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23/10/13 Simulados EBEJI simulados.ebeji.com.br/enunciados/simulado-para-procurador-federal-2013 31/173 22 Justificativa: O item está incorreto. A maioria da doutrina classifica o silêncio administrativo, por si só, como um fato, e não um ato administrativo propriamente, considerando a ausência de manifestação de vontade pelo agente administrativo. Celso Antonio Bandeira de Mello coloca que: Na verdade, o silêncio não é ato jurídico. Por isto, evidentemente, não pode ser ato administrativo. Este é uma declaração jurídica. Quem se absteve de declarar, pois, silenciou, não declarou nada e por isto não praticou ato administrativo algum (Curso de Direito Administrativo. São Paulo: Malheiros, 2009, p. 408). Também, José dos Santos Carvalho Filho segue a mesma a linha de raciocínio: Urge anotar desde logo que o silêncio não revela a prática de ato administrativo, eis que inexiste manifestação formal de vontade; não há, pois, qualquer declaração do agente sobre sua conduta. Ocorre, isto si,, um fato jurídico administrativo, que, por isso mesmo, há de produzir efeitos na ordem jurídica (Manual de Direito Administrativo. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2006, p. 90). No mesmo sentido Odete Medauar e Diógenes Gasparini. Marçal Justen Filho tem interpretação diversa, considerando que o silêncio da Administração, ou seja, a atuação omissiva “produzirá um ato administrativo quando constituir uma ‘manifestação de vontade’, o que pressupõe a possibilidade de identificação de modo inquestionável de um querer subjetivo, uma decisão destinada a produzir efeitos externos”. O autor complementa: Existem situações em que o direito determina que a Administração Pública deverá manifestar-se obrigatoriamente e, desde logo, qualifica o silêncio como manifestação da vontade em determinado sentido. Nesse caso, a situação fática é bastante simples. O silêncio configurará um ato administrativo, porque assim está determinado pelo direito (Curso de Direito Administrativo. Belo Horizonte: Forum, 2012, p. 350). De qualquer forma, ainda que se adote essa corrente de que o silêncio administrativo possa assumir a natureza de ato administrativo quando a lei assim determinar, a questão está incorreta, porque o silêncio por si só não pode ser considerado um ato administrativo. Acrescenta-se que a justificativa da assertiva não traduz o que significa um ato jurídico, e, nesse sentido, oportuno mencionar as lições de Maria Sylvia Zanella de Pietro a respeito: [O] direito civil faz distinção entre ato e fato; o primeiro é imputável ao homem; o segundo decorre de acontecimentos naturais, que independem do homem ou que dele dependem apenas indiretamente (...) quando o fato corresponde à descrição contida na norma legal, ele é chamado fato jurídico e produz efeitos no mundo do direito. Quando o fato descrito na norma legal produz efeito no campo do direito administrativo, ele é um fato administrativo (...) se o fato não produz qualquer efeito jurídico no direito administrativo, ele é chamado fato da administração” (Direito Administrativo. São Paulo: Atlas, 1996, p. 157). Por fim, destaca-se, aqui, a questão considerada correta pelo CESPE, na prova para concurso público para o provimento do cargo de auditor do Tribunal de Contas do Estado do Espírito Santo, em 2012: 137. O silêncio administrativo consiste na ausência de manifestação da administração nos