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ÍNDICE RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS III ÍNDICE Pág. 1 – NOÇÕES SOBRE ESTADO TRIPLO DE TENSÃO 1.1 – Vetor Tensão .............................................................................. 1 1.2 – Igualdade de Tensões Tangenciais ............................................ 3 1.3 – Representação Tensorial ............................................................ 4 1.4 – Representação Através do Círculo de Mohr .............................. 5 1.5 – Caso Particular Importante ....................................................... 7 1.6 – O Estado Geral de Tensão ......................................................... 8 1.7 – Complementação ........................................................................ 13 1.8 – Exercícios Resolvidos ................................................................ 15 2 – TEORIAS DE RESISTÊNCIA 2.1 – Introdução .................................................................................. 27 2.1.1 – Falha de Materiais Policristalinos ................................ 29 2.2 – Teoria da Máxima Tensão Normal ............................................ 30 2.3 – Coeficiente de Segurança ........................................................... 31 2.4 – Tensão Equivalente .................................................................... 32 2.5 – Teoria da Máxima Tensão Tangencial (TRESCA) .................... 32 2.6 – Teoria da Energia de Distorção (Von MISES) .......................... 35 2.7 – Observação Sobre o Invariante I1 .............................................. 36 2.8 – Falha de Materiais Dúteis ......................................................... 39 2.9 – Um Caso Importante .................................................................. 39 2.10 – Teoria de MOHR-COULOMB ................................................. 41 2.11 – Teoria de COULOMB- MOHR Modificada ............................. 44 2.12 – Exercícios Resolvidos .............................................................. 47 3 – FLEXÃO ASSIMÉTRICA 3.1 – Introdução .................................................................................. 54 3.2 – Cálculo das Tensões Normais .................................................... 55 3.3 – Cálculo da Deflexão ................................................................... 58 3.4 – Exercícios Resolvidos ................................................................ 60 4 – TORÇÃO EM PERFIS DE PAREDE FINA 4.1 – Analogia da Membrana ............................................................. 70 4.2 – Torção Uniforme em Perfis de Parede Fina .............................. 72 4.3 – Perfis de Seção Aberta ............................................................... 74 4.4 – Perfis de Seção Fechada ............................................................ 77 4.5 – Seções Multi-Celulares .............................................................. 79 4.6 – Exercícios Resolvidos ................................................................ 82 ÍNDICE RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS III 5 – CENTRO DE CISALHAMENTO 5.1 – Introdução .................................................................................. 87 5.2 – Flexão em Perfis de Parede Fina .............................................. 88 5.3 – Tensões de Cisalhamento em Perfis de Parede Fina de Seção Aberta ............................................................................. 91 5.4 – Seção I Duplamente Simétrica ................................................... 93 5.5 – Estudo de uma Seção em C com Eixo de Simetria ..................... 95 5.6 – Exercícios Resolvidos ................................................................ 99 6 – VIGAS CURVAS 6.1 – Introdução .................................................................................. 104 6.2 – Cálculo da Tensão Normal ........................................................ 104 6.3 – Exercícios Resolvidos ................................................................ 109 7 – CILINDROS DE PAREDE ESPESSA 7.1 – Introdução .................................................................................. 114 7.2 – Cilindro Espesso Sobre Pressão Interna ................................... 117 7.3 – Cilindro Espesso Sobre Pressão Externa ................................. 117 7.4 – Tensões Longitudinais ................................................................ 118 7.5 – Máxima Tensão Tangencial ....................................................... 118 7.6 – Cilindros Compostos .................................................................. 119 7.7 – Interferência ............................................................................... 120 7.8 – Complementação ........................................................................ 122 7.9 – Cilindro de Parede Fina Como Caso Particular de Cilindro Espesso ...................................................................................... 123 7.10 – Força de Arranque ................................................................... 124 7.11 – Auto-Fretagem ......................................................................... 125 7.12 – Exercícios Resolvidos .............................................................. 128 8 – CARREGAMENTO DINÂMICO 8.1 – Princípio de D’Alembert ............................................................ 135 8.2 – Carga de Impacto ....................................................................... 136 8.3 – Fator Dinâmico Para Corpos em Queda Livre ......................... 137 8.4 – Exercícios Resolvidos ................................................................ 139 9 – DISCOS QUE GIRAM À GRANDE VELOCIDADE 9.1 – Cálculo das Tensões Radiais e Circunferenciais ....................... 145 9.2 – Caso de um Disco Sólido ........................................................... 147 9.3 – Disco com Furo Central ............................................................ 148 9.4 – Disco e Eixo Acoplados com Interferência ................................ 150 9.5 – Tensões Combinadas de Rotação e Térmica ............................. 150 9.6 – Exercícios Resolvidos ................................................................ 155 ÍNDICE RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS III 10 – FLAMBAGEM 10.1 – Colunas Sob Carga Excêntrica ................................................ 163 10.2 – Equilíbrio Elástico Estável e Instável ...................................... 167 10.3 – Carga Crítica – Diferentes condições de extremidades .......... 169 10.4 – Tensão Crítica .......................................................................... 170 10.5 – Travejamento ........................................................................... 174 10.6 – Seção Composta ....................................................................... 176 10.7 – Processo Ômega ...................................................................... 177 10.8 – Colunas Carregadas Excentricamente .................................... 178 10.9 – Exercícios Resolvidos .............................................................. 180 APÊNDICES Apêndice I – Momentos de Inércia em Relação a Eixos Inclinados ... 189 Apêndice II – Noções Sobre Dimensionamento de Vigas ................... 196 Apêndice III – Flexão Assimétrica – Equações Gerais ...................... 201 Apêndice IV – Discos em Rotação com Resistência Uniforme ........... 207 Apêndice V – Tensões Radiais em Barras de Forte Curvatura .......... 210 Apêndice VI – Cilindroo objetivo de desenvolver a expressão teórica da teoria, consideremos um estado geral de tensão e representemos seu círculo de Mohr maior, através do conhecimento de σ1 e σ3. Se este estado de tensão corresponder a um estado limite, de acordo com Coulomb, a reta tangente aos círculos de Mohr de tração e compressão tangenciará também o círculo de Mohr que passa por σ1 e σ3 Figura 30. Figura 30 Da geometria da Figura 30 temos que o triângulo CVL é semelhante ao DZL. Logo: VL CV ZL DZ = , ou, VL VLCV ZL ZLDZ + = + (2.26) Mas: − −= 22 S DZ 31uc σσ (2.27) 2 S 2 ZL uc31 + = + σσ (2.28) − −= 22 S CV 31ut σσ (2.29) 2 S 2 VL ut31 − = + σσ (2.30) Substituindo (2.27), (2.28), (2.29) e (2.30) em (2.26) e simplificando, obtemos: ut3 uc ut 1 S. S S =− σσ (2.31) Fazendo K S S uc ut = , e substituindo em (2.31), temos: ut31 SK =− σσ (2.32) A tensão equivalente é: Unidade 2 - TEORIAS DE RESISTÊNCIA Página 44 31eq Kσσσ −= (2.33) A representação gráfica desta teoria, para o estado plano de tensão, onde σa e σb são as tensões normais principais, é o hexágono indicado na Figura 31. Esta teoria é a que deve ser usada no dimensionamento de materiais frágeis. Para os materiais dúteis ela se confunde com a teoria da máxima tensão tangencial. Figura 31 2.11 - TEORIA DE COULOMB MOHR MODIFICADA OU TEORIA DE MOHR MODIFICADA A teoria de Coulomb foi elaborada através da simplificação da teoria de Mohr. Nela, a envoltória de todos os círculos de Mohr maiores, obtidos em ensaios de laboratório, foi reduzida a uma reta tangente aos círculos de Mohr do ensaio de tração e compressão no instante de ruptura. Ela é conhecida também como a teoria do atrito interno e é baseada em ensaios de laboratório sem se preocupar com um agente especial causador da falha, como acontece com as teorias da máxima tensão normal, máxima tensão tangencial e energia de distorção. A reta tangente passa a ser uma característica mecânica do material a ser dimensionado. A teoria de Coulomb-Mohr estabelece que a ruptura ocorre para qualquer situação que produza um círculo de Mohr maior tangente ou secante à reta de Coulomb (reta tangente aos círculos de Mohr de tração e compressão obtidos no instante de ruptura). Conforme já foi deduzida, a expressão da tensão equivalente (ou equação do contorno limite) para esta teoria é: ut31eq SK =−= σσσ (2.34) Onde σ1, σ2 e σ3 são as tensões normais principais e uc ut S S K = . Esta expressão pode também ser escrita: 1 SS uc 3 ut 1 =− σσ (2.35) Unidade 2 - TEORIAS DE RESISTÊNCIA Página 45 Para o uso das expressões (2.34) e (2.35) os valores de Sut e Suc são tomados em módulos. Se o material é dútil, a expressão (2.34) é a mesma da teoria da máxima tensão tangencial. Figura 32 Analisando a Figura 32 observamos que as teorias da máxima tensão normal e Coulomb-Mohr coincidem nos 1º e 3º quadrantes, e diferem nos 2º e 4º. Os pontos representativos de ensaios de laboratório bi-axiais, realizados até a ruptura indicam, no 4º e 2º quadrantes (ou seja: uma tensão normal principal positiva e a outra negativa), para o estado plano, que a teoria de Coulomb-Mohr é por demais conservativa, pois os pontos caem fora dela e a teoria da máxima tensão normal não é confiável até certo ponto, pois os pontos caem dentro de seu contorno limite. Já no 1º e 3º quadrantes as duas teorias coincidem e qualquer uma delas pode ser usada para prever a ruptura de materiais frágeis satisfatoriamente. Observemos a linha σB/σA = -1, na Fig. 32 que representa o ensaio de torção pura onde: σA = σ1 = -σB = -σ3 = τmáx. A sua interseção com a reta da teoria de Coulomb- Mohr, representa a tensão equivalente para esta teoria: σeq = σ1 - (Sut/Suc) σ3 = Sut τmáx = σ1 = -σ3 ∴ τmáx (1 + Sut/Suc) = Sut Como (1 + Sut/Suc) é maior do que 1, τmáx - Sut. Esta teoria de Coulomb-Mohr modificada ou simplesmente teoria de Mohr modificada, assimila no 2º e 4º quadrantes um pedaço da teoria da máxima tensão normal e reajusta a teoria de Coulomb-Mohr de modo a se aproximar mais dos resultados experimentais visando refletir melhor o comportamento real dos materiais frágeis no instante da ruptura. Unidade 2 - TEORIAS DE RESISTÊNCIA Página 46 A teoria de Mohr modificada mostra, na Fig.32, não ser tão conservativa quanto a teoria de Coulomb-Mohr, mas é mais trabalhosa para prever a ruptura. Quando se quer determinar a dimensão da seção transversal de uma peça cujo ponto mais perigoso está no 4º (ou 2º) quadrante, é necessário usar o processo de tentativas. Ela não difere no 4º quadrante da teoria da máxima tensão normal até que σB = σ3 se torne inferior a - Sut. A expressão da tensão equivalente (ou a equação do contorno limite da teoria) é: Se: σB = σ3 > - Sut e σA = σ1 ≥ 0 então: σeq = σA = σ1 = Sut (2.36) Para: σB = σ3 ≤ -Sut e σA = σ1 ≥ 0 então: ut3 uc utuc 1eq SK S SS =− − = σσσ (2.37) Equação da reta que passa pelos pontos: Sut, - Sut ; 0, - Suc uc ut S S K = , Sut > 0 , Suc > 0. BIBLIOGRAFIA FEODOSIEV, V. I., Resistencia de Materiales., Editorial Mir. Moscou. 3ª ed. SHIGLEY, J. Edward., Elementos de Máquinas., Vol. I., Livros Técnicos e Científicos Editora S.A., Rio de Janeiro, 1ª ed. SILVA Jr., Jayme F. da, Resistência dos Materiais. Ao Livro Técnico S.A., Rio de Janeiro., 2ª ed. STEPHENS, R.C. , Strength of Materials. , Edward Arnold Ltd., London. , 1ª ed. Unidade 2 - TEORIAS DE RESISTÊNCIA Página 47 EXERCÍCIOS RESOLVIDOS Exercício 2.1 Um prisma de cobre A, é colocado dentro de um recipiente rígido B. Contra o prisma é aplicada uma pressão “p”. Pede-se: 1- Isolar um elemento de A e determinar sua tensão equivalente, em função de “p”, usando a teoria da máxima tensão tangencial. 2- Determinar “p” de modo a não haver falha no conjunto. Módulo de elasticidade (kgf/cm2) Coeficiente de Poisson Tensão de escoamento admissível (kgf/cm2) A cobre 1 x 106 0,33 800 Solução: 1) X Y Z A B p pA B 2) 0A x =ε ( )( ) 0p33,0 E 1 =−−−σ ⇒ p33,0=σ p,p33,0,0 321 −=−== σσσ 800p31eq==−= σσσ p ≤ 800 kgf/cm2 Unidade 2 - TEORIAS DE RESISTÊNCIA Página 48 Exercício 2.2 Um anel composto é constituído por um anel de latão de 25 cm de raio interno e 0,25 cm de espessura e por um de aço de 25,25 cm de raio interno e 0,5 cm de espessura. Se sobre a superfície interna do anel de latão atua uma pressão “p” , pede-se: 1- Determinar, em função de “p”, a tensão equivalente, usando Von Mises, no ponto A. Este ponto pertence ao anel de latão e fica próximo à superfície de contato. 2- Determinar, em função de “p”, a tensão equivalente, usando Von Mises, no ponto B. Este ponto pertence ao anel de aço e fica próximo à superfície de contato. 3- Determinar o maior valor de “p” para que não haja escoamento nem em A e nem em B. Módulo de elasticidade (kgf/cm2) Coeficiente de Poisson Tensão de escoamento admissível (kgf/cm2) aço 2 x 106 0,30 1200 latão 1 x 106 0,33 800 Solução: Para o pto A: ( ) ( )σc A p P x p P= − = −0 25 25 100, Para o pto B: σc B P x P= =0 5 25 25 50 5, , , ⇒ εx A = εx B ( )[ ] [ ]ε εx A x B x p P P x P p= − + = = + 1 1 10 100 0 33 1 2 10 50 5 0 36 6, , , ∴ p = 1,25 P ou P = 0,8 p 1) Pto A: σ1 = 20 p , σ2 = 0 , σ3 = -0,8 p σeq A = 20,41 p ⇒ 20,41 p ≤ 800 ⇒ p ≤ 39,2 kgf/cm2 2) Pto B: σeq B = 40,41 p ⇒ 40,41 p ≤ 1200 ⇒ p ≤ 29,7 kgf/cm2 3) Então: pad ≤ 29,7 kgf/cm2 Unidade 2 - TEORIAS DE RESISTÊNCIA Página 49 Exercício 2.3 Entre duas pranchas fixas paralelas A e B está fortemente presa uma barra de aço com forma de paralelepípedo cujos lados são: a = 0,04 m, c = 0,02 m e l = 0,06 m. Sabe-se que durante a compressão com as forças P = 100 kN, a pressão da barra sobre as pranchas é p = 40 x 106 N/m2. Pede-se: 1- Deformação volumétrica. 2- Encurtamento na direção Y. 3- Energia de distorção unitária de um elemento qualquer da barra. 4- Verificar se o ponto está dimensionado (Von Mises). 5- Calcular a variação de volume da barra. Dados: E = 2 x 105 MN/m2 , ν = 0,30 , Syt = 120 MN/m2 Desprezar as forças de atrito entre a barra e as pranchas. Solução: σy = -125 MN/m2 1) ( )ε ν σ σ σ εv v= − + + ⇒ = − −1 2 3 2 101 2 3 4 E x, 2) ε y x y x m= − = −− −5 65 10 3 39 104 5, , ,∆ 5) ∆V x m= − −158 10 10 3 3) U N m m = 35562 3 . , ( ) p = + + = − σ σ σ1 2 3 3 55 U N m mv = 9075 3 . , U U U U N m ms s= − ⇒ =v 26487 3 . 4) σeq MN m MN m = − ∴= 200 b 410 3 b = 1,27 cm Verificando: ( ) 200107 27,1 220 3 −>−=− (Confirma) Unidade 3 – FLEXÃO ASSIMÉTRICA Página 54 3. FLEXÃO ASSIMÉTRICA OBJETIVOS: - Definir plano do carregamento. - Definir traço do plano do carregamento (t.p.c.). - Definir flexão assimétrica. - Definir vetor momento fletor. - Deduzir a fórmula para cálculo da tensão normal em flexão assimétrica. - Posicionar a linha neutra. - Determinar a deflexão total. - Calcular a tensão normal máxima em seções simétricas e assimétricas. - Solucionar exercícios sobre flexão assimétrica envolvendo o cálculo da tensão normal máxima e da deflexão. 3.1 - INTRODUÇÃO Para a dedução das expressões de flexão simples, foram feitas as seguintes considerações: a) A peça possui um plano de simetria que contém todo carregamento externo. b) A viga permanece simétrica em relação ao plano de atuação dos momentos e flexiona e deflete neste plano. Para prosseguirmos vamos introduzir algumas definições úteis para o bom entendimento da matéria: Chama-se plano do carregamento ao plano que contém todo carregamento da viga. Pode-se ter um ou mais planos de carregamentos. Traço do plano do carregamento (t.p.c.) é a interseção do plano do carregamento com a seção transversal. Em flexão simples, o t.p.c. é um eixo de simetria (um dos eixos centrais de inércia da seção). Quando o t.p.c. não coincide com um dos eixos centrais de inércia da seção transversal, tem-se definida uma flexão assimétrica. Neste caso, é mais fácil trabalhar-se com o vetor momento fletor do que com o binário de flexão. O vetor momento fletor é perpendicular ao plano do binário correspondente, tem sua intensidade e seu sentido segue a regra da mão direita Fig. 33. É sempre perpendicular ao t.p.c. e passa pelo centro de gravidade (ponto G), pois toda redução de esforços é feita em relação a este ponto, Fig. 34. É bom lembrar que em flexão simples a direção do vetor momento fletor coincide sempre com a linha neutra,conforme se observa na Figura 34. Unidade 3 – FLEXÃO ASSIMÉTRICA Página 55 Figura 33 Figura 34 Como ilustração, observemos a Fig. 35, onde temos seções com dupla simetria e com simetria simples. Em todos os casos o binário fletor que flexiona a viga, atua em um plano vertical de simetria que corta a seção segundo um eixo central de inércia. Nestes casos, a direção do vetor coincide com a da linha neutra e a fórmula de flexão simples é aplicada. Figura 35 3.2 - CÁLCULO DAS TENSÕES NORMAIS Vamos estudar agora o caso de uma seção simétrica ou não, onde o t.p.c. não coincide com os eixos centrais de inércia da seção (Fig. 36). Figura 36 Unidade 3 – FLEXÃO ASSIMÉTRICA Página 56 Como o plano do carregamento não é de simetria, não podemos induzir que a viga tenha sua flexão nele, ou que a direção do vetor momento coincida com a linha neutra, como acontece em flexão simples. Vejamos as condições sob as quais a linha neutra irá coincidir com o eixo do vetor momento, ou seja: que a linha neutra seja perpendicular ao t.p.c.. Vamos aplicar as equações de equilíbrio da estática. Lembremos que, em relação à linha neutra, a tensão normal varia proporcionalmente. Desse modo: Cy=σ ∑ ∫= 0=ydAC ,0Fx (3.1) ∑ ∫= M=dAyC ,MM 2 z (3.2) ∑ ∫= 0=yzdAC ,0M y (3.3) A equação (3.1) nos leva a conclusão que o eixo neutro passa pelo centro de gravidade da seção, ponto G. A equação (3.2) nos leva a expressão para cálculo da tensão normal em flexão simples. E finalmente, a equação (3.3) nos fornece que o produto de inércia em relação aos eixos yz, é nulo, ou seja, os eixos yz são centrais de inércia. Deste modo concluímos que: "A linha neutra da seção transversal só irá coincidir com a direção do vetor momento se yz forem eixos centrais de inércia da seção. Neste caso, o binário coincidirá com um eixo central de inércia e a linha neutra será o outro. A fórmula para cálculo da tensão normal será a mesma usada em flexão simples. O t.p.c. será perpendicular a linha neutra." Se o vetor momento não coincide com um dos eixos principais de inércia, Fig. 37 o projetamos sobre estes eixos. Para cada componente do vetor M, por exemplo, Mz, o binário correspondente coincide com um eixo central de inércia e o vetor Mz, com o outro eixo e a expressão de flexão simples poderá ser aplicada. Do mesmo modo, My coincidirá com um eixo central de inércia e seu binário com o outro. Aplicando o princípio da superposição, a expressão de flexão simples será duplamente usada. Vamos estabelecer uma convenção de sinais para o momento fletor: O binário fletor, Mz, será positivo se tracionar o sentido positivo de y. Igualmente, My (binário) será positivo quando tracionar o sentido positivo de z. 0 par yz deverá ser orientado previamente . Figura 37 Unidade 3 – FLEXÃO ASSIMÉTRICA Página 57 Na Fig. 37 tanto o Mz quanto o My são negativos. Aplicando o princípio da superposição, obtemos a expressão para cálculo da tensão normal: z I M y. I M y y z z −−=σ (3.4) Linha neutra: z I M y I M 0 y y z z −=→=σ Mas: Mz = Mcosθ e My=Msenθ θβθθ tg I I z y=tg ,z I senMy I cosM y z yz −=−= (3.5) Da expressão (3.5) concluímos que o t.p.c. e a linha neutra são perpendiculares, somente quando: a) Iz e I y são iguais e então, β = θ e o círculo de Mohr para momentos de inércia é um ponto. Exemplos: seções circulares e anulares, seções quadradas maciças e vazadas etc. b) θ igual a zero. Neste caso, M é igual a Mz e tem-se uma flexão simples. c) θ é igual a 90º. Caímos no caso "b", onde M é igual a My. Quando a seção não possui simetria, a determinação da tensão máxima se faz localizando o ponto mais afastado da linha neutra. Para isto confecciona-se a seção em escala, estabelece-se a linha neutra e busca-se o ponto mais afastado desta. Tomando-se as coordenadas deste ponto em relação aos eixos centrais de inércia e substituindo-as na fórmula de flexão, determinamos a intensidade da tensão normal máxima. As coordenadas do ponto mais afastado da linha neutra podem ser obtidas também analiticamente. A Fig. 38 mostra o procedimento gráfico. Figura 38 Unidade 3 – FLEXÃO ASSIMÉTRICA Página 58 3.3 - CÁLCULO DA DEFLEXÃO Para calcular a deflexão em flexão assimétrica, projetamos a carga P sobre os eixos centrais de inércia e por superposição calculamos a deflexão total, Fig. 39. Deste modo: y 3 z z 3 y EI3 l.sen.P ,e , EI3 l.cos.P θδθδ == onde: 2 z 2 y δδδ += , olhar Figura 40. θ δ δ β tg I I 'tg y z y z == (3.6) A linha neutra foi definida pela expressão (3.5): θβ tg I I z ytg y z== Como o ângulo θ é o mesmo (Fig. 37), concluímos que: ββ =' Ou seja: a deflexão total é perpendicular à direção da linha neutra (Fig. 40). Figura 39 Figura 40 Unidade 3 – FLEXÃO ASSIMÉTRICA Página 59 BIBLIOGRAFIA TIMOSHENKO, Gere. Mecânica dos Só1idos. Vol. 2. 1ª ed., Livros Técnicos e Científicos Editora. BEER, Ferdinand P. Resistência dos Materiais. 1ª ed., McGraw Hill. FEODOSIEV, V. I. Resistencia de Materiales. Editorial Mir. Moscou. Unidade 3 – FLEXÃO ASSIMÉTRICA Página 60 EXERCÍCIOS RESOLVIDOS Exercício 3.1 Uma viga em balanço tem seção triangular e está sujeita a uma carga concentrada P na extremidade livre. Determinar: 1 - Linha neutra. 2 - Tensões normais nos pontos A e C da seção do engastamento. 3 - Deflexão total na extremidade livre. Dados: P = 4 kN, h = 120 mm, b = 75 mm, L = 1,25 m, M = 5000 N.m E = 200.109 N/m2 Seção triangular Ix = bh3/36 Iy = hb3/36 Pxy = b2h2/72 Solução: mm 6,1=m 0061,00053,0)(3,01.10= m 0053,0 : temos para teAnalogamen m 10.01,3 10.10 . 4 . 200 . 3 25,1.3698 I.E3 l.P N 15244,22sen.40004,22sen.PP N 36984,22cos.40004,22cos.PP : temos oa~deflex a Para)3 MN/m88,1 Logo cm -3,1=u e cm -5,6=v : temos C ponto o Para MN/m11,110 Logo cm -0,7=u e cm 8,3=v : temos A ponto o 2)Para 1,75u=v N.L 10).u2027v7,1155(u. 10.10.94,0 4,22sen.5000v. 10.10.4 4,22cos.5000)1 22,4= ,mm10.94,0 =I ,mm10.4I : temos problema do final no mostrado Mohrde circulo Do mm10.1,1P ,mm10.4,1I ,mm10.6,3I 223 uu 3 1215 33 v v u v 2 C 2 A 6 126126 46 min 46 max 46 xy 46 y 46 x =+∴ = === === === −= = → −=−= = === − − − −− δ δδ δ σ σ σ α Unidade 3 – FLEXÃO ASSIMÉTRICA Página 61 Unidade 3 – FLEXÃO ASSIMÉTRICA Página 62 Unidade 3 – FLEXÃO ASSIMÉTRICA Página 63 Exercício 3.2 Uma viga de madeira formada pela associação de duas vigas de seção retangular 2 x 10 cm, está bi-apoiada, tem 2 m entre os apoios, é solicitada, ao longo de todo o comprimento, por uma carga “q” uniformemente distribuída, situada em um plano vertical que passa pelo centro de gravidade da seção. Pede-se: 1 - Eixos centrais e momentos centrais de inércia. 2 - Expressão da tensão normal. 3 - Linha neutra. 4 - Determinar o valor máximo de “q” se: Limite de ruptura à tração da madeira = 140 kgf/cm2 Solução: 1 973 33 53 33 160 1000 4 26 33 4 4 4 ) , , , , I cm , I cm , P cm I cm , I cm , = 9,6 y 4 xy 4 u v x = = = − = = α Temos que o momento máximo é dado por: M q l q q kgf. q v q u v u q L N temos: v u q q q max = = = = + = + + = = = = . . . cos , , . . sen , , . ( , , ) ) . ( , , ) , 2 2 8 200 8 5000 5000 9 6 1000 4 5000 9 6 26 3 4 928 317 3 4 928 317 0 94 140 1 49 cm 2) v = -6,4326u 4)Analisando o ponto A temos : u(A) = 1,6cm v(A) = 8,8 cm kgf / cm ou 149 kgf / m A A A σ σ σ Em seguida está mostrada a Figura com os eixos, o ponto analisado tudo em escala . Mostrado ainda o círculo de Mohr utilizado para o cálculo de Iu e Iv. Unidade 3 – FLEXÃO ASSIMÉTRICA Página 64 Unidade 3 – FLEXÃO ASSIMÉTRICA Página 65 Exercício 3.3 Uma viga bi-apoiada de 4 m de vão está sujeita a uma carga uniformemente distribuída “q”, situada em um plano vertical passando pelo centro de gravidade da seção composta indicada na Figura abaixo. Pede-se: 1 - Eixos centrais e momentos centrais de inércia. 2 - Expressão da tensão normal. 3 - Linha neutra. 4 - Determinar o valor máximo de “q” com coeficiente de segurança 2,5, sabendo-se que, para o material da viga, Syt = 300 MN/m2. Dados: Cantoneira: Dimensões: 89.64.7,9 mm, A = 1148 mm2 Ix1 = 391.103 mm4, Iy1 = 912.103 mm4, Px1y1 = 349.103 mm4. Chapa: 200.10 mm Solução: Em seguida temos o desenho em escala mostrando os eixos, a linha neutra e o ponto analisado. Bem como o círculo de Mohr utilizado para o cálculo de Iu e Iv. ( ) ( ) ( ) u localiza x de partir à horário 416 811 46sen2 :à igual x de partir à horária rotação uma de através v eu sencontramocírculo, noy e x ndoestabelece Mohrde círculo o Fazendo m1091Im10525II 10811R10713OC m10462114888352910349P m1083 12 102002114852910912I m10623 12 200102114888310391I 1 46 v 46 u 66 463 xy 46 3 23 y 46 3 23 x →== === == =+= =++= =++= −− −− − − − , , , .,., .,., .,..,.,. .,...,. .,...,.) max θθ Mmáx = ql2 /8 = 2q (N.m) A partir da orientação dos eixos u e v da Figura podemos calcular a tensão normal como se segue: mN85714q 52 1030010q21:tensão da expressão na Voltando mm47122vmm9461umm100ymm94x u42vLN10u 91 210q2v 525 210q2 6 3 A AAAA 6 /, , .. ,,,, ,. , ,sen , ,cos =→== −=−=→−=−= −=→→ −−= σ σ Unidade 3 – FLEXÃO ASSIMÉTRICA Página 66 24.5 Unidade 3 – FLEXÃO ASSIMÉTRICA Página 67 Exercício 3.4 Para o eixo maciço de aço, ABCDE, indicado abaixo, com limite de escoamento admissível igual a 900 kgf/cm2, pede-se: 1 - Diagrama de momento fletor. 2 - Diagrama de momento torçor. 3 - Raio do eixo, usando Von Mises. Solução: Temos que: W M T S Analisando M T M T onde M M M T Dimensionaremos o ei W R R yt B σ π σ π eq 3 1 2 eq W = .R os pontos B, C e D temos : Para o ponto B temos Para o ponto C temos = M Para o ponto D temos xo pelo ponto B : cm = + = → + = + = + + = ∴ = = = = 1 0 75 4 0 75 49180 8 0 75 47319 6 0 75 45526 8 1 49180 8 900 4 49180 8 4 11 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 3 , , , , , , , , . , . ( , ) , Unidade 3 – FLEXÃO ASSIMÉTRICA Página 68 2 e 3 - 35207Vb 01002624250300350Vb 0M 3868Va 01003002502624350Va 0M 4 A B , .,.. , ..,. −= =−+ = −= =+− = − ∑ ∑ Unidade 3 – FLEXÃO ASSIMÉTRICA Página 69 Exercício 3.5 A engrenagem em C aciona em D uma polia com velocidade constante. Para as trações indicadas nas correias, calcular: 1 - A força P no dente da engrenagem. 2 - Diagrama de momento fletor. 3 - Diagrama de momento torçor. 4 - Diâmetro do eixo AB, usando Von Mises, sabendo que: MPa100S yt = . Solução: N 70,945=P 94570 940 6766 20 cos H=P H20 P.cos N 66,67=H H1208TT N.m 12010120HT N.m 81080100200T1 CD 3C 3D , , , , ,.. .).( ==∴= ∴=⇒= == =−=− − − N262420PV ,ºsen == Dos diagramas: mm546m006540R 10x10087508220 R 4 mxN338M mxN8220M 622 3eq C D ,, .,, , , == =+= = = π σ Unidade 4 – TORÇÃO EM PERFIS DE PAREDE FINA Página 70 4. TORÇÃO UNIFORME EM PERFIS DE PAREDE FINA OBJETIVOS: - Determinar as leis de variação da tensão cisalhante e do momento torçor em função dos conceitos formulados pela analogia da membrana. - Definir perfis de parede fina de seção aberta e fechada. - Determinar a lei de variação de tensão cisalhante, proveniente de um torque, para um perfil de parede fina de seção aberta, usando a analogia da membrana. - Determinar a lei de variação de tensão cisalhante, proveniente de um torque, para um perfil de seção fechada de parede fina, usando a analogia da membrana. - Determinar o ângulo de torção para ambos os tipos de perfis. - Dimensionar os dois tipos de perfis sob torção-flexão, usando as teorias de resistência e impondo as condições de resistência e rigidez. 4.1 - NOÇÕES SOBRE A ANALOGIA DA MEMBRANA Existem, em mecânica, problemas que diferem em sua essência física, mas podem ser expressos pelas mesmas equações diferenciais. Devido a isto, é possível estabelecer analogias entre ambos. Em alguns casos, a solução de um problema, ou seja, o estabelecimento de uma relação entre suas variáveis, exige a integração de uma equação diferencial em derivadas parciais de grande complexidade e para a qual só é possível conseguir soluções aproximadas. Em compensação, a natureza física de um segundo problema, análogo ao outro em sua expressão analítica, permite uma interpretação simples das relações que ligam as mesmas variáveis. Isto possibilita estabelecer as leis que regem o primeiro problema. Um exemplo do problema complexo é o problema da torção. Sua solução exata deve-se a Saint Venant. Neste problema, a denominada analogia da membrana, devido à Prandtl (1903), permite determinar com facilidade a distribuição das tensões de cisalhamento na seção de um eixo sob torção, por analogia. Pode-se demonstrar que a equação diferencial que rege o comportamento da superfície elástica de uma membrana deformada, uniformemente carregada, de mesmo contorno da seção transversal de um elemento sujeito ao torque, tem a mesma forma que a equação que determina a distribuição das tensões cisalhantes através da seção de uma barra sujeita à torção. A membrana é fixada por seus bordos e submetida a uma pressão interna uniforme. Experimentalmente, esta membrana é obtida considerando um furo, com o contorno da seção sob torção a estudar, em uma placa. Sobre este furo é colada a membrana elástica através de seus bordos. Por meio de uma pressão de ar adequada, forma-se a superfície da membrana deformada e através de micrômetros e outros instrumentos de medição pode-se obter a geometria desta superfície, em particular, as curvas de níveis, declividade máxima e volume (Figura 41). Unidade 4 – TORÇÃO EM PERFIS DE PAREDE FINA Página 71 Figura 41 - Analogia da membrana As analogias são as seguintes: 1- a tangente a uma curva de nível, em qualquer ponto da membrana, dá a direção da tensão de cisalhamento no ponto correspondente da seção transversal da barra sob torção (Figura 41). 2- a declividade máxima da membrana, em qualquer ponto, é proporcional à intensidade da tensão de cisalhamento no ponto correspondente da barra sob torção (Figura 41). 3- o volume compreendido entre a membrana deformada e o plano que passa pelo seu contorno, é proporcional ao momento torçor suportado pela barra. No caso elementar da seção circular, verifica-se que a declividade máxima maior, α, ocorre em todos os pontos da periferia e é nula no centro do círculo. Esta declividade máxima manifesta-se na direção do meridiano. Portanto, a tensão de cisalhamento é máxima nas bordas e nula no centro (Figura 42). Figura 42 - Seção circular sob torção Unidade 4 – TORÇÃO EM PERFIS DE PAREDE FINA Página 72 No caso da seção retangular, verifica-se, analisando a membrana deformada, que no meio dos lados maiores ocorrem as maiores declividades, α, e, portanto são os pontos de máximas tensões de cisalhamento. Nos cantos e no centro de gravidade, a declividade é nula e a tensãode cisalhamento é zero (Figura 43). Figura 43 - Seção retangular sob torção No caso de seções vazadas de parede fina, a membrana deformada apresenta uma declividade α praticamente constante ao longo da espessura, ou seja, as tensões de cisalhamento se distribuem uniformemente através da espessura do eixo sob torção (Figura 44). Figura 44 Nos outros casos, a forma da superfície da membrana deformada é facilmente imaginada para uma dada seção transversal da barra sob torção. Assim, as conclusões qualitativas relativas à distribuição das tensões cisalhantes na seção sob torção, podem ser tiradas imediatamente. 4.2 - TORÇÃO UNIFORME EM PERFIS DE PAREDE FINA No dimensionamento de vigas, em estrutura metálica, na construção de máquinas, no projeto de aeronaves, muitas vezes, é necessário calcular a torção em perfis de parede fina. Nestes, a espessura é cerca de um décimo da dimensão média de sua largura ou altura. Estes perfis se dividem em abertos e fechados. Na Figura 45 os perfis 1, 2, 3 e 4 são exemplos de perfis de seção aberta ou perfis abertos e os outros fechados. A diferença é que nos perfis fechados a seção transversal encerra um contorno. Unidade 4 – TORÇÃO EM PERFIS DE PAREDE FINA Página 73 Figura 45 - Seções transversais abertas e fechadas. A natureza da distribuição das tensões cisalhantes de torção na seção transversal da barra de parede fina é estabelecida de modo simples utilizando-se os conhecimentos adquiridos no estudo da analogia da membrana. Imaginemos uma placa plana com um furo cuja configuração é semelhante a do perfil em estudo. Sobre o furo estiquemos (colando pelas bordas) uma membrana elástica (uma película de sabão, por exemplo). Se aplicarmos uma pressão uniforme sob a membrana, ela se deforma de maneira distinta de acordo com o perfil fechado ou aberto, Fig.46. Quando se trata de um perfil fechado, a área interior ao perfil não está vinculada com a placa, mas presa na própria membrana e se desloca sob pressão juntamente com ela (Figura 46-b e Figura 44). Já na seção aberta, composta de retângulos, a superfície da membrana deformada toma o aspecto da superfície de uma meia cana (Figura 46-a). Isto determina a diferença entre as formas da membrana deformada para os casos de perfis de seção aberta e fechada. Figura 46 - Membrana deformada em perfis fechado e aberto. Para a seção aberta composta por retângulos podemos assumir uma distribuição linear para as tensões cisalhantes, Figura 46a. A declividade da membrana é maior nas laterais da parede, diminui linearmente até zero no centro, e volta a crescer linearmente, em sentido contrário até a outra lateral da parede. Para os perfis de seção fechada, a declividade da membrana é constante e a distribuição das tensões é uniforme através da espessura da parede, Figura 46b. Unidade 4 – TORÇÃO EM PERFIS DE PAREDE FINA Página 74 4.3 - PERFIS DE SEÇÃO ABERTA No estudo de torção em barras de seção retangular, verificamos que quando a relação a/b, lado maior pelo lado menor, tende para o infinito (aproximadamente 10), os valores de α e β tendem simultaneamente para 1/3, Tabela 1. • Tabela 1 - Valores dos coeficientes α, β e η. a/b 1 1.5 1.75 2 2.5 3 4 6 8 10 ∞ α 0.208 0.231 0.239 0.246 0.258 0.267 0.282 0.299 0.307 0.313 0.333 β 0.141 0.196 0.214 0.229 0.249 0.263 0.281 0.299 0.307 0.313 0.333 η 1.000 0.859 0.820 0.795 0.766 0.753 0.745 0.743 0.742 0.742 0.742 Façamos uma adaptação nas fórmulas para a seção retangular quando a relação a/b tende para o infinito: (lado maior → s; lado menor → δ) Assim: τ δmax T s = 3 2 (4.1) ϕ δ = 3 3 T l G s (4.2) onde: δ é a espessura do perfil de parede fina, e s o comprimento da linha mediana do contorno, de cada retângulo que compõe a seção transversal. Vamos analisar o caso de várias barras de parede fina, com as seções transversais indicadas na Figura 47, sujeitas ao mesmo momento torçor. Usando a analogia da membrana para determinar a distribuição das tensões tangenciais, concluímos que sendo o mesmo o valor do momento torçor em cada barra, será também igual o volume compreendido entre a superfície deformada e o plano do contorno. A declividade máxima maior da membrana será a mesma em cada caso, ou seja: desde que o perfil possa ser transformado em um retângulo fino a forma da seção transversal anterior não tem importância. Qualquer que seja ela, este perfil, para efeito de torção, suporta o mesmo torque e possui a mesma tensão cisalhante máxima que o perfil de seção retangular de parede fina desenvolvido através do perfil anterior. Figura 47 - Seções transversais abertas submetidas ao mesmo torque. Unidade 4 – TORÇÃO EM PERFIS DE PAREDE FINA Página 75 Quando se trata de um perfil de parede fina composto como o representado na Figura 48, que não pode ser transformado em um único retângulo, procede-se da seguinte maneira: “O momento torçor T, pode ser interpretado como sendo a soma de momentos parciais que nos surgem diferentes ramos da seção, cada um aplicado no centro de gravidade de cada retângulo fino”. T T T= + +1 2 ... (4.3) Figura 48 - Seção transversal aberta composta. hh Figura 49 - Ângulo de giro constante O deslocamento angular é único para todos os ramos, ou seja: a seção não se distorce, todos os retângulos giram de um mesmo ângulo que é o ângulo que gira a seção total. Assim: ϕ δ δ δ = = = = 3 3 31 1 1 3 2 2 2 3 3 T l G s T l G s T l G s i i i ... Usando as propriedades de fração: ( ) ( ) ϕ δ δ = + + + + 3 1 2 1 1 3 2 2 3 l T T G s s ... ... Unidade 4 – TORÇÃO EM PERFIS DE PAREDE FINA Página 76 Finalmente: ( ) ϕ δ δ = + + 3 1 1 3 2 2 3 T l G s s ... (4.4) A expressão (4.4) permite determinar o ângulo de torção em perfis de parede fina de seção aberta quando se conhece o torque aplicado, o comprimento da barra, o módulo de Coulomb G do material e as características geométricas da seção transversal. Para o tramo de ordem i é válida a seguinte expressão: τ δi i i i T s = 3 2 (4.5) Por outro lado temos que: ( )T G l si i i= ϕ δ 3 3 (4.6) Substituindo (4.6) em (4.5) e simplificando, temos: τ ϕ δ i iG l = (4.7) Da expressão (4.7) concluímos que a tensão cisalhante é proporcional à espessura da parede. Deste modo a maior tensão cisalhante ocorrerá no ramo retangular de maior espessura. Substituindo (4.4) em (4.7) e simplificando obtém-se: τ δ δi i i i T s = ∑ 3 3 (4.8) A expressão (4.8) permite calcular a tensão cisalhante em um ramo qualquer i, em função do momento torçor e das características geométricas da seção transversal. Para se obter a maior tensão cisalhante na seção transversal, é só substituir δ i por δmax , na expressão (4.8). No estudo realizado acima não se levou em consideração o efeito do fator de concentração de tensão que aparece nos ângulos reentrantes devido a carregamento dinâmico ou fadiga (para materiais dúteis). Define-se: I st i i= ∑1 3 3δ como o momento de inércia à torção para perfis abertos de parede fina. W I t t= δmax como o módulo de resistência à torção. Deste modo: τ max = T Wt ; ϕ = T l G I t Unidade4 – TORÇÃO EM PERFIS DE PAREDE FINA Página 77 4.4 - PERFIS DE SEÇÃO FECHADA A analogia da membrana nos fornece que as tensões cisalhantes provenientes do momento torçor têm distribuição uniforme através da espessura da parede e são paralelas à linha mediana do contorno para os perfis de seção fechada. Considerando um tubo de parede fina de seção fechada sob um torque T (vetor momento dirigido segundo x, para baixo) e chamando de τ 1 a tensão de cisalhamento atuando através da espessura δ1 e τ 2 a tensão cisalhante relacionada com a espessura δ 2 , seccionando este tubo segundo 1-2, Figura 50, retirando uma porção e colocando as tensões correspondentes nas faces 1 e 2 de forma a manter o equilíbrio temos (Figura 50): Fx =∑ 0 τ δ τ δ τ δ τ δ 1 1 2 2 1 1 2 2 0dx dx− = = =constante (4.9) Denominando de fluxo cortante corrente q ao produto τ δ , verifica-se que ele é constante durante todo o contorno da seção transversal. Figura 50 - Fluxo cisalhante constante Figura 51 - Dedução da expressão de Bredt-Batho Unidade 4 – TORÇÃO EM PERFIS DE PAREDE FINA Página 78 Para se determinar a tensão cisalhante, analisemos na Figura 51 a área elementar δ.ds onde ds é um elemento da linha mediana do contorno. Nesta área atuam tensões cisalhantes tangentes à linha mediana que vão originar uma pequena força dF = τ. ds.δ. Esta força contribui com uma parcela de momento torçor dT = dF. OA onde OA é perpendicular à direção da força. Assim: dT dF OA ds OA T ds OA OA ds = = = =∫ ∫ τ δ τ δ τ δ (4.10) Onde: τ δ = constante = q AO. ds é igual a duas vezes a área do triângulo de base ds e altura OA. Como a integral varre todo o contorno tem-se: OA ds A=∫ 2 * (onde A* é a área compreendida pela linha mediana do contorno.) Substituindo em (4.10) e explicitando a tensão cisalhante: τ δ = T A2 * (4.11) essa expressão é devida à Bredt-Batho. A tensão cisalhante máxima ocorrerá no local da seção de menor espessura. O termo W At min= 2 * δ é chamado de módulo de resistência à torção para perfis fechados de parede fina. τ max t T W = (4.12) Para cálculo do ângulo de torção façamos uma comparação entre a energia potencial do tubo expressa primeiramente em termos do torque T e do ângulo ϕ, em seguida em função de τ. U T= 1 2 ϕ (4.13) Para calcular a energia potencial em função de τ , isola-se um elemento do tubo de volume dV ds dx= δ sob cisalhamento puro, Figura 52. Figura 52 - Elemento diferencial do tubo Unidade 4 – TORÇÃO EM PERFIS DE PAREDE FINA Página 79 A energia potencial acumulada neste elemento é: dU dV G ds dx G = = τ τ δ2 2 2 2 ∫= δ δδτ ds G2 lU 2 ∫= δ δτ ds G2 lU 22 Mas: *A2 T =τδ Logo: ( ) ∫= δ ds GA8 TlU 2* 2 (4.14) Igualando (4.13) e (4.14), simplificando: ( ) t2* IG lT ds A4 G lT = = ∫ δ ϕ Onde: ( ) ∫ = δ ds A4 I 2* t é o momento de inércia à torção para perfis de seção fechada. Logo: ϕ = T l GI t (4.15) 4.5 - SEÇÕES MULTI-CELULARES Seja a seção multi-celular composta de duas células, conforme Figura 53. Figura 53 - Seção multi-celular Unidade 4 – TORÇÃO EM PERFIS DE PAREDE FINA Página 80 Denominando de: A* 1 a área compreendida pela linha mediana do contorno correspondente a célula 1; A* 2 a área compreendida pela linha mediana do contorno correspondente a célula 2; T1 a parcela do momento T resistida pela célula 1; T2 a parcela do momento T resistida pela célula 2; τ1 a tensão cisalhante na célula 1; τ2 a tensão cisalhante na célula 2; ϕ1 o ângulo de torção relativo a célula 1; ϕ2 o ângulo de torção relativo a célula 2; De acordo com Bredt: 11 * 11 A2T τδ= ; 22 * 22 A2T τδ= ∫ ∫== δδ ϕ dsq AG2 lds AG4 Tl 1 2 1 1 1 ** ∫ ∫== δδ ϕ dsq AG2 lds AG4 Tl 2 2 2 2 2 ** pois: *A2 Tq = Supondo a hipótese de que não há distorção, deve-se ter o mesmo ângulo de torção ϕ para cada célula. ϕ ϕ ϕ= =1 2 (4.16) Mas: ( )22 * 211 * 121 AA2TTT δτδτ +=+= T q Ai i= ∑2 (generalizando) (4.17) As equações (4.16) e (4.17) permitem resolver o problema. A equação (4.16) fornece ϕ ϕ1 2= , logo: ∫∫ = 2 * 21 * 1 dsq A 1dsq A 1 δδ mas q s= =τ constante: Unidade 4 – TORÇÃO EM PERFIS DE PAREDE FINA Página 81 ** A ds A dsq ∫∫ = τδ = constante (4.18) Logo: * iii Aq2TT ∑∑ == =∫ *A dsτ constante (4.19) As equações (4.19) permitem resolver o problema de seção multi-celulares, pois determinando q, calcula-se as tensões cisalhantes em cada célula. BIBLIOGRAFIA BEER, F. P. J., RUSSEL, E., Resistência dos Materiais, McGraw Hill. FEODOSIEV, V. I., Resistencia de Materiales, Editora Mir, Moscou, 1972. MIRANDA, R. P. C. e outros, Torção, São Paulo. TIMOSHENKO, GERE, Mecânica dos Sólidos, vol 2, Livros Técnicos e Científicos Editora S.A., Rio de Janeiro, 1984. Unidade 4 – TORÇÃO EM PERFIS DE PAREDE FINA Página 82 EXERCÍCIOS RESOLVIDOS Exercício 4.1 Encontrar a tensão tangencial máxima e o ângulo de torção unitário para a barra de seção transversal abaixo. Dados: T = 600 N.m; G = 77,5 GPa Solução: τ δ δ δ max max max t T si i T I = = ∑ . . . 1 3 3 I si it = =∑1 3 3.δ (10-3)4.(97,5 . 93 + 97,5 . 93 + 191 . 53) = 55343 x 10-12 τ max x N m = = = − − 600 9 10 55343 10 97 6 10 3 12 6 2 . . . , 97,6 MPa θ ϕ = = = =−l T G It. , . . . 600 77 5 10 55343 109 12 0,14 rad/m Unidade 4 – TORÇÃO EM PERFIS DE PAREDE FINA Página 83 Exercício 4.2 Para a viga de parede fina de seção fechada, engastada e livre, indicada abaixo, de comprimento l = 3,0 m, yt = 520 MPa, n = 2,00, G = 77,5 GPa, determine P e ϕ usando Von Mises. Solução: T = 0,8 P M = 3P V = P I x m= − = −200 300 192 288 12 6 78 10 3 3 5 4. . , * Para o ponto mais afastado da linha neutra: σ = = = − − My I P P3 150 10 6 78 10 6637 2 3 5 . . , . , τ δ = = =− − T A P P 2 0 8 2 196 294 10 6 10 1156 96 3* , . . . . . , σ σ τeq P P KN= + = = ∴ =2 2 6 3 6933 520 10 2 37 5 . , * Para o ponto situado na descontinuidade: P6371 10786 10144P3 I yM 5 3 === − − ., ... σ Unidade 4 – TORÇÃO EM PERFIS DE PAREDE FINA Página 84 τ δ = = =− − T A P P 2 0 8 2 196 294 10 4 10 1735 46 3* , . . . . . , ( ) τ = = = − − − V Ms b I P P 200 6 147 10 8 10 6 78 10 325 9 3 5 . . . . . , . ( )τ res P P= + =325 1735 4 2060 6, , ∴==+= 2 10520 P573023 6 22 eq . ,τσσ P = 35,6 KN (adotado) ϕ = T l G It ( ) ( ) ( ) I A dst = = = ∫ − −4 4 196 294 10 212 3 6 256 10 2 2 6 2 5* . . . , , . δ ds δ∫ = + = 196 2 6 294 2 4 212 3 . . , ϕ = =− 3 35600 0 8 77 5 10 6 256 109 5 . . , , . . , . 0,018 rad Exercício 4.3 Um perfil U é associado de duas maneiras para trabalhar à torção: (a) e (b). Sabendo que: S yt = 1400 kgf/cm2 G = 0,8 x 106 kgf/cm2 l = 3 m Usando VonMises, pede-se para (a) e (b): 1- Maior torque que pode ser aplicado. 2- Ângulo de torção calculado com o torque acima. 3- Calcular a força no cordão de solda para a associação (b). Cotas em (cm): Unidade 4 – TORÇÃO EM PERFIS DE PAREDE FINA Página 85 Solução: • Para a maneira (a): ( )si i cmδ 3 3 3 410 2 0 2 2 10 0 4 0 8= + =∑ , . , . . , , τ δ δ max maxT si i T T= = = ∑ 3 3 0 4 0 8 1 493 . , , , σ σ τ τeq T= + = = = ∴2 23 3 1 49 3 1400, T = 541 kgf x cm ϕ δ = = = ∑ 3 3 541 300 0 8 10 0 83 6 T l G si i . . , . . , 0,76 rad • Para a maneira (b): A* = 10 . 10 = 100 cm2 τ δmax min T A T T= = = 2 2 100 0 2 0 025 * . . , , σ σ τeq T= + = = ∴2 23 0 025 3 1400, T = 32331,6 kgf x cm ( )ds δ = + + + = =∫ 1 0 2 10 10 10 10 40 0 2 200 , , == = ∫ 26 2 100.4.10.8,0 200.300.6,32331 ds *A4G lT δ ϕ 0,061 rad Força no cordão de solda: ( )[ ]F l= =τ δ. . , . , . , .0 025 32331 6 0 2 300 F = 48497,4 kgf Unidade 4 – TORÇÃO EM PERFIS DE PAREDE FINA Página 86 Exercício 4.4 O material do tubo abaixo possui S yt = 800 kgf/cm2. Pede-se: a) Maior torque que pode ser aplicado ao tubo usando Von Mises. b) O número de rebites necessários para suportar o torque. Dados: D = 20 cm δ = 0,1 cm (espessura) ∅rebite = 0,8 cm τ rebite = 900 kgf/cm2 G tubo = 0,8 x 106 kgf/cm2 l = 200 cm c) Ângulo de torção. Solução: a) τ δ π = = T A T 2 2 10 0 12* . . . , ⇒ τ π 3 800 2 10 0 1 3 8002= ∴ = T . . . , T ≅ 29000 kgf x cm b) F l kgf= = ≅τ δ π . . . . . , . , .29000 2 10 0 1 0 1 200 92382 (I) ( ) ( ) ( )F n A n no reb reb o o= = =. . . . . , . ,τ π900 0 8 4 452 16 2 (II) Fazendo (I) em (II): no = = 9238 452 6, 21 rebites c) ( ) ( ) I A ds cmt = = = ∫ 4 4 10 2 10 0 1 628 2 2 2 4* . . . . ,δ π π ϕ = = ∴ T l G It 29000 200 0 8 10 6286 . , . . ϕ = 0,0115 rad Unidade 5 – CENTRO DE CISALHAMENTO Página 87 5. CENTRO DE CISALHAMENTO OBJETIVOS: - Definir o problema do centro de cisalhamento. - Enunciar as propriedades do centro de cisalhamento. - Determinar a distribuição das tensões cisalhantes em perfis de parede fina de seção aberta com um eixo de simetria. - Determinar o centro de torção para os perfis mais usados na prática de engenharia. - Dimensionar vigas sob flexão, cortante e torção, levando em consideração a redução das cargas ao centro de torção. 5.1 - INTRODUÇÃO. Quando vigas em balanço de seção transversal com dupla simetria são construídas e testadas em laboratório, os valores das deformações e tensões experimentais concordam bastante com os resultados teóricos. Mas se tomarmos uma seção em cantoneira, como indicado na Fig. 54a, tal concordância não se verifica. Nossa teoria prevê que, sob uma carga vertical passando pelo centro de gravidade (C) a viga fletirá para baixo, da posição inicial para a posição pontilhada (seção da extremidade livre). A experiência, no entanto, mostra a seção frontal fletida e torcida, como na Fig. 54b. Figura 54 a Figura 54 b Esta discrepância entre a teoria e a prática foi notada e descrita antes de 1900, mas permaneceu sem solução até 1922, quando Weber, na Alemanha publicou a teoria do centro de cisalhamento. A explicação de Weber consistiu em um exame do equilíbrio da viga em balanço, destacada do seu engastamento, com os respectivos esforços reativos. Ele mostrou que a resultante de todas as tensões tangenciais que atuam na seção, não passava pelo seu centro de gravidade. Para seções com dupla simetria, o centro de gravidade contém a resultante de todas as tensões tangenciais. Porém, para muitas seções assimétricas, a resultante das tensões cisalhantes não passa pelo centro de gravidade da seção, embora tenha a intensidade e a direção coincidentes com a de P, carga externa aplicada. Unidade 5 – CENTRO DE CISALHAMENTO Página 88 5.2. FLEXÃO EM PERFIS DE PAREDE FINA Para que se compreenda melhor a natureza do problema do centro de cisalhamento, vamos estudar o caso da viga I (Fig. 55a) em balanço, com mesas desiguais, mas tendo em z, um eixo de simetria. Os eixos yz, são centrais de inércia. Figura 55a Figura 55b Supondo que P produza flexão em torno de z (eixo neutro), em qualquer seção transversal reativa da viga (seção do lado do engastamento), haverá tensões normais e tangenciais provenientes de M e V. A resultante das tensões normais é M e a resultante das tensões tangenciais é V = P, cuja linha de ação, na seção reativa, passa pelo ponto S, sobre o eixo z. É preciso lembrar que na seção reativa, as tensões cisalhantes só acontecem onde existe material (retângulos 1,2 e 3 Fig. 55b). Em geral, o ponto S não coincide com o centro de gravidade. Tal ponto (S) é denominado centro de torção ou centro de cisalhamento ou centro de flexão da seção. Se o plano que contém P não passar por S haverá, além da flexão, torção na viga. Como o perfil de parede fina tem baixa resistência à torção não se pode desprezar este fenômeno. Deste modo, a carga P pode estar situada em qualquer ponto na face frontal, no entanto as tensões cisalhantes na face reativa produzem uma resultante V = P que passará sempre por S. A flexão sem torção acontecerá quando a direção da carga aplicada passar por S. Vamos localizar o centro de torção para a seção da viga da Fig.55a. Podemos considerar a seção da viga como composta por três retângulos: as duas mesas (1 e 2) e a alma (3), Fig. 55b. Se não ocorre torção, todos os retângulos sofrem flexão juntos no plano xy, tendo a mesma curvatura durante a flexão (por hipótese não existe torção na seção). O momento fletor que cada parte suporta é proporcional ao momento de inércia em relação à z, de cada retângulo: M EI M EI M EI 1 1 2 2 3 3 = = =d2y/dx2=1/ρ onde M1, M2 e M3 são os momentos atuantes nas partes 1,2 e 3, respectivamente, e I1, I2 e I3 , os respectivos momentos de inércia de cada retângulo, em relação à z . Como I3 é muito pequeno comparado à I1 e I2, pode ser desprezado. Deste modo, o carregamento de flexão e cortante fica suportado apenas pelas mesas 1 e 2. Unidade 5 – CENTRO DE CISALHAMENTO Página 89 Logo: M I M I 1 1 2 2 = M M I I I1 1 1 2 = + e M M I I I2 2 1 2 = + (5.1) onde M = M1 + M2 é o momento fletor total. V1 e V2 nas mesas são proporcionais aos respectivos momentos fletores. Logo: V V I I I1 1 1 2 = + e V V I I I2 2 1 2 = + (5.2) onde V = V1 + V2 = P . A linha de ação de V, na face reativa, posiciona S. Seja: h - distância entre os centros de gravidade das mesas 1 e 2. h1- distância de S ao centro de gravidade da mesa 1. h2- distância de S ao centro de gravidade da mesa 2. S - centro de torção, ponto por onde passa V, resultante de V1 e V2. Os dois sistemas representados nas Fig. 56a e 56b são equivalentes, pois possuem a mesma resultante, V, e o mesmo momento em relação ao ponto S: (a) (b) Figura 56 O sistema da Fig. 56b é constituído por apenas uma força V passante por S. Ele é equivalente ao sistema da Fig. 56a, ou seja; faz o mesmo efeito que o sistema da Fig. 56a. Podemos definir S como sendo o ponto da seção por onde passa a resultante de todas as tensões cisalhantes que atuam na seção transversal. Para qualquer posição da carga P na face frontal, na seção reativa vamos sempre encontrar uma força cortante equilibrante,passando por S. Como: V = V1 + V2 Igualando a soma dos momentos em S à zero: V1h1 - V2h2 = 0 Usando a equação (5.2): Unidade 5 – CENTRO DE CISALHAMENTO Página 90 h h I I 1 2 2 1 = (5.3) h = h1 + h2 (5.4) Deste modo, usando as equações (5.3) e (5.4), localizamos o centro de cisalhamento da seção I com mesas desiguais. Se o eixo y for também de simetria: h1 = h2 = h/2 No caso de dupla simetria o centro de torção, S, coincide com o centro de gravidade C. Assim, seções com dupla simetria têm sempre o centro de torção coincidente com o centro de gravidade. Neste caso, se a direção de P passa pelo ponto C, como C coincide com S, haverá flexão sem torção. No caso particular da Fig. 55a, em que uma das mesas é retirada (seção em T), é fácil verificar que V passará pelo centro de gravidade da mesa que restou (ou V1 = 0 ou V2 = 0) e este ponto será o centro de cisalhamento (Fig. 57). As seções que possuem um eixo de simetria têm o centro de torção sobre este eixo. Qualquer carga cuja direção passar por este ponto (S), ainda que atue em direção inclinada pode ser decomposta em duas componentes, uma na direção de z e outra paralela a y. A primeira produzirá flexão no plano xz, tendo y como eixo neutro, sem torção; a segunda componente dará flexão sem torção, pois passa por (S), no plano xy tendo z como eixo neutro. Figura 57 - Caso particular em que uma das mesas da seção H é retirada. O centro de cisalhamento é o centro de gravidade da mesa restante. Quando a carga não passa pelo ponto (S), podemos reduzi-la à (S), centro de torção, e ela poderá ser substituída por um binário e uma carga passante por (S). A carga que passa por (S), dará flexão sem torção e o binário torção pura. Assim, aplicando o princípio da superposição de esforços, a viga estará sujeita à flexão e torção. O ponto (S), centro de cisalhamento, é uma característica geométrica da seção e não depende do carregamento. Para qualquer posição da seção transversal, o centro de torção permanece o mesmo, como ocorre com o centro de gravidade. Unidade 5 – CENTRO DE CISALHAMENTO Página 91 Para seções maciças e vazadas fechadas, o centro de cisalhamento está, geralmente, muito próximo ao centro de gravidade. Como essas seções têm grande resistência à torção, podemos desprezar os efeitos da torção se a carga for aplicada no centro de gravidade (o momento torçor é muito pequeno e a resistência à torção é grande). Já os perfis de parede fina abertos são pouco resistentes à torção e neste caso é de fundamental importância o conhecimento do centro de cisalhamento, para levar em consideração o efeito da torção, caso o carregamento não passe por (S). 5.3 - TENSÕES DE CISALHAMENTO EM PERFIS DE PAREDE FINA DE SEÇÃO ABERTA. Estes perfis têm espessura muito pequena comparada com a largura ou qualquer dimensão da seção transversal (em torno de 1/10). E como perfis de seção aberta têm baixa resistência à torção. É de fundamental importância a localização do centro de torção destes perfis. Eles são largamente usados em estruturas. Vamos estudar uma viga cuja seção transversal tenha uma linha mediana do contorno (ou linha média) mm, de uma forma qualquer Fig. 58a. Os eixos yz são centrais de inércia e P é paralela à y. Caso P atue em (S), não haverá torção na viga, somente flexão em torno de z, sendo z a linha neutra. As tensões normais de flexão serão: I My =σ Figura 58 Imaginemos o elemento da Fig. 58b, cortado entre duas seções separadas de dx e tendo comprimento s, medido sobre a linha mediana a partir da borda livre. F1 é a resultante das tensões normais que atuam na face da esquerda. F2 é a resultante das tensões normais que atuam na face da direita. Como na face da direita o momento fletor é maior, F2 > F1, para haver equilíbrio estático, tensões cisalhantes devem atuar na face paralela à face livre, dando Unidade 5 – CENTRO DE CISALHAMENTO Página 92 uma resultante VH. Estas tensões são paralelas às superfícies do elemento, que são livres de tensões, e são acompanhadas de tensões cisalhantes complementares que atuam nas faces frontais. Como os momentos nas seções frontais da Fig. 58b são M e (M+dM), as forças resultantes F1 e F2 são: F dA My I dA My I ds A A s 1 0 = = =∫ ∫ ∫σ δ onde dA = δ ds ( ) ( ) ( )F d M dM IA 2 = +∫ ∫ ∫σ δ A = y dA = M + dM y I ds A 0 s onde A é a área da seção transversal entre a borda livre e o plano longitudinal b-b a uma distância s a partir da extremidade livre. O somatório das forças na direção longitudinal do bloco da Fig. 58b fornece: ( ) ( ) ( )V F F y dA I dM I y dAH A A = − = =∫ ∫2 1 dM Mas: V VH = =τδ dx e dM dx Logo: τ δ = V M I S (5.5) A equação (5.5) fornece a tensão de cisalhamento em um ponto qualquer da seção b-b (Fig. 58a) distante de s da borda livre. As tensões cisalhantes são uniformes através da espessura e atuam tangentes à superfície da viga. Estas tensões aparecem na seção transversal a uma distância s a partir da borda livre. As tensões na seção transversal fluem em um sentido contínuo como mostra a Fig. 58a, paralelas à linha mediana do contorno, mm. A equação (5.5) é idêntica a equação obtida no estudo da distribuição das tensões cisalhantes verticais que ocorrem em uma viga devido a variação do momento fletor. Seus termos têm significados iguais. M ydAS s = ∫0 é o momento estático, em relação à linha neutra, da área da seção transversal definida de s variando de zero a s. δ é a espessura da seção no ponto onde se deseja calcular a tensão cisalhante. Como já foi dito, as tensões cisalhantes fluem de maneira contínua na seção transversal e na linha neutra elas têm o mesmo sentido que o da força cortante V. Assim, conhecido o sentido de V é possível determinar o sentido de todo o fluxo das tensões cisalhantes. A equação (5.5) mostra que nas extremidades (bordas) da seção o momento estático é nulo e consequentemente, a tensão cisalhante. Ela varia de modo contínuo entre as bordas e alcança seu valor máximo na linha neutra. Unidade 5 – CENTRO DE CISALHAMENTO Página 93 5.4 - SEÇÃO I DUPLAMENTE SIMÉTRICA. A equação (5.5) pode ser usada no cálculo das tensões de cisalhamento nas flanges dos perfis I e C e outros tipos. A Fig. 59 explica a existência das tensões cisalhantes nas flanges, através do estudo do equilíbrio de um elemento da flange separado por duas seções adjacentes e por uma seção longitudinal. A Figura 59 representa uma viga I em balanço. Como P atua para baixo, a flange superior está tracionada e a inferior comprimida. Como T2 > T1, pois o momento na seção 2 é maior do que na seção 1, deve haver uma força cortante Fc que atua como indicado na Figura para manter o equilíbrio do elemento. Esta faz aparecer uma força cortante complementar lateral H1. Assim, o elemento está em equilíbrio. O sentido de H1 determina o sentido das tensões cisalhantes na flange superior. Do mesmo modo, as forças de compressão C2 e C1 que atuam no elemento correspondente da aba inferior, exigem a existência da força cortante Fc que faz aparecer H2. Assim, as tensões de cisalhamento têm o sentido de H2, na flange inferior. Devido ao fato da flange superior ser tracionada e a inferior comprimida, as tensões cisalhantes têm sentidos opostos em uma e outra flange. Fig. 59 - Forças cortantes nas flanges de uma viga em balanço As intensidades das tensões cisalhantes nas flanges é determinada pela equação (5.5). Orientando s a partir da extremidade livre da direita, Fig. 60, obtemos: τ = = = VM V Vhs I S ∆ ∆ ∆ I sh 2I 2 (5.6) A intensidade da tensão cisalhante nas flanges é diretamente proporcional à distância a borda livre da mesma (s). Na Fig. 61 representamos a variação da tensão cisalhante e seu sentido. Unidade5 – CENTRO DE CISALHAMENTO Página 94 Fig. 60 - O eixo s é sempre orientado a partir da borda livre. Fig.61- Representação da variação da tensão cisalhante nas flanges e na alma. A resultante de todas as tensões tangenciais na alma dá uma força igual à V. Estas tensões são as únicas que têm direções verticais (direção de V). Podemos concluir que as tensões cisalhantes caminham das bordas da flange inferior para dentro; em seguida sobem a alma e finalmente seguem para fora na flange superior Fig. 61. O fluxo é sempre contínuo em qualquer seção estrutural e serve para determinar o sentido das tensões. Se a força cortante atua, por exemplo, para baixo, sabe-se que o cisalhamento na alma é neste sentido e isto define o sentido das tensões cisalhantes nas flanges. Na Fig. 62, vemos que a resultante de todas as tensões de cisalhamento na seção é uma força vertical (as tensões horizontais produzem forças que se anulam não dando resultante). A resultante passa pelo centro de gravidade C, que para as seções I (com dupla simetria) é também o centro de torção S. O centro de torção é o ponto por onde passa a resultante de todas as tensões cisalhantes que atuam na seção transversal. Unidade 5 – CENTRO DE CISALHAMENTO Página 95 Fig. 62 - Em uma seção com dois eixos de simetria, o centro de torção S coincide com o centro de gravidade. 5.5. ESTUDO DE UMA SEÇÃO C COM UM EIXO DE SIMETRIA. Vejamos o caso de uma seção C com um eixo de simetria, posicionado como eixo neutro, em balanço, sob uma carga vertical P, Fig. 63. Vamos estudar o que ocorre em uma seção reativa (equilibrante). Na Fig. 63, verificamos que nas flanges aparecerão tensões cisalhantes que caminham continuamente seguindo o sentido da tensão cisalhante do cortante na alma (como já estudamos para o perfil I). Estas tensões dão origem às forças: H, V e H, Fig. 63. O valor da tensão cisalhante na flange é (Fig. 64): ( )τ = = =∫ ∫ V I Y ds V I h Vhs I s s ∆ ∆ ∆ ∆( ) 0 0 2 2 ds (5.7) onde: ∆ - espessura da flange. δ - espessura da alma. s - tem origem na borda livre (Fig. 64) e situa-se na linha mediana do contorno. Fig. 63 Fig. 64 Unidade 5 – CENTRO DE CISALHAMENTO Página 96 A força horizontal resultante em cada flange é: ( ) ( )H á rea V h b I b V h b Im ed= = =τ 4 4 2 ∆ ∆ Assim, as tensões cisalhantes, na face reativa, formam o sistema de forças abaixo (Fig. 65a) que é equivalente ao sistema da (Fig. 65b), pois ambos têm a mesma resultante e o mesmo momento em relação ao mesmo ponto que é o centro da alma. Para isto é necessário que: I4 bVhHhe.V 22 ∆ == , donde: 4I bhe 22 ∆ = (5.8) Fig. 65 a Fig. 65 b Fig. 65 - Os sistemas das Figuras 65a e 65b são equivalentes: têm a mesma resultante e o mesmo momento em relação ao meio da alma. Como o sistema da Fig. 65b é composto de uma só força excêntrica, V, passante por S, este ponto é o centro de cisalhamento, pois é o ponto por onde passa a resultante de todas as tensões cisalhantes atuantes na seção. Assim, S, localiza o centro de torção de uma seção C simétrica: ele está sobre o eixo de simetria a uma distância “e” do meio da alma, contrária à boca do perfil. O ponto S está fora da seção. Este ponto é uma característica geométrica dela e não depende do carregamento nem da posição da seção. Se o carregamento não passar por S, em cada seção reativa haverá uma força cortante V passando por S. Isto fará com que a viga seja submetida à torção e flexão. Ela terá flexão simples se as forças atuantes tiverem suas direções passando todas por S. Toda vez que as forças forem paralelas à Y, passando fora de S, elas poderão ser substituídas por um sistema de forças equivalentes formado por forças que passam por S e por um conjugado de torção. Teremos uma combinação de flexão e torção atuando sobre a viga. Se as cargas atuam na direção de Z passando por S e pelo centro de gravidade, a flexão é simples em torno de Y. Se as cargas são inclinadas elas podem ser decompostas em cargas paralelas aos eixos Y e Z, estaticamente equivalentes as anteriores, que serão analisadas como nos casos precedentes (Fig. 63). A Fig. 66 representa a distribuição das tensões cisalhantes em uma seção C. Verificamos que o fluxo é contínuo e na alma ele tem o sentido das tensões cisalhantes do cortante V. Unidade 5 – CENTRO DE CISALHAMENTO Página 97 Fig. 66- Distribuição das tensões tangenciais através do perfil C A integração das tensões tangenciais através da alma dará uma força vertical igual a V. Nos casos em que a seção é formada por dois elementos retangulares, de parede fina, que se cruzam, as tensões de cisalhamento originam duas forças que se cortam na junção dos dois elementos. Este ponto é o centro de torção, pois ele é o ponto por onde passa a resultante de todas as tensões cisalhantes que atuam na seção (Fig. 67). Fig. 67 - Seções formadas por dois elementos de parede fina que se cruzam. No caso de uma seção em Z o procedimento é o seguinte: representamos o fluxo contínuo das tensões cisalhantes (Fig. 68a) e substituímos estas tensões pelas forças correspondentes (Fig. 68b). A resultante das forças nas flanges é 2H atuando no centro de gravidade da seção (Fig. 68b). Combinando esta resultante com a força cortante na alma (V) obtemos a resultante R na seção (Fig. 68b). Como R passa pelo centro de gravidade, este coincide com o centro de cisalhamento (Fig. 68c). Unidade 5 – CENTRO DE CISALHAMENTO Página 98 Fig. 68 - O centro de torção de uma seção em Z coincide com seu centro de gravidade. A Fig. 69 apresenta o centro de torção de alguns perfis usados em estrutura. Fig. 69 - Centro de torção de alguns perfis. Na resolução de exercícios é mais conveniente trabalhar-se com a seção ativa, onde as tensões têm o mesmo sentido dos esforços correspondentes. O que ocorre na seção reativa (equilibrante), em termos de tensões, ocorre na seção ativa, somente que nesta as tensões têm os sentidos dos esforços aplicados enquanto que na outra (reativa) têm sentidos opostos. Assim, para se compreender melhor o fenômeno do centro de torção, usamos a seção reativa, mas na resolução de problemas é mais conveniente o trabalho com a seção ativa. BIBLIOGRAFIA BEER - RUSSEL, Resistência dos Materiais. 3ª ed, Makron Books, 1996, SP. HIGDON e outros, Mecânica dos Materiais, 3ª ed, Guanabara Dois, 1981, RJ. SINGER, F., Resistencia de Materiales, Harper-Row Publishers Inc. 636 p., 1971. Madrid. TIMOSHENKO-GERE, Mecânica dos Sólidos, Vol. II, Livros Técnicos e Científicos Editora. 1984. 450 p., RJ. Unidade 5 – CENTRO DE CISALHAMENTO Página 99 EXERCÍCIOS RESOLVIDOS Exercício 5.1 Para a seção H de mesas desiguais, isolada do engastamento com todos os esforços solicitantes, indicados abaixo, pede-se: 1 - Localizar o centro de cisalhamento. 2 - Determinar as parcelas de M = 20000 kgf.cm, que atuam em 1 e 2. 3 - Determinar as parcelas de V = 200 kgf, que atuam em 1 e 2. 4 - Determinar o torque T que age no perfil e τmáx proveniente deste torque. Solução: cm 56,20h e cm 44,4h : Logo 25hh ,h216,0h I I h h cm 33I ,cm 153I1 21 2121 1 2 2 1 4 2 4 1 == =+=→= ==− ngulos.âret os todos para cm/kgf 160 e cm 46,12I I .T .s 3 1I kgf.cm 2122=4,44)-200(15,00=V.braco=T 4 kgf 35 = V e kgf 165V )II( I.V V :modo mesmo Do 3 cm 3548 Me kgf.cm16452 )II( MI M2 2 max 4 t t max max 3 iit 21 21 1 1 2 21 1 1 == = = − = + = − == + =− ∑ τ δ τ δ Unidade 5 – CENTRO DE CISALHAMENTO Página 100 Exercício 5.2 Verificar se o sistema abaixo está dimensionado, usando Von Mises. Em caso afirmativo, calcular o coeficiente de segurança. Desprezar o esforço cortante da secção. Calcular o ângulo de torção na seção livre. Dados: P = 100 Kgf G = 0,8.106 kgf/cm2 Syt = 3.000 kgf/cm2 Solução: c I T l G I y I I eq t = + + = = + = = + = = = = + = = = = ( . . , . , . , ) ( . . , ) , ( , . , . ) , . , . ( . , , . ) , . . , , . . . , . . , , 15 17 5 5 0 5 0 25 15 1 5 0 5 6 46 14 5 1 0 5 6 12 10 21 6210 5 3 6 0 5 1475 1 60 1 100 100 3 10 21 2938 3 3 2940 100 621 0 8 10 5 17 0 015 3 3 3 3 2 2 6 cm cm braç o do torç or= 6,46 - 0,25 = 6,21 cm T = 100.6,21 = 621 kgf.cm kgf / cm kgf / cm kgf / cm rad 4 2 2 2 τ σ σ σ τ ϕ Unidade 5 – CENTRO DE CISALHAMENTO Página 101 Exercício 5.3 Para a viga abaixo, impedida de torcer nas extremidades e bi-apoiada a flexão, pede-se: 1 - Diagrama de momento fletor. 2 - Diagrama de esforço cortante. 3 - Diagrama de momento torçor. 4 - Verificar se o sistema está dimensionado calculando o coeficiente de segurança em caso afirmativo. Syt = 2000 kgf/cm2, usar Von Mises. 4 t 333 t 4 x cm 58,11I )8,0.212.1.12( 3 1i.si 3 1I cm 33,3181I4 = +== =− ∑ δ 222 eq 2 t T 2 kgf/cm 20433 kgf/cm 12,1151 58,11 1.13330 I .T kgf/cm 461= I Nivel =+= === τσσ δτ σ 12,115198766921 kgf/cm 66 33,3181.8,0 )5,10.1.12(1333 I.b VMs kgf/cm 921 kgf/cm 419= II Nivel 2 V 2 T 2 2000 ; o sistema não está dimensionado!! Unidade 5 – CENTRO DE CISALHAMENTO Página 102 Exercício 5.4 A viga bi-apoiada abaixo tem suas extremidades impedidas de torcer. Todo o carregamento situa-se no plano vertical que passa pelo meio da alma (A - A). Pede-se: 1 - Diagrama de momento fletor. 2 - Diagrama de momento torçor. 3 - Tensão equivalente no ponto X da seção I-I, aplicando Von Mises. Solução: 1 e 2 Unidade 5 – CENTRO DE CISALHAMENTO Página 103 3- 48,1 1291.4 1.19.6,4 I4 hbe 2222 === ∆ Braço = 1,48 cm, I = 1291 cm4 I I cm kgf.cm T = 517.1,48 = 765 kgf.cm = 51700.10 1292 = 400 kgf / cm kgf / cm kgf / cm kgf / cm kgf / cm t t 4 2 2 2 T 2 2 = = +∑ = = = = = = = + = = = = = = + = > 1 3 1 3 4 6 1 2 19 0 8 6 3 51700 517 765 1 6 3 121 3 4516 765 0 8 6 3 97 517 5 1 9 5 0 8 1292 24 97 24 121 3 3 3 2 2 si i I M V kgf Nivel I T I Nivel II VMs b I T t eq V eq I eq . ( , . . . , ) , . . , , . , , . . . . , , . δ σ τ δ σ σ τ τ τ σ σ II eq Iσ = 4516, kgf / cm2 Unidade 6 – VIGAS CURVAS Página 104 6. VIGAS CURVAS OBJETIVOS: - Definir vigas de forte curvatura. - Determinar a posição da linha neutra em vigas de forte curvatura. - Aplicar as equações de equilíbrio da estática e determinar a fórmula da tensão normal. - Determinar a tensão normal resultante sob flexão-solicitação axial. 6.1 – INTRODUÇÃO – NOTAÇÕES A distribuição das tensões normais em uma viga curva é determinada baseando-se nas seguintes considerações: 1- A peça possui um plano vertical de simetria que contém todo carregamento externo. 2- As seções planas permanecem planas após a deformação. As fibras neutras mantêm seus comprimentos originais. Assim, as fibras situadas à igual distância da linha neutra, alongam e encurtam de uma mesma quantidade e experimentam tensões iguais através da largura da seção. 3- O módulo de elasticidade, E, é o mesmo para tração e compressão. 4- O material trabalha dentro do regime elástico. Ao contrário do que ocorre com as vigas retas, encontraremos que o eixo neutro de uma viga curva não passa pelo seu centro de gravidade. As tensões normais possuem uma lei de distribuição não linear, em relação à linha neutra. Notações: ro - raio da fibra mais externa. ri - raio da fibra mais interna. c0 - distância do eixo neutro à fibra mais externa. ci - distância do eixo neutro à fibra mais interna. r - raio do eixo centroidal. r - raio do eixo neutro. h - espessura da seção. e - distância dos eixos neutro e centroidal. ρ - distância do centro de curvatura a uma fibra qualquer. h – altura da seção transversal. Se r ≤ 5.h → viga de forte curvatura. 6.2 – CÁLCULO DA TENSÃO NORMAL Para iniciar, definiremos o elemento abcd pelo ângulo φ. Um momento fletor M (positivo no sentido indicado, ou seja, de diminuir a curvatura) faz com que a seção bc gire de dφ, passando para b'c' (Fig. 70). O eixo Y tem origem na linha neutra (C) e é positivo no sentido do centro de curvatura (O). A deformação de uma fibra à distância ρ do centro O é: Unidade 6 – VIGAS CURVAS Página 105 - + e y rr O b h - y σ b b' c c' ρ G C M y a d φ dφ ri Ci Co ro LN O Figura 70 ρφ φρ∆ξ d )r( l l − == (6.1) A tensão normal correspondente é: ρφ φρ ξσ d )-E(r=E = (6.2) Yr =− ρ ρφ φ σ Y.d E = Equação de uma hipérbole, pois a parte entre colchetes é constante. Desde que são nulas as forças externas atuantes na seção (resultante do binário M é nula - flexão pura), a resultante das forças normais na seção deve ser nula: 0dA )-(r d EdA ==∫ ∫ ρ ρ φ φσ ou 0dAdA r d E = −∫ ∫ρφ φ (6.3) Resolvendo as expressões entre parênteses: ∫ ∫ =− ρ ρ dA A=r , 0AdA r (6.4) Esta importante equação é usada para localizar o eixo neutro em relação ao centro de curvatura da seção transversal. Unidade 6 – VIGAS CURVAS Página 106 Esta equação indica que os eixos neutro e centroidal não são coincidentes. Determinemos a distribuição das tensões normais na seção. Equilibremos o momento externo aplicado, através do momento interno resistente: ∫ ∫ ==− MdA)-(r d EdAr 2 ρ ρ φ φσρ )).(( Mas: r2rr 222 ,)( ρρρ +−=− logo: −+ −=−+− = ∫ ∫∫ ∫∫ ∫ ∫ ∫ dArdAdAdArrd E)dArdAdArdA (r d EM 2 ρ ρφ φρ ρφ φ Como r é constante, comparando os dois primeiros termos entre parênteses com a equação (6.3) verificamos que eles desaparecem e finalmente teremos: ∫ ∫+−= )( dA dArd EM ρ φ φ A primeira integral é a área da seção e a segunda é igual à r .A (momento estático de toda área em relação a um eixo passante por 0, centro da curvatura), logo: A.e.d EA).rr(d EM φ φ φ φ =−= (6.5) Finalmente, tirando o valor de E.dφ/φ da equação (6.2) e substituindo na expressão de M acima, teremos: A.e. M.y yreA yM ρ σ = − = ).(. . pois: (6.6) yr yr l.transversa seçãoda curvatura de centro o e gravidade de centro o entre sempre, situada,fica neutra linha a0err −= =− ⇒>=− ρ ρ Esta equação mostra que a distribuição das tensões normais é hiperbólica. As tensões máximas ocorrem nas fibras internas e externas e são: , reA cM i i i .. . =σ reA cM o o o .. . =σ Estas equações foram demonstradas para flexão pura, que não é o caso mais comum. Normalmente, tem-se uma carga excêntrica. Unidade 6 – VIGAS CURVAS Página 107 Neste caso esta carga deve ser reduzida ao centro de gravidade da seção transversal sob consideração, e devemos trabalhar como se tivéssemos uma carga cêntrica mais uma flexão pura. Deste modo, em adição às tensões normais de flexão, aparecem tensões normais uniformemente distribuídas sobre a seção (cargaEspesso Enrolado com Arame ...................... 214 Apêndice VII – Esfera de Parede Espessa .......................................... 218 Apêndice VIII – Ensaio de Deflexão em Flexão Assimétrica ............. 222 Apêndice IX – Ensaio de Flexão em Viga de Forte Curvatura ........... 227 Apêndice X – Ensaio de Cilindro Espesso .......................................... 230 Apêndice XI – Ensaio de Flambagem ................................................. 233 Unidade 1 – NOÇÕES SOBRE ESTADO TRIPLO DE TENSÃO Página 1 1. NOÇÕES SOBRE ESTADO TRIPLO DE TENSÃO 1.1 - VETOR TENSÃO Objetivos: - Definir vetor tensão e suas componentes - Definir e identificar estado triplo de tensão - Introduzir convenções relacionadas às tensões Para definir vetor tensão, vamos supor um corpo elástico, vinculado isostaticamente, em equilíbrio. Sob a ação de um sistema de forças ele se deforma. Em um plano cuja normal é "n", aparecerão forças internas necessárias para manter o equilíbrio da parte isolada do corpo (porção da esquerda), Figura 1. A distribuição destas forças é qualquer. Imaginemos um ponto P, situado neste plano e uma área ∆A, ao seu redor. Nesta área atuarão forças que serão equivalentes a uma resultante e a um momento (Figura 1). A resultante e o momento dependerão do plano que contém P. Para cada plano teremos uma resultante e um momento, normalmente diferentes. Figura 1 Vamos indicar por Mn e Fn o sistema equivalente dependente do plano cuja normal é "n". Ao quociente da força resultante pela área chamaremos de tensão média. Se a área ∆A vai diminuindo a tendência do binário, Mn, é desaparecer, pois o braço de alavanca do binário tende a se anular. No limite vamos obter o vetor tensão que será definido como: )/(F =T n0n lim ∆Α ∆Α→ A força Fn pode ser decomposta em suas componentes Fnn e Fnt Figura 2. Vamos definir tensão normal como: )/(F = nn0n lim ∆Ασ ∆Α→ e tensão tangencial como: )/(F = nt0n lim ∆Ατ ∆Α→ Unidade 1 – NOÇÕES SOBRE ESTADO TRIPLO DE TENSÃO Página 2 Figura 2 Caso seja adotado um sistema referencial prévio, de tal forma que um de seus eixos coincida com a normal ao plano e os outros estejam no próprio plano, a força Fnt será decomposta dando, por conseguinte, duas tensões tangenciais (Figura 3). Figura 3 Os materiais obedecem mais às componentes do vetor tensão do que o próprio vetor. Assim, para cada plano passante por P, o vetor tensão dará origem a três componentes: uma tensão normal e duas tangenciais. Mas, para se definir um estado triplo de tensão, é necessário o conhecimento das tensões que atuam em três planos mutuamente perpendiculares através do mesmo ponto. Lembremos, fazendo uma analogia, que para se definir um estado plano, é necessário o conhecimento das tensões que atuam em dois planos perpendiculares através do ponto. A identificação de um estado triplo de tensão é feita quando as tensões atuantes nos três planos perpendiculares através do ponto, não podem estar situadas em um mesmo plano. Já no estado plano, todas as tensões atuantes nos dois planos perpendiculares que definem o estado plano através do ponto, estão situadas num mesmo plano. A Figura 4 indica as tensões atuantes em três planos perpendiculares através do mesmo ponto. As seis faces são definidas pelas direções de suas normais. Uma face positiva é aquela cuja normal está no sentido positivo do eixo coordenado. Os eixos x, y e z, seguem a regra da mão direita. Uma tensão normal σx na direção x, atuante na face positiva, é positiva quando seu sentido coincide com o sentido de x positivo. Se a mesma tensão atua em uma face negativa, ela é positiva quando seu sentido coincide com o sentido de x negativo. Todas as tensões normais apresentadas na Figura 4 são positivas. O índice da tensão normal Unidade 1 – NOÇÕES SOBRE ESTADO TRIPLO DE TENSÃO Página 3 corresponde ao do eixo paralelo a ela. Assim, σx é uma tensão normal à face cuja normal é x. As tensões normais são positivas se são trativas. As tensões tangenciais, τ, possuem dois índices. O primeiro designa a normal ao plano sobre o qual atua e o segundo, o eixo coordenado ao qual é paralela. Assim, τxy é uma tensão tangencial que atua no plano x, na direção y. Uma tensão tangencial atuante em uma face positiva será positiva quando seu sentido segue o do eixo coordenado do segundo índice. Se esta tensão atua em uma face negativa, será positiva quando seu sentido segue o sentido contrário ao eixo coordenado do segundo índice. Todas as tensões tangenciais indicadas na Figura 4 são positivas. Figura 4 1.2 - IGUALDADE DAS TENSÕES TANGENCIAIS Objetivo: - Demonstrar a igualdade das tensões tangenciais. τxy = τyx τxz = τzx (1.1) τyz = τzy Imaginemos um estado complexo de tensões definido abaixo, Figura 5. Figura 5 Para demonstrarmos a igualdade das tensões tangenciais, imaginemos um elemento, como o abaixo (Figura 6) onde foram colocadas somente as tensões que produzem momentos em relação à x: Unidade 1 – NOÇÕES SOBRE ESTADO TRIPLO DE TENSÃO Página 4 Figura 6 A somatória dos momentos em relação à x fornece: zyyzzyzyyzyz 0 2 dz.dxdy 2 dz.dxdy 2 dy.dxdz 2 dy.dxdz ττττττ =∴=−−+ Analogamente: τxy = τyx τxz = τzx 1.3 - REPRESENTAÇÃO TENSORIAL. Objetivos: - Definir tensor tensão. - Enunciar as propriedades da matriz. - Representar, matricialmente, os estados triplos, duplo e mono-axial de Tensão. - Identificar na matriz, as tensões normais principais. A matriz tensor tensão é definida do seguinte modo: em cada linha se colocam as tensões atuantes em um dos três planos que definem o estado de tensão: 1ª linha - plano x; 2ª linha - plano y; 3ª linha - plano z. As tensões em cada coluna são colocadas conforme suas direções, mantendo sempre a ordem: direção x, y e z. Por exemplo: 1ª linha e 3ª coluna, tensão τxz - atua na face x, na direção z. 3ª linha e 2ª coluna, tensão τzy - atua na face z, na direção y. Assim teremos: zzyzx yzyyx xzxyx T σττ τστ ττσ = (1.2) Como as tensões tangenciais são iguais duas a duas - equação (1.1), a matriz é simétrica em relação a sua diagonal principal. Unidade 1 – NOÇÕES SOBRE ESTADO TRIPLO DE TENSÃO Página 5 Em um estado plano de tensões, as tensões atuantes em uma face (y, por exemplo) são todas nulas. Isto implica na matriz em se ter uma linha e uma coluna nulas: zzx xzx 0 000 0 T στ τσ = Este mesmo raciocínio pode-se estender ao estado mono-axial de tensão, onde teremos, unicamente, uma tensão normal, que será principal. z00 000 000 T σ = Pode ser demonstrado que, em qualquer estado de tensão em um ponto, um elemento pode ser orientado de forma que as tensões tangenciais se anulam sobre suas faces. As três direções assim obtidas são chamadas direções principais e as tensões normais, segundo estas direções, são denominadas de tensões normais principais (t.n.p.). Elas são representadas, simbolicamente, por σ1, σ2, σ3 e entre elas é válida a condição seguinte: 321 σσσ ≥≥ Assim, nas faces onde atuam as tensões normais principais (t. n. p.), as tensões tangenciais são nulas. A identificação de uma t.n.p., na matriz do tensor tensão, é feita considerando o fato de serem nulas as tensões tangenciais atuantes na mesma linha (mesma face). Isto implica em se anularem as tensões tangenciais atuantes em uma linha e em uma coluna (igualdade das tensões tangenciais). Logo a t.n.p. ficará no cruzamento destas: zzy yzy x 0 0 00 T στ τσ σ = 1.4 - REPRESENTAÇÃO ATRAVÉS DO CÍRCULO DE MOHR Objetivos: - Esboçar e interpretar os círculos de Mohr para o estado triplo. - Representar graficamente o estado triplo, pelas suas t.n.p. - Definircêntrica) que deverão ser adicionadas algebricamente às tensões normais de flexão para se ter a tensão total nos diversos pontos. A seção ideal de uma viga curva pode ser projetada relacionando as tensões nas fibras mais internas e mais externas, com as tensões limites da tração e compressão do material. No caso de materiais dúteis (Syt = Syc) as tensões nas fibras mais internas e mais externas deverão ser iguais para se aproveitar ao máximo o material e a seguinte relação deve ser satisfeita: o i o i r r c c = Finalizando, podemos dizer que uma viga é de forte curvatura se r /h ≤ 5 e para tais vigas a fórmula geral para cálculo da tensão normal é: ).(. . yreA yM A N − ±=σ (6.7) Se r /h > 5, podemos supor a viga reta e usar a seguinte fórmula conhecida: I yM A N . ±=σ , que é a fórmula para viga reta, já usada anteriormente. O erro que se comete, neste caso, não excede à ± 7%. No estudo da distribuição das tensões normais nas vigas de forte curvatura, nós ignoramos a tensão normal radial que ocorre devido à compressão mútua das fibras do material. Ela não tem maior importância para as vigas curvas do que para as vigas retas como pode ser determinado em experiências em modelos construídos com materiais frágeis. Elas são particularmente elevadas em seções cujas larguras variam bruscamente (vigas I). É permitido calcular as tensões tangenciais nas seções transversais de uma viga curva (devido ao cortante) usando a expressão da tensão tangencial para vigas retas: Ib MV s . . =τ Unidade 6 – VIGAS CURVAS Página 108 Fórmulas para a determinação da linha neutra em barras de forte curvatura. BIBLIOGRAFIA BELYAEV, N. M., Strength of Materials., 1ª ed., Editorial Mir. Moscou. SHIGLEY, Joseph Edward., Elementos de Máquinas., Vol. 1, Livros Técnicos e Científicos Editora S.A. Unidade 6 – VIGAS CURVAS Página 109 EXERCÍCIOS RESOLVIDOS Exercício 6.1 Para a viga de forte curvatura abaixo, pede-se: a - valor máximo de P sabendo que S yt = 1400 kgf / cm2 b - diagrama das tensões normais de flexão e tensões normais de solicitação axial, indicando as intensidades das tensões . Solução: )dr4r2(4 d =r neutra linha)a 22 2 −− kgf 3448=P 1400=0,406P P148,0 e P406,0 : Logo cm 4,536- = y cm 464,3y Ae My A P cm 50,24=A ,0,536=r-r=e ,12P = M cm 7,464 =r cm 8 =d , cm 8r BA BA BA 2 ∴> −== += ±= →= σσ σσ ρ σ b) Unidade 6 – VIGAS CURVAS Página 110 Exercício 6.2 Para a viga de forte curvatura abaixo, sabendo que P = 10 kN, determinar as tensões normais em A e B. Solução: N.m 1300P30)10+-(100=M mm 3 =127-130=r-r=e mm 100 =r ,mm 90 = h ,mm 190r mm 127 1 r r h r 0,5h=r mm 13090 3 1100r 3- 12 1 22 −= = = − =+= ln Solicitação axial: P ( comp ) MPa8,2 )10( 2 90.80 10000 A P 23 −=−=−= − σ Flexão Pura M = - 1300 N. m yA =127 - 100 = 27 mm yB = - (190 - 127) = -63 mm σ ρ σ σ = = − = − = − − = + − − − − My Ae MPa MPa A B 1300 27 10 40 90 3 100 10 32 5 1300 63 10 40 90 3 190 10 40 0 3 3 4 3 3 4 . .( ) . . . .( ) , .( ).( ) . . . .( ) , Unidade 6 – VIGAS CURVAS Página 111 Tensões resultantes: σ σ A R = − − = − = − = 32 5 2 8 35 3 40 0 2 8 37 2 , , , , , , MPa MPaB R Exercício 6.3 Uma viga curva de raio interno 15 cm tem seção indicada baixo. Está sujeita a um momento fletor M. Pede-se “x” de modo que e a tensão de flexão na fibra mais interna tenha o mesmo módulo que a tensão da fibra mais externa. Solução: 5. .2,5 15.5.12,5 5 15.5 12,5 937,5 5 75 A 75 575 5 , r = 35 20 (2,798 0,288 )5ln ln 20 15 xc x xc x xA x xx += + += + += + = ++ 0 0 75 5 15 152,798 0,288 0,429 75 5 3535 2,798 0,288 (35(2,798 0,288 ) 75 5 ).0,429 75 5 15(2,798 0,288 ) 15,472 i iy y x x x x x x x x x cm ρ ρ = + − + = = + − + + − − = + − + = Unidade 6 – VIGAS CURVAS Página 112 Exercício 6.4 Para a viga curva da Figura abaixo, pede-se determinar as tensões normais resultantes, máxima e mínima, na seção BB. O valor de P e 1800 kgf. Solução: 1) Seção CD analisada como viga reta : * Localização do C.G. c A I My I cm cm L N C = = = = = = = − = − 2 5 15 625 81 4 1800 15 2 5 81 4 829 2 1800 15 5 0 81 4 1658 5 2 2 , , , . . , , , / . . , , , / . cm cm kgf kgf 2 4 D σ σ σ 2) Seção CD analisada como viga de forte curvatura r h viga de fo y P A My Ae C C D = − = − 5 15 37 5 2 184 5 316 1800 15 2 184 15 625 0 316 12 5 955 4 829 2 1800 15 5 316 15 625 0 316 20 1453 5 , , , . . , , . , . , , , . . , , . , . , rte curvatura r = 15 r = 14,684 e = r - r = 0,316 , A = 15,625 cm cm , y cm , M = + 1800.15 2 D σ ρ σ σ Unidade 6 – VIGAS CURVAS Página 113 3) Seção BB: 2115 ) trac. ( kgf 1800P 42906 20316062515 316554000 Ae My 71911 512316062515 184254000 Ae My cm 020 cm 3165y cm 512 cm 1842y Kgf.cm 54000M P 2 1 22 11 , , .,., ),.( , ,.,., ,. ,, ,, = ≅ −≅ − == +≅== =→−= =→+= = σ ρ σ ρ σ ρ ρ Tensões resultantes σ σ 1 2 2027 2791 R R = = − kgf / cm kgf / cm 2 2 Unidade 7 – CILINDROS DE PAREDE ESPESSA Página 114 7. - CILINDROS DE PAREDE ESPESSA OBJETIVOS: - Definir cilindros de parede espessa. - Deduzir as equações de Lamé. - Determinar as tensões radiais e circunferenciais em cilindros compostos usando o princípio da superposição. - Determinar as tensões longitudinais. - Deduzir a expressão da tensão de interferência. 7.1 – INTRODUÇÃO Definimos um cilindro de parede espessa quando a espessura de sua parede for maior do que a décima parte do seu raio interno. No tratamento teórico de cilindros de parede fina, admite-se que as tensões circunferenciais são constantes através da espessura da parede, e também, que não há variação de pressão através desta, e ainda, que a tensão radial é desprezível em face das outras tensões (Fig. 71). Nenhuma destas considerações é válida para cilindro espesso, no qual a variação da tensão circunferencial e radial indica-se na Fig. 72, seus valores sendo dados pelas equações de Lamé (1795-1870): 2H r BA +=σ e 2r r BA −=σ Exemplos de aplicação: vasos de pressão, cilindros hidráulicos, sistemas de dutos, tubulações deformáveis, etc. Figura 71 – Cilindro fino sujeito à pressão interna Figura 72 - Cilindro espesso sujeito à pressão interna Unidade 7 – CILINDROS DE PAREDE ESPESSA Página 115 O desenvolvimento da teoria para cilindros espessos, é indicado para seções afastadas das extremidades, desde que, a análise da distribuição das tensões em torno das juntas (extremidades), é particularmente complexa. Assim, para seções centrais o sistema de pressão que é normalmente aplicado, é simétrico e todos os pontos dos elementos anulares da parede do cilindro, deslocarão da mesma quantidade, dependendo do raio do elemento. As tensões cisalhantes não devem existir sobre as superfícies interna e externa do anel, já que as cargas de pressão não tendem a forçar os anéis a rodar um em relação ao outro. Consequentemente, não haverá tensão cisalhante nos planos transversais e as tensões em tais planos, serão as principais. Um cilindro de parede espessa pode ser considerado como constituído por uma série de anéis concêntricos – cilindros de parede fina concêntricos Desenvolvimento da teoria de Lamé. (1833) Considere o cilindro espesso da Fig. 74. As tensões atuantes emum elemento de comprimento unitário, e raio r são as da Fig. 73. A tensão radial aumenta de σr para σr + dσr, através da espessura elementar (todas as tensões foram consideradas positivas, ou seja, de tração). Uma vez que se supõe o anel como um cilindro de parede fina, a tensão σH pode ser considerada uniforme através da espessura do anel. Projetando as forças atuantes na direção radial, temos: Figura 73 Figura 74 ( ) ( ) 2 dsen.1.dr.21.dr.1.d.drr.d Hrrr θσθσθσσ =−++ Para pequenos ângulos: radiano 2 d 2 dsen θθ ≅ Desprezando as quantidades de segunda ordem: drdrdr Hrr σσσ =+ H r r dr d r σ σ σ =+ dr d r r rH σ σσ =− (7.1) Unidade 7 – CILINDROS DE PAREDE ESPESSA Página 116 A equação (7.1) não pode ser integrada diretamente, pois tanto σH como σr são funções de r. Apelemos para uma equação de deformação. Verifica-se, cuidadosamente, por medições, que a deformação axial é uniforme. As seções transversais planas, antes do carregamento, permanecem planas e paralelas após a aplicação das pressões internas. Deste modo, a deformação longitudinal, εL,, é constante através da espessura do cilindro. [ ]HrLL E 1 σνσνσε −−= ( )[ ] tetancons E 1 HrL =+−= σσνσ ou seja, εL , não depende de r. Considerando que a tensão longitudinal, σL, é constante através da parede do cilindro, em pontos distantes das extremidades, temos: A2tetanconsHr ==+σσ (7.2) Substituindo σH em (7.1), dr drA2 r rr σ σσ =−− Multiplicando por r e organizando: ( ) 0Arr dr d ,0Ar2 dr drr2 22 r r2 r =− =−+ σ σ σ Deste modo, integrando, BtetanconsArr 22 r −==−σ . 2r r BA −=σ (7.3) e da equação (6.2): 2H r BA +=σ (7.4) As equações acima determinam as tensões radial e circunferencial a um raio r em termos das constantes de integração A e B. Para uma determinada condição de pressão, haverá sempre duas conhecidas condições de tensão (normalmente tensão radial) que permitirão a determinação das constantes de integração e consequentemente, a avaliação das tensões. Unidade 7 – CILINDROS DE PAREDE ESPESSA Página 117 7.2 - CILINDRO ESPESSO SUJEITO À PRESSÃO INTERNA "P", E PRESSÃO EXTERNA NULA. (FIG. 75) As duas conhecidas condições de tensões determinam as constantes de Lamé A e B. Assim, para: 0;Rr;P;Rr r2r1 ==−== σσ A pressão interna é considerada negativa, pois produz compressão nas paredes do cilindro e a convenção de tensão normal adotada, torna compressão negativa. Substituindo as condições acima na equação (7.3). Figura 75 – Seção transversal do cilindro 2 1R BAP −=− ; 2 2R BA0 −= ( )2 1 2 2 2 1 RR PRA − = ; ( )2 1 2 2 2 2 2 1 RR R.PRB − = • ( ) = − − =−= 2 2 2 2 1 2 2 2 1 2r r R1 RR PR r BAσ ( ) − − 2 2 2 2 2 1 2 2 2 1 r Rr RR PR (7.5) • ( ) = + − = 2 2 2 2 1 2 2 2 1 H r R1 RR PR σ ( ) + − 2 2 2 2 2 1 2 2 2 1 r Rr RR PR (7.6) Estas equações produzem a distribuição de tensões indicada na Fig. 72, com os valores máximos de ambas, σH e σr no raio interno. O ponto mais perigoso será o da face interna (r = R1) onde σH é máximo e σr = –P. 7.3 - CILINDROS SUJEITOS À PRESSÃO EXTERNA P, E PRESSÃO INTERNA NULA. Examinando a Fig. 75 e aplicando as condições de contorno, supondo agora que P atua somente na face externa, teremos: Para r = R1, a tensão radial é nula. Para r = R2, a tensão radial vale - P. Resolvendo o sistema, obteremos finalmente: Unidade 7 – CILINDROS DE PAREDE ESPESSA Página 118 ( ) ± − −= 2 2 1 2 1 2 2 2 2 r H r R1 RR PR σ (7.7) essa expressão será muito usada no cálculo da interferência. Toda a tensão circunferencial é negativa e novamente o ponto mais perigoso é, normalmente, o da face interna (r = R1). Se na expressão (7.7) fizermos R1 tender para zero, o cilindro se transformará em um eixo maciço e a expressão (7.7) ficará: PrH −== σσ (7.8) Assim, para um eixo sob pressão externa P, σH = σr = -P, para qualquer ponto da seção transversal (independente de r). 7.4 - TENSÕES LONGITUDINAIS Considere agora a seção transversal de um cilindro espesso, fechado nas extremidades e sujeito a uma pressão interna P1 e a uma pressão externa P2 (Fig. 76). Supor: P1 > P2. Figura 76 – Seção longitudinal do cilindro Para haver equilíbrio horizontal (isolando a tampa do cilindro): ( )2 1 2 2L 2 22 2 11 RR.R.PR.P −=− πσππ Onde σL é a tensão longitudinal constante estabelecida nas paredes do cilindro. 2 1 2 2 2 22 2 11 L RR RPRP − − =σ (7.9) Pode-se mostrar que esta constante tem o mesmo valor da constante "A" das equações de Lamé. Isto pode ser verificado para o caso em que se tem somente pressão interna, fazendo P2 = 0, na equação (7.9). Para a combinação de pressão interna e externa a relação σL = A, também é aplicada. 7.5 - MÁXIMA TENSÃO TANGENCIAL Já foi dito que as tensões em um elemento num ponto da parede do cilindro, são tensões normais principais. Unidade 7 – CILINDROS DE PAREDE ESPESSA Página 119 Segue-se, deste modo, que a máxima tensão tangencial em um ponto vale: 2 31 max σσ τ − = deverá ser então: 2 rH max σσ τ − = desde que σH é, normalmente, de tração, enquanto que σr é de compressão, e ambas excedem à σL em intensidade. Assim: −− += 22max r BA r BA 2 1τ 2max r B =τ (7.10) O maior valor de τmáx normalmente ocorre no raio interno onde r = R1. 7.6 - CILINDROS COMPOSTOS Nos tubos que devem ser submetidos a pressões internas muito elevadas, como por exemplo, os tubos de canhões, é em geral necessário aumentar muito a sua espessura para que se possa aumentar relativamente pouco a pressão interna. Em vez disto, pode-se criar um estado inicial de tensões no tubo que conduza a uma solução mais favorável. Do esboço de distribuição de tensões indicado na Fig. 72, é evidente que há uma grande variação da tensão circunferencial, através da parede de um cilindro espesso, sob pressão interna. O material do cilindro não é, deste modo, usado o mais vantajosamente possível. Para obter uma distribuição de tensão circunferencial mais uniforme, os cilindros são, freqüentemente, montados com interferência, um tubo exteriormente ao outro. Quando o tubo externo contrai por resfriamento, o tubo interno é levado a um estado de compressão. Por sua vez, o tubo externo é levado a um estado de tração. Se o cilindro composto for sujeito a uma pressão interna, a tensão circunferencial resultante será a soma algébrica da tensão proveniente da pressão interna e das tensões originadas, pelo resfriamento, como indicado na Fig. 77; deste modo, é obtida uma melhor distribuição para a tensão circunferencial resultante. Figura 77 - Cilindros compostos - efeitos combinados de pressão interna e interferência O método de resolução de cilindros compostos construídos de mesmo material é o de dividir o problema em três efeitos separados: a) pressão de interferência somente no cilindro interno b) pressão de interferência somente no cilindro externo c) pressão interna no cilindro completo (Fig. 78) Unidade 7 – CILINDROS DE PAREDE ESPESSA Página 120 Para cada condição de carregamento, haverá dois valores conhecidos para as tensões radiais, que tornarão possíveis a determinação das constantes de Lamé, para cada caso: Figura 78 – Método de resolução de cilindros compostos Condição a): r = R1, σr = 0 r = Rc, σr = -P Condição b): r = R2, σr = 0r = Rc, σr = -P Condição c): r = R2, σr = 0 r = R1, σr = -P1 Assim, para cada condição, a tensão circunferencial e radial podem ser avaliadas, e se aplica o principio da superposição, isto é, as várias tensões são então combinadas algebricamente para produzirem as tensões no cilindro composto sujeito a interferência e pressão interna, simultaneamente. Na prática, isto significa que o cilindro composto suporta uma maior pressão interna antes de ocorrer falha. Figura 79 - Distribuição das tensões radial e circunferencial através das paredes do cilindro composto 7.7 - INTERFERÊNCIA No projeto de cilindros compostos, é importante relacionar a diferença no raio dos cilindros acasalados, com as tensões que serão produzidas. A diferença de raio na superfície comum é chamada de interferência. Normalmente, quando o processo de Unidade 7 – CILINDROS DE PAREDE ESPESSA Página 121 interferência é usado, o cilindro externo é aquecido até deslizar livremente sobre o cilindro interno, proporcionando a junção requerida, no resfriamento. Considere o cilindro composto da Fig. 80, de materiais diferentes. Figura 80 - Interferência em cilindros compostos Seja "p" a pressão estabelecida na junção dos dois cilindros no ajustamento. Sejam as tensões circunferenciais na junta do tubo interno e externo, resultantes da pressão p, σHi (compressão) cilindro interno e σH0 (tração) cilindro externo. Então se: δ0: deslocamento radial do cilindro externo δi: deslocamento radial do cilindro interno (Fig. 80) rc: raio da superfície comum lembrando que a deformação circunferencial é igual à deformação radial; para o cilindro externo: 0H c 0 r ε δ = a deformação circunferencial ao raio rc do cilindro interno é: iH c i r ε δ = (negativo, pois é um decréscimo de diâmetro). Interferência: i0 δ+δ= i0 HcHc rr ε−ε= ( ) cHH r i0 ε−ε= , sinal menos, pois a deformação εHi é negativa (– x – = +). Considerando extremidades abertas, ,0L =σ Unidade 7 – CILINDROS DE PAREDE ESPESSA Página 122 ( ) p,p EE c 0 0 r 0 0 0 H H −=−−= σ νσ ε ( ) p,p EE c i i r i i i H H −=−−= σ νσ ε onde E0 e ν0, Ei e νi , são módulos de elasticidade e coeficientes de Poisson dos dois tubos. Então, a interferência é: ( ) ( ) ciH i 0H 0 i0 rp E 1p E 1 i0 +−+=+ νσνσδδ (7.11) onde rc é o raio inicial nominal das superfícies acasaladas. σHi sendo de compressão mudará seu sinal negativo para positivo, quando seu valor for substituído. A interferência, baseada no diâmetro, será duas vezes o valor determinado, bastando trocar rc por dc. Se os tubos são do mesmo material: ( ) i0HH c i0E r δδσσ +=− (7.12) A temperatura “t” a qual o cilindro externo deve ser aquecido antes de ser encaixado contra o cilindro interno é determinada pela relação: i0c t.r. δ+δ=α α → coeficiente de dilatação linear do material do cilindro externo 7.8 - COMPLEMENTAÇÃO As expressões (7.5) e (7.6) podem ser escritas simultaneamente: ( ) − = 2 2 2 2 1 2 2 2 1 H r r R1. RR PR ∓σ (7.13) Façamos R2 tender para o infinito; separando os termos, podemos escrever a equação (7.13) como se segue: ( ) 2 1 2 2 2 2 2 2 1 2 1 2 2 2 1 H r RR R. r PR RR PR −− = ∓σ Mas, como R2 tende para o infinito, ( ) 2 2 2 1 2 2 RRR ≅− e, ( )2 1 2 2 2 1 RR PR − tende para zero. Logo: 2 2 1 H r r PR∓=σ (7.14) Unidade 7 – CILINDROS DE PAREDE ESPESSA Página 123 Observando a equação (7.14), verificamos que se r ≥ 4R1 as tensões serão 1/16 das tensões máximas (6 %), que ocorrem para r = R1. Assim, R2/R1 ≥ 4, podemos considerar espessura infinita e as tensões (para r = R2) não dependem mais da forma do contorno, pois seus valores, para estes pontos mais afastados, são muito pequenos. Esta circunstância é de suma importância na prática, pois permite determinar, com suficiente exatidão, a distribuição de tensões em peças que correspondam aos casos tais como os que são mostrados na Fig. 81 ou similares, sempre que a distância entre o centro de um furo e a borda do outro seja igual ou maior que quatro ou cinco vezes o raio dos mesmos. Figura 81 A expressão (7.14) permite concluir que quando a espessura do cilindro tende para o infinito a tensão radial, em qualquer ponto da face interna (r = R1), será igual à circunferencial com o sinal trocado ( PeP rH −=+= σσ ), e todos os pontos se encontram em estado de cisalhamento puro (quando não existem tensões axiais). Para este caso acima, a expressão para cálculo da tensão equivalente, usando a teoria da máxima tensão tangencial é: σeq = 2P, para r = R1 (7.15). 7.9 - CILINDROS DE PAREDE FINA COMO CASO PARTICULAR DE CILINDRO ESPESSO Tomemos a expressão (7.6) para cálculo de σH, em cilindros espessos sob pressão interna: ( ) + − = 2 2 2 2 1 2 2 2 1 H r R1 RR PR σ Para r = R1: ( ) ( )2 1 2 2 2 2 2 1 2 1 2 2 2 1 2 1 2 2 2 1 H RR RRP R RR. RR PR − + = + − =σ Considerando o cilindro como de parede fina de espessura “e”, podemos usar as simplificações abaixo: eRR R2RR R2RR 12 121 2 1 2 2 2 1 =− ≅+ ≅+ Substituindo na expressão acima e simplificando: Unidade 7 – CILINDROS DE PAREDE ESPESSA Página 124 e PR eR2 R2P 1 1 2 1 H ==σ (Expressão já conhecida para cálculo de σH em cilindros de parede fina.) Para a tensão longitudinal (P2 = 0) a expressão (7.9) fica assim: ( )( ) e2 PR eR2 PR RRRR PR RR PR 1 1 2 1 1221 2 1 2 1 2 2 2 1 L == −+ = − =σ (Expressão já conhecida para cálculo de σL em cilindros de parede fina). 7.10 - FORÇA DE ARRANQUE OU DE ACOPLAMENTO ELÁSTICO, SOB MESMA TEMPERATURA. Quando existe interferência radial entre um eixo e uma chapa (ou entre dois cilindros), a força aplicada axialmente para retirar o eixo da chapa é denominada força de arranque elástico. Esta força pode ser calculada como indicado na Figura 82. Seja: P – pressão de interferência gerada inicialmente N – força normal entre as superfícies do eixo e da chapa acasaladas. N = P.2.π.Rc.h ; D = 2.Rc Rc – raio da superfície de contato h – comprimento de eixo em contato com a chapa (no caso em questão, espessura da chapa) F – força de atrito entre eixo e chapa que deve ser vencida pela força aplicada (esta deve ser igual ou superior à F) F = µ.N µ – coeficiente de atrito entre as superfícies em contato Assim: F = 2.µ.π.P.Rc.h Figura 82 Unidade 7 – CILINDROS DE PAREDE ESPESSA Página 125 7.11 - AUTO-FRETAGEM Já vimos que a parte mais tensionada de um cilindro de parede espessa é sua superfície interna (r = R1). Segue-se que, se a pressão interna é aumentada suficientemente, o escoamento do cilindro pode ocorrer nesta região. Felizmente um considerável volume de material elástico envolve a área escoada. Se a pressão é aumentada ocorre uma penetração plástica que aprofunda através da parede do cilindro e pode ser que todo o cilindro venha a escoar, dependendo desta pressão interna. Se a pressão é tal que a penetração plástica ocorre somente parcialmente na parede do cilindro, com a retirada desta pressão, a zona elástica externa tende a voltar às suas dimensões originais, mas é impedida de fazê-lo pela deformação permanente estabelecida no material escoado. O resultado é que o material elástico é mantido em um estado de tensão (empurrado para fora), enquanto o material interno é conduzido a uma compressão residual. Este processo é denominado de auto-fretagem e tem o mesmo efeito que a interferência de um tubo contra o outro sem as complicações decorrentes do procedimento de interferência. Assim, o cilindropode suportar uma pressão interna maior, pois as tensões residuais de compressão na face interna ocorrem antes que esta região experimente tensões de tração provenientes da pressão interna aplicada ao final, pois o processo de auto-fretagem antecede a aplicação da pressão interna final. Quando esta é aplicada, a tensão circunferencial resultante diminui na região interna do cilindro em virtude da tensão de compressão residual proveniente do processo de auto-fretagem. Por esta razão, os canos de armas de fogo e outros vasos de pressão são freqüentemente pré-tensionados, com este procedimento, antes do serviço. Teorias de falha - critério de escoamento. A teoria da máxima tensão tangencial é normalmente usada para dimensionamento de cilindros de parede espessa. Logo: [ ] 2 S ty cilindro no max =τ A tensão tangencial máxima no raio interno do cilindro é dada por: 2 rH max σσ τ − = O cilindro falha se: rHty rHty S 22 S σσ σσ −=∴ − = onde σH e σr são as tensões circunferencial e radial no raio interno do cilindro e Syt é o limite de escoamento do material do cilindro. Para os materiais frágeis a teoria da máxima tensão normal é usada. A falha acontece quando: Sut = σH max Teoria plástica - pressão de colapso. Considere o cilindro da Fig. 83, sujeito a uma pressão interna P1 de intensidade suficiente para provocar o escoamento a um raio Rp. Para os materiais dúteis o escoamento ocorrerá quando: Syt = σH - σr Mas da equação de equilíbrio já deduzida anteriormente, temos: Unidade 7 – CILINDROS DE PAREDE ESPESSA Página 126 dr d r r rH σ σσ =− (projeção das forças na direção radial) r S dr d dr d rS yt rr ty =∴= σσ Figura 83 Integrando: constante + lnr S ty r =σ Mas, pty 3p3r RlnSP -=constante R =r para P −∴−=σ Logo: 3 p ty r P R rlnS − =σ (7.16) Da equação de equilíbrio dada acima temos: σH = Syt + σr 3 p ty H P R rln1S − +=∴ σ (7.17) Estas equações fornecem as tensões circunferencial e radial através da zona plástica em termos da pressão radial estabelecida na interface elástico-plástica. Vamos determinar P3. O cilindro da Fig. 83 pode ser considerado como um cilindro composto por um tubo interno plástico e um tubo externo elástico sob uma pressão interna P3. Na porção elástica, na face interna, podemos escrever que: − − = 2 p 2 2 2 p 2 p 2 2 2 p3 r R RR RR RP σ + − = 2 p 2 2 2 p 2 p 2 2 2 p3 H R RR RR RP σ Logo: 2 p 2 2 2 23rH RR RP 2 − = −σσ Unidade 7 – CILINDROS DE PAREDE ESPESSA Página 127 Aplicando a teoria da máxima tensão tangencial: 2 p 2 2 2 23ty RR RP 2 S − = A pressão radial na interface elástica é: ( )2 p 2 22 2 ty 3 RR R2 S P −= (7.18) Substituindo P3 em (7.16) e (7.17), as tensões na zona plástica serão: ( ) −−= 2 p 2 22 2p ty r RR R2 1 R rlnSσ (7.19) e: ( ) −− += 2 p 2 22 2p ty H RR R2 1 R rln1Sσ (7.20) A pressão necessária para o completo colapso plástico do cilindro é dada pela equação (7.16) quando r = R1 e Rp = R2 com P3 = P2 = 0. Para o colapso: 2 1 ty 1r R RlnSP =−=σ (7.21) Com o conhecimento desta pressão de colapso a pressão de projeto pode ser determinada dividindo ela por um coeficiente de segurança adequado. A pressão de escoamento inicial ( )2 1 2 22 2 ty RR 2R S −= (7.22) onde: Rp = R1. Finalmente, a pressão interna necessária para causar escoamento a um dado raio Rp é dada por (7.19) , quando r = R1, isto é: ( ) −−=−= 2 p 2 22 2p 1 ty 1r RR R2 1 R RlnSPσ (7.23) BIBLIOGRAFIA BELYAEV, N.M., Strength of Materials., 2ª ed., Mir Publishers. Moscou. FEODOSIEV, V.I., Resistencia de Materiales., Editorial Mir. Moscou. 1972. HEARN, E.J., Mechanics of Materials., lª ed., Pergamon Press Ltd. Gt. Britain (Page Bras Ltd, Norwich). HIGDON e outros, Mecânica dos Materiais., 3ª ed., Guanabara Dois S.A., Rio de Janeiro - RJ., 1981. Unidade 7 – CILINDROS DE PAREDE ESPESSA Página 128 EXERCÍCIOS RESOLVIDOS Exercício 7.1 Um cilindro espesso, de 100 mm de raio interno e 150 mm de raio externo, é sujeito a uma pressão interna de 60 MN/m2. Determinar as tensões circunferenciais e radiais, na face interna e externa do cilindro e também as tensões longitudinais, sabendo-se que o cilindro é fechado nas extremidades. Solução: =−= P1R rσ -60 MN / m2 =2R rσ 0 = + − = 2 2 22 2 1R H 100 1501 100150 100.60σ 156 MN / m2 = + − = 2 2 22 2 2R H 150 1501 100150 100.60σ 96 MN / m2 = − = − = 22 2 2 1 2 2 2 1 L 100150 100.60 RR RP σ 48 MN / m2 Ponto na face interna: σeq = σ1 - σ3 = 216 MN / m2 Unidade 7 – CILINDROS DE PAREDE ESPESSA Página 129 Exercício 7.2 Calcular o diâmetro externo de um cilindro sujeito a uma pressão interna de 500 atmosferas, se o coeficiente de segurança é dois (2). O raio interno é 5 cm. Syt = Syc = 5000 kgf/cm2. Solução: 3 1R r 500P σσ =−=−= 1 2 2 1R H 25 R25 25R 25.500 σσ = + − = 20002500500 2500S 11 yt31eq =→=+ ==−= σσ σσσ ( ) ( ) →= − + 2000 25R R25500 2 2 R = 6,45 cm ∴ φ = 12,9 cm Exercício 7.3 Um tubo de bronze de 60 mm de diâmetro externo e 50 mm de furo é encaixado justo, dentro de um tubo de aço de 100 mm de diâmetro externo. Quando o conjunto se encontra a uma temperatura de 15ºC os dois tubos são livres de tensão. O conjunto é então aquecido à 115ºC. Calcular a pressão radial induzida entre as superfícies acasaladas e a tensão circunferencial térmica induzida nas superfícies interna e externa de cada tubo. E ν α Aço 200 GPa 0,30 12 x 10-6 / ºC Bronze 100 GPa 0,33 19 x 10-6 / ºC Solução: ( ) m10x2110x1219100x10x30 663 i0 −−− =−=+ δδ ( ) ( ) p330555 100 13012 200 1 10 10x3010x21 9 3 6 +−−+= − − ,,,, p = 10,9 MN /m2 p55,5 30 251 2530 30p 2 2 22 2 Hi −= + − −=σ ⇒ σHi = -60,5 MN /m2 p1,2 30 501 3050 30p 2 2 22 2 0H = + − =σ ⇒ σH0 = 22,9 MN /m2 Unidade 7 – CILINDROS DE PAREDE ESPESSA Página 130 Exercício 7.4 Determinar a pressão “p” (máxima) entre o tubo de concreto e o núcleo rígido e a pressão “P” (máxima), aplicada na face externa do tubo de concreto para que a tensão equivalente na face interna do tubo não exceda à 2 ut cm/kgf4S = . Usar Coulomb Mohr. Dados: 2 uc cm/kgf20S = ; Coeficiente de Poisson do tubo: 0,16 Solução: Ponto isolado pertencente ao tubo situado na superfície de contato: σr = -p (pressão de contato entre tubo e núcleo rígido) −=+= 3 P8 3 p5p H P HH σσσ ( ) ( ) 0p16,0 3 P8 3 p5 E 1 E 10 rH r H 1 = −− −=−→= υσσε p68,0P P47,1p = = p14,0p81,1p67,1H −=−=σ p,p14,0,0 321 −=−== σσσ Aplicando Coulomb-Mohr: ( ) 20p4p 20 40k 31eq =⇒=−−=−= σσσ p = 20 kgf / cm2 P = 13,6 kgf / cm2 Unidade 7 – CILINDROS DE PAREDE ESPESSA Página 131 Exercício 7.5 Um tubo composto é feito pelo aperto de um tubo de 100 mm de diâmetro interno e 25 mm de espessura contra outro de 100 mm de diâmetro externo e 25mm de espessura. A interferência radial é de 0,01 mm. Se ambos são de aço, calcular a pressão radial estabelecida na superfície de contato, durante a interferência. Após, uma pressão P = 60 MN/m2 é aplicada na face interna do conjunto. Fazer a distribuição da tensão radial e circunferencial para os dois casos. Módulo de elasticidade do aço: 208 GN/m2. Coeficiente de Poisson: 0,3 Solução:p6,2 50 751 5075 50.p R R 1 RR pR 2 2 22 2 2 1 2 2 2 1 2 2 2 1 0H = + − = + − =σ p67,1 50 251 2550 50.p 2 2 22 2 Hi −= + − −=σ ( )Hi0Hi0 E R σσδδ −=+ ( ) 2 9 3 3 m/MN74,9pp67,1p6,2 10.208 10.5010.01,0 =→+= − − Distribuição das tensões: (cilindro interno) 2 Hi m/MN3,16p67,1 −=−=σ 2 2 2 22 2 Hi m/MN26 25 251 2550 50.74,9 −= + − −=′σ Distribuição das tensões: (cilindro externo) 2 0H m/MN3,25p6,2 ==σ 2 2 2 22 2 0H m/MN6,15 75 751 5075 50.74,9 = + − =′σ Unidade 7 – CILINDROS DE PAREDE ESPESSA Página 132 • Apliquemos a pressão P = 60 MN / m2 na face interna, sem interferência: + − = 2 2 22 2 H r 751 2575 25.60σ σH 25 = 75 MN /m2 σH 50 = 24,4 MN /m2 σH 75 = 15 MN /m2 ⇒ −= 2 2 50 r 50 7515,7σ σr 50 = -9,4 MN /m2 Unidade 7 – CILINDROS DE PAREDE ESPESSA Página 133 Exercício 7.6 Uma barra de aço é introduzida sob pressão, em uma prancha também de aço. Determinar a força que se deve aplicar à barra, em direção axial, para retirá-la da prancha. Dados: Módulo de elasticidade do aço: 2 x 106 kgf/cm2 Coeficiente de atrito: 0,25 D = 60 mm, h = 100 mm, interferência radial = 0,03 mm Solução: f- força de atrito entre a barra e a prancha P ≥ f P ≥ µ p2π R h Cálculo de p: ( )Hi0Hi0 E R σσδδ −=+ Eixo maciço (R1 = 0) pHi −=σ Chapa de aço (R2 → ∞) p0H +=σ ( ) 2 6 cm/kgf1000ppp 10x2 3003,0 =→+= P ≥ 0,25 . 1000 . 2 . 3,14 . 3 . 10 P ≥ 47124 kgf Unidade 7 – CILINDROS DE PAREDE ESPESSA Página 134 Exercício 7.7 Um cilindro espesso de raio interno 300 mm e externo 500 mm, é sujeito a uma pressão interna P que cresce gradualmente. Determinar o valor de P, para: 1- o material do cilindro começar a escoar. 2- o escoamento prosseguir até o meio da espessura da parede. 3- o material do cilindro sofrer colapso total. Dado: Syt = 600 MN/m2 Solução: 1) Usando a equação (7.18) fazendo Rp = R1 , P3 será P1. Assim: ( )22 21 300500 500x2 600P −= ⇒ P1 = 192 MN / m2 (pressão atuante na face interna que dará inicio ao escoamento do material do cilindro). 2) Rp = (R1+R2)/2 = (300+500)/2=400mm ( )2 2 médio 2 600P 500 400 2 500x = − ⇒ Pmédio = 108 MN / m2 (pressão na interface elástico-plástica). Usando a equação (7.16) fazendo r=R1 , e P3 = 108: 2 p 1 ty r m/MN6,280108 400 300ln600108 R R lnS −=−=−=σ P1 = 280,6 MN / m2 3) Usando a equação (7.21), substituindo os valores temos: 2 r m/MN5,306 500 300ln600 −==σ P1 = 306,5 MN / m2 (pressão de colapso total) Unidade 8 – CARREGAMENTO DINÂMICO Página 135 8. CARREGAMENTO DINÂMICO OBJETIVOS: - Definir carregamento dinâmico. - Aplicar o princípio de D’Alembert. - Conceituar carga estática equivalente. - Definir fator dinâmico. - Deduzir a expressão do fator dinâmico para corpos em queda livre. - Resolver exercícios envolvendo carregamento dinâmico. 8.1 - PRINCÍPIO DE D’ALEMBERT Até o presente momento, estudamos a ação de cargas estáticas sobre as peças estruturais. Estas variam sua intensidade de zero ao valor definitivo muito lentamente de modo que as acelerações que nestas condições recebem os elementos das estruturas são desprezíveis. No entanto, as cargas podem apresentar caráter dinâmico, variando em função do tempo com grande rapidez. Suas ações são acompanhadas de vibrações nas estruturas e seus elementos, e de deflexões apreciáveis. Estas cargas dão origem a tensões que podem ser de intensidades muitas vezes maiores que as tensões correspondentes a cargas estáticas. O cálculo das peças estruturais sob cargas dinâmicas é muito mais complexo que o cálculo sob cargas estáticas. A dificuldade reside em que, por um lado, os esforços e as tensões provenientes de cargas dinâmicas, são obtidos por métodos mais complicados e por outro, os processos que determinam as características mecânicas dos materiais sob carregamento dinâmico, são mais complexos. Muitos materiais dúteis, sob carregamento estático, se comportam como frágeis sob carregamento dinâmico. Em caso de cargas variáveis repetidas, a resistência mecânica do material decresce. O método geral de cálculo sob carregamento dinâmico se baseia no princípio de D’Alembert da mecânica teórica. Segundo este princípio, qualquer sólido em movimento pode ser considerado em estado de equilíbrio instantâneo se, as forças que atuam sobre ele, seja acrescentada a força de inércia, igual ao produto de sua massa por sua aceleração e dirigida em sentido oposto ao da aceleração. Por isto quando se conhece a força de inércia, pode-se empregar sem limitação alguma, o método das seções e aplicar as equações de equilíbrio para cálculo dos esforços. Quando é difícil a determinação da força de inércia, como no caso de impacto, emprega-se o princípio da conservação da energia para cálculo dos esforços, tensões e deformações. Para todos os casos tratados nesta apostila, consideraremos que as características mecânicas dos materiais continuarão as mesmas sob carregamento estático e dinâmico, o que nem sempre é verdade (velocidade de aplicação de cargas muito elevada). Unidade 8 – CARREGAMENTO DINÂMICO Página 136 8.2 - CARGA DE IMPACTO: CARGA ESTÁTICA EQUIVALENTE As tensões e deformações geradas durante uma carga de impacto dependem da velocidade de propagação da onda de deformação através do volume do corpo que recebe o impacto (corpo golpeado). Em nossos exemplos desprezaremos este fato e vamos admitir que o comportamento do corpo sob carregamento estático e dinâmico seja o mesmo (o que é verdade para velocidades de propagação da onda de deformação não muito elevadas). Assim podemos imaginar uma carga lentamente aplicada ao sistema que produza a mesma deformação que acontece no instante do impacto que é a deformação máxima que ocorre, chamada deformação ou deflexão dinâmica. Vejamos o que acontece com a viga em balanço da Figura 84a abaixo, sobre a qual cai do repouso um bloco de peso W em sua extremidade livre. A variação da deflexão da extremidade livre em função do tempo é indicada na Figura 84b onde, ∆ é a deflexão máxima sofrida pela viga no instante de impacto. A outra deflexão, δ , é a deflexão estática resultante quando a viga e o bloco finalmente entram em equilíbrio. É a deflexão que seria obtida se o bloco W fosse colocado lentamente sobre a extremidade livre da viga. A carga P, aplicada lentamente na extremidade da viga produz a mesma deflexão máxima ∆ ocorrida no momento de impacto. Esta carga é chamada de carga estática equivalente (equivalente ao impacto, pois produz deflexões e tensões idênticas as que ocorrem no instante de choque), Figura 84c. Figura 84 Conforme já dissemos, vamos admitir que o material se comporte igualmente sob carregamento estático e dinâmico. Assim, a energia de deformação da viga em (a) e (c) é a mesma. Ela é igual ao trabalho realizado contra a viga. Vamos denominar de energia efetiva a parcela da energia aplicada que realiza trabalho de deformação. Parte da energia aplicada se perde na forma sonora, na forma de calor e até de deformação local. Logo podemos equacionar: [Energia efetiva aplicada] = [Trabalho realizado pela carga estática equivalente] Em muitas aplicações a energia efetiva aplicada é considerada igual, à favor da segurança, à energia aplicada. É difícil medir a parcela da energia aplicada dissipada nas outras formas de energia. Como a carga estática equivalente é proporcional à deflexão da viga, o trabalho realizado por ela é igual a: P∆ 2 Unidade 8 – CARREGAMENTO DINÂMICO Página 137 Se a energia é devida a uma variação de velocidade de um corpo em movimentoela pode ser escrita: η mv2 2 onde η é a parcela da energia aplicada que realiza trabalho de deformação. Muitas vezes η = 1, a favor da segurança. Se a energia aplicada é proveniente de um corpo em queda livre (partindo do repouso) que se choca contra uma estrutura deformável elasticamente, a energia efetiva aplicada é: ( )ηW H + ∆ onde W é o peso do corpo em queda livre, H a distância vertical até o sistema e ∆ a deflexão dinâmica do sistema. Para um carregamento dinâmico de torção, a energia efetiva aplicada gera um torque dado por: Tθ 2 onde T é o momento torçor aplicado lentamente (carga ou esforço estático equivalente) que produzirá o mesmo ângulo máximo de rotação θ do momento de choque. Definimos como fator dinâmico ou de impacto a relação entre a carga estática equivalente e a carga W. Pelo fato de haver proporcionalidade entre carga e deflexão, o fator dinâmico também é igual ao quociente entre a deflexão dinâmica (∆) e a deflexão estática (δ ). Assim: Fator dinâmico (F.D.) = P W = ∆ δ 8.3 - CÁLCULO DO FATOR DINÂMICO PARA CORPOS EM QUEDA LIVRE (TODA ENERGIA POTENCIAL GRAVITACIONAL SE TRANSFORMA EM ENERGIA DE DEFORMAÇÃO η = 1) Supondo a viga da Figura 84 com um comprimento l, momento de inércia I e módulo de elasticidade E, podemos escrever: δ = Wl EI 3 3 e ∆ = Pl EI 3 3 Energia efetiva aplicada: ( )W H P + =∆ ∆ 2 Mas: W EI l = 3 3 δ e P EI l = 3 3 ∆ Substituindo na equação da energia acima, P e W e simplificando: ∆ δ δ = = ± +F D H . . 1 1 2 O sinal negativo não serve, pois significaria um fator dinâmico menor do que um, ou seja, tensões e deflexões menores que as provenientes do carregamento estático da mesma carga (absurdo). Unidade 8 – CARREGAMENTO DINÂMICO Página 138 Finalmente: P W F D H = = = + + ∆ δ δ . . 1 1 2 Esta expressão deve ser usada quando se conhece a altura de queda H, o peso W e quando η= 1. • Observações: 1- A unidade sob o radicando pode ser ignorada se 2 10 H δ ≥ , o erro não excederá a 5%. 2- Investigações apuradas confirmam que o erro não excede a 10 % se 2 100 H δ ≤ . 3- Se H = 0, F.D. = 2 ao aplicar subitamente a carga, as tensões e as deformações são duas vezes maiores que as que ocorrem no caso da ação estática da mesma carga. 4- O método da energia foi desenvolvido considerando as seguintes restrições a mais: * as tensões estão abaixo do limite de escoamento do material; * os corpos após o impacto não se separam; * a massa que golpeia é considerada pequena em relação à massa da barra que recebe o golpe. 5- Se o impacto ocorre a elevadas velocidades, a deformação do corpo que recebe o impacto não possui tempo suficiente para se distribuir através de todo ele e uma tensão local de considerável intensidade ocorrerá, cuja intensidade poderá exceder a tensão de escoamento do material, na região de impacto. Exemplo: uma viga de aço sendo golpeada por um martelo de aço – grande parte da energia cinética é transformada em energia local de deformação. Fenômeno similar ocorre mesmo a baixas velocidades de impacto, se o corpo que recebe o impacto for muito rígido. 6- Se a carga W é aplicada lentamente em um sistema, a força transmitida a ele é W e não depende do material do sistema ou de seu tamanho. No caso de uma carga de impacto a carga P depende da aceleração que o corpo que recebe o impacto possuirá, ou seja, P depende do tempo durante o qual a velocidade do corpo varia. A aceleração é função da flexibilidade da barra que recebe o impacto. Quanto maior a flexibilidade, isto é, quanto menor o módulo de elasticidade e maior o comprimento da barra, maior é a duração do impacto e menor a aceleração e a força P. Devido a isto, molas são colocadas no sistema que recebe o impacto. Além disto, as vigas são posicionadas de modo a trabalharem à flexão com a menor inércia de sua seção transversal. BIBLIOGRAFIA BELYAEV, N. M., Strength of Materials, 2a edição, Mir Publishers, Moscou. HIGDON e outros, Mecânica dos Materiais, 3a ed., Guanabara Dois S.A., R.J., 1981. STIOPIN, P., Resistencia de Materiales, Mir Publishers, Moscou, 1968. Unidade 8 – CARREGAMENTO DINÂMICO Página 139 EXERCÍCIOS RESOLVIDOS Exercício 8.1 Um corpo de peso Q move-se para cima com aceleração a. Determinar a tensão máxima no cabo, desprezando o peso deste. Solução: yt d estestdd d S FD= g a1= g a1 A Q A N g a+(1=F.D. - g a1Qa g QQN ≤ ++== +=+= σ σσσ .)()( ))(. A - Área da seção do cabo. Unidade 8 – CARREGAMENTO DINÂMICO Página 140 Exercício 8.2 Uma mola helicoidal de passo estreito, de comprimento l = 30 cm, com raio R = 2 cm (da espira) e raio r = 0,2 cm (do arame), e com n = 10 espiras, suporta sobre seu extremo uma massa de peso Q = 1 kgf e gira no plano vertical em torno de uma articulação imóvel, realizando 200 revoluções por minuto. Determinar a tensão tangencial máxima, no arame da mola, e o deslocamento máximo do peso Q, sabendo-se que o módulo de Coulomb é 8.105 kgf/cm2. Desprezar o peso da mola. Solução: cm 43,16.25,0Q.25,0l S 3 0= , 3 kgf/cm 2723 2,0.14,3 2,16 2,0. 2 14,3 2,0.6,32 kgf 16,3 =V kgf.cm 6,322.3,16T 3,16 1 16,3=F.D. kgf 3,16Q 980 )Q25,030(211.1Q 1 2 2 )Q25,030(21)ll(=a rad/s 21 30 n. Q25,0 G n. d D.Q.8l )ll( = a ,1 ) g a1(QQ dd yt d eq 22 eq 2 2 4 d d d d2 d d2d2 d 4 3 dd d2d === ≤= += =+= == =→= + +=⇒→ →+=+ == == +→+= ∆ τσ στσσ τ ∆ω πω ∆ ∆ω Unidade 8 – CARREGAMENTO DINÂMICO Página 141 Exercício 8.3 Analisemos a resistência de uma haste de conexão AB unindo duas rodas de um sistema a vapor. A roda motora O1 é que transmite o torque do mecanismo a vapor. A haste de conexão é fixada às rodas nos pontos A e B com a ajuda de articulações de pinos cilíndricos. AO1 e BO2 são ambas iguais a r. O diâmetro das rodas é D (raio R) e o comprimento da haste é l. A velocidade do sistema é v, constante. Pede-se a tensão máxima de flexão na haste. Dados numéricos: ω = 30 rad/s l = 150 cm r = 50 cm peso específico do material: 7,86 gf/cm3 aceleração da gravidade: 981 cm/s2 seção retangular de 10 x 4,5: 45 cm2 módulo de resistência à flexão: 75 cm3 Solução: γ = = = 7 86 7 86 981 , , gf / cm .10 kgf / cm cm / s 3 -3 3 2g Cálculo de q (peso próprio) q volume= = =−. . . , . ,γ 45 1 7 86 10 0 3543 kgf / cm. Cálculo da força de inércia : q r ql M I y 1 2 2 2 2 3 0 354 981 0 354 981 30 50 16 24 16 24 0 354 16 59 8 16 59 150 8 46659 46659 4 5 10 12 5 622 = = = = + = = = = = = = , . , . . , , , , , . , . . ω σ kgf / cm q kgf / cm M kgf.cm kgf / cm total max d 2 Unidade 8 – CARREGAMENTO DINÂMICO Página 142 Exercício 8.4 Um eixo está submetido a uma carga de impacto de torção. Ele tem 180 cm de comprimento e 5 cm de diâmetro. Calcular a tensão tangencial máxima do eixo, no momento de impacto. W = 4,5 kgf e = 15 cm h =10 cm G = 850000 kgf/ cm2 Toda a energia de queda realiza trabalho de deformação. Solução: δ -deflexão sob o ponto de aplicação de W ϕ -ângulo de torção do eixo 20003 cm por 1 cm. A extremidade direita da viga de 2 m apoia-se contra uma mola helicoidal de constante igual a 20 kgf/ cm. Supondo-se que toda energia de queda realiza trabalho de deformação, pede-se: a) a carga estática equivalente b) o fator dinâmico c) a tensão máxima de flexão na viga, no momento do impacto, d) a porcentagem de energia absorvida pela viga e pela mola, no momento de impacto. Módulo de elasticidade do Al: 0,7. 106 kgf/cm2 L = 2 m, h = 2 cm, W = 2 kgf Solução: δ - deflexão total sob W = δV +δmeio Mola Para cálculo de δV a mola é considerada rígida e para cálculo de δmola a viga é considerada rígida. kgf.cm 0,188 = 2,75 . 0,050 . .2,75 1 2 1U 050002502 kgf.cm 14,36 = 2,75 . 1,9 . 5,5 . 2 1Ud kgf/cm 55012 1 . 3 0,5 . .100 1 .752 kgf 5,5 = 2,75 . 2Pc 752 1,925 2 . 2+1+ 1=b)F.D cm 9251025091 20 . 2 1 .1 3 . 10 . 0,7 . 48 .12 200 . 2a M mola V 2 3 d 36 3 . ,,. ) ., ) , ,,,) = == = == = = =+=+= δ σ δ Unidade 8 – CARREGAMENTO DINÂMICO Página 144 Exercício 8.6 A Figura abaixo representa um esmeril com dois rebolos abrasivos nas extremidades do eixo movido por correias, através de uma roldana central. Quando são atingidas 2400 rpm, o rebolo de 6 in é travado, causando uma parada instantânea. Determinar a máxima tensão tangencial e o ângulo de torção do eixo. Módulo de Coulomb do material do eixo: 11,5.106 psi Peso específico do material do rebolo: 0,07 lb/in3 Aceleração da gravidade: 386 in/s2 K = 0,5. I. ω2; I = 0,5. m. r2 Solução: 2 4 p d 46 d 46 2 46p 2 222 2 lb/in 92078 0,5 . 2 . 0,5 . 18079 I Tr rad 19,0 0,5 . . .10 11,5 2 . 12 . 18079 lb.in 18079T 0,5 . . .10 11,5 2 . 12.T. 2 11737 0,5 . 2 . 10 . 5,11 T . 12 GI Tl= lb.in 1737 30 2400 . 14,3)055,0( 2 1U 055,04 . 386 0,07 . 4 3 . 4 . 2 1mr 2 1I T 2 1I 2 1U === == = = = = = = == == π τ π ϕ π π ϕ π ϕω Unidade 9 – DISCOS DE ESPESSURA CONSTANTE QUE GIRAM À GRANDE VELOCIDADE Página 145 9. DISCOS DE ESPESSURA CONSTANTE QUE GIRAM À GRANDE VELOCIDADE OBJETIVOS: - Definir volantes. - Determinar a força de inércia. - Determinar as expressões para cálculo das tensões radiais e circunferenciais em discos que giram à grande velocidade. - Determinar o aumento do raio em discos em rotação. - Determinar as tensões em discos em rotação com interferência inicial. 9.1 - DETERMINAÇÃO DA DISTRIBUIÇÃO DAS TENSÕES RADIAIS E CIRCUNFERENCIAIS EM UM DISCO DE ESPESSURA CONSTANTE Disco sujeito a uma rotação uniforme ω , com pressões atuantes em suas faces interna e externa. Figura 85 - Forças atuando em um elemento de um disco em rotação. Consideremos um elemento de um disco de raio r (Fig. 85). Considerando espessura unitária temos: volume do elemento: drdr1.dr.rd θθ = massa do elemento: drdr θρ força de inércia: drdrrdrdrrm 2222 θωρωθρω == ρ é a massa específica do material do disco. Unidade 9 – DISCOS DE ESPESSURA CONSTANTE QUE GIRAM À GRANDE VELOCIDADE Página 146 Comentários sobre as forças da Fig. 85: 1 - As forças σH.dr.1, são iguais em intensidade, pela simetria rotacional; mas não têm a mesma direção. Não dependem de θ, somente de r. 2 - As forças radiais são diferentes por duas razões: primeira, as áreas são diferentes; segunda, as tensões são, provavelmente, diferentes. Estas forças também só dependem de r. 3 - Como σH e σr só dependem de r, toda diferencial que aparece é total e não parcial. A equação de equilíbrio da estática, segundo a direção radial fornece: como dθ é pequeno, 2 d 2 dsen θθ = radiano Simplificando: 22r rH .r. dr d r ωρ σ σσ =−− (9.1) Se há um movimento radial ou deslocamento do elemento de uma quantidade “s”, quando o disco gira, a deformação radial elementar é dada por: ( )Hrr E 1 dr dsd υσσε −== (9.2) A deformação circunferencial no raio r é: (9.3) Diferenciando: ( ) −+−= dr d dr d E r E 1 dr ds rH rH συσ υσσ (9.4) Igualando (9.2) e (9.4) e simplificando: ( )( ) 0 dr d r dr d r1. rH rH =−++− σ υ σ υσσ (9.5) Substituindo (σH - σr) da equação (9.1), ( ) ( ) dr.d..r.d.drr.dd.r. 2 dsen.dr..2 22 rrrH θωρθσσθσθσ =++−+ ( ) ( )r. E 1s E 1 r s rH rHH υσσ υσσε −= −== Unidade 9 – DISCOS DE ESPESSURA CONSTANTE QUE GIRAM À GRANDE VELOCIDADE Página 147 ( ) ( )υωρ σσ σ υ σ υωρ σ +−=+ =−++ + 1.r dr d dr d 0 dr d r dr d r1.r dr d r 2rH rH22r Integrando, ( ) A.21. 2 r 22 rH ++−=+ υωρσσ (9.6) onde 2A é a constante de integração conveniente. Subtraindo da equação (9.1), ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) B 2 rA2 3. 8 rr A23. 2 rrr dr d r dr d. r 1 dr d r2 A23. 2 r dr d r2 224 r 2 22 r 2 r 2r r 22 r r −++−= ++−= =+ ++−=+ υωρσ υωρσ σ σ σ υωρσ σ onde -B é a segunda constante de integração conveniente. Assim: ( ) 8 r.3 r BA 22 2r ρωυσ +−−= (9.7) e da equação (9.6): ( ) 8 r.31 r BA 22 2H ρω υ+−+=σ (9.8) 9.2 - CASO PARTICULAR DE UM DISCO SÓLIDO Para um disco sólido, a pressão no centro é dada para r = 0. Para r igual a zero, as equações acima fornecerão valores infinitos para as tensões, a menos que B seja nulo. Isto é B = 0; e então B/r2 = 0 que dá a única solução finita. Para o raio externo R a tensão radial deve ser zero desde que não existem forças externas aplicadas. Deste modo, da equação (9.7), ( ) ( ) 8 R.3A 8 R.3A0 22 22 r ρωυ ρωυσ += +−== Substituindo nas equações (9.7) e (9.8), as tensões radial e circunferencial a um raio r, em um disco sólido, são dadas por: Unidade 9 – DISCOS DE ESPESSURA CONSTANTE QUE GIRAM À GRANDE VELOCIDADE Página 148 (9.9) (9.10) Tensões máximas: No centro do disco, onde r = 0, as equações acima produzirão valores máximos para as tensões radiais e circunferenciais que serão as tensões máximas no disco e iguais à: ( ) 8 R.3 22 rH máxmáx ρωυσσ +== (9.11) Na face externa do disco, onde r = R, as equações fornecem: ( ) 4 R.1;0 22 Hr ρωυσσ −== (9.12) A distribuição completa das tensões radiais e circunferenciais, através do raio do disco, está indicada na Fig. 86. Figura 86 - Distribuição das tensões em um disco sólido em rotação. 9.3 - DISCOS EM ROTAÇÃO COM FURO CENTRAL As equações gerais de tensões para um anel em rotação podem ser obtidas do mesmo modo que aquelas para um disco sólido em rotação: ( ) ( ) 8 r.31 r BA 8 r.3 r BA 22 2H 22 2r ρωυσ ρωυσ +−+= +−−= Supondo o disco somente em rotação, sem pressão interna ou externa, as condições de contorno requeridas podem ser substituídas simultaneamente para determinar os valores apropriados para as constantes A e B. ( ) ( ) ( ) ( )[ ] ( ) ( ) ( ) ( )22 22222 r 22 22222 H rR. 8 .3 8 r3 8 R.3 r.31R.3 88 r31 8 R.3 − ρω υ+= ρω υ+− ρω υ+=σ υ+−υ+ ρω = ρω υ+− ρω υ+=σ Unidade 9 – DISCOS DE ESPESSURA CONSTANTE QUE GIRAM À GRANDE VELOCIDADE Página 149 • Para r = R1, σr = 0 ( ) 8 R .3 R BA0 2 1 2 2 1 ρω υ+−−= • Para r = R2, σr = 0 ( ) 8 R .3 R BA0 2 2 2 2 2 ρω υ+−−= e, ( ) ( ) ( ) 8 RR .3A 8 RR .3B 2 2 2 1 2 2 2 2 1 2 + += += ωρ υ ωρ υ Substituindo: (9.13) (9.14) As tensões máximas ocorrem para r = R1: ( )( ) ( )[ ] ( ) ( )[ ]2 1 2 2 2 2 1 2 2 2 2 2 1 2 máxH R1R3 4 R31RRR3 8 υυρωυυρωσ −++=+−+++= (9.15) Quando o valor do raio interno se aproxima de zero, a tensão circunferencial máxima aproxima-se de: ( ) 2 2 2 máxH R3 4 υρωσ += isso é duas vezes o valor obtido no centro de um disco sólido em rotação, à mesma velocidade. Assim, a realizaçãode um pequeno furo, no centro de um disco sólido, dobra o valor da máxima tensão circunferencial devido à própria rotação. Na face externa r = R2: ( ) ( )[ ]2 2 2 1 2 mínH R1R3 4 υυρωσ −++= Tensão radial máxima: ( ) −−++= 2 2 2 2 2 12 2 2 1 2 r r r RR RR 8 .3 ρωυσ quando 0 dr d r = σ , ( ) ( ) ( ) +− +++= −−++= 2 2 2 2 2 12 2 2 1 2 H 2 2 2 2 2 12 2 2 1 2 r r31 r RR RR3 8 r r RR RR 8 .3 υυρωσ ρωυσ Unidade 9 – DISCOS DE ESPESSURA CONSTANTE QUE GIRAM À GRANDE VELOCIDADE Página 150 ( )21 2 2 2 1 4 3 2 2 2 1 2 2 2 2 2 12 2 2 1 RRr RRr r2 r 2RR0 r r RR RR dr d0 = = −= −−+= (9.16) Substituindo na equação original: ( ) [ ] ( ) [ ]212 2 2121 2 2 2 1 2 máxr RR 8 .3RRRRRR 8 .3 −+=−−++= ρωυρωυσ (9.17) Figura 87 - Distribuição das tensões em um disco vazado em rotação 9.4 - DISCO E EIXO ACOPLADOS COM INTERFERÊNCIA Os discos rotativos possuem um furo central circular para permitir a sua montagem, com interferência, em um eixo. A pressão de interferência gerada pela montagem deve ser suficiente para que o disco não se solte do eixo durante o movimento de rotação e não deve ser muito elevada para não criar grandes tensões no disco. No instante do acoplamento disco-eixo sob pressão, a velocidade de rotação é nula e o conjunto comporta-se como um cilindro composto em que o cilindro interior é o eixo e o exterior o disco. A montagem pode-se realizar com o aquecimento do disco. A interferência radial será a diferença entre o raio do eixo e o raio interno do disco. Como o conjunto é tratado como um cilindro composto (ω = 0) pode-se calcular a pressão de contato conhecendo-se a interferência radial. Quando o disco acoplado com interferência contra o eixo ficar solto no eixo, o que ocorre a uma velocidade particular “ω” deixa de haver interferência. Isto corresponde a anular a pressão de contato inicialmente estabelecida pelo ajuste. 9.5 - TENSÕES COMBINADAS DE ROTAÇÃO E TÉRMICA EM DISCOS UNIFORMES E CILINDROS ESPESSOS Se um componente é livre de expandir-se e sua temperatura varia uniformemente, a expansão ocorre sem o aparecimento de tensões térmicas. No caso de discos sujeitos a gradientes térmicos, uma parte do material tende a expandir-se mais rapidamente do Unidade 9 – DISCOS DE ESPESSURA CONSTANTE QUE GIRAM À GRANDE VELOCIDADE Página 151 que a outra experimentando, cada uma, diferença de temperatura e como resultado são desenvolvidas tensões térmicas. Suponhamos um disco, inicialmente sem tensão, sujeito a uma variação de temperatura, T, a uma rotação uniforme, ω, com pressões atuando em suas faces interna e externa. seja R1 e R2 seus raios interno e externo, Fig. 88. Imaginemos um elemento deste disco, de raio genérico r, espessura dr e largura unitária, formado pelo ângulo central dθ, Fig. 89. As tensões radiais e circunferenciais e a força de inércia foram estabelecidas neste elemento. A força de inércia aparece devido ao movimento do disco. Sua presença permite considerarmos o mesmo em estado de equilíbrio instantâneo (princípio de D’Alembert). Calculemos estas forças: Figura 88 Figura 89 Força de inércia = volume x massa específica x aceleração F = ( )( ) drdrrdr1rd 222 θρωωρθ = força radial na face interna = 1rdr θσ força radial na face externa = ( )( ) 1ddrrd rr θσσ ++ força circunferencial =σ Hdr1 Comentários sobre as forças: As forças circunferenciais são iguais em intensidade pela simetria rotacional, mas não têm a mesma direção. Não dependem de θ mas de r. Elas são iguais através da espessura dr. As forças radiais nas faces interna e externa são diferentes pois as áreas também o são e as tensões são, provavelmente, diferentes. Elas dependem somente de r. Como todas as forças dependem somente de r, toda equação diferencial que aparece é total e não parcial. Estabeleçamos a equação de equilíbrio da estática na direção Y: ΣFY=0 Unidade 9 – DISCOS DE ESPESSURA CONSTANTE QUE GIRAM À GRANDE VELOCIDADE Página 152 ( )( ) 0drdr ddrrdrd 2 ddr2 22 rrrH =−++−+ θωρθσσθσθσ sen como dθ é pequeno e expresso em radianos então sen(dθ/2) = dθ/2, em radianos. Simplificando dθ e desprezando o produto de infinitésimos: σ σ σ ρ ωH r rr d dr − − = r2 2 (9.18) Como ocorre um movimento radial (ou deslocamento do elemento de uma quantidade “s”) quando o disco gira, a deformação radial será: Figura 90 ( )[ ]ε σ νσ αr r H ds dr E E= = − + 1 T (9.19) onde o termo EαT é a tensão térmica. α é o coeficiente de dilatação térmica linear do material do disco. E é o módulo de elasticidade. ν é o coeficiente de Poisson. T variação de temperatura. A deformação circunferencial é: ( )[ ]ε σ νσ αH H r s r E E= = − + 1 T (9.20) Diferenciando (9.20) e igualando com (9.19), pois, a deformação radial é igual à circunferencial, temos: ( )ds dr E E r d dr d dr E dT drH r H r= − + + − + 1 σ νσ α σ ν σ α T (9.21) A função que fornece a variação da temperatura com o raio “r” deve ser conhecida (função T). Igualando (9.19) e (9.21) e simplificando: Unidade 9 – DISCOS DE ESPESSURA CONSTANTE QUE GIRAM À GRANDE VELOCIDADE Página 153 ( )( )σ σ ν σ ν σ αH r Hr d dr − + + − + =1 0 r d dr Er dT dr r (9.22) Substituindo o valor de σH-σr da equação (9.18) em (9.22) temos: ( )1 02+ + + − + =ν σ ρω σ ν σ αr d dr r d dr r H r r d dr Er dT dr 2 r ( )d dr d dr r E dT dr H rσ σ ν ρω α+ = − + −1 2 integrando: ( ) 2A+T E 2 r1 22 rH αρωνσσ −+−=+ (9.23) onde 2A é a constante de integração conveniente. (9.23) - (9.18) fornece: ( ) 2A+T E 2 r3 dr d r2 22 r r αρων σ σ −+−=+ Mas: ( )1 22 r d dr r r d drr r rσ σ σ = + Logo: ( ) ( ) 2A+T E 2 r3r dr d r 1 22 r 2 αρωνσ −+−= integrando: ( )r E Trdr Ar Br 2 2 2 8 3 2 2 σ ρω ν α= − + − + −∫ r 4 onde -B é a constante de integração. Calculando σr: ( )σ ν ρω α r A B r r E r Trdr= − − + − ∫2 2 2 23 8 (9.24) Eliminando σr em (9.23) e (9.24) calculamos σH: ( )σ ν ρω α α H A B r r E Trdr= + − + − ∫2 2 2 1 3 8 T + E r 2 (9.25) As equações (9.24) e (9.25) fornecem as variações das tensões radiais e circunferenciais, em função de “r”, para discos de espessura constante sob pressão, rotação e variação de temperatura. Unidade 9 – DISCOS DE ESPESSURA CONSTANTE QUE GIRAM À GRANDE VELOCIDADE Página 154 Observemos que: σ r A B r = − 2 é a equação de Lamé, para a tensão radial, aplicada à cilindros de parede espessa sob pressão (interna e ou externa). ( )σ ν ρω r A B r r = − − + 2 2 2 3 8 permite o cálculo de σr para discos em rotação sob temperatura constante. O termo entre colchetes aparece como conseqüência da rotação do disco. ( )σ ν ρω α r A B r r E r Trdr= − − + − ∫2 2 2 23 8 permite o cálculo de σr para discos em rotação sob variação de temperatura. O termo entre colchetes aparece como resultado da variação de temperatura. Análise idêntica pode ser feita para o cálculo da tensão circunferencial. A solução de (9.24) e (9.25) é conseguida quando se conhece a relação de T com r, ou seja, de que forma a temperatura varia através do raio do disco. Devido ao processo como (9.24) e (9.25) foram deduzidas, os efeitos devido a pressão, rotação e térmico podem ser considerados simultaneamente e os valores de A e B são encontrados pelas condições de contorno. Para uma variação de temperatura de forma linear de T = 0, para r = 0, ou seja, se: T = kr, então, se não houver rotação: σ α r A B r E = − −2 kr 3 (9.26) σα H A B r E = + +2 2 kr 3 (9.27) Nas aplicações práticas onde a temperatura é mais elevada na parte interna do disco de parede espessa do que na parte externa, as tensões térmicas são positivas na superfície externa e de compressão na interna. Este fato é considerado como favorável nas aplicações em cilindros de parede espessa sob pressão interna, pois tende a reduzir as tensões de tração elevadas na superfície interna provocadas pela pressão interna. BIBLIOGRAFIA DEN HARTOG, J. P., Advanced Strength of Materials, McGraw-Hill Book Company, U.S.A., 1952. HEARN, E. J., Mechanics of Materials, 1ª ed., Pergamon Press Ltd., Gt. Britain (Page Bros. Ltd., Norwich). FEODOSIEV, V. I., Resistencia de Materiales, Editorial Mir, Moscou, 1992. Unidade 9 – DISCOS DE ESPESSURA CONSTANTE QUE GIRAM À GRANDE VELOCIDADE Página 155 EXERCÍCIOS RESOLVIDOS Exercício 9.1 Determinar a tensão circunferencial no raio interno e externo de um disco de aço de 300 mm de diâmetro, tendo um furo central de 100 mm de diâmetro, sabendo-se que é feito para rodar a 5000 rpm. Qual é a posição e a intensidade da máxima tensão radial? Dados: Massa específica do aço: 7470 kg/m3 Coeficiente de Poisson: 0,3 Módulo de elasticidade: 208 GN/m2 Solução: R1 = 50 mm; R2 = 150 mm; s/rad524 30 n. == πω ( ) ( ) +− +++= 2 2 2 2 2 12 2 2 1 2 H r.31 r R.R RR.3 8 υυρωσ ( ) ( )[ ]2222 2 50 H 05,0.9,115,015,005,0.3,3 8 524.7470 −++=σ 250 H m/MN39=σ ; 2150 H m/MN11=σ m087,0R.Rr 21 == ; 287 H m/MN24=σ ( ) −−++= 2 2 2 2 2 12 2 2 1 2 r r. r R.R RR 8 3 ρωυσ ; 287 r m/MN4,8=σ • Para r = 50 mm ⇒ 0,m/MN39 32 2 1 === σσσ • Para r = 87 mm ⇒ 0em/MN4,8,m/MN24 3 2 2 2 1 === σσσ • Para r = 150 mm ⇒ 0,m/MN11 32 2 1 === σσσ 31 max eq σσσ −= ⇒ σeq max = 39 MN / m2 (r = 50 mm) • Cálculo de ∆R = s na face interna: ( ) ( ) 6 9 3 rH 10.0.3,039 10.208 10.50s. E 1 R s −=∴−= − συσ s = 9,4.10 –6 m ⇒ s = 9,4.10 –3 mm Unidade 9 – DISCOS DE ESPESSURA CONSTANTE QUE GIRAM À GRANDE VELOCIDADE Página 156 Exercício 9.2 Um disco sólido de aço, de 300 mm de diâmetro e de espessura constante, tem um anel de aço de 450 mm de diâmetro externo e mesma espessura acoplado a ele. Se a tensão de interferência é reduzida a zero quando a velocidade de rotação atinge 3000 rpm, calcular: a) a pressão radial na interface, quando parado. b) a diferença de diâmetro entre as superfícies acasaladas, disco e anel, antes da montagem. Dados: Massa específica do aço: 7470 kg/m3 Coeficiente de Poisson: 0,3 Módulo de elasticidade: 207 GN/m2 Solução: (à 3000 rpm anel e eixo giram sem interferência) Aumento do raio do eixo: ( ) ( )[ ]22 2 H r.31R.3 8 υυρωσ +−+= [ ] 2622 2 150 H m/N10.9,215,0.9,115,0.3,3 8 314.7470 =−=σ ( ) 0;. E R. E Rs rHrHeixo ==−= σσσυσ m10.1,210.9,2. 10.207 15,0s 66 9eixo −== Aumento do raio interno do anel: ( ) ( ) +− +++= 2 2 2 2 2 12 2 2 1 2 H r.31 r R.R RR.3 8 υυρωσ ( ) ( )[ ] 26222 2 150 H m/N10.7,3315,0.9,12.225,015,0.3,3 8 314.7470 =−+=σ )0(m10.4,210.7,33. 10.207 15,0s r 56 9anel === − σ interferência radial = (R1 + sanel) – (R + seixo); (R1 = R) interferência radial = 2,4.10 –5 – 2,1.10 –6 = 2,19.10 –5 m interferência diametral = (2,19.10 –5).2 = 4,38.10 –5 m Pressão de contato: ( )Hi0H 5 i0 E R10.19,2 σσδδ −==+ − p6,2,p 0HHi =−= σσ ⇒ p).16,2( 10.207 15,010.19,2 9 5 +=− p = 8,4 MN / m2 Unidade 9 – DISCOS DE ESPESSURA CONSTANTE QUE GIRAM À GRANDE VELOCIDADE Página 157 Exercício 9.3 Um disco de aço de 3 in de raio interno e 15 in de raio externo, é acoplado contra um eixo, também de aço, e a interferência radial, quando parado, é de 0,003 in. Pede- se: a) velocidade angular, w, para a qual a interferência desaparece como resultado da rotação. b) tensão circunferencial na face interna do disco com a velocidade acima. Dados: E = 30.106 lbf/in2 γ = 0,28 lbf/in3 ν = 0,3 g = 386 in/s2 ρ = γ/g Solução: in003,0i0 =+ δδ , ρ = γ / g = 0,28 / 386 Quando o conjunto girar à velocidade ω: sd - se = 0,003 in (d – disco; e – eixo) Cálculo de sd à velocidade ω - sem interferência: ( ) ( ) +− +++= 2 2 2 2 2 12 2 2 1 2 H r.31 r R.R RR.3 8 υυρωσ ( ) ( )[ ] 2222 2 3 H 136,03.9,12.153.3,3 8.386 .28,0 ωωσ =−+= 2 6d 136,0. 10.30 3s ω= Cálculo de se à velocidade ω - sem interferência: ( )[ ] 2 2 3 H 00114,09.9,19..3,3 8.386 .28,0 ωωσ =−= 2 6e 00114,0. 10.30 3s ω= 003,0i0 =+ δδ = sd - se 003,0)00114,0136,0.( 10.30 .3 6 2 =− ω ω ≅ 472 rad / s Unidade 9 – DISCOS DE ESPESSURA CONSTANTE QUE GIRAM À GRANDE VELOCIDADE Página 158 Exercício 9.4 Determinar a velocidade angular máxima, w, que um disco de aço de 150 mm de raio externo e 50mm de raio interno pode girar, sem escoar, sabendo-se que o material do disco possui: Syt = 500 MN/m2. Usar a teoria da máxima tensão tangencial e considerar o ponto mais perigoso como o ponto mais interno (r = R1). Trabalhar com quatro casas decimais após a vírgula. Dados: ρ = 7470 kg/m3 ν = 0,3 E = 207.109 N/m2 Solução: Ponto mais perigoso ocorre para: 0Rr Rr r1 max H1 =⇒= ⇒= σ σ ( ) ( )[ ] 2222 2 50 H 93,14105,0.9,12.15,005,0.3,3 8 .7470 ωωσ =−+= Ponto na face interna: 0,3,141 32 2 1 === σσωσ 62 31eq 10.50093,141 ==−= ωσσσ ω ≤ 1877 rad / s Unidade 9 – DISCOS DE ESPESSURA CONSTANTE QUE GIRAM À GRANDE VELOCIDADE Página 159 Exercício 9.5 Determinar a tensão circunferencial que aparece na face interna de um rotor com ranhuras, com as dimensões indicadas abaixo, quando ele gira a 1800 rpm. Dados: γ = 0,28 lbf/in3 ν = 0,3 g = 386 in/s2 Solução: r.. g .dVa.dmdF 2 n ωγ == θωγωγθ d.dr.r. g b..r.. g .b.dr.d.rdF 2 2 2 == (b – largura do disco) − == ∫ ∫ 3 1626 g b...2d.dr.r. g b..F 33226 16 2 0 2 2 ωγπθωγπ 2 332 in/lb7238 3 1626. g.16 . b.16.2 Fp = − == ωγ π 8 r..).3( r BA 22 2r ωρυσ +−−= σr = 0 para r = 4” σr = 7238 para r = 16” 99956B0040A 9169B0630A ,, ,, =− =− B = 0,17.106 ; A = 10620 8 r..)..31( r BA 22 2H ωρυσ +−+= 8386 518816280 91 16 1017010620 26 4 H . ,.., .,., −+=σ σ H4 = 21139 lb / in2 Unidade 9 – DISCOS DE ESPESSURA CONSTANTE QUE GIRAM À GRANDE VELOCIDADE Página 160 Exercício 9.6 Um pequeno disco de aço, inicialmente sem tensão, de raio interno 0,2m e externo 0,3m, é sujeito a uma distribuição de temperatura da forma T = a + b.ln(r), para assegurar fluxo constante de calor através da parede do cilindro. As tensões são dadas pelas fórmulas abaixo: ( ) σ α νr A B r ET = − − −2 2 1 ( ) ( ) σ α ν α νH A B r E T E b = + − − − −2 2 1 2 1 Se a temperatura na superfície interna e externa é mantida à 200ºC e 100ºC, respectivamente, determinar a máxima tensão circunferencial que acontece na parede do cilindro. Para o aço: E = 209 GN/m2, ν = 0,3, α = 11.10-6/ºC Solução: Cálculo de “b”. T = a + blnr 200 = a + bln(0,2) 100 = a + bln(0,1) b = -249 αE/2(1-ν) =11.10-6 .209.109 /2.09 = 1,6.106 Condições de contorno: Para r = 0,3, σr =0 e T = 100 Para r = 0,2, σr =0 e T = 200 B = -11,5.106 e A = 0,32.108 Entrando com esses valores na expressão de σH temos: Tensão circ. na face interna = -180MN/m2 Tensão circ. na face externa = 140MN/m2 Exercício 9.7 Determine as expressões para as tensões radiais e circunferenciais desenvolvidas em um disco sem furo de raio R, quando sujeito à um gradiente térmico da forma: T = kr. Determine a posição e a intensidade das máximas tensões que ocorrem no disco de 150 mm de diâmetro quandoa variação de temperatura é 150ºC. E = 206,8GN/m2, α = 12.10-6/ºC Usar as expressões (9.24) e (9.25). Unidade 9 – DISCOS DE ESPESSURA CONSTANTE QUE GIRAM À GRANDE VELOCIDADE Página 161 Solução: 2 2 2 2 3 2 r H2 2 , mas: Trdr , a constante de integração será assimilada por A 3 logo : e 3 3 r H B EA Trdr r r B EA Trdr ET r r rK r dr k B EKr B EKrA A EKr r r ασ ασ α α ασ σ α = − − = + + − = = = − − = + + − ∫ ∫ ∫ ∫ Como as tensões no centro do disco não são infinitas (r=0) , B deve ser zero e B/r2 =0 . Outra condição: σr =0 para r =R. 0 = A - αEKR/3 → A = αEKR/3 Substituindo e simplificando: σr = αEK(R - r)/3 e σH = αEK(R - 2r)/3 A variação das duas tensões com o raio é linear e em ambos os casos os valores máximos ocorrem no centro: σrmáx =σHmáx = αEKR/3 = 12.10-3. 206,8.109 .K .0,095/3 Mas: T = Kr Para r = 0, T = 0 no centro do disco. Para uma variação de temperatura de 150º C, o valor de T para r =R é 150º. Logo : 150 = K.0,095 K = 2000 º/m, logo: Tensão circ. máxima = tensão radial máxima = 124MN/m2 Quais seriam os valores das tensões se a temperatura do centro do disco for 30ºC, a variação de temperatura 150ºC e o gradiente térmico dado por: T = a+br? ( )Trdr a br rdr ar br ∫ ∫= + = + 2 3 2 3 A constante de integração será assimilada por A Então: σ α r A B r E r ar br = − − + 2 2 2 3 2 3 σ α αH A B r E r ar br ET= + + + −2 2 2 3 2 3 onde T = a + br Na face interna do disco, r = 0, T = 30ºC 30 = a+b.0, a = 30 Na face externa: T = 30+150 = 180 180 = a+b(0,095) 150 = 0,095.b, b = 2000 Substituindo e lembrando que B/r2 = 0; A = 161,5.106 Resp. Tensão radial no centro = 124,3MN/m2 Tensão circ. no centro = 124,3MN/m2 Unidade 9 – DISCOS DE ESPESSURA CONSTANTE QUE GIRAM À GRANDE VELOCIDADE Página 162 Exercício 9.8 Determine as expressões para as tensões desenvolvidas em um disco com furo sujeito a um gradiente térmico da forma: T = -kr. Qual é a máxima tensão circunferencial e radial neste caso se os diâmetros interno e externo são 80mm e 160mm, respectivamente? A temperatura no raio externo é -50ºC. E = 206,8GN/m2, α = 12.10-6/ºC Solução : 2 2 2 2 3 r 2 constante 3 A constante será assimilada por A, logo : 3 r H B EA Trdr r r B EA Trdr ET r r rT Kr Trdr K B EKrA r ασ ασ α ασ = − − = + + − = − ∴ = − + = − + ∫ ∫ ∫ r = R2 = 80, T = -50 Resp. Tensão circ. na face interna = -33,98MN/m2 Tensão circ. na face externa = 28,46MN/m2 Unidade 10 – FLAMBAGEM Página 163 10. FLAMBAGEM OBJETIVOS: - Deduzir as expressões que permitem o cálculo da deflexão, da carga crítica e das tensões normais, em uma coluna bi-rotulada sob carregamento excêntrico. - Definir os diferentes tipos de equilíbrio. - Definir flambagem. - Definir carga crítica. - Definir, identificar e comparar as diferentes condições de extremidades. - Determinar como se faz um dimensionamento prático de colunas. - Definir o processo ômega. - Solucionar exercícios sobre os diversos tópicos acima. 10.1 - COLUNAS SOB CARGA EXCÊNTRICA: CÁLCULO DA DEFLEXÃO E DAS TENSÕES MÁXIMAS Neste nosso estudo, denominaremos de escora, coluna e pilar, uma peça que trabalha essencialmente à compressão, sem fazer distinções. Vamos iniciar o estudo com uma coluna excêntrica, e extrapolando a excentricidade para zero, caímos no estudo de um pilar sob carga axial cêntrica que é o caso mais comum. Seja uma coluna bi-rotulada, fina e longa (esbelta) sujeita a uma carga paralela a seu eixo, mas aplicada excentricamente com uma excentricidade e. Esta é medida a partir do centro de gravidade (G) da seção transversal. O plano xy é plano de simetria do pilar e este, defletirá neste plano, em torno do eixo z, eixo de menor inércia. (Fig. 91). Figura 91 Unidade 10 – FLAMBAGEM Página 164 O momento fletor a uma distância x da articulação inferior será: ( )yePM += Para determinarmos o sinal de M, damos à coluna uma rotação de 90º no sentido horário e a tratamos como se fosse uma viga (tração nas inferiores, M positivo). Mas: EI M dx yd 2 2 −= (10.1) Logo: ( ) ( )yek EI yeP dx yd 2 2 2 +−= +− = Onde: EI Pk = ⇒ se kl/2 > 0,1, a escora será considerada esbelta. Assim: ekyk dx yd 22 2 2 −=+ A solução desta equação diferencial é: e)kx(cosC)kx(senCy 21 −+= (10.2) onde C1 e C2 são constantes arbitrárias a serem determinadas pelas condições de contorno. Deste modo: y = 0 para x = l e x = 0. eCe1C0C0 221 =∴−+= .. (10.3) e)kl(cose)kl(sen.C0 1 −+= [ ] [ ] )kl(sen )kl(cos1e C)kl(cos1e)kl(sen.C 11 − =∴−= ou: = 2 kltg.eC1 (10.4) Substituindo (10.3) e (10.4) em (10.2) obtemos: e1kxkx 2 kltgy .)(cos)(sen. −+ = (10.5) Esta fórmula permite determinar o valor da deflexão y em qualquer ponto do pilar, conhecidos os valores de: x, e, P, E e l. A deflexão máxima ocorre no meio do pilar, para x = (l/2) e é dada por: − + = 1 2 klcos 2 klsen. 2 kltg.eδ Unidade 10 – FLAMBAGEM Página 165 − = − = 1 2 klsec.e 2 klcos 2 klcos1 .eδ (10.6) Façamos um estudo detalhado da equação (10.6): Para P = 0, a deflexão δ é nula. Selecionemos uma excentricidade e1 e tracemos graficamente P x δ obtendo uma curva, Fig. 92. Selecionemos outra excentricidade e2 > e1 e façamos como anteriormente. Analisando a Fig. 92 verificamos que δ cresce com P, mas não de modo linear. Para um mesmo valor de δ a curva de e2 > e1 fornece valores menores para P, ou seja, quanto maior a excentricidade, menor a carga P que provoca a mesma deflexão. A deflexão cresce muito quando P se aproxima do valor Pc e todas as curvas, independentemente do valor de e, se tornam assintóticas à horizontal traçada por Pc. A deflexão δ se torna infinita quando P for igual a Pc. Dizer que a deflexão se torna infinita é o mesmo que fazer kl/2 = π/2, pois sec (π/2) = ∞. Logo: 22 l. EI P 22 kl c ππ =∴= ou: 2 2 c l I.E.P π = (10.7) Figura 92 Toda deflexão δ verificada dentro da fase elástica, para colunas excêntricas, é reversível desde que Ptensões tangenciais principais (t. t. p.) através dos círculos de Mohr - Determinar as intensidades das tensões tangenciais principais utilizando propriedades do círculo de Mohr. - Calcular a tensão tangencial máxima em problemas tridimensionais. Unidade 1 – NOÇÕES SOBRE ESTADO TRIPLO DE TENSÃO Página 6 Os estados planos e mono-axial de tensão são casos particulares do estado triplo onde uma ou duas tensões normais principais são nulas. A representação gráfica para o estado triplo consiste em três círculos cujas interseções com o eixo horizontal, definem as tensões normais principais (Figura 7). Figura 7 Pode-se demonstrar que as condições de tensão em qualquer plano que passe através de um ponto, estão também incluídas na área hachurada entre o círculo maior e os outros dois (Figura 7). No estado plano, uma das t.n.p. coincide com a origem e no mono- axial, coincidem duas. Dadas as três t.n.p. do estado triplo, pela combinação duas a duas, construímos os três círculos de Mohr correspondentes. Os raios destes três círculos de Mohr são as tensões tangenciais principais (t.t.p.) que são representadas por: τ1,2, τ1,3 e τ2,3 (Figura 7). Suas intensidades são: 2 2 2 32 3,2 31 3,1 21 2,1 σσ τ σσ τ σσ τ − = − = − = (1.3) A t. t. p., τ1,3 , será sempre a de maior intensidade. As tensões normais que atuam nos planos das t. t. p. são: 1,2 21 1,3 31 2,3 32 de plano , 2 OC de plano , 2 OB de plano , 2 AO τ σσ τ σσ τ σσ + = + = + = (1.4) O estado plano de tensão é um caso particular do estado triplo onde uma t.n.p. é nula É preciso observar que nem sempre a tensão tangencial máxima do estado plano, já estudado, corresponde à tensão tangencial maior do estado triplo. Acontece que agora nossos conceitos são mais amplos. Por uma questão didática, quando se estudou o estado plano, falou-se em somente um círculo de Mohr, quando na realidade são três. Por isto, o conceito de tensão tangencial máxima ficou incompleto. Se verificarmos, na Figura 7, o plano Unidade 1 – NOÇÕES SOBRE ESTADO TRIPLO DE TENSÃO Página 7 em que atua a tensão tangencial principal (t.t.p.), τ1,3, faz ângulos de 45º com os planos onde atuam σ1 e σ3 respectivamente. A1ém disto, esta tensão está situada no mesmo plano de σ1 e σ3. Logo sua direção será a interseção destes dois planos (Figura 8). Analogamente para τ1,2 e τ2,3 (Figura 9). Figura 8 Figura 9 São dois os planos que satisfazem as condições acima descritas; eles são perpendiculares entre si. Em um atua a t.t.p. positiva e no outro a negativa. Interessa-nos somente a intensidade e a direção desta tensão e não o seu sentido. Por isto colocamos a seta nas duas extremidades do segmento (ela tanto pode estar em um sentido como no outro). 1. 5 - CASO PARTICULAR IMPORTANTE Objetivo: - Determinar as t.n.p. de um estado triplo, quando se conhece uma delas, sem o desenvolvimento da equação do terceiro grau, utilizando as propriedades do estado plano de tensões. A maioria dos casos que encontramos em engenharia, a posição de um dos planos principais e a t.n.p. que nele atua podem ser encontrados previamente. Então as duas t.n.p. restantes podem ser determinadas utilizando-se as propriedades do estado plano (Figura 10). Com efeito: Figura 10 Unidade 1 – NOÇÕES SOBRE ESTADO TRIPLO DE TENSÃO Página 8 As tensões normal e tangencial que atuam no plano inclinado podem ser calculadas, através das equações de equilíbrio da estática, projetando as forças na direção normal ao plano e sobre o próprio plano. É claro que a força atuante na direção “z” não alterará as equações acima. É como se ela não existisse. Assim procedendo, obteremos as mesmas equações para “σn” e “τn” encontradas para o estado plano. Estas equações podem ser também interpretadas através do círculo de Mohr já estudado em “estado plano de tensões”. Resumindo, o estado de tensão da Figura 10 fica assim: σz é uma t.n.p.. O estado plano σy, σx e τxy fornecerá as outras duas t.n.p. O plano θ da Figura 10 é um dos planos paralelos à z, ou seja, paralelos a uma direção normal principal. Os planos x (θ = 0º) e y (θ = 90º) também são. Assim os pontos situados no círculo de Mohr determinado por σx, σy e τxy, representam valores de σ e τ atuantes em planos θ, paralelos a uma direção normal principal (z): planos que giram em torno de z. Do exposto acima podemos concluir que: Cada ponto da circunferência que passa por σ1 e σ3 (Figura 7) corresponde a valores de σ e τ que atuam em planos paralelos à direção 2. Analogamente para as outras circunferências. Os pontos situados na área hachurada (Figura 7) correspondem a valores de σ e τ que atuam em planos inclinados em relação às direções principais 1, 2 e 3. 1.6 - O ESTADO GERAL DE TENSÃO EM UM PONTO Objetivos: - Calcular as tensões normal e tangencial atuantes em um plano, quando se conhecem as tensões atuantes em três planos perpendiculares através do ponto. - Definido o estado de tensão através de um ponto, calcular as tensões normais principais (t.n.p.). - Definir o elipsóide das tensões. - Definir planos e tensões octaédricas e calculá-las em função das t.n.p. Através do diagrama do corpo livre (Figura 11), onde são colocadas as tensões atuantes em três planos perpendiculares através do ponto, pretende-se determinar a tensão normal e tangencial atuantes em um plano cuja normal é "n", através do mesmo ponto. Dados: face x: σx , τxy , τxz face y: τyx , σy , τyz face z: τzx , τzy , σz Unidade 1 – NOÇÕES SOBRE ESTADO TRIPLO DE TENSÃO Página 9 n cos zn, m cos yn, l cos xn, ^ ^ ^ == == == γγ ββ αα , , , face ABC = dA face OAB = dA.n face OBC = dA.l face OCA = dA.m Pede-se: σn e τnt Figura 11 Seja T o vetor tensão que atua no plano “n”. A direção de T não coincidirá com a de "n", necessariamente. Quando isto acontecer, "n" será uma direção normal principal e T será a própria t.n.p., pois, neste caso, sua projeção sobre o plano será nula (as tensões tangenciais atuantes na face serão nulas). As componentes de T nas direções x, y e z são: Tx , Ty e Tz, respectivamente. Como o elemento está em equilíbrio, são válidas as equações da estática. Assim: n.dA.m.dA.l.dA.dA.T 0F zxyxxx x ττσ ++= =∑ simplificando e lembrando-se que: τyx = τxy , τzx = τxz temos: n.m.l.T n.m.l.T :amentelogana n.m.l.T zzyzxz yzyyxy xzxyxx σττ τστ ττσ ++= ++= ++= (1.5) Unidade 1 – NOÇÕES SOBRE ESTADO TRIPLO DE TENSÃO Página 10 Vetorialmente, podemos escrever, lembrando que i , j e k são os unitários das direções x, y e z respectivamente: T T i T j T kx y z= + +. . . O unitário da normal “n” é: k.nj.mi.lN ++= Sendo σn, a projeção de T sobre “n”: n.Tm.Tl.TN.T zyxn ++==σ (1.6) Por outro lado: 2 nt 2 n 2T τσ += Logo: 2 n 2 nt T στ −= (1.7) A intensidade do vetor T é: 2 z 2 y 2 x TTTT ++= (1.8) As equações (1.5) são gerais e válidas para qualquer plano “n” mesmo que este seja o plano onde atua uma tensão normal principal. Neste caso, o vetor T coincidirá com a normal e não teremos tensões tangenciais. Façamos então T = σp e assim: n.T m.T l.T pz py px σ σ σ = = = As equações (1.5) tornam-se: n.m.l.l. xzxyxp ττσσ ++= ou: 0n).(m.l. 0n.m).(l. 0n.m.l).( pzzyzx yzpyyx xzxypx =−++ =+−+ =++− σσττ τσστ ττσσ (1.9) Resolvendo (1.9) para calcular um dos cosenos diretores, por exemplo, l, temos: )( )( )( )(0 )(0 0 l pzzyzx yzpyyx xzxypx pzzy yzpy xzxy σσττ τσστ ττσσ σστ τσσ ττ − − − − − = A solução trivial 0,0,0 não serve pois l2 + m2 + n2 = 1. Unidade 1 – NOÇÕES SOBRE ESTADO TRIPLO DE TENSÃO Página 11 Uma solução não trivial para as direçõeselásticas para valores de P Pc, duas configurações são possíveis - uma reta, ramo 1-2 e uma curva - ramo 1-3. A configuração reta é instável e a mais leve perturbação fará com que a coluna, repentinamente, passe à configuração curva (representado por P’ P” no diagrama P - δ). Trabalhando com a equação diferencial exata para a linha elástica, é possível obter-se uma configuração curva de equilíbrio para valores maiores do que Pc. Para P = 1,015 Pc, pode-se demonstrar que δ é da ordem de 10% de l, comprimento da coluna. Neste caso pode haver ruína por escoamento. Não será possível aumentar a carga além da carga crítica pois na realidade nenhuma coluna é perfeitamente reta e homogênea na forma da seção transversal e propriedades. É impossível aplicar cargas axiais exatamente cêntricas. Deste modo a carga crítica, Pc, representa o limite máximo de P para o qual uma configuração reta é possível. Figura 95 A carga cuja superação origina a perda da estabilidade da forma original da coluna é denominada de carga crítica, Pc. Se P > Pc, conforme já dissemos, a peça perde a estabilidade e se flexiona, flamba. A forma reta deixa de ser estável. Denomina-se flambagem ao fenômeno responsável pela passagem da peça da forma estável para a forma instável de equilíbrio elástico. Denomina-se carga de flambagem ao valor P = Pc, cuja superação ocasiona a perda de estabilidade. Unidade 10 – FLAMBAGEM Página 169 Quando a carga aplicada alcança o valor crítico (ou o supera) ela provoca o aparecimento da forma instável de equilíbrio, que está ligada ao crescimento ilimitado das tensões e deformações o que eqüivale à ruína da estrutura. A destruição da forma reta é brusca e é originada por flexão com pequenas tensões de compressão, muito abaixo das tensões de compressão máximas que a peça poderia suportar sob compressão simples. O problema principal reside no cálculo da carga crítica, que não pode ser superada. Esta carga já foi calculada no capítulo anterior e é a mesma que flamba uma coluna sob carga excêntrica, conforme já comentamos. 10.3 - CARGA CRÍTICA PARA PILARES CARREGADOS CENTRICAMENTE COM DIFERENTES CONDIÇÕES DE EXTREMIDADES Vamos definir comprimento efetivo de uma coluna ou comprimento de flambagem. Para isto tomemos várias colunas com condições diferentes de extremidade, todas elas de mesmo comprimento l, e façamos um esboço de suas linhas elásticas após a flambagem, Fig. 96. Figura 96 Todas as curvas apresentam pontos de inflexão ou de curvatura nula que são pontos de momentos nulos e que podem ser identificados como rótulas, pois a articulação ou rótula satisfaz a esta condição. Vamos definir comprimento de flambagem como sendo a distância entre dois pontos de inflexão da linha elástica da coluna deformada e designaremos por le. É o comprimento da coluna deformada que tem o mesmo comportamento da linha elástica da coluna bi-rotulada deformada que consideraremos aqui como sendo o caso fundamental (le = l ). Assim, a expressão para cálculo de Pc de uma coluna bi-rotulada pode ser ampliada para calcular o Pc de uma coluna qualquer, desde que, em lugar de l, comprimento real, coloquemos le = α.l, onde α é o coeficiente de flambagem, função das diversas condições de extremidades. O comprimento de flambagem é também o comprimento de uma coluna bi-rotulada que tem a mesma carga de flambagem que uma coluna dada. Assim: 2 e 2 c l EIP π = (10.9) Onde le = α.l . Unidade 10 – FLAMBAGEM Página 170 Condições de extremidades α Bi-rotulada 1 Bi-engastada 0,5 Rotulada e engastada 0,7 Livre e engastada 2 Os casos acima citados são os quatro casos fundamentais. A dedução do valor do coeficiente de flambagem para a condição de rotulada e engastada ficará a cargo do aluno. Nas aplicações práticas é conveniente usar coeficientes de flambagemsuperiores aos teóricos (consultar livros de Estruturas Metálicas) devido aos desvios das condições teóricas e à dificuldade de concretizar um engastamento perfeito. Na Fig. 96 estão os coeficientes de flambagem para as diversas condições que normalmente ocorrem na prática. Além dos quatro casos fundamentais, aí aparecem mais dois casos. Os valores de le levado às expressões (10.6), (10.8) e (10.9) permitem calcular as deflexões, momento fletor máximo e carga de flambagem ou crítica para as diferentes condições de extremidades. Finalizando, podemos dizer que às vezes o comprimento de flambagem é obtido através de ensaios de laboratório, e quando há dúvidas, deve-se usar α = 1, à favor da segurança (exceção feita para a coluna engastada e livre). 10.4 - TENSÃO CRÍTICA PARA COLUNAS CARREGADAS AXIALMENTE (COLUNAS CÊNTRICAS) Uma coluna cêntrica está sujeita à compressão simples até que se verifica o fenômeno da flambagem, que é súbito. Além disso, a tensão que provoca flambagem é bem inferior à tensão de escoamento à compressão. Podemos escrever que: A.l EI A P 2 e 2 c c πσ == Vamos definir raio de giração de uma seção, em relação a um eixo, como a raiz quadrada do quociente entre o momento de inércia da seção, em relação a este eixo, e a área da seção. Tem a dimensão de um comprimento. 2 xx x x i 1 I A A I i =∴= Logo: 2 e 2 2 2 e 2 2 e 2 c i l E i l E I Al E = = = πππσ O índice de esbeltez, λ, é a relação entre o comprimento de flambagem e o raio de giração da seção. É um parâmetro adimensional e é o mais importante de todo estudo de flambagem. i le=λ Unidade 10 – FLAMBAGEM Página 171 O índice de esbeltez contém informações sobre o comprimento da peça, condições de extremidades e inércia da seção, simultaneamente. Deste modo podemos escrever que: 2 2 c E λ πσ = (10.10) Esta equação recebe o nome de equação de Euler, que foi o matemático quem primeiro a deduziu e ela governa todo dimensionamento elástico de colunas cêntricas. Sua validade se restringe ao regime elástico pois é originada da equação diferencial da linha elástica. Deste modo, o valor máximo de σc não pode exceder ao limite de proporcionalidade (σp) do material do pilar. p2 2 pc E σ λ πσσ ≤∴≤ Na igualdade definimos o índice de esbeltez limite: p limp2 lim 2 E.E σ πλσ λ π =∴= Para λ > λlim, σcou contraventamento. Desde que o momento de inércia em torno de z é menor do que em torno de y, a flambagem ocorrerá no plano que contém y (Fig. 101) e devemos colocar um suporte lateral na coluna, neste plano (Fig. 102). Isto, na realidade, implica na diminuição do comprimento de flambagem da coluna em torno de z (em relação à coluna não travada). Consequentemente, aumenta-se a capacidade de carga da coluna, tornando-a mais resistente (Fig. 102). A vinculação travamento é considerada como uma articulação. Para verificar o eixo em torno do qual se processará a flambagem, não basta observar somente a inércia da peça. O parâmetro que definirá a flambagem será o índice de esbeltez. O eixo em torno do qual se processará a flambagem será o que tiver maior índice de esbeltez (λ). Este índice de esbeltez maior será chamado de índice de esbeltez crítico. Uma peça ideal para trabalhar a flambagem é aquela que possui λy = λz, sendo y e z, os eixos centrais da inércia da seção. A condição ideal de flambagem é então definida pela igualdade: λy = λz. Unidade 10 – FLAMBAGEM Página 175 Figura 101 Esta igualdade conduz ao dimensionamento mais eficiente, pois as tensões que correspondem aos dois modos possíveis de flambagem são iguais; é só observar a curva de flambagem do material. Exemplo: seção circular maciça e vazada, seção quadrada, etc.. Neste caso, não há necessidade de fazer travamento. A seção é utilizada o mais economicamente possível. Finalizando, podemos dizer que o travejamento diminui o índice de esbeltez em torno do eixo onde é colocado, pela modificação do comprimento de flambagem, e, consequentemente, aumenta a resistência da peça. O travamento evita o movimento do ponto C apenas em um plano. No caso em questão, este plano é YX (Fig. 102). Figura 102 Unidade 10 – FLAMBAGEM Página 176 10.6 - TRAVEJAMENTO: SEÇÃO COMPOSTA (PERFIS COMPOSTOS) Os perfis compostos, formados pela associação de perfis simples, são, inicialmente, travados um ao outro, de forma que o sistema se comporte como se fosse uma peça única e poderá (o conjunto) ser também travejado lateralmente, caso haja necessidade. Os perfis compostos poderão ter ligação contínua ou descontínua. A ligação contínua poderá ser feita por solda, ao longo de todo o comprimento do perfil (Fig. 103a), ou por chapas transversais, formando um perfil fechado (Fig. 103c). Neste caso, ao calcular as características geométricas da seção transversal, a seção da chapa deve ser considerada. A ligação descontínua é formada por chapas transversais com certo espaçamento: travessas. Neste caso, a seção transversal da chapa não é incluída nos cálculos das características geométricas do conjunto (Fig. 103b e Fig. 103d). Nos perfis compostos com ligação descontínua, os esforços de cisalhamento provocam deformações nas chapas de ligação e diminuem a eficiência do perfil composto. Todavia este fenômeno não será aqui considerado, pois nossa abordagem é puramente teórica e tem por finalidade introduzir o estudante neste assunto. No curso de Estruturas Metálicas este fenômeno será estudado em profundidade. Figura 103 Vamos ver agora, o caso de dois perfis em canal, com ligação descontínua, formando um pilar (Fig. 104). Figura 104 Unidade 10 – FLAMBAGEM Página 177 Para assegurar que as seções trabalhem juntas, como uma simples unidade, elas são unidas por ligações descontínuas. O trabalho destas seções compostas é garantido desde que seja providenciada uma fixação suficientemente forte. A distância “b” que separa as duas partes (Fig. 104) é determinada pela condição ideal de flambagem: λz = λy que pode ser resumida, no caso em questão, por: Iz = Iy , pois não há travamento externo. Na prática, o momento de inércia em relação ao eixo perpendicular ao reticulado (y) deverá ser maior, pois a ligação não pode assegurar o trabalho das duas metades como o faz a seção contínua única. Ou seja, a flexibilidade do pilar em relação ao eixo livre (y), é maior devida à cedência elástica das talas ou treliças. O índice de esbeltez será então calculado tomando-se os momentos de inércia das duas seções em relação à z ou y. Após calcula-se a tensão crítica (σc) que multiplicada pela área da seção transversal total, dará a carga crítica admissível que o pilar pode suportar. O funcionamento simultâneo de ambas as colunas de seção em canal só será possível se elas forem presas uma à outra por reticulados, placas ou travessas (Fig. 104). A distância “a” entre as ligações (travessas) deve assegurar que nenhuma das colunas de seção em canal flexione em torno do eixo de menor inércia (eixo y1). Esta condição é satisfeita se o índice de esbeltez de cada coluna de comprimento “a” e raio de giração imín = iy1 Figura 105 for menor que o índice de esbeltez de todo o conjunto (Fig. 105). )conjuntodo( i a mín λ≤ (10.11) A expressão (10.11) permite o cálculo do maior valor de “a” . Na realidade o que se impõe é que a flambagem do conjunto ocorra antes da flambagem de cada perfil individual. 10.7 - PROCESSO ÔMEGA O coeficiente de flambagem ômega (ω) é definido pela relação: c comp σ σ ω = (10.12) onde: compσ - tensão de escoamento admissível à compressão simples cσ - tensão crítica admissível Unidade 10 – FLAMBAGEM Página 178 A relação (10.12) é sempre maior que um (> 1). O coeficiente adimensional ômega (ω), pela própria definição, é função do índice de esbeltez e as normas fornecem tabelas, para alguns tipos de aço e outros materiais, relacionando o índice de esbeltez (λ) com ômega (ω). A expressão (10.12) pode ser transformada do seguinte modo: A.A.P comp cc ω σ σ == (10.13) Pela expressão (10.13) observamos que o dimensionamento à flambagem é um dimensionamento a compressão simples desde que seja “corrigida” a tensão admissível à compressão, pelo coeficiente ômega (ω). O processo ômega facilita o dimensionamento quando se conhecem as tabelas, λ x ω, fornecidas pelas normas. 10.8 – COLUNAS CARREGADAS EXCENTRICAMENTE Sob o ponto de vista prático é impossível não se ter pequenas excentricidades na aplicação de cargas cêntricas. Estes efeitos foram considerados no estabelecimento das equações empíricas e incorporados nos valores admissíveis das tensões. Existem casos, no entanto, onde uma coluna é carregada excentricamente durante seu uso. A Fig. 106 mostra uma situação onde uma coluna é excentricamente carregada em torno do eixo X – X por uma carga não axial, através de um braço preso ao lado da coluna. É possível estender as considerações teóricas que estabeleceram a equação de Euler, levando em conta a excentricidade da carga. A equação resultante é conhecida como fórmula da secante (já deduzida e usada no começo da unidade). É uma equação de uso, algumas vezes complicado, e soluções diretas às vezes não são possíveis. Um método alternativo de projeto pode ser obtido considerando a ação de uma força central Fo e uma força excêntrica F, aplicadas separadamente (princípio da superposição de cargas). Os esforços na coluna são considerados como os de uma carga cêntrica (Fo+F) e um momento (Fe). As tensões provenientes da carga axial e do momento são consideradas como aditivas algebricamente e não devem exceder à tensão crítica admissível. Assim: ( )F F A Fec I o c + + ≤ σ (10.14) No entanto a tensão admissível para uma coluna é uma função de seu índice de esbeltez, enquanto que a tensão admissível à flexão não está relacionada com este índice. Para levar em consideração esta condição, os membros do lado esquerdo da equação (10.14) serão divididos pelas tensões admissíveis que lhes correspondem: tensão de compressão da solicitação axial, dividida pela tensão crítica admissível; tensão de compressão de flexão, dividida pela tensão admissível à flexão. O membro do lado direito será dividido pela tensãocrítica admissível e a equação (10.14) se transforma na equação abaixo: ( )F F A Fec Io c f + + ≤ / / σ σ 1 (10.15) Esta equação tem o nome de fórmula da interação. Unidade 10 – FLAMBAGEM Página 179 Onde: (Fo+F)/A é a tensão axial aplicada. σ c é a tensão crítica admissível se somente atua força axial (cêntrica). Fec/I tensão de flexão aplicada. σ f tensão de flexão admissível se atua somente flexão pura. ytf S6,0=σ esta relação pode ser usada quando não se conhece o valor da tensão admissível à flexão. Figura 106 A equação (10.15) pode ser escrita da seguinte forma caso haja flexão simultânea em torno de XX e YY, os dois eixos centrais de inércia: ( ) 1I/FecI/FecA/FF YfXfc o ≤ + + + σσσ (10.16) A equação acima é sugerida pela AISC. É recomendável que o termo ( ) 15,0A/FoF c ≤ + σ O índice de esbeltez usado para cálculo da tensão crítica admissível é o maior índice de esbeltez, independente do eixo em relação ao qual se processará a flexão. BIBLIOGRAFIA BEER, Ferdinand P. J, RUSSEL, Resistência dos Materiais, McGraw Hill. BELYAEV, N. M., Strenght of Materials, Editorial Mir, Moscou. PFEIL, Walter, Estruturas de Aço, Vol. 1, 4ª ed, Livros Técnicos e Científicos S. A. PSARENKO e outros, Manual de Resistencia de Materiales, Editorial Mir, Moscou. SILVA Jr., Jayme F., Resistência dos Materiais, Ao livro Técnico S. A. Unidade 10 – FLAMBAGEM Página 180 EXERCÍCIOS RESOLVIDOS Exercício 10.1 Os cabos esticados, BD e BC, evitam deslocamento do ponto B no plano xz. Sabendo-se que a altura do perfil I é de 4,5m e que o mesmo é engastado em A, em todas as direções, pede-se o valor de P admissível. Dados: Ix = 2000 cm4, Iy = 142 cm4, A = 29 cm2 Para λ ≥ 105: σc = 10363000 / λ2 (kgf/cm2) Para λ 108,4 ⇒ 142,35 = λ crítico 2 2c cm/kgf4,511 35,142 10363000 ==σ cP = 511,4 . 29 ⇒ P = 14831 kgf Unidade 10 – FLAMBAGEM Página 181 Exercício 10.2 Uma coluna de alumínio de seção transversal retangular tem comprimento L e extremidade engastada B. A coluna suporta uma carga cêntrica em sua extremidade. Na extremidade A da coluna existem duas placas lisas de cantos arredondados que impedem essa extremidade de se movimentar em um dos planos verticais de simetria da coluna, mas não impede movimento na direção de outro plano. a) Determinar a relação a/b entre os lados da seção transversal que corresponde à solução de projeto mais eficiente contra a flambagem. b) Determinar a seção transversal mais eficiente sabendo-se que: L = 50 cm, P = 2000 kgf e adotar um coeficiente de segurança igual a “2”. Solução: Condição do problema: λz = λy a2 12l2 ab12 ba l70 3z ..., ==λ (I) b 12l2 ab12 ab l2 3y ... ==λ (II) Fazendo (I) = (II): b 4 2a = 1ª hipótese: λy = λz = λ > 64 2 a4a 2000 a 51222 7170000 a 5122 a4 24l2 2 .,. ,.. = →==λ a = 1,3 cm 64294 31 5122 >==→ , , ,λ (Confirma região elástica) Unidade 10 – FLAMBAGEM Página 182 Exercício 10.3 Uma coluna com extremos articulados, é construída com um perfil U. Uma carga P atua paralela ao eixo, à 2 cm do centro de gravidade da seção. Determinar, para P = (1/3) Pc: a) Deflexão máxima b) Tensão máxima de tração e compressão Características geométricas da coluna: A = 21,8 cm2 Iy = 54,9 cm4 Ix = 1360 cm4 largura da aba = 5,74 cm altura da seção = 20,3 cm l = 300 cm E = 2,1 x 106 kgf/cm2 Solução: a) 2 2 2 2 cc )300( 9,54.2100000.)14,3( l EIPP 3 1P ==⇒= π kgf4214P 3 1Pkgf12643P cc ==→= kgf1200S yc = ; kgf4214Kgf261608,21.1200Pesc >== −= 1 2 klseceδ ; 9,0 2 300.006,0 2 kl == ; sec (0,9)rad = 1,6 δ = 2 (1,6 – 1) ⇒ δ = 1,2 cm b) Braço do momento no meio da coluna = 2 + 1,2 = 3,2 cm Mmáx = P (e + δ) = 4214 . 3,2 = 13485 kgf . cm 9,54 45,1.13485 8,21 4214 A −−=σ ⇒ σA = - 549 kgf / cm2 9,54 )45,174,5.(13485 8,21 4214 B − +−=σ ⇒ σB = + 860 kgf / cm2 Unidade 10 – FLAMBAGEM Página 183 Exercício 10.4 A lâmina de aço indicada na Figura abaixo, bi-engastada, faz parte de um sistema regulador de refrigeração. O projeto requer que um aumento de temperatura de 40ºC faça com que a lâmina encoste em A ou B. Qual deve ser o comprimento da lâmina? Seção transversal da lâmina = 0,1 x 0,5 cm Coeficiente de dilatação térmica do aço = 2 x 10-5 / ºC Módulo de elasticidade do aço = 2,1 x 106 kgf/cm2 Supor trabalho na região elástica (λ > 105). Solução: 2 e 2 c lA EIπσ = ; tt .E εσ = ; )t.(.E)t.( tt ∆ασ∆αε =→= Logo: t c σσ = I = 4,1.10 -5 cm4; A = 0,05 cm2 2 2 )l.5,0(A EI)t.(.E π∆α = ⇒ 2 52 5 l.05,0 4.10.1,4.14,340.10.2 − − = l = 6,4 cm 1057,111 05,0 10.1,4 4,6.5,0 A I l. 5 >=== − αλ (Confirma trabalho na região elástica) Unidade 10 – FLAMBAGEM Página 184 Exercício 10.5 Uma coluna bi-rotulada tem comprimento de 3,5 m e é formada por quatro tábuas de 30 x 120 mm de seção transversal. Determinar a carga crítica admissível para cada uma das formas abaixo. Solução: 2 comp cm/kgf85=σ ; 64lim =λ ; 2cm/kgf94250E = 64≥λ ; 2 2 c .4 E λ πσ = 64 64 → 23c =σ Pc = 3312 kgf Forma b) I =3672 cm4 , i = 5,05 → λ = 69,3 > 64 → 9,48c =σ Pc = 7072 kgf Unidade 10 – FLAMBAGEM Página 185 Exercício 10.6 A armação de liga de alumínio, conectada por pinos, suporta uma carga concentrada P. Admitindo que a flambagem possa ocorrer apenas no plano da armação, determinar o valor de P que provocará instabilidade no sistema. Supor que o elemento trabalha dentro do regime elástico. Os membros têm seção quadrada de 5 x 5 cm. O módulo de elasticidade do alumínio é: 0,7 x 106 kgf/cm2. Solução: Σ Fx = 0 → X sen 54º - N sen 38º = 0 ∴ N76,0 º54sen º38senNX == Σ Fy = 0 → P - N cos 38º - X cos 54º = 0 ∴ P = 1,2 N Unidade 10 – FLAMBAGEM Página 186 AB: 64165 5 12238AB >==λ 2 2c cm/kgf263 165 7170000 ==σ ; X = 263 . 25 = 6575 kgf X = 0,76 N → N = 8651 kgf; P = 1,2 N → P = 10381 kgf BC: 64123 5 12177BC >==λ 2 2c cm/kgf474 123 7170000 ==σ ; N = 474 . 25 = 11850 kgf P = 1,2 N → P = 14220 kgf Padotado = 10381 kgf e AB trabalha no limite e BC trabalha com folga! Unidade 10 – FLAMBAGEM Página 187 Exercício 10.7 A coluna AB com ligação tipo pino e garfo, em A e B, é constituída por um perfil U de alumínio com as características abaixo. Ela tem 3m de comprimento e é travada ao meio em torno do eixo X. Pede-se: a) Índice de esbeltez em torno de X (plano YZ). b) Índice de esbeltez em torno de Y (plano XZ). c) Carga crítica de AB (coeficiente de segurança 2). d) Valor de P máximo, adotado um coeficiente de segurança 2. Perfil U: Ix = 5,61 cm4 Iy = 22,8 cm4 A = 6,16 cm2 078 e 157 > 64 5,145 157.2 7170000 2c ==σ ⇒ X = 145,5 . 6,16 ⇒ X = 896 kgf P – X . cos 60º = 0 ⇒ P = 448 kgf Unidade 10 – FLAMBAGEM Página 188 Exercício 10.8 Determinar a maior carga P que pode ser suportada, com segurança, por um perfil I, de aço, que forma uma coluna de 4,5m de comprimento de flambagem nas duas direções. A excentricidade ocorre em torno de XX e vale 20 cm (a carga P está aplicada sobre o eixo YY). Dados: A = 94,8 cm2, iX = 13,16 cm, iY = 4,98 cm, WX = 1058 cm3 Para: λ σ λ≥ =105 10363000 2 , / kgf / cmc 2 Para:dos cosenos dos planos principais existirá somente se o denominador for nulo. Este sistema terá uma solução diferente de zero, se o determinante dos coeficientes de 1, m e n for nulo. Logo: 0 )( )( )( pzzyzx yzpyyx xzxypx = − − − σσττ τσστ ττσσ (1.10) O desenvolvimento deste determinante dará origem à equação cúbica abaixo: 0)2 ().().( yzxzxy 2 xyz 2 xzy 2 yzx zyxp 2 yz 2 xz 2 xyzyzxyx 2 pzyx 3 p =+−− −−−−−+++++− ττττστστσ σσσστττσσσσσσσσσσσ (1.11) Pode ser demonstrado que as três raízes da equação (1.11) são reais, pois a matriz é real e simétrica. Estas serão os valores das tensões normais principais. Levando cada valor em troca na equação (1.9) e acrescentando ainda a relação l2 + m2 + n2 = 1, pois no sistema de equações lineares e homogêneas (1. 9) uma equação é combinação linear das outras duas, obtém-se três conjuntos de cosenos diretores que localizarão as normais aos três planos onde atuam as tensões normais principais. Como a matriz (1.10) é simétrica, as três direções principais são sempre tri-ortogonais. Concluímos que: Existem três planos, mutuamente perpendiculares, onde atuam as tensões normais principais. É evidente que as t. n. p., que são as raízes da equação cúbica (1.11), são determinadas pela natureza do estado de tensão em um ponto e não dependem do sistema de referência admitido. Assim, ao girarmos o sistema original, x, y, z, os valores dos coeficientes da equação (1.11) não deverão alterar-se. Devido a isto, estes coeficientes são chamados de invariantes do estado de tensão. São eles: 321 zzyzx yzyyx xzxyx 3 323121 2 yz 2 xz 2 xyzyzxyx2 zyx321zyx1 I I ```I σσσ σττ τστ ττσ σσσσσστττσσσσσσ σσσσσσσσσ == ++=−−−++= ++=++=++= Se I3 = 0, uma das raízes da equação (1. 11) será nula. Neste caso, o estado de tensão é plano. Se I2 = I3 = 0, duas raízes da equação (1.11) serão nulas. O estado de tensão correspondente é monoaxial. Unidade 1 – NOÇÕES SOBRE ESTADO TRIPLO DE TENSÃO Página 12 Se os eixos de referência, x, y e z, coincidem com as direções das tensões normais principais, as equações (1.5) continuam sendo válidas com as seguintes modificações: 0 , 3z yzxzxy2y 1x σσ τττσσ σσ = ==== = Logo: 3 z 3 2 y 2 1 x 1 T =n . T =m . T =l . σ σ σ σ σ σ nT mT lT z y x = = = Mas: l2 + m2 + n2 = 1 Teremos então: 1 2 3 2 2 2 2 2 1 2 =++ σσσ zyx TTT Se Tx, Ty e Tz são considerados como as coordenadas das extremidades do vetor tensão, o lugar geométrico das extremidades do vetor é um elipsóide (Figura 12), cujos semi- eixos são as tensões normais principais. Este elipsóide é denominado de elipsóide das tensões. Figura 12 Pode-se concluir, examinando a Figura 12, que duas das t. n. p. são as tensões normais máxima e mínima no ponto. A outra t.n.p. é intermediária em valor. Um caso particular de tensões é o das chamadas tensões octaédricas. Em primeiro lugar, vamos definir planos octaédricos como sendo aqueles cujas normais fazem ângulos iguais com as direções normais principais. São em número de oito (Figura 13). As tensões que atuam nos planos octaédricos são as tensões octaédricas. Logo: Unidade 1 – NOÇÕES SOBRE ESTADO TRIPLO DE TENSÃO Página 13 Figura 13 )( 3 1)( 9 3 )kji( 3 3).kji( 3 3 N.T )33(T ,)33(T ),33(T nm31=l 13l 1nml 321321oc 321oc oc 3z2y1x 2222 σσσσσσσ σσσσ σ σσσ ++=++= ++++= = === ==±∴=∴=++ (1.12) Como 1321 I=++ σσσ , um invariante: )()()( 3 1 T 3 3T )kji( 3 3T )( 3 1I 3 1 2 13 2 32 2 21oc 2 oc 2 oc 2 3 2 2 2 1 321 zyx1oc σσσσσστ στ σσσ σσσ σσσσ −+−+−= −= ++= ++= ++== (1.13) 1.7 - COMPLEMENTAÇÃO Objetivos: - Definir cisalhamento puro no estado triplo - Definir estado de tensão hidrostático. O estado de cisalhamento puro existe se um sistema particular de eixos Oxyz pode ser determinado satisfazendo a seguinte condição: σx = σy = σz = 0. Este sistema particular de eixos existe, se, e somente se, o primeiro invariante das tensões, I1 = 0. Unidade 1 – NOÇÕES SOBRE ESTADO TRIPLO DE TENSÃO Página 14 Matricialmente: 0 ou 0 0 0 zyzx yzxyyx xzxyx zyzx yzyx xzxy ττ τσστ ττσ ττ ττ ττ −= Em ambos os casos, I1 = 0. Por definição, um estado é hidrostático se: σx = σy = σz = -p , e todas as tensões tangenciais desaparecem. Matricialmente: p00 0p0 00p − − − Um estado de tensão qualquer pode ser separado em um estado de cisalhamento puro mais um estado de tensão hidrostático. De fato: = zzyzx yzyyx xzxyx σττ τστ ττσ p00 0p0 00p − − − + )p( )p( )p( zzyzx yzyyx xzxyx + + + σττ τστ ττσ (Estado hidrostático) (Cisalhamento Puro) Desde que: ( )σx p+ + ( )σy p+ + ( )σ z p+ = 0 Ou: 1zyx I. 3 1)( 3 1p −=++−= σσσ BIBLIOGRAFIA HIGDON e outros. Mecânica dos Materiais. 3ª ed. Guanabara Dois FEODOSIEV, I. Resistencia de Materiales .Editorial Mir. Moscou. DALLY & RILEY. Experimental Stress Analysis. McGraw-Hill. 2ª ed. Unidade 1 – NOÇÕES SOBRE ESTADO TRIPLO DE TENSÃO Página 15 EXERCÍCIOS RESOLVIDOS Exercício 1.1 – (Para recordar estado plano de tensão) Determinar as tensões normal e tangencial que aparecem no cordão de solda do tubo de parede fina indicado abaixo. Dados: Diâmetro médio do tubo = 30 cm Espessura da parede = 0,8 cm Pressão interna aplicada = 100 kgf/cm2 N = 30000 kgf; T = 800000 kgf.cm.; Ângulo da solda = 30º Tensão normal admissível no cordão de solda = 900 kgf/cm2 Tensão tangencial admissível no cordão de solda = 600 kgf/cm2 Solução: A=π . Dm . e = 75,36 cm2 , Ip = π.(Re 4 - Ri 4)/2 = 16980 cm4 Análise de um ponto na face externa: Calculando a tensão normal devido a N temos: 2N cm kgf398 36,75 30000 ==σ Calculando as tensões devido a pressão interna p temos: cm kgf1876 cm kgf1336938398 : resultante oa~Tens cm kgf938 2 cm kgf1876 e R.p 2x 2y 2 c l2c = =+= ==== σ σ σ σσ Cálculo da tensão tangencial resultante devido ao torque: cm kgf726 16980 4,15.800000 I r.T 2 p xy ===τ Círculo de Mohr: 60059450sen77550senR 900210450cos775160650cosROC 70= 775 726= sen775=R 1606=OC N N =+=+= τ σ θθ Unidade 1 – NOÇÕES SOBRE ESTADO TRIPLO DE TENSÃO Página 16 A solda não suporta o carregamento !!! Unidade 1 – NOÇÕES SOBRE ESTADO TRIPLO DE TENSÃO Página 17 Exercício 1.2 Para os pontos A e B da peça indicada abaixo, da seção quadrada sob torção- solicitação axial, pede-se: 1 - definir os estados de tensão de A e B. 2 - tensões normais principais. 3 - tensão tangencial principal maior. T = 500 kgf.cm P = 1000 kgf Lado a = 2cm α = 0,208 Solução: 1) σN= P/A τA=T/α.a.b2 σN= 250 kgf/cm2 τA= 300 kgf/cm2 2) B: σ1=250 , σ2=σ3=0 , A: σ1=450 , σ2=0 , σ3=-200 3) B: τ1,3=125 A: τ1,3=325 Unidade 1 – NOÇÕES SOBRE ESTADO TRIPLO DE TENSÃO Página 18 Exercício 1.3 Para o eixo de seção circular maciça indicado abaixo, sob T = 1000 kgf.cm, pede-se: 1 - definir o estado de tensão do ponto A. 2 - matriz do tensor tensão de A. 3 - círculos de Mohr de A. 4 - cálculo das tensões normais principais de A. 5 - cálculo das tensões octaédricas de A. Raio = 2 cm Ip = 25,12 cm4 τxy = -80 kgf/cm2 Solução: 1) 2 ) 0 80 0 80 0 0 0 0 0 − − 3) 4 ) σ1=80 ; σ2=0 , σ3=-80 5) σOCT=0τOCT= 65,6 Unidade 1 – NOÇÕES SOBRE ESTADO TRIPLO DE TENSÃO Página 19 Exercício 1.4 Um vaso cilíndrico de ferro fundido com diâmetro médio de 0,2 m possui paredes de espessura h = 10 mm. A pressão dentro do vaso é p = 4 MN/m2. O vaso é também comprimido por forças N = 200 kN. Determinar o estado de tensão de um ponto situado próximo à face interna. Solução: MPa26 4000 040 0012- ) m/MN( 12 ,4 ,40= ,m/MN32 10.10..2,0 10.200 m/MN20 m/MN40 10.10 1,0.4 h R.p 1,3 2 32 1 2 3 3 N 2 L 2 3C =− −=−=−=−= ==== − − τ σσσ π σ σσ Unidade 1 – NOÇÕES SOBRE ESTADO TRIPLO DE TENSÃO Página 20 Exercício 1.5 Um anel de aço de seção circular é encaixado contra um eixo de um material rígido, sem pressão de contato. Se o anel é resfriado de 40º C, pede-se definir o estado de tensão de um ponto do anel em contado com o eixo. Solução: Para o anel: E = 2.106 kgf/cm2 α= 125.10-7 /ºC ν = 0,3 d= 1,6 cm A= 2 cm2 ) cm kgf( 78 ,0 ,6,976 , cm kgf6,976 cm kgf78=p )3,05,12( 10.2 p)p3,0( 10.2 140.125.10 =anel do ncialcircunfere deformação t= p5,12 6,1 20p e R.p 23212 266 7- x eso~tens −==== +=+= === σσσσ σ ε∆αεσ Unidade 1 – NOÇÕES SOBRE ESTADO TRIPLO DE TENSÃO Página 21 Exercício 1.6 Para a viga esquematizada ao lado, pede-se: 1 - definir os estados de tensão de A e B. 2 - representação matricial de A e B. 3 - tensões normais principais de A e B, 4 - tensão tangencial principal maior de A e B. Dados: α = 0,232; η = 0,859 Solução: == === = ==→= = ===→→= ===→= 149.859,0 4,1724.3.232,0/480../ /20 5,4.2 )75,0.5,1.2(80 . 20 0. 0= /533 5,4 5,1.20.80 12 2.3=I 533 /1673.2/1000//167 2 2 B A 2 3 22 AB A s AA B N baTT cmkgf Ib VMV cmkgf I MY M cmkgfANcmkgf ττ ατ ττ τ σ σσ σσ 1) 2) 7000149 000 14900 :B , 1674,1920 4,19200 000 :A − − 3) 30 0 730 B; 2,126 0 2,293 A 3 2 1 3 2 1 −= = = −= = = σ σ σ σ σ σ . 4) A: τ1,3=210 B: τ1,3= 380 Unidade 1 – NOÇÕES SOBRE ESTADO TRIPLO DE TENSÃO Página 22 Exercício 1.7 Definir o estado de tensão do ponto A da Figura abaixo, calculando as tensões normais principais deste ponto. O cubo é feito de material deformável e o anteparo de material rígido. Coeficiente de Poisson do material do cubo = 0,3 p = 600 kgf/cm2 Solução: )(kgf/cm 600 , 180 ,0 180 0))(( E 1 0 2 321 xzyxx −=−== −=∴=+−∴= σσσ σσσνσε = −= ++−−= cm/kgf8,253 cm/kgf260 )kji( 3 3).k 3 3600j 3 3180i0( 2 oct 2 oct oct τ σ σ Unidade 1 – NOÇÕES SOBRE ESTADO TRIPLO DE TENSÃO Página 23 Exercício 1.8 Definir o estado de tensão para o ponto A do sistema abaixo, calculando as tensões normais principais para este ponto. Determinar ainda as tensões octaédricas de A. p = 600 kgf/cm2 Coeficiente de Poisson = 0,4 Solução: σx= σz ( )[ ] [ ]ε σ ν σ σ νσ σ σ σ σ x x z x z x E E kgf cm = = − − = − + = − ∴ = = − = − 0 1 600 1 240 400 400 6002 2 , 1 3 ( / ) ( ) ( )σ σ τ σ oct oct oct oct i j k i j k T = − − − + + = − = − = − = 3 3 400 400 600 3 3 466 7 228752 466 7 104 62 2 2 . , , , Unidade 1 – NOÇÕES SOBRE ESTADO TRIPLO DE TENSÃO Página 24 Exercício 1.9 Um eixo de cobre é ajustado sem pressão dentro de uma camisa de aço. Após, é aplicada uma pressão de 500 kgf/cm2 contra o eixo. Pede-se: 1 - definir o estado de tensão para os pontos A e B. 2 - determinar a tensão tangencial principal maior para A e B. 3 - determinar as tensões octaédricas de A e B. Módulo de elasticidade do cobre = 1.106 kgf/cm2. Coeficiente de Poisson = 0,33 Módulo de elasticidade do aço = 2.106 kgf/cm2. Coeficiente de Poisson = 0,30 Raio externo = 10,5 cm Raio interno = 10,0 cm Solução: 1) Unidade 1 – NOÇÕES SOBRE ESTADO TRIPLO DE TENSÃO Página 25 ( )[ ] ( )[ ]ε εc A c B P P P P P P P cm = ∴ − − − − = − − − + = = 1 1.10 kgf 6 0 33 500 1 2 10 20 0 3 1 34 330 20 3 15 25 6 2 , . , , , , / Para o ponto A temos: Para o ponto B temos: σ1 = σ2 = -15,25 kgf/cm2 σ1 = 305 kgf/cm2 , σ2 = 0 σ3 = -500 kgf/cm2 σ3 = -15 ,25 kgf/cm2 Cálculo das tensões octaédricas e da tensão tangencial máxima para o ponto A. 2 1,3 2 oct 2 oct 2 octoct 222 oct kgf/cm 5,242 kgf/cm 228= T= 177 3 5003,153,15 kgf/cm 2895002.)3,15( 3 1=T N.T )k+j+i( 3 1=N 3 1).k500-j15,3-i(-15,3=T 3 1nml = −−= −−− = =+= === τ τστσ σ Analogamente para o ponto B temos: σ τ τ oct oct = = = 96 7 148 4 1601 3 , , , kgf / cm kgf / cm kgf / cm 2 2 2 Unidade 1 – NOÇÕES SOBRE ESTADO TRIPLO DE TENSÃO Página 26 Exercício 1.10 Um anel de latão de 130 mm de diâmetro externo encaixa-se perfeitamente dentro de um anel de aço de 130 mm de diâmetro interno, quando a temperatura dos dois anéis é de 10ºC. Sabendo-se que a temperatura dos anéis é aumentada para 50º C, determinar: 1 - estado de tensão de A e B. 2 - tensões normais principais de A e B. Dados: Espessura do anel de aço = 3 mm Espessura do anel de latão = 6 mm E ν α Latão 103 GN/m2 0,33 20,9.10-6/ºC Aço 200 GN/m2 0,30 11,7.10-6/ºC σ c p p= − = − 65 5 10 83, σ c p p= = 65 3 2167, Solução: δL = variação do raio do latão δA = variação do raio do aço ( ) ( ) ( ) 2 6 99 AALL ALAL m/MN74,1p 40.10.7,119,2030,067,21 10.200 133,083,10 10.103 1p .R ,.R t)(R = −= +++−− == −=+ − εδεδ ∆ααδδ σ1 = 0 MPa σ1 = 37,7 MPa σ2 = -1,74 MPa σ2 = 0 MPa σ3 = -18,8 MPa σ3 = -1,74 MPa Unidade 2 - TEORIAS DE RESISTÊNCIA Página 27 2. TEORIAS DE RESISTÊNCIA OBJETIVOS: - Definir material frágil e dútil. - Definir coeficiente de segurança. - Definir tensão equivalente. - Definir a teoria da máxima tensão normal. - Definir a teoria da máxima tensão tangencial. - Definir a teoria da energia de distorção - Definir a teoria de Coulomb-Mohr. - Aplicar, convenientemente, as diversas teorias de resistência, ao dimensionamento de peças. 2.1 - INTRODUÇÃO A ruína, destruição ou falha de uma estrutura pode-se processar de três maneiras diferentes: perda de estabilidade, deformação excessiva ou porque, em um determinado ponto da peça, as tensões atingiram um valor tal que a mesma não tem mais condições de suportar. É do estudo deste último tipo de falha que tratam as teorias ou critérios ou hipóteses de resistência. Chamaremos esta falha de falha estrutural. A estrutura não cumpre mais as condições para as quais foi projetada. Até agora estudamos casos de dimensionamento envolvendo peças sujeitas a um estado de tensão mono-axial (tração ou compressão) ou a um estado bi-axial simples (cisalhamento puro). Nestes casos, o problema do estabelecimento da segurança é intuitivo; basta determinar a tensão que produz a falha, seja por tração ou compressão ou corte, e afetar os resultados de um coeficiente de segurança, obtendo deste modo, um critério para apreciação da medida do perigo de falha. Vejamos agora o caso em que o ponto mais tensionado da peça está sujeito a um estado de tensão qualquer. Com o auxílio do estudo feito em “Noçõessobre estado triplo de tensões”, podemos calcular as três tensões normais principais que atuam neste ponto: σ1, σ2 e σ3. Quais os valores das tensões limites, σ1,lim, σ2,lim e σ3,lim que se desenvolverão quando o material estiver na iminência de falha? Responder a esta pergunta significa achar os valores seguros de σ1, σ2 e σ3. O problema é muito complexo. A dificuldade relacionada com a elaboração de uma teoria de resistência está na insuficiência de nossos conhecimentos sobre os processos internos que têm lugar no material. A física do estado sólido não nos brinda, até o momento, com a possibilidade de aprofundar o micro mecanismo da deformação plástica e ruptura, até onde requerem os cálculos práticos. Assim, a maneira mais garantida de resolver este problema consiste em ensaiar um corpo de prova com a proporção das tensões principais dadas até a sua ruína (ruptura ou início de escoamento) e estabelecer os valores seguros de σ1, σ2 e σ3. Este método deve ser abandonado por exigir um ensaio para cada combinação possível de tensões normais principais. Além disto, estes ensaios são complicados, pois exigem máquinas e dispositivos sofisticados. Resulta ser necessário dispor de uma teoria ou hipótese que discrimina, de uma maneira arbitrária, mas com bom senso, o fator responsável pela falha, sem recorrer toda vez à ensaios trabalhosos, limitando-se ao conhecimento dos resultados dos ensaios de tração e Unidade 2 - TEORIAS DE RESISTÊNCIA Página 28 compressão do material da peça. Tais fatores poderiam ser tensões (normal ou tangencial), deformações e até mesmo energia de deformação. Rigorosamente falando, a cada material corresponde uma teoria própria. Entretanto, referindo-se a materiais isótropos, pode-se dizer que é possível reuni-los em dois grandes grupos: materiais frágeis e dúteis. Em virtude disto, várias hipóteses serão formuladas, de acordo com os tipos diferentes de falha do material empregado. Certos materiais não se enquadram em nenhuma das teorias conhecidas (concreto armado, madeira). Sua resistência é calculada através de fórmulas empíricas estabelecidas pelas normas brasileiras. A validade do critério ou hipótese se verificará pela comparação com o comportamento real do material, através de ensaios, sob solicitação combinada, realizados em laboratório. Sob o ponto de vista físico, os materiais isótropos podem sofrer dois tipos principais de destruição ou falha: 1- destruição frágil, característica dos materiais frágeis e dos maciços pulverulentos (areia, argila, etc.). Para estes materiais, a destruição se verifica quando há separação de umas partículas das outras. A tensão normal trativa é a principal responsável por este tipo de falha. 2- destruição dútil, característica dos materiais dúteis. Consiste no deslizamento de partículas do material, segundo planos preferenciais e é acompanhada de grandes deformações. A tensão tangencial é a principal responsável por este tipo de falha. Um material é frágil quando a análise de seu diagrama tensão deformação apresenta, praticamente, a fase elástica (admite-se até 5% de alongamento) como resultante de todo o ensaio. O material não possui escoamento nem fase plástica; sua ruptura acontece logo após o regime elástico. Exemplos de materiais frágeis: ferro fundido, concreto, vidro, cerâmica, tijolo, etc.. Um material é dútil quando a análise de seu diagrama indicar uma apreciável deformação plástica antes de sua ruptura. Exemplo: todos os metais, de modo geral. Podemos ter dois casos: 1- material dútil com escoamento definido: o diagrama tensão deformação possui o patamar horizontal (Fig. 14). Exemplo: todo aço para concreto armado classe A (CA-50A, etc.). 2- material dútil sem escoamento definido: o diagrama tensão deformação não possui o patamar horizontal. Neste caso, o final da fase elástica é definido pela tensão (limite) de escoamento convencional que corresponde para a maioria dos aços à tensão obtida através de uma deformação residual de 0,2%. Exemplo: todo aço para concreto armado classe B (CA- 60B, etc.) (Fig. 16). Uma característica comum aos materiais dúteis é que eles possuem limite de escoamento a tração igual ao limite de escoamento à compressão. Já os materiais frágeis possuem o limite de ruptura a compressão maior do que o limite de ruptura a tração. Unidade 2 - TEORIAS DE RESISTÊNCIA Página 29 A Figura 14 apresenta um diagrama tensão deformação de um aço dútil com escoamento definido. O diagrama cheio é o convencional, que é mais usualmente empregado. O pontilhado é o diagrama real ou verdadeiro, que por enquanto não apresenta maior interesse para este estudo. No diagrama convencional a área do corpo de prova é considerada constante, para efeito de cálculo de tensão, durante todo o ensaio. Na realidade, a área da amostra varia (diminui) para cada incremento de carga aplicado. Na confecção do diagrama real este fato é levado em consideração e obtém-se o diagrama pontilhado indicado na Figura 14. A Figura 15 apresenta diagramas de material frágil e dútil (sem escoamento definido). A Figura 16 indica como se obtém o limite de escoamento convencional para um aço sem escoamento definido. A fragilidade e ductilidade de um material dependem dos seguintes fatores: temperatura, velocidade de aplicação de carga e estado de tensão que o solicita. Um material pode ter um comportamento dútil à 20ºC e frágil à -20ºC. Algumas vezes ocorre a falha do tipo combinada: em certas regiões ocorre destruição por separação de partículas e em outras por deslizamento, em uma mesma seção. 2.1.1 - Falha de Materiais Policristalinos Completando o estudo feito anteriormente, podemos afirmar que a resistência de um material policristalino isótropo pode ser definida por duas características: pela sua resistência à separação de partículas e pela sua resistência ao deslizamento de planos cristalográficos (cisalhamento). Todo material cristalino possui estas duas resistências internas. Se a resistência ao deslizamento é maior do que a resistência à separação de partículas - materiais frágeis - a ruptura ocorre por termos ultrapassado as forças de coesão, neste caso não ocorre deformação Unidade 2 - TEORIAS DE RESISTÊNCIA Página 30 apreciável. O fator principal responsável pela ruptura é a tensão normal de tração que provoca separação de partículas. Verificamos isto no ensaio de tração de uma amostra de material frágil (ferro fundido, por exemplo). Já no ensaio de compressão de uma amostra de material frágil (ferro fundido), como não ocorrem tensões normais de tração responsáveis pela separação de partículas, o corpo de prova rompe-se por cisalhamento à 45º, aproximadamente, oferecendo maior resistência - sua resistência ao cisalhamento é maior que sua resistência à separação de partículas. Isto justifica o fato de que, para os materiais frágeis, a tensão de ruptura à compressão é maior do que a tensão de ruptura à tração. No ensaio de torção de uma amostra de material frágil, a ruptura ocorre também por separação de partículas à 45º com o eixo da peça, onde acontece a tensão normal principal positiva maior (faça a experiência com um pedaço de giz). O círculo de Mohr para o ensaio de torção (cisalhamento puro) acusa que a tensão tangencial maior é igual, numericamente, à tensão normal principal máxima que atinge o limite de ruptura à tração no instante da fratura da peça. Logo, para os materiais frágeis, a tensão tangencial que causa ruptura à torção é igual ao limite de ruptura à tração do mesmo material. Se a resistência à separação é maior do que a resistência ao deslizamento - materiais dúteis - a falha ocorrerá por cisalhamento. O fator principal responsável pela falha é a tensão tangencial. Então o deslizamento ao longo de planos inclinados se inicia em primeiro lugar. Durante o escoamento, no ensaio de tração de materiais dúteis, observa-se o aparecimentode bandas de deslizamento a 45º com o eixo da peça, em todas as direções. O círculo de Mohr do ensaio de tração indica que à 45º com a direção da carga ocorre a maior tensão tangencial, justificando a falha por deslizamento. Analogamente, no escoamento do ensaio de compressão de materiais dúteis, observam-se bandas de deslizamento à 45º em todas as direções. É a 45º que ocorre a maior tensão tangencial, confirmando a falha por cisalhamento. Considerando o material como isótropo podemos assumir, para os materiais dúteis, que o limite de escoamento à tração é igual ao limite de escoamento à compressão. Os ensaios de laboratório confirmam esta afirmativa. Finalizando, podemos dizer que toda teoria de resistência é estabelecida a partir de um dos fatores citados anteriormente (tensão, deformação ou energia), ignorando os outros, e está vinculada aos resultados dos ensaios de tração e compressão. Uma teoria tenta prever a falha de um material, sob um estado complexo de tensões, fundamentada em um fator arbitrário, regida pelos resultados dos ensaios de tração e compressão, que na realidade são ensaios monoaxiais. Para o estudo que faremos a seguir, adotaremos as seguintes convenções: Syt - limite de escoamento à tração (materiais dúteis). Syc - limite de escoamento à compressão (materiais dúteis). Sut - limite de ruptura à tração (materiais frágeis). Suc - limite de ruptura à compressão (materiais frágeis). 2.2 - TEORIA DA MÁXIMA TENSÃO NORMAL Esta teoria apresenta somente interesse histórico. Suas previsões não concordam com as experiências e seus resultados não são conservativos. A teoria da máxima tensão normal estabelece que a destruição ocorre quando a maior tensão normal principal iguala a tensão de ruptura (ou escoamento) do material. Unidade 2 - TEORIAS DE RESISTÊNCIA Página 31 Se a destruição for um escoamento (material dútil), a teoria prevê falha quando: σ1 = Syt ou σ3 = Syc (2.1) Se a destruição for uma ruptura (material frágil), a falha ocorrerá quando: σ1 = Sut ou σ3 = Suc (2.2) Esta teoria não deve ser aplicável aos materiais dúteis, pois conduz a erros grosseiros. Aos materiais frágeis, em alguns casos, ela pode proporcionar resultados satisfatórios. Vamos estudar o caso da torção pura (Figura 17-b): Neste caso: σ1 = τmáx = -σ3 e σ2 = 0; a teoria da máxima tensão normal prevê que a peça falha à torção quando τmáx = Syt. No entanto, os resultados experimentais mostram que a peça solicitada deforma permanentemente quando a tensão tangencial máxima atinge cerca de 60% do limite de escoamento a tração. Esta é uma das razões de não se recomendar esta teoria (Figura 17). Figura 17 2.3 - COEFICIENTE DE SEGURANÇA Antes de enunciar a próxima teoria vamos ampliar o conceito de coeficiente de segurança. Suponhamos conhecido um determinado estado de tensão. Aumentando proporcionalmente todas as componentes deste estado de tensão, isto é, modificando-o de modo que ele permaneça semelhante, vamos chegar, cedo ou tarde, na iminência de falha do material. Coeficiente de segurança é o número que informa quantas vezes devem-se aumentar, simultaneamente, todos os componentes do estado tensional dado para que ele se transforme no estado tensional limite (iminência de falha). Se dois estados de tensão têm o mesmo coeficiente de segurança, eles são igualmente perigosos. Deste modo, podemos comparar diversos estados tensionais segundo seu grau de perigo, através do coeficiente de segurança. O coeficiente de segurança de uma peça é o coeficiente de segurança de seu ponto mais perigoso. Unidade 2 - TEORIAS DE RESISTÊNCIA Página 32 2.4 - TENSÃO EQUIVALENTE OU DE COMPARAÇÃO Suponhamos conhecido um determinado estado de tensão, através de suas tensões normais principais. Tensão equivalente a este estado de tensão (σeq), é a tensão que deve ser aplicada a uma barra tracionada para que seu estado de tensão seja igualmente perigoso ao estado de tensão do ponto dado; a amostra tracionada e o ponto têm o mesmo perigo de falha. A tensão equivalente é obtida, em função das tensões normais principais, através de uma teoria de resistência. Deste modo, pode-se considerar resolvido o problema da medida do perigo de um estado de tensão. A Figura 18 abaixo, ilustra o que foi dito. Figura 18 O ponto A, apresenta o mesmo perigo que o ponto B. O coeficiente de segurança do ponto B obtém-se através da expressão: eq ytS n σ = (2.3) Este é também o coeficiente de segurança do ponto A. Em dimensionamento, muitas vezes é usada a tensão admissível, cuja expressão é: n S S yt yt = (2.4) A sua utilização dispensa o conhecimento do limite de escoamento e do coeficiente de segurança. A expressão de dimensionamento fica a seguinte: n S S yt yteq ==σ (2.5) 2.5 - TEORIA DA MÁXIMA TENSÃO TANGENCIAL OU DE TRESCA A maior tensão tangencial que aparece no ponto mais tensionado de uma peça, não deve exceder à metade do limite de escoamento a tração, obtido através de um ensaio de tração realizado com o mesmo material da peça. Unidade 2 - TEORIAS DE RESISTÊNCIA Página 33 Esta teoria é comprovada, experimentalmente, somente para materiais dúteis. De acordo com o seu enunciado sua expressão analítica é: 2 S 2 yt31 3,1max ≤== −σσ ττ (2.6) Simplificando: σ1 - σ3 ≤ Syt Nesta teoria a tensão equivalente é expressa assim: σeq = σ1 - σ3 e o coeficiente de segurança (expressão 2.3) eq ytSn σ = Representando a teoria, através do processo gráfico de Mohr, conclui-se que todos os estados de tensão, representados por círculos, que estão situados na região hachurada, satisfazem a esta teoria, ou seja, a teoria declara como seguros (Figura 19). Figura 19 É importante lembrar que Syt /2 é a intensidade da tensão tangencial máxima que acontece no momento do escoamento de uma amostra tracionada (observar o círculo de Mohr da Figura 20). Com base nisto, a teoria da máxima tensão tangencial pode ser enunciada assim: "a tensão tangencial máxima, no ponto mais perigoso, não pode ultrapassar a tensão tangencial máxima que ocorre no momento do escoamento no ensaio de tração". Assim: τmáx (peça) ≤ τmáx (ensaio de tração) Figura 20 (amostra tracionada, no momento do escoamento) Unidade 2 - TEORIAS DE RESISTÊNCIA Página 34 Esta teoria estabelece que o escoamento a torção ocorre quando: Ssy = 0,5 Syt, onde Ssy é a tensão tangencial de escoamento a torção. Conforme já relatamos, os resultados experimentais mostram que: Ssy = 0,6 Syt; resultado muito próximo ao fornecido pela teoria de Tresca. Neste caso esta teoria é conservativa, ou seja, mais segura. Para materiais dúteis sujeitos a um estado plano de tensões, a teoria estabelece como contorno limite aquele que é indicado na Figura 21, ou seja, ABCDEF. Figura 21 Com efeito: Se σa e σb são as tensões normais principais do estado plano e se ambas são positivas ou negativas, uma delas é uma tensão principal σ1 (se ambas forem positivas) ou σ3 (se ambas forem negativas). No primeiro caso, a menor tensão normal principal é σ3 = 0 e no segundo, a maior tensão normal principal é σ1 = 0. Se σa > 0, e σb > 0, implica em: σ1 = σa = Syt, σ2 = σb e σ3 = 0 → σeq = σ1 = σa = Syt ou σ1 = σb = Syt, σ2 = σa e σ3 = 0 → σeq = σ1 = σb = Syt o que resultano trecho ABC do primeiro quadrante (Figura 21). Se σa2.8 - FALHA DE MATERIAIS DÚTEIS Vamos resumir os resultados das três teorias já definidas e compará-los com os resultados experimentais. A teoria da máxima tensão normal somente apresenta interesse histórico. Sendo σa e σb as tensões normais principais do estado plano e estabelecendo como eixo horizontal o de σa e vertical o de σb as três teorias fornecem os gráficos apresentados na Figura 25. Os resultados de laboratório indicam que a teoria da energia de distorção prevê escoamento com grande precisão nos quatro quadrantes. Esta teoria é a mais exata. A teoria da máxima tensão tangencial proporciona resultados mais conservativos, pois seu gráfico representativo está dentro da elipse da teoria de Von Mises. Pode-se observar que a teoria da máxima tensão normal coincide com a teoria da máxima tensão tangencial no primeiro e terceiro quadrantes. No entanto, o gráfico da teoria da máxima tensão normal é externo ao da elipse de Von Mises no segundo e quarto quadrantes. Pode ser muito perigoso usar a teoria da máxima tensão normal, pois ela pode prever segurança quando na realidade não existe. Normalmente o projetista usa a teoria da máxima tensão tangencial quando as dimensões não precisam ser tão perfeitas; se é necessário um tamanho aproximado, ou se os coeficientes de segurança são conhecidamente generosos. A teoria da energia de distorção prevê falha mais acuradamente, e ela deve ser usada quando a margem de segurança está restrita a limites muito estreitos ou quando a causa real de falha está sendo investigada. 2.9 - UM CASO IMPORTANTE Vamos estudar o caso de uma viga solicitada a momento fletor, força normal, cortante e momento torçor, simultaneamente, Figura 26. No ponto mais afastado da linha neutra da seção transversal, provavelmente o mais perigoso, atuarão σ originado por M e N; e τ devido a T (τV = 0), Figura 27. Este ponto está sob um estado plano de tensão onde só existe Unidade 2 - TEORIAS DE RESISTÊNCIA Página 40 uma tensão normal, Figura 27. Suas tensões normais principais podem ser obtidas através de propriedades do círculo de Mohr, Figura 28. Assim: Figura 26 Figura 27 Figura 28 raio 21 += σσ (2.16) 02 =σ raio 23 −= σσ (2.17) 22 4 2 1raio τσ += (2.18) A tensão equivalente correspondente a teoria da máxima tensão tangencial é: σeq = σ1 - σ3 . Após substituição de (2.16), (2.17) e (2.18) nesta expressão obtém-se: 22 4eq τσσ += (2.19) Do mesmo modo, substituindo (2.16), (2.17) e (2.18) na expressão da tensão equivalente correspondente a teoria de Von Mises, 3131eq 22 σσσσσ −+= , obtém-se: 22 3eq τσσ += (2.20) A utilização das fórmulas (2.19) e (2.20), neste caso que ocorre muito em engenharia, facilita o cálculo das tensões equivalentes uma vez que não há necessidade do cálculo das tensões normais principais. Se a barra tem seção circular e está sujeita à torção-flexão, um ponto de sua periferia, mais afastado da linha neutra (onde a tensão normal é maior), está sob uma tensão normal igual à: W M =σ (2.21) Unidade 2 - TEORIAS DE RESISTÊNCIA Página 41 Onde W é o módulo de resistência a flexão, cuja expressão é: maxy IW = Para a seção circular: 4 R R4 RW 34 ππ == (2.22) A tensão tangencial que atua neste mesmo ponto é: pI TR =τ , onde 2 RI 4 p π = Então: W2 T R2 T4 R T2 R TR2 334 ==== πππ τ (2.23) Substituindo os valores de (2.21) e (2.23) em (2.19) obtém-se, para eixos de seção circular: 22 22 22 eq TM W 1 W2 T4 W M4 += + =+= τσσ (2.24) Substituindo os valores de (2.21) e (2.23) em (2.20) obtém-se, para eixos de seção circular: 2222 eq T75,0M W 13 +=+= τσσ (2.25) As expressões (2.24) e (2.25) permitem o cálculo das tensões equivalentes correspondentes à teoria da máxima tensão tangencial e energia de distorção, respectivamente, em função dos esforços. É bom lembrar que elas só valem para eixos de seção circular sob torção-flexão. 2.10 - TEORIA DE MOHR-COULOMB Suponhamos que dispomos de uma máquina de ensaios que permita aplicar qualquer estado de tensão e alterar, proporcionalmente, todas as componentes deste estado de tensão. Chegará um determinado momento em que este estado de tensão estará na iminência de falha do material (escoamento ou ruptura). Representemos, graficamente, pelo processo de Mohr, este estado de tensão através de seu círculo de Mohr maior (sem preocuparmos com a tensão normal principal intermediária), em função de σ1 e σ3, Figura 29. Realizemos outro ensaio sobre uma amostra do mesmo material com uma nova combinação de t. n. p., até chegar na iminência de falha. Construamos o maior dos círculos de Mohr correspondente. Procedendo do mesmo modo vamos conseguir um conjunto de círculos de Mohr para os estados de tensão na iminência de falha ou estados de tensão limites. Construamos a envolvente comum a todos estes círculos de Mohr, Figura 29. Unidade 2 - TEORIAS DE RESISTÊNCIA Página 42 Figura 29 A teoria de Mohr diz o seguinte: "O círculo de Mohr maior, correspondente ao ponto mais perigoso da peça, não deve situar-se fora da envolvente dos círculos obtida experimentalmente." A forma da envolvente depende das propriedades do material e é uma característica sua. A teoria de Mohr baseia-se numa constatação puramente experimental, sem qualquer preocupação de explicar o fenômeno da ruína. Para determinar a envolvente é necessário conhecer o ponto Mo, Figura 29. Este ponto está sob um estado de despressurização uniforme. A realização deste ensaio é muito difícil, além do mais, a realização de outros ensaios laboratoriais, para se construir a envolvente, implica em se ter aparelhos caros e sofisticados. Assim, torna-se necessário resolver o problema de como construir a envolvente dos círculos de Mohr quando se dispõe de um número limitado de ensaios. Os ensaios mais simples são o de tração (círculo de Mohr de centro O3 na Figura 29) e compressão (círculo de Mohr de centro O2 na Figura 29). Pode- se também realizar o ensaio de torção (círculo de Mohr de centro O na Figura 29). Todavia seu círculo de Mohr contribui pouco para a determinação da envolvente, pois se encontra muito perto dos dois primeiros. O mais simples é aproximar a envolvente com a tangente comum aos círculos de Mohr de tração e compressão (Figura 30). Surge assim uma nova teoria baseada na de Mohr. É a teoria de Mohr-Coulomb, pois foi Coulomb quem primeiro teve esta idéia. A tangente comum recebe o nome de reta de Coulomb. Esta teoria se aplica bem aos materiais frágeis e maciços pulverulentos. A teoria de Coulomb se confunde com a da máxima tensão tangencial para o caso de materiais dúteis. Seu enunciado é o seguinte: "Haverá falha se o maior círculo de Mohr, do ponto mais perigoso da peça, cortar a reta tangente aos círculos de Mohr representativos do ensaio de tração e compressão realizados com o mesmo material da peça". Unidade 2 - TEORIAS DE RESISTÊNCIA Página 43 Com