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RODRIgO gOyenA SOAReS 112 salários em valores corrigidos e dos preços em valores correntes, o que significou um aumento do poder de compra; e vi) um gatilho salarial, caso a inflação acumulada atingisse mais de 20% ao ano; 2: Errado. O Plano Cruzado foi concebido por economistas puramente heterodoxos e em nada se aproximava do modelo recomendado pelo FMI; 3: Errado. O congelamento dos preços e o aumento do poder de com- pra fizeram o consumo aumentar exponencialmente. Foi precisamente esse aumento, conjugado ao congelamento de preços, que casou o desabastecimento da economia, forçando o governo a expandir as importações. O desequilíbrio comercial e o aumento do consumo obrigou o governo de Sarney a lançar, em 1987, o plano cruzadinho e o cruzado II: ambos previam o aumento da fiscalidade com vistas a arrefecer o consumo; 4: Errado. Embora o Plano Cruzado tenha conhecido um êxito inicial, empurrando a inflação para a média de 10%, a periodicidade dos reajustes de preços, a burla empresarial ao congelamento decretado e o desequilíbrio comercial provocaram a flexibilização dos princípios basilares do Plano Cruzado, o que ocasionou o retorno da inflação ainda no governo de José Sarney. Gabarito 1E, 2E, 3E, 4E. 10.2. evolução da polítIca externa (Diplomacia – 2010 – CESPE) Com base em razões históricas conhecidas, pode-se dizer que o perfil diplomático brasileiro apresenta características próprias. Entre essas características, inclui-se; (1) legitimidade do aparelho de Estado na condução da política externa. (2) desconfiança precoce dos foros multilaterais, demonstrada pela retirada da Liga das Nações em 1926. (3) tendência à hegemonia mais do que à cooperação, à luz da experiência histórica. (4) continuidade em detrimento de eventuais rupturas, o que contribui para um perfil de estabilidade. 1: Certo. A condução da política externa brasileira pauta-se pelo respeito aos princípios democráticos e à legitimidade do aparelho de Estado resguardado pelo princípio da soberania popular; 2: Errado. O Brasil tem apreço pelos foros multilaterais desde o sur- gimento desses. Exemplo notório é a participação de Rui Barbosa na II Conferência de Haia, em 1907, na qual o Brasil defendeu o principio de igualdade soberana dos Estados. A preferência por entidades mul- tilaterais advém do caráter inclusivo dessas instituições, o que garante representativa extraordinária e, portanto, legitimidade maior às decisões tomadas. Membro fundador da Ligas das Nações, o desligamento do Brasil, em 1926, é exceção na longa tradição multilateralista do Brasil. O arrefecimento da participação nos foros multilaterais, nos anos 1920, está mais vinculado à preferência pela busca de alternativas ao poder dos Estados centrais do que ao menoscabo pelo conceito de multilateralismo; 3: Errado. O Brasil, consoante Gelson Fonseca Júnior, empenha a garantia de legitimidade internacional de seus pleitos e a coerência de suas ações. Para tanto, evita possuir excedentes de poder, na expressão do chanceler Ramiro Saraiva Guerreiro. O Brasil prefere a cooperação internacional e a inserção pacifica na ordem mundial. É nesse sentido que Roberto Abdenur atribui ao país o conceito de articulador de consensos. A experiência histórica faz jus à inserção principista do Brasil, que garante a promoção da paz e do desen- volvimento. Desde o Império, e devido à suficiência congênita do seu território, o Brasil tem erradicado tendências hegemônicas na formulação de suas políticas internacionais; 4: Certo. A continuidade da política externa brasileira torna-a uma política de Estado, e não de governo. Garante, assim, confiabilidade no longo prazo, ressaltando seu legado histórico. Raros são os momentos de ruptura, como foi o caso da política externa de Castelo Branco, sob a chancelaria de Vasco Leitão da Cunha e Juracy Magalhães, que constituíram, na expressão de Amado Cervo e Clodoaldo Bueno, um passo fora da cadência na condução dos negócios externos. A regra, consoante os autores, seria a política externa de Quadros, de Goulart, de Costa e Silva, de Médici, de Geisel e de Figueiredo. A heterogeneidade desses governos evidencia a característica autônoma do Itamaraty, confirmando sua identificação a uma política permanente de Estado. Gabarito 1C, 2E, 3E, 4C. 10.3. mercosul (Diplomacia – 2010 – CESPE) Com referência à política externa brasileira, julgue (C ou E). (1) O MERCOSUL, criado pelo Tratado de Montevidéu, em 1991, inscreve-se na tradição da ALALC, que, por sua vez, deu origem à ALADI, em 1980, formando um quadro normativo dirigido à construção de uniões aduaneiras. (2) A Política Externa Independente foi idealizada pelo Presi- dente Juscelino Kubitschek, que enfatizou a autonomia da diplomacia do Brasil ao romper relações com o FMI. (3) O Brasil tem-se notabilizado, cada vez mais, como presta- dor de cooperação técnica, que passou a ser direcionado, sobretudo, para os países do Oriente Médio, em respeito aos compromissos assumidos na Cúpula América do Sul - Países Árabes. (4) O Brasil tem como política reconhecer como terrorista qual- quer organização que seja assim considerada por países com os quais o Brasil mantém relações diplomáticas. 1: Errado. O Mercosul, criado pelo Tratado se Assunção, em 1991, tem lastro jurídico no Acordo de Complementação Econômico 18 da ALADI. Esses acordos de alcance parcial permitem a conclusão de acordos de integração regional no seio da ALADI: foi essa possibilidade que flexibili- zou e aprofundou a integração entre diferentes blocos, visto que a ALALC, que precedeu a ALADI, não autorizava a existência de um guarda-chuva normativo. Cabe lembrar, ainda, que a ALALC foi criada pelo Tratado de Montevidéu, em 1960, e a ALADI, pelo Tratado de Montevidéu de 1980; 2: Errado. A expressão Política Externa Independente (PEI) surge em artigo publicado, na revista Foreign Policy, por Jânio Quadros, que enfatizava o não alinhamento às potências da Guerra Fria, a auto- nomia da política externa brasileira, a autodeterminação dos povos e o desenvolvimento dos países do sul. Consoante José Humberto Brito Cruz, a PEI teria uma fase voluntarista, sob Arinos, uma fase institucionalizada, sob San Tiago Dantas, e uma face moderada, sob Hermes Lima e Araújo de Castro. No que concerna à política externa de Juscelino Kubitschek, Amado Cervo e Clodoaldo Bueno nomeiam-na “rumo à política externa contemporânea”, demarcando-a no fulcro de um alinhamento e de um desenvolvimento associado. 3: Errado. O Brasil tem se notabilizado como prestador de cooperação técnica direcionada sobretudo aos países africanos. Na esteira da II Cúpula América do Sul-África (ASA), na Venezuela, estabeleceu-se um Grupo de Trabalho voltado para a ciência e a tecnologia. No caso espe- cífico do Brasil, Angola e Moçambique são destaques no que concerne à transferência de tecnologias por meio da Embrapa e da Fio Cruz; 4: Errado. O reconhecimento de grupos terroristas pelo Brasil é decisão discricionária do Executivo, não havendo alinhamento automático no que diz respeito ao terrorismo com os Estados com os quais o Brasil mantém relações diplomáticas. Gabarito 1E, 2E, 3E, 4E. 1. estruturas e IdeIas econômIcas 1.1. da revolução IndustrIal ao capIta lIsmo orGanIzado: séculos xvIII a xx (Diplomacia – 2012 – CESPE) A respeito da Revolução Industrial na Europa e de fatos a ela relacionados, julgue (C ou E) os itens subsequentes. (1) A disseminação da economia industrial na Europa Conti- nental foi facilitada pelos grandes fluxos de investimentos internacionais que surgiram dos excedentes de capitais, com o objetivo de boas oportunidades de negócios, o que permitiu a injeção de capitais no sistema financeiro europeu e de tecnologias no processo de industrialização. (2) A expansão da Revolução Industrial na Europa favoreceu o surgimento de movimentos políticos e sociais, alguns deles relacionados ao rápido processo de urbanização que se verificou no continentea partir do século XIX. (3) A economia industrial no continente europeu foi dinamizada, entre outros importantes fatores, pela inexistência, até a década de 60 do século XIX, de políticas protecionistas de comércio exterior. (4) O retardo do desenvolvimento da economia industrial nos países da Europa Continental, comparativamente ao da Grã-Bretanha, deveu-se à precária cultura liberal empreen- dedora e às dificuldades econômicas advindas de conflitos armados. 1: Certa. Trata-se de uma descrição adequada do processo de industrialização da Europa continental. O item trata da expansão do capitalismo industrial pela Europa, que foi feito com compensado fluxo de investimentos proveniente dos excedentes de capital. No caso específico da Inglaterra, o excedente veio da produção agrícola anterior à industrialização. Apesar de a produção agrícola inglesa ter perdido espaço na economia britânica após o desenvolvimento do processo industrial, ela também foi beneficiada pela modernização industrial. Para possibilitar a expansão do processo industrial na Europa continental, os excedentes de capitais provenientes da industrialização britânica foram importantes. É correto, desse modo, falar em investimentos estrangeiros no processo de expansão industrial na Europa. Sem esses excedentes, não haveria como promover uma modernização nos transportes, fator importante ao processo de industrialização, do qual o desenvolvimento das ferrovias é exemplo emblemático. A expansão ferroviária necessitou de amplos investimentos de capitais e de mão de obra para poder atingir rincões na França e nos territórios alemães. É o que confirma Demétrio Magnoli, em Relações Internacionais – Teoria e História, “A dinâmica do capitalismo industrial foi impulsionada pela produção de mercadorias. No século XIX, especialmente, a Revolução Industrial alastrou-se da Inglaterra para a Europa continental. As forças produtivas na Europa projetaram sua influência sobre o espaço mundial gerando uma nova divisão internacional do trabalho. [...] No capitalismo industrial, os investimentos no exterior tornaram-se elemento estru- turante da divisão internacional do trabalho. O pano de fundo desse novo estágio foi o desenvolvimento dos transportes terrestres, com as ferrovias, oceânicos, com os navios a vapor, e das comunicações, com o telégrafo. A onda de investimentos no exterior foi liderada pela Grã- -Bretanha – seguida longinquamente pela França, Alemanha, Holanda e pelos Estados Unidos – e semeou portos, ferrovias, usinas elétricas, sistemas de iluminação pública [...]. O investimento no exterior precedia e preparava o caminho para a exportação de mercadorias industriais. A renda proporcionada pelos investimentos era, frequentemente, reaplicada no exterior.” (p. 54); 2: Certa. O socialismo é um exemplo de movimento político que tem sua origem na industrialização. Há duas origens, complementares uma à outra. A origem prática é oriunda do movimento operário, que surge com a revolução industrial e as péssimas condições sociais dos trabalhadores, e que tem como exemplo mais emblemático e exitoso a formação dos sindicatos na Inglaterra. A outra origem do socialismo é teórica, iniciada pelo francês Gracchus Babeuf (1760-1797), condenado à morte por sua participação na Conspiração dos Iguais (1796), ao pregar a abolição da propriedade privada. Seguiram os socialistas utó- picos, como Saint-Simon (1760-1825) e sua seita, os saint-simonistas, Charles Fourrier (1772-1837) e Robert Owen (1771-1858). Finalmente, os socialistas científicos, como Karl Marx (1818-1883) e Friedrich Engels (1820-1895), fizeram uma análise mais ampla e unificaram as duas origens do movimento, o que lhe deu mais força. Portanto, não se pode negar a origem desse movimento político na revolução industrial. O movimento operário critica as consequências nefastas do processo, como as más condições de trabalho dos trabalhadores e as fortes desigualdades que o processo gerou. Acerca do rápido processo de urbanização como catalizador de movimentos sociais e políticos, pode-se afirmar que contribui para mudar as relações sociais entre os indivíduos, ao torná-las mais dinâmicas e mais efetivas: é mais fácil organizar-se, politico e socialmente, em um meio urbano do que no meio rural; além disso, a urbanização também amplifica a circulação das ideias. O movimento socialista nasce no meio urbano, e suas principais ideias são, posteriormente, aplicadas no meio rural. Vale citar Eric Hobsbawm, em A Era das Revoluções, que afirma que as consequên- cias mais sérias da Revolução Industrial “foram sociais: a transição da nova economia criou a miséria e o descontentamento, os ingredientes da revolução social. E, de fato, a revolução social eclodiu na forma de levantes espontâneos dos trabalhadores da indústria e das populações pobres das cidades, produzindo as revoluções de 1848 no continente e os amplos movimentos cartistas na Grã-Bretanha.” (pp.74-75); 3: Errada. Seria um equívoco falar de livre-comércio antes de 1860 na Europa. A expansão industrial pressionava pela abolição do protecio- nismo, mas não foi fácil aos empreendedores das fábricas adquirirem tais medidas. Na Inglaterra, é conhecido o embate entre os industriais, que preferiam o livre comércio, e os produtores rurais, que defendiam medidas protecionistas. As Leis do Trigo, as Corn Laws, são adotadas em 1815 com o fim de proteger a produção britânica de grãos contra a concorrência de produtores agrícolas da Europa continental. Em contra- posição, os industriais britânicos preferiam a liberalização do comércio. Acreditavam no princípio da reciprocidade, que previa que os países europeus adotariam o livre-comércio para os produtos britânicos, o que facilitaria as exportações dos manufaturados ingleses, notadamente, os têxteis. Liderados, a princípio, pelo economista clássico David Ricardo (1772-1823), os industriais britânicos passam a pressionar o governo pela abolição das Leis do Trigo. As Corn Laws serão abolidas, apenas, em 1846, ano em que a Inglaterra adota o livre-comércio. Inicia-se, com a iniciativa britânica, um período de liberalização generalizada, que durará mais ou menos um quarto de século, de 1850 a 1875. De acordo com Hobsbawm, em A Era do Capital, “Abertamente, apenas a Inglaterra (depois de 1846) havia abandonado o protecionismo de forma total, mantendo taxas alfandegárias – pelo menos teoricamente – apenas por razões fiscais. Não obstante, excetuada a eliminação ou redução de restrições etc. nas vias navegáveis internacionais como o Danúbio (1857) e o Sound entre a Dinamarca e a Suécia, além da simplificação do sistema monetário internacional, pela criação de grandes zonas monetárias [...], uma série de “tratados de livre-comércio” derrubou substancialmente as barreiras de tarifas entre as nações industriais líderes na década de 1860.” (p. 70). A tendência ao livre-comércio do período será afetada pela Grande Depressão (1873-1896) e pela corrida imperialista, o que motivará um retorno ao protecionismo na década de 1870; 4: Certa. De fato, o conservadorismo, por um lado, e a Revolução Fran- cesa, seguida das guerras napoleônicas, por outro, geraram dificuldades para uma expansão rápida e eficaz da Revolução Industrial. Na Europa continental, diferentemente da Grã-Bretanha, o modelo absolutista, apesar da Revolução Francesa ter abalado suas bases, reinstalou-se após o Congresso de Viena. Esse modelo caracterizava-se por uma maior intervenção do Estado, nesse caso, do monarca, na economia, portanto, 4. História MundiaL Leonardo Gill Correia Santos leOnARDO gIll cORReIA SAntOS 114 na circulação de capitais, o que dificulta o fluxo de investimentos. As guerras também contribuem para causar entraves à circulação de capitais necessária à industrialização, por criar barreiras físicas entre os Estados: é de imaginar-se a precária circulação de mercadorias entre a França e a Prússia, a Áustria e a Rússia, em 1815,principalmente pela crise gerada pelas guerras. Referente ao modo como as guerras afetam a expansão da industrialização, Hobsbawm, em A Era das Revoluções, é enfático: “Fora da Grã-Bretanha, o período da Revolução Francesa e de outras guerras trouxe relativamente pouco avanço imediato, exceto nos Estados Unidos [...]. As bases de uma boa parte da indústria posterior, especialmente da indústria de equipamento pesado, foram lançadas na Europa napoleônica, mas muito pouco sobreviveu ao fim das guerras, que trouxe a crise para toda a parte. No todo, o período que vai de 1815 a 1830 foi um período de reveses ou, na melhor das hipóteses, de recu- peração lenta.” (pp. 275-276). Sobre os modelos arcaicos e a escassa cultura liberal dos monarcas europeus, Hobsbawm também contribui, após listar uma série de dificuldades a aceitar modelos mais liberais, o que justificaria os modelos mais conservadores: “..., o desenvolvimento industrial tinha que funcionar de um modo bastante diferente do modelo britânico. Assim, em todo o continente europeu, o governo tinha um controle muito maior sobre a indústria, não apenas porque já estivesse acostumado a isso, mas porque tinha que fazê-lo.” (p. 281). Gabarito 1C, 2C, 3E, 4C (Diplomacia – 2010 – CESPE) A Revolução Industrial começou na Inglaterra na segunda metade do século XVIII. A respeito desse assunto, assinale a opção correta. (A) Como a Inglaterra foi pouco beneficiada pela Revolução Comercial, a Revolução Industrial veio a oferecer-lhe opor- tunidade para recuperar seu relativo atraso econômico. (B) À época, a população inglesa era equivalente, em número, à da França, embora a Inglaterra tivesse dimensões bem menores. (C) O carvão, o ferro — as duas grandes riquezas da Inglaterra — já eram fartamente exploradas no início da Revolução. (D) O fato de ter um sistema financeiro ainda precário não impediu que a Inglaterra levasse adiante seu processo de industrialização. (E) A Inglaterra não dispunha de recursos agrícolas e florestais suficientes para as suas necessidades. A: Incorreta, pois não se pode falar de um atraso econômico na Inglaterra antes da Revolução Industrial. Na Europa inteira, houve um período de avanço comercial durante o século XVIII, embora desigual e favorável apenas a uma pequena elite agrária. A Grã-Bretanha estava a frente desse crescimento, como afirma Hobsbawm, em A Era das Revoluções: “Mas parece claro que até mesmo antes da revolução a Grã-Bretanha já estava, no comércio e na produção per capita, bastante à frente de seu maior competidor em potencial, embora ainda comparável a ele em termos de comércio e produtos totais.” (p. 52). Edward McNall reforça essa ideia, em História da Civilização Ocidental, volume 2: “A economia inglesa havia progredido mais que a de qualquer outro país em direção à abundância.” (p. 524); B: Incorreta. A população francesa superava a população britânica. De acordo com Edward McNall Burns, em História da Civilização Ociden- tal, volume 2: “Na Inglaterra, a população cresceu de aproximadamente 4 milhões de habitantes em 1600 para cerca de 6 milhões em 1700 e 9 milhões em 1800. A população francesa passou de 17 milhões em 1700 para 26 milhões um século depois.” (p. 514); C: Incorreta. Primeiro, considerando o ferro, a produção britânica, como afirma Hobsbawm, não parece ser importante: “em 1780, [...] a demanda civil da metalurgia permanecia modesta, e a militar, embora compensadoramente vasta graças a uma sucessão de guerras entre 1756 e 1815, diminui vertiginosamente depois de Waterloo. Certamente, não era grande o bastante para fazer da Grã-Bretanha um enorme produtor de ferro.” (p. 70-71). Portanto, não só a Indústria metalúr- gica britânica não era extremamente desenvolvida, como tampouco representava uma fonte de riqueza para a Grã-Bretanha. O carvão, por outro lado, por ser uma das únicas e mais importante fonte de energia na época, movimentava a indústria de mineração desde o século XVI na Grã-Bretanha. Tratava-se de fato de uma importante indústria britânica antes mesmo da Revolução Industrial e, como afirma Hobsbawm, “a mineração não exigiu nem sofreu uma importante revolução tecnológica no período que focalizamos.” (p. 71); D: Incorreta, pois a Inglaterra tinha um sistema financeiro, se não avançado, pelo menos atingindo o mínimo necessário para organizar a sua Revolução Industrial, isto é, não foi um sistema econômico precário que lançou as bases econômicas para a Revolução. De acordo com Hobsbawm, em A Era das Revoluções: “Nem havia qualquer dificuldade quanto à técnica comercial e financeira pública ou privada. [...] por volta do final do século XVIII, a política governamental estava firmemente comprometida com a supremacia dos negócios. Velhas leis em contrário tinham de há muito caído em desuso e foram finalmente abolidas – exceto quando envolviam a agricultura – em 1813-35.” (p. 81); E: Correta. De fato, Inglaterra teve de importar praticamente toda a matéria prima para alimentar a sua principal indústria, a têxtil. A sua estrutura agrária era dominada, desde a Revolução de 1689, por poucos proprietários, criando um sistema precário e fortemente desequilibrado. Considerando os recursos florestais, a escassez britânica em áreas de florestas foi que também motivou, em parte, a estruturação da indústria de minério de carvão. Gabarito "E” Texto para a próxima questão Quando as 5 mil pequenas lâmpadas iluminaram a fachada do Palácio da Eletricidade, por ocasião da inauguração da Exposição Universal de Paris (1900), causando assombro à multidão que assistia ao espetáculo, comprovou–se o triunfo da ciência e a soberania da máquina. A luz vencera o limite da noite e instaurava as 24 horas como o novo tempo da cidade. A arte afastava–se do mundo burguês à procura de nova clientela, capaz de um ato de fruição total. Era preciso tornar-se autêntica e, para isso, ela precisava eliminar dos seus efeitos específicos quaisquer outros que pudessem ter sido tomados por empréstimo. Era necessário tornar–se “autárquica”, “pura” A busca incessante dessa pureza motivou os artistas do início do século XX, o que resultou na produção de obras que deram corpo a uma notável revolução cultural. P. E Grinberg e A. A. Luz. Revoluções artístico-culturais no século XX. In: F.C. Teixeira da Silva (coord). Séculos sombrios: guerras e revoluções do século XX. Rio de Janeiro: Elsevier, 2004 (com adaptações) (Diplomacia – 2005 – CESPE) Tomando o texto III como referên- cia inicial e considerando o cenário econômico mundial na passagem do século XIX ao século XX, julgue (C ou E) os próximos itens. (1) As transformações verificadas no sistema produtivo capita- lista, a partir de meados do século XIX, tiveram na substitui- ção do ferro e do carvão pelo aço e pela eletricidade o ponto de partida para a configuração da moderna industrialização. (2) As últimas décadas do século XIX assistiram à dissemina- ção da crença burguesa em um progresso ilimitado, do qual as exposições universais – tal como a citada no texto – eram símbolos poderosos. (3) A inexistência de crises mais pronunciadas no sistema capitalista, ao longo da metade do século XIX, reforçava o ponto de vista de governos e de grandes empresários no tocante à perenidade do desenvolvimento material que estava em marcha. (4) Assinada pelo Papa Leão XIII em 1891, encíclica Rerum Novarum, primeira grande manifestação oficial da Igreja Católica para elaboração de uma doutrina social-cristã, ao mesmo tempo em que atacava firmemente os excessos da exploração capitalista, expressava sutil apoio às teses socialistas. 1: Certa. Trata-se da passagem da Primeira Revolução Industrial para a Segunda. A utilização do aço, mais maleável que o ferro, e da eletrici- dade, mais eficaz e menos poluente que o carvão, marca essa evolução. Outro elemento comumente citado nessa passagem é a utilização da turbina a vapor, no lugar da máquina a vapor, e o uso de combustíveis líquidos,derivados do petróleo, no lugar do carvão. O desenvolvimento da siderurgia é também uma das características principais da Segunda Revolução Industrial, assim como a química, que passa a ocupar um espaço mais importante na indústria; 1154. HIStóRIA MUnDIAl 2: Certa. As exposições universais tinham, como objetivo central, cele- brar o progresso da ciência através de aquisições tecnológicas. Eram grandes eventos, nos quais os expositores não buscavam, somente, expor novas máquinas, eram momentos para intercambiar tecnologias e difundir as inovações entre um grande público. Também existe um viés político por trás das exposições universais: eram eventos itinerantes, organizados, a cada ano, em alguma cidade (não necessariamente capitais) distinta da Europa, com o intuito de exaltar a grandeza nacional pela ciência e tecnologia. A exposição universal realizada em Paris, em 1889, foi uma das mais celebres, já que marcou a inauguração da Torre Eiffel, hoje símbolo histórico e turístico da cidade; 3: Errada. Entre 1873 e 1896, uma grande crise atingiu o mundo inteiro, sendo conhecida como a Grande Depressão de 1873 (o termo depois foi usado para classificar a crise de 1929; 1873 ficou conhecida como a Longa Depressão de 1873). De acordo com Hobsbawm, em A Era dos Impérios, “Ao estudar a economia mundial em 1889, ano de fundação da Internacional Socialista, um ilustre especialista americano observou que ela se caracterizara, desde 1873, por «agitação sem precedentes e depressão do comércio». «Sua peculiaridade mais digna de nota, escreveu ele, foi sua universalidade; afetando tanto nações que se envolveram em guerras como as que mantiveram a paz; as que têm uma moeda estável com padrão ouro como as que têm moeda instável...; as que vivem num sistema de livre comércio de matérias-primas e aquelas onde há restrições comerciais, maiores ou menores. »” (p. 57-58); 4: Errada. A Encíclica do Papa Leão XIII, a Rerum Novarum não ataca diretamente os excessos do capitalismo, pelo contrário, defende a propriedade privada dos meios de produção. Tampouco defende teses socialistas, atacando, por exemplo, o direito à greve. A encíclica adota um discurso mais moderado ao pedir para que os empregadores tratem os seus trabalhadores com mais dignidade e afirma estar de acordo com a formação de sindicatos cristãos. A Encíclica é, no entanto, revolucionária para a época no fato de defender a justiça social pela promoção dos direitos, algo inédito na Igreja católica. Gabarito 1C, 2C, 3E, 4E 1.2. característIcas GeraIs e prIncIpaIs fases do desenvolvImento capItalIsta (desde aproxImadamente 1780) A história mundial contemporânea, iniciada no último terço do século XVIII, apresenta-se como uma sucessão de sistemas mundiais intercalados por fases de transição e configuração de novas lideranças. Assim, de 1776 (ano da independência dos EUA e da publicação de A Riqueza das Nações, de Adam Smith) a 1890, a Pax Britânica, embasada na Revolução Industrial e regulada pelo liberalismo, deu início ao mundo dominado pelas potências anglo-saxônicas. Paulo G. Fagundes Visentini e Analúcia Danilevicz Pereira. História do mundo contemporâneo. Petrópolis: Vozes, 2008, p. 10 (com adaptações). (Diplomacia – 2012 – CESPE) Tendo o texto acima como referência inicial e considerando aspectos da história econômica mundial, julgue (C ou E) os itens seguintes. (1) O processo de colonização vigente nas décadas finais do século XIX integra um contexto de expansão do sistema produtivo, do qual resultam a busca de mercados consumi- dores, de matéria-prima industrial e de bases estratégicas, bem como o surgimento de áreas propícias ao investimento de capitais e ao recebimento dos contingentes populacio- nais excedentes das metrópoles. (2) Em A Riqueza das Nações, Adam Smith critica o mercan- tilismo, alinhando-se, nesse aspecto, com os fisiocratas franceses, mas deles se afastando ao sustentar que ao Estado compete conduzir e proteger a economia nacional na disputa por mercados com outros países. (3) Ao longo do século XIX, nas regiões economicamente mais dinâmicas, capitalismo e sociedade industrial consolidaram- -se em meio a um cenário de crescente urbanização, de formação e expansão do mercado de trabalho assalariado, de uma economia cada vez mais permeada por bens indus- trializados, de concentração e centralização da riqueza e dos capitais em grandes empresas, e de um mercado em franco processo de mundialização. (4) Maior potência industrial do século XIX, a Inglaterra, que optou pela mediação política de autoridades locais em suas colônias, não se beneficiou da corrida imperialista na mesma proporção alcançada por seus concorrentes diretos, como a Alemanha. 1: Certa. O item descreve as principais motivações do novo movimento de expansão colonial, ocorrido a partir da metade do século XIX. De acordo com Lenin (1870-1924), o imperialismo é uma fase superior do capitalismo, em que os Estados passam a buscar novas frentes para desenvolver o capital, seja pela ampliação do mercado consumidor, seja pela abertura de novas áreas de investimento. É o contexto da Segunda Revolução Industrial, que, em função do desenvolvimento de melhores métodos de produção, passa a verificar grandes excessos produtivos, o que leva à necessidade de escoar os excedentes em novos mercados consumidores e de buscar matérias primas, notadamente, petróleo, aço e borracha, levando, por exemplo, ao desenvolvimento do ciclo da borracha no Norte do Brasil, em fins do século XIX. O ciclo da borracha, no Brasil, inicia-se no fim do século XIX e dura até mais ou menos a década de 1920. Na Europa, a “bike-mania” faz aumentar a demanda por borracha para pneus de bicicleta, motivando uma forte entrada de capitais na região, contribuindo para o desenvolvimento de cidades como Belém e Manaus. O ciclo entra em decadência na década de 1920 quando as colônias britânicas passam a concorrer com os seringais brasileiros. Finalmente, a imigração pode ser associada a esse processo também. Havia uma forte pressão demográfica na Europa, cuja população passa de 266 milhões, em 1850, a mais de 400 milhões, em 1900. As colônias seriam receptor desses excessos populacionais. Vale lembrar que, com a Segunda Revolução Industrial e a produção excedentária, aparecem, na Europa, os índices crescentes de desemprego. A saída de contingentes populacionais permite um alívio sobre a demanda de emprego, confir- mado pela ausência de grandes crises de subemprego durante o período; 2: Errada. Uma das premissas principais da economia clássica, cujo um dos maiores representantes foi o economista escocês Adam Smith (1723-1790), é a defesa da não intervenção do Estado na economia. O não intervencionismo havia sido defendida anteriormente pelos fisiocratas, que associavam a economia à uma lei natural da física, portanto, autorregulada. Adam Smith desenvolve essa ideia ao criar a primeira teoria do comércio internacional, a lei das vantagens absolutas. Para Smith, a lei do mercado rege as relações econômicas e o Estado, ao tentar influenciar a economia, só causaria distorções. Por isso, Adam Smith é um dos primeiros defensores do liberalismo econômico, associado com a expansão comercial seguida pela Grã Bretanha, ainda no século XVIII; 3: Certa. O item descreve o processo de urbanização ocorrido nas regi- ões que foram atingidas pela primeira leva de industrialização. De fato, a industrialização acelera o processo de urbanização, ao incrementar a concorrência com o campo, atraindo mão de obra às cidades. O aumento da produção industrial também gerou aumento da circulação de bens, portanto, da circulação de capital, o que levou ao desenvolvimento de altos investimentos, não somente internos, mas no exterior. É comum observar o período como um princípio de mundialização, ao analisar a crescente importância do comércio internacional na riqueza dos países; 4: Errada. A Inglaterra tinha o maior império colonialdo mundo em fins do século XIX e princípio do século XX, portanto, não se pode afirmar que não se beneficiou com a corrida imperialista. A Alemanha, por outro lado, não obteve muitos benefícios na expansão imperialista da virada do século. O seu Chanceler principal, Otto von Bismarck (1815- 1898), optou por uma política voltada para a consolidação interna da Alemanha, a Realpolitik, imposta pela Prússia. Bismarck demite-se em 1890, atitude que abre espaço para uma mudança na política expansionista da Alemanha, voltada para fora do país, a Weltpolitik, ou “política mundial”, defendida pelo novo kaiser Guilherme II (1859-1941), a partir de 1897. A política expansionista que a Alemanha inicia vai de fato ao encontro com o imperialismo britânico, mas a Alemanha não vai se beneficiar da mesma forma do imperialismo que a Grã Bretanha. Como afirma José Flávio Sombra Saraiva, em História das Relações Internacionais Contemporâneas, “Os interesses coloniais econômicos da Alemanha, na África, eram e continuam sendo marginais durante todo o século XIX, embora projeções difusas do valor potencial das colônias tenham contribuído, na crise de 1873-1896, para popularizar as ideias imperialistas. Bismarck nunca se deixou transformar, ao longo de seu governo, em um defensor convicto da aventura colonial nem escondeu [...] sua rejeição a esse tipo de política mundial e sua clara preferência por uma política continental.” (p. 110).Gabarito 1C, 2E, 3C, 4E leOnARDO gIll cORReIA SAntOS 116 No final do século XVIII e no início do XIX, após a introdução do bastidor hidráulico de Arkwright, uma onda de avanços técnicos impulsionou a segunda Revolução Industrial, movida a eletricidade, produtos químicos e óleos. Juntas, essas des- cobertas tornariam as indústrias mais limpas e eficientes do que as fábricas da etapa anterior, movidas a vapor e a carvão. E as novas técnicas alavancariam o comércio de maneira ini- maginável. No final do século XIX, barcos a vapor, telégrafos e motores elétricos multiplicavam-se: Arkwright não podia ter previsto nada disso quando patenteou sua máquina fiandeira em 1769. Em um século e meio, o mundo mudou de forma irreversível nas esferas comercial, social e política. Patrícia S. Daniels e Stephen G. Hyslop. Atlas da História do Mundo. National Geographic, São Paulo: Abril, 2004, p. 242-3 (com adaptações). (Diplomacia – 2009 – CESPE) Tendo o texto acima como referência e considerando o significado histórico da Revolução Industrial, julgue (C ou E) os itens subsequentes. (1) Infere-se do texto que as incessantes inovações tecnológi- cas estão presentes no transcurso da Revolução Industrial, o que altera o tipo de força motriz que impulsiona a moderna industrialização e, certamente, contribui para a ampliação da capacidade produtiva e para a expansão do comércio mundial. (2) O processo de industrialização iniciado na Grã-Bretanha, na segunda metade do século XVIII, acelerou a substitui- ção de antigas formas de produção pelo capitalismo, que se consolidava como sistema econômico dominante, com a atividade fabril suplantando o trabalho doméstico e a crescente prevalência do trabalho assalariado. (3) As novas condições sociais geradas pela Revolução Indus- trial constituíram fermento de ondas revolucionárias que convulsionaram a Europa, notadamente em 1848. (4) Entre as transformações irreversíveis mencionadas no texto, produzidas pelo avanço da industrialização, o cenário existente em fins do século XIX assinalava a proibição do trabalho infantil e feminino, a regulamentação da jornada de trabalho e o surgimento dos serviços previdenciários, em meio a uma sociedade que lentamente se urbanizava. 1: Certa. A Revolução Industrial não foi um evento pontual na história, mas um processo que teve diferentes fases, e a Inglaterra, por ter sido o primeiro país, esteve, durante o século XIX, à frente desse processo. De acordo com o texto, primeiro, observa-se que, enquanto os outros países iniciavam seus processos de industrialização, a Inglaterra já havia iniciado a sua Segunda Revolução industrial, por intermédio de avanços técnicos (eletricidade, química e óleos). Esses avanços modificam o tipo de força motriz, da máquina a vapor para o motor a explosão, com uso de novos combustíveis. Finalmente, essa alteração na produção traz melhorias produtivas (indústrias mais limpas e mais eficazes) e permite a expansão do comércio global (novas técnicas alavancariam o comércio). Portanto, a resposta está correta pelo diálogo com o texto; 2: Certa. Essa afirmativa pode ser relacionada com o processo de industrialização do setor têxtil na Grã-Bretanha. Quando a indústria iniciou-se, teve a concorrência ainda de artesãos. A medida que a indústria têxtil mostrava-se mais eficaz, ele foi suplantando a produção doméstica, atraindo os trabalhadores para as fábricas. De acordo com Edward McNall Burns, em História da Civilização Ocidental, volume 2: “A tecelagem, porém, continuou a ser uma indústria doméstica até que a invenção de um tear mecânico barato e prático convenceu os empresários de que poderiam poupar dinheiro transferindo o processo das casas dos artesãos para as fábricas.” (p. 518); 3: Certa. Sem dúvida que boa parte das novas contestações sociais tiveram suas origens nas novas formas de produção advindas com a Revolução Industrial. Embora alguns levantes na Europa em 1848 tiveram um cunho nacionalista ou liberal, pode-se dizer que a Primavera dos Povos também estava dotada de reivindicações sociais originadas nesse mesmo processo. O historiador Burns, em História da Civiliza- ção Ocidental, volume 2, afirma que: “No entanto, os fatos de 1848 provaram que havia então na França um outro elemento – talvez seja ainda impróprio dar-lhe o nome de consciência de classe – de que os governos não se davam conta. Se a Europa de meados do século XIX viu a classe média mais próxima do que nunca do centro do poder, viu também os trabalhadores chegando rapidamente, vindos da periferia. Suas barricadas podiam, se necessário, ser destruídas, e suas exigên- cias deixadas de lado, mas apenas a um risco cada vez mais grave para o estado. Para florescer, o liberalismo burguês teria não só de aceitar fingidamente as exigências dos trabalhadores, mas em certa medida também atendê-las.” (p. 569); 4: Errada. Podemos afirmar que sim, por um lado, havia um certo avanço na regulação do trabalho das mulheres, mas não sua proibição, como vemos em Hobsbawm, em A Era dos Impérios: “Tornou-se óbvia a mudança na posição e nas expectativas sociais das mulheres durante as últimas décadas do século XIX, embora os aspectos mais visíveis da emancipação feminina ainda estivessem, em larga medida, confinados às mulheres das classes médias.” (p. 283-284). Da mesma forma, o trabalho infantil passou por uma série de regulações, sendo proibido em vários países, mas não na maioria até meados do século XX (e ainda...). As regulamentações das jornadas apareceram timidamente nessa época em alguns países, o que não se pode afirmar acerca dos serviços previdenciários. Finalmente, acerca do processo de urbani- zação, não se pode afirmar que, em fins do século XIX, havia um o processo lento de urbanização. A Inglaterra, por exemplo, já em 1850, alcançava um nível de população urbana superior a 50%. Em outros países europeus, os processos de urbanização chegariam aos mesmos níveis da Inglaterra ainda no século XIX. Gabarito 1C, 2C, 3C, 4E (Diplomacia – 2008 – CESPE) Com relação ao peso da industriali- zação no desenvolvimento do capitalismo, do século XVIII aos nossos dias, julgue (C ou E) os seguintes itens. (1) A fase inicial da industrialização, predominantemente inglesa, a partir do século XVIII, foi marcada pela produção de bens de consumo, especialmente os têxteis, e pela utilização do ferro e do carvão como base do processo produtivo. (2) Embora emitindo sinais que apontavam para a universali- zação futura do capitalismo, a industrializaçãoascendente ao longo do século XIX foi monopolizada pela Inglaterra e manteve-se adstrita à Europa Ocidental. (3) Novas formas de produção de energia, como a hidrelétrica, e novos combustíveis, como o petróleo, tiveram discreta participação no ciclo industrial que, já no final do século XIX, colocava o motor a explosão no centro do processo industrial. (4) As formas de indústrias desenvolvidas nas últimas décadas do século XX e início do século XXI modificaram o para- digma da linha clássica de produção em favor da produção informatizada e com alto grau de automação e tecnologia. 1: Certa. Trata-se de uma descrição resumida da primeira Revolução Industrial na Grã-Bretanha. Acerca dos bens de capitais, a Revolução Industrial inglesa foi a primeira a mecanizar o processo de produção e criar o consumo de massa. Pelo lado dos bens de consumo, a pri- meira indústria a surgir foi a do setor têxtil; pelos bens de capitais, as matérias-primas que vieram a suprir a demanda da própria produção, foi a indústria mineradora de carvão e ferro; 2: Errada. A Europa continental iniciara seu processo de industrialização seguindo a liderança britânica. Não se pode afirmar que foi um processo exclusivamente europeu. Os EUA são um exemplo de industrialização importante fora da Europa: com o início da marcha para o Oeste e da descoberta de novas fontes de riqueza, a industrialização dominou boa parte do território americano, e a Guerra de Secessão mostra esse alcance, com uma indústria de guerra como suporte para o conflito. Outro exemplo importante extraeuropeu seria o Japão da Era Meiji, que iniciara um processo de industrialização por volta de 1860; 3: Errada. A resposta está incorreta por dois aspectos. O primeiro concerne o motor a explosão que, inventado na sua forma industrial pelo alemão Nikolaus Otto em 1862, o motor substituiria a máquina a vapor em pouco tempo na segunda metade do século XIX, adotado principalmente pela indústria de transporte. O petróleo viria a ser a nova fonte de energia para esse tipo de motor, do qual, ainda no século XIX, não podemos falar de uma discreta participação no ciclo industrial. A própria introdução do motor a explosão exigia uma nova fonte de energia, diferente do carvão, mais eficiente e mais limpa, embora os combustíveis líquidos, derivados do petróleo, tenham sido inventados para servir a turbina a vapor, uma primeira evolução da máquina a vapor.