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GESTÃO EM PROGRAMAS E PROJETOS SOCIAIS Professor(a) Esp. Angela Carvalho Kotsubo Giovaneli 2024 by Editora Edufatecie. Copyright do Texto C 2024. Os autores. Copyright C Edição 2024 Editora Edufatecie. O conteúdo dos artigos e seus dados em sua forma, correção e confiabilidade são de responsabilidade exclusiva dos autores e não representam necessariamente a posição oficial da Editora Edufatecie. Permitido o download da obra e o compartilhamento desde que sejam atribuídos créditos aos autores, mas sem a possibilidade de alterá-la de nenhuma forma ou utilizá-la para fins comerciais. REITORIA Prof. Me. Gilmar de Oliveira DIREÇÃO ADMINISTRATIVA Prof. Me. Renato Valença DIREÇÃO DE ENSINO PRESENCIAL Prof. Me. Daniel de Lima DIREÇÃO DE ENSINO EAD Profa. Dra. Giani Andrea Linde Colauto DIREÇÃO FINANCEIRA Eduardo Luiz Campano Santini DIREÇÃO FINANCEIRA EAD Guilherme Esquivel COORDENAÇÃO DE ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO Profa. Ma. Luciana Moraes COORDENAÇÃO ADJUNTA DE ENSINO Profa. Dra. Nelma Sgarbosa Roman de Araújo COORDENAÇÃO ADJUNTA DE PESQUISA Profa. Ma. Luciana Moraes COORDENAÇÃO ADJUNTA DE EXTENSÃO Prof. Me. Jeferson de Souza Sá COORDENAÇÃO DO NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Prof. Me. Jorge Luiz Garcia Van Dal COORDENAÇÃO DE PLANEJAMENTO E PROCESSOS Prof. Me. Arthur Rosinski do Nascimento COORDENAÇÃO PEDAGÓGICA EAD Profa. Ma. Sônia Maria Crivelli Mataruco COORDENAÇÃO DO DEPTO. DE PRODUÇÃO DE MATERIAIS DIDÁTICOS Luiz Fernando Freitas REVISÃO ORTOGRÁFICA E NORMATIVA Beatriz Longen Rohling Carolayne Beatriz da Silva Cavalcante Caroline da Silva Marques Eduardo Alves de Oliveira Isabelly Oliveira Fernandes de Souza Jéssica Eugênio Azevedo Louise Ribeiro Marcelino Fernando Rodrigues Santos Vinicius Rovedo Bratfisch PROJETO GRÁFICO E DIAGRAMAÇÃO Bruna de Lima Ramos Carlos Firmino de Oliveira Hugo Batalhoti Morangueira Giovane Jasper Vitor Amaral Poltronieri ESTÚDIO, PRODUÇÃO E EDIÇÃO André Oliveira Vaz DE VÍDEO Carlos Henrique Moraes dos Anjos Pedro Vinícius de Lima Machado Thassiane da Silva Jacinto FICHA CATALOGRÁFICA Dados Internacionais de Catalogação na Publicação - CIP G512g Giovaneli, Angela Carvalho Kotsubo Gestão em programas e projetos sociais / Angela Carvalho Kotsubo Giovaneli. Paranavaí: EduFatecie, 2024. 110 p.: il. Color. 1. Planejamento social. 2. Projetos de desenvolvimento social. 3. Administração de projetos 4. Serviço social. I. Centro Universitário UniFatecie. II. Núcleo de Educação a Distância. III. Título. CDD: 23. ed. 361.25 Catalogação na publicação: Zineide Pereira dos Santos – CRB 9/1577 As imagens utilizadas neste material didático são oriundas do banco de imagens Shutterstock . 3 AUTORA Professor(a) Esp. Angela Carvalho Kotsubo Giovaneli • Bacharel em Serviço Social; • Especialista em Violência Doméstica contra Criança e Adolescente; • Membra do Conselho Municipal de Assistência Social do Município de Paranavaí; • Membra do Conselho Municipal dos Direitos da Criança e Adolescente de Paranavaí; • Membra do Conselho Municipal dos Direitos da Pessoa com Deficiência de Paranavaí; • Atuação como coordenadora do Serviço de Proteção Social Especial para Pessoas com Deficiência e suas Famílias, no Programa Centro de Atendimento à Pessoa com Deficiência “Rosimeire Barbosa Navarro” - Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais – APAE de Paranavaí; • Atuação em Serviço Social na educação; • Coordenador EaD do Centro Universitário UNOPAR polo Paranavaí; • Ampla experiência nas políticas de Assistência Social, Saúde e Educação. Professor(a) Esp. Angela Carvalho Kotsubo Giovaneli 4 APRESENTAÇÃO Prezado (a) acadêmico (a), Seja bem-vindo (a)! É com grande satisfação que apresentamos o material do da Disciplina Gestão em Programas e Projetos Sociais do Centro Universitário UniFatecie EaD ofertado na modalidade de educação a distância. Entre os elementos importantes em um processo de ensino e aprendizagem, sem dúvida o material didático aparece como um dos mais relevantes. A produção, a escolha e o uso de materiais são determinantes para o educador no que diz respeito ao alcance dos objetivos por ele traçados. Nessa disciplina, poderemos esclarecer todos os textos que constam na Disciplina Gestão em Programas e Projetos Sociais, são textos com embasamento teórico que possibilitará um suporte na atuação profissional, assim, terá conteúdos básicos que estão contemplados no material dessa disciplina. Na Unidade I, iniciaremos com um estudo a respeito das Organizações do Terceiro Setor, sua Constituição, Manutenção e Gestão Administrativa. Entendendo o Terceiro Setor: Conceito, Papel, Naturezas Jurídicas e Características, Titulações, Certificações e Qualificações, Estatuto Social, Obrigações Legais, Responsabilidade dos Administradores, Papel do Conselho Fiscal e Planejamento, Controle e Transparência. Na Unidade II, tem o propósito de apresentar sobre a Gestão de Projetos, faz- se necessário, inicialmente, entender a definição e conceito de Projetos, e também o Planejamento social como campo de conhecimento e de intervenção, para elaboração de Projeto Social e concluindo com Roteiro Básico para Elaboração Planejamento de Projetos. Por fim, nas Unidades III e IV estão relacionadas Parcerias com a Administração Pública, focando o aprendizado nos Tipos de parceria e legislação, a Lei 13.019/14 Marco Regulatório das Organizações da Sociedade Civil que dá fundamentação legal as parcerias, o processo de Seleção, Celebração, Execução e Prestação de Conta. Então vamos aproveitar para entender um pouco de Gestão de Programas e Projetos Sociais! 5 SUMÁRIO Parcerias com a administração pública Legislação - marco legal e sua aplicação Gestão de projetos Constituição, manutenção e gestão administrativa Professor(a) Esp. Angela Carvalho Kotsubo Giovaneli CONSTITUIÇÃO, MANUTENÇÃO E GESTÃO ADMINISTRATIVA1UNIDADEUNIDADE PLANO DE ESTUDO 7 Plano de Estudos • Terceiro setor. • Gestão administrativa. • Planejamento. • Plano de ação. Objetivos da Aprendizagem • Compreender o Terceiro Setor; • Conhecer as Legislações e obrigações legais que regulamenta a organização do Terceiro Setor; • Apresentar as Certificações, titulações e qualificação que são concedidas às entidades; • Analisar como o Planejamento e Responsabilidade Administrativa contribui para a construção de uma organização eficiente e eficaz. CONSTITUIÇÃO, MANUTENÇÃO E GESTÃO ADMINISTRATIVAUNIDADE 1 8 INTRODUÇÃO Olá, aluno (a), Com o crescimento das entidades conhecidas como OSC - Organização da Sociedade Civil ou Organizações do Terceiro Setor, e a importância de suas ações, torna- se necessário um estudo aprofundado para que sejam realizadas de maneira eficiente as organizações administrativa, jurídica, contábil e tributária. Os gestores junto aos demais membros que constituem os órgãos consultivos, operacionais e fiscalizadores da Organização do Terceiro Setor precisam estar atualizados e capacitados, a fim deeducação e pesquisa, com 23,6%. Fonte: LIMA, Juliana. Terceiro Setor: o que é e como atua na sociedade brasileira. Observatório do Terceiro Setor. São Paulo, 2021. Disponível em: https://abre.ai/liTS. Acesso em: 07 de out. de 2024. SAIBA MAIS CONSTITUIÇÃO, MANUTENÇÃO E GESTÃO ADMINISTRATIVAUNIDADE 1 https://abre.ai/liTS 38 Esta Unidade contribui para ampliar o debate no meio acadêmico, no contexto das organizações do Terceiro Setor, acerca dos avanços, retrocessos e desafios enfrentados pelas organizações sociais no Brasil. O profissional que desejar atuar no Terceiro Setor deve ter ciência dos desafios que possam dificultar seu trabalho, como limitações que algumas instituições possam enfrentar, por exemplo, problemas de infraestrutura e recursos financeiros. Por isso, cabe ao Gestor desenvolver, de maneira criativa, soluções que ultrapassem essas barreiras. É importante o compromisso de pensar de forma estratégica de modo que haja um planejamento com o objetivo em mobilizar, captar recursos, criar identidade institucional, selecionar voluntários, entre outros fins. Para concluir, entender o terceiro setor, suas características, desafios e abordagens de gestão é fundamental para aqueles que desejam atuar nesse contexto. Agradeço a companhia e até a próxima unidade! Abraço! CONSIDERAÇÕES FINAIS CONSTITUIÇÃO, MANUTENÇÃO E GESTÃO ADMINISTRATIVAUNIDADE 1 39 O SERVIÇO SOCIAL E O TERCEIRO SETOR O presente texto tem como objetivo suscitar uma discussão preliminar sobre o Terceiro Setor, conceitos, características e desafios, apontando para a ação do assistente social nesse contexto. Trata-se de um tema atual considerando o processo de configuração desse setor no cenário nacional e a reconfiguração das formas de gestão institucional, despertando-nos a necessidade de reflexão sobre a atuação dos diferentes profissionais das áreas de ciências humanas, sociais e da saúde mental, com destaque ao Serviço Social. Fonte: COSTA, S. F. O Serviço Social e o Terceiro Setor. Disponível em: https:// www.uel.br/revistas/ssrevista/c_v7n2_selma.htm Acesso em: 21 jun. 2023. LEITURA COMPLEMENTAR CONSTITUIÇÃO, MANUTENÇÃO E GESTÃO ADMINISTRATIVAUNIDADE 1 https://www.uel.br/revistas/ssrevista/c_v7n2_selma.htm https://www.uel.br/revistas/ssrevista/c_v7n2_selma.htm 40 MATERIAL COMPLEMENTAR LIVRO • Título: Terceiro Setor: Planejamento E Gestão • Autor: Ricardo Voltolini. • Editora: Senac, 2009. • Sinopse: O livro de Voltolini, traz a história do terceiro setor no Brasil, para rapidamente se expandir, mudando o conceito antes dominante do serviço social com base em organizações dedicadas à caridade e à filantropia. No Brasil, sua história lhe confere características que não se pode deixar de considerar no planejamento e na gestão dos atores nele empenhados. Esse livro mostra que essa atuação social tem lógica de funcionamento e racionalidade próprias, com princípios e valores que não se limitam ao aspecto empresarial das organizações. FILME/VÍDEO • Título: O Homem que mudou o Jogo. • Ano: 2011. • Sinopse: A história de Billy Beane, gerente geral do time de beisebol Oakland A e sua tentativa bem-sucedida de reduzir o orçamento do clube usando um programa de computador para escolher seus jogadores. CONSTITUIÇÃO, MANUTENÇÃO E GESTÃO ADMINISTRATIVAUNIDADE 1 Professor(a) Esp. Angela Carvalho Kotsubo Giovaneli GESTÃO DE PROJETOS2UNIDADEUNIDADE PLANO DE ESTUDO 42 Plano de Estudos • Projetos Sociais; • Planejamento de Projetos; • Roteiro Básico para Elaboração de um Projeto Social. Objetivos da Aprendizagem • Conceituar e definir o que é Gestão de Projeto Social; • Conhecer as áreas de um Planejamento de Projeto; • Aprender as etapas para elaboração de Projeto Social. GESTÃO DE PROJETOSUNIDADE 2 43 Projetos Sociais estão associados às necessidades enfrentadas no mundo e apoiam uma intervenção social, articulando causas sociais e políticas públicas. Grupos se fortalecem em busca de meios para transformar essa realidade social, a curto e longo prazo, dependendo do projeto a ser elaborado. As Organizações Não Governamentais e outros projetos de entidades do terceiro setor têm garantia, conforme estabelecido na Lei 9790/1999, que regulamenta a criação e funcionamento das entidades. Um projeto social se configura pela garantia de direitos e cidadania, visando à justiça social e à transformação coletiva. A unidade está dividida em três etapas: na primeira, abordamos o conceito e definição de projetos e a instrumentalização de um projeto social. Na segunda parte, trabalhamos aspectos do planejamento de projetos sociais. Finalmente, na terceira parte, apresentamos uma orientação para a elaboração de um Projeto Social. Desejo uma boa leitura e que este material possa complementar sua atuação profissional. Ótimo estudo! INTRODUÇÃO GESTÃO DE PROJETOSUNIDADE 2 44 Os projetos sociais são iniciativas organizadas com o objetivo de gerar impactos positivos na sociedade, geralmente voltadas para a resolução de problemas sociais específicos. Essas ações visam atender a demandas sociais como pobreza, exclusão, desigualdade e vulnerabilidade, promovendo o bem-estar das comunidades atendidas. Um projeto social deve ser planejado, estruturado e implementado dentro de um período determinado, com metas claras e ações bem definidas. O termo “social” implica que o foco está na melhoria da qualidade de vida de indivíduos ou grupos, geralmente em situação de risco ou exclusão social. Tais projetos podem ser promovidos por organizações governamentais, não governamentais (ONGs), empresas com responsabilidade social ou até grupos comunitários. Os conceitos que envolvem projetos sociais incluem: • Sustentabilidade social: capacidade do projeto de gerar mudanças duradouras e manter os benefícios ao longo do tempo. • Impacto social: resultados tangíveis e intangíveis que promovem melhorias nas condições de vida dos beneficiados. • Empoderamento: capacitação dos indivíduos e comunidades para que possam ser protagonistas de sua própria mudança. A importância dos projetos sociais reside em sua capacidade de unir esforços de diferentes atores sociais para enfrentar desafios complexos, como a exclusão social, promovendo o desenvolvimento e a inclusão de pessoas marginalizadas. PROJETOS SOCIAIS1 TÓPICO GESTÃO DE PROJETOSUNIDADE 2 45 1.1 Projeto: definições e conceitos Em sua concepção, o projeto pode ser definido como uma organização temporária e inter-relacionada para a execução de um conjunto de atividades interligadas e coordenadas que geram bens ou serviços, com objetivo de um resultado único. Desenvolve-se com intenção de alcançar um propósito específico, para um público previamente definido e, uma ação a fim de colaborar para a solução de um problema que, por sua vez, levou à implementação do projeto. O conceito de projeto alinha-se ao significado da palavra no dicionário: segundo o Aurélio, um dos seus sentidos é “plano, intento; empreendimento”. Já o termo projetar pode ser entendido como “elaborar um projeto” ou “lançar” (Louzada, 2022). Resumindo, a elaboração de um projeto é realizada por um grupo de pessoas que deseja transformar boas ideias em boas práticas. Durante essa elaboração é preciso reconhecer que essa é uma ação conjunta, fruto de muitos esforços. Por outro lado, saber das dificuldades atribuídas durante a compreensão do projeto, remete a pensar nas soluções coletivas. Uma das dificuldades é o diagnóstico superficial, a viabilidade social, política, técnica, financeira e ambiental do projeto. Por fim, a má distribuição de tarefas e responsabilidades, prejudica todo o planejamento para alcançar os resultados. Para adaptar essas realidades, é necessário construir um caminho baseado em resultados ou metas. De acordo com a definição da ONU, “um projeto é um empreendimento planejado que envolve um conjunto de atividades interconectadas e coordenadas, com o objetivode alcançar metas específicas dentro de prazos e orçamentos estabelecidos”. Elaborar um projeto envolve identificar a necessidade de intervenção em relação a um problema, analisar essas necessidades, definir alternativas de ação, avaliar essas opções e tomar decisões com base nas alternativas disponíveis. A elaboração de projetos deu início ao terceiro setor em meados dos anos 90. Nesse período, as entidades passaram a inventar maneiras de sobrevivência em um contexto de mudanças sociais exigidas por financiadores. Formações e cursos sobre planejamento estratégico, elaboração de projeto e captação de recursos foram indicados pelos financiadores de projetos, visando adaptação de ferramentas tradicionais utilizadas pelas OSCs. Apenas uma parcela das organizações se profissionalizou, expandindo suas fontes de captação de recursos com órgãos governamentais, iniciativa privada e fontes internacionais. Aquelas que permaneceram no processo tradicional também mantiveram abordagens tradicionais de obtenção de recursos. GESTÃO DE PROJETOSUNIDADE 2 46 Um projeto social é uma forma de estruturar e organizar ações com o objetivo de transformar a realidade de outras pessoas ou de uma causa específica. Esses projetos são relacionados a uma visão de mundo e existem para propor uma intervenção social, fazendo uma articulação entre essas causas e as políticas públicas. (Blog Prosas, 2022, online) O desenvolvimento de ações e atividades por profissionais inseridos no mercado de trabalho consiste em atender às demandas e mudanças provocadas pelo sistema econômico e social, exigindo instrumentos de trabalho que atendam às necessidades e expectativas, tanto no setor público quanto no privado As instituições privadas e públicas exigem de seus profissionais um crescimento considerável e qualificação adequada, visando respostas objetivas para desenvolver seu trabalho, tanto em instituições públicas como do Terceiro Setor. Para atender às mudanças econômicas e sociais, acolhendo as necessidades da população, as instituições sem fins lucrativos vêm utilizando ferramentas e instrumentos para melhorias e oferta de serviços que aprimorem a realidade da população. Para tanto, nos tempos atuais, a criação e a execução de iniciativas sociais são mecanismos que atendem aos objetivos das mudanças de uma realidade apresentada. Os projetos sociais nascem do desejo de mudar uma realidade. Os projetos são pontes entre o desejo e a realidade. São ações estruturadas e intencionais, de um grupo ou organização social, que partem da reflexão e do diagnóstico sobre uma determinada problemática e buscam contribuir, em alguma medida, para “um outro mundo possível” (Stephanou, 2003, online). O projeto social compreende vários fatores, que colaboram e oferecem suporte para a realização das ações previstas, como: atividades a serem desenvolvidas, prazos e definição de recursos utilizados durante a sua efetivação. Dessa forma, compreende-se que projetos sociais buscam atingir objetivos que geram impacto nas transformações da realidade. Esse modelo de projeto pode ser apresentado sob diversas formas, como social, cultural, de pesquisa, empresarial ou pessoal, tendo relevância tanto nas esferas estatal quanto na sociedade civil. Com o atual cenário político, há um aumento nas políticas públicas, uma diminuição da intervenção do Estado na execução de políticas sociais, e um crescimento da representatividade da população, resultando na implementação de participação coletiva que influencia ações sociais em resposta a questões sociais e ao surgimento de instâncias de controle. Talvez a contribuição mais relevante do elemento participação no desenvolvimento de projetos sociais seja o questionamento da visão tradicional segundo a qual apenas a organização que promove o projeto pode definir os termos e julgar seus resultados sociais. Se a participação de beneficiários e de outros atores se dá de forma efetiva, ela fará com que os parâmetros de condução e de avaliação de um empreendimento social GESTÃO DE PROJETOSUNIDADE 2 47 dêem-se pela construção coletiva a partir das várias visões e interesses de todos os atores envolvidos e não por apenas uma entidade de forma exclusiva (Armani, 2004, online). Destaca-se a importância de que todos os envolvidos compreendam que, mesmo com projetos bem elaborados e executados, não será possível resolver todas as questões relacionadas às demandas sociais. A definição de novas estratégias para questões sociais, com capacidade de envolvimento de atores sociais, tanto dentro do próprio Estado (federal, estadual e municipal) quanto em diversos setores governamentais (diversos poderes ou diferentes órgãos de administração), exige novas definições e parcerias com a iniciativa privada, movimentos sociais, organizações da Sociedade Civil, entre outros. A priorização nas ações sociais e formas de acolhimento sugere estabelecer objetivos, metas, responsabilidades e avaliações, de forma a garantir uma gestão e utilização de recursos bem executados. O novo formato entre Estado e Sociedade Civil pode garantir um compromisso nas ações de interesse público. De acordo com Stephanou (2003, p. 16) projeto social é uma ferramenta de ação que delimita uma intervenção quanto aos objetivos, metas, formas de atuação, prazo de execução, responsabilidades e critérios de avaliação. 1.2 Instrumentalização de um projeto social Após entendermos um pouco sobre um projeto social, que é uma ferramenta de ação social, agora iremos esboçar o próprio projeto. A construção de um envolve algumas aptidões que poderemos aprimorar através da prática e da vivência. Capacidade de planejar e organizar são essenciais nesse processo. Construir um projeto significa estruturar as ações e os procedimentos para o seu entendimento, de forma organizada e encadeada, com suas atividades, para a concretização do projeto. Para auxiliar na elaboração do Projeto, apresentamos inicialmente algumas questões básicas: • O quê? Refere-se ao que se pretende desenvolver. • Por quê? Por que pretendo realizar o projeto? Um problema a ser solucionado? Uma demanda social não atendida? • Quem? A quem se destinará o produto gerado pelo projeto e com quem trabalharemos para a sua realização? • Como? De que forma será realizado o projeto? • Quanto? Qual o valor do projeto e de onde virão os recursos para a sua realização? Poderemos contar com recursos próprios, financiamento privado, público, apoios em forma de serviços ou de bens, etc. • Quando? Em que período o projeto será realizado e qual será a duração prevista? GESTÃO DE PROJETOSUNIDADE 2 48 • Onde? Refere-se ao local, ou aos locais, onde será apresentado, realizado, consumido ou distribuído o produto. (Onofrio, 2020, online). Assim, ao elaborar um projeto devemos a partir das questões básicas entender conceitos para elaboração, análise e classificação do projeto, conhecer e utilizar práticas de elaboração e técnicas de avaliação de investimentos públicos e sociais privados, e por fim compreender sobre custos e riscos, fazendo análise financeira e social de projetos. GESTÃO DE PROJETOSUNIDADE 2 https://scpa.org.br/wp-content/uploads/2022/03/PARC-ELAB-PROJ-TERC-SETOR-1.pdf https://scpa.org.br/wp-content/uploads/2022/03/PARC-ELAB-PROJ-TERC-SETOR-1.pdf https://scpa.org.br/wp-content/uploads/2022/03/PARC-ELAB-PROJ-TERC-SETOR-1.pdf 49 Segundo Santos (2017) o planejamento de projeto é parte do gerenciamento de projeto que visa definir o escopo do projeto, suas atividades posteriores e comunicar estas definições ao resto das partes interessadas. Considerada a etapa primordial, o planejamento de projetos é decisivo na qualidade de todo o ciclo de vida. Após ter definido o projeto e a equipe nomeada para elaboração, iniciamos em seguida a fase minuciosa de planejamento do projeto, na qual os planos do projeto devem ser documentados, os resultados e requisitos decididos e o cronogramaelaborado. É na fase de implementação e conclusão do projeto que abrange um conjunto de planos para orientar a equipe, e esta fase poderá gerenciar o tempo, custo, qualidade, riscos, problemas e mudanças. Também auxiliará no acompanhamento da equipe e no controle dos fornecedores externos, garantindo a entrega do projeto dentro do prazo, orçamento e cronograma estabelecidos. Nesse momento de Planejamento do Projeto, acaba sendo o mais desafiador, pois o gerente terá que fazer uma previsão sobre a equipe, recursos e equipamentos, para aperfeiçoar o projeto. TABELA 01: OBJETIVOS DO PLANEJAMENTO DE PROJETOS Estabelecer requisitos de negócios Estabelecer custo, cronograma, lista de entregas e datas de entrega Estabelecer planos de recursos Obter aprovação de gerenciamento e avance para a próxima fase. Fonte: Santos (2017). PLANEJAMENTO DE PROJETOS2 TÓPICO GESTÃO DE PROJETOSUNIDADE 2 50 Em cada momento de planejamento do projeto ocorrem etapas que abrangem nove áreas de conhecimento. Essas áreas são o gerenciamento de projeto, métodos e elementos. Cada área possui detalhamento e abrangência e agregam-se com as atividades das demais áreas, tornando o projeto único e organizado. Na gestão de projetos, há uma forte presença de interação. Uma ação afeta também outras áreas, e essas interações exigem equilíbrio entre os objetivos do projeto. As nove áreas da gestão de projeto são: 01. GERÊNCIA DA INTEGRAÇÃO – Assegura que os elementos do projeto estejam coordenados. A gerência da integração faz o equilíbrio entre objetivos e alternativas concorrentes, atingindo as necessidades e expectativas. 02. GERÊNCIA DO ESCOPO – Assegura que o projeto inclua todo o trabalho necessário, para complementar o projeto, define e controla o que está, ou não, incluído no projeto. 03. GERÊNCIA DO TEMPO – Assegura que o projeto seja implementado no prazo previsto. 04. GERÊNCIA DO CUSTO – Assegura que o projeto aconteça no orçamento previsto. 05. GERÊNCIA DA QUALIDADE - Garante que o projeto ofereça o que foi previsto de acordo com o solicitado. 06. GERÊNCIA DE RECURSOS HUMANOS - Possibilita o uso dos recursos humanos disponibilizado ao projeto e isso abrange – membros da equipe, patrocinadores, clientes e fornecedores, entre outros. 07. GERÊNCIA DAS COMUNICAÇÕES – Garante a divulgação e controle básico das informações do projeto. 08. GERÊNCIA DE RISCO – Identifica durante a análise e avaliação os riscos do projeto. 09. GERÊNCIA DE AQUISIÇÕES - Aquisição de bens, serviços e produtos. Essa área deve ter atenção do gestor principalmente no cronograma e nas compras que demandam prestação de contas. GESTÃO DE PROJETOSUNIDADE 2 51 Um projeto social é um conjunto de atividades, que busca intervir nas necessidades sociais e com objetivos bem definidos, nasce na intenção de solucionar problemas ou acolher a alguma carência, ou demanda. Muitas organizações do terceiro setor, têm dificuldades com planejamento dos seus projetos, prejudicando na captação de recursos, uma vez que os investidores sociais precisam ter confiança de que as ações estão bem constituídas e com embasamento caso forem financiadas. Formular um projeto inovador e que garanta as necessidades e com a execução das atividades de forma efetiva, é primordial para a reduzir crises durante o desenvolvimento do projeto. A seguir, apresentaremos os elementos essenciais para a formulação de um projeto social. 3.1 Identificação do Problema a ser abordado A etapa inicial de um projeto consiste em identificar as necessidades a serem enfrentadas, analisando suas causas e consequências. Para isso, é essencial entender o contexto em que se atua, suas características, demandas, influências e outras situações- problema a serem abordadas. 3.2 Resultado Esperado Identificado o problema, precisamos definir os objetivos, o que o projeto pretende realizar para mudar a situação apresentada, são desmembrados entre os objetivos gerais e os objetivos específicos. ROTEIRO BÁSICO PARA ELABORAÇÃO DE UM PROJETO SOCIAL3 TÓPICO GESTÃO DE PROJETOSUNIDADE 2 52 • Objetivos gerais: refere-se à ação principal, ao propósito e à promoção de melhorias na situação-problema identificada. • Objetivos específicos: especifica as ações que precisam ser executadas para que o objetivo geral seja atingido. Passos a seguir: IMAGEM 1: PASSOS PARA ELABORAR UM PROJETO SOCIAL Fonte: STEPHANOU, Luis; MÜLLER, Lúcia Helena; CARVALHO, Isabel Cristina de Moura. Guia para elaboração de projetos sociais. São Leopoldo, RS: Sinodal, Porto Alegre, RS: Fundação Luterana de Diaconia, 2003. 3.3 Justificativa do Projeto Um aspecto fundamental é a justificativa do projeto, cuja fundamentação deve abordar e apoiar a realização da iniciativa, explicando como ela se propõe a enfrentar a situação-problema identificada. Para a elaboração da justificativa, é necessário responder às seguintes perguntas: Por que a situação-problema precisa ser enfrentada? Qual é a importância da realização do projeto? Existe um diagnóstico que identifique a necessidade do projeto? Quais são as evidências de que temos capacidade para executar essa iniciativa? GESTÃO DE PROJETOSUNIDADE 2 53 3.4 Público-alvo do Projeto A situação-problema afeta um público específico, precisamos ter bem claro quem é o público-alvo e quem irá se beneficiar. É preciso fundamentar o papel e importância do projeto para melhoria nas condições de vida do público envolvido. Nessa etapa, é necessário definir a quantidade e as características: faixa etária, gênero, raça, nível de escolaridade, condição socioeconômica, entre outros, do beneficiário pelo Projeto. 3.5 Abrangência Territorial O público-alvo do projeto está localizado em uma cidade, estado ou região, essa localização é denominada abrangência geográfica. Ao definir a localidade de execução do projeto, ressalta como deverá afetar o problema e o público-alvo do projeto. 3.6 Metodologia Para alcançar a solução da demanda a ser enfrentada, é fundamental apresentar uma metodologia de trabalho, que descreve as etapas necessárias para a execução do projeto. Nessa fase, é importante considerar: • Quais ações serão realizadas? • Qual é o cronograma e a sequência das atividades? • Quem são os participantes envolvidos em cada etapa? • Qual é o papel de cada participante no projeto? • Como cada ator contribui para a execução? 3.7 Metas Antes da execução do projeto, é necessário traçar metas, que definem a extensão, a intensidade e o impacto do projeto. Assim, quanto mais ambiciosas forem as metas, mais claras se tornam as atividades. Em resumo, as metas representam definições dos objetivos específicos, tanto em termos quantitativos quanto qualitativos, e devem incluir prazos estabelecidos. Veja um exemplo a seguir: GESTÃO DE PROJETOSUNIDADE 2 54 TABELA 1: PROJETO SOCIAL DE COMBATE À POBREZA E EXCLUSÃO SOCIAL OBJETIVOS ESPECÍFICOS METAS Oferecer capacitação e formação profissional para pessoas em situação de vulnerabilidade. Meta: Oferecer cursos de capacitação profissional para 100 pessoas ao longo de 12 meses. Meta: Aumentar em 20% a taxa de empregabilidade dos participantes ao final do curso. Apoiar o fortalecimento de pequenos negócios locais. Meta: Ajudar 30 microempreendedores a formalizarem seus negócios em 6 meses. Meta: Realizar 10 oficinas de gestão financeira e marketing para pequenos empreendedores. Fonte: a autora. 3.8 Cronograma É fundamental elaborar um cronograma do projeto, que inclua os prazos de início, desenvolvimento e conclusão das atividades. Isso proporcionará uma visão geral das etapas do projeto. TABELA 2: CRONOGRAMA DO PROJETO MÊS 1 Planejamento Inicial e Divulgação Reunião de alinhamento com a equipe do projeto MÊS 2-4 Capacitação e Formação Profissional Início dos cursos de capacitação profissional (2 turmas com 50 pessoas cada) MÊS 5-6 Fortalecimento de Pequenos Negócios Locais Oficinas de gestão para microempreendedores(abertura de negócios formais) MÊS 7-9 Acesso a Benefícios Sociais e Serviços Públicos Realização de workshops sobre como acessar programas sociais (Bolsa Família, auxílio emergencial, etc.) Mês 10 - 11 Monitoramento e Avaliação Parcial Avaliação intermediária dos cursos de capacitação profissional (empregabilidade, satisfação dos participantes) Mês 12 Conclusão e Avaliação Final Relatório final sobre o impacto do projeto (taxa de empregabilidade, número de negócios formalizados, famílias beneficiadas) Fonte: a autora. GESTÃO DE PROJETOSUNIDADE 2 55 3.9 Orçamento Com todos os objetivos, atividades e metas estabelecidas, é necessário elaborar um orçamento, que estipula os gastos financeiros para a execução de cada atividade do projeto. • Exemplo: Orçamento Estimado do Projeto TABELA 3: ORÇAMENTO ESTIMADO DO PROJETO Item Quantidade Custo Unitário (R$) Custo Total (R$) 1. Recursos Humanos Coordenador do Projeto (1 pessoa) 12 meses 4.000,00 48.000 Assistente Social (1 pessoa) 12 meses 3.000,00 36.000,00 Educadores e Instrutores (4 pessoas) 12 meses 2.500,00 120.000,00 Consultores (microempreendedorismo) 6 meses 3.000,00 18.000 Auxiliar Administrativo (1 pessoa) 12 meses 2.000,00 24.000,00 Subtotal Recursos Humanos 246.000,00 Fonte: a autora. Depois de todas essas etapas, podemos começar a elaborar um projeto social. É fundamental lembrar dos riscos e erros no processo, o que impede problemas no decorrer da execução do projeto. Um bom planejamento inclui uma previsão de crises e como resolvê-las. GESTÃO DE PROJETOSUNIDADE 2 56 A seguir, são apresentadas algumas dicas que poderão tornar o seu projeto mais adequado. • Comentários gerais e opinativos não devem constar nos objetivos. • Lembre-se de que aquilo que parece óbvio para você, em geral, não o é para outro leitor. Não se esqueça de informações que complementam seu projeto, tais como parcerias ou articulações com outros projetos e instituições. • Preocupe-se sempre com a lógica de sua argumentação. • Procure não usar jargões. Eles confundem e diminuem a capacidade de compreensão daquilo que você quer dizer, já que, em geral, os jargões são como grandes “guarda-chuvas” onde tudo cabe, não deixando claro, para quem lê seu projeto, a que, exatamente, você se refere. • Às vezes, o texto começa a ficar muito longo, pois você sente dificuldade em explicar as suas ações. Tente fazer um quadro que sintetize o que você está querendo expressar, com uma legenda ou observações que o esclareçam. Quadros e tabelas sempre permitem uma leitura mais objetiva dos assuntos. • O número de páginas não torna o seu projeto melhor. Ao contrário, uma das características mais procuradas hoje em dia em um projeto é a concisão. Ser capaz de elaborar um documento claro, preciso e conciso é fundamental. • No caso de seu projeto solicitar, a terceiros, recursos para a compra de equipamentos ou outro serviço especializado, mande em anexo o levantamento de preços de pelo menos três fornecedores. • No final, peça para outra pessoa ler seu texto e veja se ela o interpreta corretamente. Por último, lembre-se de realçar as positividades e potencialidades de sua proposta. Ou seja, é importante que os financiadores entendam o quadro que você analisou como passível de ser transformado através das ações propostas e que sua exposição não os leve a considerar uma perda de tempo para financiar o projeto. Fonte: CURY, T. C. H. Elaboração de projetos sociais. In: ÁVILA, C. M. (Org.). Gestão de projetos Sociais. São Paulo: AAPCS, 2001. SAIBA MAIS GESTÃO DE PROJETOSUNIDADE 2 57 Como as Nações Unidas apoiam os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável no Brasil A ONU e seus parceiros no Brasil estão trabalhando para atingir os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável. São 17 objetivos ambiciosos e interconectados que abordam os principais desafios de desenvolvimento enfrentados por pessoas no Brasil e no mundo. Para saber mais acesse: ONU. Sobre o nosso trabalho para alcançar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável no Brasil, 2024. Disponível em: https://brasil.un.org/pt-br/sdgs. Acesso em: 11 out. 2024. REFLITA GESTÃO DE PROJETOSUNIDADE 2 https://brasil.un.org/pt-br/sdgs 58 Toda organização do Terceiro Setor necessita de um projeto. Em sua maioria, as entidades atuam e desenvolvem projetos sociais, e, como vocês leram na unidade Gestão de Projetos, são várias as etapas e elementos que compõem um projeto e suas particularidades. Por fim, é necessário saber que os projetos só podem ser ferramentas úteis para a ação naqueles que os desenvolvem e executam, fortalecendo as práticas, pois os projetos sociais são como o nosso dia a dia: nunca são sempre organizados. Projetos Sociais devem ser administrados de forma flexível, porém monitorados, avaliados, atualizados e modificados a qualquer momento pelos atores envolvidos. Podemos afirmar que os projetos sociais são ferramentas importantes para a justiça social e o exercício da cidadania. Obrigada, por estar comigo nesta unidade, até mais! CONSIDERAÇÕES FINAIS GESTÃO DE PROJETOSUNIDADE 2 59 A POLÍTICA EDUCACIONAL E O CONTEXTO ESCOLAR: REVISITANDO O SENTIDO DA FORMAÇÃO PARA A CIDADANIA PARA ALÉM DA PANDEMIA No contexto educacional, em especial na escola pública, ampliam-se e agravam-se problemas em todos os níveis e modalidades de ensino, o que nos desafia a pensarmos as interfaces que precisam nortear a relação entre políticas educacionais, educação escolar, globalização e cidadania para dar conta das necessidades oriundas desse contexto. Essa reflexão tem por base uma análise qualitativa, quanto à abordagem do problema; reconstrutiva, crítica e hermenêutica, quanto ao objetivo; e, bibliográfica, com relação aos procedimentos, os quais se ancoram em autores vinculados à temática e, convida-nos a refletir sobre as relações entre as políticas educacionais e o contexto escolar, suas transformações no cenário atual e suas possíveis contribuições para a efetivação do direito à educação de qualidade e à formação cidadã dos sujeitos, marcado e transformado pela pandemia da Covid-19. Fonte: COPATTI. C.; MARCELINO, P. C.; KOHLS, R. C. A política educacional e o contexto escolar: revisitando o sentido da formação para a cidadania para além da Pandemia. RIE - Revista Imagens da Educação, v. 13, n. 1, p. 136-152, jan./mar. 2023. Disponível em: https://periodicos.uem.br/ojs/index.php/ImagensEduc/article/view/61553 Acesso em: 23 nov. 2023. LEITURA COMPLEMENTAR GESTÃO DE PROJETOSUNIDADE 2 https://periodicos.uem.br/ojs/index.php/ImagensEduc/article/view/61553 60 MATERIAL COMPLEMENTAR FILME/VÍDEO • Título: A Grande Aposta. • Ano: 2016. • Sinopse: Michael Burry (Christian Bale) é o dono de uma empresa de médio porte, que decide investir muito dinheiro do fundo que coordena ao apostar que o sistema imobiliário nos Estados Unidos irá quebrar em breve. Tal decisão gera complicações junto aos investidores, já que nunca antes alguém havia apostado contra o sistema e levado vantagem. Ao saber destes investimentos, o corretor Jared Vennett (Ryan Gosling) percebe a oportunidade e passa a oferecê-la a seus clientes. Um deles é Mark Baum (Steve Carell), o dono de uma corretora que enfrenta problemas pessoais desde que seu irmão se suicidou. Paralelamente, dois iniciantes na Bolsa de Valores percebem que podem ganhar muito dinheiro ao apostar na crise imobiliária e, para tanto, pedem ajuda a um guru de Wall Street, Ben Rickert (Brad Pitt), que vive recluso. LIVRO • Título: Introdução à Gestão de Projetos Sociais: Ferramentas de Trabalho e Processo de Elaboração, Implantação e Avaliação. • Autor: Maria Helena Rossi Vallon e José Eustáquio Rosso. • Editora: UFMG. • Sinopse: O objetivo deste livro é disponibilizar uma metodologia de gestão de projetos sociais de forma didática e eficaz, que contemple toda a evolução de seu processo de desenvolvimento. Trata-se de mostrar, a gestores nas áreas de intervençõessociais (sociólogos, assistentes sociais, psicólogos, administradores, entre outros) e quaisquer outros grupos leigos, a evolução do ciclo de um projeto: a programação, a identificação, a formulação, a implantação, o acompanhamento e a avaliação. Para a realização da eficácia das etapas desse ciclo são indicadas ferramentas de trabalho, tais como a análise do problema, das partes interessadas, dos objetivos, das estratégias de intervenção e da qualidade, e ainda a definição das atividades e a alocação de recursos. A metodologia que se apresenta propõe reunir e qualificar todos aqueles que estão envolvidos no desenvolvimento do projeto, de forma interativa e interdependente. Considera-se fundamental que ele, ao seu final, transforme a realidade dos beneficiários, assegurando-lhes a perenidade dos benefícios e das vantagens, alterando as condições adversas e as fragilidades nele encontradas e desenvolvendo lhes a dignidade no exercício da cidadania. GESTÃO DE PROJETOSUNIDADE 2 https://www.amazon.com.br/s/ref=dp_byline_sr_book_1?ie=UTF8&field-author=Maria+Helena+Rossi+Vallon&text=Maria+Helena+Rossi+Vallon&sort=relevancerank&search-alias=stripbooks https://www.amazon.com.br/s/ref=dp_byline_sr_book_2?ie=UTF8&field-author=Jos%C3%A9+Eust%C3%A1quio+Rosso&text=Jos%C3%A9+Eust%C3%A1quio+Rosso&sort=relevancerank&search-alias=stripbooks Professor(a) Esp. Angela Carvalho Kotsubo Giovaneli LEGISLAÇÃO - MARCO LEGAL E SUA APLICAÇÃO3UNIDADEUNIDADE PLANO DE ESTUDO 62 Plano de Estudos • Parceiras Organizações da Sociedade Civil e Políticas Públicas; • Com a Lei nº 13.019/2014, o que modifica para o Terceiro Setor; • O que muda para a administração pública; • O que muda para os órgãos de controle. Objetivos da Aprendizagem • Entender a Lei que estabelece parceria entre Poder Público e Organização da Sociedade Civil; • Definir os tipos de parcerias e aplicabilidade às parcerias voluntárias firmadas entre a administração pública e as OSC; • Conhecer os Instrumentos de Parceria entre o poder público e as OSC; LEGISLAÇÃO - MARCO LEGAL E SUA APLICAÇÃOUNIDADE 3 63 A promulgação da Lei 13.019/2014, que estabelece o Marco Regulatório das Organizações da Sociedade Civil, representa uma importante conquista. Com sua entrada em vigor em 23 de janeiro de 2016, tanto na União quanto nos Estados, no Distrito Federal e nos Municípios, inicia-se um novo regime jurídico para as parcerias entre a administração pública e as instituições sem fins lucrativos, justificando a criação de um novo instrumento legal. Essa lei ocasionou impacto nas relações entre poder público e entidades sem fins lucrativos. A implementação da lei estimulou a gestão pública e fortaleceu as organizações da sociedade civil, que atuam como parceiras na garantia e efetivação de direitos. Essas colaborações entre o Estado e as organizações da sociedade civil possibilitaram o desenvolvimento de políticas públicas e a abordagem de problemas sociais de maneira criativa e inovadora. Com a nova lei, as Organizações da Sociedade Civil (OSCs) ampliaram suas atividades e integraram suas pautas à agenda pública. Essa parceria é respaldada por regras claras e aplicáveis em todo o território nacional, com foco no controle de resultados. Isso valoriza as OSCs e permite que elas se adaptem às necessidades de uma sociedade ativa e diversificada, fortalecendo, assim, a democracia brasileira. Desejo boa leitura e ótimo estudo! INTRODUÇÃO LEGISLAÇÃO - MARCO LEGAL E SUA APLICAÇÃOUNIDADE 3 64 As organizações da sociedade civil (OSCs) desempenham um papel vital na promoção do interesse público, atuando de maneira não lucrativa em diversas áreas essenciais. Essas entidades se dedicam à defesa e promoção de direitos, contribuindo significativamente para a construção de uma sociedade mais justa e igualitária. Nos parágrafos seguintes, serão exploradas as funções e atividades que as organizações da sociedade civil realizam, incluindo sua participação na formulação de políticas públicas e na execução de programas, bem como seu papel no monitoramento e avaliação das iniciativas sociais. Em 2016, havia 236 mil Fundações Privadas e Associações sem Fins Lucrativos (FASFIL) no Brasil, de acordo com estudo divulgado nesta sexta- feira (05) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Já o Mapa das Organizações da Sociedade Civil (OSCs), gerenciado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), registra 820 mil organizações em atividade no país. A diferença de quantidade entre ambos os institutos é a base de referência de dados (MAPA DAS ORGANIZAÇÕES DA SOCIEDADE CIVIL, 2019). Essas entidades têm permitido a reflexão sobre os modelos sociais e a expansão dos valores da democracia. A histórica dessas organizações revela a capacidade de criar diversas intervenções e técnicas sociais inovadoras. Essas organizações são constituídas por diferentes identidades, visões e interesses, com reconhecimento social. A Lei 13.019/2014 visa promover, reconhecer a criatividade das organizações e sua atuação, com regras claras, razoável para o acesso aos recursos públicos. Com a introdução de novos instrumentos específicos para a relação entre o poder público e as Organizações da Sociedade Civil (OSCs), é possível alcançar transformações sociais significativas. PARCEIRAS ORGANIZAÇÕES DA SOCIEDADE CIVIL E POLÍTICAS PÚBLICAS1 TÓPICO LEGISLAÇÃO - MARCO LEGAL E SUA APLICAÇÃOUNIDADE 3 65 A Lei 13.019/2014, conhecida como o Marco Regulatório das Organizações da Sociedade Civil (MROSC), trouxe mudanças significativas para o Terceiro Setor, que inclui as Organizações da Sociedade Civil (OSCs), como ONGs, fundações, associações e outras entidades sem fins lucrativos. A lei estabelece novas regras para as parcerias entre o governo e essas organizações, com o objetivo de aumentar a transparência, eficiência e controle dos recursos públicos. 2.1 Aspectos gerais 2.1.1 Abrangência Nacional A Lei do Marco Regulatório tem abrangência nacional, estabelecendo regras para as parcerias entre as Organizações da Sociedade Civil (OSCs) e a administração pública em níveis federal, estadual, distrital e municipal, proporcionando maior segurança jurídica para todos os envolvidos. No entanto, municípios e estados têm autonomia para criar regulamentações próprias que atendam às necessidades locais, desde que respeitem as normas gerais estabelecidas pela lei. 2.1.2 Universo de organizações A lei não exige que as Organizações da Sociedade Civil (OSCs) possuam títulos ou certificações específicas. Assim, os novos instrumentos jurídicos podem ser firmados com entidades, independentemente de sua qualificação. Com menos burocracia, mais organizações poderão participar das parcerias com o poder público. COM A LEI 13.019/2014, O QUE MODIFICA PARA O TERCEIRO SETOR?2 TÓPICO LEGISLAÇÃO - MARCO LEGAL E SUA APLICAÇÃOUNIDADE 3 66LEGISLAÇÃO - MARCO LEGAL E SUA APLICAÇÃOUNIDADE 3 Art. 2o Para os fins desta Lei, considera-se: I - Organização da sociedade civil: 68 69 a) entidade privada sem fins lucrativos que não distribua entre os seus sócios ou associados, conselheiros, diretores, empregados, doadores ou terceiros eventuais resultados, sobras, excedentes operacionais, brutos ou líquidos, dividendos, isenções de qualquer natureza, participações ou parcelas do seu patrimônio, auferidos mediante o exercício de suas atividades, e que os aplique integralmente na consecução do respectivo objeto social, de forma imediata ou por meio da constituição de fundo patrimonial ou fundo de reserva; b) as sociedades cooperativas previstas na Lei no 9.867, de 10 de novembro de 1999; as integradas por pessoas em situação de risco ou vulnerabilidade pessoal ou social; as alcançadas por programas e ações de combate à pobreza e de geração de trabalho e renda; as voltadas para fomento, educação e capacitação de trabalhadores rurais ou capacitação de agentes de assistência técnica e extensãorural; e as capacitadas para execução de atividades ou de projetos de interesse público e de cunho social. c) as organizações religiosas que se dediquem a atividades ou a projetos de interesse público e de cunho social distintas das destinadas a fins exclusivamente religiosos. Lei 13.019/2014: Arts. 1º e 2º (inciso I) (Brasil, 2014). 2.1.3 Instrumentos Jurídicos A nova Lei traz um regime jurídico para as parcerias, por meio de instrumento inovador para as dimensões de interação entre as Organizações da Sociedade Civil (OSCs) e o poder público O Termo de Colaboração consistir na execução de políticas públicas de diversas áreas, quando a política já possui parâmetros sólidos, com indicadores e avaliação conhecidos, são as que destinam à manutenção de equipamentos, como, por exemplo: voltados para assistência social, creches, atendimento educacional especializado, e programas de proteção a pessoas que se encontram ameaçadas ou em situações que possam comprometer sua segurança, entre outras iniciativas. O Termo de Fomento apoia e reconhece iniciativas das próprias organizações, atraindo tecnologias sociais inovadoras, é uma maneira de impulsionar projetos e eventos em diversas áreas ampliando as ações desenvolvidas nas organizações, podemos dar como exemplo o apoio à capacitação de grupos de mulheres vítimas de violência, bem como à implementação de projetos que promovam os direitos das pessoas com deficiência, entre outras iniciativas. Já a parceria que não envolve transferência de recursos financeiros será firmada no Acordo de Cooperação, a lei não exige a realização prévia de chamamento público. Entretanto, para casos de comodato, doação de bens e compartilhamento de recursos patrimoniais, é obrigatória a realização de um chamamento. Podemos citar como exemplo, o intercâmbio de quadros técnicos, cessão de servidores, ou fortalecimento de agricultores familiares, entre outros. 67LEGISLAÇÃO - MARCO LEGAL E SUA APLICAÇÃOUNIDADE 3 Como o Termo de Fomento e o Termo de Colaboração envolvem transferência de recursos, o quadro abaixo ajuda a diferenciar a utilização de cada um: QUADRO 1: TERMO DE FOMENTO E O TERMO DE COLABORAÇÃO FOMENTO COLABORAÇÃO Função administrativa Incentivar e reconhecer ações de interesse público desenvolvidas pelas organizações da sociedade civil. Atuar em colaboração com organizações da sociedade civil para execução de políticas públicas. Plano de trabalho Proposição dos termos, com livre iniciativa, pela OSC, que apresenta ideias a serem desenvolvidas, com características próprias da sociedade civil, como inovação e criatividade. Proposição dos termos, com parâmetros mínimos ofertados, pela Administração Pública, para que organizações complementem a atuação do Estado em ações conhecidas e estruturadas, com a expertise da sociedade civil. Concepção Organizações da sociedade civil Administração Pública Gestão pública democrática O fomento às iniciativas das OSCs amplia a participação social das OSCs na gestão pública democrática, na medida em que apoia propostas que arejam a ação estatal, amplia o alcance de ações de interesse público desenvolvidas ou criadas pelas OSCs, além de estimular novas tecnologias sociais. Assegura maior autonomia das OSCs. A colaboração de OSCs em iniciativas da Administração. Pública amplia a participação social das OSCs na gestão pública democrática, na medida em que compartilha a gestão dos resultados que se pretende alcançar com as organizações que aproximam a demanda local. Com as políticas públicas, por características como capilaridade e mediação com públicos. 68LEGISLAÇÃO - MARCO LEGAL E SUA APLICAÇÃOUNIDADE 3 Exemplos Atuação de OSCs para desenvolver metodologia de trabalho com pessoas com deficiência em abrigos, empoderando o público em relação aos seus direitos. A parceria envolve a formatação de um curso, a partir da escuta dos abrigados com deficiência, com capacitação de agentes e sistematização de pontos de atenção. O produto é a entrega da metodologia, do curso, dos agentes capacitados e das análises realizadas, descritos no relatório final de execução do objeto. Atuação de OSCs em serviços típicos da assistência social seguindo as regras do Sistema único de Assistência Social - SUAS, como o serviço de abrigamento de pessoas com deficiência. A parceria envolve a gestão do cotidiano do abrigo e a manutenção das ações correlatas para o bom funcionamento do equipamento público. O serviço necessário prestado será descrito no relatório final de execução do objeto. Fonte: A autora (2023). 2.1.4 Manifestação de interesse social Com a nova lei, é possível apresentar propostas ao poder público por meio do Procedimento de Manifestação de Interesse Social. Trata-se de uma forma que permite a qualquer organização apresentar projetos com avaliação do órgão público se irá realizar um chamamento público. A proposta deve incluir a identificação da organização, o interesse público envolvido e um diagnóstico da realidade. Sempre que possível, é importante fornecer informações sobre a viabilidade da proposta, incluindo custos, benefícios e prazos para a execução do projeto. O órgão público, ao considerar que o projeto é relevante, divulga a proposta em seu site e consulta a sociedade sobre o tema. É importante ressaltar que o Procedimento de Manifestação de Interesse Social não é um requisito para a celebração do Termo de Fomento ou do Termo de Colaboração, e não substitui a necessidade de um chamamento público nem isenta a realização de um processo seletivo. A Manifestação de Interesse Social é uma ferramenta que viabiliza a participação da sociedade civil em ações de interesse público. É proibido realizar chamamento público ou formalizar parcerias antes da conclusão do Procedimento de Manifestação de Interesse Social. 69LEGISLAÇÃO - MARCO LEGAL E SUA APLICAÇÃOUNIDADE 3 Seção VI Do Procedimento de Manifestação de Interesse Social Art. 18. É instituído o Procedimento de Manifestação de Interesse Social como instrumento por meio do qual as organizações da sociedade civil, movimentos sociais e cidadãos poderão apresentar propostas ao poder público para que este avalie a possibilidade de realização de um chamamento público objetivando a celebração de parceria. Art. 19. A proposta a ser encaminhada à administração pública deverá atender aos seguintes requisitos: I - Identificação do subscritor da proposta; II - Indicação do interesse público envolvido; III - Diagnóstico da realidade que se quer modificar, aprimorar ou desenvolver e, quando possível, indicação da viabilidade, dos custos, dos benefícios e dos prazos de execução da ação pretendida. Art. 20. Preenchidos os requisitos do art. 19, a administração pública deverá tornar pública a proposta em seu sítio eletrônico e, verificada a conveniência e oportunidade para realização do Procedimento de Manifestação de Interesse Social, o instaurará para oitiva da sociedade sobre o tema. Parágrafo único. Os prazos e regras do procedimento de que trata esta Seção observarão regulamento próprio de cada ente federado, a ser aprovado após a publicação desta Lei. Art. 21. A realização do Procedimento de Manifestação de Interesse Social não implicará necessariamente na execução do chamamento público, que acontecerá de acordo com os interesses da administração. § 1o A realização do Procedimento de Manifestação de Interesse Social não dispensa a convocação por meio de chamamento público para a celebração de parceria. § 2o A proposição ou a participação no Procedimento de Manifestação de Interesse Social não impede a organização da sociedade civil de participar no eventual chamamento público subsequente. § 3o É vedado condicionar a realização de chamamento público ou a celebração de parceria à prévia realização de Procedimento de Manifestação de Interesse Social. (Brasil, 2014). 2.1.5 Novos princípios e diretrizesA participação social, o fortalecimento da sociedade civil e a transparência na utilização dos recursos públicos são princípios que guiam a aplicação e a interpretação eficaz da lei em todo o território nacional. Os princípios da gestão democrática, assim como os valores de legalidade, legitimidade, impessoalidade, moralidade, publicidade, economicidade, eficiência e eficácia, que são já comuns à administração pública, devem ser rigorosamente observados. A lei estabelece que as parcerias devem promover o fortalecimento institucional, a capacitação e o incentivo às Organizações da Sociedade Civil (OSCs). Além disso, é fundamental o controle de resultados, o uso eficaz de informação e comunicação, a cooperação institucional e a gestão transparente da informação. Deve-se também garantir a sensibilização, a capacitação e o aprimoramento dos gestores nas atividades e projetos de interesse. É necessário adotar práticas de gestão administrativa que impeçam a obtenção, individual ou coletiva, de benefícios ou vantagens indevidas, bem como aplicar conhecimentos em ciência, tecnologia e inovação para melhorar as condições de vida da população. 70LEGISLAÇÃO - MARCO LEGAL E SUA APLICAÇÃOUNIDADE 3 Art. 5º O regime jurídico de que trata esta Lei tem como fundamentos a gestão pública democrática, a participação social, o fortalecimento da sociedade civil, a transparência na aplicação dos recursos públicos, os princípios da legalidade, da legitimidade, da impessoalidade, da moralidade, da publicidade, da economicidade, da eficiência e da eficácia, destinando-se a assegurar: I - O reconhecimento da participação social como direito do cidadão; II - A solidariedade, a cooperação e o respeito à diversidade para a construção de valores de cidadania e de inclusão social e produtiva; III - A promoção do desenvolvimento local, regional e nacional, inclusivo e sustentável; IV - O direito à informação, à transparência e ao controle social das ações públicas; V - A integração e a transversalidade dos procedimentos, mecanismos e instâncias de participação social; VI - A valorização da diversidade cultural e da educação para a cidadania ativa; VII - A promoção e a defesa dos direitos humanos; VIII - A preservação, a conservação e a proteção dos recursos hídricos e do meio ambiente; IX - A valorização dos direitos dos povos indígenas e das comunidades tradicionais; X - A preservação e a valorização do patrimônio cultural brasileiro, em suas dimensões material e imaterial. Art. 6º São diretrizes fundamentais do regime jurídico de parceria: I - A promoção, o fortalecimento institucional, a capacitação e o incentivo à organização da sociedade civil para a cooperação com o poder público; II - A priorização do controle de resultados; III - O incentivo ao uso de recursos atualizados de tecnologias de informação e comunicação; IV - O fortalecimento das ações de cooperação institucional entre os entes federados nas relações com as organizações da sociedade civil; V - O estabelecimento de mecanismos que ampliem a gestão de informação, transparência e publicidade; VI - A ação integrada, complementar e descentralizada, de recursos e ações, entre os entes da Federação, evitando sobreposição de iniciativas e fragmentação de recursos; VII - a sensibilização, a capacitação, o aprofundamento e o aperfeiçoamento do trabalho de gestores públicos, na implementação de atividades e projetos de interesse público e relevância social com organizações da sociedade civil; VIII - a adoção de práticas de gestão administrativa necessárias e suficientes para coibir a obtenção, individual ou coletiva, de benefícios ou vantagens indevidas; IX - A promoção de soluções derivadas da aplicação de conhecimentos, da ciência e tecnologia e da inovação para atender necessidades e demandas de maior qualidade de vida da população em situação de desigualdade social. (Brasil, 2014). 2.1.6 Conselho Nacional de fomento e de colaboração A lei institui o Conselho Nacional de Fomento e Colaboração, composto por representantes de forma paritária, com o objetivo de criar um espaço para o debate sobre as relações de parceria. O conselho terá a missão de formular e divulgar práticas de fomento e colaboração entre a administração pública e as organizações da sociedade civil, além de propor políticas voltadas para o fortalecimento dessas organizações. Cabe à sociedade civil propor, opinar e manter um diálogo que impacte as organizações em diversos âmbitos. Essa interação pode contribuir para a geração de 71LEGISLAÇÃO - MARCO LEGAL E SUA APLICAÇÃOUNIDADE 3 conhecimento, capacitação e ampliação do acesso a recursos qualificados. O Conselho deve atuar em conjunto com os conselhos setoriais de políticas públicas e pode estabelecer conselhos semelhantes. Art. 15. Poderá ser criado, no âmbito do Poder Executivo federal, o Conselho Nacional de Fomento e Colaboração, de composição paritária entre representantes governamentais e organizações da sociedade civil, com a finalidade de divulgar boas práticas e de propor e apoiar políticas e ações voltadas ao fortalecimento das relações de fomento e de colaboração previstas nesta Lei. § 1º A composição e o funcionamento do Conselho Nacional de Fomento e Colaboração serão disciplinados em regulamento. § 2º Os demais entes federados também poderão criar instância participativa, nos termos deste artigo. § 3º Os conselhos setoriais de políticas públicas e a administração pública serão consultados quanto às políticas e ações voltadas ao fortalecimento das relações de fomento e de colaboração propostas pelo Conselho de que trata o caput deste artigo. (Brasil, 2014). 2.1.7 Como a Lei do Marco Regulatório impacta as organizações da sociedade civil? A Lei do Marco Regulatório oferece segurança jurídica às organizações da sociedade civil, ao estabelecer uma norma única que rege suas relações de parceria com os diferentes órgãos e entidades da administração pública. A lei requer um maior planejamento, incluindo a comprovação de um tempo mínimo de existência e experiências anteriores na atividade que desejam desenvolver. Além disso, as organizações devem demonstrar sua capacidade técnica e operacional, bem como a regularidade jurídica e fiscal. Algumas organizações precisarão ajustar seu estatuto social para poder acessar recursos públicos por meio de parcerias com o Estado. O planejamento é um aspecto fundamental nessas relações de parceria, e a organização da sociedade civil (OSC) deve ter clareza sobre os recursos necessários para sua implementação, sejam eles humanos, técnicos ou físicos. Com o conhecimento, poderá planejar as atividades em um determinado período e com os resultados que pretende alcançar. O planejamento assegura que cada etapa do projeto esteja sincronizada com as demais, evitando interferências entre elas. A fase de prestação de contas refletirá o cumprimento adequado de todas as etapas do projeto. As entidades que desenvolvem projetos em conjunto serão reconhecidas como atuação em rede, essa atuação implica capilaridade, horizontalidade e descentralização das ações, priorizando a valorização das iniciativas locais e os princípios de solidariedade, cooperação mútua, multiliderança e intercâmbio de informações e conhecimentos. 72LEGISLAÇÃO - MARCO LEGAL E SUA APLICAÇÃOUNIDADE 3 Nessa atuação, as organizações são chamadas de celebrante e executantes, sendo que a celebrante é responsável pelo projeto e firmará com os Termos de Colaboração, de Fomento ou de Cooperação. As organizações executantes detalham quais atividades cada uma irá realizar. Um termo de atuação em rede será consolidado entre as duas organizações, permitindo o repasse de recursos entre elas. A OSC celebrante atuará como supervisora, mobilizadora, orientadora e responsável pela rede, gerenciando os projetos desenvolvidos em parceria com o poder público. Além disso, a OSC celebrante deverá informar ao órgão público,no prazo de até 60 (sessenta) dias a partir da formalização do termo com a OSC executante, sobre a assinatura do termo de atuação em rede. Para que uma organização da sociedade civil (OSC) possa realizar projetos com recursos públicos, a Lei 13.019/2014 impõe algumas exigências. Em parcerias com a União, a organização deve ter pelo menos três anos de existência e comprovar a regularidade de sua situação cadastral, além de estar inscrita no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica (CNPJ). Para parcerias com o Distrito Federal ou estados, o tempo mínimo exigido é de dois anos, e para municípios, de um ano. Caso nenhuma organização atenda a esses requisitos, cada ente federativo pode reduzir os prazos por ato específico. Para projetos executados em rede, a OSC responsável pela assinatura da parceria deve ter no mínimo cinco anos de existência. Além disso, a OSC deve comprovar experiência em atividades relevantes à parceria. Isso pode ser feito por meio de documentos que demonstrem sua atuação em projetos anteriores, como relatórios de prestações de contas aprovadas, publicações temáticas, relatórios anuais de atividades, comprovações de participação em conselhos de políticas públicas e prêmios recebidos A organização deve comprovar que possui condições para desenvolver as atividades e alcançar as metas estabelecidas na parceria. Para demonstrar sua capacidade técnica e operacional, a instituição precisa evidenciar seu conhecimento e a relevância de sua atuação em relação ao objetivo da parceria. É importante considerar diversas formas de conhecimento, mesmo que não estejam documentadas por diplomas oficiais. Vale ressaltar que a capacidade técnica e operacional não deve ser confundida com a capacidade instalada anteriormente, pois o plano de trabalho deve incluir as contratações e aquisições necessárias para a execução do objeto da parceria. Art. 33. Para celebrar as parcerias previstas nesta Lei, as organizações da sociedade civil deverão ser regidas por normas de organização interna que prevejam, expressamente: I - Objetivos voltados à promoção de atividades e finalidades de relevância pública e social; 73LEGISLAÇÃO - MARCO LEGAL E SUA APLICAÇÃOUNIDADE 3 II - (Revogado pela Lei nº 13.204, de 2015) III - que, em caso de dissolução da entidade, o respectivo patrimônio líquido seja transferido a outra pessoa jurídica de igual natureza que preencha os requisitos desta Lei e cujo objeto social seja, preferencialmente, o mesmo da entidade extinta; IV - Escrituração de acordo com os princípios fundamentais de contabilidade e com as Normas Brasileiras de Contabilidade; a) (revogada); b) (revogada); V - possuir: a) no mínimo, um, dois ou três anos de existência, com cadastro ativo, comprovados por meio de documentação emitida pela Secretaria da Receita Federal do Brasil, com base no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica - CNPJ, conforme, respectivamente, a parceria seja celebrada no âmbito dos Municípios, do Distrito Federal ou dos Estados e da União, admitida a redução desses prazos por ato específico de cada ente na hipótese de nenhuma organização atingi-los; b) experiência prévia na realização, com efetividade, do objeto da parceria ou de natureza semelhante; c) instalações, condições materiais e capacidade técnica e operacional para o desenvolvimento das atividades ou projetos previstos na parceria e o cumprimento das metas estabelecidas. § 1o Na celebração de acordos de cooperação, somente será exigido o requisito previsto no inciso I. § 2o Serão dispensadas do atendimento ao disposto nos incisos I e III as organizações religiosas. § 3o As sociedades cooperativas deverão atender às exigências previstas na legislação específica e ao disposto no inciso IV, estando dispensadas do atendimento aos requisitos previstos nos incisos I e III. § 4o (VETADO). § 5o Para fins de atendimento do previsto na alínea c do inciso V, não será necessária a demonstração de capacidade instalada prévia. (Brasil, 2014). 2.2 Alterações no Estatuto Social O estatuto deve incluir a cláusula que afirma que a organização “não distribui entre seus sócios ou associados, conselheiros, diretores, empregados, doadores ou terceiros eventuais os resultados, sobras, excedentes operacionais, brutos ou líquidos, dividendos, isenções de qualquer natureza, participações ou parcelas do seu patrimônio obtidos por meio do exercício de suas atividades, aplicando-os integralmente na realização de seu objeto social, seja de forma imediata ou por meio da constituição de um fundo patrimonial ou fundo de reserva.” Além disso, a OSC deve esclarecer que, caso deixe de atuar, seu patrimônio será transferido para outra pessoa jurídica de natureza semelhante que atenda aos requisitos da Lei 13.019/2014 e cujo objeto social seja, preferencialmente, o mesmo da entidade extinta Art. 33. Para celebrar as parcerias previstas nesta Lei, as organizações da sociedade civil deverão ser regidas por normas de organização interna que prevejam, expressamente: I - Objetivos voltados à promoção de atividades e finalidades de relevância pública e social; II - (Revogado pela Lei nº 13.204, de 2015) III - que, em caso de dissolução da entidade, o respectivo patrimônio líquido seja transferido a outra pessoa jurídica de igual natureza que preencha os requisitos desta Lei e cujo objeto social seja, preferencialmente, o mesmo da entidade extinta; IV - escrituração de acordo com os princípios fundamentais de contabilidade e com as Normas Brasileiras de Contabilidade; a) (revogada); b) (revogada); V - possuir: a) no mínimo, um, dois ou três anos de existência, com cadastro ativo, comprovados por meio de documentação emitida pela Secretaria da 74LEGISLAÇÃO - MARCO LEGAL E SUA APLICAÇÃOUNIDADE 3 Receita Federal do Brasil, com base no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica - CNPJ, conforme, respectivamente, a parceria seja celebrada no âmbito dos Municípios, do Distrito Federal ou dos Estados e da União, admitida a redução desses prazos por ato específico de cada ente na hipótese de nenhuma organização atingi-los; b) experiência prévia na realização, com efetividade, do objeto da parceria ou de natureza semelhante; c) instalações, condições materiais e capacidade técnica e operacional para o desenvolvimento das atividades ou projetos previstos na parceria e o cumprimento das metas estabelecidas. § 1o Na celebração de acordos de cooperação, somente será exigido o requisito previsto no inciso I. § 2o Serão dispensadas do atendimento ao disposto nos incisos I e III as organizações religiosas. § 3o As sociedades cooperativas deverão atender às exigências previstas na legislação específica e ao disposto no inciso IV, estando dispensadas do atendimento aos requisitos previstos nos incisos I e III. § 4o (VETADO). § 5o Para fins de atendimento do previsto na alínea c do inciso V, não será necessária a demonstração de capacidade instalada prévia. (Brasil, 2014). 2.3 Regularidade Jurídica e fiscal Outro aspecto importante é a comprovação da regularidade jurídica e fiscal da organização. Para isso, é necessário que o Estatuto Social e suas alterações estejam registrados no Cartório de Registro de Pessoas Jurídicas. A organização também deve manter os dados cadastrais no CNPJ atualizados e apresentar as certidões exigidas pela legislação, garantindo que estejam sempre em conformidade, pois podem ser solicitadas a qualquer momento. Caso a proposta envolva atuação em rede, todas as OSCs participantes devem assegurar sua regularidade jurídica e fiscal, a qual deve ser apresentada à OSC celebrante. Art. 34. Para celebração das parcerias previstas nesta Lei, as organizações da sociedade civil deverão apresentar: I - (revogado); II - Certidões de regularidade fiscal, previdenciária, tributária, de contribuições e de dívida ativa, de acordo com a legislação aplicável de cada ente federado; III - certidão de existência jurídica expedida pelo cartório de registrocivil ou cópia do estatuto registrado e de eventuais alterações ou, tratando-se de sociedade cooperativa, certidão simplificada emitida por junta comercial; IV -(revogado); V - Cópia da ata de eleição do quadro dirigente atual; VI - Relação nominal atualizada dos dirigentes da entidade, com endereço, número e órgão expedidor da carteira de identidade e número de registro no Cadastro de Pessoas Físicas - CPF da Secretaria da Receita Federal do Brasil - RFB de cada um deles; VII - comprovação de que a organização da sociedade civil funciona no endereço por ela declarado; VIII - (revogado). Parágrafo único. (VETADO): I - (VETADO); II - (VETADO); 90 91 III - (VETADO). (Brasil, 2014). 2.4 Impedimentos e Restrições A Lei 13.019/2014 estabelece impedimentos e restrições para que as organizações da sociedade civil celebrem novas parcerias: 75LEGISLAÇÃO - MARCO LEGAL E SUA APLICAÇÃOUNIDADE 3 a) Organizações cujas contas foram rejeitadas pela administração pública nos últimos cinco anos, a menos que a irregularidade que causou a rejeição tenha sido sanada e os débitos imputados quitados. O mesmo se aplica se a decisão de rejeição for reconsiderada ou revista e as contas estiverem pendentes de decisão sobre recurso com efeito suspensivo. b) Organizações cujas contas tenham sido julgadas irregulares ou rejeitadas por qualquer Tribunal, ou Conselho de Contas nos últimos oito anos e que tenham sido punidas pela administração pública nas seguintes situações: • Suspensão de participação em licitações e impedimento de contratar com a administração pública; • Declaração de inidoneidade para licitar ou contratar com a administração pública; • Suspensão temporária da participação em chamamento público e impedimento de celebração de parceria por prazo não superior a dois anos; • Declaração de inidoneidade para participar em chamamento público. Se a organização for punida apenas com uma advertência, não haverá restrições para firmar novas parcerias. Organizações que não estão regularmente constituídas ficam impedidas de celebrar parcerias com o poder público, assim como aquelas que apresentam omissões na prestação de contas de parcerias anteriores. A lei também estabelece impedimentos para os dirigentes das organizações nas seguintes situações: • Prestação de contas julgadas irregulares ou rejeitadas por Tribunal, ou Conselho de Contas nos últimos oito anos; • Julgamento por falta grave e inabilitação para o exercício do cargo, durante o período da inabilitação; • Consideração de responsabilidade por ato de improbidade, durante os prazos estabelecidos nos incisos I, II e III do art. 12 da Lei 8.429/1992. Além disso, as organizações cujos dirigentes tenham vínculos com membros do Poder ou do Ministério Público, ou com dirigentes de órgãos, ou entidades da administração pública, estão impedidas de celebrar parcerias. Essa vedação se estende aos respectivos cônjuges ou companheiros e a parentes em linha reta, colateral ou por afinidade até o segundo grau. 76LEGISLAÇÃO - MARCO LEGAL E SUA APLICAÇÃOUNIDADE 3 FIGURA 01: GRAUS DE PARENTESCO PARA FINS DE NEPOTISMO Fonte: Nepotismo - Conceito, base legal, vedações e exceções. Brasília, 2021. Disponível em: https://abre.ai/liZ1 Acesso em: 15 nov. 2023. Entende-se por membro de poder qualquer titular que exerça atividades típicas de governo de forma remunerada, incluindo presidentes das República, governadores, prefeitos, respectivos vices, ministros de Estado, secretários nas unidades da Federação, senadores, deputados federais, deputados estaduais e vereadores. https://abre.ai/liZ1 77 Com a entrada em vigor da Lei 13.019/2014, os órgãos da administração pública adotam normas que garantem maior segurança nos procedimentos de parceria com as organizações da sociedade civil. Eles precisarão se adaptar a exigências que demandam mais planejamento, capacidade operacional e capacitação de pessoal, além da obrigatoriedade de realizar chamamentos públicos, garantir transparência ativa, promover ações de comunicação e desenvolver programas de formação, assim como criar instâncias de participação social para debater sobre fomento e colaboração. A Lei 13.019/2014 representa um avanço na criação de um regime jurídico para as parcerias entre as organizações da sociedade civil e o Estado. Introduz os instrumentos do Termo de Fomento e do Termo de Colaboração, que representam duas dimensões distintas dessa parceria. Esses termos substituem os convênios, que, embora ainda existam na relação entre o governo federal, estados e municípios, podem ser celebrados com entidades na área da saúde, conforme previsão constitucional. Também é instituído o Acordo de Cooperação para parcerias sem transferência de recursos. A nova lei afasta expressamente a aplicação da Lei 8.666/1993 nas relações de parceria entre a administração pública e as organizações da sociedade civil. Adicionalmente, a administração pública deve prever anualmente os valores a serem gastos por meio de parcerias e organizar-se para cumprir os prazos de análise das prestações de contas, evitando a acumulação de documentos e atrasos na conclusão das parcerias. O QUE MUDA PARA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA?3 TÓPICO LEGISLAÇÃO - MARCO LEGAL E SUA APLICAÇÃOUNIDADE 3 78LEGISLAÇÃO - MARCO LEGAL E SUA APLICAÇÃOUNIDADE 3 3.1 Capacidade técnica e operacional do órgão público A entidade da administração pública deve avaliar sua capacidade operacional em relação aos recursos humanos, materiais e tecnológicos antes do processo de seleção das organizações da sociedade civil. É fundamental promover a capacitação dos gestores, assegurando que tenham conhecimentos técnicos e a infraestrutura necessária para acompanhar as parcerias e analisar as prestações de contas. A Lei 13.019/2014 exige que a administração pública adote o chamamento público para a seleção das organizações. Esse chamamento orienta os interessados, apresentando procedimentos claros, objetivos, simplificados e padronizados. Devem ser estabelecidos critérios e indicadores, especialmente em relação aos seguintes aspectos: objeto da parceria, metas a serem alcançadas, custos e indicadores, tanto quantitativos quanto qualitativos, para avaliação de resultados. As exceções ao chamamento público ocorrem nas seguintes situações: • Dispensa: o órgão público pode realizar uma parceria diretamente com uma organização da sociedade civil sem necessidade de chamamento público em casos de urgência decorrente da paralisação de atividades de relevante interesse público, por até 180 dias, ou em situações de guerra, calamidade pública, grave perturbação da ordem pública ou ameaça à paz social. Isso inclui programas de proteção a pessoas ameaçadas, onde a identificação da OSC pode comprometer o sigilo necessário para a eficácia do programa, bem como atividades nas áreas de educação, saúde e assistência social, desde que realizadas por organizações previamente credenciadas pelo órgão gestor da respectiva política. • Inexigibilidade: o administrador público pode justificar a não necessidade de competição entre as organizações devido à natureza singular do objeto do plano de trabalho e à possibilidade de que apenas uma entidade específica atinja as metas. Isso se aplica especialmente quando o objeto da parceria for uma incumbência prevista em acordo, ato ou compromisso internacional, com instituições que utilizarão os recursos identificados. A parceria pode ser expressamente identificada em relação à entidade beneficiária, incluindo subvenções previstas na Lei nº 4.320, de 17 de março de 1964. • Emendas Parlamentares: parcerias envolvendo recursos de emendas parlamentares podem ser celebradas sem chamamento público. Nessas situações de dispensa, inexigibilidade ou emendas parlamentares, os demais dispositivos da Lei 13.019/2014 permanecem aplicáveis. • Transparência ativa: a administração pública deve manter informações públicas sobre as parceriascelebradas com as OSCs, incluindo planos de trabalho com os 79LEGISLAÇÃO - MARCO LEGAL E SUA APLICAÇÃOUNIDADE 3 seguintes dados: data de assinatura, identificação do instrumento de parceria e do órgão responsável; nome e CNPJ da OSC; descrição do objeto da parceria; valor total e valores liberados, quando aplicável; situação da prestação de contas; e valor total da remuneração da equipe de trabalho, funções e remuneração prevista. Além disso, a administração pública deve garantir transparência nos casos de dispensa e inexigibilidade de chamamento público, publicando a formalização da parceria e justificação da não realização do processo de seleção. A partir desse momento, os atos terão efeito jurídico, incluindo os termos aditivos aos instrumentos. A administração pública também deve disponibilizar manuais que garantam orientações em todas as etapas da parceria, incluindo a operacionalização do sistema eletrônico. Eventuais atualizações devem ser comunicadas às organizações da sociedade civil, assegurando uma gestão transparente e eficiente. Art. 23. A administração pública deverá adotar procedimentos claros, objetivos e simplificados que orientem os interessados e facilitem o acesso direto aos seus órgãos e instâncias decisórias, independentemente da modalidade de parceria prevista nesta Lei. Parágrafo único. Sempre que possível, a administração pública estabelecerá critérios a serem seguidos, especialmente quanto às seguintes características: I - objetos; II - metas; III - (revogado); IV - custos; 82 83 V - (revogado); VI - indicadores, quantitativos ou qualitativos, de avaliação de resultados. (Brasil, 2014). Para garantir que todos os princípios da lei sejam respeitados, é essencial que gestores públicos, organizações e conselheiros de políticas públicas participem de processos formativos. O governo federal tem a obrigação de promover programas de capacitação. Essas capacitações podem ser desenvolvidas por órgãos e entidades públicas, instituições de ensino, escolas de governo e organizações da sociedade civil, promovendo a formação conjunta de gestores e servidores públicos, representantes de OSCs e membros de conselhos, comissões e comitês de políticas públicas e de direitos. A Lei 13.019/2014 também determina que os meios públicos de comunicação devem divulgar campanhas publicitárias e programações desenvolvidas por OSCs em parceria com a administração pública, aumentando a visibilidade das atividades e garantindo que sejam conhecidas e compreendidas por toda a sociedade. 80 Os órgãos de controle desempenham um papel crucial nas relações de parceria, pois, além de fiscalizar o uso dos recursos públicos, ajudam a consolidar entendimentos sobre a interpretação das normas. A participação desses órgãos foi fundamental para reconhecer a importância das organizações da sociedade civil (OSCs) nas políticas públicas, garantindo transparência e efetividade na aplicação dos recursos. Com a implementação da Lei 13.019/2014, esses órgãos contribuem para aprimorar procedimentos, uniformizar entendimentos e resolver controvérsias, adotando uma nova perspectiva sobre as relações de parceria. Isso fortalece a avaliação dos resultados alcançados e consolida o modelo conhecido como “controle por resultados”. Esse novo enfoque legitima o acesso das OSCs a recursos públicos com base em seu histórico e no acúmulo de conhecimento técnico e político. Além disso, permite que se mensurem os impactos gerados nos beneficiários das parcerias, utilizando resultados que evidenciem a efetividade das ações. A nova lei oferece uma oportunidade para que os órgãos de controle adotem uma abordagem inovadora, focando no acompanhamento da execução das parcerias e incorporando uma fiscalização com viés preventivo e qualitativo, alinhada à realidade das relações entre OSCs e o Estado, assumindo assim um novo papel nesse contexto. O QUE MUDA PARA OS ÓRGÃOS DE CONTROLE?4 TÓPICO LEGISLAÇÃO - MARCO LEGAL E SUA APLICAÇÃOUNIDADE 3 81 O marco legal não é apenas um conjunto de regras a serem seguidas, mas uma expressão dos valores e princípios de uma sociedade, cuja aplicação efetiva é fundamental para a manutenção da ordem e da justiça. Fonte: A autora (2024). REFLITA PERGUNTAS E RESPOSTAS: APLICAÇÃO DO MARCO REGULATÓRIO DAS ORGANIZAÇÕES DA SOCIEDADE CIVIL – MROSC NO ÂMBITO DO SISTEMA ÚNICO DE ASSISTÊNCIA SOCIAL Esta orientação, organizada em formato didático de perguntas e respostas, têm como propósito fundamental orientar e apoiar os gestores dos estados, municípios e do Distrito Federal no planejamento e aplicação da Lei nº 13.019, de 31 de julho de 2014, Marco Regulatório das Organizações da Sociedade Civil – Mrosc, no âmbito do Sistema Único de Assistência Social. O conteúdo apresentado é fruto de debates suscitados na Câmara Técnica da Comissão Intergestores Tripartite que teve como objetivo principal discutir os pontos nevrálgicos para implementação do Mrosc no SUAS e contou com a participação de representantes da Secretária Nacional de Assistência Social, Colegiado Nacional de Gestores de Assistência Social – Congemas e do Fórum Nacional de Secretários de Assistência Social – Fonseas. Para saber mais acesse: http://blog.mds.gov.br/redesuas/wp-content/uploads/2017/01/FAQ_ MROSC.pdf SAIBA MAIS LEGISLAÇÃO - MARCO LEGAL E SUA APLICAÇÃOUNIDADE 3 http://blog.mds.gov.br/redesuas/wp-content/uploads/2017/01/FAQ_MROSC.pdf http://blog.mds.gov.br/redesuas/wp-content/uploads/2017/01/FAQ_MROSC.pdf 82 O estudo sobre o Marco Regulatório do Terceiro Setor, no contexto da Lei Federal n° 13.019/2014, estabelece regras para a celebração de parceria entre a administração pública e as organizações do Terceiro Setor. Anterior a essa legislação, não existia nada claro sobre os critérios para parceria. Isso gerava insegurança na hora da seleção das instituições. Portanto, o Marco Regulatório do Terceiro Setor oportunizou mudanças, garantindo critérios que vão de encontro às necessidades das OSCs, nas parcerias entre a administração pública. Assim, a Lei estabelece uma gestão transparente, promovendo legitimidade, impessoalidade e moralidade em todos os processos da parceria. Concluímos que o Novo Marco Regulatório das Organizações da Sociedade Civil (MROSC) tem como objetivo aprimorar o ambiente jurídico, aproximando as políticas públicas dos usuários. Ele reconhece a importância do relacionamento institucional entre o Estado e as Organizações da Sociedade Civil, possibilitando que as equipes técnicas intervenham de maneira dinâmica e inovadora na solução de problemas sociais. Agradeço, por estar comigo em mais uma unidade, até a próxima! CONSIDERAÇÕES FINAIS LEGISLAÇÃO - MARCO LEGAL E SUA APLICAÇÃOUNIDADE 3 83 O QUE É O MROSC? O Marco Regulatório das Organizações da Sociedade Civil, comumente conhecido pela sigla MROSC, sintetiza reivindicações e articulações de uma ampla agenda voltada ao aperfeiçoamento do ambiente jurídico e institucional relacionado às Organizações da Sociedade Civil (OSCs) e suas relações de parceria com a administração pública. Principiada em 2010 com o movimento Plataforma OSC, passa a ter contornos mais definidos a partir de 2011, quando é instituído grupo de trabalho interministerial, com o propósito de avaliar, rever e propor aperfeiçoamento da legislação federal pertinente às parcerias das OSCs com o poder público. Em sua dimensão normativa, uma das primeiras e principais conquistas da ampla agenda MROSC foi a sanção e, agora, a implementação da Lei Nacional n° 13.019, de 31 de julho de 2014 – Lei MROSC. Essa lei define novas regras para a celebração de parcerias entre OSCs e administração pública, nas quais se estabelece regime de mútua cooperação entre os atores para o alcance de metas e resultados e, por conseguinte, para a consecução de finalidades de interesse público e, por óbvio, recíproco. Fonte: BRASIL. Secretaria da Casa Civil, Relações Institucionaisdesempenhar melhor suas funções. Assim alcançando a sustentabilidade, a transparência, o controle, a economicidade, a eficiência e a eficácia, permitindo o crescimento das entidades. Esta disciplina é apropriada, uma vez que o gerenciamento das OSCs recebe nova regulamentação por meio de leis, decretos, portarias e instruções normativas das três esferas de governo. Além disso, visa apresentar informações com o objetivo de capacitar profissionais que darão suporte aos colaboradores da equipe gestora e operacional das instituições, auxiliando gestores a realizar, de forma correta, a legislação vigente, tanto de recursos livres quanto daqueles oriundos de órgãos governamentais municipais, estaduais e federais, ou de empresas e fundações filantrópicas que financiam projetos sociais. CONSTITUIÇÃO, MANUTENÇÃO E GESTÃO ADMINISTRATIVAUNIDADE 1 9 1.1 Conceito Terceiro Setor é o termo utilizado para as ações provenientes da sociedade. No Brasil, podemos encontrar outras expressões como: não governamental, sociedade civil, sem fins lucrativos, filantrópicas, sociais, solidárias, independentes, caridosas, de base, associativas, entre outras. As entidades do Terceiro Setor são voltadas à realização de finalidades, religiosas, recreativas, ambientais, culturais, sociais, entre outros, cuja existência está embasada com a inscrição do estatuto social em cartório de registro de títulos e documentos. O estatuto é um documento formal, no qual consta o conjunto de regras básicas que norteiam o trabalho da entidade do Terceiro Setor. Essas entidades são de pessoa jurídica de direito privado, pois possuem autonomia para exercer direitos e adquirir obrigações. Pessoa Jurídica é uma entidade ou organização reconhecida por lei como tendo existência própria, separada das pessoas que a compõem. Ou seja, a Pessoa Jurídica tem uma identidade e responsabilidades legais distintas de seus membros, embora esses membros combinem seus esforços e recursos para alcançar os objetivos da entidade. A Pessoa Jurídica pode celebrar contratos, ter direitos, obrigações e responder por suas ações independentemente dos indivíduos que fazem parte dela. 1.2 Distinção entre Primeiro, Segundo e Terceiro Setor A sociedade atual encontra-se estruturada por meio de três setores, os quais são: O Estado, ou Governo, como o primeiro setor; O Mercado, sendo o segundo setor, e; O TERCEIRO SETOR1 TÓPICO CONSTITUIÇÃO, MANUTENÇÃO E GESTÃO ADMINISTRATIVAUNIDADE 1 10 Terceiro Setor, constituído pelas entidades Civil que atuam sem fins lucrativos, porém com interesse público. Podemos observar que o Estado atua na esfera pública, o Mercado na privada, e o Terceiro Setor vem atuando na esfera não governamental. Cabe ressaltar que esses três setores são interligados e são interdependentes, o que compõe a realidade social em constante processo de mudança acelerada em um mundo contemporâneo marcado pela instabilidade, complexidade e incerteza. A sociedade civil é aquela que está fora do aparato estatal, embora mantenha um vínculo inseparável com o Estado, ao passo que o incentiva a instituir leis e a se manter. Assim, a questão da cidadania nos remete ao conceito da sociedade civil, pois implica que a sociedade seja constituída de cidadãos que têm direitos e deveres. 1.3 Características do Terceiro Setor Entre as principais características do Terceiro Setor está a sua origem, ou seja, tem ações de cunho privado e, no que concerne ao destino de suas ações, buscam benefícios sociais, às vezes se aproximando da lógica de mercado ou ficando próximas às atribuições do Estado. Essas organizações também possuem duas características exclusivas que as diferem das demais; não distribuem lucro, como fazem as organizações pertencentes ao setor privado e nem estão sujeitas ao controle estatal, como as organizações do setor público. Assim, ao comparar as entidades com os outros tipos de organizações são consideradas como características mais particulares do Terceiro Setor, o fato de serem: privadas, não integrante do Estado; Sem fins lucrativos, organizações que não distribuem saldo entre os membros da diretoria e que não possuem como resultado o lucro, podendo até os gerar, desde que aplicados nas atividades propostas; institucionalizadas, legalmente constituídas; autoadministradas, gerenciam as suas próprias atividades; voluntárias, podem ser constituídas por qualquer grupo de pessoas, visto que os sócios ou fundadores possuem liberdade para decidir as suas atividades. Constituídas por cidadãos ligados à organização por razões filosóficas, utilizadas para cumprimento dos objetivos sociais a que a entidade se propôs. Criadas para o alcance de interesses e objetivos sociais comuns, e propósitos públicos, ou seja, seus propósitos devem ser destinados à coletividade ou as pessoas. As instituições do Terceiro Setor, compartilham de características em comum. Dessas, cabe ressaltar a mais importante como sendo, o fato de atuarem na busca da satisfação de necessidades sociais. Vale frisar que, em termos de resultados a serem alcançados, CONSTITUIÇÃO, MANUTENÇÃO E GESTÃO ADMINISTRATIVAUNIDADE 1 11 o principal é não se constituírem de caráter público, porém desenvolvem um trabalho de interesse social ou público. Destaca-se, também, a importante característica de não manterem um vínculo mercantil com a sociedade, pois não estão voltadas o lucro no sentido dos interesses capitalistas. As receitas das organizações do Terceiro Setor são normalmente advindas de doações, prestações de serviços, parcerias e acordos com o poder público, e são revertidas para instituições, não ocorrendo distribuição de lucros entre seus associados ou empregados. O fato de não serem instituições governamentais, embora possam manter vínculo com o Estado, por intermédio de parcerias, mas de apresentarem-se organizadas sem a participação do Estado e serem autogovernadas, lhes concede liberdade de ação e definição de orientações e normas em relação ao Estado. 1.4 Naturezas Jurídicas Art. 44. São pessoas jurídicas de direito privado: I - As associações; II - As sociedades; III - As fundações. IV - As organizações religiosas; (Lei nº 10.406 de 10 de janeiro de 2002, Código Civil) De acordo com a Lei nº 10.406/02 do Código Civil brasileiro, existem quatro tipos de entidade sem fins deste grupo, apenas as Associações, as Fundações e as Organizações Religiosas que realiza, atividades sociais são consideradas como entidades do Terceiro Setor. 1.5 Associações O artigo 53 da Lei nº 10.406/02 do Código Civil, define associações como a união de pessoas que se organizam para fins não lucrativos. E a Constituição Federal garante o direito à associação, mas proíbe o exercício das atividades de caráter militar. Assim, as associações constituem em um grupo de pessoas, com uma finalidade comum, sem ter o lucro como finalidade. Sendo assim, são instituídas por pessoas jurídicas de direito privado, sem fins lucrativos, que se organizam constituindo um grupo de pessoas com objetivo comum, sem interesse de resultado financeiro, as rendas de suas atividades são obrigatoriamente revertidas para os objetivos estatutários. É importante ressaltar que, as associações não estão vedadas de realizar atividades geradoras de receita, desde que se caracterizam como meios para atendimento de seus objetivos, não perdendo a categoria de associação mesmo realizando negócios com CONSTITUIÇÃO, MANUTENÇÃO E GESTÃO ADMINISTRATIVAUNIDADE 1 12 interesse de aumentar seu patrimônio, desde que não gere lucro aos associados. Para isso, as atividades econômicas realizadas pelas OSCs devem estar claramente previstas em seus estatutos, assim como a intenção de reinvestir integralmente os resultados obtidos na promoção de seus objetivos sociais. As associações são geridas por uma Assembleia Geral, que determina a forma de atuação da entidade. Além disso, contam com um Conselhoe Sociais Subsecretaria de Relações do Trabalho e do Terceiro Setor Governo do Distrito Federal. Brasília - DF, volume I; p. 203 páginas, 2018. Disponível em: https://www.casacivil.df.gov.br/ wp-conteudo/uploads/2018/11/Manual-MROSC-DF-FINAL.pdf Acesso em: 28 dez. 2023. LEITURA COMPLEMENTAR LEGISLAÇÃO - MARCO LEGAL E SUA APLICAÇÃOUNIDADE 3 https://www.casacivil.df.gov.br/wp-conteudo/uploads/2018/11/Manual-MROSC-DF-FINAL.pdf https://www.casacivil.df.gov.br/wp-conteudo/uploads/2018/11/Manual-MROSC-DF-FINAL.pdf 84 MATERIAL COMPLEMENTAR LIVRO • Título: Estudo do Marco Regulatório das Organizações da Sociedade Civil. • Autor: Bruno Fialho Ribeiro. • Editora: CRV; 1ª edição (20 julho 2020). • Sinopse: Este estudo é dirigido tanto para a classe jurídica quanto para os gestores públicos e seus assessores no exercício das atividades administrativas na União, Estados, Distrito Federal e, principalmente, nos Municípios. Para facilitar o trabalho dos servidores públicos e dirigentes das OSCs (Organizações da Sociedade Civil), acompanha a Lei nº 13.019/14 atualizada e Modelo de Edital de Chamamento Público, incluindo notas explicativas a fim de auxiliá-los na elaboração de seus projetos. Na introdução deste livro o leitor será apresentado à importância e à legitimidade das Organizações da Sociedade Civil nas políticas públicas. Grande parte dos projetos de interesse público e boas práticas de gestão surgem no cenário de atuação do Terceiro Setor. Foi de suma importância para a elaboração desta obra a experiência do Autor na capacitação de servidores públicos e no desenvolvimento de modelagens jurídicas para projetos de parcerias com o Terceiro Setor. Em prol do desenvolvimento socioeconômico do País, esperamos este livro proporcione novas reflexões sobre a importância da proximidade entre as entidades públicas e privadas. LEGISLAÇÃO - MARCO LEGAL E SUA APLICAÇÃOUNIDADE 3 https://www.amazon.com.br/s/ref=dp_byline_sr_book_1?ie=UTF8&field-author=Bruno+Fialho+Ribeiro&text=Bruno+Fialho+Ribeiro&sort=relevancerank&search-alias=stripbooks 85 MATERIAL COMPLEMENTAR FILME/VÍDEO • Título: Marco Regulatório das Organizações da Sociedade Civil (MROSC). • Ano: 2022. • Sinopse: Este o marco regulatório das Organizações da Sociedade Civil – MROSC, no âmbito do Sistema Único de Assistência Social: Orientando e apoiando os gestores e as organizações sociais no planejamento e aplicação da Lei nº 13.019, de 31 de julho de 2014, MROSC. Apresentação geral do Sistema Único de Assistência Social (SUAS) e suas relações com as Organizações da Sociedade Civil (OSC): o que faz uma OSC? Legislação: Lei Federal nº 13.019/2014; Decreto Federal nº 8.726/2016; quais principais mudanças introduzidas pelo MROSC; O chamamento público, a dispensa e a inexigibilidade: o detalhamento de cada processo; como empregar os recursos da parceria e a Comissão de Monitoramento; Parcerias com as OSCs na execução indireta dos serviços socioassistenciais e o fluxo de atendimento. Estudo de casos: análise da situação de dois municípios. Patrícia Ianda Soares (organizadora e mediadora) Elane Tiago Viana (palestrante) Mayara Gouveia (palestrante). LEGISLAÇÃO - MARCO LEGAL E SUA APLICAÇÃOUNIDADE 3 Professor(a) Esp. Angela Carvalho Kotsubo Giovaneli PARCERIAS COM A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA4UNIDADEUNIDADE PLANO DE ESTUDO 87 Plano de Estudos • Planejamento; • Seleção e Celebração; • Execução; • Monitoramento e Avaliação; • Prestação de contas. Objetivos da Aprendizagem • Conhecer a etapa do Planejamento, pois é a mais importante das parcerias, pois é a etapa que todas serão executadas; • Entender a etapa de seleção e celebração como inovadora e a mais transparente das ações, pois é a etapa de incentivo à gestão pública em celebrar a parceria; • Compreender a definição, metas, ações e as atividades planejadas, na etapa de execução, visando como alcançar a proposição pactuada; • Aprender que administração pública tem papel fundamental na etapa de monitoramento e avaliação, onde acompanhará a execução das parcerias visando os resultados alcançados. • Entender a etapa da Prestação de Contas, pois é a mais importante do MROSC, é nesse momento que apresenta o resultado do bom planejamento e execução do recurso financeiro liberado pela administração pública a OSC. PARCERIAS COM A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICAUNIDADE 4 88 O objetivo do aprendizado dessa Unidade IV é oferecer o conhecimento sobre as Etapas da Parceria, entre o órgão da administração pública e a organização da sociedade civil. É necessário que toda a parceria seja construída, executada e avaliada, onde cada etapa esteja conectada às demais e apresentem sua importância. Iniciamos com o conhecimento da etapa do Planejamento, etapa mais importante de modo a definir os resultados pretendidos, indicadores, recursos despendidos e atores envolvidos, afinal, levarão à celebração da parceria e ao alcance do interesse público. Entender em seguida a etapa de seleção e celebração como inovadora e a mais transparente das ações, pois é a etapa de incentivo à gestão pública em celebrar a parceria. A necessidade de compreender a definição, metas, ações e as atividades planejadas, na etapa de execução, visando como alcançar a proposição pactuada. Com a parceria, aprender que administração pública tem papel fundamental na etapa de monitoramento e avaliação, onde acompanhará a execução das parcerias visando os resultados alcançados. E finalizando com a etapa da Prestação de Contas por ser a mais importante do MROSC, é nesse momento que apresenta o resultado do bom planejamento e execução do recurso financeiro liberado pela administração pública à OSC. Com as mudanças previstas da Lei 13.019/2014 e a garantia da parceria em cada uma das etapas, valorizando as organizações da sociedade civil e garantindo a efetivação de direitos e estimulando o desenvolvimento. Nesse sentido, reconhecemos que as parcerias entre a gestão pública e organização da sociedade civil aproximam as políticas públicas das realidades locais, possibilitando a solução de problemas de maneira criativa e inovadora. Desejo boa leitura e ótimo estudo! INTRODUÇÃO PARCERIAS COM A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICAUNIDADE 4 89 A etapa de planejamento deve ser comum tanto para a administração pública quanto para as organizações da sociedade civil, sendo uma fase importante da parceria que garante a validade das etapas seguintes. Desde a fase de planejamento, é elaborado o Plano de Trabalho, documento que será utilizado para lançar a parceria e que inclui as seguintes informações: • Descrever a realidade, os objetivos da parceria, mostrar a realidade, as atividades e os objetivos a serem alcançados; • Descrição dos objetivos e atividades desenvolvidas; • Previsões de receitas e despesas na execução das atividades; • Os meios pelos quais as atividades são realizadas e os objetivos são alcançados; • Definir os parâmetros utilizados para verificar o cumprimento dos objetivos; • Ações que exijam pagamento em espécie; O Plano de Trabalho pode incluir o pagamento de despesas gerais para execução da parceria, independente da proporção do valor total da parceria, podendo incluir custos de consumo, estrutura e gestão. Art. 8º Ao decidir sobre a celebração de parcerias previstas nesta Lei, o administrador público: I - Considerará, obrigatoriamente, a capacidade operacional da administração pública para celebrar a parceria, cumprir as obrigações dela decorrentes e assumir as respectivas responsabilidades; II - Avaliará as propostas de parceria com o rigor técnico necessário; III - Designará gestores habilitados a controlar e fiscalizar a execução em tempo hábil e de modo eficaz; PLANEJAMENTO1 TÓPICO PARCERIAS COM A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICAUNIDADE 4 90PARCERIAS COM A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICAUNIDADE 4 IV - Apreciará as prestações de contas na forma e nos prazos determinados nesta Lei e na legislação específica. Parágrafo único. A administraçãopública adotará as medidas necessárias, tanto na capacitação de pessoal, quanto no provimento dos recursos materiais e tecnológicos necessários, para assegurar a capacidade técnica e operacional de que trata o caput deste artigo. (Brasil, 2014). Os custos indiretos não devem ser confundidos com a taxa de administração. Quando uma organização compartilha custos provenientes de outra fonte de financiamento, é obrigatório apresentar um relatório que detalhe a parte financiada pela parceria e a parte coberta por outros recursos. É essencial assegurar que não haja sobreposição de fontes de financiamento para uma mesma despesa. O Plano de Trabalho detalhará todos os assuntos relacionados a remuneração da equipe de trabalho, como: a) Valor tributário; b) Contribuição social; c) Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS); d) Férias; e) Décimo-terceiro salário; f) Salários proporcionais; g) Verbas rescisórias; e h) Outros custos sociais. Nesta fase, deverá considerar o propósito da parceria, refletindo sobre a estrutura administrativa, os objetivos e os resultados a alcançar. 91 SELEÇÃO E CELEBRAÇÃO2 TÓPICO PARCERIAS COM A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICAUNIDADE 4 Esta etapa traz como inovação a obrigatoriedade do chamamento público, sendo uma forma de acesso das organizações aos recursos públicos de forma transparente e incentivo a gestão democrática, possibilitando que o Estado tenha contato com um maior número de organizações. A vedação na etapa de seleção e celebração de quem poderá participar nessa fase, também é importante, através de cláusulas baseadas na localização das organizações e outras situações que não seja relevante para a efetivação da parceria, garantido a participação maior de organizações com condições de apresentar a proposta. 2.1 Edital O Edital é o documento que definirá todos os critérios e requisitos para a seleção da entidade, indicando os objetivos para os quais a parceria atua. Deve constar no edital: • O planejamento orçamentário permite e facilita parcerias; • Tipo de cooperação estará envolvido; • Objeto da parceria; • Datas, prazos, condições, local e forma de apresentação das propostas; • Datas e critérios de seleção e julgamento das propostas, bem como métodos de pontuação e ponderação de cada critério; • Valor ou teto especificado para atingir a meta; • Condições para reclamações administrativas; • Projetos de documentos através dos quais a parceria será organizada; e 92PARCERIAS COM A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICAUNIDADE 4 • Acessibilidade para pessoas com deficiência, com mobilidade reduzida e idosos, levando em conta as características do parceiro. 2.2 Acessibilidade O edital de recurso poderá estipular medidas de acessibilidade para pessoas com deficiência, com dificuldade de locomoção e idosos, em conformidade com a Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência e a Lei Brasileira de Inclusão (Lei 13.146/2015). Os recursos públicos não devem criar barreiras e devem ser disponibilizados de maneira inclusiva para todos. 2.3 Publicização Do Edital O edital deve ser publicado com pelo menos 30 (trinta) dias de antecedência A administração pública poderá divulgar Os editais e as informações sobre todas as parcerias realizadas deverão ser disponibilizados no portal da internet. Após a publicação do edital, as entidades poderão submeter suas propostas, acompanhadas das informações solicitadas, e a administração pública realizará a análise: • Se as propostas forem coerentes com objetivos específicos e a ação se enquadrar no objeto da cooperação; • Se as recomendações corresponderem ao valor de referência estabelecido no edital. Esta primeira análise resultará numa lista ordenada de recomendações. 2.4 Contrapartida A contrapartida não pode ser exigida, apenas em bens e serviços e, quando exigida, deverá mensura em valores monetários com preços vigentes no mercado, o depósito do valor não pode ser exigido na conta bancária do termo da parceria. 2.5 Comissão De Seleção A Comissão de Seleção analisa as propostas apresentadas pelas OSC, é o órgão para tratar e julgar reclamações públicas formadas por lei publicado em meio de comunicação oficial, com a participação de um funcionário público em exercício de cargo ou função efetiva, especialistas nomeados e membros de comitês de políticas públicas, cuja composição deve ser divulgada em alguns meios de comunicação oficiais. 93PARCERIAS COM A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICAUNIDADE 4 Fica proibido a participação de pessoas que, nos últimos cinco anos, tenham alguma relação jurídica (associado, dirigente ou empregado) com uma das organizações participantes, sendo indicado um substituto, com qualificação equivalente ao anterior. A seleção das parcerias, custeadas com recursos dos conselhos de direito, serão realizadas por eles, respeitando a legislação específica. 2.6 Da seleção das propostas à celebração da parceria Conforme a Lei 13.019/2014, algumas fases devem ser observadas, iniciando com a análise dos planos de trabalho enviados pelas OSCs. Superada a análise e julgamento desses recursos, o órgão público publicará o resultado da classificação das OSCs. Essa fase deve estar acompanhada de um relatório com as seguintes informações: • O conteúdo está de acordo com a parceria; • A execução é viável e os valores estão conforme o preço de mercado; • O cronograma previsto é adequado e permite fiscalização. Após publicação da classificação, o poder público deverá convocar a OSC para comprovação dos requisitos previstos na Lei 13.019/2014, com apresentação de documento e o detalhamento da proposta. No ato da celebração da parceria, os Termos deverão conter o prazo correspondente ao tempo para a execução do objeto da parceria. Art. 23. A administração pública deverá adotar procedimentos claros, objetivos e simplificados que orientem os interessados e facilitem o acesso direto aos seus órgãos e instâncias decisórias, independentemente da modalidade de parceria prevista nesta Lei. Parágrafo único. Sempre que possível, a administração pública estabelecerá critérios a serem seguidos, especialmente quanto às seguintes características: I - Objetos; II - Metas; III - (revogado); IV - Custos; V - (revogado); VI - Indicadores, quantitativos ou qualitativos, de avaliação de resultados. (Brasil, 2014) 94 EXECUÇÃO3 TÓPICO PARCERIAS COM A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICAUNIDADE 4 É o momento de executar as atividades planejadas, com as metas claras servirá para verificação dos resultados, o método utilizado no setor privado na execução dos recursos será adotado com os recursos recebidos. Permitir explicitamente o pagamento à equipe que trabalha no projeto e reconhecer que o dirigente pode ser remunerado por seu trabalho em parceria é uma conquista. Nesse sentido, a lei enfatiza a especificidade e relação de trabalho das organizações não governamentais que diferem das funções da gestão pública. Itens autorizados para pagamento com a parceria? Todos os custos previstos no plano de trabalho, abordando a lei alguns dos pontos pouco claros no ordenamento jurídico. 3.1 Equipe de trabalho A seleção e a contratação do grupo de trabalho da OSC devem considerar os objetivos a serem alcançados em colaboração, bem como os conhecimentos essenciais para o projeto. A contratação de profissionais para compor a equipe de uma parceria pode incluir tanto funcionários próprios quanto custos sociais, especificando que os valores: • correspondam às metas previstas no Plano de Trabalho e as qualificações exigidas para o desempenho da função; • sejam consistentes com o preço de mercado da região e não exceder o valor máximo pago pelo Poder Executivo; • sejam proporcionais ao tempo de trabalho da parceria. 95PARCERIAS COM A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICAUNIDADE 4 É fundamental ressaltar que a remuneração da equipe contratada pela OSC é de responsabilidade da própria organização, não gerandoqualquer vínculo de trabalho com o poder público. Da mesma forma, caso uma OSC não cumpra suas obrigações trabalhistas, fiscais e comerciais, a administração pública não será responsabilizada pelo pagamento. 3.2 Diárias As diárias de viagem, hospedagem e alimentação poderão ser pagas aos contratados para a parceria e deverão respeitar o valor máximo aprovado pela administração pública. Despesas semelhantes poderão ser pagas a voluntários que trabalhem em parceria, conforme a Lei 9.608/1998. 3.3 Custos indiretos As despesas indiretas podem incluir itens como água, luz, internet, transporte, aluguel e telefone, além de custos com serviços de contabilidade e assessoria jurídica. 3.3.1 O que não é permitido pagar com recursos colaborativos? • Taxas administrativas, taxas de gestão ou encargos similares (que não devem ser confundidos com custos indiretos ou remuneração de funcionários). • Despesas que não sejam relevantes para a operação da organização. • Remunerações de servidores, funcionários públicos e empregados públicos não vinculados a entidades empresariais, salvo disposição legal em contrário. 3.4 Liberação de parcelas Os recursos serão liberados pela administração pública conforme cronograma de desembolso autorizado. A lei orienta que a transferência de prazos seja controlada pela OSC, através de uma plataforma eletrônica na internet, e que a administração pública disponibilize essa plataforma. A liberação das parcelas pode ser suspensa nas seguintes situações: • Irregularidades: quando houver evidências de irregularidade na aplicação de depósitos anteriormente recebidos. • Desvio de Uso: quando for constatado desvio na utilização dos recursos, ou se a organização violar as obrigações estabelecidas no Termo de Colaboração ou de Fomento. • Não conformidade: quando a OSC não adotar, sem justificativa, as medidas indicadas pela administração pública ou pelo órgão de controle para resolver questões pendentes. 96PARCERIAS COM A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICAUNIDADE 4 Nesse caso, é fundamental que todas as orientações sejam registradas por escrito, pois isso facilitará a responsabilização em situações futuras. Ter um registro claro das diretrizes e comunicações garante maior transparência e segurança tanto para a OSC quanto para a administração pública. Os financiamentos recebidos para a realização da parceria serão depositados e administrados em conta bancária designada, livre de encargos bancários, em banco público designado pela autoridade administrativa nacional. Os rendimentos deste investimento serão utilizados para fins de parceria, sujeitos às mesmas condições de responsabilidade exigidas para a transferência de recursos. 3.5 Formas de pagamento Os pagamentos devem normalmente ser feitos por transferência bancária para o destinatário final. Quando houver necessidade de pagamento em dinheiro (por exemplo, projetos na região amazônica que exijam transporte por barqueiro ou regiões de comunidades tradicionais e comunidades onde o beneficiário ou prestador de serviço não possua conta bancária), deverá ser emitido recibo da seguinte forma: os documentos comprovativos e os detalhes do beneficiário serão anunciados na plataforma eletrônica. 3.6 Prorrogação da parceria A duração da parceria pode ser alterada a pedido da organização ou caso o poder público atrase o desembolso de recursos. Caso a OSC necessite de mais tempo para a conclusão de uma atividade, deverá apresentar um pedido devidamente fundamentado com uma antecedência mínima de 30 dias relativamente ao fim previsto. Se o atraso foi iniciado pelo estado, a extensão deve coincidir com a duração do atraso. 97 MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO4 TÓPICO PARCERIAS COM A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICAUNIDADE 4 Ao longo da implementação da parceria, a administração deve acompanhar o projeto e a atividade e dar atenção especial aos resultados alcançados pelas organizações parceiras. Será possível visitar atividades e locais onde o Projeto esteja implantado. Sempre que possível, uma ferramenta separada chamada Pesquisa de Satisfação do Beneficiário pode ser usada para rastrear parcerias além de um ano. Os resultados nos ajudarão a avaliar nossas parcerias e reorientar nossas metas e atividades quando necessário. Para realizar essas atividades de monitoramento e avaliação, o órgão pode contar com a assistência técnica de terceiros, delegar autoridade ou firmar parcerias com outros órgãos e órgãos próximos ao local do projeto que está sendo avaliado. A análise da parceria consta do relatório técnico de acompanhamento e avaliação submetido à comissão de acompanhamento e avaliação. A Comissão de Monitoramento e Avaliação é um órgão colegiado responsável por monitorar e avaliar as parcerias firmadas com as Organizações da Sociedade Civil. Sua atuação é divulgada por meio de publicações na mídia e em sites oficiais. Para garantir a efetividade de suas funções, é necessário que a comissão inclua pelo menos um funcionário de cargo efetivo ou que trabalhe permanentemente no local, além de membros nomeados dos comitês setoriais de políticas públicas. A implementação do compartilhamento será acompanhada por comitês de Políticas Públicas que estão relacionados às atividades desenvolvidas e aos mecanismos de controle social estabelecidos pela Lei de Acesso à Informação (Lei 12.527/2011). Durante a fase de monitoramento e avaliação, os gestores públicos devem: 98PARCERIAS COM A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICAUNIDADE 4 • Garantir que as parcerias sejam monitoradas e supervisionadas adequadamente. • Informar seus supervisores sobre quaisquer eventos que possam impactar as operações ou os objetivos das parcerias. • Notificar seus supervisores, especificando a ação a ser tomada em resposta a esses eventos. • Emitir uma análise final da prestação de contas com base no Relatório Técnico de Monitoramento e Avaliação e em outros relatórios pertinentes. • Fornecer os materiais e equipamentos técnicos necessários para as atividades de monitoramento e avaliação. Pela nova lei, os gestores também têm a obrigação pessoal de fornecer pareceres técnicos e conclusivos. Se as atividades da sociedade não tiverem sido realizadas pela organização ou forem constatadas de forma inadequada, a administração poderá: • Segurar bens públicos em posse da OSCs parceiras. • Responsável pela execução das demais tarefas do plano de trabalho. Tais medidas serão tomadas para assegurar que os serviços essenciais para a população não sejam interrompidos. 99 PRESTAÇÃO DE CONTAS5 TÓPICO PARCERIAS COM A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICAUNIDADE 4 A Lei 13.019/2014 traz uma nova perspectiva sobre prestação de contas, a responsabilidade por essa fase é compartilhada entre a entidade e a administração pública. Afinal, se os recursos utilizados na parceria são públicos, a sociedade como um todo, deve saber como está sendo aplicado o recurso. Como mencionado anteriormente, o bom desempenho é fruto de um trabalho criterioso, com foco no cumprimento do previsto no plano de trabalho. A obrigação de prestar contas começa no momento da publicação. A lei exige que o governo oriente as organizações na celebração de parcerias, com conteúdo simplificado. Se houver mudanças no conteúdo desses manuais, eles devem previamente noticiado a OSC e amplamente divulgado na mídia oficiais de comunicação. A Prestação de Contas deve ser efetuada em uma plataforma eletrônica que permita a cada cidadão interessado acompanhar as atividades e os gastos. Não há previsão de responsabilidade por parcela, mas sim por formulário anual. As organizações da sociedade civil devem apresentar demonstrações financeiras ao final de cada ano fiscal para monitorar o cumprimento das metas da parceria. 5.1 Os elementos da prestação de contas Deve permitir aos gestores públicos avaliar o desempenho do objeto com base na confirmação de que as metas traçadas foram alcançadas. O relatório da execução da parceriadeve incluir descrição das atividades ou a implementação da parceria e uma comparação dos objetivos propostos e resultados alcançados. 100PARCERIAS COM A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICAUNIDADE 4 Em caso de incumprimento dos objetivos e resultados definidos no plano de trabalho, o Estado pode solicitar à OSC a apresentação de um relatório de desempenho financeiro com a explicitação dos custos e consequências. Este relatório deve demonstrar a conexão entre a movimentação de recursos públicos e as despesas. Os gastos devem mostrar se existe uma correlação entre a receita projetada e os custos reais. A lei também deixa claro que a análise de responsabilidade considera a “verdade real”, conceito a análise e focar nos fatos e consequências ocorridos, efetivamente alcançados. Os órgãos devem revisar os relatórios aprovados pela Comissão de Monitoramento e Avaliação antes de finalizar sua análise. 5.2 Novos Prazos As organizações da sociedade civil são obrigadas a apresentar seus relatórios no prazo previsto na Lei 13.019 de 2014 e de acordo com o disposto na Lei que rege este Código. Este período pode ser estendido quando justificado. As autoridades administrativas nacionais são obrigadas a analisar o desenho final da conta no prazo de 150 dias a contar da aprovação, com possibilidade de prorrogação por mais 150 dias. Caso sejam constatadas fraudes ou omissões na segurança da conta, o OSC poderá resolver os problemas não solucionados em até 45 dias. Todos os documentos originais utilizados para emitir a conta devem ser mantidos pela OSC durante 10 anos. 5.3 Resultado Final Os Gestores Públicos responsáveis fornecem pareceres técnicos, incluindo análise das responsabilidades da parceria. Este documento deve incluir: • Resultados e benefícios alcançados; • Impacto econômico ou social; • O nível de satisfação da comunidade receptora; que • Potencial sustentabilidade das operações após o término da parceria. A indicação final de responsabilidade deve incluir uma das seguintes opções: • Confirmação de responsabilidade; • Confirmação do provisionamento da conta por meio de reserva; ou • Decisão de recusa de provisionamento de conta e criação imediata de provisionamento de conta especial. 101 Terceiro Setor: Parcerias com a Administração Pública e o Controle exercido pelo Ministério Público, Tribunal de Contas e Sociedade A presente monografia pretende abordar o Terceiro Setor, suas características e seu marco regulatório, no tocante a suas titulações e instrumentos de formalização de parcerias, a forma do seu desenvolvimento, bem como pretende explorar com maior clareza de detalhes como tem sido observada as parcerias deste com o Estado à luz da Constituição, da legislação esparsa e da sociedade. Verificar-se-á também como tem se desenvolvido a fiscalização destas mesmas parcerias com o Estado, no âmbito do Controle Externo exercido pela Administração Pública e ainda em relação à fiscalização exercida externa a Administração, pelos Tribunais de Contas, Ministério Público e a Sociedade. Para saber mais acesse: LUCENA, C. Terceiro Setor: Parcerias com a Administração Pública e o Controle exercido pelo Ministério Público, Tribunal de Contas e Sociedade. Brasil Escola. Disponível em: https://monografias.brasilescola.uol.com.br/direito/terceiro-setor-parcerias-com-a-administracao-publica. htm. Acesso em: 11 out. 2024. SAIBA MAIS PARCERIAS COM A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICAUNIDADE 4 A lei é inovadora ao permitir que as OSCs, sem intenção ou escopo, apresentem novos planos de trabalho relacionados ao objeto e escopo comum da organização e, então, solicitem permissão para devolver recursos por meio de atividades compensatórias de interesse público. É uma farsa e não fornece recursos completos. As sanções administrativas têm um prazo de prescrição de 5 anos e são contadas a partir da apresentação da conta. Art. 63. A prestação de contas deverá ser feita observando-se as regras previstas nesta Lei, além de prazos e normas de elaboração constantes do instrumento de parceria e do plano de trabalho. § 1o A administração pública fornecerá manuais específicos às organizações da sociedade civil por ocasião da celebração das parcerias, tendo como premissas a simplificação e a racionalização dos procedimentos. § 2o Eventuais alterações no conteúdo dos manuais referidos no § 1⁰ deste artigo devem ser previamente informadas à organização da sociedade civil e publicadas em meios oficiais de comunicação. § 3o O regulamento estabelecerá procedimentos simplificados para prestação de contas. (Brasil, 2014) https://monografias.brasilescola.uol.com.br/direito/terceiro-setor-parcerias-com-a-administracao-publica.htm https://monografias.brasilescola.uol.com.br/direito/terceiro-setor-parcerias-com-a-administracao-publica.htm 102 “Parcerias com a administração pública são como pontes, conectando o setor privado e a comunidade, e quando construídas com integridade e transparência, podem levar a um progresso significativo e sustentável para a sociedade.” Fonte: A autora (2023). REFLITA PARCERIAS COM A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICAUNIDADE 4 103 O Marco Legal das Organizações da Sociedade Civil (Lei 13.019/2014) representa uma importante conquista para a sociedade civil brasileira, consolidando princípios de governança no Estado democrático. Este é mais um passo para reconhecer e fortalecer as OSCs como atores legítimos, propondo e implementando políticas nacionais de forma conjunta com o Estado. Com esta nova lei, o Estado brasileiro atingiu um significativo amadurecimento e reforçou a importância fundamental de garantir direitos aos cidadãos e prestar serviços públicos de qualidade. Ao mesmo tempo, a Comissão reconhece sua confiança na sociedade civil para desenvolver diretrizes dentro de seu mandato. O reconhecimento da natureza das OSCs, que as distingue das estruturas nacionais com regras próprias para a realização de projetos ou atividades relacionadas com a comunidade em cooperação com o Estado, é essencial no novo quadro. Tão importante quanto a própria lei é o processo participativo que reúne a sociedade civil, diversos órgãos federais, reguladores e parlamentares para elaborá-la, e esse processo deve orientar a implementação da lei. Ao mesmo tempo, ao comemorar este importante evento, é um desafio tornar o direito uma ferramenta corretamente conhecida e utilizada por líderes, organizações e órgãos governamentais nacionais, tendo em vista o fortalecimento da gestão democrática, a participação pública, a sociedade civil e a transparência sobre o uso de recursos públicos. Esta ação legal é um passo importante para uma política de cooperação e promoção com organizações da sociedade civil que visa o interesse público e a qualidade das atividades e serviços prestados aos cidadãos. Agradeço, por estar comigo em nossa última unidade, até logo! CONSIDERAÇÕES FINAIS PARCERIAS COM A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICAUNIDADE 4 104 ARTIGO 01: PARCERIAS NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA O objetivo deste artigo consiste em expor como particulares podem exercer funções de colaboração com o Poder Público, sob diversas formas jurídicas, embora nem todas as tarefas desenvolvidas pelo Poder Público possam ser delegadas ou executadas por particulares. E, é nesse sentido que se discorre sobre o conceito de parceria adotado em sentido amplo e os variados instrumentos jurídicos utilizados para esta formalização, abordando a concessão e permissão de serviços públicos, convênios, contratos de gestão e termo de parceria, entre outros instrumentos jurídicos. Fonte: GROTTI, D. A. M Parcerias na administração pública. Revista de Direito do Terceiro Setor. Belo Horizonte, v. 6, n. 11, jan./jun. 2012. Disponível em: https://dspace.almg. gov.br/jspui/handle/11037/2828 Acesso em: 20 set. 2023. ARTIGO 02: TRANSPARÊNCIA EM PARCERIAS PÚBLICO PRIVADAS NO BRASIL: UMA ANÁLISE DOS DESAFIOS E PERSPECTIVAS DA PRODUÇÃO TÉCNICO-CIENTÍFICAEste trabalho tem por objetivo apresentar os desafios e perspectivas da produção técnico-científica existente na literatura nacional e estrangeira sobre transparência no contexto das PPPs. Trata-se de uma pesquisa aplicada, segundo sua finalidade, e exploratória, segundo seu objetivo mais geral. Constatou-se que, embora a literatura indique uma lacuna relacionada à transparência no contexto das PPPs, foi possível apresentar, para cada etapa do ciclo de vida das parcerias – começando pelas fases pré-contratuais, passando pelas fases pós-contratuais e culminando com o término da parceria – quais informações devem ser divulgadas, assim como os desafios e perspectivas relacionadas a essa divulgação. Fonte: ITAPARICA, A. L. M. Transparência em parcerias público-privadas no Brasil: uma análise dos desafios e perspectivas da produção técnico científica/Antônio Luciano Mota Itaparica. Brasília: ISC/TCU, 2023. Disponível em: https://portal.tcu.gov.br/ biblioteca-digital/transparencia-em-parcerias-publico-privadas-no-brasil-uma-analise-dos- desafios-e-perspectivas-da-producao-tecnico-cientifica.htm Acesso em: 10 dez. 2023 LEITURA COMPLEMENTAR PARCERIAS COM A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICAUNIDADE 4 https://dspace.almg.gov.br/browse?type=alltitles&value=Parcerias+na+administra%C3%A7%C3%A3o+p%C3%BAblica https://dspace.almg.gov.br/jspui/handle/11037/2828 https://dspace.almg.gov.br/jspui/handle/11037/2828 https://portal.tcu.gov.br/biblioteca-digital/transparencia-em-parcerias-publico-privadas-no-brasil-uma-analise-dos-desafios-e-perspectivas-da-producao-tecnico-cientifica.htm https://portal.tcu.gov.br/biblioteca-digital/transparencia-em-parcerias-publico-privadas-no-brasil-uma-analise-dos-desafios-e-perspectivas-da-producao-tecnico-cientifica.htm https://portal.tcu.gov.br/biblioteca-digital/transparencia-em-parcerias-publico-privadas-no-brasil-uma-analise-dos-desafios-e-perspectivas-da-producao-tecnico-cientifica.htm 105 MATERIAL COMPLEMENTAR FILME/VÍDEO • Título: Quanto vale ou é por quilo? • Ano: 2005. • Sinopse: Uma analogia entre o antigo comércio de escravos e a atual exploração da miséria pelo marketing social, que forma uma solidariedade de fachada. No século XVII, um capitão-do-mato captura uma escrava fugitiva, que está grávida. Após entregá-la ao seu dono e receber sua recompensa, a escrava aborta o filho que espera. Nos dias atuais uma ONG implanta o projeto Informática na Periferia em uma comunidade carente. Arminda, que trabalha no projeto, descobre que os computadores comprados foram superfaturados e, por causa disto, precisa agora ser eliminada. Candinho, um jovem desempregado cuja esposa está grávida, torna-se matador de aluguel para conseguir dinheiro para sobreviver LIVRO • Título: Parcerias com o Terceiro Setor – As Inovações da Lei nº 13.019/2014 • Autor: Fabrício Macedo Motta, Fernando Borges Mânica, Rafael Arruda Oliveira. • Paulo Modesto. • Editora: Fórum. • Sinopse: Espera-se que os trabalhos aqui reunidos tragam esclarecimentos acerca da interpretação da nova lei e constituam o ponto de partida para novas análises, proposições e críticas, tão necessárias à evolução das parcerias com o terceiro setor no Brasil. Esse ramo cada vez mais especializado do Direito Administrativo, tão em voga na agenda do desenvolvimento social e humano do país, demanda a construção de novos e renovados consensos compatíveis com a racionalidade das novas parcerias do Estado com o terceiro setor. PARCERIAS COM A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICAUNIDADE 4 https://www.adorocinema.com/filmes/agenda/week-2005-05-19/ https://www.adorocinema.com/filmes/agenda/week-2005-05-19/ 106 CONCLUSÃO GERAL Prezado (a) aluno (a), Neste material, busquei trazer para você os principais conceitos a respeito da gestão de produtos e marcas. Para tanto abordamos as definições teóricas e, neste aspecto, acreditamos que tenha ficado claro para você o quanto é estratégico para gestores de todas as áreas de uma organização compreenderem os processos de identificação de necessidades e oportunidades no mercado para a criação e oferta de produtos e serviços que atendam as expectativas dos consumidores. Destacamos também a importância histórica das marcas para identificação e diferenciação dos produtos em relação aos concorrentes e vimos o quanto a construção de uma marca baseada em critérios sólidos podem contribuir para o sucesso de um produto ou empresa no mercado. Além dos aspectos teóricos que contribuíram profundamente para o entendimento dos assuntos aqui abordados, trouxemos vários exemplos e técnicas para uma melhor compreensão sobre criação e gestão de marcas fortes. Levantamos também aspectos históricos que nos levaram a chegar nas formulações, processos e técnicas que hoje aplicamos nas organizações. Esse olhar para o passado para entender o presente e visualizar o futuro é algo inerente aos empreendedores que pensam em suas organizações como gestores eficientes e antenados. Ao pensarmos em uma organização voltada a administração estratégica, como aqui abordamos e contemplando também a comunicação como cultura organizacional, temos que sempre levar em consideração o diálogo, o respeito e o ouvir nossos parceiros de trabalho, nossos colaboradores e todos aqueles que integram nossa equipe. A partir de agora acreditamos que você já está preparado para seguir em frente, desenvolvendo ainda mais suas habilidades para criar e desenvolver produtos e marcas de sucesso no mercado e realizar bons negócios. Até uma próxima oportunidade. Muito Obrigado 107 REFERÊNCIAS ARMANI, D. Como elaborar projetos? Guia prático para elaboração e gestão de projetos sociais. Porto Alegre: Tomo Editorial, 2004. BRASIL. Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Institui o Código Civil. Diário Oficial da União: Brasília, DF, 11 jan. 2002. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/ leis/2002/L10406.htm. Acesso em: 15 set. 2024. BRASIL. Lei nº 12.101, de 27 de novembro de 2009. Dispõe sobre a certificação das entidades beneficentes de assistência social e regula os procedimentos de isenção de contribuições para a seguridade social. Diário Oficial da União: Brasília, DF, 30 nov. 2009. Regulamentada pelo Decreto nº 8.242, de 23 de maio de 2014. Disponível em: https://www. planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2009/Lei/L12101.htm. Acesso em: 15 set. 2024. BRASIL. Lei nº 12.527, de 18 de novembro de 2011. Regula o acesso a informações previsto no inciso XXXIII do art. 5º da Constituição Federal. Diário Oficial da União: Brasília, DF, 18 nov. 2011. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2011/ lei/l12527.htm. Acesso em: 15 set. 2024. BRASIL. Lei nº 12.527, de 18 de novembro de 2011. Regula o acesso a informações previsto no inciso XXXIII do art. 5º, no inciso II do § 3º do art. 37 e no § 2º do art. 216 da Constituição Federal; altera a Lei nº 8.112, de 11 de dezembro de 1990; revoga a Lei nº 11.111, de 5 de maio de 2005, e dispositivos da Lei nº 8.159, de 8 de janeiro de 1991; e dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 18 nov. 2011. Seção 1, p. 1. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2011/lei/l12527.htm Acesso em: 28 dez. 2023. BRASIL. Lei nº 13.005, de 25 de junho de 2014. Aprova o Plano Nacional de Educação – PNE e dá outras providências. Diário Oficial da União: Brasília, DF, 26 jun. 2014. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2014/Lei/L13005.htm. Acesso em: 15 set. 2024. https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2011/lei/l12527.htm 108 BRASIL. Lei nº 13.019, de 31 de julho de 2014. Estabelece o regime jurídico das parcerias entre a administração pública e as organizações da sociedade civil, em regime de mútua cooperação, para a consecução de finalidades de interesse público e recíproco, mediante a execução de atividades ou de projetos previamente estabelecidos em planos de trabalho inseridosem termos de colaboração, em termos de fomento ou em acordos de cooperação. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 31 jul. 2014. Seção 1, p. 1. Disponível em:https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2014/lei/l13019. htm#:~:text=Art.%208%C2%BA%20Ao%20decidir%20sobre,rigor%20t%C3%A9cnico%20 necess%C3%A1rio%2C%20fiscalizar%C3%A1%20a Acesso em: 28 dez. 2023. BRASIL. Lei nº 13.146, de 6 de julho de 2015. Institui a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (Estatuto da Pessoa com Deficiência). Diário Oficial da União, Brasília, DF, 6 jul. 2015. Seção 1, p. 1. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015- 2018/2015/lei/l13146.htm Acesso em: 28 dez. 2023. BRASIL. Lei nº 9.637, de 15 de maio de 1998. Dispõe sobre a qualificação de entidades como Organizações Sociais, a criação do Programa Nacional de Publicização, e dá outras providências. Diário Oficial da União: Brasília, DF, 18 maio 1998. Regulamentada pelo Decreto nº 9.190, de 1º de novembro de 2017. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ ccivil_03/leis/L9637.htm. Acesso em: 15 set. 2024. BRASIL. Lei nº 9.790, de 23 de março de 1999. Dispõe sobre a qualificação de pessoas jurídicas de direito privado, sem fins lucrativos, como Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público, institui e disciplina o Termo de Parceria, e dá outras providências. Diário Oficial da União: Brasília, DF, 24 mar. 1999. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ ccivil_03/leis/L9790.htm. Acesso em: 15 set. 2024. BRASIL. Lei no 4.320, de 17 de março de 1964. 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Dispõe sobre as sanções aplicáveis em virtude da prática de atos de improbidade administrativa, de que trata o § 4º do art. 37 da Constituição Federal; e dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 2 jun. 1992. Seção 1, p. 1. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8429.htm Acesso em: 28 dez. 2023. BRASIL. Portaria nº 834, de 26 de abril de 2016. Institui normas e procedimentos para a prestação de contas das entidades sem fins lucrativos. Diário Oficial da União: Brasília, DF, 28 abr. 2016. Disponível em: https://www.in.gov.br/materia/-/asset_publisher/Kujrw0TZC2Mb/ content/id/22318721/do1-2016-04-28-portaria-n-834-de-26-de-abril-de-2016-22318445. Acesso em: 15 set. 2024. ENTENDA a diferença entre os números da Fasfil e do Mapa das OSCs. Mapa das Organizações da Sociedade Civil, 2019. 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Blog Prosas, 2022. Disponível em: https://blog.prosas.com.br/itens-fundamentais-para-a-elaboracao-de-um- projeto-social/#Definicao_do_problema_a_ser_resolvido. Acesso em: 15 nov. 2023. LOUZADA, P. Qual é o conceito de projeto? Entenda de diferentes perspectivas. FM2S Educação e Consultoria, 2022. Disponível em: https://fm2s.com.br/blog/qual-e-o-conceito- de-projeto-entenda-de-diferentes-perspectivas Acesso em: 15 nov. 2023. NETSPEED. Planejar, organizar, dirigir e controlar: quais as diferenças entre as 4 funções administrativas. Disponível em: https://netspeed.com.br/mais/blog/ empreendedorismo/planejar-organizar-dirigir-e-controlar-quais-as-diferencas-entre-as-4- funcoes-administrativas/. Acesso em: 15 set. 2024. NOSSA CAUSA. Terceiro setor e o estatuto social. Disponível em: https://nossacausa. com/terceiro-setor-e-o-estatuto-social/. Acesso em: 15 set. 2024. OC Contabilidade. Contabilidade para Associações e Fundações. Disponível em: https:// www.contabilidadeoc.com.br/associacao. 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Disponível em: https://sebrae.com.br/sites/PortalSebrae/artigos/4-etapas-do-pdca- melhoram-gestao-dos-processos-e-qualidade-do-produto,9083438af1c92410VgnVCM100 000b272010aRCRD. Acesso em: 15 set. 2024. STEPHANOU, L. Guia para elaboração de projetos sociais / Luis Stephanou; Lúcia Helena Müller; Isabel Cristina de Moura Carvalho – São Leopoldo, RS: Sinodal, Porto Alegre/RS: Fundação Luterana de Diaconia, 2003. 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Essa estrutura normativa visa garantir que essas entidades atuem de maneira efetiva e responsável, contribuindo para o desenvolvimento e o bem-estar da sociedade. O Art. 62 do Código Civil estabelece que para a constituição de uma fundação, é necessária a doação de bens livres por parte do instituidor, que deve especificar a finalidade da fundação e, se desejar, a forma de sua administração. Essa estrutura normativa assegura que as fundações operem em áreas de interesse público, refletindo um compromisso com o desenvolvimento social e cultural do país. A seguir, apresentamos o texto do artigo, que detalha as finalidades possíveis para a constituição de fundações. Art. 62. Para criar uma fundação, o seu instituidor fará, por escritura pública ou testamento, dotação especial de bens livres, especificando o fim a que se destina, e declarando, se quiser, a maneira de administrá-la. Parágrafo único. A fundação somente poderá constituir-se para fins de: (Redação dada pela Lei nº 13.151, de 2015) I – Assistência social; (Incluído pela Lei nº 13.151, de 2015) II – Cultura, defesa E conservação do patrimônio histórico e artístico; (Incluído pela Lei nº 13.151, de 2015) III – Educação; (Incluído pela Lei nº 13.151, de 2015) IV – Saúde; (Incluído pela Lei nº 13.151, de 2015) V – Segurança alimentar e nutricional; (Incluído pela Lei nº 13.151, de 2015) VI – Defesa, preservação E conservação do meio ambiente e promoção do desenvolvimento sustentável; (Incluído pela Lei nº 13.151, de 2015) VII – Pesquisa científica, desenvolvimento de tecnologias alternativas, modernização de sistemas de gestão, produção e divulgação de informações e conhecimentos técnicos e científicos; (Incluído pela Lei nº 13.151, de 2015) VIII – Promoção da ética, da cidadania, da democracia e dos direitos humanos; (Incluído pela Lei nº 13.151, de 2015) IX – Atividades religiosas; e (Incluído pela Lei nº 13.151, de 2015) X – (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.151, de 2015) (Lei nº 10.406 de 10 de janeiro de 2002, Código Civil) Assim, as fundações são constituídas por um conjunto de bens ou direitos, que podem exercer direitos, assumir responsabilidades e têm como objetivo uma finalidade social CONSTITUIÇÃO, MANUTENÇÃO E GESTÃO ADMINISTRATIVAUNIDADE 1 13 definida por seu fundador. Elas são consideradas pessoas jurídicas de direito privado, sem fins lucrativos, formadas a partir do patrimônio deixado pelo fundador, por meio de escritura pública ou testamento, sempre com um propósito específico voltado para o interesse público. Geralmente, as fundações são administradas por um Conselho Deliberativo, que define a forma de atuação, um Conselho Administrativo ou Diretoria, responsável pela execução das atividades, e um Conselho Fiscal, encarregado de monitorar as contas. As fundações são reguladas por estatutos elaborados de acordo com a legislação vigente. Para o registro da fundação, é necessária a autorização do Ministério Público, que permite a formalização em um Tabelionato de Notas e o subsequente registro no Cartório de Títulos e Documentos de Pessoas Jurídicas. Essa avaliação do Ministério Público é dispensada nos casos em que a fundação é criada por testamento. Ao longo de sua existência, as atividades das fundações, que devem estar detalhadas no estatuto, estarão sempre sob a supervisão do Ministério Público. 1.7 Diferenças entre Associação e Fundação Apesar de possuírem muitas características em comum, as associações e as fundações também apresentam pontos importantes que as diferenciam. Desta forma, o quadro a seguir vem apresentar, sucintamente, as diferenças básicas entre uma associação e uma fundação. TABELA 01: DIFERENÇAS ESTRUTURAIS E FUNCIONAIS ENTRE ASSOCIAÇÕES E FUNDAÇÕES DIFERENÇAS ASSOCIAÇÃO FUNDAÇÃO Quanto à forma de constituição Constituída por pessoas Constituída por patrimônio, aprovado previamente pelo Ministério Público Quanto à relevância do patrimônio Pode (ou não) ter patrimônio inicial O patrimônio é condição para a sua criação, o qual deve ser suficiente para garantir o início das atividades Quanto à definição das finalidades e objetivos A finalidade é definida pelos associados A finalidade deve ser religiosa, moral, cultural ou de assistência, definida pelo instituidor CONSTITUIÇÃO, MANUTENÇÃO E GESTÃO ADMINISTRATIVAUNIDADE 1 14 Quanto à possibilidade de alteração dos fins A finalidade pode ser alterada, por decisão dos associados A finalidade é imutável Quanto às formas de deliberação Os associados deliberam livremente, de acordo com as regras estatutárias As regras para deliberações são definidas pelo instituidor e fiscalizadas pelo Ministério Público Quanto ao Registro e a Administração Registro e administração mais simplificados Registro e administração mais burocráticos e complexos Quanto à regência legal Regida pelos artigos 53 a 61 do Código Civil Regida pelos artigos 62 a 69 do Código Civil Quanto ao modo de constituição e documentação Criada por intermédio de decisão em assembleia, com transcrição em ata e elaboração de um estatuto Criada por intermédio de escritura pública ou testamento. Os atos de criação, inclusive o estatuto, ficam condicionados à prévia aprovação por parte do Ministério Público Quanto à Prestação de Contas A prestação de contas é apresentada à Assembleia Geral e aos demais associados. A prestação de contas é apresentada ao Conselho Deliberativo, e ao Ministério Público através do Sistema de Cadastro e Prestação de Contas – SICAP Fonte: IDIS 1.8 Manutenção de Entidades sem Fins Lucrativos A regulamentação das entidades sem fins lucrativos no Brasil é essencial para garantir a transparência e a boa governança dessas organizações. O Art. 46 do Código Civil estabelece diretrizes claras para o registro dessas entidades, assegurando que aspectos fundamentais como a denominação, os objetivos, a administração e a responsabilidade dos membros sejam devidamente documentados. Esse cuidado na formalização visa não apenas a proteção dos interesses dos fundadores e diretores, mas também a salvaguarda CONSTITUIÇÃO, MANUTENÇÃO E GESTÃO ADMINISTRATIVAUNIDADE 1 15 do patrimônio e da missão social da entidade. A seguir, apresentamos o texto do artigo que detalha os requisitos para o registro dessas instituições. Art. 46. O registro declarará: I - A denominação, os fins, a sede, o tempo de duração e o fundo social, quando houver; II - O nome E a individualização dos fundadores ou instituidores, e dos diretores; III - O modo porque se administra e representa, ativa e passivamente, judicial e extrajudicialmente; IV - Se o ato constitutivo é reformável no tocante à administração, e de que modo; V - Se os membros respondem, ou não, subsidiariamente, pelas obrigações sociais; VI - As condições de extinção da pessoa jurídica e o destino do seu patrimônio, nesse caso. (Lei nº 10.406 de 10 de janeiro de 2002, Código Civil). A constituição de uma associação ou fundação é realizada por meio do Estatuto Social, um conjunto de normas que estabelece a relação entre a entidade, seus fundadores, dirigentes e associados, definindo direitos e obrigações. O Código Civil, em seu artigo 46, especifica as informações que devem obrigatoriamente constar no estatuto. Além disso, é fundamental considerar os requisitos que devem ser incluídos no Estatuto caso a entidade tenha a intenção de firmar parcerias ou obter titulações junto ao poder público. Para que a associação adquira existência formal perante a lei (que chamamos de personalidade jurídica), é necessário o registro de seu estatuto social, e desua ata de constituição e eleição da primeira diretoria, no Cartório de Títulos e Documentos de Pessoas Jurídicas. A partir do registro, a entidade passa a ter plena capacidade de direito, e, portanto, a condição legal para contratar, empregar, firmar parcerias, etc., tornando-se um ator social que estará sujeito a direitos e obrigações (OC Contabilidade, 2024, online). Para o exercício de suas atividades as entidades devem possuir diversos documentos como a inscrição municipal, e o Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica, o CNPJ, que corresponde ao CPF da pessoa física. Também, pode ser exigido cadastros municipais, estaduais e federais, podendo a entidade ser habilitada a prestar serviços nas áreas como educação, saúde e assistência social. Em seguida, a associação ou fundação pode pleitear títulos, certificados e qualificações que possibilitará dar vantagens na captação de recursos para manutenção e sustentabilidade da organização. 1.9 Estatuto Social As organizações do Terceiro Setor são regidas pelo Estatuto Social que apresenta as características e as normas que regem seu funcionamento. CONSTITUIÇÃO, MANUTENÇÃO E GESTÃO ADMINISTRATIVAUNIDADE 1 16 Este documento deve atender, os requisitos básicos do Código Civil, precisando conter, sob pena de nulidade, o que consta no Art. 54 do Código Civil. Institui o Código Civil. Art. 54. Sob pena de nulidade, o estatuto das associações conterá: I - A denominação, os fins e a sede da associação; II - Os requisitos para a admissão, demissão e exclusão dos associados; III - Os direitos e deveres dos associados; IV - As fontes de recursos para sua manutenção; V – O modo de constituição e de funcionamento dos órgãos deliberativos; (Redação dada pela Lei nº 11.127, de 2005) VI - As condições para a alteração das disposições estatutárias e para a dissolução. VII – A forma de gestão administrativa e de aprovação das respectivas contas. (Incluído pela Lei nº 11.127, de 2005) (Artigo 54 da Lei nº 10.406 de 10 de janeiro de 2002). Considerando o Estatuto a instituição, é de grande importância que, além das exigências legais já mencionadas, sejam incluídas normas ou regras que regulamenta a entidade, conforme consta abaixo: • O prazo de duração da entidade; • O endereço da sede; • Se a instituição terá atuação em outras unidades da federação e de que forma, se for o caso; • O modo como se representa ativa e passivamente; • O modo como se representa judicial e extrajudicialmente; • A definição de que os membros respondem subsidiariamente, ou não, pelas obrigações sociais; • Se os associados respondem ou não pelas obrigações sociais; • A informação de que ato constitutivo é reformável, ou não, no tocante à administração, e de que modo; • A remuneração, ou não, de seus membros; • O modo de constituição e funcionamento dos órgãos deliberativos; • As hipóteses e condições para a destituição dos administradores; • As condições para extinção da entidade; • A destinação de seu patrimônio em caso de extinção. (Nossa Causa, 2017, online) De acordo com as novas diretrizes estabelecidas pela Lei nº 13.019/14, conhecida como Marco Regulatório das Organizações da Sociedade Civil (MROSC), as parcerias entre o poder público e as organizações da sociedade civil devem ser acompanhadas de normas internas que organizem as atividades voltadas para a promoção de relevância pública e social. Em caso de dissolução da entidade, seu patrimônio deve ser transferido para outra pessoa jurídica de igual natureza, com um objeto social equivalente ao da entidade extinta. Além disso, a escrituração deve ser realizada em conformidade com os princípios fundamentais de contabilidade e as Normas Brasileiras de Contabilidade. CONSTITUIÇÃO, MANUTENÇÃO E GESTÃO ADMINISTRATIVAUNIDADE 1 17 Não há uma regra específica para a administração a ser adotada, mas é essencial incluir informações que permitam a gestão eficiente e o acompanhamento das finalidades da entidade, além de delinear claramente os direitos e deveres de seus membros. É fundamental que cada organização avalie sua proposta e as condições de atuação. As entidades de grande porte podem ter uma composição administrativa diferenciada em relação às de pequeno porte, permitindo diversas estruturas organizacionais. Isso implica em diferentes funções e cargos a serem preenchidos, adequados ao porte e às necessidades específicas de cada entidade. O Estatuto Social é necessário que seja bem elaborado, com definição clara do papel de cada membro e áreas de atuação, para não permitir lacunas nas funções e atividades que serão desenvolvidas pela organização. Desta forma, é importante que o estatuto em vigor contempla: o Código Civil, os direitos e deveres de cada associado, processo de eleição de seus membros, as pessoas que podem ser eleitas, os cargos disponíveis, quem possui direito a voto, às tomadas as decisões na organização, processo de instância de decisão, e como é composta, as estratégias para a alcance dos objetivos, o planejamento da suas atividade, os responsáveis pela implementação eficaz, representação, supervisão e prestação de contas da organização, além de designar responsáveis por áreas específicas, como administração, finanças, comunicação, captação de recursos e gestão de projetos. Também é fundamental verificar se o estatuto cumpre os requisitos do Marco Regulatório das Organizações da Sociedade Civil. Se o estatuto da organização incluir esses aspectos, podemos afirmar que ela está no caminho adequado. 1.10 Renovação da Diretoria O Estatuto Social deverá prever o período do mandato da diretoria. Antes do final desse prazo deve haver uma nova eleição para a escolha dos membros que vão compor os cargos para a próxima gestão. A Ata de assembleia que delibera sobre a eleição deve ser registrada em cartório, e caso haja alteração do representante legal da entidade é necessário também proceder o registro perante a Receita Federal do Brasil. A apresentação da ata atualizada, com a indicação do atual representante legal e demais dirigentes da entidade, é requisito para o estabelecimento de parcerias com a administração pública e para a obtenção e manutenção de titulações. CONSTITUIÇÃO, MANUTENÇÃO E GESTÃO ADMINISTRATIVAUNIDADE 1 18 1.11 Certidões Negativas de Débito – CND As certidões negativas de débito são comprovações de que a entidade não possui dívidas ou pendências com órgãos públicos, que realizam o controle e a fiscalização de todas as organizações, com ou sem fins lucrativos. Essas certidões são requisitos para a celebração de parcerias com a administração pública e para a obtenção e manutenção de titulações. As mais comumente exigidas são: • Certidão Negativa de Débitos de Tributos e Contribuições Federais (Receita Federal e INSS); • Certidão Negativa de Débitos Estaduais; • Certidão Negativa de Débitos Municipais; • Certidão Negativa de Débitos com o FGTS; • Certidão Negativa de Débitos Trabalhistas. Para a manutenção da regularidade fiscal das entidades é de suma importância que a área contábil realize o controle e o monitoramento dessas certidões, e apresente periodicamente as declarações exigidas pelos órgãos de fiscalização, mesmo que não haja movimento, mas seja obrigatória sua apresentação. 1.12 Cadastro nos Conselhos de Políticas Públicas A depender da área de atuação da Organização será necessário o cadastro no respectivo conselho de política pública para a realização de atividades e, principalmente, para celebrar parcerias com a administração pública. Dentre os concelhos, destacam-se: Conselho Municipal de Assistência Social; Conselho Municipal de Educação; Conselho Municipal de Saúde; Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente; Conselho Municipal dos Direitos do Idoso; Conselho Municipal de Cultura; Conselho Municipal do Meio Ambiente. Ressalta-se ainda a existência de concelhos a nível estadual e nacional, que também podem ser exigidos para o exercíciodas atividades estatutárias da entidade. Os conselhos possuem regulamento próprio definindo os requisitos e documentos necessários para o registo. No entanto, geralmente, para a inscrição nos concelhos, devem ser apresentados os seguintes documentos: Requerimento contendo os dados da entidade, e informando sobre as atividades que a entidade pretende atuar em conformidade com a política pública relacionada à sua área de atuação, deve apresentar: cópia do Estatuto Social; cópia da ata de eleição e posse da atual diretoria; o Plano de Ação para o ano vigente; e o relatório de atividades do ano anterior, detalhando as ações realizadas pela entidade CONSTITUIÇÃO, MANUTENÇÃO E GESTÃO ADMINISTRATIVAUNIDADE 1 19 1.13 Qualificações, Títulos e Certificações 1.13.1 Qualificações A Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP) é a qualificação concedida pelo Ministério da Justiça às entidades cujo objetivo é o desenvolvimento de atividades específicas previstas na legislação. A Lei nº 9.790/99, regulamentada pelo Decreto nº 3.100/99, determina quais tipos de entidades não podem obter essa qualificação. Portanto, as seguintes organizações não poderão ser qualificadas como OSCIP: As sociedades comerciais; Os sindicatos, as associações de classe ou de representação de categoria profissional; As instituições religiosas ou voltadas para a disseminação de credos, cultos, práticas e visões devocionais e confessionais; As organizações partidárias e assemelhadas, inclusive suas fundações; As entidades de benefício mútuo destinadas a proporcionar bens ou serviços a um círculo restrito de associados ou sócios; As entidades e empresas que comercializam planos de saúde e assemelhados; As instituições hospitalares privados não gratuitas e suas mantenedoras; As escolas privadas dedicadas ao ensino formal não gratuito e suas mantenedoras; As organizações sociais; As cooperativas; As fundações públicas; As fundações, sociedades civis ou associações de direito privado criadas por órgão público ou por fundações públicas; As organizações creditícias que tenham quaisquer tipos de vinculação com o sistema financeiro nacional a que se refere o art. 192 da Constituição Federal. (Lei nº 9.790/99, regulamentada pelo Decreto nº 3.100/99 Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos) Assim, exceto pelas entidades mencionadas, podem se qualificar como OSCIP as pessoas jurídicas de direito privado, sem fins lucrativos, cujos objetivos sociais, descritos no estatuto, incluam pelo menos uma das seguintes finalidades: • Promoção da assistência social; • Promoção da cultura e defesa do patrimônio histórico e artístico; • Oferta gratuita de educação; • Oferta gratuita de saúde; • Promoção da segurança alimentar e nutricional; • Defesa, preservação e conservação do meio ambiente e promoção do desenvolvimento sustentável; • Incentivo ao voluntariado; • Promoção do desenvolvimento econômico e social e combate à pobreza; • Experimentação, sem fins lucrativos, de novos modelos socioprodutivos e sistemas alternativos de produção, comércio, emprego e crédito; • Promoção e defesa de direitos estabelecidos, construção de novos direitos e assessoria jurídica gratuita de interesse suplementar; CONSTITUIÇÃO, MANUTENÇÃO E GESTÃO ADMINISTRATIVAUNIDADE 1 https://www.gov.br/gestao/pt-br https://www.gov.br/gestao/pt-br 20 • Fomento à ética, à paz, à cidadania, aos direitos humanos, à democracia e a outros valores universais; • Realização de estudos e pesquisas, desenvolvimento de tecnologias alternativas, produção e disseminação de informações e conhecimentos técnicos e científicos relacionados às atividades acima mencionadas; • Condução de estudos e pesquisas para o desenvolvimento, disponibilização e implementação de tecnologias voltadas à mobilidade de pessoas, por meio de qualquer transporte. A relação entre OSCIP e Estado pode ser estabelecida através do Termo de Parceria, instrumento jurídico que regula os repasses de recursos públicos para as entidades qualificadas. No entanto, ainda é muito comum esta parceria ser realizada através do instrumento Convênio. Por fim, vale ressaltar que as entidades qualificadas como OSCIP não podem obter outro título, qualificação ou certificado a título federal. Organização Social - OS é uma forma de qualificação das entidades para que possam absorver atividades dirigidas ao ensino, à pesquisa científica, ao desenvolvimento tecnológico, à proteção e preservação do meio ambiente, à cultura e à saúde, até então desempenhadas diretamente pelo Poder Público. (Lei nº 9.637/98, e regulamentada pelo Decreto nº 9.190/17 – governo federal) A parceria entre as OS e o Estado é formalizada por meio do Contrato de Gestão, onde serão definidas as atribuições, obrigações e responsabilidades das partes. Este instrumento, além de permitir a transferência de terminadas atividades, antes exercidas pelo Poder Público, possibilita ao Estado o exercício de controle, uma vez que existe a transferência de recursos públicos para as entidades com o objetivo de consecução de finalidades assistenciais. A obtenção da qualificação não é um direito ou uma escolha das entidades, pois elas serão reconhecidas como OS somente se atenderem aos critérios de conveniência e oportunidade estabelecidos pelo Poder Público. 1.13.2 Títulos Utilidade Pública Federal (UPF), foi revogado em 2015, pela Lei nº 13.204. A expectativa é que as leis de utilidade pública estadual e municipal sejam alteradas ou também revogadas, mas até o momento é possível obter: Título de Utilidade Pública Estadual (UPE) Título de Utilidade Pública Municipal (UPM). CONSTITUIÇÃO, MANUTENÇÃO E GESTÃO ADMINISTRATIVAUNIDADE 1 21 A depender do que seja estabelecido nas leis dos Estados e Municípios que tratam do tema, os referidos títulos podem ser exigidos para o reconhecimento da imunidade tributária, a concessão de isenções, e o cadastro em concelhos de políticas públicas. 1.13.3 Certificações A Certificação de Entidade Beneficente de Assistência Social (CEBAS) é uma titulação concedida pelo Ministério da Educação, da Saúde ou da Cidadania às entidades que comprovam suas atividades nas respectivas áreas de educação, saúde ou assistência social. Essa certificação é destinada a entidades sem fins lucrativos que prestam atendimento e assessoramento conforme a legislação pertinente a essas áreas. Para obter o certificado, a entidade deve ter como finalidade o desenvolvimento de atividades nas seguintes áreas: 1.13.3.1 Cebas Educação A certificação ou sua renovação será concedida à entidade de educação que: Demonstrar adequação às diretrizes e metas estabelecidas no Plano Nacional de Educação PNE; Atender a padrões mínimos de qualidade, aferidos pelos processos de avaliação conduzidos pelo Ministério da Educação; e Oferecer bolsas de estudo nas seguintes proporções: a) no mínimo, uma bolsa de estudo integral para cada 9 (nove) alunos pagantes; b) bolsas parciais de 50% (cinquenta por cento), quando necessário para o alcance do número mínimo exigido, conforme definido em regulamento. (PLANO NACIONAL DE EDUCAÇÃO - LEI N° 13.005/2014) A exigência de prestação de serviços educacionais gratuitos, de no mínimo 20% em bolsas, foi considerada inconstitucional em 2020 pela ADIN 4480. 1.13.3.2 Cebas Saúde A certificação ou sua renovação será concedida a entidade de saúde considerada beneficente, que deverá: Comprovar o cumprimento das metas estabelecidas em convênio ou instrumento congênere celebrado com o gestor local do SUS; Ofertar a prestação de seus serviços ao SUS no percentual mínimo de 60%; ou 20% da receita líquida obtidas com serviços de saúde; e comprovar anualmente a prestação dos serviços (mínimo de 60%), com base nas internações e nos atendimentos ambulatoriais realizados. (PORTARIA Nº 834, DE 26 DE ABRIL DE 2016) A exigência de prestação de serviços de saúde ao SUS, de no mínimo 60% será pauta de julgamentoconstante na ADIN 4891. CONSTITUIÇÃO, MANUTENÇÃO E GESTÃO ADMINISTRATIVAUNIDADE 1 22 1.13.3.3 Cebas Assistência Social A Certificação de Entidades Beneficentes de Assistência Social (CEBAS) é um importante instrumento que reconhece e valida o trabalho das organizações que atuam na promoção de direitos e no atendimento de grupos vulneráveis. A legislação, conforme estabelecido na Lei Complementar nº 187, de 16 de dezembro de 2021, define critérios claros para a concessão e renovação dessa certificação. As entidades que se qualificam devem oferecer serviços assistenciais gratuitos, continuados e planejados, visando à proteção de diversas populações, como famílias, crianças, adolescentes, idosos e pessoas com deficiência. A seguir, apresentamos o texto que detalha as condições para a certificação e as ações que essas entidades devem realizar para garantir seus objetivos sociais. A certificação ou sua renovação será concedida à entidade de assistência social que presta serviços ou realiza ações assistenciais, sem fins lucrativos, de forma gratuita, continuada e planejada, para os usuários e a quem deles necessitar, realizando atendimento e assessoramento aos beneficiários, bem como as que atuando na defesa e garantia de seus direitos sem qualquer discriminação, através da: Proteção à família, à infância, à maternidade, à adolescência e à velhice; Amparo às crianças e adolescentes carentes; Promoção da integração ao mercado de trabalho; Ações de habilitação e reabilitação das pessoas com deficiência e a promoção de sua integração à vida comunitária; Garantia de 1 (um) salário-mínimo de benefício mensal à pessoa com deficiência e ao idoso que comprovem não possuir meios de prover a própria manutenção ou de tê-la provida por sua família. (LEI COMPLEMENTAR Nº 187, DE 16 DE DEZEMBRO DE 2021) As entidades que prestam atendimento à pessoa com deficiência poderão ser certificadas, desde que demonstrem a oferta do serviço de habilitação e reabilitação, bem como a promoção de sua integração à vida comunitária, atendendo, no mínimo, 60% de sua capacidade na área de assistência social. A exigência de prestação de serviços assistenciais gratuitos, na sua totalidade, foi considerada inconstitucional em 2020 pela ADIN 4480. Como principal vantagem obtida através do CEBAS pode-se citar a possibilidade de requerimento da imunidade das contribuições junto ao INSS, visto que a Constituição Federal restringiu o benefício às entidades beneficentes de assistência social. A Lei nº 12.101/09, regulamentada pelo Decreto nº 8.242/14, estabelece que a certificação ou sua renovação será concedida à entidade beneficente que comprove, no exercício fiscal do ano anterior ao requerimento, de acordo com as áreas de atuação, e cumpra, os seguintes requisitos: constituída como pessoa jurídica sem fins lucrativos; reconhecida como entidade beneficente de assistência social; consta em seu estatuto CONSTITUIÇÃO, MANUTENÇÃO E GESTÃO ADMINISTRATIVAUNIDADE 1 http://legislacao.planalto.gov.br/legisla/legislacao.nsf/Viw_Identificacao/lcp 187-2021?OpenDocument 23 social, em caso de dissolução ou extinção, a destinação do patrimônio remanescente deve ser feita a entidade sem fins lucrativos semelhantes ou a entidades públicas. Para usufruir dos benefícios relacionados à entidade beneficente certificada, é necessário atender aos requisitos estabelecidos pela Lei nº 13.151, de 28 de julho de 2015, que altera os artigos 62, 66 e 67 da Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002 (Código Civil); o artigo 12 da Lei nº 9.532, de 10 de dezembro de 1997; o artigo 1º da Lei nº 91, de 28 de agosto de 1935; e o artigo 29 da Lei nº 12.101, de 27 de novembro de 2009. Essas legislações definem a finalidade das fundações, o prazo para o Ministério Público se manifestar sobre suas alterações estatutárias e a remuneração de seus dirigentes. CONSTITUIÇÃO, MANUTENÇÃO E GESTÃO ADMINISTRATIVAUNIDADE 1 24 2.1 Responsabilidade dos administradores As entidades privadas sem fins lucrativos são pessoas jurídicas independentes de seus integrantes, o que significa que as responsabilidades da entidade não se confundem com as dos associados (pessoas físicas). Por isso, é fundamental que o Estatuto inclua uma cláusula abordando as responsabilidades civis e criminais dos membros da associação. Comumente, o instrumento de constituição contém uma disposição que afirma que os dirigentes da entidade não responderão de forma solidária ou subsidiária pelas obrigações assumidas pela organização. • Solidária – Neste caso, a pessoa física se obriga em condições de igualdade com o devedor, que é a instituição. Isso implica uma responsabilidade equivalente e da mesma natureza. Assim, o credor pode executar a cobrança tanto da instituição quanto de seus associados. • Subsidiária - as pessoas físicas são obrigadas com seu patrimônio e com os bens pessoais, complementa o que a entidade não cumpriu sozinha. Por subsidiária entende-se a responsabilidade daquele que é obrigado a complementar o que o causador de débito não foi capaz de se responsabilizar. Entretanto, os administradores e demais membros poderão ser responsabilizados pelos atos em desacordo com a competência que lhes foi atribuída ou ao alterarem a finalidade da instituição, respondendo pessoalmente, conforme legislação civil. Embora os estatutos prevejam que os administradores ou associados não respondem nem solidária, nem subsidiariamente, em casos de desconstituição da personalidade GESTÃO ADMINISTRATIVA2 TÓPICO CONSTITUIÇÃO, MANUTENÇÃO E GESTÃO ADMINISTRATIVAUNIDADE 1 25 jurídica, a Justiça do Trabalho tem determinado que os dirigentes sejam responsabilizados pelo pagamento das obrigações trabalhistas assumidas em nome da organização. A falta de recolhimento de impostos, devido a diversos fatores, pode acarretar consequências sérias para a instituição e seus administradores, incluindo a possibilidade de responsabilidade penal e o risco de que o patrimônio pessoal seja utilizado para quitar a dívida. Assim, embora a pessoa jurídica seja a responsável direta pelo pagamento de dívidas trabalhistas e fiscais, caso não possua patrimônio suficiente para cumprir suas obrigações, os dirigentes da entidade podem ser responsabilizados pessoalmente, especialmente em relação a processos trabalhistas Confirmando essa prática por parte do judiciário, existem várias decisões da Justiça do Trabalho que desconstituem a personalidade jurídica da entidade e atribuem aos dirigentes a responsabilidade pelo pagamento das obrigações trabalhistas assumidas em nome da organização. Portanto, é crucial que se esteja atento às finanças da entidade, às relações trabalhistas e fiscais, além de realizar uma avaliação por meio de controles internos. Isso permite identificar riscos para a instituição e seus dirigentes, possibilitando correções importantes quando necessário. 2.2 O Papel do Conselho Fiscal O Conselho Fiscal (CF) é um órgão responsável pela fiscalização e busca de transparência, equidade e prestação de contas, contribuindo para o desempenho da Organização da Sociedade Civil (OSC). Sua principal função é garantir a transparência e o controle dos atos internos da entidade. Os membros desse conselho devem atender a requisitos e regras que assegurem a efetividade de sua atuação e, principalmente, sua independência. Integrado à estrutura organizacional da entidade, o Conselho Fiscal possui poderes de controle e fiscalização, sendo encarregado de monitorar as finanças, a gestão e o patrimônio da organização. Para desempenhar suas funções de maneira eficaz, é fundamental que os conselheiros possuam conhecimentos em administração, contabilidade e direito, a fim de acompanhar adequadamente a gestão financeira e as questões jurídicas da entidade. É importante destacar que os membros do Conselho Fiscal não respondem com seus bens pelos atos praticados em nome da instituição. As principaiscompetências do Conselho Fiscal estão definidas nos artigos 163 e seguintes da Lei de Sociedades Anônimas (Lei nº 6.404/76), e esses dispositivos podem ser aplicados a entidade sem fins lucrativos. CONSTITUIÇÃO, MANUTENÇÃO E GESTÃO ADMINISTRATIVAUNIDADE 1 26 2.3 Função Fiscalizadora A função fiscalizadora do Conselho Fiscal é de verificar as obrigações legais e estatutárias desenvolvida pela administração da entidade, visando saúde financeira, com o foco principal na gestão dos administradores, e nas atividades executadas, dos riscos e da estrutura dos controles internos, atuando no interesse da entidade, e não no seu próprio. As atividades de fiscalização variam conforme as finalidades e o porte da organização. Sugere-se, então, que as seguintes iniciativas, entre outras, sejam consideradas, no trabalho dos conselheiros: Acompanhar a execução do orçamento; Acompanhar a política de pessoal, e as razões das reclamações trabalhistas; Acompanhar a pontualidade da entidade no cumprimento de suas obrigações; Acompanhar contingências passivas; Acompanhar modificações do estatuto da organização; Examinar as vendas relevantes de ativos; Examinar os procedimentos de compras, licitações e contratos, com atenção aos procedimentos com dispensa de licitação e contratos emergenciais, quando aplicável; Ler as atas das reuniões de diretoria e do conselho de administração e solicitar informações à administração; Opinar sobre os demonstrativos anuais e sobre o relatório da administração; Reunir-se com a contabilidade, e auditoria independente, quando houver, para receber informações e esclarecimentos sobre as demonstrações contábeis. (Instituto Brasileiro de Governança Corporativa Guia de orientação para o conselho fiscal. 3. ed. / Instituto Brasileiro de Governança Corporativa. São Paulo, SP: IBGC, 2018) 2.4 Documentos para análise A eficácia do Conselho Fiscal depende muito da qualidade dos documentos que se julgarem necessários, apresentados anteriormente a cada reunião. Portanto, é necessário que os conselheiros estejam preparados e solicitem esclarecimentos durante a reunião. Podemos citar como exemplo, os seguintes documentos: Atas de reuniões, Estatuto, regimentos internos e manuais da instituição; orçamento; balancetes analíticos mensais; demonstrações financeiras; relatórios exigidos conforme a situação específica; pareceres jurídicos, especialmente sobre a administração; e, se necessário, a presença de profissionais para esclarecimento de temas específicos. 2.5 Opinião sobre as Demonstrações Financeiras e o Relatório da Administração Cabe ao Conselho Fiscal analisar as demonstrações financeiras do exercício, bem como o relatório anual da administração, constando em seu parecer o que julgar necessárias para deliberação da assembleia-geral/conselho deliberativo. Portanto, o foco do CF não é somente as contas, mas também o relatório da administração, e as suas notas explicativas. CONSTITUIÇÃO, MANUTENÇÃO E GESTÃO ADMINISTRATIVAUNIDADE 1 27 Para esse fim, é recomendável que o Conselho Fiscal participe ativamente da elaboração do relatório de administração e das demonstrações financeiras, assegurando a apresentação de informações completas e confiáveis sobre a situação financeira e os resultados da entidade. O ideal é que o Conselho se manifeste antes da finalização dos documentos, oferecendo sugestões e complementações. Para a conclusão adequada, é necessário realizar reuniões entre os conselheiros fiscais, a equipe de contabilidade e outros profissionais envolvidos, a fim de discutir os principais aspectos dos documentos. CONSTITUIÇÃO, MANUTENÇÃO E GESTÃO ADMINISTRATIVAUNIDADE 1 28 Em função da profissionalização e da busca por qualidade, tornou-se comum nas organizações do Terceiro Setor a utilização de termos como: orçamento, ISO, eficiência, capacitação, liderança, metas, controle interno, planejamento, foco, gestão, processos e indicadores, entre outros. Isto significa que mesmo as instituições sem fins lucrativos precisam estar preparadas para realizar a boa gestão dos recursos próprios, e principalmente, dos recursos repassados por particulares ou pela administração pública, sendo estes últimos passíveis de prestação de contas, como nos casos dos convênios, contratos de repasse, contratos de gestão e termos de parcerias. A cada dia, essas entidades se aproximam cada vez mais daquelas exercidas pelas grandes empresas pertencentes ao segundo setor (iniciativa privada), o que também já vem sendo perseguido há algum tempo pela administração pública. Toda instituição que visa obter sucesso em suas atividades necessita realizar uma adequada gestão de seus recursos, sejam eles humanos, técnicos, científicos, intelectuais ou financeiros. Quando se trata de administração e gestão, não há diferença em relação ao setor de mercado ou à área de atuação. No entanto, nem todas as técnicas e instrumentos administrativos podem ser simplesmente importados e aplicados nas entidades; é essencial que sejam adequados aos seus propósitos específicos. 3.1 Controle O compromisso social e a captação de recursos são as maiores preocupações das Organizações do Terceiro Setor, visando estar em sua área de atuação de maneira PLANEJAMENTO3 TÓPICO CONSTITUIÇÃO, MANUTENÇÃO E GESTÃO ADMINISTRATIVAUNIDADE 1 29 consistente e com recursos controlados, a fim de conduzir as atividades e alcançar suas metas e objetivos. O controle nas instituições contribuirá para a eficiência, garantindo a captação de recursos, a gestão de um modo geral e a prestação de contas de forma correta, realimentando esse ciclo. A importância do papel que o controle tem a desempenhar nas entidades sem fins lucrativos é monitorar as ações desenvolvidas, acompanhando a relação entre a aplicação de recursos e o alcance dos resultados pretendidos. Os Planos de Ação e o Orçamento são ferramentas de controle que possibilitam o acompanhamento entre o que foi previsto e o que está sendo realizado, sem esquecer das técnicas e ferramentas de controle. As funções de controle podem ser exercidas por um gestor de uma área diferente, mas o processo de gestão organizacional nunca deve ser negligenciado. É necessário que o responsável por realizar as atividades de controle tenha conhecimento da legislação, dos fins da instituição; da contabilidade; estar atualizado em sua área de atuação e trabalhar em equipes multidisciplinares. Consiste em verificar e controlar os procedimentos de gestão adotados na execução das atividades das organizações, visando obter resultados favoráveis, o aproveitamento dos recursos financeiros. Portanto, trata-se de um conjunto de procedimentos, métodos e rotinas com o objetivo de proteger o patrimônio, gerar informações confiáveis e auxiliar a gestão na condução ordenada das atividades da instituição. A Osc precisa estabelecer procedimentos e métodos de controle visando sua realidade e necessidades, mantendo um acompanhamento das ações a fim de verificar os procedimentos adequados. Os controles podem apresentar falhas na execução de tarefas e atividades, por falta de informação adequada, como o erro e a fraude, que ocorre devido à negligência, imperícia ou imprudência, e é cometido por ato involuntário ou por ignorância. Para um sistema de controle interno sofisticado, a pessoa responsável tem que ter conhecimento, ser capacitado e com competência, para exercer a função. 3.2 A importância dos controles internos Os controles internos possuem como finalidade proteger e produzir os dados contábeis e ajudar a administração na organização da entidade, é o conjunto de recursos, métodos e processos, podendo ser utilizado das seguintes formas: Preventiva: prevenindo a ocorrência dos problemas; Detectiva: detectando problema sem impedir que ocorra; e corretiva: serve como base para a correção dos problemas, após já terem ocorrido. CONSTITUIÇÃO, MANUTENÇÃO E GESTÃO ADMINISTRATIVAUNIDADE1 30 3.3 Avaliação do atual sistema de controle interno da entidade Para alcançar os objetivos do controle, a instituição deve responder aos seguintes questionamentos: • Controles Administrativos - Possui organograma, ou detalhamento das atribuições por área ou departamento, regimento Interno, manual de normas e procedimentos, regulamento de compras e contratações, a segregação de funções, rodízio de atividades entre os colaboradores, controle de utilização de material em estoque e inventário de material em estoque. • Controles Orçamentários - Elaborar Orçamento, efetiva estimativa de receitas, previsão de despesas, acompanhamento orçamentário, registra e analisa as distorções entre o previsto e o realizado e realiza remanejamentos para a atualização do orçamento. • Controles Financeiro - Faz controle periódico do saldo das contas bancárias, conciliações bancárias, controle de caixa e de Fundo Fixo das Contas a Pagar, controle das Contas a Receber e elaborar o relatório de Fluxo de Caixa Financeiro. • Controles Contábeis - Atende às normas gerais e específicas para a Contabilidade, utiliza centros de custos para a segregação dos recursos próprios e de projetos, contabiliza as doações, gratuidades e benefícios (isenções, trabalho voluntário), elabora Notas Explicativas detalhadas. • Controles Tributários - Atende aos requisitos para imunidade e isenção, realiza as retenções na fonte, dos recolhimentos nos prazos previstos, acompanha as declarações obrigatórias e as alterações na legislação. • Controles Patrimoniais – controla o registro patrimonial dos bens, saída de bens, localização dos bens, calcular as depreciações e amortizações com base na legislação vigente, reavaliação patrimonial e inventário patrimonial? • Controles Trabalhistas - acompanha a gestão de prestadores de serviço, observa a legislação específica para a adesão de voluntários, observa a legislação específica para a contratação de estagiários, possui definição e atribuições dos cargos, acompanha as obrigações trabalhistas, sociais e fiscais e controle do passivo trabalhista. Ressaltamos que os questionamentos acima podem, e devem ser ampliados, de acordo com a necessidade da instituição. No entanto, caso a maioria das perguntas tenha sido respondida de forma negativa, certamente a entidade precisa urgentemente aplicar as técnicas de controle interno. CONSTITUIÇÃO, MANUTENÇÃO E GESTÃO ADMINISTRATIVAUNIDADE 1 31 3.4 Transparência A prestação de contas eficaz e transparente é um desafio comum a todas as organizações, especialmente em um cenário de crescente disputa por confiabilidade e credibilidade, independentemente da área de atuação. No Terceiro Setor, essa prática se torna ainda mais relevante, uma vez que as entidades precisam atender à premissa fundamental de conquistar e manter a credibilidade diante de seus associados, beneficiários, doadores e financiadores. Nas organizações do Terceiro Setor, durante muito tempo, foi considerada apenas a prestação de contas formal, em vista da comprovação dos gastos, deixando a contrapartida da efetividade das ações por conta de cada um que prestasse serviço. Hoje, entretanto, isto não é mais possível. Sabendo de sua importância, a sociedade, o voluntário, o doador eventual de recursos, o financiador, o governo, querem saber sobre as atividades realizadas pela entidade. Desta forma, quanto mais transparente a entidade, maior será a sua perpetuação e capacidade de transformação. É verdade que quando uma instituição se propõe a prestar contas de maneira transparente e eficiente para seus diversos interessados se depara com a falta de exemplos e incentivos no setor, e com os parceiros que esperam e precisam compreendê-la, mas não definem quais tipos de informação desejam. Assim, deve partir da própria instituição levantar as técnicas necessárias e quais são as principais informações demandadas para que consiga atender a essa necessidade de demonstrar transparência em suas ações. Algo transparente é aquilo que pode ser compreendido com o simples olhar, mesmo que não meticuloso. Então, seria um contrassenso ao conceito de transparência alguém ter que perguntar, questionar, realizar uma investigação, para saber o que acontece dentro de entidade que possui fins sociais. Transparência deve ser característica inerente, e divulgada por iniciativa de uma instituição que pretende ter representatividade pública e atuar no Terceiro Setor. Vale destacar que desde 2011, a Lei n º 12.527, denominada como Lei de Acesso à Informação LAI, bem como o Decreto nº 7,724/12 que a regulamenta, traz exigências para as entidades que realiza ações de interesse e recurso público diretamente do orçamento. Desta forma, as entidades que receberem recursos públicos para implementações de ações de interesse público deverão dar publicidade às seguintes informações. Art. 63. As entidades privadas sem fins lucrativos que receberem recursos públicos para realização de ações de interesse público deverão dar publicidade às seguintes informações: I - Cópia do estatuto social atualizado da entidade; II - Relação nominal atualizada dos dirigentes da entidade; e CONSTITUIÇÃO, MANUTENÇÃO E GESTÃO ADMINISTRATIVAUNIDADE 1 32 III - cópia integral dos convênios, contratos, termos de parcerias, acordos, ajustes ou instrumentos congêneres realizados com o Poder Executivo federal, respectivos aditivos, e relatórios finais de prestação de contas, na forma da legislação aplicável. § 1º As informações de que trata o caput serão divulgadas em sítio na Internet da entidade privada e em quadro de avisos de amplo acesso público em sua sede. § 2º A divulgação em sítio na Internet referida no §1º poderá ser dispensada, por decisão do órgão ou entidade pública, e mediante expressa justificação da entidade, nos casos de entidades privadas sem fins lucrativos que não disponham de meios para realizá-la. § 3º As informações de que trata o caput deverão ser publicadas a partir da celebração do convênio, contrato, termo de parceria, acordo, ajuste ou instrumento congênere, serão atualizadas periodicamente e ficarão disponíveis até cento e oitenta dias após a entrega da prestação de contas final. (Planalto, 2012) As informações exigidas deverão ser publicadas após a celebração da parceria, atualizando seus dados periodicamente, ficarão disponíveis até 180 dias após a entrega da prestação de contas final. 3.5 Benefícios de se adotar um Programa de Integridade Uma organização do Terceiro Setor que preza pelas boas práticas e por uma gestão transparente pode alcançar, com maior solidez, seus objetivos estratégicos. A implantação de um programa contribuirá no fortalecimento da credibilidade, otimização de eficiência e qualidades das ações ofertadas, reduzindo qualquer tipo de exposição a riscos. Muito embora a implantação de um programa de integridades possa, à primeira vista, parecer algo que venha criar burocracia ou até mesmo representar gastos, ressaltamos que os custos por não conformidade podem ser muito maiores para uma instituição do Terceiro Setor, que, dependendo do alcance do dano provocado pela não conformidade, podendo perder recursos públicos, sofrer imposição de multas pesadas e outras sanções legais e até perda do prestígio e da confiança de sua atuação perante a sociedade. Outro benefício do programa é criar na instituição uma estrutura que garanta a integridade das ações ou, sinaliza que algo está sendo feita de maneira incorreta, permitindo que o problema seja sanado, para que a imagem institucional não seja colocada em risco. Pois, não basta ter dirigentes comprometidos e honestos, também é preciso garantir legalidade e transparência, e que isso possa ser percebido pela sociedade. Por fim, precisamos mencionar que, cumprindo sua função social de maneira ética e comprometida, a instituição será diretamente beneficiada ao atrair doadores e financiadores que adotam essa mesma postura. Organizaçõesque reconhecidamente prezam pela integridade e transparência sempre irão buscar parceiros com ideologia semelhante. CONSTITUIÇÃO, MANUTENÇÃO E GESTÃO ADMINISTRATIVAUNIDADE 1 33 3.6 Ferramentas de Gestão As funções básicas da Administração que cabe aos dirigentes sociais são: planejamento, organização, direção, e controle da organização. Para tanto, os gestores se utilizam de ferramentas e estratégicas de gestão organizacional como alternativas de resultados e de recursos, uma vez que auxiliam nas funções acima descritas. O sucesso na gestão se deve à presença de pessoas capacitadas, que se apropriam de ferramentas da área privada e as aplicam às entidades do chamado Terceiro Setor, sem prejuízo de suas características próprias. Para gerenciar, se deve ter em mente a busca da eficiência, da eficácia e da efetividade; deve-se planejar, organizar, dirigir, controlar e tomar decisões estratégicas, táticas ou operacionais (Netspeed, 2019, online). Essas condições essenciais ao ato de gerenciar, se observa no dia a dia das entidades, que por suas características e formação dos dirigentes, mais voltado para as atividades, organizações, exercem a gestão tendo por base a intuição e o bom- senso, precisando de fundamento técnico em administração. Existem ferramentas e estudos sobre as funções administrativas que podem ser empregados de maneira simples e objetiva no Terceiro Setor: CONSTITUIÇÃO, MANUTENÇÃO E GESTÃO ADMINISTRATIVAUNIDADE 1 34 Após fazer uma análise de cenários e definir quais os principais objetivos da organização, é chegado o momento de planejar como concretizar esses objetivos, identificando: O que será feito? Determinação dos objetivos; Quem fará? Definição de quem será o responsável pelo planejamento, avaliação e realização dos objetivos; Quando será feito? - Estabelecimento dos prazos para planejamento, avaliação e realização dos objetivos; Onde será feito? Determinação do local ou espaço físico para os diversos objetivos propostos; Por que será feito? Formulação dos indicativos da necessidade, da importância e da justificativa de se executar cada objetivo; Como será feito? Planejamento dos meios para a execução, avaliação, e realização dos objetivos; Quanto custará? Levantamento dos esforços e os custos para a realização dos objetivos. Desta forma, será possível planejar, operacionalizar, acompanhar e controlar as atividades, já que ficam definidos os principais pontos. O Plano de Ação, conhecido como Plano de Trabalho, deve também ser utilizado, como base para a elaboração de projetos. 4.1 Ciclo PDCA Outra ferramenta de gestão bastante utilizada é o método PDCA, que é o Ciclo constante de quatro etapas: Planejamento, Execução, Verificação e Atuação Corretiva, que viabiliza o gerenciamento da informação, permitindo a criação e o aprendizado, e difundindo a troca de experiências. • To Plan (Planejar) - Planejamento de uma nova atividade, de um novo projeto, ou de uma melhoria - Para essa etapa é necessário fazer uma coleta e análise de dados com o objetivo de formular um plano de ação, onde serão PLANO DE AÇÃO4 TÓPICO CONSTITUIÇÃO, MANUTENÇÃO E GESTÃO ADMINISTRATIVAUNIDADE 1 35 definidas as metas com identificação dos meios que serão utilizados para alcançá-las. • To Do (Fazer) - Execução do que foi planejado - Durante essa fase é importante que ocorra o devido treinamento da equipe visando a correta realização do trabalho. Nesse momento, também se pode também buscar resolver problemas identificados durante o treinamento e a execução dos trabalhos. • To Check (Checar, Verificar) - Avaliação desse novo processo implementado - É o momento de verificar os efeitos do trabalho executado. • To Act (Agir) - Consolidação do novo processo - É nessa etapa que se deve atuar em função dos resultados. Caso tenha sido bem-sucedida, pode tornar-se um padrão. Caso seja identificada alguma necessidade de melhoria, esse é momento para executá-la. (Sebrae, 2022, online) O planejamento é coração da administração, e as entidades sem fins lucrativos também necessitam estabelecer suas metas e como alcançá-las. Atualmente não existe uma organização, pormenor que seja, que não planeje, que não possua um orçamento ou um plano de aplicação para as suas atividades. Essa etapa é ainda mais evidente na execução de convênios e contratos públicos, visto que a má gerência de recursos recebidos, implica na aplicação de sanções e devolução dos valores recebidos que foram mal utilizados em virtude da ausência de planejamento. Por ser um ciclo, O PCDA é composto por procedimentos interligados. Portanto, a execução vai depender muito da realização do bom planejamento. As entidades sem fins lucrativos só poderão executar seu orçamento se as metas, etapas e fases forem bem definidas, e sobretudo, cronologicamente. Ainda, a execução dependerá da capacitação e qualificação da equipe, e do total entendimento sobre o trabalho e tarefas a serem desenvolvidos. Portanto, a aplicação do PDCA nas organizações do Terceiro Setor, permitirá que essas entidades avancem consideravelmente na gestão. Com a utilização deste ciclo passarão a ter uma maior organização, e será possível controlar suas atividades, acompanhando, corrigindo e identificando possíveis problemas. CONSTITUIÇÃO, MANUTENÇÃO E GESTÃO ADMINISTRATIVAUNIDADE 1 36 FIGURA 01: CICLO PDCA Fonte: A autora (2023). Segundo definição de 1997 do Banco Mundial, um dos principais responsáveis pela definição do termo, as organizações que caracterizam o terceiro setor são “organizações privadas que realizam atividades voltadas para reduzir o sofrimento humano, promover o interesse dos pobres, proteger o meio ambiente, prover serviços sociais básicos e desenvolver comunidades”. Fonte: LIMA, Juliana. Terceiro Setor: o que é e como atua na sociedade brasileira. Observatório do Terceiro Setor. São Paulo, 2021. Disponível em: https://abre.ai/liTS. Acesso em: 07 de out. de 2024. REFLITA CONSTITUIÇÃO, MANUTENÇÃO E GESTÃO ADMINISTRATIVAUNIDADE 1 https://abre.ai/liTS 37 O TERCEIRO SETOR ATUAL Segundo o Mapa das Organizações da Sociedade Civil, um estudo realizado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), existem 815.676 organizações do terceiro setor no país, considerando dados até 2020. De acordo com o estudo, a região Sudeste do país é a que possui o maior número de organizações, com 41,5% do total. Em seguida, aparecem o Nordeste com 24,7%, o Sul com 18,4%, o Centro-Oeste com 8,2% e a região Norte com 7,2%. O Mapa das OSCs, no entanto, destaca que a localização corresponde ao lugar de sede das organizações e não necessariamente à região onde elas atuam. Além disso, segundo o mapeamento, todos os 5.570 municípios brasileiros possuem ao menos uma organização da sociedade civil. Em termos de quantidade, é em São Paulo onde é possível ver os dois extremos: a capital paulista abriga mais de 50 mil OSCs e o município de Taquaral, parte da Região Metropolitana de Ribeirão Preto, possui apenas três. Sobre a natureza jurídica das organizações do terceiro setor no Brasil, o estudo aponta que 81% delas são classificadas como associações sem fins lucrativos e 17% como organizações religiosas, sendo que as fundações representam apenas 1,50% do total de OSCs brasileiras. A diversidade do setor pode ser notada com base nas áreas de atuação das organizações. Embora 35,9% estejam ligadas a temas sobre desenvolvimento e defesa de direitos e interesses, e 29,6% à religião, existe uma variedade de assuntos como cultura e recreação (10,9%), assistência social (3,6%), educação e pesquisa (3,6%), saúde (1%), entre outras. Por fim, segundo o Mapa das OSCs, 90% delas não registraram trabalhadores com vínculos formais em 2020. Até 2019, foram verificados 2.338.407 vínculos formais de trabalho envolvendo todas as organizações do terceiro setor no Brasil. Entre as áreas de atuação com o maior número de vínculos formais estão a saúde, com 36,9%, e