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119 Capítulo 4VULVOVAGINITES E CERVICITES O QUE VOCÊ PRECISA SABER? u Corrimento é uma queixa comum no dia a dia da Ginecologia e também um dos temas mais presentes nas provas. u Antes de tudo, saber como é a flora vaginal normal. u Se a questão envolver corrimento, em mais de 95% das vezes falará sobre um desses três: vaginose bac- teriana, candidíase e tricomoníase. u Atente-se a quatro tópicos: sintomas, características do corrimento, pH vaginal e microscopia. u Antes da prova, dê uma olhada na tabela comparativa! u Importante saber também as formas menos comuns de corrimentos. u Sobre cervicites, não confundir com vulvovaginites, pois ambas têm tratamentos específicos. VULVOVAGINITES 1. DEFINIÇÕES As vulvovaginites são causas comuns de corrimento vaginal patológico e se caracterizam por afecções do epitélio estratificado da vulva e vagina – impor- tante não fazer confusão com as cervicites, que acometem o colo do útero (mais especificamente o epitélio glandular dele). BASES DA MEDICINA As vulvovaginites são afecções do epitélio estratificado vulvovaginal (vulva, paredes vaginais e ectocérvice) cau- sadas por inflamação infecção ou desequilíbrio da flora vaginal normal. 2. CONTEÚDO VAGINAL Antes de mais nada, você precisa aprender o que encontramos na vaginal normal. BASES DA MEDICINA O conteúdo é formado por transudato vaginal, muco cer- vical, células vaginais e do colo do útero descamadas e secreção das glândulas de Bartholin e Skene. Além disso, temos leucócitos e microrganismos da flora vaginal. Dentre os microrganismos presentes, incluem-se patógenos oportunistas que, na mulher saudável, não ocasionam doenças. importância/prevalência 119 Capítulo 4VULVOVAGINITES E CERVICITES O QUE VOCÊ PRECISA SABER? u Corrimento é uma queixa comum no dia a dia da Ginecologia e também um dos temas mais presentes nas provas. u Antes de tudo, saber como é a flora vaginal normal. u Se a questão envolver corrimento, em mais de 95% das vezes falará sobre um desses três: vaginose bac- teriana, candidíase e tricomoníase. u Atente-se a quatro tópicos: sintomas, características do corrimento, pH vaginal e microscopia. u Antes da prova, dê uma olhada na tabela comparativa! u Importante saber também as formas menos comuns de corrimentos. u Sobre cervicites, não confundir com vulvovaginites, pois ambas têm tratamentos específicos. VULVOVAGINITES 1. DEFINIÇÕES As vulvovaginites são causas comuns de corrimento vaginal patológico e se caracterizam por afecções do epitélio estratificado da vulva e vagina – impor- tante não fazer confusão com as cervicites, que acometem o colo do útero (mais especificamente o epitélio glandular dele). BASES DA MEDICINA As vulvovaginites são afecções do epitélio estratificado vulvovaginal (vulva, paredes vaginais e ectocérvice) cau- sadas por inflamação infecção ou desequilíbrio da flora vaginal normal. 2. CONTEÚDO VAGINAL Antes de mais nada, você precisa aprender o que encontramos na vaginal normal. BASES DA MEDICINA O conteúdo é formado por transudato vaginal, muco cer- vical, células vaginais e do colo do útero descamadas e secreção das glândulas de Bartholin e Skene. Além disso, temos leucócitos e microrganismos da flora vaginal. Dentre os microrganismos presentes, incluem-se patógenos oportunistas que, na mulher saudável, não ocasionam doenças. importância/prevalência Vulvovaginites e cervicites Ginecologia 120 BASES DA MEDICINA A cor do conteúdo é branca ou até transparente e o aspecto é fluido. DIA A DIA MÉDICO É muito comum, na prática da Ginecologia, paciente com queixas de “corrimento”, mas que, na verdade, é a secre- ção fisiológica da vagina. Por isso, é importante explicar muito bem que existe um “corrimento” fisiológico e que na idade reprodutiva a vagina da mulher não é seca ou mesmo livre de microrganismos. DICA O pH vaginal normal é ácido, varian- do de 4 a 4,5. BASES DA MEDICINA A manutenção desse pH é fundamental para a homeostase vaginal. O epitélio escamoso da vagina é rico em glicogênio e serve de substrato (através das células descamadas) para os lactobacilos de Döderlein, que convertem a glicose em ácido láctico, criando um ambiente vaginal ácido (pH de 4 a 4,5). A acidez ajuda a manter uma flora vaginal normal e inibe o crescimento de organismos patogênicos. Além disso, os lactobacilos produzem o peróxido de hidrogênio, que ajuda a impedir a proliferação de bactérias anaeró- bias (essa informação será importante para entender a vaginose bacteriana). Portanto, os lactobacilos, produtores de ácido láctico e peróxido de hidrogênio, são fundamentais para a manu- tenção de uma vagina saudável! Alguns fatores podem acabar desequilibrando esse ecos- sistema: muco cervical, sêmen, antibióticos, duchas vaginais, doenças sexualmente transmissíveis, sangue menstrual, doenças sistêmicas (diabetes mellitus, por exemplo), gravidez e menopausa. DIA A DIA MÉDICO Na pós-menopausa, com o hipoestrogenismo, é comum a diminuição do glicogênio das células epiteliais vagi- nais. Essa diminuição de substrato para os lactobacilos produzirem ácido leva à elevação do pH vaginal (5 a 7,5). Já na gestação, devido ao aumento de estrogênio (placen- tário), há aumento de lactobacilos e da secreção vaginal. 3. FLORA VAGINAL BASES DA MEDICINA Os principais microrganismos da flora vaginal normal são bactérias aeróbias gram-positivas (Lactobacil- lus acidophilus, Staphylococcus epidermidis e Strep- tococcus agalactiae) e gram-negativas (Escherichia coli), anaeróbias facultativas (Gardnerella vaginalis, Enterococcus), anaeróbias estritas ou obrigatórias (Bacteroides spp. Peptostreptococcus spp., Ureaplasma urealyticum, Mycoplasma hominis e Prevotella spp.) e fungos (Candida spp). Dos citados acima, os mais importantes são os lactobacilos (Lactobacillus acidophilus representam 90% da flora vaginal em uma mulher na menacme). As bactérias anaeróbias representam menos de 1% da flora vaginal normal. BASES DA MEDICINA A Candida é um fungo que pode fazer parte do trato genital normal e estar presente em até 30% das mulheres. Em algumas situações, pode tornar-se patogênico. DICA Informação importantíssima para saber: O pH da vaginal normal é entre 4 e 4,5, e as bactérias mais importantes na flora vaginal são os Lactobacilos. Vulvovaginites e cervicites Cap. 4 121 4. INVESTIGAÇÃO Antes de partirmos para o estudo das principais formas de vulvovaginites, vamos primeiro pincelar alguns exames úteis na prática ginecológica, feitos no consultório mesmo, o que irá elucidar o diagnós- tico diferencial de algumas dessas formas. 4.1. DETERMINAÇÃO DO PH VAGINAL Baseia-se na mudança de cor do papel colorimé- trico, indicando diferentes valores de pH. Coloca-se uma fita em contato com a parede vaginal lateral, evitando o conteúdo do fundo de saco vaginal ou colo uterino. A cor que o papel adquire irá variar de acordo com o pH do conteúdo da vagina. Figura 1. Teste do pH vaginal. Fonte: FEBRASGO.1 4.2. TESTE DAS AMINAS Colocam-se 1 a 2 gotas de KOH a 10% na superfí- cie (espátula ou adesivo) com conteúdo vaginal, e sente-se o odor das aminas quando há alterações que aumentem a flora vaginal anaeróbia (vaginose bacteriana, tricomoníase, vaginite aeróbica por microtraumatismos ou ulcerações). Isso ocorre porque, ao entrar em contato com subs- tância básica, há reação com liberação de aminas voláteis, que possuem esse odor característico. Não aplicar diretamente na vagina da paciente! 4.3. EXAME BACTERIOSCÓPICO Coleta-se conteúdo da parede vaginal usando espátula de madeira ou cotonete. O material então é disposto em três lâminas de vidro, em esfregão. Uma seleção é usada para a coloração de Gram; em outra, coloca-se uma gota de soro fisioló- gico a 0,9% e, na outra, uma gota de KOH a 10%. Observam-se: u Na lâmina do SF: Trichomonas móveis, clue cells, celularidade e se a flora é bacilar ou cocácea (cocos); u Na lâminaapenas 30%, não sendo indicada. A cervicite gonocócica pode ser diagnosticada pela cultura do gonococo em meio seletivo (Thayer-Mar- tin modificado), a partir de amostras endocervicais. O diagnóstico laboratorial da cervicite causada por C. trachomatis e N. gonorrhoeae pode ser feito por um método de biologia molecular (NAAT). A captura híbrida é outro método de biologia mole- cular; embora menos sensível que os NAAT, e avalia qualitativamente a presença do patógeno. A imunofluorescência direta tem leitura subjetiva, sendo que a sensibilidade está aquém do esperado. Na ausência de laboratório, a principal estratégia de manejo das cervicites por clamídia e gonorreia é o tratamento das parcerias sexuais de homens portadores de uretrite. Vulvovaginites e cervicites Cap. 4 141 8. TRATAMENTO Quadro 5. Tratamento de gonorreia e clamídia. Condição clínica Tratamento Conjuntivite gonocócica no adulto Ceftriaxona 1 g, IM, dose única. Infecção gonocócica NÃO complicada (uretra, colo de útero, reto e faringe). Ceftriaxona 500 mg, IM, dose única. + Azitromicina, 500 mg, 2 cp, VO, dose única. Infecção gonocócica disseminada. Ceftriaxona 1 g, IM ou EV, completando no mínimo 7 dias de tratamento. + Azitromicina, 500 mg, 2 cp, VO, dose única. Infecção por clamídia Azitromicina, 500 mg, 2 cp, VO, dose única. + Doxiciclina, 100 mg, VO, 2x ao dia, durante 7 dias (exceto em gestantes). Fonte: Brasil.2 Portanto, um esquema para tratar cervicite por clamídia e gonococo e não errar na prova: u Ceftriaxona IM (para o gonococo) + Azitromicina VO (para a clamídia). Vulvovaginites e cervicites Cap. 4 141 8. TRATAMENTO Quadro 5. Tratamento de gonorreia e clamídia. Condição clínica Tratamento Conjuntivite gonocócica no adulto Ceftriaxona 1 g, IM, dose única. Infecção gonocócica NÃO complicada (uretra, colo de útero, reto e faringe). Ceftriaxona 500 mg, IM, dose única. + Azitromicina, 500 mg, 2 cp, VO, dose única. Infecção gonocócica disseminada. Ceftriaxona 1 g, IM ou EV, completando no mínimo 7 dias de tratamento. + Azitromicina, 500 mg, 2 cp, VO, dose única. Infecção por clamídia Azitromicina, 500 mg, 2 cp, VO, dose única. + Doxiciclina, 100 mg, VO, 2x ao dia, durante 7 dias (exceto em gestantes). Fonte: Brasil.2 Portanto, um esquema para tratar cervicite por clamídia e gonococo e não errar na prova: u Ceftriaxona IM (para o gonococo) + Azitromicina VO (para a clamídia). Vulvovaginites e cervicites Ginecologia 142 Fluxograma 1. Manejo de corrimento vaginal e cervicite. Queixa de corrimento vaginal Anamnese Microscopia disponível na consulta? Corrimento vaginal confirmado? 10% disponível? pH vaginal e/ou KOH a Sim Exame ginecológico (toque e exame especular) Ver cervicite Tratar candidíase Causa fisiológica Corrimento grumoso ou eritema vulvar? pH >4,5 e/ou KOH (+) Tratar vaginose bacteriana e tricomoníase pH 80%) e/ou disúria (> 50%). O período de incubação é cerca de dois a cinco dias após a infecção. O corrimento mucopurulento ou purulento é fre- quente. As complicações no homem ocorrem por infecção ascendente a partir da uretra (orquiepididimite e prostatite). BASES DA MEDICINA A infecção retal é geralmente assintomática, mas pode causar corrimento retal ou dor e desconforto perianal ou anal (7%). Vulvovaginites e cervicites Cap. 4 143 URETRITE 1. DEFINIÇÃO As uretrites são ISTs caracterizadas por inflamação da uretra acompanhada de corrimento. 2. AGENTES ETIOLÓGICOS Os agentes etiológicos mais importantes do corri- mento uretral são a N. gonorrhoeae e a C. tracho- matis. BASES DA MEDICINA Outros agentes, como Trichomonas. vaginalis, Ureaplasma. urealyticum, enterobactérias (nas relações anais inserti- vas), M. genitalium, vírus do herpes simples adenovírus e Candida spp., são menos frequentes. Causas traumá- ticas (produtos e objetos utilizados na prática sexual) devem ser consideradas no diagnóstico diferencial de corrimento uretral. 3. FATORES DE RISCO Os agentes microbianos das uretrites podem ser transmitidos por relação sexual vaginal, anal e oral. Entre os fatores associados às uretrites, foram encontrados idade jovem, baixo nível socioeconô- mico, múltiplos parceiros sexuais, histórico de IST e uso irregular de preservativos. 4. QUADRO CLÍNICO O corrimento uretral pode ter aspecto que varia de mucoide a purulento, com volume variável, estando associado a dor uretral (independentemente da mic- ção), disúria, estrangúria (micção lenta e dolorosa), prurido uretral e eritema de meato uretral. 4.1. ASPECTOS ESPECÍFICOS DO CORRIMENTO URETRAL 4.1.1. Uretrite gonocócica É um processo infeccioso e inflamatório da mucosa uretral, causado pela N. gonorrhoeae.Os sinais e sintomas são determinados pelos locais primários de infecção (membranas mucosas da uretra, endocérvice, reto, faringe e conjuntiva). A gonorreia é frequentemente assintomática em mulheres e também quando ocorre na faringe e reto. A infecção uretral no homem pode ser assin- tomática em menos de 10% dos casos. Nos casos sintomáticos, há corrimento (> 80%) e/ou disúria (> 50%). O período de incubação é cerca de dois a cinco dias após a infecção. O corrimento mucopurulento ou purulento é fre- quente. As complicações no homem ocorrem por infecção ascendente a partir da uretra (orquiepididimite e prostatite). BASES DA MEDICINA A infecção retal é geralmente assintomática, mas pode causar corrimento retal ou dor e desconforto perianal ou anal (7%). Vulvovaginites e cervicites Ginecologia 144 BASES DA MEDICINA A infecção de faringe, tanto em homens quanto em mulhe- res, é habitualmente assintomática (> 90%). A infecção gonocócica disseminada é rara ( 5 polimorfonucleares (PMN) em lâmina de imersão. A coloração de gram é preferível por se tratar de método rápi- do para o diagnóstico de gonorreia em homens sintomáticos com corrimento uretral. A infecção gonocócica é estabelecida pela presença de di- plococos gram-negativos intracelulares em leu- cócitos polimorfonucleares. Vulvovaginites e cervicites Cap. 4 145 u Teste positivo de esterase leucocitária na urina de primeiro jato ou exame microscópico de se- dimento urinário de primeiro jato, apresentando > 10 PMN por campo. Se nenhum dos critérios acima estiver presente, a pesquisa de N. gonorrhoeae e C. trachomatis pode ser realizada pelos NAAT, métodos de biologia mole- cular que têm elevada sensibilidade e especificidade. A captura híbrida é outro método de biologia mole- cular. Embora menos sensível que os NAAT, avalia qualitativamente a presença do patógeno. A cultura para a N. gonorrhoeae em meio seletivo de Thayer-Martin ou similar também é eficaz. A imunofluorescência direta tem leitura subjetiva e baixa sensibilidade. 6. TRATAMENTO Quadro 6. Tratamento de uretrites. Condição clínica 1 Opção 2 Opção Comentários Uretrite sem identificação do agente etiológico. Ceftriaxona 500 mg, IM, dose única. + Azitromicina, 500 mg, 2 cp, VO, dose única. Ceftriaxona 500 mg, IM, dose única. + Doxiciclina, 100 mg, 1 cp, VO, 2x ao dia, por 7 dias. — Uretrite gonocócica e demais infecções não gonocócicas NÃO complicadas (uretra, colo de útero, reto e faringe). Ceftriaxona 500 mg, IM, dose única. + Azitromicina, 500 mg, 2 cp, VO, dose única. — — Uretrite não gonocócica. Azitromicina, 500 mg, 2 cp, VO, dose única. Doxiciclina, 100 mg, 1 cp, VO, 2x ao dia, por 7 dias. A resolução dos sintomas pode levar até 7 dias, após a conclusão da terapia. Uretrite por clamídia Azitromicina, 500 mg, 2 cp, VO, dose única. Doxiciclina, 100 mg, 1 cp, VO, 2x ao dia, por 7 dias. A resolução dos sintomas pode levar até 7 dias, após a conclusão da terapia. Retratamento de infecções gonocócicas Ceftriaxona 500 mg, IM, dose única. + Azitromicina, 500 mg, 4 cp, VO, dose única. Gentamicina 240 mg, IM. + Azitromicina, 500 mg, 4 cp, VO, dose única. Para casos de falha de tratamento, possíveis reinfecções devem ser tratadas com as doses habituais. Uretrite por Mycoplasma genitalium Azitromicina, 500 mg, 2 cp, VO, dose única. — — Uretrite por Thichomonas vaginalis Metronidazol, 250 mg, 2 cp, VO, 2x ao dia, por 7 dias. Clindamicina, 300 mg, VO, 2x ao dia, por 7 dias. — Fonte: Brasil.2 Portanto, um esquema para tratar uretrite por clamídia e gonococo e não errar na prova: u Ceftriaxone IM (para o gonococo) + Azitromicina VO (para a clamídia). Vulvovaginites e cervicites Cap. 4 145 u Teste positivo de esterase leucocitária na urina de primeiro jato ou exame microscópico de se- dimento urinário de primeiro jato, apresentando > 10 PMN por campo. Se nenhum dos critérios acima estiver presente, a pesquisa de N. gonorrhoeae e C. trachomatis pode ser realizada pelos NAAT, métodos de biologia mole- cular que têm elevada sensibilidade e especificidade. A captura híbrida é outro método de biologia mole- cular. Embora menos sensível que os NAAT, avalia qualitativamente a presença do patógeno. A cultura para a N. gonorrhoeae em meio seletivo de Thayer-Martin ou similar também é eficaz. A imunofluorescência direta tem leitura subjetiva e baixa sensibilidade. 6. TRATAMENTO Quadro 6. Tratamento de uretrites. Condição clínica 1 Opção 2 Opção Comentários Uretrite sem identificação do agente etiológico. Ceftriaxona 500 mg, IM, dose única. + Azitromicina, 500 mg, 2 cp, VO, dose única. Ceftriaxona 500 mg, IM, dose única. + Doxiciclina, 100 mg, 1 cp, VO, 2x ao dia, por 7 dias. — Uretrite gonocócica e demais infecções não gonocócicas NÃO complicadas (uretra, colo de útero, reto e faringe). Ceftriaxona 500 mg, IM, dose única. + Azitromicina, 500 mg, 2 cp, VO, dose única. — — Uretrite não gonocócica. Azitromicina, 500 mg, 2 cp, VO, dose única. Doxiciclina, 100 mg, 1 cp, VO, 2x ao dia, por 7 dias. A resolução dos sintomas pode levar até 7 dias, após a conclusão da terapia. Uretrite por clamídia Azitromicina, 500 mg, 2 cp, VO, dose única. Doxiciclina, 100 mg, 1 cp, VO, 2x ao dia, por 7 dias. A resolução dos sintomas pode levar até 7 dias, após a conclusão da terapia. Retratamento de infecções gonocócicas Ceftriaxona 500 mg, IM, dose única. + Azitromicina, 500 mg, 4 cp, VO,dose única. Gentamicina 240 mg, IM. + Azitromicina, 500 mg, 4 cp, VO, dose única. Para casos de falha de tratamento, possíveis reinfecções devem ser tratadas com as doses habituais. Uretrite por Mycoplasma genitalium Azitromicina, 500 mg, 2 cp, VO, dose única. — — Uretrite por Thichomonas vaginalis Metronidazol, 250 mg, 2 cp, VO, 2x ao dia, por 7 dias. Clindamicina, 300 mg, VO, 2x ao dia, por 7 dias. — Fonte: Brasil.2 Portanto, um esquema para tratar uretrite por clamídia e gonococo e não errar na prova: u Ceftriaxone IM (para o gonococo) + Azitromicina VO (para a clamídia). Vulvovaginites e cervicites Ginecologia 146 Fluxograma 2. Manejo de corrimento uretral. Queixa de corrimento uretral Anamnese e exame clínico Corrimento uretral confirmado Laboratório disponível? Sim Não Sim Não Coleta de material para microscopia (Gram) e para cultura e/ou biologia molecular Presença de diplococos gram-nega�vos intracelulares (Gram)? Tratar gonorreia Tratar clamídia Sinais e sintomas persistem após 7 dias? Não Sim Não Sim Alta Sinais e sintomas persistem após 14 dias? - Referenciar ao serviço especializado Verificar o resultado de cultura e/ou biologia molecular quando realizado. Tratar gonorreia e/ou clamídia e�ologicamente caso não tenham sido tratadas anteriormente. Tratar para Trichomonas vaginalis - Realizar orientação centrada na pessoa e suas prá�cas sexuais - - Contribuir para que a pessoa reconheça e minimize o próprio risco de infecção por uma IST Oferecer testagem para sífilis, HIV, hepa�te B e C - Oferecer vacinação para hepa�te A e hepa�te B, e para HPV, quando indicado - - Informar a pessoa sobre a possibilidade de realizar prevenção combinada para IST/HIV/hepa�tes virais No�ficar o caso, quando necessário Tratar, acompanhar e orientar a pessoa e suas parcerias sexuais Tratar clamídia e gonorreia - Fatores de risco para IST: - Idade abaixo de 30 anos - - Novas ou múl�plas parcerias sexuais Parcerias com IST - História prévia/presença de outra IST Uso irregular de preserva�vo História clínica: Avaliar prá�cas sexuais e fatores de risco para IST, uso de produtos e/ou objetos na prá�ca sexual Aspecto do corrimento: mucopurulento com volume variável associado a dor uretral (independentemente da micção), disúria, estrangúria (micção lenta e dolorosa), prurido uretral e eritema de meato uretral - Quando disponíveis testes de biologia molecular rápida, tratar conforme achado - Quando disponíveis cultura e/ou biologia molecular convencional, verificar conduta inicial e avaliar seguimento do caso, após liberação do(s) resultado(s) Excluir reinfecção, tratamento inadequado para clamídia e gonorreia, resistência an�microbiana, trauma, irritação química ou inserção de corpos estranhos. Fonte: Brasil.2 Vulvovaginites e cervicites Cap. 4 147 Mapa mental. Vulvovaginites Vulvovaginites TricomoníaseSecreção normal Prurido/queimaçãoCorrimento com odorpH de 4-4,5 IST Protozoário flagelado Corrimento amarelo-esverdeado Colpite em morango pH > 4,5 Teste das aminas + Tratamento Secreção branca aglutinada com odor Miconazol/ Nistatina Metronidazol Fluconazol pH > 4,5 Teste das aminas + Clue cells Corrimento “Leite coalhado” Tratamento: Metronidazol Critérios de Amsel (3 / 4) Lactobacilus Tratamento Vaginose bacteriana Candidíase Vulvovaginites e cervicites Cap. 4 147 Mapa mental. Vulvovaginites Vulvovaginites TricomoníaseSecreção normal Prurido/queimaçãoCorrimento com odorpH de 4-4,5 IST Protozoário flagelado Corrimento amarelo-esverdeado Colpite em morango pH > 4,5 Teste das aminas + Tratamento Secreção branca aglutinada com odor Miconazol/ Nistatina Metronidazol Fluconazol pH > 4,5 Teste das aminas + Clue cells Corrimento “Leite coalhado” Tratamento: Metronidazol Critérios de Amsel (3 / 4) Lactobacilus Tratamento Vaginose bacteriana Candidíase Vulvovaginites e cervicites Ginecologia 148 REFERÊNCIAS 1. FEBRASGO. Doenças do Trato Genital Inferior. Elsevier; 2016. (Coleção FEBRASGO). 2. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Doenças de Condições Crôni- cas e Infecções Sexualmente Transmissíveis. Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas para Atenção Integral às Pessoas com Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST). Brasília: Ministério da Saúde; 2020. Vulvovaginites e cervicites Cap. 4 149 QUESTÕES COMENTADAS Questão 1 (FUNDAÇÃO UNIVERSITÁRIA DE CIÊNCIAS DA SAÚDE DE ALA- GOAS – AL – 2018) Dos microrganismos abaixo, NÃO faz parte da microflora vaginal normal: ⮦ Mycoplasma hominis. ⮧ Chlamydia trachomatis. ⮨ Candida albicans. ⮩ Gardnerella vaginalis. ⮪ Nenhum dos citados. Questão 2 (SECRETÁRIA DE ESTADO DE SAÚDE DE SÃO PAULO – SP – 2021) Atualmente, vários métodos diagnósticos podem ser empregados para detectar gonorreia e clamí- dia, dentre eles: ⮦ ensaios de Amplificação de Ácidos Nucleicos – PCR, Captura híbrida e a Sorologia (ELISA). ⮧ teste das uretrites, cultura a partir de amostra vaginal e exame a fresco da secreção uretral ou endocervical. ⮨ toque vaginal, pH vaginal, palpação do abdome (DB) e urina tipo 1. ⮩ urocultura colhida com sonda, cistoscopia, ure- troscopia e bacterioscopia da urina. ⮪ biópsia do colo uterino, citologia oncológica, colposcopia e anatomia patológica. Questão 3 (SANTA GENOVEVA COMPLEXO HOSPITALAR – 2018) Candidíase vulvovaginal é a infecção de vulva e vagina, causada por um fungo comensal que habita a mucosa va- ginal e digestiva, o qual cresce quando o meio se torna favorável ao seu desenvolvimento. Marque a opção INCORRETA acerca desse assunto. ⮦ A relação sexual é a principal forma de trans- missão, visto que esses microrganismos podem fazer parte da flora endógena em até 50% das mulheres assintomáticas. ⮧ Cerca de 80 a 90% dos casos são causados por C. albicans e de 10 a 20% por outras espécies (C. tropicalis, C. glabrata, C. krusei, C. parapsilosis). ⮨ Embora a candidíase vulvovaginal não seja trans- mitida sexualmente, ocorre com maior frequência em mulheres sexualmente ativas, provavelmente devido a microrganismos colonizadores que pe- netram no epitélio por meio de microabrasões. ⮩ Os parceiros sexuais não precisam ser trata- dos, exceto os sintomáticos (pequena parcela do sexo masculino pode apresentar balanite e/ou balanopostite, caracterizadas por áreas eritematosas na glande do pênis, prurido ou irritação, têm indicação de tratamento com agentes tópicos). Questão 4 (HOSPITAL MUNICIPAL DE SÃO JOSÉ DOS CAMPOS – SP – 2018) Para o parceiro sexual de mulher com candidíase aguda, é indicado: ⮦ Fluconazol, dose única. ⮧ Nistatina creme vaginal por 7 dias. ⮨ Pesquisa de fungos em raspado de glande. ⮩ Apenas observar sintomas. Vulvovaginites e cervicites Cap. 4 149 QUESTÕES COMENTADAS Questão 1 (FUNDAÇÃO UNIVERSITÁRIA DE CIÊNCIAS DA SAÚDE DE ALA- GOAS – AL – 2018) Dos microrganismos abaixo, NÃO faz parte da microflora vaginal normal: ⮦ Mycoplasma hominis. ⮧ Chlamydia trachomatis. ⮨ Candida albicans. ⮩ Gardnerella vaginalis. ⮪ Nenhum dos citados. Questão 2 (SECRETÁRIA DE ESTADO DE SAÚDE DE SÃO PAULO – SP – 2021) Atualmente, vários métodos diagnósticos podem ser empregados para detectar gonorreia e clamí- dia, dentre eles: ⮦ ensaios de Amplificação de Ácidos Nucleicos – PCR, Captura híbrida e a Sorologia (ELISA). ⮧ teste das uretrites, cultura a partir de amostra vaginal e exame a fresco da secreção uretral ou endocervical. ⮨ toque vaginal, pH vaginal, palpação do abdome (DB) e urina tipo 1. ⮩ urocultura colhida com sonda, cistoscopia, ure- troscopia e bacterioscopia da urina. ⮪ biópsia do colo uterino, citologia oncológica, colposcopia e anatomia patológica. Questão 3 (SANTA GENOVEVA COMPLEXO HOSPITALAR – 2018) Candidíase vulvovaginal é a infecção de vulva e vagina, causada por um fungo comensal que habita a mucosa va- ginal e digestiva, o qual cresce quando o meio se torna favorávelao seu desenvolvimento. Marque a opção INCORRETA acerca desse assunto. ⮦ A relação sexual é a principal forma de trans- missão, visto que esses microrganismos podem fazer parte da flora endógena em até 50% das mulheres assintomáticas. ⮧ Cerca de 80 a 90% dos casos são causados por C. albicans e de 10 a 20% por outras espécies (C. tropicalis, C. glabrata, C. krusei, C. parapsilosis). ⮨ Embora a candidíase vulvovaginal não seja trans- mitida sexualmente, ocorre com maior frequência em mulheres sexualmente ativas, provavelmente devido a microrganismos colonizadores que pe- netram no epitélio por meio de microabrasões. ⮩ Os parceiros sexuais não precisam ser trata- dos, exceto os sintomáticos (pequena parcela do sexo masculino pode apresentar balanite e/ou balanopostite, caracterizadas por áreas eritematosas na glande do pênis, prurido ou irritação, têm indicação de tratamento com agentes tópicos). Questão 4 (HOSPITAL MUNICIPAL DE SÃO JOSÉ DOS CAMPOS – SP – 2018) Para o parceiro sexual de mulher com candidíase aguda, é indicado: ⮦ Fluconazol, dose única. ⮧ Nistatina creme vaginal por 7 dias. ⮨ Pesquisa de fungos em raspado de glande. ⮩ Apenas observar sintomas. Vulvovaginites e cervicites Ginecologia 150 Questão 5 (HOSPITAL MILITAR DE ÁREA DE SÃO PAULO – SP – 2018) Nulí- para, 25 anos de idade, procura a Unidade Básica de Saúde (UBS) com queixa de corrimento vaginal branco, inodoro e intermitente há 1 ano. Nega pru- rido. Relata ser sexualmente ativa e usar preserva- tivo masculino como método anticoncepcional. Ao exame ginecológico, apresenta pequena quantidade de conteúdo vaginal de coloração branca; pH va- ginal = 4,5; exame microscópico: leucócitos +/4+, presença de bacilos gram-positivos e raros cocos gram-positivos. O diagnóstico provável é: ⮦ Conteúdo vaginal fisiológico. ⮧ Vaginite por monília. ⮨ Vaginite citolítica. ⮩ Alergia ao látex. ⮪ Tricomoníase. Questão 6 (HOSPITAL CASA DE PORTUGAL – 2018) Na vaginose bac- teriana, observa-se o desequilíbrio da flora vaginal normal, devido ao aumento exagerado de bactérias anaeróbias, como Gardnerella vaginalis, Bacteroides sp., Mobiluncus sp., Mycoplasma, Peptostreptococ- cus sp. e diminuição importante dos lactobacilos. Neste caso, o quadro clínico observado é: ⮦ Prurido genital, associado a corrimento branco, grumoso e com aspecto de “leite coalhado” ade- rido à parede vaginal. ⮧ Corrimento vaginal branco-acinzentado, com odor fétido, mais acentuado depois do coito e no período menstrual. ⮨ Corrimento abundante amarelo-esverdeado, bolhoso e com odor fétido associado a proces- so inflamatório importante (na vagina e no colo do útero). ⮩ Fluxo vaginal transparente ou branco, inodoro, homogêneo ou pouco grumoso. O pH vaginal é normal, e o teste das aminas negativo. Questão 7 (HOSPITAL UNIVERSITÁRIO DE JUNDIAÍ – SP – 2018) De acordo com os critérios de Amsel, os achados diagnósticos de vaginose bacteriana são aqueles que constam nas seguintes afirmativas: I. Descarga ou corrimento vaginal; II. Presença de células-guia na microscopia a fresco; III. pH vaginalvaginalis, protozoá- rio flagelado, pode ser assintomática, sendo o diagnóstico estabelecido pela colpocitologia, já que o agente morre rapidamente após a coleta e não é observado no exame a fresco ou direto. Questão 10 (HOSPITAL DAS FORÇAS ARMADAS – 2015) Uma paciente de 24 anos de idade, G2PN2A0, consultou-se com ginecologista em virtude de queixa de leucorreia. Foram realizados o teste das aminas (positivo) e o exame a fresco da secreção vaginal, e a conclusão do médico foi de que se tratava de vaginose por Gardnerella vaginalis. Considerando esse caso hipo- tético, assinale a alternativa que apresenta o acha- do que se espera ter sido visto no exame a fresco. ⮦ Hifas e esporos. ⮧ Protozoário flagelado. ⮨ Cariomegalia. ⮩ Leveduras. ⮪ Clue cells. Questão 11 (ASSOCIAÇÃO DA SANTA CASA DE MISERICÓRDIA DE OURI- NHOS) É patógeno intracelular e, portanto, não causa vulvovaginite: ⮦ Clamidia. ⮧ Trichomonas. ⮨ Gardnerela. ⮩ Cândida albicans. Questão 12 (HOSPITAL OFTALMOLÓGICO DE BRASÍLIA – DF) Ao adicionar hidróxido de potássio a 10% ao corrimento vaginal, a liberação de odor de peixe podre ocorre devido à liberação de: ⮦ amônia. ⮧ cloreto de sódio. ⮨ cadaverina e putrescina. ⮩ ureia. Questão 13 (HOSPITAL UNIVERSITÁRIO ONOFRE LOPES – UFRN) O controle das infecções sexualmente transmissíveis que se manifestam como endocervicite ainda configuram um importante problema de saúde pública, visto que a grande parte das mulheres com essas infecções tem sintomatologia pobre ou ausente. A leucorreia vaginal pode ser a única manifestação clínica, antes Vulvovaginites e cervicites Ginecologia 152 de se instalar o quadro clássico de doença infla- matória pélvica aguda. Nesses casos, os agentes mais frequentemente encontrados são: ⮦ Neisseria gonorrhoeae e Chlamydia trachomatis. ⮧ Gardnerella vaginalis e Enterobacteriaceae. ⮨ Corynebacterium sp e Haemophilus ducreyi. ⮩ Trichomonas vaginalis e Calymmatobacterium granulomatis. Questão 14 (UNIVERSIDADE DE RIBEIRÃO PRETO – SP) Mulher de 40 anos procura atendimento com queixa de odor va- ginal, corrimento e dispareunia há 2 semanas. Ao exame, confirma-se presença de secreção modera- da, homogênea, esverdeada, com odor fétido, colo bastante avermelhado em aspecto “de morango” e pH vaginal de 6,0. Assinale a opção que descreve o agente etiológico possível e seu tratamento. ⮦ Trichomonas vaginalis, metronidazol oral. ⮧ Gardnerella vaginalis, metronidazol oral. ⮨ Candida albicans, fluconazol oral. ⮩ Vulvogaginites e Cervicite. Questão 15 (HOSPITAL ISRAELITA ALBERT EINSTEIN – SP – 2018) Mulher de 32 anos de idade refere que seu parceiro foi diagnosticado com gonorreia há 1 dia. O exame ginecológico mostra conteúdo vaginal aumentado, amarelado. Para a pesquisa do gonococo, deve-se coletar material: ⮦ Do endocérvice ⮧ Do fundo de saco vaginal ⮨ Do introito vaginal ⮩ Periuretral ⮪ Perianal Questão 16 (US/SP – 2018) Mulher de 52 anos de idade procura atendimento por corrimento vaginal há 2 meses. O corrimento é de pequena quantidade, líquido, amarelado, associado a mau odor e com prurido eventual. É sexualmente ativa e teve a última mens- truação há 1 ano. Não tem antecedentes mórbidos relevantes e não faz uso de medicamentos. A ins- peção genital está mostrada abaixo. A microscopia de conteúdo vaginal em salina apresenta predomi- nância de células intermediárias, com numerosos leucócitos, debris celulares e ausência de lactoba- cilos. O pH vaginal é 5,5. Qual o tratamento mais adequado, por via vaginal, para o caso? ⮦ metronidazol ⮧ corticosteroide ⮨ estrogênio ⮩ clotrimazol Vulvovaginites e cervicites Cap. 4 153 Questão 17 (HOSPITAL ISRAELITA ALBERT EINSTEIN – SP – 2020) Considere a imagem abaixo. O esfregaço de células vaginais mostrado na imagem revela a presença de ⮦ HPV. ⮧ Fungos ⮨ Clamidia trachomatis. ⮩ Trichomonas. ⮪ Gardnerella vaginalis. Vulvovaginites e cervicites Cap. 4 153 Questão 17 (HOSPITAL ISRAELITA ALBERT EINSTEIN – SP – 2020) Considere a imagem abaixo. O esfregaço de células vaginais mostrado na imagem revela a presença de ⮦ HPV. ⮧ Fungos ⮨ Clamidia trachomatis. ⮩ Trichomonas. ⮪ Gardnerella vaginalis. Vulvovaginites e cervicites Ginecologia 154 GABARITO E COMENTÁRIOS Questão 1 dificuldade: Comentário: Questão sobre as bactérias que fazem parte da flora bacteriana vaginal. Dentre as lista- das, fazem parte da flora vaginal: Candida albicans, Mycoplasma hominis e Gardenerella vaginalis. Em situação de equilíbrio, estas bactérias podem estar presentes, não necessariamente causando doen- ças. Já a Chlamydia trachomatis não faz parte da flora vaginal normal. ✔ resposta: ⮧ Questão 2 dificuldade: Comentário: Os quadros clínicos da infecção pela clamídia e gonorreia podem ser bastante semelhan- tes, o que leva à investigação em conjunto dos dois agentes e costumeiramente ao tratamento também das duas afecções. O diagnóstico laboratorial da cervicite causada por Chlamydia trachomatis e Neis- seria gonorrhoeae pode ser feito mediante técnicas de biologia molecular, como o PCR, captura híbrida e ELISA, métodos de escolha para todos os casos, sintomáticos e assintomáticos. Alternativa A: CORRETA. Alternativa B: INCORRETA. Os agentes em questão não costumam crescer em meios de cultura con- vencionais, sendo necessário o uso de cultura em meio seletivo (Thayer-Martin modificado). Na mu- lher, diferentemente do homem, o exame a fresco com coloração de Gram tem uma sensibilidade de apenas 30%, não sendo indicado. Alternativa C: INCORRETA. Testes que poderiam dife- renciar vulvovaginites, cistites ou até mesmo DIP, por exemplo, mas não identificariam diretamente os agentes etiológicos. Alternativa D: INCORRETA. Investigação que não é utilizada habitualmente para diagnóstico de gonor- reia e clamídia. Alternativa E: INCORRETA. Métodos mais utilizados para diagnosticar infecção por HPV e possíveis com- plicações como lesões precursoras de malignidade. ✔ resposta: ⮦ Questão 3 dificuldade: Comentário: Questão simples que aborda as carac- terísticas da candidíase. Alternativa A: INCORRETA. A via sexual não é a prin- cipal forma de transmissão da candidíase vulvova- ginal, uma vez que, segundo livros didáticos recen- tes, esse fungo é um comensal encontrado na flora vaginal endógena em 30% das mulheres saudáveis e assintomáticas, mesmo as celibatárias. Por isso, a candidíase vulvovaginal é classificada como uma doença “eventualmente de transmissão sexual”. Alternativa B: CORRETA. Aproximadamente 85% dos casos são causados por Candida albicans, e o res- tante por outras espécies não albicans. O que ex- plica a maior prevalência da Candida albicans em relação às outras espécies é a maior capacidade de aderência às células vaginais. Alternativa C: CORRETA. De acordo com o protocolo do Ministério da Saúde de 2015, sobre as Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST), as microabrasões e os microrganismos colonizadores do epitélio em mulheres sexualmente ativas têm maior relação com a candidíase vulvovaginal. Alternativa D: CORRETA. Nos casos de candidíase vulvovaginal recorrente há menção no protocolo do Vulvovaginites e cervicites Cap. 4 155 Ministério da Saúde sobre IST e tratamento empí- rico dos parceiros sexuais. ✔ resposta: ⮦ Questão 4 dificuldade: Comentário: Os parceiros sexuais não necessitam de tratamento para candidíase, exceto em caso de sintomas, o que acontece na menor parte dos par- ceiros do sexo masculino, que podem apresentar balanite e/ou balanopostite, sendo caracterizadas por áreas eritematosas na glande do pênis, pruri- do ou irritação, devendo ser tratados com agentes tópicos. Além disso, o protocolo do Ministério da Saúde sobre as infecções sexualmente transmis- síveis não faz menção ao tratamento empírico de parceiros para candidíase vulvovaginal recorrente (4 ou mais episódios sintomáticos em 1 ano). ✔ resposta: ⮩ Questão 5 dificuldade: Comentário:Questão sobre conteúdo vaginal normal. As características da secreção vaginal fisiológica normal são: cor branca ou incolor, aspecto fluido, inodora, volume variável de acordo com a fase do ciclo menstrual. É formada por transudato, muco cervical, células vaginais descamadas, leucócitos e microrganismos. Dentre os microrganismos en- contrados, podemos encontrar bactérias gram-po- sitivas, sendo, principalmente, os Lactobacillus. ✔ resposta: ⮦ Questão 6 dificuldade: Comentário: Na vaginose bacteriana, observa-se uma mudança na flora vaginal. Há diminuição dos lacto- bacilos e aumento de bactérias anaeróbias, sendo a principal delas a Gardnerella vaginalis. A secre- ção vaginal típica dessa patologia é um corrimen- to branco-acinzentado, com odor fétido, que piora após coito e no período menstrual. ✔ resposta: ⮧ Questão 7 dificuldade: Comentário: Questão sobre os critérios de Amsel para diagnóstico de vaginose bacteriana. São critérios de Amsel: 1. Corrimento branco-acinzentado, homogêneo, fluido; 2. pH vaginal > 4,5; 3. Teste das aminas positivo; 4. Clue cells no exame a fresco das secreções vaginais. São necessários 3 dos 4 critérios. ✔ resposta: ⮩ Questão 8 dificuldade: Comentário: Questão sobre uma paciente com pru- rido vulvovaginal intenso e disúria, apresentando no exame físico vulvite intensa, conteúdo vaginal aumentado e pH ácido. Na bacterioscopia foram visualizadas hifas, confirmando o diagnóstico de candidíase vulvovaginal. ✔ resposta: ⮩ Questão 9 dificuldade: Alternativa A: INCORRETA. A infecção pelo herpes-ví- rus simples acomete principalmente a região vul- var, e não o colo do útero. Seu diagnóstico clínico é bastante sensível, mas pode ser confirmado pelo citodiagnóstico de Tzanck (não é específico) com visualização de células multinucleadas e massa basofílica, e pela coloração de Papanicolaou, que pode detectar inclusões virais. Células do tipo “olho de coruja” sinalizam uma infecção por citomegalo- vírus, e não herpes-vírus. Alternativa B: INCORRETA. O erro da alternativa está na etiologia causal da doença, que é um poxvírus, e no diagnóstico, que deve ser predominantemente clínico, uma vez que apresenta lesões bem caracte- rísticas, com pápulas umbilicadas, pequenas, com depressão central, rosadas e peroladas, de base le- vemente hiperemiadas. Tais lesões são múltiplas e Vulvovaginites e cervicites Cap. 4 155 Ministério da Saúde sobre IST e tratamento empí- rico dos parceiros sexuais. ✔ resposta: ⮦ Questão 4 dificuldade: Comentário: Os parceiros sexuais não necessitam de tratamento para candidíase, exceto em caso de sintomas, o que acontece na menor parte dos par- ceiros do sexo masculino, que podem apresentar balanite e/ou balanopostite, sendo caracterizadas por áreas eritematosas na glande do pênis, pruri- do ou irritação, devendo ser tratados com agentes tópicos. Além disso, o protocolo do Ministério da Saúde sobre as infecções sexualmente transmis- síveis não faz menção ao tratamento empírico de parceiros para candidíase vulvovaginal recorrente (4 ou mais episódios sintomáticos em 1 ano). ✔ resposta: ⮩ Questão 5 dificuldade: Comentário: Questão sobre conteúdo vaginal normal. As características da secreção vaginal fisiológica normal são: cor branca ou incolor, aspecto fluido, inodora, volume variável de acordo com a fase do ciclo menstrual. É formada por transudato, muco cervical, células vaginais descamadas, leucócitos e microrganismos. Dentre os microrganismos en- contrados, podemos encontrar bactérias gram-po- sitivas, sendo, principalmente, os Lactobacillus. ✔ resposta: ⮦ Questão 6 dificuldade: Comentário: Na vaginose bacteriana, observa-se uma mudança na flora vaginal. Há diminuição dos lacto- bacilos e aumento de bactérias anaeróbias, sendo a principal delas a Gardnerella vaginalis. A secre- ção vaginal típica dessa patologia é um corrimen- to branco-acinzentado, com odor fétido, que piora após coito e no período menstrual. ✔ resposta: ⮧ Questão 7 dificuldade: Comentário: Questão sobre os critérios de Amsel para diagnóstico de vaginose bacteriana. São critérios de Amsel: 1. Corrimento branco-acinzentado, homogêneo, fluido; 2. pH vaginal > 4,5; 3. Teste das aminas positivo; 4. Clue cells no exame a fresco das secreções vaginais. São necessários 3 dos 4 critérios. ✔ resposta: ⮩ Questão 8 dificuldade: Comentário: Questão sobre uma paciente com pru- rido vulvovaginal intenso e disúria, apresentando no exame físico vulvite intensa, conteúdo vaginal aumentado e pH ácido. Na bacterioscopia foram visualizadas hifas, confirmando o diagnóstico de candidíase vulvovaginal. ✔ resposta: ⮩ Questão 9 dificuldade: Alternativa A: INCORRETA. A infecção pelo herpes-ví- rus simples acomete principalmente a região vul- var, e não o colo do útero. Seu diagnóstico clínico é bastante sensível, mas pode ser confirmado pelo citodiagnóstico de Tzanck (não é específico) com visualização de células multinucleadas e massa basofílica, e pela coloração de Papanicolaou, que pode detectar inclusões virais. Células do tipo “olho de coruja” sinalizam uma infecção por citomegalo- vírus, e não herpes-vírus. Alternativa B: INCORRETA. O erro da alternativa está na etiologia causal da doença, que é um poxvírus, e no diagnóstico, que deve ser predominantemente clínico, uma vez que apresenta lesões bem caracte- rísticas, com pápulas umbilicadas, pequenas, com depressão central, rosadas e peroladas, de base le- vemente hiperemiadas. Tais lesões são múltiplas e Vulvovaginites e cervicites Ginecologia 156 podem localizar-se em qualquer região da pele do indivíduo, menos comumente em mucosas. Rara- mente será preciso fazer biópsia para confirmar o diagnóstico. Alternativa C: CORRETA. A candidíase é uma vulvo- vaginite causada por um fungo do gênero Candida, gram-positivo, dimorfo, saprófita do trato genital e gastrointestinal (comensal), capaz de se proliferar em ambiente ácido. Logo, quando o pH vaginal está mais ácido, isso favorece a proliferação do fungo, causando desequilíbrio na flora vaginal. Seu diag- nóstico pode ser feito pela colpocitologia ou, mais comumente, pelo exame a fresco microscópico com hidróxido de potássio a 10% e a coloração pelo Gram, que revelam pseudo-hifas em cerca de 70% dos casos. Alternativa D: INCORRETA. A infecção por Trichomonas vaginalis pode manifestar sintomas ou não, e o seu diagnóstico pode ser confirmado por colpocitologia, encontrando-se o protozoário, ou por microscopia a fresco, diferentemente do que afirma a questão, de modo que, por este método, é possível a visua- lização do flagelado móvel na lâmina. ✔ resposta: ⮨ Questão 10 dificuldade: Comentário: O achado típico da vaginose bacteriana no exame a fresco são as clue cells ou células-alvo/ células-guia, que correspondem a células epiteliais com a membrana recoberta por bactérias aderidas à sua membrana. A bactéria mais comumente en- volvida nesse processo é a Gardnerella vaginalis. ✔ resposta: ⮪ Questão 11 dificuldade: Comentário: A Clamidia é um patógeno intracelular, sendo capaz de causar cervicites/uretrites, mas não vulvovaginites. Inclusive, sua pesquisa é reali- zada por PCR. ✔ resposta: ⮦ Questão 12 dificuldade: Comentário: O teste descrito é o teste de Whiff, ou teste das aminas, que consiste em pingar KOH so- bre o corrimento; teste positivo das aminas libera as malcheirosas cadaverina e putrescina. ✔ resposta: ⮨ Questão 13 dificuldade: Comentário: A doença inflamatória pélvica ocorre devido à disseminação e ascensão para o trato ge- nital superior de microrganismos provenientes da vagina e endocérvice. Geralmente, a infecção inicial é causada pelas bactérias Neisseria gonorrhoeae e Chlamydia trachomatis. Posteriormente, a infecção tende a se tornar polimicrobiana. Alternativa A: CORRETA. Alternativa B: INCORRETA. Agentes causadores da vaginose bacteriana e de infecções do trato geni- tourinário inferior, respectivamente.__________________________________________________________________________________________________________do KOH: hifas e blastóporos; u Na lâmina do gram: células de defesa, tipo de flora, Trichomonas fixados, clue cells, hifas e blastóporos. Diante disso, vamos agora falar sobre as principais formas de vulvovaginites. Vulvovaginites e cervicites Cap. 4 121 4. INVESTIGAÇÃO Antes de partirmos para o estudo das principais formas de vulvovaginites, vamos primeiro pincelar alguns exames úteis na prática ginecológica, feitos no consultório mesmo, o que irá elucidar o diagnós- tico diferencial de algumas dessas formas. 4.1. DETERMINAÇÃO DO PH VAGINAL Baseia-se na mudança de cor do papel colorimé- trico, indicando diferentes valores de pH. Coloca-se uma fita em contato com a parede vaginal lateral, evitando o conteúdo do fundo de saco vaginal ou colo uterino. A cor que o papel adquire irá variar de acordo com o pH do conteúdo da vagina. Figura 1. Teste do pH vaginal. Fonte: FEBRASGO.1 4.2. TESTE DAS AMINAS Colocam-se 1 a 2 gotas de KOH a 10% na superfí- cie (espátula ou adesivo) com conteúdo vaginal, e sente-se o odor das aminas quando há alterações que aumentem a flora vaginal anaeróbia (vaginose bacteriana, tricomoníase, vaginite aeróbica por microtraumatismos ou ulcerações). Isso ocorre porque, ao entrar em contato com subs- tância básica, há reação com liberação de aminas voláteis, que possuem esse odor característico. Não aplicar diretamente na vagina da paciente! 4.3. EXAME BACTERIOSCÓPICO Coleta-se conteúdo da parede vaginal usando espátula de madeira ou cotonete. O material então é disposto em três lâminas de vidro, em esfregão. Uma seleção é usada para a coloração de Gram; em outra, coloca-se uma gota de soro fisioló- gico a 0,9% e, na outra, uma gota de KOH a 10%. Observam-se: u Na lâmina do SF: Trichomonas móveis, clue cells, celularidade e se a flora é bacilar ou cocácea (cocos); u Na lâmina do KOH: hifas e blastóporos; u Na lâmina do gram: células de defesa, tipo de flora, Trichomonas fixados, clue cells, hifas e blastóporos. Diante disso, vamos agora falar sobre as principais formas de vulvovaginites. Vulvovaginites e cervicites Ginecologia 122 VAGINOSE BACTERIANA Por definição, a vaginose bacteriana (VB) é carac- terizada por três alterações do ambiente vaginal: u Mudança da flora vaginal, com a diminuição dos lactobacilos e crescimento das bactérias anaeró- bias (ex.: Gardnerella vaginalis, Mobiluncus sp., Peptostreptococcus sp., Mycoplasma hominis, Ureaplasma urealyticum). u Produção de aminas voláteis pela nova flora vaginal. u Aumento do pH vaginal (pH > 4,5). 1. EPIDEMIOLOGIA É a vulvovaginite mais comum, correspondendo de 40% a 50% dos casos (é isso aí, “ganha” da tão famosa candidíase). BASES DA MEDICINA A bactéria cocobacilar anaeróbia mais associada à vagi- nose bacteriana é a Gardnerella vaginalis. Alguns estudos de prevalência nos Estados Uni- dos mostram que podem afetar de 30% a 50% das mulheres na menacme (sintomáticas ou não). 2. FISIOPATOLOGIA BASES DA MEDICINA Na VB, há diminuição de lactobacilos, levando à diminui- ção de peróxido de hidrogênio. Sem esses mecanismos de defesa, ocorre aumento de bactérias gram-negativas anaeróbias. Dessas, a mais importante é a Gardnerella vaginalis. Alguns autores chamam esse processo de disbiose, refletindo o desequilíbrio da flora vaginal. A diminuição dos lactobacilos e o aumento de anaeróbios justificam o aumento do pH (> 4,5). Além disso, os anaeróbios produzem as aminas voláteis, que contribuem com o aumento do pH vaginal e também com o odor vaginal característico da VB. Essas aminas aumentam a transudação vaginal e a esfoliação de células escamosas epiteliais. O aumento do pH também facilita a aderência da Gardnerella vaginalis nas células epiteliais esfoliadas (isso vai ser importante quando falarmos sobre as clue cells). DIA A DIA MÉDICO A ausência de inflamação local justifica o termo vaginose, e não vaginite! Não há um processo inflamatório – essa é a diferença em relação à candidíase. Por não haver inflamação, poucas pacientes sentem incômodo com esse corrimento A vaginose bacteriana NÃO é uma IST! Lembre-se dessa informação quando falarmos de tratamento. 3. FATORES DE RISCO 3.1. ATIVIDADE SEXUAL Apesar de a VB não ser considerada IST (lembrar que há aumento de bactérias que já fazem parte da flora normal), a presença de atividade sexual (incluindo sexo oral) é um fator de risco. Uma revisão sistemática e uma meta-análise mos- traram que ter múltiplos parceiros sexuais (mascu- lino ou feminino) aumenta o risco de VB, e o uso de condom (camisinha) diminui esse risco. Vulvovaginites e cervicites Cap. 4 123 3.2. IST A presença de IST parece ser um fator de risco para a VB. Entre elas, os estudos mostraram correlação com infecção por herpes e HIV. Aliás, alguns estu- dos mostraram que a própria VB pode ser um fator de risco para a infecção pelo HIV e também para a ocorrência de Doença Inflamatória Pélvica. 4. QUADRO CLÍNICO Entre 50% e 75% são assintomáticas! Por isso, a candidíase é mais famosa! Quando os sintomas aparecem: u Corrimento vaginal (geralmente branco, fino e homogêneo). u Odor fétido (cheiro de peixe – são as aminas vo- láteis: putrescina, cadaverina e trimetilamina). Os sintomas tendem a ficar mais evidentes após o coito e na menstruação (sêmen e sangue têm pH mais básico que o vaginal). A VB isolada NÃO causa disúria, dispareunia, prurido, queimação ou inflamação vulvovaginal (eritema/ edema) ou altera o colo uterino. 5. COMPLICAÇÕES Não é considerada uma IST, mas pode favorecer o aparecimento de DIP, infecções por herpes, gono- coco, clamídia e tricomonas. Com relação à doença inflamatória pélvica, não se sabe ao certo a relação com a VB. Sabe-se que a VB é mais frequente em pacientes com DIP, mas não está claro se pode ser considerada um fator de risco. É fator de risco para aquisição e transmissão do HIV. Pode causar quadros de endometrite, febre pós- -parto, infecção de cúpula vaginal pós-histerectomia e infecção pós-aborto. Nas gestantes, favorece o trabalho de parto prematuro. 6. DIAGNÓSTICO Vamos falar sobre: Critérios de Amsel, coloração de GRAM e citologia. 6.1. CRITÉRIOS DE AMSEL É o mais cobrado nas provas! Para ser considerado positivo, precisam estar pre- sentes pelo menos três dos quatro: u Corrimento branco acinzentado, fluido, fino e ho- mogêneo; bolhoso ou não. u Aumento do pH vaginal (> 4,5). u Teste das aminas positivo (odor de peixe após pingar uma gota de KOH 10% em amostra da se- creção vaginal – não aplicar na vagina) – também chamado de Whiff Test. u Clue cells (ou células guia/alvo/pista): células vaginais epiteliais com cocobacilos aderidos em suas bordas em exame microscópico a fresco. DICA Os três primeiros podem aparecer na tricomoníase. Figura 3. Exame especular de paciente com vaginose bacteriana. Fonte: Autor. Vulvovaginites e cervicites Cap. 4 123 3.2. IST A presença de IST parece ser um fator de risco para a VB. Entre elas, os estudos mostraram correlação com infecção por herpes e HIV. Aliás, alguns estu- dos mostraram que a própria VB pode ser um fator de risco para a infecção pelo HIV e também para a ocorrência de Doença Inflamatória Pélvica. 4. QUADRO CLÍNICO Entre 50% e 75% são assintomáticas! Por isso, a candidíase é mais famosa! Quando os sintomas aparecem: u Corrimento vaginal (geralmente branco, fino e homogêneo). u Odor fétido (cheiro de peixe – são as aminas vo- láteis: putrescina, cadaverina e trimetilamina). Os sintomas tendem a ficar mais evidentes após o coito e na menstruação (sêmen e sangue têm pH mais básico que o vaginal). A VB isolada NÃO causa disúria, dispareunia, prurido, queimação ou inflamação vulvovaginal (eritema/ edema) ou altera o colo uterino. 5. COMPLICAÇÕES Não é considerada uma IST, mas pode favorecer o aparecimento de DIP, infecções por herpes, gono- coco, clamídia e tricomonas. Com relação à doença inflamatória pélvica, não se sabe aocerto a relação com a VB. Sabe-se que a VB é mais frequente em pacientes com DIP, mas não está claro se pode ser considerada um fator de risco. É fator de risco para aquisição e transmissão do HIV. Pode causar quadros de endometrite, febre pós- -parto, infecção de cúpula vaginal pós-histerectomia e infecção pós-aborto. Nas gestantes, favorece o trabalho de parto prematuro. 6. DIAGNÓSTICO Vamos falar sobre: Critérios de Amsel, coloração de GRAM e citologia. 6.1. CRITÉRIOS DE AMSEL É o mais cobrado nas provas! Para ser considerado positivo, precisam estar pre- sentes pelo menos três dos quatro: u Corrimento branco acinzentado, fluido, fino e ho- mogêneo; bolhoso ou não. u Aumento do pH vaginal (> 4,5). u Teste das aminas positivo (odor de peixe após pingar uma gota de KOH 10% em amostra da se- creção vaginal – não aplicar na vagina) – também chamado de Whiff Test. u Clue cells (ou células guia/alvo/pista): células vaginais epiteliais com cocobacilos aderidos em suas bordas em exame microscópico a fresco. DICA Os três primeiros podem aparecer na tricomoníase. Figura 3. Exame especular de paciente com vaginose bacteriana. Fonte: Autor. Vulvovaginites e cervicites Ginecologia 124 Figura 4. Microscopia: clue cells. Fonte: Autor. 6.2. COLORAÇÃO DE GRAM Em teoria, seria o padrão-ouro. Costuma ser mais utilizado em estudos, pois demanda mais tempo, recursos e experiência que os critérios de Amsel. São utilizados os critérios de Nugent, que avaliam a presença de lactobacilos, Gardnerella, bacteroides e gram-negativos curvos. Uma pontuação entre 7 e 10 caracteriza a VB. Quadro 1. Sistema de Nugent para diagnóstico da vaginose bacteriana. 120 MINISTÉRIO DA SAÚDE Secretaria de Vigilância em Saúde Departamento de Doenças de Condições Crônicas e Infecções Sexualmente Transmissíveis PROTOCOLO CLÍNICO E DIRETRIZES TERAPÊUTICAS PARA ATENÇÃO INTEGRAL ÀS PESSOAS COM INFECÇÕES SEXUALMENTE TRANSMISSÍVEIS (IST) 7.1.2.1 Diagnóstico de vaginose bacteriana Se a microscopia estiver disponível, o diagnóstico é realizado na presença de pelo menos três critérios de Amsel (AMSEL et al., 1983): › Corrimento vaginal homogêneo; › pH >4,5; › Presença de clue cells no exame de lâmina a fresco; › Teste de Whiff positivo (odor fétido das aminas com adição de hidróxido de potássio a 10%). O padrão-ouro é a coloração por Gram do fluido vaginal. Quantifica-se o número de bactérias e lactobacilos patogênicos, resultando em um escore que determina se há infecção. O mais comumente utilizado é o sistema de Nugent (NUGENT et al., 1991), conforme o Quadro 30. O critério que caracteriza a VB, somada a pontuação de todos os agentes, é um escore de 7 ou mais; um escore de 4 a 6 é intermediário e de 0 a 3 é normal. Quadro 30 – Sistema de Nugent para diagnóstico de vaginose bacteriana ESCORE LACTOBACILOS GARDNERELLA, BACTEROIDES, ETC. BACILOS CURVOS QUANTIFICAÇÃO 0 4+ 0 0 0 Ausência de bactérias 1 3+ 1+ 1+ ou 2+ 1+ 30 bactérias/campo Fonte: Adaptado de Nugent, 1991. Nota: interpretação do resultado: 0 a 3 – negativo para VB; 4 a 6 – microbiota alterada; 7 ou mais – vaginose bacteriana. Não há indicação de rastreamento de vaginose bacteriana em mulheres assintomáticas. O tratamento é recomendado para mulheres sintomáticas e para assintomáticas quando grávidas, especialmente aquelas com histórico de parto pré-termo e que apresentem comorbidades ou potencial risco de complicações (previamente à inserção de DIU, cirurgias ginecológicas e exames invasivos no trato Anexo OCDT_IST_final (0014125075) SEI 25000.041466/2020-48 / pg. 122 Fonte: Brasil.2 6.3. CITOLOGIA O esfregaço de Papanicolaou não é confiável para o diagnóstico da VB. Na presença de clue cells, outros critérios devem ser investigados. DIA A DIA MÉDICO No laudo da Colpocitologia Oncótica (Papanicolaou), pode aparecer a seguinte descrição: presença de baci- los supracitoplasmáticos, sugestivos de Gardnerella ou Mobiliuncus. O tratamento de pacientes assintomáticas não costuma ser indicado (gestantes assintomáticas serão discutidas ao final do tema). Vulvovaginites e cervicites Cap. 4 125 6.4. CULTURA Não tem papel no diagnóstico da VB devido às complexas mudanças da flora vaginal. 7. DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL Outras causas de aumento do pH vaginal: tricomo- níase, vaginite atrófica e vaginite inflamatória des- camativa. Através de exame clínico e microscopia, podem ser facilmente descartadas. DIA A DIA MÉDICO Lembrando que pacientes com VB não têm motivos para ter dispareunia ou sinais de inflamação vaginal. Pacientes com tricomoníase, vaginite atrófica e vaginite inflamatória descamativa costumam ter esses sinais e sintomas. A vaginite atrófica e a vaginite inflamatória desca- mativa estão associadas ao aumento do número de células parabasais na microscopia, o que não acontece na VB. O aumento do número de leucócitos polimorfonu- cleares na microscopia é característico na vaginite inflamatória descamativa, tricomoníase e vaginite atrófica com infecção, o que não ocorre na VB. 8. TRATAMENTO O tratamento está indicado para todas as pacientes sintomáticas. Também se deve tratar as assin- tomáticas que estão em programação cirúrgica de histerectomia ou de algum procedimento com manipulação uterina. O tratamento em gestantes assintomáticas ainda é bastante discutível. Mas o tratamento das mulheres com antecedentes de prematuridade mostrou-se benéfico. Para tentar entender e não só decorar: Temos que usar algum ATB (antibiótico) que cubra anaeróbios! BASES DA MEDICINA O Metronidazol tem atividade contra bactérias anaeróbias e também atividade antiprotozoária, sendo utilizado no tratamento da vaginose bacteriana e da tricomoníase. Pelo Ministério da Saúde: 8.1. NÃO GESTANTES 1ª opção: u Metronidazol 250 mg, 2 comprimidos VO, 12 em 12 horas, por 7 dias Ou u Metronidazol gel vaginal 100 mg/g, um aplicador cheio via vaginal, à noite ao deitar-se, por 5 dias. 2ª opção u Clindamicina 300 mg, VO, 12/12h, por 7 dias. 8.2. GESTANTES E LACTENTES Mesmo tratamento das não gestantes. 8.3. PUÉRPERAS Para as puérperas, recomenda-se o mesmo trata- mento das gestantes. 8.4. PARCERIAS SEXUAIS O tratamento de parcerias sexuais não está reco- mendado (VB não é considerada IST) 8.5. VAGINOSE BACTERIANA RECORRENTE Na VB recorrente: o triplo regime (metronidazol gel dez dias + ácido bórico 21 dias + metronidazol gel duas vezes por semana, por quatro a seis meses) parece promissor, porém requer validação com estudo prospectivo randomizado e controlado. O papel do ácido bórico é remover o “biofilme” vaginal que facilitaria a persistência das bactérias patogênicas. Vulvovaginites e cervicites Cap. 4 125 6.4. CULTURA Não tem papel no diagnóstico da VB devido às complexas mudanças da flora vaginal. 7. DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL Outras causas de aumento do pH vaginal: tricomo- níase, vaginite atrófica e vaginite inflamatória des- camativa. Através de exame clínico e microscopia, podem ser facilmente descartadas. DIA A DIA MÉDICO Lembrando que pacientes com VB não têm motivos para ter dispareunia ou sinais de inflamação vaginal. Pacientes com tricomoníase, vaginite atrófica e vaginite inflamatória descamativa costumam ter esses sinais e sintomas. A vaginite atrófica e a vaginite inflamatória desca- mativa estão associadas ao aumento do número de células parabasais na microscopia, o que não acontece na VB. O aumento do número de leucócitos polimorfonu- cleares na microscopia é característico na vaginite inflamatória descamativa, tricomoníase e vaginite atrófica com infecção, o que não ocorre na VB. 8. TRATAMENTO O tratamento está indicado para todas as pacientes sintomáticas. Também se deve tratar as assin- tomáticas que estão em programação cirúrgica de histerectomia ou de algum procedimento commanipulação uterina. O tratamento em gestantes assintomáticas ainda é bastante discutível. Mas o tratamento das mulheres com antecedentes de prematuridade mostrou-se benéfico. Para tentar entender e não só decorar: Temos que usar algum ATB (antibiótico) que cubra anaeróbios! BASES DA MEDICINA O Metronidazol tem atividade contra bactérias anaeróbias e também atividade antiprotozoária, sendo utilizado no tratamento da vaginose bacteriana e da tricomoníase. Pelo Ministério da Saúde: 8.1. NÃO GESTANTES 1ª opção: u Metronidazol 250 mg, 2 comprimidos VO, 12 em 12 horas, por 7 dias Ou u Metronidazol gel vaginal 100 mg/g, um aplicador cheio via vaginal, à noite ao deitar-se, por 5 dias. 2ª opção u Clindamicina 300 mg, VO, 12/12h, por 7 dias. 8.2. GESTANTES E LACTENTES Mesmo tratamento das não gestantes. 8.3. PUÉRPERAS Para as puérperas, recomenda-se o mesmo trata- mento das gestantes. 8.4. PARCERIAS SEXUAIS O tratamento de parcerias sexuais não está reco- mendado (VB não é considerada IST) 8.5. VAGINOSE BACTERIANA RECORRENTE Na VB recorrente: o triplo regime (metronidazol gel dez dias + ácido bórico 21 dias + metronidazol gel duas vezes por semana, por quatro a seis meses) parece promissor, porém requer validação com estudo prospectivo randomizado e controlado. O papel do ácido bórico é remover o “biofilme” vaginal que facilitaria a persistência das bactérias patogênicas. Vulvovaginites e cervicites Ginecologia 126 Quadro 2. Tratamento de vaginose bacteriana. 127 INFECÇÕES QUE CAUSAM CORRIMENTO VAGINAL E CERVICITE Quadro 33 – Tratamento de candidíase vulvovaginal CANDIDÍASE VULVOGINAL TRATAMENTO Primeira opção Miconazol creme a 2% ou outros derivados imidazólicos, via vaginal, um aplicador cheio, à noite ao deitar-se, por 7 dias OU Nistatina 100.000 UI, uma aplicação, via vaginal, à noite ao deitar-se, por 14 dias Segunda opção Fluconazol 150mg, VO, dose única OU Itraconazol 100mg, 2 comprimidos, VO, 2x/dia, por 1 dia CVV complicada e CVV recorrentes Indução: fluconazol 150mg, VO, 1x/dia, dias 1, 4 e 7 OU Itraconazol 100mg, 2 comprimidos, VO, 2x/dia, por 1 dia OU Miconazol creme vaginal tópico diário por 10-14 dias. Manutenção: fluconazol 150mg, VO, 1x/semana, por 6 meses OU Miconazol creme vaginal tópico, 2x/semana OU Óvulo vaginal, 1x/semana, durante 6 meses • As parcerias sexuais não precisam ser tratadas, exceto as sintomáticas. • É comum durante a gestação, podendo haver recidivas pelas condições propícias do pH vaginal que se estabelecem nesse período. • Tratamento em gestantes e lactantes: somente por via vaginal. O tratamento oral está contraindicado. Fonte: DCCI/SVS/MS. Quadro 34 – Tratamento de vaginose bacteriana VAGINOSE BACTERIANA TRATAMENTO Primeira opção (incluindo gestantes e lactantes) Metronidazol 250mg, 2 comprimidos VO, 2x/dia, por 7 dias OU Metronidazol gel vaginal 100mg/g, um aplicador cheio via vaginal, à noite ao deitar-se, por 5 dias Segunda opção Clindamicina 300mg, VO, 2x/dia, por 7 dias continua Anexo OCDT_IST_final (0014125075) SEI 25000.041466/2020-48 / pg. 129 128 MINISTÉRIO DA SAÚDE Secretaria de Vigilância em Saúde Departamento de Doenças de Condições Crônicas e Infecções Sexualmente Transmissíveis PROTOCOLO CLÍNICO E DIRETRIZES TERAPÊUTICAS PARA ATENÇÃO INTEGRAL ÀS PESSOAS COM INFECÇÕES SEXUALMENTE TRANSMISSÍVEIS (IST) VAGINOSE BACTERIANA TRATAMENTO Recorrentes Metronidazol 250mg, 2 comprimidos VO, 2x/dia, por 10-14 dias OU Metronidazol gel vaginal 100mg/g, um aplicador cheio, via vaginal, 1x/ dia, por 10 dias, seguido de tratamento supressivo com óvulo de ácido bórico intravaginal de 600mg ao dia por 21 dias e metronidazol gel vaginal 100mg/g, 2x/semana, por 4-6 meses • O tratamento das parcerias sexuais não está recomendado. • Para as puérperas, recomenda-se o mesmo tratamento das gestantes. Fonte: DCCI/SVS/MS. Quadro 35 – Tratamento de tricomoníase TRICOMONÍASE TRATAMENTO Primeira opção (incluindo gestantes e lactantes) Metronidazol 400mg, 5 comprimidos, VO, dose única (dose total de tratamento 2g) OU Metronidazol 250mg, 2 comprimidos, VO, 2x/dia, por 7 dias • As parcerias sexuais devem ser tratadas com o mesmo esquema terapêutico. O tratamento pode aliviar os sintomas de corrimento vaginal em gestantes, além de prevenir infecção respiratória ou genital em RN. • Para as puérperas, recomenda-se o mesmo tratamento das gestantes. Fonte: DCCI/SVS/MS. Observações: › Durante o tratamento com metronidazol, deve-se evitar a ingestão de álcool (efeito antabuse, devido à interação de derivados imidazólicos com álcool, caracterizado por mal-estar, náuseas, tonturas e “gosto metálico na boca”). › Durante o tratamento, devem-se suspender as relações sexuais. › Manter o tratamento durante a menstruação. › O tratamento da(s) parceria(s) sexual(is), quando indicado, deve ser realizado de forma preferencialmente presencial, com a devida orientação, solicitação de exames de outras IST (sífilis, HIV, hepatites B e C) e identificação, captação e tratamento de outas parcerias sexuais, buscando a cadeia de transmissão. Particularidades: tricomoníase a. PVHIV: devem ser tratadas com os esquemas habituais, mas atentar para a interação medicamentosa entre o metronidazol e o ritonavir, que pode elevar a intensidade de náuseas e vômitos, reduzindo a adesão aos continuação Anexo OCDT_IST_final (0014125075) SEI 25000.041466/2020-48 / pg. 130 Fonte: Brasil.2 DIA A DIA MÉDICO Lembre-se dos efeitos colaterais do metronidazol: gosto metálico na boca, náuseas e reação Dissulfiram-like (efeito Antabuse) se ingerir álcool. Portanto, as pacien- tes devem ser orientadas a não beber álcool até um dia após término do tratamento, seja oral ou vaginal. Isso é explicado pela inibição da enzima aldeído desidrogenase pelos nitroimidazólicos. Figura 5. Não ingerir álcool quando em uso de metronidazol. Fonte: Autor. Durante o tratamento, devem ser suspensas as relações sexuais. 8.6. PELO CDC (EUA) O tratamento com metronidazol ou clindamicina, via oral ou vaginal, tem eficácias similares (diferente do que foi dito pelo Ministério da Saúde). Deve-se levar em consideração a disponibilidade, o desejo da paciente, os efeitos colaterais e o custo. A via oral é mais conveniente, mas com mais efeitos colaterais: náuseas, cefaleia, dor abdominal, diarreia associada ao Clostridium difficile. Além de metronidazol VO ou VV e clindamicina VO ou VV, outras opções seriam tinidazol e secnidazol. Para gestantes sintomáticas, considera-se que o tratamento via oral não traz riscos para o feto e indica-se metronidazol ou clindamicina VO por sete dias. Citam a questão de o metronidazol cruzar a placenta, tendo um potencial teratogênico. Há evidências que mostram não haver relação entre exposição ao metronidazol no primeiro trimestre e alterações fetais. Parceiros sexuais não precisam ser tratados. Vulvovaginites e cervicites Cap. 4 127 CANDIDÍASE 1. DEFINIÇÃO É a infecção da vulva e vagina, causada pela Can- dida, fungo comensal que habita a mucosa vaginal e digestiva que cresce quando o meio se torna favorável ao seu desenvolvimento. BASES DA MEDICINA A maioria das candidíases vulvovaginais são classifica- das como não complicadas. As formas não complica- das incluem aquelas com todos os seguintes critérios: esporádica ou infrequente; leve a moderada; cujo pro- vável agente é a Candida albicans; e em pacientes não imunocomprometidas. A candidíase complicada inclui qualquer uma das seguintes características: infecção recorrente por cândida (4 ou mais surtos em um ano); infecção grave; candidíase não albicans; diabetes não controlado; imunossupressão; debilidade ou gravidez. 2. EPIDEMIOLOGIA É a segunda vulvovaginite mais comum, corres- pondendo a um terço dos casos de vulvovaginites. Estima-se que 75% das mulheres terão pelo menos um episódio de candidíase vulvovaginal na vida. Dessas, 5% cursarão com episódiosde recorrência (quatro ou mais episódios sintomáticos em um ano). Não é considerada uma IST! A relação sexual não é a principal forma de trans- missão, visto que esses microrganismos podem fazer parte da flora vaginal normal em até um terço das mulheres assintomáticas. É “vista com maior frequência em mulheres em atividade sexual, pro- vavelmente, devido a microrganismos colonizado- res que penetram no epitélio via microabrasões” (Ministério da Saúde). 3. FISIOPATOLOGIA A principal espécie é a Candida albicans (chega a 90% dos casos). Outras espécies encontradas: C. tropicalis, C. gla- brata, C. krusei, C. parapsilosis. Não está associada à diminuição dos lactobaci- los; portanto, o pH continua baixo. A Candida tem capacidade de se proliferar em ambientes ácidos. 4. FATORES DE RISCO Existem fatores que predispõem à infecção vaginal por Candida sp., entre os quais podem se destacar: u Diabetes (descompensado). u Uso de ATB (inibição da flora normal favorece crescimento de Candida). u Aumento do nível de estrogênio (uso de pílulas combinadas, TRH, gestação). u Imunossupressão (por alguma doença de base ou pelo uso de corticoide ou drogas imunossu- pressoras). u Infecção pelo HIV. u Gestação. u Obesidade. u Hábitos de higiene e vestuário que aumentem a umidade e o calor local. u Contato com substâncias alergênicas e/ou irri- tantes (talcos, perfumes, sabonetes ou desodo- rantes íntimos). 5. QUADRO CLÍNICO Os principais sintomas são: u Prurido vulvar/vaginal: é o principal sintoma! Vulvovaginites e cervicites Cap. 4 127 CANDIDÍASE 1. DEFINIÇÃO É a infecção da vulva e vagina, causada pela Can- dida, fungo comensal que habita a mucosa vaginal e digestiva que cresce quando o meio se torna favorável ao seu desenvolvimento. BASES DA MEDICINA A maioria das candidíases vulvovaginais são classifica- das como não complicadas. As formas não complica- das incluem aquelas com todos os seguintes critérios: esporádica ou infrequente; leve a moderada; cujo pro- vável agente é a Candida albicans; e em pacientes não imunocomprometidas. A candidíase complicada inclui qualquer uma das seguintes características: infecção recorrente por cândida (4 ou mais surtos em um ano); infecção grave; candidíase não albicans; diabetes não controlado; imunossupressão; debilidade ou gravidez. 2. EPIDEMIOLOGIA É a segunda vulvovaginite mais comum, corres- pondendo a um terço dos casos de vulvovaginites. Estima-se que 75% das mulheres terão pelo menos um episódio de candidíase vulvovaginal na vida. Dessas, 5% cursarão com episódios de recorrência (quatro ou mais episódios sintomáticos em um ano). Não é considerada uma IST! A relação sexual não é a principal forma de trans- missão, visto que esses microrganismos podem fazer parte da flora vaginal normal em até um terço das mulheres assintomáticas. É “vista com maior frequência em mulheres em atividade sexual, pro- vavelmente, devido a microrganismos colonizado- res que penetram no epitélio via microabrasões” (Ministério da Saúde). 3. FISIOPATOLOGIA A principal espécie é a Candida albicans (chega a 90% dos casos). Outras espécies encontradas: C. tropicalis, C. gla- brata, C. krusei, C. parapsilosis. Não está associada à diminuição dos lactobaci- los; portanto, o pH continua baixo. A Candida tem capacidade de se proliferar em ambientes ácidos. 4. FATORES DE RISCO Existem fatores que predispõem à infecção vaginal por Candida sp., entre os quais podem se destacar: u Diabetes (descompensado). u Uso de ATB (inibição da flora normal favorece crescimento de Candida). u Aumento do nível de estrogênio (uso de pílulas combinadas, TRH, gestação). u Imunossupressão (por alguma doença de base ou pelo uso de corticoide ou drogas imunossu- pressoras). u Infecção pelo HIV. u Gestação. u Obesidade. u Hábitos de higiene e vestuário que aumentem a umidade e o calor local. u Contato com substâncias alergênicas e/ou irri- tantes (talcos, perfumes, sabonetes ou desodo- rantes íntimos). 5. QUADRO CLÍNICO Os principais sintomas são: u Prurido vulvar/vaginal: é o principal sintoma! Vulvovaginites e cervicites Ginecologia 128 u Queimação e irritação vulvar. u Corrimento branco grumoso (“leite coalhado”). u Disúria (externa ou vulvar e não uretral) SEM ou- tros sintomas irritativos urinários. u Dispareunia (de penetração, pois as paredes va- ginais ficam inflamadas). Os sintomas podem piorar antes da menstruação, quando há mais acidez vaginal. Podem melhorar na menstruação e no período pós-menstrual. No exame físico (vamos descrever os achados encontrados, “de fora para dentro”): u Vulva: eritema e edema na vulva, que também pode ter escoriação/fissura. u Especular clássico: corrimento branco, espesso, com grumos (leite coalhado), aderidos em paredes vaginais hiperemiadas, sem odor. Colo normal. Figura 6. Vulva de paciente com candidíase. Fonte: Autor. Figura 7. Exame especular de paciente com candidíase. Fonte: Autor. 6. DIAGNÓSTICO O diagnóstico é clínico e baseado em sintomas e sinais encontrados no exame físico, além de acha- dos da microscopia. O exame microscópico a fresco com hidróxido de potássio (KOH 10% elimina os demais elementos celulares, como células epiteliais, leucócitos e bac- térias) revela a presença de pseudo-hifas/hifas na maior parte dos casos. Figura 8. Microscopia – Pseudo-hifas. Fonte: Autor. Vulvovaginites e cervicites Cap. 4 129 BASES DA MEDICINA O pH na candidíase é menor que 4,5. Cultura: indicada para casos recorrentes, em que se pesquisam espécies não Albicans. Dentre os possíveis diagnósticos diferenciais, estão: líquen escleroso, vulvovestibulite, dermatite vulvar, vulvodínea, vaginose citolítica, vaginite inflamatória descamativa, formas atípicas de herpes genital e reações de hipersensibilidade. DIA A DIA MÉDICO Nem sempre é possível ter exame de Microscopia, então, na prática, o tratamento costuma ser iniciado após os dados de anamnese e exame físico mostrarem indícios de Candidíase 7. TRATAMENTO 7.1. MINISTÉRIO DA SAÚDE 1ª opção: u Miconazol creme 2%, via vaginal, aplicador cheio, à noite ao deitar-se, por sete dias Ou u Nistatina 100.000 UI, uma aplicação via vaginal, à noite ao deitar-se, por 14 dias. 2ª opção: u Fluconazol 150 mg, VO, dose única Ou u Itraconazol 100 mg, 2 comprimidos, VO, duas vezes ao dia, por um dia. Gestantes: u Durante a gravidez, o tratamento deve ser reali- zado somente por via vaginal. u O tratamento oral está contraindicado na gesta- ção e lactação. Casos recorrentes: u Mesmas opções do tratamento da candidíase vaginal, por 14 dias. Ou u Fluconazol 150 mg, VO, uma vez ao dia, dias 1, 4 e 7, seguido de terapia de manutenção: Fluconazol 150 mg, VO, uma vez por semana, por seis meses. As parcerias sexuais não precisam ser tratadas, exceto os sintomáticos (uma minoria de parceiros sexuais do sexo masculino que podem apresentar balanite e/ou balanopostite, caracterizada por áreas eritematosas na glande do pênis, prurido ou irritação, têm indicação de tratamento com agentes tópicos). “Outros derivados imidazólicos em creme ou óvulos (clotrimazol creme vaginal 1% ou óvulos 100 mg, tioconazol creme vaginal 6,5% ou óvulos 300 mg) têm eficácia semelhante ao miconazol creme vagi- nal a 2%, que é a opção terapêutica disponível na Rename” (2013). Vulvovaginites e cervicites Cap. 4 129 BASES DA MEDICINA O pH na candidíase é menor que 4,5. Cultura: indicada para casos recorrentes, em que se pesquisam espécies não Albicans. Dentre os possíveis diagnósticos diferenciais, estão: líquen escleroso, vulvovestibulite, dermatite vulvar, vulvodínea, vaginose citolítica, vaginite inflamatória descamativa, formas atípicas de herpes genital e reações de hipersensibilidade. DIA A DIA MÉDICO Nem sempre é possível ter exame de Microscopia, então, na prática, o tratamento costuma ser iniciado após os dados de anamnese e exame físico mostrarem indícios deCandidíase 7. TRATAMENTO 7.1. MINISTÉRIO DA SAÚDE 1ª opção: u Miconazol creme 2%, via vaginal, aplicador cheio, à noite ao deitar-se, por sete dias Ou u Nistatina 100.000 UI, uma aplicação via vaginal, à noite ao deitar-se, por 14 dias. 2ª opção: u Fluconazol 150 mg, VO, dose única Ou u Itraconazol 100 mg, 2 comprimidos, VO, duas vezes ao dia, por um dia. Gestantes: u Durante a gravidez, o tratamento deve ser reali- zado somente por via vaginal. u O tratamento oral está contraindicado na gesta- ção e lactação. Casos recorrentes: u Mesmas opções do tratamento da candidíase vaginal, por 14 dias. Ou u Fluconazol 150 mg, VO, uma vez ao dia, dias 1, 4 e 7, seguido de terapia de manutenção: Fluconazol 150 mg, VO, uma vez por semana, por seis meses. As parcerias sexuais não precisam ser tratadas, exceto os sintomáticos (uma minoria de parceiros sexuais do sexo masculino que podem apresentar balanite e/ou balanopostite, caracterizada por áreas eritematosas na glande do pênis, prurido ou irritação, têm indicação de tratamento com agentes tópicos). “Outros derivados imidazólicos em creme ou óvulos (clotrimazol creme vaginal 1% ou óvulos 100 mg, tioconazol creme vaginal 6,5% ou óvulos 300 mg) têm eficácia semelhante ao miconazol creme vagi- nal a 2%, que é a opção terapêutica disponível na Rename” (2013). Vulvovaginites e cervicites Ginecologia 130 Quadro 3. Tratamento de candidíase vulvovaginal. 127 INFECÇÕES QUE CAUSAM CORRIMENTO VAGINAL E CERVICITE Quadro 33 – Tratamento de candidíase vulvovaginal CANDIDÍASE VULVOGINAL TRATAMENTO Primeira opção Miconazol creme a 2% ou outros derivados imidazólicos, via vaginal, um aplicador cheio, à noite ao deitar-se, por 7 dias OU Nistatina 100.000 UI, uma aplicação, via vaginal, à noite ao deitar-se, por 14 dias Segunda opção Fluconazol 150mg, VO, dose única OU Itraconazol 100mg, 2 comprimidos, VO, 2x/dia, por 1 dia CVV complicada e CVV recorrentes Indução: fluconazol 150mg, VO, 1x/dia, dias 1, 4 e 7 OU Itraconazol 100mg, 2 comprimidos, VO, 2x/dia, por 1 dia OU Miconazol creme vaginal tópico diário por 10-14 dias. Manutenção: fluconazol 150mg, VO, 1x/semana, por 6 meses OU Miconazol creme vaginal tópico, 2x/semana OU Óvulo vaginal, 1x/semana, durante 6 meses • As parcerias sexuais não precisam ser tratadas, exceto as sintomáticas. • É comum durante a gestação, podendo haver recidivas pelas condições propícias do pH vaginal que se estabelecem nesse período. • Tratamento em gestantes e lactantes: somente por via vaginal. O tratamento oral está contraindicado. Fonte: DCCI/SVS/MS. Quadro 34 – Tratamento de vaginose bacteriana VAGINOSE BACTERIANA TRATAMENTO Primeira opção (incluindo gestantes e lactantes) Metronidazol 250mg, 2 comprimidos VO, 2x/dia, por 7 dias OU Metronidazol gel vaginal 100mg/g, um aplicador cheio via vaginal, à noite ao deitar-se, por 5 dias Segunda opção Clindamicina 300mg, VO, 2x/dia, por 7 dias continua Anexo OCDT_IST_final (0014125075) SEI 25000.041466/2020-48 / pg. 129 Fonte: Brasil.2 DIA A DIA MÉDICO A candidíase vulvovaginal recorrente (quatro ou mais episódios sintomáticos em um ano) afeta cerca de 5% das mulheres em idade reprodutiva. Nesses casos, é preciso investigar causas sistêmicas predisponentes, tais como diabetes mellitus, infecção pelo HIV, uso de corticoide sistêmico e imunossupressão. Entre mulheres vivendo com HIV, baixas contagens de linfócitos T-CD4+ e altas cargas virais estão associadas à incidência aumentada de vulvovaginite por Candida spp. O tratamento é o mesmo recomendado para pacientes não infectadas pelo HIV. Em casos de Candida glabarata, vale aplicar ácido bórico tópico em cápsulas gelatinosas, 600 mg, diariamente, por 14 dias. Em CVV causadas por outras espécies de cândida, a nistatina é a primeira escolha. Podem-se usar também óvulos de anfo- tericina via vaginal. Vulvovaginites e cervicites Cap. 4 131 7.2. CDC (EUA) Opções via oral ou vaginal são igualmente eficazes. Regimes com menos dias aumentam a aderência ao tratamento. Os azólicos são mais efetivos que a nistatina. Exemplos: clotrimazol creme vaginal, miconazol creme ou óvulo vaginal, fluconazol VO. DIA A DIA MÉDICO A associação dos antifúngicos com corticoides tópicos leva a alívio mais precoce dos sintomas vulvares. Isola- damente, os corticoides não tratam a candidíase. TRICOMONÍASE 1. DEFINIÇÃO A tricomoníase é causada pelo protozoário flagelado Trichomonas vaginalis (anaeróbio facultativo), tendo como reservatório o colo uterino, a vagina e a uretra. 2. EPIDEMIOLOGIA É a terceira causa mais comum entre as vulvova- ginites. É a IST não viral mais prevalente. Tem associação com outras IST, além de facilitar a transmissão do HIV. BASES DA MEDICINA É mais comumente diagnosticada em mulheres, pois a maioria das infecções em homem é assintomática, e a coinfecção com Neisseria gonorrhoeae é comum – bem como com outros patógenos. Isso torna fundamental a busca de outras infecções sexualmente transmissíveis nas pacientes diagnosticadas com tricomoníase. Além disso, a transmissão vertical durante o parto é possível. 3. FATORES DE RISCO u Atividade sexual desprotegida. u ISTs prévias. 4. FISIOPATOLOGIA Parasita com mais frequência a genitália feminina que a masculina. O protozoário flagelado Trichomonas vaginalis infecta o epitélio escamoso do trato urogenital: vagina, uretra, glândulas parauretrais e colo do útero. A coinfecção com vaginose bacteriana pode ocorrer em 60% a 80% dos casos. Pode propiciar a transmissão de outros agentes infecciosos agressivos, facilitar DIP, VB e, na ges- tação, quando não tratada, pode favorecer a rotura prematura das membranas ovulares. Vulvovaginites e cervicites Cap. 4 131 7.2. CDC (EUA) Opções via oral ou vaginal são igualmente eficazes. Regimes com menos dias aumentam a aderência ao tratamento. Os azólicos são mais efetivos que a nistatina. Exemplos: clotrimazol creme vaginal, miconazol creme ou óvulo vaginal, fluconazol VO. DIA A DIA MÉDICO A associação dos antifúngicos com corticoides tópicos leva a alívio mais precoce dos sintomas vulvares. Isola- damente, os corticoides não tratam a candidíase. TRICOMONÍASE 1. DEFINIÇÃO A tricomoníase é causada pelo protozoário flagelado Trichomonas vaginalis (anaeróbio facultativo), tendo como reservatório o colo uterino, a vagina e a uretra. 2. EPIDEMIOLOGIA É a terceira causa mais comum entre as vulvova- ginites. É a IST não viral mais prevalente. Tem associação com outras IST, além de facilitar a transmissão do HIV. BASES DA MEDICINA É mais comumente diagnosticada em mulheres, pois a maioria das infecções em homem é assintomática, e a coinfecção com Neisseria gonorrhoeae é comum – bem como com outros patógenos. Isso torna fundamental a busca de outras infecções sexualmente transmissíveis nas pacientes diagnosticadas com tricomoníase. Além disso, a transmissão vertical durante o parto é possível. 3. FATORES DE RISCO u Atividade sexual desprotegida. u ISTs prévias. 4. FISIOPATOLOGIA Parasita com mais frequência a genitália feminina que a masculina. O protozoário flagelado Trichomonas vaginalis infecta o epitélio escamoso do trato urogenital: vagina, uretra, glândulas parauretrais e colo do útero. A coinfecção com vaginose bacteriana pode ocorrer em 60% a 80% dos casos. Pode propiciar a transmissão de outros agentes infecciosos agressivos, facilitar DIP, VB e, na ges- tação, quando não tratada, pode favorecer a rotura prematura das membranas ovulares. Vulvovaginites e cervicites Ginecologia 132 5. QUADRO CLÍNICO A porcentagem de assintomáticas é alta e chega a 50%. Nas sintomáticas: u Corrimento abundante, amarelado ou amarelo- -esverdeado, bolhoso. Com odor fétido. u Prurido e/ou irritação vulvar. u Dor pélvica (ocasionalmente). u Sintomas urinários (disúria, polaciúria). u Dispareunia. u Sinusorragia. No exame físico: vulva costuma estar normal.No exame especular: o quadro clássico, que pode estar presente em 30% das infectadas, é o corrimento amarelo-esverdeado, bolhoso e com odor fétido. Há também o colo em morango ou framboesa (2% a olho nu), em que há uma colpite focal ou difusa, com presença de pontos hemorrágicos (microulcerações) no colo e vagina (Dica: isso é bastante cobrado em prova). A colpite pode ficar mais evidente após a aplicação de lugol na colposcopia (aspecto tigroide). BASES DA MEDICINA A transudação inflamatória das paredes vaginais eleva o pH vaginal e, nesse meio alcalino, pode surgir variada flora bacteriana patogênica, inclusive anaeróbica; por conse- guinte, se estabelece a vaginose bacteriana associada, que libera as aminas com odor fétido, além de provocar bolhas no corrimento vaginal purulento. Figura 9. Tricomoníase: colo em morango. Fonte: Autor. Vulvovaginites e cervicites Cap. 4 133 Mapa mental 1. Tricomoníase: clínica e exame ginecológico Clínica TRICOMONÍASE Exame ginecológico Hemorragias subepiteliais na vagina e no colo uterino Vulvite discreta Hiperemia difusa Secreção amarelo- esverdeada em colo Colo em aspecto de framboesa Corrimento Disúria Dispareunia Prurido vulvar Dor Amarelo-esverdeado Odor fétido Abundante Fonte: SanarFlix. Vulvovaginites e cervicites Cap. 4 133 Mapa mental 1. Tricomoníase: clínica e exame ginecológico Clínica TRICOMONÍASE Exame ginecológico Hemorragias subepiteliais na vagina e no colo uterino Vulvite discreta Hiperemia difusa Secreção amarelo- esverdeada em colo Colo em aspecto de framboesa Corrimento Disúria Dispareunia Prurido vulvar Dor Amarelo-esverdeado Odor fétido Abundante Fonte: SanarFlix. Vulvovaginites e cervicites Ginecologia 134 6. COMPLICAÇÕES As mais comuns: uretrite, cistite, aumento da chance de infecção pelo HIV e infertilidade. Em gestantes: trabalho de parto prematuro e rotura prematura de membranas ovulares. 7. DIAGNÓSTICO Anamnese, exame físico, pH vaginal e microscopia vão auxiliar no diagnóstico. Desses, a microscopia é o mais importante, pois vai detectar a presença do protozoário flagelado. Pode haver aumento de leucócitos. Figura 10. Microscopia: Protozoário Flagelado. Fonte: Autor. u O pH vaginal vai aumentar (geralmente entre 5 e 6). u O teste Whiff (teste das aminas, realizado com o KOH) será positivo. u A cultura em meio Diamond pode ser realizada (sensibilidade maior que 75%, especificidade quase em 100%). u Teste molecular: teste de amplificação de ácido nucleico (NAAT) é muito sensível e específico, mas só está indicado às pacientes em que a suspeita de tricomoníase não foi confirmada pela microscopia. u Esfregaço de Papanicolaou: pode haver um achado incidental na coleta da colpocitologia oncótica, mas não deve substituir a citologia a fresco nas pacientes com suspeita de tricomoníase. DICA Um ponto de atenção! Duas vul- vovaginites podem apresentar aumento de pH e corrimento com odor fétido/teste das aminas positivo: Vaginose bacteriana e Tricomoníase. 8. TRATAMENTO Deve ser sistêmico. Aqui não vale via vaginal. DIA A DIA MÉDICO A tricomoníase é considerada uma infecção sexualmente transmissível, devendo o parceiro ser tratado. Das prin- cipais vulvovaginites que vemos, essa é a única na qual o tratamento do parceiro está indicado. 8.1. MINISTÉRIO DA SAÚDE u Metronidazol 400 mg, 5 comprimidos, VO, dose única (dose total de tratamento 2 g), VO, dose única Ou u Metronidazol 250 mg, 2 comprimidos, VO, duas vezes ao dia, por sete dias. Vulvovaginites e cervicites Cap. 4 135 Quadro 4. Tratamento de tricomoníase. 128 MINISTÉRIO DA SAÚDE Secretaria de Vigilância em Saúde Departamento de Doenças de Condições Crônicas e Infecções Sexualmente Transmissíveis PROTOCOLO CLÍNICO E DIRETRIZES TERAPÊUTICAS PARA ATENÇÃO INTEGRAL ÀS PESSOAS COM INFECÇÕES SEXUALMENTE TRANSMISSÍVEIS (IST) VAGINOSE BACTERIANA TRATAMENTO Recorrentes Metronidazol 250mg, 2 comprimidos VO, 2x/dia, por 10-14 dias OU Metronidazol gel vaginal 100mg/g, um aplicador cheio, via vaginal, 1x/ dia, por 10 dias, seguido de tratamento supressivo com óvulo de ácido bórico intravaginal de 600mg ao dia por 21 dias e metronidazol gel vaginal 100mg/g, 2x/semana, por 4-6 meses • O tratamento das parcerias sexuais não está recomendado. • Para as puérperas, recomenda-se o mesmo tratamento das gestantes. Fonte: DCCI/SVS/MS. Quadro 35 – Tratamento de tricomoníase TRICOMONÍASE TRATAMENTO Primeira opção (incluindo gestantes e lactantes) Metronidazol 400mg, 5 comprimidos, VO, dose única (dose total de tratamento 2g) OU Metronidazol 250mg, 2 comprimidos, VO, 2x/dia, por 7 dias • As parcerias sexuais devem ser tratadas com o mesmo esquema terapêutico. O tratamento pode aliviar os sintomas de corrimento vaginal em gestantes, além de prevenir infecção respiratória ou genital em RN. • Para as puérperas, recomenda-se o mesmo tratamento das gestantes. Fonte: DCCI/SVS/MS. Observações: › Durante o tratamento com metronidazol, deve-se evitar a ingestão de álcool (efeito antabuse, devido à interação de derivados imidazólicos com álcool, caracterizado por mal-estar, náuseas, tonturas e “gosto metálico na boca”). › Durante o tratamento, devem-se suspender as relações sexuais. › Manter o tratamento durante a menstruação. › O tratamento da(s) parceria(s) sexual(is), quando indicado, deve ser realizado de forma preferencialmente presencial, com a devida orientação, solicitação de exames de outras IST (sífilis, HIV, hepatites B e C) e identificação, captação e tratamento de outas parcerias sexuais, buscando a cadeia de transmissão. Particularidades: tricomoníase a. PVHIV: devem ser tratadas com os esquemas habituais, mas atentar para a interação medicamentosa entre o metronidazol e o ritonavir, que pode elevar a intensidade de náuseas e vômitos, reduzindo a adesão aos continuação Anexo OCDT_IST_final (0014125075) SEI 25000.041466/2020-48 / pg. 130 Fonte: Brasil.2 As gestantes com infecção por T. vaginalis deve- rão ser tratadas independentemente de sua idade gestacional, já que essa IST está associada com rotura prematura de membranas, parto pré-termo e RN de baixo peso ao nascimento. O tratamento pode aliviar os sintomas de corrimento vaginal em gestantes, além de prevenir infecção respiratória ou genital em RN. Para as puérperas, recomenda-se o mesmo trata- mento das gestantes. Observações: u Durante o tratamento com metronidazol, deve-se evitar a ingestão de álcool (efeito antiabuse, de- vido à interação de derivados imidazólicos com álcool, caracterizado por mal-estar, náuseas, tonturas e “gosto metálico na boca”). u Durante o tratamento, deve-se suspender as re- lações sexuais. u Manter o tratamento durante a menstruação. u O tratamento da(s) parceria(s) sexual(is), quando indicado, deve ser realizado de forma preferen- cialmente presencial, com a devida orientação, solicitação de exames de outras ISTs (sífilis, HIV, hepatites B e C) e identificação, captação e tra- tamento de outras parcerias sexuais, buscando a cadeia de transmissão. Particularidades: tricomoníase a) PVHIV: devem ser tratadas com os esquemas habituais, mas atentar para a interação medica- mentosa entre o metronidazol e o ritonavir, que pode elevar a intensidade de náuseas e vômitos, reduzindo a adesão aos antirretrovirais. Para evitar tal ocorrência, recomenda-se intervalo de duas horas entre as ingestas do metronidazol e ritonavir. b) A tricomoníase vaginal pode alterar a classe da citologia oncológica. Por isso, nos casos em que houver alterações morfológicas celulares e tricomoníase, deve-se realizar o tratamento e repetir a citologia após três meses, para avaliar se as alterações persistem. 8.2. CDC (EUA) Além das opções com metronidazol VO, dose única ou por sete dias, orientam a possibilidade de tini- dazol VO dose única. Vulvovaginites e cervicites Cap. 4 135 Quadro 4. Tratamento detricomoníase. 128 MINISTÉRIO DA SAÚDE Secretaria de Vigilância em Saúde Departamento de Doenças de Condições Crônicas e Infecções Sexualmente Transmissíveis PROTOCOLO CLÍNICO E DIRETRIZES TERAPÊUTICAS PARA ATENÇÃO INTEGRAL ÀS PESSOAS COM INFECÇÕES SEXUALMENTE TRANSMISSÍVEIS (IST) VAGINOSE BACTERIANA TRATAMENTO Recorrentes Metronidazol 250mg, 2 comprimidos VO, 2x/dia, por 10-14 dias OU Metronidazol gel vaginal 100mg/g, um aplicador cheio, via vaginal, 1x/ dia, por 10 dias, seguido de tratamento supressivo com óvulo de ácido bórico intravaginal de 600mg ao dia por 21 dias e metronidazol gel vaginal 100mg/g, 2x/semana, por 4-6 meses • O tratamento das parcerias sexuais não está recomendado. • Para as puérperas, recomenda-se o mesmo tratamento das gestantes. Fonte: DCCI/SVS/MS. Quadro 35 – Tratamento de tricomoníase TRICOMONÍASE TRATAMENTO Primeira opção (incluindo gestantes e lactantes) Metronidazol 400mg, 5 comprimidos, VO, dose única (dose total de tratamento 2g) OU Metronidazol 250mg, 2 comprimidos, VO, 2x/dia, por 7 dias • As parcerias sexuais devem ser tratadas com o mesmo esquema terapêutico. O tratamento pode aliviar os sintomas de corrimento vaginal em gestantes, além de prevenir infecção respiratória ou genital em RN. • Para as puérperas, recomenda-se o mesmo tratamento das gestantes. Fonte: DCCI/SVS/MS. Observações: › Durante o tratamento com metronidazol, deve-se evitar a ingestão de álcool (efeito antabuse, devido à interação de derivados imidazólicos com álcool, caracterizado por mal-estar, náuseas, tonturas e “gosto metálico na boca”). › Durante o tratamento, devem-se suspender as relações sexuais. › Manter o tratamento durante a menstruação. › O tratamento da(s) parceria(s) sexual(is), quando indicado, deve ser realizado de forma preferencialmente presencial, com a devida orientação, solicitação de exames de outras IST (sífilis, HIV, hepatites B e C) e identificação, captação e tratamento de outas parcerias sexuais, buscando a cadeia de transmissão. Particularidades: tricomoníase a. PVHIV: devem ser tratadas com os esquemas habituais, mas atentar para a interação medicamentosa entre o metronidazol e o ritonavir, que pode elevar a intensidade de náuseas e vômitos, reduzindo a adesão aos continuação Anexo OCDT_IST_final (0014125075) SEI 25000.041466/2020-48 / pg. 130 Fonte: Brasil.2 As gestantes com infecção por T. vaginalis deve- rão ser tratadas independentemente de sua idade gestacional, já que essa IST está associada com rotura prematura de membranas, parto pré-termo e RN de baixo peso ao nascimento. O tratamento pode aliviar os sintomas de corrimento vaginal em gestantes, além de prevenir infecção respiratória ou genital em RN. Para as puérperas, recomenda-se o mesmo trata- mento das gestantes. Observações: u Durante o tratamento com metronidazol, deve-se evitar a ingestão de álcool (efeito antiabuse, de- vido à interação de derivados imidazólicos com álcool, caracterizado por mal-estar, náuseas, tonturas e “gosto metálico na boca”). u Durante o tratamento, deve-se suspender as re- lações sexuais. u Manter o tratamento durante a menstruação. u O tratamento da(s) parceria(s) sexual(is), quando indicado, deve ser realizado de forma preferen- cialmente presencial, com a devida orientação, solicitação de exames de outras ISTs (sífilis, HIV, hepatites B e C) e identificação, captação e tra- tamento de outras parcerias sexuais, buscando a cadeia de transmissão. Particularidades: tricomoníase a) PVHIV: devem ser tratadas com os esquemas habituais, mas atentar para a interação medica- mentosa entre o metronidazol e o ritonavir, que pode elevar a intensidade de náuseas e vômitos, reduzindo a adesão aos antirretrovirais. Para evitar tal ocorrência, recomenda-se intervalo de duas horas entre as ingestas do metronidazol e ritonavir. b) A tricomoníase vaginal pode alterar a classe da citologia oncológica. Por isso, nos casos em que houver alterações morfológicas celulares e tricomoníase, deve-se realizar o tratamento e repetir a citologia após três meses, para avaliar se as alterações persistem. 8.2. CDC (EUA) Além das opções com metronidazol VO, dose única ou por sete dias, orientam a possibilidade de tini- dazol VO dose única. Vulvovaginites e cervicites Ginecologia 136 Tabela 1. Tabela comparativa das 3 principais vulovaginites. Categoria Fisiológica (normal) Vaginose bacteriana Candidíase Tricomoníase Queixa principal Nenhuma Odor fétido, piora após relação sexual e/ou menstruação Prurido, queimação, corrimento Corrimento espumoso, odor, fétido, disúria, prurido, manchas Corrimento Branco, claro Fino, cinza ou branco, aderente, em geral aumentado Branco, “tipo queijo cottage” Verde-amarelado, espumoso, aderente, aumentado KOH/ whiff test Negativo Positivo (peixe) Negativo Pode estar positivo pH vaginal 3,8 – 4,5 > 4,5 4,5 Achados microscópicos NA Clue cells Hifas e gêmulas (solução de KOH a 10%, preparação úmida salina para exame direto) Trichomonas movendo- se (na preparação úmida salina) Fonte: Autor. VAGINITE DESCAMATIVA 1. DEFINIÇÃO É um quadro de vaginite purulenta crônica, que ocorre na ausência de processo inflamatório cervical ou do trato genital superior, ou seja, não é decorrente de DIP ou cervicite. 2. EPIDEMIOLOGIA É mais comum no período da transição da meno- pausa. A etiologia é desconhecida, mas a maior parte das culturas vaginais de portadoras de vaginite descamativa revelam a presença de estreptococos beta-hemolítico. 3. DIAGNÓSTICO u Conteúdo vaginal purulento em grande quantidade. u pH vaginal alcalino. u Microscopia: processo descamativo vaginal in- tenso, com predomínio das células profundas (basais e parabasais), flora vaginal com ausência de lactobacilos (substituição da flora normal por cocos gram-positivos) e aumento de leucócitos polimorfonucleares. 4. TRATAMENTO Clindamicina creme vaginal 2% – 5 g via vaginal por sete dias. Pode-se associar também o uso de estrogênio tópico vaginal diário, por duas semanas, seguido de manutenção com uma dose semanal. Vulvovaginites e cervicites Cap. 4 137 VAGINOSE CITOLÍTICA 1. DEFINIÇÃO Corrimento caracterizado por aumento excessivo de lactobacilos, citólise importante e escassez de leucócitos. DICA Equilíbrio é tudo nessa vida! Veja que até os lactobacilos (que são bons para a vagina saudável), quando em excesso, podem ser prejudiciais. 2. FISIOPATOLOGIA O aumento excessivo dos lactobacilos desencadeia um processo de citólise das células intermediárias do epitélio vaginal, com consequente liberação de substâncias irritativas, provocando o corrimento e a ardência vulvovaginal. Está associada a situações que elevam as chances de aumento de lactobacilos, como: u Gestação. u Fase lútea do ciclo menstrual. u Diabetes mellitus. 3. QUADRO CLÍNICO É muito parecido com o da candidíase vulvovaginal. DIA A DIA MÉDICO Este é um motivo para desencorajar pacientes a se auto- medicarem na suspeita de candidíase! u Prurido. u Corrimento aumentado. u Disúria. u Dispareunia. 4. DIAGNÓSTICO u pH vaginal entre 3,5 e 4,5. u Microscopia com solução salina: aumento sig- nificativo de lactobacilos, citólise (núcleos des- nudos), raros leucócitos, ausência de microrga- nismos não pertencentes à flora vaginal normal. 5. TRATAMENTO O objetivo é alcalinizar a vagina (aumento do pH vaginal) com duchas vaginais com 30 a 60 g de bicarbonato de sódio diluído em 1 litro de água morna. Deve ser realizada de duas a três vezes por semana até a remissão do quadro. Vulvovaginites e cervicites Cap. 4 137 VAGINOSE CITOLÍTICA 1. DEFINIÇÃO Corrimento caracterizado por aumento excessivo de lactobacilos, citólise importante e escassez de leucócitos. DICA Equilíbrio é tudo nessa vida! Veja que até os lactobacilos (que são bons para a vagina saudável), quando em excesso, podem ser prejudiciais. 2. FISIOPATOLOGIAO aumento excessivo dos lactobacilos desencadeia um processo de citólise das células intermediárias do epitélio vaginal, com consequente liberação de substâncias irritativas, provocando o corrimento e a ardência vulvovaginal. Está associada a situações que elevam as chances de aumento de lactobacilos, como: u Gestação. u Fase lútea do ciclo menstrual. u Diabetes mellitus. 3. QUADRO CLÍNICO É muito parecido com o da candidíase vulvovaginal. DIA A DIA MÉDICO Este é um motivo para desencorajar pacientes a se auto- medicarem na suspeita de candidíase! u Prurido. u Corrimento aumentado. u Disúria. u Dispareunia. 4. DIAGNÓSTICO u pH vaginal entre 3,5 e 4,5. u Microscopia com solução salina: aumento sig- nificativo de lactobacilos, citólise (núcleos des- nudos), raros leucócitos, ausência de microrga- nismos não pertencentes à flora vaginal normal. 5. TRATAMENTO O objetivo é alcalinizar a vagina (aumento do pH vaginal) com duchas vaginais com 30 a 60 g de bicarbonato de sódio diluído em 1 litro de água morna. Deve ser realizada de duas a três vezes por semana até a remissão do quadro. Vulvovaginites e cervicites Ginecologia 138 SÍNDROME GENITOURINÁRIA DA MENOPAUSA/ VAGINITE ATRÓFICA 1. DEFINIÇÃO Apesar de ser mais conhecida como Vaginite Atró- fica, o termo correto é Síndrome Genitourinária da Menopausa. Ocorre em decorrência da deficiência de estrogênio. Lembrando que os epitélios vaginal e uretral são dependentes desse hormônio. 2. EPIDEMIOLOGIA Surge em pacientes que por algum motivo tiveram queda do estrogênio circulante. Portanto, são muito mais prevalentes em pacientes pós-menopausadas ou pacientes que foram ooforectomizadas. 3. FATORES DE RISCO u Menopausa. u Radioterapia pélvica (que causou danos aos ovários). u Quimioterapia (que causou danos aos ovários). u Ooforectomia. u Pós-parto. u Medicamentos: (tamoxifeno, danazol, medroxi- progesterona, análogos de GnRH). 4. QUADRO CLÍNICO Os sintomas mais comuns são: u Prurido vulvar. u Ardência/irritação vulvar. u Dispareunia de penetração. u Conteúdo vaginal amarelo-esverdeado. u Disúria. u Hematúria. u Polaciúria. u Infecção urinária de repetição. u Incontinência urinária. Ao exame físico: u Vulva: ressecamento dos grandes e pequenos lábios, estenose de introito vaginal, perda de elasticidade da pele, hiperemia local. Pode ha- ver eversão de mucosa uretral com presença de pólipo uretral. u Especular: paredes vaginais com epitélio vagi- nal pálido, liso e brilhante, petéquias na parede. 5. DIAGNÓSTICO O diagnóstico é clínico! Mas algumas alterações laboratoriais podem ser encontradas: u Aumento do pH vaginal (> 5). u Microscopia com solução salina: aumento de células basais e parabasais, grande aumento de leucócitos polimorfonucleares, ausência de microrganismos patogênicos. 6. TRATAMENTO Deve ser feito com reposição hormonal local com estrogênio tópico. Um exemplo seria o uso de Estriol vaginal. Vulvovaginites e cervicites Cap. 4 139 CERVICITES Prestem atenção! Não estamos mais falando de Vulvovaginites e sim de Cervicites! 1. DEFINIÇÃO A cervicite mucopurulenta ou endocervicite é a infla- mação da mucosa endocervical (epitélio colunar/ glandular do colo uterino). DIA A DIA MÉDICO É uma IST! 2. AGENTES ETIOLÓGICOS Os agentes etiológicos mais frequentes são Chlamydia trachomatis e Neisseria gonorrhoeae. Lembrando que a N. gonorrhoeae é um diplococo gram-negativo intracelular, e a C. trachomatis é um bacilo gram-negativo intracelular obrigatório. BASES DA MEDICINA Outros agentes menos frequentes que podem estar envol- vidos são Mycoplasma hominis, Ureaplasma urealiticum, vírus herpes-simplex e Trichomonas vaginalis. 3. FATORES DE RISCO Por ser uma IST, a atividade sexual sem proteção (métodos de barreira) é um dos principais fatores de risco. A prevalência é maior em adolescentes e mulhe- res com menos de 25 anos, pacientes com baixo nível socioeconômico, multiplicidade de parceiros sexuais, antecedentes de outras ISTs, parceiro atual com uretrite e quadros imunossupressores. 4. QUADRO CLÍNICO As cervicites são frequentemente assintomáticas (70% a 80%). Nos casos sintomáticos, as principais queixas são corrimento vaginal, sangramento intermenstrual, dispareunia de profundidade e disúria. 5. EXAME FÍSICO Ao exame físico, podem estar presentes dor à mobi- lização do colo uterino, material mucopurulento no orifício externo do colo e sangramento ao toque da espátula ou swab. Figura 11. Exame físico de um colo com cervicite. Fonte: Brasil.2 Vulvovaginites e cervicites Cap. 4 139 CERVICITES Prestem atenção! Não estamos mais falando de Vulvovaginites e sim de Cervicites! 1. DEFINIÇÃO A cervicite mucopurulenta ou endocervicite é a infla- mação da mucosa endocervical (epitélio colunar/ glandular do colo uterino). DIA A DIA MÉDICO É uma IST! 2. AGENTES ETIOLÓGICOS Os agentes etiológicos mais frequentes são Chlamydia trachomatis e Neisseria gonorrhoeae. Lembrando que a N. gonorrhoeae é um diplococo gram-negativo intracelular, e a C. trachomatis é um bacilo gram-negativo intracelular obrigatório. BASES DA MEDICINA Outros agentes menos frequentes que podem estar envol- vidos são Mycoplasma hominis, Ureaplasma urealiticum, vírus herpes-simplex e Trichomonas vaginalis. 3. FATORES DE RISCO Por ser uma IST, a atividade sexual sem proteção (métodos de barreira) é um dos principais fatores de risco. A prevalência é maior em adolescentes e mulhe- res com menos de 25 anos, pacientes com baixo nível socioeconômico, multiplicidade de parceiros sexuais, antecedentes de outras ISTs, parceiro atual com uretrite e quadros imunossupressores. 4. QUADRO CLÍNICO As cervicites são frequentemente assintomáticas (70% a 80%). Nos casos sintomáticos, as principais queixas são corrimento vaginal, sangramento intermenstrual, dispareunia de profundidade e disúria. 5. EXAME FÍSICO Ao exame físico, podem estar presentes dor à mobi- lização do colo uterino, material mucopurulento no orifício externo do colo e sangramento ao toque da espátula ou swab. Figura 11. Exame físico de um colo com cervicite. Fonte: Brasil.2 Vulvovaginites e cervicites Ginecologia 140 6. COMPLICAÇÕES As principais complicações da cervicite por clamídia e gonococo, quando não tratadas, incluem doença inflamatória pélvica (DIP), dor pélvica, gravidez ectópica e infertilidade. DIA A DIA MÉDICO Lembre-se da definição da DIP, em que há infecção do trato genital feminino superior (acima do orifício interno do colo do útero). Os dois principais agentes são a clamídia e o gonococo, os mesmos da cervicite! A infecção gonocócica na gestante poderá estar associada a um maior risco de prematuridade, rotura prematura das membranas ovulares, perdas fetais, retardo de crescimento intrauterino e febre puerperal. No RN, a principal manifestação clínica é a con- juntivite, podendo ocorrer septicemia, artrite, abs- cessos de couro cabeludo, pneumonia, meningite, endocardite e estomatite. A oftalmia neonatal, definida como conjuntivite puru- lenta do RN, ocorre no primeiro mês de vida e pode levar à cegueira, especialmente quando causada pela N. gonohrroeae. Por isso, a doença deve ser tratada imediatamente para prevenir dano ocular. BASES DA MEDICINA A infecção por clamídia durante a gravidez poderá estar relacionada também à prematuridade, rotura prematura das membranas ovulares e endometrite puerperal, além de conjuntivite e pneumonia do RN. A conjuntivite por clamídia é bem menos severa e seu período de incubação varia de 5 a 14 dias. A frequência relativa da infecção pelos dois agentes etiológicos depende da prevalência das IST em gestan- tes e do uso da profilaxia ocular na primeira hora após o nascimento, que é efetiva contra N. gonorrhoeae, mas frequentemente não é contra C. trachomatis. 7. DIAGNÓSTICO Na mulher, diferentemente do homem, a coloração pelo método de gram tem uma sensibilidade de__________________________________________________________________________________________________________