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Discursiva ALESP Profa. Júnia Andrade Considere o seguinte texto: “Vivemos em uma sociedade onde o ter é mais importante do que o ser. Roupas, aparatos tecnológicos e grandes perfis nas redes sociais são a definição do consumidor na sociedade contemporânea – essa é a sociedade de consumidores. A expressão “sociedade de consumo” de acordo com Lipovetsky (2007) despontou entre os anos 1920 e popularizou-se entre os anos 1950 e 60. Entende-se por sociedade de consumo a era contemporânea do capitalismo em que o crescimento da economia e a geração do lucro encontra-se principalmente na ascensão da atividade comercial e, por conseguinte, do consumo. A sociedade de consumidores retrata um estilo de vida totalmente consumista e despreza todas as outras opções.” (Filipe do Lago e Jovelina dos Reis) O consumismo atual pode ser considerado uma doença coletiva? Discursiva ALESP Profa. Júnia Andrade FORMAS DE INTRODUÇÃO Modelo I De fato, o consumismo atual pode ser considerado uma doença coletiva. Esse entendimento decorre do seguinte: em primeiro lugar, muitos consumidores não têm consciência de que as tragédias climáticas do presente são causadas, em boa parte, pelo excesso de consumo; em segundo lugar, convive-se que uma espécie de surto de oneomania coletiva, nome que se dá à compulsão de fazer compras. Modelo II Para analisar o comportamento consumista atual, é preciso compreender, preliminarmente, a diferença entre consumo e consumismo. Entende-se por consumo o ato de apropriar-se de algo com o fito de sanar uma necessidade. Já o consumismo é o comportamento que exorbita esta necessidade. Nesse sentido, em função do aumento dos níveis de consumo atuais, evidencia-se que o consumismo pode ser considerado uma doença coletiva. Esse entendimento decorre do seguinte: em primeiro lugar, muitos consumidores não têm consciência de que as tragédias climáticas do presente são causadas, em boa parte, pelo excesso de consumo; em segundo lugar, convive-se que uma espécie de surto de oneomania coletiva, nome que se dá à compulsão de fazer compras. Discursiva ALESP Profa. Júnia Andrade FORMAS DE INTRODUÇÃO Modelo III A maioria das pessoas adota para si a máxima: “dinheiro traz felicidade”. Assim, transformam suas vidas no produto do dinheiro: consomem exaustivamente e exibem seus bens e servidos adquiridos rotineiramente nas redes sociais. O que se conclui desse tipo de comportamento? De fato, o consumismo atual vem se tornando uma doença coletiva. Esse entendimento decorre do seguinte: em primeiro lugar, muitos consumidores não têm consciência de que as tragédias climáticas do presente são causadas, em boa parte, pelo excesso de consumo; em segundo lugar, convive-se que uma espécie de surto de oneomania coletiva, nome que se dá à compulsão de fazer compras. Modelo IV O “Penso, logo existo” cartesiano pode dar lugar, neste século, ao “Consumo, logo existo”. Assim, se a razão era a máxima do século XIX, impulsionada pela filosofia iluminista; a falta de razão que explica o consumismo atual pode ser considerada a doença do século XXI, alimentada pela força midiática. Esse entendimento decorre do seguinte: em primeiro lugar, muitos consumidores não têm consciência de que as tragédias climáticas do presente são causadas, em boa parte, pelo excesso de consumo; em segundo lugar, convive-se que uma espécie de surto de oneomania coletiva, nome que se dá à compulsão de fazer compras. Discursiva ALESP Profa. Júnia Andrade O DESENVOLVIMENTO Retomada ordenada do argumento Ampliação comprovação Discursiva ALESP Profa. Júnia Andrade O DESENVOLVIMENTO Importa considerar, de início, que, nestes tempos de recursos midiáticos plurais, há muita informação que mostra à sociedade os problemas causados pelo consumismo, relacionados às tragédias ambientais. Em termos de exemplo, em 2021, fez 10 anos da maior tragédia climática ocorrida no Brasil: a perda de quase 1000 vidas na região Serrana no Rio de Janeiro. À época, houve, como ocorre nos dias atuais quando outras tragédias similares acontecem, diversas reportagens e entrevistas que mostravam a clara associação entre o consumo exacerbado e os efeitos danosos dos eventos climáticos para a humanidade. Infelizmente, o que se vê, no comportamento social, é a negação desta associação e a continuidade do hábito de se consumir desenfreadamente: são raras as pessoas que consomem de forma reflexiva e se dão conta de que o consumismo leva ao aumento dos gases do efeito estufa, grande causador das mudanças climáticas vigentes. Em segundo lugar, convém acrescentar que o consumismo pode levar as pessoas ao desenvolvimento de alguma doença obsessivo-compulsiva. Incentivada pelas imagens de aparente felicidade, alimentada pelas redes sociais, uma parte significativa da sociedade vive o ciclo vicioso do consumo: adquirir bens como se estivesse em uma competição, exibir suas aquisições nas redes sociais e seguir com novas aquisições, a partir de uma necessidade inexistente. Não há como deixar de associar esse comportamento social à manifestação de algo próximo à oneomania, porém sem o sentimento de culpa que acomete a vida de quem sofre desse mal. A maior prova de que a sociedade está, de certo modo, oneomaníaca é o nível de endividamento das famílias: só no Brasil, cerca de 70% das famílias estavam endividadas em 2021. Há quem associe este nível de endividamento à crise gerada pela Covid-19. É fato que a crise vem acarretando significativas perdas econômicas para a sociedade. Observando-se, no entanto, que, em 2019, período anterior à crise, pouco mais de 60% das famílias brasileiras já estavam endividadas, fica claro que o consumismo é a doença dos tempos atuais. Discursiva ALESP Profa. Júnia Andrade A CONCLUSÃO – Modelo I Portanto, tais fatos atestam que o consumo atual está para boa parte da sociedade como o álcool está para o alcoólatra. Infelizmente, como analisando, falta a muitas pessoas a consciência de reconhecer que o consumismo tem sido, sim, responsável por tragédias coletivas. Além disso, a sociedade também carece da compreensão clara de que frustrações e desejos reprimidos, em um mundo que valoriza o ter em lugar do ser, estão aumentando, já na tenra idade, hábitos de consumo considerados insustentáveis. A CONCLUSÃO – Modelo II Logo, sendo o consumismo, de fato, uma doença deste tempo, convém investir em meios para mitigar tal problema. Individualmente, as pessoas que sofrem de oneomania poderiam buscar ajuda em grupos de apoio ou em análises psicoterapêuticas. Já a sociedade deveria apostar em representações políticas cuja pauta seria a reeducação para o consumo. Uma concepção de educação nesse sentido desenvolve-se com base na reflexão crítica sobre as consequências deletérias do atual nível de consumo e sobre a necessidade de se manter hoje um comportamento mais responsável em relação à garantia de sustentabilidade para benefício das gerações que ainda habitarão a Terra.