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14
Ano Letivo: 2017
Códigos: ingLês – 31002 | espAnhoL – 31202
 45 
Umas e outras
Se uma nunca tem sorriso
É pra melhor se reservar
E diz que espera o paraíso
E a hora de desabafar.
A vida é feita de um rosário
Que custa tanto a se acabar
Por isso, às vezes ela para
E senta um pouco pra chorar.
Que dia! Nossa!
Pra que tanta conta
Já perdi a conta de tanto rezar.
 
 Se a outra não tem paraíso
Não dá muita importância, não.
Pois já forjou o seu sorriso
E fez do mesmo profissão
A vida é sempre aquela dança
Onde não se escolhe o par
Por isso, às vezes ela cansa
E senta um pouco pra chorar.
Que dia! Puxa!
Que vida danada
Tem tanta calçada pra se caminhar
Mas toda santa madrugada
Quando uma já sonhou com Deus
E a outra, triste enamorada,
Coitada, já deitou com os seus,
O acaso faz com que essas duas,
Que a sorte sempre separou,
Se cruzem numa mesma rua
Olhando-se com a mesma dor.
Que dia! Nossa!
Pra que tanta conta
Já perdi a conta de tanto rezar.
Que dia! Puxa!
Que vida danada
Tem tanta calçada pra se caminhar
Que dia! Puxa!
Que vida comprida
Pra que tanta vida
Pra gente viver...
Que dia...
Chico Buarque de Holanda
Nesse texto, em que Chico Buarque de Holanda apresenta, 
poeticamente, duas personagens femininas (uma religiosa e 
uma prostituta), é possível reconhecer a presença de elementos 
conotativos
A na caracterização da vida, ora vista como “feita de um rosário”, 
ora apresentada como uma “dança onde não se escolhe o par”.
B o uso do verbo “chorar”, que, comum às duas mulheres, 
promove aproximação entre as duas personagens.
C na antítese, que caracteriza com otimismo a vida de uma das 
mulheres, em detrimento do pessimismo com que enfoca a 
da outra.
D nos significados opostos que o vocábulo “sorriso” traz para 
o texto, primeiro indicando a tristeza da religiosa e depois 
traduzindo a alegria da prostituta.
E no emprego da palavra “conta”, que, embora empregada, em 
duas ocorrências, de modo polissêmico, tem sentido figurado 
quando referente às pedras do rosário. 
 46 
As tiras, por sua própria natureza, costumam valer-se de 
construções próprias do registro coloquial da linguagem. Isso 
ocorre, por exemplo, na tirinha acima, em função do emprego
A da reiteração do verbo “sentir”.
B dos pronomes indefinidos “outro” e “alguém”. 
C do advérbio “aí”, na expressão “por aí”.
D o verbo “ter”, no sentido de “existir”.
E dos pronomes “me” e “se” como complementos.
 47 TexTo I
Matéria de poesia 
Todas as coisas cujos valores podem ser
disputados no cuspe à distância
servem para poesia
O homem que possui um pente
e uma árvore
serve para poesia
Terreno de 10 × 20, sujo de mato – os que
nele gorjeiam: detritos semoventes, latas
servem para poesia
Manoel de Barros
3ª Série do Ensino Médio
15
TexTo II
A um poeta 
Longe do estéril turbilhão da rua,
Beneditino, escreve! No aconchego
Do claustro, na paciência e no sossego,
Trabalha, e teima, e lima, e sofre, e sua!
Olavo Bilac
Os dois textos têm natureza metalinguística: fornecem conceitos 
sobre a construção da poesia. Concepções artísticas distintas, 
vinculadas a diferentes contextos temporais, essas “receitas” sobre 
a arte poética têm como base, pela ordem
A valorização de fatos e coisas do cotidiano / grande preocupação 
formal.
B incorporação de elementos do progresso / valorização do 
impulso lírico.
C desobediência às normas gramaticais / predominância 
rigorosa da emoção.
D exaltação de cunho nacionalista / preponderância de 
elementos racionais.
E temática voltada para a simplicidade / preocupação voltada 
para o social.
 48 
PAIVA, Miguel. O Estado de S. Paulo, 11 ago. 1999.
Sobre o efeito cômico da tira, podemos afirmar que decorre de 
um aspecto linguístico ligado à:
A morfologia, por envolver um verbo e um substantivo de 
mesmo radical.
B fonética, em função dos diferentes sons envolvidos nas 
palavras-chave.
C sintaxe, tendo em vista as distantes funções das palavras 
“depende” e “dependência”.
D semântica, pela forma como se constroem as frases do diálogo. 
E estilística, em razão do uso da linguagem figurada.
 49 O que é rotacismo? De acordo com o enunciado da questão, 
o rotacismo é um processo de mudança em que se emprega o /r/ 
em lugar do /l/ nos vocábulos. Por que ocorre o fenômeno? Todo 
falante domina a variedade linguística de seu contexto social. Ao 
entrar em contato com a língua escrita, reproduz os traços da 
variedade falada em seu meio. E um desses traços é o rotacismo, 
bastante frequente em variedades de menor prestígio social (...). 
Diga-se ainda que o fenômeno possivelmente ocorre por causa 
da semelhança entre o /r/ e o /l/ em termos articulatórios. Onde 
o fenômeno ocorre? O rotacismo é observado, hoje em dia, na 
fala de camadas sociais desprestigiadas. Por isso a linguagem 
onde ocorre é considerada pobre, errada, feia, de gente ignorante. 
E isso é preconceito. Preconceito porque, na verdade, se trata 
apenas de uma forma diferente de falar, o prosseguimento de uma 
tendência observada em textos arcaicos da língua portuguesa e 
também na passagem do latim vulgar para o português. Com 
efeito, Camões empregou ingrês, pranta, frauta, etc. E na passagem 
do latim português constata-se o mesmo fenômeno: plaga>praia; 
fluxu>frouxo; blandu>brando; etc. O rotacismo ocorre no padrão 
silábico CCV (consoante + consoante + vogal): o-bli-ga-re> o-bri-
gar; pli-ca-re>pre-gar etc.
Disponível em: . Acesso em: 28 nov. 2016.
Esse é um fragmento de um comentário que integra trabalho 
de professores da PUC do Rio Grande do Sul sobre questões 
formuladas no ENADE (Exame Nacional de Desempenho dos 
Estudantes) de 2011. 
Sobre o trecho transcrito, pode-se observar que o fenômeno do 
rotacismo
A decorre de um domínio incorreto da língua portuguesa, 
constituindo um falar, sem precedentes históricos, das pessoas 
incultas, não escolarizadas.
B é um tipo de preconceito estabelecido a partir da convicção 
de que há, na sociedade, segmentos humanos socialmente 
inferiores.
C constitui um aspecto do modo de falar típico de determinada 
parcela da sociedade, como traço de variantes linguísticas 
que predominam, hoje, em camadas menos prestigiadas 
socialmente.
D é um arcaísmo, ou seja, uma retomada de empregos vigentes 
no passado e que hoje se vão impondo nos âmbitos dos 
falantes mais letrados da sociedade.
E é um fenômeno do âmbito da fonética, que não encontra 
qualquer justificativa nos estudos da língua, afirmando-se 
como exemplo de uma variante de pouca significação na 
língua.

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