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DESENVOLVIMENTO DO 
TURISMO NO PÓLO SATERÊ 
Diagnóstico Preliminar 
Produto 1 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Novembro / 2006 
 
Diagnóstico Preliminar Pólo Saterê 1 
Sumário 
 
1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS............................................................................ 4 
2 CARACTERIZAÇÃO DO PÓLO DE ECOTURISMO SATERÊ ........................................ 9 
2.1 Histórico da Ocupação........................................................................... 9 
2.1.1 Maués ...................................................................................... 9 
2.1.2 Boa Vista do Ramos..................................................................... 10 
2.1.3 Barreirinha............................................................................... 11 
2.1.4 Parintins.................................................................................. 12 
2.1.5 Nhamundá................................................................................ 13 
2.2 Localização e acesso............................................................................ 14 
2.3 Caracterização dos Aspectos Naturais ....................................................... 16 
2.3.1 Clima e Hidrografia .................................................................... 16 
2.3.2 Relevo e Recursos Minerais............................................................ 19 
2.3.3 Solos ...................................................................................... 20 
2.3.4 Tipologia Vegetal ....................................................................... 21 
2.3.5 Fauna ..................................................................................... 27 
2.3.6 Unidades de Conservação.............................................................. 30 
2.4 Caracterização dos Aspectos Sócio-Econômicos e Culturais Relevantes................ 32 
2.4.1 Dinâmica Populacional ................................................................. 32 
2.4.2 Educação, Saúde e Saneamento Básico.............................................. 33 
2.4.3 Núcleos Comunitários e Aspectos Organizacionais ................................ 34 
2.4.4 Populações Indígenas e o Ecoturismo................................................ 34 
2.4.5 Panorama Econômico................................................................... 51 
2.4.6 Panorama Cultural...................................................................... 53 
2.4.7 Aspectos Institucionais, Programas e Projetos..................................... 59 
2.4.8 Questões Ambientais Relevantes..................................................... 60 
3 CARACTERIZAÇÃO DE POTENCIALIDADES ECOTURÍSTICAS...................................62 
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................78 
5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS....................................................................79 
 
 
 
Diagnóstico Preliminar Pólo Saterê 2 
Lista de Siglas e Abreviaturas 
AAM - Associação Amazonense dos Municípios 
AMAZONASTUR - Empresa Estadual do Turismo do Amazonas 
AMAZÔNIA LEGAL - A Amazônia Legal é um Decreto Lei 5173, que abrange a totalidade dos 
estados do Acre, Amazonas, Roraima, Rondônia, Pará, Amapá, Mato Grosso e Tocantins, 
participando parcialmente o estado do Maranhão, em 500.631.680 habitantes. É 
representada por seus ambientes naturais, elevo e áreas protegidas de Terras Indígenas e 
áreas de Conservação. 
AOBT - Associação dos Operadores de Barcos de Turismo do Amazonas 
APEAM - Associação dos Pescadores do Amazonas 
BID - Banco Interamericano de Desenvolvimento 
BOH - Boletim de Ocupação Hoteleira 
CAT – Central de Atendimento ao Turismo 
CI – Conservação Internacional 
CNTUR - Conselho Nacional do Turismo 
COIAB - Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira 
DEPRO - Departamento do Turismo e Promoção 
EMAMTUR - Empresa Amazonense de Turismo 
EMBRATUR - Instituto Brasileiro do Turismo 
FECAP – Festival de Canção de Purus 
FEMUSA – Festival de Música Sacra 
FEPI - Fundação Estadual de Políticas Indígenas do Amazonas 
FNRH - Ficha Nacional de Registro de Hóspedes 
FUCAPI – Fundação Centro de Análise, Pesquisa e Inovação Tecnológica 
FUNAI - Fundação Nacional dos Índios 
FUNASA – Fundação Nacional da Saúde 
FUNGETUR - Fundo Geral do Turismo 
GIT - Gerência de Interiorização do Turismo 
GTC / Pesca - Grupo Técnico de Cooperação 
 
Diagnóstico Preliminar Pólo Saterê 3 
IBAMA - Instituto Brasileiro do Meio Ambiente 
IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística 
IDH – Índice de Desenvolvimento Humano 
IPAAM - Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas 
ISA - Centro Ecumênico de Documentação e Informação 
MMA - Ministério do Meio Ambiente 
OMT - Organização Mundial do Turismo 
ONG – Organização Não Governamental 
PIB – Produto Interno Bruto 
PNDPA - Programa Nacional de Desenvolvimento da Pesca Amazônica (Responsabilidade do 
MMA) 
PNMT - Programa Nacional de Municipalização do Turismo 
PNUD - Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento 
PPA – Plano Plurianual 
PROECOTUR - Programa de Desenvolvimento Ecoturismo (na Amazônia Legal) 
PRT - Programa de Regionalização do Turismo 
SDS - Secretaria de Políticas para o Desenvolvimento Sustentável 
SEBRAE - Serviço Brasileiro de Apoio à Micro e Pequenas Empresas 
SEC - Secretaria do Estado da Cultura, Turismo e Desporto 
SENAC - Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial 
SNUC - Sistema Nacional de Unidade de Conservação da Natureza 
SPI – Serviço de Proteção aos Índios 
SUPEC - Secretaria de Cultura, Esporte e Estudos Amazônicos 
TI – Tribo Indígena 
 
Diagnóstico Preliminar Pólo Saterê 4 
1 Considerações Iniciais 
 
A Indústrias Criativas – Estratégias e Projetos, empresa de consultoria contratada pela 
Amazonastur – Empresa Estadual de Turismo do Governo do Amazonas, em parceria com o 
Ministério do Turismo na execução do Programa de Desenvolvimento do Ecoturismo na 
Amazônia Legal – PROECOTUR, apresenta o Diagnóstico Turístico Preliminar do Pólo Saterê – 
Amazonas, resultado dos estudos e levantamentos bibliográficos realizados sobre os cinco 
municípios que integram o Pólo: Barreirinha, Boa Vista do Ramos, Maués, Nhamundá e 
Parintins. 
Esta etapa de elaboração do Diagnóstico permitiu identificar e caracterizar parcialmente 
a oferta e demanda turística da área-objeto de estudo, a partir de fontes secundárias 
disponíveis. Destaca-se que neste mês de novembro e dezembro de 2006 realizam-se as 
verificações de campo dos consultores integrantes da equipe de trabalho, cujas coletas de 
dados e informações devem ser confrontados com a pesquisa de gabinete realizada a fim de 
subsidiar a análise SWOT do diagnóstico final, apoiando a realização de seu Seminário e que 
precede à confecção do Produto 2 – o Diagnóstico Turístico Final do Pólo Saterê – Amazonas, 
previsto para fins de dezembro de 2006. 
Estes estudos visam contribuir para a melhoria da qualidade de vida das populações 
envolvidas, conservação do patrimônio natural e cultural, fortalecimento institucional, 
criação de alternativas econômicas, como também o incremento do ecoturismo como opção 
de desenvolvimento sustentável, por meio da elaboração das Estratégias de Desenvolvimento 
do Turismo Sustentável no Pólo Saterê – Amazonas, iniciativa do Proecotur, sobre o qual 
elencamos diretrizes a fim de que seja compreendido seu contexto, conforme segue: 
 
 Linhas Gerais do Proecotur 
O Programa de Desenvolvimento do Ecoturismo na Amazônia Legal – Proecotur é uma 
iniciativa do Governo Brasileiro firmada por meio de um contrato de empréstimo com o Banco 
Interamericano de Desenvolvimento – BID. Tem como executor o Ministério do Meio Ambiente 
e o Ministério Turismo - MTur, e em parceria com o Instituto Brasileiro de Turismo – Embratur, 
Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis – Ibama e os Estados 
da Amazônia Legal. A coordenaçãoapresentar: o bico-de-papagaio, o 
murumuru, o cacaueiro (árvore da família das esterculiáceas, conhecido também como 
cacauzeiro, os frutos são o cacau) e o patuá. 
Alguns municípios do pólo evidenciam a riqueza e diversidade deste cenário. Parintins é 
um exemplo, pois mesmo inserida dentro de um contexto urbano, a paisagem da ilha retrata 
lagos e igarapés, com árvores centenárias, como castanheiras e canaranas.75 No período da 
seca, de julho a dezembro, é mais fácil ver as praias e belezas naturais ao seu entorno. 
2.3.5 Fauna76 
Estimativas recentes apontam que a região abriga cerca de 2,5 milhões de espécies de 
insetos, dezenas de milhares de espécies de plantas vasculares, cerca de duas mil espécies de 
peixes, além de 950 espécies de pássaros e 200 espécies de mamíferos.77 
A riqueza da fauna, com várias espécies ainda não estudadas e identificadas pela ciência é 
incalculável na área de abrangência do pólo. O levantamento foi realizado através de 
bibliografias partindo do contexto do Pólo do Amazonas, mesmo ainda não evidenciado as 
exatas naturezas que compõe a região estudada. Trata-se portando de um diagnóstico geral 
potencial da região, não pretendendo ser este um inventário prospectivo biológico, 
intencionado a funilar à cada etapa de trabalho os referenciais encontrados especificamente 
no Pólo Saterê. Esta será uma abordagem de difícil exatidão, uma vez que a distribuição 
geográfica das espécies é um constante desafio. 
a. Peixes 
A ictiofauna amazônica é caracteristicamente pouco conhecida, com um total estimado 
variando entre 1.000 a 5.000 espécies. Aproximadamente 1.800 estão descritas 
cientificamente e até as mais comumente consumidas pela população ainda apresentam 
problemas de ordem taxonômica. (BÖHLKE, et al.,1978). Esses são algumas espécies 
encontradas no pólo: Pirarara (Phractocephalus hemioliopterus), Traíra (Hoplias malabaricus), 
Tucunaré-Açu, mais conhecido por Tucunaré (Cichla), Cachara ou Surubim (Pseudoplatystoma 
fasciatum), Dourada (Brachyplathystoma flavicans), Jundia, Piraíba, Barbado ou Piranambu ou 
Barba-Chata (Piniampus pirnampu), Bicuda (Boulengerella), Cachorra (Hydrolycus 
scomberoides), Curimatá (Prochilodus), Jacundá (Crenicichla), Jatuarana (Brycon), 
Jurupensém ou Bico-de-Pato (Surubim), Jurupoca (Hemisorubim platyrhynchos), Mandi ou 
Bagre (Pimelodus), Matrinxã (Brycon), Pacu (Piaractus mesopotamicus), Piau-Três-Pintas ou 
Aracu-Comum ou Aracu-Cabeça-Gorda (Leporinus friderici), Surubim-Chicote ou Surubim-
 
75 GUIA Philips – Amazônia Brasil. 2001. p..152 
76 AMAZONAS. Secretaria do Meio Ambiente. Plano de desenvolvimento do pólo de ecoturismo do Estado do 
Amazonas: descrição e contextualização global do pólo de ecoturismo do Estado do Amazonas. 2001. p. 25. 
77 Disponível em: . 
 
Diagnóstico Preliminar Pólo Saterê 28 
Lenha ou Peixe-Lenha (Sorubimichthys planiceps), Tambaqui (Colossoma macropomum), 
Pirapitinga ou Caranha (Piaractus brachypomus) e Jaraquis. 
Assim como em algumas regiões do país, na Amazônia os peixes constituem a principal 
fonte de proteína das populações riberinhas. 
A pesca esportiva também movimenta um grande mercado de turismo, tanto ao longo da 
costa como em regiões interiores como a Bacia Amazônica e justamente na região do Pólo que 
possui um enorme potencial78, pela presença de Tucunarés (Cichla ocellaris) no Rio Urubu, em 
Nhamundá. O Tucunaré, conhecido como ‘Embaixador dos Rios’, é original da Amazônia. Este 
peixe habita vários Estados e Regiões brasileiras, como São Paulo, Bahia, a Costa Nordestina e 
o Pantanal. É versátil, vive em água parada e se adapta com facilidade ao ambiente, além 
disso, é o grande chamariz de público internacional.79 
b. Anfíbios 
A classe Amphibia inclui as Cecilias (Ordem Gymnophiona com cerca de 150 espécies), as 
Salamandras (Ordem Caudata com cerca de 400 espécies) e os sapos, rãs e pererecas (Ordem 
Anura com cerca de 3.700 espécies). Existem, portanto, apenas 3 ordens viventes, com cerca 
de 4.200 espécies atuais. Embora existam variações na forma do corpo e nos órgãos de 
locomoção, pode-se dizer que a maioria dos anfíbios atuais tem uma pequena variabilidade no 
padrão geral de organização do corpo.80 
Muitas espécies, sensíveis a alterações ambientais como o desmatamento, aumento de 
temperatura ou poluição, são consideradas excelentes bioindicadores. Algumas espécies como 
a perereca – Phyllomedusa sp têm sido alvo de estudos bioquímicos e farmacológicos, para 
isolamento de substâncias com possíveis usos medicinais. Na Amazônia estima-se a presença 
de mais de 160 espécies (BRASIL, MMA, 1998). 
c. Répteis 
A Classe Reptilia inclui as tartarugas, cágados e jabotis (Odem Chelonia), lagartos (Ordem 
Sauria), cobras (Ordem Ophidia), crocodilos e jacarés (Ordem Crocodilia). Na Amazônia 
estima-se a presença de 550 espécies de répteis (BRASIL, MMA, 1998). 
Muitas espécies de serpentes das famílias Colubridae, Boidae e Viperidae apresentam 
hábito alimentar rodentívoro, sendo vertebrados predadores de pragas. As famílias Viperidae 
(gêneros Bothrops, Bothriopisis e Lachesis) e Elapdae (gênero Micrurus) possuem cobras 
 
78 AMAZONAS. Secretaria do Meio Ambiente. Plano de desenvolvimento do pólo de ecoturismo do Estado do 
Amazonas: descrição e contextualização global do pólo de ecoturismo do Estado do Amazonas. 2001. p. 35. 
79 PESCA Amadora Brasil - esporte e turismo: o mais completo roteiro da pesca amadora do Brasil. p.78. 
80 AMAZONAS. Secretaria do Meio Ambiente. Plano de desenvolvimento do pólo de ecoturismo do Estado do 
Amazonas: descrição e contextualização global do pólo de ecoturismo do Estado do Amazonas. 2001. p. 36. 
 
Diagnóstico Preliminar Pólo Saterê 29 
peçonhentas e potencialmente perigosas aos humanos, pois podem causa graves acidentes 
ofídicos81. 
Podemos destacar entre os répteis que ocorrem na área do Pólo, os jacarés, 
principalmente (Melanosucus niger) que chega a medir cerca de 6 metros, o jacaré-açu como 
o jacaré-tinga é encontrado em florestas alagadas e lagos cobertos com vegetação em volta 
dos rios. A cobra-papagaio encontra-se nas matas de capoeira, a sucuri (Eunectes murinus) 
que pode alcançar até 10 metros, habita beira dos rios e águas rasas; a surucucu, florestas 
tropicais úmidas. 
Os quelônios fazem parte da dieta do ribeirinho, bem como são também consumidos pelas 
populações dos grandes centros urbanos como Manaus. Mesmo sendo ilegal, a sua 
comercialização continua. 
d. Aves 
A Amazônia é uma região onde se verifica maior riqueza ornitológica do Brasil (SOUZA, 
1998). Na região do Pólo Saterê, são facilmente avistados o gavião-real (Harpia harpyja), 
ocupante do topo da cadeia alimentar. 
Variedades de psitacídeos, a arara-azul-grande, que habita as margens dos rios, cerrados e 
onde ocorre o buriti, o papagaio-verdadeiro, na mata úmida ou seca e beira de rios; a 
ararajuba que faz parte do Amazonas e Rondônia, Pará e oeste do Maranhão; o galo-da-serra, 
habitante do interior da mata, serras, escarpas, grutas e desfiladeiros encachoeirados. Esses 
são mais facilmente avistados através dos vôos e vocalizações. Existe uma variedade de 
Apodiformes (beija-flores) dotados de plumagens coloridas, ocorrendo no interior das matas, 
bem como nas bordas florestais alimentando-se do néctar das flores, assim como os tucanos 
(Ramphastos sp), o tucano-toco que fica em árvores ocas, buracos, barrancos e cupinzeiros 
presentes em matas ciliares82. 
e. Mamíferos 
O Brasil ocupa a 1ª. posição no ranking mundial em número de espécies de mamíferos com 
524 espécies conhecidas. Na região do Pólo encontra-se grande riqueza mastozoológica, sendo 
ainda uma região muito pouco estudada sob o ponto de vista de inventário de mamíferos. Na 
área de abrangência do Pólo Saterê pode-se encontrarespécies do topo da cadeia alimentar 
como a onça-pintada (Panthera onça), que se encontra em florestas e savanas, ariranhas 
(Pteronura brasiliesis) freqüentadoras de regiões úmidas, bem como alguns representantes de 
veados, como o veado-mateiro que habita as margens dos rios da Ordem Artiodactyla. 
São relativamente comum nos rios e igapós da região, o boto-cor-de-rosa. No que tange a 
preservação dos mamíferos, pode-se considerar satisfatório o status de conservação das 
 
81 Ibid, p.36. 
82 AMAZONAS. Secretaria do Meio Ambiente. Plano de desenvolvimento do pólo de ecoturismo do Estado do 
Amazonas: descrição e contextualização global do pólo de ecoturismo do Estado do Amazonas. 2001. p. 37. 
 
Diagnóstico Preliminar Pólo Saterê 30 
espécies existentes na região, com exceção do sauim-de-coleira (Saguinos bicolor), endêmico 
nas áreas de florestas adjacentes à Manaus, que se encontra em situação crítica de ameaça, 
devido à expansão urbana. Ele caracteriza o ambiente arborícola, a América Central e 
América do Sul. 
Os Primatas, como o macaco Uacari, que habita ambientes arborícolas, o macaco uacari, 
que habita ambientes arborícolas e o macaco-coatá em florestas primárias no nordeste da 
Amazônia, também podem ser mais facilmente localizados nas áreas de floresta primária de 
terra firme, ou mesmo em suas bordas, em busca de alimentos ou mesmo movimentando-se 
em suas áreas domicilares. Já o sagüi-de-duas cores é encontrado em florestas primárias no 
nordeste da Amazônia. 
Os mamíferos das florestas tropicais são raramente avistados, devido à técnica evolutiva 
de hábitos sedentários nos ambientes de florestas e a técnica da camuflagem que se fazem 
uso a maioria deles, bem como também o hábito de fugir ante a qualquer presença humana. 
Os predadores são muito difíceis de serem observados devido aos seus hábitos noturnos ou 
crepusculares (EMMONS; FEER, 1990). 
Na região do Pólo há ocorrência de um grande número de quirópteros (morcegos), 
podendo-se registrar a existência da ocupação de todos os nichos ecológicos conhecidos para 
esta grande Ordem de mamíferos, como: morcegos hematófagos, carnívoros, insetívoros, 
frugívoros, nectários e pescadores.83 
2.3.6 Unidades de Conservação 
“As Unidades de Conservação – UC’s – são áreas que pertencem ao patrimônio comum, 
voltadas à proteção de espaços naturais representativos de ecossistemas importantes, ou com 
características especiais do ponto de vista ambiental. São porções do espaço territorial e seus 
recursos ambientais, incluindo as águas jurisdicionais, com características naturais 
relevantes, legalmente instruído pelo Poder Público, com objetivos de conservação e 
limites definidos, sob regime especial de administração, ao qual se aplicam garantias 
adequadas de proteção para a conservação da natureza, dos seus processos ecológicos 
fundamentais e da sua biodiversidade. 
O Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC), criado pela Lei N. 9.985 de 18 de 
julho de 2000, é constituído pelo conjunto das unidades de conservação federais, estaduais e 
municipais, estabelece critérios e normas para a criação, implantação e gestão das unidades 
de conservação.”84 
 
83 AMAZONAS. Secretaria do Meio Ambiente. Plano de desenvolvimento do pólo de ecoturismo do Estado do 
Amazonas: descrição e contextualização global do pólo de ecoturismo do Estado do Amazonas. 2001. p. 30. 
84 AMAZONAS. Secretaria do Meio Ambiente. Plano de desenvolvimento do pólo de ecoturismo do Estado do 
Amazonas: descrição e contextualização global do pólo de ecoturismo do Estado do Amazonas. 2001. p. 39. 
 
Diagnóstico Preliminar Pólo Saterê 31 
O Estado do Amazonas, com apenas 2% de desflorestamento, abriga grande variedade de 
ecossistemas. Possuem cerca de 18 milhões de hectares de áreas protegidas, sob a forma de 
Unidades de Conservação. Em sua área territorial, encontram-se 57 unidades de conservação 
legalmente criadas representando 15% do seu espaço territorial (MESQUITA & IRVING, 2002). 
Após pesquisas iniciais com dados baseados em guias, sites de pesquisas e livros, os 
indicadores afirmam a existência de quatro Unidades de Conservação no Pólo Saterê, sendo 3 
em Maués e um em Nhamundá / Parintins, são as reservas do Desenvolvimento Sustentável do 
Urariá (Maués), localizada em área rural na região acima do Paraná do Urariá. Engloba 
59.137.129 hectares e perímetro de 142.207 metros. É composta por um complexo 
hidrográfico diversificado, entre paranás, furos, igarapés, cotias, pacas, tatus, capivaras, 
botos, onças. A melhor época para se ver os animais é entre os meses de dezembro e julho85; 
e a Reserva Saterê-Maué (Maués), em área rural, está localizada nas margens dos rios Maraú e 
Urupadi, numa área de 750 mil hectares. Nativos habitam a região desde tempos ancestrais e 
são donos de grande tradição cultural. Os Saterê-Maué recebem educação bilíngue desde 1996 
para fortalecerem sua organização. As visitas são feitas com agendamento na Secretaria 
Municipal de Turismo86. Também oferece parques, como o Parque Nacional da Amazônia 
(Maués), localizado em Maués/ Itaituba – PA. Criada em 19 de fevereiro de 1974, é um parque 
que abriga uma amostra da maior floresta equatorial do planeta. Trilhas e picadas abertas 
pelos habitantes levam a cachoeiras, serras e praias às margens do rio Tapajós. Há locais para 
observação de pássaros, fauna, ictiofauna e flora exuberantes. O local não está aberto à 
visitação, sendo necessário o acompanhamento de um guia87. O Parque Estadual Nhamundá, 
localizado em Nhamundá e Parintins, foi criado em 9 de março de 1990, numa área 
aproximada de 195.900 hectares88. 
A prática do ecoturismo vem privilegiando-as, atraindo visitantes que buscam na natureza 
novas formas de lazer e recreação. 
 
85 Fonte: Amazonas BR. 
86 Fonte: Amazonas BR e Amazonas Guide. 
87 Fonte: Guia Philips. 
88 Fonte: Amazonas BR. 
 
Diagnóstico Preliminar Pólo Saterê 32 
2.4 Caracterização dos Aspectos Sócio-Econômicos e 
Culturais Relevantes 
2.4.1 Dinâmica Populacional 
Conforme já mencionado, os municípios do Pólo Saterê pertencem a microrregião Parintins 
e macrorregião centro. A maior cidade em é Maués, com 39.988 km², seguida de Nhamundá 
14.106 km², Parintins e Barreirinha com aproximadamente 5.952 e 5.751 cada e Boa Vista do 
Ramos, 2.587.89 
Em termos de população, dados do IBGE no ano de 2005, constatou Parintins com 109.150 
habitantes, Maués com 45.813, em terceiro lugar Barreirinha com 26.373, seguindo 
Nhamundá, 16.630 e Boa Vista do Ramos, com 12.286 habitantes. 
A densidade demográfica, conota em 2005 18,34 habitantes por km² em Parintins, 4,75 em 
Boa Vista do Ramos, 4,59 em Barreirinha, Nhamundá e Maués com menos de 2. 
A taxa de mortalidade infantil apresenta valor de 40,3 em todos os municípios do pólo, 
com dados desatualizados pelo IBGE, datando 1998. O Índice de Desenvolvimento Humano 
(IDH), aponta dados semelhantes entre eles, com valores que pontuam de 0,642 à 0,696. 
Os valores referenciados do PIB (Produto Interno Bruto) foram extraídos do IBGE em 2002. 
A relação se refere ao PIB municipal em mil reais e per capitã em reais, nessa ordem: 230.625 
e 2.354 em Parintins, 78.234 e 1.845 em Maués, 46.668 e 1.933 em Barreirinha, 34.472 e 
2.171 em Nhamundá e 27.830 e 2.480 em Boa Vista do Ramos. Nota-se que a os valores 
gradativos estão identificados pela renda municipal, sendo que a per capita a situação é 
diferente, notando a seqüência Boa Vista do Ramos, Parintins, Nhamundá, Barreirinha e 
Maués. 
A participação setorial está definida entre agropecuária, indústria e serviços. A tabela 
utilizada como fonte de referência avalia Barreirinha como melhor município de 
desenvolvimento agrícola, com 18,5%, seguindo Nhamundá e Parintins, em 14%, Boa Vista do 
Ramos e Maués, com 12,9% e6,6% respectivamente. Boa Vista do Ramos se destaca quanto a 
oferta de serviços em 76,4%. Os demais caem pouco a porcentagem, sendo Nhamundá 75,3% e 
Maués 73,9%, e Barreirinha e Parintins com 68%. O setor de indústria é mais desenvolvido em 
Maués, apresentando uma porcentagem superior em 19,1%, depois Parintins com 17,4%, 
Barreirinha 13,6% e Nhamundá e Boa Vista do Ramos com pouco mais de 10%. 
A receita tributária de cada município apresenta grandes diferenças. Os valores estão 
convertidos em real: em primeiro lugar Parintins com R$ 2.335.222,00, depois Maués, com R$ 
 
89 Fonte: IBGE. 2005. 
 
Diagnóstico Preliminar Pólo Saterê 33 
610.065,75, Nhamundá R$ 135.723,08, Barreirinha, R$ 31.061,65 e Boa Vista do Ramos R$ 
21.965,12. A receita tributária per capitã segue quase a mesma seqüência na ordem das 
cidades, alterando apenas as duas últimas: Parintins (R$ 23,40), Maués (R$ 14,20), Nhamundá 
(R$ 8,48), Boa Vista do Ramos (R$ 1,93) e Barreirinha (R$ 1,27).90 
O valor da PEA está relacionado em referenciais ocupado e desocupado. Segundo fontes do 
IBGE 2000, Barreirinha se encontra 94% ocupada contra 5,9% desocupada. Boa Vista do Ramos 
89,6% de 10,3% desocupada. Maués 87,3 ocupada enquanto 10,3% em situação contrária. 
Nhamundá 92,6% contra 7,3% desocupada e finalmente Parintins, 84,3% ocupada de 15,6% 
desocupada.91 
2.4.2 Educação, Saúde e Saneamento Básico 
A porcentagem da taxa de analfabetismo em Barreirinha e Nhamundá chega a uma média 
de aproximadamente 14%, Maués 12% e Parintins e Boa Vista do Ramos mais de 9%.92 
Os domicílios permanentes93 estão divididos entre urbano e rural, sendo que 57,75% do 
total da população do pólo estão em área urbana e 42,24% em área rural. Em Barreirinhas a 
maior parte da população se concentra em área rural, esta 59,1%, também Boa Vista do 
Ramos com 52,54% e Nhamundá 59,7%. Já Parintins e Maués tem concentração de habitantes 
em zona urbana, especificando 67,7% e 53,4%, nessa ordem. Esses domicílios apresentam rede 
geral de água, esgoto, coleta de lixo, iluminação elétrica e linha telefônica. Os que 
apresentam rede geral de água somam um total de 1.841 domicílios, sendo 59,1% em área 
rural e 40,9% urbana. Com exceção de Boa Vista dos Ramos, os demais municípios possuem 
rede de água em área rural. Quanto ao tratamento de esgoto, o processo é contrário, 97% é 
localizado nas cidades, sendo inexistente tal tratamento nas zonas rurais das cidades de 
Maués e Nhamundá. Domicílios com iluminação elétrica somam 82% em área urbana e 17,6% 
em área rural, assim também ocorre com a coleta de lixo, perceptível 99% em área urbana, 
demonstrando pouca quantidade em Maués e Parintins. Domicílios que possuem linha 
telefônica estão localizados na cidade, apenas Barreirinha e Maués podem usufruir deste fator 
em área rural, totalizando 98% urbano e 2% respectivamente. Em suma, do total dos 
domicílios do pólo, 0,65% recebem tratamento de esgoto, 4,5% coleta de lixo, 66,5% tem 
energia elétrica, 11,57% tem telefone e 5,8% usufrui rede geral de água.94 
Segundo a DATASUS 2005, todas as cidades do pólo oferecem leitos hospitalares. 53,1% em 
Parintins, 23,2% em Maués, 10,5% em Nhamundá, 7% em Boa Vista do Ramos e 5,9% em 
Barreirinha, esta também apresenta correio e banco postal. 
 
90 Fonte: Seplan AM. 2003. 
91 Disponível em: http://www.mte.gov.br/Empregador/caged/default.asp no link "Informações para o Sistema 
Público de Emprego e Renda - Dados por Município". 
92 Disponível em: http://www.mte.gov.br/Empregador/caged/default.asp no link "Informações para o Sistema 
Público de Emprego e Renda - Dados por Município". 
93 Fonte: IBGE 2000. 
94 Fonte: IBGE 2000 e cálculo direto. 
 
Diagnóstico Preliminar Pólo Saterê 34 
As agências bancárias se encontram em números limitador, Parintins oferece 4 e Maués 3, 
uma em Barreirinha e Nhamundá e Boa Vista do Ramos não possui.95 
2.4.3 Núcleos Comunitários e Aspectos Organizacionais96 
O desenvolvimento de uma pesquisa de Turismo Sustentável, de acordo com o 
enquadramento do Ecoturismo, se encontra diretamente relacionado com iniciativas de 
fortalecimento da participação e do envolvimento da comunidade, do desenvolvimento de 
programas formais e informais, assim como, na perspectiva de atuação interinstitucional e no 
desenvolvimento de recursos humanos com base local. 
A mobilização comunitária e seu engajamento no processo de tomada de decisões 
constituem elementos centrais de sustentabilidade de projetos de desenvolvimento. O 
processo participativo ao longo da implantação de programas dessa natureza permite que o 
entendimento da problemática local, e a identificação de necessidades essenciais 
incorporadas à visão do projeto contribuam para um engajamento efetivos dos diversos atores 
sociais envolvidos, assim como para o desenvolvimento de uma postura pró-ativa na resolução 
de problemas. 
O desenvolvimento de atividades ecoturísticas e áreas protegidas (...) é uma questão que 
deve ser trabalhada sob a ótica do processo participativo levando-se em conta que a 
estratégia de implantação e gestão em áreas protegidas, originalmente de responsabilidade 
integral do poder público, constitui um atual modelo capaz de contribuir com o 
fortalecimento de participação comunitária e com o processo de resolução de conflitos locais. 
Envolver os atores sociais nos respectivos municípios trabalhados, poderá tornar possível a 
implantação de uma proposta integrada, visando o desenvolvimento turístico de molde 
sustentável para o Pólo do Saterê. 
2.4.4 Populações Indígenas e o Ecoturismo 
A maior parte das terras indígenas brasileiras está na região, onde moram 
aproximadamente 200 mil índios. A área concentra a grande maioria das 180 línguas indígenas 
faladas por 206 etnias no Brasil. Estes idiomas representam metade de todos os empregados 
por populações indígenas nas Américas, embora viva no Brasil no máximo 1% do total dos 
índios do continente. Os números revelam também o grau de fragilidade destas culturas: além 
de 80 etnias terem desaparecido só nos últimos 100 anos, das 206 sobreviventes, 110 contam 
com menos de 400 indivíduos falantes de sua língua. A população indígena na Amazônia 
consiste hoje do que restou de um número que se aproximava de seis milhões, em 1500, antes 
da chegada dos europeus. Desde então os índios da região têm diminuído de forma drástica, 
 
95 Fonte: Seplan AM. 2005. 
96 AMAZONAS. Secretaria do Meio Ambiente. Plano de desenvolvimento do pólo de ecoturismo do Estado do 
Amazonas: descrição e contextualização global do pólo de ecoturismo do Estado do Amazonas. 2001. p. 59. 
 
Diagnóstico Preliminar Pólo Saterê 35 
especialmente no século XX. Existiam 230 grupos tribais na Amazônia brasileira em 1900. Em 
1947, só sobraram 143. Embora a população de muitas tribos tenha se estabilizado, várias 
correm o risco de extinção97 (...). 
Muitas tribos foram aniquiladas, outras foram escravizadas, algumas sofreram com doenças 
introduzidas na região, como tuberculose, gripe, doenças venéreas, catapora e sarampo98 
(...). 
As tribos eram muito adaptadas ao local. Durante a estação seca, cultivavam milho e 
mandioca e também pescavam. O peixe era seco e preservado em óleo de ovos de tartaruga. 
Com os mantimentos guardados na estação seca, era possível sobreviver na época de cheias. 
No entanto, como os colonizadores da região também preferiam as áreas ao longo do rio, 
esses grupos logo foram extintos. As tribos indígenas possuem um conhecimento sofisticado 
dos ecossistemas e da agricultura. Várias espécies, alimentícias ou não, que ainda são usadas 
hoje, foram domesticadas pela população da Amazônia. Vivendo tanto na região de florestas 
alagadas como na terra firme, os índios conhecem e utilizam uma grande variedade de 
plantas, como tubérculos, bulbos,sementes, frutas, castanhas e outros produtos vegetais. 99 
(...) As terras indígenas atuais representam quase 20% da área total da Amazônia Legal 
Brasileira, sendo que as reservas biológicas compreendem somente 4% do total. Já o 
tradicional conflito entre terras indígenas (TI) e unidades de conservação (UC´s), aparece 
hoje em 117.724 km² desses dois tipos de áreas sobrepostas. Só em 18 de junho de 2000 
criou-se a lei que prevê o gerenciamento das unidades de conservação de acordo com 
políticas indigenistas e ambientais, garantindo-se a sobrevivência física e cultural das 
comunidades que habitam essas áreas, caso do Pico da Neblina ou do Cabo Orange.100 
Fontes bibliográficas citam diversas vezes nomes de tribos indígenas que habitaram e 
povoaram alguns municípios da cidade do Pólo, porém, o material levantado oferece poucos 
subsídios teóricos para o presente documento. Neste instante, é considerável apontar em 
Nhamundá as tribos que habitaram a região: Uabois ou Jamundás; Cuniris; Guncari101 (sem 
dados para este) e as que contribuíram com a história de Parintins, a tribo Parintintin e a 
Saterê-Mawé, localizados em Barreirinhas, Maués, Parintins, Itaituba e Aveiro (AM e PA). 
Tribo Parintintin102 
Quando os Parintintin foram “pacificados” pela Funai, em 1922, seu território se estendia 
da região leste do rio Madeira até a boca do rio Machado, à leste do rio Maici. Hoje a maioria 
da população habita em duas Terras Indígenas no município de Humaitá, no estado do 
Amazonas. Ambas foram homologadas em 1997 (Dec. s/n publicado no DOU em 04/11). A TI 
 
97 GUIA Philips – Amazônia Brasil. 2001. p. 82. 
98 Ibid, p. 82. 
99 GUIA Philips – Amazônia Brasil. 2001. 334 p. 83. 
100 Ibid, p. 84. 
101 Disponível em: . 
102 Disponível em: . 
 
Diagnóstico Preliminar Pólo Saterê 36 
Ipixuna tem extensão de 215.362 hectares e nela moravam 54 pessoas em 1999 (Funai/PIN 
Kagwahib). A TI Nove de Janeiro possui 228.777 hectares e em 2000, era habitada por 80 
indivíduos (Funai/ADR Porto Velho). Os Parintintin são os que habitam mais ao norte, no alto 
e médio do rio Madeira, no Amazonas. 
Em seu sentido mais amplo, a designação Kagwahiva ou Kagwahiva’nga significa "nossa 
gente", em oposição a tapy'yn, "inimigo". Os grupos que se identificam como Kagwahiva são 
falantes de uma língua da família Tupi-Guarani. Dentre eles, é possível discernir dois dialetos 
mais importantes: aquele falado mais ao norte, entre os Parintintin, os Tenharim, os Juma e 
os Jiahui; e o falado pelos grupos mais ao sul, os Urueu-wau-wau, Amondawa e Karipuna, 
distintos por algumas poucas, mas significativas diferenças de vocabulário. Todos 
presumivelmente são descendentes dos "Cabahyba" que habitavam as nascentes do rio 
Tapajós no final do século XVIII e início do XIX, e que constituem um dos grupos designados 
por Carl Friedrich von Martius como "Tupi Centrais". Estes incluíam, além dos Kagwahiva, os 
Kayabi (cuja língua possui pronomes diferenciados por gênero, como entre os Kagwahiva) e os 
Apiaká. 
Entre as singularidades dos Kagwahiva em relação aos outros Tupi-Guarani, destaca-se a 
organização social em metades exogâmicas com nomes de pássaros. Em 2000, somavam um 
número de 156. Os Parintintin integram o conjunto de 'pequenos grupos que se autodesignam 
Kagwahiva, mas que hoje são conhecidos por nomes separados, muitos deles dados por grupos 
inimigos. 
Há registros escassos sobre os Parintintin – relatos sobre seus ataques ao longo do rio 
Madeira – anteriores à sua “pacificação”, que se deu por uma expedição liderada por Curt 
Nimuendajú em 1922. 
Semelhanças fonéticas com os Urubu Ka'apor do Maranhão sugerem uma origem costeira do 
grupo, confirmada por narrativas orais sobre uma jornada rio acima de uma “terra sem água” 
até sua localização presente, atravessando uma área extensa em que não se via margens por 
dois dias (possivelmente o baixo Amazonas). 
A primeira referência histórica aos Kagwahiva data do final do século XVIII, quando, de 
acordo com pesquisa de Nimuendajú, eles estavam localizados na confluência dos rios Arinos 
e Juruena, formadores do Tapajós. Nimuendajú (1924) reconstruiu a história do seu grupo 
ancestral, chamado "Cabahyba" por Martius, o qual fez uma primeira menção a eles no 
Tapajós em 1797. Os Kagwahiva foram expulsos do Tapajós por portugueses e Munduruku em 
meados do século XIX, dispersando-se na direção oeste rumo ao Madeira (Menenedez 1989), 
onde os Parintintin estão agora situados; mas também ao rio Machado, onde Lévy-Strauss, e 
antes dele Rondon e Nimuendajú, encontrou os "Tupí-Cawahíb"; e, ainda, ao longo do 
Machado até a região central de Rondônia, em cujas terras altas estão hoje os Urueu-wau-
wau, Amondawa e Karipuna. 
 
Diagnóstico Preliminar Pólo Saterê 37 
Ao longo da história, as fissões constituíram um processo continuado. Os muitos grupos 
Kagwahiva em guerra uns com os outros na região devem ter se dividido depois de chegarem 
na área, vindo sucessivamente do Tapajós. 
No que concerne aos Parintintin, tratava-se de um pequeno grupo guerreiro que durante o 
final do século XIX e início do XX esteve em conflito com seringueiros ao longo dos 400 Km do 
rio Madeira, depois de ter sido levado do Tapajós, pelos Munduruku, até a região do Madeira. 
No final do século XIX, é provável que Byahú fosse o chefe de todos os Parintintin. Após 
sua morte (em uma emboscada de um Pirahã), eles se dividiram em subgrupos: o filho de 
Byahú, Pyrehakatú, subiu ao vale do Ipixuna e se tornou chefe ali; enquanto Diai'í, depois da 
morte de Byahú, liderou o deslocamento de um grupo até a região do alto Maici, onde 
Nimuendajú estabeleceu seu posto de pacificação; um terceiro grupo rumou para o sul, perto 
da boca do rio Machado, liderado por Uarino "Quatro Orelhas". 
Depois da pacificação, postos do SPI (Serviço de Proteção aos Índios, órgão precursor da 
Funai) foram instalados. Um deles em um canavial no Ipixuna, e outro perto do seringal 
Calamas. Em 1942, quando o SPI passava por uma crise econômica e institucional, sua atuação 
no local foi encerrada sob o pretexto de punir um chefe insurgente, o filho adotivo de 
Pyrehakatu, Paulinho Neves (Ijet), que então se tornou o chefe na área do Ipixuna. 
Grupos Parintintin também viviam perto de Três Casas, no seringal de Manuel Lobo, o qual 
chamou o SPI para iniciar a pacificação em 1922. Posteriormente, nos anos 70, foi instalado 
ali um posto indígena, já sob a gestão da administração da Funai em Porto Velho. 
As aldeias Parintintin não são muito grandes. Sobretudo desde a redução populacional 
decorrente do contato, as aldeias contam tipicamente com três a cinco famílias nucleares. 
Antes da “pacificação”, as aldeias maiores, sob a liderança de Pyrehakatú, contavam com 
pouco mais de duas ou três vezes esse tamanho. Geralmente, as aldeias localizam-se à beira 
de igarapés, que dão acesso ao transporte por canoas e à pesca. A configuração tradicional da 
aldeia consiste numa única casa comunal (ongá) na qual cada família nuclear ocupava um 
segmento entre os pilares centrais e as paredes laterais, onde penduravam suas redes. Apenas 
excepcionalmente grandes aldeias possuíam duas casas. Ao redor da casa, ou entre as duas 
casas, ficava a praça (okará), que era rigorosamente mantida limpa de mato, e uma boa 
aldeia também deveria possuir árvores frutíferas. Após anos de contato com a sociedade não-
indígena, a ongá foi substituída por casas que comportam apenas a família nuclear, de 
formato semelhante às casas dos seringueiros, feitas de madeira, com dois quartos separados 
e um cômodo aberto na frente. Uma aldeia atualmente comporta em média três ou quarto 
dessas casas. 
Como entre os demais Kagwahiva, a organização social Parintintin é composta por metades 
nomeadaspor espécies de pássaros com características contrastantes. Cada metade 
corresponde a um grupo patrilinear exogâmico (ou seja: os indivíduos pertencem à metade de 
seu pai e só podem casar com alguém da metade oposta): os myt_m (mutum, ave doméstica 
 
Diagnóstico Preliminar Pólo Saterê 38 
comestível) e o kwandú (harpia, gavião). A metade Kwandú é ainda associada à arara de 
cabeça vermelha, taravé. Enquanto todos os Kagwahiva têm o mutum como uma metade, a 
outra é identificada por diferentes araras: taravé entre os Tenharim, kanindé (a arara azul e 
amarela) entre os Urueu-wau-wau), e ainda uma arara diferente entre os Karipuna. O sistema 
se complexifica com um terceiro grupo, os Gwyrai’gwára, que são considerados Kwandú mas 
casam indiscriminadamente com outros Kwandú ou com Mutum. Eles são identificados com o 
japú, um pássaro amarelo que constrói seu ninho em galhos sobre rios e igarapés. Como o 
padrão de casamento parintintin é uxorilocal (o homem vai viver com a família da esposa) e 
as metades patrilineares, estas não possuem correspondente geográfico. 
Os Kagwahiva parecem ser os únicos dentre todos os grupos Tupi-Guarani que possuem 
metades exogâmicas. É pouco provável que as metades tenham sido incorporadas de seus 
inimigos tradicionais, os Munduruku, pois suas metades Vermelha e Branca têm estrutura 
diversa. A fonte mais provável parece ser os Rikbaktsa, que eram vizinhos do grupo ancestral 
Cawahib no rio Arinos e que têm um par de metades com nomes de pássaros: especialmente 
os amarelos e araras vermelhas. A terminologia de parentesco Parintintin corresponde a um 
sistema de duas seções ajustado a tais metades, com termos de sibling extensivos à mesma 
geração de membros de uma mesma metade, sendo o irmão da mãe e a irmã do pai 
identificados como afins classificatórios. Todos os primos cruzados (filho da irmã do pai ou do 
irmão da mãe de sexo oposto ao sujeito em questão) de mesma geração são membros de 
metades opostas e são designados amotehé, um termo que significa “amante” em outras 
línguas Tupi-Guarani, isso porque são potencialmente casáveis. 
Um aspecto do parentesco Parintintin que não foi verificado entre os demais Kagwahiva 
são as séries distintas de termos para parentes mortos. Para falar de um parente falecido, 
não se pode usar o termo que se usava para se referir a ele quando estava vivo. Há uma série 
de termos de parentesco exclusivos para parentes mortos, alguns deles acrescentando o 
sufixo -ve’e ao termo de parentesco regular, mas alguns são completamente diferentes: 
“pai”=rúva, “pai falecido” = poría. 
O casamento Parintintin é tradicionalmente definido por uma série de arranjos desde o 
nascimento. Quando nasce uma criança, ela deve ser nomeada pelo irmão da mãe que tenha 
uma criança pequena de sexo oposto. No ritual de menarca (primeira menstruação) da 
sobrinha, esta pode casar-se com seu primo cruzado, filho de seu nomeador. Na cerimônia, a 
noiva é dada por dois irmãos reais ou classificatórios (os primos paralelos). Esses irmãos, em 
contrapartida, ganham o direito de um deles dar o nome para o filho que ela vir a ter e, 
assim, garantir o parentesco daquela criança com um filho seu. Um homem conclui seu 
casamento por meio de um período de “serviço da noiva”, em que trabalha para o sogro 
(tutý). Com o final desse período, cerca de cinco anos no caso da primeira esposa, e menos 
para uma subseqüente, o casamento é considerado inteiramente realizado. O casal então se 
muda para seu próprio setor na maloca (ongá), ou, mais recentemente, está livre para 
construir sua própria residência. Nesse ponto, o genro está em princípio livre para deixar a 
 
Diagnóstico Preliminar Pólo Saterê 39 
aldeia (se ele convencer sua esposa); mas na prática o casal usualmente continua no grupo da 
esposa, e o marido se torna um dos genros que seguem o sogro. 
A poligamia era praticada, preferencialmente entre irmãs, mas nunca foi muito popular 
por causa da complexidade das relações familiares envolvidas. Um homem com cinco esposas 
é ridicularizado por sua imprudência. Quando um homem casa-se pela segunda vez, a 
primeira esposa é considerada livre para deixá-lo se ela quiser; mas em alguns casos é a 
própria esposa que pede ao marido para que se case com sua irmã. Muitos casamentos ainda 
seguem as regras de metades exogâmicas, mas é muito difícil para jovens encontrarem 
cônjuges apropriados da metade oposta e o sistema de relações sociais vem sendo alterado. A 
monogamia é fortemente sugestionada pela missão salesiana, que vem uma vez por ano 
sacramentar os casamentos, assim como pela população local não-indígena, que 
freqüentemente configura entre os padrinhos de casais Parintintin. 
Durante o período do serviço da noiva, o casal e seus filhos são considerados parte da 
unidade doméstica do pai da esposa. Eles penduram suas redes na seção do sogro na maloca 
(ou, hoje em dia, no quarto de sua família) e cozinham no mesmo fogo. O genro entrega toda 
a sua caça para que o sogro a distribua, e conserta sua casa. Ele não tem uma roça própria, 
mas ajuda a limpar o terreno da roça do sogro. Esse ciclo de desenvolvimento é seguido mais 
estritamente no caso do primeiro casamento de um homem. Quando alguém do casal já foi ou 
é casado, o novo par tem mais autonomia. 
As crianças pequenas são carregadas no colo da mãe para que tenham livre acesso a seu 
seio e são por ela cuidadas até cerca de três anos. Como duas crianças não devem ser 
cuidadas pela mãe simultaneamente, se uma nasce antes que a outra tenha desmamado e 
adquirido maior autonomia, ela não é cuidada pela mãe, mas pela irmã mais velha. Para 
evitar essa situação, um grande esforço é feito para se ter crianças com intervalos de no 
mínimo cinco anos, usando ervas contraceptivas. As crianças que já aprenderam a andar 
passam aos cuidados de uma irmã maior. Nem sempre esta aceita a tarefa de bom grado, mas 
um laço especial geralmente acaba crescendo entre a criança e aquele que a cuidou. Às 
crianças é dada uma considerável liberdade de escolha, e punições físicas são fortemente 
evitadas; assim como o valor da generosidade é estimulado desde muito cedo.O primeiro 
nome é dado a uma criança (mbotagwaháv, “nome de brincadeira”) por um irmão da mãe em 
uma cerimônia de nomeação. Na iniciação masculina, o menino recebe sua tatuagem facial e 
seu primeiro ka’á, estojo peniano, de um irmão do pai, que o presenteia com um novo nome, 
associado à uma metade, que substitui seu nome de nascimento. Posteriormente, novos 
nomes são assumidos conforme mudanças de status social pelas quais passa o indivíduo, como 
casamento ou a entrada em uma nova fase da vida, ou ainda em certos eventos especiais: 
uma mulher no nascimento de seu primeiro filho (a) ou um homem que tirou a cabeça de um 
inimigo (prática que já não ocorre hoje em dia). 
A iniciação feminina ocorre na menarca, quando a garota é isolada por dez dias numa rede 
atrás de um compartimento e fica restrita a rigorosos tabus de gestos e alimentação. No final 
 
Diagnóstico Preliminar Pólo Saterê 40 
ela é carregada para o rio por seu pai ou por um irmão e é ritualmente banhada, sendo então 
tatuada no rosto. Seu casamento com o primo cruzado (idealmente) ocorre em seguida. 
Resultando da combinação de metades exogâmicas patrilineares com o serviço da noiva, uma 
maloca Parintintin consiste em um pai e filhas de uma metade, e genros da metade oposta. O 
irmão da mãe (tutý), como futuro sogro, é tratado com o mesmo respeito que o pai. É com o 
irmão do pai (ruvý) e com a irmã da mãe (hy'ý) que as relações mais próximas e afetivas são 
estabelecidas 
A liderança em sociedades kagwahiva recai primordialmente no líder do grupo doméstico 
ou aldeia, chamado mborerekwára'ga, "aquele que nos mantêm unidos", ou, mais 
freqüentemente, ñanderuviháv, que pode ser entendido ainda como "nosso co-residente" (-
ruv, "estar em”, “morar em"), ou ainda como "a pessoa denosso pai" (do nome ruv-, "pai"). 
Entre os Parintintin, além desse líder/sogro, há o líder regional, geralmente de um trecho de 
rio (ñanderuvihavuhú/ mborerekwaruhú). Um homem que casa suas filhas pode se tornar o 
núcleo de uma aldeia, com um grupo de genros seguidores. Freqüentemente a autoridade do 
líder é reforçada por um irmão dividindo a liderança, ga-irúno. A esposa do líder também é 
uma parceira crucial, com importantes obrigações de hospitalidade e como líder das mulheres 
na aldeia. Tradicionalmente, o líder se retira desse cargo quando sua primeira mulher morre. 
Ele pode ser sucedido por um filho ou um genro. Um filho que passa a suceder seu pai pode 
ser dispensado do serviço da noiva, ou tê-lo abreviado. 
O modo de controle de conflitos e comportamentos inadequados nos grupos Parintintin é 
evitá-los. Uma grande ênfase na socialização infantil é dada na asserção à competição e à 
violência nas brincadeiras. Um líder trabalha para amenizar conflitos no grupo mais por meio 
da persuasão e mediação do que por coerção. No caso de conflitos irreconciliáveis, uma das 
partes deixa o grupo. Assim, conflitos intragrupais desdobram-se na formação de novos 
grupos, resvalando numa situação de rivalidade e antagonismo entre grupos vizinhos. 
A guerra era um importante aspecto cultural dos Parintintin antes do contato, assim como 
era nas sociedades Tupi da costa. Ataques eram liderados por ñimboipára'nga, "organizadores 
de ataque”, cuja posição apenas durava o tempo do embate. O prestígio masculino nesse 
período pré-contato era dado sobretudo pela captura de uma cabeça de inimigo, que deveria 
ser exibida em uma akangwéra torýva ("dança da cabeça-prêmio"), exuberante festividade 
que celebrava o feito. O captor da cabeça adquiria então o honorável status de okokwaháv. 
Há evidências do consumo ritual de certas partes do inimigo morto como forma de adquirir 
suas qualidades, ou para que as mulheres tenham um filho homem. Após arrancar a cabeça do 
inimigo, o matador era obrigado a passar um período de reclusão ritual, como a que passava a 
mulher em sua primeira menstruação. Após esse período ele ganhava um novo nome. 
A cosmologia Parintintin tem como expressão central o mito de Pindova'úmi'ga (ou 
Mbirova'úmi'ga), o poderoso ancestral chefe/xamã que criou a Gente do Céu (Yvága'nga) que 
aparece para os xamãs em suas cerimônias. Na narrativa mítica, Pindova'úmi'ga vai 
sucessivamente ao céu, ao rio, no subsolo e ao interior de uma árvore, encontrando-os já 
 
Diagnóstico Preliminar Pólo Saterê 41 
ocupados por, respectivamente, muitos espíritos, peixes, fantasmas e abelhas. Ele ergue 
então sua casa do trecho de floresta mais fértil para o segundo nível do céu, que ainda estava 
vazio, onde ele e seu filho se tornam a Gente do Céu. Modelo mítico para os xamãs, 
Pindova'úmi'ga deve ser distinto do criador-trickster Mbahíra (Maír em outras mitologias Tupi), 
que trouxe o fogo aos homens e deu origem a muitos itens e práticas culturais, assim como 
deu forma à paisagem. Um terceiro ancestral, a “Mulher Velha” (Ngwãiv_) foi cremada por 
seus filhos e transformada em cultivares como milho, mandioca e outros tubérculos. 
Tabus alimentares constituem uma parte sólida e central da vida dos Parintintin mais 
velhos. Diferentes tipos de comida são evitados (principalmente peixe, carne e mel) durante 
a gravidez e depois do nascimento da criança. Evitar em razão de doenças, especialmente em 
crianças, são estendidas aos parentes mais próximos. Lidar com mandioca é perigoso quando 
se está doente. Em outro exemplo, o sexo é proibido quando o timbó (por sua associação ao 
sêmen) está sendo usado no envenenamento de peixes. E sexo entre primos paralelos 
(membros da mesma metade) causa a morte dos filhos dos transgressores. 
Certas práticas fazem um caçador paném, incapaz de matar certas espécies de animais ou 
peixes. Caçadores que suspeitam estar paném hoje vão a um curandeiro para se livrarem 
desse estado. 
A cura com plantas era feita por um xamã (ipají) em uma cerimônia chamada tocaia 
("caçada cega"). O ipají deveria entrar em transe em um pequeno cômodo (tocaia) na praça, 
fazendo uma viagem espiritual em todos os patamares do cosmos para convencer os espíritos 
a virem soprar no paciente e recuperá-lo. Um outro xamã poderia sair da tocaia e conversar 
com os espíritos. As regiões visitadas pelo xamã em seu transe correspondem aos patamares 
do cosmos visitados por Pindova'úmi'ga. A viagem é concluída com uma visita de 
convencimento à Gente do Céu, e por fim ao próprio Pindova'úmi'ga. Cada espírito poderia se 
anunciar com uma canção específica (entoada através da voz do ipají na tocaia), e era 
respondida pelo ipají que estava fora, que deveria pedir sua ajuda. O sonhar é estreitamente 
associado ao xamanismo. Um ipají ou um aprendiz podem encontrar espíritos em seus sonhos. 
Pessoas comuns podem ter sonhos premonitórios, principalmente relativos a sucesso em 
caçadas, ou à doença e morte. Mas um xamã pode controlar a chegada do futuro em seus 
sonhos. Os Ipají, inclusive, nasciam por meio de sonhos: um ipají poderia sonhar com um 
espírito particular, ou com uma Gente do Céu, que anunciava seu nascimento de uma mulher 
específica. O próximo filho dessa mulher então seria destinado ao aprendizado do xamanismo 
pelo xamã que sonhou, e o espírito que renasceu nele poderia ser seu rupigwára, o espírito 
agente de seu poder. 
O rito religioso central dos Parintintin é a cerimônia de cura por um ipají, mas já não é 
mais praticada. A cadeia de transmissão do conhecimento xamanístico foi quebrada pela 
morte prematura de muitos xamãs por epidemias após o contato. Muitas das crianças 
sonhadas pelo último ipají ainda estão vivas, mas ele morreu antes que pudesse transmitir-
lhes seu conhecimento. 
 
Diagnóstico Preliminar Pólo Saterê 42 
Os Parintintin hoje viajam para Humaitá ou Porto Velho e usam o sistema público de 
saúde; mas de forma suplementar aos medicamentos dos brancos, eles sempre recorrem a 
curandeiros regionais, cujos métodos remetem a antigas tradições ibéricas de cura e a 
práticas indígenas. 
Tradicionalmente, a economia kagwahiva é baseada na caça, pesca, coleta e agricultura 
de coivara. A pesca era feita com arco e flecha em canoas ou, durante a estação chuvosa, em 
plataformas triangulares (mbytá) feitas de varas amarradas entre árvores no trecho de 
floresta alagado. Quando as chuvas cessam, áreas que restam alagadas na floresta são 
também envenenadas com timbó, e os peixes bóiam na superfície, quando são flechados. A 
caça, hoje feita com armas de fogo, antes era realizada com flechas. Partes da caça ou da 
pescaria eram distribuídas pelos caçadores de acordo com os laços familiares. 
Tradicionalmente, os homens limpam o terreno para a roça na estação seca e as mulheres 
são responsáveis pelo plantio e colheita. Os homens, porém, sempre ajudam suas esposas na 
colheita, mesmo porque o trabalho na roça também é entendido como uma ocasião para 
atividades sexuais. Atualmente, porém, pela influência da população regional não-indígena, a 
colheita de mandioca e outros produtos é primordialmente uma atividade familiar. Homens e 
mulheres também hoje trabalham juntos na feitura da farinha de mandioca e do beiju. Os 
campos para os roçados eram limpos anualmente em áreas selecionadas pelos líderes, que 
podiam designar locais específicos para cada núcleo familiar. Ao pedir ajuda da coletividade 
para limpar o terreno, um homem deveria promover uma festa em retribuição. As plantas 
tradicionalmente cultivadas incluíam uma grande variedade de milho, a qual foi perdida. Hoje 
eles cultivam mandioca e muitas variedades de batatas e inhames. Árvores frutíferas são 
plantadas em áreas próximas à aldeia. As frutas são coletadas ou derrubadas de árvores altas 
com varas por mulheres e crianças. Tracajás também são capturados na floresta, e os ovos 
deixados nas praias na estação seca sãomuito procurados. Há também dezenas de variedades 
de mel são conhecidas. 
O principal transporte no cotidiano dos Parintintin hoje é a canoa. Algumas delas são ainda 
feitas de troncos de árvores, mas a maioria é comprada de não-indígenas. Os mais velhos 
fazem excelentes arcos e flechas. As redes eram confeccionadas de algodão plantado nas 
aldeias pelas mulheres; mas agora são feitas de um material menos resistente comprado no 
comércio. A fabricação de objetos de cerâmica não consta na memória dos Parintintin vivos. 
Utensílios de metal comprados são usados para cozinhar; eles foram introduzidos mesmo 
antes do contato oficial por meio de ataques às casas de seringueiros. Mulheres, e hoje 
também alguns homens fazem excelentes cestos, inclusive para transporte em expedições de 
caça. O dinheiro hoje é necessário, sobretudo para a compra de armas de fogo. Os Parintintin 
são muito pressionados economicamente, principalmente pelas frentes do extrativismo, como 
 
Diagnóstico Preliminar Pólo Saterê 43 
os seringueiros. A exploração indevida dos recursos de seu território por migrantes não-
indígenas ameaçam sua sobrevivência. 
Tribo Sateré-Mawé103 
Inventores da cultura do guaraná, os Sateré-Mawé domesticaram a trepadeira silvestre e 
criaram o processo de beneficiamento da planta, possibilitando que hoje o guaraná seja 
conhecido e consumido no mundo inteiro. 
São chamados regionalmente "Mawés''. Ao longo de sua história, já receberam vários 
nomes, dados por cronistas, desbravadores dos sertões, missionários e naturalistas: Mavoz, 
Malrié, Mangnés, Mangnês, Jaquezes, Magnazes, Mahués, Magnés, Mauris, Mawés, Maragná, 
Mahué, Magneses, Orapium. Autodenominam-se Sateré-Mawé. O primeiro nome - Sateré - 
quer dizer "lagarta de fogo'', referência ao clã mais importante dentre os que compõem esta 
sociedade, aquele que indica tradicionalmente a linha sucessória dos chefes políticos. O 
segundo nome - Mawé - quer dizer "papagaio inteligente e curioso'' e não é designação 
clânica. 
A língua Sateré-Mawé integra o tronco lingüístico Tupi. Segundo o etnógrafo Curt 
Nimuendaju (1948), ela difere do Guarani-Tupinambá. Os pronomes concordam perfeitamente 
com a língua Curuaya-Munduruku, e a gramática, ao que tudo indica, é tupi. O vocabulário 
mawé contém elementos completamente estranhos ao Tupi, mas não pode ser relacionado a 
nenhuma outra família lingüística. Desde o século XVIII, seu repertório incorporou numerosas 
palavras da língua geral. Os homens atualmente são bilíngües, falando o Sateré-Mawé e o 
português, mas a maioria das mulheres, apesar de três séculos de contato com os brancos, só 
fala a língua Sateré-Mawé. 
Os Sateré-Mawé habitam a região do médio rio Amazonas, na divisa dos estados do 
Amazonas com o Pará. A Tribo Indígena Andirá-Marau foi demarcada em 1982 e homologada 
em 1986 com 788.528 hectares, nos municípios de Maués, Barreirinha, Parintins, Itaituba e 
Aveiro (AM e PA). Segundo estimativa da Funai de 1987, existiam 4.710 Sateré-Mawé. Desde 
1981 houve apreciável expansão demográfica do grupo. Dados mais recentes da Funasa 
(Fundação Nacional da Saúde) e da ONG Ameríndia Cooperação dão conta de um total de 
3.872 habitantes na área Andirá (que reúne 42 aldeias) e 3.078 habitantes na área Marau (que 
reúne 31 aldeias). Em 1999, o total da população Satere-Mawé é, portanto de 6.950 pessoas. 
É importante salientar que, a partir da década de 1970, intensifica-se notavelmente o fluxo 
migratório em direção a Manaus. Em 1981, o antropólogo Jorge Osvaldo Romano contou 88 
Sateré-Mawé vivendo na periferia dessa cidade. No final da década de 1990, esse número 
cresceu significativamente, chegando a algo próximo de 500 Sateré-Mawé, distribuídos entre 
diferentes conjuntos habitacionais na zona Oeste de Manaus. O modo de sustento dessa 
população urbana está baseado, na maioria dos casos, na venda de artesanato para turistas. 
 
103 Disponível em: . 
 
Diagnóstico Preliminar Pólo Saterê 44 
Os Sateré-Mawé estão estabelecidos nos denominados sítios. Nesses espaços, cada família 
elementar possui sua residência, na qual se encontra o fogo que serve tanto para preparar a 
comida, como para aquecer e reunir os moradores; a cozinha, construída a meio caminho 
entre a casa e o rio, onde os homens torram o guaraná e as mulheres preparam a farinha de 
mandioca; e, também, o porto, como é conhecido o local às margens dos rios e igarapés, 
onde a família toma banho, lava a roupa, deixa a mandioca de molho, lava o guaraná e 
ancora suas canoas. Os sítios congregam todas as plantações que são propriedades de cada 
família elementar: os guaranazais, as roças de mandioca, jerimum, cará, batata doce e outros 
tubérculos, bem como os pomares. Eles são organizados sob a autoridade do chefe da família 
extensa, que aí reside com as famílias dos seus filhos e seus netos. O chefe desta organiza a 
produção do sítio, orientando as atividades econômicas dos seus filhos e genros. É ele que 
convida os parentes e conhecidos de outros sítios ou aldeias para reforçar seu contingente de 
trabalho, quando necessário, reunindo-os nos puchiruns. Nessas ocasiões, ele ordena que se 
cace, pesque e torre farinha para prover alimentos aos participantes desses trabalhos 
coletivos. Durante os puchiruns, ele acompanha de perto as atividades agrícolas: abertura das 
roças de mandioca e guaraná, limpeza dos guaranazais, assim como o beneficiamento do 
guaraná. São ainda atributos do chefe da família extensa mandar construir casas, ordenar que 
se limpe o lugar - atividade que eles chamam de faxina -, mandar efetuar os diversos tipos de 
coleta e assessorar a comercialização da produção agrícola e artesanal dos seus familiares e 
agregados. Os sítios são, portanto, um domínio privado, onde a terra e os demais recursos da 
natureza são apropriados pelas famílias elementares, que se submetem à autoridade do chefe 
do grupo familiar, tradicionalmente reconhecido como o dono do lugar. Assim, o sítio é o 
grupo local latu sensu, funcionando como unidade básica da organização política e econômica 
dos Sateré-Mawé, podendo vir a se transformar em aldeia quando o número de famílias 
elementares aumenta ou quando, independentemente disto, seu chefe passa a ser visto como 
um tuxaua. Isso pode ocorrer desde que ele ganhe prestígio junto a seus pares, pela 
generosidade, pela habilidade nas transações comerciais, pelo entrosamento com os tuxauas 
mais próximos, assim como com o tuxaua geral. 
Atualmente, a maior parte das aldeias obedece ao traçado de um arruado, semelhante aos 
povoados da região. Aí, encontramos as residências das famílias elementares, as cozinhas, os 
portos, igrejas de diferentes congregações, a escola e enfermaria. Assim como nos sítios, 
também nos arredores das aldeias localizam-se as roças de mandioca, os guaranazais, os 
pomares e demais plantações, que pertencem a cada família elementar. 
Toda aldeia possui um tuxaua, o chefe do lugar, pessoa que está investida de autoridade 
para resolver brigas e conflitos internos, convocar reuniões, marcar festas e rituais, orientar 
as atividades agrícolas e as transações comerciais, mandar construir casas etc. Cabe ainda ao 
tuxaua hospedar os visitantes demonstrando sua generosidade e procedendo à função 
cerimonial de oferecer çapó - guaraná em bastão ralado na água, bebida cotidiana, ritual e 
religiosa, que é consumida em grandes quantidades. Ao tuxaua, como a qualquer chefe de 
 
Diagnóstico Preliminar Pólo Saterê 45 
família extensa, compete também administrar os interesses de sua própria família, 
responsabilidade que ele assume de modo incisivo, principalmente quando se trata de 
solucionar brigas e determinar as atividades agrícolas e comerciais. Ele também administra os 
interesses das demais famílias extensas e elementares que aí residem, mas nesse caso,o faz 
de forma mais flexível. Nesse sentido, é possível dizer que a unidade mínima constitutiva da 
aldeia é sempre a família extensa do tuxaua. A aldeia pode constituir-se também dessa 
família acrescida por famílias elementares, ou ainda por um conjunto de famílias extensas, 
cujos chefes de família se submetem à influência política do tuxaua local. A autoridade 
política do tuxaua transcende os limites da aldeia, estendendo-se conforme seu desempenho 
como chefe de aldeia e de acordo com suas relações com os demais tuxauas Sateré-Mawé e, 
sobretudo, com o tuxaua geral. Podemos observar que, contemporaneamente, o grau de 
influência política de um tuxaua oscila segundo inúmeros critérios, dos quais se destacam: o 
clã ao qual pertence, suas relações de parentesco e prestígio junto aos demais tuxauas, seu 
conhecimento sobre o tempo dos antigos (história e mitologia Sateré-Mawé), sua capacidade 
como orador, seu grau de generosidade, sua tradição como agricultor e beneficiador do 
guaraná, sua habilidade para o comércio, a maneira como conduz os problemas internos de 
sua comunidade e a tônica de suas relações com os agentes da sociedade envolvente, 
principalmente a Funai, os patrões e os políticos locais. Pode-se dizer que o tuxaua geral é 
aquele que consegue um bom desempenho em todas essas áreas. 
Além dos chefes de família extensa, dos tuxauas e dos tuxauas gerais, ainda há lugar na 
organização política Sateré-Mawé para a figura do capitão, instituída pelo SPI e reforçada 
pela Funai. Ao capitão cabe a função de intermediar as relações dos Sateré-Mawé com os 
brancos, mais especificamente fazer a ponte entre as chefias tradicionais dessa sociedade 
com as autoridades da sociedade nacional. O capitão contracena principalmente com 
autoridades exógenas: o chefe de Posto, o delegado, o superintendente e o presidente da 
Funai, prefeitos, padres e pastores. Muitas vezes são esses agentes do Estado e das 
congregações religiosas atuantes na área que instituem o capitão, e prosseguem manobrando-
o em função dos seus interesses. Essa realidade, somada ao fato dele não ser um chefe 
tradicional, transforma-o numa figura controvertida dentro da esfera política Sateré-Mawé. 
A subsistência baseia-se na agricultura, em que se destacam os plantios de guaraná e as 
roças de mandioca. A farinha é a base da alimentação, sendo também comercializada em 
larga escala para as cidades vizinhas de Maués, Barreirinha e Parintins. Plantam ainda, para 
consumo próprio, o jerimum, a batata doce, o cará branco e roxo, e uma infinidade de frutas, 
em maior escala a laranja. Além de exímios agricultores, são também caçadores e coletores. 
Mel, castanha, diferentes qualidades de coquinhos, formigas e lagartas complementam sua 
dieta. Coletam ainda breu, cipós e vários tipos de palhas que servem para o consumo, além se 
serem comercializados na cidade. Caçando e pescando, os homens participam da dieta 
alimentar, juntamente com a farinha de mandioca, beiju e tacacá feitos pelas mulheres. 
 
Diagnóstico Preliminar Pólo Saterê 46 
Os Sateré-Mawé possuem rica cultura material, sendo os teçumes sua maior expressão. 
Eles designam por teçume o artesanato confeccionado pelos homens com talos e folhas de 
caranã, arumã e outros, com os quais fazem peneiras, cestos, tipitis, abanos, bolsas, 
chapéus, paredes, coberturas de casas etc. 
Grande ênfase é dada ao Porantim na cosmologia Sateré-Mawé. O Porantim é uma peça de 
madeira com aproximadamente 1,50m de altura, com desenhos geométricos gravados em 
baixo relevo, recobertos com tinta branca, a tabatinga. Sua forma lembra a de uma clava de 
guerra ou a de um remo trabalhado. Possui um leque de atributos: é o legislador social e a 
tribo freqüentemente se refere a ele como sendo sua Constituição ou sua Bíblia. Possui 
poderes de entidade mágica, uma espécie de bola de cristal que prevê acontecimentos, 
podendo andar sozinho para apartar desavenças e conflitos internos. É também o suporte 
onde estão gravados, de um lado, o mito da origem ou a história do guaraná, e de outro, o 
mito da guerra. Posiciona-se, portanto, para a sociedade que o talhou, como instituição 
máxima, aglutinando as esferas política, jurídica, mágico-religiosa e mística. 
Segundo relatos dos velhos Sateré-Mawé, seus ancestrais habitavam em tempos imemoriais 
o vasto território entre os rios Madeira e Tapajós, delimitado ao norte pelas ilhas 
Tupinambaranas, no rio Amazonas e, ao sul, pelas cabeceiras do Tapajós. Eles referem ao seu 
lugar de origem como sendo o Noçoquém, lugar da morada de seus heróis míticos. Estão 
localizados na margem esquerda do Tapajós, numa região de floresta densa e pedregosa, ''lá 
onde as pedras falam''. Nunes Pereira, que viveu com esse povo na década de 1950, conta que 
''os lagos e rios piscosíssimos que irrigam as terras em que viveram outrora os Maués e, bem 
assim, as florestas e campinaranas ricas em caças de toda espécie, deveriam constituir, numa 
época mais remota, uma paisagem magnífica para as atividades desse povo. À representação 
panteísta do Noçoquem, - sítio onde se encontravam todas as plantas e animais úteis aos 
Maués, segundo a Lenda do Guaraná, deveriam corresponder, outrora, o território por eles 
ocupado''. 
Os Sateré-Mawé tiveram seu primeiro contato com os brancos na época de atuação da 
Companhia de Jesus, quando os jesuítas fundaram a Missão de Tupinambaranas, em 1669. 
Segundo Bettendorf, "Em 1698 os Andirá acolheram o Padre João Valladão como missionário. É 
impossível localizar os Maraguá precisamente, mas eles viviam num lago, entre os rio Andirá e 
Abacaxi, provavelmente no baixo Maués-Açu, que se espraia para formar uma espécie de lago. 
Eles tinham três vilas, uma próxima da outra" (1910:36). Em 1692, após terem matado alguns 
homens brancos, o governo declarou uma guerra justa (legal) contra eles, parcialmente 
evitada pelos índios, uma vez que estes foram avisados e se espalharam, sendo que somente 
alguns ofereceram resistência. A partir do contato com os brancos, e mesmo antes disso, 
devido às guerras com os Munduruku e Parintintim, o território ancestral dos Sateré-Mawé foi 
sensivelmente reduzido. Em 1835 eclodiu a Cabanagem na Amazônia, principal insurreição 
nativista do Brasil. Os Munduruku e Mawé (dos rios Tapajós e Madeira) e os Mura (do rio 
Madeira), bem como grupos indígenas do rio Negro, aderiram aos cabanos e só se renderam 
 
Diagnóstico Preliminar Pólo Saterê 47 
em 1839. Epidemias e atroz perseguição aos grupos indígenas que com eles combatiam, 
devastaram enormes áreas da Amazônia, deslocando esses grupos dos seus territórios 
tradicionais ou reduzindo-os. Relatos dos viajantes confirmam que de fato houve redução 
territorial a partir do século XVIII, e mencionam a área compreendida pelo rio Marmelos, 
Sucunduri, Abacaxis, Parauari, Amana e Mariacuã como território tradicional dos Sateré-
Mawé. Esses relatos confirmam também que as cidades de Maués (AM), Parintins (AM) e 
Itaituba (PA) foram fundadas sobre sítios Sateré-Mawé, coincidindo com passagens da história 
oral deste povo. 
Pensando em termos de macro-território, a ocupação da Amazônia pelos civilizados - 
termo usado pelos Sateré-Mawé para designar todos aqueles que não são Sateré-Mawé: 
caboclos, brancos, estrangeiros, com exceção das outras nações indígenas - restringiu 
consideravelmente seu território tradicional. Primeiro, foram as tropas de resgate e as 
missões jesuíta e carmelita; depois iniciou-se a busca desenfreada das drogas de sertão; em 
seguida a extração da seringa; e finalmente a expansão econômica das cidades de Maués, 
Barreirinha, Parintins e Itaituba para o interior dos municípios, alocando fazendas, extraindo 
pau-rosa, abrindo garimpos, dominando a economia indígena através de seus regatões. 
Em 1978, quando iniciado o processo de demarcação do território, as aldeias, sítios, roças, 
cemitérios, territórios de caça, pesca, coleta e perambulaçãosituavam-se entre e ao redor 
dos rio Marau, Miriti, Urupadi, Manjuru e Andirá. Os Sateré-Mawé consideravam essa extensão 
de terra como sendo sua, apesar de saberem que ela representava apenas uma pequena 
parcela do que já havia sido seu território tradicional. Do ponto de vista da tribo, eles 
conseguiram manter parte privilegiada do território. São tradicionalmente índios da floresta 
do centro, como eles próprios falam. Até o começo do século XX escolhiam lugares 
preferencialmente nas regiões centrais da mata, próximas às nascentes dos rio, para 
implantarem suas aldeias e sítios. Nessas regiões, a caça é abundante; encontram-se em 
profusão os filhos de guaraná (como chamam, em português, as mudas nativas da Paullinia 
Sorbilis); existe grande quantidade de palmeiras como o açaí, tucumã, pupunha e bacaba, 
que sazonalmente comparecem na dieta alimentar; os rios são igarapés estreitos, com 
corredeiras e água bem fria. Esse é o ecossistema por excelência dos Sateré-Mawé e podemos 
observar, ainda hoje, que as aldeias que guardam formas de vida tradicionais ''como no tempo 
dos velhos'' (plano espacial, arquitetura, roças, rituais etc.) situam-se nessas regiões. 
As características desses nichos ecológicos eram essenciais à reprodução da vida 
tradicional dos Sateré-Mawé até o começo do século XX. Conforme os relatos dos índios mais 
velhos, as antigas aldeias Araticum Velho e Terra Preta, ambas situadas na cabeceira do rio 
Andirá, foram o pólo de dispersão das atuais 42 aldeias encontradas nas margens desse rio. Da 
mesma forma, a aldeia Marau Velho, que se localizava na nascente do rio Marau, foi o núcleo 
inicial das atuais 31 aldeias situadas no mesmo rio, bem como das aldeias que encontramos 
nos rios Miriti, Manjuru e Urupadi. Estas três aldeias desapareceram em torno da década de 
 
Diagnóstico Preliminar Pólo Saterê 48 
20, mas ainda podemos observar seus sinais na capoeira, resquícios de suas implantações nas 
cabeceiras dos rios. 
A proliferação de aldeias situadas nas margens dos rios Marau e Andirá vem ocorrendo há 
aproximadamente 80 anos e se deve às interferências na vida tradicional dos Sateré-Mawé, 
ocasionadas pelas missões religiosas, pelo extinto SPI pela atual Funai, como também pela 
pressão dos regatões e pelas epidemias. Todos esses fatores levaram os Sateré-Mawé a terem 
vontade de ficar mais próximos das cidades de Maués, Barreirinha e Parintins. 
Inventores da cultura do Guaraná, os Sateré-Mawé transformaram a Paullinia Cupana, uma 
trepadeira silvestre da família das Sapindáceas, em arbusto cultivado, introduzindo seu 
plantio e beneficiamento. O guaraná é uma planta nativa da região das terras altas da bacia 
hidrográfica do rio Maués-Açu, que coincide precisamente com o território tradicional Sateré-
Mawé. Os mesmos se vêem como inventores da cultura dessa planta, auto-imagem justificada 
no plano ideológico por meio do mito da origem, segundo o qual seriam os Filhos do Guaraná. 
O guaraná é o produto por excelência da economia Sateré-Mawé, sendo, dos seus produtos 
comerciais, o que obtém maior preço no mercado. É possível ainda pensar que a vocação para 
o comércio demonstrada por eles se explica na importância do guaraná na sua organização 
social e econômica. A primeira descrição é datada de 1669, ano que coincide com o primeiro 
contato do grupo com os brancos. O padre João Felipe Betendorf descrevia, em 1669, que 
"tem os Andirazes em seus matos uma frutinha que chamam guaraná, a qual secam e depois 
pisam, fazendo dela umas bolas, que estimam como os brancos o seu ouro, e desfeitas com 
uma pedrinha, com que as vão roçando, e em uma cuia de água bebida, dá tão grandes 
forças, que indo os índios à caça, um dia até o outro não têm fome, além do que faz urinar, 
tira febres e dores de cabeça e cãibras". Em 1819, o naturalista Carl von Martius recolheu na 
região de Maués uma amostra de guaraná, denominado-a Paullinia Sorbilis. Martius observou 
que na época já existia intenso comércio de guaraná, enviado a locais distantes como o Mato 
Grosso e a Bolívia. Assim, em 1868, Ferreira Pena escreve: ''Cada ano descem pelo Madeira 
mercadores da Bolívia e Mato-Grosso dirigindo-se à Serpa e Vila Bela Imperatriz, para onde 
trazem seus gêneros de exportação e donde recebem os de importação. Daí antes de 
regressarem vão a Maués, donde levam mil arrobas de guaraná, regressando então em ubás, 
carregadas daqueles e deste último gênero, que eles vão vender nos departamentos de Beni, 
Santa Cruz de La Sierra e Cochabamba na Bolívia e nas povoações do Guaporé e seus 
afluentes''. 
O comércio do guaraná sempre foi intenso na região de Maués, não só o realizado pelos 
Sateré-Mawé, mas também pelos civilizados. A procura deste produto deve-se às propriedades 
de estimulante, regulador intestinal, antiblenorrágico, tônico cardiovascular e afrodisíaco. No 
entanto, é como estimulante que o guaraná, depois de beneficiado, é mais procurando, pois 
contém alto teor de cafeína (de 4 a 5%), superior ao chá (2%) e ao café (1%). Existe uma 
distinção entre o guaraná de excelente qualidade beneficiado pelos Sateré-Mawé - chamado 
guaraná das terras, guaraná das terras altas e guaraná do Marau - e o guaraná beneficiado 
 
Diagnóstico Preliminar Pólo Saterê 49 
pelos civilizados na região de Maués, chamado guaraná de Luzéia - antigo nome desta cidade -
, de qualidade inferior porque produzido sem os conhecimentos e apuro das práticas 
tradicionais dos índios. O guaraná das terras sempre foi o mais procurado e, no entanto, os 
Sateré-Mawé vendem, no máximo, duas toneladas do produto por ano, e apenas nos anos de 
excelente safra. Já o guaraná de Luzéia, muito inferior, é produzido em larga escala; só uma 
empresa de comercialização do produto em Maués afirma vender 40 toneladas anuais. O çapó, 
guaraná em bastão ralado na água, bebida cotidiana, ritual e religiosa, consumida por adultos 
e crianças em grandes quantidades. O preparo e consumo do çapó seguem uma série de 
práticas que somadas resultam em uma sessão ritual. A natureza do ritual de consumo do 
guaraná é, porém, diversa da de um ritual formal, como são a da Festa da Tocandira ou a da 
leitura do Porantim. Uma sessão de çapó foi descrita por Anthony Henman: "Essas práticas são 
essencialmente as mesmas em todas as circunstâncias, tanto se o çapó for preparado para o 
círculo familiar mais íntimo, ou para um encontro de todos os homens adultos durante uma 
festa ou reunião política. Cabe à mulher do anfitrião ralar o guaraná, operação feita com uma 
língua de pirarucu ou uma pedra lisa e quadrada de basalto. Uma cuia aberta da espécie 
Crescentia cujete é colocada em cima de um suporte chamado patauí e enchida de água até 
um quarto do seu volume total. A ação de 'ralar' o guaraná molhado não busca a 
transformação do bastão em pó, como ocorre com o guaraná seco. Antes, trabalha-se o 
guaraná para que se forme uma baba, uma viscosidade que adere ao ralo e ao pedaço do 
bastão em uso, sendo dissolvida n'água mediante a periódica submersão dos dedos da 
raladora. Depois de preparado, o çapó é de novo diluído com água guardada ao lado da ''dona'' 
do guaraná em uma cabaça da espécie Lagenaria siceraria. A cuia, já a essas alturas cheia até 
um pouco mais da metade de çapó, e entregue pela mulher ao seu marido, que toma apenas 
um pequeno gole antes de passá-la aos outros presente, normalmente prestigiando os mais 
velhos ou alguns visitantes importantes, se os houver. Daí em diante, a cuia passa de mão em 
mão observando a proximidade física dos participantes, e não um rígido esquema de 
hierarquia, sendo acompanhado durante as sessões noturnas por um grande cigarro de tabaco 
enrolado numa casca de árvore. O nome tauarí indica tanto o cigarro feito, como a casca e a 
própria árvore (Couratari tauary). Nem sempre a cuia e o tauarí fazem uma volta circular, 
sendo mais comum que passem em uma linha reta de um participante ao próximo,voltando 
pela mesma linha até chegar de novo nas mãos do dono. Quando são muitas as pessoas 
presentes, observa-se a formação de duas ou mais linhas deste tipo, já que uma só cuia 
raramente é tomada por mais de oito ou dez pessoas. O participante que não tiver muita 
vontade de tomar guaraná não irá rechaçar a oferta da cuia, mas manterá as formalidades, 
bebendo um golinho mínimo para não ofender o anfitrião. Outro detalhe importante é que 
ninguém acaba a bebida que tiver na cuia, e mesmo se receber uma quantidade mínima, 
cuidará de deixar sempre um resquício para devolver ao dono. Só este é que tem o direito de 
encerrar formalmente a sessão de çapó; o que ele pode fazer pessoalmente, ou passando o 
restinho para um membro de sua família, acompanhado pela frase wai'pó (''olha o rabo''). 
Durante o intervalo em que a cuia circula entre as pessoas presentes, a mulher do anfitrião 
 
Diagnóstico Preliminar Pólo Saterê 50 
continuará esfregando o pedaço de guaraná contra o ralo, juntando uma baba que será 
prontamente dissolvida n'água assim que a cuia voltar às suas mãos.'' (1983:26-27) Cabe 
observar que cada sessão da çapó tem várias rodadas da bebida, ou seja, a mulher do dono da 
casa (ou sua filha, ou sua neta) irá preparar várias cuias de çapó conforme a disposição dos 
visitantes e familiares para tomar çapó e conversar. O çapó é a bebida que os Sateré-Mawé 
utilizam durante seus resguardos. As mulheres durante a menstruação, gravidez, pós-parto e 
luto e os homens na Festa da Tocandeira, no luto e quando acompanham suas mulheres 
durante o resguardo do pós-parto. O ritual da Tocandira coincide com a época do fábrico e 
dura aproximadamente 20 dias. Os índios referem-se a este ritual como ''meter a mão na 
luva'', também conhecido pelos regionais como ''Festa da Tocandira''. Trata-se de um rito de 
passagem - onde os meninos tornam-se homens - de extraordinária importância para os 
Sateré-Mawé, com cantos de exaltação lírica para o trabalho e o amor, e cantos épicos 
ligados às guerras. As luvas utilizadas durante este ritual são tecidas em palha pintada com 
jenipapo, e adornadas com penas de arara e gavião; nelas, o iniciado enfia a mão para ser 
ferroado por dezenas de formigas tocandiras (Paraponera clavata). Pode-se dizer que é 
durante o fábrico, termo regional também utilizado pelos Sateré-Mawé para indicar as várias 
etapas do beneficiamento do guaraná, que a vida social se intensifica. A partir do que 
observamos, o fábrico potencializa ao máximo a maneira de ser desta sociedade, trazendo 
para a vida social cotidiana toda uma gama de fenômenos que se encontram ocultos ou 
obscuros em outras épocas do ano. É um período que se renova a cada ano com a chegada da 
colheita do guaraná, permitindo-os comungarem com sua gênese mítica, revigorando-se 
etnicamente. O fábrico é um ciclo produtivo predominantemente masculino. Observamos que 
existe uma relação entre a divisão sexual do trabalho e a divisão do trabalho por faixa etária. 
Essa sociedade prescreve para as atividades mais simples do fábrico - que não dependem de 
tanta arte e experiência - mãos de variadas idades. Mas, ao se tratar das tarefas mais 
sofisticadas, encontraremos sempre mãos de pessoa adultas ou idosas cuidando do guaraná. 
Somando a prescrição sexual com a faixa etária resulta que a colheita dos cachos, a 
descasca do guaraná cru, a lavagem do guaraná, a torrefação, a descasca do guaraná torrado 
e a pilação, são tarefas quase que exclusivamente masculinas, cobrindo a faixa etária dos 
meninos aos adultos. A participação do sexo feminino ocorre apenas quando se descasca o 
guaraná cru e o guaraná torrado, que são consideradas atividades bem simples dentro do 
cômputo geral do fábrico. Só é permitida a participação das meninas nas atividades acima 
mencionadas antes da primeira menstruação, porque depois do primeiro resguardo as meninas 
ganham o estatuto social de mulheres, transformando-se em esposas e mães em potencial. As 
três atividades finais do fábrico são as que exigem maior depuramento, uma vez que incidem 
decisivamente na qualidade do produto final - o pão de guaraná. É por este motivo que a 
modelagem dos pães, sua lavagem e defumação são entregues exclusivamente nas mãos de 
pessoas adultas ou velhas. Segundo a prescrição da divisão sexual do trabalho e da divisão do 
trabalho por faixa etária, apenas os homens adultos e velhos podem se encarregar da 
modelagem dos pães de guaraná e do controle da defumação. A lavagem dos pães de guaraná 
 
Diagnóstico Preliminar Pólo Saterê 51 
se distingue radicalmente das outras atividades do fábrico porque é o único momento onde as 
mulheres, literalmente, põem a mão na massa. A sociedade Sateré-Mawé prescreve que 
somente as mulheres adultas (mães) e velhas (avós) recebem das mãos dos padeiros, após 
breve descanso nos talos de bananeira, os pães de guaraná ainda frescos, moles e de cor 
castanha, para serem demorada e caprichosamente lavados. A lavagem dos pães de guaraná 
constitui-se, sem dúvida, no trabalho mais delicado do fábrico, o que não é suficiente para 
explicar a incursão feminina dentro do universo eminentemente masculino. A quebra de tabu 
ocasionada pela entrada das mulheres (que já ficaram menstruadas e já tem marido, filhos e 
netos) no fábrico de forma tão determinada, só pode ser compreendida através dos mitos. 
As mulheres Sateré-Mawé estão representadas, em síntese, no corpus mítico sateré-mawé, 
pelas figuras femininas de Uniaí, Onhiámuáçabê e Unhanmangarú, que são ora irmãs de 
Anumaré (Deus), ora irmãs de Ocumaató e Icuaman (os irmãos gêmeos). Essas mulheres 
míticas possuem um leque de atributos e prerrogativas, que encontram ressonância na vida 
social Sateré-Mawé, mesmo que de forma invertida ou oposta. 
É seguindo essa trilha que podemos entender a participação das mulheres no fabrico, 
precisamente na lavagem dos pães de guaraná, uma vez que elas ocupam a posição de 
Onhiámuáçabê na "História do Guaraná'' - a mulher-xamã, esposa e mãe. Onhiámuáçabê, 
através de práticas xamanísticas, cuja tônica central é a lavagem do cadáver do filho com sua 
saliva e o sumo de plantas mágicas, faz nascer a primeira planta de guaraná, inaugurando a 
agricultura, ressuscitando seu filho - o primeiro Sateré-Mawé -, e fundando a sociedade. 
É interessante notar que na sociedade Sateré-Mawé cabe exclusivamente aos homens a 
função de pajés, ao contrário de alguns mitos, em que esses papéis são reservados às 
mulheres. Da mesma forma, a vida social reserva aos homens a tarefa de beneficiar o 
guaraná, quando nos mitos é função da mulher de cuidar do guaraná. Provavelmente, são 
essas inversões que permitem a quebra de tabu na divisão sexual de trabalho no fábrico, 
resguardando para as mulheres a continuidade das suas funções míticas na vida social. 
2.4.5 Panorama Econômico 
“O setor primário de Parintins apresenta em sua economia destaques na agricultura, 
pecuária, pesca, avicultura e extrativismo vegetal. A agricultura é representada pelas 
culturas temporárias de abacaxi, arroz, batata-doce, cana-de-açúcar, feijão, fumo, 
mandioca, melancia, melão e milho. Como cultura permanente oferece abacate, banana, 
cacau, café, caju, coco, laranja, limão, pimenta-do-reino e tangerina. A pecuária é a 
atividade de maior peso no setor primário, compreendendo principalmente a criação de 
bovinos, em seguida os suínos. A produção de carne e leite destina-se ao consumo local e ao 
envio para outros municípios. A avicultura é subsidiada no interior dos domicílios, sendo 
representada principalmente pela criação de galinhas, perus, patos, marrecos e gansos. O 
extrativismo vegetal é pouco representativo no setor primário, destacando a exploração de 
borracha, cumaru, gomas não elásticas, madeira, óleo de copaíba e puxuri”. 
 
Diagnóstico Preliminar Pólo Saterê 52 
O setor secundário envolve as indústrias de esquadrias e peças metálicas, gelo, redes e 
tapetes,está a cargo da Unidade de Gerenciamento do Programa – 
UGP, no âmbito da Secretaria de Desenvolvimento Sustentável e da Secretaria de 
Coordenação da Amazônia, juntamente com os Núcleos de Gerenciamento do Programa – 
NGP, instituídos nos Estados e no Ibama. 
 
 
Diagnóstico Preliminar Pólo Saterê 5 
 Objetivos do Proecotur 
O Proecotur foi concebido com a finalidade de fomentar diretrizes para o ecoturismo, 
maximizar os benefícios econômicos sociais e ambientais, gerar alternativas de atividades que 
não degradem o meio ambiente, criar empregos, renda e oportunidades de desenvolvimento 
econômico, garantindo o desenvolvimento sustentável da Região Amazônica. 
A meta do programa é viabilizar o desenvolvimento do ecoturismo na Região Amazônica 
Brasileira, estabelecendo a base de investimentos públicos necessários para a atração de 
investidores privados. O propósito é estabelecer uma estrutura adequada e implementar as 
condições necessárias, incluindo os investimentos requeridos, que possibilitarão aos nove 
Estados da Amazônia Brasileira (Acre, Amapá, Amazonas, Maranhão, Mato Grosso, Pará, 
Rondônia, Roraima e Tocantins) se preparar para administrar suas áreas selecionadas para o 
ecoturismo de forma responsável e adequada, com planejamento, assistência técnica e 
capacitação. 
O Proecotur tem como objetivos específicos: proteger os atrativos ecoturísticos; 
implementar infra-estrutura básica de serviços; criar ambiente de estabilidade; avaliar o 
mercado nacional e internacional; propor base normativa; capacitar recursos humanos; 
estimular a utilização de tecnologias apropriadas; valorizar as culturas locais e contribuir para 
a conservação da biodiversidade. 
 Fases do Programa 
O Programa foi concebido em duas fases: a Fase I, de Pré-Investimentos e a Fase II, de 
Investimentos. A Fase I, em andamento, tem como finalidade o planejamento estratégico dos 
investimentos a serem implementados na Fase II, centrada em pólos de desenvolvimento ou 
zonas prioritárias para investimentos. O poder público investirá em projetos para atrair 
empreendimentos ecoturísticos e normatização das atividades, ao priorizar o planejamento 
de roteiros que propiciem a integração entre os Pólos, com o objetivo de maximizar a 
competitividade da região como destino ecoturístico, minimizar os riscos financeiros dos 
empreendimentos a serem implantados em cada Pólo e a concorrência entre os Estados, 
mediante a identificação de nichos de mercado diferenciados para cada Estado. 
 Componentes do Proecotur 
O programa foi estruturado em 3 componentes principais e atividades relacionadas, como 
segue abaixo. 
1. Planejamento de Ecoturismo para a Região da Amazônia: 
1.1 Estratégia para Turismo Sustentável na Amazônia Legal: prevê uma avaliação 
estratégica para determinar o alcance, os principais pontos, as oportunidades e as 
restrições a serem considerados em relação ao potencial de desenvolvimento do 
turismo nessa região. Este estudo deverá articular as oportunidades e restrições 
 
Diagnóstico Preliminar Pólo Saterê 6 
ao desenvolvimento do turismo sustentável da região nos próximos 10 anos, e 
servirá de referência para futuros investimentos; 
1.2 Estratégias Estaduais e Locais de Ecoturismo: estratégias de ecoturismo para 
os estados do Acre, Amapá e Roraima. As estratégias incluirão recomendações 
específicas para o potencial dos Estados, desenvolvimento do ecoturismo 
sustentável em áreas geográficas selecionadas e serão usadas como referência 
para investimentos futuros. Também serão empreendidas estratégias locais 
específicas de ecoturismo para avaliar as oportunidades do potencial de 
desenvolvimento sustentável em quatro novas localidades que poderão tornar-se 
novas áreas prioritárias para ecoturismo, e; 
1.3 Estudos para gerenciamento e/ou estabelecimento de áreas protegidas: (na 
maior parte Parques Nacionais já existentes e novos Parques Estaduais). Serão 
preparados planos de manejo para definir claramente a demanda para o uso 
compatível e incompatível dessas novas áreas. Estes planos também definirão 
uma infra-estrutura em pequena escala necessária às áreas estabelecidas e seus 
entornos. 
2. Planejamento de Ecoturismo dos Pólos: 
2.1. Planejamento das Áreas Priorizadas para Ecoturismo: o propósito é preparar 
e implementar nos pólos os planos principais que possibilitem aos estados de Mato 
Grosso, Pará, Rondônia, Amazonas, Maranhão e Tocantins gerenciar suas áreas de 
ecoturismo; 
2.2. Investimentos Chave para os Pólos: estão sendo efetuados investimentos 
necessários e vitais em infra-estrutura para a proteção das áreas naturais 
existentes e/ou para facilitar a recepção do ecoturista durante o período de 
execução do programa proposto; e 
2.3. Estudos de Projetos de Infra-Estrutura para um Segundo Estágio de 
Investimentos: atividade para financiar projetos para serem implementados na 
segunda fase. 
3. Fortalecimento Institucional: 
3.1. Assistência Técnica e Melhores Práticas: será efetuado o levantamento das 
melhores práticas para o ecoturismo, englobando a área de gerenciamento de 
negócios, conservação da biodiversidade e uso de tecnologia apropriada, tais 
como o uso de energia limpa, tratamento biológico de esgotos, técnicas 
construtivas apropriadas. Essas práticas serão disseminadas na forma de 
publicações (manuais) que servirão de base para a oferta de Assistência Técnica 
aos investidores; inicialmente essa assistência será providenciada para negócios 
 
Diagnóstico Preliminar Pólo Saterê 7 
na área de ecoturismo que já estão operando nas áreas selecionadas do 
programa, em seguida será expandido para os novos investimentos; 
3.2. Capacitação em Ecoturismo: O processo de capacitação do PROECOTUR foi 
planejado para ser realizado em quatro etapas: Sensibilização, Oficinas de 
Planejamento, Cursos Específicos e Seminários. As Ações de Sensibilização 
consistem de reuniões de trabalho com as lideranças comunitárias e oficinas nos 
municípios dos respectivos pólos de ecoturismo da Amazônia. Para a realização 
das Oficinas de Planejamento foi estabelecido com a EMBRATUR, por meio do 
Programa Nacional de Municipalização do Turismo – PNMT, Uma parceria entre os 
dois programas. Os Cursos Específicos serão realizados em parceria com 
Instituições de Ensino que possuam reconhecida experiência na área e 
representações em todos os estados da Amazônia Legal; 
3.3. Gerenciamento: o programa financiou o estabelecimento de uma unidade de 
execução técnica a nível federal e a manutenção de unidades de co-execução a 
nível estadual. 
 Pólos de Ecoturismo 
Os Pólos são as zonas prioritárias nas quais o poder público implantará projetos e normas 
visando à atração de empreendimentos ecoturísticos particulares. Não são necessariamente 
definidos geograficamente podendo consistir de corredores turísticos ou de grupos de 
atrativos complementares unidos por um roteiro turístico. Seu planejamento visa maximizar a 
competitividade da Região como destino de ecoturismo internacional; minimizar a 
concorrência entre Estados, mediante a identificação de nichos de mercado diferenciados 
para cada Estado; maximizar a viabilidade econômica e minimizar os riscos financeiros dos 
empreendimentos de ecoturismo a serem implantados em cada Pólo. 
A proposta do PROECOTUR é integrar os Pólos de ecoturismo por meio de roteiros com 
atrativos complementares, dotando-os de toda infra-estrutura e serviços públicos e privados 
para atendimento aos visitantes. 
O Pólo Ecoturístico do Acre conta com os atrativos da floresta de terra firme e o 
movimento dos seringueiros em defesa das reservas extrativistas. O Amapá atrai turistas à 
Linha do Equador e ao fenômeno da pororoca, como são chamadas as ondas que resultam do 
avanço das águas do Oceano Atlântico sobre os rios. Já o Amazonas se posiciona como porta 
de entrada para o ecoturismo e oferece ecolodges e serviços de padrão internacional. O 
Maranhãobeneficiamento de malva, sacos, fios, tela, juta, beneficiamento de arroz, moinho 
de café, pau-rosa, estaleiros, serrarias, olarias e marcenarias. 
Já o terciário compreende o comércio varejista e atacadista e serviços de hotéis, agências 
de viagem, agências bancárias, restaurantes, cinemas, hospitais, oficinas mecânicas, clínicas 
odontológicas e médicas. "104 
“A cidade de Barreirinha praticamente se iguala a Parintins em termos do desenvolvimento 
econômico da agricultura permanente e temporária, classificada no setor primário diferindo 
apenas no destaque na produção da mandioca, acrescidos de juta, malva e tomate. Sua 
pecuária apresenta a mesma produção, enquanto a pesca é praticada em moldes artesanais 
para o consumo local. Não é representativo para a formação da economia do setor. A 
avicultura possui caráter doméstico e de subsistência. O extrativismo vegetal indica um peso 
relativo pequeno para a formação do setor primário, sendo demonstrado pela exploração da 
castanha, madeira e também o camaru. 
O setor secundário é explorado em usinas de beneficiamento de arroz, olaria, mercearias e 
padarias, enquanto o terciário é semelhante às atividades de Parintins, em menor número de 
opções: comércio varejista e atacadista, serviços hoteleiros e pensões”.105 
“Boa Vista do Ramos apresenta em seu setor primário, a agricultura como estrutura 
econômica do município de maior importância, revelando como principais produtos da cultua 
temporária a mandioca (principal resultado agrícola), seguida do milho, melancia, feijão e 
arroz e da cultura permanente o guaraná, a laranja, a banana, o limão e o café. Sua pecuária 
é vasta em relação aos demais municípios, consistindo no desenvolvimento de espécies como 
bovinos, bufalinos, ovinos e caprinos. A pesca não é organizada ou controlada, portanto não 
existe registro ou estrutura para armazenar e conservar o peixe que será consumido na entre-
safra.Também similar aos demais municípios do pólo, a avicultura é caracterizada como 
atividade e consumo doméstica, com a criação de galinhas e frangos. O extrativismo vegetal 
ocorre de forma ampla. Entre os produtores extrativos tradicionais, destaca-se a madeira em 
toras, camaru, juta, malva e castanha-do-pará, observando que nesses produtos não são 
manifestados o município numa patente evasão de divisas financeiras. Podemos destacar 
ainda as frutas regionais tais como a pupunha, tucumã, açaí, bacaba, patauá e maracujá do 
mato. Uma atividade explorada atualmente é a hortifruticultura, que acontece através o 
cultivo de verduras, legumes e frutas que surgem de acordo com a respectiva época do ano, 
como o tomate, maxixe, pimentão, cebolinha, couve, feijão, pepino, batata-doce, cará, 
jerimum, laranja, limão, cupuaçu, tangerina, abacate, manga, abacaxi, goiaba. 
 
104Disponível em:. 
105 Disponível em: . 
 
Diagnóstico Preliminar Pólo Saterê 53 
O setor secundário de Boa Vista do Ramos é encontrado nas indústrias tipo serraria e 
padaria. Já o terciário é explorado no comércio varejista com produtos diversificados, desde 
gêneros alimentícios ao material de construção, incluindo medicamentos em geral e outros. 
No setor de serviços se verifica a atividade de carpinteiro, costureira, pintor, mestre de 
obras, construtor.”106 
Nhamundá comparada às demais cidades do pólo apresenta carência econômica em seus 
setores. O primário, por exemplo, não apresenta expressão econômica na agricultura, 
focando somente o consumo local. A pecuária é a atividade de maior importância para a 
formação do setor, principalmente a pecuária de corte, que contribui na renda do município. 
A pesca também tem caráter esportivo e artesanal para o consumo local, mas ao apontar o 
extrativismo vegetal, em Nhamundá se encontra a maior reserva mineral do Brasil em bauxita 
e jazida de calcário (cimento). O setor terciário atua em dois segmentos: o comércio varejista 
e os restaurantes como serviços.107 
2.4.6 Panorama Cultural 
No presente momento, dos subsídios pesquisados para formatar este diagnóstico, foram 
encontrados dados na cidade de Parintins a respeito da existência de Sítios Históricos com 78 
edificações, Sítio Arqueológico da Valéria e Sítio Histórico de Vila Amazônia (colonização 
japonesa/juta). Incrementando a pesquisa, o município também dispõe do Complexo 
Esportivo e Turístico do Cantagalo. 
Artesanato 
O artesanato em geral é confeccionado pela cultura indígena, que demonstra em todos os 
aspectos de seu conteúdo, precisão de detalhes, combinação de cores e criatividade, 
baseados nos elementos da natureza, desde instrumentos primitivos a adereços que 
complementam e ornamentam lugares, pessoas e ambientes, transformando a matéria-prima 
em obras e recursos indispensáveis nos afazeres diários. A cerâmica indígena elabora peças de 
barro cozidas durante uma semana com cinzas de caraipé (árvore nativa da Amazônia) dentro 
de um buraco cavado no chão. Finda esta etapa, cada peça recebe uma camada de copal 
(resina de jatobá) que impermeabiliza as peças. Essa técnica que já existia quando Cabral 
chegou no Brasil. O Tipiti é um artefato feito com tala de arumã utilizado para espremer a 
mandioca ralada no início do processo de fabricação da farinha. A cestaria em palha de 
tucumã são fios trançados da folha de tucumã e tingidos com pigmentos encontrados na 
floresta, como o urucum, técnica esta que vem sendo resgatada há pouco tempo. As fibras de 
palmeira, tucum-do-brejo, cabeça-de-preguiça, aninga, caroá, embira, envira, miriti e juta 
são fibras utilizadas na fabricação de utensílios, como cestos e jogos americanos. A balata são 
pequenos objetos fabricados pelo látex extraído de duas árvores sapotáceas da região 
 
106 Disponível em: . 
107 Disponível em> . 
 
Diagnóstico Preliminar Pólo Saterê 54 
amazônica. O trançado de guarumã é originário das comunidades caboclas do interior. As 
talas extraídas do caule da planta guarumã são utilizadas na fabricação de cestos. Já o 
maracá é fabricado pelos caboclos das comunidades ribeirinhas da Amazônia. É um choacalho 
utilizado no acompanhamento rítmico de danças e músicas, podendo ser encontrado na 
Fucapi - Fundação Centro de Análise, Pesquisa e Inovação Tecnológica (fibra e madeira). 
Em Maués, o Artesanato de Guaraná é a atividade em que as famílias locais utilizam o 
guaraná como material para produzir pequenas peças que retratam animais e objetos de uso 
diário. 
O artesanato de Parintins é local e confeccionado com madeira, raízes de árvores, jutas, 
cipós, palhas, sementes, fibras naturais e penas artificiais, miniaturas dos bois esculpidas em 
gesso e isopor. 
 Gastronomia 
As principais iguarias são: açaí, arroz branco, aruanã, bacaba, bacuri, bolo de guaraná, 
bolo de macaxeira, broa, buriti, creme de banana pacova, cupuaçu, farinha de mandioca, 
graviola, jaraqui (peixe popular no estado, comido com pimentas e farinha de mandioca), 
mandioca, maracujá-do-mato, matrinxã, molho de tucupi (molho apimentado extraído da raiz 
da mandioca), mungunzá, murici, pacu, pamonha, patoá, pimentas variadas, pirarucu ao 
forno, pupunha, quebra-queixo, sorva, surubim, taperebá, tapioca, tucum. 
Parintins abriga estabelecimentos que oferecem pratos típicos da culinária local. O sabor 
dos peixes oferecidos pelos rios que banham a ilha de Tupinambarana e a carne de búfalo dos 
rebanhos locais destaca-se na cozinha parintinense. Pode-se degustar pratos como o tambaqui 
moqueado, antigamente enrolado pelos indígenas em folhas de guarumã e defumado um 
buraco de areia, a caldeirada de tucunaré com pirão escaldado, o pirarucu assado, o bodó ao 
tucupi,um peixe cozido com um líquido amarelado proveniente do sumo da mandioca ralada, 
e os bolinhos de piracuí, outro pescado regional. As especialidades são servidas em 
restaurantes da cidade, mas também pode-se provar comidas típicas em banquinhas de rua, 
como as da tatacazeiras, que servem o tacacá, é uma sopa tradicionalmente tomada no fim 
da tarde feita com tucupi, contendo goma extraída da mandioca, jambú uma folha que deixa 
a boca “dormente” e camarão. Ao lado do porto, no mercado central, vendem-se frutas 
típicas, como mari-mari, biriba, jenipapo, pupunha e tucumã. Os oradores têm hábito de 
comer sanduíche com a polpa do tucumã no café da manhã.108 
Alguns costumes são particulares de cada município, tendo em vista as peculiaridades das 
atividades em que gira a economia. A Massa do Guaraná é feita exclusivamente no Centro 
Cultural de Artesanato de Maués. É uma massa feita pelos índios Saterê-Maué (amêndoa 
raspada e água). 
 
108 GUIA Philips – Amazônia Brasil. 2001. p. 157. 
 
Diagnóstico Preliminar Pólo Saterê 55 
 
Danças, Músicas e Lendas 
Misturando mitologia, adereços alegóricos e batidas de tambor na disputa entre os bois 
Garantido e Caprichoso, o Festival do Boi de Parintins já é reconhecido internacionalmente 
por sua dimensão e originalidade. Em cada grupo apresentam-se cerca de 3.500 pessoas, 
chamadas brincantes, acompanhados por carros alegóricos que chegam a 15 metros de altura. 
A festa é uma manifestação de herança indígena na quase representa lendas da floresta e 
história de resistência cultural na Amazônia. Como um ritual xamânico, as dançarinas 
encenam episódios inspirados no Quarup, na saga dos Tupinambás, na chegada dos 
portugueses e em eventos históricos selecionados anualmente pela diretoria de arte dos bois. 
Figuram indígenas como o pajé ou a cunhã-poranga e personagens folclóricos do boi-bumbá 
maranhense, representadas pelo grupo da vaqueirada, pela sinhazinha da fazenda, pai-
francisco da fazenda e mãe-catirina. Uma das histórias conta que os bois nasceram de uma 
disputa amorosa, no início do século 20, entre o maranhense Lindolfo Monteverde e seu 
primo, Luiz Gonzaga, por uma moça de Parintins, conhecida como Dona Isolina. A disputa deu 
origem à competição entre os bois, depois que Lindolfo saiu do Galante (hoje Caprichoso) e 
fundou o Garantido. A cada ano, os dois buscariam incrementar as apresentações com beleza 
e novos elementos folclóricos como uma forma de conquistar o coração da moça. Com a 
projeção da festa, Parintins chega a recebe 100 mil visitantes nos três últimos dias de 
junho.109 
Algumas danças, músicas e lendas se espalham e enfeitiçam os visitantes e moradores do 
Pólo, fascinados pela cultura de um povo, com ricas histórias e crendices transferidas de 
geração em geração. 
 Matinta Perera: não possui forma definida, se assemelhando a uma velha com 
o corpo suspenso ou a um pássaro. Em cada localidade, a lenda é atribuída a alguma 
velha ermitã que à noite se transforma em Matinta e sobrevoa as casas das pessoas 
que a trataram mal durante o dia para assustá-las e atormentar as criações de 
galinhas, porcos, cavalos e cachorros110; 
 Mapinguari: os caboclos descrevem o Mapinguari como um bicho com o corpo 
de homem, repleto de pelos e com apenas um olho no meio da testa. Sua boca se 
estende até a barriga e sua pele é parecida com couro de jacaré, além de possuir uma 
armadura nas costas semelhante ao casco de tartaruga. Segundo a lenda, o Mapinguari 
ataca os caçadores durante o dia111; 
 Curupira: descrito como um menino de estatura baixa, cabelos cor de fogo e 
pés com calcanhares para frente, o curupira tem a função de proteger a mata e seus 
 
109 GUIA Philips – Amazônia Brasil. 2001. p. 156. 
110 Fonte desconhecida. 
111 Fonte desconhecida. 
 
Diagnóstico Preliminar Pólo Saterê 56 
habitantes, punindo seus agressores. Ainda, há casos em que os Curupiras se encantam 
por crianças pequenas, que são levadas para a floresta e devolvidas aos pais depois de 
sete anos112; 
 Mandioca: a lenda diz que numa certa tribo nascera uma índia de pele branca, 
chamada Mani, que seria na realidade um presente do deus Tupã. A índia era querida 
por todos e tratada como uma jóia rara, mas num certo dia veio a adoecer e morreu. 
No lugar onde foi enterrada, brotou uma planta diferente, cuja raiz era parecida com 
uma batata. Um índio partiu a raiz ao meio e constatou que ela era branca como a 
índia Mani. Por isso, a raiz recebeu o nome de “Mani Oca” (carne de Mani), assumindo 
a forma atual “mandioca113”; 
 Gente que vira bicho: pessoas que em noite de luar se isolam da sociedade 
para se transformarem em animais, como cavalo, porco, cobra, cachorro, entre 
outros. Depois de vagar pela noite, o bicho volta a ser gente, veste suas roupas que 
ficaram escondidas em algum local ermo e volta para casa, com a certeza de que na 
próxima noite de lua o destino baterá a sua porta114; 
 Guaraná: diz a lenda que na tribo Maués nasceu um menino muito bonito, 
inteligente e esperto, amado por todos. Mas Jurupari, o espírito do mal, ficou com 
inveja do indiozinho e numa emboscada, transformou-se em cobra e o matou. Arrasada 
de tristeza, toda a tribo chorou junto ao corpo do menino, quando o deus Tupã enviou 
um raio que caiu ao lado de seu corpo. A mãe entendeu que era um recado de Tupã e 
enterrou os olhos do indiozinho, para que nascesse uma planta tão viva e forte e que 
pudesse trazer tanta felicidade quanto o menino trouxe para a tribo. E foi assim que 
dos olhos do pequeno índio nasceu o guaraná. Guará, na língua indígena, significa “o 
que tem vida, gente”, e ná, “igual, semelhante”. Assim, traduzida, a palavra guaraná 
significa “Bagos iguais a olhos de gente”;115 Outra lenda afirma que “a origem do 
guaraná, segundo os Saterê-Maués, é que havia três irmãos, dois rapazes e uma moça, 
sendo os dois primeiros muito preguiçosos e dependentes da irmã. Esta ficou grávida e 
deu à luz a um menino de belos olhos negros, que foi assassinado aos cindo anos pelos 
tios invejosos. A mãe retirou-lhe então os olhos e plantou-os como sementes pedindo à 
Tupã que lhe devolvesse a vida em forma de vegetal”116; 
 Cunhã e o Marupiara: havia na selva um casal muito apaixonado, Cunhã e 
Marupiara. Um dia Marupiara convidou Cunhã para pescar e enquanto os dois pescavam 
e namoravam no lago, o céu ficou encoberto e uma forte chuva de vento amedrontou 
o casal, que tentou desesperadamente alcançar a margem do rio. Chegando à margem, 
 
112 Fonte desconhecida. 
113 Fonte desconhecida. 
114 Fonte desconhecida. 
115 Fonte desconhecida. 
116 GUIA Philips – Amazônia Brasil. 2001. p. 322. 
 
Diagnóstico Preliminar Pólo Saterê 57 
em meio a raios e trovoadas, o casal se abraçou e tocou o chão, rezando para que deus 
Tupã os protegesse. Mesmo assim, um raio atingiu o casal apaixonado, mas a natureza, 
cúmplice daquele amor, transformou Cunhã na palmeira uricuri e Marupiara no cipó 
apuí, que estão sempre entrelaçados nas matas amazônicas117; 
 Origem do Rio Amazonas: existia na selva amazônica dois noivos apaixonados: 
o Sol, dono do dia, e a Lua, dona da noite. Apesar de apaixonados, eles nunca 
poderiam se casar, pois o amor ardente do sol queimaria toda a Terra e o choro triste 
da Lua a afogaria. Assim, o casal se separou e a Lua chorou durante todo um dia e uma 
noite. Suas lágrimas escorreram por morros e serras até alcançar o mar, que não 
queria aceitar tanta água. Estranhamente, as lágrimas da Lua encravaram um imenso 
vale, onde um rio extenso apareceu: era o rio Amazonas, o rio-mar da Amazônia118; 
 Amazonas ou Icamiabas: lenda que conta a origem do nome do estado e do rio 
Amazonas. Os primeiros europeus que chegaram à região contaram ter encontrado 
tribos de mulheres guerreiras com costumes semelhantes aos dasAmazonas da 
Capadócia, na Ásia Menor. A tribo era composta apenas por mulheres que só buscavam 
homens para procriação e quando tinham filhos meninos, os entregavam aos pais. Os 
índios chamavam a tribo de Icamiabas, que significa “mulheres sem marido”. Diziam 
também que as Icamiabas presenteavam os homens após a cópula com pequenos 
artefatos semelhantes a sapos entalhados em pedra de jade ou nefrita, chamada de 
Muiraquitã119; 
 Muiraquitã: são objetos esculpidos em pedras, geralmente verdes - jadeíta e 
nefrita, por exemplo - representando animais da floresta. Possui poderes mágicos e 
segundo a lenda, as pedras eram esculpidas pela tribo feminina das Icamiabas e 
presenteadas a guerreiros120; 
 Cobra-Grande: segundo a lenda, numa das tribos amazônicas vivia uma velha 
que comia crianças. Ao ser atirada num rio pela população horrorizada com a sua 
crueldade, a velha foi salva por Anhangá, o espírito do mal, o qual lhe deu um filho, 
que posteriormente foi transformando em igarapés, é o mito mais poderoso e 
complexo das águas amazônicas. Mágica, irresistível, polifórmica, aterradora121 ( ...). 
Tem a princípio, a forma de uma sucuriju ou uma jibóia comum. Com o tempo adquiri 
grande volume e abandona a floresta para ir para o rio. Os sulcos que deixa a sua 
passagem, transformam-se em igarapés. Habitam a parte mais funda do rio, os poções, 
aparecendo vez por outra na superfície122;. 
 
117 Fonte desconhecida. 
118 Fonte desconhecida. 
119 Fonte desconhecida. 
120 Fonte: Amazonas BR. 
121 Fonte: Amazonas BR. 
122 CASCUDO, Câmara. Dicionário do folclore brasileiro. 1998. p. 290. 
 
Diagnóstico Preliminar Pólo Saterê 58 
 Vitória régia: segundo a lenda, uma índia chamada Naia, encantada pelas 
belezas da lua, sempre tentava tocá-la para tornar-se tão linda e luminosa quanto ela. 
Ao ver a lua banhando-se num lago, a índia mergulhou nas águas, esquecendo que não 
sabia nadar (...)123. O nome vitória-régia foi dado pelo naturalista Lindley em 
homenagem à rainha Vitória da Inglaterra124; 
 Boto: animal que ao se transformar em belo rapaz, encanta as mulheres da 
comunidade que o vêem e corre atrás dos meninos ( ...)125. O boto seduz as moças 
ribeirinhas aos principais afluentes do rio Amazonas e é o pai de todos os filhos de 
responsabilidade desconhecida. Nas primeiras horas da noite, transforma-se em um 
rapaz bonito, alto, branco, forte, grande dançador e bebedor, e aparece nos bailes, 
namora, conversa, freqüenta reuniões e comparece fielmente aos encontros 
femininos. Antes da madrugada, pula para a água e volta a ser um boto (...)126 ; 
 Iara: mulher bela e sedutora que encanta os homens que a vêem banhar-se 
nua, os quais perdem a noção do perigo e se atiram nas águas, quase nunca retornando 
ou então, retornando delirantes(...)127. Nome convencional e literário da mãe-d’água ( 
...) em todo o Brasil conhece-se por mãe d’água a sereia européia alva, loura, meia 
peixe, cantando para atrair o enamorado que morre afogado querendo acompanhá-la 
para bodas no fundo das águas128. 
Construções Históricas 
 O município de Maués abriga construções históricas que merecem destaque: 
 Casa Paroquial é uma construção histórica localizada no Largo Marechal Deodoro. 
Construída na década de 1930, está em bom estado de conservação, mantendo as 
características arquitetônicas da época. Não possui sistemas de cartão de crédito e débito 
como forma de pagamento; 
 Obelisco, construção histórica localizada na Praça Coronel João Verçosa. Construído 
na década de 1950, registra o local onde culminou o final da Cabanagem, histórica 
revolução em que os últimos 880 revoltosos (cabanos) foram obrigados a prestar juramento 
de fidelidade à Constituição no local, não possui cartão de crédito e débito; 
 Prédio do Fórum é uma construção histórica, estrutura semelhante a um ancoradouro. 
Não possui cartão de crédito e débito; 
 
 123 Amazonas BR. 
124 GUIA Philips – Amazônia Brasil. 2001. p. 331. 
125 Amazonas BR. 
126 CASCUDO, Câmara. Dicionário do folclore brasileiro. 1998. p. 181. 
127 Amazonas BR. 
128 CASCUDO, Câmara. Dicionário do folclore brasileiro. 1998. p. 532. 
 
Diagnóstico Preliminar Pólo Saterê 59 
 Usina de Pau-Rosa, construção histórica localizada Avenida Antártica. Uma das poucas 
usinas de pau-rosa no estado. Possui uma área de 74 hectares e ainda utiliza o primeiro 
maquinário usado para a extração do óleo, também não aceita cartão de crédito e débito. 
 Pertencente a Parintins, algumas edificações fazem parte do cartão postal do 
município. 
 Vila Amazônica, construção histórica formada de ruínas da década e 1930, ruínas de 
uma vila que foi resultado da vinda de japoneses para a região, estimulados pelo cultivo 
de juta; 
 Catedral Nossa Senhora do Carmo 
 Igreja do Sagrado Coração de Jesus, construída em 1883; 
 Teatro da Paz; 
 Teatro Dom Arcângelo Cérqua. 
2.4.7 Aspectos Institucionais, Programas e Projetos 
Ao convalidarmos ideais da gestão púbica, é necessário obter sensíveis percepções e 
conhecer a atuação para que não conflite com as estratégias inseridas na área de influência. 
Para isso deve-se avaliar: a atuação dos órgãos públicos de turismo, ou seja, se as ações são 
iniciadas e concluídas, se o apoio do governo chega aos municípios, se é deficiente a 
articulação entre estado e municípios, se as parcerias entre instituições é limitada, se os 
recursos para fomento do turismo são limitados, se as manifestações culturais têm apoio, etc. 
Ao mesmo tempo, avaliar a atuação dos gestores públicos de turismo - se é fragmentada 
(apresenta descontinuidade das ações) e ineficiente (em função de se estar iniciando a 
prática da atividade turística). 
As bibliografias estudadas subentendem a existência na região de planos de 
desenvolvimento turístico, porém o plano estratégico do Pólo está fase inicial de elaboração, 
assim como o Plano Estadual de Turismo do Amazonas e afins, tais como os Planos Diretores 
dos Municípios e PPA (Plano Plurianual). 
Para concretização e sucesso na viabilização da atividade, é necessário que haja 
articulação entre iniciativa privada, setor público e terceiro setor na região, sendo necessário 
o estreitamento de canais de comunicação e a integração no desenvolvimento mútuo dos 
atores envolvidos. A comunidade local deve perceber o turismo como atividade econômica 
importante, pois o que ocorre atualmente é o pouco comprometimento com a atividade 
turística, focada apenas nos eventos de grande porte, tais como o Festival do Boi. Essa falta 
de sensibilidade reduz o trade turístico da região.129 Diante as análises acima citadas e 
 
129 AMAZONAS. Secretaria do Meio Ambiente. Plano de desenvolvimento do pólo de ecoturismo do Estado do 
Amazonas: descrição e contextualização global do pólo de ecoturismo do Estado do Amazonas. 2001. s.p. 
 
Diagnóstico Preliminar Pólo Saterê 60 
abordadas, é fato concluir a atuação empreendedora no local, avaliando a capacitação dos 
agentes. 
2.4.8 Questões Ambientais Relevantes 
“As ameaças à Amazônia são muitas. Três delas são, de longe, as de maior relevância: a 
pecuária bovina extensiva, a exploração da madeireira predatória e a continuidade das 
colonizações públicas e privadas. Estas, combinadas, são responsáveis por mais de 95% da 
área adulterada da Amazônia. Segundo os estudos do IMAZON (Instituto do Homem e Meio 
Ambiente da Amazônia), ‘a criação de gado bovino é uso dominante nas áreas desmatadas, 
representando 77% da área convertida em uso econômico.´ 
Até 2002, o INPE calculava que 582 mil km² de floresta amazônica haviam sido desmatados 
(área equivalente a toda região Sul do Brasil). Porém, se considerarmos as áreas atingidas e já 
abandonadas, bem como as áreas onde as madeireiras realizaram coletas seletivas, e somá-las 
as áreas desmatadas acima,é provável que se conclua que nos últimos 40 anos conseguimos a 
ousadia de alterar significativamente 20% da Amazônia. Esta é uma área próxima a 1 milhão 
de km² (100 milhões de hectares), ou seja, uma área superior a toda a região Sul acrescida de 
São Paulo, Rio de Janeiro e Espírito Santo. (…). 
Entre as principais conseqüências estão o sofrimento do índio e do caboclo, o 
desmatamento, a queimada, a poluição dos rios e a extinção da biodiversidade. Em geral, o 
caos não se estabelece por uma razão isolada, por exemplo, em função da pecuária extensiva 
ou do garimpo – e sim por uma mescla de razões, envolvendo duas, três ou quatro forças que 
atuam simultaneamente, competindo muitas vezes entre si. (…). 
São as seguintes ameaças: 
A pecuária bovina extensiva; 
Soja: de alimento à ração para o gado chique; 
A exploração madeireira predatória; 
O modelo fundiário adotado; 
O narcotráfico e a guerrilha; 
Tráfico de animais e plantas (biogrilagem); 
A caça predatória; 
As grandes obras (hidrelétricas, hidrovias e estradas); 
O garimpo; 
 
Diagnóstico Preliminar Pólo Saterê 61 
A pesca predatória.”130(…) 
“Estas dez ameaças citadas apresentam entre suas principais conseqüências, ora 
isoladamente ora em conjunto, direta ou indiretamente, o aumento da área desmatada 
(…)”.131 
Infelizmente, “está se eliminando o mais rico banco de genes do planeta. Com relação à 
perda das espécies de algas, besouros, abelhas, aves, peixes e árvores (…). Mais que espécies, 
perdem-se sistemas organizados e inter-relacionados. Os cientistas não sabem quanto tempo 
é necessário para recuperar áreas degradadas.“132 
 
130 MEIRELLES FILHO, João. O livro de ouro da Amazônia. 2004. p.150. 
131 Ibid, p. 214. 
132 MEIRELLES FILHO, João. O livro de ouro da Amazônia. 2004. p.219. 
 
Diagnóstico Preliminar Pólo Saterê 62 
3 Caracterização de 
Potencialidades 
Ecoturísticas 
No contexto brasileiro, por sua riqueza natural e cultural a Amazônia emerge como umas 
das regiões prioritárias para as conservações de recursos naturais e a construção de modelos 
de desenvolvimento capazes de valorizar e proteger a base natural, resgatar e preservar o 
patrimônio cultural e assegurar benefícios às populações locais. Sob esse enfoque, o 
ecoturismo é reconhecido como importante alternativa para o desenvolvimento regional.133 
“O turismo é um fenômeno social complexo e diversificado. Há diversos tipos de turismo, 
que podem ser classificados por diferentes critérios”134. Pela diversidade identificada de 
atrativos naturais e culturais, há muitas formas de turismo a ser explorada nos municípios do 
Pólo Saterê, pois o viajante pode caracterizar perfis diversos, cuja identidade definirá o 
destino, tempo, hábitos e atividades que melhor aproveitem o tempo livre disponível. Para 
isso deve-se determinar sua origem, volume de pessoas, classe, autonomia, duração da 
viagem, tipo de alojamento, e seus objetivos, e adaptar formas e pacotes ensejados. 
Os eventos que constam no calendário dos municípios oferecem ofertas que podem ser 
exploradas e divididas nas seguintes segmentações: Turismo de Natureza e Ecoturismo, 
Turismo Religioso, Turismo de Terceira Idade, Turismo Regional, Turismo de Eventos, 
Cruzeiros, Turismo de Pesca, Turismo Científico, Turismo de Interesse Específico, Turismo 
Histórico, Turismo de Negócios e Turismo Cultural. De acordo com as definições de turismo, 
se foi verificado uma forma de incorporar cada evento em seu devido destino, adaptando 
algumas vezes um evento em mais de uma segmentação. 
O Pólo de Saterê é conhecido como pólo turístico, exercendo ações governamentais com 
participação da sociedade civil e do setor privado. Ele apresenta diversas formas exploráveis 
de turismo de acordo com o material analisado: 
 Turismo de Natureza e Ecoturismo 
“A floresta amazônica é normalmente relacionada a um ambiente vasto, imutável e 
uniforme. Sua composição, no entanto, varia significativamente e muitos ecossistemas, com 
vegetação, relevo e fauna específicos, compõem o conjunto da floresta. (...) É considerada 
 
133 Disponível em: . 
134 BARRETO, Margarita. Manual de iniciação ao estudo do turismo. 2000.p. 17. 
 
 
Diagnóstico Preliminar Pólo Saterê 63 
um mosaico com inúmeras variações, tais como as várzeas, igapós, campinaramas, cerrados e 
campos. (...) Mangues também compõem a diversidade da floresta.”135 
Somado a valorização econômica e social do local, alguns pontos se destacam, como os 
lagos que compõem o cenário da paisagem do Pólo. Em Parintins se destaca o Lago do 
Macuricanã, há 45 quilômetros atravessando o Rio Amazonas e ramais menores na margem 
oposta. Santuário ecológico da região, possui duas paisagens distintas: na época da seca, ente 
julho e dezembro, é entrecortado por furos e igarapés e serve de habitat para araras e 
papagaios, animais mais presentes nestes meses. Nos troncos das árvores observam-se 
orquídeas e bromélias e a marca d´água deixada na última cheia. De fevereiro a junho, um 
grande lago é formado e outras espécies de aves aquáticas, como as gaivotas, vêm se 
alimentar.136 Banhadas pelas águas de rios menores que formam lagoas naturais, encontramos 
pequenas praias onde são encontradas diversas “ilhotas”. A praia de Uaicurapé é uma delas, 
sendo as mais famosas a Praia do Papagaio e a de Itaracoera. A melhor época para visitá-las é 
entre julho e setembro. Esta última é bastante visitada, na maior parte das outras ilhas é 
possível ficar sozinho durante o dia todo.137 Os rios Parananema e Macurany apresentam uma 
imensa variedade de aves nativas que sobrevoa suas margens e não raramente botos desfilam 
pelo curso de água. Os rios podem ser contemplados em um passeio de ônibus pelo entorno da 
ilha ou em volta de barco, na qual o visitante tem a oportunidade de ver o castanhal nativo 
da região de Itaúna, com árvores com mais de 30 metros, além de conhecer a fabricação de 
farinha de mandioca nos minifúndios locais. Barcos para o passeio podem ser alugados no 
porto da cidade.138 Maués oferece ao turista diversos rios com águas límpidas que permitem a 
prática da caça subaquática e vê se firmando como grande pólo turístico do estado e eventos. 
O componente natureza pode diminuir a sazonalidade do fluxo na região, utilizando-se 
ainda de atrativos fixos, como praias, florestas, lagos. (Ver Caracterização dos Aspectos 
Naturais). 
 Turismo Religioso 
A crença da população amazônica está presente em seu calendário, que traduz em 
demonstrações de fé e divindade. Durante o ano, santos e padroeiros são homenageados, seja 
individualmente ou como manifestações comunitárias nas ruas das cidades. Alguns exemplos 
dessas festas típicas religiosas são: Festa de Nossa Senhora do Bom Socorro (Barreirinha), 
Festa do Padroeiro São Sebastião (Boa Vista dos Ramos), em Nuamundá a Festa Cristã de São 
Sebastião, Festa Junina de São Pedro, Festa do Divino Espírito Santo, Festival de Nossa 
Senhora da Conceição em Maués, Festa de Nossa Senhora da Assunção, Festa do Padroeiro 
 
135 GUIA Philips - Parques nacionais Brasil: o único guia que desvenda a maior biodiversidade do planeta. 1999. 
p. 42. 
136 GUIA Philips – Amazônia Brasil. 2001. p. 154. 
137 Ibid, p.156. 
138 Ibid, p.157. 
 
Diagnóstico Preliminar Pólo Saterê 64 
Santo Antônio, Festa Junina e em Parintins, Dia de Reis, Encenação da Paixão de Cristo e 
Paixão de Cristo139. 
 Turismo de Terceira Idade 
Muitas são as manifestações religiosas e culturais dos ribeirinhos e caboclos da região, 
atraindo um público que guarda tradição de lendas e crendices, valores espirituais que passa 
de geração em geração. Estes eventos são na maioria de cunho religioso. 
 Turismo Regional 
São na maioria, festas tradicionais,que atraem as pessoas que residem no município ou 
próximo a eles. As comemorações geralmente têm finalidades culturais onde o deslocamento 
se faz por pessoas de uma mesma região, como: aniversário dos municípios, comemorado por 
todas as cidades do Pólo, a Semana da Pátria, festa cívica que conta com a participação dos 
alunos das escolas do município e, durante a semana, as escolas realizam trabalhos 
pedagógicos com a temática da Independência do Brasil, onde são esperadas duas mil pessoas 
no município de Boa Vista do Ramos, Festa Junina, Ceia de Ano Novo (Nhamundá). 
 Turismo de Eventos 
O Pólo além do cenário paisagístico que o envolve, insere dento da cultura local, mitos, 
lendas, histórias e estórias, formas atrativas e convidativas para participação desse universo 
alavancando o desenvolvimento econômico oportuno. Dentre eles, o calendário exibe: a 
Carnailha, Carnaval, festivais, torneio, Festa do Tucunaré, Festa do Guaraná, Festival 
Folclórico Touro Negro e Branco, Festival de Bacaba, Festa do Caju, Festa do Marinheiro, 
Festa do Trabalhador em Boa Vista do Ramos (manifesta o resultado da produção rural, com 
premiação para os melhores), Festa do Tucunaré e Festival Folclórico (um festival junino de 
folguedo com a participação de Bois-Bumbás, quadrilhas e outras modalidades de danças, 
onde 10 mil pessoas são esperadas em Boa Vista do Ramos), assim como o Festival Misto do 
Bodó e Festival do Boi Bumbá, Festival Folclórico da Ilha de Vera Cruz (festa junina com 
apresentação de boi bumbá, danças folclóricas e bandas de comunidades do interior do 
Município. Ocorre na área urbana de Maués), Festival de Verão (os visitantes podem praticar 
esportes diversos, sendo o chamariz a escolha da "Garota Bronze" - Maués), Festival de Arte e 
Cultura Maués , Festa do Amor (Nhamundá), Festa do Tucunaré (em Nhamundá, um dos 
maiores eventos de pesca da Amazônia. Há também torneios de nado e canoagem, além da 
pesca do tucunaré e a escolha da "Garota Tucunaré"), Festival de Pesca do Peixe Liso 
(Comunidade do Paraná do Espírito Santo) em Parintins, Festival de Verão de Parintins 
(evento esportivo anual onde ocorre nos Lagos Aningá, Parananema, Macurany, Valéria, 
Laguinho e Murituba), Festival de Verão do Cabury (Parintins), Festival de Verão do Uaicupará 
(Parintins), Projeto Esporte Solidário em Parinitins, Pesca Esportiva em Lagos do Zé Açu e 
 
139 Amazonas Guide, Amazonas BR e Disponível em: .www.amazonia.com.br. 
 
Diagnóstico Preliminar Pólo Saterê 65 
Uaicurapá (Parintins) e a Festa do Boi de Parintins, que merece destaque especial: Parintins 
abriga o maior evento folclórico da Amazônia, o Festival do Boi de Parintins, nos três últimos 
dias do mês de junho. A cultura que envolve a festa pode ser observada o ano todo, nas 
pinturas das paredes de prédios públicos, nos muros das praças, no artesanato, inspirado nos 
boi-bumbás, assim como nas toadas (músicas do festival), que começam a tocar nas rádios a 
partir de abril.140 
 Cruzeiros 
Segundo dados levantados na pesquisa de abordagem aos “Indicadores de Turismo em do 
Estado do Amazonas em 2004”, através da Empresa Estadual de Turismo – Amazonastur -, 
importantes fatores são determinantes para análise e averiguação da demanda neste turismo 
que constantemente acresce ao mercado como novas fontes de recursos exploráveis à 
economia. “As informações expostas nesses indicadores de turismo (...) dos cruzeiros 
marítimos que na capital aportam e do turismo da pesca esportiva, dão conta de que o 
movimento turístico do estado está gradativamente crescendo.”141 
“Na temporada 2004/2005, aportaram em Manaus, 25 dos 27 navios de cruzeiros marítimos 
previstos. Nesta temporada chegaram 7.853 passageiros, a grande maioria de origem 
estrangeira, acompanhados de 4.959 tripulantes. Comparando com a temporada 2003/2004, 
quando aportaram 19 navios com 9.896 passageiros e 4.087 tripulantes, constata-se que houve 
um decréscimo entre uma temporada e outra da ordem de 8,37%.” (...) 
Os Cruzeiros Marítimos chegam a Manaus através de 02 rotas: uma que vem do Caribe/EUA 
e outra proveniente do Rio de Janeiro. 
A Rota Caribe/EUA: o navio entra por Macapá (se não for grande, passa pelos canais de 
Breves), pára em Santarém / Alter do Chão, vem pelo Rio Amazonas, pára na Boca da Valéria 
em Parintins e finalmente chega em Manaus. Algumas vezes no caso de navios de porte médio 
e pequeno, entram no Rio Negro e vão até Anavilhanas. O caminho de regresso segue o 
mesmo percurso da vinda. 
No caso dos navios pequenos, depois de Manaus, sobem o Rio Solimões até Tabatinga, 
atravessam para Perú até Iquitos onde entram mais passageiros e retornam a Manaus. ”142 
 
 
 
 
 
140 GUIA Philips – Amazônia Brasil. 2001. p. 152. 
141EMPRESA ESTADUAL DE TURISMO (Amazonastur). Indicadores de turismo do estado do Amazonas,. 2005. 68 
p. 
142 EMPRESA ESTADUAL DE TURISMO (Amazonastur). Indicadores de turismo do estado do Amazonas,. 2005. p. 
58 
 
Diagnóstico Preliminar Pólo Saterê 66 
TABELA DE CHEGADA DE CRUZEIROS MARÍTIMOS EM MANAUS TEMPORADA 2004/2005143. 
ITEM NAVIOS 
QTDE DE 
PASSAGEIROS 
QTDE DE 
TRIPULANTES 
DATA DA 
CHEGADA 
DATA 
SAÍDA 
1 TS Maxim Gorkiy 608 340 07/11/04 09/11/04 
2 MV Silver Wind 320 210 15/11/04 18/11/04 
3 MS Prinsendam 772 443 04/12/04 05/12/04 
4 MS Mona Lisa 889 330 08/01/05 10/01/05 
5 MS Vistamar 239 110 07/02/05 07/02/05 
6 MS Seven Seas Mariner 490 445 11/02/05 12/02/05 
7 MS Vistamar 210 110 22/02/05 23/02/05 
8 MS Seabourn Pride 146 160 26/02/05 28/02/05 
9 MS Insígnia 479 400 28/02/05 03/03/05 
10 MS Vistamar 265 106 04/03/05 04/03/05 
11 MV Braemar 509 320 10/03/05 11/03/05 
12 MS Marco Pólo 578 368 11/03/05 13/03/05 
13 MS Vistamar 210 110 19/03/05 20/03/05 
14 MS Bremen 115 80 23/03/05 24/03/05 
15 MS Andréa 77 48 30/03/05 30/03/05 
16 MV Explorer 100 75 02/04/05 02/04/05 
17 MS Alexander Von Humboldt 266 240 06/04/05 06/04/05 
18 MS Bremen 115 80 09/04/05 09/04/05 
19 MS Andréa 77 48 16/04/05 16/04/05 
20 MS Alexander Von Humboldt 266 240 16/04/05 16/04/05 
21 MV Polar Pioneer 41 18 16/04/05 16/04/05 
22 MV Explorer 100 75 20/04/05 20/04/05 
23 MS Royal Princess 840 500 20/04/05 22/04/05 
24 MV Polar Pioneer 41 18 03/05/05 03/05/05 
25 MV Explorer 100 75 08/05/05 09/05/05 
 EM 2004 1.700 993 
 EM 2005 6.153 3.956 
 TEMPORADA 2004-2005 7.853 4.949 
 
 
Curiosidades: Faz parte do roteiro do Seven Seas Mariner, incluindo onze noites: de Fort 
Lauderdale, na Flórida, a Manaus, incluindo Princess Cays (Bahamas), San Juan (porto Rico), 
Roseau (Dominica), Barbados, Ilha do Diabo (Guiana Francesa), Alter do Chão e Parintins. 
Saídas em 9 de Janeiro, desde US$ 5.321,00. Na Nascimento, (11) 3156.9944, 
www.nascimento.com.br.144 
 
Turismo de Pesca 
“O Amazonas tem grande potencial para explorar esse seguimento turístico pela imensidão 
de seus rios e a riqueza de sua fauna aquática, por essa razão este ano estar-se quantificando 
 
143 Ibid, p.50. 
144 Fonte: Revista Cruzeiros e Viagens, p 48. 
 
Diagnóstico Preliminar Pólo Saterê 67 
esse ramo turístico neste indicador. Assim sendo, na temporada 2003/2004 foi registrada a 
presença de 3.990 turistas de pesca esportiva no Amazonas, sendo o tempo médio gasto nessa 
atividade são 7 dias de hospedagem. Esse seguimento gasta em média R$ 1.000,00 além do 
valor do pacote que custa, dependendo da operadora e do valor agregado, de US$ 220,00 a 
US$ 3950,00145”. 
TABELA DE OPERADORES DE PESCA ESPORTIVA TEMPORADA 2003/2004146. 
OPERADORES 
QTDE DE 
TURISTAS 
VALOR 
PACOTE 
GASTO 
MÉDIO 
PERMANÊNCIA 
MÉDIA 
AMAZON CLIPPER CRUISES 280 US$1.800,00 R$ 1.000,00 7 Dias
AMAZÔNIA RAIN FOREST 350 R$ 2.800,00 
De R$300,00 a 
R$500,00 
7 Dias
BELLE AMAZON TURISMO 130 R$ 2.950,00 R$500,00 7 Dias (pesca 5)
FONTUR R$ 968,00 13 horas
NEGROTUR TURISMO 1100 US$ 3.950,00 7 Dias
O PESCADOR DA AMAZÔNIA 420 R$ 2.000,00 R$ 1.500,00 7 Dias
SANTANA TUR. ECOL. FISHING SAFARI 800 
US$ 14.400,00 para 
12 pessoas 
R$ 1.000,00 
7 Dias
SELVATUR 220 
US$ 1.500,00 a 
US$2.400,00 
 
7 Dias
CIATUR 110 
R$ 450,00 / 
US$220,00 
R4 1.000,00 
7 Dias
POUSADA RIO ROOSEVELT 440 US$ 1.950,00 6 Dias
BARCO WINNER 140 R$ 2.200,00 7 Dias
TOTAL 3.990 
 
Fonte: estimativa dos operadores e IPAAM. 
 
Em Nhamundá, no Rio Urubu, local de encontro de peixes são os tucunarés. 
 
Turismo Científico 
“A biodiversidade amazônica é tamanha que não há outro lugar no planeta com uma 
variedade tão grande de espécies de pássaros, peixes, sapos e insetos.”147 A abordagem à 
fauna e flora desperta interesse por estudiosos e pesquisadores diante a gama dessas espécies 
e ganha relevância pela peculiaridade e os benefícios individuais das espécies. “Muitos dos 
animais funcionam como controladores naturais de pragas, dispersores de sementes, além de 
serem responsáveis pela polinização de uma grande variedade de plantas. Existem mais de 
300 espécies diferentes de árvores por hectare ma floresta e ais de 80% delas só ocorrem na 
 
145 145EMPRESA ESTADUAL DE TURISMO (Amazonastur). Indicadores de turismo do estado do Amazonas,. 2005. 
68 p.SILDA da, Oreni Campelo Braga. “Indicadores de Turismo em do Estado do Amazonas em 2004” – 
Amazonastur. P. 54. 
146 Ibid, p.54. 
147 GUIA Philips – Amazônia Brasil. 2001. p. 28. 
 
Diagnóstico Preliminar Pólo Saterê 68 
região. Além disso, o número de animais e vegetais ainda desconhecidos para a humanidade é 
muito significativo na Amazônia. Estas espécies, não descobertas, aliadas ao potencial 
químico e gens que reservam, são preciosas fontes de alimentação, curas para doenças e 
inúmeros outros benefícios ainda não previstos pelo homem.148” (Ver Tipologia Vegetal e 
Fauna). 
Turismo de Interesse Específico 
“Atualmente, o turismo de interesse específico é para público restrito, por tratar-se de 
programas caros e muito direcionados. Pode ser chamado este tipo de turismo de seletivo ou 
alternativo” 149. Oferece ampla variedade de opções, podendo ser citadas algumas ofertas 
atuais, como tours de dez dias percorrendo florestas em busca de diferentes tipos de vida 
animal e vegetal, para biólogos ou pessoas interessadas (...). Há ainda muitas formas de 
turismo de aventura que se encaixam dentro desta tipologia, tais como a pesca. 
Turismo Histórico 
“A história arqueológica da Amazônia não é unanimidade entre os cientistas: muitas áreas 
nunca foram pesquisadas, e as que foram, são motivos de debates. Os dados dos Sítios 
Arqueológicos, já estudados, no entanto, indicam que os primeiros habitantes da região, 
ancestrais dos índios e caboclos que ocupam a área atualmente, eram caçadores e coletores 
especializados na exploração de recursos da floresta tropical. 
As informações arqueológicas que existem sobre a Amazônia são mais complexas quando se 
referem aos princípios da ocupação humana na região, há cerca de 10 mil anos. A mesma 
certeza não se têm quanto ao que aconteceu nos cinco ou seis mil anos subseqüentes. É 
provável que essas lacunas nas pesquisas resultem de problemas relativos à visibilidade dos 
Sítios Arqueológicos da área. Muitos desses sítios estariam hoje submersos, em função da 
elevação do nível do mar há alguns mil anos. Algumas das evidências mais antigas da 
ocupação humana na América do Sul vêm da Amazônia. (...) As peças da Amazônia parecem 
ter sido produzidas por grupos que praticavam uma economia voltada para a exploração da 
fauna aquática dos rios e do litoral atlântico.”150 (Ver Panorama Cultural). Apenas o município 
de Parintins apresenta Sítios Arqueológicos com 78 edificações. 
Turismo de Negócios 
Segundo alguns autores151, esse tipo de turismo não é propriamente entendido como efeito 
de turismo, pois é uma atividade onde o lazer não é a ação principal envolvida, onde a pessoa 
está realmente a trabalho e não por vontade própria, e também porque a atividade não é 
lucrativa. Entretanto, a pessoa que viaja a negócios por motivos profissionais ou para 
eventos, acaba por muitas vezes desfrutando da infra-estrutura e oferta local. Ocorre no Pólo 
 
148 Ibid, p. 28.Fonte: Amazônia Brasil. Guia Philips. P. 30. 
149 BARRETO, Margarita. Manual de iniciação ao estudo do turismo. 9ª. Ed. Campinas: Papirus, 2000.p. 20. 
150 Fonte: Amazônia Brasil. Guia Philips. P. 56. 
151 Fonte: BARRETTO, Margarita. Manual de Iniciação ao Turismo. P.21. 
 
Diagnóstico Preliminar Pólo Saterê 69 
Saterê alguns exemplos claros dessa tipologia de turismo: as feiras agropecuárias e industriais 
como a Exposição Agropecuária de Barreirinha e Feira Industrial em Maués e Parintins, em Boa 
Vista do Ramos a Festa do Trabalhador e a Festa do Produtor Rural e o Festival do Beijú – 
Agrovila do Mocambo (Parintins)152. 
Turismo Cultural 
Festas como o Festival Folclórico, Tiago de Melo (casa e obras), Festival da Canção de 
Purus – FECAP (durante dez dias há leilões, festas de rua, bingo e diversas apresentações de 
dança. O ponto alto do evento são as procissões pelas ruas), Ensaios dos Bois Bumbas 
(Parintins), Festival de Música Sacra – FEMUSA (Parintins), Ritual de Morte do Boi Garantido 
(Pairitins), Soltura dos Quelônios (Parintins), Festival dos Bois em Miniatura (Parintins), 
Currais dos Bois (Parintins). 
No Amazonas a beleza e a diversidade de paisagens naturais são diferentes de região para 
região, exercendo fascínio sobre o imaginário global. A riqueza de seu patrimônio natural e 
cultural credencia o Estado para a pratica do ecoturismo, confirmando sua vocação para o 
desenvolvimento dessa modalidade.153 
Ressalvas são feitas para as atrações do Pólo, como o Bumbódromo, localizado entre a 
Avenida das Nações e a Rua Paraíba, no centro da cidade. Construído em 1988, o Centro 
Cultural e Esportivo de Parintins é chamado de “Bumbódromo” por ser o local onde os bois 
Garantido e Caprichoso se apresentam nas últimas noites de junho. É usado o ano todo para 
eventos culturais e, durante a festa, chega a receber 60 mil pessoas por noite. Seu formato é 
o boi: a cabeça representada pela tribuna, os chifres pelos acessos laterais e o contorno do 
animal pela arquibancada. As torcidas ficam separadas em uma arquibancada vermelha e 
outra azul.154. O Curral do Boi Caprichoso, na Rua Gomes de Castro, s/n, centro. 
Simbolicamente o curral é onde o boi permanece fora da época do festival. No folclore ele 
foge para este local no fim da festa, no dia 19 e julho, e só retorna no dia 20 de abril, com a 
“Alvorada”, movimento que percorre as ruas do seu reduto – área da cidade onde estão os 
adeptos do boi – durante a madrugada. A partir de 26 de abril, os ensaios, abertos a 
visitantes, começam a ser realizados no curral. O território do Caprichoso está localizado no 
lado esquerdo da Catedral de Nossa Senhora do Carmo. Nesta região vive a maioria dos 
brincantes do boi, em casas pintadas em tons de azul.155 O Curral do Boi Garantido, situado 
na Rodovia Odovaldo Novo, km 1. O calendário dos ensaios do Garantido começa com uma 
alvorada festiva, no dia 31 de abril, quando os brincantes saem as ruas acordando a cidade ao 
rufar dos tambores. Voltado para o Rio Amazonas, o curral deste boi fica na parte “vermelha” 
da cidade. Se o Garantido vence o festival, é feita uma festa que começa no dia primeiro de 
julho e vai até o dia 17 do mesmo mês. É tradição jogar fora todas as fantasias e alegorias no 
 
152 Fontes: Amazonas Guide, Guia 4 rodas, Amazonas Guide e www.amazonia.com.br. 
153Disponível em:. 
154 GUIA Philips – Amazônia Brasil. 2001. 334 p. 153. 
155 Ibid, p.153. 
 
Diagnóstico Preliminar Pólo Saterê 70 
final das festividades.156 A Feira do Produtor acontece todo o domingo na Rua Rui Barbosa, 
centro. Reúne habitantes de comunidades da área rural de Parintins que vêm vender na 
cidade os produtos extraídos e fabricados a partir do conhecimento tradicional. Na feira, 
encontram-se espécies de ingás, beribás, pupunhas, além de grande diversidade de farinhas, 
variações do guaraná e plantas medicinais.157 
O inventário levantado dos atrativos naturais e culturais do Pólo não se mantém de forma 
isolada. É necessário que se haja convergência entre a infra-estrutura de apoio dos municípios 
resultando assim na multiplicação de oferta e benefícios para o investimento local e contínuo. 
Para isso foi realizado, subsidiado nas informações atuais, um levantamento entre as 
cidades do Pólo quanto aos serviços de infra-estrutura básica oferecidos: 
Infra-estrutura Barreirinha Nhamundá Parintins 
Boa Vista do 
Ramos 
Maués 
Água (SAAE) ok Ok Ok - - 
Loteria - 2 Ok - - 
Energia (CEAM) Ok Ok Ok - - 
 
156 GUIA Philips – Amazônia Brasil. 2001. 334 p. 153. 
157 Ibid, p. 153. 
 
Diagnóstico Preliminar Pólo Saterê 71 
 
Comunicação 
Telefonia Ok Posto Telemar - - - 
Telefonia Móvel - Ok - - - 
Internet - Ok - - - 
Rádio Comunitária - Ok - - - 
Cyber Café - Ok - - - 
Jornal - Jornal da Ilha 
Parintins em 
Tempo 
- - - 
Correio Ok 2 - - - 
 
Emissora de TV 
- TV Alvorada 
A Crítica RBN 
Rede 
Amazônica 
- - - 
 
Rádio 
- Radioclube 
Radio Alvorada 
Tiradentes 
 
- - - 
Infra-estrutura Barreirinha Nhamundá Parintins Boa Vista do 
Ramos 
Maués 
Saúde 
Hospital Ok 2 - - - 
Posto de Saúde - 5 - - - 
Segurança 
Corpo de Bombeiros - Ok - - - 
Delegacia - 2 - - - 
Posto Policial - Ok - - - 
Transporte 
Barcos - Ok - - - 
Aeroporto - Ok - - - 
Capitania de Portos - Ok - - - 
Porto Moderno - Ok - - - 
Táxi (Moto-taxi ou 
tricicleiros) 
- Ok - - - 
Educação 
Escolas - Ok - - - 
Universidade - UEA UFAM 
UNITINS 
- - - 
 
Diagnóstico Preliminar Pólo Saterê 72 
 
Bancos 
Banco Postal Ok Ok - - - 
Caixa Eletrônico - Ok - - - 
Banco - Bradesco - - - 
Serviços Diversos 
 
 
Supermercados 
 
 
- 
Casa Góes 
Baranda Alfa 
Casa Sony 
Triunfante 
Iam 
- - - 
Mercado - Leopoldo da 
Silva Neves 
- - - 
Feira - Ok - - - 
Açougue - Ok - - - 
Hospitalidade 
Hotel 3 1 12 1 6 
Pousada Ok 2 2 Ok 4 
Albergues Ok Ok 2 Ok Ok 
Infra-estrutura Barreirinha Nhamundá Parintins Boa Vista do 
Ramos 
Maués 
Restaurante 3 1 30 2 12 
Bar/Boite Ok Ok 11 Ok Ok 
Agência Ok Ok 6 Ok Ok 
CAT Ok Ok 1 Ok Ok 
Espaço para Eventos Ok Ok 6 Ok Ok 
Estádio de Futebol Ok Ok Ok Ok Ok 
Academia Ok Ok 2 Ok - 
Quadra Poliesportiva Ok Ok Ok Ok Ok 
O turismo é um setor econômico de potencial desenvolvimento no município de Maués, 
devido à existência de várias áreas de beleza natural como cachoeiras, grutas e reservas 
indígenas. Tendo o guaraná como principal fonte de recursos, sendo exportado para países 
como Alemanha, Estados Unidos e Japão, Maués orgulha-se por ostentar uma das mais belas 
orlas fluviais do Estado do Amazonas, com aproximadamente 6 km de praias contínuas. 
Parintins, cidade de aproximadamente 100 mil habitantes é palco de uma das maiores 
manifestações de cultura popular do mundo, o Festival Folclórico de Parintins, espetáculo de 
rara beleza onde se pode ver todo o talento e criatividade do homem da Amazônia além de 
suas lendas e tradições. O ritmo das toadas é contagiante e os Bois Caprichoso (azul e branco) 
e Garantido (vermelho e branco) empolgam suas torcidas e visitantes transmitindo alegria nas 
suas apresentações realizadas na arena do bumbódromo (...). Mas nem só de folclore vive o 
 
Diagnóstico Preliminar Pólo Saterê 73 
parintinense. Devotos de Nossa Senhora do Carmo, realizam anualmente (...) uma das maiores 
festas religiosas do Estado, arrebanhando verdadeiras multidões nos onze dias da festa que 
culmina com a procissão em louvor à santa , um espetáculo de devoção refletido no primor da 
decoração das ruas, nas alegorias e no brilho dos fogos de artifício, um espetáculo à parte. A 
Cidade dispõe de uma boa infra-estrutura com bares, restaurantes e hotéis de excelente 
qualidade além de oferecer várias opções de turismo e lazer com destaque para a praia de 
Uaicurapá, que no verão atraia multidões e transforma-se em palco para shows, festivais de 
música e concursos de beleza; a Vila Amazônia, agrovila que preserva na suntuosidade da 
arquitetura antiga, a memória da colônia japonesa; e a comunidade da Valéria que possui um 
rico e curioso sítio arqueológico158 
De acordo com o levantamento da infra-estrutura básica das cidades do Pólo e sua oferta, 
apontando seus atrativos naturais e culturais, tem-se um ponto de partida dos locais e 
eventos onde a exploração da atividade do turismo possa ser iniciada, reformulada e 
analisada, direcionando de melhor forma ao ambiente e à população que articulará esse novo 
contexto de maneira sustentável e rentável. 
Por outro lado, deve-se conhecer a oferta, o fluxo de turistas, a origem e identidade dos 
mesmos para melhor alavancar ao destino o turista que o permeia. Investigações realizadas 
contribuem para a compreensão e identificação desse cenário em contexto mercadológico, 
como pesquisas recentes realizadas pelo Amazonastur identificando as características dos 
hóspedes brasileiros dos estados emissores para a cidade de Manaus, tabela representativa do 
fluxo turístico segundo o tipo de hospedagem e permanência e tabela do fluxo turístico geral 
segundo FNRH (Ficha Nacional de Registro de Hóspedes) e BOH (Boletim de Ocupação 
Hoteleira), e por último e também relevante, oficina elaborada na região do Pólo Saterê 
identificando entraves para a aplicação do turismo sustentável no local. 
Desenvolvida pela Empresa Estadual de Turismo, Amazonastur, pesquisa aplicada em 2004 
que releva as principais características dos hóspedes brasileiros dos estados emissores para 
Manaus159: 35,30% são provenientes do Estado de São Paulo; os Estados do Rio de Janeiro, 
Distrito Federal, Pará e Roraima, também ocupam lugar de destaque como aqueles que mais 
enviaram turistas para Manaus. A Permanência Média dos hóspedes nacionais foi de 3,09 dias, 
a média de idade foi de 40,6 anos, e, a maioria é do sexo masculino (74,70%). O motivo de 
viagem que mais se destaca é a viagem de negócios, que corresponde a 41,91% do motivo de 
viagem dos hóspedes nacionais. O meio de transporte mais utilizado é o avião com 64,04%, 
devido às dificuldades para se chegar à região por outro meio. Engenharia é a profissão da 
maioria dos hóspedes que visitam o Amazonas com 13,59% do total. A seguir temos uma 
tabela que mostra o total de hóspedes, tempo médio de permanência, média de idade e a 
 
158 Disponível, em: . 
159 EMPRESA ESTADUAL DE TURISMO (Amazonastur). Indicadores de turismo do estado do Amazonas: ano base 
2004. 2005. p. 09. 
 
Diagnóstico Preliminar Pólo Saterê 74 
proporção de homens e mulheres distribuídos por estado emissor, onde destacamos os dez 
estados que mais envia turistas ao Amazonas. 
Esses dados implicam no estudo do tipo da oferta que será analisada de acordo com o 
perfil e fluxo de turistas no local. Esses dados uma vez levantados e analisados, somados aos 
levantamentos no Pólo Saterê com os eventos que mais geram empregos e movem a economia 
do Pólo, determinarão a exploração sustentável dos destinos. 
TABELA DO FLUXO TURÍSTICO TOTAL, SEGUNDO O TIPO DE HOSPEDAGEM E A 
PROCEDÊNCIA EM 2004160. 
PROCEDÊNCIA 
TIPO DE HOSPEDAGEM Brasileiros Estrangeiros 
Não 
Especificou TOTAL 
HOTÉIS URBANOS REGISTRADOS (2) 79.047 39.340 44.169 162.556 
HOTÉIS URBANOS NÃO REGISTRADOS 15.938 4.193 - 20.131 
ALOJAMENTOSDE SELVA (2) 2.989 8.069 2.670 13.728 
CRUZEIROS MARÍTIMOS (1) - 12.830 - 12.830 
PESCA ESPORTIVA - 3.990 - 3.990 
TOTAL ANUAL 97.974 68.422 46.839 213.235 
 
 
TABELA DO FLUXO TURÍSTICO GERAL EM 2003 E 2004, SEGUNDO AS FNRHs161. 
 Hotéis registrados 
Hotéis não 
registrados 
Alojamento 
de selva 
Cruzeiro 
marítimo 
Pesca 
esportiva 
TOTAL 
GERAL 
2004 162.556 20.131 13.728 12.830 3.990 213.235 
2003 142.202 20.996 11.173 18.969 3.775 197.115 
Crescimento (%) 14,31% -4,12% 22,87% -32,36% 5,70% 8,18% 
 
 Obs. O decréscimo no seguimento de cruzeiro marítimo se deve a ausência do barco Arcádia 
que transportou 4.153 turistas na temporada 2002-2003 e que não veio na temporada 2003-
2004. 
 
 
 
 
 
 
160 EMPRESA ESTADUAL DE TURISMO (Amazonastur). Indicadores de turismo do estado do Amazonas: ano base 
2004. 2005. p.58. 
161 Íbis, p. 59. 
 
Diagnóstico Preliminar Pólo Saterê 75 
TABELA DO FLUXO TURÍSTICO GERAL DE 2003 E 2004, SEGUNDO OS BOHs162. 
Anos Hotéis registrados 
Hotéis não 
Registrados (1) 
Alojamento 
de selva 
Cruzeiro 
marítimo 
Pesca 
esportiva 
TOTAL 
GERAL 
2004 210.234 63.070 17.872 12.830 3.990 307.996 
2003 187.556 56.266 16.452 18.969 3.775 283.018 
Crescimento (%) 12,09% 12,09% 8,63% -32,36% 5,70% 8,83% 
 
 Obs.: O decréscimo no seguimento de cruzeiro marítimo se deve a ausência do barco Arcádia 
que transportou 4.153 turistas na temporada 2002-2003 e que não veio na temporada 2003-
2004. 
(1) – As informações da hotelaria urbana não registrada representam em média 30% da 
hotelaria urbana registrada. 
(2) – O total real de turistas que vieram ao Estado do Amazonas em 2004 foi de 307 mil 
visitantes, levando-se em consideração a tabela do fluxo com base nos BOHs, com o 
percentual de 30% da hotelaria urbana não registrada. Em 2003, foi de 283 mil visitantes, 
tendo por base os mesmos fatores. 
Segundo oficina realizada na região durante o desenvolvimento do Plano Estadual de 
Turismo do Amazonas, pôde-se identificar alguns entraves para a aplicação do turismo 
sustentável no local: 
 Carência no transporte coletivo urbano; 
 Qualidade no atendimento e nos serviços oferecidos; 
 Empresário não investe em seu próprio negócio; 
 Encarecimento dos produtos e serviços; 
 “Exploração do turismo, e não do turista” (citados diversas vezes); 
 Desarticulação entre os atores; 
 Conhecimento “parcial” da potencialidade turística (por parte de trade e 
comunidade); 
 Pouco apoio à realização de outras manifestações folclóricas; 
 Inexistência de agência de receptivo local; 
 Não há barcos turísticos fazendo o receptivo, apenas barcos adaptados; 
 Inexistência de hotéis de natureza; 
 
162 EMPRESA ESTADUAL DE TURISMO (Amazonastur). Indicadores de turismo do estado do Amazonas: ano base 
2004. 2005. p. 59. 
 
Diagnóstico Preliminar Pólo Saterê 76 
 Política municipal de incentivo e divulgação do turismo carentes; 
 Esforço concentrado apenas nos Bois; 
 Carência de incentivo ao setor artístico; 
 Energia elétrica inviabiliza empreendimentos; 
 Serviço inconstante; 
 Carência de envolvimento da comunidade com o turismo; 
 Pouca sensibilização e conscientização para com o turismo; 
 Exploração sexual do turismo; 
 Inexistência de museus e cinemas; 
 Inexistência de local para exposições artísticas. 
Os fatores acima relacionados e analisados conferem algumas proposições para 
problemas levantados durante dados pertinentes surgidos que possam ter efeitos negativos 
para a aplicação sustentável das estratégias: 
 Criação de campanha de sensibilização da comunidade para a ação turística; 
 Implantação de sistema de informações turísticas; 
 Criação de organização de gestão para o pólo; 
 Desenvolvimento de estudos para melhora da performance dos barcos regionais e 
análise de alternativas de combustível para barcos (mais baratas); 
 Utilização de fontes alternativas de energia; 
 Criação de espaços culturais e artísticos; 
 Tombamento do centro cultural histórico de Parintins; 
 Criação de sistema de proteção do patrimônio cultural do pólo; 
 Criação de centros de referência culturais nos municípios do pólo; 
 Elaboração de projeto para manutenção do patrimônio artístico do pólo (AAPP); 
 Fortalecer o CAT de Parintins; 
 Criar CATs no pólo; 
 Promoção de intercâmbios entre artistas do Pólo Saterê e outros pólos; 
 Valorização da culinária local; 
 Parcerias com as secretarias de educação para um maior conhecimento da cultural 
local. 
 
Diagnóstico Preliminar Pólo Saterê 77 
Dentro das perspectivas, gera-se levantamento de impactos do turismo no pólo, esses 
serão avaliados e analisados no decorrer do projeto, potencializando os positivos e estudando 
os negativos para que haja concordância entre os meios e aproveitamento rentável para a 
sustentabilidade planejada. 
POSITIVOS163 NEGATIVOS 
 Geração de emprego e renda 
 Oportunidade de primeiro emprego 
 Emprego como gerador de oportunidade 
 Conhecimento 
 Hospitalidade 
 Reconhecimento do profissional da arte 
 Desperta criatividade dos artistas 
 Captação de recursos e benefícios 
 Maior investimento em infra-estrutura 
 Exigência por qualidade no atendimento 
 Investimento nos eventos 
 Proliferação do lixo sem tratamento adequado 
 Exploração sexual infanto-juvenil 
 Biopirataria 
 Êxodo da população de outros municípios para um só 
pólo 
 Supervalorização do turismo de eventos 
 Choque cultural e perda de valores tradicionais 
 Degradação do meio ambiente 
 Exploração do turista 
 Poluição dos rios por embarcações 
 Aumento da violência (roubos, etc) 
 Dificuldade na comunicação 
 Altos índices de acidentes de trânsito 
 Globalização do boi prejudica a identidade local 
 
 
163 AMAZONAS. Secretaria do Meio Ambiente. Plano de desenvolvimento do pólo de ecoturismo do Estado do 
Amazonas: descrição e contextualização global do pólo de ecoturismo do Estado do Amazonas. Manaus, 2001. 
101 p. 
 
Diagnóstico Preliminar Pólo Saterê 78 
4 Considerações Finais 
 
A sistematização desses dados e informações sobre a situação do turismo nos 
municípios que abrangem o Pólo Saterê está sendo confrontada com as percepções e 
interpretações dos consultores e pesquisadores nas visitas técnicas à oferta turística regional 
e demanda turística circulante atualmente na área-objeto de estudo, bem como de seu 
sistema de gestão institucional e suar articulação com o setor privado e o terceiro setor, seja 
por meio de fontes secundárias regionais ou primárias nas constatações de campo. 
Nesse sentido, é importante ressaltar que este diagnóstico preliminar visa estabelecer 
um pré-conceito do perfil e potencialidades do Pólo Saterê em relação à atividade turística e 
que deve sofrer atualização e complementação de dados e informações. Assim, o 
amadurecimento do documento propiciará melhores condições para a realização do 
Seminário de Análise SWOT, precedendo a edição do Diagnóstico Turístico Final do Pólo 
Saterê – Amazonas, de forma a condicionar a concepção das melhores estratégias de fomento 
e gestão de seu desenvolvimento turístico sob bases sustentáveis. 
 
 
 
 
 
 
Diagnóstico Preliminar Pólo Saterê 79 
5 Referências Bibliográficas 
AMAZONAS. Secretaria do Meio Ambiente. Plano de desenvolvimento do pólo de ecoturismo 
do Estado do Amazonas: descrição e contextualização global do pólo de ecoturismo do 
Estado do Amazonas. Manaus, 2001. 101 p. 
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___________ a mais rica e exuberante biodiversidade do Brasil. Folha do turismo: o maior 
jornal brasileiro de turismo. Manaus: Grupo Folha Dirigida/Amazonastur, 30 ago. 2006. p.7 
___________ a mais rica e exuberante biodiversidadedo Brasil. Folha do turismo: o maior 
jornal brasileiro de turismo. Manaus: Grupo Folha Dirigida/Amazonastur, 30 ago. 2006. p.8. 
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Disponível em: . Acesso em: 31 out. 2006. 
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MEIRELLES FILHO, João. O livro de ouro da Amazônia: mitos e verdades sobre a região mais 
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Amazonas BR 
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DATASUS 2005 
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Guaraná, olho de gente. Dir.: Aurélio Michiles. Vídeo Cor, 40 min., 1982. Prod.: Cinevídeo 
Céuvagem. 
O sangue da terra. Dir.: Aurélio Michiles. Vídeo Cor, 35 min., 1983. Prod.: Cinevídeo.promove a Floresta dos Guarás, com aves, manguezais e pesca artesanal. O pólo do 
Mato Grosso destaca as áreas para observação de pássaros e a transição entre cerrado e 
floresta. O Pólo do Pará oferece roteiros partindo de Santarém para as águas verdes do rio 
Tapajós e as praias com areias brancas de Alter do Chão. O Pólo Ecoturístico de Rondônia 
investe no Vale do Guaporé, onde se associam os ecossistemas do cerrado, do pantanal e da 
floresta. Roraima apresenta grande diversidade de atrativos que vão de pinturas rupestres a 
 
Diagnóstico Preliminar Pólo Saterê 8 
paisagens com montanhas tropicais e savanas abertas. E no Tocantins há a região do Cantão, a 
bacia do rio Araguaia e a Ilha do Bananal - maior ilha fluvial do mundo - além do Jalapão, 
região árida com dunas peculiares, nascentes, rios e cachoeiras com águas cristalinas. 
O PROECOTUR vai tornar acessível, de forma sustentável, cenários como esses que há 
séculos povoam a imaginação da humanidade. Uma pequena amostra da grande riqueza que 
está guardada na Amazônia Brasileira. 
 
 
 
 
Diagnóstico Preliminar Pólo Saterê 9 
2 Caracterização do Pólo de 
Ecoturismo Saterê 
2.1 Histórico da Ocupação 
2.1.1 Maués 
“Em 1796 aconteceu o primeiro marco oficial, de grande impacto na confecção política da 
sociedade Maueense: sob as ordens do Conde dos Arcos de Belém – Governador do Grão Pará e 
Rio Negro, atual Manaus – é composta a comitiva por dois capitães portugueses, Luiz Pereira 
da Cruz e José Rodrigues Preto, com a incumbência de recuperar a Missão Maraguases, a 
Uacituba dos indígenas. Dois anos depois foi finalmente fundada a Luzéa, nome construído 
coma junção dos dois capitães Luiz e José. 
Em 1850 a Comarca do Amazonas é elevada a Província, com seus 40 mil habitantes em 
quatro municípios: Manaus, Tefé, Barcelos e Luzéa. O município perde dois anos depois parte 
do seu território com o desmembramento de Parintins e em 1856 perde também a 
subordinação do termo da Vila de Borba para Manaus. Em 9 de setembro de 1865, a sede do 
município passa a chamar-se Vila da Conceição de Maués. A Proclamação da República 
manteve a Vila da Conceição de Maués como município (o que não ocorreu com a maioria das 
vilas existentes) e nomeou seu primeiro intendente o Sr. Antônio José Verçosa. 
Em 04 de novembro de 1892, finalmente foi oficializado pela Lei Estadual N.º 35, o nome 
que a população já adotara a muito tempo para o município e sua sede – Maués. Em 5 de 
novembro de 1895, é criada pela Lei Estadual N.º 137, sancionada pelo Governador Dr. 
Eduardo Ribeiro, a Comarca de Maués, tendo como primeiro juiz o Dr. Octaviano de Siqueira 
Cavalcante. A produção em torno de 1.200 toneladas por ano e a cotação do produto no 
mercado, fez com que Maués crescesse rapidamente ns anos 80. O destino da cidade fez com 
que muito ouro fosse produzido nesse período no garimpo do Amaná. 
Maués comemora seu aniversário no dia 25 de junho, e seu nome significa papagaio curioso 
e inteligente, origem da língua tupi. É também conhecida por cidade ‘Cidade do Guaraná’, 
exportando para outros Estados do país e para o exterior”1. 
 
1 Disponível em: . 
 
Diagnóstico Preliminar Pólo Saterê 10 
2.1.2 Boa Vista do Ramos 
“A história do município se prende diretamente à de Maués. Em 1798 é fundada a Aldeia 
da Lusea. No decorrer da primeira metade do século XIX, a região é palco de sangrentos 
conflitos entre brancos e índios, sendo também afetada pela sedição dos cabanos. 
Quando em 1850 é criada a Província do Amazonas, Lusea é um doa 14 municípios 
existentes. Destacando-se pelo seu progresso em 1892, tem seu nome mudado para Maués e 
em 1895 passa a ser sede de comarca. 
A trajetória do então povoado de Boa Vista, desenrolou-se da seguinte maneira: através do 
Decreto-Lei Estadual N.º 196 de 01 de dezembro de 1938, o povoado de Boa Vista foi elevado 
a categoria de Zona Distrital. 
Na administração do Governador Dr. Plínio Ramos Coelho, através da Lei N.º 117 de 29 de 
dezembro de 1956, foi estabelecida uma nova ordem de divisão territorial, administrativa e 
judiciária para o estado do Amazonas, passando o então povoado de Boa Vista a condição de 
sub-distrito do município de Maués. 
Com a publicação da Lei N.º 1 de 12 de abril de 1961, fato ocorrido já no governo do Prof. 
Gilberto Mestrinho de Medeiros Raposo, fica criado o município com a denominação de Boa 
Vista do Ramos em virtude do mesmo situar-se geograficamente no Paraná do Ramos. 
Na administração do Dr. Arthur Cezar Ferreira Reis, através da Lei N.º 41 de 24 de Julho de 
1964, foram extintos todos os municípios criados pela Lei N.º 1 de 12 de abril de 1961, com 
base no fato de que nos mesmos nunca havia acontecido processo eleitoral, sendo suas áreas 
reincorporadas aos municípios dos quais haviam sido anteriormente desmembrados. No caso 
Boa Vista do Ramos, voltou a condição de sub-distrito do município de Maués, Lei N.º 1.012 de 
31 de dezembro de 1970, fato ocorrido já no governo do Sr. Danilo Duarte de Mattos Areosa. 
Em 10 de dezembro de 1981 pela Emenda Constitucional N.º 12, a Vila de Boa Vista do 
Ramos, mais outros territórios do município de Maués, além de áreas adjacentes dos 
municípios de Barreirinha e Urucurituba, passam a construir o novo município de Boa Vista do 
Ramos. 
Durante a administração do governador Dr. José Lindoso, por força da Emenda 
Constitucional N.º 12 de 10 de dezembro de 1981, promulgada pela Mesa da Assembléia 
Legislativa do estado do Amazonas, o sub-distrito de Boa Vista do Ramos volta à condição de 
município, desmembrado dos municípios de Maués, Urucurituba e Barreirinha. 
Seus limites geográficos foram estabelecidos através do Decreto N.º 6.158, de 25 de 
fevereiro de 1982. A instalação do município verificou-se com a realização das eleições gerais 
de 1982, mediantes a posse do prefeito, vice-prefeito e câmara de vereadores. 
Pode-se dizer que Boa Vista do Ramos originou-se com as primeiras casas de palha, ainda 
no Século passado, onde se destacava como líder principal, o Sr. Antero Roberto Pimentel, 
conhecido também como ‘Antero Gaivota’, comerciante e proprietário da casa comercial ‘Boa 
 
Diagnóstico Preliminar Pólo Saterê 11 
Vista’. Já no início deste século ela adquiria conotação de povoado com a chegada das 
famílias de Bento Barroso Pinheiro dos Santos, Hermínio Rolim da Cruz, José Dinelly Pimentel 
e Graciliano Faria dos Santos. Boa Vista do Ramos comemora seu aniversário na data de 12 
de abril”.2 
2.1.3 Barreirinha 
“Criada em 1892, foi originado de um pequeno povoado surgido em meados de 1830 às 
margens do Rio Andirá, (...) que banha as praias de Barreirinha.”3 Diz-se que a denominação 
de ‘Andirá”, provém da grande quantidade de morcegos de asas pretas e cabeça branca 
existentes no local, aos quais os índios titulavam ‘Andirá’. Essa designação se estendeu ao rio, 
considerado principais da Região Amazônica, onde posteriormente foi povoado”.4 
“Em 27 de outubro de 1851 chega ao local o padre Manoel Justiniano de Seixas, da 
Companhia de Jesus. O povoado tinha então de seis a oito barracas cobertas de palha. Com 
auxílio dos moradores, ele constrói uma capela sob a Invocação de Nossa Senhora do Bom 
Socorro. 
Em 23 de outubro de 1852, pela Lei N.º 06, a missão de Andirá é elevada à Curato, com 
subordinação a Vila Bela da Imperatriz. Em 17 e novembro de 1853, pela Lei Provincial N.º 14, 
é criado distrito no município de Parintins, com a denominação de Nossa Senhora de Andirá. 
Em 09 de novembro de 1858, pela Lei Provincial N.º 92, o distrito passa a denominar-se 
simplesmente Andirá. 
Em 13 de maio de 1873, pela Lei N.º 263, a sede do distrito é transferida para o local 
denominado de Barreirinha, por desmembramento do município de Parintins. 
Em 04 de novembro de 1892, pela Lei Estadual N.º 33, é criado oTermo Judiciário do 
Município. Nos tempos que se seguiram à sua criação, a economia do município de Barreirinha 
atingiu franca expansão, devido, sobretudo à exportação dos produtos regionais – castanha, 
guaraná, borracha, cacau, pirarucu, cumaru e madeira. Em decorrência disto, recebeu a 
Menção Honrosa na Exposição Universal de Bruxelas em 1910, e participou um ano depois da 
Exposição Internacional da Indústria de Lavoura em Turim, na Itália, onde recebeu medalha 
de bronze. Nos anos de 1920 ocorreram fatos lamentáveis que desestruturaram 
completamente sua economia, tais como invasões/saques, enchentes que devastaram as 
plantações de juta e cacau. Isto levou a sua destruição. 
Pelos Atos Estaduais N.º 45, de 1930 e N.º 33, de 14 de setembro de 1931 é suprimido o 
município de Barreirinha, que volta a fazer parte de Parintins, sob simples condição de 
Delegacia Municipal. Em 1935, ressurge o município de Barreirinha. Na primeira eleição 
 
2 Disponível em: . 
3 AMAZONAS: a mais rica e exuberante biodiversidade do Brasil. Folha do turismo: o maior jornal brasileiro de 
turismo. 30 ago. 2006. p.4. 
4 Disponível em:. 
 
Diagnóstico Preliminar Pólo Saterê 12 
realizada após a restauração foi eleito seu prefeito o Sr. Militão Soares Dutra. O Termo 
Judiciário também foi restaurado, ficando subordinada a comarca de Parintins. Em 31 de 
março de 1938, pelo Decreto-Lei Estadual N.º 441, o Termo Judiciário de Barreirinha é 
transferido para jurisdição da Comarca de Maués. 
Em 24 de dezembro de 1952, pela Lei Estadual N.º 226, é criada a Comarca de Barreirinha. 
Já em 10 de dezembro de 1981, pela Emenda Constitucional N.º 12, parte do território é 
desmembrada em favor do novo município Boa Vista do Ramos”.5 
A pesca é um meio de subsistência da população ribeirinha. “Registros ainda dão conta de 
que o guaraná, fruto amazônico tão conhecido, foi descoberto pelos índios Sateré-Mawé, que 
vivem às margens do Rio Andirá, na fronteira entre Amazonas e Pará”.6 
Este povo indígena pode ser considerado praticamente o criador do cultivo e inventor do 
processo de extração do guaraná da trepadeira silvestre.7 
2.1.4 Parintins 
“O município de Parintins como quase todos os demais municípios brasileiros, foi 
primitivamente habitado por indígenas. Sua descoberta ocorreu em 1749, quando descendo o 
Rio Amazonas, o explorador José Gonçalves da Fonseca notou uma ilha que, por sua extensão, 
se sobressaía das outras localizadas à direita do grande rio. A fundação da localidade só foi 
realizada em 1796, por José Pedro Cordovil, que veio com seus escravos e agregados para se 
dedicar à pesca do pirarucu e à agricultura, plantio de mandioca, cacau e tabaco, chamando-
a Tupinambarana. A Rainha Dona Maria I deu-lhe a ilha de presente. Ali instalado, fundou uma 
fazenda de cacau, dedicando-se à cultura desse produto em grande escala. Ao sair dali, algum 
tempo depois, Cordovil ofereceu-a para D. Maria I e o pequeno povoado foi elevado à 
categoria de Missão com o nome de Vila Nova da Rainha, passando a ser dirigida pelo Frei 
José das Chagas. Devido ao grande progresso da Missão, em 1833, a eficiente atuação do Frei 
José provocou um surto de progresso e desenvolvimento na Vila, mediante a organização da 
comarca do Alto Amazonas. Em 25 de Julho de 1833, o nome passou a ser Freguesia de Nossa 
Senhora do Carmo de Tupinambarana. 
Tupinambarana era uma simples freguesia quando iniciou a Revolução dos Cabanos no Pará 
e se alastrou por toda a província. O vigário Padre Antônio Torquato de Souza, teve a atuação 
destacada durante a revolta, servindo de delegado dos aos legalistas no Baixo Amazonas. 
Talvez porque Tupinambarana estivesse bem defendida, foi poupada pelo ataque dos 
“Cabanos”. 
 
5 Disponível em:. 
6 AMAZONAS: a mais rica e exuberante biodiversidade do Brasil. Folha do turismo: o maior jornal brasileiro de 
turismo. 2006. p. 4. 
7 Ibid, p. 4. 
 
Diagnóstico Preliminar Pólo Saterê 13 
Em 24 de outubro de 1848, pela Lei Provincial do Pará N.º 146, elevou a freguesia a 
categoria de vila, com a denominação de Vila Bela de Imperatriz, e constituiu um município 
até então ligado à Maués. 
Em 15 de outubro de 1852, pela Lei N.º 2 é confirmada a criação do município. Em 14 de 
março de 1853, dá-se a instalação do município de Parintins. Em 24 de setembro de 1858, é 
criada pela Lei Provincial a Comarca, compreendendo os termos judiciários de Vila Bela da 
Imperatriz e Vila Nova da Conceição. A homenagem aos seus mais antigos habitantes, os 
índios, ocorreu em 30 de outubro de 1880, pela Lei Provincial N.º 499, a sede do município 
recebe foros de cidade e passou a denominar-se Parintins. Em 1881, foi desmembrado do 
município de Parintins o território que constituiu o município de Vila Nova de Barreirinha. A 
primeira eleição realizada na ilha data julho de 1893 e teve a participação de 498 cidadãos, 
que elegeram superintendente da cidade o coronel José Furtado Belém, fundador oficial do 
Boi Caprichoso. 
A divisão administrativa de 1911, figura o município com quatro distritos: Parintins, Paraná 
de Ramos, Jamundá e Xibui. 
Em primeiro de dezembro de 1938, pelo Decreto-Lei Estadual n.º 176, é criado o distrito 
da Ilha das Cotias. Em 1943, aparece no quadro da divisão administrativa com um distrito 
apenas, Parintins. 
Em 24 de setembro de 1952, pela Lei Estadual N.º 226, a comarca de Parintins perde os 
termos judiciários de Barreirinha e Urucará, que são transformados em comarcas. Em 19 de 
dezembro de 1956, pela lei Estadual N.º 96 é desmembrado do município de Parintins o 
distrito da Ilha das Cotias, que passa a constitui o distrito de Nhamundá. Em 10 de dezembro 
de 1981, pela Emenda Constitucional N.º 12, o território de Parintins é acrescido do distrito 
de Mocambo”.8 
2.1.5 Nhamundá 
“Habitavam primitivamente na Região de Nhamundá os índios Uabois ou Jamundás, 
Cuniris, Guncari. Em 19 de dezembro de 1955, pela Lei Estadual N.º 96, o distrito da Ilha das 
Cotias é desmembrado de Parintins e passa a construir o município autônomo de Nhamundá, 
com sede na vila de Afonso de Carvalho. Em 31 de janeiro de 1956, instala-se o novo 
município, nomeado pelo governador do estado, o Sr. Pedro Macedo de Albuquerque. 
O município de Nhamundá celebra aniversário na data de 31 de outubro. O significado do 
seu nome é explicado pelo rio Nhamundá que banha as terras do município a quem empresta 
o nome. É o célebre rio cuja foz em 1541 foi o cenário do famoso encontro entre Francisco 
Orellana e grupo com as mulheres guerreiras a quem o espanhol denominou de ‘Amazonas’. 
 
8 GUIA Philips – Amazônia Brasil. 2001. p. 154. 
Disponível em: . 
 
Diagnóstico Preliminar Pólo Saterê 14 
As mesmas guerreiras eram conhecidas por seus irmãos silvículas pela denominação de 
‘Icamiabas’, que significa ‘mulheres sem marido”.9 
2.2 Localização e acesso 
O Amazonas é o maior Estado do Brasil, com uma superfície atual de 1.558.987 Km², 
localizado na porção Norte do país, grande parte dele ocupado por reserva florística e fauna 
associada e outra parte pela água da maior Bacia Hidrográfica do planeta. O acesso à Região 
é feito principalmente por via fluvial ou aérea10. O Pólo Saterê está localizado na porção leste 
do Estado do Amazonas, entre o trajeto fluvial da capital Manaus e a foz do Rio Amazonas, 
junto ao Oceano Atlântico. 
Os municípios do Pólo pertencem à microrregião de Parintins e a macrorregião centro.11 As 
cidades de Boa Vista dos Ramos, Barreirinha, Parintins e Nhamundá estão localizadas na 9ª. 
Sub-Região (Região Baixo do Amazonas), exceto Mauésque ocupa a localização no Município 
Médio do Estado do Amazonas. 
Algumas delas fazem limite com o Estado do Pará pela sua proximidade ao leste, como 
Barreirinha, Parintins, Nhamundá e Maués, que faz fronteira com as cidades de Jacareacanga, 
Aveiro e Itaituba. Os acessos são na maioria realizados por via fluvial, destacando volume 
hidrográfico que rodeia o pólo. Das cindo cidades, apenas em Barreirinha, Maués e Parintins o 
acesso também pode ser realizado via aérea. Mesmo com referenciais em comum, cada uma 
se difere entre os municípios limítrofes. 
Banhada pelas águas do Rio Maués-Açu, Maués é confinante com as cidade de Boa Vista do 
Ramos, Barreirinha, Itacotiara, Apuí, Borba, Nova Olinda do Norte, situada a 268 quilômetros 
da capital em linha reta por terra e 365 quilômetros via fluvial12. A partir de Manaus até o 
município de Itacoatiara faz-se percurso de ônibus que dura quatro horas de viagem. De lá até 
Maués, utiliza-se uma lancha, numa viagem de cinco horas de duração. Vale ressaltar que por 
via fluvial os barcos partem de Manaus todos os dias até às 17 horas e o tempo estimado de 
viagem é de cerca de 18 horas13. Por via aérea, há vôos as segundas, quartas e sextas-feiras14. 
Já Boa Vista do Ramos faz limite com os municípios de Barreirinha, Maués, Itacoatiara, 
Urucurituba e os distritos: Boa Vista do Ramos e Massauari, Boa Vista do Ramos e Lago Preto, 
Lago Preto e Massauari, estando distante a 270 quilômetros da capital em linha reta e 367 
quilômetros da capital por via fluvial.15 
 
9 Disponível em:. 
10 Disponível em:. 
11 IBGE 2005. 
12 Disponível em:. 
13 AMAZONAS: a mais rica e exuberante biodiversidade do Brasil. Folha do turismo: o maior jornal brasileiro de 
turismo. 2006. p. 8. 
14 Guias Amazonas e AM Guide. 
15 Disponível em:. 
 
Diagnóstico Preliminar Pólo Saterê 15 
Barreirinha localiza-se a extremo dos Municípios de Parintins, Maués, Boa Vista dos Ramos 
e Urucurituba, também os Distritos de Ariaú e Cametá, Ariaú e Barreirinha, Ariaú e Freguesia 
do Andirá, Cametá e Pedras, Cametá e Barreirinha, Pedras e Barreirinha, Barreirinha e 
Freguesia do Andirá. Está a 420 quilômetros até Manaus e em linha reta, à distância de 372 
quilômetros da capital do Estado.16 
A cidade de Parintins fica na ilha de Tupinambarana, à margem direita do Rio Amazonas. 
Faz limite com os municípios de: Barreirinha, Urucurituba, Nhamundá e o distrito de Mocambo 
e Parintins, numa distância de 370 quilômetros até Manaus, e em linha reta, à distância de 
325 quilômetros da capital do Estado. 17 Ela está inserida nos principais eixos fluviais que 
perpassam o estado do Amazonas: no circuito Belém/Manaus e Santarém/Manaus. Parintins 
também de destaca por ser uma das cidades ribeirinhas mais importantes, no quilômetro 996. 
Os portos de Tabatinga, Caoari, Itacoatiara e Parintins estão localizados no Rio Amazonas, 
tendo concepção de engenharia de porto fluvial e apresentam acentuada percentagem de 
freqüência de embarcações típicas de navegação interior. Na realidade, são pequenos portos, 
cuja implantação objetivou servir às cidades sem outro meio de transporte de superfície que 
não o hidroviário. Os portos de Parintins e Itacoatiara, por serem mais próximas de Manaus, 
têm função suplementar ao porto maior de Manaus, além de desempenhar o papel de acesso 
às embarcações de porte que trafegam pelo rio Amazonas. 
O município de Nhamundá limita-se com os municípios de Parintins, Urucará e Roraima. 
Próximo a pólo, a aproximadamente 350 quilômetros, está situada a capital do Estado do 
Amazonas, Manaus. Apresentando infra-estrutura de apoio completa. A cidade dispõe do 
Aeroporto Eduardo Gomes, recebendo vôos internacionais e nacionais, responsável pelo 
emprego de aproximadamente 3,3 mil pessoas, entre funcionários da Infraero, órgãos 
públicos, concessionários, empresas aéreas e de serviços auxiliares, oferece uma moderna 
infra-estrutura aeroportuária. O aeroporto possui dois terminais de passageiros: um para 
atender à aviação regular e outro para atender à aviação regional e três terminais de carga. 
As companhias aéreas que operam regularmente no Terminal I são: Varig, Vasp, Gol, Nordeste 
e LLOYD Aéreo Boliviano.18 (...) O Aeroporto Internacional Eduardo Gomes é o terceiro em 
movimentação de cargas do Brasil, por onde passa a demanda de importação e exportação do 
Pólo Industrial de Manaus.19 
A cidade de Parintins comporta vôos diários vindos do Aeroporto Eduardo Gomes em 
Manaus para o Aeroporto Júlio Belém localizado em Parintins. 
 
 
 
16 Disponível em:. 
17 Disponível em:. 
18 Fonte: INFRAERO. 
19 Fonte: INFRAERO. 
 
Diagnóstico Preliminar Pólo Saterê 16 
2.3 Caracterização dos Aspectos Naturais 
O Pólo, através das atividades de turismo, apresenta importante perspectiva para o 
desenvolvimento do Estado do Amazonas. A diversidade de ecossistemas naturais presentes 
garante excepcionalidades competitivas em relação ao mercado ecoturístico nacional. A rica 
diversidade de sistemas vegetais, associada à diversidade da fauna e flora e a complexidade 
de recursos hídricos, constituem potencialidades naturais ímpares para o desenvolvimento da 
atividade ecoturística nos municípios do Pólo, garantindo-lhe uma situação de destaque e 
colocando-o como de extrema importância quanto à conservação e à preservação da vida 
animal e vegetal.20 
2.3.1 Clima e Hidrografia 
No Estado do Amazonas o clima predominante é equatorial úmido, com temperatura média 
/ dia / anual de 26,7 ºC, com variações médias entre 23,3 ºC e 31,4 ºC. A umidade relativa do 
ar fica em torno de 80% e o estado possui apenas duas estações bem definidas: chuvosa 
(inverno) e seca ou menos chuvosa (verão).21 Os municípios que compõem o pólo apresentam 
algumas particularidades entre elas Parintins, com temperatura média de 26,3ºC, Barreirinhas 
com temperatura média de 27ºC e clima tropical chuvoso e úmido22. A cidade de Maués tem 
temperatura média de 29ºC23 e apresenta clima equatorial, quente e úmido. É banhada pelas 
águas do Rio Maués-Açu. A temperatura média de Boa Vista do Ramos é de 27ºC e Nhamundá: 
26,3ºC24. 
 “Sofrendo influência de vários fatores como precipitação, vegetação e altitude, a água 
forma na Região a maior rede hidrográfica do planeta. Os rios amazonenses são praticamente 
navegáveis durante todo o ano. Outros como o Negro, Alto Madeira, Urubu, Aripuanã, Branco 
e Uaupés são obstruídos pelas formações em degraus, o que não impede sempre a navegação 
ordinária, salvo as corredeiras do Alto Madeira e a famosa cachoeira das Andorinhas, no rio 
Aripuanã (...). 
O Rio Amazonas é internacionalmente conhecido como o maior do mundo em volume de 
água, sua descoberta aconteceu em 1500 na embocadura pelo espanhol Vicente Yanez Pinzon, 
que o chamou "Mar Dulca", e por Francisco Orelhana que o percorreu de oeste para leste em 
1541, dando-lhe o nome em homenagem às presumíveis mulheres guerreiras encontrada na 
foz do Rio Nhamundá. (...) Tem o curso calculado em 6.300 quilômetros, incluindo-se o 
 
20 AMAZONAS. Secretaria do Meio Ambiente. Plano de desenvolvimento do pólo de ecoturismo do Estado do 
Amazonas: descrição e contextualização global do pólo de ecoturismo do Estado do Amazonas. 2001. p. 21. 
Comentários baseados no Plano de Desenvolvimento do Pólo de Ecoturismo do Estado do Amazonas. p.21. 
21 Dispoível em: . 
22 Fonte: AM Guide. 
23 Algumas fontes indicam queMaués tem temperatura média de 28ºC. 
24 Disponível em: . 
 
Diagnóstico Preliminar Pólo Saterê 17 
Ucaiale. Seu arco atlântico tem a extensão de 400 quilômetros. Nasce presumivelmente na 
lagoa Santana (Andes Ocidentais), onde sua bacia de recepção é um rio de geleira. 
O segundo rio mais importante do Estado é o Negro. Ele também foi descoberto por 
Francisco Orelhana, em 3 de junho de 1541. Sua nascente fica na Colômbia, aos 2° de 
latitude norte, na região de Popaiã. Tem 1.551 quilômetros de curso, dos quais cerca de 50 
obstruídos por corredeiras e saltos medíocres. Dos rios amazonenses é o que possui o maior 
aglomerado de ilhas no curso inferior, o Arquipélago de Anavilhanas, verdadeiro labirinto 
onde se perdem pilotos experimentados. Abaixo fica a imensa baia de Buiaçu, onde a lenda 
coloca a morada da Cobra Grande ("búia" quer dizer cobra e "açu", grande).”25 
Por muito tempo, os rios constituíram importantes elementos de integração territorial. 
Como únicas vias de acesso, os rios permitem o contato entre diferentes comunidades 
instaladas em suas margens, e também o escoamento de produção em toda área, bem como 
funcionam como mantenedores de recursos para a alimentação e sobrevivência de grande 
parte das populações ribeirinhas. (...) Além da importância econômica e social adquirida 
durante a história de ocupação da área, os rios da região são importantes atrativos 
ecoturísticos, apresentando inúmeras praias, cachoeiras, furos, igarapés e várzeas. São de 
enorme beleza cênica, com paisagens ainda preservadas e pouco visitadas26. 
O município de Barreirinha oferece como atrativo natural a praia de Barreirinhas e o rio 
Andirá, que banham praias de areias claras. É o único rio da cidade, considerado um dos 
principais da região amazônica, onde posteriormente foi povoado. A cidade de Boa Vista dos 
Ramos dispões de dois rios: o rio Laguinho e o rio Curuçá. Ambos localizados em área rural, o 
Laguinho tem acesso em 10 minutos a pé27. 
“Mais conhecida como ‘Terra do Guaraná’, seu principal meio de subsistência, Maués (...) 
tem muito a oferecer em termos de atrativos naturais. A cidade está localizada na margem da 
Baía de Maués. Formada pelo Rio Maués, é um bom local para passeios de barco28. No passeio 
dos Rios Parauari e Amaná, encontram-se as quedas Apuí, Jutaí, Grande, Genipapo, Goiabal e 
São Pedro. O barco sai de Maués e percorre o rio Pararuari até entrar no rio Amaná29. Durante 
o verão – período entre agosto e dezembro – quando as chuvas diminuem e acontece a 
vazante dos rios, Maués ganha praias fluviais, formadas pelo rio Maués-Açu (...). Neste local 
acontece o Encontro das Águas dos Rios Maués-Açu e do Paraná do Urariá, onde se percebe o 
contraste das águas barrentas do Paraná do Urariá com as águas escuras do rio Maués-Açu30. O 
Salto do Amaná antes da atividade garimpeira era um igapó. A cachoeira tem 35 metros no 
 
25 Disponível em: . 
26 AMAZONAS. Secretaria do Meio Ambiente. Plano de desenvolvimento do pólo de ecoturismo do Estado do 
Amazonas: descrição e contextualização global do pólo de ecoturismo do Estado do Amazonas. 2001. p. 21. 
27 Fonte: Amazonas Guide. 
28 Fonte: Amazonas BR/ Amazonas Guide. 
29 Fonte: Amazonas BR. 
30 Fonte: Amazonas BR/ Amazonas Guide. 
 
Diagnóstico Preliminar Pólo Saterê 18 
período de seca e 20 metros no período de cheia.31 Maués oferece (...) corredeiras, 
cachoeiras e grutas, preservando quase a totalidade de sua área praticamente intocada pelas 
mãos do homem.”32 
Além das Corredeiras do Alto Nhamundá, o município de exibe dois rios, o Rio Cabory e o 
Rio Jacaré33. Algumas referências citam o Rio Urubu34 localizado em Nhamundá como 
importante local, pois é onde se realiza o Turismo de Pesca, espaço de encontro de peixes 
tucunarés, o mais cobiçado pelos pescadores. 
Entre agosto e fevereiro, surgem praias de areia branca, água escura e fauna e flora 
abundante no Rio Uaicurapá em Parintins, e em outubro ocorre o festival de verão com 
concurso de beleza nas proximidades do rio35. A Região do Parananema-Macurany é composta 
por vários rios de águas escuras que circundam a ilha, com opções de lazer: natação, esqui 
aquático, passeios de jet-ski, lancha e canoa, oferecendo restaurantes à margem do lago. 
Localizadas no rio que leva mesmo nome, estão as praias de Uaicurapé e a Praia do Varre 
Vento36. As praias são banhadas pela água de rios menores que formam lagos naturais onde 
estão localizadas diversas “ilhotas”, cercadas de areias por todos os lados, algumas podendo 
ser contornadas a pé. As mais famosas são a praia da Ilha do Papagaio, que serve de 
dormitório para esta ave e a praia de Itaracuera, com areias brancas e vegetação nativa, de 
onde se tem um panorama de outras ilhas.37 Os rios estão localizados a oito quilômetros pela 
estrada Odovaldo Novo e ramais, ou 15 quilômetros de barco, descendo o rio Amazonas e 
contornando a ilha. Circundam a ilha de Tupinambarana, na margem oposta à cidade de 
Parintins,38 a praia de Barreirinha. 
Praias e ilhas são famosas pela paisagem de Maués. As praias encontradas são seis: a Praia 
da Avenida Antártica, localizada no Bairro de Santa Teresa, tem como atrativos palmeiras, 
bares, lanchonetes e um centro de artesanato caboclo e indígena,39 a Praia da Ponta da 
Maresia, com um quilômetro de extensão e é onde ocorrem os eventos ao ar livre,40 a Praia 
do Éden, localizada no Bairro do Éden, é a praia mais afastada da orla fluvial,41 a Praia do 
Lombo, situada na frente da sede do município,42 a Praia do Itamarati43 e a Praia de Vera 
Cruz, esta localizada do outro lado do rio, na comunidade da ilha de Vera Cruz44, situada em 
 
31 Fonte: Amazonas BR. 
Fonte: AMAZONAS: a mais rica e exuberante biodiversidade do Brasil. Folha do turismo: o maior jornal brasileiro 
de turismo. 2006. p. 8. 
33 Amazonas Guide. 
34 PESCA amadora Brasil - esporte e turismo: o mais completo roteiro da pesca amadora do Brasil. 001. p. 81. 
35 Fonte: Amazonas Guide. 
36 Fonte: Amazonas BR/ Amazonas Guide. 
37 GUIA Philips – Amazônia Brasil. 2001. p.156. 
38 Ibid, p. 157. 
39 Fonte: Amazonas BR/ Amazonas Guide. 
40 Fonte: Amazonas BR/ Amazonas Guide. 
41 Fonte: Amazonas BR/ Amazonas Guide. 
42 Fonte: Amazonas BR/ Amazonas Guide. 
43 Fonte: Amazonas Guide. 
44 Fonte: Fonte: Amazonas BR/ Amazonas Guide. 
 
Diagnóstico Preliminar Pólo Saterê 19 
frente à cidade e a apenas dez minutos de ‘voadeira’ (barco pequeno com motor potente), é 
muito procurada pelos moradores, apresentando extensas praias de areias brancas, formações 
rochosas que aparecem na época da vazante. Os moradores da ilha são os maiores produtores 
de farinha de mandioca do município. É a única praia permanente do município na época da 
cheia do rio. A Praia da Liberdade em Nhamundá é principal praia e marco da cidade, 
acolhendo um teatro para apresentações de eventos e concertos, além de um complexo 
esportivo45, somando a Praia Daguary e a Praia Juruá.46 
As praias fluviais, que se estendem ao longo de seis quilômetros de orla contínua e as ilhas 
não são os únicos atrativos da região. Os lagos e parques também complementam seus 
atrativos. A duas horas e trinta minutos de barco pelo Porto da Francesa está o Lago do 
Macuricanã, localizado em Parintins. O lago faz parte do cenário paisagístico do pólo, sendo 
ele um santuário ecológico da região, agregando valor ao ecoturismo local, pois concentra 
inúmeras espécies de peixes e aves exóticas. Na época de seca (julho a dezembro) é marcado 
por igarapés; na cheia (fevereiro a junho) forma-se um grande lago.47 Boa Vista do Ramos 
complementa o cenário com o Lago Paranazinho, onde se chega em cinco minutos de barco48. 
Maués proporciona os Lago Apoquitauamiri, o Lago das Garças, o Lago Estanislau, o Lago 
Lombo e o Lago Moraes49.Nhamundá devido a sua localização também se faz privilegiada 
pelos atrativos que do município dela fazem parte: o Lago de Faro, formado pelo rio 
Nhamundá, o Lago Uruá, o Lago Xixiáe o Lago Macuricanã, situado em Nhamundá e 
Parintins.50 
Dentre as diversas possibilidades de passeio pela região, estão justamente os de barco 
pelas ilhas de Maués. A Ilha do Sol é o local onde artesãos e pescadores vendem barcos. Há 
praias a 30 minutos de ‘voadeira’51 e A Ilha dos Papagaios, situada em Nhamundá52. 
Localizadas no Rio Uaicurapá em Parintins, estão as ilhas das Guaribas, das Onças e do 
Pacoval.53 
2.3.2 Relevo e Recursos Minerais 
Diferentemente do que se tem divulgado, a Região Amazônica não é uma vasta planície, 
mas sim uma peneplanície, notada pelas elevações que se podem observar próximas às 
calhas, como as serras de Maraguases e Maracaçu, em Parintins, as da Lua e outras antes do 
altiplano guianense. É no Estado do Amazonas que se encontram os pontos mais elevados do 
 
45 Fonte: Amazonas Guide. 
46 Fonte: Amazonas Guide. 
47 Fonte: Amazonas BR/ Amazonas Guide. 
48 Fonte: Amazonas Guide. 
49 Fonte: Amazonas Guide. 
50 Fonte: Amazonas Guide. 
51 Fonte: Amazonas BR. 
52 Fonte: Amazonas Guide. 
53 Fonte: Amazonas BR/ Amazonas Guide. 
 
Diagnóstico Preliminar Pólo Saterê 20 
Brasil: o Pico da Neblina, com 3.014 metros de altitude, e o 31 de Março, com 2.992 m de 
altitude, ambos na fronteira. 
A geologia da área apresenta diversidade de recursos. Em Parintins, descendo seis 
quilômetros do rio Amazonas de barco estão as Ruínas da Vila Amazônica, são as estruturas da 
vila construída por japoneses no início dos anos de 1930. Em suas edificações estão traços da 
cultura da juta na Amazônia: um pagode, casa típica japonesa de barro com chão de madeira, 
armazéns e prensas utilizadas na época. À frente do conjunto estão uma igreja e um casarão 
azulejado da década de 40 que foram deixados pelos portugueses após a segunda guerra. 
Perto das ruínas há um estreitamento do Rio Amazonas que acumula pedras, permitindo aos 
pescadores nativos realizar a pescaria de arribação, que acontece quando os cardumes de 
jaraquis, curimatãs e pacus sobem o rio e podem ser capturados sem grande esforço entre os 
meses de abril e maio.54 
A Serra de Parintins é a única elevação considerável em todo o município. Descendo 50 
quilômetros o Rio Amazonas e ramais menores, possui 15255 metros de altitude e é recoberta 
por espessa vegetação de floresta nativa, está quase configurada na divisa com o estado do 
Pará. O acesso é por barco pelo rio Amazonas ou de balsa até a Vila Amazônica mais estrada 
de terra.56 Ribeirinhos que habitam a comunidade de Santa Rita da Valéria, no lago da beira 
da serra, têm descoberto cerâmicas arqueológicas que reforçam a história de que ali viveu a 
tribo Parintintin, responsável pelo nome do município. Na comunidade local, observa-se o 
casario de palafitas, típicos da várzea amazônica, e pode-se ouvir lendas como a do 
mosteirinho do século XVII que estaria enterrado na serra junto com um sino de ouro.57 O 
Morro de Santa Rita, localizado no Bairro Agrovila de Valéria engloba lagos, rios, fauna e flora 
abundantes.58 Abriga o Lago da Valéria, região ideal para os apreciadores da pesca esportiva. 
O acesso é realizado através de barco pelo Rio Amazonas ou de balsa até a Vila Amazônica e 
estrada de terra. Esta localidade tem sido ponto de parada para visitação de cruzeiros 
transatlânticos no percurso até Manaus. 
Em Nhamundá se encontra a Serra do Especho da Lua (Icamiabas), o Monte Yacy-Uaruá, 
que chega ao destino em 45 minutos de barco. Local das lendárias índias Amazonas que deram 
nome ao Estado59. 
2.3.3 Solos 
Os solos encontrados no Alto do Rio Negro são: Podzólico Hidromórfico e o Latossolo 
Vermelho Amarelo. Nas áreas correspondentes ao Médio Amazonas, Médio e Baixo Rio Negro e 
 
54 GUIA Philips – Amazônia Brasil. 2001. p. 156. 
55 Algumas fontes indicam que a Serra de Parintins tem 154 metros de altitude. 
56 Fonte: Amazonas BR/ Amazonas Guide. 
57 GUIA Philips – Amazônia Brasil. 2001. p.157. 
58 Fonte: Amazonas Guide. 
59 Fonte: Amazonas Guide. 
 
Diagnóstico Preliminar Pólo Saterê 21 
Baixo Solimões, os solos predominantes são: o Podzólico Vermelho-Amarelo, o Latossolo 
Amarelo (Maués) e o Plintossolo. Solos Aluviais (Boa Vista dos Ramos). 
Latossolo Amarelo: ocorre em relevo plano a suave ondulado, com cobertura vegetal 
dominantemente florestal, originando-se de sedimentos pertencentes ao Terciário, com perfil 
bastante evoluído. Caracterizam-se por apresentar horizonte B Latossólico, avançado grau de 
intemperismo. É normalmente composto por óxidos hidratados de ferro e alumínio, com argila 
do tipo 1:1. Apresenta baixa capacidade de troca de cátions, baixa saturação de base e 
elevado grau de floculação de argilas. A baixa fertilidade desses solos é atribuída a pobreza 
mineral do material de origem e também a extrema lixiviação das bases devido a excessiva 
pluviosidade. Devido a suas características físicas, são solos aptos à exploração racional, 
desde que sejam melhoradas as suas condições de fertilidade e que seja corrigida sua elevada 
acidez através do emprego de insumos adequados. Dessa forma os latossolos-amarelo prestam 
para a exploração de culturas de ciclo longo como o guaraná (Paulina cupana), o dendê 
(Elaelis melanococca), a pimenta do reino (Piper nigrum), a seringueira (Hevea brasiliensis), 
fruteiras tropicais dentre outras. Também podem ser utilizados para o cultivo de mandioca 
(Manihot esculenta), cana-de-açúcar (Saccharum officinarum) e malva (Malva silvestris), além 
de sua utilização para a formação de pastagens e para a silvicultura. 
2.3.4 Tipologia Vegetal 
A flora do Pólo é diversificada e muito utilizada na elaboração de medicamentos e 
cosméticos, sendo constantemente estudada e pesquisada. Fazem parte deste contexto: 
Açaizeiro60 (Euterpe Oleracea): a árvore do açaí tem a altura de 20 a 25 metros com 
tronco múltiplo de no máximo 25 centímetros de diâmetro. Uma touceira chega ter até 25 
plantas e a freqüência da árvore no baixo Amazonas forma populações homogêneas. Encontra-
se em todo o estuário do Rio Amazonas, mas a terra do açaí é a cidade de Codajas (AM). 
Produz sementes quase o ano inteiro, mas a maturação dos frutos ocorre com mais 
intensidade entre julho a dezembro. Em cachos, os frutos têm coloração violácea e peso 
médio de 1grama, sendo que cada inflorescência fornece a até 6 quilos de frutos. Estes são 
muito apreciados pela população amazônica para fabricação do vinho de açaí, e nas camadas 
mais pobres são a principal fonte de proteína alimentar. Curiosidades: com propriedades 
energéticas e antioxidantes, a polpa do açaí virou moda no sudeste do país e nos Estados 
Unidos. Ainda assim só 850 toneladas por mês de polpa são consumidas pela região centro–sul, 
enquanto que em Belém o consumo de açaí fresco chega a 4,5 mil toneladas por mês. A 
madeira é utilizada pelos ribeirinhos para estacas e assoalhos, e as folhas para a cobertura 
das casas; a semente fornece um substrato orgânico muito valorizado na horticultura e 
artesanato locais. Na floresta, os coletores de açaí trabalham em família e só em tempo seco, 
pois os troncos ficam muito escorregadios quando chove. Eles escalam a árvore com a ajuda 
 
60 GUIA Philips – Amazônia Brasil. 2001. p. 314. 
 
Diagnóstico Preliminar Pólo Saterê 22 
de uma peçonha, anel torcido em oito feitos com fibras da mata, que passada em volta dos 
pés, permite melhor apoio sobre o tronco. 
Andiroba61 (Carapa Guianesis): esta árvore pertence a família do mogno. Pode ser 
encontrada na Amazônia em regiões alagadiças. Espécie de grande porte, sua altura varia de 
20 a 30 metros, com tronco de 50 a 120 centímetros de diâmetro, apresentando umacasca 
grossa. Suas folhas são compridas, variando de 85 a 115 centímetros; as flores são de cor 
creme e os frutos em forma de cápsula, contêm quase sempre seis sementes. Quando caem 
no chão, se não são germinadas rapidamente, acabam sendo devoradas por insetos ou 
roedores. Geralmente a andiroba floresce de agosto e outubro e dá frutos entre janeiro e 
maio. Curiosidades: seu óleo, extraído da semente, tem propriedades medicinais e é usado 
para alívio de pancadas, hematomas e inchaços. Também é utilizado como antiinflamatório e 
contra dor de garganta. O óleo é também empregado pela indústria de cosméticos, como 
matéria prima para fazer xampus, sabonetes e cremes, velas e repelente de insetos. Quando 
se queima, o bagaço do fruto libera uma fumaça, que serve como repelente de mosquitos. A 
madeira é de ótima qualidade, imune ao ataque de cupins, muitas vezes comparada ao 
mogno. Pode ser usada na construção civil ou para fazer mastros, bancos de barco e navios. 
Bromélias62 (Aechemia Ferandae): as bromélias são plantas da família da Bromeliáceas, 
que apresentam folhas rígidas, espinhentas e serrilhadas. O mais famoso exemplar dessa 
família é o abacaxi, mas a variedade é muito grande; apresentam mais de mil espécies nos 
países de clima tropical. Todas elas acumulam água e detritos nos centros das folhas em 
forma de funil. Espécie endêmica da Amazônia, ela se distingue pela coloração diferenciada 
das folhas, verde na face superior e avermelhada na inferior. Suas flores são de forma 
esférica e globosa. Curiosidades: também chamada gravatá e caraguatá, as bromélias são 
muito procuradas para decoração, por isso algumas espécies começam a correr risco de 
exploração descontrolada. Elas podem ser epífitas, rupículas, isto é, crescem em pedras e 
solos pedregosos ou terrestres. Essas últimas, ao contrario das epífitas, não possuem o funil 
central para acumular água e nutrientes, mas para compensar lançam raízes ao solo. 
 Buriti63 (Mauritia Flexuosa): é uma palmeira de porte elegante, podendo atingir até 35 
metros de altura. Possui folhas grandes em formato de estrela. As flores estão dispostas em 
longos cachos de até três metros de comprimento e possuem coloração amarelada, surgindo 
de dezembro a abril. Já o fruto é castanho-avermelhado, com superfície revestida por 
escamas brilhantes. Sua semente é oval e a amêndoa comestível. Seu cultivo ocorre 
naturalmente, aparecendo tanto isolado como em grupo, de preferência em terrenos 
pantanosos. Curiosidades: cada planta costuma possuir de cinco a sete cachos com 400 a 500 
frutos cada. Sua polpa é consumida na forma de doce, suco, sorvete ou vinho de buriti. As 
 
61 GUIA Philips – Amazônia Brasil. 2001. p. 315. 
62 Ibid, p.318. 
63 GUIA Philips – Amazônia Brasil. 2001. p.318. 
 
Diagnóstico Preliminar Pólo Saterê 23 
folhas do buriti são usadas na fabricação de cordas e as raízes na medicina popular; já o 
tronco, serve para a produção de canoas. 
Camu-camu64 (Myrciaria Dúbia): nativa da Amazônia ocidental, este arbusto atinge no 
máximo três metros de altura. Seu caule é liso e ramificado e parte dele permanece submerso 
ao longo do ano. Prefere regiões alagadas, como beira de rios e lagos. Suas flores brancas 
formam grupos de três a quatro, exalando um forte odor. A planta jovem tem as folhas 
avermelhadas, que vão se tornando verdes e brilhantes à medida que envelhecem. Frutifica 
de novembro a março quando surge o fruto avermelhado, ácido, que vai ficando roxo-escuro à 
medida que amadurece. Sua casca é resistente e a polpa aguosa, envolvendo sementes 
esverdeadas. Curiosidades: também conhecido como caçari e cauari, tem um teor de vitamina 
C superior ao da acerola. É usado como isca por pescadores na Amazônia, principalmente na 
captura do tambaqui. O fruto e a casca são usados para fazer refrescos, sorvetes, picolés, 
geléias, doces e licores. Inicia a frutificação aos três anos, produzindo de 500 a 1000 frutos 
por planta. 
Castanha-do-Brasil65 ou Castanha-do-Pará (Bertolletia Excelsa): a castanheira tem altura 
de 30 a 50 metros, mas pode chegar excepcionalmente a 60 metros. Seu fruto, chamado 
localmente de ouriço, pesa entre 500 a 1500 gramas e contém de 15 a 24 sementes 
(castanhas). É característica de mata alta de terra firme, não inundável, de toda a Amazônia. 
Embora ocorra em determinados locais em grande freqüência, formando chamados 
castanhais, está sempre em associação com outras espécies de grande porte. Floresce entre 
os meses de novembro e fevereiro e seus frutos amadurecem entre dezembro e março. As 
castanhas são de semente apreciadas internacionalmente, sendo bastante oleosas, de formato 
agudo e mais ou menos triangular. Curiosidades: os frutos da castanheira são coletados 
quando caem do pé, pesam mais de um quilo e possuem um orifício cujo diâmetro não 
permite a passagem da quinzena de amêndoas que possui, obrigando os castanheiros a usar 
um facão para liberar a semente. A espécie é o oitavo produto extrativista nacional e o 
segundo na Amazônia, depois da borracha. Alguns pesquisadores consideram a distribuição da 
castanha na Amazônia como sendo de origem antrópica (feita pelo homem); sabe-se que os 
índios Kaiapó plantam a castanheira em florestas e clareiras naturais. As árvores aparecem 
também em terras pretas antropogênicas e próximas a sítios arqueológicos. (...) O óleo 
proveniente das castanhas também tem sido exportados para a fabricação de cosméticos no 
exterior. 
Cupuaçu66 (Theobroma Grandiflorum): da mesma família do cacau, tem origem amazônica 
e frutifica em árvores pequenas de até dez metros de altura se forem cultivadas, e cerca de 
dezoito metros se forem silvestres. As folhas são simples e inteiras, longas – de até 35 
centímetros de comprimento -, de coloração ferrugem numa das faces. As folhas vermelho-
 
64 Ibid, p. 319. 
65 Ibid, p. 320. 
66 GUIA Philips – Amazônia Brasil. 2001. p. 321. 
 
Diagnóstico Preliminar Pólo Saterê 24 
escuras prendem-se diretamente no tronco. O fruto é oval, com até 25 centímetros de 
comprimento, de casca dura e lisa e cor castanho-escura. A polpa é branca, ácida e 
aromática. Frutifica de janeiro a maio, com menos intensidade de janeiro a abril. 
Curiosidades: o cupuaçu é considerado por muitos, uma fruta saborosa e pode pesar mais de 
dois quilos; uma árvore produz em média 20 frutas por ano. O suco, sorvete e doce são 
populares em toda região Amazônica (...). O suco das folhas do cupuaçu é usado no 
tratamento de bronquites e infecções renais. Da semente do cupuaçu pode se extrair um óleo 
usado tanto para o fabrico do cupulate (chocolate de cupuaçu) quanto para a indústria de 
cosméticos. 
Guaraná 67(Paullinia Cupana): é uma planta nativa da Amazônia, em forma de arbusto ou 
cipó lenhoso. É composto de flores brancas, masculinas e femininas, que surgem de julho a 
setembro. O fruto possui cerca de 2,5 centímetros de diâmetro, com tom vermelho-
alaranjado quando maduro. As sementes são negro-brilhosas, com a metade inferior recoberta 
um arilo branco, confunde com a aparência de um olho humano. Frutifica de janeiro a março. 
Curiosidades: foram os índios Saterê-Maué (AM) que descobriram as propriedades do guaraná 
na amazônia; fora da região, é a Bahia o estado pioneiro da cultura deste fruto. A cada dia 
amplia-se a cultura do guaraná, devido ao aumento da demanda para fabricação de bebidas e 
fármacos, que servem principalmente como antitérmicos, antineurálgicos, antidiarréicos e 
estimulantes poderosos. 
Mogno68 (Switenia Macrophylla): árvore que pode atingir até 30 metros de altura, 
ocorrendo em toda região Amazônica, mas é característica da floresta clímax de terra firme, 
sobretudo as de solo mais argilosos. Seu tronco varia de 50 a 80 centímetros de diâmetro e as 
folhas são compostas. Floresce durante os meses de novembro e janeiro e os frutosiniciam a 
maturação no mês de setembro, prolongando-se até meados de novembro. É muito 
ornamental quando usada na arborização de parques e jardins. Curiosidades: mogno está em 
extinção devido ao excesso de exploração da espécie para uso de mobiliário de luxo, objeto 
de adornos, painéis, acabamentos internos, entre outros. A madeira possui altíssima 
resistência ao ataque de cupins. 
Orquídea Vermelha69 (Cattleya Violácea): a família das orquidáceas é uma das mais 
numerosas da flora mundial, são dois mil gêneros, com cerca de 35 mil espécies naturais e 
outros 50 mil híbridos feitos em laboratório. Cerca de 90% das espécies são hermafroditas, 
pois o aparelho reprodutivo inclui tanto órgãos femininos como masculinos. A polinização é 
feita geralmente por insetos, atraídos pela coluna carnosa que fica na pétala mais colorida 
das três que formam a flor. Esta espécie apresenta flores avermelhadas ou arroxeadas. 
Curiosidades: por sua beleza, é muito coletada na Amazônia, o que ameaça a espécie. Apesar 
 
67 Ibid, p. 322. 
68 GUIA Philips – Amazônia Brasil. 2001. p. 325. 
69 Ibid, p.326. 
 
Diagnóstico Preliminar Pólo Saterê 25 
de serem consideradas plantas “novas” no reino vegetal, as orquídeas são muito conhecidas 
do homem há muito tempo. Foram catalogadas pelos chineses há cerca de quatro mil anos. 
Pau-Rosa70 (Aniba Rosaeodora): árvore da floresta de terra firme que pode atingir 30 
metros de altura e, seu tronco, mais dois metros de diâmetro. Floresce de maneira irregular e 
a floração nem sempre é seguida de frutificação. É encontrado em toda a Amazônia, mas 
observam-se variações entre as populações das Guianas e Amapá e as do sul da região 
Amazônica. Árvores com diâmetro superior a dez centímetros encontram-se em densidade 
inferior a uma unidade por hectare. O pau-rosa é de difícil acesso e os que se encontram 
próximo aos rios já foram explorados há muito tempo para servir como ingredientes de 
produtos da indústria cosmética e perfumaria. Curiosidades: é também conhecido como pau-
rosa-do-oiapoque. A exploração do pau-rosa para obtenção de uma essência conhecida como 
linalol acarreta o desaparecimento do recurso. Mas hoje há existem pesquisas que 
demonstram ser possível extrair o óleo do pau-rosa a partir de galhos e folhas, o que pode 
indicar uma forma de seu extrativismo sustentável em um futuro próximo. Anualmente são 
cortadas mais de três mil árvores para extração desse óleo. Apesar de sua síntese existir, há 
30 anos¸ a indústria, principalmente a cosmética, prefere o produto natural ao sintetizado. 
Os frutos são muito apreciados por papagaios e araras, sendo muitas vezes devorados antes da 
maturação, sobrando poucos para reprodução da árvore. 
Pupunha71 (Bactris Gasipaes): palmeira que pode chegar a 20 metros de altura e 15 a 25 
centímetros de diâmetro no tronco, apresenta aproximadamente 20 folhas de três a quatro 
metros de comprimento. As folhas possuem um cheiro característico que atrai milhares de 
insetos polinizadores. Os frutos podem ter a casca vermelha, amarela, alaranjada ou verde, e 
a parte comestível é espessa e carnosa. Na Amazônia, após serem cozidos com sal, são 
consumidos junto com café, sendo ricos em proteínas, cálcio e ferro. A frutificação é longa, 
indo de novembro a junho. A árvore ocorre em toda a Amazônia, Nordeste, norte da América 
do Sul e América Central. Curiosidades: a pupunha é considerada a alternativa ecológica para 
o palmito, pois a árvore não morre com seu corte, e diferente do palmito juçara da Mata 
Atlântica, o palmito da pupunha quase não tem fibras. A pupunha é uma cultura permanente 
que permite o corte ao longo do ano todo por um período de 20 anos, sendo que cada hectare 
plantado rende até 2,2 toneladas de palmito de boa qualidade. (...) A pupunha é rica em 
vitamina A e tem taxa zero de colesterol, mas nunca se deve comer uma pupunha crua devido 
à presença de ácido oxálico, que inibe a digestão e pica a língua; deve ser cozida por 50 a 80 
minutos e depois descascada. 
Seringueira72 (Hevea Brasiliensis): aparece na margem dos rios e em lugares inundáveis da 
mata de terra firme, em toda a região Amazônica. Chega a 30 metros de altura com tronco de 
30 a 60 centímetros de diâmetro. Na floresta Amazônica, há mais de onze espécies de 
 
70 Ibid, p.327. 
71 GUIA Philips – Amazônia Brasil. 2001. p. 328. 
72 Ibid, p. 329. 
 
Diagnóstico Preliminar Pólo Saterê 26 
seringueiras, todas do gênero Hevea e muito parecidas com a H. Brasiliensis. Florescem a 
partir de agosto, prolongando-se até o início de novembro. Já os frutos começam a 
amadurecer no período de abril a maio. Suas amêndoas fornecem um óleo secativo usado pela 
indústria de tintas, mas o maior valor da árvore é o látex, extraído do seu tronco, que é 
transformado em borracha. Curiosidades: a resina desta árvore foi usada primeira para fazer 
seringas, daí o nome de seringueira. Sua exploração representou a maior atividade econômica 
da região Amazônica entre os anos de 1870 e 1910, principalmente pela descoberta da 
borracha vulcanizada (que não amolece com o calor) em 1844, por Charles Goodyear, e a 
invenção do pneu em 1888 por John Boyd Dunlop. Atualmente, a borracha nacional vem 
retomando forças. O governo do Acre tem investido em tornar as alternativas de coleta de 
borracha e castanha sustentáveis do ponto de vista social, econômico, político e ambiental. O 
látex produzido em alguns locais é vendido para a fabricação de preservativos no Sul do país. 
Urucum73 (Bxa Orellana): é uma espécie de arbusto que chega no máximo a cinco metros, 
com tronco de quinze a vinte centímetros de diâmetro. Ocorre em toda floresta, da região 
Amazônica até a Bahia, mas preferencialmente em solo férteis e úmidos de beira de rios. As 
sementes são produzidas em grande quantidade o ano todo e disseminadas tanto pelo homem 
como por animais que se alimentam de seus frutos. Floresce durante a primavera e o início do 
verão e os frutos amadurecem no final do verão e início do outono. É também conhecida 
como uma planta medicinal, já que suas sementes são utilizadas contra bronquite e febre, e 
também como cosmético. Curiosidades: as matérias de cor amarela e vermelha, conhecidas 
como colorau pela população, são extraídas da polpa que envolve as sementes, sendo 
empregadas na culinária e na indústria alimentar, além das indústrias de impressão e de 
tecidos. É empregada pelos índios amazônicos para tingir a pele, como repelente de insetos e 
para rituais religiosos. É cultivada em muitas regiões do país para exploração de suas 
sementes e como planta ornamental, principalmente pela rapidez de seu crescimento em 
ambientes secos. 
Vitória-Régia74 (Victoria Amazônica): é uma planta aquática com folhas com cerca de 40 
centímetros de diâmetro e margens sinuosas. Pode chegar, no entanto, a até 1,2 de diâmetro. 
As flores possuem de oito a quinze centímetros de diâmetro e contém de doze a vinte e três 
pétalas muito perfumadas. Possui um fruto carnoso endurecido, com numerosas sementes. No 
inferior das folhas flutuantes há uma rede de nervuras e compartimentos cheios de ar, 
recobertos com espinhos. Curiosidades: quando as lagoas onde vivem secam, as cápsulas de 
sementes ficam enterradas na lama até o retorno da água, na próxima cheia, para então 
germinar. Existem muitas espécies de animais aquáticos que utilizam as raízes destas espécies 
para se abrigar, alimentar e produzir. Polinizada por somente uma espécie de besouro, que é 
atraído pelo forte cheiro que suas flores brancas exalam. 
 
73 GUIA Philips – Amazônia Brasil. 2001. p. 331. 
74 Ibid, p.331. 
 
Diagnóstico Preliminar Pólo Saterê 27 
Algumas citações foram levantas, porém ausentam de significado presente durante a 
primeira análise bibliográfica do diagnóstico, mas vale