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1 AVALIAÇÃO E ESTIMULAÇÃO FUNCIONAL NO PACIENTE INTERNADO 1 SUMÁRIO ASSISTÊNCIA HOSPITALAR .................................................................................... 3 IMOBILISMO .............................................................................................................. 4 SÍNDROME DA PERMANÊNCIA PROLONGADA NO LEITO ................................... 6 AVALIAÇÃO DO NÍVEL DE CONSCIÊNCIA ............................................................. 6 AVALIAÇÃO DAS PUPILAS ...................................................................................... 6 SINAIS VITAIS E EXAME FÍSICO ............................................................................. 7 OXIGENOTERAPIA ................................................................................................... 8 VENTILAÇÃO MECÂNICA NÃO INVASIVA (VMNI) .................................................. 9 VENTILAÇÃO MECÂNICA INVASIVA (VMI) ............................................................. 9 AVALIAÇÃO FUNCIONAL DE PACIENTES INTERNADOS NA UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA .............................................................................................. 10 MOBILIZAÇÃO PRECOCE EM PACIENTES INTERNADOS NA UTI ..................... 11 EFICÁCIA DA MOBILIZAÇÃO PRECOCE EM PACIENTES INTERNADOS NA UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA ....................................................................... 13 FRAQUEZA MUSCULAR ADQUIRIDA NA UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA ... 23 ELETROESTIMULAÇÃO NEUROMUSCULAR (EENM) .......................................... 25 EENM – CONCEITOS FÍSICOS .............................................................................. 26 EENM – EFEITOS ELETROFISIOLÓGICOS ........................................................... 27 EENM – INDICAÇÕES E CONTRA-INDICAÇÕES PARA PACIENTES CRÍTICOS 28 REFERENCIAS ........................................................................................................ 29 2 FACUMINAS A história do Instituto FACUMINAS, inicia com a realização do sonho de um grupo de empresários, em atender a crescente demanda de alunos para cursos de Graduação e Pós-Graduação. Com isso foi criado a FACUMINAS, como entidade oferecendo serviços educacionais em nível superior. A FACUMINAS tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a participação no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua formação contínua. Além de promover a divulgação de conhecimentos culturais, científicos e técnicos que constituem patrimônio da humanidade e comunicar o saber através do ensino, de publicação ou outras normas de comunicação. A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base profissional e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela inovação tecnológica, excelência no atendimento e valor do serviço oferecido. 3 ASSISTÊNCIA HOSPITALAR A assistência realizada pela equipe multidisciplinar de saúde no hospital tem como função recuperar a condição clínica dos pacientes, para que possam voltar à realidade em que se inserem com qualidade de vida. No entanto, há um grupo específico de pacientes considerados críticos, caracterizados por quadros instáveis, com prognóstico grave e com alto risco de mortalidade, onde o principal objetivo da equipe se volta para manutenção da vida do sujeito daquele determinado momento. Assim, o imobilismo, o descondicionamento físico e a fraqueza muscular acabam sendo problemas frequentes e recorrentes que estão associados à maior incapacidade e à reabilitação prolongada (VALENTIN, 2010; BAILEY et al., 2007). Há vários acometimentos que a internação prolongada pode trazer como alterações musculoesqueléticas, neurológicas, respiratórias, digestivas, psicossociais entre outras. Porém, há uma diferenciação para o paciente crítico internado, pois estão mais susceptíveis a maiores alterações e de maneira mais grave. Isso devido, na maioria das vezes, ficarem exclusivamente no leito. Martin et al. (2005) explicam que a fraqueza muscular em paciente crítico apresenta-se de forma difusa e simétrica, acometendo a musculatura periférica e central. Além disso, a Polineuropatia do Paciente Crítico, que é de bastante incidência nas unidades de tratamento intensivo (UTI), gera comprometimento neural que contribui para prolongamento da reabilitação. Essa afecção clínica acomete 25,3% dos pacientes em Ventilação Mecânica Invasiva (VMI) por mais de sete dias (JONGHE et al., 2002). Afim de minimizar os efeitos deletérios da hospitalização, a Fisioterapia surge como a profissão que visa estabelecer técnicas, recursos e atendimentos clínicos completos para prevenir e tratar essas alterações e promover saúde com qualidade de vida no campo hospitalar. A mobilização precoce do paciente crítico é uma intervenção segura e viável, de responsabilidade do fisioterapeuta, e que raramente provoca reações adversas. Ela reduz o tempo de VMI e auxilia na recuperação funcional. Considerada, uma intervenção simples em pacientes com instabilidade neurológica e cardiorrespiratória (BAILEY et al., 2007; MORRIS et al., 2008). Há recomendações para que a mobilização precoce seja inicia em até 72 horas da admissão do paciente na UTI. Adiar o início dos exercícios apenas colabora para 4 intensificar o déficit funcional do paciente, porque a função física e o estado de saúde geral são aprimorados por meio da realização de condutas que podem prevenir perdas e incapacidades funcionais (WINKELMAN et al., 2005; CHIANG et al., 2006; CHOI et al., 2008). Atualmente o fisioterapeuta dispõe de vários recursos para compor a mobilização precoce, desde os típicos movimentos passivos até a Eletroestimulação Neuromuscular (EENM). Cabe ao profissional escolher a melhor ferramenta e o melhor momento para aplicá-la em cada caso. A EENM tem sido usada para o fortalecimento da musculatura em indivíduos que tenham maior intolerância aos exercícios ou que estão impossibilitados no momento de realizar movimentação ativa. Segundo, Oliveira et al. (2009), a EENM com correntes de média frequência, quando comparada ao movimento ativo, pode ativar de 30% a 40% mais unidades motoras. Pois, essa técnica promove a modulação do nervo motor alfa enquanto o movimento ativo despolariza o neurônio. Além disso, o impulso elétrico recruta inicialmente as fibras do tipo II, inversamente ao movimento ativo. Comercialmente, a corrente Russa, da Eletroestimulação Funcional (FES) e do Interferencial são as mais utilizadas na eletroestimulação. Porém, cada vez mais, é requisitada uma corrente que consiga fazer uma estimulação sensorial mais confortável sem minimizar os efeitos eletrofisiológicos ou da estimulação motora. Portanto, diante da necessidade de minimizar os efeitos deletérios da hospitalização em pacientes críticos e considerando a intolerância ao exercício físico que eles apresentam, o presente estudo tem como objetivo mostrar uma revisão de literatura sobre o uso da EENM em pacientes críticos como parte de um protocolo de intervenção fisioterapêutica hospitalar (SANT’ANA, 2010). IMOBILISMO De acordo com Carvalho e Barrozo (2014) a imobilidade caracteriza-se pela perda de capacidade funcional, pela diminuição dos movimentos articulares e, pela incapacidade de mudança de decúbito, geralmente decorrente do envelhecimento, sedentarismo, doenças degenerativas crônicas ou de incapacidades mentais. Entretanto, um fator etiológico importante da imobilidade é a hospitalização por 5 alguma doença aguda grave. Antigamente o repouso era visto com uma medidanecessária para a recuperação da saúde do paciente. Tal medida foi tida como uma prática terapêutica a partir de 1860, sendo desde então empregada de forma exagerada. Porém, somente na Segunda Guerra Mundial observou-se que a mobilização precoce de pessoas acometidas por lesões repercutia em mais benefícios do que malefícios. Segundo Silva et al. (2010) o imobilismo acomete o sistema musculoesquelético, gastrointestinal, urinário, cardiovascular, respiratório, cutâneo e até psicológico. Além desses, em pacientes críticos economicamente ativos, o imobilismo causa problemas sociais, pois impede o exercício de atividade econômica e suas consequências, prolongam seu retorno laboral. Este fato, pode até diminuir o poder de compra do indivíduo, já que o tempo afastado de suas atividades, muitas vezes não é pago ou é pago por um valor abaixo do que recebe normalmente. Para Cintra et al. (2013) a principal população que sofre com o imobilismo são os idosos, pois eles apresentam vários fatores de riscos para o mesmo, como doenças crônicas, efeitos colaterais da grande medicalização, sedentarismo, alterações fisiológicas do envelhecimento como sarcopenia, osteopenia, problemas visuais e auditivos, e vários outros que causam limitação física. Além do comprometimento cognitivo, aparecimento de demências, medo de queda, incontinências vesicais e outros que causa limitação psicológica. Esses fatores de riscos somados levam ao isolamento social e a inatividade física progressiva, o que deixa o sujeito exposto à síndrome do imobilismo. Nesse contexto, temos dois termos utilizados para descrever o imobilismo patológico. O primeiro é a Síndrome do Imobilismo, mais utilizado quando acomete idosos de comunidade ou institucionalizados e a Síndrome da Permanência Prolongada no Leito, usada quando se trata de pacientes críticos em tratamento hospitalar. 6 SÍNDROME DA PERMANÊNCIA PROLONGADA NO LEITO Em decorrência do avanço tecnológico e científico, além do atendimento multi e interdisciplicinar a sobrevida dos pacientes críticos tem aumentado. Isso pode contribuir para o prolongamento do tempo de hospitalização, declínio no estado funcional e na qualidade de vida que podem persistir mesmo após um ano da alta hospitalar. Além disso, a incidência de complicações decorrentes dos efeitos deletérios do imobilismo da UTI contribui para o aumento dos custos hospitalares. Resumidamente diminui-se a mortalidade, porém é necessário recursos para amenizar as morbidades geradas por essa sobrevida (FRANÇA et al., 2012). O termo Síndrome da Permanência Prolongada no Leito foi proposto para determinar as várias alterações provindas do imobilismo que é decorrente da permanência por um longo período de tempo em um leito hospitalar. Difere da Síndrome do Imobilismo, pois faz referência exclusivamente a pacientes internados independente da idade. AVALIAÇÃO DO NÍVEL DE CONSCIÊNCIA A avaliação do nível de consciência é um parâmetro importante não só para os pacientes com patologias de base neurológica, mas para todos os pacientes críticos, pois a alteração da consciência pode significar uma piora do quadro. A consciência pode ser avaliada por meio de estímulos (auditivos, visuais, táteis, dolorosos) e comandos verbais. Para avaliar o nível de consciência pode-se utilizar várias escalas como a de Glasgow, de Ramsay e a escala de sedação e agitação de RASS (Richmond Agitation-Sedation Scale). É importante avaliar o nível de sedação dos pacientes e identificar o uso de fármacos sedativos AVALIAÇÃO DAS PUPILAS A avaliação das pupilas deve ser feita através da observação do tamanho, simetria e reatividade à luz. O diâmetro pupilar deve ser medido e comparado 7 bilateralmente. A estimulação simpática contrai o músculo dilatador da pupila e ela se dilata (midríase). A estimulação parassimpática contrai as fibras constritivas da pupila e ela se contrai (miose). O diâmetro pupilar normal varia de 2 a 5 mm, sendo que o adulto normal ela se encontra de 3 a 4 mm. A reatividade pupilar fotomotora deve ser verificada através de luz artificial e ser registrada através de um sinal positivo ou negativo relativo à contração pupilar quando exposto à luz forte. A simetria das pupilas é classificada de acordo com a reação fotomotora (RFM) aplicada a elas e ainda envolve a forma com a qual estas se apresentam, podendo assim ser explicadas: isocóricas, quando apresentam o mesmo tamanho, anisocóricas quando apresentam tamanhos diferentes; puntiformes (pupilas pequenas, em forma de pontas de alfinete); midríaticas, quando estas se apresentam grandes e mióticas quando apresentam-se menores. O diâmetro das pupilas deve ser igual e circular. SINAIS VITAIS E EXAME FÍSICO Na avaliação dos sinais vitais o fisioterapeuta deve coletar a frequência cardíaca, pressão arterial, pressão arterial média, saturação de oxigênio e temperatura corpórea. Nesta fase de exame físico o fisioterapeuta deve observar o paciente como um todo, observar o uso de cateteres, sondas, drenos e outros dispositivos encontrados na UTI. Deve também avaliar o tórax do paciente realizando a inspeção, palpação e ausculta pulmonar. Ausculta Pulmonar A ausculta pulmonar é o processo de escutar e interpretar os sons produzidos dentro do tórax. O paciente é orientado a respirar profundamente com a boca aberta, pois a turbulência dentro do nariz pode interferir nos sons respiratórios. Existe uma grande variedade na intensidade dos sons respiratórios, dependendo da espessura da parede torácica. Poderão ser encontrados roncos, sibilos, estertores finos e grossos e atrito pleural. Após realizar a ausculta, o fisioterapeuta deve anotar o que constatou na ficha de avaliação. 8 Avaliação Motora e Funcional Para avaliação da parte motora o fisioterapeuta deve estar atento ao tônus, trofismo, força muscular, capacidade de movimentação, capacidade de realizar as condutas propostas e posicionamento no leito. Todas as informações geradas com a avaliação motora devem ser inseridas na ficha de avaliação. Para avaliar a força muscular o fisioterapeuta deverá utilizar a escala MRC (Medical Research Council) demonstrada abaixo: OXIGENOTERAPIA A oxigenoterapia consiste na administração de oxigênio com o intuito de elevar ou manter a saturação de oxigênio acima de 90%, corrigindo os danos da hipoxemia. A oxigenoterapia é indicada para corrigir a hipoxemia aguda, reduzir os sintomas associados à hipoxemia crônica e reduzir a carga de trabalho imposto pela hipóxia ao sistema cardiopulmonar. Outras indicações são os traumatismos severos, infarto agudo do miocárdio, angina instável, na recuperação pós-anestésica e na insuficiência respiratória aguda e crônica agudizada. 9 Os equipamentos de oxigenoterapia são classificados em: baixo fluxo e alto fluxo. Cabe ao fisioterapeuta anotar na avaliação qual dispositivo está sendo utilizado e qual o fluxo de oxigênio ofertado VENTILAÇÃO MECÂNICA NÃO INVASIVA (VMNI) O termo ventilação mecânica não invasiva (VMNI) refere-se à liberação de ventilação pulmonar mecânica utilizando técnicas que não requerem uma via aérea artificial, promoção de maior flexibilidade e remoção da ventilação artificial, ou seja, dispensam o uso de um tubo endotraqueal ou cânula de traqueostomia. Os modos mais utilizados são o CPAP (Pressão positiva continua nas vias aéreas) o Bilevel/Bipap (Pressão positiva nas vias aéreas em dois níveis). É necessário conhecer os tipos de VMNI disponíveis para que sejam determinados que efeitos benéficos que cada uma deles pode proporcionar ao paciente O fisioterapeuta deve conhecer os efeitos da VMNI, seus objetivos, indicações, contraindicações, complicações assim como as vantagens e desvantagens. Ele também deve escolher o modo ventilatório e o tipo de interface ideal para cadapaciente. Todas as informações sobre a VMNI em uso devem ser colhidas e anotadas na avaliação e evolução do fisioterapeuta (Ver POP de VMNI). VENTILAÇÃO MECÂNICA INVASIVA (VMI) A ventilação artificial consiste numa técnica bastante difundida e que visa à manutenção das trocas gasosas. É usada em várias condições clínicas, quando o paciente desenvolve insuficiência respiratória, não sendo, dessa forma, capaz de manter níveis adequados de Oxigênio (O2) e gás carbônico (CO2) sanguíneos. Uma situação comum para o profissional fisioterapeuta que atua na UTI é encontrar pacientes sob suporte ventilatório; desta forma é muito importante o entendimento sobre esta situação, isto é, deve se conhecer o que é uma via aérea 10 artificial, os modos de assistência ventilatória e os tipos de técnicas que podem ser usadas nestes pacientes. Quando o paciente estiver em VM cabe ao fisioterapeuta coletar os dados como modo ventilatório, parâmetros fornecidos pelo aparelho, dados que são gerados pelo paciente como volume corrente e frequência respiratória; checar e ajustar a pressão do balonete, fixação do tubo orotraqueal ou da traqueostomia e umidificação das vias aéreas. Após coletados todos esses dados o fisioterapeuta deve anotar na ficha de avaliação diária. AVALIAÇÃO FUNCIONAL DE PACIENTES INTERNADOS NA UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA A evolução tecnológica, científica e a interação multidisciplinar têm contribuído na sobrevida dos pacientes críticos. No entanto, a incidência de complicações decorrentes dos efeitos deletérios da imobilidade nas unidades de terapia intensiva (UTI) está relacionada ao declínio da independência funcional, custos assistenciais excessivos, diminuição da qualidade de vida e sobrevida pós-alta. As Unidades de Terapia Intensiva (UTI) surgiram a partir da necessidade de aperfeiçoamento e concentração de recursos materiais e humanos para o atendimento a pacientes graves, em estado crítico, mas ainda como recuperáveis, além da necessidade de observação constante, assistência médica e de enfermagem contínua, centralizando os pacientes em um núcleo especializado. Entre os motivos para a internação dos pacientes nas UTI destacam-se doenças infecciosas, infarto agudo do miocárdio, angina instável, insuficiência respiratória aguda e edema agudo de pulmão, sendo que as polineuropatias acarretadas pelas comorbidades desses indivíduos podem aumentar o tempo de ventilação mecânica (VM) e a permanência na unidade. A Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde (CIF), descreve a funcionalidade e a incapacidade relacionadas às condições de saúde, tendo em vista as funções dos órgãos ou sistemas e estruturas do corpo, assim como 11 as limitações de atividades e da participação social no meio ambiente onde a pessoa vive. A imobilidade no leito, desordens clínicas como a sepse e a síndrome da resposta inflamatória sistêmica (SIRS), déficit nutricional e exposição a agentes farmacológicos como bloqueadores neuromusculares e corticosteróides, traduzem alguns os fatores que podem afetar adversamente a condição funcional e resultar em maior período de intubação orotraqueal e internação hospitalar. A hospitalização prolongada está associada diretamente à fraqueza muscular e ao descondicionamento físico, que afetam pacientes internados nas UTI devido ao imobilismo. Nos primeiros sete dias de restrição ao leito podem ocorrer 30% de diminuição da força muscular e 20% adicionais a cada semana subsequente. Essa restrição resulta em alterações das fibras musculares, atrofia da musculatura periférica e respiratória, o que pode dificultar a extubação, prolongando a necessidade de VM4 . Para garantir um melhor estado funcional desses indivíduos é realizada uma abordagem multidisciplinar com controle glicêmico, nutrição adequada, cuidado no uso de bloqueadores neuromusculares e mobilização precoce. Nos cuidados intensivos, as primeiras 48 horas são cruciais para o prognóstico dos pacientes críticos. A mobilização precoce é um procedimento viável e seguro, objetivando minimizar e/ou evitar os riscos da internação prolongada, bem como futuras deficiências, podendo assim restaurar ao máximo a capacidade funcional e a independência para as atividades de vida diária, diretamente associadas à qualidade de vida dos pacientes após a alta hospitalar. MOBILIZAÇÃO PRECOCE EM PACIENTES INTERNADOS NA UTI Em decorrência da evolução tecnológica, científica e do acompanhamento multidisciplinar a sobrevida dos pacientes criticamente enfermos tem aumentado. Contudo, a incidência de complicações decorrentes dos efeitos deletérios da imobilidade na unidade de terapia intensiva (UTI) contribui para o declínio funcional, aumento dos custos assistenciais, redução da qualidade de vida e sobrevida pós-alta (FRANÇA et al., 2012) 12 Mobilização precoce é a intensificação e aplicação antecipada (dentro do primeiro dois a cinco dias da doença crítica) da fisioterapia que é administrada aos pacientes críticos. Segundo Feliciano et al. (2012) é uma terapia que traz benefícios físicos, psicológicos e evita os riscos da hospitalização prolongada. Hoje, a sedação é interrompida diariamente nas UTIs, pelo menos por certo período de tempo. Esse despertar diário garante que paciente criticamente instável não é sinônimo de paciente sedado. Uma revisão proposta por Castro Junior (2013) evidencia que a intervenção precoce é saudável e segura aos pacientes críticos. Por isso, França et al. (2012) defendem a importância da fisioterapia nesses casos, pois a prescrição e execução de mobilizações e exercícios físicos é uma função única e exclusiva do fisioterapeuta, sendo que seu diagnóstico precisa estar feito antes de qualquer intervenção. A imobilidade, comum nos pacientes críticos acomete vários órgãos e sistemas, como os sistemas osteomioarticular, cardiorrespiratório, metabólico, gastrointestinais, geniturinários, cutâneo, entre outros, o que contribui para a redução na capacidade funcional e no prolongamento da internação (RIVOREDO, 2013). O sistema musculoesquelético é projetado para se manter em movimento. São necessários apenas sete dias de repouso no leito para reduzir a força muscular em 30%, com uma perda adicional de 20% da força restante a cada semana (SIBINELLI et al.,2012). O desenvolvimento de fraqueza generalizada relacionada ao paciente crítico é uma complicação significante e comum em muitos indivíduos admitidos em uma UTI, incidindo em 30 a 60% dos pacientes internados na unidade de terapia intensiva. Múltiplos fatores podem contribuir para ocorrência desta condição, dentre eles destacam-se a permanência da ventilação mecânica (VM ) e a imobilidade prolongada (SILVA et al., 2010). O paciente crítico que se encontra em uma UTI apresenta restrições motoras graves. O adequado posicionamento no leito e a mobilização precoce podem significar as únicas possibilidades de interação do indivíduo com o ambiente e devem ser considerados como fonte de estimulação sensório-motora e de prevenção de complicações secundárias ao imobilismo (FELICIANO et al., 2012). Intervir precocemente é fundamental para a melhora da função respiratória, redução dos efeitos adversos da imobilidade, melhora do nível de consciência, 13 aumento da independência funcional, melhora da aptidão cardiovascular e aumento do bem-estar psicológico. Além de auxiliar na recuperação do paciente, reduzir a duração da VM e o tempo de internamento hospitalar (MOTA & SILVA, 2012) Stiller (2013) recomenda que a mobilização precoce deve ser iniciada em menos de 72 horas do início da VM, pois é viável, segura e resulta em benefícios funcionais significantes. Ela deve ser aplicada diariamente nos pacientes críticos internados em UTI, tanto naqueles estáveis, que se encontram acamados e inconscientes (sobVM), quanto naqueles conscientes e que realizam a marcha independente. Para Stiller (2013) e Gosselink et al. (2008) o posicionamento adequado no leito dos pacientes na UTI promove melhoras fisiológicas, como o aperfeiçoamento do transporte de oxigênio através do aumento da relação ventilação-perfusão (V/Q), aumenta as capacidades pulmonares, reduz o esforço respiratório, minimiza débito cardíaco e aumenta a higiene brônquica, através do clearance mucociliar. Os exercícios passivos, ativo-assistidos e resistidos visam manter a mobilidade articular, o comprimento, a força e a função dos músculos, além de reduzir a estase sanguínea e metabólica, diminuindo o risco de tromboembolismo. Porém, há poucos estudos para que se possa afirmar qual o melhor tipo de atividade para beneficiar os pacientes críticos durante a hospitalização. Lembrando que o paciente hospital possui, na sua maioria, intolerância a técnicas que envolvam um gasto enérgico maior, como por exemplo, o exercício isotônico (GOSSELINK et al., 2008). EFICÁCIA DA MOBILIZAÇÃO PRECOCE EM PACIENTES INTERNADOS NA UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA O exercício terapêutico é fundamental na atuação da fisioterapia, com a finalidade de melhorar a funcionalidade física e reduzir incapacidades. Inclui atividades que previnem complicações como encurtamentos, fraquezas musculares e deformidades osteoarticulares e reduzem a utilização dos recursos de saúde durante a hospitalização ou após uma cirurgia. Estes exercícios aprimoram ou 14 mantem o estado de saúde dos indivíduos e previnem ou minimizam as suas futuras deficiências, a perda de função ou a incapacidade (SILVA; MAYNARD; CRUZ, 2010). O exercício regular proporciona uma modificação da composição do corpo – há um aumento da proporção de tecido muscular em relação ao tecido adiposo. As células, percebendo os estímulos regulares dos exercícios, passam a economizar e depositar mais cálcio nos ossos e proteína nos músculos e a utilizar e gastar mais as gorduras como fonte de energia, mesmo estando em repouso (LEAL; MEJIA, 2014). Os benefícios fisiológicos e psicológicos gerados pelos exercícios são atribuídos aos fenômenos de adaptação dos tecidos e órgãos submetidos a estímulos frequentes de esforço físico (PINHEIRO; CHRISTOFOLETTI, 2012). No ambiente hospitalar, o serviço promovido pelos profissionais da saúde tem como objetivo recuperar a condição clinica dos pacientes, a fim de que eles possam retornar a realidade com qualidade de vida. Assim, a imobilidade, o descondicionamento físico e a fraqueza muscular acabam sendo problemas frequentes e que estão associados a maior incapacidade e a reabilitação prolongada (PINHEIRO; CHRISTOFOLETTI, 2012). O sistema musculoesquelético é projetado para se manter em movimento, são necessários apenas sete dias de repouso no leito para reduzir a força muscular em 30%, com uma perda adicional de 20% da força restante a cada semana, resultando em alterações do sistema ósseo, articular e muscular, podendo surgir complicações como contratura articular, hipotrofia, atrofia muscular e osteoporose. O desenvolvimento de fraqueza generalizada relacionada ao paciente crítico é uma complicação significante e comum em muitos indivíduos admitidos em uma UTI. (JUNIOR, 2013). As Unidades de Terapia Intensiva têm como foco principal o suporte da vida e o tratamento de indivíduos doentes com instabilidade clínica. Associados à causa de internação, outros fatores podem colaborar para a piora do quadro do paciente. O tempo de ventilação mecânica e o uso de medicamentos, como corticóides e neurobloqueadores, levam a quadros de fraqueza muscular generalizada (incluindo- se o diafragma). Consequentemente, a capacidade física e a qualidade de vida dos pacientes ficam comprometidas, sendo que essas alterações podem durar alguns anos após a alta hospitalar (KIMURA et al, 2013). 15 Vários são os fatores que podem contribuir para ocorrência destas fraquezas, incluindo: inflamações sistêmicas, uso de alguns medicamentos, como corticóides, sedativos e bloqueadores neuromusculares, descontrole glicêmico, desnutrição, hiperosmolaridade e nutrição parenteral (SILVA; MAYNARD; CRUZ, 2010). Cerca de 30% a 60%, dos pacientes internados na UTI, desenvolve fraqueza generalizada relacionada ao imobilismo. Componente essencial dos cuidados críticos, o treinamento físico na Unidade de Terapia Intensiva é uma extensão da reabilitação, uma vez que os exercícios, além dos benefícios físicos, também, ajudam no fator psicológico, reduzem o estresse oxidativo e inflamação, pois, promovem o aumento da produção de citocinas anti-inflamatórias (FLORENCIO, 2014). Na Unidade de Terapia Intensiva é comum os pacientes permanecerem restritos ao leito, acarretando inatividade, imobilidade e disfunção severa do sistema osteomioarticular. Essas alterações atuam como fatores predisponentes para polineuropatia e/ou miopatia do doente crítico, acarretando aumento de duas a cinco vezes no tempo de permanência da ventilação mecânica e no desmame ventilatório (FEITOZA, 2014). O repouso absoluto foi, por muito tempo, eleito pelos médicos como a melhor forma de tratar o paciente que se encontra em estado crítico, pois se pensava que este não resistiria a qualquer tipo de atividade física naquele estado, e este repouso ocasionaria benefícios clínicos para o mesmo. Acreditava-se que era benéfico para a estabilização clinica do paciente. Com isso, o descondicionamento físico, a fraqueza muscular, a dispnéia, a depressão, a ansiedade e a redução da percepção da qualidade de vida, são complicações adquiridas, precocemente, por essa prática, acarretando piora do paciente e, ao mesmo tempo, contribuindo para um tempo mais longo de desmame, internação, risco de infecções e morbimortalidade (FLORENCIO, 2014). Desde a década de 1940, foram percebidos os efeitos nocivos do repouso no leito e os benefícios da mobilização precoce que acabaram por serem bem reconhecidos em pacientes hospitalizados (BARROZO; CARVALHO, 2014). A imobilidade é reconhecidamente deletéria à saúde em pacientes hospitalizados tem efeito negativo em vários sistemas, com os pulmões, o sistema cardiovascular, a pele, os músculos, os ossos, entre outros. As complicações pulmonares são as mais 16 prejudiciais e se apresentam na forma de atelectasia, hipoxemia, embolia pulmonar e pneumonia, causando aumento do tempo de internação e à mortalidade. O prejuízo gera fraqueza e hipotrofia muscular esquelética (inclusive na musculatura ventilatória), na capacidade funcional, na recuperação de doenças críticas, no tempo de internação, entre outros que podem repercutir anos após a alta hospitalar (GARDENGHI; URT, 2014). O que se observa é que a imobilidade dificulta na recuperação de doenças críticas, devido às alterações sistêmicas associadas a ela, como doença tromboembólica, atelectasias, úlceras de pressão, contraturas, alteração das fibras musculares de contração lenta para contração rápida, atrofia e fraqueza muscular e esquelética; além disso, pode afetar os barorreceptores, que contribuem para a hipotensão postural e taquicardia (GARDENGHI; URT, 2014). Fisiopatologicamente, mecanismos importantes, como imobilidade, inflamação local e sistêmica, utilização de fármacos como corticóides, relaxantes musculares e antibióticos, desnutrição e situações catabólicas, agem sinergicamente para promover a perda de massa muscular significativa no doente criticamente enfermo (SANDERS et al., 2014). O repouso prolongado associado ao doente crítico leva à diminuição da síntese de proteína muscular, aumento da urina, excreção de nitrogênio (catabolismo muscular) e diminuição da massa muscular, principalmente de membros inferiores (SANDERS et al., 2014). A incidência de complicações decorrentes dos efeitos deletérios da imobilidade na Unidadede Terapia Intensiva contribui para o declínio funcional, aumento dos custos assistenciais, redução da qualidade de vida e mortalidade pós- alta (DUARTE, 2012). Efeitos da Imobilização no Sistema Cardiovascular • Diminuição do volume total de sangue; • Redução da concentração de hemoglobinas; • Aumento da frequência cardíaca máxima; 17 • Diminuição do consumo máximo de oxigênio; • Diminuição da tolerância ao ortostatismo. Efeitos da Imobilização no Sistema Respiratório • A Capacidade Vital está reduzida; • Diminuição da capacidade residual funcional; • Diminuição do volume expiratório forçado; • Alterações na relação ventilação / perfusão; • Diminuição na pressão arterial de oxigênio; • Diminuição na diferença alvéolo-arterial de oxigênio em pacientes anestesiados. Efeitos da Imobilização no Sistema Metabólico • Aumento da excreção de cálcio; • Aumento da excreção de nitrogênio; • Aumento da excreção de fósforo; • Aumento da excreção de magnésio. Efeitos da Imobilização no Sistema musculoesquelético • Diminuição da massa muscular; • Diminuição da força muscular; • Aumento da osteoporose; • Mudanças no tecido conectivo periarticular e intra-articular (DUARTE, 2002). Atualmente, fisioterapia é parte integrante e fundamental no atendimento multidisciplinar oferecido aos pacientes atendidos na unidade de terapia intensiva e seu campo de atuação envolve atendimento a pacientes críticos que necessitam ou não de suporte ventilatório, visando evitar complicações respiratórias e motoras (CRUZ, 2014). A fisioterapia é uma ciência capaz de promover a recuperação e 18 preservação da funcionalidade, podendo minimizar estas complicações (PINHEIRO; CHRISTOFOLETTI, 2012). O fisioterapeuta é o profissional responsável pela implantação e gerenciamento do plano de mobilização do doente crítico. O objetivo nesta fase é manter amplitude de movimento articular e prevenir encurtamento muscular, úlceras de decúbito, tromboembolismo pulmonar e até mesmo a redução de força muscular (PINHEIRO; CHRISTOFOLETTI, 2012). Um foco multidisciplinar na mobilização precoce é necessário como parte das rotinas clínicas diárias na UTI. A estrutura da equipe multidisciplinar e a inclusão de fisiatras, médicos, terapeutas ocupacionais, fisioterapeutas, enfermeiros, nutricionistas, psicólogos, fisiologista e assistentes sociais pode servir como um excelente modelo para a construção de uma equipe de mobilidade precoce na UTI. Isto pode ser útil para avaliar os diferentes componentes de um programa de treinamento próprio, incluindo o tipo, frequência, intensidade e exercícios específicos, além do tipo de programas e intervenções psicossocial (PEIXOTO, 2009). É dever do fisioterapeuta, orientar todos os profissionais que participam dos cuidados aos pacientes críticos sob como executá-lo, esclarecendo a função e poder terapêutico deste recurso, o qual é tão valioso quanto à mobilização e serve de base para aplicação eficaz de outras intervenções fisioterapêuticas (DUARTE et al., 2014). É papel do profissional de fisioterapia estabelecer estratégias de reabilitação precoce e focar nas necessidades mais essenciais do paciente para que haja uma boa recuperação funcional (NASCIMENTO, 2013). O fisioterapeuta intensivista deve ter o compromisso de realizar a mobilização de forma precoce para proporcionar ao paciente uma melhor qualidade de vida e assim evitando na medida do possível os efeitos deletérios da síndrome do imobilismo (GARDENGHI; URT, 2014). A fisioterapia vem exercendo um papel importante na recuperação clínica desses pacientes, trazendo benefícios funcionais. Utilizada por muitos fisioterapeutas, a mobilização precoce deve ser aplicada diariamente nos pacientes críticos internados em unidade de terapia intensiva, tanto naqueles estáveis, que se encontram acamados, inconscientes e sob ventilação mecânica, quanto naqueles conscientes capazes de realizar a marcha independente (JUNIOR, 2013). 19 Quando se fala em “precoce”, refere-se ao conceito de que as atividades de mobilização começam imediatamente após a estabilização das alterações fisiológicas importantes, e não apenas após a liberação da ventilação mecânica ou alta da Unidade de Terapia Intensiva (MOTA, 2012). Há 30 anos a mobilização precoce tem mostrado redução no tempo para desmame da ventilação e é a base para a recuperação funcional. Recentemente tem- se dado mais atenção para a atividade física (precoce) como uma intervenção segura e viável em pacientes com estabilidade neurológica e cardiorrespiratória (PEIXOTO, 2009). De acordo com Tufanin & Fleury (2013) a mobilização precoce é um recurso utilizado para proteger as estruturas danificadas de um determinado segmento, auxiliando no aumento e manutenção de força muscular e função física incluindo atividades fisioterapêuticas progressivas como exercícios de modalidade no leito, deitado ou sentado a beira leito, ortostatismo, transferência e deambulação. A mobilização precoce em pacientes críticos tem um forte precedente histórico, existindo relatos de sua utilização como um recurso terapêutico no restabelecimento funcional de soldados feridos em batalhas durante a II Guerra Mundial. Essa mobilização tem uma proposta terapêutica segura a ser realizada na Unidade de Terapia Intensiva, é importante ressaltar que o conhecimento da história clínica anterior e atual indica de que forma a reserva respiratória e cardiovascular do doente pode ser limitante da atividade e que sinais e sintomas devem ser monitorizados durante a mobilização (AGUIAR, 2014). Nos dias atuais, a sedação profunda e o repouso no leito é uma prática comum na rotina médica de cuidados para a maioria dos pacientes ventilados mecanicamente. Entretanto, na literatura há uma nova tendência no manejo do paciente em ventilação mecânica incluindo redução da sedação profunda e ampliação da abordagem de mobilização e do treinamento físico funcional, o mais precoce possível nestes pacientes (PINHEIRO; CHRISTOFOLETTI, 2012). A mobilização precoce na UTI tem como objetivo manter a amplitude de movimento articular, prevenir ou minimizar grandes retrações musculares e manter ou aumentar a força muscular e a função física do paciente reduzindo complicações, sendo consideradas como elemento fundamental na maioria das condutas de 20 assistência da fisioterapia em pacientes internados em uma UTI, incluindo uma variedade de exercícios terapêuticos que previnem fraquezas musculares, deformidades e ainda reduzem a utilização de recursos de assistência durante a internação. E também diminui a incidência de tromboembolismo e de trombose venosa profunda (TVP). Permiti uma melhor oxigenação e nutrição dos órgãos internos (GARDENGHI; URT, 2014). O treinamento físico tem sido cada vez mais reconhecido como um importante componente no cuidado de pacientes críticos que requerem ventilação mecânica (VM) prolongada, ao proporcionar melhora na função pulmonar, muscular e na independência funcional, acelerando o processo de recuperação e diminuindo assim o tempo de VM e de permanência na UTI (DUARTE et al., 2014). Essa mobilização precoce é uma terapia que traz benefícios físicos, psicológicos e evita os riscos da hospitalização prolongada, diminuindo a incidência de complicações pulmonares, acelerando a recuperação e reduzindo o tempo de ventilação mecânica. É considerada uma terapia que otimiza a recuperação funcional, particularmente durante os primeiros dias de internação hospitalar (CRUZ, 2014). Observa-se que melhor o transporte de oxigênio, além de reduzir os efeitos do imobilismo e do repouso, com atividades terapêuticas progressivas, como exercícios fisioterapêuticos na cama, treinar o paciente a sentar à beira do leito, ortostatismo, transferência para a cadeira e deambulação (JUNIOR, 2013). Intervir precocementeé fundamental também para a melhora da função respiratória, redução dos efeitos adversos da imobilidade, melhora do nível de consciência, aumento da independência funcional, melhora da aptidão cardiovascular e aumento do bem-estar psicológico. Além de auxiliar na recuperação do paciente, reduzir a duração da ventilação mecânica e o tempo de internação hospitalar (JUNIOR, 2013). Critérios de segurança para iniciar a mobilização precoce em pacientes críticos: • Ausência de recentes mudanças no ECG de repouso; • PaCO2 de 50-55 mmHg; • Ventilação minuto pelo peso corporal > 150 ml/kg; 21 • FR até 30 irpm; Contraindicações: • Choque cardiogênico com PAMDerde et al. (2012), Wollersheim et al. (2014) e Bloch et al. (2012) a atrofia muscular é provocada pelo aumento da degradação e diminuição da síntese da proteína muscular. Vários processos durante a doença crítica podem promover tal desperdício de proteína muscular, que preferencialmente envolve miosina. A ICUAW aparece de forma simétrica e flácida ou hipotônica nos membros. Segundo Hermans et al. (2012), os músculos proximais são mais afetados que os distais, sendo o grupo dos antigravitacionais os mais prejudicados. Para De Jonghe et al. (2007) quando a ICUAW está presente nos músculos respiratórios contribui para 25 o desmame tardio e aumenta o risco de complicações da VMI, além da estadia no hospital. ELETROESTIMULAÇÃO NEUROMUSCULAR (EENM) A EENM é uma técnica que consiste na aplicação de uma corrente elétrica por meio de eletrodos posicionados sobre a pele nos pontos motores dos músculos escolhidos. Essa corrente aumenta a permeabilidade da membrana produzindo potencial de ação e o mesmo é prolongado produzindo a contração muscular efetiva. Essa técnica é utilizada como um recurso adicional para reabilitação envolvendo o tratamento de hipotrofias, espasticidade, contraturas e na aquisição de aumento de força. Também é inclusa em programas de treinamento em atletas, para gerar ganhos de torques isométricos, objetivando promover, aperfeiçoar ou adaptar as capacidades iniciais de cada indivíduo (WIJDICKS, 2006). O uso de correntes elétricas que desenvolvem ações terapêuticas nos tecidos biológicos ou possibilitam a manutenção de suas funções tem sido extensamente preconizado como recurso em nosso país. Sendo que a eletroestimulação tem sido utilizada como recurso de associação ou substituição ao exercício ativo, principalmente em pacientes acamados. Esse recurso tem mostrado efeitos benéficos em pacientes com Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC), Insuficiência Cardíaca Congestiva (ICC) e em pacientes internados. Tendo em vista que, esses pacientes não podem se exercitar ativamente devido à insuficiência respiratória, cardíaca e a sua condição crítica nas UTIs, além da sedação e lesões neurológicas. Por este motivo, se beneficiam da EENM em termos da melhora na capacidade de exercício, otimização do desempenho dos músculos esqueléticos, manutenção da qualidade de vida, redução da perda muscular, diminuição do tempo de desmame ventilatório e de internação nas unidades de recuperação (MARAMATTOM; WIJDICKS, 2006; DAVINI et al., 2005). 26 EENM – CONCEITOS FÍSICOS A fim de melhor compressão sobre o tema alguns conceitos físicos sobre eletricidade precisam ser definidos. Eletricidade é uma forma básica de energia na ciência física e pode produzir efeitos sobre os tecidos (HAYES et al., 2002). Segundo Hayes et al. (2002) a eletricidade é composta por uma carga elétrica que é uma propriedade física, que pode ser positiva (prótons) ou negativa (elétrons). Cargas iguais se repelem umas às outras, enquanto cargas opostas se atraem. Os tecidos biológicos são condutores, porque os íons são livres para se moverem, quando expostos às forças eletromotrizes. Onde há eletricidade há a formação de um campo denominado campo elétrico que pode ser definido como o espaço onde agem forças magnéticas, que se formam em torno de um condutor elétrico. Quando há uma corrente elétrica em um condutor, não somente o condutor é submetido a alterações, mas também a região que o circunda sofre modificações. Forma-se um campo eletromagnético em volta desse condutor. Quanto maior a intensidade da corrente no condutor, mais forte é o campo eletromagnético ao seu redor. Sempre quando o campo eletromagnético se desfaz, ele se desprende do condutor e parte em direção ao infinito. Enquanto há corrente ao redor do condutor, ondas eletromagnéticas são geradas. Essas ondas são a propagação de uma oscilação (HAYES et al., 2002). As ondas eletromagnéticas são medidas pelos pulsos (ms ou μs) que são a largura de fase da onda, a medida de onde inicia até onde termina uma onda. Em cada pulso se obtém uma determinada quantidade de energia já preestabelecida. Quando projetada no tempo a fim de quantificar há a definição de frequência. Frequência, cuja unidade de medida é o Hz, é a quantidade de pulso em um determinado tempo. As correntes elétricas são classificadas de acordo com sua frequência sendo de baixa (1 a 1000 Hz), média (1.000 a 100.000 Hz) ou alta (acima de 100.000 Hz) (HAYES et al., 2002). Por fim, nos aparelhos geradores de correntes é possível determinar a intensidade, cuja unidade de medida é μA ou mA, dessa corrente. Quando se 27 aumenta a intensidade no aparelho aumenta-se a unidade motora recrutada, o tamanho da área que está sendo atingida e também à magnitude com que ela está sendo atingida. Serve também para manter o estímulo sensorial (HAYES et al., 2002). EENM – EFEITOS ELETROFISIOLÓGICOS A EENM pode causar alterações na propriedade contrátil do músculo, associado às alterações na composição das proteínas miofibrilares, e aumento da área das fibras musculares decorrente do aumento na síntese de proteínas contráteis (DOMINGOS et al., 2009). Segundo Domingo et al. (2009) as correntes excitomotoras com formas simétricas bifásicas são as preferidas para eletroestimulação devido a sua baixa carga elétrica. Tais características foram comuns aos dois tipos de correntes utilizadas no presente estudo, tanto em média, quanto em baixa frequência. Para Abdalla et al. (2009) a eletroestimulação de média frequência, geralmente associada à cinesioterapia é um tratamento muito utilizado para o aumento da força muscular, por que produz níveis mais profundos de contração em relação a movimentos voluntários. Araújo e Santos (2012) afirmam que existem relatos que comprovam que a EENM com correntes de média frequência, quando comparada ao movimento ativo, pode ativar de 30% a 40% mais unidades motoras. Pois, a EENM promove a modulação do nervo motor alfa enquanto o movimento ativo despolariza o neurônio. Estudos como o de Guirro et al. (2000) e Cancelliero (2004) demonstram que na aplicação de estimulo elétrico, tem sido observada a elevação na captação de substratos metabolizáveis, ativação enzimática, redução no processo de fibrose, além de promover o fortalecimento muscular. Complementarmente, segundo Cancelliero et al. (2006) a elevação na atividade contrátil, induzida pela estimulação elétrica, faz com que as fibras musculares apresentam aumento na sensibilidade à insulina bem como ativação dos processos ligados à elevação na captação de glicose e síntese de glicogênio. 28 No que tange ao conteúdo muscular de glicogênio destaca-se que se trata de uma reserva de glicose importante que reflete o status nutricional da fibra muscular, visto que a hexose é o substrato energético preferencialmente metabolizado, assim, quando as reservas glicogênicas apresentam-se reduzidas tem início o desenvolvimento de fadiga e consequente comprometimento na atividade contrátil. Assim, a manutenção das reservas glicogênicas dentro da normalidade proporciona o equilíbrio na homeostasia energética (CANCELLIERO et al., 2006). EENM – INDICAÇÕES E CONTRA-INDICAÇÕES PARA PACIENTES CRÍTICOS A EENM é de particular interesse na UTI, porque a perda de massa muscular é rápida e mais grave do que em outras condições crônicas. Além disso, a técnica pode ser utilizada facilmente em pacientes imóveis e sedados (NEEDHAM et al., 2009). Para paciente crítico, essa técnica é indicada para prevenir e tratar a Polineuropatia do Paciente Crítico, manter massa muscular de pacientes em VMI por mais de 24 horas que possui contra-indicação ao movimento passivo ou ativo e de pacientes que possuem diminuição da força muscular, vista pela pontuação menor que 48 da escala Medical Research Council(MRC). E para qualquer exercício ativo que deseja associar a EENM (NEEDHAM et al., 2009). As contra-indicações absolutas e relativas em pacientes críticos são em portadores de marcapasso cardíaco, infecções cutâneas no local de aplicação, edema que impossibilite a técnica, agitação psicomotora intensa ou perigosa, gestantes, portadores de prótese metálica para correntes polarizadas, neoplasias, hipertermia (>39ºC), pacientes com hemograma alterado com queda abrupta de hemoglobina ( 20 mmhg) ou paciente com instabilidade hemodinâmica com uso de altas doses de drogas vasoativas (NEEDHAM et al., 2009). 29 REFERENCIAS FREITAS ERFS. Perfil e gravidade dos pacientes das unidades de terapia intensiva: aplicação prospectiva do escore APACHE II. Rev Latino-Am Enfermagem. 2010;18 (3):21-6. doi: 10.1590/S0104-11692010000300004 DANTAS CM, Silva PFS, Siqueira FHT, Pinto RMF, Matias S, Maciel C, et al. Influência da mobilização precoce na força muscular periférica e respiratória em pacientes críticos. 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