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Introdução à microeconomia
Prof.ª Mariana Stussi Neves
Descrição
Você vai compreender as escolhas de consumo e produção de
indivíduos e firmas para a análise da determinação das curvas de oferta
e demanda dos diferentes mercados, assim como o processo de
formação de preços e as diferentes dinâmicas de variação na renda, no
preço de bens e no custo de insumos.
Propósito
A escolha do consumidor e as decisões de produção da empresa são
problemas básicos da ciência econômica. Portanto, entender essas
decisões é fundamental para o estudo de mercados e situações mais
complexas que são estudadas em tópicos de economia mais
avançados.
Objetivos
Módulo 1
Escolha do consumidor
Identificar a escolha ótima de um consumidor racional a partir de
suas preferências e renda .
Módulo 2
Curvas de indiferença
Reconhecer as curvas de indiferença e suas propriedades .
Módulo 3
Tipos de custo
Distinguir os tipos de custo da firma e suas aplicações .
Módulo 4
Lucro do produtor
Demonstrar a quantidade de produto para a maximização do lucro do
produtor .
Introdução
Todos os dias, pessoas se deparam com escolhas sobre como
gastar sua renda em bens e serviços. Quando vão a uma pizzaria,
por exemplo, elas devem decidir quantos pedaços querem comer
e o quanto estão dispostas a pagar por uma fatia ou pela pizza
toda. Mesmo em um rodízio, em que o preço é fixo e uma fatia
extra não tem custo, os fregueses precisam escolher se vale a
pena comer mais um pedaço ou se estão satisfeitos. Depois de

certa quantidade ingerida, comer mais pode despertar náuseas
ou enjoo, e a satisfação com a comida diminui em vez de
aumentar.
Podemos, então, afirmar que um cliente quer tirar o máximo de
satisfação de sua refeição dada a sua disposição para pagar por
ela. Mas como se mede o nível máximo de satisfação dos
consumidores? Não é tudo uma questão pessoal de gosto?
Sim, é uma questão de gosto — e talvez seja papel da psicologia
(e não da economia) tentar compreender como ele surge. No
entanto, os economistas podem dizer muito sobre como um
indivíduo racional se comporta para satisfazer esses gostos
pessoais e como os produtores ofertam bens e serviços para
atender a consumidores e suas preferências.
Nosso conteúdo gira em torno desses tópicos. Vamos lá!
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1 - Escolha do consumidor
Ao �nal deste módulo, você será capaz de identi�car a escolha ótima de um consumidor
racional a partir de suas preferências e renda .
Utilidade e consumo
A microeconomia, ou teoria dos preços, é a parte da teoria econômica
que estuda o comportamento das famílias e das empresas, além dos
mercados nos quais elas operam. Diferentemente da macroeconomia,
que analisa grandes agregados como o produto nacional e o nível geral
de preços dentro de um enfoque global, a análise microeconômica é
parcial e concentra-se em mercados específicos.
A teoria do consumidor, também conhecida como teoria da escolha,
busca descrever como os consumidores decidem suas ações de
compra e como reagem às mudanças em seu ambiente.
Os bens e serviços servem para satisfazer uma
necessidade humana, ou seja, têm utilidade para o
consumidor. O valor atribuído a um bem ou serviço
deriva precisamente da sua capacidade de satisfazer
uma necessidade e aumentar o bem-estar do
consumidor.
A necessidade tem um conteúdo muito subjetivo e individual, podendo
ser explicada como uma sensação de falta, que pode representar certo
mal-estar. Nesse sentido, como temos inúmeras necessidades, mas
recursos limitados para satisfazê-las, precisamos escolher os produtos
e serviços que tragam o máximo de satisfação.
Dessa forma, cada pessoa busca maximizar sua própria medida de
satisfação obtida por meio do consumo de bens e serviços. Essa
medida é chamada de utilidade do consumidor. Trata-se de um conceito
usado pelos economistas para compreender o comportamento de
escolha, que, na prática, tem um valor que nem precisa ser medido.
A utilidade do consumidor depende de tudo o que um indivíduo
consome, e o conjunto de bens e serviços adquiridos por ele é chamado
de cesta de consumo (ou cesta de mercadorias do consumidor). Uma
cesta de consumo é, na verdade, uma combinação de certa quantidade
de diversas mercadorias.
Exemplo
Uma pessoa que gosta de pizza e refrigerante, em um momento, pode
ter sua cesta de consumo composta por duas fatias de pizza e um
refrigerante. Em outro momento, ela pode optar por três fatias de pizza e
nenhum refrigerante. Essas diferentes combinações refletem as
escolhas e preferências do consumidor em diversas situações.
Existe uma relação entre as cestas de consumo individuais possíveis e o
montante total de utilidade gerado por elas, e ela é conhecida como
função utilidade. Essa relação varia para cada indivíduo, pois se trata de
uma questão pessoal e subjetiva.
Evidentemente, as pessoas não possuem calculadoras em suas
cabeças para medir exatamente o quanto de utilidade suas escolhas de
consumo irão gerar. Porém, ainda que de forma grosseira, elas tomam
decisões partindo do princípio de qual escolha irá lhes trazer mais
satisfação. Por exemplo, o que te faz mais feliz: viajar no feriado ou
comprar um celular novo?
Consumidora utilizando notebook para avalia suas opções de compra.
Para medir a utilidade, podemos supor, a fim de simplificar o processo,
que ela possa ser mensurada com uma unidade hipotética e arbitrária
denominada util. Assim, sob certas circunstâncias, alguém pode pensar
em uma maçã, que contém quatro utils, e uma laranja, que tem dois.
Essa é apenas uma maneira de dizer que uma maçã tem duas vezes
mais utilidade que uma laranja.
Vamos ilustrar uma função de utilidade. Imagine Júlia, que está em uma
festa na qual ela pode comer salgadinhos à vontade, sem nenhum
custo. O gráfico (a), a seguir, mostra a utilidade total que Júlia obtém ao
consumir salgadinhos:
Gráfico (a): Utilidade total de Júlia ao consumir salgadinhos.
A função utilidade de Júlia indica uma inclinação positiva em sua maior
parte, mas, à medida que o número de salgadinhos consumidos
aumenta, a curva se torna mais achatada, aproximando-se da inclinação
de uma reta horizontal. Isso significa que uma iguaria a mais não traz
tanta utilidade como a anterior. Ou seja, quanto mais unidades são
consumidas, mais o valor do salgadinho diminui.
A partir do décimo salgadinho, por exemplo, adicionar mais um se torna
ser algo ruim para Júlia, piorando a sua situação. Se for racional, ela
perceberá isso e não consumirá o 11°. Desse modo, quando Júlia for
decidir sobre o número de iguarias a serem consumidas, ela tomará
essa decisão considerando a mudança na sua utilidade total, o que é
proveniente do consumo de mais um salgadinho.
A teoria da utilidade é usada para explicar como
consumidores ou tomadores de decisão realizam suas
escolhas da melhor forma possível e é utilizada pela
microeconomia. Ela é ordinal, e não cardinal. Isso
significa que a função utilidade serve para ordenar a
preferência e identificar, entre dois bens – ou duas
cestas de bens –, qual deles é preferível.
Quando duas cestas são comparadas, é possível dizer apenas uma das
seguintes afirmativas:
A primeira cesta é preferível à segunda ou a segunda cesta é
preferível à primeira.
O consumidor é indiferente às duas cestas.
Entende-se por cardinal situações em que são admitidas questões do
tipo: em quantos por cento uma cesta é mais útil ou desejável que a
outra?
A moderna teoria da utilidade ― também denominada utilidade de Hicks,
em homenagem a John Hicks ― se apoia no conceito de utilidade
ordinal. Vale mencionar que o economista britânico John Hicks
desempenhou importante papel na formulação da teoria ordinal da
utilidade e é considerado um dos economistas mais influentes do
século XX.
Pela teoria ordinal, é necessário apenas organizar os
produtos pela ordem de preferência.da firma, assinale a afirmativa falsa.
Parabéns! A alternativa B está correta.
No curto prazo, os produtores não conseguem modificar o
montante de alguns insumos. Trata-se dos chamados insumos
fixos. Eles só podem alterar a sua produção mudando a quantidade
de insumos variáveis. No longo prazo, não existem insumos fixos:
todos são variáveis.
Questão 2
Sobre as curvas de custo do produtor, assinale a afirmativa falsa.
A
É a relação entre a quantidade de produto que uma
empresa irá produzir e a de insumos.
B
Os insumos da função de produção de curto prazo
são fixos.
C
A curva que mostra como a quantidade de produto
depende do montante de insumo variável para uma
dada quantia de insumo fixo é chamada de curva de
produto total.
D
A inclinação da curva de produto total é igual ao
produto marginal do insumo variável.
E
A hipótese de retornos decrescentes implica que a
função de produção da firma terá inclinação
decrescente.
Parabéns! A alternativa A está correta.
Tal definição corresponde ao custo marginal.
4 - Lucro do produtor
Ao �nal deste módulo, você será capaz de demonstrar a quantidade de produto para a
maximização do lucro do produtor.
A
O custo variável é a variação no custo total ao se
acrescentar uma unidade de insumo variável.
B
O custo fixo médio é o custo fixo dividido pela
quantidade total produzida.
C A curva de custo marginal é crescente.
D O custo total é a soma dos custos fixo e variável.
E
O custo médio é a soma do custo variável médio e o
custo fixo médio.
Oferta e competição perfeita
Neste material, vamos entender como os conceitos de lucro e receita
estão relacionados entre si e de que forma afetam as escolhas de
produção e oferta das firmas. Isso depende do tipo de mercado em que
uma empresa se encontra. Assim, analisaremos neste conteúdo a
competição perfeita.
Se você já foi a uma feira, deve ter notado que, em geral, existe mais de
um feirante vendendo batatas ou tomates. Também já deve ter
percebido que o preço desses produtos costuma ser muito parecido ou
até igual entre as barracas.
O barulho alto característico das feiras é um sintoma da competição que
feirantes enfrentam entre si. Para vender produtos que não oferecem
muitas diferenças entre uma barraca e outra, competir é inevitável. Para
isso, recorre-se à voz. Mas por que eles não usam outros recursos,
como alterar o preço e a quantidade ofertada, para tentar vender mais?
Produtos expostos em uma feira.
José e Sônia são dois feirantes que vendem batatas. Ambos
comercializam seu produto na mesma feira aos domingos. Suponha que
suas batatas sejam da mesma qualidade. Na prática, eles competem
entre si ao disputarem potenciais compradores.
Sônia ou José deveria impedir o outro de vender batatas?
Ou eles deveriam fazer um acordo para aumentar o preço
do item?
É provável que a resposta seja não. Há centenas de outros feirantes
vendendo batata, seja na mesma feira ou em outra, talvez não muito
distante. Sônia e José definitivamente estão competindo com todos os
vendedores de batata.
Se ambos tentassem aumentar o preço da batata, provavelmente não
conseguiriam vender muito, pois os consumidores encontrariam outra
mais barata a apenas algumas barracas de distância. Desse modo,
podemos dizer que José e Sônia são produtores tomadores de preço.
Acompanhe, a seguir, as condições necessárias para a competição
perfeita!
 Condição 1
Um produtor é chamado de tomador de preço
quando suas ações não afetam o preço de mercado
do bem vendido. O raciocínio análogo vale para os
consumidores tomadores de preço, pois eles não
podem influenciar o preço por meio de suas ações.
Em um mercado perfeitamente competitivo,
consumidores e produtores são tomadores de
preço. Com isso, decisões individuais, de quem
quer que elas partam, não afetam o preço de
mercado de determinado bem.
 Condição 2
A indústria deve possuir um número relativamente
grande de produtores, e nenhum deles pode ter
grande participação no mercado. A participação de
mercado de um produtor é a fração do produto total
da indústria pela qual ele é responsável. Assim, se
ele possuir uma parcela muito grande de mercado,
ele passará a influenciar o preço de mercado do
bem que produz. Por exemplo, na Crise do petróleo,
na década de 1970, a Organização dos Países
Exportadores de Petróleo (Opep) tinha quase um
terço de fatia da produção total de petróleo
mundial. Ao diminuir a quantidade ofertada, ela
i fl i di d b il E ã
Oferta e competição perfeita
Confira, neste vídeo, como interpretar a competição perfeita e sua
utilidade na compreensão de quais são os fatores de desajustes nas
alocações na economia.
influenciou diretamente no preço do barril. Esse não
é o caso de José ou Sônia.
 Condição 3
Os consumidores devem considerar os produtos de
todos os produtores equivalentes (homogêneos).
Isso não seria verdade se os compradores
acreditassem que as batatas de Sônia são de
melhor qualidade que as de José. Caso realmente
fossem melhores, ainda que ela aumentasse um
pouco o seu preço, os consumidores continuariam
comprando em virtude da qualidade. No caso de
commodities (ou produtos padronizados), os
consumidores costumam considerar o item de um
produtor como perfeitamente substituível pelo de
outro. Temos como exemplo um produtor de
batatas como José ou Sônia. Eles não podem
aumentar o preço de suas batatas sem perder
todas as suas vendas para outros vendedores.
Assim, para que uma indústria seja perfeitamente
competitiva, é necessário que seu produto seja
padronizado.

Livre entrada e saída
Os mercados perfeitamente competitivos têm ainda outra característica:
a livre entrada e saída de firmas e produtores. Dito de outra forma: não
há barreiras para seu acesso ao mercado.
Exemplo
Acesso limitado a recursos, obstáculos legais e regulamentações
governamentais.
Não existem custos adicionais associados à saída do mercado, como
tarifas relacionadas ao fechamento de uma firma. Contudo, a livre
entrada e saída não é uma condição necessária para a competição
perfeita, e sim, uma característica comum na maioria dos mercados
competitivos.
Como funcionam os mercados perfeitamente
competitivos?
Quando um produtor aumenta o seu montante em uma unidade, sua
receita cresce, mas, infelizmente, acontece o mesmo com seu custo.
Esse aumento no custo por unidade extra de produto é conhecido como
custo marginal.
Primeiro, vamos examinar de que modo um produtor maximiza o seu
lucro de maneira individual em uma indústria perfeitamente competitiva.
Em seguida, entenderemos o significado de lucro econômico a partir da
análise dos lucros e prejuízos de um negócio hipotético.
Imagine que João e Maria administrem um cultivo de café e que o preço
de mercado da saca seja R$ 40. Eles são tomadores de preço, podendo,
assim, vender o montante que quiserem com esse valor. Quantas sacas
eles devem produzir para maximizar seu lucro?
Maria e João trabalhando em sua plantação de café.
O lucro é igual à receita total menos o custo total, assim como a receita
total é o preço de mercado multiplicado pela quantidade de produto.
Como fizemos no caso do consumidor, recorreremos agora à análise
marginal para encontrar a quantidade ótima de produto (que maximiza o
lucro) a ser vendida.
Vamos analisar agora outro conceito relativo a esse tópico: receita
marginal (RMg). Analogamente, ela é a receita adicional gerada com a
venda quando o produto em uma unidade é aumentado. Formalmente,
temos a seguinte equação:
Você pode se perguntar como isso ajuda a descobrir a quantidade ótima
de sacas de café que João e Maria devem produzir para maximizar os
lucros de sua produção.
A tabela a seguir aponta a receita total, o custo total e o lucro total por
unidade de saca de café do cultivo de ambos, além dos cálculos de
custo e receita marginais. A última coluna, por sua vez, exibe o ganho
líquido por saca, isto é, a receita marginal menos o custo marginal.
Quantidade de café
Y(sacas)
Custo variável CV Custo total CT
0 0 20.00
1 25.00 45.00
2 55.00 75.00
3 65.00 110.00
4 75.00 150.00
5 85.00 195.00
6 95.00 245.00
Tabela: Ganho líquido por unidade de saca de café.
Mariana Stussi Neves.
 receita marginal  =
 variąção na receita total 
 variação no produto 
 ou RMg = ΔRT/ΔY
A tabela evidencia que o custo variável e o total crescem à medida que a
produção aumenta. O custo marginal também sobe a cada unidade de
café por conta dos retornos decrescentes dos insumos. A RMg, no
entanto, permanece constante, uma vez que o preço do produto não
muda (afinal, João e Maria são tomadores de preço).
Examinemos agora a última coluna, a de ganho líquido por saca. Até a
quarta saca de café produzida, o custo variável e o total registram um
ganho líquido positivo. Produzir, portanto, gera mais receita do que
custos. Na quarta saca, o ganho líquido já é zero, e a partir da quinta, ele
passa a ser negativo, pois o custo marginal é maior que a receita
marginal.
Observe essas curvas graficamente para melhor entendimento do
conceito:
Gráfico: Ganho líquido por saca de café.
A curva de custo marginal (CMg) apresenta uma inclinação positiva e
permanece abaixo da de receita marginal (RMg) até o ponto E, onde ela
intercepta a RMg. Até E (ou até a quarta saca), João e Maria
contabilizam um ganho líquido positivo por saca.
A partir de E, a CMg ultrapassa a curva de receita marginal, enquanto o
ganho líquido se torna negativo, ou seja, eles passam a perder dinheiro
com a produção de unidades adicionais de sacas de café.
Desse modo, o ponto que maximiza o lucro de ambos é E, com uma
produção de quatro sacas de café. Note que, nesse ponto, a receita
marginal é exatamente igual ao custo marginal. Isso é chamado de
regra de produto ótimo do produtor. Na quantidade ótima de produto,
RMg = CMg.
Atividade discursiva
Sabemos que, no ponto indicado, João e Maria não encontram
incentivos para produzirem nem mais nem menos, pois essa é a sua
quantidade ótima de produto. Mas esse é o único ponto no qual a
produção deles e sua manutenção no mercado fazem sentido?
Digite sua resposta aqui
Chave de resposta
A resposta é não.
A decisão de uma firma permanecer ou não em um
mercado depende de seu lucro econômico, medida que
considera o custo de oportunidade dos recursos de um
negócio além de suas despesas explícitas.
Se fôssemos pensar no lucro econômico de João e Maria,
poderíamos incluir como custo de oportunidade de investir
na produção de café o quanto esse dinheiro renderia no
banco. Lembre-se de que custo de oportunidade é o que
você deixa de obter (rendimento do banco) ao optar por
outra atividade (produção de café).
O que diferencia o lucro econômico do contábil é o custo implícito, isto
é, os benefícios recusados na utilização dos recursos da firma.

Vamos supor que todos os custos (implícitos e explícitos) estejam
incluídos na tabela a seguir, mostrando, portanto, o lucro econômico.
Para sabermos se Maria e João operam em lucro ou prejuízo, devemos
olhar para:
Custo total médio mínimo de sua produção.
Preço de mercado do café.
Esta tabela calcula o custo variável médio e o total médio para a
produção de ambos. Se considerarmos o custo fixo como dado, os
valores de curto prazo são:
Quantidade de café
Y (sacas)
Custo variável CV Custo total CT
0 0 20.00
1 25.00 45.00
2 55.00 75.00
3 65.00 110.00
4 75.00 150.00
5 85.00 195.00
6 95.00 245.00
Tabela: Custo variável médio e o total médio da produção de café de Maria e João.
Mariana Stussi Neves.
Como se pode observar, o custo total médio é minimizado na quarta
saca, no valor de R$ 36,67, que corresponde ao produto de custo
mínimo. Mas o que isso nos diz a respeito de uma firma ser lucrativa ou
não?
O lucro π é igual à receita total (RT) menos o custo total (CT).
Logo:
Se RT > CT
A firma é lucrativa.
Se RT CTM
A firma é lucrativa.
Se Psão iguais e têm os
mesmos custos, todos decidirão produzir o mesmo número de sacas de
café: quatro (quantidade ótima de produto).

Se houver 50 produtores de café, a quantidade de oferta da indústria
será 50 vezes quatro sacas, ou seja, 200 sacas de café. Já o preço dela
será R$ 40. O resultado disso é a curva de oferta da indústria de curto
prazo ilustrada no gráfico (a):
Gráfico (a) e (b): Curva de oferta da indústria.
Na imagem, D representa a curva de demanda, e E, o ponto de equilíbrio
de mercado de curto prazo, no qual a quantidade de oferta é igual à de
demanda para um dado número de produtores.
No curto prazo, não há entrada nem saída de participantes, pois
estamos olhando um período pequeno de tempo. No longo prazo, no
entanto, eles podem entrar e sair livremente do mercado, havendo,
desse modo, uma variação no número de produtores que altera tanto o
montante ofertado como o equilíbrio.
Suponhamos agora que, além dos 50 produtores de café operando no
mercado, haja muitos outros querendo entrar, que também são idênticos
a João e Maria.
Quantos participantes adicionais entrarão na indústria? Em que situação
o farão?
Enquanto a produção for lucrativa, haverá incentivos para novos
produtores. Logo, quando o preço de mercado for superior ao custo de
produção total médio mínimo (R$ 36,67), isto é, o valor que iguala custo
e receita, mais pessoas estarão disputando uma fatia desse mercado.
Pessoas trabalhando no setor de café.
Porém, à medida que novos produtores ingressam na indústria, a
quantidade ofertada cresce. Com esse aumento, existe uma pressão
para o preço de mercado cair, e é isso o que acontece: a curva de oferta
se desloca para a direita até atingir o ponto em que o preço se iguala ao
custo total médio mínimo. Quando a curva de oferta atingir esse ponto,
os produtores vão parar de querer entrar no mercado, pois não haverá
mais lucro.
O gráfico (b) demonstra essa dinâmica: a curva de oferta inicial S1 se
desloca para a direita até S2, onde encontra a curva de demanda D no
novo ponto de equilíbrio E2. Nesse ponto, o preço de mercado
equivalerá ao custo total médio mínimo; com isso, cada produtor irá
produzir um total de três sacas. A nova quantidade de equilíbrio do
mercado de sacas de café será, portanto, a seguinte: 250 sacas ao
preço de R$ 36,67.
A oferta da indústria
Neste vídeo, falaremos sobre como obter a curva de oferta da indústria
a partir da curva de oferta da firma, detalhando o processo de
agregação das ofertas individuais para formar a oferta total do
mercado.

Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1
Assinale a alternativa que não corresponde a uma condição de
mercados perfeitamente competitivos.
Parabéns! A alternativa B está correta.
Em mercados competitivos, os produtos são homogêneos e, por
isso, os consumidores escolherão o mais barato.
A Produtores são tomadores de preços.
B
Os consumidores observam diferenças relevantes
entre os produtos vendidos.
C Consumidores são tomadores de preços.
D Produtos são padronizados.
E
A indústria deve possuir um número grande de
produtores que não têm grande praticipação no
mercado.
Questão 2
Assinale a afirmativa verdadeira.
Parabéns! A alternativa C está correta.
O lucro da firma é igual à receita total menos o custo total.
Dividindo os dois lados da equação pelo produto, vemos que o lucro
médio é igual à receita média, que, por sua vez, equivale ao preço de
mercado menos o custo total médio. Assim, a firma será lucrativa
quando a receita média ou o preço exceder o custo total médio.
Considerações �nais
Introduzimos neste material alguns dos conceitos básicos de
microeconomia. Você deve ter notado que as escolhas tanto do
consumidor como da firma são determinadas por diversos fatores. Por
isso, estabelecemos uma análise criteriosa de tais escolhas para
A
Se o preço de mercado é menor que o custo total
médio, a firma é lucrativa.
B
Se o preço de mercado é igual ao custo total médio,
a firma é lucrativa.
C
Se o preço de mercado é maior que o custo total
médio, a firma é lucrativa.
D
Se o preço de mercado é menor que o custo
marginal, a firma não é lucrativa.
E A firma nunca é lucrativa no curto prazo.
entendermos sua dinâmica, mantendo constantes os demais fatores e
assumindo algumas hipóteses.
A realidade, no entanto, é muito mais complicada que os modelos
demonstrados aqui. Afinal, eles nada mais são que uma simplificação
dela para facilitar a compreensão de seus principais mecanismos.
Podcast
Para encerrar, ouça e conheça mais sobre as escolhas individuais de
agentes econômicos, ou seja, a microeconomia.

Explore +
KRUGMAN, P.; WELLS, R. Introdução à economia. 2. ed. Rio de Janeiro:
Elsevier, 2011.
LEVITT, S.; DUBNER, S. J. Freakonomics: o lado oculto e inesperado de
tudo que nos afeta. 5. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2007.
VARIAN, H. Microeconomia: uma abordagem moderna. 9. ed. Rio de
Janeiro: Elsevier, 2015.
Referências
Para entender melhor fatos do cotidiano com um olhar econômico, leia
Freakonomics: o lado oculto e inesperado de tudo que nos afeta. Esse
livro de Steven Levitt e Stephen J. Dubner, publicado pela Elsevier em
2007 mostra como a microeconometria pode ajudar no entendimento
dos incentivos e da análise dos benefícios por trás de decisões
corriqueiras.
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javascript:CriaPDF()As preferências dos consumidores são afetadas pelo tempo. Ou seja, as
pessoas preferem satisfações atuais a satisfações futuras, o que se
relaciona com o conceito de ceteris paribus. Podendo ser traduzido
como “tudo o mais é constante”,  trata-se de um termo usado na ciência
econômica para explicar modelos e teorias que consideram inalterados
outros fatores capazes de influenciar. Em geral, as pessoas substituem
o consumo atual pelo futuro apenas se houver uma perspectiva realista
de um aumento significativo no futuro.
Para maximizar sua utilidade total, o consumidor precisa se concentrar
na utilidade marginal, ou seja, na utilidade de consumir um pouco mais,
como um salgadinho adicional.
Utilidade e consumo
Um conceito chave na teoria do consumidor é a questão da utilidade.
Acompanhe, neste vídeo, as duas fases do estudo da utilidade no
âmbito econômico: utilidade cardinal e utilidade ordinal, além do
conceito de utilidade marginal decrescente.
Utilidade marginal decrescente

Vamos imaginar que o consumidor considere todas as mercadorias que
deseja, pensando em quantidades diferentes de cada uma. Para cada
item, prevalece a utilidade marginal decrescente.
Quanto mais temos de algo, menos importante é para
nós uma unidade adicional dessa mercadoria. Essa
generalização é válida porque expressa uma
experiência humana universal, frequentemente
mencionada como a lei da utilidade marginal
decrescente.
Para que a lei da utilidade marginal decrescente se mantenha, é
necessário que certas condições sejam atendidas. Isto é, as unidades
da mercadoria precisam ser definidas de maneira relevante. Por
exemplo, a lei é válida para um par de sapatos, mas não para um pé
isolado.
Se considerarmos um período de férias, as unidades podem ser
definidas como dias. Nesse caso, o segundo dia de férias pode ter mais
utilidade do que o primeiro, resultando em uma utilidade marginal
crescente para o segundo (e talvez para o terceiro dia). No entanto, a
partir do quarto dia (ou do 10°), os dias adicionais se tornam
progressivamente menos satisfatórios.
A lei da utilidade marginal decrescente se aplica à
renda monetária e a bens e serviços, além de ser válida
para mercadorias individuais destinadas a
consumidores individuais com determinados gostos.
Naturalmente, é melhor ter R$ 100.000 por ano do que R$ 10.000. Mas
será que R$ 1 a mais é tão importante para quem tem R$ 100.000 como
é para quem tem R$ 10.000? A utilidade marginal da moeda é a utilidade
de R$ 1 adicional ― ou de R$ 100 a mais para facilitar a nossa
interpretação. Assim, será que R$ 100 a mais para quem já tem R$
100.000 é tão importante quanto R$ 100 a mais para quem já tem R$
10.000? Provavelmente não, pois, em geral, quanto mais dinheiro o
indivíduo possui, menos valor ele dá a esses R$ 100 extras.
O gráfico (b), a seguir, mostra a utilidade marginal gerada por Júlia ao
consumir uma unidade de salgadinho adicional. Ele indica a curva de
utilidade marginal implícita construída a partir da variação de utilidade
gerada por intervalos unitários.
Gráfico (b): Utilidade marginal de Júlia ao consumir unidades adicionais de salgadinhos.
A curva de utilidade marginal, por sua vez, tem inclinação negativa: cada
salgadinho adicional acrescenta menos valor em utilidade (utils) que o
anterior. O próprio gráfico demonstra isso: enquanto o primeiro
salgadinho rende 15 utils, o 11° não oferece nenhuma utilidade
adicional, e os seguintes causam indigestão em Júlia, reduzindo o total
de utils. Assim, o consumo excessivo de salgadinhos marca o início da
utilidade marginal negativa, pois eles diminuem a utilidade total.
Atenção!
Não é uma verdade imutável que, para todos os bens e serviços, o
consumo excessivo resultará em uma utilidade marginal negativa no
final da curva.
Utilidade marginal decrescente
Veja, neste vídeo, sobre a lei da utilidade marginal decrescente e a
explicação de suas implicações nas decisões de consumo dos
consumidores.
Orçamento e restrição

Trabalhamos com a ideia de que uma pessoa pararia de consumir um
bem ao atingir certo nível de saciedade, pois uma unidade a mais não
traria satisfação extra ou até mesmo diminuiria sua utilidade total. Um
exemplo disso foi o caso dos salgadinhos. Temos, então, os seguintes
pressupostos implícitos na análise que fizemos até aqui:

Não há custo adicional
para o consumo de uma
unidade a mais do bem.

Existe dinheiro infinito.
Logo, o indivíduo não
precisa se preocupar
com isso.
A realidade, no entanto, é diferente: consumir mais de um bem requer,
em geral, recursos adicionais, e o consumidor precisa levar em conta
esse fator ao fazer suas escolhas.
O que são recursos adicionais? Para simplificar, eles serão chamados de
custo. O que levamos em consideração é o denominado custo de
oportunidade, isso é, o ganho potencial ao qual se renuncia quando se
opta por uma alternativa.
Em outras palavras, trata-se do benefício de que abrimos mão quando
fazemos uma escolha.
Exemplo
O custo de oportunidade de jogar uma partida de futebol é o prazer que
você teria ao dar um mergulho na praia no mesmo período.
Um dos pressupostos básicos da economia é que os recursos são
escassos. Assim, o custo de oportunidade faz a ponte entre a escassez
de recursos e a escolha. O recurso escasso, nesse caso, é o dinheiro,
pois o consumidor tem um orçamento limitado. Vejamos o exemplo a
seguir.
Gabriel está fazendo uma dieta especial para treinos, alimentando-se
exclusivamente de frango e batata-doce.
Ele recebe como salário, semanalmente, 30 reais. Dado o seu apetite,
sua satisfação aumenta ao consumir mais de cada bem. Por conta
disso, ele gasta toda sua renda nas duas iguarias.

Uma das refeições de Gabriel: frango com purê de batata-doce.
O quilo da batata custa R$ 3, e o do frango, R$ 6. Quais são as
possibilidades de escolha para Gabriel?
Qualquer que seja a cesta de consumo escolhida por ele, sabemos que
seu custo não pode ser maior que o seu salário, ou seja, o montante
total de dinheiro que ele possui para gastar.
Assim, temos:
Os consumidores têm uma renda finita que restringe suas
possibilidades de consumo, exatamente como Gabriel. Demonstrando
que o consumidor deve escolher uma cesta de consumo menor ou igual
à sua renda total, a condição (1) é chamada de restrição orçamentária.
Isso significa que ele não pode gastar mais do que o total de recursos
(renda) de que dispõe.
As cestas de consumo só são factíveis, ou seja,
financeiramente viáveis, quando obedecem à restrição
orçamentária.
O conjunto de cestas de consumo factíveis de um consumidor recebe o
nome de conjunto de possibilidades de consumo. As pertencentes a
esse conjunto dependem tanto da renda do consumidor como dos
preços de bens e serviços.
A seguir, é possível ver as possibilidades de consumo de Gabriel. No
gráfico, o montante de batatas na sua cesta está representado no eixo
horizontal, e o de frango, no vertical.
 Gasto com batatas  +  gasto em frango  ≤  renda total (1) 
Gráfico: Possibilidades de consumo de Gabriel.
Conectando os pontos de A a F, a linha inclinada para baixo divide as
cestas de consumo entre quais podem ser compradas e as que não
podem. As cestas factíveis ficam abaixo dessa linha (e sua divisória
também deve ser incluída na lista), enquanto as de cima pertencem ao
grupo das que não são factíveis.
No ponto D, há 6 kg de batatas e 2 kg de frango. Multiplicando-os pelos
preços, temos 6 X R$3 + 2 x R$6 = R$30. Logo, a cesta satisfaz a
restrição orçamentária, custando exatamente a renda de Gabriel.
Verifique que os demais pontos sobre a linha negativamente inclinada
são as cestas com as quais Gabriel gastaria toda a sua renda.
Mostrando todas as cestas de consumo disponíveis quando ele gasta
inteiramente sua renda, tal linha recebe o nome de reta orçamentária.
Gabriel precisa escolher um número de batatas (o que vamos
denominar ) e outro de frango ( ), multiplicando-os por seus
respectivos preços. A soma dasduas multiplicações deve ser menor ou
igual ao total de sua renda . Veja:
Quando Gabriel consome uma cesta acima de sua reta orçamentária, ou
seja, ele gasta todo o seu salário, seu gasto com batata-doce e frango é
exatamente igual à sua renda. Observe na fórmula a seguir:
Podemos utilizar as equações (2) e (3) para fazer manipulações
algébricas e calcular de forma mais fácil as cestas possíveis para
Gabriel. Supondo que ele queira gastar toda a sua renda, e substituindo
R$30, podemos testar as diferentes combinações de cesta
consumidas por ele.
Vejamos agora um caso extremo: Gabriel consome apenas frango, ou
seja, . Substituindo os valores na equação (3), temos
q
b
q
f
(m)
 (2) q
b
× p
b
+ q
f
× p
f
≤ m
 (3) q
b
× p
b
+ q
f
× p
f
= m
m =
q
b
= 0
.
Assim, o máximo de frango que pode ser consumido é 5 kg , pois se
ele gasta todo o orçamento de R$30 em frango: . Desse
modo, o intercepto do eixo vertical da reta orçamentária fica no ponto 
quando toda a renda de Gabriel é consumida nesse alimento. Fazendo o
exercício análogo para o ponto , no qual sua renda agora é dedicada
inteiramente à batata-doce, ficamos com uma cesta de 10 kg. Podemos
repetir esse exercício para todos os pontos da reta orçamentária.
Os demais pontos sobre a linha orçamentária podem
ser analisados à luz da relação de perdas e ganhos
com a qual Gabriel se depara ao gastar todo o seu
salário. Essa relação é tipicamente chamada pelo seu
nome em inglês trade-off.
Vejamos outro exemplo!
Gabriel quer sair do ponto e consumir 2 kg de batata-doce ao mesmo
tempo em que deseja comer a maior quantia possível de frango.
Para ingerir a quantidade desejada de batatas, ele precisa renunciar ao
equivalente a R$6 em frango, medida que corresponde exatamente ao
valor do quilo da carne de frango.
Ou seja, para consumir 2 kg de batata, Gabriel precisa renunciar a 1 kg
de frango, o que o coloca na posição da cesta de sua reta orçamentária,
ficando com 4 kg de frango e 2 kg de batata-doce.
Gabriel preparando batata-doce assada.
Se repetirmos o exercício para os pontos C, D, E e F do gráfico ― ou seja,
se deslizarmos sobre a sua reta orçamentária ―, veremos que Gabriel
está sempre trocando mais batata por menos frango e vice-versa.
A mudança de cestas de consumo sobre essa reta, tanto para cima
como para baixo, expressa o custo de oportunidade de um bem em
0 × 3 + q
f
× 6 = 30
q
f
30 ÷ 6 = 5
A
F
relação a outro.
A inclinação da reta orçamentária informa, para um
indivíduo, o custo de oportunidade ao consumir uma
unidade a mais de um bem, de acordo com a
quantidade a ser renunciada de outro bem pertencente
à sua cesta de consumo.
A inclinação da reta orçamentária de Gabriel é . Trata-se da
variação no eixo vertical (a mudança na quantidade de frango denotada
por ) dividida pela variação horizontal (modificação na quantidade
de batata denotada por ). Ou seja, a razão é igual a
 (meio), o que significa o seguinte: o consumo de 0,5 kg de frango
tem de ser descartado para ele conseguir 1 kg a mais de batata.
O número de quilos de frangos ao qual é preciso renunciar para obter 1
kg a mais de batata é chamado pelos economistas de preço relativo da
batata em termos do frango.
Dica
É possível calcular o mesmo tipo de preço do frango em termos da
batata. Basta fazer a conta inversa: para obter 1 kg a mais de frango, é
preciso renunciar a 2 kg de batata. Assim, 2 é o preço relativo do frango
em termos da batata.
Desse modo, a inclinação da reta orçamentária não depende da renda
do indivíduo, e sim dos preços de cada bem. Perceba que 
R$3/R$6 . No entanto, isso não é verdade para a posição da
reta orçamentária, pois o quanto essa reta está afastada da origem
depende da renda do consumidor.
Veja no exemplo a seguir:
Gráfico: Reta orçamentária de Gabriel.
−1/2
Δq
f
Δq
b
(Δq
f
/Δq
b
)
1/2
−1/2 = −
= −p
b
/p
f
Se, por outro lado, seu salário diminuísse para R$18 por semana, a reta
de Gabriel se deslocaria para a esquerda (ou para dentro). Nesse caso, o
máximo que Gabriel poderia adquirir de cada alimento separadamente
seria o seguinte: somente 3 kg de frango, ou somente 6kg de batata-
doce, ou novamente uma cesta intermediária. Para a nova renda a
inclinação da reta orçamentária de Gabriel é a mesma da sua situação
inicial, pois os preços relativos dos bens não mudaram.
Orçamento e restrição
Ao introduzir os preços das mercadorias e o orçamento do consumidor,
as compras podem ser determinadas, uma vez que seu orçamento e
seus gostos sejam conhecidos. Acompanhe, neste vídeo, a reta
orçamentária e como interpretar a sua inclinação.
Escolha ótima de consumo
Vamos supor agora que a renda de Gabriel não mude, mantendo o
orçamento inicial de R$ 30 por semana. Sabemos que, para aumentar
sua saciedade, ele prefere consumir maiores montantes de batata-doce
e frango. Como podemos identificar qual cesta Gabriel vai escolher? Em
outras palavras, qual escolha traz mais utilidade para ele?
Relembrando
Os consumidores querem escolher cestas de consumo que maximizem
a sua utilidade total dada uma determinada restrição orçamentária.
O tipo de escolha que estudaremos recebe o nome de cesta de
consumo ótima. Para descobrirmos a cesta que satisfaz essa condição
para Gabriel, precisamos analisar, entre as cestas de consumo factíveis,
qual delas conta com a combinação de bens (isto é, frango e batata-
doce) que lhe rende mais utilidade.

A tabela a seguir aponta o grau de utilidade que os diferentes consumos
de frango e batata-doce geram para ele. De acordo com ela, quanto mais
Gabriel consumir de cada um dos bens, maior será a sua utilidade.
Assim, para maximizar sua utilidade, ele deve escolher a combinação
dos dois bens que lhe gera maior utilidade total, isto é, a soma das
utilidades geradas pelo consumo de cada bem.
Contudo, Gabriel tem uma restrição orçamentária e deve enfrentar um
trade off entre frango e batata-doce: para obter mais de um, ele deve
consumir menos de outro.
Utilidade do consumo de frango Utilidade do con
Quantidade de
frango (kg)
Utilidade do frango
(util)
Quantidade de
batata (kg)
0 0 0
1 20 1
2 30 2
3 35 3
4 37 4
5 38 5
6
7
8
9
10
Tabela: Diferentes graus de utilidade do consumo de frango e batata-doce.
Mariana Stussi Neves.
A próxima tabela indica as cestas sobre a reta orçamentária de Gabriel
conforme ele desliza para baixo nessa reta. Todas as cestas nessa
tabela custam o mesmo que a renda total de Gabriel, ou seja, R$ 30.
Suas colunas apontam as combinações de quantidade de cada bem em
cada cesta e as respectivas utilidades, além da utilidade total de cada
cesta na última coluna:
Cesta de consumo
Quantidade de
frango (kg)
Utilidade do fran
(util)
A 5 38
B 4 37
C 3 35
D 2 30
E 1 20
F 0 0
Tabela: Cestas de consumo sobre a reta orçamentária de Gabriel.
Mariana Stussi Neves.
A cesta de consumo ótima recai sobre a sua reta orçamentária. Ou seja,
são cestas em que os valores são iguais ao total da renda de Gabriel.
Essa cesta é a combinação dos dois bens que atingem o consumo com
a utilidade máxima, gastando toda a renda de R$ 30.
Conforme podemos observar na tabela, a cesta de consumo que
maximiza a utilidade total de Gabriel é a D, com 2 kg de frango e 6 kg de
batata-doce. Com ela, Gabriel obtém a utilidade total de 87 utils, índice
maior que o de qualquer outra cesta.
Perceba que, nas combinações das cestas à esquerda de D (A, B e C), ou
seja, com menos batata-doce e mais frango, a utilidade cresce à medida
que Gabriel dispensa frango por mais batata-doce. A partir da cesta D (E
e F), cestas que contêm mais batata-doce e menos frango, a utilidade
total começa a reduzir. Assim, podemos dizer que a cesta de consumo D
atinge o consumo ótimo, pois é a que melhor resolve o trade off entre o
consumo de frango e o de batata. A cesta D é, portanto, a que maximiza
sua utilidade total, (indicada na última coluna da tabela).
Acompanhe o gráfico que ilustra arelação entre as cestas da reta
orçamentária de Gabriel e a sua utilidade total:
Gráfico: Cestas da reta orçamentária e utilidade total de Gabriel.
Escolha ótima do consumidor
Confira, neste vídeo, como é definida a escolha ótima do consumidor,
explicando como ele compra as quantidades das mercadorias que lhe
proporcionam o máximo de satisfação e alcança o equilíbrio em suas
decisões de consumo.
Análise marginal
No exemplo anterior, descobrimos o topo da curva de utilidade total de
Gabriel usando a observação direta. No entanto, a construção dessa
curva pode ser muito trabalhosa. Em geral, a análise marginal é uma
ferramenta mais rápida e eficiente para resolver o problema da escolha
ótima.
Sabemos que Gabriel toma uma decisão sobre o montante de batata-
doce a ser consumido levando em conta o seguinte:


Quanto mais batata-
doce ele consumir...

... menos frango ele
poderá comprar.
Aplicando a análise marginal, podemos verificar que sua decisão passa
a ser em torno do gasto de um real marginal, ou seja, a maneira de
alocar uma unidade adicional de moeda entre as duas iguarias. Para
isso, primeiro, devemos nos perguntar:
Quanto de utilidade adicional Gabriel irá ganhar ao gastar um real a mais
em frango ou batata? Ou melhor, quanto de utilidade marginal por real a
mais isso rende?
Esta tabela indica o cálculo da utilidade marginal (Umg) por real gasto
em frango ou batata:
(a) Frango (pf = R$6 por kg)
Qtd. de frango (kg)
Utilidade do frango
(util)
Umg/kg de frang
(util)
0 0 -
1 20 20
2 30 10
3 35 5
4 37 2
5 38 1

(a) Frango (pf = R$6 por kg)
Tabela: Utilidade marginal (Umg) por real gasto em frango ou batata.
Mariana Stussi Neves.
A tabela está dividida em dois painéis, um para cada bem. Observe as
características das colunas de cada painel:
1ª e 2ª colunas
Apresentam a quantidade total do alimento consumido e a utilidade
total referente a quantidade total consumida.
3ª coluna
Mostra a utilidade marginal de cada bem, i. é., o aumento de utilidade
que Gabriel tem ao consumir uma unidade a mais de um dos bens.
4ª coluna
Exibe a utilidade marginal por real para cada bem.
O valor da utilidade marginal por real (Umg por real) é obtido dividindo a
utilidade marginal pelo preço em reais de cada unidade do bem: R$ 6
por quilo de frango e R$ 3 pelo de batata-doce. Como podemos
observar, assim como a utilidade marginal de ambos diminui à medida
que Gabriel aumenta o montante consumido de cada bem, a utilidade
marginal por real também decresce.
Isso significa que, em virtude da utilidade marginal decrescente de
Gabriel, cada real a mais gasto lhe rende menos utilidade extra que o
anterior.
Denotando respectivamente por a utilidade marginal por
quilo de batata-doce e de frango, a utilidade marginal por real de cada
bem é igual a:
Veja a seguir as curvas de utilidade marginal por real gasto em cada
bem:
U
mg
F
 e Um
B
 Utilidade marginal por real gasto em um bem  =
 utilidade marginal do bem 
 preço de uma unidade do bem 
=
Gráfico: Curvas de utilidade marginal por real gasto em cada bem.
Já observamos em outra tabela que D (a cesta ótima de consumo de
Gabriel) é composta por de frango e de batata, correspondendo
aos pontos em cada painel. Repare que, nesse ponto, a
utilidade marginal por real gasto para cada bem é igual:
Isso não é apenas uma coincidência. Para provar, vamos analisar outra
cesta de consumo factível para Gabriel.
Na cesta C, a utilidade marginal de cada bem por real está representada
na figura pelos pontos e . Além disso, a Umg de Gabriel por real
gasto em frango é ; já em batata-doce, é . Esse dado revela que
ele está consumindo muito frango e pouca batata.
Por que isso acontece?
Se a utilidade marginal por real gasto em batata-doce é maior que a de
frango, isso indica que ele pode melhorar sua situação mantendo o
próprio orçamento. Basta:
Gastar 1 real a menos em frango e 1 real a mais em batata-doce, o
que adiciona 2.7 utils em sua utilidade total com a batata-doce e
reduz 0.8 utils com o frango. No total, Gabriel ganhará 1.9 utils
fazendo essa troca.
Continuar procedendo dessa maneira até que a utilidade marginal
dos dois bens se iguale. Neste ponto, não será mais vantajoso
trocar um real a mais de um bem pelo outro.
Ao escolher seu pacote de consumo ótimo, a utilidade marginal
por real gasto em frango e batata-doce será igual.
Essa regra constitui um princípio básico da teoria da escolha do
consumidor: a regra de consumo ótimo. Quando um consumidor
maximiza a sua utilidade total de acordo com a sua restrição
orçamentária, a utilidade marginal por unidade de moeda gasta em cada
bem ou serviço, que compõe a sua cesta de consumo, é igual.
2kg 6kg
D
F
eD
B
Umg
f
/P
f
= Umg
b
/p
b
= 1.7
C
F
C
B
0.8 2.7
De forma matemática, para qualquer um dos bens b e f, a regra do
consumo ótimo frisa que, na cesta ótima de consumo, ocorre o seguinte
cálculo:
É mais fácil compreender essa regra quando a cesta de consumo tem
apenas dois bens, mas ela poderá ser aplicada a qualquer quantidade de
bens e serviços que o consumidor comprar, afinal, na cesta ótima de
consumo, as utilidades marginais por real gasto em cada um dos bens
são iguais.
Análise marginal
Acompanhe, neste vídeo, como interpretar a análise marginal e sua
relação com os preços dos bens no mercado, esclarecendo como essa
abordagem impacta as decisões de consumo.
Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1
Sobre a função utilidade, assinale a afirmativa falsa.
Umg
b
p
b
=
Umg
f
p
f

A
A função utilidade mostra a relação entre a cesta de
consumo e a utilidade total gerada por ela.
Parabéns! A alternativa B está correta.
O princípio da utilidade marginal decrescente aponta que a
inclinação da função utilidade diminui à medida que a quantidade
de bens aumenta, mas não que essa inclinação é negativa. A curva
de utilidade marginal possui uma inclinação negativa, pois cada
unidade a mais de bem rende uma utilidade menor que a anterior. A
razão por trás dessa inclinação é o princípio da utilidade marginal
decrescente.
Questão 2
Sobre a cesta de consumo ótima, assinale a afirmativa verdadeira.
B
O princípio da utilidade marginal decrescente
implica que a inclinação da função utilidade é
negativa.
C
Para maximizar a utilidade, o consumidor considera
a utilidade marginal de consumo de uma unidade a
mais de um bem ou serviço.
D
Utilidade é uma medida de satisfação do indivíduo
ao consumir, sendo expressa na unidade chamada
de utils.
E
O princípio da utilidade marginal decrescente
implica que a inclinação da função utilidade reduz à
medida que a quantidade aumenta.
A
A cesta ótima do consumidor racional recai abaixo
da sua reta orçamentária.
B
A cesta ótima do consumidor racional é a que
maximiza sua utilidade marginal para cada bem.
Parabéns! A alternativa D está correta.
A alternativa A é falsa pelo fato de a cesta ótima recair sobre a sua
reta orçamentária para que o consumidor gaste toda a sua renda
disponível. A alternativa B é falsa, já que a cesta ótima maximiza a
sua utilidade total, e não a marginal. A alternativa C não é
verdadeira, pois a definição de cesta ótima de consumo diz que a
cesta é ótima dada uma restrição orçamentária. Para os
consumidores, consumir mais de um bem aumenta a sua utilidade;
portanto, a alternativa E também está incorreta.
2 - Curvas de indiferença
Ao �nal deste módulo, você será capaz de reconhecer as curvas de indiferença e suas
propriedades .
C
Na cesta ótima do consumidor racional, o
consumidor maximiza a sua utilidade
independentemente de sua restrição orçamentária.
D
Na cesta ótima do consumidor racional, as
utilidades marginais por real gasto em cada um dos
bens são iguais.
E
A cesta ótima do consumidor racional é formada
apenas pelo bem que tem o consumo que gera mais
utilidade.
Função de utilidade total
O conceito de função utilidade é responsávelpor determinar a utilidade
total do consumidor dada a sua cesta de consumo. A utilidade total de
alguém varia quando mudamos o número de itens consumido, ou seja, a
quantidade consumida de um bem.
Entretanto, estudando o problema de escolhas, podemos perceber que a
decisão pela cesta de consumo ótimo envolve o dilema de como alocar
o último real gasto entre dois bens.
Vejamos agora o caso de Ana, que consome apenas cerveja e drinks
(coquetéis) quando vai ao bar. Como seria a função utilidade dela para
esses dois bens?
Uma possibilidade (complicada!) é fazer um gráfico acrescido de um
terceiro eixo para o segundo bem.
Ana consumindo uma cerveja no bar.
O gráfico 1 (a) ilustra um morro de utilidade tridimensional:
Gráfico 1: Mapa da função utilidade.
Observe as correspondências dos eixos:
A quantidade de drinks consumidos.
A quantidade de drinks consumidos.
Vertical
Número de latinhas de cerveja ingerida.
No gráfico, podemos perceber que a altura do morro, indicada por uma
linha de contorno constante por ponto, mede a quantidade de utilidade
gerada por combinações de consumo ao longo de cada linha de
contorno. Todos os pontos ao longo de uma linha do tipo geram o
mesmo retorno em utilidade para Ana.
Com quatro latinhas de cerveja e dois drinks, o ponto (a) gera 20 utils
para Ana, enquanto (b), com uma latinha e seis drinks, consegue a
mesma quantia. No entanto, não existe apenas uma forma de
representar a relação entre utilidade total e consumo de dois bens.
Assim como ocorre na geografia e seus mapas topográficos, é possível
fazer a representação da superfície tridimensional em curvas de nível
em apenas duas dimensões.
Trata-se do gráfico 1 (b), que vimos juntamente com o gráfico 1 (a).
Nele, as linhas de contorno que mapeiam as cestas de consumo do
gráfico 1 (a) estão representadas como curvas achatadas em um plano
cartesiano. Os economistas definem como curvas de indiferença as que
geram a mesma quantidade de utilidade total para diferentes
combinações de bens.
Um indivíduo é indiferente em relação a duas cestas
que estão sobre a mesma curva de indiferença, já que
elas lhe rendem a mesma utilidade.
Dadas as preferências de um consumidor, existe uma curva de
indiferença para cada nível de utilidade total. A curva de indiferença I ,
destacada no gráfico (b), mostra as cestas que geram 20 utils. As outras
duas curvas, e , respectivamente, geral 10 e 40 utils. Entretanto,
existem ainda outras infinitas curvas de indiferenças de Ana que não
estão representadas nos gráficos.
Observe com atenção o gráfico (b) e verifique por que o consumidor é
indiferente entre as cestas de consumo A e B. Elas estão na mesma
curva de indiferença, gerando, portanto, o mesmo nível de utilidade!
Veja agora as propriedades dessas curvas no gráfico a seguir. Embora
diferentes indivíduos tenham preferências únicas e nunca apresentem o
I
2
(I
1
I
3
)
mesmo conjunto de curvas de indiferença, os economistas acreditam
que elas apresentem algumas propriedades gerais.
Gráfico 2: Curvas de indiferença.
Agora, vamos analisar cada uma das curvas de indiferença do gráfico 2:
Se duas curvas de indiferença com diferentes níveis de utilidade
se cruzassem, qual seria o nível de utilidade da cesta de
consumo quando elas se cruzam? Seria diferente pelas curvas
serem díspares? Ou ele seria igual por uma cesta de consumo ter
um só nível de utilidade total? Essa inconsistência indica que
curvas de indiferença diferentes não podem de cruzar.
Partimos do princípio de que mais é melhor. Assim, quanto maior
a quantidade dos dois bens, mais para “fora" a curva de
indiferença está situada.
Quanto mais um determinado bem é consumido, mais alta é a
utilidade que o indivíduo recebe. Portanto, quanto mais um
consumidor recebe de um bem, menos ele irá receber de outro
para manter-se na mesma curva de indiferença. O diagrama no
painel (c) ilustra o que aconteceria se uma curva de indiferença
tivesse inclinação para cima (positivamente inclinada): se
aumentássemos as quantidades dos dois bens,
permaneceríamos na mesma curva. Isso é incompatível com
nosso pressuposto de que mais é melhor, pois se um indivíduo
(a) – Curvas de indiferença nunca se cruzam 
(b) – Quanto mais distante da origem, maior a utilidade
total da curva 
(c) – Curvas de indiferença, em geral, são negativamente
inclinadas 
recebe mais dos dois bens, a utilidade dessa cesta deve ser
maior e nunca pertencer a mesma curva de indiferença.
O diagrama (d) atesta que a inclinação da curva diminui à
medida que deslizamos para baixo e para a direita. Quando o
indivíduo consome muito do bem 2 e pouco do 1 (ponto A), ele
aceita trocar uma quantidade maior do bem 2 para receber um
pouco mais do 1. Quando o indivíduo consome muito do bem 1,
mas pouco do 2 (ponto B), ele aceita trocar uma quantidade
maior do 1 para receber um pouco mais do 2.  Desse modo, a
inclinação da curva de indiferença é maior no ponto A do que em
B. O atributo da convexidade se deve ao princípio da utilidade
marginal decrescente: na prática, indivíduos preferem médias
(cestas com um pouco dos dois bens) a extremos (cestas com
muito de um bem e pouco do outro). Geometricamente, a
convexidade significa que um segmento de reta ligando dois
pontos da curva de indiferença fica inteiramente em uma região
de utilidade maior.
O arco da curva vai em direção à origem. Além disso, a inclinação dela é
maior em cima do que embaixo. Esse atributo se deve ao princípio da
utilidade marginal decrescente: na prática, indivíduos preferem médias
(cestas com um pouco dos dois bens) a extremos.
Função de utilidade total
Neste vídeo, assista ao conceito de função utilidade total e entenda
como as diferentes combinações desses bens influenciam sua utilidade
e como isso se representa em gráficos e curvas de indiferença.
(d) – Curvas de indiferença são convexas 

Taxa marginal de substituição e a
condição de tangência
As curvas de indiferença são inclinadas para baixo (negativamente
inclinada). Também observamos que sua inclinação diminui à medida
que deslizamos para baixo delas. A inclinação da curva de indiferença
em cada ponto está diretamente relacionada aos termos do trade-off
enfrentado por um consumidor.
O gráfico a seguir representa uma curva de indiferença de Ana:
Gráfico 3: Curvas de indiferença de Ana.
Na curva , se Ana se move da cesta A para a B, ela precisa renunciar a
duas unidades de cerveja para ter um drink adicional para manter a
utilidade total. Porém, estando mais à direita da curva (no ponto C), se
ela renunciar a apenas uma cerveja, ela terá de tomar mais quatro drinks
para manter a utilidade total.
Isso ilustra que, quando se move para baixo e para a direita da curva de
indiferença, ocorre o seguinte:
Ana troca mais de um bem por menos de outro.
Os termos desse trade-off, ou seja, a razão entre drinks adicionais
consumidos e cervejas renunciadas, são escolhidos para manter a
sua utilidade total constante.
Reformulando os trade-off examinados em termos de inclinação,
podemos calcular a inclinação em diferentes pontos da mesma curva de
indiferença. A inclinação da curva de indiferença entre A e B da figura
que acabamos de ver é (duas cervejas por um drink) e a inclinação
dessa curva entre os pontos C e D é (uma cerveja por quatro drinks).
A inclinação da curva de indiferença diminui à medida que deslizamos
para a direita e a curva vai se tornando mais achatada.
Por que os trade-offs mudam ao longo da curva de
indiferença?
Isso se deve ao ponto inicial de Ana e ao princípio da utilidade marginal
decrescente. Analisando o caso intuitivamente, no ponto A ela tem
muita cerveja e poucos drinks.
Quanto à sua utilidade marginal, verifica-se que:
A utilidade das últimas unidades de cerveja é relativamente
pequena se comparada às primeiras unidades dela.
A utilidade de uma unidade adicional de drinks é relativamente
alta, já que Ana só consome uma unidade deles na cesta A, ou
seja, aindaestá nas unidades iniciais de consumo de drinks.
Ao deslizar para a direita da curva, Ana está perdendo em
consumo de cerveja e ganhando no de drinks ― e esses dois
efeitos precisam se anular entre si.
Ao longo da curva de indiferença, a mudança na utilidade total por causa
de menos consumo de cerveja  Mudança na utilidade total por mais
consumo de drinks = zero (nível de utilidade estável).
À medida que Ana se move para a direita da curva de indiferença, assim
como faz sua posição inicial, o trade-off dos dois bens muda, uma vez
que a utilidade marginal do consumo de um bem adicional também é
modificada. No exemplo da mudança do ponto C para o D, a situação
inicial de Ana é inversa à da mudança de A para B: ela já consome
alguns drinks e pouca cerveja. Desse modo, a utilidade marginal que ela
perde renunciando uma unidade de cerveja é relativamente alta,
enquanto a de consumir um drink a mais é relativamente baixa.
Utilizando as notações e para denotar respectivamente
as utilidades marginais de cerveja e drinks e representar as mudanças
no consumo de ambos, podemos formalizar esse mecanismo com o
emprego de equações. De forma geral, a mudança na utilidade total
gerada pela variação no consumo de um bem é igual a utilidade
marginal do consumo desse bem (Umg) multiplicada pela variação da
quantidade consumida . Assim:
Umg
C
Umg
D
(ΔQ)
Mudança na utilidade total devido à variação no consumo de
cervejas 
Mudança na utilidade total devido à variação no consumo de
drinks 
Reescrevendo a equação nos novos termos, fica expresso o seguinte:
Rearranjando a equação, obtemos:
Perceba o sinal de negativo do lado esquerdo da última equação. Ele
representa a perda de utilidade devido à redução do consumo de
latinhas de cerveja, o qual, por sua vez, deve ser igual ao ganho de
utilidade proveniente do aumento do número de drinks no lado direito da
equação.
Devemos entender a relação dessas mudanças com a inclinação da
curva de indiferença. Dividindo os dois lados da equação 2 por \Delta
Q_D e por \Delta Q_C, encontramos:
Na equação, temos:
Lado esquerdo
Menos a inclinação da
curva de indiferença é a
taxa pela qual Ana está
disposta a trocar uma
quantidade de cerveja
por outra de drinks.
Lado direito
Razão entre a utilidade
marginal de drinks e a
de cerveja — ou seja, a
razão entre o que Ana
ganha a mais de
utilidade com aqueles e
com essa.
A razão entre as utilidades marginais do lado direito da equação anterior
é conhecida como taxa marginal de substituição (TMS). Substituição,
no caso específico, refere-se aos drinks no lugar das cervejas. Juntando
tudo isso, vemos que a inclinação da curva de indiferença de Ana é
= Umg
c
×ΔQ
C
= Umg
D
×ΔQ
D
Umg
C
×ΔQ
C
+ Umg
D
×ΔQ
D
= 0
−Umg
C
×ΔQ
C
= Umg
D
×ΔQ
D
−ΔQ
C
/ΔQ
D
= Umg
D
/Umg
C

exatamente igual à razão entre a utilidade marginal de um drink e a de
uma cerveja, ou à sua TMS.
Relembrando
A inclinação das curvas de indiferença diminui quando movemos para
baixo e para a direita, o que as torna mais achatadas. Logo, se o lado
esquerdo da equação está diminuindo, essa redução deve acontecer no
direito para satisfazer a igualdade. Quando deslizamos para a direita, o
que acontece na prática é o seguinte: a razão entre a U m g_D e a U m
g_C diminui. Verificamos isso na análise intuitiva da utilidade marginal
decrescente dos bens.
A redução da inclinação das curvas de indiferença no gráfico reflete a
lógica da utilidade marginal decrescente e é denominada taxa marginal
de substituição decrescente. Em termos gerais, ela informa que um
indivíduo que consome poucas unidades do bem C, mas muitas de D,
está disposto a trocar uma quantidade grande do bem D por uma
unidade a mais do C, e vice-versa.
A condição de tangência
De que forma os conceitos de curva de indiferença e TMS se relacionam
com o que vimos de restrição orçamentária e cesta ótima?
Atividade discursiva
Ana só pode gastar R$ 40 quando sai. O preço da latinha de cerveja é R$
5 e o de um drink, R$ 8.
Qual é a cesta ótima de consumo de Ana?
Digite sua resposta aqui
Chave de resposta

Gráfico 4: Indiferença de Ana e sua restrição orçamentária.
Para responder a essa pergunta, devemos analisar as
curvas de indiferença representadas por I1, I2 e I3 no
diagrama.
A representada por I3 é a utilidade máxima que Ana
gostaria de ter. No entanto, não é possível alcançá-la, uma
vez que todas as cestas de consumo dessa curva de
indiferença estão acima de sua reta orçamentária. Portanto,
Ana está limitada por sua renda.
Ana tampouco deveria escolher as cestas da curva de
indiferença I1, pois, embora as cestas entre os pontos B e C
ao longo dessa curva sejam factíveis, há outras cestas de
consumo que lhe geram mais utilidade e que cabem em sua
renda.
Veja o caso da cesta A: assim como B e C, ela está sobre a
sua reta orçamentária, porém, gera mais utilidade que
ambas por estar na curva de indiferença I2, ou seja, mais
afastada da origem que a curva I1.
De fato, a cesta de consumo A é a escolha ótima de Ana,
com três latinhas de cerveja e três drinks. Ela está na curva
de indiferença mais afastada que Ana pode alcançar dada a
sua renda.
Na cesta ótima, a reta orçamentária apenas toca a curva de
indiferença mais afastada, sendo tangente em relação a ela.
Essa é a chamada condição de tangência, que é aplicada
quando as curvas de indiferença são convexas.
Taxa marginal de substituição e a
condição de tangência
Acompanhe, neste vídeo, a taxa marginal de substituição (TMS) e os
trade-offs entre dois bens, influenciados pela utilidade marginal
decrescente, e como esses conceitos se relacionam com a restrição
orçamentária e a cesta de consumo ótima.
Preços e taxa marginal de
substituição
No ponto de tangência entre a curva de indiferença e a reta
orçamentária, ou seja, a cesta ótima, a curva de indiferença tem a
mesma inclinação da reta orçamentária.
Retomando a equação representada anteriormente, temos que:
Inclinação da curva de indiferança = -UmgD/UmgC
Na cesta ótima, podemos substituir a inclinação dessa curva pela da
reta orçamentária, pois já vimos que ambas são iguais nesse ponto.
Assim:
Inclinação da reta orçamentária = -UmgD/UmgC
Relembrando

Inclinação da reta orçamentária é exatamente a razão de preços —
pd/pc
Juntando as duas equações, chegamos à regra do preço relativo:
A razão entre as utilidades marginais dos bens é chamada de TMS, e
obtemos uma regra geral para a cesta ótima de consumo: a taxa
marginal de substituição é igual à razão entre os preços dos dois bens.
Preços e taxa marginal de
substituição
Confira, neste vídeo, como na cesta ótima de consumo a inclinação da
curva de indiferença iguala-se à inclinação da reta orçamentária, além
da relação entre a taxa marginal de substituição (TMS) e os preços dos
dois bens.
Efeitos de uma variação no preço e
na renda
O que vai acontecer se o preço de um dos bens mudar? Você ainda se
lembra do estudo de caso envolvendo Ana, certo? Suponha que, por
alguma razão, o bar que Ana frequenta resolva aumentar os preços dos
drinks. Agora, em vez de R$ 8, eles custam R$ 20. Como essa mudança
vai afetar a escolha de consumo dela?
Umg
D
Umg
C
=
p
D
p
C
,  na cesta ótima de consumo. 

Com o aumento dos preços dos drinks, ela vai consumir menos
unidades do que antes, mas, como o preço da cerveja se manteve, Ana
ainda pode consumir a mesma quantidade máxima dessa bebida. O
painel (a) da imagem a seguir destaca a nova reta orçamentária de Ana
(RO2) e a inicial (RO1):
Mariana Stussi Neves.
A inclinação da reta orçamentária de Ana mudou. Isso ocorre porque o
preço relativo dos drinks em termos de cervejas subiu, isto é, a razão
pd/pc aumentou em seu valor absoluto.
A RO de Ana agora intercepta o eixo horizontal em 2, que é o número
máximo de drinks que ela pode consumir. Sua cesta ótima de consumo
inicial consistia em três cervejas e três drinks, o que agora deixou de ser
factível,já que essa quantidade está acima de sua reta orçamentária.
Para lidar com a nova situação, Ana terá que escolher uma nova cesta
de consumo ótima ao eleger um ponto na RO2 que toque a curva de
indiferença mais afastada possível. É o que mostra o painel (b) da
imagem: sua nova cesta ótima será de B, com quantro cervejas e um
drink.
Resta uma dúvida: se o preço dos drinks permanecer
constante, mas a renda direta de Ana mudar, o que
acontecerá?
Suponha que ela recebeu um aumento salarial, podendo gastar agora R$
80 no bar. Apesar disso, a inclinação de sua reta orçamentária não
muda, pois os preços dos bens permaneceram iguais. No entanto, Ana
agora terá mais dinheiro para gastar tanto em cerveja como em drinks.
Acompanhe os gráficos a seguir!
Mariana Stussi Neves.
Os dois interceptos de sua reta orçamentária mudam, pois ela tem
maior poder aquisitivo. Assim, sua reta orçamentária inteira se desloca
para fora, afastando-se da origem. Ana pode escolher outra cesta de
consumo, ou seja, uma que toque sua nova reta orçamentária RO2. Isso
consequentemente aumentará o seu consumo.
Ana consome mais os dois bens quando sua renda aumenta: o
consumo de drinks sobe de três (cesta A) para seis (B); o de cerveja, de
três para seis latinhas. Isso é possível porque, em sua função utilidade,
ambos constituem bens normais, isto é, aqueles que tem uma demanda
que varia positivamente de acordo com a variação da renda.
Efeitos de uma variação no preço e
na renda
Veja, neste vídeo, como a mudança nos preços ou na renda afeta a
escolha de consumo de um indivíduo e sua utilidade total.
Substitutos e complementos

perfeitos
Algumas vezes, a preferência pela combinação de dois bens pode ter
algum tipo de relação.
Exemplo
Se Pedro toma exclusivamente café com açúcar e, a cada xícara, ele
coloca duas colheres de açúcar, existe uma relação complementar entre
os dois bens. Por outro lado, se Pedro gosta tanto de mate como de
guaraná, ele pode substituir um pelo outro. Isso resulta em diferentes
formatos da curva de indiferença.
No primeiro caso, quando um consumidor quer consumir dois bens na
mesma proporção, eles são chamados de complementos perfeitos.
Como dissemos, Pedro só gosta de tomar uma xícara de café
acompanhada de duas colheres de açúcar. Uma xícara extra sem açúcar
não lhe oferece utilidade adicional, tampouco uma colher extra sem
café.
O gráfico (a) da imagem a seguir indica as curvas de indiferença de
Pedro para xícaras de café e colheres de açúcar:
Mariana Stussi Neves.
As curvas vistas no gráfico formam ângulos retos, pois uma unidade
adicional de cada bem fora da proporção 1:2 não lhe dá mais utilidade, o
que significa que ele permanece na mesma curva de indiferença.
Somente um aumento dos dois bens na proporção de sua preferência
faria Pedro dar “um salto” nas suas curvas de indiferença. O diagrama
(a) ainda evidencia:
Reta orçamentária de Pedro (em cinza).
Cesta A tangenciando a reta (sua cesta de consumo ótimo).
Note que a inclinação da reta orçamentária não afeta o consumo
relativo de café e açúcar de Pedro. Ele consome ambos sempre na
mesma proporção, independentemente de seu preço. Repare ainda que,
no ponto A, as curvas de indiferença sofrem uma mudança abrupta de
inclinação: da esquerda para a direita, a curva deixa de ser vertical,
passando a ser horizontal.
O que acontece com a taxa marginal de substituição?
No caso de complementos perfeitos, essa taxa marginal é indefinida,
pois o consumidor não está disposto a fazer qualquer substituição entre
os dois bens.
Já o diagrama (b) da figura anterior aponta as curvas de indiferença de
Pedro para o segundo caso: gostar tanto de mate como de guaraná, ou
seja, os dois bens lhe conferem a mesma utilidade. Como ele está
sempre disposto a substituir a mesma quantidade de um item pela de
outro, suas curvas de indiferença são linhas retas, e sua taxa marginal
de substituição é constante (afinal, a TMS é a inclinação da CI, que é
uma reta. Logo, trata-se de uma constante).
O painel (b) também destaca a reta orçamentária de Pedro: quando ela
tem inclinação diferente das curvas de indiferença, como é o caso, essa
curva vai encostar na reta em um dos eixos. Desse modo, ele consumirá
apenas o bem:
Mais barato.
A maior quantidade possível do que ele puder comprar, como o
mate (indicado pela cesta b).
Composta apenas por um dos bens, a cesta b é um tipo de cesta ótima
e chamada pelos economistas de solução de canto.
Porém, o que aconteceria se a inclinação da reta orçamentária de Pedro
fosse igual à da própria reta? Uma de suas curvas de indiferença a
tocaria em todos os seus pontos, de modo que qualquer cesta sobre a
reta de Pedro seria uma cesta ótima.
Bens substitutos e complementares
Neste vídeo, assista às diferentes formas das curvas de indiferença para
bens complementares e substitutos perfeitos, destacando como as
proporções fixas de consumo e a capacidade de substituição
influenciam as escolhas de consumo e a taxa marginal de substituição.

Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1
Sobre as curvas de indiferença, assinale a alternativa falsa.
Parabéns! A alternativa A está correta.
Na verdade, as curvas de indiferença do consumidor racional são
convexas. A inclinação de uma curva de indiferença diminui à
A
As curvas de indiferença de um consumidor racional
são côncavas.
B
As curvas de indiferença geram a mesma
quantidade de utilidade total para diferentes
combinações de bens.
C
Existe uma curva de indiferença para cada nível de
utilidade total.
D
As curvas de indiferença mais distantes da origem
oferecem mais utilidade.
E
As curvas de indiferença nunca se cruzam no
gráfico.
medida que deslizamos para baixo e para a direita. Isso se deve ao
princípio da utilidade marginal decrescente.
Questão 2
Sobre a taxa marginal de substituição, assinale a alternativa falsa.
Parabéns! A alternativa D está correta.
A taxa marginal de substituição será decrescente se os dois bens
tiverem uma utilidade marginal também decrescente. Isso se dá
pelo fato de o trade-off entre ambos mudar ao longo da curva.
Assim, um consumidor vai exigir cada vez mais do bem 2 para
compensar cada unidade do 1, ao qual ele renuncia à medida que a
quantidade daquele aumenta em relação à consumida do outro.
A
No ponto de tangência entre a curva de indiferença
e a reta orçamentária, a taxa marginal de
substituição é igual à inclinação dessa reta.
B
A taxa marginal de substituição é a razão entre as
utilidades marginais de dois bens.
C
A inclinação da curva de indiferença é igual à taxa
marginal de substituição.
D
Quando dois bens têm uma utilidade marginal
decrescente, a taxa marginal de substituição é
crescente.
E
Curvas de indiferença de bens perfeitamente
complementares podem ser representadas com
ângulos retos.
3 - Tipos de custo
Ao �nal deste módulo, você será capaz de distinguir os tipos de custo da �rma e suas
aplicações.
Custos e insumos
A teoria da firma é outra importante subárea da microeconomia, porque
fornece os instrumentos necessários para estudar as decisões
produtivas de firmas individuais.
Firmas são entidades juridicamente constituídas que
adquirem fatores de produção e os transformam em
produtos acabados para serem vendidos com objetivos
lucrativos.
Para estudar as firmas, são utilizados os instrumentos de análise da
teoria da firma para responder questões do tipo:
Por que algumas firmas se dedicam à tecnologia da informação e
outras ao agronegócio?
Que tamanho devem ter as firmas e quanto produzir de cada
produto ou serviço?
Questões de análise da teoria da firma adquirem importância ainda
maior, pois são as teorias da produção e do custo de produção que se
qualificam para melhor respondê-las. Uma distinção essencial que
faremos na teoria da produção será entre decisões de curto e longo
prazo.
No curto prazo, a quantidade de, pelo menos, um dos fatores de
produção não podeser alterada. Em geral, a quantidade de capital é fixa.
Isso ocorre porque não é possível aumentar o tamanho de uma fábrica
ou mesmo o número de máquinas de um dia para o outro. O fator
trabalho, por sua vez, é variável, pois é possível contratar ou demitir
trabalhadores praticamente a qualquer momento.
Já no longo prazo, todos os fatores de produção são variáveis, inclusive
o capital. Repare que o prazo (em meses ou anos) necessário para se
alcançar o longo prazo varia de setor para setor.
Teorias da produção e do custo de produção
Tratam do processo de produção. A teoria da produção aborda apenas de
relações físicas, enquanto a teoria dos custos de produção envolve também
os preços dos insumos.
Exemplo
Na extração de petróleo, podem-se levar vários anos até atingir o longo
prazo (talvez devido à demora para construção de uma nova plataforma
de petróleo), enquanto no caso de uma sorveteria, tal prazo pode ser
bastante curto.
Já a função de produção da firma é a relação entre a quantidade de
produto fabricada por ela e seu montante de insumos. Um exemplo de
insumo é o número de trabalhadores da firma. O custo seria, então, o
salário deles.
Para uma melhor compreensão desses conceitos, tomaremos a fábrica
de Luísa como exemplo. Por questão de simplicidade, vamos supor que
ela:
Produz apenas um produto: automóveis.
Usa somente dois insumos: capital (máquinas) e trabalho.
Possui apenas um tipo de máquina.
Conta com trabalhadores da mesma qualidade, isso é, com as
mesmas capacidades para executar o seu trabalho.
Luísa paga o aluguel de 20 máquinas que operam em sua fábrica. No
momento, ela não tem capacidade para alugar mais nem menos
máquinas, pois já assinou contrato com o locatário delas. Isso é
conhecido como insumo fixo, pois sua quantidade é a mesma e não
pode variar ― ao menos, não no curto prazo.
No entanto, Luísa pode escolher quantos trabalhadores irá contratar.
Esse outro tipo de insumo é denominado variável, pois com ele, uma
firma pode variar a sua quantidade a qualquer momento.
A rigidez do montante dos insumos, se eles são fixos ou variáveis,
depende, na verdade, do horizonte de tempo.
Luísa monitorando a produção de automóveis em sua fábrica.
No longo prazo, passado um tempo suficientemente grande, as firmas
podem ajustar a quantidade de qualquer insumo.
Lembre-se: não existem insumos fixos no longo prazo, mas apenas no
curto.
Exemplo
Após alguns anos ou o tempo do contrato de aluguel de Luísa, ela
poderia negociar outro contrato com o locatário de máquinas e ajustar
sua quantidade de capital fixo.
O número de carros produzido por ela depende de quantos
trabalhadores foram contratados. Cada um — mesmo sem ser muito
eficiente — pode operar as 20 máquinas adquiridas por Luísa. Veja mais
detalhes!

Quando um trabalhador adicional é contratado, as máquinas são
divididas igualmente entre os funcionários.

Quando há dois trabalhadores, cada um opera 10 máquinas.

Se forem três, cada um opera seis máquinas e se reveza nas duas
restantes. E assim por diante.
Se Luísa empregar um número maior de trabalhadores, as máquinas
serão operadas de forma mais intensiva, e dessa forma, mais carros
serão produzidos. A função de produção da firma é a relação entre a
quantidade de trabalho e a de produto (carros) para um dado montante
de insumo fixo (máquinas).
A imagem a seguir informa a função de produção da fábrica de Luísa
em dois formatos (gráfico e tabela):
Gráfico e tabela: Função de produção da fábrica de Luísa.Mariana Stussi Neves.
Denominada curva de produto total da fábrica, a função de produção
revela como uma quantidade de produto depende do montante de
insumo variável para uma dada quantidade de insumo fixo. O eixo
vertical exibe o número de carros produzidos (Y), o eixo horizontal, por
sua vez, o montante de insumo variável, ou seja, o número de
trabalhadores empregados (L).
A curva de produto total está positivamente inclinada, mas sua
inclinação não é constante: à medida que trabalhadores empregados
são acrescentados, o número de carros produzido aumenta, mas esse
acréscimo na produção é cada vez menor. Ou seja, ao deslizarmos para
a direita da curva, ela se tornará mais achatada.
Para entendermos essa mudança na inclinação, vamos observar a
tabela da figura anterior. Ela mostra o produto marginal do trabalho
(PMgL), isto é, a variação na quantidade de produto ao se acrescentar
uma unidade de trabalho. Já possuímos as informações sobre a
quantidade de trabalho para todas as unidades de trabalho para um,
dois e três trabalhadores, e assim por diante.
Dica
Nem sempre é necessário haver uma informação individualizada dessa
maneira. Muitas vezes a quantidade de produto para a variação do
trabalho é conhecida em dezenas (para empresas com 10 ou 20
trabalhadores, por exemplo) ou outros intervalos possíveis.
Para calcularmos o PMgL, podemos usar a seguinte equação:
Ou, mais formalmente, esta:
A inclinação na curva de produto total é igual ao produto marginal do
trabalho. Podemos observar que ele diminui quando mais trabalhadores
são empregados. Portanto, a curva se achata à medida que outros
trabalhadores são contratados.
A razão para isso é simples: em geral, retornos decrescentes de um
insumo ocorrem quando se registra um aumento em sua quantidade.
Porém, mantido constante o montante dos demais insumos, reduz-se o
produto marginal dele.
Exemplo
Pense em uma sorveteria: se só houver uma máquina de sorvete e um
trabalhador operando, a produção pode ser largamente aumentada se
um empregado extra for contratado e eles se revezarem entre fazer
sorvete e atender os clientes. Mas não se ganha muito em produção
contratando 10 empregados com apenas uma máquina, pois não é
possível que todos a operem ao mesmo tempo.
O mesmo ocorre com a fábrica de Luísa. Cada trabalhador adicional
passa a dividir com outros o insumo fixo de 20 máquinas. Isso faz com
que ele não consiga produzir tanto quanto o anterior, portanto, o produto
marginal por trabalhador diminui.
 Produto marginal do trabalho  =
 variação na quantidade de produto 
 variação na quantidade de trabalho 
PMgL = ΔY /ΔL
Demonstração da diminuição do produto marginal por trabalhador.
Atenção!
A hipótese dos retornos decrescentes só é válida caso tudo mais seja
mantido de maneira constante. Se os demais insumos também
pudessem mudar, as curvas de produto total e marginal se deslocariam.
Veja as curvas de produto total (PT) e marginal por trabalhador (PMgL)
na fábrica de Luísa, tanto na situação inicial (20 máquinas) como na
atual (10 máquinas):
Gráfico (a): Produção com 10 e 20 máquinas. Gráfico (b): Produto marginal do trabalho com insumo
fixo de 20 máquinas superior ao de 10.
Acompanhe os detalhes sobre os dois gráficos:
Grá�co (a)
A menos que sejam empregados 0 trabalhadores, PT10, que representa
a produção com 10 máquinas, está situada abaixo de PT20 (20
máquinas), pois, com menos unidades disponíveis, qualquer número de
trabalhadores produz menos carros.
Grá�co (b)
Mostra o exposto no gráfico anterior em termos de produto marginal.
Embora as duas curvas tenham inclinação para baixo, já que o número
de máquinas em cada situação é fixo, PMgL20 fica acima de PMgL10
em todos os pontos, refletindo, assim, que o PMgL é mais alto quando
há mais insumo fixo.
Custos e insumos

Acompanhe, neste vídeo, como as firmas tomam decisões de produção,
analisando os custos e insumos e a utilização do capital fixo e do
trabalho variável para otimizar sua produção.
Curvas de custo
Luísa pode conhecer sua função de produção verificando a relação entre
insumos de trabalho e capital e produção de automóveis. Mas nada
falamos sobre suas escolhas de produção. Em geral, os produtores vão
escolher uma produção que maximize seus lucros.
A definição formal de lucro é: Lucro = receita total - custo total .
Ou, em notação, o lucro é expresso da seguinte forma:
A receita total (RT) é o que um produtor obtém pela produção vendida,ou seja, o preço daquele bem multiplicado pelo montante vendido dele.
Se estamos falando do número de automóveis (qA) e do seu preço (pA),
a receita total é dada pela igualdade:
E o custo total? Como vimos neste material, insumos são custosos e
apresentam dois tipos: fixos e variáveis. Cada insumo vai ter seu custo
ao ser empregado na produção. O do aluguel de máquinas — insumos
fixos, ou seja, que não variam — recebe o nome de custo fixo (CF).
O CF não depende do montante produzido, uma vez que o produtor já
incorre nele quando toma a decisão de produzir, não podendo mudar
sua quantidade — ao menos, não no curto prazo. Já o custo do insumo
variável é denominado custo variável (CV).
Exemplo
π = RT − CT
RT = p
A
× q
A
Os trabalhadores da fábrica da Luísa são um caso de custo variável.
O CV consiste no número de trabalhadores multiplicado pelo seu salário
(que é o custo por unidades de trabalho). Como a quantidade produzida
depende desse número, o custo variável também depende desse
mesmo número. A soma dos custos fixo e variável para um determinado
montante de produto configura, portanto, o custo total (CT) da
fabricação. Essa relação pode ser expressa pela equação:
A tabela a seguir indica como é calculado o custo total da fábrica de
Luísa. Perceba que o CT sobe conforme o número de unidades
produzida aumenta. Isso ocorre por conta do CV: quanto maior for o
montante produzido, maior será o custo total da fábrica.
Quantidade de
carros Y
Quantidade de
trabalho L
Custo variável C
0 0 R$0
13 1 1 000
24 2 2 000
33 3 3 000
40 4 4 000
45 5 5 000
48 6 6 000
50 7 7 000
50 8 8 000
Tabela: Custo total da fábrica de Luísa.
Mariana Stussi Neves.
 Custo total  =  custo fixo  +  custo variável Ou
CT = CF + CV

Curvas de custo
Acompanhe, neste vídeo, como uma empresa consegue otimizar seus
resultados minimizando o custo total para um dado nível de produção.
Custo marginal e médio
Imaginemos agora que Luísa queira fazer uma análise na margem sobre
seus custos e compreender o custo de cada unidade a mais de carro em
sua produção. Assim como acontece no caso do produto marginal, será
mais fácil entender o custo adicional de uma unidade a mais de produto
se tivermos as informações detalhadas para cada unidade. Infelizmente,
esse não é o caso: ela só dispõe desses dados em intervalos de
produção. Exemplo: Zero, 13 e 24 carros.
Vamos analisar então a sorveteria de Mateus. A tabela a seguir detalha,
na primeira coluna, a produção do estabelecimento e os seus custos.
Mateus possui um custo fixo: diariamente, são gastos R$ 125 com
aluguel, máquina etc.
Mateus precisa pagar seus funcionários e os insumos para a feitura do
produto, como açúcar, leite e outros ingredientes. Eles representam o
custo variável (expresso na coluna 3) e dependem de quantos sorvete
são produzidos.
Já o custo total, ou seja, a soma dos custos fixo e variável, figura na
coluna 4:
Mateus trabalhando na sua sorveteria.
Quantidade de
sorvete Y
Custo fixo CF Custo variável C
0 125 0
1 125 5.00
2 125 20.00
3 125 45.00
4 125 80.00
5 125 125.00
6 125 180.00
7 125 245.00
8 125 320.00
Tabela: Soma dos custos fixo e variável.
Mariana Stussi Neves.
Além dessas medidas de custo, existem ainda outras duas muito
usadas pelos economistas:
Custo marginal (CMg)
Custo médio (CMe)
Assim como observamos no produto marginal, o custo marginal é a
variação no custo total ao se acrescentar uma unidade de trabalho (por
exemplo, um trabalhador a mais ou um dia a mais de trabalho). Sua
forma de cálculo também é parecida com a que vimos antes:
O custo médio, por sua vez, possui um cálculo ainda mais simples:
como o próprio nome diz, ele é uma média. Para calculá-lo, basta dividir
o custo total pela quantidade de produto. Veja:
Custo médio ou
As colunas 5 e 6 da tabela referente à sorveteria de Mateus oferecem
respectivamente os custos médio e marginal do estabelecimento. O
marginal aumenta com o número produzido de sorvetes, enquanto o
médio começa alto e diminui à medida que mais unidades são
produzidas. No entanto, a partir da 5ª unidade de sorvete, ele volta a
crescer.
Para compreendermos o comportamento das duas curvas, devemos
observar os gráficos a seguir:
Gráfico: Custos totais da sorveteria do Mateus.
Vamos, agora, analisar os gráficos.
 Custo marginal  =
 variação no custo total 
 variação na quantidade de produto 
 ou 
CM
g
= ΔCT/ΔY
=
 custo total 
 quantidade de produto 
CMe = CT/Y . 
Mostra a curva de CT da sorveteria de Mateus, indicando o seu
aumento com o número de unidades produzida. A inclinação da
curva de CT também não é constante, pois ela se torna cada vez
mais inclinada à medida que se desliza para a direita. Os
retornos decrescentes do insumo variável são a razão para isso.
Contém a curva de custo marginal (CMg) da sorveteria. Como
pudemos ver no caso da curva de produto marginal, que
corresponde à inclinação da curva de produto total, o custo
marginal é igual à inclinação da curva de CT. Como ela é
positivamente inclinada, a inclinação da própria curva de custo
total aumenta. Novamente, os retornos decrescentes de insumos
justificam a inclinação da CMg. Como o produto marginal do
insumo declina, cada vez mais será necessário insumo variável
para produzir qualquer unidade adicional de produto. Como cada
unidade adicional de insumo variável tem de ser paga, o custo
por unidade adicional de produto também aumenta.
Indica o custo médio. Conforme apontamos, ele não tem
inclinação constante: a curva de CM tem formato de “U”. Isso
ocorre por dois efeitos acontecerem simultaneamente na curva
de custo médio.
Atenção!
O produto marginal é decrescente.
Lembre-se: o custo total é composto por dois tipos de custo: variável e
fixo. Assim, o médio também pode ser decomposto em dois
componentes:
Custo fixo médio (CFM)
Custo variável médio (CVM)
Gráfico (a) 
Gráfico (b) 
Gráfico (c) 
O cálculo de ambos é direto: divide-se cada um pela quantidade de
produto fabricada. Veja as fórmulas a seguir!
No início da produção, quando há poucas unidades, o custo total médio
(CME) é alto por conta do peso grande que o componente do custo fixo
tem sobre ele. Conforme se produz mais, esse componente de custo
fixo vai sendo “diluído”. Em outras palavras, assim que o denominador
aumenta, o CFM encolhe, de modo que a inclinação da curva também
diminui, tornando-a mais achatada. Isso ocorre até ela atingir um ponto
mínimo e voltar a crescer.
O crescimento do custo médio, depois do ponto de mínimo, ocorre por
conta do outro efeito: o do custo variável. Se, por um lado, o CFM cai, o
CVM sobe. Esse crescimento do custo variável se deve ao efeito dos
retornos decrescentes dos insumos, fazendo com que, quanto maior for
a quantidade de produto, mais insumo variável será necessário para
produzir unidades adicionais, aumentando, por sua vez, o custo variável.
Veja a seguir o gráfico com essa dinâmica dos custos, ilustrando, para
tal, cada uma das curvas. Como se pode observar, o CME e o CMg se
cruzam no ponto mínimo de custo total médio. A partir desse ponto
(destacado pela letra M na imagem), o CVM ultrapassa o CFM. Dessa
forma, o custo variável passa a ser maior que o fixo. O ponto em que a
curva de custo marginal intercepta a de custo médio é o ponto custo
total médio mínimo. A quantidade de produto desse ponto recebe o
nome de produto de custo mínimo.
Custofixomédio(CFM) =
 custo fixo 
 quantidade de produto 
 ou CFM = CF/Y
 Custo variável médio (CFM) =
 custo variável 
 Quantidade de produto 
 ou CVM = CV /Y
Gráfico: Custo total mínimo da sorveteria do Mateus.
Custo marginal e médio
Neste vídeo, vamos explorar os conceitos de custo marginal e custo
médio, detalhando como os custos variáveis e fixos influenciam a
produção, e como os custos marginais e médios se relacionam com a
produção.
Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?

Questão 1
Sobre função de produção

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