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TU cU jU UMA PALAVRA E VÁRIOS SIGNIFICADOS Edna dos Santos Oliveira Eduardo Alves Vasconcelos Romário Duarte Sanches TUCUJU Copyright © by Edna dos Santos Oliveira Copyright © by Eduardo Alves Vasconcelos Copyright © by Romário Duarte Sanches Copyright © 2022 Editora Cabana Copyright do texto © 2022 Edna dos Santos Oliveira Copyright do texto © 2022 by Romário Duarte Sanches Copyright do texto © 2022 by Eduardo Alves Vasconcelos Todos os direitos desta edição reservados O conteúdo desta obra é de exclusiva responsabilidade dos autores. Diagramação, Projeto gráfico e capa: Eder Ferreira Monteiro Edição e coordenação editorial: Ernesto Padovani Netto Adaptação do texto e Revisão Técnica: Bruna Fernanda Soares de Lima-Padovani Revisão do Texto: Romário Duarte Sanches Imagem de capa e das páginas 1 e 3: plano do porto e praça de Macapá levantado em 1867 por or- dem do Ilmo. Sr. Vice-Almirante Conselheiro de Guerra Joaquim Raimundo de Lamare, Coman- dante em Chefe da Força Naval no 3º Distrito. Arquivo Nacional. Fundo Ministério da Marinha. [2023] EDITORA CABANA Res. Paulo Fonteles, Q-B, 24 66640-705 — Belém — PA Telefone: (91) 99998-2193 cabanaeditora@gmail.com www.editoracabana.com Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (eDOC BRASIL, Belo Horizonte/MG) Oliveira, Edna dos Santos. Tucuju [livro eletrônico]: uma palavra e vários significados / Edna dos Santos Oliveira, Eduardo Alves Vasconcelos, Romário Duarte Sanches. – Ananindeua: Cabana, 2023. 60 p. : 19 x 26 cm Formato: PDF Requisitos de sistema: Adobe Acrobat Reader Modo de acesso: World Wide Web Inclui bibliografia ISBN 978-65-89849-78-0 1. Tucuju – Identidade. 2. Índios tucuju – Usos e costumes. I.Vasconcelos, Eduardo Alves. II. Sanches, Romário Duarte. III.Título. CDD 980.41 Elaborado por Maurício Amormino Júnior – CRB6/2422 O48t CONSELHO EDITORIAL Dra. Ana Zavala (Facultadde la Cultura - Montevideo, Uruguay) Dra. Adriana Angelita da Conceição (UFSC) Dra. Carmem Zeli de Vargas Gil (UFRGS) Dra. Cláudia Mortari (UDESC) Dr. Francivaldo Alves Nunes (UFPA) Dra. Juliana Teixeira Souza (UFRN) Dra. Luciana Rossato (UDESC) Dr. Marcelo Luiz Bezerra da Silva (UEPA) Dr. Márcio Couto Henrique (UFPA) Dr. Sandor Fernando Bringmann (UFSC) COMITÊ CIENTÍFICO Dr. Adilson Junior Ishihara Brito (UFPA) Dra. Edilza Joana Oliveira Fontes (UFPA) Dr. Elison Antonio Paim (UFSC) Dr. Marcelo de Souza Magalhães (UNIRIO) Dra. Mônica Martins Silva (UFSC) Dra. Pirjo Kristiina Virtanen (University of Helsinhi, Finfand) Dr. Wilian Junior Bonete (UEMG) APOIO: AGRADECIMENTOS Agradecemos o apoio e o incentivo da Universidade do Estado do Amapá (UEAP), em especial à Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação (PROPESP), que proporcionou a publicação desta obra por meio do Edital N°030/2022- PROPESP/UEAP, vinculado ao Programa de Apoio a Publicações Acadêmicas Nacionais e Internacionais. Su má rio Prefácio - 9 Apresentação - 11 Notas Iniciais - 13 NA TRILHA DO TERMO TUCUJU Tucuju como topônimos - 15 Tucuju como um povo indígena - 20 REGISTRO & ORIGEM DO TERMO TUCUJU Registro do termo tucuju nas fontes históricas e em Dicionários - 27 Origem do termo tucuju - 28 A IDENTIDADE TUCUJU O que é identidade? - 34 O que é ser tucuju no Amapá? - 35 APONTAMENTOS FINAIS - 41 GLOSSÁRIO - 42 REFERÊNCIAS - 44 SOBRE OS AUTORES - 51 9 O livro Tucuju: uma palavra e vários significa- dos, produzido por pesquisadores que se interes- sam por estudos amapaenses, constitui-se como uma rica obra que possibilita processos amplos de discussão do tema como aprofundamento para a nossa literatura e, ao mesmo tempo, é um material com vistas ao desenvolvimento de trabalhos didá- ticos para as aulas na educação básica, bem como na formação de professores como proposta deco- lonial para a Amazônia. Os escritos dessa obra que busca conhecer e compreender o significa- do do termo “tucuju” nos leva para uma viagem histórica de aprendizagem de nossas raízes, no sentido de entender as origens do uso do termo em suas variedades histórica, cultural, linguística e social. Os autores nos proporcionam uma imersão do significado que nos conduz ao processo identitário e de reconhecimento do termo, principalmente, para o amapaense, que muito passou a utilizá-lo como constituição de sua identidade amazônica, se encontrando e, ao mesmo tempo reconstruindo-se por meio do termo, pois a ressignificação do termo “tucuju” está presente no cenário sociocultural do Amapá, no qual os autores ressaltam em seus escritos a fundamentação baseada na memória, nos registros oficiais e nas diferentes formas em que o termo vem aparecendo e se reafirmando na linguagem que o define na sociedade amapaense, de forma cultural e diversa. No que se refere à possibilidade de atividades na educação básica, a obra nos contempla com ricas sugestões em que não se fecha como um guia ou manual didático, mas como início para as discussões, como um pivô que envolve o tema, no qual o aluno protagonista e construtor de seu conheci- mento poderá explorar com mais densidade, pois tem na obra um instrumen- to pedagógico de mediação necessária para a aprendizagem. Os estudos apresentados, no entanto, iniciam uma discussão no para- digma decolonial de ensinar, considerando outros pontos de vistas na discussão crítica e criativa do processo de aprendizado que faça sentido para o aluno, pois faz parte de um termo que envolve sua identidade e ações no convívio cotidiano. Ainda cito a relevância da obra para a formação dos professores, em amplas licenciaturas, visto que marca uma produção de materiais que PRE FÁ CIO 10 nos interessa para a discussão do contexto amazônico, criando, assim, um repertório de leituras que se aglutinam em um acervo para a proposta de uma educação amazônica nas escolas, com vista ao campo, as águas e as florestas. Vale ressaltar ainda que nossas escolas por séculos reproduziram e ain- da reproduzem apenas conhecimentos e atividades pré-estabelecidas por mate- riais que pouco aprofundam nossa realidade em nome do processo universal de educação. Ao mesmo tempo, registramos poucas produções com experiências regionais à disposição dos professores, e no âmbito da formação dos mesmos, na academia e de forma continuada em serviço. Tais materiais fazem diferença na formação de professores que se propõem a trabalhar em um estado tão diverso com 16 municípios em suas peculiaridades tucuju, tão singulares que abrigam a educação de um povo ribeirinho, quilombola e indígena. Assim, a obra, nessa perspectiva, contribui para o acervo que muito enriquecerá novas experiências educativas, tanto aos professores que atuam diretamente na educação básica quanto para os formadores no ensino supe- rior, no sentido de incentivar outras produções tão valiosas e interessantes como a obra Tucuju: uma palavra e vários significados, que nos presenteia com uma leitura agradável e leve, com requinte criativo de detalhes no decor- rer de seu contexto. Ângela do Céu Ubaiara Brito Universidade do Estado do Amapá. 11 A obra Tucuju: uma palavra e vários significados é um material de caráter didático-pedagógico que visa apresentar o surgimento do termo tucuju, os seus significados, os diferentes usos que a palavra adquiriu ao longo do tempo na história da Amazônia colonial, bem como a ressignificação deste termo como marca de identidade do povo amapaense. Considera-se um livro inédito e relevante por ser o primeiro material que apresenta uma temática regio- nal específica dirigido ao contexto escolar. Trata-se de uma obra de apoio didático direcionada para os pro- fessores, que procura mostrar traços da complexida- de cultural e da construção da identidade amapaense. A proposição de um material como este tem como objetivo principal a valorização da história, da memória e da identidade da sociedade amapaense, assim como oportunizar aos professores e alunos o contato com a leitura de temas que os inserem a partirdo contexto histórico e cultural. Espera-se que o livro seja inspirador e propicie um mergulho na história local do Amapá e que estimule um novo olhar sobre o que é ser amapaense. Esse material traz sugestões de atividades que o professor(a) pode apli- car em sala de aula aos seus alunos. Há também ao longo do material vários links que direcionam o leitor para livros, áudios e vídeos que tratam de assun- tos que estão sendo abordados. No que corresponde à estrutura desse material, o livro está orga- nizado em três capítulos. No primeiro, apontamos, com base em docu- mentos históricos, o uso do termo tucuju na história da Amazônia. No segundo capítulo, discutimos o significado do termo tucuju a partir de uma investigação feita em dicionários gerais e técnicos, com uma breve discussão sobre a origem do termo. No terceiro capítulo, apresentamos como esse termo foi ressignificado e assimilado no cenário artístico-cul- tural amapaense, passando a ser utilizado pela população local como marca identitária. O material é composto, ainda, por uma seção em que se apresenta pequenas notas com observações, explicações e referências bibliográficas de conteúdos abordados no trabalho; e um glossário com alguns termos técnicos encontrados ao longo do material. A pre sen ta ção 12 Gostaríamos também de registrar que esta obra contou com a co- laboração de professores da educação básica do estado do Amapá, de di- ferentes áreas de atuação (História, Língua Portuguesa e Artes), que se propuseram a ler e a sugerir modificações ao material para que estivesse acessível para os professores. Por fim, gostaríamos de registrar que o livro foi feito com carinho, visando ampliar a oferta de informações a nossos professores, alunos e para aqueles que querem conhecer mais sobre a origem do termo tucuju e sua rela- ção com a cultura amapaense. 13 NOTAS INICIAIS Placa na Orla de Macapá. Foto: Arquivo pessoal dos autores. O termo tucuju1 tem aparecido nas fontes históricas do século XVII para indicar a existência de um povo indígena na Amazônia, sobretudo na re- gião onde se localiza hoje o Estado do Amapá. Há também registros de seu uso como topônimos, referindo-se a nomes de ilhas, pequenos rios ou local (pro- víncia) onde habitavam os indígenas denominados Tucuju. Mais recentemente, o termo é bastante utilizado em Macapá, capital do estado, como um traço cultural que marca a identidade dos macapaense. Portanto, é sobre as diversas possibilidades que temos para entender a origem e uso do termo tucuju que as próximas páginas desse livro irão se debruçar. ¹ O termo tucuju será utilizado em maiúsculo quando referir a um povo, a uma ilha ou a uma província. Quando o termo estiver em função adjetiva, vai ser escrito em minúscula. Árvore de tucumã (Astrocaryum tucuma), imagem do livro Palm Trees Of The Amazon: And Their Uses de Alfred Russel Wallace, Londres 1853. 15 Tucuju como topônimos O termo tucuju começou a circular nos documentos portugueses e eu- ropeus no primeiro quarto do século XVII, junto ao processo de identificação e expulsão dos holandeses e anglo-irlandeses da foz do rio Amazonas. Entre o final do século XVII e início do XVIII, a palavra tucuju começa a apa- recer em fontes históricas que relatavam o estabelecimento das missões europeias na Ilha do Marajó, Cabo do Norte e médio Amazonas (Xingu e Tapajós) e, por con- ta dessa inserção, há citações sobre mis- sões e tentativas de missões entre eles em cartas e relatos de padres jesuítas como Figueira e Antônio Vieira, bem como de franciscanos, como Frei de Santa Maria e Apolinário da Conceição. NA TRILHA DO TERMO TUCUJU FIQUE SABENDO Em 1637, como parte do proces- so de ocupação portuguesa da foz do Amazonas e da margem norte desse rio, foi criada a Capitania do Cabo Norte, doada a Bento Maciel Parente, entre o rio Vicen- te Pinzón (atual rio Oiapoque) e o cabo norte (acidente geográfico na costa do município do Amapá/ AP) até Curupatuba (atual Monte Alegre/PA). 16 Nesse período a palavra tucuju foi bastante mencionada para designar um povo que viveu em uma ilha ou numa porção de terra da costa norte do Amazonas e isso perdurou até o final do século XVIII. No século XIX, Tucuju (ou Tucujus) foi comumente empregado para fazer referência a uma ilha (ou conjunto de ilhas) do braço norte do rio Amazonas. A título de exemplo, no Atlas do Império do Brasil, uma obra de 1868, o termo tucuju aparece registrado como uma grande ilha na foz do Xingu “Tucujus ou Gurupá”1. A história do termo tucuju, como po- demos observar, é diversa e, muitas vezes, há imprecisas referencialidades relaciona- das ao povoamento e exploração do médio e baixo Amazonas. A exploração e o povoamento da Ama- zônia oriental ocorreram somente no século XVII, mesmo que algumas fontes his- tóricas do final do século XV apon- tem que os euro- peus já conheciam uma região, ao sul FIQUE SABENDO Os jesuítas eram padres que pertenciam à Companhia de Jesus, uma ordem religiosa vinculada à Igreja Católica que tinha como objetivo a pregação do evangelho pelo mundo. Essa ordem religiosa foi criada em 1534 pelo padre Inácio de Loyola e foi oficialmente reconhecida pela Igreja a partir do papa Paulo III em 1540. A proposta dos padres jesuítas para a divulgação do cristianismo era baseada no ensino da catequese. Eles atuaram em diversas partes do mundo e destacaram-se no Brasil colônia. AMAZÔNIA ORIENTAL A Amazônia oriental é composta pelos estados do Amapá, Pará, Maranhão, Tocantins e Mato Grosso. FIQUE SABENDO O Atlas do Império do Brasil foi o primeiro atlas produzido em nosso país e, portanto, um marco da cartografia brasileira. Além dos mapas das províncias, retrata as questões de fronteiras do Brasil, os quadros dos donatários das capitanias hereditárias e ainda a distribuição dos territórios descobertos por eles. 17 das ilhas do Caribe e próxima à linha equinocial, banhada de água doce, tão grande como um mar2. Apesar do dito “descobrimento” do rio Amazonas ser atribuído aos espanhóis, a sua exploração, porém, coube a outras nações eu- ropeias e se inseriu nos intentos de portugueses, franceses, ingleses, irlandeses e holandeses de se fixarem na Amazônia. Os ingleses, irlandeses e holandeses tentaram se estabelecer, entre o final do século XVI e início do XVII, na região compreendida entre a Guiana (porção de terra ao norte do rio Amazonas até o Orinoco) e a foz do Xingu (hoje municí- pios de Porto de Moz e Gurupá, ambos no estado do Pará3). Por volta de 1610, os holandeses possuíam feitorias e postos fortificados na região dos Tucuju, en- tre o rio Jari e o forte de Macapá, na margem setentrional do Amazonas4. “Conquista do Amazonas” de Antônio Parreiras. Acervo do Museu Histórico do Estado do Pará As fontes históricas registram a data de 1596 como sendo a primeira expe- dição holandesa à Amazônia; de 1600 os primeiros postos destes no Amazonas e o primeiro assentamento inglês; e de 1616 o primeiro assentamento anglo-holandês5. A variação de uso do termo tucuju reflete a imprecisão dos cronistas da época em diferenciar quais fortes e assentamentos dessa região eram ingleses, irlandeses ou holandeses e, consequentemente, suas localizações. Essa impre- cisão ocorre em parte, porque diversos desses assentamentos eram resultados de alianças entre colonos dessas nações e, por outra parte, porque esses assen- tamentos estavam situados em ilhas do Amazonas ou nas margens de rios que deságuam no braço norte do rio Amazonas. 18 As fontes portuguesas só citam os Tucuju no processo de combate e des- tituição desses fortes e feitorias. Rio Branco (2008, p. 73-74) explica que “em 1623, os portugueses, sob o comando dos capitães Bento Maciel Parente e Luís Aranha de Vasconcelos [...] apoderaram-se dos fortes holandeses de Muturu e Mariocai (Gurupá), na margem direita do Amazonas, e sustentaram vários com- bates no rio”. No processo de tomada das fortificaçõesholandesas, foi fundado, no mesmo sítio do Forte Mariocai, o Forte de Santo Antônio de Gurupá que, segundo Rio Branco (2008), se tornou um dos pontos de apoio aos combates e tomadas dos demais fortes holandeses e anglo-irlandeses da região. Nas fontes históricas que tratam da presença dos holandeses na Ama- zônia, o termo tucuju refere-se a uma das ilhas da foz do Xingu, ou do braço norte do Amazonas, onde estes colonos europeus teriam se instalado e man- tiveram plantação de tabaco e algodão, estabelecendo boas relações com o povo indígena dessa localidade. Já ao tratar dos fortes ingleses e irlandeses, tucuju refere-se a uma porção de terra, na margem esquerda do Amazonas, banhada pelos rios Taurege e Okiari, em que colonos dessas nações teriam se instalado e teriam construído dois fortes, o do Torrego (rio Taurege) e Philip (rio Okiari). No entanto, não fica evidente, novamente, se as fontes remetem a uma porção de terra ou a uma ilha, pois esses dois rios, que correriam nas províncias dos Tucuju, desaguariam em frente à ilha de mesmo nome6. É preciso considerar, também, a instalação, em 1628, dos assentamentos de Purcell (inglês7) e a construção do Forte Cumaú, referido por Williamson (1923) como “plantation at Tocujos”8. Acuña (1641) identificou a Província dos Tucujus como uma porção de terra na margem norte do rio Amazonas9 ao norte do “Rio Genipapo” [Paru] já na Capitania de Bento Maciel Parente. Essa referência consta em diversos cartógrafos do século XVII e XVIII, apontando para a presença dos Tucuju numa região entre a linha do equador e o que seria o rio Jari10. O processo de extrusão pelos portugueses dos assentamentos holandeses e anglo-irlandeses do baixo Amazonas foi iniciado em 1615, com notícias de embarcações inglesas e holandesas nas ilhas da foz do Amazonas e findou por volta de 1630, com as campanhas militares de Pedro Teixeira11. Inclui-se nesse processo a fundação de Belém e a construção do Forte do Presépio, em 1616, que se tornou o ponto estratégico para planejamento das investidas portuguesas na foz do Xingu e na margem norte 19 do rio Amazonas. Dessa forma em meados do século XVII, consolidou-se a dominação portuguesa do baixo Amazonas, encerrando, assim, o primeiro momento da presença dos Tucuju na história da Amazônia. O estabelecimento do território dos Tucuju é incerto, uma vez que são citados desde as proximidades do Cumaú (Macapá) à foz do Jari, incluindo aí a identificação, no século XIX, da Ilha de Gurupá como sendo aquela dos Tucuju. Assim, considerando os relatos de viajantes colonizadores holandesas e anglo-irlandesas, há registros de presença dos Tucuju nas missões francisca- na nas terras do Cabo Norte, nas missões na ilha do Marajó e, ainda, relatos sobre a presença desse povo em missões jesuítas francesas na região do rio Ounary (Guiana Francesa). Mapa de localização do possível território Tucuju, considerando os relatos de viajantes colonizadores holandesas e anglo-irlandesas. Na imagem acima, a cor laranja ilustra a hipótese de ocupação tradi- cional dos Tucuju e que corresponderia às terras na margem norte do Ama- zonas que vai de Macapá (a referência são os relatos acerca do forte Cumaú) ao rio Jari, incluindo também a presença deles nas ilhas mais próximas ao que corresponde ao atual território do Amapá (as principais referências seriam as 20 supostas localizações dos fortes anglo-irlandeses). Já na cor vermelha, ilustra a presença dos Tucuju em áreas que não seriam, em nossa hipótese, seu território original. A presença na Ilha do Marajó seria resultado de movimentações pro- movidas pelos administradores das missões religiosas. Já a presença nas mis- sões da Guiana Francesa pode ser explicada pelo processo de fugas da violenta política indigenista praticada pelos portugueses ou, ainda, pelo aprisionamen- to, por parte dos franceses, que os teriam levado para a região de Caiena. Tucuju como um povo indígena Na segunda metade do século XVII, há uma relação mais evidente dos Tucuju com as terras do Cabo Norte. Nesse período é possível observar a ma- nutenção de relações desse povo com as nações Nheengaíbas que foram dura- mente combatidas, uma vez que resistiam à invasão de suas terras e à escravidão pelos portugueses. As campanhas militares contra esses povos deram lugar às investidas missionárias, as quais mantiveram a seguinte finalidade: ces- são dos territórios à coroa portuguesa para exploração econômica e captura desses povos para mão de obra escrava nos núcleos popu- lacionais em formação. A constituição de missões entre os povos indígenas das terras do Cabo Norte se tornava, no final do século XVII, uma das alternativas de consolidar esse território que era disputado com os franceses de Caiena12. Segundo Leite (1945), em 1680, o rei de Portugal, Pedro II, recomendou à Companhia de Jesus que: as primeiras Missões [a serem instaladas] sejam ‘da outra banda do rio Amazonas, para a parte do Cabo Norte’, não só para a conversão dos índios, mas tam- bém para conservar essas terras na devida obediência e fidelidade (LEITE, 1945, p. 254). NHEENGAÍBA A palavra Nheengaíba, termo de origem Tupi, tem como signifi- cado “má língua; a língua ruim, imprestável ou incompreensível; nome de uma tribo selvagem na foz do Amazonas, catequiza- da pelo Padre Antônio Vieira” (SAMPAIO, 1901). “ ” 21 No entanto, a experiência dos Tucuju com as missões religiosas é anterior às tentativas malsucedidas da Companhia de Jesus no lago Camonixari, no baixo Araguari, em 168713, e das missões franciscanas nos primeiros anos de 170014, uma vez que eles foram citados no processo de estabelecimento de missões na Ilha do Marajó, como podemos observar na carta de Antônio Vieira, de 1659, em que deu notícias, ao Rei D. Alfonso, sobre as missões do Ceará, Maranhão, Pará e do Amazonas, fazendo uma detalhada narração do processo de conversão das nações Nheengaíbas da “Ilha de Joanes”, explicando que: entre os quais [os principais das nações Nheengaí- bas] também entrou um principal dos Tucujús, que é província à parte, na terra firme do rio das Amazo- nas, defronte da ilha dos Nheengaibas [...] (VIEIRA, 1925[1659], p. 568). Em outra carta, do ano de 1661, Antônio Vieira relata que: entre os Nheengaíbas está hum filho do mayor Principal dos Tocujuz, nação igualmente dilatada, o qual em nome de seu pay jurou vassallagem a Sua Magestade com os mesmos Nheengaíbas, e debaixo das mesmas condições (VIEIRA, 1661 apud BERREDO, 1849 [1749], p. 459). Dessa forma, em 1680, quando Vieira atendeu à demanda imposta por D. Pedro II, recomendou ao superior do Colégio Jesuítico do Maranhão, Padre Jodoco Peres, que: a primeira [missão] que se deve fazer como a Sua Alte- za deseja, pelo que importa à conservação do Estado, é a do Cabo Norte, passando a outra banda do Rio das Amazonas, que segundo as minhas antigas notí- cias deve ser a nação dos tecujus [...] (VIEIRA, 1680 apud LEITE, 1943, p. 254). “ ” “ ” “ ” 22 As notícias de Viera eram, possivelmente, aquelas oriundas do seu con- tato anterior com o principal dos Tucuju entre os Nheengaíbas. As missões no Cabo Norte entre os Tucuju foram noticiadas mais ao sul deste território. Bettendorf (2010 [1698]) explica que, em 1681, “tinha o padre superior Pero Luís em sua primeira viagem para o Cabo do Norte praticado os tucujus para se descerem ao Areperipucu”; e o Frei Franciscano José de Santa Maria, em carta de 1701, informou que “conse- gui o que pude, e daí me fui andando para fazer pazes com os Araquizes do Jari e os Tucujús do Tuaré15”. Apesar do estabelecimento das missões no Cabo Norte e nas ilhas do Marajó, as investidas dos franceses na região não cessaram. Há diversas correspondências que apontam para relações dos Tucuju, Aruã e outros povos indígenas dessas missões com os franceses de Caiena. Entre as cartas citadas, estão as de Francisco de Souza Menezes (1685) e de Antônio de Albuquerque (1687), os quaisconsta em fontes históricas de 1662, referindo-se aos habitantes da foz do rio Amazonas, e em fontes de 1763 e 1789, condizente ao grupo Tucuju que integrava a popu- lação de Portel/PA. Já no Dictionary of Geographical Knowledge (1856), o termo tucuju aparece como topônimo, referindo-se a uma ilha desabitada do Brasil, próxima à Província do Pará. Origem do termo tucuju A etimologia do termo tucuju não é facilmente recuperável. Encontra-se nos trabalhos de Souza (2016) e Canto (2016) a proposição de que o termo é de origem tupi, mais especificamente, Nheengatu. Souza (2016, p. 179) entende que tucuju é uma “transliteração” de tucumã (palavra de origem Tupi) que Professor(a), peça para os seus alu- nos fazerem uma pesquisa em dife- rentes dicionários sobre o registro do termo tucuju. Em seguida, peça para eles criarem um verbete de dicionário sobre o termo tucuju a partir da pesquisa realizada e dos debates realizados em sala de aula. PARA LER Falar Tucuju: desde o tempo do ronca – uma obra de João Nobre Lamarão que busca registrar, por meio da dicionarização, o modo de falar e a história do povo que vive na cidade de Macapá. 29 designa uma espécie de palmeira natural da Amazônia. Já Canto (2016, p. 74) explica que tucuju é uma “tradução” da língua Nheengatu, um termo usado para denominar uma espécie de árvore espinhosa. O aparecimento do termo tucuju em do- cumentos portugueses, com a finalidade de de- signar um povo e a região supostamente por ele habitada, nos faz supor que sua origem é Tupi do século XVII (Língua Geral Amazôni- ca). Essa suposição parte da observação de que diversos povos do baixo Amazonas receberam denominações oriundas da Língua Geral Ama- zônica, como os Nheengaíbas do Marajó, além do uso generalizado da denominação tapuia para povos de fala não tupi6. Considerando sua origem Tupi, é possível fazer um exercício de segmentação do termo para tentar identificar seu significado. Assim, tucuju poderia ser segmentado em dois ele- mentos, tucu + ju, em que ju seria relaciona- do a espinho. Stradelli, em seu Vocabulário Português-Nheengatu (2014), define iu como “espinho, casta de palmeira anã espinhosís- sima”7. Enquanto Rodrigues (1905), outro importante estudioso de línguas tupi, explica que yu significa ‘espinho’ e é um dos elemen- tos utilizados, por falantes de línguas Tupi, para designar e classificar espécies da flora da América, por exemplo: a) yumakaru ‘mandacaru’, com a composição: yu ‘espinho’ + máà ilha de Santana, descrita por Pinto (1930, p. 279) como uma ilha que está localizada entre “a barra inferior do rio Anauerapucu [Vila Nova] e a ponta de Matto Grosso, à margem esquerda do Amazonas”. 3 Houaiss; Villar (2009, p. 1890). 4 Araújo & Araújo (2012) registram a mesma acepção no dicionário Amapês. 5 Chiaradia (2008, p. 654). 6 Um exemplo do uso generalizado de tapuia para diversos povos do baixo Amazonas pode ser encontrado na obra Descripção dos Rios Pará e Maranhão, de Albernaz II (1640). 7 A relação de correspondência de ju com iu parte do pressuposto que a letra no século XVIII poderia ser utilizada com o valor sonoro que tem no por- tuguês atual, mas também era usada para a semivogal, ora representada por ora por . 8 Maray açu refere-se a marajá ou marajá-açú, também chamado de tucum bravo. 9 Stradelli (2014, p. 503) 10 Rodrigues (1905, p. 65). 11 Stradelli (2014, p. 507) 12 Dias (1858, P. 177) 13 Stradelli (2014, p. 524) Raízes de uma paxiúba (Iriartea exorhiza), imagem do livro Palm Trees Of The Amazon: And Their Uses de Alfred Russel Wallace, Londres 1853. 34 O que é identidade? É importante também observar a relação entre identidade e memó- ria para compreender como o termo tucuju é atualizado e usado pela so- ciedade amapaense. Hall (1987) entende identidade como uma “celebração móvel”, isto é, formada e transformada constantemente em decorrência dos sistemas culturais que nos rodeiam. Já Woodward (2000) considera que toda afirmação de identidade busca sua legitimação em “um suposto e autêntico passado”, na maioria das vezes, passado glorioso, como forma de validar uma identidade reivindicada. A construção da identidade produz um processo que se instala através da lin- guagem e se ancora na memória. O regis- tro do passado na memória é a base para a sustentação da identidade presente. Assim, construir uma identidade implica revisitar e atualizar a memória do grupo social, de forma a construir um elo que legitime essa identidade. a identidade TUCUJU IDENTIDADE É o conjunto de traços culturais com os quais conseguimos diferenciar pessoas ou grupos de pessoas. Esses traços podem ser compartilhados ou não e estão armazenados na memória individual e coletiva. 35 Essa memória, considerada coletiva, remete ao processo de reconstru- ção do passado vivido e experimentado por um grupo social, isto é, compre- ende que as recordações e buscas por lembranças não são individuais1. Outra forma de memória é da ordem da história, uma vez que os fatos vividos ga- nham a necessidade de serem narrados/escritos quando estes estão distantes e correm risco de esquecimento ou de serem perdidos com o tempo por não haver mais possibilidade de suporte na memória de um grupo. O que é ser tucuju no Amapá? A construção da identidade tucuju está relacionada à separação do Amapá do Estado do Pará, com o qual dividia uma identidade nortista, regional, ribeirinha, sem caracterização distintiva do ponto de vista cultural, até a imple- mentação do Programa de Desenvolvimento Sustentável do Amapá (PDSA). O PDSA além de prever uma mudança de práticas e de paradigmas na gestão pública, também buscava promover investimentos em produção cultural local, visando divulgação das tradi- ções genuinamente amapaenses, tais como a música, a história, a literatura do/sobre o Amapá, e orientou a criação de equipamentos representativos da cultura ribeirinha (Museu Sacaca), afrodes- cendente (Centro de Cultura Ne- gra) e indígena (Museu Kuahí, feiras indígenas). Nesse período, ainda que se tenha inves- tido na cultura local, não se tem registro do ter- mo tucuju com referência à identidade cultural, tampouco encontra-se registro na memória de produtores, artistas e personalidades envolvidas com a cultura local, como declara o poeta e com- positor Joãozinho Gomes: FIQUE SABENDO O Amapá se tornou oficialmente um estado no ano de 1988, quan- do adquiriu autonomia a partir das disposições estabelecidas pela nova Constituição Federal, promulgada naquele mesmo ano. Seu primeiro governador foi Anibal Barcelos que tomou posse em 1991. PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL DO AMAPÁ O Programa de Desenvolvimento Sustentável do Amapá – PDSA – é um programa de desenvolvimento socioeconômico e cultural do Ama- pá com o uso sustentável dos seus recursos naturais e humanos. E foi implementado entre 1995 e 2002. 36 Perguntei a algumas pessoas e todas me disseram não ter lembranças de essa identidade relacionada aos tu- cuju ser antiga, todos acham que ela apareceu na dé- cada de 1990. Dessa forma, na busca de identificar o processo de construção dessa identidade, parece-nos conveniente traçar o caminho de emergência e de ressig- nificação do termo tucuju no cenário sociocultural amapaense, tendo como base a memória, os registros oficiais e as diferentes formas de aparição do termo. Assim, em meado de 1990, observa-se com maior frequência o uso do termo tucuju fazendo referência à identidade amapaense, ou mais propriamente, macapaense. Essa hipótese é corroborada pela fala de Joãozinho Gomes: Quando eu cheguei aqui em 1991 eu não escutava [o termo tucuju], eu fui escutar mais pra cá, a partir de 1995, 1996... por aí. Enquanto Val Milhomen, em entrevista, narra que: [...] pelo que me lembro, eu ouvi a primeira vez esse termo, acredito em [19]95, quando chegamos na FUN- DECAP2, havia um manuscrito de um livro que o Está- cio Vidal Picanço queria publicar sobre uma pesquisa dele sobre um povo… sobre a origem do povo tucuju. Considerando as informações dos entrevistados, o termo tucuju passa a ser usado constantemente a partir de 1990, em publicações científicas, ar- tísticas e culturais, como em letras de músicas, poemas, peças publicitárias locais, campanhas institucionais, entre outros gêneros de divulga- ção. Vale destacar que o termo também começa a ser utilizado para nomear lugares, produtos e pratos de comida regional, estabelecimentos co- merciais, eventos culturais, e até mesmo como sobrenome de artistas locais. Nesse mesmo pe- “ ” “ ” FIQUE SABENDO Estácio Vidal Picanço foi um his- toriador macapaense, autor do li- vro Informações sobre a História do Amapá 1500-1900, publicado pela Imprensa Oficial de Macapá, em 1981. “ ” 37 ríodo, por exemplo, identificamos a criação da Confraria Tucuju (1996), uma organização da sociedade civil, destinada a “resgatar a memória da cidade, de seus moradores e preservar as tradições culturais de Macapá”, com o objetivo de valorizar a identidade “da nossa cultura, para preservar o folclore, incentivar a arte e fazer história”3. Outro fato que impulsionou o uso e a identificação do termo tucuju como iden- tidade cultural do Amapá está atrelado à circulação da música Jeito Tucuju4, lança- da em 1997, com a interpretação do Gru- po Senzalas. No entanto, a música ganhou maior destaque a partir dos anos 2000 por meio de uma campanha institucional do Governo do Estado do Amapá, na qual fi- gurava como trilha sonora. Em entrevista, Joãozinho Gomes relata que: Jeito tucuju Joãozinho Gomes Val Milhomem Quem nunca viu o Amazonas Nunca irá entender a vida de um povo De alma e cor brasileiras Suas conquistas ribeiras Seu ritmo novo Não contará nossa história Por não saber ou por não fazer jus Não curtirá nossas festas tucujú Quem avistar o Amazonas nesse momento E souber transbordar de tanto amor Esse terá entendido o jeito de ser do povo daqui Quem nunca viu o Amazonas Jamais irá compreender a crença de um povo Sua ciência caseira A reza das benzedeiras O dom milagroso Clique no fone a baixo para ouvir esta musica. Capa do Álbum Amapá – Amazônia – Brasil (CLIQUE NA IMAGEM PARA ESCUTAR O ÁLBUM) GRUPO SENZALAS Grupo musical criado em 1997 pelos artistas Amadeu Cavalcante, Val Milhomen, Zé Mi- guel e Joãozinho Gomes (formação inicial). https://open.spotify.com/album/64RV5GFp43ffTQ65LCMny8?si=sFCWtTegQxSrVQbhH3nTFghttps://www.youtube.com/watch?v=QN6nLXLl4y0 38 “[a música] Jeito Tucuju foi gravada em 1997, mas ela veio ganhar destaque anos depois, porque ela fez parte de um comercial do governo e aí ela tocou muito. Foi quando as pessoas tiveram acesso a ela”. Com isso, ele acredita que essa propaganda tenha dado maior visibili- dade à música, fazendo com que o uso do termo tucuju se propagasse entre a população amapaense, sobretudo a macapaense. A partir da circulação da música, a identidade tucuju foi tomando den- sidade e consolidando-se em movimentos culturais, inserções midiáticas, obras literárias, composições musicais, dentre outros mecanismos de apropriação e de disseminação do processo identitário. O movimento de construção dessa identidade, portanto, é relativamente recen- te, com aproximadamente 30 anos, desde seu iní- cio até sua consolidação nos dias de hoje. Ao longo desses anos, a divulgação, produção, incentivo e fomento de atividades artístico-culturais (Encontro dos Tambores, Ao fazer um pequeno passeio pela cidade da Macapá é possível observar a consoli- dação da identidade tucuju evidenciada, por exemplo, no nome de estabelecimentos comerciais, na culinária, nas manifestações artísticas, na TV etc. Professor(a), peça para seus alunos observarem nas ruas e nos entornos do bairro onde moram ou própria rede de internet, isto é, nas redes sociais, se há algum estabelecimento, placas, prato de comida, nome de pessoas, grupos musicais, artistas em geral em que a palavra tucuju esteja presente. “ ” 39 Missa do Quilombo, Ciclo do Marabaixo etc.) constituíram ações governa- mentais de propagação regional e nacional da identidade local. Insere-se nes- sas ações, a revitalização de espaços históricos, como Largo dos Inocentes, ponto de referência do surgimento da cidade, Museu Joaquim Caetano da Silva, Museu Sacaca, Mercado do Povo da Floresta etc. Nesse sentido, foram várias as investidas de valorização das tradições, buscando legitimação em uma memória histórica, inclusive com a (re)vivência de práticas culturais. No âmbito da construção identitária, portanto, as me- mórias histórica e coletiva também ganharam evidência, constituindo a base da identidade tucuju. Como observado ao longo desta seção, a propagação do termo tucuju assumiu com bastante força a acepção de identidade amapaense, sobretudo macapaense, ou seja, tucuju é relativo ao que é do Amapá. PARA ASSISTIR Cartografia Sentimental Tucuju é uma obra audiovisual experi- mental dirigida por Cleber Braga e realizada em parceria com o coletivo Tenebroso Crew no ano de 2021, na capital do Amapá. O trabalho retrata a vida, modos, jeitos e sabores de Macapá. Assista ao documentário clicando na TV a baixo. https://www.youtube.com/watch?v=fT0ND7snDWc 40 Professor(a), faça um debate com a turma sobre o que é a identidade Tucuju. Em seguida, peça a seus alunos que produzam textos sobre o que a identidade Tucuju representa para eles e para os amapaenses. Por fim, peça que eles compartilhem seus textos com a turma. ‘PARA CONHECER UM POUCO MAIS’ Nessa seção, segue uma lista de notas com observações e explicações acerca dos assuntos abor- dados nesse material, bem como as referências consultadas na elaboração dessa obra. 1 Halbwachs (2006). 2 Fundação Estadual de Cultura do Amapá (FUNDECAP). 3 Alves (2016). 4 Música composta por Joãozinho Gomes e Val Milhomem, em 1997. Segundo entrevista concedida ao Ruy Godinho, autor do livro Então, foi assim?, a letra da música foi escrita como resposta às críticas feitas ao Amapá por um colega de trabalho de Val Milhomem, que afirma não ter saneamento básico, muita violência urbana, serviço de Internet é precário, etc. 41 A partir da discussão proposta nesse texto, é possível compreender o termo tucuju a partir de três significados: (i) um povo indígena extinto da Amazônia Colonial, que teria habitado uma região compreendida entre o rio Vila Nova, no Amapá, e o rio Tueré, no Pará; (ii) termo toponímico referente a uma ilha no braço norte do Amazonas, que ora aparece nas fontes históricas como a ilha de Gurupá (PA), ora aparece identificada como a ilha de Santana (AP); (iii) palavra utilizada para se referir à identidade cultural do povo amapaense. Quanto ao último significado, podemos observar que o termo tucuju acomoda as memórias histórica e coletiva, favorecendo a valorização das práticas culturais tradicionais do Amapá que traduzem “o jeito de ser do povo daqui”. Para finalizar, esperamos que este material possa contribuir para a prática docente de forma plural, proporcionando o respeito e o conhecimento sobre a diversidade cultural amazônica, sobretudo as diferentes identidades do povo amapaense. apontamentos finais 42 Capuchinhos Religiosos da ordem de São Francisco. Atuaram no Brasil do período colonial ao imperial junto aos indígenas. Cartógrafo Especialista em traçar cartas/mapas geográficas. Cronista Indivíduo que escreve crônica – gênero literário que consiste no relato dos fatos da vida cotidiana. Nos primeiros anos do Brasil, os cronistas escreviam textos de caráter informativos. Essas crônicas, em geral, consistiam em depoimentos e/ ou relatos de viagem. Étnico Relativo a etnia, característico de um país, que designa os habitantes de uma região. Etnônimo Refere-se à palavra que designa o nome de povo, grupo. Etimologia Campo do conhecimento que se dedica a investigar e determinar a origem das palavras e o modo como elas se formaram. Extrusão Refere-se a uma saída forçada, expulsão. Feitorias Feitorias eram os entrepostos comerciais, geralmente próximo a um porto, nas colônias das potências europeias. Fonética Campo da Linguística que estuda e classifica os sons produzidos pela fala humana. glossário 43 Fonte Materiais/registros dos quais são retiradas informações para a elaboração de uma pesquisa. Interventor Pessoa indicada diretamente pelo pre- sidente da república para assumir o governo do estado. Linguística Ciência que tem como objeto de estu- do a linguagem humana. Missões Aldeamentos/povoados indígenas criados e administrados por padres je- suítas no Brasil Colônia. O principal objetivo era catequizar as populações indígenas. Missionário São representantes de uma religião que saem de suas terras de origem para fa- lar sobre sua religião em outras regi- ões. Normalmente, quando falamos de missionários, no contexto brasilei- ro, estamos nos referindo aos cristãos (católicos ou evangélicos). Província Divisão territorial, política, adminis- trativa usada em diversos países. No contexto de colonização, os cronistas utilizavam esse termo para designar uma região habitada por um ou mais povos indígenas, por exemplo, Pro- víncia dos Tucuju. No Brasil Imperial, correspondia a cada uma das grandes divisões administrativas do território, governadas por um presidente, por exemplo, Província do Grão-Pará. Topônimo Trata-se do nome próprio de um lu- gar (rio, vila, cidade, rua etc.). Transliteração Processo de substituir um sistema de escrita por outro. 44 ACUÑA, Cristobal. Nuevo Descobriemento del Gran Rio de las Amazonas. Madrid, Imprenta del Reyno, 1641. AIMÉ-MARTIN, M. L. 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Eduardo Alves Vasconcelos possui doutorado em Linguística pela Univer sidade Estadual de Campinas (UNICAMP), com mestrado em Linguís- tica pela Universidade de Brasília (UnB); atua como professor na Universida- de Federal do Amapá (UNIFAP), campus Santana, e tem experiência na área de Teoria e Análise Linguística, com ênfase em estudos de línguas indígenas brasileiras. Romário Duarte Sanches possui doutorado em Letras (Linguísti- ca) pela Universidade Federal do Pará (UFPA), com mestrado pela mes- ma institui ção; atua como professor na Universidade do Estado do Amapá (UEAP) e na Universidade Federal do Amapá (UNIFAP). Tem experiência em Dialetologia, Sociolinguística e Contato Linguístico, com ênfase em va- riação linguística. sobre os autores [2023] EDITORA CABANA Res. Paulo Fonteles, Q-B, 24 66640-705 — Belém — PA Telefone: (91) 99998-2193 cabanaeditora@gmail.com www.editoracabana.com Tipografia: Adorn Expanded Sans Adorn Condensed Sans Sabon LT Pro Formato: 19x26de Libanio da Silva, 1895. MARTIUS, Karl Friedrich Philipp von. Von dem Rechtszustande unter den Ureinwohnern Brasiliens. Müchen: Mich. Lindauer Schen Hofbuchdruckerei, 1832. MARTIUS, Karl Friedrich Philipp von. Glossaria Linguarum Brasilensium: glossarios de diversas línguas e dialectos, que fallao os indios no Imperio do Brazil. Erlangen: Druc von Junge & Sohn, 1863. MARTIUS, Karl Friedrich Philipp von. Beiträge zur Ethnographie und Sprachenkunde Amerika’s zumal Brasiliens: Wörtersammlung brasilianischer Sprachen. Leipzig: Friedrich Fleischer, 1867. NASCENTES, Antenor. Dicionário Etimológico da Língua Portuguesa. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1955. NASCIMENTO, Bruno Rafafel Machado. A experiência missionária da Companhia de Jesus nas terras do cabo norte (Amapá) no século XVII. 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London: Oxford, 1923. 51 Edna dos Santos Oliveira possui doutorado em Letras (Linguística) pela Universidade de São Paulo (USP), com mestrado em Linguística pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP); atua como professo ra na Universidade do Estado do Amapá (UEAP) e tem experiência em Sociolin- guística e Etnolinguística, com ênfase em comunidades afrodes cendentes no Amapá. Eduardo Alves Vasconcelos possui doutorado em Linguística pela Univer sidade Estadual de Campinas (UNICAMP), com mestrado em Linguís- tica pela Universidade de Brasília (UnB); atua como professor na Universida- de Federal do Amapá (UNIFAP), campus Santana, e tem experiência na área de Teoria e Análise Linguística, com ênfase em estudos de línguas indígenas brasileiras. Romário Duarte Sanches possui doutorado em Letras (Linguísti- ca) pela Universidade Federal do Pará (UFPA), com mestrado pela mes- ma institui ção; atua como professor na Universidade do Estado do Amapá (UEAP) e na Universidade Federal do Amapá (UNIFAP). Tem experiência em Dialetologia, Sociolinguística e Contato Linguístico, com ênfase em va- riação linguística. sobre os autores [2023] EDITORA CABANA Res. Paulo Fonteles, Q-B, 24 66640-705 — Belém — PA Telefone: (91) 99998-2193 cabanaeditora@gmail.com www.editoracabana.com Tipografia: Adorn Expanded Sans Adorn Condensed Sans Sabon LT Pro Formato: 19x26