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UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA UNESP - Campus de Bauru/SP FACULDADE DE ENGENHARIA Departamento de Engenharia Civil Disciplina: 2139 - CONCRETO PROTENDIDO NOTAS DE AULA CONCRETO PROTENDIDO Prof. Dr. PAULO SÉRGIO DOS SANTOS BASTOS (wwwp.feb.unesp.br/pbastos) Bauru/SP Mar/2018 APRESENTAÇÃO Esta apostila tem o objetivo de servir como notas de aula na disciplina Concreto Protendido, do curso de Engenharia Civil da Faculdade de Engenharia, da Universidade Estadual Paulista – UNESP, Campus de Bauru/SP. O texto apresentado está de acordo com as prescrições contidas na norma NBR 6118/2014 (“Projeto de estruturas de concreto – Procedimento”), para o projeto e dimensionamento de elementos em Concreto Armado e Protendido. A apostila apresenta o estudo inicial de temas de Concreto Protendido. A bibliografia indicada deve ser consultada para aprofundar o aprendizado, bem como os textos apresentados na página da disciplina na internet: http://wwwp.feb.unesp.br/pbastos/pag_protendido.htm O autor agradece a Tiago Duarte de Mattos, pela confecção dos desenhos. Críticas e sugestões serão bem-vindas. SUMÁRIO 1. PROTENSÃO NAS ESTRUTURAS DE CONCRETO .................................................... 1 2. EXEMPLOS DE ESTRUTURAS PROTENDIDAS .......................................................... 2 3. CONCRETO PROTENDIDO x CONCRETO ARMADO ............................................... 3 3.1 EXEMPLO ......................................................................................................................... 4 4. BREVE HISTÓRICO DO CONCRETO PROTENDIDO ................................................ 9 5. FABRICAÇÃO DE PEÇAS PROTENDIDAS ................................................................... 9 5.1 ARMADURA DE PROTENSÃO PRÉ-TRACIONADA .................................................. 9 5.2 ARMADURA DE PROTENSÃO PÓS-TRACIONADA ................................................ 13 6. MATERIAIS ........................................................................................................................ 18 6.1 CONCRETO ..................................................................................................................... 18 6.2 AÇO DE ARMADURA ATIVA ...................................................................................... 18 6.2.1 Apresentação .............................................................................................................. 18 6.2.2 Quanto ao Tratamento ................................................................................................ 19 6.2.3 Normas Brasileiras ..................................................................................................... 19 6.2.4 Exemplos de Designação ........................................................................................... 19 6.2.5 Massa Específica, Coeficiente de Dilatação Térmica e Módulo de Elasticidade ...... 21 6.2.6 Acondicionamento ..................................................................................................... 21 6.2.7 Diagrama tensão-deformação ..................................................................................... 22 6.3 BAINHAS ........................................................................................................................ 23 6.4 CALDA DE CIMENTO ................................................................................................... 24 6.5 ANCORAGENS ............................................................................................................... 25 7. VALORES-LIMITES DE TENSÃO POR OCASIÃO DA OPERAÇÃO DE PROTENSÃO NA ARMADURA .............................................................................................. 30 8. VALORES REPRESENTATIVOS DA FORÇA DE PROTENSÃO ............................. 31 8.1 FORÇA DE PROTENSÃO Pi NA ARMADURA ........................................................... 33 8.2 FORÇA DE PROTENSÃO Pa .......................................................................................... 33 8.3 FORÇA DE PROTENSÃO Po NA ARMADURA/CONCRETO .................................... 33 8.4 FORÇA DE PROTENSÃO Pt NA ARMADURA/CONCRETO .................................... 33 9. PERDAS DE PROTENSÃO .............................................................................................. 34 9.1 ESCORREGAMENTO DOS FIOS NA ANCORAGEM ................................................ 34 9.2 RELAXAÇÃO DA ARMADURA .................................................................................. 34 9.3 RETRAÇÃO INICIAL DO CONCRETO EM PISTA DE PROTENSÃO...................... 35 9.4 VARIAÇÃO DA FORÇA DE PROTENSÃO DE Pi A Pa NA PRÉ-TRAÇÃO .............. 35 9.5 DETERMINAÇÃO DA FORÇA Po NA PRÉ-TRAÇÃO ................................................ 36 9.6 DETERMINAÇÃO DE Po NA PÓS-TRAÇÃO............................................................... 39 9.7 PERDA POR ATRITO NA PÓS-TRAÇÃO .................................................................... 40 9.8 PERDA NA ANCORAGEM NA PÓS-TRAÇÃO ........................................................... 43 9.9 PERDA DE PROTENSÃO NA PÓS-TRAÇÃO POR DEFORMAÇÃO IMEDIATA DO CONCRETO PELO ESTIRAMENTO DOS CABOS RESTANTES ...................................... 46 9.10 RETRAÇÃO E FLUÊNCIA INICIAL DO CONCRETO NA PÓS-TRAÇÃO .............. 47 9.11 DETERMINAÇÃO DA FORÇA DE PROTENSÃO FINAL.......................................... 47 9.12 PERDA DE PROTENSÃO POR RETRAÇÃO DO CONCRETO .................................. 47 9.13 VALOR DA RETRAÇÃO ............................................................................................... 47 9.14 PERDA DE PROTENSÃO POR FLUÊNCIA DO CONCRETO ................................... 48 9.14.1 Anexo A – Fluência do Concreto (A.2.2) .................................................................. 48 9.15 PERDAS PROGRESSIVAS ............................................................................................ 50 9.15.1 Processo Simplificado para o Caso de Fases Únicas de Operação (Item 9.6.3.4.2) .. 51 9.15.2 Processo Aproximado do Item 9.6.3.4.3 .................................................................... 52 9.15.3 Método Geral de Cálculo ........................................................................................... 52 10. CRITÉRIOS DE PROJETO .............................................................................................. 52 10.1 Estado-Limite Último (ELU) ............................................................................................ 52 10.2 Estado-Limite de Serviço (ELS) ....................................................................................... 53 11. AÇÕES A CONSIDERAR NOS ESTADOS-LIMITES DE SERVIÇO ........................ 54 11.1 COMBINAÇÕES DE SERVIÇO ..................................................................................... 54 11.2 NÍVEIS DE PROTENSÃO .............................................................................................. 55 12. ESTIMATIVA DA FORÇA DE PROTENSÃO FINAL P ............................................ 55 12.1 Protensão Completa .......................................................................................................... 56 12.2 Protensão Limitada ........................................................................................................... 57 12.3 Protensão Parcial .............................................................................................................. 58 13. DETERMINAÇÃO DA FORÇA Pi ................................................................................... 58 14. VERIFICAÇÃO DE TENSÕES NORMAIS NA SEÇÃO DE CONCRETO MAIS SOLICITADA PELO CARREGAMENTO EXTERNO.........................................................final (t∞), podendo ser utilizada onde não for necessária grande precisão. Quando maior precisão for exigida pode-se aplicar a formulação contida no Anexo A da NBR 6118. O Anexo A da norma trata do “Efeito do tempo no concreto estrutural”, e informa que as prescrições “têm caráter informativo que podem, na falta de dados melhores, ser usadas no projeto de estruturas com concretos do grupo I da ABNT NBR 8953 cobertos por esta Norma. Outros valores podem ser usados, desde que comprovados experimentalmente, por meio de ensaios realizados de acordo com Normas Brasileiras específicas, levando em conta variações nas características e propriedades dos componentes do concreto, ou ainda desde que respaldados por Normas Internacionais ou literatura técnica.” 9.13 VALOR DA RETRAÇÃO (Anexo A, NBR 6118, item A.2.3) Entre os instantes to e t a retração é dada por: cs (t ; to) = cs∞ [s (t) – s (to)] UNESP (Bauru/SP) – 2139 – Concreto Protendido Prof. Dr. Paulo Sérgio dos Santos Bastos 48 onde: cs∞ = 1s . 2s cs∞ = valor final da retração; 1s = coeficiente dependente da umidade relativa do ambiente e da consistência do concreto (ver Tabela A.1 da NBR 6118); 2s = coeficiente dependente da espessura fictícia da peça. fic fic s2 h38,20 h233 onde: hfic = espessura fictícia, em cm; ar c fic A2 h = coeficiente dependente da umidade relativa do ambiente (U - %) – Tabela A.1. U1,08,7exp1 Ac = área da seção transversal da peça; ar = parte do perímetro externo da seção transversal da peça em contato com o ar; s (t) ou s (to) = coeficientes relativos à retração, nos instantes t ou to , dados na Figura A.3 da NBR 6118; t = idade fictícia do concreto no instante considerado, em dias (ver item A.2.4.1 da NBR 6118); to = idade fictícia do concreto no instante em que o efeito da retração na peça começa a ser considerado, em dias. 9.14 PERDA DE PROTENSÃO POR FLUÊNCIA DO CONCRETO A fluência no concreto ao nível da armadura depende da tensão no concreto naquele nível. Semelhantemente à perda por retração, a perda de tensão por fluência do concreto é: Pcc = cc . Ep Onde não for necessária grande precisão, o coeficiente de fluência (t∞ ; to), entre o tempo to e o tempo final (t∞), pode ser determinado na Tabela 8.2 da NBR 6118 (item 8.2.11), e: )t;t( E )t( )t;t( o 28,ci oc occ Quando for necessária maior precisão deve-se recorrer ao cálculo conforme descrito no Anexo A da NBR 6118, como apresentado a seguir. 9.14.1 Anexo A – Fluência do Concreto (A.2.2) “A deformação por fluência do concreto (εcc) é composta de duas partes, uma rápida e outra lenta. A deformação rápida (εcca) é irreversível e ocorre durante as primeiras 24 h após a UNESP (Bauru/SP) – 2139 – Concreto Protendido Prof. Dr. Paulo Sérgio dos Santos Bastos 49 aplicação da carga que a originou. A deformação lenta é, por sua vez, composta por duas outras parcelas: a deformação lenta irreversível (εccf ) e a deformação lenta reversível (εccd).” cc = cca + ccf + ccd cca = deformação rápida irreversível, primeiras 24 horas; ccf = deformação lenta irreversível (umidade, consistência, espessura, idade); cca = deformação lenta reversível, depende apenas da duração do carregamento. c,tot = c + cc = c (1 + ) = a + f + d c,tot = deformação total do concreto; = coeficiente de fluência; a = coeficiente de deformação rápida; f = coeficiente de deformação lenta irreversível; d = coeficiente de deformação lenta reversível. Valor da Fluência (A.2.2.3) No instante t a deformação devida à fluência é dada por: cc (t ; to) = cca + ccf + ccd = )t;t( E o 28,c c com o módulo de elasticidade tangente inicial para j = 28 dias (Ec,28), obtido em ensaio segundo a NBR 8522 ou calculado pela expressão Ec,28 = Eci,28 = E ckf5600 . O coeficiente de fluência (t ; to) é dado por: (t ; to) = a + f∞ [f (t) – f (to)] + d∞ d t = idade fictícia do concreto no instante considerado, em dias; to = idade fictícia do concreto ao ser feito o carregamento único, em dias; a = coeficiente de fluência rápida: )t(f )t(f 18,0 c oc a , para concretos de classes C20 a C45; )t(f )t(f 14,1 c oc a , para concretos de classes C50 a C90. onde: )t(f )t(f c oc = função do crescimento da resistência do concreto com a idade, definida no item 12.3 da NBR 6118; 1 relação entre fckj/fck (NBR 6118, item 12.3.3.b): UNESP (Bauru/SP) – 2139 – Concreto Protendido Prof. Dr. Paulo Sérgio dos Santos Bastos 50 2 1 1 t 28 1sexp com: s = 0,38 para concreto com cimento CP III e IV; s = 0,25 para concreto com cimento CP I e II; s = 0,20 para concreto com cimento CP V ARI; t = idade fictícia do concreto, em dias. Faz-se: )t( )tt( )t(f )t(f 1 o1 c oc t∞ = tempo da vida útil; f∞ = 1c . 2c = valor final do coeficiente de fluência irreversível para concretos de classes C20 a C45; f∞ = 0,45 1c . 2c = valor final do coeficiente de fluência irreversível para concretos de classes C50 a C90; 1c = coeficiente dependente da umidade relativa do ambiente U (%), e da consistência do concreto (Tabela A.1 da norma); 2c = coeficiente dependente da espessura fictícia (hfic) da peça: fic fic c2 h20 h42 hfic em cm; f (t) ou f (to) = coeficiente relativo à fluência irreversível, função da idade do concreto (ver Figura A.2 da norma); d∞ = 0,4 = valor final do coeficiente de fluência reversível (A.2.2.3 da NBR 6118); d (t) = coeficiente relativo à fluência reversível, função do tempo (t – to), decorrido após o carregamento: 70tt 20tt )t( o o d 9.15 PERDAS PROGRESSIVAS (NBR 6118, item 9.6.3.4) “Os valores parciais e totais das perdas progressivas de protensão, decorrentes da retração e da fluência do concreto e da relaxação do aço de protensão, devem ser determinados considerando-se a interação dessas causas, podendo ser utilizados os processos indicados em UNESP (Bauru/SP) – 2139 – Concreto Protendido Prof. Dr. Paulo Sérgio dos Santos Bastos 51 9.6.3.4.2 a 9.6.3.4.5. Nesses processos admite-se que exista aderência entre a armadura e o concreto e que o elemento estrutural permaneça no estádio I.” 9.15.1 Processo Simplificado para o Caso de Fases Únicas de Operação (Item 9.6.3.4.2) De acordo com o item 9.6.3.4.2 da NBR 6118, esse caso é aplicável quando são satisfeitas as seguintes condições: a) “a concretagem do elemento estrutural, bem como a protensão, são executadas, cada uma delas, em fases suficientemente próximas para que se desprezem os efeitos recíprocos de uma fase sobre a outra; b) os cabos possuem entre si afastamentos suficientemente pequenos em relação à altura da seção do elemento estrutural, de modo que seus efeitos possam ser supostos equivalentes ao de um único cabo, com seção transversal de área igual à soma das áreas das seções dos cabos componentes, situado na posição da resultante dos esforços neles atuantes (cabo resultante). Nesse caso, admite-se que no tempo t as perdas e deformações progressivas do concreto e do aço de protensão, na posição do cabo resultante, com as tensões no concreto c,pog positivas para compressão e as tensões no aço po positivas para tração, sejam dadas por:” ppcp opoopog,cppocs op )t;t()t;t(E)t;t( )t;t( p p op o p po pt E )t;t( )t;t( E )t;t( E )t;t( )t;t( E ocs 28,ci oc co 28,ci pog,c ct onde: )t;t(1ln)t;t( oo )t;t(5,01 oc )t;t(1 op cc2 p I A e1 ; c p p A A ; 28,ci p p E E onde: c,pog = tensão no concreto adjacente ao cabo resultante, provocada pela protensão e pela carga permanente mobilizada no instante to , sendo positiva se for de compressão; (t ; to) = coeficiente de fluência do concreto no instante t para protensão e carga permanente, aplicadas no instante to ; ∆σpo = tensão na armadura ativa devida à protensão e à carga permanente mobilizada no instante to , positiva se for de tração; χ (t ; to) = coeficiente de fluência do aço; εcs (t ; to) = retração no instante t, descontada a retração ocorrida até o instante to ; ψ (t ; to) = coeficiente de relaxação do aço no instante t para protensão e carga permanente mobilizada no instante to ; ∆σc (t ; to) = variação da tensão do concreto adjacente ao cabo resultante entre to e t; UNESP (Bauru/SP) – 2139 – Concreto Protendido Prof. Dr. Paulo Sérgio dos Santos Bastos 52 ∆σp (t ; to) = variação da tensão no aço de protensão entre to e t; ρp = taxa geométrica da armadura de protensão; ep = excentricidade do cabo resultante em relação ao baricentro da seção do concreto; Ap = área da seção transversal do cabo resultante; Ac = área da seção transversal do concreto; Ic = momento central de inércia na seção do concreto. 9.15.2 Processo Aproximado do Item 9.6.3.4.3 “Esse processo pode substituir o estabelecido em 9.6.3.4.2, desde que satisfeitas as mesmas condições de aplicação e que a retração não difira em mais de 25 % do valor: [– 8 . 10-5 (t∞ ; to)] O valor absoluto da perda de tensão devida a fluência, retração e relaxação, com σc,pog em megapascal e considerado positivo se for de compressão, é dado por: a) para aços de relaxação normal (RN) (valor em porcentagem): pog,c 57,1 o p po op 3)t;t( 47 1,18 )t;t( b) para aços de relaxação baixa (RB) (valor em porcentagem): pog,c 07,1 o p po op 3)t;t( 7,18 4,7 )t;t( onde: σpo = tensão na armadura de protensão devida exclusivamente à força de protensão, no instante to .” 9.15.3 Método Geral de Cálculo (item 9.6.3.4.4) “Quando as ações permanentes (carga permanente ou protensão) são aplicadas parceladamente em idades diferentes (portanto não são satisfeitas as condições estabelecidas em 9.6.3.4.2), deve ser considerada a fluência de cada uma das camadas de concreto e a relaxação de cada cabo, separadamente. Pode ser considerada a relaxação isolada de cada cabo, independentemente da aplicação posterior de outros esforços permanentes.” 10. CRITÉRIOS DE PROJETO Os Estados-Limites devem ser considerados na verificação da segurança das estruturas em Concreto Protendido. Apresentam-se a seguir as definições dos Estados-Limites conforme descritos no item 3.2 a NBR 6118. 10.1 Estado-Limite Último (ELU) O Estado-Limite Último é o “estado-limite relacionado ao colapso, ou a qualquer outra forma de ruína estrutural, que determine a paralisação do uso da estrutura”. UNESP (Bauru/SP) – 2139 – Concreto Protendido Prof. Dr. Paulo Sérgio dos Santos Bastos 53 10.2 Estado-Limite de Serviço (ELS) Os Estados-Limites de Serviço são definidos pela norma como “aqueles relacionados ao conforto do usuário e à durabilidade, aparência e boa utilização das estruturas, seja em relação aos usuários, seja em relação às máquinas e aos equipamentos suportados pelas estruturas.” Quando uma estrutura alcança um Estado-Limite de Serviço, o seu uso pode ficar impossibilitado, mesmo que ela ainda não tenha esgotada toda a sua capacidade resistente, ou seja, a estrutura pode não mais oferecer condições de conforto e durabilidade, embora não tenha alcançado a ruína. Os Estados-Limites de Serviço definidos pela NBR 6118 (item 3.2) são: a) Estado-Limite de formação de fissuras (ELS-F): Estado em que inicia a formação de fissuras. Admite-se que este Estado-Limite é atingido quando a tensão de tração máxima na seção transversal for igual a resistência do concreto à tração na flexão (fct,f – resistência do concreto à tração na flexão); Nota: recordar “momento fletor de fissuração na apostila de “Lajes de concreto”, da disciplina Estruturas de Concreto I. b) Estado-Limite de abertura das fissuras (ELS-W): este Estado é alcançado quando as fissuras têm aberturas iguais aos valores máximos especificados pela norma no item 13.4.2. No caso das estruturas de Concreto Protendido com protensão parcial, a abertura de fissura característica está limitada a 0,2 mm, a fim de não prejudicar a estética e a durabilidade; c) Estado-Limite de compressão excessiva (ELS-CE): Estado em que as tensões de compressão atingem o limite convencional estabelecido. É usual no caso de Concreto Protendido na ocasião da aplicação da protensão. Sob tensão de compressão superior a 50 % da resistência à compressão, acentua-se a microfissuração interna do concreto. Acima de 70 % a microfissuração fica instável. Por isso é recomendada a tensão de serviço de apenas 60 % da resistência do concreto. Para verificação simplificada no Estado-Limite Último no ato da protensão a NBR 6118 fixa o limite de 0,7fckj (item 17.2.4.3.2). d) Estado-Limite de deformações excessivas (ELS-DEF): este Estado é alcançado quando as deformações (flechas) atingem os valores limites estabelecidos para a utilização normal, dados em 13.3 da norma. Os elementos fletidos como as vigas e as lajes apresentam flechas em serviço. O cuidado que o projetista estrutural deve ter é de limitar as flechas a valores aceitáveis, que não prejudiquem a estética e causem insegurança aos usuários; e) Estado-Limite de vibrações excessivas (ELS-VE): este Estado é alcançado quando as vibrações atingem os limites estabelecidos para a utilização normal da construção. O projetista deverá eliminar ou limitar as vibrações de tal modo que não prejudiquem o conforto dos usuários na utilização das estruturas; f) Estado-Limite de descompressão (ELS-D): Estado no qual, em um ou mais pontos da seção transversal, a tensão normal é nula, não havendo tração no restante da seção. Situação onde a seção comprimida pela protensão vai sendo descomprimida pela ação dos carregamentos externos, até atingir o ELS-D. Esta verificação deve ser feita no estádio I (concreto não fissurado, comportamento elástico linear dos materiais), item 17.3.4 da NBR 6118. UNESP (Bauru/SP) – 2139 – Concreto Protendido Prof. Dr. Paulo Sérgio dos Santos Bastos 54 Ap CG e p P Mext - + Mext ( ) - + (P) + = - o Figura 80 – Tensões normais devidas à força de protensão e ao momento fletor externo, com tensão nula num ponto (base). g) Estado-Limite de descompressão parcial (ELS-DP): Estado no qual garante-se a compressão na seção transversal, na região onde existem armaduras ativas. Esta região deve se estender até uma distância ap da face mais próxima da cordoalha ou da bainha de protensão. a p Região tracionada Região comprimida Bainha Figura 81 – Dimensão ap no ELS-DP. 11. AÇÕES A CONSIDERAR NOS ESTADOS-LIMITES DE SERVIÇO 11.1 COMBINAÇÕES DE SERVIÇO (NBR 6118, item 11.8.3) a) quase permanentes n 1j k,qjj2 m 1i k,giser,d FFF b) frequentes n 2j k,qjj2k,1q1 m 1i k,giser,d FFFF c) raras n 2j k,qjj1k,1q m 1i k,giser,d FFFF UNESP (Bauru/SP) – 2139 – Concreto Protendido Prof. Dr. Paulo Sérgio dos Santos Bastos 55 11.2 NÍVEIS DE PROTENSÃO (NBR 6118, item 13.4.2, Tabela 13.4) a) protensão completa (nível 3) - para elementos de Concreto Protendido pré-tracionados, em classes de agressividade ambiental III e IV; - exigências a serem atendidas: - Estado-limite de descompressão (ELS-D) com combinação frequente de ações (ELS-D pode ser substituído porELS-DP com ap = 50 mm); - Estado-limite de formação de fissuras (ELS-F) com combinação rara de ações. b) protensão limitada (nível 2) - para elementos de Concreto Protendido pré-tracionados em classe de agressividade ambiental II ou pós-tracionados em ambientes III e IV; - exigências a serem atendidas: - Estado-limite de descompressão (ELS-D - ou ELS-DP com ap = 50 mm), com combinação quase permanente de ações; - Estado-limite de formação de fissuras (ELS-F) com combinação frequente de ações. c) protensão parcial (nível 1) - para elementos de Concreto Protendido pré-tracionados em classe de agressividade ambiental I ou pós-tracionados em ambientes I e II; - exigência a ser atendida: - Estado-limite de abertura de fissuras (ELS-W), com wk 0,2 mm, para combinação frequente de ações. Observações: a) na protensão completa não se admitem tensões normais de tração, a não ser em combinações raras (ocorrência de apenas algumas horas na vida útil), até o ELS-F (início de formação de fissuras); b) na protensão limitada admitem-se tensões normais de tração, sem ultrapassar o ELS-F (início de formação de fissuras). Podem surgir fissuras somente para a combinação rara, que seriam fechadas após cessada essa combinação; c) na protensão parcial admitem-se tensões normais de tração e fissuras com aberturas de até 0,2 mm. 12. ESTIMATIVA DA FORÇA DE PROTENSÃO FINAL P O processo parte dos estados-limites de serviço. Com a estimativa de P determina-se a armadura de protensão (Ap). Devem ser conhecidos: ações atuantes, materiais, geometria, seção transversal, esforços solicitantes, nível de protensão. Considere-se: b = tensão normal na base; t = tensão normal no topo; g1 = peso próprio do elemento estrutural; UNESP (Bauru/SP) – 2139 – Concreto Protendido Prof. Dr. Paulo Sérgio dos Santos Bastos 56 g2 = carga permanente adicional; q1 = carga variável principal; q2 = carga variável secundária; P,est = força de protensão final estimada. Admitindo que os carregamentos externos causem tração na borda inferior da peça, devem ser consideradas as seguintes situações. 12.1 Protensão Completa a) combinação frequente de ações Para respeitar o estado-limite de descompressão na borda inferior: bg1 + bg2 + 1 bq1 + 2 bq2 + bP = 0 de onde resulta bP . P (valor A) sai de: b pest, c est, bP W eP A P Considerando q2 como zero, os diagramas de tensão ficam: fck tg1 Ap CG e p - + + = y t y b bg1 tg2 - + bg2 + - + + bs ts = 0,7 - tq11 . bq11 . - + tp 8 bp 8 = 0 Figura 82 – Tensões na protensão completa, para a combinação frequente de ações. ts 0,7 fck (deve-se sempre verificar). b) combinação rara de ações Para respeitar o estado-limite de formação de fissuras na borda inferior: bg1 + bg2 + bq1 + 1 bq2 + bP = I)ou T seção (para f2,1 )retangular seção (para f5,1 ctk ctk de onde resulta bP . Considerando q2 como zero, os diagramas de tensão ficam: UNESP (Bauru/SP) – 2139 – Concreto Protendido Prof. Dr. Paulo Sérgio dos Santos Bastos 57 ts = 0,7 fck tp 8 bp 8 tg1 Ap CG e p - + + = y t y b bg1 tg2 - + bg2 + - + + bs - - + + tq1 bq1 Figura 83 – Tensões na protensão completa, para a combinação rara de ações. ts 0,7 fck (deve-se sempre verificar). bs = I)ou T seção (para f2,1 )retangular seção (para f5,1 ctk ctk P (valor B) fica definido por: b pest, c est, bP W eP A P Dentre os valores A e B de P escolhe-se o de maior valor absoluto. 12.2 Protensão Limitada a) combinação quase-permanente de ações Para respeitar o estado-limite de descompressão na borda inferior: bg1 + bg2 + 2 bq1 + 2 bq2 + bP = 0 e P (valor A): b pest, c est, bP W eP A P b) combinação frequente de ações Para respeitar o estado-limite de formação de fissuras na borda inferior: bg1 + bg2 + 1 bq1 + 2 bq2 + bP = I)ou T seção (para f2,1 )retangular seção (para f5,1 ctk ctk e P (valor B): b pest, c est, bP W eP A P UNESP (Bauru/SP) – 2139 – Concreto Protendido Prof. Dr. Paulo Sérgio dos Santos Bastos 58 Dentre os valores A e B de P escolhe-se o de maior valor absoluto. 12.3 Protensão Parcial a) combinação quase permanente de ações A NBR 6118 não estabelece esta limitação, mas pode ser adotada na estimativa de P . Para respeitar o estado-limite de descompressão na borda inferior: bg1 + bg2 + 2 bq1 + 2 bq2 + bP = 0 e o valor adotado para P resulta de: b pest, c est, bP W eP A P 13. DETERMINAÇÃO DA FORÇA Pi São feitos os seguintes passos: a) a perda de protensão total deve ser arbitrada. Excluída a perda por atrito dos cabos, a perda total varia entre 20 e 30 %; b) determina-se a força no “macaco”: arb est, est,i P1 P P c) considerando os limites de tensão na armadura de protensão nas operações de estiramento, determina-se a área de armadura de protensão: lim,Pi est,i est,p P A d) com tabelas de aços determinam-se número de fios, cordoalhas ou cabos e a área efetiva, Ap,ef ; e) aproveitando o máximo da capacidade resistente do aço empregado, determina-se Pi,ef : Pi,ef = Pi = Ap,ef . Pi,lim 14. VERIFICAÇÃO DE TENSÕES NORMAIS NA SEÇÃO DE CONCRETO MAIS SOLICITADA PELO CARREGAMENTO EXTERNO Após serem determinadas as forças de protensão (Pi , Pa , Po e P) deve-se verificar as tensões normais no concreto (seção), referentes às diferentes etapas da peça (produção, transporte, montagem, etc.). Tomando os esforços na seção mais solicitada pelos carregamentos externos, as tensões normais devem ser verificadas considerando todas as combinações possíveis de ações, como nas etapas: - de transferência da força de protensão à seção (quando geralmente atua o peso próprio e a protensão); UNESP (Bauru/SP) – 2139 – Concreto Protendido Prof. Dr. Paulo Sérgio dos Santos Bastos 59 - de transporte da peça pré-moldada internamente ou no canteiro (peso próprio, protensão, efeitos dinâmicos no transporte); - de estocagem (no caso de peças pré-moldadas); - de transporte externo à fabrica; - de montagem das peças; - do “estado em vazio” (protensão e peso próprio); - do “estado em serviço” (protensão, peso próprio, demais ações permanentes e demais ações permanentes e frações das ações variáveis). Para cada combinação deve-se verificar os estados-limites de descompressão, de formação de fissuras, etc., conforme o nível de protensão, além do de compressão excessiva. 15. VERIFICAÇÃO DE TENSÕES NORMAIS AO LONGO DO VÃO Esta verificação deve ser feita porque podem ocorrer tensões elevadas em regiões com baixas solicitações do carregamento externo. São utilizados dois processos: das “curvas limites” e do “fuso limite”. O processo das curvas limites é adequado onde existe variação significativa da força de protensão ao longo do vão (por eliminação) da aderência em determinados trechos ou pelo encurvamento e ancoragem de alguns cabos antes dos apoios. O processo do fuso limite é adequado onde a força de protensão se mantém aproximadamente constante ao longo do vão (cabos retos ou com curvatura suave, forças de atrito pequenas), com todos os cabos ancorados juntos aos apoios. 15.1 PROCESSO DAS CURVAS LIMITES Neste processo pode-se estabelecer limites às tensões provocadas pela protensão, ao longo do vão da peça. Considerando todas as combinações de ações, verificadas na seção mais solicitada pelo carregamento externo, deve-se escolher as mais desfavoráveis, como: a)estado em vazio: g1 + Po Atuam somente o peso próprio e a protensão antes das perdas progressivas (“pouca carga e muita protensão”). b) estado em serviço: g + q + P Atuam todas as cargas permanentes, a protensão depois das perdas progressivas, e todas as cargas variáveis, corrigidas pelos fatores (“muita carga e pouca protensão”). Para esses dois estados são impostos limites às tensões normais causadas pela protensão, visando respeitar os estados-limites de serviço (descompressão, formação de fissuras, fissuração inaceitável e compressão excessiva). 15.1.1 Limitações de Tensões para o Estado em Vazio Numa seção qualquer da peça, onde bv,lim e tv,lim são limites das tensões normais no concreto (correspondentes a um determinado estado-limite estabelecido para o estado em vazio), tem-se: UNESP (Bauru/SP) – 2139 – Concreto Protendido Prof. Dr. Paulo Sérgio dos Santos Bastos 60 Ap CG P0 - +- + + = - bpo tpo tg1 bg1 tv bv tv,lim bv,lim P0 ( ) g1 ( ) + g1 ( )v = P0 Figura 84 – Tensões no estado em vazio. Na borda inferior (b = base): bPo + bg1 = bv bv,lim (considerando os sinais) bPo bv,lim - bg1 (I) Na borda superior (t = topo): tPo + tg1 = tv tv,lim tPo tv,lim - tg1 (II) As duas equações aplicam limites para as tensões causadas pela protensão. 15.1.2 Limitações de Tensões para o Estado em Serviço De modo semelhante, na borda inferior: bP + bg + bq = bs bs,lim bP bs,lim - bg - bq (III) Na borda superior: tP + tg + tq = ts ts,lim tP ts,lim - tg - tq (IV) UNESP (Bauru/SP) – 2139 – Concreto Protendido Prof. Dr. Paulo Sérgio dos Santos Bastos 61 Ap CG P - +- + + = bp tp tq bq P( ) q( ) s = ( + g + q )P 8 8 tg - + bg g( ) 8 ts + - bs ts,lim bs,lim 8 8 + Figura 85 – Tensões no estado em serviço. 15.1.3 Curvas Limites para as Tensões Devidas à Protensão As equações I a IV definem curvas limites para as tensões devidas à protensão. Dividindo os membros pela tensão devida à protensão no meio do vão (bPo,m , tPo,m , bP,m , ou tP,m), fica: m,bPo 1bglim,bv m,bPo bPo Cbv (Ia) (curva limite para a borda inferior, em vazio) m,tPo 1tglim,tv m,tPo tPo Ctv (IIa) (curva limite para a borda superior, em vazio) m,bP bqbglim,bs m,bP bP Cbs (IIIa) (curva limite para a borda inferior, em serviço) m,tP tqtglim,ts m,tP tP Cts (IVa) (curva limite para a borda superior, em serviço) 15.1.4 Exemplo de Curvas Limites Considere uma viga simplesmente apoiada, protendida em pista de protensão com armadura composta por seis cordoalhas retas. Um esquema gráfico da viga deve ser feito, como mostrado na Figura 86. Abaixo da viga são desenhadas as curvas limites. No meio do vão, a ordenada máxima das tensões relativas (p/p,m) causadas pela protensão é igual a 1, ou seja, no meio do vão as 6 cordoalhas produzem efeitos totais (100 %). A ordenada 1 é dividida em partes iguais ao número UNESP (Bauru/SP) – 2139 – Concreto Protendido Prof. Dr. Paulo Sérgio dos Santos Bastos 62 de cordoalhas (6), e cada 1/6 representa a contribuição de uma cordoalha nas tensões causadas pela força de protensão total. 0 1 2 3 4 5 Ap = 6 cordoalhas Compressão (to po) IV a IIIa Tra çã o (b as e) Cts Cbs Compressão (base) Ia Cbv Tração (topo) IIa Ctv p p,m 1 1 6 1 6 1 6 Figura 86 – Exemplo de curvas limites em viga com seis cordoalhas. A metade do vão da viga pode ser dividida em cinco partes iguais, e para cada uma das seções definidas devem ser calculados os valores das ordenadas das curvas limites. As tensões relativas devidas à protensão não podem ser mantidas constantes e iguais a 1 entre a seção do meio do vão e o apoio, porque interceptariam as curvas limites Cbv e Ctv , o que significa que as tensões limites no estado em vazio estariam sendo alcançadas. Para evitar isso, pode-se interromper o efeito de alguma cordoalha, em posições adequadas, variando-se assim a intensidade da força de protensão, mantendo-se constante a excentricidade. Em pistas de protensão o efeito da protensão de uma cordoalha (ou fio) pode ser desativado eliminando-se a aderência entre a cordoalha e o concreto, a partir de uma determinada seção, o que pode ser feito revestindo-se a cordoalha com betume, papel kraft, revestimento com mangueiras de plástico flexível (espaguetes). Cada interrupção de uma cordoalha resulta na perda de contribuição dessa cordoalha, representada pelos degraus no diagrama das tensões relativas, isto é, cada degrau significa a desativação de uma cordoalha. No exemplo em questão, quatro das seis cordoalhas chegariam até o apoio. Outras combinações de ações importantes também podem ser analisadas, ou seja, outras curvas limites podem ser geradas, embora seja mais prático trabalhar com apenas as duas mais desfavoráveis. O processo das curvas limites pode também ser empregado no caso de cabos de protensão curvos, interrompidos, comuns na pós-tração. 15.2 PROCESSO DO FUSO LIMITE Este processo é particularmente importante no caso onde não ocorre grande variação da intensidade da força de protensão, isto é, não há interrupção de cabos no vão, sendo todos ancorados nas extremidades da peça. UNESP (Bauru/SP) – 2139 – Concreto Protendido Prof. Dr. Paulo Sérgio dos Santos Bastos 63 No processo das curvas limites são estabelecidos limites para as tensões devidas à protensão, mas no processo do fuso limite são estabelecidos limites para a excentricidade da força de protensão. O fuso limite é uma faixa dentro da altura da peça onde os cabos de protensão devem se situar, de modo que assim os limites das tensões normais são atendidos. Recordando: P M em W ee P A P mp c Ap CG e p P M = P ep em - em Centro de pressão - Figura 87 – Seção submetida à força de protensão e ao momento fletor externo e excentricidades da força P. 15.2.1 Estado em Vazio Considerando no estado em vazio a situação mais desfavorável definida com a atuação do peso próprio da peça e da protensão antes das perdas, e sendo Mg1 o momento fletor devido ao carregamento permanente g1 , tem-se o centro de pressão indicado na Figura 88. CG e p P0 Mg1 = P0 ep emg1 - emg1 Centro de pressão tv tv,lim bv,lim bv + - Figura 88 – Tensões no estado em vazio, com o momento fletor externo devido ao carregamento permanente g1 . a) considerando a borda inferior como crítica o 1g 1mg P M e ; b 1mgpoo bv W eeP A P UNESP (Bauru/SP) – 2139 – Concreto Protendido Prof. Dr. Paulo Sérgio dos Santos Bastos 64 Chamando abv o valor limite de (ep – emg1), isto é, a excentricidade limite do centro de pressão, que ocorre quando bv = bv,lim : lim,bv b bvoo W aP A P lim,bvbv b oo a W A A P A P Sendo ekb a excentricidade limite do núcleo central de inércia da seção, com a qual uma força normal aplicada produz tensão nula na borda inferior, tem-se: cgo lim,bv kbbv 1ea onde todos os valores devem ter os sinais considerados. Portanto, para que a tensão limite na borda inferior não seja ultrapassada, o centro de pressão não poderá estar a uma distância do centro de gravidade da seção transversal maior que abv : ep – emg1 abv ep abv + emg1 emg1= Mg1 / P0 + emg1 ( )abv abv CG da seção O CG da armadura deverá estar acima desta linha Ap Figura 89 – Limite para o fuso no estado em vazio considerandoa borda inferior como crítica. b) considerando a borda superior como crítica t 1mgpoo tv W eeP A P Quando tv = tv,lim , então (ep – emg1) = atv , e : cgo lim,tv kttv 1ea Entre abv e atv deve-se tomar o valor mais desfavorável para determinar o limite para a armadura de protensão. 15.2.2 Estado em Serviço Considerando neste estado a situação mais desfavorável definida com a atuação da protensão após as perdas, a carga permanente total e a sobrecarga variável, tem-se: UNESP (Bauru/SP) – 2139 – Concreto Protendido Prof. Dr. Paulo Sérgio dos Santos Bastos 65 CG e p P Mg+q = ep ep - emgq + - ts,lim ts bs bs,lim 8 Ap P8 Figura 90 – Tensões no estado em serviço, com o momento fletor externo devido à carga permanente total e à carga variável. a) Considerando a borda inferior como crítica b mgqp bs W eeP A P Quando bs = bs,lim , então (ep – emgq) = abs : cg lim,bs kbbs 1ea b) Considerando a borda superior como crítica t mgqp ts W eeP A P Quando ts = ts,lim , então (ep – emgq) = ats , e : cg lim,ts ktts 1ea Toma-se o valor mais desfavorável entre abs e ats , e: ep – emgq ais (i = b, t) ep ais + emgq 15.2.3 Traçado do Fuso Limite Com os esforços em diversas seções transversais e dos resultados calculados conforme exposto, desenha-se o diagrama correspondente ao fuso limite, como mostrado na Figura 91. UNESP (Bauru/SP) – 2139 – Concreto Protendido Prof. Dr. Paulo Sérgio dos Santos Bastos 66 emg1 emgq abs ou ats abv ou atv Região onde deve estar localizada a armadura de protensão CG Figura 91 – Região do fuso limite. Nota-se que a armadura de protensão não poderia ser mantida com excentricidade constante até o apoio. Seria necessário variar a excentricidade. O processo do fuso limite é indicado quando toda a armadura de protensão é ancorada nos topos da peça, e pode-se considerar a força de protensão aproximadamente constante ao longo do vão, que acontece quando a inclinação do cabo resultante é relativamente pequena, e quando as perdas de protensão, principalmente por atrito, não inviabilizam a consideração de um único valor ao longo do vão. fuso limite a) cabos curvos pós-tracionados; b) cabos poligonais pré-tracionados. Figura 92 – Exemplos de aplicação do fuso limite. UNESP (Bauru/SP) – 2139 – Concreto Protendido Prof. Dr. Paulo Sérgio dos Santos Bastos 67 16. ANÁLISE DA RESISTÊNCIA ÚLTIMA À FLEXÃO (ELU) O objetivo mais importante no projeto de uma estrutura ou elemento estrutural é simples: fornecer à estrutura a resistência necessária. A satisfação das tensões limites no concreto e no aço no estado-limite de serviço não garante a resistência necessária e não possibilita determinar a resistência real ou o fator de segurança do elemento estrutural. É com a determinação da capacidade última do elemento, geralmente feita com o cálculo do momento fletor máximo ou último, que se pode garantir a margem de segurança entre o carregamento de serviço e o carregamento último. O comportamento de uma viga protendida simplesmente apoiada, subarmada, com armadura aderente e submetida a um carregamento crescente, pode ser descrito pelo diagrama carga x flecha mostrado na Figura 93. 1 2 3 4 5 6 7 8 9 V ar ia çã o da c ar ga d e se rv iç o N ão fi ss ur ad a E lá st ic a F is su ra da E lá st ic a F is su ra da P lá st ic a MÁXIMO OU ÚLTIMO ESCOAMENTO DO AÇO LIMITE ELÁSTICO (concreto ou aço) FISSURAÇÃO P S DESCOMPRESSÃO BALANCEADO PESO PRÓPRIO ag1 ape api fr CARGA FLECHAu1ª fiss Figura 93 – Diagrama carga x flecha de viga protendida subarmada. api = contraflecha da viga devida à protensão inicial; ape = contraflecha da viga devida à protensão efetiva; ag1 = flecha devida ao peso próprio. Os pontos 1 e 2 correspondem à contraflecha na viga, assumida sem o peso próprio. No entanto, quando a protensão é aplicada, o peso próprio age automaticamente. O ponto 3 representa a contraflecha devida aos efeitos combinados do peso próprio e da força de protensão efetiva (Pe). O ponto 4 representa a flecha zero e corresponde ao estado uniforme de tensão na seção. O ponto 5 representa a descompressão ou tensão zero na fibra da base da viga; o ponto 6 representa a flecha correspondente à primeira fissura. Além do ponto 6 a viga protendida comporta-se de modo similar a uma viga fissurada de Concreto Armado. Se a carga é aumentada, no ponto 7 o concreto ou o aço alcançam o seu regime plástico. No ponto 8 o aço escoa e, finalmente, a capacidade máxima (carga ou momento fletor último) da viga é obtida (ponto 9). UNESP (Bauru/SP) – 2139 – Concreto Protendido Prof. Dr. Paulo Sérgio dos Santos Bastos 68 16.1 TIPOS DE RUPTURA POR FLEXÃO Os seguintes tipos de ruptura podem ocorrer, dependendo da quantidade de armadura de protensão: 1. ruptura da armadura imediatamente após o início da fissuração (ruptura brusca); 2. esmagamento do concreto comprimido, após o escoamento e extensão plástica da armadura; 3. esmagamento do concreto comprimido antes do escoamento da armadura. O diagrama carga x flecha da Figura 94 mostra o comportamento de uma viga com armadura de protensão crescente, onde: p = tensão na armadura de protensão; py = tensão de início de escoamento da armadura de protensão; pu = tensão máxima (última) da armadura de protensão. CARGA FLECHA 3 6 8 9 FISSURAÇÃO RUPTURA NA FISSURAÇÃO ( = ) (ARMADURA MENOR QUE A MÍNIMA) 9 4 RUPTURA - SUBARMADA > ( ) RUPTURA - SUPERARMADA ( ) 8 ESCOAMENTO DO AÇO BALANCEADO a1ª fiss p p pu py p pu p py Figura 94 – Viga com armadura de protensão crescente. 16.2 PRÉ-ALONGAMENTO Define-se como pré-alongamento a deformação na armadura de protensão quando a tensão no concreto ao nível de Ap é zero. Na pré-tração o pré-alongamento é devido à força Pa . No cálculo do momento fletor último, os procedimentos são os mesmos aos das seções em Concreto Armado, devendo-se levar em conta que a armadura de protensão possui um alongamento prévio, existente antes de se considerar as ações externas. À força de protensão de cálculo atuando na peça (Pd) é necessário acrescentar uma parcela de força, equivalente àquela que originou o encurtamento por deformação imediata do concreto, tal que: cpdppdnd APP com cpd = tensão de cálculo no concreto ao nível da armadura de protensão. UNESP (Bauru/SP) – 2139 – Concreto Protendido Prof. Dr. Paulo Sérgio dos Santos Bastos 69 A deformação de pré-alongamento na armadura de protensão, quando nela atua a força Pnd, conforme a Lei de Hooke, é: = E EA P E pp nd pnd EA P O valor de cálculo da força de protensão (Pd) no Estado-Limite Último (ELU), após a ocorrência de todas as perdas progressivas, é: Pd = p . P com: p = 0,9 (efeito favorável); p = 1,2 (efeito desfavorável). e tomando o efeito favorável: c 2 p c cpd I e A 1 P9,0 Para melhor entendimento considere uma seção transversal sujeita a momentos fletores positivos progressivamente aumentados até se atingir a ruptura nos domínios 3 ou 4 (Figura 95): LJAC D M F B G IN H E Borda Superior CG de CG de Borda Inferior na ruptura estado de neutralização com =0 x LN Ec Ap Pd Ep cp cpd Ac Ap = 3,5 ‰cd p1d pd pnd def. de pré-alongamento Figura 95 – Deformações numa seção sob momentos fletores positivos crescentes. a) deformações devidas unicamente à protensão - borda superiorcom deformação de alongamento AC; borda inferior com encurtamento BH; - deformação ao nível do CG: Pd / (A . Ec) = segmento DE; UNESP (Bauru/SP) – 2139 – Concreto Protendido Prof. Dr. Paulo Sérgio dos Santos Bastos 70 - deformação do concreto ao nível do CG da armadura de protensão: cpd / Ec = segmento FG; - deformação da armadura de protensão: Pd / (Ap . Ep) = segmento GI. b) deformações devidas às solicitações externas, até que se anule a deformação na fibra correspondente ao CG da armadura de protensão (ponto F) - o acréscimo dos momentos fletores externos provoca encurtamentos na borda superior (de C a J) e alongamentos na borda inferior (de G a F), que se superpõem aos já existentes devidos à protensão; - no final desta fase, o alongamento da armadura de protensão é FI: c cpd pp d EEA P , que é o pré-alongamento da armadura de protensão (pnd); - pré-alongamento é a deformação de Ap quando a tensão no concreto no CG de Ap é zero (ponto F). c) deformações devidas às solicitações externas, até que se atinja o encurtamento de ruptura do concreto - continuando a aumentar o carregamento externo (momentos fletores), o concreto sofre fissuração na região inferior tracionada e, por consequência, a LN eleva-se; - quando a deformação do concreto na borda superior atinge o valor último de 3,5 ‰, ocorre a ruptura típica dos domínios 3 ou 4; - a deformação na armadura de protensão é p1d (FN), que se soma ao pré-alongamento, resultando a deformação total de cálculo pd (IN). O alongamento plástico excessivo da armadura tracionada (ELU) é atingido quando o valor 10 ‰ é alcançado, a partir do “estado convencional de neutralização”. 16.3 DETERMINAÇÃO DO MOMENTO FLETOR ÚLTIMO Para o cálculo do momento fletor último devem ser consideradas as hipóteses básicas admitidas para o Concreto Armado, como os domínios de cálculo, equações de equilíbrio de forças e de momentos fletores e compatibilidade de deformações. Nota: estudar “Domínios de Deformação” e exercícios de verificação em apostila da disciplina Estruturas de Concreto I. O cálculo do momento fletor último serve também para mostrar se há a necessidade de acrescentar armadura passiva, a fim de aumentar a segurança no ELU. O cálculo de Mu é geralmente feito por tentativas, arbitrando-se a tensão na armadura de protensão (pd,arb) ou a posição x da linha neutra. A solução é encontrada quando há equilíbrio entre as forças de compressão e de tração. Na sequência são apresentadas as formulações para o cálculo de momento fletor último de seções retangulares e T, para os concretos do Grupo I de resistência (do C20 ao C50). Para concretos do Grupo II de resistência (C55 ao C90), conforme a NBR 6118, são necessárias modificações em alguns parâmetros, não apresentados neste texto. UNESP (Bauru/SP) – 2139 – Concreto Protendido Prof. Dr. Paulo Sérgio dos Santos Bastos 71 16.3.1 Seção Retangular Considere a seção transversal retangular mostrada na Figura 96. h 0 ,8 x 0,85 As bw d ' d p Ap d s LN x A's A'c 3,5‰ fcd Rsc Rcc 10‰ Rpt Rst cd sd' p1d sd pd pnd Figura 96 – Tensões e deformações na seção retangular no ELU para concretos do Grupo I de resistência (fck ≤ 50 MPa). Equilíbrio de forças: Rcc + Rsc = Rpt + Rst ccdcc 'AR = 0,85fcd 0,8x bw Rsc = ’sd A’s Rpt = pd Ap Rst = sd As com pd = tensão de cálculo na armadura de protensão. Supondo que As e A’s escoaram: sd = s yk yd f f e ’sd = s yk yd 'f 'f Rsc = f’yd A’s Rst = fyd As 0,85fcd 0,8x bw + f’yd A’s = pd Ap + fyd As wcd sydsydppd b8,0f85,0 'A'fAfA x Compatibilidade de deformações: xd x pd1p cd UNESP (Bauru/SP) – 2139 – Concreto Protendido Prof. Dr. Paulo Sérgio dos Santos Bastos 72 xd x ssd cd 'dx x 'sd cd Equilíbrio de momentos fletores: fazendo somatória de momentos sobre a resultante Rcc tem-se: Mud = pd Ap (dp – 0,4x) + fyd As (ds – 0,4x) + f’yd A’s (0,4x – d’) A condição de segurança estará satisfeita se Mud MSd . 16.3.2 SEÇÃO T Inicialmente supõe-se a seção T como uma seção retangular de largura bf . Se 0,8x hf , então a suposição inicial é verdadeira e o cálculo de Mud é imediato, com as fórmulas desenvolvidas para a seção retangular. Se 0,8x > hf , a linha neutra corta a nervura e um novo equacionamento é necessário, como descrito a seguir (ver Figura 97). h 0 ,8 x As bw Ap h f 3,5 ‰ bw d s d p I 2 III bf bw- 2 bf bw- bf LN x II II + III bf bw- Rcc,m Rpt Rst d s d p - d p 0 ,5 h f - 0 ,5 h f I Rcc,n bw cd p1d sd 10 ‰pnd pd Figura 97 – Tensões e deformações na seção T no ELU. Equilíbrio de forças: Rcc,m = resultante das tensões de compressão na mesa (regiões II e III); Rcc,n = resultante das tensões de compressão na nervura (região I). Rcc,m + Rcc,n = Rpt + Rst Rcc,m = 0,85fcd (bf – bw) hf Rcc,n = 0,85fcd 0,8x fcd UNESP (Bauru/SP) – 2139 – Concreto Protendido Prof. Dr. Paulo Sérgio dos Santos Bastos 73 Rpt = pd Ap Rst = sd As Supondo que a armadura passiva tracionada As escou: 0,85fcd (bf – bw) hf + 0,85fcd 0,8x bw = pd Ap + fyd As wcd fwfcdsydppd b8,0f85,0 hbbf85,0AfA x Equilíbrio de momentos fletores: fazendo somatória de momentos sobre a resultante Rcc,n tem-se: Mud = 0,85fcd (bf – bw) hf (0,4x – 0,5hf) + pd Ap (dp – 0,4x) + fyd As (ds – 0,4x) A condição de segurança estará satisfeita se Mud MSd 16.3.3 ROTEIRO PARA CÁLCULO DE Mud a) cálculo do pré-alongamento (pnd); b) determinação da tensão na armadura (pd), supondo inicialmente que a ruptura ocorre nos domínios 3 ou 4: cd = 0,85fcd ; cd = 3,5 ‰ c) por tentativa: c1) pd (1) = fpyd = fpyk/1,15 c2) equações de equilíbrio resulta x; c3) equação de compatibilidade de deformações resulta p1d ; c4) se p1d 10 ‰ : domínio 2; - determina-se a tensão pd na armadura com pd = p1d + pnd - xd x pd1p cd com p1d = 10 ‰ e cd ≤ 3,5 ‰ se cd ≤ 3,5 ‰ a hipótese de domínio 2 está correta. UNESP (Bauru/SP) – 2139 – Concreto Protendido Prof. Dr. Paulo Sérgio dos Santos Bastos 74 16.4 EXEMPLOS DE CÁLCULO DE Mud 1) Determine o momento fletor último de uma viga retangular em Concreto Protendido com aderência entre armadura de protensão e o concreto, sendo conhecidos: C40 (Ecs = 30.105 MPa) c = 1,3 (elemento pré-fabricado) armadura ativa: Ap = 9,87 cm2 (10 cordoalhas CP190 RB 12,7 mm; fptk = 1.900 MPa , fpyk = 1.710 MPa) Ep = 196.000 MPa armaduras passivas: As = 25,20 cm2 A’s = 10,00 cm2 (CA-50 – fyk = 500 MPa , fyd = 434,8 MPa, yd = 2,07 ‰ , s = 1,15) p∞ = 1.220 MPa Erro máximo no cálculo de Mud = 1 %. As e p - d s 8 0 c m Ap = 7 3 40 cm 4 7 = 3 3 d p Ap A's Figura 98 – Seção transversal da viga (medidas em cm). Resolução Área da seção transversal de concreto: Ac = 40 . 80 = 3.200 cm2 Momento de inércia da seção: 667.706.1 12 8040 12 hb I 33 w c cm4 Força de protensão final: P∞ = Ap . p = 9,87 ( 122,0) = 1.204,1 kN Razão modular: 51,6 30105 196000 E E cs p p Tensão no concreto ao nível da armadura de protensão: 145,1 1706667 331,1204 3200 1,1204 I eP A P 2 c 2 p c cp kN/cm2 Força de protensãopara cálculo da deformação de pré-alongamento: UNESP (Bauru/SP) – 2139 – Concreto Protendido Prof. Dr. Paulo Sérgio dos Santos Bastos 75 cpppn APP Pn = 1204,1 + 6,51 . 9,87 . ( 1,145) = 1.277,7 kN Para o valor de cálculo de Pn deve-se considerar p = 0,9 (“efeito favorável”), porque quanto maior a força de protensão, maior o momento fletor último. Existirá uma margem de segurança com a consideração de um momento fletor último (teórico) menor que aquele real apresentado pela viga, lembrando que a verificação para a segurança é: Mud ≥ MSd . Pnd = p . Pn = 0,9 ( 1277,7) = 1.150,0 kN Deformação de pré-alongamento: 00594,0 1960087,9 0,1150 EA P pp nd pnd 5,94 ‰ Cálculo por tentativas adotando a tensão na armadura de protensão. a) primeira tentativa: pd (1) = fpyd = 0,487.1 15,1 1710f s pyk MPa Cálculo da posição da linha neutra considerando a seção retangular, e com a hipótese de que as armaduras passivas escoaram: wcd sydsydppd b8,0f85,0 'A'fAfA x = 43,25 408,0 3,1 0,4 85,0 00,1048,4320,2548,4387,97,148 cm Deformação na armadura de protensão, supondo domínio 3 ou 4: xd x pd1p cd 43,2573 43,255,3 d1p p1d = 6,54 ‰ pyd = 7,59 ‰ , a armadura de protensão está escoando, o que significa que o domínio é o 3. Caso resultasse pd 1 % portanto, fazer nova tentativa para diminuir o erro. b) segunda tentativa: pd (2) = 1.516,5 MPa = 151,65 kN/cm2 (a tensão resultante da primeira tentativa) Posição da linha neutra: wcd sydsydppd b8,0f85,0 'A'fAfA x = 78,25 408,0 3,1 0,4 85,0 00,1048,4320,2548,4387,965,151 cm Deformação na armadura de protensão, supondo domínio 3 ou 4: xd x pd1p cd 78,2573 78,255,3 d1p UNESP (Bauru/SP) – 2139 – Concreto Protendido Prof. Dr. Paulo Sérgio dos Santos Bastos 77 p1d = 6,41 ‰ yd = 2,07 ‰ portanto, a armadura passiva tracionada As está escoando e a tensão é fyd = 43,48 kN/cm2, conforme se verifica no diagrama σ x ε do aço CA-50, mostrado na Figura 101. UNESP (Bauru/SP) – 2139 – Concreto Protendido Prof. Dr. Paulo Sérgio dos Santos Bastos 78 'dx x 'sd cd 478,25 78,25 ' 5,3 sd ’sd = 2,96 ‰ > yd = 2,07 ‰ portanto, a armadura passiva comprimida A’s está escoando e a tensão é f’yd = 43,48 kN/cm2, conforme se verifica no diagrama σ x ε do aço CA-50, mostrado na Figura 101. 434,8 (MPa) 2,07 0 10 (‰) fyd sd pd yd CA-50 Figura 101 – Diagrama σ x ε do aço CA-50. O momento fletor último é: Mud = pd Ap (dp – 0,4x) + fyd As (ds – 0,4x) + f’yd A’s (0,4x – d’) Mud = 151,57 . 9,87 (73 – 0,4 . 25,78) + 43,48 . 25,20 (73 – 0,4 . 25,78) + 43,48 . 10,00 (0,4 . 25,78 – 4) Mud = 165.212 kN.cm deve-se ter Mud ≥ MSd 2) Determine o momento fletor último de uma viga retangular pré-tensionada em Concreto Protendido com aderência entre a armadura de protensão e o concreto, sendo conhecidos: C35 (Ecs = 28.161 MPa) ; c = 1,4 armadura ativa: Ap = 5,92 cm2 (6 cordoalhas CP190 RB 12,7 mm ; fptk = 1.900 MPa , fpyk = 1.710 MPa) Ep = 196.000 MPa armadura passiva: As = 7,60 cm2 (CA-50 ; fyk = 500 MPa , fyd = 434,8 MPa, yd = 2,07 ‰ , s = 1,15) p∞ = 1.024 MPa Erro máximo no cálculo de Mud = 1 %. CG Ap 2 2 30 cm = 5 2 d s 6 0 c m As e p d p = 5 6 Figura 102 – Seção transversal da viga. UNESP (Bauru/SP) – 2139 – Concreto Protendido Prof. Dr. Paulo Sérgio dos Santos Bastos 79 Resolução Área da seção transversal de concreto: Ac = 30 . 60 = 1.800 cm2 Momento de inércia da seção: 000.540 12 6030 12 hb I 33 w c cm4 Força de protensão final: P∞ = 5,92 ( 102,4) = 606,2 kN Razão modular: 96,6 28161 196000 E E cs p p Tensão no concreto ao nível da armadura de protensão: 880,0 540000 222,606 1800 2,606 I eP A P 2 c 2 p c cp kN/cm2 Força de protensão para cálculo da deformação de pré-alongamento: cpppn APP Pn = 606,2 + 6,96 . 5,92 ( 0,880) = 642,5 kN Pnd = p . Pn = 0,9 ( 642,5) = 578,2 kN (ver Exemplo 1 quanto ao valor de p) Deformação de pré-alongamento: 00498,0 1960092,5 2,578 EA P pp nd pnd 4,98 ‰ Cálculo por tentativa adotando a tensão na armadura de protensão. a) primeira tentativa: pd (1) = fpyd = 0,487.1 15,1 1710f s pyk MPa Cálculo da posição da linha neutra considerando a seção retangular, supondo que a armadura passiva tracionada tenha escoado (sd = fyd): wcd sydsydppd b8,0f85,0 'A'fAfA x = 74,23 308,0 4,1 5,3 85,0 60,748,4392,57,148 cm UNESP (Bauru/SP) – 2139 – Concreto Protendido Prof. Dr. Paulo Sérgio dos Santos Bastos 80 Deformação na armadura de protensão, supondo domínio 3 ou 4: xd x pd1p cd 74,2352 74,235,3 d1p p1d = 4,17 ‰ pyd = 7,59 ‰ , a armadura de protensão está escoando, o que significa que o domínio é o 3. Caso resultasse pdpd = 1.496,4 MPa, sendo o erro de: UNESP (Bauru/SP) – 2139 – Concreto Protendido Prof. Dr. Paulo Sérgio dos Santos Bastos 81 6,01001 0,1487 4,1496 % yd = 2,07 ‰ portanto, a armadura passiva tracionada As está escoando e a tensão é fyd = 43,48 kN/cm2, conforme se verifica no diagrama σ x ε do aço CA-50, mostrado na Figura 101. O momento fletor último é: Mud = pd Ap (dp – 0,4x) + fyd As (ds – 0,4x) + f’yd A’s (0,4x – d’) Mud = 149,64 . 5,92 (52 – 0,4 . 23,74) + 43,48 . 7,60 (56 – 0,4 . 23,74) Mud = 53.020 kN.cm MSd Mud MSd 53.020 kN.cm 3) Calcular o momento fletor último da viga I pré-tensionada (Figura 104), com aderência entre a armadura de protensão e o concreto. Dados: C30 (Ecs = 26.072 MPa) c = 1,3 (peça pré-moldada) armadura ativa: Ap = 6,91 cm2 (7 cordoalhas CP190 RB 12,7 mm ; fptk = 1.900 MPa , fpyk = 1.710 MPa) Ep = 196.000 MPa Ac = 1.136 cm2 Ic = 499.440 cm4 P∞ = 718 kN Erro máximo no cálculo de Mud = 2 %. 1 0 ,2 5 ,1 1 5 ,2 1 5 ,2 5 ,1 1 0 ,2 4 3 ,7 1 2 ,7 1 7 ,8 1 7 ,8 1 2 ,7 1 3 ,2 30,5 6 1 ,0 10,2 e p CG Figura 104 – Seção transversal da viga (medidas em cm). Resolução Razão modular: 52,7 26072 196000 E E cs p p UNESP (Bauru/SP) – 2139 – Concreto Protendido Prof. Dr. Paulo Sérgio dos Santos Bastos 82 Tensão no concreto ao nível da armadura de protensão: 883,0 499440 2,13718 1136 718 I eP A P 2 c 2 p c cp kN/cm2 Força de protensão para cálculo da deformação de pré-alongamento: cpppn APP Pn = 718 + 7,52 . 6,91 . ( 0,883) = 763,9 kN Pnd = p . Pn = 0,9 ( 763,9) = 687,5 kN (ver Exemplo 1 quanto ao valor de p) Deformação de pré-alongamento: 00508,0 1960091,6 5,687 EA P pp nd pnd 5,08 ‰ Cálculo por tentativa adotando a tensão na armadura de protensão. a) primeira tentativa: pd (1) = fpyd = 0,487.1 15,1 1710f s pyk MPa Cálculo da posição da linha neutra supondo que a seção T poderá ser calculada como seção retangular com largura bw = bf = 30,5 cm: wcd sydsydppd b8,0f85,0 'A'fAfA x = 47,21 5,308,0 3,1 0,3 85,0 91,67,148 cm 0,8 x = 17,17 cm > hf = 12,7 cm, portanto, a seção deve ser calculada como T, e não como retangular com bw = bf . Recálculo de x para a seção T: wcd fwfcdsydppd b8,0f85,0 hbbf85,0AfA x 60,32 2,10.8,0 3,1 0,3 85,0 7,122,105,30 3,1 0,3 85,091,6.7,148 x cm 0,8 x = 26,08 cm > hf = 12,7 cm confirma a seção T. Deformação na armadura de protensão, supondo que a viga está no domínio 3 ou 4: UNESP (Bauru/SP) – 2139 – Concreto Protendido Prof. Dr. Paulo Sérgio dos Santos Bastos 83 xd x pd1p cd 6,327,43 6,325,3 d1p p1d = 1,19 ‰ hf = 12,7 cm confirma a seção T. Deformação na armadura de protensão, supondo domínio 3 ou 4: xd x pd1p cd 04,277,43 04,275,3 d1p p1d = 2,16 ‰ 2 % → não ok! c) terceira tentativa: pd (3) = 6,388.1 2 1,13580,1419 MPa Da seção T: wcd fwfcdsydppd b8,0f85,0 hbbf85,0AfA x 35,28 01,16 16,454 2,10.8,0 3,1 0,3 85,0 7,122,105,30 3,1 0,3 85,091,6.86,138 x cm 0,8 x = 22,68 cm > hf = 12,7 cm confirma a seção T. Deformação na armadura de protensão, supondo domínio 3 ou 4: xd x pd1p cd 35,287,43 35,285,3 d1p p1d = 1,89 ‰ 10 ‰ não é domínio 3 ou 4, e sim o domínio 2. Cálculoconsiderando o domínio 2, fazendo p1d = 10 ‰ (valor máximo): pd = pnd + p1d = 4,92 + 10,0 = 14,92 ‰ Deformação de início de escoamento da armadura de protensão: = . E 00744,0 200000 1487 E f p pyd pyd = 7,44 ‰ 1487 (MPa) 1652 7,440 14,92 35 27,56 7,48 1531,8 pd pd 1 6 5 (‰) ud y fptd fpyd yd Figura 106 – Diagrama tensão x deformação do aço da armadura de protensão. UNESP (Bauru/SP) – 2139 – Concreto Protendido Prof. Dr. Paulo Sérgio dos Santos Bastos 87 56,27 165 48,7 y y = 44,78 MPa Para pd = 14,92 ‰ resulta a tensão: pd = 1487,0 + 44,78 = 1.531,8 MPa. Equação de equilíbrio para seção T calculada como retangular com bw = bf = 30 cm: wcd sydsydppd b8,0f85,0 'A'fAfA x = 69,12 308,0.125,2 50,2.48,4320,3.48,4395,318,153 cm 0,8x = 0,8 . 12,69 = 10,15 cm 2,07 ‰ sd = fyd → ok, conforme se verifica no diagrama σ x ε do aço CA-50, mostrado na Figura 101. Verificação da tensão na armadura passiva comprimida: 'dx x 'sd cd 469,12 69,1223,3 sd ’sd = 2,21 ‰ > 2,07 ‰ ’sd = f’yd → ok, conforme se verifica no diagrama σ x ε do aço CA-50, mostrado na Figura 101. Todas as verificações efetuadas confirmaram que o domínio é realmente o 2. Desse modo, a tensão na armadura de protensão é o valor de 1.531,8 MPa. O momento fletor último resulta: Mud = pd Ap (dp – 0,4x) + fyd As (ds – 0,4x) + f’yd A’s (0,4x – d’) Mud = 153,18 . 3,95 (52 – 0,4 . 12,69) + 43,48 . 3,20 (56 – 0,4 . 12,69) + 43,48 . 2,50 (0,4 . 12,69 4) Mud = 36.150 kN.cm UNESP (Bauru/SP) – 2139 – Concreto Protendido Prof. Dr. Paulo Sérgio dos Santos Bastos 88 5) Para uma viga protendida, qual a quantidade de armadura passiva necessária para a viga resistir ao momento fletor solicitante. Dados: C25 (Ecs = 23.800 MPa) c = 1,4 armadura ativa: Ap = 9,87 cm2 (10 cordoalhas CP190 RB 12,7 mm ; fptk = 1.900 MPa , fpyk = 1.710 MPa) Ep = 195.000 MPa armadura passiva tracionada As = ? (CA-50 – fyk = 500 MPa, fyd = 434,8 MPa, yd = 2,07 ‰ , s = 1,15) P∞ = 1.100 kN MSd = 203.200 kN.cm Erro máximo no cálculo de Mud = 1 %. 1 2 0 Ap 40 = 1 1 5 = 1 1 0 d sd p As Figura 107 – Seção transversal da viga (medidas em cm). Resolução Área da seção transversal de concreto: Ac = 40 . 120 = 4.800 cm2 Momento de inércia da seção: 000.760.5 12 12040 12 hb I 33 w c cm4 Cálculo da posição da linha neutra tendo As como incógnita: wcd sydsydppd b8,0f85,0 'A'fAfA x = 408,0 4,1 5,2 85,0 A48,4387,97,148 s x = 30,22 + 0,8956 As Substituindo x na equação do momento fletor e fazendo Mud = MSd = 203.200 kN.cm, determina-se a armadura As : Mud = pd Ap (dp – 0,4x) + fyd As (ds – 0,4x) + f’yd A’s (0,4x – d’) 203200 = 148,7 . 9,87 [110 0,4 (30,22 + 0,8956As)] + 43,48As [115 0,4 (30,22 + 0,8956As)] 203200 = 161443,6 17741,2 525,8As + 5002,5As 525,8As 15,58As 2 As 2 253,6As + 3818,8 = 0 As = 16,08 cm2 x = 30,22 + 0,8956 . 16,08 = 44,62 Deformação na armadura de protensão, supondo domínio 3 ou 4.: UNESP (Bauru/SP) – 2139 – Concreto Protendido Prof. Dr. Paulo Sérgio dos Santos Bastos 89 xd x pd1p cd 62,44110 62,445,3 d1p p1d = 5,13 ‰ pyd = 7,59 ‰ , a armadura de protensão está escoando, o que significa que o domínio é o 3. Considerando o diagrama x adotado pela NBR 6118 para os aços de protensão, a tensão na armadura pode ser calculada. com: 652.1 15,1 1900f f s ptk ptd MPa 371,27 165 91,2 y y = 17,5 MPa Para pd = 10,54 ‰ resulta a tensão: pd = 1487,0 + 17,5 = 1.504,5 MPa. Erro: 2,1100 0,1487 5,1504 1 % yd = 2,07 ‰ portanto, a tensão na armadura passiva tracionada As é fyd = 43,48 kN/cm2. 17. ANÁLISE DO ESTADO-LIMITE ÚLTIMO RELATIVO À FORÇA CORTANTE 17.1 EFEITOS DA FORÇA CORTANTE A força de protensão longitudinal introduz nas peças de concreto tensões de compressão que reduzem as tensões principais de tração, e as fissuras de “cisalhamento” apresentam-se com menor inclinação que nas vigas de Concreto Armado. As bielas comprimidas apresentam-se com ângulos de inclinação entre 15 e 35, menores que o ângulo da “Treliça Clássica” (45). Quanto maior o grau de protensão, menores são os esforços de tração na alma, sendo menor a quantidade de armadura transversal necessária. No caso de vigas protendidas isostáticas, o encurvamento dos cabos nas proximidades dos apoios produz uma componente de força contrária à força cortante solicitante. UNESP (Bauru/SP) – 2139 – Concreto Protendido Prof. Dr. Paulo Sérgio dos Santos Bastos 91 VSd = Vd Pd sen Vd Pd cos Pd Pd sen Figura 109 – Componente de força devido à curvatura do cabo. 17.2 EFEITO DA COMPONENTE TANGENCIAL DA FORÇA DE PROTENSÃO (NBR 6118, item 17.4.1.2.2) “No valor de VSd , deve ser considerado o efeito da projeção da força de protensão na sua direção, com o valor de cálculo correspondente ao tempo t considerado. Entretanto, quando esse efeito for favorável, a armadura longitudinal de tração junto à face tracionada por flexão deve satisfazer à condição: Ap fpyd + As fyd VSd Essa condição visa fornecer uma melhor contribuição do concreto na zona (banzo) comprimida pela flexão, garantindo a rigidez do banzo tracionado. Rcc As Ap Banzo de concreto comprimido Figura 110 – Banzo de concreto comprimido próximo ao apoio. 17.3 VERIFICAÇÃO DO ESTADO-LIMITE ÚLTIMO (ELU) (NBR 6118, item 17.4.2) Deve-se ter: 2RdSd VV swcSd VVV UNESP (Bauru/SP) – 2139 – Concreto Protendido Prof. Dr. Paulo Sérgio dos Santos Bastos 92 onde: VSd = força cortante solicitante de cálculo na seção; VRd2 = força cortante resistente de cálculo, relativa à ruína das diagonais comprimidas de concreto; VRd3 = Vc + Vsw = força cortante resistente de cálculo, relativa à ruína por tração diagonal; Vsw = parcela absorvida pela armadura transversal. 17.3.1 Modelo de Cálculo I Treliça Clássica = 45 dbf27,0V wcd2v2Rd com 250 f 1 ck 2v (fck em MPa). Armadura transversal: )cos(senfd9,0 V s A ywd sw,sw oo 9045 (inclinação dos estribos) Na flexo-compressão: 0c máx,Sd 0 0cc V2 M M 1VV dbf6,0V wctd0c 3 2 ck cc ctm c inf,ctk ctd f 3,0.7,0f7,0f f onde: bw = menor largura da seção, compreendida ao longo da altura útil d. Quando existirem bainhas injetadas com diâmetro > bw/8 , a largura resitente deve ser: 2 1 bw na posição da alma que essa diferença seja mais desfavorável; fywd = fyd 435 MPa; quando os estribos forem protendidos, consultar a NBR 6118; M0 = momento fletor que anula a tensão normal de compressão na borda da seção (tracionada por Md,máx), provocada pelas forças normais de diversas origens concomitantes com VSd, sendo essa tensão calculada com valores de f e p iguais a 0,9, respectivamente; M0 corresponde ao momento fletor que anula a tensão normal na borda menos comprimida, ou seja, corresponde ao momento de descompressão referente a uma situação inicial de solicitação em que atuam: UNESP (Bauru/SP) – 2139 – Concreto Protendido Prof. Dr. Paulo Sérgio dos Santos Bastos 93 a) a força normal e o momento fletor (Npd e Mpd) provacados pela protensão, ponderados por p = 0,9; b) as forças normais oriundos de carregamentos externos (Ngd e Nqd), afetados por f = 0,9 ou 1,0, desconsiderando-se a existência de momentos fletores concomitantes, pp c b qgfpo eP A W NPM onde Wb/Ac corresponde à distância da extremidade superior do núcleo central de inércia da seção ao centro de gravidade, ou seja, corresponde à excentricidade do centro de pressão com a qual a tensão na borda inferior se anula. MSd,max = momento fletor de cálculo, máximo no trecho em análise, que pode ser tomado como o de maior valor no semitramo considerado, (para esse cálculo, não se consideram os momentos isostáticos de protensão, apenas os hiperestáticos). No cálculo da “contribuição do concreto”, dado pela parcela Vc , a relação Mo/MSd,máx fornece uma indicação do estado de fissuração por flexão no trecho considerado, no ELU. Se a relação é próxima de zero (Mo tem valor muito pequeno), então a região estará com esforços de tração e possivelmente fissurada por flexão (zona b). Se a relação tem valor 1,0 (Mo tem valor próximo de MSd,máx), então não há fissuração (zona a). R cc Ap Vc Banzo comprimido Vp R pt zona bzona a + - fctk Tensões na borda inferior Figura 111 – Zona b com fissuração e zona a sem fissuração. Os ensaios demonstraram que o estado de fissuração por flexão influi significativamente nos estados de tração na alma. Se o banzo tracionado não está fissurado (zona a), a tensão no estribo é bem menor do que a tensão no estribo na zona fissurada, o que permite a redução dos estribos. 17.3.2 Modelo de Cálculo II No Modelo de Cálculo II o ângulo de inclinação das bielas de concreto comprimido pode variar entre 30o e 45o. gcotgcotsendbf54,0V 2 wcd2v2Rd UNESP (Bauru/SP) – 2139 – Concreto Protendido Prof. Dr. Paulo Sérgio dos Santos Bastos 94 2RdSd VV cSdsw VVV Na flexo-compressão: 1c máx,Sd 0 1cc V2 M M 1VV com: Vc1 = Vc0 para VSd Vc0 e Vc1 = 0 para VSd = VRd2 interpolando-se os valores intermediários de Vc1 de maneira inversamente proporcional ao acréscimo de VSd . sencotggcotfd9,0 V s A ywd sw,sw 18. QUESTIONÁRIO 1) O que é protender? Definir Concreto Protendido. 2) Como a protensão pode melhorar as condições de utilização do concreto? 3) Definir armaduras ativa e passiva. 4) Faça comparações entre o Concreto Armado e o Concreto Protendido. 5) O que é Concreto Protendido com armadura ativa pré-tracionada (protensão com aderência inicial) e como é aplicada na fabricação das peças? 6) O que é Concreto Protendido com armadura ativa pós-tracionada com aderência posterior, e como é aplicada na fabricação das peças? 7) O que é Concreto Protendido com armadura ativa pós-tracionada sem aderência, e como é aplicada na fabricação das peças? 8) Qual a resistência mínima à compressão para o concreto nas peças de Concreto Protendido? Relacione a resistência com a relação a/c. 9) Por que são desejadas resistências elevadas para o concreto no Concreto Protendido? 10) Por que pode ser interessante usar o cimento ARI? 11) O que é cura térmica a vapor? Quando é interessante aplicá-la? 12) Quais são os dados de interesse no projeto das estruturas de Concreto Protendido? 13) De que forma os aços para armadura ativa são apresentados pelas fábricas no Brasil? Em que forma são fornecidos? 14) O que é cordoalha engraxada? Em que tipo de estrutura vem sendo aplicada em grande quantidade no Brasil? 15) O que são barras de aço-liga? 16) O que é relaxação? O que significam as notações RN e RB? 17) Como se prescreve um aço para armadura ativa? 18) O que são fptk e fpyk ? 19) Quais os valores para o módulo de elasticidade do aço de protensão? 20) Desenhe o diagrama tensão x deformação do aço de protensão? 21) O que é ancoragem? Por que é usada no Concreto Protendido? UNESP (Bauru/SP) – 2139 – Concreto Protendido Prof. Dr. Paulo Sérgio dos Santos Bastos 95 22) Para que servem a cunha e porta-cunha? 23) O que são ancoragem ativa e passiva? 24) Como são os dispositivos para a ancoragem da armadura de protensão na peça? 25) O que é a bainha e para que serve? 26) Que tipo de ancoragem é comum no uso da cordoalha engraxada? 27) Definir as forças de protensão Pi , Pa , Po e Pt . 28) Desenhe um diagrama força de protensão x tempo para estruturas protendidas com pré- tração. 29) Desenhe um diagrama força de protensão x tempo para estruturas protendidas com pós- tração. 30) O que são valores limites de tensão na armadura de protensão e por que existem? 31) O que é perda de protensão? 32) Definir perda de protensão por escorregamento dos fios na ancoragem. Quando ocorrem na fabricação dos elementos de Concreto Protendido com pré-tração e pós-tração? 33) Definir perda de protensão por retração e por fluência. Em que fases ocorrem? Como são calculadas? 34) O que é perda por relaxação da armadura de protensão? Quando ocorre e como é calculada? 35) O que é perda por deformação imediata do concreto? Quando ocorre e como é calculada? 36) O que é perda por atrito? Quando ocorre e como é calculada? 37) O que são perdas de protensão iniciais e progressivas? Cite exemplos. 38) Como é determinada a força de protensão Pa no caso de pré-tração? 39) Como é determinada a força de protensão Po no caso de pré-tração? 40) Como é determinada a força de protensão Po no caso de pós-tração? 41) O que é e como é determinada a força de protensão P ? 42) Definir os seguintes Estados Limites de Serviço: ELS-D, ELS-DP, ELS-F, ELS-W, ELS- CE. 43) Para verificação no ELU no ato da protensão, qual é a tensão limite especificada pela NBR 6118 para o concreto comprimido? 44) Definir o que são as combinações: quase-permanente, frequente e rara. Como são calculados os valores das ações relativas a essas combinações? 45) Quais as características principais de cada um dos três níveis de protensão? 46) Numa peça em ambiente CAA II e com pré-tensão, qual o nível de protensão indicado pela NBR 6118? 47) Uma peça em ambiente CAA III e com pré-tensão pode ser projetada com protensão parcial? Explique. 48) Uma peça em ambiente CAA II e com pré-tensão pode ser projetada com protensão completa? Explique. 49) Uma peça em ambiente CAA IV e com pós-tensão pode ser projetada com protensão limitada? Explique. 50) Por que devem ser verificadas as tensões na seção transversal na seção mais solicitada? Quais as etapas importantes nessa verificação? 51) O que são estados em vazio e em serviço? Qual a importância de fazer verificações de tensões nesses58 15. VERIFICAÇÃO DE TENSÕES NORMAIS AO LONGO DO VÃO ............................ 59 15.1 PROCESSO DAS CURVAS LIMITES ........................................................................... 59 15.1.1 Limitações de Tensões para o Estado em Vazio ........................................................ 59 15.1.2 Limitações de Tensões para o Estado em Serviço ..................................................... 60 15.1.3 Curvas Limites para as Tensões Devidas à Protensão ............................................... 61 15.1.4 Exemplo de Curvas Limites ....................................................................................... 61 15.2 PROCESSO DO FUSO LIMITE ..................................................................................... 62 15.2.1 Estado em Vazio ........................................................................................................ 63 15.2.2 Estado em Serviço ...................................................................................................... 64 15.2.3 Traçado do Fuso Limite ............................................................................................. 65 16. ANÁLISE DA RESISTÊNCIA ÚLTIMA À FLEXÃO (ELU) ....................................... 67 16.1 TIPOS DE RUPTURA POR FLEXÃO ............................................................................ 68 16.2 PRÉ-ALONGAMENTO................................................................................................... 68 16.3 DETERMINAÇÃO DO MOMENTO FLETOR ÚLTIMO ............................................. 70 16.3.1 Seção Retangular ........................................................................................................ 71 16.3.2 SEÇÃO T ................................................................................................................... 72 16.3.3 ROTEIRO PARA CÁLCULO DE Mud ..................................................................... 73 16.4 EXEMPLOS DE CÁLCULO DE Mud ............................................................................. 74 17. ANÁLISE DO ESTADO-LIMITE ÚLTIMO RELATIVO À FORÇA CORTANTE .. 90 17.1 EFEITOS DA FORÇA CORTANTE ............................................................................... 90 17.2 EFEITO DA COMPONENTE TANGENCIAL DA FORÇA DE PROTENSÃO ........... 91 17.3 VERIFICAÇÃO DO ESTADO-LIMITE ÚLTIMO (ELU) ............................................. 91 17.3.1 Modelo de Cálculo I ................................................................................................... 92 17.3.2 Modelo de Cálculo II ................................................................................................. 93 18. QUESTIONÁRIO ............................................................................................................... 94 19. BIBLIOGRAFIA ................................................................................................................. 96 UNESP (Bauru/SP) – 2139 – Concreto Protendido Prof. Dr. Paulo Sérgio dos Santos Bastos 1 1. PROTENSÃO NAS ESTRUTURAS DE CONCRETO O concreto é um material resistente às tensões de compressão, mas sua resistência à tração varia de 8 a 15 % da resistência à compressão. O Concreto Protendido surgiu como uma evolução do Concreto Armado, com a ideia básica de aplicar tensões prévias de compressão, na região da seção transversal da peça, que será tracionada posteriormente pela ação do carregamento externo aplicado na peça. Desse modo, as tensões de tração finais são diminuídas pelas tensões de compressão pré-aplicadas na peça (protensão). Assim, pretende-se diminuir os efeitos da baixa resistência do concreto à tração. Sob flexão, o concreto desenvolve fissuras, ainda em estágios iniciais de carregamento, e para reduzir ou impedir tais fissuras, uma força de compressão concêntrica ou excêntrica pode ser imposta na direção longitudinal do elemento, que age eliminando ou reduzindo as tensões de tração nas seções críticas do meio do vão e dos apoios, elevando a capacidade das seções à flexão, à força cortante e à torção. As seções podem atuar elasticamente e a capacidade “total” do concreto à compressão pode ser eficientemente utilizada, em toda a altura da seção, a todas as ações aplicadas. Estudo complementar: ler e-book de Hanai (2002), item 1.2 – A protensão aplicada ao concreto, p.3 a 11. Definição: uma peça é considerada de Concreto Protendido quando é submetida à ação de forças especiais e permanentemente aplicadas, chamadas forças de protensão, e quando a peça é submetida à ação simultânea dessas forças, das cargas permanentes e variáveis, o concreto não seja solicitado à tração ou só o seja dentro dos limites permitidos. Definições da NBR 6118 (itens 3.1.4 e 3.1.6): Elementos de Concreto Protendido: aqueles nos quais parte das armaduras é previamente alongada por equipamentos especiais de protensão, com a finalidade de, em condições de serviço, impedir ou limitar a fissuração e os deslocamentos da estrutura, bem como propiciar o melhor aproveitamento de aços de alta resistência no estado-limite último (ELU). Armadura ativa (de protensão): armadura constituída por barras, fios isolados ou cordoalhas, destinada à produção de forças de protensão, isto é, na qual se aplica um pré-alongamento inicial. Exemplo (Figura 1), onde M é o momento fletor solicitante e P a força de protensão: P PAp Viga t,m + - c,m c,p + - t,p + = - c M+PP M 0 Figura 1 – Tensões normais numa viga protendida. Na fibra inferior de uma viga protendida, sob momento fletor positivo, pode resultar tensão nula, tensão de compressão ou de tração. Atividade complementar: ler e-book de Hanai (2002): “Os dez mandamentos do engenheiro de C.P.”, p.i, ii, e o item 1.1 – O que se entende por protensão? (p.1 a 3). UNESP (Bauru/SP) – 2139 – Concreto Protendido Prof. Dr. Paulo Sérgio dos Santos Bastos 2 2. EXEMPLOS DE ESTRUTURAS PROTENDIDAS Na Figura 2 até a Figura 7 são mostrados exemplos de estruturas em Concreto Protendido (CP). Figura 2 – Ponte em Concreto Protendido (CP) em Vitória/ES. Figura 3 – Laje alveolar pré-moldada em CP. Figura 4 – Pavimento de edifício em laje nervurada protendida. UNESP (Bauru/SP) – 2139 – Concreto Protendido Prof. Dr. Paulo Sérgio dos Santos Bastos 3 Figura 5 - Pavimentos de edifício em laje maciça protendida. Figura 6 – Lajes pré-moldadas protendidas. Figura 7 – Seção duplo T em Concreto Protendido pré-moldado. 3. CONCRETO PROTENDIDO x CONCRETO ARMADO 1. Concreto Protendido utiliza concretos e aços de alta resistência (1900 e até 2100 MPa e concretos de elevadas resistências, como 85 MPa); 2. Em Concreto Protendido toda a seção transversal resiste às tensões; 3. Devido aos itens 1 e 2, elementos de Concreto Protendido são mais leves, mais esbeltos e esteticamente mais bonitos; 4. Concreto Protendido fica livre de fissuras, com todas as vantagens daí provenientes; 5. Concreto Protendido apresenta melhor controle de flechas; UNESP (Bauru/SP) – 2139 – Concreto Protendido Prof. Dr. Paulo Sérgio dos Santos Bastos 4 6. Concreto Protendido tem melhor resistência às forças cortantes (devido à inclinação dos cabos próximos aos apoios e a pré-compressão que reduz as tensões de tração diagonais); 7. O aço é pré-testado durante o estiramento. Estudo complementar: “Concreto Protendido”, catálogo da empresa Rudloff. 3.1 EXEMPLO Laje simplesmente apoiada, h = 30,5 cm, d = ds = 25,4 cm, fck = 48 MPa (fcd = 34,5 MPa), fp,ef = 1.104 MPa, fyd = 435 MPa, fc,máx = 13,8 MPa (tensão máxima à compressão permitida no concreto), L = 9,14 m, concr = 16,76 kN/m3 (concreto leve), ação variável 5,11 kN/m2. A laje será calculada tomando-se uma faixa igual à altura (b = 30,5 cm - Figuraestados? 52) Por que se deve fazer a verificação das tensões ao longo do vão? Quais os processos existentes? 53) O que representam as curvas limites e o fuso limite? 54) O que representa o fuso limite? 55) Quando é indicado o uso do fuso limite? UNESP (Bauru/SP) – 2139 – Concreto Protendido Prof. Dr. Paulo Sérgio dos Santos Bastos 96 19. BIBLIOGRAFIA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. Projeto de estruturas de concreto – Procedimento, NBR 6118. Rio de Janeiro, ABNT, 2014, 238p. CARVALHO, R.C. Estruturas em Concreto Protendido – Pré-tração, Pós-tensão, Cálculo e Detalhamento. São Paulo, Editora Pini, 2012, 431p. GILBERT, R.I. ; MICKLEBOROUGH, N.C. Design of prestressed concrete. London. Unwin Hyman, 1990, 504p. HANAI, J.B. Fundamentos do concreto protendido. São Carlos, Escola de Engenharia de São Carlos – USP, Departamento de Engenharia de Estruturas, E-Book, 2005. Disponível em: http://www.set.eesc.usp.br/public/mdidatico/protendido/cp_ebook_2005.pdf Acesso em: 22/03/11. LEONHARDT, F. Construções de Concreto-Concreto Protendido. Vol.5. Rio de Janeiro, Editora Interciência, 1983. LIN, T.Y. ; BURNS, N.H. Design of prestressed concrete structures. New York. John Wiley & Sons, Third Ed, 1981, 646p. NAAMAN, A.E. Prestressed Concrete Analysis and Design: Fundamentals. 2nd Edition, Techno Press 3000, Ann Arbor, Michigan, ISBN 0-9674939-1-9, 2004, 1072 pages. NAWY, E.G. Prestressed concrete: a fundamental approach. Pearson/Prentice Hall, 2006, 945p. PFEIL, W. Concreto Protendido. Vol. 1,2,3. Rio de Janeiro, Livros Técnicos e Científicos, 1984. PRESTRESSED CONCRETE INSTITUTE. PCI design handbook: precast and pres- tressed concrete. 7th Edition, 2010. VERÍSSIMO, G.S. ; CÉSAR JR., K.M.L. Concreto Protendido-Fundamentos Básicos. Universidade Federal de Viçosa, Departamento de Engenharia Civil, Viçosa/MG, 1998.8), ao invés de um metro, de modo que as quantidades de armadura que serão calculadas são relativas à largura b da laje. 3 0 ,5 30,5cm = 2 5 ,4 d s Figura 8 – Dimensões (cm) da seção transversal da laje. Carga permanente e momento fletor (Mg) na faixa b = 30,5 cm: gpp = 16,76 . 0,305 . 0,305 = 1,56 kN/m 28,16 8 14,9.56,1 M 2 g kN.m = 1.628 kN.cm Tensões normais no topo e na base da seção (não fissurada): 345,0 5,30.5,30 1628.6 bh M6 22 g kN/cm2 = 3,45 MPa Carga variável e momento fletor (Mq) na faixa b = 30,5 cm: q = 5,11 . 0,305 = 1,56 kN/m gq MM 1.628 kN.cm e σg = σq = σ = ± 3,45 MPa São apresentados a seguir diversos casos possíveis para o dimensionamento da laje. 1) Laje não-armada A tensão final máxima de 6,9 MPa, de compressão na borda superior e de tração na borda inferior, é menor que a tensão máxima de compressão permitida (fc,máx = 13,8 MPa), porém, é maior que a resistência à tração na flexão máxima do concreto (módulo de ruptura), o que faz a laje fissurar e romper. UNESP (Bauru/SP) – 2139 – Concreto Protendido Prof. Dr. Paulo Sérgio dos Santos Bastos 5 + - + + - = + - g q Figura 9 – Tensões normais (MPa) nas bordas da laje sem armaduras, devidas aos carregamentos permanente e variável. 2) Laje em Concreto Armado (ELU) 0 ,8 x 0,85 fcd Rcc Rst cd sd d - 0 ,4 xLN x Figura 10 – Laje em Concreto Armado no Estado Limite Último (ELU). Md = f (Mg + Mq) Md = 1,4 (1628 + 1628) = 4.558 kN.cm Md = 0,68bw x fcd (d – 0,4x) 4558 = 0,68 . 30,5 . x . 3,45 (25,4 – 0,4x) x2 – 63,5x + 159,25 = 0 x = 2,62 cm dom. 2 (x2lim = 0,26d = 0,26 . 25,4 = 6,6 cm) x4,0d M A sd d s = 30,4 62,2.4,04,255,43 4558 cm2 3) Laje em Concreto Protendido: protensão axial Assumindo que nenhuma tensão de tração é permitida. Para resultar tensão final nula na face inferior da laje é necessário impor uma tensão de compressão, proporcionada por uma força de protensão, de tal modo que: P (base) = g (base) + q (base) = 3,45 + 3,45 = 6,9 MPa UNESP (Bauru/SP) – 2139 – Concreto Protendido Prof. Dr. Paulo Sérgio dos Santos Bastos 6 + - - + - = + - PP CG (P) g q g( ) q( ) + ++ Figura 11 – Tensões normais (MPa) na laje com protensão axial. Força de protensão: P = P . Ac = ( 0,69) 30,5 . 30,5 = 641,9 kN 64 tf Área da armadura de protensão: 81,5 4,110 9,641 f P A ef,p p cm2 A força de protensão (P) aumentou a tensão de compressão na borda superior para 13,8 MPa, igual à tensão máxima permitida (fc,máx = 13,8 MPa). Uma posição mais conveniente para a força de protensão pode diminuir esta tensão resultante. 4) Laje em Concreto Protendido: protensão excêntrica Assumindo a força de protensão no limite do núcleo central de inércia (h/6 para seção retangular). Considerando que a tensão na face inferior da laje deve ser nula, a força de protensão deverá causar uma tensão de compressão de 6,9 MPa na face inferior. A força de protensão, portanto, deve ser: 9,320 2 5,30.69,0 2 A P 2 cbasep kN 32 tf Área da armadura de protensão: 91,2 4,110 9,320 f P A ef,p p cm2 UNESP (Bauru/SP) – 2139 – Concreto Protendido Prof. Dr. Paulo Sérgio dos Santos Bastos 7 + - = - P P (P) h 6 = 30,5 6 = 5,08 cm - + g q g q( ) Figura 12 – Tensões normais (MPa) na laje com protensão excêntrica, com P posicionada no limite do núcleo central de inércia. A armadura de protensão é metade da armadura do caso anterior. O resultado mostra a grande importância da posição de aplicação da força de protensão. A força de protensão excêntrica diminuiu a tensão final na borda superior para 6,9 MPa, menor que fc,máx . 5) Laje em Concreto Protendido: máxima excentricidade da força de protensão A tensão na base devida à força de protensão excêntrica é: h e6 1 A P 6 bh e.P A P c 2 c baseP = - PP (P) - 2,3 + = 10,16 cmemáx 5,09 + - + g q g q( ) Figura 13 – Tensões normais (MPa) na laje com excentricidade máxima da força de protensão. UNESP (Bauru/SP) – 2139 – Concreto Protendido Prof. Dr. Paulo Sérgio dos Santos Bastos 8 Assumindo e = emáx = 10,16 cm e P (base) = 6,9 MPa (para resultar tensão nula na base da laje), a força de protensão será: 5,30 16,10.6 1 5,30 P 69,0 2 P = 214,1 kN 21,4 tf Área da armadura de protensão: 94,1 4,110 1,214 f P A ef,p p cm2 Tensão normal na borda superior devida à força de protensão: 23,0 5,30 16,10.6 1 5,30 1,214 2)topo(P kN/cm2 = 2,3 MPa (tensão de tração) A força de protensão com a máxima excentricidade causa tensão de tração na borda superior, combatida pela tensão de compressão da carga permanente. A maior excentricidade da força de protensão diminuiu a tensão final de compressão no topo da laje, comparando-se com os casos anteriores. 6) Laje em Concreto Protendido: tração igual à máxima permitida Assumindo que uma tensão normal de tração de 1,46 MPa seja permitida na borda inferior da laje, sob a carga de serviço, a força de protensão passa a ser: 5,30 16,10.6 1 5,30 P 146,069,0 2 P = 168,8 kN 16,9 tf Área de armadura de protensão: 53,1 4,110 8,168 f P A ef,p p cm2 A Tabela 1 apresenta um resumo dos resultados numéricos, obtidos para os casos analisados. Tabela 1 – Resumo dos resultados numéricos. Soluções p/ Laje c,máx (MPa) t,máx (MPa) P (kN) As ou Ap (cm2) Não-armada(*) 6,9 6,9 - - Concreto Armado - - - 4,30 C.P. – protensão axial 13,8 0 641,9 5,81 C.P. – P no limite do núcleo central 6,9 0 320,9 2,91 C.P. – P c/ excentricidade máxima 4,6 0 214,1 1,94 C.P. – tração na borda 5,1 1,46 168,8 1,53 * a laje rompeu. Nota: ler exemplo numérico em Hanai (2002), p.11 a 17. UNESP (Bauru/SP) – 2139 – Concreto Protendido Prof. Dr. Paulo Sérgio dos Santos Bastos 9 4. BREVE HISTÓRICO DO CONCRETO PROTENDIDO No mundo: - 1866 – primeira aplicação de protensão nos Estados Unidos, por H. Jackson; - 1888 – patente para lajes protendidas por Doehring – Alemanha; - 1919 – Wettstein – Alemanha – fabricou paineis protendidos; - 1928 – Freyssinet – França – apresentou o primeiro trabalho consistente sobre Concreto Protendido. Inventou métodos construtivos, equipamentos, aços e concretos especiais; - 1950 – primeira conferência, na França. Walder construiu a primeira ponte em balanços sucessivos. - 1953 – norma alemã DIN 4227. No Brasil: - 1948 – a primeira ponte em C.P. no Rio de Janeiro, com sistema Freyssinet; - 1952 – Companhia Belgo-Mineira iniciou a fabricação de aço de protensão. 5. FABRICAÇÃO DE PEÇAS PROTENDIDAS São dois os processos principais aplicados na protensão de uma peça: com pré-tração e com pós-tração.1 5.1 ARMADURA DE PROTENSÃO PRÉ-TRACIONADA No processo de pré-tensão o aço de protensão é fixado em uma das extremidades da pista de protensão2, e na outra extremidade3 um cilindro hidráulico estira (traciona) o aço, nele aplicando uma tensão de tração pouco menor que a tensão correspondente ao limite elástico.4 Em seguida, o concreto é lançado na fôrma, envolve e adere ao aço de protensão pré-estirado. Após o endurecimento e decorrido o tempo necessário para o concreto adquirir resistência, o aço de protensão é solto (relaxado) das ancoragens5 e, como o aço tende elasticamente a voltar à deformação inicial (nula), ele aplica uma força6que comprime o concreto de parte ou de toda a seção transversal da peça. Esse processo de aplicação da protensão é geralmente utilizado na produção intensiva de grandes quantidades de peças, geralmente em pistas de protensão. A cura úmida a vapor é comum, a fim de permitir a transferência da força de protensão em até 24 horas. cilindro hidráulico ("macaco") armadura de protensão fôrma da peça pista de protensão bloco de reação ancoragem passiva Figura 14 – Esquema simplificado de pista de protensão, para fabricação de peças protendidas com pré-tração. 1 Ler item 1.2 Tipos de concreto protendido quanto à aderência e execução, do livro de CARVALHO, R.C. Estruturas em Concreto Protendido – Pré-tração, Pós-tensão, Cálculo e Detalhamento. São Paulo, Editora Pini, 2012, 431p. 2 Chamada ancoragem passiva, onde os fios ou cordoalhas da armadura de protensão são fixados (presos). 3 Chamada ancoragem ativa, onde os fios ou cordoalhas são estirados, e depois fixados nos dispositivos da ancoragem. 4 Os valores desta tensão a ser aplicada constam da NBR 6118. 5 O relaxamento também pode ser feito cortando os fios ou cordoalhas da armadura de protensão, individualmente. 6 Chamada força de protensão. fapepe Realce fapepe Realce fapepe Realce fapepe Realce UNESP (Bauru/SP) – 2139 – Concreto Protendido Prof. Dr. Paulo Sérgio dos Santos Bastos 10 A transferência da força de protensão da armadura para a peça ocorre devido à aderência entre o concreto e a armadura, sendo este processo também chamado “concreto protendido com aderência inicial”. Devido à baixa idade do concreto, encurtamentos elásticos e fluência (deformação lenta) tendem a atingir valores elevados, com consequente redução do alongamento da armadura de protensão, ou seja, ocorre uma relativamente elevada “perda de protensão”. Na Figura 15 até a Figura 22 são ilustradas pistas de protensão em fábricas. Figura 15 – Pista de protensão para fabricação de laje alveolar, mostrando na parte inferior os dispositivos metálicos da ancoragem passiva (Fábrica SENDI de Pré-moldados). Figura 16 – Dispositivos metálicos da ancoragem passiva, mostrando a fixação das cordoalhas por meio de cunhas inseridas em peças porta-cunhas (Fábrica de pré-moldados SENDI). fapepe Realce fapepe Realce UNESP (Bauru/SP) – 2139 – Concreto Protendido Prof. Dr. Paulo Sérgio dos Santos Bastos 11 Figura 17 – Ancoragem ativa da pista de protensão, para estiramento e fixação das cordoalhas (Fábrica de pré-moldados SENDI). Figura 18 – Dispositivos metálicos da ancoragem ativa em pista de protensão para fabricação de viga protendida, mostrando a fixação das cordoalhas por meio de cunhas e porta-cunhas (Fábrica de pré-moldados MARKA). Figura 19 – Equipamento de moldagem de laje alveolar em pista de protensão (MARKA Pré-moldados). UNESP (Bauru/SP) – 2139 – Concreto Protendido Prof. Dr. Paulo Sérgio dos Santos Bastos 12 Figura 20 - Pista de protensão para fabricação de viga protendida (PREMONTT Pré-moldados). Figura 21 - Pista de protensão em fábrica de dormente ferroviário de concreto. Figura 22 - Pista de protensão em fábrica de dormente ferroviário de concreto. UNESP (Bauru/SP) – 2139 – Concreto Protendido Prof. Dr. Paulo Sérgio dos Santos Bastos 13 5.2 ARMADURA DE PROTENSÃO PÓS-TRACIONADA No processo de pós-tensão primeiramente é fabricada a peça de concreto, contendo dutos (bainhas7) ao longo do seu comprimento, como mostrado na Figura 23. Posteriormente as bainhas são preenchidas com o aço de protensão (geralmente cordoalhas), de uma extremidade a outra da peça. Quando o concreto apresenta a resistência suficiente ou necessária, a armadura de protensão, fixada em uma das extremidades da peça (ancoragem passiva), é estirada (tracionada) pelo cilindro hidráulico que está na outra extremidade (ancoragem ativa), apoiado na própria peça.8 Terminada a operação de estiramento, a força no cilindro hidráulico é relaxada, a armadura tende a voltar à deformação inicial (nula), escorrega alguns poucos milímetros e desse modo fixa as partes da cunha de aço dentro do furo porta-cunha, existente na placa de aço de ancoragem. Desse modo, a armadura (fixada nas duas extremidades) aplica a chamada força de protensão, que comprime a peça, a partir de suas extremidades. Na sequência, geralmente a bainha é totalmente preenchida com uma calda (nata) de cimento, para, após o endurecimento, proporcionar aderência do aço de protensão com o concreto da peça. Neste caso tem-se a protensão com pós-tensão com aderência. Quando a bainha não é preenchida com nata de cimento, tem-se a pós-tensão sem aderência.9 A Figura 24, Figura 25 e Figura 26 mostram também esquematicamente a aplicação da pós-tensão com aderência, onde a ancoragem passiva ocorre pelo laço das cordoalhas inseridas no concreto.10 A Figura 27 até a Figura 34 mostram uma viga construída segundo o processo de pós- tensão com aderência. a) Peça concretada duto vazado Ap Ap b) Estiramento da armadura de protenção c) Armadura ancorada e dutos preenchidos com nata de cimento Figura 23 – Esquema simplificado de fabricação de peça protendida com pós-tração. 7 Bainha: é um tubo geralmente metálico e corrugado onde é inserido o aço de protensão o qual pode se movimentar durante a operação de protensão. Posteriormente pode ser preenchido com nata de cimento para criar aderência entre o aço e o concreto da peça. 8 Muitas vezes a protensão é aplicada com o posicionamento de dois cilindros hidráulicos, um em cada extremidade da peça, que tracionam simultaneamente a armadura de protensão, e neste caso, as duas ancoragens são chamadas ativas. A ancoragem é chamada passiva quando nela não é feita a operação de estiramento. 9 A pós-tensão com aderência proporciona peças mais seguras (o concreto da peça trabalha em conjunto com a armadura, que tem maior proteção em caso de incêndio, etc.) que aquelas sem aderência, além da nata de cimento proteger a armadura contra possíveis agentes agressivos que possam alcançar a bainha. 10 Existem vários tipos de dispositivos de ancoragem, porém, o mais comum é aquele com placa de aço com furos cônicos e cunhas inseridas nesses furos. A forma de ancoragem passiva, mostrada no lado direito da peça da Figura 24, é uma opção. fapepe Realce fapepe Realce fapepe Realce fapepe Realce fapepe Realce fapepe Realce fapepe Realce fapepe Realce fapepe Realce fapepe Realce fapepe Realce fapepe Realce UNESP (Bauru/SP) – 2139 – Concreto Protendido Prof. Dr. Paulo Sérgio dos Santos Bastos 14 Figura 24 – Moldagem da peça com bainha metálica (Catálogo Rudloff). Figura 25 – Operação de estiramento da armadura de protensão, após o concreto da peça já apresentar a resistência à compressão necessária (Catálogo Rudloff). Figura 26 – Preenchimento da bainha com nata de cimento para criar aderência entre a armadura e o concreto da peça (Catálogo Rudloff). UNESP (Bauru/SP) – 2139 – Concreto Protendido Prof. Dr. Paulo Sérgio dos Santos Bastos 15 Figura 27 – Viga protendida de seção I para superestrutura de viaduto em rodovia. Figura 28 – Ancoragens ativas da Rudloff em uma extremidade da viga. Figura 29 – Detalhe das cordoalhas na bainha metálica, junto à placa de ancoragem na extremidade da viga. Figura 30 – Placas de aço da ancoragem ativa (Rudloff), mostrando as cunhas tripartidas já inseridas dentro dos furos cônicos da placa. UNESP (Bauru/SP) – 2139 – Concreto Protendido Prof. Dr. Paulo Sérgio dos Santos Bastos 16 Figura 31 – Cilindro hidráulico posicionado para estiramento das cordoalhas. Figura 32 – Aplicação da protensão pelo conjuntocilindro e bomba hidráulica. Figura 33 – Aferição do alongamento ocorrido na armadura de protensão após iniciado o estiramento. Figura 34 – Equipamentos para injeção de nata de cimento nas bainhas. No caso de não ser injetada nata de cimento no interior da bainha metálica, existirá a pós- tensão sem aderência. Neste caso, geralmente usa-se a cordoalha engraxada como armadura de protensão, de uso cada vez mais comum no Brasil (Figura 35). A cordoalha engraxada está mostrada da Figura 35 até a Figura 40. UNESP (Bauru/SP) – 2139 – Concreto Protendido Prof. Dr. Paulo Sérgio dos Santos Bastos 17 Figura 35 – Cordoalha de sete fios engraxada (Catálogo ArcelorMittal). Figura 36 – Cordoalha engraxada acoplada à placa de ancoragem (Cauduro, s/d). Figura 37 – Concretagem de uma laje de Concreto Protendido com cordoalha engraxada (Cauduro, s/d). Figura 38 – Tracionamento da cordoalha engraxada (Cauduro, s/d). Figura 39 – Laje nervurada de Concreto Protendido com cordoalha engraxada. Figura 40 – Detalhe das armaduras passiva e ativa em um cruzamento de nervuras da laje. Estudo complementar: a) Ler e-book de Hanai, p.17 a 20 e fazer o item 1.6; b) Ler catálogo “Concreto Protendido” da empresa Rudloff; c) Ler “Manual para a boa execução de estruturas protendidas usando cordoalhas de aço engraxadas e plastificadas”, de Eugenio Luiz Cauduro (o link consta da página da disciplina na internet). UNESP (Bauru/SP) – 2139 – Concreto Protendido Prof. Dr. Paulo Sérgio dos Santos Bastos 18 6. MATERIAIS O Concreto Protendido é composto pelos materiais concreto simples, aço de protensão (armadura ativa) e geralmente contém também armadura passiva (CA-25, 50 ou 60). Podem ocorrer também outros materiais, como dispositivos de ancoragem, bainhas metálicas, etc. 6.1 CONCRETO A construção de estruturas de Concreto Protendido exige um controle de qualidade mais rigoroso do concreto. A resistência característica à compressão do concreto (fck) situa-se frequentemente na faixa entre 30 e 50 MPa, o que resulta estruturas com menor peso próprio e maiores vãos. No caso de peças protendidas pré-fabricadas são muitas vezes utilizados concretos de resistência superior a 50 MPa. Concretos com resistências elevadas são desejáveis porque: a) as solicitações prévias causadas pela força de protensão são muito elevadas; b) permitem a redução das dimensões das peças, diminuindo o peso próprio, importante nos grandes vãos e peças pré-moldadas; c) possuem maiores módulos de elasticidade (Ec), o que diminui as deformações imediatas, a fluência e a retração, ou seja, as flechas e as “perdas de protensão” são menores; d) geralmente são mais impermeáveis, o que é importante para diminuir a possibilidade de corrosão da armadura de protensão, que, por estar sob tensões muito elevadas, são mais suscetíveis à corrosão. A aplicação do cimento CP V ARI é muito comum, porque possibilita a aplicação da força de protensão num tempo menor. Especialmente nas peças de Concreto Protendido, a cura do concreto deve ser cuidadosa, a fim de possibilitar a sua melhor qualidade possível. A cura térmica a vapor é frequente na fabricação das peças pré-fabricadas, para a produção de maior quantidade de peças. Exemplo: com cimento ARI e cura a vapor consegue-se, em 12 h, cerca de 70 % da resistência à compressão aos 28 dias de cura normal. No projeto das estruturas de Concreto Protendido, os seguintes parâmetros são importantes, e devem ser especificadas pelo projetista: a) resistências características à compressão (fckj) e à tração (fctkj), na idade j da aplicação da protensão e na idade de 28 dias; b) módulo de elasticidade do concreto na idade to (Eci(to)), quando se aplica uma ação permanente importante, como a força de protensão, bem como também aos 28 dias de idade; c) relação a/c do concreto. 6.2 AÇO DE ARMADURA ATIVA Caracterizam-se pela elevada resistência e por não possuírem patamar de escoamento. A elevada resistência é exigida para permitir grandes alongamentos em regime elástico e para compensar as perdas de protensão, que podem alcançar 415 MPa. Deve apresentar também: ductilidade antes da ruptura, boas propriedades de aderência, baixa relaxação e boa resistência à fadiga e à corrosão. 6.2.1 Apresentação a) fios trefilados de aço, diâmetro de 3 a 8 mm, em rolos ou bobinas; b) cordoalhas (fios enrolados em hélice, com 2, 3 ou 7 fios); UNESP (Bauru/SP) – 2139 – Concreto Protendido Prof. Dr. Paulo Sérgio dos Santos Bastos 19 c) barras de aço-liga de alta resistência, laminadas a quente, com 12 mm, e com comprimento limitado. Figura 41 – Cordoalha de sete fios engraxada e não engraxada (Catálogo ArcelorMittal). Figura 42 – Barra de aço Dywidag, com dispositivo de fixação (Catálogo Dywidag). 6.2.2 Quanto ao Tratamento a) aços de relaxação normal (RN); b) aços de relaxação baixa (RB): são aqueles que tem suas características elásticas melhoradas para reduzir as perdas de tensão por relaxação, que é cerca de 25 % da relaxação do aço RN. Relaxação: é a perda de tensão com o tempo em um aço estirado, sob comprimento e temperatura constantes. Quanto maior a tensão ou a temperatura, maior a relaxação do aço. 6.2.3 Normas Brasileiras a) NBR 7482/08: “Fios de aço para Concreto Protendido - Especificação”; b) NBR 7483/08: “Cordoalhas de aço para Concreto Protendido - Especificação”; c) NBR 7484/09: “Barras, cordoalhas e fios de aço destinados a armaduras de protensão - Método de ensaio de relaxação isotérmica”; d) NBR 6349/08: “Barras, cordoalhas e fios de aço para armaduras de protensão – Ensaio de tração”. 6.2.4 Exemplos de Designação a) CP – 175 RN: aço para Concreto Protendido, com resistência característica mínima à tração (fptk) de 175 kN/cm2 (1.750 MPa) e de relaxação normal; UNESP (Bauru/SP) – 2139 – Concreto Protendido Prof. Dr. Paulo Sérgio dos Santos Bastos 20 b) CP – 190 RB: aço para Concreto Protendido, com resistência característica mínima à tração (fptk) de 190 kN/cm2 (1.900 MPa) e de relaxação baixa. Tabela 2 – Especificação de fios (Catálogo ArcelorMittal). Tabela 3 – Especificação de cordoalhas (Catálogo ArcelorMittal). Tabela 4 – Especificação de barra Dywidag St 85/105 (Catálogo ArcelorMittal). UNESP (Bauru/SP) – 2139 – Concreto Protendido Prof. Dr. Paulo Sérgio dos Santos Bastos 21 6.2.5 Massa Específica, Coeficiente de Dilatação Térmica e Módulo de Elasticidade A NBR 6118 adota a massa específica de 7.850 kg/m3, e o coeficiente de dilatação térmica de 10-5/°C, para intervalos de temperatura entre - 20°C e 100°C. Para o módulo de elasticidade a norma permite adotar 200 GPa (200.000 MPa = 20.000 kN/cm2) para fios e cordoalhas, quando o valor não for obtido em ensaio ou não for fornecido pelo fabricante do aço. No item 8.4.6 a norma apresenta características de ductilidade do aço e no 8.4.7 apresenta a resistência à fadiga. 6.2.6 Acondicionamento Tabela 5 – Dados do acondicionamento dos fios (Catálogo ArcelorMittal). Figura 43 – Rolo de fio. Tabela 6 – Dados do acondicionamento das cordoalhas (Catálogo ArcelorMittal). UNESP (Bauru/SP) – 2139 – Concreto Protendido Prof. Dr. Paulo Sérgio dos Santos Bastos 22 Figura 44 – Rolos de cordoalhas engraxada e não engraxada (Catálogo ArcelorMittal). Figura 45 - Rolos de fio e cordoalha (Catálogo ArcelorMittal). 6.2.7 Diagrama tensão-deformação A NBR 6118 (item 8.4.5) especifica que o diagrama tensão-deformação deve ser fornecido pelo fabricante ou obtido em ensaio realizado segundo a NBR 6349. Na falta deles a NBR 6118 permite, nos Estados-Limite de Serviço e Último, utilizar um diagrama simplificado, para intervalosde temperaturas entre – 20 C e 150 C. UNESP (Bauru/SP) – 2139 – Concreto Protendido Prof. Dr. Paulo Sérgio dos Santos Bastos 23 fpyd p puk fptk p pyd pyk fptd fpyk Figura 46 – Diagrama tensão-deformação simplificado indicado pela NBR 6118 para aços de protensão. tg = Ep = módulo de elasticidade = 200 GPa para fios e cordoalhas (na falta de dados do fabricante e de ensaio); fpyk = resistência característica de escoamento convencional, correspondente à deformação residual de 0,2 %. “Os valores característicos da resistência ao escoamento convencional fpyk , da resistência à tração fptk e o alongamento após ruptura εuk das cordoalhas devem satisfazer os valores mínimos estabelecidos na ABNT NBR 7483. Os valores de fpyk , fptk e do alongamento após ruptura εuk dos fios devem atender ao que é especificado na ABNT NBR 7482.” 6.3 BAINHAS São tubos dentro dos quais a armadura de protensão é colocada, utilizados em protensão com aderência posterior ou também sem aderência. São fabricados em aço, com espessura de 0,1 a 0,35 mm, costurados em hélice. Para criar aderência com a armadura de protensão, as bainhas são preenchidas com calda de cimento. Figura 47 – Bainha metálica. UNESP (Bauru/SP) – 2139 – Concreto Protendido Prof. Dr. Paulo Sérgio dos Santos Bastos 24 Figura 48 – Bainha metálica. 6.4 CALDA DE CIMENTO A calda, ou nata de cimento injetada no interior da bainha metálica, tem como função proporcionar a aderência entre a armadura de protensão e o concreto da peça, na pós-tração, e proteger a armadura contra a corrosão. Utiliza-se cerca de 36 a 44 kg de água para cada 100 kg de cimento. A norma NBR 7681 (“Calda de cimento para injeção”) fixa as condições exigidas para as caldas. Figura 49 – Equipamentos para injeção de calda de cimento. UNESP (Bauru/SP) – 2139 – Concreto Protendido Prof. Dr. Paulo Sérgio dos Santos Bastos 25 6.5 ANCORAGENS A forma mais simples e econômica de fixação dos fios e cordoalhas é por meio de cunhas e porta-cunhas. As cunhas podem ser bi ou tripartidas, e ficam alojadas em cavidades de blocos ou placas de aço (porta-cunha). No caso de armaduras pós-tracionadas, existem conjuntos de elementos, que constituem os chamados “sistemas de protensão”, como Freyssinet, Dywidag, VSL, BBRV, Rudloff, Tensacciai, etc. Na Figura 49 até a Figura 66 ilustram-se vários tipos de dispositivos de ancoragem. Figura 50 – Cunhas embutidas em portas-cunha para fixação de fios de protensão. Figura 51 – Dispositivo de ancoragem. UNESP (Bauru/SP) – 2139 – Concreto Protendido Prof. Dr. Paulo Sérgio dos Santos Bastos 26 Figura 52 - Dispositivo de ancoragem. Figura 53 - Dispositivo de ancoragem para cordoalha engraxada. Figura 54 – Dispositivos para ancoragem de cordoalha engraxada. Figura 55 - Ancoragem ativa de cordoalha engraxada. UNESP (Bauru/SP) – 2139 – Concreto Protendido Prof. Dr. Paulo Sérgio dos Santos Bastos 27 Figura 56 - Ancoragem passiva de cordoalha engraxada. Figura 57 - Ancoragem de cordoalha engraxada. Figura 58 – Operação de estiramento de cordoalha engraxada. UNESP (Bauru/SP) – 2139 – Concreto Protendido Prof. Dr. Paulo Sérgio dos Santos Bastos 28 Figura 59 – Cilindros hidráulicos para estiramento de cordoalha. Figura 60 – Dispositivo para ancoragem ativa (Catálogo Rudloff). Figura 61 - Dispositivo para ancoragem ativa (Catálogo Rudloff). UNESP (Bauru/SP) – 2139 – Concreto Protendido Prof. Dr. Paulo Sérgio dos Santos Bastos 29 Figura 62 - Dispositivo para ancoragem passiva (Catálogo Rudloff). Figura 63 - Dispositivo para ancoragem passiva (Catálogo Rudloff). Figura 64 - Dispositivo para ancoragem passiva (Catálogo Rudloff). UNESP (Bauru/SP) – 2139 – Concreto Protendido Prof. Dr. Paulo Sérgio dos Santos Bastos 30 Figura 65 - Dispositivo para emenda de armadura (Catálogo Rudloff). Figura 66 - Dispositivo para ancoragem de barras (Catálogo Dywidag). 7. VALORES-LIMITES DE TENSÃO POR OCASIÃO DA OPERAÇÃO DE PROTENSÃO NA ARMADURA (NBR 6118, item 9.6.1.2.1) A tensão na armadura de protensão deve ser verificada para diversas situações em serviço, a fim de evitar solicitações exageradas e deformações irreversíveis. Durante as operações de protensão, a tensão de tração na armadura não deve superar os seguintes valores-limites: a) armadura pré-tracionada Por ocasião da aplicação da força de estiramento (Pi), a tensão pi na armadura de protensão na saída do aparelho de tração (cilindro hidráulico), deve respeitar os limites: pyk ptk pi f90,0 f77,0 - para aços RN UNESP (Bauru/SP) – 2139 – Concreto Protendido Prof. Dr. Paulo Sérgio dos Santos Bastos 31 pyk ptk pi f85,0 f77,0 - para aços RB b) armadura pós-tracionada pyk ptk pi f87,0 f74,0 - para aços RN pyk ptk pi f82,0 f74,0 - para aços RB pyk ptk pi f88,0 f80,0 - para cordoalhas engraxadas RB pyk ptk pi f88,0 f72,0 - para aços CP – 85/105 em barras Ao término da operação de protensão, a tensão po(x) da armadura pré ou pós-tracionada, decorrente da força Po(x), não deve superar os limites do item b. 8. VALORES REPRESENTATIVOS DA FORÇA DE PROTENSÃO Servem de orientação na verificação de esforços solicitantes e nas fases de execução da protensão na obra ou na fábrica. A Figura 67 e a Figura 68 ilustram os valores representativos da força de protensão, em função do tempo, para os casos de peças protendidas pré-tracionadas e pós-tracionadas. Na pré-tração, se os cabos (conjunto de fios ou cordoalhas para formar uma armadura de protensão) não forem retos, deve-se acrescentar a perda por atrito que ocorre nos desvios, à Panc (perda de força de protensão na ancoragem). UNESP (Bauru/SP) – 2139 – Concreto Protendido Prof. Dr. Paulo Sérgio dos Santos Bastos 32 E s ti ra m e n to d a a rm a d u ra t - 2 t - 1 t0 in íc io d a r e tr a ç ã o d o c o n c re to a p lic a ç ã o d a p ro te n ç ã o a o c o n c re to (tempo) P 8 P t Pi Panc = perda por escorregamento dos fios e acomodação da ancoragem Pr1 Pcs1 { Pr1 = perda por relaxação inicial da armadura Ppr1 = perda por retração inicial do concreto Pe = perda por deformação inicial do concreto Pr2 Pcs2Pcc{ Pr2 = perda por relaxação posterior da armadura Pcs2 = perda por retração posterior do concreto Pcc = perda por fluência posterior do concreto t Pré-tração P Pa Po Figura 67 – Diagrama força de protensão x tempo para peça protendida pré-tracionada. E s ti ra m e n to d o 1 º c a b o t0 (tempo) 8 Pi t P 8 P P0 P t {Pcs2 = perda por retração posterior do concreto Pcc2 = perda por fluência posterior do concreto Pr2 = perda por relaxação posterior da armadura Pcs1Pcc1Pr1 {Pcs1 = perda por retração inicial do concreto Pcc1 = perda por fluência inicial do concreto Pr1 = perda por relaxação inicial da armadura Pe = Patr Panc { Patr = perda por atrito ao longo da armadura Panc perda por deformação imediata do concreto pelo estiramento dos cabos restantes = perda por escorregamento dos fios na ancoragem e acomodação da ancoragem P P 0 P e estiramento dos cabos restantes Pcs2Pcc2Pr2 Pós-tração Figura 68 – Diagrama força de protensão x tempo para peça protendida pós-tracionada. UNESP (Bauru/SP) – 2139 – Concreto Protendido Prof. Dr. Paulo Sérgio dos Santos Bastos 33 8.1 FORÇA DE PROTENSÃO Pi NA ARMADURA Pi = força máxima aplicada à armadura de protensãopelo equipamento de tração. É a força de protensão aplicada pelos cilindros (“macacos”) hidráulicos na pista de protensão, antes de ser realizada a ancoragem dos fios na cabeceira da pista, no bloco de ancoragem. No caso de pós-tração, é a força máxima aplicada pelos macacos hidráulicos antes da ancoragem com as cunhas. 8.2 FORÇA DE PROTENSÃO Pa Esta força de protensão é considerada apenas no caso da pré-tração. Pa = força na armadura de protensão no instante imediatamente anterior à sua liberação das ancoragens externas. É a força Pi (força no macaco hidráulico) subtraídas as perdas de protensão decorrentes do escorregamento dos fios (ou cordoalhas) e acomodação das ancoragens provisórias nos blocos de ancoragem, da relaxação do aço e da retração inicial do concreto. Também pode-se dizer que é a “força ancorada” imediatamente anterior à transferência da força de protensão para o concreto. 8.3 FORÇA DE PROTENSÃO Po NA ARMADURA/CONCRETO Po(x) = força de protensão no tempo t = 0 na seção de abcissa x. É o valor inicial da força de protensão transferida ao concreto (t = 0). Na pré-tração é a força ancorada (Pa) diminuída da perda de protensão por deformação imediata, devido ao encurtamento elástico do concreto. Na pós-tração é a força no macaco (Pi) diminuída das perdas de protensão devidas ao atrito dos cabos nas bainhas, ao escorregamento dos fios (ou cordoalhas) na ancoragem e acomodação da ancoragem, da deformação imediata do concreto devida aos cabos restantes, da retração e fluência inicial do concreto e da relaxação inicial da armadura de protensão. Este valor corresponde ao valor da força de protensão antes das perdas progressivas (decorrentes do tempo) e acontece no instante imediatamente posterior à transferência da protensão ao concreto. 8.4 FORÇA DE PROTENSÃO Pt NA ARMADURA/CONCRETO Pt(x) = força de protensão no tempo t na seção de abcissa x. Pt(x) = Po(x) Pt(x) = Pi Po(x) Pt(x) Po(x) = força de protensão na peça antes da ocorrência das perdas progressivas; Pt(x) = perdas de protensão progressivas (retração e fluência posterior do concreto e relaxação posterior da armadura). Ocorrem após a aplicação de Po . Pt é variável no tempo t em função das perdas progressivas, e tendem ao valor final da força de protensão (P∞(x)). P∞ = força de protensão final após ocorridas todas as perdas. UNESP (Bauru/SP) – 2139 – Concreto Protendido Prof. Dr. Paulo Sérgio dos Santos Bastos 34 9. PERDAS DE PROTENSÃO São apresentadas a seguir as metodologias aplicadas no cálculo das diversas perdas de protensão. 9.1 ESCORREGAMENTO DOS FIOS NA ANCORAGEM Ocorre devido ao escorregamento dos fios e acomodação das cunhas nos furos porta- cunhas, da ordem de 4 a 6 mm, dependendo do tipo de armadura de protensão e da existência ou não de pistão de cravação de cunhas nos macacos de protensão. O escorregamento causa perda apenas na ancoragem ativa; na ancoragem passiva a acomodação/escorregamento vai sendo anulada na operação de estiramento. O valor da perda de protensão por escorregamento/acomodação depende em grande parte do comprimento da pista de protensão e do comprimento da armadura no caso de pós-tração. Exemplo: - comprimento da pista = 120 m = 120.000 mm; - deformação do aço = 0,7 % = 0,007; - alongamento do aço = 120.000 . 0,007 = 840 mm = 84 cm; - escorregamento/acomodação = 6 mm; 7,0100 840 6 Panc % que pode ser considerado desprezível, porque a pista tem grande comprimento. Para uma pista de 25 m, a perda de protensão altera-se para 3,4 %, que já não é desprezível. 9.2 RELAXAÇÃO DA ARMADURA Relaxação é a perda de tensão com o tempo em um aço estirado, sob comprimento e temperatura constantes. Para tensões aplicadas até 0,5fptk , a perda por relaxação é desprezível, mas aumenta rapidamente com maiores tensões e temperaturas. A relaxação ocorre a partir do instante que o aço é estirado. A perda de protensão por relaxação inicial da armadura é aquela que ocorre no intervalo de tempo entre o estiramento da armadura e a aplicação da protensão no concreto. A relaxação ocorre sempre, mas para cálculo de Pa considera-se apenas uma fração inicial. Conforme a NBR 6118 (item 9.6.3.4.5), a intensidade da relaxação do aço deve ser determinada pelo coeficiente (t,to), calculado por: pi opr o t;t t;t opr t;t = perda de tensão por relaxação pura desde o instante to do estiramento da armadura até o instante t considerado; pi = tensão na armadura de protensão no instante de seu estiramento. As normas NBR 7482 e 7483 estabelecem valores médios para o coeficiente de relaxação de fios e cordoalhas, medidos após 1.000 horas à temperatura constante de 20 C (1000), para tensões variando de 0,5 e 0,8fptk . Para efeito de projeto, os valores de 1000 da Tabela 7 podem ser adotados. UNESP (Bauru/SP) – 2139 – Concreto Protendido Prof. Dr. Paulo Sérgio dos Santos Bastos 35 Tabela 7 - Valores de 1000 (%), (NBR 6118, item 8.4.8). po Cordoalhas Fios Barras RN RB RN RB 0,5 fptk 0 0 0 0 0 0,6 fptk 3,5 1,3 2,5 1,0 1,5 0,7 fptk 7,0 2,5 5,0 2,0 4,0 0,8 fptk 12,0 3,5 8,5 3,0 7,0 Obs.: interpolar para valores intermediários. RN é relaxação normal e RB é relaxação baixa. Para tensões inferiores a 0,5 fptk , admite-se que não haja perda de tensão por relaxação, e para o tempo infinito pode-se considerar: (t∞;to) 2,5 1000 Para valores diferentes de 1.000 horas, sempre a 20 C, as expressões são: 15,0 o 1000o 1000 tt t;t (t em horas) 15,0 o 1000o 67,41 tt t;t (t em dias) Exemplo: - tempo curto: entre o estiramento e a aplicação da protensão no concreto = 25 horas; - fio RN e pi = 0,80 fptk - da Tabela 7: 1000 = 8,5 % 9,4 1000 025 5,8t;t 15,0 o % Perda por relaxação: ptkptkpioopr f039,0f80,0 100 9,4 t;tt;t A perda neste caso não é desprezível, e se utilizada cura a vapor, com elevação da temperatura na armadura de protensão, a perda é ainda maior. 9.3 RETRAÇÃO INICIAL DO CONCRETO EM PISTA DE PROTENSÃO A retração inicial do concreto leva a uma perda de tensão na armadura. No ambiente de fábrica (ambiente úmido), com cura iniciada logo após o adensamento, pode-se desprezar o efeito da retração inicial do concreto, mesmo porque o intervalo de tempo entre a concretagem e a transferência da protensão é pequeno. 9.4 VARIAÇÃO DA FORÇA DE PROTENSÃO DE Pi A Pa NA PRÉ-TRAÇÃO Considerando cabos retos, pista longa e cura acelerada, uma estimativa é: UNESP (Bauru/SP) – 2139 – Concreto Protendido Prof. Dr. Paulo Sérgio dos Santos Bastos 36 RBaço%3 RNaço%7 PPPP 1cs1rancPP ai 9.5 DETERMINAÇÃO DA FORÇA Po NA PRÉ-TRAÇÃO Po = força de protensão correspondente ao instante imediatamente posterior à transferência da protensão à peça. Na pré-tração: Po = Pa – Pe Pa = força ancorada; Pe = perda da força de protensão devida à deformação imediata do concreto (encurtamento elástico). NBR 6118 (item 9.6.3.3.1): “A variação da força de protensão em elementos estruturais com pré-tração, por ocasião da aplicação da protensão ao concreto, e em razão do seu encurtamento, deve ser calculada em regime elástico, considerando-se a deformação da seção homogeneizada. O módulo de elasticidade do concreto a considerar é o correspondente à data de protensão, corrigido, se houver cura térmica.” Ap Pa Pa l cp Figura 69 – Encurtamento elástico por deformação imediata do concreto, protensão axial. cp = tensão no concreto ao nível da armadura de protensão. Imediatamente após a transferência da protensão para a peça, a mudança na deformação da armadura de protensão (p),causada pelo encurtamento elástico do concreto, é igual à deformação do concreto (cp) ao nível da armadura de protensão, sendo a equação de compatibilidade expressa por: p = cp e aplicando a Lei de Hooke: c cp p P EE e A perda de protensão é: cppcp c p P E E e UNESP (Bauru/SP) – 2139 – Concreto Protendido Prof. Dr. Paulo Sérgio dos Santos Bastos 37 p = c p E E = razão modular ; ch a cp A P Ach = área da seção homogeneizada: Ac = b . h Acp = p . Ap Ach = Ac + Acp Ap = b . h + (p – 1) Ap b h Ac Ap Por simplicidade, em seções onde a quantidade de aço não é alta, faz-se Ach = Ac . Após o encurtamento elástico, a força de protensão na armadura será: p e P A P e cppPe = ch a p A P ch a p p e A P A P p ch a pe A A P P Po = Pa Pe = p ch a pa A A P P Se a protensão for excêntrica e atuar o peso próprio da peça, fica: + - + Pa Pa ep - + - ( )Pa ( )Pa + ( )Mpp Pa Ach Pa Ih .ep² Mpp Ih ep CG Figura 70 – Tensões normais na seção transversal, sob protensão excêntrica e com atuação do peso próprio. Ih = momento de inércia da seção homogeneizada. Tensão no concreto ao nível da armadura de protensão: h ppp h 2 pa ch a cp I eM I eP A P UNESP (Bauru/SP) – 2139 – Concreto Protendido Prof. Dr. Paulo Sérgio dos Santos Bastos 38 A expressão de cp é válida quando se pode considerar a protensão aplicada numa única fibra. Quando a protensão ocorrer em fibras distintas, como no caso de cordoalhas em vários níveis, a influência de uma sobre a outra deve ser avaliada, conforme processo apresentado em Hanai (2002). Perda de protensão: cppPe eao PPP pPoo AP Exemplo Calcule a perda de tensão na armadura de protensão na seção 1-1, de uma viga pré- tensionada, assumindo que, antes da transferência da protensão, a força ancorada era correspondente à tensão de 0,75fptk . A viga tem os seguintes dados: vão = 15,2 m ; peso próprio (gpp) = 7,22 kN/m concreto C40 ; fck(i) = 30 MPa Eci = ckE f5600 , com E = 1,0 (brita de granito ou gnaisse) Eci = 305600.0,1 = 30.672 MPa Armadura de protensão (Ap): 10 cordoalhas CP 190 RB 12,7 ( = 12,7 mm), Ap = 10 . 0,987 = 9,87 cm2 fptk = 1.900 MPa ; Ep = 196 kN/mm2 = 196.000 MPa l 2 l 2 Pa P a e p 1 1 38 7 6 c m 1 0 c m Ap l = 15,2 m Figura 71 – Esquema da viga. Resolução Razão modular: 39,6 30672 196000 E E ci p p Ac = 38 . 76 = 2.888 cm2 091.390.1 12 76.38 I 3 cm4 por simplicidade: Ach = Ac e Ih = I UNESP (Bauru/SP) – 2139 – Concreto Protendido Prof. Dr. Paulo Sérgio dos Santos Bastos 39 Excentricidade da armadura de protensão: 2810 2 76 ep cm Força de protensão ancorada (Pa): σPa = 0,75fptk = (0,75 . 190) = 142,5 kN/cm2 Pa = σPa . Ap = ( 142,5) 9,87 = 1.406,5 kN Momento fletor devido ao peso próprio: 51,208 8 2,15.22,7 M 2 pp kN.m = 20.851 kN.cm A tensão no concreto, na fibra relativa ao CG da armadura de protensão, no instante da transferência da força de protensão é: h ppp h 2 pa ch a cp I eM I eP A P = 860,0 091.390.1 28.20851 091.390.1 28.5,1406 2888 5,1406 2 kN/cm2 A perda de tensão por encurtamento elástico é: cppPe = 6,39 (0,860) = 5,50 kN/cm2 = 55,0 MPa Em porcentagem: 9,3100 5,142 50,5 100 a e P P % Força de protensão após o encurtamento elástico (Po): eao PPP = 142,5 – (5,50) = 137,0 kN/cm2 pPoo AP = 137,0 . 9,87 = 1.352,2 kN (redução de 54,3 kN de Pa para Po) 9.6 DETERMINAÇÃO DE Po NA PÓS-TRAÇÃO Parte-se de Pi (força no macaco) deduzindo-se as seguintes perdas (ver Figura 68): Patr = perda por atrito ao longo da armadura; Panc = perda por escorregamento/acomodação dos fios na ancoragem; Pe = perda por deformação imediata do concreto pelo estiramento dos cabos restantes; Pr1 = perda por relaxação inicial da armadura; Pcs1 = perda por retração inicial do concreto; Pcc1 = perda por fluência inicial do concreto. UNESP (Bauru/SP) – 2139 – Concreto Protendido Prof. Dr. Paulo Sérgio dos Santos Bastos 40 9.7 PERDA POR ATRITO NA PÓS-TRAÇÃO (NBR 6118, item 9.6.3.3.2.2) Considere um elemento pós-tracionado com uma armadura tensionada pelo cilindro hidráulico na ancoragem ativa. Uma seção desta armadura, localizada a uma distância x da ancoragem ativa, terá uma tensão menor, devido a perdas de tensão geradas pelo atrito entre a armadura e o duto (bainha), bem como entre também os próprios fios ou cordoalhas. Pi - Patr P i Força de atrito Figura 72 – Perda por atrito ao longo da bainha no estiramento da armadura. Nos elementos estruturais com pós-tração, a perda por atrito pode ser determinada por: kx iatr e1P)x(P onde: Pi = força de protensão no cilindro (“macaco”) hidráulico; x = abcissa do ponto onde se calcula Patr , medida a partir da ancoragem, em metros; = soma dos ângulos de desvio entre a ancoragem e o ponto de abcissa x, em radianos; = coeficiente de atrito aparente entre o cabo e a bainha. Na falta de dados experimentais, pode ser estimado como a seguir (1/radianos): = 0,50 entre cabo e concreto (sem bainha); = 0,30 entre barras ou fios com mossas ou saliências e bainha metálica; = 0,20 entre fios lisos ou cordoalhas e bainha metálica; = 0,10 entre fios lisos ou cordoalhas e bainha metálica lubrificada; = 0,05 entre cordoalha e bainha de polipropileno lubrificada. k = coeficiente de ondulação = coeficiente de perda por metro provocada por curvaturas não intencionais do cabo e ondulações da bainha. Na falta de dados experimentais, pode ser adotado o valor 0,01 (1/m). A Tabela 8 apresenta os valores propostos pelo ACI 318 para k e . Tabela 8 - Valores propostos pelo ACI para k e . Tipo de armadura k (por m) Armaduras em bainha flexível de metal: - fios .................................................. - cordoalha de 7 fios ......................... - barras de alta resistência ................ 0,0033 – 0,0049 0,0016 – 0,0066 0,0003 – 0,0020 0,15 – 0,25 0,15 – 0,25 0,08 – 0,30 Cordoalha de 7 fios em dutos metálicos rígidos 0,00066 0,15 – 0,25 Armadura engraxada: - fios e cordoalhas de 7 fios ............... 0,0010 – 0,0066 0,05 – 0,15 UNESP (Bauru/SP) – 2139 – Concreto Protendido Prof. Dr. Paulo Sérgio dos Santos Bastos 41 Exemplo 1) Qual a perda total por atrito devido à curvatura e à oscilação da bainha metálica flexível, de uma viga pós-tensionada armada com cordoalhas CP 190 de 7 fios. Dados: Pi = 0,74 fptk = 0,74 . 1900 = 1406 MPa = 0,20 (bainha metálica com cordoalha); k = 0,006/m conforme valor proposto pelo ACI (Tabela 8) P i l = 15,2 m 2 8 l 2 l 2 P i - Patr Ap= 9,87 cm² y x Figura 73 – Esquema da viga. Resolução x m2 2 x m 2 tg y2m x y4 2 tg y x 2 x m arco circular = 8y x Figura 74 – Armadura curva. e para ângulos pequenos: x y4 2 x y8 (rad) 147,0 1520 28.8 rad Conforme a NBR 6118: kx iatr e1P)x(P Força de protensão no “macaco” hidráulico: Pi = Pi . Ap = 140,6 . 9,88 = 1.387,7 kN UNESP (Bauru/SP) – 2139 – Concreto Protendido Prof. Dr. Paulo Sérgio dos Santos Bastos 42 1206,02,15.006,0147,0.20,0 atr e17,1387e17,1387)2,15(P 7,157)2,15(Patr kN Perda percentual: 4,11100 7,1387 7,157 % Portanto, na ancoragem passiva (extremidadedireita da viga) a força de protensão na armadura é: 0,230.1)7,157(7,1387PP atri kN 2) Calcular as perdas por atrito num cabo de uma viga contínua pós-tensionada, nas posições B, C e D. Considere: = 0,20 (bainha metálica com cordoalha); k = 0,002/m. 9 m 9 7 7 (A/B) (A/C) A yB = 0,47B C D E(C/D) yD = 0,185ancoragem ativa Figura 75 – Posicionamento da armadura de protensão na viga protendida. Resolução A perda de protensão por atrito pode ser expressa também como perda de tensão: kx Pp e)x( i Tensão e perda de protensão em B: 104,0 2 1 18 47,0.8 2 1 x y8 )B/A( B rad )9(p = 9.002,0104,0.2,0 P e i )9(p = iP962,0 perda de 3,8 % = (1 – 0,962) 100 Tensão e perda de protensão em C: 209,0 18 47,0.8 x y8 )C/A( B rad )18(p = 18.002,0209,0.2,0 P e i UNESP (Bauru/SP) – 2139 – Concreto Protendido Prof. Dr. Paulo Sérgio dos Santos Bastos 43 )18(p = iP925,0 perda de 7,5 % Tensão e perda de protensão em D: (A / D) = (A / C) + (C / D) 262,0 2 1 14 185,0.8 209,0 2 1 x y8 C/A)D/A( D rad )25(p = 25.002,0262,0.2,0 P e i )25(p = iP903,0 perda de 9,7 % Exercício Proposto Uma viga contínua com três vãos em a armadura em parábolas sucessivas. Assumindo = 0,20, k = 0,0025/m, Pi = - 1.303 MPa, fptk = 1.900 MPa, Ep = 202.000 MPa calcule a tensão na armadura nas seções A até F. A B C 45,7 cm D E F 14,64 m 3,65 3,65 4,70 35,3 3 2 ,3 Figura 76 – Esquema da viga. 9.8 PERDA NA ANCORAGEM NA PÓS-TRAÇÃO A perda na ancoragem deve-se ao escorregamento dos fios, e depende do tipo de dispositivo de ancoragem. Decresce com o aumento da distância da ancoragem ativa, podendo ser desprezível na seção mais solicitada, sendo, entretanto, importante em peças curtas. Nos dispositivos com cunhas, as perdas de protensão são maiores (perda por encunhamento) e significativas. Segundo a NBR 6118 (9.6.3.3.2.3), essas “perdas devem ser determinadas experimentalmente ou adotados os valores indicados pelos fabricantes dos dispositivos de ancoragem.” Quando a armadura recua devido ao escorregamento/acomodação, surge um atrito contrário que faz com que a perda de tensão na armadura ocorra somente até uma distância X da ancoragem ativa. UNESP (Bauru/SP) – 2139 – Concreto Protendido Prof. Dr. Paulo Sérgio dos Santos Bastos 44 pi x tensão após o escorre g. na ancoragem tensão antes do escorregamento p ,a n c X0 p ,a n c atrito atrit o p p p,atr Figura 77 – Perda de tensão por atrito e por escorregamento na ancoragem. A perda de tensão na posição da ancoragem é: X E2 panc,p (Lei de Hooke) = escorregamento/acomodação na ancoragem; com X = perda de deformação média até X. Na posição X a perda de tensão é nula, e: iP pE X = valor dependente da curvatura da armadura e do atrito (); Pi = tensão na armadura na posição da ancoragem ativa (macaco hidráulico). Exemplo Assumindo Pi = – 1.303 MPa e = 5,1 mm = 0,0051 m, qual o valor de X e da perda de protensão devida ao escorregamento na ancoragem ativa? Quais os valores das tensões na armadura de protensão nas posições X e X/2? Dados: = 0,15, k = 0,0025/m, Ep = 196.000 MPa. a 45,7 cm 7,32 m 7,32 parábola ancoragem ativa Figura 78 – Esquema da armadura na viga. UNESP (Bauru/SP) – 2139 – Concreto Protendido Prof. Dr. Paulo Sérgio dos Santos Bastos 45 Tabela 9 - Valores de e X para perfis típicos da armadura. Perfil x kx X Linear xpi k iP p k E X Parabólico pi b a k b a 2 2 iP pE X Circular pi R k R iP pE X Qualquer forma, ou combinação de formas (modelo aproximado) p (x) x pi l z iP 1z z E X p Resolução 00506,00025,0 32,7 457,0.15,0.2 k b a 2 22 /m iP pE X = 31,12 00506,03,130 0051,019600 m A perda de protensão é: X E2 panc,p = 4,162 31,12 0051,0 196000.2 MPa Perda percentual: 5,12100 1303 4,162 % UNESP (Bauru/SP) – 2139 – Concreto Protendido Prof. Dr. Paulo Sérgio dos Santos Bastos 46 pi distância (x) antes do escorreg. na ancoragem p ,a n c X 2 X 2 1 6 2 ,4 após o escorre gamento X = 12,31 p ,a n c posição do "macaco" p,anc= 0 1140,6 1303 1221,8 = 1303 - ( 162,4 2 ) P i P i - Patr posição do "macaco" (anc. ativa) ancoragem passiva escorregamento () atrito no escorregamento atrito no alongamento p 8 1 ,2 1 1 8 1 .2 1 2 2 1 .8 Figura 79 – Perda de tensão por atrito e por escorregamento na ancoragem. 9.9 PERDA DE PROTENSÃO NA PÓS-TRAÇÃO POR DEFORMAÇÃO IMEDIATA DO CONCRETO PELO ESTIRAMENTO DOS CABOS RESTANTES Na pós-tração os macacos de protensão apóiam-se na própria peça a ser protendida, o que impõe deformações na peça à medida que a armadura vai sendo estirada, de modo que não ocorrem perdas de protensão quando os cabos são estendidos todos juntos. No entanto, quando a protensão é aplicada cabo por cabo, a protensão num cabo provoca deformações no concreto que resultam em perda de protensão nos cabos já tracionados e ancorados. O primeiro cabo sofre perda de protensão decorrente da protensão dos n-1 cabos restantes, e assim sucessivamente, sendo zero a perda do último cabo estirado. Segundo a NBR 6118 (item 9.6.3.3.2.1), a perda média de protensão, por cabo, é: n2 1ncgcpp P com: cp = tensão inicial no concreto ao nível do baricentro da armadura de protensão, devido à protensão simultânea dos “n” cabos; cg = tensão no mesmo ponto, devida à carga permanente mobilizada pela protensão ou simultaneamente aplicada pela protensão. c p p E E UNESP (Bauru/SP) – 2139 – Concreto Protendido Prof. Dr. Paulo Sérgio dos Santos Bastos 47 Para um número muito grande de cabos, de modo aproximado: cgcppP 2 1 9.10 RETRAÇÃO E FLUÊNCIA INICIAL DO CONCRETO NA PÓS-TRAÇÃO A perda de protensão por retração e fluência inicial do concreto ocorre quando os cabos de protensão são protendidos em instantes diferentes, ou seja, o cabo protendido numa primeira etapa já vai sofrendo perdas de protensão até o instante de protensão de cada um dos cabos restantes. As perdas de protensão ocorridas entre as etapas de protensão devem ser somadas à da relaxação da armadura. Não havendo necessidade de se considerar um cálculo mais refinado, essa perdas iniciais podem ser estimadas, ou desprezadas quando forem pequenas. 9.11 DETERMINAÇÃO DA FORÇA DE PROTENSÃO FINAL A força de protensão final (P∞) é aquela existente após ocorridas todas as perdas de protensão. Pode ser calculada subtraindo todas as perdas ocorridas após a aplicação da força Po (perdas progressivas posteriores: retração e fluência do concreto e relaxação da armadura). 9.12 PERDA DE PROTENSÃO POR RETRAÇÃO DO CONCRETO A retração no concreto é afetada por muitos fatores: traço, tipo de agregados, tipo de cimento, tempo de cura, tempo de aplicação da protensão após a cura, dimensões e forma da peça, condições do ambiente, etc. Aproximadamente 80 % da retração ocorre no primeiro ano. A perda de tensão na armadura devida à retração do concreto pode ser aproximada por: pcsPcs E onde: cs = deformação específica de retração do concreto ao nível da armadura, no tempo considerado; Ep = módulo de elasticidade da armadura de protensão. A deformação cs é fornecida pela NBR 6118 (Tabela 8.2, item 8.2.11) do tempo to (dias) até o tempo