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A BAIXA IDADE MÉDIA (SÉC. XI AO XV) PARTE 1
1 – A EUROPA MEDIEVAL APÓS AS ÚLTIMAS INVASÕES
Após as invasões bárbaras do século V, outra onda invasora atemorizou a Europa entre os séculos VIII e XI: os árabes atacaram pelo sul e pelo oeste, controlando a navegação no Mar Mediterrâneo e dominando a Península Ibérica por sete séculos; os eslavos e húngaros (entre outros) atacaram pelo leste, ameaçando avançar rumo à região central; os normandos ou vikings atacaram a Europa pelo norte, dominando a Inglaterra (ano de 1066) e o norte da França (Normandia). Essa 2ª onda invasora marcou a fase de apogeu do feudalismo porque, em razão do terror e da insegurança que semeou, a Europa ocidental “se fechou” mais do que nunca em feudos, reforçando ainda mais os processos de descentralização política e autossuficiência econômica.
 No entanto, já a partir da 2ª metade do século XI, as invasões diminuíram muito. Esta nova fase de paz trouxe algumas transformações importantes e é por isso que ela é considerada o marco inaugural da Baixa Idade Média. Entre as principais transformações geradas pela nova situação de paz na Europa ocidental podemos citar as seguintes: 1ª) a população começou a crescer rapidamente em razão da redução das mortes; 2ª) os contatos externos dos feudos tornaram-se mais frequentes, especialmente os comerciais; 3ª) surgiram inovações ou progressos técnicos na agricultura a partir de novas observações e experiências produtivas. Dentre tais progressos técnicos três se destacaram: a invenção da charrua, um novo arado metálico que proporcionava uma semeadura mais eficiente; o atrelamento peitoral dos bois que puxavam o arado para melhor aproveitamento de sua força de tração muscular e o rodízio trienal de culturas, que consistia em mudar as culturas de faixa de cultivo a cada três anos para evitar o rápido esgotamento do solo. Estes progressos permitiram a geração de frequentes excedentes produtivos (“sobras”) pelos feudos. 
2 – O RENASCIMENTO COMERCIAL , URBANO E MONETÁRIO
Tendo em vista as transformações citadas no parágrafo anterior como decorrentes da nova situação de paz ocorrida na Europa ocidental a partir do final da 2ª metade do século XI, dois fatores se combinaram para gerar o fenômeno do renascimento comercial: o novo “clima” de segurança necessário ao desenvolvimento das trocas comerciais entre os feudos e a geração de uma expressiva quantidade de excedentes agrícolas proporcionada pelos progressos técnicos na agricultura.
Foi assim que, nos caminhos entre os feudos, em lugares próximos à segurança de suas muralhas, surgiram pontos de troca de excedentes, as chamadas feiras medievais, muitas das quais se tornaram permanentes e deram origem a aglomerados habitacionais ao seu redor, processo do qual se originaram a maioria das cidades medievais.. A maioria dos habitantes dessas casas que circundavam tais feiras permanentes eram os próprios feirantes (comerciantes). 
Como a preocupação com a questão da insegurança ainda estava recente, era comum haver uma enorme muralha protetora cercando, ao mesmo tempo, a feira e as moradias próximas. Todos estes elementos reunidos é o que chamamos de burgo. Portanto, os burgos eram o conjunto fortificado formado pela muralha protetora e pela aglomeração comercial (feira) e habitacional (casas) que ela cercava. O nome burgueses referia-se, inicialmente, apenas aos feirantes (comerciantes), já que, a princípio, eles eram os principais (quase únicos) habitantes dos burgos. Mais tarde, tal denominação se estendeu a toda a chamada classe dos “homens de negócio” (burguesia), passando a designar também os donos das oficinas artesanais urbanas (industriais), além dos cambistas (conversores de moedas) e dos banqueiros (emprestadores de dinheiro a juros).
O ressurgimento e desenvolvimento do comércio restabeleceu o uso regular da moeda e, consequentemente, monetarizou progressivamente a economia. Diferentes moedas passaram a circular nas feiras e nas cidades, provenientes de vários feudos e regiões da Europa. Essa variedade criou a necessidade do câmbio, isto é, da troca de moedas. Os que se dedicavam a esta atividade eram chamados de cambistas. Mais tarde, os cambistas passaram a fazer empréstimos e assim surgiram os bancos, palavra de origem italiana que designava o assento ocupado pelo cambista. Além de comerciantes, industriais, cambistas e banqueiros, outros profissionais surgiram e se multiplicaram rapidamente nas cidades, que se tornaram polos de atração para muitas pessoas (incluindo inúmeros servos fugitivos dos feudos) que queriam se tornar trabalhadores livres assalariados ou autônomos prestadores de serviços dos mais diversos tipos.
3 – AS GUILDAS E CORPORAÇÕES DE OFÍCIO
Nas cidades que se formaram em meio ao processo do renascimento comercial e urbano, comerciantes e artesãos formaram associações para garantir a sobrevivência e preservação de seus negócios. Tais associações chamavam-se, respectivamente, “guildas” e “corporações de ofício”. As “guildas” eram associações de comerciantes de uma cidade ou grupo de cidades, que tinham, como objetivo, reservar o mercado local ou regional para seus membros a fim de protegê-los contra a concorrência de comerciantes “forasteiros”. As guildas ou ligas de mercadores às vezes ultrapassavam o âmbito local e associavam os comerciantes de uma ampla região do continente. Foi o caso da Liga Hanseática no Sacro Império Romano-Germânico, que chegou a congregar os comerciantes de cerca de 80 cidades, dominando o comércio nos mares do Norte e Báltico, nos quais estabeleceram entrepostos comerciais desde Londres até Novgorod, na Rússia. Já as corporações de ofício eram associações de artesãos urbanos que tinham por objetivo reservar o mercado de sua cidade apenas para eles, protegendo-os, ao mesmo tempo da concorrência “forasteira” e da concorrência “desleal” interna dos próprios colegas locais. Em relação a esta última atribuição, as corporações estabeleciam, para todos os seus membros, um rígido controle sobre preços, salários, volume da produção, qualidade dos produtos e áreas de atuação de cada um, de modo a impedir que houvesse competição entre eles. 
As guildas e corporações de ofício não devem ser considerados empreendimentos genuinamente capitalistas por duas razões básicas: não tinham objetivo de acumular lucros e a mão de obra empregada não era predominantemente assalariada. Assim, tanto nas guildas como nas corporações de ofício, não havia o propósito claro de acumular lucros e reinvesti-los continuamente para a expansão ou consolidação do empreendimento; predominava o objetivo de “subsistência” do negócio, ou seja, de sua simples sobrevivência para manter a ocupação e as remunerações de todos os envolvidos. Quanto à questão do trabalho, predominava a mão de obra “familiar” e dos “agregados”, estes últimos mais comuns nas oficinas artesanais urbanas, onde trabalhavam em troca de alimentação, moradia e aprendizagem do ofício, se confundindo muitas vezes com a própria mão de obra familiar; poucos eram os chamados “jornaleiros”, assalariados típicos que cumpriam uma “jornada” de trabalho em troca de pagamento. Por causa dessas duas razões básicas, os estudiosos se referem às guildas e corporações de ofício como empreendimentos “pré - capitalistas”.
4– O RENASCIMENTO CULTURAL DO SÉCULO XI: AS ESCOLAS, AS PRIMEIRAS UNIVERSIDADES EUROPEIAS E A NOVA CULTURA URBANA
Com o renascimento das cidades, surgiram, pela primeira vez na história da Idade Média, escolas destinadas a ensinar o público urbano a ler, escrever, calcular, conhecer leis e estudar teologia, entre outras coisas. Tal inovação significou a quebra do monopólio que a Igreja tinha sobre os conhecimentos da leitura e da escrita. 
Muitas destas escolas urbanas de conhecimentos básicos evoluíram e se tornaram centros avançados de erudição e saber, dando origem às universidades medievais. A mais antiga delas foi fundada no ano de 1088, na cidade italiana de Bolonha e, no início, era apenas uma escola de direito antes de se tornar uma universidade algunsanos depois. Em seguida, surgiram outras em toda a Europa: a de Paris, na França (ano de 1170); a de Oxford, na Inglaterra (ano de 1249); a de Coimbra, em Portugal (ano de 1308), entre outras. No entanto, como os professores universitários ainda eram, em grande parte, membros do clero (os únicos que sabiam ler e escrever até bem pouco tempo), o método de estudo praticado nestas universidades até o século XIII, consistia na tentativa de conciliar fé e razão para alcançar uma boa compreensão dos fenômenos do mundo físico e social; tal método ficou conhecido pelo nome de “escolástica”. Apesar das universidades ainda terem sofrido uma forte influência do pensamento eclesiástico até o século XIII, começaram a romper totalmente com ele a partir do século XIV, quando abandonam completamente a escolástica como método científico e o teocentrismo como visão de mundo e adotaram, em substituição a eles, respectivamente, o racionalismo e o humanismo. Foi a partir de então que teve início o movimento conhecido como Renascença ou Renascimento Cultural Europeu.
EXERCÍCIOS – Responda às seguintes questões:
1) Por que a 2ª onda de invasões bárbaras marcou a fase de apogeu do feudalismo?
2) Cite e explique três progressos técnicos ocorridos na agricultura europeia a partir da nova situação de paz iniciada no século XI.
3) Quais foram os dois fatores que se combinaram para gerar o fenômeno do renascimento comercial no século XI?
4) Descreva como ocorreu conjuntamente os fenômenos do renascimento comercial e urbano na Europa Ocidental a partir do século XI?
5) O que eram os burgos e quem eram os “burgueses”?
6) Qual foi o efeito monetário produzido pelo renascimento comercial? Além dos burgueses, que outros tipos de trabalhadores os burgos atraíram?
7) O que eram as “guildas” e “corporações de ofício” e quais os seus objetivos?
8) Cite as duas razões básicas pelas quais as guildas e corporações de ofício não devem ser considerados empreendimentos verdadeiramente capitalistas.
9) O que surgiu pela primeira vez na história da Idade Média com o renascimento das cidades? O que significou esta inovação?
10) Em que consistia o método de estudo praticado nas universidades medievais europeias até o século XIII? Com que nome se tornou conhecido tal método?

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