAQUI, 2020). Porém, foram encontrados poucos trabalhos que se dedicaram ao desenvolvimento de ferramentas para auxiliar o gerenciamento de resíduos especificamente em IE (CANHETE, 2017; FERREIRA, 2019). Além da carência de trabalhos com foco em espaços educacionais, as ferramentas encontradas têm como prioridade o aspecto operacional, não avaliando outros pontos relevantes para um gerenciamento sustentável nesses espaços, como ações educacionais e o engajamento da instituição (MARANS; SHRIBERG, 2012). Nesse sentido, o desenvolvimento de ferramentas digitais que contribuam com o gerenciamento sustentável de resíduos em IE considerando suas particularidades é de extrema relevância, permitindo a manutenção da cultura da sustentabilidade e perpetuando ações sustentáveis nesses espaços. 36 4 METODOLOGIA Segundo Gil (2002), esta pesquisa se classifica, quanto aos objetivos como pesquisa exploratória, e quanto à forma de abordagem, quali-quantitativa. Os objetivos e as etapas metodológicas da pesquisa estão ilustrados no fluxograma da Figura 2. Figura 2 – Objetivos e procedimentos metodológicos da pesquisa. Desenvolver uma ferramenta digital para o gerenciamento sustentável de resíduos orgânicos em instituições de ensino, promovendo a coleta seletiva e a compostagem como alternativas sustentáveis. 1 Identificar na literatura indicadores de sustentabilidade relacionados com gerenciamento de resíduos orgânicos em instituições de ensino 2 Avaliar a aplicabilidade de um conjunto de indicadores de sustentabilidade relacionados a resíduos orgânicos para instituições de ensino 3 Criar ferramenta digital para o gerenciamento sustentável de resíduos orgânicos 4 Identificar materiais de educação ambiental relacionados à coleta seletiva dos resíduos orgânicos e compostagem 1 Revisão Sistemática da Literatura 2 Avaliação da aplicabilidade dos indicadores de sustentabilidade 3 Desenvolvimento da ferramenta digital 4 Pesquisa Bibliográfica Procedimentos metodológicos Objetivo geral Objetivos específicos 37 Fonte: Elaborado pela autora. 4.1 REVISÃO SISTEMÁTICA DA LITERATURA Inicialmente, foi realizada uma Revisão Sistemática da Literatura (RSL), juntamente com uma amostragem Snowball, buscando conhecer os indicadores de sustentabilidade relacionados a resíduos orgânicos que foram construídos e aplicados em IE. O uso da RSL se justifica pela necessidade de encontrar todas as evidências disponíveis sobre o tema em questão, permitindo uma avaliação mais completa sobre o assunto (TORGERSON, 2003). A amostragem Snowball foi empregada para ampliar o escopo da pesquisa, identificando publicações relevantes, que se enquadram no objetivo da pesquisa, mas não identificadas pela RSL (WASSERMAN; FAUST, 1994). A RSL foi conduzida conforme o método Preferred Reporting Items for Systematic Reviews and Meta-Analyses (PRISMA) (LIBERATI et al., 2009), que consiste em uma abordagem de quatro etapas, sendo elas: identificação, triagem, elegibilidade e inclusão. As atividades desenvolvidas em cada etapa da RSL estão ilustradas na Figura 3. 38 Figura 3 – Etapas da revisão sistemática. Fonte: Elaborado pela autora. 39 A primeira etapa, de identificação é caracterizada pela definição do problema da pesquisa, eixos temáticos e string de busca. A presente pesquisa aborda a temática indicadores de sustentabilidade relacionados a resíduos orgânicos em instituições de ensino com o intuito de responder a seguinte questão: “Quais indicadores de sustentabilidade de resíduos orgânicos existem para instituições de ensino (IE)”? Para isso, foram definidos cinco eixos temáticos para a pesquisa, sendo eles: sustentabilidade; gestão e gerenciamento; avaliação; instituições de ensino e resíduos sólidos orgânicos. Para cada eixo temático, foram definidos termos com base nos descritores utilizados em artigos científicos referentes ao tema. A partir dos termos, foi desenvolvido o string de busca específico para a base de dados escolhida, utilizando operadores lógicos booleanos para restringir e refinar os resultados. A pesquisa foi realizada na base de dados Scopus, por ser considerada uma base ampla e muito utilizada. A partir dos resultados, foram filtrados o tipo de documento (artigos e trabalhos publicados em anais de eventos) e o idioma (português e inglês). O horizonte temporal não foi restrito nesta pesquisa, pois buscou- se identificar todos os indicadores já construídos para a temática, independente do ano de publicação. A busca na base Scopus foi realizada no dia 18/08/2020. A segunda etapa, de triagem, consistiu na leitura do título, resumo e palavras-chave dos trabalhos identificados pelo string de busca, selecionando apenas as publicações que atendessem aos critérios de inclusão e exclusão definidos para o estudo (Quadro 5). Caso houvesse dúvidas sobre a inclusão de um trabalho ao tema proposto, o mesmo era selecionado para a próxima fase de leitura completa. Esta etapa foi realizada com o auxílio do gerenciador de referências Mendeley, sendo os resultados organizados em planilhas no software Microsoft Excel. A terceira etapa, de elegibilidade, se caracterizou pela leitura completa do trabalho, buscando identificar os indicadores de sustentabilidade relacionados a resíduos orgânicos aplicados em instituições de ensino. Durante a leitura completa dos trabalhos esses foram reavaliados quanto ao atendimento critérios de inclusão e exclusão (Quadro 5). Quadro 5 – Critérios de inclusão e exclusão dos artigos oriundos da revisão sistemática. Critérios de inclusão (CI) Critério de exclusão (CE) 40 CI1 CI2 CI3 CE1 Artigos e publicações em eventos Texto em inglês ou português Construíram e/ou aplicaram indicadores de sustentabilidade relacionados a resíduos sólidos orgânicos em IE Publicações teóricas sobre indicadores de sustentabilidade Fonte: Elaborado pela autora. A última etapa, de inclusão, consistiu na seleção final dos estudos para análise. A partir dos resultados, foi aplicado o método Snowballcom base na metodologia de Wasserman e Faust (1994). Esse método tem o intuito de identificar trabalhos que constavam nas referências das publicações selecionadas e que não foram identificados pelo string de busca, sendo incluídos aos trabalhos selecionados e também avaliados quanto ao atendimento aos critérios de inclusão e exclusão. Os resultados foram organizados no software Microsoft Excel. Esta etapa foi essencial para conhecer a literatura existente sobre o tema e selecionar os indicadores para o estudo. Os indicadores de sustentabilidade foram selecionados com base nos resultados obtidos a partir da RSL, adaptando-os para o método booleano de avaliação, buscando uma visão objetiva das práticas sustentáveis relacionadas aos indicadores selecionados (MOREIRA et al., 2018). 4.2 SELEÇÃO DOS INDICADORES DE SUSTENTABILIDADE O conjunto de indicadores selecionados tem o objetivo de fornecer uma autoavaliação do gerenciamento de resíduos orgânicos da instituição, permitindo comparar sua evolução ao longo do tempo. A aplicabilidade dos indicadores selecionados foi realizada por consulta a especialista (MUNARETTO; CORRÊA; DA CUNHA, 2013), detalhada no item a seguir. 4.3 AVALIAÇÃO DA APLICABILIDADE DOS INDICADORES DE SUSTENTABILIDADE Os indicadores selecionados foram submetidos a uma consulta a especialistas quanto à aplicabilidade dos mesmos em diferentes IE. Essa abordagem foi realizada por meio de questionários, procedimento bastante utilizado para a ponderação e aplicação de indicadores, por ser simples e de baixo custo de execução (NARDO et al., 2005). O método foi escolhido por ser reconhecido cientificamente e com possibilidade de ser executado remotamente, permitindo que os especialistas avaliem a aplicabilidade dos indicadores selecionados em diferentes realidades (NARDO et al., 2005; 41 MUNARETTO; CORRÊA; DA CUNHA, 2013). Para esta etapa foram considerados como especialistas os docentes e profissionais da área de resíduos sólidos e sustentabilidade e os gestores que atuam nos campus Vitória, Vila Velha e Cariacica do Instituto Federal do Espírito Santo (Ifes). Os campus foram escolhidos por possuírem cursos e características particulares que contribuem para o teste de aplicabilidade. O campus Vitória, foi fundado em 1909. Atualmente, existem mais de quatro mil estudantes, distribuídos em programas de ensino, pesquisa e extensão, alguns deles com ênfase nas áreas ambiental e de sustentabilidade (TEIXEIRA et al., 2020). O campus Vitória possui uma cantina, onde estudantes e servidores podem fazer refeições durante o período letivo e possui a coleta de resíduos secos implantada. Porém as sobras orgânicas são direcionadas para o aterro sanitário da Marca Ambiental, localizado no município de Cariacica (RIBEIRO, 2019). Já o campus Vila Velha, fundado em 2010, está localizado na cidade de Vila Velha/ES. O campus possui programas de ensino, pesquisa e extensão, sendo dois cursos técnicos, duas especializações técnicas, cinco cursos de graduação, dois cursos de pós-graduação lato sensu e dois nível stricto sensu, sendo alguns deles com ênfase na área ambiental e de ensino de ciências (IFES, 2016a). O campus possui a Campanha Coleta Certa, que busca divulgar informações e promover a Coleta Seletiva Solidária no Campus, destinando-os para a Associação Vilavelhense de Coletores e Coletoras de Materiais Recicláveis (REVIVE), porém não possui coleta de resíduos orgânicos implantada (IFES, 2019). O campus Cariacica foi fundado em 2012 na cidade de Cariacica no estado do Espírito Santo, possuindo cinco cursos técnicos, três cursos de graduação e três cursos de pós-graduação, sendo um deles de nível stricto sensu (IFES, 2016b). Os especialistas foram selecionados a partir de indicações da gestão do campus local, sendo inicialmente escolhidos três especialistas de cada campus para participar da pesquisa. Nesta etapa também foi aplicado o método Sonwball, onde cada participante foi convidado a indicar outro especialista da instituição até que não houve mais indicações de especialistas diferentes. Dessa forma o número total de participantes foi definido durante o processo, resultando no total de 20 participantes convidados. 42 A consulta foi realizada por meio de questionário utilizando a plataforma Google Forms, assim como o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), apresentados no APÊNDICE A. Os questionários enviados aos especialistas foram avaliados pelo Comitê de Ética em Pesquisa do Ifes (CEP/ Ifes), em atendimento à Resolução 510/ 2016 do Conselho Nacional de Saúde. O link foi enviado via endereço eletrônico para os especialistas. Antes de responder o questionário o especialista foi informado sobre a pesquisa, atendendo ao disposto na Resolução 510/16 do Conselho Nacional de Saúde, declarando seu aceite (ou não) em participar da mesma (BRASIL, 2016). Os especialistas responderam sobre a aplicabilidade de cada um dos indicadores utilizando uma escala Likert de três níveis, descritos no Quadro 6. Quadro 6 – descrição dos níveis de aplicabilidade dos indicadores utilizados nos questionários. Nível Descrição 1 Não aplicável 2 Aplicável com restrição 3 Aplicável plenamente Fonte: Elaborado pela autora. A aplicabilidade dos indicadores foi definida com base na análise do nível de consenso. Alguns estudos, como de Besen (2011) e Oliveira (2018) utilizam o valor de 50% para o nível de consenso atingido pelos especialistas, para a aprovação de indicadores. Já Veiga, Coutinho e Takayanagui (2013) relatam a necessidade de um elevado nível de consenso para avaliação dos indicadores que, segundo os autores, correspondem àqueles que atingiram pelo menos 70% de consenso na soma dos dois níveis de maior peso na avaliação. Esta pesquisa considerou um nível mínimo de 60% na soma dos níveis 2 e 3. Caso não fosse atingido o nível de consenso, seria aplicada uma nova etapa de questionário aos participantes da primeira etapa para uma nova avaliação na plataforma Google Forms. O Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) que seria utilizado na segunda etapa está apresentado no APÊNDICE B, que foi avaliado pelo Comitê de Ética em Pesquisa do Ifes (CEP/ Ifes), em atendimento à Resolução 510/ 2016 do Conselho Nacional de Saúde. Os dados foram organizados e a aplicabilidade determinada por meio de estatística descritiva utilizando o software Microsoft Excel. 43 Os indicadores aplicáveis foram anexados no ambiente para mensuração da sustentabilidade da ferramenta digital que foi desenvolvida neste trabalho, cuja metodologia será descrita no item 4.4 na etapa descrita a seguir. 4.4 DESENVOLVIMENTO DA FERRAMENTA DIGITAL A ferramenta digital batizada com o nome de Planilha Orgâni-se foi desenvolvida no software Microsoft Excel com o intuito de facilitar a etapa de coleta, cálculos e análises de dados, além de conter materiais para auxiliar a implementação de ações de educação ambiental. Esse instrumento tem como público-alvo profissionais e gestores de IE, contendo informações importantes para auxiliar as etapas do gerenciamento dos resíduos sólidos orgânicos. O instrumento é composto por três ambientes principais: ambiente de controle da coleta seletiva, ambiente para mensuração da sustentabilidade e ambiente com materiais de educação ambiental. Os recursos utilizados na construção de cada ambiente estão demonstrados nos tópicos a seguir. 4.4.1 Construção do ambiente de controle da coleta seletiva O ambiente de controle da coleta seletiva permite a inserção de dados sobre os tipos de resíduos orgânicos coletados na instituição e a quantidade dos mesmos, sinalizando se houve a destinação de resíduos não orgânicos. Para isso, foi desenvolvido um formulário para inserção das informações referentes a data e local (setor) de coleta, a massa e tipo de resíduo coletado. Para facilitar oarmazenamento automático dos dados, foi utilizado o recurso Macro com o auxílio do Visual Basic for Applications (VBA) para o direcionamento das informações inseridas no formulário. A Figura 4 mostra o fluxograma para as ações de armazenamento automático dos dados. A partir dos dados armazenados, este ambiente fornece um relatório sobre o diagnóstico da geração de RSO no campus, que pode ser acessado no ambiente através do recurso hiperlink. O relatório contém dados como a geração per capita diária dos resíduos, quantidade e tipo de resíduo coletado e porcentagem de resíduos passíveis de serem compostados. Para testar as funcionalidades deste ambiente, foram utilizados dados secundários publicados por Costa (2016), que realizou uma quantificação da massa dos restos de casca de frutas e borra de café gerados em alguns setores do Ifes- campus Vitória. 4.4.2 Construção do ambiente de mensuração da sustentabilidade 44 Este ambiente permite a avaliação da sustentabilidade do gerenciamento de resíduos orgânicos, fornecendo um relatório para a autoavaliação da instituição. Foram anexados neste ambiente os indicadores de sustentabilidade selecionados nas etapas anteriores, disponibilizando campos de preenchimento das informações referentes aos indicadores e a data de coleta. Para facilitar o armazenamento, foi utilizado o recurso Macro com o auxílio do Visual Basic for Applications (VBA) para o direcionamento automático das informações (Figura 4). Utilizou-se os recursos “tabela dinâmica” e “gráfico dinâmico” para a construção do relatório. Figura 4 – Armazenamento automático dos dados da Planilha Orgâni-se. Fonte: Elaborado pela autora. 4.4.3 Construção do ambiente de materiais de educação ambiental O segundo ambiente contém materiais de apoio relacionados a resíduos orgânicos, coleta seletiva e compostagem. Esses materiais têm o intuito de auxiliar na implementação e manutenção de práticas para o gerenciamento correto de resíduos Fim Início Inserção de dados no formulário Macro + VBA Armazenamento automático Relatórios 45 orgânicos, buscando promover a sustentabilidade relacionada a RSO em instituições de ensino. A identificação dos materiais de educação ambiental, foi realizada por meio de pesquisa bibliográfica, buscando publicações no idioma português que construíram materiais (folders, manuais, cartilhas ou protocolos) com o intuito de divulgar, sensibilizar e sobre coleta seletiva, resíduos orgânicos e compostagem. Neste trabalho, considerou como folder um “impresso de pequeno porte, constituído de uma só folha de papel com uma ou mais dobras, e que apresenta conteúdo informativo” (DICIO, 2021a, p. 1). Já como manual foi considerado como um “livro pequeno que encerra os conhecimentos básicos de uma ciência ou uma técnica” e como cartilha um “livro pequeno para ensinar sobre algum conteúdo específico” (DICIO, 2021b, p. 1; DICIO, 2021c, p. 1). E como protocolo, considerou um documento com “normas e procedimentos que devem ser respeitados para a execução de um processo” (DICIO, 2021d, p.1). A busca foi realizada no Portal Periódicos Capes, Google e Google Acadêmico, utilizando os descritores: “folheto”, "oficina”, “cartilha”, “protocolo”, "compostagem", "orgânico”, “resíduos sólidos” e “educação ambiental”. Os resultados foram organizados de acordo com tipo de material, sendo separados em: oficinas, folders, manuais e cartilhas. Buscando facilitar a navegação de professores e gestores e na elaboração de ações educativas, os materiais identificados foram categorizados de acordo com a faixa etária do público-alvo. As categorias foram baseadas nos grupos etários definidos pela ONU (2009), sendo elas: infantil, adolescente, jovem e adulto. A categorização foi realizada com base na indicação etária contida no material. Caso o material não possuísse indicação etária, foi realizada a categorização a partir dos critérios: tipo de linguagem utilizada, conteúdo abordado e o uso de elementos lúdicos. O uso de elementos lúdicos como jogos, cartazes e experimentos ao ar livre associados às explicações sobre conceitos básicos sobre reciclagem, reutilização e prevenção de resíduos é visto com frequência em atividades de educação ambiental para o público infantil e adolescente (BEN-ZVI ASSARAF et al., 2013; GRODZIŃSKA- JURCZAK et al., 2003; MADDOX et al., 2011; PHAN et al., 2016; SUPAKATA et al., 2016; ZAIN et al., 2013; CHOW et al., 2017; HAGHIGHATJOO et al., 2020; MADYAL 46 et al., 2020; SUFIA et al., 2021). Já para o público jovem e adulto é comum a aplicação de atividades que estimulem atitudes mais críticas em relação ao gerenciamento de resíduos (YEUNG et al., 2017; RAJAN et al., 2019; WIDODO et al., 2019). Após a categorização, os materiais foram anexados em seus respectivos espaços no ambiente em questão na forma de imagem. Em alguns casos, foi utilizado o recurso Hiperlink para inserir o link de acesso dos materiais. Também foram realizadas buscas, na plataforma Youtube, por vídeos demonstrando as etapas para construção de composteiras de pequeno volume e indicação de resíduos passíveis de serem compostados. Além dos vídeos, foram anexados à Planilha Orgâni-se perfis da rede social Instagram que divulgam informações sobre a temática. 47 5. RESULTADOS E DISCUSSÃO 5.1. REVISÃO SISTEMÁTICA DA LITERATURA A busca na base Scopus resultou no total de 91 publicações relacionadas aos descritores. Após a aplicação dos filtros delimitando a linguagem e tipo de documento, o número total passou para 73 publicações. A partir da leitura do título, resumo e palavras-chaves, foram excluídas 67 publicações que não se encaixavam nos critérios de inclusão estabelecidos, selecionando seis artigos que atendiam ao critério de inclusão do estudo. Na etapa de leitura completa das publicações, apenas cinco artigos atendiam aos critérios determinados para esta pesquisa, sendo um artigo excluído da revisão. A partir da amostragem Snowball, foi possível incluir mais três artigos na pesquisa, mostrando um resultado final de oito artigos que atendiam aos critérios determinados na revisão sistemática. Os resultados da revisão estão ilustrados na Figura 5. O número reduzido de artigos encontrados mostra a relevância dessa pesquisa e uma lacuna que pode ser explorada em pesquisas posteriores. Os artigos incluídos na pesquisa estão ilustrados no APÊNDICE C. Figura 5 – Resultados da Revisão Sistemática da Literatura. 48 Fonte: Elaborado pela autora. Das publicações identificadas, o trabalho de Moreira e colaboradores (2018) se destacou dos demais, por ter desenvolvido um índice de gerenciamento de resíduos sólidos para instituições de ensino superior brasileiras. A ferramenta de Moreira e colaboradores (2018) tem o intuito de auxiliar os gestores na avaliação e na tomada de decisões, além de preencher uma lacuna de pesquisa por construir uma ferramenta específica de gestão de resíduos para Instituições de Ensino Superior (IES). Após leitura, levantamento e avaliação das publicações, foi possível identificar os indicadores de sustentabilidade de resíduos orgânicos aplicados em IE, possibilitando o desenvolvimento de um quadro ilustrando todos os indicadores encontrados e suas respectivas fontes (Quadro 7). Quadro 7 – Indicadores de sustentabilidade sobre resíduos orgânicos para Instituições de Ensino. Indicadores Referência Destinação dos resíduos para compostagem Fadzil, Hashim e Aziz (2012); Suwartha e Sari (2013); Gómez e colaboradores (2015); Sousa, Richter e Raath (2017); Kasam, Mulya Iresha e Ajie Prasojo (2018); Moreira e colaboradores. (2018); Drahein, Lima e Costa (2019); Salguero-Puerta e colaboradores (2019). Programas para prevenção de desperdício de alimentos em refeitóriosMoreira e colaboradores (2018) Valorização energética dos resíduos orgânicos (biogás) Salguero-Puerta e colaboradores (2019) Redução do volume de resíduo orgânico destinado para aterro Drahein, Lima e Costa (2019) Treinamento dos funcionários que prestam serviço no restaurante em relação à coleta seletiva Drahein, Lima e Costa (2019) Destinação adequada do resíduo orgânico Drahein, Lima e Costa (2019) Coleta seletiva dos resíduos orgânicos Drahein, Lima e Costa (2019) 49 Minimização e desvio de resíduos Fadzil, Hashim e Aziz (2012) Fonte: Elaborado pela autora. A partir dos resultados da RSL foram identificados oito indicadores que buscavam avaliar especificamente a sustentabilidade do gerenciamento de resíduos orgânicos em IE. A destinação dos resíduos para compostagem foi o indicador mais frequente, aparecendo em todos os artigos. Este fato demonstra o maior uso desta técnica em IE, provavelmente justificado pelo seu baixo custo e facilidade de manutenção, sendo considerada pelos autores um indicativo de sustentabilidade institucional (MOREIRA et al., 2018; DRAHEIN; LIMA; COSTA, 2019). Sousa, Richter e Raath (2017) identificaram os indicadores de sustentabilidade na gestão ambiental em escolas africanas de nível primário. Os autores apontam os principais fatores que favorecem a educação para o desenvolvimento sustentável, sendo a existência de compostagem em pilhas um indicador relevante para a dimensão ambiental em escolas agrícolas (SOUSA; RICHTER; RAATH, 2017). Sabe-se da importância da educação para a manutenção de um gerenciamento de resíduos de qualidade (BUSS; MORETO, 2019). Em alguns países como o Brasil, a educação ambiental é considerada um instrumento essencial para a eficácia do processo de gerenciamento de resíduos sólidos (BRASIL, 2010). A relação da compostagem com educação ambiental já foi explorada em diversos trabalhos, como os de Inácio e Miller (2009), Lima e colaboradores (2016) e de Bringhenti e colaboradores (2018). Esses trabalhos utilizaram a compostagem com um instrumento educacional permitindo a aprendizagem de conteúdos curriculares, além de ser utilizado em ações para conscientização da comunidade sobre o consumo e produção de resíduos em projetos de pesquisa e extensão (INÁCIO; MILLER, 2009; LIMA et al., 2016; BRINGHENTI et al., 2018). Kasam, Iresha e Prasojo (2018) buscaram calcular o valor do índice de desperdício zero (IZW) na Faculdade de Engenharia Civil e Planejamento (FCEP) da Universidade Islâmica da Indonésia (UII). Para calcular o índice, leva-se em consideração a compostagem, que garante a valorização dos resíduos orgânicos gerados no local (KASAM; IRESHA; PRASOJO, 2018). A compostagem é um processo que permite a decomposição controlada da matéria orgânica, transformando-a em composto 50 orgânico, permitindo o desvio de resíduos que seriam direcionados para aterros sanitários, colaborando com a estratégia resíduo zero e com a construção de um campus sustentável (SATOLO; SILVA; SIMON, 2012). Moreira e colaboradores (2018) elaboraram o Índice de Gerenciamento de Resíduos Sólidos (SWaMI) para IES, uma ferramenta digital que permite avaliar o gerenciamento de resíduos sólidos e auxiliar a tomada de decisão por parte de gestores. O índice é composto por diferentes categorias, sendo essas subdivididas em temas que contém diferentes indicadores. Na categoria operacional, a existência da compostagem e de programas de prevenção ao desperdício de alimentos em refeitórios foram considerados critérios importantes para avaliar a sustentabilidade no gerenciamento de resíduos (MOREIRA et al., 2018). A prevenção da geração de resíduos é o aspecto mais relevante na estratégia de economia circular e resíduo zero, sendo o primeiro passo para diminuir os impactos causados pelos resíduos no meio ambiente e na sociedade (MAQUES et al., 2017). Diversas legislações relacionadas a resíduos sólidos, entre elas a Política Nacional de Resíduos Sólidos brasileira, definem a não geração como prioridade na hierarquia da gestão e gerenciamento de resíduos sólidos (BRASIL, 2010). Porém, tem-se visto poucas iniciativas com foco na prevenção, sendo o tratamento final do resíduo o foco principal do gerenciamento na maioria das organizações (HUTNER et al., 2017). Esse fato destaca a relevância de programas de prevenção ao desperdício em instituições de ensino, que impactam diretamente na redução dos resíduos gerados e assim, minimizando os impactos ao meio ambiente e tornando a instituição mais sustentável (MOREIRA et al., 2018). Moreira e colaboradores (2018) também elaboraram outros indicadores relevantes, como a existência de projetos de pesquisa e cursos com foco na gestão sustentável e a existência de planejamento sustentável com metas de curto, médio e longo prazo. Estes pontos são também abordados em outros modelos para avaliação da sustentabilidade, como o GRI, GASU e STARS visto sua relevância para a manutenção de uma gestão ambiental sustentável em IES (LOZANO, 2006; STARS, 2014). Drahein, Lima e Costa (2019) construíram a ferramenta Sustainability Assessment for Higher Technological Education (SAHTE), com foco na avaliação da sustentabilidade 51 de serviços operacionais em instituições tecnológicas de ensino superior. Este modelo foi baseado em padrões e estruturas internacionais como GRI, SAQ e GreenMetric (LOZANO, 2006; SHI; LAI, 2013). No aspecto resíduos/meio ambiente, existem critérios que consideram a redução do volume de resíduo orgânico destinado para aterro e a compostagem de restos de alimentos e podas como um ponto positivo para a sustentabilidade do campus (DRAHEIN; LIMA; COSTA, 2019). Drahein, Lima e Costa (2019) também definem a coleta seletiva de resíduos orgânicos como indicador, além do treinamento dos funcionários que prestam serviço no restaurante. Ações de educação ambiental são essenciais para a manutenção do processo de gerenciamento, sendo indispensáveis para a qualidade do processo (LIMA; DIAS; LIMA, 2016). Outro indicador relevante definido pelos autores é o compromisso com a redução das emissões de gases de efeito estufa. Sabe-se que aterros sanitários e lixões são responsáveis pela geração de gases causadores do efeito estufa, como o metano (CH₄) e o dióxido de carbono (CO₂). Com isso, práticas como a compostagem permitem a redução da emissão desses gases e a preservação ambiental (DRAHEIN; LIMA; COSTA, 2019). Gómez e colaboradores (2015) construíram um modelo adaptável para avaliação da sustentabilidade em universidades, permitindo que instituições com diferentes contextos e abordagens de práticas sustentáveis conseguissem adaptá-lo e utilizá-lo. Dentre os indicadores, a existência de programas de reciclagem e compostagem é um dos mais importantes a serem medidos (GÓMEZ et al., 2015). Salguero-Puerta e colaboradores (2019) aplicaram o indicador de economia circular na Universidade de Lomé (Togo), buscando mensurar a eficiência da redução, reutilização e reciclagem dos resíduos gerados no campus. Em relação aos resíduos orgânicos, foram avaliadas duas alternativas de valorização: a compostagem e a biodigestão para geração de biogás, que pode ser utilizado como fonte de energia (SALGUERO-PUERTA et al., 2019). Suwartha e Sari (2013) adaptaram os indicadores pertencentes ao UI GreenMetric, ranking de sustentabilidade entre IES desenvolvido em 2010 pela Universidade da Indonésia. Em relação ao gerenciamento de resíduos orgânicos, a ferramenta utiliza como indicadores o tipo de tratamento realizado, sendo a destinação de 100% dos 52 resíduos para compostagem o aspecto considerado mais sustentável nesta ferramenta (SUWARTHA; SARI, 2013). Fadzil e colaboradores (2012) buscaram desenvolver um instrumento para avaliar a sustentabilidade da Universidade Kebangsaan Malaysia (UKM), utilizando as abordagens dos modelosSTARS e CSAF. Alguns indicadores inseridos na ferramenta são sobre a minimização e desvio de resíduos, que busca avaliar a redução do envio de resíduos para aterro sanitário, sendo a compostagem uma das alternativas avaliadas (FADZIL et al., 2012). A minimização dos resíduos é um fator importante para tornar a instituição sustentável. Segundo Zen e colaboradores (2016) a minimização de resíduos é uma das primeiras iniciativas sustentáveis a ser praticada pelas instituições, buscando diminuir a geração e os impactos causados pelos resíduos. Em relação à forma de medição da sustentabilidade, identificou-se uma heterogeneidade de métodos. Seis artigos utilizaram métodos quantitativos para mensuração dos indicadores e dois utilizaram métodos qualitativos. Dos métodos quantitativos, quatro artigos utilizaram questões binárias para produzir uma visão objetiva da adoção de práticas de sustentabilidade, assemelhando-se a ferramentas de sustentabilidade conhecidas e utilizadas mundialmente, como o GreenMetric e STARS (FADZIL et al., 2012). Os outros dois artigos utilizaram equações para mensurar a sustentabilidade do gerenciamento dos resíduos orgânicos. Salguero- Puerta e colaboradores (2019) utilizaram fórmulas matemáticas para descobrir a colaboração da compostagem e da biometanização para a economia circular e Kasam, Mulya Iresha e Ajie Prasojo (2018) calcularam o índice de resíduo zero para compostagem na Universidade Islâmica da Indonésia (UII). Os indicadores qualitativos empregados nos estudos de Suwartha e Sari (2013) e Gómez e colaboradores (2015) utilizam uma escala Likert de cinco níveis (0 a 4), para medir o grau de sustentabilidade do indicador, onde 0 é o nível mais baixo de sustentabilidade e 4, o nível mais alto. Este método permite avaliar instituições em diferentes níveis de sustentabilidade de acordo com a realidade do campus. A partir da leitura das publicações incluídas na RSL, foram selecionados os indicadores de sustentabilidade descritos no tópico a seguir. 5.2. SELEÇÃO DOS INDICADORES DE SUSTENTABILIDADE 53 Foram selecionados preliminarmente 16 indicadores de sustentabilidade a partir dos resultados da RSL. Os artigos de Moreira e colaboradores (2018) e Drahein, Lima e Costa (2019) foram as principais referências utilizadas. Os indicadores foram distribuídos em quatro categorias, adaptadas do trabalho de Moreira e colaboradores (2018), sendo elas: • Educacional: avalia a existência de cursos voltados para a área ambiental, principalmente que estudam os temas gestão de resíduos sólidos e sustentabilidade. • Operacional: mensura o funcionamento das atividades diárias de gerenciamento de resíduos orgânicos da instituição. • Engajamento: avalia a existência de ações de conscientização ambiental relacionadas a resíduos sólidos e sustentabilidade com discentes, docentes e comunidade externa. • Institucional: mensura o compromisso da instituição com a gestão sustentável de resíduos orgânicos por meio da existência de políticas, comissões e relatórios que envolvam a gestão de resíduos orgânicos. Os indicadores foram mensurados por meio de respostas binárias com base na lógica booleana, onde: 1 - critério é atendido pela instituição de ensino e 0 – critério não é atendido pela instituição de ensino. O Quadro 8 contém as dimensões com os indicadores selecionados e suas descrições. Foi avaliada a aplicabilidade dos indicadores selecionados e posteriormente anexados a Planilha Orgâni-se. Quadro 8– Indicadores selecionados preliminarmente. Categoria Indicador Descrição 1. Educacional 1.1. Cursos superiores ou técnicos na área ambiental Existência de um ou mais cursos superiores e técnicos na área ambiental no campus. 1.2. Cursos superiores ou técnicos que estudam gestão de resíduos e sustentabilidade Existência de um ou mais cursos superiores e técnicos que estudam gestão de resíduos e sustentabilidade no campus. 1.3. Projetos ou grupos de pesquisa com foco em sustentabilidade e gestão de resíduos Existência de um ou mais projetos ou grupos de pesquisa e extensão com foco em sustentabilidade e gestão de resíduos no campus. 1.4. Cursos de pós-graduação que estudam gestão de resíduos e sustentabilidade Existência de um ou mais cursos de pós-graduação que estudam 54 gestão de resíduos e sustentabilidade no campus. 2. Operacional 2.1. Programas de prevenção de resíduos orgânicos alimentares para usuários de restaurantes ou cantinas Existência de um ou mais programas (projetos de pesquisa e extensão) com foco na prevenção de resíduos orgânicos alimentares para usuários de restaurantes e cantinas no campus. 2.2. Programas de prevenção de resíduos orgânicos alimentares para funcionários de restaurantes ou cantinas Existência de um ou mais programas (projetos de pesquisa e extensão) com foco na prevenção de resíduos orgânicos alimentares para funcionários de restaurantes ou cantinas no campus. 2.3. Programa de compostagem Existência de um ou mais programas (projetos de pesquisa e extensão) com foco na divulgação e execução da técnica de compostagem no campus. 2.4. Programa de coleta seletiva de resíduos orgânicos Existência de um ou mais programas (projetos de pesquisa e extensão) com foco na divulgação e execução da coleta seletiva de resíduos orgânicos no campus. 3. Engajamento 3.1. Campanhas publicitárias de prevenção, redução ou compostagem dos resíduos orgânicos do campus Existência de uma ou mais campanhas publicitárias de prevenção, redução e compostagem dos resíduos orgânicos do campus 3.2. Atividades com discentes da instituição com foco no gerenciamento sustentável dos resíduos orgânicos Existência de uma ou mais atividades com discentes da instituição com foco no gerenciamento sustentável dos resíduos orgânicos 3.3. Capacitações técnicas para funcionários da instituição com foco no gerenciamento sustentável dos resíduos sólidos Existência de uma ou mais capacitações técnicas para funcionários da instituição com foco no gerenciamento sustentável dos resíduos sólidos 3.4. Atividades de educação ambiental junto à comunidade externa da instituição com foco nos resíduos orgânicos Existência de uma ou mais atividades de educação ambiental junto à comunidade externa da instituição com foco nos resíduos orgânicos 4. Institucional 4.1. Políticas, planos ou programas de gestão de resíduos Existência de políticas, planos e programas de gestão de resíduos no campus. 4.2. Comitê de gestão de resíduos Existência de comitê de gestão de resíduos no campus 55 4.3. Planejamento de metas sobre sustentabilidade a curto, médio e longo prazo Existência de planejamento de metas sobre sustentabilidade a curto, médio e longo prazo no campus 4.4. Publicação de relatórios sobre a gestão de resíduos sólidos na instituição, incluindo resíduos orgânicos Existência de publicação de relatórios sobre a gestão de resíduos sólidos na instituição, incluindo resíduos orgânicos Fonte: Elaborado pela autora. Neste trabalho, utilizou-se o termo “nível de sustentabilidade” para descrever a soma do valor obtido em cada categoria por meio da avaliação, sendo 10 a pontuação máxima. O gerenciamento sustentável de resíduos orgânicos em instituições de ensino foi definido com base no trabalho de Marans e Shriberg (2012), Moreira (2017) e Drahein, Lima e Costa (2019) como “o gerenciamento que engaja a comunidade estudantil e externa na tomada de decisões e promove uma cultura participativa, além de promover pesquisa, ensino, extensão, gestão e operações sustentáveis relacionadas aos resíduos orgânicos”. As categorias e seus respectivos indicadores foram ponderados com base no trabalho de Moreira e colaboradores (2018) conforme o Quadro 9. Moreira e colaboradores (2018) recomendam a avaliação anual da instituição para acompanhar o progressoem cada categoria. Quadro 9 – Pesos de cada categoria. Categoria Pesos Educacional 2,6 Operacional 2,9 Engajamento 2 Institucional 2,5 Total 10 Fonte: Elaborado pela autora. 5.3 AVALIAÇÃO DA APLICABILIDADE DOS INDICADORES DE SUSTENTABILIDADE Os indicadores de sustentabilidade foram submetidos a avaliação de aplicabilidade por meio de uma consulta a especialistas. No dia 13/05/2021 foram convidados 14 profissionais do Ifes campus Vitória, Vila Velha e Cariacica para participar da pesquisa. Durante o desenvolvimento desta etapa, outros seis profissionais dos campus foram indicados pelos participantes, totalizando 20 convidados, mas apenas 15 participaram da pesquisa. 56 Os questionários foram finalizados no dia 26/06/2021, sendo oito participantes profissionais atuantes no Ifes-campus Vitória, cinco do campus Vila Velha e dois do campus Cariacica. As respostas obtidas foram organizadas em tabelas, sendo a aplicabilidade avaliada de acordo com o nível de concordância. A partir dos resultados, todos os indicadores de sustentabilidade alcançaram o nível de concordância de 60% ou mais nos níveis 2 e 3, sendo considerados aplicáveis, como mostra o Quadro 10. Quadro 10 – Avaliação da aplicabilidade dos indicadores de sustentabilidade Categoria Indicador Níveis de aplicabilidade 1 2 3 1. Educacional 1.1. Cursos superiores ou técnicos na área ambiental 27% 20% 53% 1.2. Cursos superiores ou técnicos que estudam gestão de resíduos e sustentabilidade 0% 40% 60% 1.3. Projetos ou grupos de pesquisa com foco em sustentabilidade e gestão de resíduos 7% 20% 73% 1.4. Cursos de pós-graduação que estudam gestão de resíduos e sustentabilidade 20% 33% 47% 2. Operacional 2.1. Programas de prevenção de resíduos orgânicos alimentares para usuários de restaurantes ou cantinas 40% 20% 40% 2.2. Programas de prevenção de resíduos orgânicos alimentares para funcionários de restaurantes ou cantinas 33% 27% 40% 2.3. Programa de compostagem 27% 40% 33% 2.4. Programa de coleta seletiva de resíduos orgânicos 33% 20% 47% 3. Engajamento 3.1. Campanhas publicitárias de prevenção, redução ou compostagem dos resíduos orgânicos do campus 20% 33% 47% 3.2. Atividades com discentes da instituição com foco no gerenciamento sustentável dos resíduos orgânicos 0% 47% 53% 3.3. Capacitações técnicas para funcionários da instituição com foco no gerenciamento sustentável dos resíduos sólidos 27% 27% 47% 3.4. Atividades de educação ambiental junto à comunidade externa da instituição com foco nos resíduos orgânicos 27% 20% 53% 4. Institucional 4.1. Políticas, planos e programas de gestão de resíduos 20% 40% 40% 4.2. Comitê de gestão de resíduos 20% 40% 40% 4.3. Planejamento de metas sobre sustentabilidade a curto, médio e longo prazo 13% 40% 47% 57 Fonte: Elaborado pela autora. Analisando os resultados por campus, todos os indicadores atingiram o nível de consenso pelos participantes dos campus Vitória e Vila Velha. Esses resultados refletem a existência de cursos, projetos e pesquisas com ênfase nas áreas de gerenciamento de resíduos e meio ambiente, que contribuem com o desenvolvimento de ações sustentáveis relacionadas aos resíduos sólidos nos campus (IFES, 2019; RIBEIRO, 2019). O campus Vitória possui diversas pesquisas sobre o tema gerenciamento de resíduos orgânicos, principalmente sobre a técnica de compostagem no campus (BRINGHENTI et al., 2018; RIBEIRO, 2019; TEIXEIRA et al., 2020). Segundo Lima, Dias e Lima (2016), a disseminação de práticas como a compostagem contribuem com a sustentabilidade no espaço escolar e em seu entorno. Já no campus Cariacica, apenas os indicadores 1.2, 1.3 e 3.2 foram considerados aplicáveis. Esse resultado reflete a ausência de programas e ações para o gerenciamento sustentáveis de resíduos orgânicos no campus. Apesar das particularidades entre os três campus selecionados, os indicadores foram considerados aplicáveis para avaliar a sustentabilidade do gerenciamento dos resíduos orgânicos dos campus, podendo contribuir com o monitoramento, manutenção e melhoria do gerenciamento dos resíduos orgânicos. Os indicadores aprovados foram anexados no ambiente de mensuração da sustentabilidade na Planilha Orgâni-se. 5.4. DESENVOLVIMENTO DA FERRAMENTA DIGITAL A Planilha Orgâni-se foi construída no software Microsoft Excel e apresenta três ambientes principais, buscando auxiliar no gerenciamento sustentável dos resíduos orgânicos em instituições de ensino. A Planilha contém uma navegação intuitiva através da funcionalidade “Hiperlink”, possuindo 14 guias, sendo elas: tela Inicial, apresentação, instruções de uso, formulário de controle da coleta seletiva, dados armazenados, relatório sobre o controle da coleta seletiva, indicadores de sustentabilidade, relatório sobre avaliação da sustentabilidade, materiais de educação 4.4. Publicação de relatórios sobre a gestão de resíduos sólidos na instituição, incluindo resíduos orgânicos 33% 13% 53% 58 ambiental, público infantil, adolescente, jovem e adulto. O fluxograma de programação da Planilha está ilustrado na Figura 6. Figura 6– Fluxograma de funcionamento da Planilha Orgâni-se. Adolescente Infantil jovem Adulto Relatório Tela Inicial Ambiente controle da coleta seletiva Ambiente para mensuração da sustentabilidade Ambiente com materiais de educação ambiental Qual o público- alvo? Fim Formulário Apresentação Instruções de uso Indicadores de sustentabilidade Dados armazenados Relatório Legenda: Terminação Documento Decisão Processo Entrada manual Dados Início e fim 59 Fonte: Elaborado pela autora. A primeira guia consiste na tela inicial (Figura 7), que contém os botões de direcionamento com a funcionalidade Hiperlink para os três ambientes (controle da coleta seletiva, indicadores de sustentabilidade e materiais de educação ambiental). Além disso, a tela inicial possui o direcionamento para as guias denominadas apresentação e instruções de uso, como também atalhos para as guias relatórios e dados armazenados do ambiente de controle da coleta seletiva. A guia apresentação (Figura 8) contém informações básicas sobre a Planilha, como identificação das desenvolvedoras, objetivo e uma breve explicação dos ambientes principais. Figura 7 – Tela inicial da Planilha Orgâni-se. Fonte: Elaborado pela autora. Figura 8 – Guia apresentação da Planilha Orgâni-se. 60 Fonte: Elaborado pela autora. A guia instruções de uso (Figura 9) traz a explicação de como ativar a aba “Desenvolvedor” no Microsoft Excel, permitindo que o usuário consiga utilizar a funcionalidade macro com VBA. Essa guia também possui as instruções de utilização de todos os ambientes principais, e o contato da desenvolvedora principal para o esclarecimento de dúvidas. As guias pertencentes a cada ambiente principal serão explicadas nos tópicos a seguir. Figura 9 – Instruções de uso da Planilha Orgâni-se. Fonte: Elaborado pela autora 5.4.1. Ambiente controle da coleta seletiva O ambiente de controle da coleta seletiva foi elaborado com o intuito de realizar a inserção dos dados de geração de resíduos orgânicos de cada setor da IE e ainda contribuir com a análise de pontos de falha na coleta seletiva, auxiliando os processos de tomada de decisões pelos gestores. Para a inserção de informações acerca da coleta e geração de resíduos orgânicos, foi elaborada a guia com o formulário (Figura 10) que insere o nome do setor, data de coleta, número de pessoas e a massa em Kg de cada categoria deresíduos orgânicos. 61 Figura 10 – Formulário no ambiente controle da coleta seletiva. Fonte: Elaborado pela autora. Após inserir as informações, o usuário deve clicar no ícone “armazenar dados” para anexá-los automaticamente na guia dados armazenados (Figura 11). Essa guia foi construída com a ferramenta macro com auxílio do VBA, permitindo a introdução de dados de forma sequencial e intuitiva. Figura 11 – Guia dados armazenados no ambiente controle da coleta seletiva com dados de Costa (2016). Fonte: Elaborado pela autora. Para testar as funcionalidades deste ambiente, foram utilizados dados secundários publicados por Costa (2016), que realizou uma quantificação da massa dos restos de casca de frutas e borra de café gerados em alguns setores do Ifes- campus Vitória 62 (Tabela 1). A quantificação foi realizada no período de agosto a outubro de 2016 em nove setores do campus, sendo eles: Diretoria de Ensino (DIREN), Coordenadoria de Engenharia Sanitária e Ambiental (ESA), Laboratório de química (LQ), Licitação e compras, Engenharia e manutenção, Coordenadoria de Mecânica (CM), Coordenadoria de Química e Biologia, NAPNE e Contabilidade (COSTA, 2016). Os dados de Costa (2016) permitiram o refinamento das funcionalidades disponíveis no ambiente, porém são necessários testes futuros para o aprimoramento e avaliação da usabilidade da planilha. Tabela 1 – Massa de resíduos segregados por setor do Ifes - campus Vitória Data Setor Quantidade (g) Cascas Borra 0 5 /0 8 /2 0 1 6 DIREN 0 6100 Lab. de química 0 0 ESA 680 1150 Licitação e compras 0 1620 Engenharia e manutenção 580 0 Coord. Mecânica 0 0 Coord. Quím e bio 0 1124 NAPNE 0 1650 CONTABILIDADE 510 0 1 2 /0 8 /2 0 1 6 DIREN 0 0 Lab. de química 0 0 ESA 610 0 Licitação e compras 350 0 Engenharia e manutenção 170 0 Coord. Mecânica 0 0 Coord. Quím e bio 0 0 NAPNE 0 0 Contabilidade 0 0 1 9 /0 8 /2 0 1 6 DIREN 0 0 Lab. de química 0 0 ESA 500 0 Licitação e compras 0 0 Engenharia e manutenção 250 0 Coord. Mecânica 0 0 63 Coord. Quím e bio 0 0 NAPNE 0 0 Contabilidade 0 0 2 9 /0 8 /2 0 1 6 DIREN 0 4000 Lab. de química 100 600 ESA 600 1450 Licitação e compras 950 0 Engenharia e manutenção 100 0 Coord. Mecânica 0 0 Coord. Quím e bio 0 0 NAPNE 0 0 Contabilidade 0 1600 0 5 /0 9 /2 0 1 6 DIREN 0 0 Lab. de química 0 0 ESA 1150 1500 Licitação e compras 0 0 Engenharia e manutenção 0 0 Coord. Mecânica 0 0 Coord. Quím e bio 0 0 NAPNE 0 0 Contabilidade 0 0 1 4 /0 9 /2 0 1 6 DIREN 0 2300 Lab. de química 0 0 ESA 1100 1050 Licitação e compras 150 0 Engenharia e manutenção 0 0 Coord. Mecânica 0 0 Coord. Quím e bio 600 0 NAPNE 0 1100 Contabilidade 0 250 2 3 /0 9 /2 0 1 6 DIREN 0 0 Lab. de química 50 400 ESA 50 0 Licitação e compras 0 0 Engenharia e manutenção 0 0 Coord. Mecânica 0 1200 64 Coord. Quím e bio 0 0 NAPNE 0 0 Contabilidade 0 750 0 5 /1 0 /2 0 1 6 DIREN 0 1600 Lab. de química 0 0 ESA 800 0 Licitação e compras 50 0 Engenharia e manutenção 0 0 Coord. Mecânica 0 0 Coord. Quím e bio 0 700 NAPNE 0 1100 Contabilidade 0 500 Fonte: Elaborado pela autora, com informações de Costa (2016). A partir dos dados armazenados, foi realizado o teste da guia relatório (Figura 12). O relatório foi construído no formato de painel de controle, que permite a seleção pelo usuário dos dados referentes ao período de coleta e aos setores que deseja visualizar nos gráficos. Figura 12 – Visão geral do relatório no ambiente de controle da coleta seletiva. Fonte: Elaborado pela autora. 65 A guia exibe a massa coletada dos resíduos orgânicos por categoria, a geração per capita diária, a massa dos resíduos passíveis de serem compostados e a massa de resíduos não orgânicos que foram coletados (Figura 13). Segundo Oliveira e colaboradores (2015), a coleta seletiva é um processo fundamental para a segregação dos resíduos orgânicos e posterior destinação para a compostagem. Ferreira (2019) afirma que o uso de ferramentas digitais como softwares e aplicativos facilitam o processo de gerenciamento de resíduos, sendo de uso frequente por profissionais da área. O ambiente de controle da coleta seletiva mostrou-se relevante para o monitoramento do gerenciamento de resíduos orgânicos, facilitando a organização dos dados coletados e o monitoramento desse processo. Figura 13 – Relatório no ambiente de controle da coleta seletiva. Fonte: Elaborado pela autora. O gráfico de quantificação diária de resíduos por categoria (Figura 14) permite que o usuário visualize os dias em que ocorre maior geração de determinado resíduo na instituição, sendo o eixo x referente aos dias de coleta e a categoria de resíduos coletadas e o eixo y a massa de resíduos por categoria. Teixeira e colaboradores (2020) relatam que o acompanhamento diário da geração de resíduos em cantinas e restaurantes permite o diagnóstico dos dias de maior geração de resíduos e se ocorre desperdício de alimentos. O uso do ambiente de controle da coleta seletiva poderá contribuir com a investigação sobre a geração de cada categoria de resíduo orgânico na instituição, permitindo traçar estratégias para a prevenção da geração e para a destinação final mais sustentável. Figura 14 – Quantificação diária no relatório de controle da coleta seletiva. 66 Fonte: Elaborado pela autora. Segundo Costa e colaboradores (2016) o sucesso da coleta seletiva depende da sensibilização da comunidade envolvida, que precisa estar comprometida e informada da importância de sua participação no processo. Já Barros e Fernandes (2011) afirmam que para um desempenho satisfatório da coleta seletiva, é necessário o desenvolvimento contínuo de ações de instrução e sensibilização. Dada a importância da sensibilização para o sucesso do processo, a guia relatório contém dicas de como melhorar a coleta de resíduos na instituição, sendo elas: realizar a instrução e a sensibilização dos participantes antes do início da coleta seletiva; sinalizar as lixeiras ou coletores; investigar os motivos se ocorrer a destinação de resíduos não-orgânicos e visualizar os materiais de apoio para ações educativas disponíveis no ambiente de educação ambiental (Figura 15). Figura 15 – Dicas de como melhorar a coleta no relatório do ambiente de controle da coleta seletiva. Fonte: Elaborado pela autora. 5.4.2. Ambiente de mensuração da sustentabilidade O ambiente possibilita a avaliação da sustentabilidade do gerenciamento de resíduos orgânicos em instituições de ensino, com base no conjunto de indicadores de sustentabilidade selecionado anteriormente. O ambiente contém três guias: guia com indicadores de sustentabilidade, dados armazenados e relatório. 67 A guia com indicadores de sustentabilidade (Figura 16) possui as instruções básicas na parte superior da tela, instruindo a forma que cada campo deve ser preenchido. A guia possui um formulário com um campo para o preenchimento do mês e ano da avaliação, além dos campos de preenchimento dos indicadores, que devem ser preenchidos com “1” caso a instituição possua as características descritas e “0” caso não possua. Na parte inferior da guia encontra-se o ícone inserir dados que permite que os dados inseridos pelo usuário sejam armazenados automaticamente, além de apagar os dados no formulário principal. Figura 16 – Guia com indicadores de sustentabilidade Fonte: Elaborado pela autora. Os dados da avaliação são inseridos na guia dados armazenados (Figura 17), sendo convertido automaticamente o peso de cada indicador. Os indicadores (Quadro 8) foram validados no Ifes – campus Vitória no dia 05 de fevereiro de 2022 (Tabela 2), utilizando como referências para coleta dos dados o site oficial do campus, 68 documentosinstitucionais, artigos, trabalhos de conclusão de curso e dissertações publicados por discentes e docentes do campus. Figura 17 – Guia dados armazenados do ambiente mensuração da sustentabilidade Fonte: Elaborado pela autora. Tabela 2– Avaliação da sustentabilidade do gerenciamento de resíduos orgânicos no Ifes – Campus Vitória Fonte: Elaborado pela autora. A partir da coleta de dados, verificou-se que o campus possui o curso técnico em meio ambiente e a graduação em engenharia sanitária e ambiental, que abordam os temas gestão de resíduos, meio ambiente e sustentabilidade (IFES, 2018). O campus também possui os Programas de Pós-Graduação stricto sensu em Tecnologias Sustentáveis e uma pós lato sensu em Eficiência Energética, que possui trabalhos Categoria Indicador Pontuação 1. Educacional 1.1. 1 1.2. 1 1.3. 1 1.4. 1 2. Operacional 2.1. 0 2.2. 0 2.3. 1 2.4. 1 3. Engajamento 3.1. 1 3.2. 1 3.3. 0 3.4. 1 4. Institucional 4.1. 1 4.2. 0 4.3. 0 4.4. 0 69 com temáticas relacionadas aos temas resíduos sólidos e sustentabilidade (IFES, 2018). Os cursos de nível técnico e superior desenvolvem projetos de pesquisa e extensão relacionados ao gerenciamento de resíduos orgânicos, compostagem e sustentabilidade, como exemplo os trabalhos desenvolvidos pelo Labiotecs (BRINGHENTI et al., 2018; FREITAS et al., 2020). Em relação a prevenção de resíduos orgânicos, já foram desenvolvidos estudos por Teixeira e colaboradores (2020) relacionados ao tema no campus, porém até o momento não existem programas com o intuito de prevenir a geração de resíduos orgânicos nesses espaços. O campus possui coleta de resíduos secos implantada e a compostagem é realizada em composteiras de pequeno volume localizadas no Labiotecs, sendo sua manutenção realizada por estudantes, colaboradores voluntários e estagiários que participam de projetos de pesquisa vinculados ao laboratório (BRINGHENTI et al., 2018; RIBEIRO, 2018). Porém, devido a pandemia, o trabalho de coleta seletiva no campus está suspenso. Ações de divulgação de práticas de prevenção, redução e compostagem são promovidas por estudantes e docentes vinculados a projetos de pesquisa e extensão, assim como ações de educação ambiental (COSTA, 2016; FREITAS et al., 2021). Foi identificado que o campus possui um Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos (PGRS) que define diretrizes de gerenciamento ambientalmente adequado de todos os resíduos gerados no campus (PGRS, 2020). A partir dos dados inseridos, foi possível testar a guia relatório (Figura 18) que permite a avaliação da sustentabilidade do gerenciamento de resíduos orgânicos na instituição. A guia relatório (Figura 18) exibe a pontuação atingida em cada categoria, o nível de sustentabilidade (Figura 19) e a evolução temporal da instituição em relação a sustentabilidade (Figura 20). O relatório possui o formato de painel de controle, permitindo que o usuário selecione a data da avaliação para a exibição dos resultados por categoria, apontando qual delas possui maior fragilidade e merece atenção. Os gráficos de evolução temporal permitem que o usuário compare o desempenho da instituição ao longo das avaliações. No teste realizado com dados do campus Vitória (Figura 19), verificou-se que a categoria institucional atingiu a menor pontuação, visto a carência de planejamento de metas de sustentabilidade a longo prazo no campus, além da ausência de relatórios sobre a gestão de resíduos na instituição, sendo a categoria que necessita de maior 70 atenção para tornar o gerenciamento de resíduos orgânicos na instituição mais sustentável. A partir dos dados coletados no Ifes-campus Vitória, não foi possível verificar a evolução temporal do campus em relação a sustentabilidade do gerenciamento de resíduos orgânicos, visto que é necessário no mínimo duas avaliações para a aplicação dos gráficos. Neste sentido, foram utilizados dados fictícios apenas para demonstrar o funcionamento dos gráficos de evolução temporal (Figura 20). Figura 18 – Visão geral do relatório no ambiente mensuração da sustentabilidade Fonte: Elaborado pela autora. Figura 19 – Avaliação por categoria no relatório de mensuração da sustentabilidade Fonte: Elaborado pela autora. 71 Figura 20 –Gráfico de evolução temporal no relatório de mensuração da sustentabilidade Fonte: Elaborado pela autora. 5.4.3. Ambiente com materiais de educação ambiental A partir de buscas realizadas no Portal de Periódicos Capes, Google Acadêmico e Google, foram selecionados 25 materiais de divulgação científica e educação ambiental relacionados aos temas compostagem, resíduos orgânicos e coleta seletiva (Quadro 11). Desses materiais, quatro eram roteiros de oficinas envolvendo as temáticas, seis eram cartilhas informativas, oito folders de divulgação científica e sete manuais. Quadro 11 – Materiais de educação ambiental encontrados e suas fontes. Fonte Tipo de publicação Tipo de material Aracruz Celulose (2006) Projeto Cartilha Rodrigues (2009) Projeto Cartilha USP Recicla (2009) Projeto Manual SEDEMA (2010) Página da Web Cartilha e folders SMMA (2011) Página da Web Manual Loes (2013) Página da Web Folder Composta São Paulo (2014) Projeto Manual SEMASA (2014) Página da Web Folder 72 PTSPCC (2015) Página da Web Cartilha WWF Brasil (2015) Página da Web Manual A Gazeta (2017) Página da Web Manual MMA (2017) Página da Web Manual EMBRAPA (2018) Página da Web Folder Costa (2019) Artigo Oficinas Ribeiro (2019) Dissertação Folder Santos (2019) Monografia (graduação) Oficina Filogônio (2020) Dissertação Folder e oficinas Marquez (2020) Projeto Manual Gioderni et al. (2021) Projeto Cartilha Marca Ambiental (2021) Página da Web Cartilha Fonte: Elaborado pela autora. Segundo Souza e colaboradores (2013) existe a necessidade de se trabalhar o tema resíduos sólidos em ações de educação ambiental, principalmente em instituições de ensino, promovendo a conscientização e estimulando hábitos sustentáveis. Já Maddox e colaboradores (2011) afirmam que atividades tradicionais como palestras, folhetos educativos e oficinas são comumente utilizados para estimular novos hábitos de separação e destinação correta dos resíduos sólidos, promovendo discussões relevantes sobre consumo e desperdício. Dada a importância das ações de educação ambiental para o sucesso do gerenciamento de resíduos, os materiais selecionados foram anexados no ambiente de materiais de educação ambiental na Planilha Orgâni-se. Segundo Gronhoj e Thogersen (2009), para maior efetividade das abordagens de educação ambiental e divulgação científica, é necessário um planejamento prévio de acordo com o público- alvo, adaptando a linguagem e recursos utilizados durante a atividade para facilitar o processo de sensibilização. Buscando facilitar o acesso ao usuário, os materiais foram categorizados de acordo com a faixa etária do público-alvo em guias distintas, sendo elas: infantil, adolescente, jovem e adulto (Figura 21). Em cada guia, os materiais foram separados em novas 73 guias de acordo com o tipo, sendo elas: oficinas, cartilhas, folders e manuais, tutoriais e perfis para seguir (Figura 22). Figura 21 – Ambiente de materiais de educação ambiental Fonte: Elaborado pela autora. Para o público infantil foram selecionadas duas oficinas retiradas do trabalho de Costa (2019) sobre compostagem, adubação e horta vertical. Também foram selecionadas quatro cartilhas que utilizam elementos lúdicos em sua composição (ARACRUZ CELULOSE, 2006; RODRIGUES, 2009; SEDEMA, 2010; MARCA AMBIENTAL, 2021). Segundo Chow e colaboradores (2017), o uso de elementos lúdicos em ações de educação ambiental contribui com o aprendizado das crianças, tornando a ação mais interessante e divertida. Para o públicoadolescente foram anexadas duas oficinas sobre resíduos sólidos e compostagem (FILOGÔNIO, 2020) e quais resíduos podem ser compostados (SANTOS, 2019). Foram adicionadas cinco cartilhas (ARACRUZ CELULOSE, 2006; RODRIGUES, 2009; SEDEMA, 2010; GIODERNI et al., 2021; MARCA AMBIENTAL, 2021) e seis folders aplicados em alunos do ensino médio e para o público em geral (SEDEMA, 2010; SEMASA, 2014; RIBEIRO, 2019; FILOGÔNIO, 2020). Também foram selecionados sete manuais com informações sobre resíduos orgânicos e compostagem (USP RECICLA, 2009; SMMA, 2011; COMPOSTA SÃO PAULO, 2014; WWF BRASIL, 2015; A GAZETA, 2017; MMA, 2017; MARQUEZ, 2020). Maddox e colaboradores (2011) afirmam que crianças e adolescentes possuem um papel importante na mudança de valores e comportamentos sustentáveis de seus 74 pais. Durante a pesquisa intitulada ‘’O que as pessoas pensam sobre o desperdício’’, uma porcentagem dos entrevistados afirmou que as informações recebidas por seus filhos na faixa etária de 6 a 14 anos em programas de educação ambiental sobre reciclagem influenciaram os comportamentos em suas residências (WASTE WATCH'S, 1999). Nesse sentido, ações de educação ambiental para esse público são fundamentais para a efetividade do gerenciamento de resíduos sólidos, dada a cadeia de transmissão de conhecimento que o mesmo oferece (MADDOX et al., 2011). Para o público jovem e adulto, foram selecionadas uma oficina sobre os resíduos que podem ser compostados (SANTO, 2019) e seis cartilhas (ARACRUZ CELULOSE, 2006; RODRIGUES, 2009; SEDEMA, 2010; PTSPCC, 2015; GIODERNI et al., 2021; MARCA AMBIENTAL, 2021). Também foram anexados oito folders (SEDEMA, 2010; LOES, 2013; SEMASA, 2014; EMBRAPA, 2018; RIBEIRO, 2019; FILOGÔNIO, 2020) e sete manuais (USP RECICLA, 2009; SMMA, 2011; COMPOSTA SÃO PAULO, 2014; WWF BRASIL, 2015; A GAZETA, 2017; MMA, 2017; MARQUEZ, 2020). Figura 22 – Guias de acesso dos materiais de educação ambiental. Fonte: Elaborado pela autora. As cartilhas, folders e manuais (Figura 23) foram anexados a imagem da capa das cartilhas e manuais com o link de acesso nos ícones localizados acima de cada material. As oficinas (Figura 24) foram inseridas em forma de imagem na guia em questão. Foram encontrados e anexados dois tutoriais (Figura 25) que demonstram a confecção de composteiras de pequeno volume e os resíduos passíveis de serem compostados. 75 Figura 23 – Guia com cartilhas no ambiente de materiais de educação ambiental Fonte: Elaborado pela autora. Figura 24– Guia com oficinas para o público infantil no ambiente de materiais de educação ambiental Fonte: Elaborado pela autora. 76 Figura 25 – Guia com tutoriais no ambiente de materiais de educação ambiental Fonte: Elaborado pela autora. A utilização de materiais de educação ambiental pode contribuir com a disseminação de práticas sustentáveis como a coleta seletiva e compostagem, resultando em benefícios sociais, ambientais e econômicos (LIMA; DIAS; LIMA, 2016). Parra e colaboradores (2019) utilizaram folders de divulgação para sensibilizar a comunidade acadêmica e promover a coleta seletiva na Universidade Tecnológica Federal do Paraná – campus Londrina (UTFP-LD). A partir da divulgação de imagens de sustentabilidade no Facebook e Instagram, os autores concluíram a eficácia desta estratégia, devido ao elevado número de interações e alcance das publicações (PARRA et al., 2019). A guia com perfis para seguir (Figura 26) contém redes sociais de divulgação científica de práticas que contribuem com o gerenciamento sustentável dos resíduos sólidos e com a preservação do meio ambiente. O perfil do Laboratório de Biotecnologia e Sustentabilidade (Labiotecs) do Ifes foi elaborado por Freitas e colaboradores (2021) com o objetivo de divulgar práticas sustentáveis com os resíduos durante a pandemia do novo coronavírus, sendo posteriormente utilizado para divulgação de informações sobre meio ambiente, sustentabilidade e resíduos orgânicos. Segundo Caritá, Padovan e Sanches (2011), as redes sociais podem favorecer o processo de aprendizagem, tornando-o interativo pelo uso de mídias como 77 vídeos, áudios e hipertextos que proporcionam novas formas de aprender e ultrapassar os limites da sala de aula. Figura 26 – Guia com perfis no ambiente de materiais de educação ambiental Fonte: Elaborado pela autora. Neste contexto, redes sociais podem ser utilizadas como um repositório de conteúdo, permitindo que os alunos revisem os tópicos discutidos em ambientes de ensino formal. Essas redes também podem servir como fonte de conhecimento para pessoas leigas e interessadas no assunto, visto a linguagem simples e acessível utilizada (WERHMULLER, SILVEIRA, 2012). 78 6. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES Esta pesquisa desenvolveu a Planilha Orgâni-se, uma ferramenta digital de apio para o gerenciamento sustentável de resíduos orgânicos em instituições de ensino. A contribuição tecnológica desta pesquisa foi a concepção da Planilha Orgâni-se com três ambientes principais que permitem o planejamento, monitoramento e manutenção da coleta seletiva e compostagem em instituições de ensino. Já a contribuição científica foram os resultados obtidos na Revisão Sistemática da Literatura e nos testes que irão contribuir com o desenvolvimento de novas pesquisas do assunto. A Revisão Sistemática da Literatura possibilitou a identificação de oito indicadores de sustentabilidade relacionados ao gerenciamento de resíduos orgânicos em instituições de ensino. O número reduzido de publicações e indicadores identificados demonstrou a relevância do desenvolvimento de estudos sobre essa temática. A partir da revisão, também foi possível selecionar e adaptar um conjunto de 16 indicadores de sustentabilidade relacionado ao tema que contemplassem quatro categorias relevantes para o gerenciamento sustentável de resíduos orgânicos em instituições de ensino. A consulta aos especialistas contribuiu com a avalição da aplicabilidade dos 16 indicadores selecionados em três campus distintos do Ifes. A verificação da aplicabilidade permitiu a elaboração de um ambiente para avaliação da sustentabilidade na Planilha que disponibiliza ao usuário relatórios sobre a evolução temporal da instituição e identificação das categorias que mais precisam de atenção no momento da avaliação. O teste com dados secundários sobre a coleta de resíduos orgânicos realizada no Ifes-campus Vitória auxiliou o desenvolvimento da funcionalidade de armazenamento de dados no ambiente de controle de coleta seletiva. Esse ambiente busca contribuir com o gerenciamento inteligente de resíduos orgânicos em instituições de ensino. No entanto, são necessários novos estudos e testes para a avaliação da usabilidade e no aprimoramento da ferramenta. A identificação de 25 materiais de divulgação científica e educação ambiental para diferentes públicos-alvo permitiu o desenvolvimento do ambiente com materiais de educação ambiental, que tem o intuito de contribuir com o planejamento e manutenção 79 da coleta seletiva de orgânicos e compostagem em instituições de ensino, contribuindo com os aspectos social, ambiental e cultural da sustentabilidade. A Planilha Orgâni-se foi construída para ser utilizada por qualquer pessoa interessada que tenha acesso a um computador, de forma simples e intuitiva. Os desafios para o desenvolvimento da Planilha foram a definição do software que seria utilizado e a definição da forma de navegação dos ambientes. Contudo, até o momento os ambientes foram aplicados apenas pela desenvolvedora, o que não permite afirmar que de fato a ferramenta é de fácil utilização. Recomenda-se para trabalhos futuros a realizarem testes heurísticos em todos os ambientes para identificar problemas de usabilidade da ferramenta. Sugere-se ainda a adaptação da Planilha Orgâni-sede acordo com a realidade da instituição estudada, além de pesquisas que permitam a integração de informações com diferentes instituições de ensino, contribuindo com a comparação do gerenciamento em diferentes campus ou instituições. 80 REFERÊNCIAS A GAZETA. Compostagem lixo orgânico: pode reciclar? Espírito Santo - Brasil, 2017. Disponível em: http://midias.gazetaonline.com.br/_midias/pdf/2017/11/23/cartilhafaesa- 5385358.pdf. Acesso em 10 de mar. de 2021. AMADO, M. V.; VASCONCELOS, C. Educação para o Desenvolvimento Sustentável em espaços de educação não formal: a aprendizagem baseada na resolução de problemas na formação contínua de professores de ciências. Interações, n. 39, p. 355-367, 2015. ARACRUZ CELULOSE. Cuidando do planeta. 2006. Disponível em: http://www.projetoreciclar.ufv.br/docs/cartilha/cuidando_planeta.pdf. Acesso em 10 de mar. de 2021. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE EMPRESAS DE LIMPEZA PÚBLICA E RESÍDUOS ESPECIAIS - ABRELPE. Panorama dos Resíduos Sólidos no Brasil. São Paulo: ABRELPE, p.120, 2020. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS - ABNT. NBR 13591 (1996): Informação e documentação - Compostagem. Rio de Janeiro, 1996. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS - ABNT. NBR 10004 (2004): Classificação de Resíduos Sólidos. Rio de Janeiro, 2004. ASSOCIATION FOR THE ADVANCEMENT OF SUSTAINABILITY IN HIGHER EDUCATION -AASHE. STARS. 2012. Disponível em: https://stars.aashe.org/. Acesso em: 16 jul. 2020. BARBOSA, G. S. O desafio do desenvolvimento sustentável. Revista Visões, v. 4, n. 1, p. 1-11, 2008. BARROS, F. J. R.; FERNANDES, F. Sistema alternativo de coleta de resíduos sólidos domiciliares em município de médio porte, visando incrementar a reciclagem de inertes e facilitar a compostagem da fração orgânica: caso de Ibiporã – PR. In: Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental, 26. Anais... Porto Alegre: ABES, 2011. BARROS, C. S.; BARDEN, J. E. Aplicação do barômetro da sustentabilidade no Brasil: Um estudo bibliométrico. Revista Produção Online. Florianópolis, SC, v. 19, n. 1, p. 129-151, 2019. BEN-ZVI ASSARAF, O.; CWIKE, J.; SEDAWI, W.; TSOFIT, G. Place based education in the context of waste-related implications on health and welfare among Bedouin Arab communities in the Israeli Negev. WIT Transactions on Biomedicine and Health, v. 16, 2013. BESEN, G. R. Coleta seletiva com inclusão de catadores: construção participativa de indicadores e índices de sustentabilidade. 2011. 274 p. Tese (Doutorado em Saúde Pública) - Universidade de São Paulo, São Paulo, 2011. 81 BRASIL. MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE (MMA). Agenda ambiental na administração pública. Brasília, 2009. BRASIL. Lei nº 12.305, de 2 de agosto de 2010. Estabelece a Política Nacional de Resíduos Sólidos. Institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos; altera a Lei nº 9.605, de 12 de fevereiro de 1998; e dá outras providências. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Poder Executivo, Brasília, DF, 02 ago. 2010. BRASIL. MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE (MMA). Guia para a elaboração dos Planos de Gestão de Resíduos Sólidos. Brasília, 2011. BRASIL. Ministério do Meio Ambiente - MMA. Agenda 21. Brasília, 2017. Disponível em: http://www.mma.gov.br/responsabilidade-socioambiental/agenda21. Acesso em: 01 mai. 2020. BRASIL. Portaria nº 326, de 23 de julho de 2020. Estabelece o Programa Agenda Ambiental na Administração Pública - Programa A3P. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Poder Executivo, Brasília, DF, 23 jul. 2020. BRETT, L. M. L.; MARANS, R. W. Towards a campus culture of environmental sustainability. International Journal of Sustainability in Higher Education, 2012. BRINGHENTI, J. R., KORRES, A. M. N., MOREIRA, A. M. M., ROCHA, S. M., & GÜNTHER, W. M. R. Organic Waste Composting and Vermicomposting as Sustainable Practice in Higher Education Institutions. Towards Green Campus Operations, p. 159-173, 2018. BRUNDTLAND, G. H., KHALID, M., AGNELLI, S., AL-ATHEL, S., & CHIDZERO, B. J. N. Y. Our common future. New York, v. 8, 1987. BUSS, A. e MORETO, C. A prática da compostagem como instrumento no ensino de conteúdos e na Educação Ambiental Crítica. Revista Monografias Ambientais, 6. ed., v. 18, 2019. CANHETE, R. S. Proposta de um software para a elaboração e implantação de um plano de gerenciamento de resíduos sólidos em uma instituição federal de ensino. Dissertação (Mestrado em Administração Pública) - Universidade Federal da Grande Dourados, Dourados, 2017. CARITÁ, E.C.; PADOVAN, V.T.; SANCHES, L.M.P. Uso de redes sociais no processo ensino-aprendizagem: avaliação de suas características. Anais do 17o Congresso Internacional ABED de Educação a Distância: São Paulo, 2011. CEMPRE- COMPROMISSO EMPRESARIAL PARA RECICLAGEM. Pesquisa Ciclosoft. 2016. Disponível em: http://cempre.org.br/ciclosoft/id/8. Acesso em: 28 abr. 2020. CHOW, C.-F.; SO, W.-M.W.; CHEUNG, T.-Y.; YEUNG, S.-K.D. Plastic waste problem and education for plastic waste management. Emerging Practices in Scholarship of 82 Learning and Teaching in a Digital Era, p. 125-140, 2017. COMPOSTA SÃO PAULO. Manual de compostagem doméstica com minhocas. Brasil, 2014. Disponível em:https://issuu.com/moradadafloresta/docs/compostasp_manual_compostagem. Acesso em 10 de mar. de 2021. COSENZA, J. P.; ANDRADE, E. M.; ASSUNÇÃO, G. M. Economia circular como alternativa para o crescimento sustentável brasileiro: análise da Política Nacional de Resíduos Sólidos. Rev. Gest. Amb. e Sust. – GeAS, v. 9, n. 1, p. 1-30, 2020. COSTA, A. V. O. Indicadores de sustentabilidade para instituições de ensino superior: contribuições para a Agenda Ambiental PUC-Rio. Rio de Janeiro, 2012. 132 f. Dissertação (Programa de Pós-Graduação em Metrologia), Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro: Rio de Janeiro, 2012. COSTA, P. M. Sensibilização quanto à coleta seletiva de resíduos sólidos orgânicos e a compostagem em pequena escala: estudo de caso Ifes – campus Vitória. Trabalho de Conclusão de Curso (Engenharia Sanitária e Ambiental) – Instituto Federal do Espírito Santo: Vitória, 2016. COSTA, P. M.; BRINGHENTI, J. R.; KORRES, A. M. N.; FAÉ, C. Awareness and practice of solid waste selective collect for vermicomposting: case study in an educational institution. In: Congresso Interamericano de Engenharia Ambiental, 35, 2016, Cartagena, Anais..., Cartagena: AIDIS. 2016. COSTA, E.M. et al. Jardim vertical e horta como ferramenta de educação ambiental em escola em Ituiutaba-MG. Revista Científica Rural, Bagé-RS, v.21, 2019. DICIONARIO ONLINE DE PORTUGUÊS - DICIO. Significado de Folder. 2021a. Disponível em: https://www.dicio.com.br/folder/. Acesso em: 22 fev. 2022. DICIONARIO ONLINE DE PORTUGUÊS - DICIO. Significado de Manual. 2021b. Disponível em: https://www.dicio.com.br/manual/. Acesso em: 22 fev. 2022. DICIONARIO ONLINE DE PORTUGUÊS - DICIO. Significado de Cartilha. 2021c. Disponível em: https://www.dicio.com.br/cartilha/. Acesso em: 22 fev. 2022. DICIONARIO ONLINE DE PORTUGUÊS – DICIO. Significado de Protocolo. 2021d. Disponível em: https://www.dicio.com.br/protocolo/. Acesso em: 22 fev. 2022. DRAHEIN, A. D.; LIMA, E. P. de.; COSTA, S. E. G. de. Sustainability assessment of the service operations at seven higher education institutions in Brazil. Journal of Cleaner Production, v. 212, p. 527-536, 2019. ELKINGTON, J. Canibals with forks: the triple bottom line of 21st century business. Capstone Publishing, Oxford, 1997. ELLEN MACARTHUR FOUNDANTION - EMF. Circular Economy. Cowes, 2010. Disponível em: https://www.ellenmacarthurfoundation.org/. Acesso em: 13 maio. 2020. 83 EMBRAPA. Compostagem orgânica. Macapá, 2018. EUROPEAN COMMISSION ENTERPRISE AND INDUSTRY DIRECTORATE- GENERAL. Entrepreneurship in higher education, especially in non-business studies: final report of the expert group,materials that contribute to the planning, monitoring and maintenance of selective collection and composting in educational institutions. Based on its functionalities, this instrument aims to collaborate with the intelligent and sustainable management of organic waste in these spaces. Keywords: Garbage. Sustainable Development. Environmental Education. Schools. University Campus. LISTA DE ILUSTRAÇÕES Figura 1 – Conexão entre ferramenta digital com os ODS..........................................17 Figura 2 – Objetivos e procedimentos metodológicos da pesquisa..........................................................................................................36 Figura 3 – Etapas da revisão sistemática...................................................................38 Figura 4 – Armazenamento automático dos dados da Planilha Orgâni- se................................................................................................................................44 Figura 5 – Resultados da Revisão Sistemática da Literatura......................................47 Figura 6 – Fluxograma de funcionamento da Planilha Orgâni- se.....................................................................................................................58 Figura 7 – Tela inicial da Planilha Orgâni-se..............................................................59 Figura 8 – Guia apresentação da Planilha Orgâni-se..................................................59 Figura 9 – Instruções de uso da Planilha Orgâni-se...................................................60 Figura 10 – Formulário no ambiente controle da coleta seletiva................................61 Figura 11 – Guia dados armazenados no ambiente controle da coleta seletiva com dados de Costa (2016) ....................................................................................61 Figura 12 – Visão geral do relatório no ambiente de controle da coleta seletiva.............................................................................................................64 Figura 13 – Relatório no ambiente de controle da coleta seletiva...............................65 Figura 14 – Quantificação diária no relatório de controle da coleta seletiva.............................................................................................................66 Figura 15 – Dicas de como melhorar a coleta no relatório do ambiente de controle da coleta seletiva..................................................................................................66 Figura 16 – Guia com indicadores de sustentabilidade..............................................67 Figura 17 – Guia dados armazenados do ambiente mensuração da sustentabilidade...............................................................................................68 Figura 18 – Visão geral do relatório no ambiente mensuração da sustentabilidade...............................................................................................70 Figura 19 – Avaliação por categoria no relatório de mensuração da sustentabilidade...............................................................................................70 Figura 20 – Gráfico de evolução temporal no relatório de mensuração da sustentabilidade..........................................................................................................71 Figura 21 –Ambiente de materiais de educação ambiental........................................73 Figura 22 – Guias de acesso dos materiais de educação ambiental..........................74 Figura 23 – Guia com cartilhas no ambiente de materiais de educação ambiental....75 Figura 24– Guia com oficinas para o público infantil no ambiente de materiais de educação ambiental.........................................................................................75 Figura 25 – Guia com tutoriais no ambiente de materiais de educação ambiental......76 Figura 26 – Guia com perfis no ambiente de materiais de educação ambiental..........77 LISTA DE QUADROS Quadro 1 – Aspectos de sustentabilidade e seus critérios..............................................18 Quadro 2– Critérios para avaliação da sustentabilidade.................................................20 Quadro 3 – Instrumentos de Avaliação da Sustentabilidade aplicáveis a instituições de ensino....................................................................................................................30 Quadro 4 – Publicações sobre indicadores de sustentabilidade para instituições de ensino no Brasil.....................................................................................................31 Quadro 5 – Critérios de inclusão e exclusão dos artigos oriundos da revisão sistemática............................................................................................................39 Quadro 6 – Descrição dos níveis de aplicabilidade dos indicadores utilizados nos questionários.........................................................................................................42 Quadro 7 – Indicadores de sustentabilidade sobre resíduos orgânicos para Instituições de Ensino..............................................................................................................48 Quadro 8– Indicadores selecionados preliminarmente....................................................53 Quadro 9 – Pesos de cada categoria..............................................................................55 Quadro 10 – Avaliação da aplicabilidade dos indicadores de sustentabilidade....................................................................................................56 Quadro 11 – Materiais de educação ambiental encontrados e suas fontes....................71 LISTA DE TABELAS Tabela 1– Massa (g) de resíduos segregados por setor......................................62 Tabela 2– Avaliação da sustentabilidade do gerenciamento de resíduos orgânicos no Ifes – Campus Vitória........................................................................................68 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas ABRELPE – Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais CEMPRE – Compromisso Empresarial para Reciclagem EDS – Educação para o Desenvolvimento Sustentável GEE – Gases de Efeito Estufa IAS – Instrumento de Avaliação da Sustentabilidade IE – Instituição de Ensino MMA – Ministério do Meio Ambiente ODS – Objetivos do Desenvolvimento Sustentável PNRS – Política Nacional de Resíduos Sólidos RSO – Resíduos Sólidos Orgânicos SNIS – Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento 8 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................... 10 2 OBJETIVOS ....................................................................................................... 12 2.1 OBJETIVO GERAL ................................................................................... 12 2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ..................................................................... 12 3 REVISÃO DE LITERATURA ............................................................................. 13 3.1 O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL ................................................ 14 3.2 DIMENSÕES DA SUSTENTABILIDADE .................................................. 18 3.3 UM NOVO OLHAR SOBRE OS RESÍDUOS ORGÂNICOS ..................... 21 3.4 COLETA SELETIVA E COMPOSTAGEM ................................................. 22 3.5 GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS ORGÂNICOS EM INSTITUIÇÕES DE ENSINO2008. Disponível em: https://ec.europa.eu/growth/policies/sme/files/support_measures/training_education/entr _high. Acesso em: 17 out. 2020. GIODERNI et al. Educação ambiental para saneamento básico. UFRGS, 2021. Disponível em: https://lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/217896/001122535.pdf?sequence=1&isAll owed=y. Acesso em 10 de mar. de 2021. FADZIL, Z. F.; HASHIM, H. S.; AZIZ, S. Developing a Campus Sustainability Assessment Framework for the National University of Malaysia. International Journal of Environmental and Ecological Engineering, v.6, n. 6, 2012. FELIX, R. A. Z. Coleta seletiva em ambiente escolar. Rev. eletrônica Mestr. Educ. Ambient., v.18, 2007. FERREIRA, V. V. Projeto de um Software de Gestão Integrada de Resíduos. Dissertação (Mestrado em Inovação Tecnológica) – Universidade Federal do Triângulo Mineiro, Uberaba, 2019. FILOGÔNIO, I.M.C. Uso de inoculantes biológicos de compostagem em pequena escala. Dissertação (Mestrado em Tecnologias Sustentáveis) – Instituto Federal do Espírito Santo, Vitória, 2020. FREITAS, Y. C.; FERREIRA, F. A.; GRONER, C. E. B.; AZEVEDO, I. T.; BRINGHENTI, J. R.; KORRES, A. M. N. Instagram as a tool for disseminating sustainable practices: an experience report. Revista eletrônica em gestão, educação e tecnologia ambiental, v. 25, 2021 FRATTA, K.D.S.A.; TONELI, J.T.C.L.; ANTONIO, G.C. Diagnosis of the management of solid urban waste of the municipalities of ABC Paulista of Brasil through the application of sustainability indicators. Waste Management. V. 85, p. 11-17, 2019. FROEHLICH, C. Sustentabilidade: Dimensões e métodos de mensuração de resultados. Revista de Gestão do Unilasalle, v. 3, n. 2, 2014. GARBIN, F. G. B.; SILVEIRA, C. M. R. da.; ALBANO, C. S.; SANTOS, I. P. dos.; DORNELLES, J. A.; KLAROSK, S. P. Conversas sobre Empreendedorismo, Universidade e Escola. Revista de Projetos Comunitários e Extensão – Congrega, 2018. GIBSON, R. B. Sustainability assessment: basic components of a practical approach. Impact assessment and project appraisal, v. 24, n. 3, p. 170-182, 2006. GIL, A. C. Como elaborar projetos de pesquisa. 4 ed. São Paulo: Editora Atlas S.A, 84 192p., 2002. GÓES, H. C. A. Análise comparativa de instrumentos para avaliação da sustentabilidade em universidades visando uma proposta para o Brasil, 2015, 199 p. Tese (Doutorado em Ciências em Planejamento Energético) - Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro/RJ, 2015. GÓMEZ, F. U.; SÁEZ-NAVARRETE, C.; LIOI, S. R.; MARZUCA, V. I. Adaptable model for assessing sustainability in higher education. Journal of Cleaner Production, v. 107, p. 475-485, 2015. GUIMARÃES, R. P.; FEICHAS, S. A. Q. Desafios na construção de indicadores de sustentabilidade. Ambiente & Sociedade, Campinas, v. 12, n. 2, 2009. GRODZIŃSKA-JURCZAK, M.; BARTOSIEWICZ, A; TWARDOWSKA, A.; BALLANTYNE, R. Evaluating the impact of a school waste education programme upon students' parents' and teachers' environmental knowledge, attitudes and behaviour. International Research in Geographical and Environmental Education, v. 12, 2003. GRONHOJ, A.; THOGERSEN, J. Like father, like son? Intergenerational transmission of values, attitutes, and behaviours in the environmental domain. Journal of Environmental, 2009. HAGHIGHATJOO, S.; TAHMASEBI, R.; NOROOZI, A. Application of Community-Based Social Marketing (CBSM) to Increase Recycling Behavior (RB) in Primary Schools. Social Marketing Quarterly, v. 26, 2020. HUTNER, P., THORENZ, A., TUMA, A. Waste prevention in communities: A comprehensive survey analyzing status quo, potentials, barriers and measures, Journal of Cleaner Production, v. 141, p. 837-851, 2017. IFES. Sobre o Campus Vila Velha, 2016a. Disponível em: https://vilavelha.ifes.edu.br/sobre-o-campus.html. Acesso em: 30 jun. 2021. IFES. Sobre o Campus Cariacica, 2016b. Disponível em: https://www.cariacica.ifes.edu.br/sobre-o-campus. Acesso em: 30 jun. 2021 IFES. Cursos. 2018. Disponível em: https://vitoria.ifes.edu.br/cursos. Acesso em: 05 fev. 2022. IFES. Núcleo de Educação Ambiental, 2019. Disponível em: https://vilavelha.ifes.edu.br/nucleos-e-comissoes/nea.html. Acesso em: 30 jun. 2021. INÁCIO, C. T.; MILLER, P. R. M. Compostagem: ciência e prática para a gestão de resíduos orgânicos. Rio de Janeiro: Embrapa Solos, 2009. INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA - IBGE. Pesquisa nacional por amostra de domicílios (PNAD). Rio de Janeiro: IBGE, 2010. Disponível em: http://www.ibge.gov.br/home. Acesso em: 11 maio. 2020. 85 KASAM; MULYA IRESHA, F.; AJIE PRASOJO, S. Evaluation of solid waste management at campus using the "zero Waste Index": The case on campus of Islamic University of Indonesia. MATEC Web of Conferences, v. 154, 2018. JACOBI, P. R. BESEN, G. R. Gestão de resíduos sólidos em São Paulo: desafios da sustentabilidade. Estudos avançados, n. 25, v. 71, 2011. KIEHL, E. J. Fertilizantes orgânicos. São Paulo: Agronômica Ceres, 492p, 1985. KIEHL, E. J. Manual de compostagem: maturação e qualidade do composto. 4. ed. Piracicaba: p. 173, 2004. LAVOISIER, A. L. Tratado elementar de química. Tradução L. S. P. Trindade. São Paulo: Madras, 2007 [1789] LIBERATI, A., ALTMAN, D.G., TETZLAFF, J., MULROW, C., GØTZSCHE, P.C., IOANNIDIS, J.P.A., et al., The PRISMA Statement for Reporting Systematic Reviews and Meta-Analyses of Studies That Evaluate Health Care Interventions: Explanation and Elaboration. PLoS Med, v. 6, v. 7, 2009. e1000100. Disponível em: https://doi.org/10.1371/journal.pmed.1000100. LIMA, G.A.A.; DIAS, C.A.C.; LIMA, A.H. Compostagem de resíduos sólidos orgânicos como tema incentivador de educação ambiental. Scientia Plena, v. 12, n. 6, 2016. LOES, C. Informações básicas para fazer compostagem. Ecophysis, 2013. Disponível em: http://www.compostagem.ecophysis.com.br/files/Informacoes- Compostagem---Claudio-Loes---2016.pdf. Acesso em 04 de jun. de 2021. LOZANO, A. R. Tool for a graphical assessment of sustainability in universities (GASU). Journal of Cleaner Production, v. 14, p. 963-972, 2006. MAGNAGO, M.D., SGARBI, A.D., FERREIA, C.G. AND FERRARI, M.A.R. História da implantação do Ifes em Vila Velha–ES: Os desafios da implantação de uma escola de ciência e tecnologia em terras capixabas. VII Jornada de Iniciação Científica, Desenvolvimento Tecnológico e Inovação do Ifes, 2012. MADDOX, P.; DORAN, C.; WILLIAMS, I.D.; KUS, M. The role of intergenerational influence in waste education programmes: The THAW Project. Waste Management, v. 31, p. 2590–2600, 2011. MADYAL, J.; PLATTE, L.; ARNDT, J.; SPANGENBERG, M.; ZAHL, K. MoBi - An interactive classroom robot helping children to separate waste. HRI ’20 Companion. Cambridge, United Kingdom, March 23–26, 2020. MARCA AMBIENTAL. Cartilha de educação ambiental. Brasil, 2021. Disponível em: https://www.marcaambiental.com.br/app/uploads/2021/02/CARTILHA-ED_AMBIENTAL- 21x28cm-DEZEMBRO-min.pdf. Acesso em: 28 de abr. de 2021. MARANS, R. W.; SHRIBERG, M. Creating and assessing a campus culture of sustainability: The University of Michigan experience, cap. 47, 2012. Publicado em: 86 LEAL, W. Sustainable Development at Universities: New Horizons. Frankfurt: Peter Lang Scientific Publishers, 2012. MARQUES, R.; BELLINI, M.; GONZALEZ, C. E. F.; XAVIER, C. F. Compostagem como ferramenta de aprendizagem para promover a educação ambiental no ensino de ciências. Fórum Internacional de Resíduos Sólidos, Curitiba, Anais do Fórum Internacional de Resíduos Sólidos, 2017. MARQUEZ, B. Compostagem doméstica. ECOlabora, Brasil, 2020. Disponível em: https://drive.google.com/file/d/1PEUIA9w9slIKIaXY6tXZ_H78M4EtTwW3/view. Acesso em: 10 de mai. de 2021. MASSUKADO, L. M.; ZANTA, V. M. SIMGERE – Software para avaliação de cenários de gestão integrada de resíduos sólidos domiciliares. Engenharia sanitária ambiental, v..11, vº 2, 2006. MCKEOWN, R. et al. Education for sustainabledevelopment toolkit. Knoxville: Energy, Environment and Resources Center, University of Tennessee, 2002. MEDEIROS, A. C.; SILVA, M. M. P.; SOUZA, J. T.; OLIVEIRA, M. G.; OLIVEIRA, I. S. Avaliação do processo de compostagem de resíduos sólidos orgânicos desenvolvido em escolas municipais de Campina Grande/PB. 25º Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental, Recife, Anais..., 2009. MIKHAILOVA, I. Sustentabilidade: Evolução dos conceitos teóricos e os problemas da mensuração prática. Revista Economia e Desenvolvimento, n° 16, 2004. MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE – MMA. Compostagem Doméstica, Comunitária e Institucional de Resíduos Orgânicos. Brasil, 2017. Disponível em: http://arquivos.ambiente.sp.gov.br/municipioverdeazul/2016/07/rs6-compostagem- manualorientacao_mma_2017-06-20.pdf. Acesso em 10 de mar. de 2021. MOREIRA, R. M. Sustentabilidade em Instituições de Ensino Superior: Estudo de Caso da Gestão de Resíduos Sólidos da Universidade de São Paulo – Campus de São Carlos. Tese de doutorado – Escola de Engenharia de São Carlos, Universidade de São Paulo, São Carlos, SP, Brasil, 2017. MOREIRA, R. M.; MALHEIROS, T. F.; ALFARO, J. F.; CETRULO, T. B.; ÁVILA, L. V. Solid waste management index for Brazilian Higher Education Institutions. Waste Management, v. 80, p. 292–298, 2018. MUNARETTO, L.F.; CORRÊA, H.L. e DA CUNHA, J.A.C. Um estudo sobre as características do método Delphi e de grupo focal, como técnicas na obtenção de dados em pesquisas exploratórias. Revista de Administração da Universidade Federal de Santa Maria, 6. ed., v. 1, p.9-24, 2013. NARDO, M.; SAISANA, M.; SALTELLI, A.; TARANTOLA, S.; HOFFMAN, A.; GIOVANNINI, E. HANDBOOK on constructing composite indicators, OECD Statistics Working Papers., 2005. Disponível em: http://doi.org/10.1- 787/533411815016. Acesso em: 27 de jan. 2021. 87 OBJETIVOS DE DESENVOLVIMENTO DO MILÊNIO. Os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio, ONU, 2000. Disponível em: http://www.odmbrasil.gov.br/os-objetivos-de-desenvolvimento-do-milenio. Acesso em: 11 de nov. 2020. OLIVEIRA, D. E. R. Sustentabilidade socioambiental no ensino superior: um estudo com indicadores na Universidade Federal de Sergipe. Tese (Doutorado em Desenvolvimento e Meio Ambiente). Universidade Federal de Sergipe. São Cristovão, 176 f., 2015. OLIVEIRA, F. D. A.; LIMA, N. C.; LIMA, A. C. A.; STEFANUTTI, R. Proposta de coleta seletiva da fração orgânica dos resíduos sólidos domiciliares no bairro Pici, Fortaleza- CE. Revista DAE, 2015. Disponível em: http://repositorio.ufc.br/bitstream/riufc/44578/1/2016_art_rstefanutti.pdf. Acesso em: 27 de nov. 2021. OLIVEIRA, E. S. Indicadores de sustentabilidade como instrumento de apoio à coleta seletiva solidária em instituições federais de ensino superior. 2018, 217 p. Dissertação (Mestre em Engenharia Ambiental) - Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis/ SC, 2018. ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS – ONU. World Population Ageing. Department of Economic and Social Affairs/Population Division, New York, 2009. PADILHA, M. L. M. L. Indicadores de desenvolvimento sustentável para o setor têxtil. 2009. 311 P. Tese (Doutorado em Saúde Pública) – Faculdade de Saúde Pública, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2009. PADUA, S. M. Educação ambiental ou educação para o empreendedorismo: Respostas para um mundo complexo. Revbea, São Paulo, v. 10, n. 3: p.11-20, 2015. PHAN HOANG, T. T.; KATO, T. Measuring the effect of environmental education for sustainable development at elementary schools: A case study in Da Nang city, Vietnam. Sustainable Environment Research, v. 26, 2016. PEIXOTO, R. T. G. Compostagem: opção para o manejo orgânico do solo. Circular 57, IAPAR, Paraná, 48p., 1998. PENTEADO, H.D. Meio Ambiente e Formação de Professores. 6 ed. São Paulo: Cortez, 2007. PENTEADO, S.R. Adubação orgânica: compostos orgânicos e biofertilizantes. Via orgânica Fraga Penteado & Cia, São Paulo, 3. ed., 2010. PRESSMAN, R. S. Software Engineering A Practitioner’s Approach. 7th. ed. New York, NY: McGraw Hill, 2009. PROGRAMA DAS NAÇÕES UNIDAS PARA O DESENVOLVIMENTO - PNUD. Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, 2015. Disponível em: 88 https://nacoesunidas.org/. Acesso em 17 de mar. 2018 PTSPCC. Compostagem. Mato Grosso, 2015. Disponível em: http://www.noclimadacaatinga.org.br/wp-content/uploads/cartilha_compostagem.pdf. Acesso em 10 mar. 2021. RAJAN, K. P.; GOPANNA, A.; THOMAS, S. P. A project based learning (PBL) approach involving PET recycling in chemical engineering education. Recycling, v. 4, 2019. RIBEIRO, I.C. Valorização da borra de café gerada em ambientes institucionais por meio da técnica de compostagem. Dissertação (Mestrado em Tecnologias Sustentáveis) – Instituto Federal do Espírito Santo, Vitória, 2019. RIBEIRO, H.; BESEN, G. R. Panorama da coleta seletiva no brasil: Desafios e perspectivas a partir de três estudos de caso. Revista de Gestão Integrada em Saúde do Trabalho e Meio Ambiente, v.2, n.4, 2007. RODRIGUES, E. Cartilha de compostagem em escola. Brasil, 2009. Disponível em: www.unilago.com.br/download/arquivos/30236/apostila_compostagem.pdf. Acesso em 10 de mar. 2021. ROORDA, N. AISHE—Assessment instrument for sustainability in higher education, 2013. Publicado em: Dutch and English: Stichting duurzaam hoger onderwijs (DHO), Amsterdam, 2001. SACHS, I. Estratégias de Transição para o Século XXI: desenvolvimento e meio ambiente. São Paulo: Studio Nobel e Fundação de Desenvolvimento Administrativo (Fundap), p.24-27, 1993. SACHS, I. Caminhos para o desenvolvimento sustentável. Rio de Janeiro: Garamond, 2002. SACHS, J. et al. Six transformations to achieve the sustainable development goals. Nature Sustainability, v. 2, n. 9, p. 805-814, 2019. SALGUERO-PUERTA, L.; LEYVA-DÍAZ, J. C.; CORTÉS-GARCÍA, F. J.; MOLINA- MORENO, V. Sustainability indicators concerning waste management for implementation of the circular economy model on the university of lome (Togo) campus. International Journal of Environmental Research and Public Health, v. 16, n. 12, 2019. SANTOS, V. B. Oficina Temática sobre Compostagem: uma Perspectiva Interdisciplinar no Ensino de Química e Biologia. 2019. 60 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação) – Centro de Formação de Professores, Universidade Federal do Recôncavo da Bahia, 2019. SANTOS, L. S. O.; SANTOS, C. M. A. dos.; SANTOS, J. O.; ROCHA, J. E. da. Do lixo ao luxo: Ecoempreendedorismo. PUBVET, v.14, n.3, p.1-5, 2020. SATOLO, E. G., DA SILVA, I. B., & SIMON, A. T. Proposta de um método para geração 89 de modelo de medição da sustentabilidade organizacional. Revista Gestão da Produção Operações e Sistemas, v. 7 n. 3, p.127-143, 2012. SECRETARIA MUNICIPAL DE MEIO AMBIENTE - SMMA. Manual prático: compostagem. Brasil, 2011. Disponível em: http://www.garibaldi.rs.gov.br/upload/page_file/manual-pratico-decompostagem-net- final.pdf. Acesso em 10 de mar.de 2021. SEDEMA. Cartilha resíduos sólidos. São Paulo, 2010. Disponível em: https://186a32e7-4587-402c-8329- c93ed77cf86f.filesusr.com/ugd/50900f_45427274555f4ae283ae4efe819305f3.pdf. Acesso em 04 de jun. de 2021. SEDEMA. Compostagem. São Paulo, 2010. Disponível em: https://neasedema.wixsite.com/educacaoambiental/downloads. Acesso em: 04 de jun. de 2021. SEDEMA. Educação ambiental e resíduos sólidos. São Paulo, 2010. Disponível em: https://neasedema.wixsite.com/educacaoambiental/downloads. Acesso em: 04 de jun. de 2021. SEMASA. Compostagem. São Paulo, 2014. Disponível em: http://www.semasa.sp.gov.br/campanhas/folheto-compostagem-em-santo-andre/. Acesso em 04 de jun de 2021. SHI, H.; LAI, E. An alternative university sustainability rating framework with a structured criteria tree. Journal of Cleaner Production, v. 61, p. 59-69, 2013 SILVA, A.; SILVA, F. P. P.; NASCIMENTO, D. A.; PEREIRA, J. B.; ROHRICH, S. S. Proposição de um Indicador para avaliação da sustentabilidadeambiental no campus do setor litoral da Universidade Federal do Paraná. XVI ENGEMA, São Paulo, 2016. SILVA, R. V. dos S.; DE SOUSA, R. P.; DOS SANTOS, M. A. G.; DA SILVA, R. V.; GONÇALVES, M. T. Avaliação da implantação da coleta seletiva solidária por meio da A3P no IFTO-Campus Araguatins. Revista Sítio Novo, v. 1, 2017. SILVA, G. S; ALMEIDA, L. A. Indicadores de sustentabilidade para instituições de ensino superior: Uma proposta baseada na revisão de literatura. Rev. Gest. Ambient. Sustentabilidade, São Paulo, v.8, n.1, p. 123-144, 2019. SILVA, J.S.; CONCATTO, M. C.; BOHRER, R. E. G.; COSTA, E. S.; LEMES, L. B.; PRESTES, M. M. B.; de LAR, D. M. Novas tecnologias aliadas ao desenvolvimento sustentável: criação de app para monitoramento de pontos inadequados de descartes de resíduos. Revista Gestão & Sustentabilidade Ambiental, Florianópolis, v. 9, n. 2, p. 433-452, 2020. SIMONETTO, E.O.; BORESTEIN, D. SCOLDSS-Sistema de apoio à decisão aplicado ao planejamento e distribuição da coleta seletiva de resíduos sólidos. Anais do XXIV Encontro Nac. de Eng. de Produção - Florianópolis, SC, Brasil, 2004. 90 SIMONETTO, E. O.; LÖBLER, M. L. Simulação baseada em System Dynamics para avaliação de cenários sobre geração e disposição de resíduos sólidos urbanos. Production, v. 24, n. 1, p. 212-224, 2014. SISTEMA NACIONAL DE INFORMAÇÕES SOBRE SANEAMENTO - SNIS. Diagnóstico do Manejo de Resíduos Sólidos Urbanos. Brasília, 2020. SISTEMA NACIONAL DE INFORMAÇÕES SOBRE SANEAMENTO - SNIS. Diagnóstico do Manejo de Resíduos Sólidos Urbanos. Brasília, 2021. SOUSA, L. O. DE., RICHTER, B. W., RAATH, S. P. Sustainable environmental management indicators in South African primary schools. Sustainability (Switzerland), v. 9, n.5, 2017. SOUZA, G. S.; MACHADO, P. B.; DOS REIS, V. R.; SANTOS, A. S.; DIAS, V. B. Educação ambiental como ferramenta para o manejo de resíduos sólidos no cotidiano escolar. Revbea, Rio Grande, v. 8, n. 2, p.118-130, 2013. SUFIA, R.; ARISONA, R. D. Introducing environmental education to early children through 3R activities (an effort for Indonesia free trash). IOP Conference Series: Earth and Environmental Science, v. 747, 2021. SUPAKATA, N.; PUANGTHONGTHUB, S.; SRITHONGOUTHAI, S.; KANOKKANTAPONG, V.; CHAIKAEW, P. Environmental camp as a comprehensive communication tool to promote the RRR concept to elementary education students at Koh Si Chang School. Applied Environmental Education and Communication, v. 15, 2016. SUWARTHA, N.; SARI, R. F. Evaluating UI GreenMetric as a tool to support green universities development: assessment of the year 2011 ranking. Journal of Cleaner Production, v. 61, p.46 – 53, 2013. SUQUISAQUI, A. B. V. Elaboração e aplicação de ferramenta para avaliação da gestão e gerenciamento de resíduos sólidos urbanos para municípios brasileiros. Estudo de caso: municípios de Araraquara (SP) e São Carlos (SP). Dissertação (Engenharia Urbana) - Universidade Federal de São Carlos, São Carlos, 2020. TEIXEIRA, R. A.; KORRES, A. M. N.; BORGES, R. M.; RABELLO, L. L.; RIBEIRO, I. C.; BRINGHENTI, J. R. Sustainable Practices for the Organic Waste Management Generated in an Educational Institution Restaurant. In Universities as Living Labs for Sustainable Development. Springer, p. 803-820, 2020. TORGERSON, C. Systematic reviews. London: Continuum International Publishing Group, 2003. USP RECICLA. Manual básico de compostagem. 2009. Disponível em: https://www.academia.edu/10595408/Universidade_de_S%C3%A3o_Paulo_MANUAL_ B%C3%81SICO_DE_COMPOSTAGEM_Reprodu%C3%A7%C3%A3o_autorizada_des de_que_citada_a_fonte_2009. Acesso em 10 de mar. de 2021. 91 VALENTE, B.S.; XAVIER, E.G.; MORSELLI, T.B.G.A.; JAHNKE, D.S.; BRUM JR., B. DE S.; CABRERA, B.R.; MORAES, P. DE O.; LOPES, D.C.N. Fatores que afetam o desenvolvimento da compostagem de resíduos orgânicos. Archivos de Zootecnia, v. 58, p. 59-85, 2009. VAN BELLEN, H. M. V. Indicadores de Sustentabilidade: uma análise comparativa. São Paulo: FGV, 2005. VEIGA, T. B.; COUTINHO, S. S.; TAKAYANAGUI, A. M. M. Aplicação da técnica Delphi na construção de indicadores de sustentabilidade. IX Fórum Ambiental da Alta Paulista, v. 9, n. 4, p. 31-45, 2013. VIEIRA, B. L.; NEUWIEM, C. S.; BECHER, R. F. Aplicativo para indicar pontos de coletas de resíduos sólidos utilizando a estratégia de interação gamification para o gerenciamento de pontuações. Trabalho de Conclusão de Curso (Tecnólogo em Análise e Desenvolvimento de Sistemas) - Faculdade Senac Blumenau, Blumenau, 2018. VILELA, D.M.; PIESANTI, J.L. Gerenciamento de resíduos sólidos orgânicos da UFGD por meio da compostagem. Rev. Ciênc. Ext. v.11, n.3, p.28-39, 2015. WASTE WATCH. What people think about waste; attitudes and awareness research into waste management and recycling. NOP Research Group, London, 1999. WASSERMAN, S.; FAUST, K. Social network analysis: methods and applications. Cambridge (UK): Cambridge University Press, 1994. WERBACH, A. Estratégia para sustentabilidade: uma nova forma de planejar sua estratégia empresarial. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010. WERHMULLER, C.M.; SILVEIRA, I.F. Redes Sociais como ferramentas de apoio à Educação. Anais do Seminário Hispano Brasileiro. São Paulo, n. 3, p. 594-605, 2012. WIDODO, S.; PRATOMO, S.; PERMATASARI, I.; IKHWANUDIN, T. Material development for environmental education, Journal of Physics: Conference Series, 2019. WORLD WILDLIFE FUND BRASIL– WWF BRASIL. Relatório Planeta Vivo, 2014. Disponível em: http://www.wwf.org.br/natureza_brasileira/especiais/relatorio_planeta_vivo/. Acesso em: 06 jun. 2020. 92 WWF BRASIL. Guia para a compostagem. Brasil, 2015. Disponível em: https://wwfbr.awsassets.panda.org/downloads/compostagem.pdf. Acesso em 10 de mar. de 2021. YEUNG, S. K.; SO, W. M. W.; CHENG, N.Y.I.; CHEUNG, T.-Y.; CHOW, C.-F. Comparing pedagogies for plastic waste management at university level. International Journal of Sustainability in Higher Education. N. 7, v.18, 2017. ZAGO, V. C. P.; BARROS, R. T. V. Gestão de dos resíduos sólidos orgânicos urbanos no Brasil: do ordenamento jurídico à realidade. Eng. Sanit. Ambient. Rio de Janeiro: Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental, v. 24, n. 2, p. 219-228, 2019. ZAIN, S. M.; BASRI, N. E. A.; MAHMOOD, N. A.; BASRI, H.; YAACOB, M.; AHMAD, M. Innovation in sustainable education and entrepreneurship through the UKM recycling center operations. International Education Studies, v.6, 2013. ZEN, I. S., SUBRAMANIAM, D., SULAIMAN, H., SALEH, A. L., OMAR, W., SALIM, M. R. Institutionalize waste minimization governance towards campus sustainability: A case study of Green Office initiatives in Universiti Teknologi Malaysia. Journal of Cleaner Production, v. 135, p. 1407-1422, 2016. ZORPAS, A. A.; VOUKKALI, I.; LOIZIA, P. Effectiveness of waste prevention program in primary students’ schools. Environ Sci Pollut Res, n. 24, p14304–14311, 2017. DOI: 10.1007/s11356-017-8968-7 93 APÊNDICES APÊNDICE A– Orientações de preenchimento e questionários da 1ª rodada da consulta a especialista. 94 95 96 97 98 99 100 Fonte: Elaborado pela autora. 101 APÊNDICE B– Orientações de preenchimento da 2ª rodada de consulta a especialista. 102 103 Fonte: Elaborado pela autora. 104 APÊNDICE C – Artigos selecionados apurados a partir da revisão sistemática. Título do artigo Autores Developing a Campus Sustainability Assessment Framework for the National University of Malaysia Fadzil, Hashim e Aziz (2012). Evaluating UI GreenMetric as a tool to support green universities development: Assessment of the year 2011 ranking Suwartha e Sari (2013) Adaptablemodel for assessing sustainability in higher education Gómez e colaboradores (2015) Sustainable environmental management indicators in South African primary schools Sousa, Richter e Raath (2017) Evaluation of solid waste management at campus using the "zero Waste Index": The case on campus of Islamic University of Indonesia Kasam, Mulya Iresha e Ajie Prasojo (2018) Solid waste management index for Brazilian Higher Education Institutions Moreira e colaboradores (2018) Sustainability indicators concerning waste management for implementation of the circular economy model on the university of lome (Togo) campus Salguero-Puerta e colaboradores (2019) Sustainability assessment of the service operations at seven higher education institutions in Brazil Drahein, Lima e Costa (2019) Fonte: Elaborado pela autora.................................................................................................................. 23 3.6 SENSIBILIZAÇÃO E EDUCAÇÃO AMBIENTAL RELACIONADAS AOS RESÍDUOS ORGÂNICOS ..................................................................................... 26 3.7 INDICADORES DE SUSTENTABILIDADE ............................................... 28 3.8 INSTRUMENTOS DE AVALIAÇÃO DA SUSTENTABILIDADE PARA INSTITUIÇÕES DE ENSINO ................................................................................ .29 3.9 INDICADORES DE SUSTENTABILIDADE APLICADOS À GESTÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS............................................................................................ 31 3.10 INDICADORES DE SUSTENTABILIDADE PARA INSTITUIÇÕES DE ENSINO ................................................................................................................. 31 3.11 FERRAMENTAS DIGITAIS PARA O GERENCIAMENTO SUSTENTÁVEL DE RESÍDUOS SÓLIDOS............................................................................................33 4 METODOLOGIA ................................................................................................ 36 4.1 REVISÃO SISTEMÁTICA DA LITERATURA ............................................ 37 4.2 SELEÇÃO DOS INDICADORES DE SUSTENTABILIDADE .................... 40 4.3 AVALIAÇÃO DA APLICABILIDADE DOS INDICADORES DE SUSTENTABILIDADE ........................................................................................... 40 9 4.4 DESENVOLVIMENTO DA FERRAMENTA DIGITAL ................................ 43 5. RESULTADOS E DISCUSSÃO ......................................................................... 47 6. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES ............................................................ 78 REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 80 APÊNDICES .............................................................................................................. 93 10 1 INTRODUÇÃO No Brasil, restos de alimentos e podas são classificados como Resíduos Sólidos Orgânicos (RSO), representando 45,3% dos Resíduos Sólidos Urbanos (RSU) coletados. Estima-se que 36 milhões de toneladas de RSO foram reunidos no país em 2019, sendo a maioria enviada para disposição final sem nenhum tipo de recuperação (ABRELPE, 2020). Visto que nem todos os aterros sanitários do país possuem sistemas de captura de biogás, os resíduos orgânicos se tornam fonte de emissões de gases de efeito estufa (GEE), causando problemas ambientais (SISTEMA NACIONAL DE INFORMAÇÃO SOBRE SANEAMENTO - SNIS, 2021). A existência de aterros controlados e lixões em funcionamento no país tornam a disposição de resíduos orgânicos também um risco à saúde pública, permitindo a proliferação de vetores de doenças, destacando a necessidade de se promover alternativas para a recuperação dos resíduos orgânicos (ABRELPE, 2020). Um marco político em relação a gestão de resíduos foi a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), preconizada pela lei nº. 12.305/2010, que fundamenta a coleta seletiva como um instrumento para o gerenciamento adequado dos resíduos sólidos. Em relação aos resíduos orgânicos, a PNRS indica a compostagem como alternativa para a disposição final ambientalmente adequada, promovendo a valorização desses resíduos em seu local de geração (BRASIL, 2010). Segundo o Sistema Nacional de Informação sobre Saneamento (SNIS) em 2020, dos 36 milhões de toneladas de resíduos orgânicos coletados. Em 2021, apenas 270 mil toneladas de resíduos sólidos foram recebidas em unidades de compostagem (SNIS, 2021). Neste cenário, a aplicação de ferramentas digitais pode contribuir com o gerenciamento de resíduos orgânicos, facilitando na avaliação, divulgação e desenvolvimento de suas etapas (SIMONETTO; BORENSTEIN, 2004). Dado o papel relevante das Instituições de Ensino (IE) frente à sustentabilidade, as mesmas têm buscado desenvolver práticas que proporcionem a gestão ambiental adequada e a conscientização social, além do cumprimento de leis e normativas ambientais (SILVA; ALMEIDA, 2019). Sabe-se que algumas IE de grande porte são classificadas como grandes geradores de resíduos sólidos, levando algumas instituições a implementarem coleta seletiva e técnicas, como a compostagem, para 11 a valorização dos resíduos gerados em seus espaços, além de utilizá-la como instrumento de educação ambiental (BUSS; MORETO, 2019). Considerando o interesse das IE em alinharem suas práticas aos preceitos da sustentabilidade, a aplicação de mecanismos como a coleta seletiva e a compostagem são essenciais para promover a diminuição da poluição ambiental, reaproveitamento de matéria prima e conscientização social. Nesse sentido, sabe-se que indicadores de sustentabilidade são amplamente utilizados para a avaliação e o monitoramento de ações e práticas sustentáveis (OLIVEIRA, 2018). Somado às ações de educação ambiental, esses instrumentos podem contribuir com o gerenciamento e valorização dos resíduos orgânicos em IE, auxiliando a tomada de decisão por parte dos gestores (SILVA; ALMEIDA, 2019). No entanto, mesmo com a importância da temática, existe ainda uma carência de dados na literatura em relação à construção e ao uso de indicadores de sustentabilidade relacionados a RSO para IE (OLIVEIRA, 2018; SUQUISAQUI, 2020). A mesma lacuna pode ser relacionada à proposição de ferramentas digitais para auxiliar no processo de gerenciamento desses resíduos (SUQUISAQUI, 2020). Este trabalho propõe uma ferramenta digital para auxiliar no processo de gerenciamento sustentável dos RSO em IE (Planilha Orgâni-se). Criada com base em métodos científicos, utilizando Revisão Sistemática da Literatura (RSL) e consulta a especialistas, a ferramenta é composta de três ambientes principais: ambiente de controle da coleta seletiva, ambiente para mensuração da sustentabilidade e ambiente com materiais de educação ambiental. O primeiro ambiente irá promover o monitoramento inteligente da coleta seletiva, enquanto o segundo possui um conjunto de indicadores de sustentabilidade, relacionados ao gerenciamento de resíduos orgânicos para IE. O terceiro contém materiais de apoio para a elaboração de atividades de educação ambiental. A aplicabilidade dos indicadores de sustentabilidade foi avaliada por especialistas de três campus do Instituto Federal do Espírito Santo. A Planilha Orgâni-se busca contribuir diretamente com o alcance dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS), por meio de práticas que promovam o gerenciamento de resíduos ambientalmente adequado e socialmente justo. 12 2 OBJETIVOS 2.1 OBJETIVO GERAL Desenvolver uma ferramenta digital para o gerenciamento sustentável de resíduos orgânicos em instituições de ensino, promovendo a coleta seletiva e a compostagem como alternativas sustentáveis. 2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ● Identificar, na literatura, indicadores de sustentabilidade relacionados com gerenciamento de resíduos orgânicos em instituições de ensino. ● Avaliar a aplicabilidade de um conjunto de indicadores de sustentabilidade relacionados a resíduos orgânicos para instituições de ensino. ● Desenvolver uma ferramenta digital para o gerenciamento sustentável de resíduos orgânicos. ● Identificar materiais de educação ambiental relacionados à coleta seletiva dos resíduos orgânicos e compostagem. 13 3 REVISÃO DE LITERATURA A busca pelo desenvolvimento sustentável estimulou o consumo consciente e as novas abordagens em relação aos resíduos sólidos, visando minimizar seus impactos no meio ambiente (BARBOSA, 2008). Várias organizações, como a Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (COSTA, 2012), têm utilizado indicadoresde sustentabilidade para otimizar seus processos e torná-los mais sustentáveis. Os indicadores de sustentabilidade têm o intuito de auxiliar a avaliação e o monitoramento de práticas que permitam reduzir, reutilizar ou reciclar os resíduos gerados (SATOLO; SILVA; SIMON, 2012). Dado o compromisso com o desenvolvimento sustentável, vários trabalhos como o de Oliveira (2018), Silva e colaboradores (2016) e Drahein, Lima e Costa (2019) definiram indicadores para mensurar a sustentabilidade em IE, abordando a gestão e o gerenciamento de resíduos como um ponto essencial e ser considerado. Nesse aspecto, a literatura apresenta diferentes indicadores para avaliar práticas sustentáveis relacionadas aos resíduos sólidos, como: a existência de coleta seletiva (SILVA et al., 2016), a taxa de resíduos reutilizados ou reciclados (COSTA, 2012) e a existência de campanhas de conscientização sobre reciclagem (OLIVEIRA, 2018). Dados os benefícios oferecidos pela compostagem e seu potencial em prol da sustentabilidade, a aplicação de indicadores pode auxiliar na implantação e acompanhamento dessa prática (DRAHEIN; LIMA; COSTA, 2019). Os indicadores de sustentabilidade podem contribuir com a avaliação de diversos atributos resultantes da compostagem, como a diminuição da poluição urbana e sua efetividade como instrumento de educação ambiental, colaborando com um gerenciamento sustentável de resíduos (DRAHEIN; LIMA; COSTA, 2019). A seguir são abordados os principais assuntos relacionados à pesquisa: o desenvolvimento sustentável e suas dimensões; a necessidade de um novo olhar para os resíduos orgânicos; coleta seletiva e compostagem; gerenciamento de resíduos orgânicos em IE; sensibilização e educação ambiental; o que são indicadores de sustentabilidade; os instrumentos de avaliação da sustentabilidade para instituições de ensino; os indicadores aplicados a resíduos sólidos e em instituições de ensino e ferramentas digitais para o gerenciamento sustentável de resíduos sólidos. 14 3.1 O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL O agravamento dos problemas ambientais no século XX desencadeou uma série de discussões sobre o meio ambiente, culminando em diversos estudos na década de 1970 criticando o modelo econômico linear (MIKHAILOVA, 2004). Esse modelo consiste em processos de produção em via única, onde a mercadoria é consumida até o seu descarte final, gerando resíduos que não são reaproveitados (MIKHAILOVA, 2004). Vistos os impactos causados pelos resíduos no meio ambiente, novas estratégias de produção foram criadas a partir da década de 1970 buscando minimizar o descarte de resíduos (CONSENZA; ANDRADE; ASSUNÇÃO, 2020). Com isso surgiu o modelo de economia circular, que busca o mais alto nível de utilidade dos recursos naturais, minimizando o descarte de resíduos e consequentemente os problemas associados aos mesmos (ELLEN MACARTHUR FOUNDATION, 2010; CONSENZA; ANDRADE; ASSUNÇÃO, 2020). O despertar sobre os impactos causados pela ação antrópica no meio ambiente estimulou também diversas conferências mundiais. Em 1972 ocorreu a United Nations Conference on the Human Environment, conhecida popularmente como Conferência de Estocolmo, onde foi discutida a necessidade de mudanças na relação entre o ser humano e o planeta, buscando minimizar os impactos ambientais (MIKHAILOVA, 2004). Apesar da Conferência de Estocolmo ter sido um marco no âmbito do desenvolvimento sustentável (MIKHAILOVA, 2004), seu conceito só foi proposto em 1987, pelo relatório de Brundtlandt, que definiu desenvolvimento sustentável como a “busca por atender as necessidades atuais, sem comprometer a necessidades das gerações futuras” (BRUNDTLAND et al., 1987, p. 43, tradução nossa). Em 1992, o desenvolvimento sustentável começou a ser pauta em políticas ambientais após a definição do documento intitulado “Agenda 21”, instrumento criado para o planejamento e construção de sociedades sustentáveis, com objetivo de promover medidas de proteção ambiental e igualdade social (BRASIL, 2017). Esse documento forneceu informações importantes que elevou o entendimento de diversos países acerca do tema, levando à criação de leis, normativas e certificações, como a ISO 14.001, que por sua vez estimulou a implantação de processos mais sustentáveis em diversas organizações (BRASIL, 2017). Outro marco para o desenvolvimento sustentável ocorreu no ano 2000, com a definição dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM) pela Organização das 15 Nações Unidas, que estabeleceu oito objetivos com o intuito de mobilizar a sociedade, ao longo de 15 anos, a buscar alternativas para erradicar a fome e a pobreza, além de promover a conservação do meio ambiente (OBJETIVOS DE DESENVOLVIMENTO DO MILÊNIO, 2000). Em 2002, a definição de desenvolvimento sustentável foi atualizada pela Cúpula Mundial em Joanesburgo, com o intuito de estabelecer um conceito mais claro e objetivo, que mostrasse os recursos naturais como o fator limitante do desenvolvimento sustentável. A nova definição de desenvolvimento sustentável ficou estabelecida como “aquele que procura melhorar a qualidade de vida da população mundial, sem aumentar o uso de recursos naturais além da capacidade do planeta de se regenerar” (MIKHAILOVA, 2004, p. 27, tradução nossa). Mais recentemente, no ano de 2015, os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) foram estabelecidos pela cúpula das Nações Unidas, com o objetivo de incentivar ações que promovam práticas sustentáveis. Os ODS consistem em 17 objetivos e 169 metas que propõem ações ao longo de 15 anos, com o intuito de promover saúde, educação de qualidade e equidade de direitos a todos, exterminando a pobreza mundial, protegendo o meio ambiente e garantindo a igualdade de gênero (PROGRAMA DAS NAÇÕES UNIDAS PARA O DESENVOLVIMENTO, 2015). Dada a complexidade para o alcance desses objetivos, Sachs e colaboradores (2019) observaram a necessidade da união de seis blocos com diferentes focos transformadores para o alcance dos ODS. Os blocos são: educação, gênero e desigualdade; saúde, bem-estar e demografia; descarbonização e sustentabilidade energética/Industrial; alimentos, terras, água e oceanos sustentáveis; cidades e comunidades sustentáveis e revolução digital para o desenvolvimento sustentável (SACHS et al.,2019). O bloco de Cidades e Comunidades Sustentáveis tem como foco principal garantir o acesso ao saneamento adequado, incluindo o gerenciamento sustentável de resíduos sólidos em comunidades urbanas e rurais. Segundo o autor, a utilização de práticas de reutilização de resíduos orgânicos contribui para a transformação de cidades e terras sustentáveis, por meio da diminuição da poluição causada pelos resíduos (SACHS et al., 2019). Com isso, o gerenciamento dos resíduos orgânicos associados a práticas, como a coleta seletiva e a compostagem, colaboram com a manutenção 16 de cidades e comunidades sustentáveis, assim como a conservação de ambientes terrestres, contribuindo com o alcance de alguns ODS (ZAGO; BARROS, 2019). O presente estudo colabora diretamente com cinco ODS, sendo eles: ODS número dois (fome zero e agricultura sustentável), através do estímulo à produção de composto orgânico que pode ser utilizado na agricultura; ODS número quatro (educação de qualidade), com o estímulo a ações de educação ambiental em um espaço formal de ensino, utilizando o mesmo como laboratório vivo de pesquisa; ODS número onze (cidades e comunidades sustentáveis), com a disseminação e execução de práticas sustentáveis, permitindo a diminuição da poluição causada pelos resíduos; ODS número doze (consumo e produção sustentável), com a disseminação de estratégias junto a pesquisadores e gestores de ensino de minimização de resíduos orgânicos e ODS número treze (ação contra mudança global do clima), com a disseminação de estratégias para reduzir a geração de resíduosorgânicos, minimizando a geração gases de efeito estufa (GEE) (PROGRAMA DAS NAÇÕES UNIDAS PARA O DESENVOLVIMENTO, 2015). A conexão do tema geral do trabalho com os ODS está exposta no infográfico da Figura 1. 17 Figura 1 –Conexão entre ferramenta digital com os ODS. Fonte: Elaborado pela autora. 18 3.2 DIMENSÕES DA SUSTENTABILIDADE A sustentabilidade e suas dimensões são essenciais para a obtenção de informações pertinentes de sistemas ou processos de indústrias e instituições, gerando inúmeras produções acadêmicas sobre o assunto (SACHS, 2002; GUIMARÃES; FEICHAS, 2009). Apesar de grandes discussões em relação ao tema, ainda não existe consenso entre os autores sobre a quantidade de dimensões existentes para a sustentabilidade, tornando sua mensuração uma tarefa complexa (GUIMARÃES; FEICHAS, 2009). Com o intuito de auxiliar a avaliação da sustentabilidade em organizações, Elkington (1997) desenvolveu o chamado triple bottom line, expresseão da língua inglesa que pode ser traduzida como “tripé da sustentabilidade”. Esse conceito define três dimensões para a sustentabilidade, sendo elas: a econômica, a social e a ambiental. Segundo o autor, a avaliação tradicional feita por empresas considerava apenas fatores econômicos, não levando em conta aspectos importantes na avaliação da qualidade, como a performance ambiental e social que ela desempenha. Assim, Elkington (1997) sugere que as empresas avaliem o sucesso não só com base no lucro, mas também sob o ponto de vista de seu impacto sobre o meio ambiente e sobre a sociedade em que atua. Segundo Froehlich (2014), as dimensões ambiental, econômica e social apresentadas por Elkinton (1997) são comumente utilizadas em trabalhos acadêmicos. Com a evolução dos estudos sobre o tema, os autores começaram a ampliar os aspectos para uma análise mais aprofundada da sustentabilidade. Um exemplo é Sachs (1993), que apresenta inicialmente cinco aspectos para o alcance da sustentabilidade, sendo eles: social, econômico, ecológico, cultural e espacial, acrescentando posteriormente os aspectos ambiental, político nacional e internacional (Quadro 1), contribuindo com o aperfeiçoamento e o monitoramento da sustentabilidade (SACHS, 2002). Quadro 1 – Aspectos de sustentabilidade e seus critérios Aspecto Critérios Social - Alcance de um patamar razoável de homogeneidade social. - Distribuição de renda justa - Emprego pleno e/ou autônomo com qualidade de vida decente. - Igualdade no acesso aos recursos e serviços sociais. Cultural -Mudanças no interior da continuidade. -Capacidade de autonomia para elaboração de um projeto integrado e endógeno. -Autoconfiança combinada com aberturas para o mundo. 19 Ecológico -Preservação do potencial do capital natureza na sua produção de recursos renováveis. -Limitar o uso de recursos não renováveis. Ambiental -Respeitar e realçar a capacidade de autodepuração dos ecossistemas naturais. Territorial -Configurações urbanas e rurais balanceadas. -Melhoria do ambiente urbano. -Superação das disparidades inter-regionais. -Estratégias de desenvolvimento ambientalmente seguras para áreas ecologicamente frágeis. Econômico -Desenvolvimento econômico intersetorial equilibrado. -Segurança alimentar. -Capacidade de modernização contínua dos instrumentos de produção. - Razoável nível de autonomia na pesquisa científica e tecnológica. -Inserção soberana na economia internacional. Político (nacional) -Democracia definida em termos de apropriação universal dos direitos humanos. -Desenvolvimento da capacidade do Estado para implementar o projeto nacional, em parceria com todos os empreendedores. -Um nível razoável de coesão social. Político (internacional) -Eficácia do sistema de prevenção de guerras da ONU, na garantia de paz e na promoção da cooperação internacional. -Um pacote Norte-Sul de co-desenvolvimento, baseado no princípio da igualdade. -Controle institucional efetivo do sistema internacional financeiro de negócios. -Controle institucional efetivo da aplicação do princípio da precaução na gestão do meio ambiente e dos recursos naturais -Prevenção das mudanças globais negativas. - Proteção da biodiversidade biológica. - Gestão do patrimônio global com herança comum a humanidade. -Sistema efetivo de cooperação científica e tecnológica internacional e eliminação parcial do caráter de commodity da ciência e tecnologia, também como propriedade da herança comum da humanidade. Fonte: Elaborado pela autora com informações de Sachs (2002). Outro exemplo é Werbach (2010), que considerou os aspectos econômico, social, ambiental e cultural em seu trabalho. O autor destaca que todos os aspectos são influenciados pela cultura da sustentabilidade, que é diretamente afetada pelo comportamento e ações dos indivíduos (WERBACH, 2010). Segundo Marans e Shriberg (2012, p. 557) a cultura da sustentabilidade é definida como “a conscientização dos indivíduos sobre os desafios ambientais, sociais e econômicos, comportando-se de forma sustentável no presente e no futuro”. Em IE, a cultura da sustentabilidade é essencial para promover atitudes sustentáveis por parte de seus colaboradores e alunos, a longo prazo, visto que o mesmo é um local de construção de conhecimento e formador dos futuros cidadãos e líderes mundiais (BRETT; MARANS, 2012). 20 Em um estudo na Universidade de Michigan, Brett e Marans (2012) destacam a importância de três áreas para a construção de comportamentos pró-sustentáveis em IE: educação, engajamento e monitoramento. Segundo os autores, o desenvolvimento dessas áreas é essencial para a transição de organizações e dos cidadãos para uma cultura da sustentabilidade (BRET; MARANS, 2012). Em uma outra abordagem para avaliação da sustentabilidade, Gibson (2006) definiu oito critérios (Quadro 2) baseados nas principais obrigações dos tomadores de decisão e nos cenários que devem ser alcançados. Esses critérios não se baseiam nos pilares da sustentabilidade, mas sim nos elementos essenciais de cada aspecto considerado como usual da temática (SACHS, 2002; GIBSON, 2006). Quadro 2– Critérios para avaliação da sustentabilidade Critérios Requerimentos Integridade do sistema socioecológico Construir relações humano-ecológicas para estabelecer e manter a integridade a longo prazo dos sistemas sócio biofísicos e proteger as funções de suporte de vida insubstituíveis sobre as quais o bem-estar ecológico e humano são dependentes. Sustento de meios de subsistência e oportunidades Certificar que todas as comunidades tenham o suficiente para uma vida decente e que todos tenham oportunidades de buscar melhorias de maneiras que não comprometam as gerações futuras. Equidade intrageracional Garantir escolhas eficazes para todos com o objetivo de reduzir lacunas perigosas de meios de subsistência e oportunidade (e saúde, segurança, reconhecimento social, política influência, e assim por diante) entre ricos e pobres. Equidade intergeracional Dar preferência a opções e ações presentes que tenham maior probabilidade de preservar ou melhorar as oportunidades e capacidades das futuras gerações de viver de forma sustentável. Manutenção e eficiência de recursos Fornece uma base para garantir meios de subsistência sustentáveis para todos, enquanto reduz as ameaças à integridade a longo prazo dos sistemas socioecológicos, reduzindo os danos extrativos, evitando desperdícios e uso de energia não renovável. Civilidade socioecológica e governança democrática Construir a capacidade, motivação e inclinação habitual de indivíduos, comunidades e outras tomadas de decisão coletivas para aplicar os requisitos de sustentabilidade através de deliberações mais bem informadas, maior atenção ao fomento de consciência recíproca e responsabilidade coletiva e uso mais integrado de administração, mercado e pessoalde práticas de tomada de decisão. Precaução e adaptação Respeitar e evitar a incerteza, até mesmo os riscos mal compreendidos de danos graves ou irreversíveis às fundações para sustentabilidade, planejar para aprender, projetar para surpreender e gerenciar para 21 adaptação. Integração imediata e de longo prazo Aplicar todos os princípios de sustentabilidade de uma só vez, buscando mutuamente os benefícios de suporte e ganhos múltiplos. Fonte: Elaborado pela autora com informações de Gibson (2006). O uso de indicadores é bastante aplicado para a avaliação da sustentabilidade, permitindo mensurar variáveis complexas a partir de perguntas simples. Assim, a análise inicial dos aspectos avaliados pelos indicadores é essencial para uma mensuração mais efetiva da sustentabilidade, vistos os diferentes impactos causados por um processo ou sistema (FROEHLICH, 2014). Neste trabalho foram utilizados como base os trabalhos de Gibson (2006) e Marans e Shriberg (2012) para a avaliação da sustentabilidade do gerenciamento de resíduos orgânicos em IE. Os aspectos foram considerados para a definição das quatro categorias de indicadores, adaptadas do trabalho de Moreira e colaboradores (2018). 3.3 UM NOVO OLHAR SOBRE OS RESÍDUOS ORGÂNICOS O tema resíduo é alvo de diversas discussões ao redor do mundo, considerando os impactos ambientais, sociais e sanitários que podem ser gerados pela sua disposição inadequada (OLIVEIRA, 2018). Segundo a ABRELPE, em 2020, a maioria dos resíduos orgânicos coletados no Brasil foram destinados a aterros sanitários e lixões (ABRELPE, 2020). Essa destinação final pode culminar na geração de lixiviado, atrair vetores de doenças e ainda contribuir com a geração de gases que intensificam o efeito estufa caso não forem gerenciados corretamente (ABRELPE, 2020). Portanto, é necessário ressignificar o reaproveitamento dessas sobras utilizando técnicas de valorização de resíduos, como por exemplo a biometanização e a compostagem (ZAGO; BARROS, 2019). A compostagem surge como uma alternativa viável, de baixo custo de execução e que permite a transformação dos resíduos orgânicos em composto orgânico (JACOBI; BENSEN, 2011; ZAGO; BARROS, 2019). Assim, a utilização da compostagem contribui com o desvio dos resíduos orgânicos que seriam encaminhados para aterros e lixões, aumentando a vida útil desses locais (JACOBI; BENSEN, 2011; ZAGO; BARROS, 2019). A geração de composto orgânico resultante do processo possibilita a geração de renda por meio de sua comercialização, contribuindo com a agricultura sustentável, pela substituição ao adubo químico, evitando erosão e degradação do solo (ZAGO; BARROS, 2019). 22 A compostagem possibilita também a geração de empregos que contribuem com a sustentabilidade em vários níveis, tanto na manutenção da técnica quanto no planejamento do processo, contribuindo com a superação da pobreza e o fortalecimento do capital social (JACOBI; BENSEN, 2011). A compostagem pode estimular ainda o fortalecimento da vitalidade cultural e da participação social, por meio da segregação dos resíduos e pela possibilidade de execução da técnica em domicílio (ZAGO; BARROS, 2019). Promover o aproveitamento da fração orgânica beneficia a sociedade em geral, visto o valor ambiental, social e econômico que essas sobras possuem quando submetidas à compostagem. Para tanto, é necessário tratar a gestão de resíduos orgânicos como uma oportunidade e não mais como um problema, promovendo a prática da compostagem em empresas, residências e também no ambiente escolar, onde essa técnica pode ser utilizada como recurso na educação ambiental (MEDEIROS et al., 2009). 3.4 COLETA SELETIVA E COMPOSTAGEM Segundo Ribeiro e Besen (2007, p. 4), a coleta seletiva consiste no “ato de separar os resíduos em diferentes grupos, com o intuito de direcioná-los para o tratamento adequado”. Esse processo pode ser realizado em estabelecimentos comerciais, residências e em diversas organizações, como IE. A coleta seletiva associada com a destinação adequada colabora com a preservação ambiental, pois reduz a disposição dos resíduos em aterros sanitários e lixões, diminuindo os impactos negativos ao meio ambiente. Além disso, a coleta seletiva promove trabalho e renda através da reciclagem, além de colaborar com a seleção dos resíduos passíveis de serem destinados à compostagem ou à biometanização (RIBEIRO; BESEN, 2007). Já a compostagem se caracteriza como um processo biológico aeróbico e controlado, onde a fração orgânica é decomposta pela ação de uma população diversificada de microrganismos liberando, durante o processo, gás carbônico e água. Ao final, é gerado um produto estável, livre de patógenos e rico em matéria orgânica, diferenciando-se do material que o originou, podendo ser utilizado como fertilizante natural (KIEHL, 1985). 23 Segundo a NBR 13.591/1996, a compostagem é um “processo de decomposição aeróbica da fração orgânica biodegradável dos resíduos, ocorrendo em duas fases: a degradação ativa e a fase de maturação” (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 1996, p. 2). Peixoto (1998) define quatro fases para o processo de compostagem, com duração total de 60 a 90 dias. A primeira fase é chamada mesofílica, ocorrendo a degradação inicial da fração orgânica, com desprendimento de calor, água e gás carbônico, além da formação de ácidos (acético, fórmico, propiônico, butírico, capróico e cáprico). Essa fase atinge temperaturas menores que 45ºC, apresentando curta duração (PEIXOTO, 1998). A segunda fase é denominada termofílica, atingindo temperaturas entre 45ºC e 65ºC, apresentando reações bioquímicas mais intensas e tempo de duração variado, dependendo do resíduo e da população microbiana presente. Essa fase é de extrema importância, pois permite a eliminação de microrganismos patogênicos (KIEHL, 2004). Na compostagem de pequeno volume, conhecida como compostagem caseira ou doméstica, a temperatura não atinge valores muito elevados, dado que a massa de resíduos utilizada é reduzida. Nesse caso, aconselha-se não utilizar materiais contaminados, como fezes de animais, evitando a propagação de microrganismos patogênicos no composto final (KIEHL, 2004). A terceira fase é de resfriamento, em geral, com duração de 2 a 5 dias. Por fim, a última fase é de cura, maturação ou humificação, ocorrendo a formação de ácidos húmicos e com duração aproximada de 30 a 60 dias, gerando ao final um composto orgânico pronto para ser utilizado (VALENTE et al., 2009). Sabe-se que todas as fases dependem diretamente da ação de microrganismos, sendo necessária a relação favorável entre diversos fatores, como o pH, granulometria, umidade, aeração, temperatura, relação Carbono/Nitrogênio, para garantir a eficácia do processo (VALENTE et al., 2009). 3.5 GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS ORGÂNICOS EM INSTITUIÇÕES DE ENSINO Segundo a Associação Brasileira de Normas Técnicas (2004), por meio da NBR 10004/2004, resíduos alimentares são classificados como classe IIA não-inerte, apresentando propriedades como biodegradabilidade, combustibilidade e solubilidade em água. Apesar de não serem classificados como perigosos, os resíduos orgânicos 24 geram uma grande preocupação ambiental, pois sua disposição final, na maioria das vezes, não é adequada, representando riscos ao meio ambiente e à saúde pública (BUSS; MORETO, 2019). A PNRS reconhece a capacidade geradora de empregos e renda dos resíduos, destacando seu valor econômico e social e estabelece, entre seus objetivos, a não geração, a redução, a reutilização, a reciclagem e o tratamento dos resíduos sólidos (BRASIL, 2010). Instrumentos importantes da PNRS para atingir esse objetivo são os planos de resíduos sólidos, que fornecem subsídios para todo o processo de gestão e gerenciamento de resíduos de organizações públicas e privadas, como as IE (BRASIL, 2010).Nesse sentido, é importante que os planos incluam todas as etapas de gerenciamento dos resíduos passíveis de serem reciclados ou compostados, promovendo uma política de responsabilidade socioambiental que colabora com a gestão integrada dos resíduos na instituição. Outros instrumentos importantes são a coleta seletiva e a educação ambiental, que contribuem para a efetividade dos planos de resíduos sólidos a longo prazo, colaborando com o alcance dos objetivos estabelecidos pela PNRS (BRASIL, 2010). Em relação aos resíduos orgânicos, a PNRS prevê no art. 36, inciso V, a responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos, a necessidade de implantação de sistemas de compostagem para a destinação dos resíduos orgânicos gerados, além da articulação com agentes econômicos e sociais para a distribuição e utilização do composto produzido (BRASIL, 2010). Apesar da compostagem ser uma técnica simples de ser aplicada, o reaproveitamento da fração orgânica ainda está entre os maiores desafios para a efetividade da PNRS (BUSS; MORETO, 2019). O uso de ferramentas de avaliação e monitoramento da coleta seletiva de RSO e compostagem podem auxiliar na identificação de falhas no gerenciamento, colaborando com a tomada de decisão por parte do gestor, que pode definir ações para melhoria do processo (SUQUISAQUI, 2020). Uma opção para avaliação do gerenciamento seria o uso de indicadores, que fornecem informações sobre a qualidade do processo e possibilita sua adequação dentro dos preceitos da sustentabilidade (FRATTA; TONELI; ANTÔNIO, 2019). 25 Em relação às IE, existem diversos aspectos legais que buscam promover a sustentabilidade do processo de gestão e gerenciamento dos resíduos sólidos. Um exemplo é a Norma ISO 14.001, que tem como objetivo principal implementar sistemas de gestão ambiental que desenvolvam práticas sustentáveis que reduzam ou reutilizem os resíduos gerados (ABNT, 2015). Para instituições públicas, existe a Agenda Ambiental na Administração Pública (A3P), desenvolvida pelo Ministério do Meio Ambiente (MMA), que busca estimular práticas sustentáveis em órgãos públicos, colaborando com a preservação do ambiente e a manutenção de uma sociedade sustentável (BRASIL, 2020). Considerando que algumas IE são de grande porte e possuem restaurantes e cantinas com um fluxo intenso de pessoas em períodos letivos, ocorre grande geração de resíduos, entre eles os orgânicos, como restos de alimentos e resíduos de jardinagem. Neste contexto, a implementação da compostagem nesses espaços permite a criação de “laboratórios vivos” que proporcionam aprendizagem experiencial enquanto contribui para a sustentabilidade, influenciando a adoção de novos padrões socioambientais (BUSS; MORETO, 2019; FAVALORO et al., 2019). Algumas universidades brasileiras utilizam, de forma contínua, a compostagem em seus espaços, com o intuito de destinar, de forma correta, os seus resíduos e promover a conscientização de seus colaboradores e estudantes. Um exemplo é a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) que, em 1994, criou o Projeto de Coleta Seletiva e Compostagem. O projeto busca valorizar os RSO gerados nos restaurantes, cantinas e no biotério central. Além disso, o local serve como laboratório ao ar livre, instruindo estudantes sobre a técnica e sendo alvo de diversos projetos de pesquisa (INÁCIO; MILLER, 2009). Outra experiência exitosa é a coleta seletiva de RSO que ocorre na Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (FSP/USP), que desde 2009 realiza a coleta e compostagem dos resíduos gerados em laboratórios do curso de nutrição, restaurantes e creches, se tornando uma prática consolidada no campus (BRINGHENTI et al., 2018). Face à importância da compostagem em promover a sustentabilidade, professores e estudantes do Instituto Federal do Espírito Santo – campus Vitória criaram, em 2013, um grupo de pesquisa na área de valorização dos RSO, utilizando a compostagem como ferramenta principal. Em 2015, criou-se o Laboratório de Biotecnologia e Sustentabilidade (Labiotecs), com objetivo de desenvolver atividades de pesquisa e 26 extensão, além de ser um local para aplicação de aulas práticas para os diversos cursos do campus, utilizando a compostagem como recurso didático-pedagógico (BRINGHENTI et al., 2018). Bringhenti e colaboradores (2018) observaram que uma das limitações para o desenvolvimento contínuo da compostagem é a falta de recursos humanos para a manutenção da composteiras. Uma alternativa para estimular a compostagem seria o desenvolvimento de ações contínuas de sensibilização e educação ambiental na instituição, conscientizando os frequentadores sobre os impactos positivos da prática sobre o meio ambiente. Outra possibilidade é apresentar aos estudantes dos níveis superior e técnico uma oportunidade de aprofundamento profissional, mostrando as possibilidades econômicas e profissionais que a compostagem e produção de adubo orgânico oferece, incentivando sua execução no campus (SANTOS et al., 2020). 3.6 SENSIBILIZAÇÃO E EDUCAÇÃO AMBIENTAL RELACIONADAS AOS RESÍDUOS ORGÂNICOS As IE possuem um papel importante como influenciadoras de novos padrões sociais, transformando comportamentos através da difusão de conhecimentos técnicos e científicos (PENTEADO, 2007). Para Penteado (2007), o ambiente escolar pode contribuir com a construção de atitudes ambientalmente corretas na sociedade, através de um ensino que estimule a reflexão acerca dos problemas ambientais, possibilitando a formação de sujeitos críticos e participativos. Em relação aos resíduos sólidos orgânicos, a educação ambiental pode contribuir com a disseminação de práticas sustentáveis em relação ao gerenciamento de resíduos, como a coleta seletiva e a compostagem, resultando em benefícios sociais, ambientais e econômicos (LIMA; DIAS; LIMA, 2016). A PNRS considera a educação ambiental como um instrumento essencial para a promoção de uma gestão e gerenciamento correto dos resíduos, articulando-se diretamente com a Política Nacional de Educação Ambiental, preconizada pela lei nº 9.795/1999 (BRASIL, 1999; 2010). Com isso, existe a necessidade de se trabalhar o tema resíduos sólidos em ações de educação ambiental, principalmente em IE, promovendo a conscientização de seus frequentadores, estimulando hábitos sustentáveis na escola e em suas residências (SOUZA et al., 2013). 27 Ações educativas voltadas para a coleta seletiva estimulam novos hábitos de separação e destinação correta dos resíduos gerados, promovendo discussões sobre temas relevantes como consumo e desperdício. Essa prática também promove a participação social, destacando a importância do papel individual para a eficácia do processo, proporcionando reflexões e transformações da consciência ambiental (FELIX, 2007). A preocupação com os impactos ambientais causados pelos resíduos orgânicos estimula ações de educação ambiental com o tema. Buss e Moreto (2019) utilizaram a compostagem como instrumento na educação ambiental, buscando construir o pensamento crítico do sujeito perante os impactos ambientais causados pela disposição inadequada dos resíduos (BUSS; MORETO, 2019). Outros trabalhos exploraram o consumo consciente e a estratégia dos 5 Rs, contribuindo com a conscientização socioambiental (LIMA; DIAS; LIMA, 2016; MARQUES et al., 2017; BUSS; MORETO, 2019). Com o surgimento do conceito de desenvolvimento sustentável, foram elaboradas estratégias para auxiliar a sua divulgação (MCKEOWN, 2002). Após diversas discussões, a educação foi reconhecida como peça-chave para um futuro sustentável, sendo desenvolvido o conceito de Educação para o Desenvolvimento Sustentável (EDS), que busca mudanças de valores e atitudes em prol da sustentabilidade (MCKEOWN, 2002; BRASIL, 2017). Segundo Mckeown e colaboradores (2002), para que a educação seja voltada aodesenvolvimento sustentável, é necessário melhorar a educação básica, desenvolver a compreensão do público sobre o tema e fornecer treinamentos aos profissionais da educação formal e informal, além de reorientar o currículo escolar. Os autores também destacaram cinco componentes principais da EDS que contribuem para a construção de uma sociedade sustentável, sendo eles: disseminação de conhecimentos e diretrizes, levantamento de questões e desenvolvimento de habilidades, perspectivas e valores sustentáveis (MCKEOWN, 2002). Neste trabalho foi utilizado como base o conceito de educação ambiental para a identificação dos materiais educacionais (LIMA; DIAS; LIMA, 2016; BUSS; MORETO, 2019). Os materiais têm como foco a sensibilização e conscientização do público sobre o tema gerenciamento de resíduos sólidos (LIMA; DIAS; LIMA, 2016; BUSS; MORETO, 2019). 28 3.7 INDICADORES DE SUSTENTABILIDADE Com a mudança dos padrões de produção e consumo, várias organizações buscam uma gestão sustentável de seus processos (SATOLO; SILVA; SIMON, 2012). Porém, atingir a sustentabilidade não é uma tarefa fácil, sendo necessário o uso de mecanismos que promovam um gerenciamento que harmonize as dimensões ambiental, social e econômica (SATOLO; SILVA; SIMON, 2012). Segundo Van Bellen (2005), o uso de ferramentas para medição da sustentabilidade é imprescindível para alcançar essa realidade, auxiliando no monitoramento e no processo de tomada de decisões. Segundo Gibson (2006), a avaliação da sustentabilidade deve proporcionar um conjunto de percepções do processo ou sistema avaliado. Essas percepções são: identificação dos propósitos atuais e futuros; avaliação dos impactos, ações de mitigação e aprimoramento; monitoramento dos resultados e fundamentação na tomada de decisão (GIBSON, 2006). Os indicadores se tornaram importantes ferramentas de medição da sustentabilidade, relacionando duas ou mais variáveis complexas em resultados simplificados, fornecendo informações que facilitam a compreensão e análise do processo (SATOLO; SILVA; SIMON, 2012). Com o uso de métricas, os indicadores fornecem informações que permitem a avaliação, comparação e antecipação de tendências (SATOLO; SILVA; SIMON, 2012). Esse instrumento é bastante utilizado por empresas e gestores municipais para o monitoramento e medição da sustentabilidade de um sistema, obtendo informações sobre o estado atual e evolução do processo (VAN BELLEN, 2005). Nesse sentido, existem diversos indicadores internacionais para mensuração da sustentabilidade, cada um apresentando um método específico para análise das informações coletadas (VAN BELLEN, 2005). Os indicadores mais conhecidos são: O Ecological Footprint (Pegada Ecológica), o Dashboard of Sustainability (Painel de Controle da Sustentabilidade), o Barometer of Sustainability (Barômetro de Sustentabilidade) e o Global Reporting Initiative (GRI) (FROEHLICH, 2014). A Pegada Ecológica foi desenvolvida por Wackernagel e Rees em 1996 e é composta por um conjunto de indicadores para mensuração da sustentabilidade ambiental. A medida propõe o uso de métricas para calcular a área necessária para sustentar um determinado sistema econômico, baseando-se no gasto de energia e recursos 29 naturais pelo sistema, assim como a geração de resíduos ou rejeitos (WORLD WILDLIFE FUND, 2015). Diferente da primeira ferramenta citada, o Painel de Controle da Sustentabilidade avalia diferentes dimensões da sustentabilidade, mensurando os aspectos econômico, ambiental, social e institucional de um sistema. Esse método foi desenvolvido pela parceria da Consultative Group e o Bellagio Forum for Sustainable Development, sendo uma ferramenta com diversos recursos para apresentação dos dados, permitindo o entendimento de informações complexas em um formato altamente comunicativo e de fácil interpretação (FROEHLICH, 2014). Buscando avaliar a sustentabilidade de um sistema econômico, o Barômetro de Sustentabilidade consiste em um método que possibilita a combinação de diferentes indicadores para a elaboração de resultados através de índices, apresentando de forma holística o quadro geral do estado do meio ambiente e da sociedade (VAN BELLEN, 2005). A ferramenta pode ser aplicada desde a escala local até a global, permitindo comparações entre diferentes locais (BARROS; BARDEN, 2019). Em relação à avaliação da sustentabilidade em empresas, o método mais utilizado e respeitado mundialmente é o Global Reporting Initiative (GRI), uma organização internacional que disponibiliza um conjunto de indicadores para auxiliar na elaboração de relatórios de sustentabilidade empresarial, permitindo visualizar os impactos sociais, ambientais e econômicos. Atualmente, existe grande discussão sobre a atualização dos indicadores presentes no GRI, visto a dificuldade de diagnosticar os impactos específicos causados por uma empresa (FROEHLICH, 2014). Considerando a diversidade de processos existentes nas empresas e organizações e os diferentes impactos gerados em cada uma delas, é necessária a adaptação ou elaboração de indicadores buscando uma análise mais eficiente para cada caso (MUNARETTO; CORRÊA; DA UNHA, 2013). Nesse sentido, existem diversas pesquisas que buscam elaborar indicadores utilizando métodos amplamente aceitos pela comunidade científica (MUNARETTO; CORRÊA; DA UNHA, 2013). 3.8 INSTRUMENTOS DE AVALIAÇÃO DA SUSTENTABILIDADE PARA INSTITUIÇÕES DE ENSINO As IE, principalmente universidades, possuem um papel fundamental na formação de futuros profissionais e líderes do mundo e, somado ao seu compromisso com a 30 sustentabilidade, esses locais buscam implementar ações que colaborem com o desenvolvimento sustentável (GÓES, 2015). Neste cenário, observa-se um grande interesse por parte das instituições em compreender e monitorar seus impactos sociais e ambientais, visando elevar sua participação em ações sustentáveis (SILVA; ALMEIDA, 2019). Nos últimos anos, foram desenvolvidos diferentes Instrumentos de Avaliação da Sustentabilidade (IAS) aplicados a universidades, buscando uma análise mais profunda das contribuições institucionais para o desenvolvimento sustentável (SILVA; ALMEIDA, 2019). O Quadro 3 ilustra exemplos de IAS mais utilizados por instituições de ensino e suas principais características. Quadro 3 – Instrumentos de Avaliação da Sustentabilidade aplicáveis a instituições de ensino. Instrumento de Avaliação Temas avaliados Fonte Assessment Instrument for Sustainability in Higher Education (AISHE) Identidade, Educação, Pesquisa, Operações e Serviços para a sociedade. Roorda (2013) Alternative University Appraisal Model (AUA) A instituição escolhe os temas que serão avaliados. Góes (2015) GreenMetrics Estrutura; Energia e mudanças climáticas; Água; Transporte; Educação e Pesquisa Suwartha e Sari (2013) Sustainability Tracking, Assessment & Rating System (STARS) Área acadêmica; Engajamento; Operações; Planejamento e administração; Inovação. AASHE (2012) Unit-Based Sustainability Assessment Tool (USAT) Ensino; Operações e Gerência; Envolvimento dos estudantes; Política e Declarações escritas. Góes (2015) Fonte: Elaborado pela autora. Analisando os IAS existentes para IE, Góes (2015) observou uma variedade de metodologias existentes para mensuração da sustentabilidade, destacando o uso de indicadores quantitativos, que permitem a avaliação e comparação do desempenho das instituições. Neste aspecto, indicadores de sustentabilidade são ferramentas relevantes para análise de desempenho em IE, permitindo monitorar e avaliar práticas e processos que irão embasar a definição de metas futuras em prol da sustentabilidade (GÓES, 2015; SILVA et al., 2016). 31 3.9 INDICADORES DE SUSTENTABILIDADE APLICADOS À GESTÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS O Brasil vem caminhando no sentido de utilizarindicadores e índices para avaliação e monitoramento de sistemas de gestão de resíduos sólidos, buscando mensurar a sustentabilidade do mesmo (OLIVEIRA, 2018). Além disso, a PNRS estipula o uso dessa ferramenta para avaliação do manejo de resíduos sólidos, auxiliando na elaboração e manutenção de planos de gestão (BRASIL, 2010). No Brasil, diversas pesquisas utilizam indicadores para avaliação dos sistemas de gestão de resíduos sólidos a nível nacional (BESEN, 2011). Cita-se como exemplo o Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS), representando a maior e mais importante base nacional de dados sobre saneamento. O SNIS contém informações coletadas através de indicadores e índices sobre o serviço de saneamento brasileiro, incluindo o manejo e gestão de RSU. Desde 2015, o SNIS apresenta 47 indicadores sobre o manejo de RSU, sendo 10 relacionados à etapa de triagem e coleta seletiva (OLIVEIRA, 2018). Além do SNIS, existem outros exemplos de pesquisas voltadas para a questão dos resíduos sólidos no Brasil. Cita-se como exemplo o Panorama de Resíduos Sólidos no Brasil, realizado pela Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (ABRELPE) e a Pesquisa Ciclosoft, realizada pelo Compromisso Empresarial para a Reciclagem (CEMPRE), que reúne dados sobre as coletas seletivas municipais (ABRELPE, 2016; CEMPRE, 2016). Além desses, existem também bases de dados públicas que utilizam indicadores e índices para mensuração do processo de gestão de resíduos sólidos. Alguns exemplos são a Pesquisa Nacional de Saneamento Básico (PNSB) e o Censo Demográfico realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (OLIVEIRA, 2018). 3.10 INDICADORES DE SUSTENTABILIDADE PARA INSTITUIÇÕES DE ENSINO A importância do uso de indicadores para mensuração da sustentabilidade estimulou diversas IE a desenvolverem pesquisas nesse sentido, buscando construir conjuntos de indicadores que avaliassem a sustentabilidade em diversos aspectos, auxiliando sua manutenção. O Quadro 4 mostra exemplos de publicações que desenvolveram indicadores de sustentabilidade para IE brasileiras. 32 Quadro 4 – Publicações sobre indicadores de sustentabilidade para instituições de ensino no Brasil. Referências Título do trabalho Tipo de estudo Local de aplicação Costa (2012) Indicadores de sustentabilidade para instituições de ensino superior: contribuições para a Agenda Ambiental PUC-Rio Dissertaç ão Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro Oliveira (2015) Sustentabilidade socioambiental no ensino superior: um estudo com indicadores na Universidade Federal de Sergipe Tese Universidade Federal de Sergipe Drahein, Lima e Costa (2019) Avaliação da sustentabilidade das operações de atendimento em sete instituições de ensino superior no Brasil Artigo Universidade Tecnológica Federal do Paraná Silva e colaboradores (2016) Proposição de um Indicador para avaliação da sustentabilidade ambiental no campus do setor litoral da Universidade Federal do Paraná Artigo Universidade Fernando Pessoa Oliveira (2018) Indicadores de sustentabilidade como instrumento de apoio à coleta seletiva solidária em instituições federais de ensino superior Dissertaç ão Universidade Federal de Santa Catarina Moreira e colaboradores (2018) Índice de gerenciamento de resíduos sólidos para instituições de ensino superior (IES) brasileiras Artigo Universidade de São Paulo; Universidade de Michigan; Universidade Estadual do Oeste do Paraná; Universidade Federal de Santa Maria Silva e Almeida (2019) Indicadores de sustentabilidade para instituições de ensino superior: Uma proposta baseada na revisão de literatura Artigo Não foi aplicado. Fonte: Elaborado pela autora. 33 Os trabalhos de Silva e colaboradores (2016), Costa (2012), Oliveira (2015) e Silva e Almeida (2019) avaliaram o gerenciamento de resíduos recicláveis, utilizando indicadores que abordam aspectos como a existência de coleta seletiva (SILVA et al., 2016), quantidade de resíduos reciclados (COSTA, 2012;) e a existência de campanhas de conscientização sobre reciclagem (OLIVEIRA, 2018). A avaliação do gerenciamento de resíduos orgânicos foi abordada nos trabalhos de Drahein, Lima e Costa (2019), Oliveira (2015) e Moreira e colaboradores (2018), incluindo tópicos como a quantidade de resíduos orgânicos destinados para compostagem (DRAHEIN; LIMA; COSTA, 2019; MOREIRA et al., 2018) e utilização do composto produzido (DRAHEIN; LIMA; COSTA, 2019; OLIVEIRA, 2015). 3.11 FERRAMENTAS DIGITAIS PARA O GERENCIAMENTO SUSTENTÁVEL DE RESÍDUOS SÓLIDOS A expansão tecnológica possibilitou o surgimento de novas ferramentas digitais com maior acessibilidade e praticidade, contribuindo com o gerenciamento de resíduos sólidos mais eficiente (SILVA et al., 2020). Uma das ferramentas digitais utilizadas são os softwares, que, segundo Pressman (2009, p.10), é definido como um “conjunto de instruções de computador que, quando executadas, proveem funcionalidades, funções e performances desejadas”. Outro exemplo são os aplicativos para dispositivos móveis, que possuem a mobilidade como um fator diferenciador para o usuário, permitindo o seu acesso em diferentes locais (SILVA et al., 2020). Buscando auxiliar a tomada de decisão no que se refere ao gerenciamento de resíduos sólidos, vários trabalhos têm buscado desenvolver softwares com o intuito de facilitar esse processo. Um exemplo é o trabalho de Simonetto e Borenstein (2004) que desenvolveram o Sistema de Apoio à Decisão Aplicado ao Planejamento e Distribuição da Coleta Seletiva de Resíduos Sólidos (SCOLDSS). O SCOLDSS possui como funcionalidade principal desenvolver alternativas no processo decisório no que diz respeito às rotas de coleta e quantidade de resíduos coletados que serão destinados a centros de triagem. Já Massukado e Zanta (2006) desenvolveram o sistema SIMGERE, um software que permite a simulação de cenários futuros relacionados à gestão integrada de resíduos sólidos domiciliares em um município. Em relação aos resíduos orgânicos, esse 34 sistema propõe as usinas de compostagem como alternativas para o gerenciamento mais eficiente dos resíduos orgânicos domiciliares (MASSUKADO; ZANTA, 2006). Outro exemplo é o trabalho de Simonetto e Löbler (2014) que utilizaram a metodologia System Dynamics para desenvolver um modelo de simulação de cenários acerca da geração e disposição final dos resíduos sólidos urbanos. Os autores consideraram centros de reciclagem e compostagem como alternativas para aumentar a vida útil dos aterros sanitários, sendo denominado como cenário ideal. O modelo contribui com melhorias ou adaptações na gestão de resíduos sólidos urbanos (SIMONETTO; LÖBLER, 2014). Em relação a aplicativos para dispositivos móveis, Vieira e colaboradores (2018) desenvolveram um aplicativo para smartphone denominado “Onde Coleta?” buscando divulgar pontos de coleta seletiva e estimular a reciclagem pela população de Blumenau/SC. Já Silva e colaboradores (2020) desenvolveram o aplicativo denominado “Vision Ambiental” com o intuito de ser um canal de denúncias ambientais relacionadas ao descarte irregular de resíduos para a população de Soledade/RS. Alguns trabalhos adaptaram softwares já existentes, como o Microsoft Excel para auxiliar o gerenciamento de resíduos sólidos, como Suquisaqui (2020) que construiu e aplicou uma ferramenta para avaliação da gestão e gerenciamento de resíduos sólidos urbanos em municípios brasileiros. A autora utilizou como método de avaliação 50 indicadores e cinco iniciativas de disposição final de resíduos proposta na PNRS (aterro sanitário, compostagem, coleta seletiva, consórcio público e logística reversa) com o intuito de sinalizar os problemas existentes para os gestores públicos e auxiliar melhorias