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sexta-feira, 11 de outubro de 2024 - Prof Fábio Anatomia do Olho Os olhos e as pálpebras são e s t r u t u r a s c o m p l e x a s q u e desempenham papeis essenciais na visão e proteção ocular. Anatomia Externa dos Olhos No centro do olho, encontramos a pupila, o orifício central da íris. A íris, a parte colorida do olho, é responsável pelas diferentes cores dos olhos, como castanho, preto, azul e verde, variando entre os indivíduos. As pálpebras possuem uma camada interna revestida pela conjuntiva, uma mucosa que cobre a parte interna das pálpebras e a esclera, a região esbranquiçada do olho. A esclera é a parte mais lateral e medial do globo ocular. Na face do paciente, também podemos visualizar a parte lateral do olho e o nariz. A córnea é a membrana transparente que reveste a íris e a pupila, com a transição entre a córnea e a esclera chamada limbo da córnea. Além disso, temos a papila lacrimal, com pontos superiores e inferiores que são os orifícios de drenagem da lágrima. A lágrima é produzida na porção lateral superior do olho, drenada por gravidade, lubr ificando o olho. A drenagem inadequada pode causar epífora, o corrimento excessivo de lágrimas. As lágrimas são drenadas para a cavidade nasal através desses orifícios. A s p á l p e b r a s p o s s u e m d u a s comissuras, a medial e a lateral, que são pontos de inserção e sustentação das p á l p e b r a s . O s l i g a m e n t o s n a s comissuras sustentam tanto a pálpebra superior quanto a inferior. A zona de transição entre a esclera e a pálpebra é chamada de forma inferior da conjuntiva, uma reflexão da conjuntiva entre a pálpebra e o globo ocular. Superiormente, temos o supercilio, uma quantidade de pelos localizada no rebordo orbitaria, variando entre homens e mulheres. Os cílios estão presentes nas bordas das pálpebras superiores e inferiores, protegendo os olhos de partículas estranhas. Anatomia Interna do Globo Ocular A íris, que funciona como um diafragma, regula a quantidade de luz que entra pela pupila. A íris divide a parte anterior do olho em câmara anterior (entre a córnea e a íris) e a câmara posterior (entre a íris e o cristalino), ela começa quando o músculo ciliar é finalizado. O cristalino é uma lente que permite a projeção da imagem na retina, localizada na parte posterior do olho. Os músculos que controlam o diámetro da pupila são: • Esfincter da pupila: é inervado pelo nervo oculomotor, atua quando o parassimpático esta ativado e realiza midríase. • Dilatador da pupila: é composto por fibras radiais, atua quando o simpático esta ativado e realiza miose. O corpo ciliar e a musculatura ciliar controlam a forma do cristal ino, ajustando a focalização da imagem na retina. As camadas do olho incluem: • Tunica fibrosa: é a camada mais externa, que é dividida em duas partes: 1 - Esclera: representa toda a parte branca do olho, é uma região composta por tecido conjuntivo fibroso e é muito resistente. Tem como função a inserção dos músculos extrínsecos. - Cornea: é a continuacao da esclera na par te anter ior, é completamente transparente para permitir a passagem dos fótons de luz. É avascularizada. • Tunica vascular: compõe a camada media, é formada por: - Corióide: é a parte vascular propriamente dita. Esses vasos tem como função nutrir a parte interna da esclera. - Corpo ciliar: faz a acomodação da lente, assimilando o que é visao de perto e visao de longe. Tem como componentes anatómicos: • M u s c u l o c i l i a r : f a z a movimentação da lente, e se prende a ela pelas fibras zonulares. Ele promove a acomodação. • Processos ciliares: tem como função realizar um filtrado do sangue , e o u l t r a fi l t r ado é transformado em humor aquoso. • Tunica interna: é a camada mais interna, representa a retina, e é onde são encontrados os fotorreceptores. A retina é dividida em camadas, sendo elas: - Camada de pigmentos: é a camada que contem melanina, e tem como função absorver os fótons de luz. - Camada dos fotorreceptores: compreende os cones e os bastonetes. Os cones percebem as cores, e os bastonetes, a tonalidade cinza. - Camada sináptica externa: local de s inapse entre as células bipolares e os fotorreceptores. Também ha a presença dos amônios das células horizontais, que fazem a modulação. - Camada de células bipolares: encontramos as células bipolares, corpos das células horizontais e os corpos das células amácrinas, que também fazem a modulação. - Camada s inápt ica in terna: compreende a sinapse entre as células bipolares e ganglionares. Essa camada tem a modulação feita pelas células amácrinas. - C a m a d a g a n g l i o n a r : e n c o n t r a m o s a s c é l u l a s ganglionares, e seus axonios formam o nervo óptico. Lateralmente à fovea central, ha o disco optico, que é o ponto cego. Ele é composto por: • Ausencia de cones e bastonetes • Nervo optico • Arteria central da retina • Veia central da retina O corpo vítreo, uma substancia gelatinosa, preenche o interior do olho e permite a passagem da luz até a retina. Ele fica localizado na câmara postrema, e alem de permitir a passagem de luz, também realiza a limpeza da região e mantem a retina alinhada. Na retina, a mácula contém a fóvea, a área de maior acuidade visual. O nervo óptico (II par craniano) transmite a imagem para o cérebro , sendo interpretada na região occipital. 2 Musculatura Extrínseca do Globo Ocular A musculatura extrínseca do globo ocular inclui quatro músculos retos (superior, inferior, medial e lateral) e dois músculos oblíquos (superior e inferior). Esses músculos são responsáveis pelos movimentos oculares em diferentes direções. Três nervos cranianos inervam esses músculos: o nervo oculomotor (III), que inerva a ma io r ia dos múscu los extraoculares; o nervo tróclea (IV), que inerva o músculo obliquo superior; e o nervo abducente (VI), que inerva o músculo reto lateral. Estruturas Adjacentes As estruturas adjacentes ao olho, como a órbita ocular, a musculatura periorbitária, o sistema lacrimal e as pálpebras, desempenham papéis vitais na proteção, nutrição e movimentação ocular. 1. Órbita Ocular A orbita ocular, composta por vários ossos, forma o arcabouço ósseo de sustentação do crânio em relação ao globo ocular, nervos, vasos e gordura periorbitaria. Os ossos da orbita incluem o osso frontal, a asa menor do esfenóide, a lâmina orbital do etmoide, o osso lacrima, o zigomatico, a maxila e uma pequena porção do palato. Esses ossos fornecem suporte estrutural e proteção ao olho. 2. Musculatura Periorbitária A musculatura relevante na região periorbitaria inclui o músculo corrugado do superc i l io , que aprox ima as sobrancelhas na porção central. O músculo orbicular do olho, crucial para o fechamento das pálpebras, possui uma porção palpebral e uma porção orbitaria. O piscar é realizado principalmente pela porção palpebral do músculo orbicular. 3 3. Sistema Lacrimal A glandula lacrimal, localizada na porção superior e lateral da orbita, produz lagrimas continuamente para lubrificar a córnea e a esclera. A distribuição inadequada das lagrimas pode causar complicações, como lesões de córnea e, eventualmente, cegueira. Essa glandula possui uma porção orbital e uma porção palpebral. A lagrima é produzida na porção orbital e drena de superior para inferior e de lateral para medial através dos canaliculos lacrimais, que levam ai saco lacrimal. Por isso, quando produzimos uma quantidade maior de lagrimas, como ao chorar, nosso nariz fica congestionado devido ao acumulo de lagrimas no meato nasal inferior. Trajeto da Lágrima Glândula lacrimal ductos lacrimais contração do músculo orbicular do olho lágrima encaminhada para a comissura medial drenada pelos pontos lacrimais superior e inferior canaliculos lacrimais superior e inferior saco lacrimal ducto lacrimonasalducto se abre na região da concha nasal inferior. Composição do Liquido Lacrimal O liquido lacrimal é constituído por sais, muco e lisozima. Esta ultima tem função bactericida. Uma conjuntivite mal tratada pode levar à meningite. A bactéria localizada na conjuntiva, pode migrar por via hematogenica, comprometendo a dura- mater e se instalando no local. 4. Palpebras As pálpebras são estruturas finas e delicadas que desempenham varias funções essenciais: • Proteção: as pálpebras protegem os olhos contra corpos estranhos, luz intensa e traumas. • Lubrificação: a ação de piscar distribui a lagrima sobre a superfície do o lho, mantendo-o úmido e removendo detritos. • Suporte Estrutural: as estruturas internas, como o tarso e o septo orbital, fornecem suporte e forma às pálpebras, permitindo movimentos suaves e eficazes. • Função Imunológica: a conjuntiva contem glândulas que produzem muco e anticorpos, ajudando a prevenir infecções. As pálpebras são compostas por varias camadas especializadas, com uma espessura de apenas dois a três milímetros. Cada camada desempenha um papel crucial na proteção e funcionamento do olho. I. Pele e Tecido Subcutâneo A camada mais externa da pálpebra é a pele, que é a pele mais fina do corpo. Abaixo da pele, encontramos tecido subcutâneo, que é uma camada fina de tecido conjuntivo frouxo que permite a 4 mobilidade da pele sobre as camadas subjacentes. II. Musculo Orbicular do Olho O músculo orbicular do olho é crucial para o fechamento das pálpebras. O músculo orbicular é responsável pelo piscar e pela proteção do olho contra corpos estranhos e traumas. III. Septo Orbital Logo abaixo do músculo orbicular, temos o septo orbital, que é uma continuação do periósteo da órbita. O septo orbital se estende desde a margem orbitaria ate a borda ciliar da pálpebra, funcionando como uma barreira que separa as estruturas superficiais das amais profundas da órbita. Ele protege a musculatura extrínseca do olho, os nervos e vasos, alem da gordura orbitária. IV. Tarso O tarso é uma estrutura fibroelástica densa (tecido conjuntivo fibroso) que proporciona sustentação à pálpebra. Existem dois tarsos: o tarso superior e o tarso inferior. Eles servem como ancoragem para os músculos e ligamentos das pálpebras. Nas regiões medial e lateral do tarso, existem os ligamentos tarsais, que servem para a sua fixação. A aponeurose do músculo levantador da palpebral superior se insere no tarso superior, permitindo a elevação da pálpebra. V. Conjuntiva A conjuntiva é uma membrana mucosa que reveste a superfície interna das pálpebras (conjuntiva palpebral) e a esclera (conjuntiva bulbar), unindo-se ao limbo da córnea. Esta membrana ajuda a manter a superfície ocular úmida e protegida contra infecções e lesões. VI. Ligamentos Temos dois l igamentos cantais principais: o ligamento cantal medial e o ligamento cantal lateral. Cada um desses l igamentos possu i duas vertentes, uma superior e outra inferior, em ambos os lados. Esses ligamentos são essenciais para a sustentação e fixação da pálpebra. Se o ligamento cantal lateral for rompido por algum motivo, como trauma ou cirurgia, a pálpebra pode ficar desalinhada, prejudicando o fechamento palpebral. Esses ligamentos trabalham para assegurar o alinhamento correto e o funcionamento adequado das pálpebras, contribuindo para a proteção do olho, uma estrutura vital para a visão. Vascularização dos Olhos e Pálpebras A pr inc ipal fonte de i r r igação sanguínea para o olho é a artéria oftálmica, um ramo da artéria carótida interna, que entra na orbita através do canal óptico junto com o nervo óptico e dá origem a vários ramos. A artéria central da retina, um dos ramos mais importantes, penetra no nervo óptico e se ramifica dentro da retina, fornecendo sangue à sua camada interna, cuja oclusão pode resultar em perda visual severa. As arterias ciliares posteriores curtas nutrem a coroide, enquanto as artérias ciliares posteriores longas 5 suprem a íris e o corpo ciliar. As arterias episclerais irrigam a esclera e, devido à vascularidade da córnea, esta depende de difusão do humor aquoso e da conjuntiva para obter nutrientes e oxigênio. A iris é suprida pelas arterias ciliares anteriores, ramos das artérias musculares, que também contribuem para a rede vascular anastomótica da í r i s , essenc ia l para a t roca de substancias com o humor aquoso na câmara anterior. As veias do olho sao organizadas para garantir uma drenagem eficiente. A veia central da retina, que acompanha a artéria correspondente, drena para a veia oftálmica superior ou diretamente para o seio cavernoso. As veias ciliares anteriores e posteriores drenam sangue do co rpo c i l i a r, i r i s e co ro ide , c o m u n i c a n d o - s e c o m a s v e i a s episclerais, que drenam a esclera e parte da conjuntiva. As veias conjuntivas drenam a conjuntiva e a esclera superficial, enquanto as veias oftálmicas superior e inferior drenam sangue das estruturas orbitarias, com a veia oftálmica superior esvaziando-se no seio cavernoso e a inferior na veia facial ou no seio cavernoso. Externamente, a região orbitaria e as pálpebras são vascularizaras por rios da artéria oftálmica e da carótida externa. As artérias supraorbital e supratroclear, ramos da oftálmica, irrigam a testa e as pá lpebras super io res . A a r té r ia infraorbital, ramo da maxilar (carotida externa), irriga as palpebras inferiores, bochecha e lábio superior. O ramo transverso da arteria facial e a arteria angular tameme contribuem para a vascularização das pálpebras inferiores e da região nasal. A arteria temporal superficial, ramo da carotida externă, fornece ramos para as pálpebras superiores e inferiores, formando dois arcos vasculares importantes: o arco palpebral superior, anastomosado pelas artérias supraorbital, supratroclear e temporal superficial; e o arco palpebral in fe r io r, fo rmado pe las a r té r ias in f raorb i ta l , angu lar e tempora l superficial. A drenagem venosa segue um padrão semelhante, com as veias supraorbital e supratroclear drenando para a veia oftálmica superior ou seio cavernoso, a veia infraorbital drenando para a veia facial ou oftálmica inferior, a veia angular contribuindo para a drenagem da região nasal, e a veia temporal superficial esvaziando-se na veia jugular externa, formando um sistema de drenagem paralelo ao arterial. Drenagem Linfática dos Olhos e Pálpebras A drenagem l infat ica da face, incluindo a região periocular, é realizada por uma rede extensa e interconectado de linfonodos. A linfa, o fluido que circula pelo sistema linfático, é coletada por capilares linfáticos na pele e nas estruturas subjacentes ao redor do olho. Esses capilares convergem para vasos linfáticos maiores, que transportam a linfa para os linfonodos regionais. 6 • Linfonodos Submandibulares: a drenagem linfatica das palpebras, da conjuntiva e das regiões periorbitarias i n f e r i o r e s é d i r e c i o n a d a principalmente para os linfonos submandibulares. Estes linfonodos estão localizados ao longo da borda inferior da mandíbula e desempenham um papel vital na filtragem da linfa proveniente dessas áreas. • Linfonodos Parotídeos: a linfa das palpebras superiores e da região lateral dos olhos drena para os linfonodos parotídeos, localizados ao redor da glândula parótida, anterior à orelha. Esses linfonodos recebem a linfa da face inferior e de outras estruturas cervicais. A linfa coletada pelos linfonodos submandibulares, parotídeos e jugulares é então transportada através de vasos linfáticos maiores para linfonodos cervicais profundos, que se conectam ao sistema linfático central. Inervação dos Olhos e das Pálpebras A inervação do olho e das estruturas periorbitarias é complexa e envolve múl t ip los nervos c ran ianos que fornecem tanto a inervaçãomotora quanto a sensi t iva. Cada nervo desempenha funções especificas que são essenciais para a motricidade, sensibilidade e funções autonómicas do olho. 1. Nervo Oculomotor (III Par Craniano) O nervo oculomotor é o terceiro par craniano e desempenha um papel crucial na motricidade ocular. Ele inerva a maioria dos músculos extraoculares, incluindo o músculo reto superior, reto medial, reto inferior e obliquo inferior. Alem disso, ele inerva o músculo levantador da pálpebra superior, permitindo a elevação da pálpebra. O nervo oculomotor também possui fibras parassimpaticas que inervam o músculo esfíncter da pupila e o músculo ciliar, permitindo a constrição da pupila e a acomodação do cristalino para a visão de perto. 2. Nervo Troclear (IV Par Craniano) O nervo troclear, o quarto par craniano, é responsável pela inervação do músculo obliquo superior. Este músculo permite a rotação interna do olho, crucial para a convergência visual. O nervo troclear é o único nervo craniano que emerge da superfície dorsal do tronco encefalico. 3. Nervo Abducente (VI Par Craniano) O nervo abducente, o sexto par craniano, inerva o musculo reto lateral. Este músculo é responsável pela abdução do olho, ou seja, o movimento lateral do globo ocular. A função adequada desse nervo é essencial para a coordenação binocular e a prevenção da diplopia (visao dupla). 7 4. Nervo Trigemeo (V Par Craniano) - Ramo Oftalmico (V1) O primeiro ramo do nervo trigêmeo, também conhec ido como nervo oftálmico (V1), é um nervo sensitivo. Ele inerva a região periorbitaria, incluindo a pele da testa, pálpebras superiores, a córnea a conjuntiva e a parte superior do nariz. O nervo oftálmico se divide em três ramos principais ao entrar na orbita: A. Nervo lacrimal: inerva a glandula lacrimal, a conjuntiva e a pele da palpebra superior. B. Nervo frontal: se divide em nervos supraorbital e supratroclear, inervando a testam couro cabeludo e palpebra superior. C. Nervo nasocil iar: inerva a cornea, a iris e a pele do nariz. 5. Nervo Optico (II Par Craniano) e Quiasma Optico O nervo optico, o segundo par c r a n i a n o , é r e s p o n s á v e l p e l a transmissão da informação visual da retina para o cérebro. Os amônios das células ganglionares da retina se juntam para formar o nervo óptico, que se dirige ao quiasma óptico. No quiasma óptico, as fibras de cada nervo óptico se cruzam parcialmente, permitindo a integração da informação visual de ambos os olhos. 8 Pele e Tecido Subcutâneo Musculo Orbicular do Olho Septo Orbital Tarso Conjuntiva Ligamentos