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UNIVERSIDADE DO ESTADO DO MATO GROSSO - UNEMAT Nome: Ana Vitória Lucas da Silva Data: 29/09/2024 Disciplina: Teoria dos Direitos Humanos Resenha Crítica - Dignidade da Pessoa Humana O Princípio da Dignidade da Pessoa Humana é um conceito filosófico e abstrato, responsável por determinar o valor inerente da moralidade, espiritualidade e honra de todas as pessoas, não levando em consideração a condição diante da circunstância dada. Em que pese esse princípio seja o mais importante de nosso ordenamento jurídico, seu conceito é abstrato, sem um fundamento ou explicações únicas e pacificadas, o que leva sempre a um debate controverso do tema. Algumas correntes teóricas definem esse princípio como o “principal guia do direito”, tendo como objetivo uma análise e ponderação do ser humano efetiva e completa, dentro da esfera jurídica. A dignidade da pessoa humana é um princípio essencial e basilar do estado democrático de direito, com expressa previsão na Constituição Federal, em seu art. 1°, III. Percebe-se que tal princípio encontra-se previsto na abertura da Carta Magna, o que demonstra que o Estado é adstrito a esse princípio, tendo em vista que o é seu dever proteger e colocar em prática essa garantia fundamental e outros que surgiram através dele, como o direito à vida, à saúde, moradia e educação. Insta salientar que, o destaque que tal princípio possui na Constituição determina que todas as outras legislações, de forma obrigatória, devem considerar a dignidade da pessoa humana para que exista. Isso impede que haja a criação de normas que coloquem o ser humano em situações degradantes para a sua honra, espiritualidade e dignidade. De forma resumida, o princípio da dignidade da pessoa humana impõe uma proibição à utilização ou transformação do homem em um objeto, bem como coloca sobre o Estado o dever de respeitar e proteger a pessoa humana. No entanto, é certo que o Estado não tem cumprido com maestria tal função, tendo em vista que, na prática, há diversas contradições em suas funções de promover o bem estar social e na garantia de diversos direitos que são assegurados pela Constituição. É importante destacar que, a base estatal é a dignidade da pessoa humana. Isso é reforçado com o fato de que é ela que convalida a própria existência do Estado Democrático de Direito. De acordo com Bonavides (2001): “nenhum princípio é mais valioso para compensar a unidade material da Constituição que o princípio da dignidade da pessoa humana”. Ocorre que, em razão da dificuldade existente em estabelecer uma única definição sobre esse princípio, encontra-se, consequentemente, a dificuldade em estabelecer critérios claros para sua promoção e proteção. O fato do conceito da dignidade da pessoa humana ter sido moldado por diferentes contextos históricos, culturais e filosóficos, acaba por levar a diversas interpretações. Outro ponto que merece destaque é que uma das características desse princípio é a relatividade, ou seja, mesmo que seja um dos princípios mais importantes, se não o mais importante, existe a possibilidade de que ele seja relativizado ou, em situações extremas, até mesmo negado. Isso quer dizer que, em determinadas e limitadas situações, como guerras, crises humanitárias e conflitos sociais, pode ocorrer a relativização desse princípio. No contexto atual, esse princípio tem ganhado cada vez mais destaque, tendo em vista sua aplicabilidade em situações mais complexas, como é o caso da pena de morte. Tal assunto levanta diversos debates acalorados, levando em consideração a possibilidade de que a privação da vida, mesmo em casos considerados hediondos, é incompatível com o princípio fundamental que toda pessoa possui, ou seja, uma dignidade intrínseca e inviolável. A grande parte das organizações de direitos humanos, bem como os principais tratados internacionais possuem posicionamento de condenar a pena de morte. Como exemplo a ser citado, temos a Declaração Universal dos Direitos Humanos, que afirma que toda pessoa humana possui direito à vida. Dessa forma, a pena de morte é vista como uma violação a esse direito fundamental e como uma expressão de crueldade e desumanidade. Outra questão complexa envolve os direitos humanos e a bioética, como por exemplo a eutanásia, clonagem, experimentação com seres humanos. Tais situações colocam em xeque os limites da dignidade. De outro ângulo, o princípio da dignidade da pessoa humana acaba por se tornar uma bússola para garantir que os avanços tecnológicos beneficiem a todos e respeitem a natureza humana. A bioética busca ofertar um arcabouço teórico e prático a fim de orientar decisões em um mundo que se encontra cada vez mais complexo, tendo em vista que os avanços tecnológicos acabam por colocar em questão os limites da vida e da morte. A aplicação da dignidade da pessoa humana vem enfrentando novos desafios com o avanço da tecnologia e a mudança da sociedade. Pode-se destacar, dentre essas mudanças, o desenvolvimento da inteligência artificial, que tem levantado variados debates a respeito dos limites da tecnologia a fim de preservar a dignidade da pessoa humana. O fato da inteligência artificial conseguir coletar e analisar grandes volumes de dados pessoais, levanta e discussão se isso, de certa forma não acaba comprometendo a privacidade e a autonomia. Fato é que, mesmo diante dos diversos desafios que o avanço da tecnologia tem causado, esse princípio se apresenta como um orientador para o desenvolvimento e utilização da inteligência artificial. Dessa forma, é de suma importância que haja a garantia de que a inteligência artificial seja utilizada e desenvolvida de forma a respeitar a autonomia individual, ou seja, as pessoas continuem tendo a possibilidade de tomar suas próprias decisões e controlar seus dados pessoais. Ademais, ela deve ser um instrumento a serviço da humanidade, não uma ameaça a nossa existência. De forma resumida, a relação existente entre o princípio da dignidade da pessoa humana e a IA é bastante complexa, exigindo uma reflexão profunda a respeito dos valores que norteiam a sociedade. Em suma, é possível perceber que o princípio da dignidade da pessoa, atualmente, molda-se como um dos princípios basilares da sociedade brasileira, tendo em vista que é responsável por regar e nortear a confecção de todas as legislações. Em que pese as diversas discussões a respeito do tema, é importante destacar que o referido princípio é um pilar fundamental da sociedade, bem como é um valor inalienável a todos os seres humanos. Em um mundo cada vez mais conectado e complexo, o princípio da dignidade da pessoa humana enfrenta novos desafios. No entanto, entanto, a busca por uma sociedade mais justa e igualitária passa pelo respeito à dignidade da pessoa humana. Dessa forma, o princípio é um valor que deve ser constantemente reafirmado e defendido, vez que inspira a sociedade e o próprio estado a construir um mundo mais humano, mais justo e mais digno a todas as pessoas. Referências BONAVIDES, Paulo. Teoria Constitucional da Democracia Participativa. São Paulo: Malheiros, 2001, p. 233.