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SAÚDE DOS ESTUDANTES DE GRADUAÇÃO DAS INSTITUIÇÕES FEDERAIS DE ENSINO SUPERIOR BRASILEIRAS II FÓRUM DE ASSUNTOS COMUNITÁRIOS DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA 06 DE AGOSTO DE 2019 VIÇOSA – MINAS GERAIS - BRASIL MAYLA PAULA TORRES SIMPLÍCIO Nutricionista do Setor de Saúde da UFV em Florestal. Doutoranda em Ciência da Nutrição da UFV. Apresentar alguns dos principais resultados da nossa pesquisa, intitulada... 1 SAÚDE DOS ESTUDANTES DE GRADUAÇÃO DAS INSTITUIÇÕES FEDERAIS DE ENSINO SUPERIOR BRASILEIRAS Doutoranda: Mayla Paula Torres Simplício Orientadora: Sylvia do Carmo Castro Franceschini (DNS/UFV) Coorientadores: Leidjaira Juvanhol Lopes (DNS/UFV) Leonardo Barbosa e Silva (DCS/UFU) Silvia Eloiza Priore (DNS/UFV) Departamento de Ciências Sociais da Universidade Federal de Uberlândia. 2 Nutricionista da UFV em Florestal + Realizo atendimentos em consultório na nossa “mini mini Divisão de Saúde”... 3 UFV-Florestal (CAF) ≠ UFV-Viçosa (Sede): ↑ EM + técnicos (agropecuário, alimentos, eletrônica, eletrotécnica, hospedagem e informática) ; Alojamento: EM/sexo masculino; quartos (não existe cozinha; não tem geladeira) longe da cidade alimentação dependente do RU necessidade: 1300mg Cálcio/dia X oferta: 250mg Cálcio/dia: 14 -17 anos (estirão do crescimento); só café da manhã recebem lácteos/boas fontes de cálcio; sem estrutura de acondicionamento de lácteos. A universidade estaria promovendo saúde ou doença? 362 vagas (1º ano/2019) Florestal ≠ de Viçosa: - Oferta de cursos técnicos; ↑ EM; Alojamento somente masculino e para o EM; Estrutura de alojamento são basicamente quartos (não existe cozinha; não tem geladeira) e fica bem longe da cidade alimentação quase que exclusivamente dependente do RU (só café da manhã recebem produtos lácteos – boas fontes de cálcio); 14 anos (estirão do crescimento): necessidade 1300mg Cálcio/dia vs. oferta 250mg Cálcio/dia. A universidade estaria promovendo saúde ou doença? 4 INTRODUÇÃO METODOLOGIA RESULTADOS CONSIDERAÇÕES FINAIS Mas aí você vai me dizer: “Mayla, isso é uma observação pontual...” E eu concordo com vcs, daí em comecei a vasculhar a literatura... 5 1998. 6 Introdução Em 1996, a OMS e a Lancaster University realizaram a Primeira Conferência Internacional sobre Universidades Promotoras da Saúde. Universidades Promotoras de Saúde referem-se às “instituições de ensino superior que desenvolveram uma cultura organizacional orientada pelos valores e princípios associados ao movimento global de promoção da saúde, com apoio comprovado de uma política institucional própria para o fomento e a permanência das ações de promoção da saúde”. (PAHO-WHO, 2009) (WHO, 1998; PAHO-WHO, 2015) Pesquisadores têm identificado que alguns indicadores de saúde dentro da comunidade acadêmica demonstravam-se piores comparados à população em geral. (Hovell et al., 1985; Eckschmidt et al. 2013; Ibrahim et al., 2013; Vadeboncoeur et al., 2015) 7 ... desde então, o assunto vem sendo debatido periodicamente. 8 NUTRIÇÃO ATIVIDADE FÍSICA SAÚDE MENTAL USO DE ÁLCOOL, TABACO E DROGAS ILÍCITAS 7 "The Freshman 15” é o termo usado pela imprensa internacional para as 15lbs (6,8kg) que os estudantes ganhariam durante o primeiro ano do ensino superior. Foi observado que as mulheres universitárias ganhavam peso 36 vezes mais rápido que as demais mulheres. Introdução (Hovell et al., 1985) (Gropper et al., 2009) Em metanálise, reporta-se que 40 a 50% dos universitários sejam inativos fisicamente no mundo. No Brasil, identificou-se prevalências ainda mais altas de sedentarismo (65,5%) entre universitários de cursos da área de saúde, detentores de maior conhecimento sobre práticas de vida saudáveis. Atividade Física (Keating et al., 2005) (Marcondelli et al., 2008) Nutrição 10 Revisão sistemática no periódico Journal of Psychiatric Research (A1), retrata-se prevalência de depressão entre estudantes universitários de 10 a 85% (média ponderada = 30,6%). Introdução Saúde Mental (Ibrahim et al., 2013) Entre estudantes de ciências da saúde de universidades públicas do Pernambuco (n= 735), o relato de consumo de álcool (83,3%vs. 68,8%), tabaco (52,5% vs. 40,7%) e inalantes (21,9% vs. 10,2%) foram mais frequentes entre estudantes do final do curso em comparação aos estudantes do início. (Colares e Franca, 2008) Álcool, Tabaco e Drogas Ilícitas Stallman 11 A responsabilidade das instituições de ensino superior: As instituições de ensino superior são (ou deveriam ser) um espaço modelo para toda a sociedade: mais altos níveis do conhecimento/operar no mais alto padrão/conhecimentos em prática. Entretanto, o ambiente universitário não vem consensualmente se consolidando como um espaço promotor de um adequado estilo de vida para a saúde: má alimentação, sedentarismo, baixos tempo e qualidade de sono, baixo rendimento acadêmico, estresse, conflitos emocionais, tabagismo, consumo de bebidas alcoólicas e outras drogas. A fase universitária é uma janela para a formação de hábitos de vida, e receia-se que um “non heath life style” se perpetue na vida adulta posterior. Adicionalmente, as instituições públicas têm uma responsabilidade social com a comunidade. O qual contribui significativamente na prevenção das doenças e agravos não transmissíveis, que são problemas de saúde pública na atualidade... Estudar e deixar as teorias apenas no papel não podem ser uma realidade admitida pelos profissionais universitários, que são vistos pela sociedade como exemplos... 12 E por onde nós podemos começar? 13 INTRODUÇÃO METODOLOGIA RESULTADOS CONSIDERAÇÕES FINAIS 14 METODOLOGIA Desenho e População Foram utilizados dados do banco da IV Pesquisa do Perfil Socioeconômico e Cultural dos Estudantes de Graduação das Instituições Federais de Ensino Superior Brasileiras, realizada pelo Fórum Nacional de Pró-reitores de Assuntos Comunitários e Estudantis (FONAPRACE) e a Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (ANDIFES). Trata-se de um estudo seccional, tendo como população os estudantes de graduação regularmente matriculados em cursos presenciais de 62 IFES brasileiras em 2014 (N = 939.604). (ANDIFES e FONAPRACE, 2016) 939.604 estudantes (população total) 149.067 acessos ao questionário 131.662 questionários preenchidos 790.537 estudantes não acessaram o questionário (perdas) 126.326 questionários com preenchimento completo 4.621 questionários apenas com a modalidade de ingresso não preenchida 715 questionários com uma ou mais questões em branco (excluídos) 17.405 não preencheram o questionário (perdas) Amostra final da pesquisa. 2014-2015. Ao final da pesquisa, atingiu-se uma amostra de 130.947 estudantes de graduação regularmente matriculados em cursos presenciais de 62 IFES brasileiras em 2014 (13,94% da população total). 16 Coleta de Dados A pesquisa buscou cobrir um amplo conjunto de informações sobre os mais diversos temas para o entendimento da vida estudantil: 6) vida acadêmica; 7) informações culturais; 8) saúde e qualidade de vida; e 9) dificuldades estudantis. 1) identificação e perfil básico; 2) moradia; 3) família; 4) trabalho; 5) histórico escolar; METODOLOGIA (ANDIFES e FONAPRACE, 2016) O sistema de coleta (autopreenchimento) foi desenvolvido totalmente via internet. METODOLOGIA Análise de Dados Fatores acadêmicos associados à: Atividade física insuficiente (razão de chances (odds ratio – OR) com IC95% foi utilizada como medida de associação. INTRODUÇÃO METODOLOGIA RESULTADOS CONSIDERAÇÕES FINAIS 19 Entre a amostra (126.326 estudantes): 75,4% (n=95.267) não realizavam pelo menos de 5 refeições/dia; 70,2% (n=88.729) não realizavam atividade física pelo menos de 3 vezes/semana; 4,1% (n=5.125) relataram o pensamento suicida como uma dificuldade emocional com interferência na vida acadêmica no último ano; 62,8% (n=79.293) relataram uso de álcool; 11,0% (n=13.947) relataram uso de tabaco; e 7,5% (n=9.429) relataram uso de drogas ilícitas. RESULTADOS Uso de substâncias subestimado. 20 Os estudantes que apresentaram maior chance de relatarem um número insuficiente de refeições ( 15 horas/semana; e participação em movimentos religiosos: álcool:↓72%; tabaco:↓76,5%; drogas:↓81,2%. dificuldade de aprendizado e adaptação a novas situações (cidade, moradia, distância da família, entre outras). 31 RESULTADOS Os estudantes que apresentaram maior chance do relato de consumo de álcool foram: da área de ciências agrárias (ORa: 1,204; IC95%: 1,136-1,276); de cursos noturnos (ORa: 1,060; IC95%: 1,023-1,097); ingressos por cota (ORa: 1,047; IC95%: 1,018-1,076); e participantes em atendimentos médicos da AE (ORa: 1,122; IC95%: 1,066-1,181). Os estudantes que apresentaram maior chance do relato de consumo de tabaco foram: da área de ciências humanas (ORa:2,198; IC95%: 2,038-2,371);e participantes de atendimentos psicológicos (ORa: 1,224; IC95%: 1,127-1,329) e atendimentos médicos (ORa: 1,108; IC95%: 1,038-1,182) da AE. Os estudantes que apresentaram maior chance do relato de consumo de drogas ilícitas foram: da área de ciências humanas (ORa: 2,554; IC95% 2,341-2,787); participantes de atendimentos psicológicos da AE (ORa: 1,337; IC95% 1,217-1,469). Por outro lado, foram associados à menor chance do consumo de álcool: área de ciências exatas e da terra (ORa: 0,829; IC95%: 0,791-0,869); cursos diurnos (ORa: 0,941; IC95%: 0,912-0,972); dificuldades de acesso a materiais e meios de estudo (livros, computador, outros) (ORa: 0,919 ; IC95%: 0,888-0,950). Foram associados à menor chance do consumo de tabaco: cursos diurnos (ORa:0,947; IC95%: 0,901-0,995); ingressos por cota (ORa: 0,938; IC95%: 0,898-0,979); e carga excessiva de trabalhos estudantis (ORa: 0,909; IC95%: 0,871-0,949). Foram associados à menor chance do consumo de drogas ilícitas: da área de engenharias (ORa: 0,847; IC95%: 0,771-0,930). 32 INTRODUÇÃO METODOLOGIA RESULTADOS CONSIDERAÇÕES FINAIS33 CONSIDERAÇÕES FINAIS Destaca-se a escassez de pesquisas de âmbito nacional sobre a saúde dos estudantes universitários. A prática em saúde universitária no Brasil pode ser muito mais rica, sendo necessária a avaliação da efetividade dos programas e intervenções e divulgação científica. Os dados apresentados são as informações mais recentes e abrangentes que se tem conhecimento sobre a saúde dos estudantes de graduação das instituições federais brasileiras. Competem as instituições um olhar mais atento à saúde dos seus estudantes e, em especial, aos “grupos de maior risco identificados” (em suas respectivas áreas). REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS World Health Organization (WHO). Health promoting universities: concept, experience and framework for action. Tsouros AD, Dowding G, Thompson J, Dooris M, editors. 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J Bras Psiquiatr. 2013;62(3):199–207. Ibrahim AK, Kelly SJ, Adams CE, Glazebrook C. A systematic review of studies of depression prevalence in university students. J Psychiatr Res [Internet]. Elsevier Ltd; 2013;47(3):391–400. Available from: http://dx.doi.org/10.1016/j.jpsychires.2012.11.015 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Vadeboncoeur C, Townsend N, Foster C. A meta-analysis of weight gain in first year university students: is freshman 15 a myth? BMC Obes [Internet]. 2015;2(22):1–9. Available from: http://bmcobes.biomedcentral.com/articles/10.1186/s40608-015-0051-7 Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP). Resumo técnico: Censo da Educação Superior: 2014 [Internet]. Brasília/DF; 2017a. 1-60 p. Available from: http://download.inep.gov.br/download/superior/censo/2014/resumo_tecnico_censo_educacao_superior_2014.pdf Gropper SS, Simmons KP, Gaines A, Drawdy K, Saunders D, Ulrich P, et al. The Freshman 15 - A Closer Look. J Am Coll Heal [Internet]. 2009;58(3):223–31. Available from: http://www.tandfonline.com/doi/abs/10.1080/07448480903295334 Keating XD, Guan J, Piñero JC, Bridges DM. A Meta-Analysis of College Students’ Physical Activity Behaviors. J Am Coll Heal. 2005;54(2):116–25. Marcondelli PP, Costa THM da, Schmitz BAS. Nível de atividade física e hábitos alimentares de universitários do 3o ao 5o semestres da área da saúde. Rev Nutr. 2008;21(1):39–47. Small M, Bailey-Davis L, Morgan N, Maggs J. Changes in Eating and Physical Activity Behaviors Across Seven Semesters of College: Living On or Off Campus Matters. 2013;40(4):435–41. Colares V, Franca C. Estudo comparativo de condutas de saúde entre universitários no início e no final do curso. Rev Saúde Pública [Internet]. 2008;42(3):420–7. Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior, Fórum Nacional de Pró-Reitores de Assuntos Comunitários e Estudantis. IV Pesquisa do Perfil Sócioeconômico e Cultural dos Estudantes de Graduação das Instituições Federais de Ensino Superior Brasileiras. 2016. 1-291 p. mayla.simplicio@ufv.br image1.jpeg image2.png image3.jpeg image4.jpeg image5.jpeg image6.png image7.jpeg image8.png image9.png image10.jpeg image11.png image12.jpeg image13.jpeg image14.jpeg image15.jpeg image16.jpeg image17.png image18.png image19.png image20.jpeg image21.jpeg image22.jpeg image23.jpeg image24.jpeg image25.png image26.jpeg image27.jpeg image28.jpeg image29.jpeg image30.jpeg image31.jpeg image32.jpeg image33.jpeg image34.jpeg image35.jpeg image36.jpeg image37.png image38.jpeg image39.jpeg image40.jpeg image41.png image42.png image43.jpeg image44.jpeg