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Material I – CONTABILIDADE DE CUSTOS Prof.ª Esp. Rosa Cavalcante rosacavalcantticont@gmail.com HISTÓRICO A Contabilidade surgiu, basicamente, para controlar o patrimônio das sociedades mercantis. Com o passar dos anos, percebeu-se a riqueza desta ciência e a sua utilidade como instrumento de gerência empresarial, suprindo os executivos com informações poderosas para a tomada de decisões. Com o advento da Revolução Industrial e a proliferação de empresas industriais houve a necessidade de adaptação dos procedimentos de apuração do resultado das empresas comerciais (revendedoras) para as industriais, que adquiriam matérias-primas para transformá-las em produtos destinados à venda. Passou-se então a utilizar o mesmo procedimento das empresas comerciais revendedoras, substituindo-se o item Compras por todos os gastos com os elementos componentes da produção (salários, matéria-prima, energia elétrica, combustíveis etc). Surge então a Contabilidade de Custos, como uma das áreas de especialização da Ciência Contábil. As empresas industriais, assim como as demais, têm por objetivo o lucro. Elas o obtêm transformando matérias- primas em produtos e os vendendo. Este processo, denominado, processo industrial, exige aplicação de capital por parte da empresa em instalações, equipamentos, máquinas, que são os meios de produção. Além disso, há necessidade de gastos com matéria-prima, pagamento de salários e gastos gerais de fabricação, tais como água, luz, telefone, segurança etc. Podemos afirmar então que o objetivo principal da Contabilidade de Custos para uma empresa industrial é a avaliação dos seus estoques, para que se possa proceder à apuração do Custo dos Produtos Vendidos (CPV) e à apuração do seu resultado. Integração com a contabilidade financeira Um sistema de custos integrado à escrituração comercial traz inúmeras vantagens para a empresa, tais como: a) o fornecimento do valor dos estoques de materiais e de produtos em elaboração e acabados, facilitando a elaboração das demonstrações; b) permite o controle permanente de estoque; c) permite a utilização do preço médio, recomendável para economias estáveis. A única desvantagem da utilização de um sistema de custos integrado Contabilidade seria o valor despendido para sua manutenção, em geral elevado. Uma empresa industrial que não possua um sistema de custos integrado a sua escrituração comercial poderá vir a enfrentar uma série de problemas, como a impossibilidade de utilização de métodos eficiente de controle de estoque, tais como PEPS e UEPS, o que pode gerar distorções na determinação no seu valor, gerando imposto maior a pagar. TERMINOLOGIA CONTÁBIL Gasto – É o conceito mais genérico. É o sacrifício com que arca a entidade, com a finalidade de obtenção de um bem ou serviço, representado pela entrega ou promessa de entrega de bens ou direitos, ou seja, parte do seu ativo (normalmente dinheiro). Somente existe gasto no ato da passagem para a propriedade da empresa do bem ou serviço, devendo ser reconhecido contabilmente neste momento. Ex: gastos com mão-de-obra, com mercadorias para revenda, com energia elétrica, com reorganização da empresa, com bens de uso, com a aquisição de máquinas e equipamentos. Os gastos podem ser classificados em: - investimentos; - custos; - despesas; - perdas. Investimento - é um gasto com bem ou serviço que é transformado em ativo devido à vida útil do bem ou dos benefícios atribuíveis a períodos futuros (ativo diferido). Ex.: Aquisição máquinas para o setor de produção, que se transformará em custo por meio da depreciação. Há ainda a compra de móveis e utensílios, de imóveis, de equipamentos, de marcas e patentes, de matéria- prima, despesas pré-operacionais. Outro exemplo de investimento seria o gasto com a contratação de seguro com vigência para mais de um período de apuração de custo (despesa antecipada). Resumindo, os investimentos são os gastos que vão para o ativo da empresa num primeiro instante, para somente depois serem apropriados no resultado. Custo - é o gasto relativo a bens ou serviços utilizados na produção de outros bens ou serviços, ou seja, são todos os gastos relativos à atividade produtiva da empresa. É o gasto efetuado no setor de produção (espaço físico) ou com terceiros que manuseiem o produto. O custo equivale ao consumo de bens ou de serviços vinculados à produção. O custo primeiramente é ativado (conta estoques), sendo transferido para o resultado do período somente quando da venda do produto acabado. Numa empresa comercial, o único custo existente é o Custo das Mercadorias Vendidas (CMV). São exemplos de custos: Salários do pessoal da produção; salários dos supervisores de fábrica; matéria-prima consumida; combustíveis utilizados nas máquinas; aluguéis, seguros e tributos relativos ao prédio da fábrica; depreciação dos equipamentos utilizados na produção. OBS: A matéria-prima adquirida pela indústria, enquanto não utilizada pela produção, é considerada estoque (ativo circulante). A partir do momento em que for requisitada pela produção, passa a ser custo. Despesa - é o gasto com bens e serviços não utilizados nas atividades produtivas, consumidos com a finalidade de obtenção de receitas, sendo que estes gastos não estão vinculados à produção. Nem sempre é fácil a distinção entre custos e despesas. Uma regra simples é que todos os gastos realizados com o produto dentro da fábrica, ou seja, até que este fique pronto, são custos; a partir daí, tornam-se despesas. As despesas, ao contrário dos custos, são lançadas diretamente nas contas de resultado. Desta forma os gastos com embalagens realizados durante o processo produtivo são considerados custos. Já o acondicionamento do produto posteriormente à produção, é considerado despesa. Outros exemplos de despesas: salários do pessoal de vendas, escritório e administração, aluguéis e seguros no prédio da administração; gasto com combustíveis e refeições do pessoal de vendas etc. CUSTOS X DESPESAS 1. Algumas despesas, que são administrativas por natureza, tais como despesas com honorários, gastos com viagens de diretores, podem ter afetado a produção, no caso de algum elemento da administração ter se dedicado em parte ou totalmente ao setor industrial. Neste caso, o mais indicado seria proceder ao respectivo rateio para se identificar qual o montante do gasto que deve ser contabilizado como custo e quanto deve ser apropriado como despesa. 2. Todos os custos que estiverem incorporados nos produtos acabados serão reconhecidos como despesas e apropriados em contas de resultado no momento em que tais produtos forem vendidos. Passarão a compor a conta Custo dos Produtos Vendidos. 3. A matéria-prima industrial, que no momento da sua aquisição representava um investimento (estoques), passa a ser considerada custo no momento de sua utilização na produção, e torna-se despesa quando o produto fabricado é vendido. Caso o produto acabado permaneça em estoque então a matéria-prima incorporada voltará a ser considerada investimento. 4. Os encargos financeiros (juros, variação monetária) incorridos pela empresa, mesmo aqueles decorrentes da aquisição de insumos para a produção, são sempre considerados despesas financeiras, nunca como custos. Custos Imputados X Custos Perdidos Custos Perdidos (Sunk Costs) : É quando abandona-se, por exemplo, os custos com amortização e depreciação de ativos existentes. Estes são investimentos feitos no passado que provocam custos contábeis, mas são irrelevantes para certas decisões, por não alterarem fluxos financeiros. O que interessa neles é seu valor de recuperação, ou seja, o que se obteria pela disposição dos itens sendo apropriados. Entre outras palavras, custos perdidos são custos que foram incorridos, mas não consumidos, para gerar um receita futura. Custo imputado é um valor apropriado para efeitos internos ao produto, mas não contabilizável como tal. Porexemplo, o aluguel apropriado quando o imóvel é próprio. O fato de a empresa ter optado por não alugar o seu imóvel e sim utilizá-lo no processo produtivo faz com que ela se sinta tentada a incluir esse valor como custo dos produtos elaborados. Rateio dos Custos da Administração Geral Através de uma análise mais acurada dos diversos custos que envolvem o departamento, chegamos ao seguinte: I – Aluguel Deverá ser rateado em função da área ocupada por cada departamento: (informação fornecida pela empresa) PERDA X DESEMBOLSO Perda – é o consumo anormal de bens ou serviços. É um gasto não intencional decorrente de fatores externos ou inerentes à própria atividade operacional da empresa. As perdas decorrentes de fatores externos são consideradas despesas; as ocorridas durante o processo produtivo são consideradas custos. Ex: Perda de matéria-prima, incêndio, greves etc. Os gastos normalmente implicam desembolso. Este, por sua vez, pode ocorrer juntamente com o gasto, antecipadamente, ou ainda ser postergado para pagamento futuro. Desembolso - é o ato financeiro do pagamento do bem ou serviço adquirido, para liquidação de uma obrigação ou aquisição à vista. Reparem que ele pode ocorrer antes, no mesmo instante, ou após a aquisição. Sendo assim, nas compras à vista o desembolso se dá no mesmo instante da aquisição. No caso de compras a prazo, o desembolso ocorre após a aquisição. Nos casos de adiantamentos, o desembolso ocorre antes da aquisição. CLASSIFICAÇÃO DOS CUSTOS QUANTO À APROPRIAÇÃO AO PRODUTO FABRICADO CUSTOS DIRETOS – São os custos identificados de forma direta no produto fabricado. São apropriados aos produtos sem a necessidade de rateios. Exemplos: 1. Materiais Diretos (Matérias-Primas e Embalagens) consumidos. 2. Mão-de-Obra Direta. Os Materiais Diretos da produção são relativos aos gastos com matérias primas, embalagens e outros insumos diretamente identificados nos produtos fabricados. OBS: A Mão-de-Obra é considerada direta quando a sociedade estabelece a mensuração do número de horas trabalhadas pelos operários para uma ou mais unidades do produto fabricado. Assim, o custo da Mão-de-Obra Direta será calculado multiplicando-se o número de horas trabalhadas para cada unidade ou lote de produtos pelo valor da hora trabalhada. Incluem-se nesse custo os encargos trabalhistas arcados pela sociedade. CUSTOS INDIRETOS – São os custos não identificados de forma direta nos produtos fabricados. São apropriados aos produtos por meio de rateios ou estimativas. Exemplos: 1. Aluguel da fábrica; 2. Energia elétrica consumida no departamento de produção; 3. Salários de operários que trabalham na produção de mais de um produto sem que haja o apontamento das horas trabalhadas; 4. Salários dos operários que não trabalham diretamente na fabricação dos produtos (manutenção, limpeza, segurança); 6. Salários dos supervisores; 7. Depreciação dos equipamentos ATENÇÃO – Se ocorrer a produção de um único produto, todos os custos serão considerados diretos. CLASSIFICAÇÃO DOS CUSTOS QUANTO AO NIVEL DE ATIVIDADE DA ENTIDADE CUSTOS FIXOS - São os custos que independem do volume de produção. Os custos classificados nesta categoria não variam em relação à quantidade produzida. Exemplos: Aluguel da Fábrica, Seguro da Fábrica, Imposto Predial, Depreciação das Máquinas. CUSTOS VARIÁVEIS – São aqueles que variam de forma diretamente proporcional à quantidade produzida. Exemplos: Materiais Diretos (Matérias-Primas, Embalagens e Insumos), Mão-de-Obra Direta, Energia Elétrica (embora não varie na mesma proporção da quantidade produzida). ATENÇÃO: Para que a Mão-de-Obra seja considerada um Custo Variável é preciso que seja identificada a quantidade de horas gastas para a produção de cada produto. Calcula-se o Custo da Mão-de-Obra Direta, multiplicando-se o número de horas trabalhadas para cada produto pelo valor pago pela hora. O tempo de Mão-de-Obra não identificado diretamente a cada produto é considerado Custo Indireto ou Custo Fixo. ATENÇÃO: Via de regra, os Custos Fixos são também Custos Indiretos. Porém, existem exceções a esta regra. Por exemplo, quando a indústria produz apenas um produto. Neste caso, os Custos Fixos serão considerados Custos Diretos. É possível ainda, um custo variável ser ao mesmo tempo indireto como é o caso da cola utilizada na fabricação de móveis. A cola é custo indireto, pois é difícil estabelecer a quantidade exata gasta em cada unidade, e ao mesmo tempo é custo variável, pois varia de acordo com a quantidade produzida. Outro exemplo de Custo Variável e Indireto é o da energia elétrica. É Custo Variável, pois aumenta em função da quantidade produzida e Indireto pois não se sabe exatamente quanto cada produto demandou de energia, sendo, portanto, apropriado aos produtos de acordo com algum critério de rateio. CUSTOS SEMIFIXOS E SEMIVARIÁVEIS São aqueles que contém parte fixa e parte variável. Exemplo: Energia Elétrica da fábrica. A rigor, a Energia Elétrica é um custo semivariável, pois haverá um gasto mínimo que independe da quantidade produzida. A partir deste valor, aumentará em função da quantidade produzida. EXERCÍCIOS 1. Identificar os itens a seguir relacionados como: (I) Investimentos (C) Custos (D) Despesas a) (___) Salários do departamento administrativo b) (___) Seguros das máquinas da fábrica c) (___) Salários dos operários da fábrica diretamente ligados à produção d) (___) Salários dos operários da fábrica encarregados da limpeza e) (___) Aquisição de Matérias-Primas f) (___) Consumo das Matérias-Primas na produção g) (___) Comissões de Vendas h) (___) Fretes e Seguros sobre Vendas i) (___) Aquisição de Equipamentos j) (___) Seguros dos Equipamentos da fábrica k) (___) Aquisição de Embalagens l) (___) Embalagens consumidas m) (___) Juros Passivos n) (___) Aquisição de material de escritório o) (___) Material de escritório da administração consumido no período p) (___) Energia elétrica da sede da sociedade q) (___) Energia elétrica da fábrica r) (___) Depreciação dos móveis e utensílios do departamento administrativo s) (___) Encargos sociais dos operários da fábrica 2. Identificar os itens a seguir relacionados, considerando um departamento que fabrica mais de um produto, caso se tratem de: (CD) Custos Diretos; (CI) Custos Indiretos; (D) Despesas; a) (___) Seguros das máquinas da fábrica b) (___) Mão-de-obra direta c) (___) Contribuição previdenciária da mão-de-obra direta a cargo do empregador d) (___) Salários dos operários da fábrica encarregados da manutenção e) (___) Horas-extras da mão-de-obra direta f) (___) Seguros dos Equipamentos da fábrica g) (___) Matérias-Primas consumidas na produção h) (___) Embalagens utilizadas na produção i) (___) Material de escritório da administração consumido no período j) (___) Energia elétrica da sede da sociedade k) (___) Energia elétrica da fábrica l) (___) Encargos sociais referentes a mão-de-obra direta. m) (___)Material indireto n) (___) IPTU da sede da sociedade