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Tornados em Xanxerê/SC: efeitos e percepção de risco 
 
Giovana Pereira Carraro D´Espindula¹ 
Amanda Cristina Pires¹ 
 
¹Universidade do Estado de Santa Catarina – UDESC 
Departamento de Geografia – Centro de Ciências Humanas e da Educação 
Av. Madre Benvenuta, 2007 – CEP88035-001 – Florianópolis – SC, Brasil 
apires81@yahoo.com.br; gp.carraro07@gmail.com 
 
Resumo. O presente artigo teve por objetivo estudar os eventos decorrentes de tornados no estado de Santa 
Catarina, em especial no município mais atingido, Xanxerê, e entender qual a atual percepção de risco da 
população. Para isto, inicialmente foi realizado um levantamento de dados em páginas de endereço eletrônico 
sobre os tornados no estado, e, posteriormente, procedeu-se com uma visita em campo, no município de 
Xanxerê, para a coleta de informações através de entrevistas e registro fotográfico. Os resultados das pesquisas 
pré-campo evidenciaram que entre 1980 a 2016, pelo menos trinta eventos tornádicos atingiram o estado 
catarinense e, apesar do município de Xanxerê ter sido acometido por este desastre ao menos três vezes 
anteriormente, o tornado, de categoria F2, que o acometeu em abril de 2015 foi devastador e a população não 
estava preparada. Por isso, recomenda-se que campanhas informativas sejam elaboradas, além da preparação de 
pessoal e construção de espaços coletivos para abrigo durante o evento. Além disso, é importante a articulação 
entre a Secretaria Estadual de Proteção e Defesa Civil e o Serviço Meteorológico do Estado, de modo a avisar a 
população sobre sistemas climáticos possíveis de formar um tornado e agir no caso de o tornado realmente 
acontecer. 
 
Palavras-chave: Tornados em Santa Catarina; Percepção de Risco. 
 
1. Introdução 
 
Os eventos do tipo tornado são estudados há anos por especialistas de universidades dos 
Estados Unidos, devido ao fato deste país ser acometido por este fenômeno há muito tempo, 
pelo menos desde o ano de 1840 (HYDE; BERRINGTON, 2017). No Brasil, os estudos 
acerca dos eventos tornádicos são considerados recentes (DYER, 1988). No estado de Santa 
Catarina, o primeiro trabalho realizado sobre o assunto foi uma monografia de conclusão de 
curso (MARCELINO, 2000 apud OLIVEIRA, OLIVEIRA, ESTIVALLET, 2016). Este início 
tardio se deve principalmente pelo fato do tornado ser classificado erroneamente como 
vendaval, ciclone ou uma simples tempestade, sendo noticiado da mesma forma (ROBAINA, 
RECKZIEGEL, WOLLMANN, 2013). Outra razão, conforme estes autores, deve-se à 
dificuldade que se tem em registrá-lo, sendo necessários mais estudos sobre os condicionantes 
que provocam este tipo de fenômeno. 
Nos Estados Unidos, os tornados se formam devido ao choque entre as massas de ar 
quente e úmido vindas do Golfo do México com as massas de ar frio e seco vindas do 
Canadá, encontrando-se na planície norte-americana onde localizam-se os estados de Kansas, 
Oklahoma e Texas, que é também uma região de baixa pressão. Além disso, correntes de ar 
vindas das Montanhas Rochosas, ao descerem a montanha se aquecem, auxiliando na 
formação do sistema de baixa pressão norte-americano, formando o maior e mais intenso 
corredor de tornados do mundo (LIVESCIENCE, 2017). 
No Brasil, para a formação de tornados, as condicionantes são bastante semelhantes, pois 
há o encontro de massas de ar frio e seco vindo da Patagônia com as massas de ar quente e 
úmido vindo da Amazônia, encontrando-se em Santa Catarina, que aliado as correntes de ar 
descendentes da Cordilheira do Andes se aquecem e auxiliam na intensidade da massa de ar 
vinda da região de Baixa Pressão do Chaco (CASAGRANDE, 2015). 
Os dados mais recentes apontam que o estado catarinense faz parte do segundo maior 
corredor de tornados do mundo. Em um levantamento realizado entre os anos de 1980 e 2010, 
a mesorregião oeste catarinense foi a mais atingida por eventos deste tipo (HERRMANN, 
2014). Todavia, não existem estudos que tratem dos levantamentos mais recentes desta 
ameaça (a partir de 2013) em Santa Catarina. 
Os trabalhos de levantamentos de tornados anteriores ao ano de 2013 no estado de Santa 
Catarina e em outros estados brasileiros (MARCELINO, 2004; NORONHA, 2010; 
BERTONI, 2013; HERRMANN, 2014; SILVA, 2016) apontaram a necessidade de se 
desenvolver ações para redução da vulnerabilidade, dentre elas a preparação de equipes para 
atuar no pré, durante e no pós desastre, além de planos de alerta para notificação e 
desocupação das áreas possivelmente afetadas. 
A percepção de risco é um componente importante da vulnerabilidade, que contribui para 
o aumento da resiliência. A investigação sobre a percepção de risco em uma das regiões mais 
atingidas por tornados no estado de Santa Catarina, o Alto Irani, revelou que a população tem 
ciência da recorrência a vendavais e tornados, entretanto não existem ações de prevenção ou 
mitigação para desastres do tipo tornados. Neste estudo, Silva (2011) afirma que 05 
municípios dessa região tinham projetos de elaborar planos de ações preventivas. O município 
de Xanxerê, que faz parte da microrregião do Alto Irani, foi bastante atingido por tornados, 
conforme registrado nos anos de 1987, 1989 e 2003 (HERRMANN, 2014). Desta forma, este 
município estava entre os cinco com projeto de elaborar planos de prevenção de risco de 
eventos tornádicos. No ano de 2015, esta cidade foi novamente acometida por esse tipo de 
ameaça, porém até então não existem estudos que demonstram os efeitos destas possíveis 
ações preventivas e mitigadoras, nem da atual percepção de risco das comunidades atingidas. 
Sabe-se que, através da mídia, o evento constituiu um desastre devastador. 
Sendo assim, o presente estudo justifica-se pelo fato do município de Xanxerê estar 
situado na região mais atingida por tornados do país entre os anos de 1991 e 2010 (SILVA, 
2016), tendo sido drasticamente acometido por este tipo de ameaça novamente em 2015, 
posterior aos possíveis projetos de elaboração de planos preventivos (SILVA, 2011). Até o 
momento, não existem estudos que descrevam os resultados da aplicação destes planos e nem 
a possível mudança na percepção de risco das comunidades atingidas. 
Portanto, o objetivo geral deste estudo foi compreender a atual percepção de risco com 
relação aos eventos do tipo tornados no município de Xanxerê, que foi atingido por um 
tornado em abril de 2015. E os objetivos específicos: 
 Realizar o levantamento dos tornados que atingiram o estado de Santa Catarina, 
principalmente para os anos de 2013 a 2016; 
 Conhecer os efeitos do tornado de 20 de abril de 2015 na população através de 
entrevistas, complementadas com questionários; 
 Verificar a possível ocorrência de implementação das medidas preventivas previstas, 
através dos mesmos instrumentos; 
 Sistematizar as respostas dos questionários a fim de entender a atual percepção de 
risco da população; 
 Elaborar considerações acerca do enfrentamento aos eventos do tipo tornado, de modo 
a mitigar estes tipos de desastres. 
 
2. Materiais e Métodos 
 
A elaboração deste trabalho foi dividida em quatro etapas. A primeira consistiu em um 
trabalho de pesquisa bibliográfica e um levantamento de dados em páginas de endereços 
eletrônicos. A segunda etapa consistiu em uma preparação para a etapa de campo, com a 
elaboração de questionários. A terceira etapa refere-se à aquisição de dados em campo, com a 
visita na área de estudo feita para o reconhecimento dos locais atingidos, com coleta de 
registro fotográfico e a aplicação de 43 (quarenta e três) questionários presenciais com a 
população. Por fim, a quarta e última etapa consistiu na sistematização dos dados, sua 
interpretação e elaboração das discussões relacionando com dados da literatura. 
A pesquisa bibliográfica e em páginas de endereço eletrônico foi sobre os tornados no 
Brasil e em Santa Catarina, além da importância da percepção de risco na Redução de Risco eDesastres (RRD). No levantamento feito na página da Secretaria Estadual de Proteção e 
Defesa Civil de Santa Catarina (SEDEC-SC), foram enumerados os casos decretados de 
Estado de Calamidade Pública (ECP) e Situação de Emergência (SM) quanto aos eventos do 
tipo tornado nos anos de 2013 a 2016. Como a pesquisa foi realizada antes do final do ano, 
2017 não entrou no levantamento. Os fenômenos tornádicos também foram pesquisados em 
páginas de endereço eletrônico de jornais e revistas, assim como aqueles publicados em 
revistas e anais de eventos acadêmicos no estado de Santa Catarina. 
Na etapa pré-campo foi elaborado um questionário com 23 (vinte e três) perguntas abertas 
e direcionadas sobre os tornados, incluindo e com um certo destaque, o que atingiu o 
município de Xanxerê em abril de 2015. Neste questionário as perguntas versaram sobre o 
conhecimento dos munícipes sobre o fenômeno que atingiu o município mais recentemente, 
com o objetivo de compreender o entendimento deles sobre os tornados, a dimensão de 
prejuízos e danos e as sensações e sentimentos. 
Na etapa de campo, a visita ao município de Xanxerê possibilitou o reconhecimento da 
área de estudo e coleta de informações através de registro fotográfico, além a realização de 43 
(quarenta e três) entrevistas com os munícipes residentes na área por onde o tornado passou e 
nas áreas próximas. A seleção da amostra foi baseada nas áreas atingidas pelo tornado. Todos 
os munícipes que contribuíram com esta coleta de dados assinaram o Termo de 
Consentimento Livre e Esclarecido, ficando com uma cópia do mesmo. Além disso, aqueles 
que autorizaram o registro fotográfico assinaram o Consentimento para Fotografias, Vídeos e 
Gravações. O mesmo questionário aplicado nas entrevistas aos munícipes foi formulado on-
line e disponibilizado na página de endereço eletrônico Lance Xanxerê. Desta fonte foram 
obtidos 12 (doze) questionários respondidos, todos também residentes no município 
supracitado. Todas as entrevistas, presencial e on-line, totalizaram 55 (cinquenta e cinco) 
questionários. 
A última etapa correspondeu a organização de mais de 1.200 (um mil e duzentas) 
respostas que, sistematizadas em planilhas e tabelas, foram transformados em histogramas e 
gráficos para uma melhor análise e interpretação da percepção de risco com relação aos 
tornados. Ainda em gabinete, foram solicitadas informações à SEDEC-SC acerca dos projetos 
de planos preventivos para desastres do tipo de tornados. 
 
3. Resultados e Discussões 
 
Os resultados das pesquisas bibliográficas e do levantamento de dados sobre os eventos 
tornádicos no estado de Santa Catarina evidenciaram que entre os anos de 1980 a 2016, ao 
menos 30 (trinta) eventos tornádicos atingiram o estado de Santa Catarina. Conforme, já tinha 
sido mencionada, a região oeste de Santa Catarina é a região mais atingida por tornados e de 
todos os municípios, Xanxerê foi o mais atingido, conforme registrado nos anos de 1987, 
1989, 2003 e 2015. Os dados referentes aos tornados em Santa Catarina entre os anos de 2013 
e 2016, que totalizam 12 eventos, são inéditos e apresentados na tabela 01 abaixo, ordenados 
por ano. 
 
Tabela 01 - Resultado do levantamento de dados dos tornados que atingiram o estado de 
Santa Catarina entre os anos de 2013 a 2016. 
Municípios Ano Fonte Categoria Efeitos 
Ascurra* 2016 EPAGRI F0 
Destelhamento de casas, árvores 
arrancadas, galpões comerciais destruídos. 
Rodeio 2016 
SE na 
SEDEC 
F0 
Destelhamento de casas, árvores e postes 
arrancados, galpões industriais destruídos. 
Chapecó* 2015 INMET F1 
Destelhamento e destruição de casas e de 
uma escola, carros e equipamentos pesados 
arrastados. 
Treze 
Tílias* 
2015 INMET F0 
Destelhamento de casas, comprometimento 
de estrutura de unidade de saúde pública. 
Xanxerê 2015 
ECP na 
SEDEC 
F2 
02 óbitos, destruição completa de 11 
bairros da cidade, incluindo áreas 
residenciais, comerciais, industriais e de 
instituições públicas; desabastecimento de 
energia elétrica, água e comunicação. 
Ponte 
Serrada 
2015 
SE na 
SEDEC 
F1 
03 pessoas feridas, destelhamento de casas 
e galpões comerciais, desabastecimento de 
água e energia elétrica. 
Passos 
Maia 
2015 
SE na 
SEDEC 
F0 Destelhamento de casas. 
Planalto 
Alegre 
2015 
SE na 
SEDEC 
F0 
Destelhamento de casas e aviários 
destruídos. 
Urubici* 2014 
Blog 
Leandro P. 
 Materiais arrancados de um acampamento. 
Bela Vista 
do Toldo 
2013 
SE na 
SEDEC 
 
Destelhamento de casas, árvores arrancadas 
pela raiz e postes quebrados 
Bom 
Jardim da 
Serra 
2013 
SE na 
SEDEC 
 
Destelhamento de casas, árvores arrancadas 
pela raiz e postes quebrados. 
São 
Joaquim 
2013 
SE na 
SEDEC 
 
Destelhamento de casas, árvores arrancadas 
pela raiz e postes quebrados, 
desabastecimento de energia elétrica por 
dois dias em 70% da cidade. 
Legenda: * tornados não registrados na SEDEC-SC; EPAGRI: Empresa de Pesquisa 
Agropecuária e Extensão Rural; INMET: Instituto Nacional de Meteorologia; Blog Leandro 
Puchalski; SE: Decretação de Situação de Emergência; ECP: Decretação de Estado de 
Calamidade Pública. 
 
Observa-se que este levantamento de dados realizado entre 2013 e 2016 revelou a 
ocorrência de 12 (doze) eventos tornádicos em Santa Catarina, sendo 08 (oito) destes com 
decretação de Situação de Emergência (SE) ou Estado de Calamidade Pública (ECP), 
registrados na página de endereço eletrônico da SEDEC-SC e 04 (quatro) em páginas de 
periódicos catarinenses cujas fontes da informação são diversificadas. A decretação de SE e 
de ECP refletem a incapacidade do município em gerir um desastre sem apoio externo, e, 
portanto, o grau de intensidade da ameaça é considerável (Figura 01). Entretanto, o contrário 
não é verdadeiro, ou seja, o fato do município não sinalizar decretação quando atingido por 
evento tornádico não indica menor intensidade do fenômeno (Figura 2). Por isso, considera-se 
que todos estes doze registros em 04 anos são igualmente relevantes para se considerar a alta 
susceptibilidade do estado à ameaça do tipo tornado, que corrobora com estudos anteriores 
realizados por Castro (2003) e Herrmann (2014). Ressalta-se que a macrorregião oeste, mais 
precisamente a região dos municípios do Alto Irani é mais susceptível aos eventos tornádicos. 
 
Figura 01 – Fotografia ilustrando destelhamento e destruição de casas e prédios causados 
pelo tornado que atingiu o município de Xanxerê em abril de 2015, onde houve a decretação 
de Estado de Calamidade Pública. 
 
Fonte: G1 Santa Catarina, 2015. 
 
Figura 02 - Fotografia ilustrando casas destelhadas e destruídas pela passagem de um 
tornado no município de Chapecó em novembro de 2015 (não houve decretação). 
 
Fonte: G1 Santa Catarina, 2015. 
 
Em campo verificou-se que na cidade não há infraestrutura resistente a tornados F2, como 
o último que acometeu o município em abril de 2015. Após o desastre, casas foram doadas 
pela Defesa Civil e, apesar destas serem resistentes a granizo e ter estrutura em aço, as 
paredes revestidas de isopor não são suficientes para resistir a tornados F2. Considera-se 
então que essas moradias foram importantes apenas no primeiro momento após o desastre 
para abrigar as pessoas que perderam seus lares. Conforme verificado também em algumas 
medidas preventivas (Silva, 2016), é recomendada a implementação de espaços coletivos 
reforçados com concreto armado, com paredes de tijolo deitado e laje forro, de modo a 
acolher, pelo menos, a maior parte da população. Estes espaços devem ser amplamente 
divulgados e conhecidos pela população. 
As entrevistas realizadas com os munícipes que presenciaram o tornado classificado como 
F2 que atingiu Xanxerê em abril de 2015 evidenciaram que a população não estava preparada 
e, presenciando casas sendo deslocadas e torres de transmissão de energia elétrica em 
concreto sendo arrastadas, ficou temerosa e preocupadacom a vida das pessoas. A percepção 
de risco foi aumentada depois do evento, pois muitos consideram a recorrência destes na 
região, e, além de se mostrar receptivos a informativos e treinamentos, investiriam para tornar 
sua residência mais segura. No entanto, ainda de acordo com a opinião dos entrevistados, por 
parte do poder público, medidas e ações para prevenir ou mitigar os desastres do tipo tornados 
não foram tomadas. Assim, os planos preventivos previstos no trabalho de Silva (2011) não 
foram implementados, pois a população os desconhecia. A Secretaria Estadual de Proteção e 
Defesa Civil provavelmente iniciou o projeto de elaborar planos que pudessem prevenir 
desastres deste tipo com a elaboração sucinta de cenário e medidas mitigadoras para ameaças 
por eventos tornádicos, entretanto, a população não recebeu estas informações. 
Consideram-se imprescindíveis campanhas informativas com distribuição de material 
como forma preventiva de desastres do tipo tornados. Os estudos anteriores (MARCELINO, 
2004; NORONHA, 2010; BERTONI, 2013; HERRMANN, 2014; SILVA, 2016) já 
apontavam a necessidade de se desenvolver ações para redução da vulnerabilidade em áreas 
de risco susceptíveis a desastres do tipo tornado, dentre elas a preparação de equipes para 
atuar no pré, durante e no pós-desastre, além de planos de alerta para notificação e 
desocupação das áreas possivelmente afetadas. Por fim, conforme Castro (2003), os serviços 
meteorológicos têm condições de informar a SEDEC sobre condições que podem gerar um 
tornado e esta, quando preparada, tem condições de atuar com a população encaminhando-a 
para lugares seguros. Diante disto, considera-se fundamental, inicialmente a preparação de 
equipes da SEDEC para responder e organizar a população no caso da possibilidade da 
ocorrência de ameaça do tipo tornado, sobretudo na região dos municípios do Alto Irani. 
 
4. Considerações Finais 
 
O registro de 12 (doze) municípios atingidos por tornados entre os anos de 2013 e 2016: 
São Joaquim, Bom Jardim da Serra, Bela Vista do Toldo, Urubici, Planalto Alegre, Passos 
Maia, Ponte Serrada, Xanxerê, Treze Tílias, Chapecó, Rodeio e Ascurra, evidencia à alta 
susceptibilidade do estado a este tipo de ameaça. 
O município mais atingido é Xanxerê, conforme registrado nos anos de 1987, 1989, 2003 
e 2015. Neste último ano, o tornado que acometeu a área foi classificado como um F2. 
Apesar da recorrência, a população não estava preparada e, presenciando casas e torres de 
transmissão de energia elétrica em concreto sendo arrastadas, ficou temerosa e preocupada 
com a vida das pessoas. A percepção de risco aumentou após o desastre de 20 de abril de 
2015, mas na cidade não há infraestrutura resistente a tornados. As casas doadas pela Defesa 
Civil após o desastre, apesar de serem resistentes a granizo e ter estrutura em aço, tem paredes 
revestidas de isopor, o que não seria suficiente para resistir a tornados F2. 
O projeto de elaborar planos preventivos à desastres por tornados para o município 
previstos no trabalho de Silva (2011) podem ter sido iniciados com a elaboração sucinta de 
cenário e medidas mitigadoras para ameaças por eventos tornádicos, entretanto, estes não 
foram implementados, pois a população não recebeu nenhuma das informações. 
As recomendações apontadas a partir deste estudo são campanhas informativas, 
preparação de equipes da SEDEC (sobretudo na região dos municípios do Alto Irani), 
construção de espaços coletivos adequados para abrigo e articulação entre o serviço 
meteorológico e a SEDEC. 
 
Referências 
 
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Dissertação (Mestrado em Ciência Ambiental) - Universidade de São Paulo, São Paulo, 2013. 
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