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AULA 03

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CULTURA BRASILEIRA
AULA 3 – CULTURA POPULAR E ERUDITA
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CULTURA BRASILEIRA
Conteúdo Programático desta aula
1. Entender que o popular e o erudito são termos ideológicos e de complexa conceptualização; 
2. Compreender que na prática há um diálogo, entre o conceito de popular e erudito, que dinamiza da cultura;
3. Conhecer a concepção do popular e do erudito no Modernismo, na Contracultura e na contemporaneidade;
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4. Identificar o que é um intelectual por meio de algumas definições clássicas;
5. Compreender o papel do intelectual na sociedade e suas relações com o poder; entender a figura do Intelectual hoje
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1. Entender que o ‘popular’ e o ‘erudito’ são termos ideológicos e de complexa conceptualização. 
Os conceitos de popular e o erudito são tomados como opostos. Tradicionalmente, esses termos são carregados de ideologia. Ao citar essas palavras em determinados contextos, já se revela a natureza do discurso. Trata-se de dois polos extremos de um pensamento dicotomizado, maniqueísta e tendencioso (...)
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(...) Entretanto, a expressão cultura popular e erudita/elite é criticada por certos estudiosos, como Roger Chartier e Peter Burke, dada a extensão e a impressão homogeneizante que passa (...) (...)
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Chartier, defende a ideia de que os sujeitos se apropriam e representam as práticas culturais de formas diversas.
Já Burke, cunhou o termo “biculturalidade”, para expressar o quanto os membros das elites conheciam e participavam da cultura popular, ao mesmo tempo em que preservam sua cultura.
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2. Compreender que na prática há um diálogo entre o conceito de popular e erudito, que dinamiza a cultura.
Se fôssemos tomar como definição o que dizem os verbetes dos dicionários, pelo menos em suas primeiras acepções, correríamos o risco de não avançarmos muito. Isso porque tanto no ‘Aurélio de Língua Portuguesa’ como no ‘Dicionário Eletrônico Houaiss de Língua Portuguesa’, encontramos primeiramente a ideia de povo enquanto totalidade de um território ou de uma região. 
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‘Todos os povos possuem cultura, e podemos ainda pensar que como desdobramento desse raciocínio, se coloca a questão do relativismo cultural, ou em outras palavras: as culturas são únicas e não passíveis de serem comparadas valorativamente (...) 
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1- ‘Apesar de ter produzido uma equivalência entre as culturas, ela não conseguiu dar conta das desigualdades entre elas. Ou ainda: de como as diferenças se transformaram em desigualdade (...)’
2- ‘(...) Na medida em que pensa todos os fazeres humanos como cultura, ela não dá conta da hierarquização desses fazeres e o peso distintivo que possuem dentro de uma determinada formação social’ (CANCLINI, 1983:28). 
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3. Conhecer a concepção do popular e do erudito no Modernismo, na Contracultura e na contemporaneidade.
“Mário de Andrade afirma que “O artista só tem que dar pros elementos já existentes uma transposição erudita que faça da música popular, música artística, isto é: imediatamente desinteressada.” (Andrade, 19--a, p.16). 
A partir desse trecho, tem-se a questão da diferença entre os objetivos da arte popular (dita “semiprimitiva”, porque é feita de acordo com as necessidades “psicoformadoras” do povo) e da arte erudita. É tendo em mente essa diferença fundamental que Mário de Andrade alerta para o mecanismo de “transposição” dos elementos populares para a criação erudita, mecanismo esse que, a meu ver, ficaria melhor denominado como mecanismo de reinvenção.
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Segundo Wisnisk, (http://www.revistasusp.sibi.usp.br/scielo.php?pid=S0034-83092007000200004&script=sci_arttext )
O período que vai do movimento modernista à inauguração de Brasília compreende um ciclo especialmente fecundo da vida cultural brasileira. Ele inclui do Macunaíma (1928) de Mario de Andrade ao Grande Sertão Veredas (1956) de Guimarães Rosa, da Antropofagia de Oswald de Andrade (1928) à Bossa Nova de Tom Jobim e João Gilberto (1958), da música de Villa-Lobos às obras de Oscar Niemeyer, todas elas peças-chave para o entendimento do país, ao mesmo tempo que movimentos decisivos para o pensamento sobre o modo de inserção brasileiro no mundo. 
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‘Quero assinalar com isso o caráter algo fusional e mesclado da singularidade cultural brasileira, ligado a sua vocação para cruzar ou dissipar fronteiras, o que não deixa de ser um traço "antropofágico" Em 1924, Oswald de Andrade afirmava que "O Carnaval é o acontecimento religioso da raça", e que "Wagner submerge ante os cordões do Botafogo" (Manifesto da Poesia Pau Brasil)’
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Para além do sentido literal, a afirmação oswaldiana é uma metáfora musical da cultura, a um só tempo séria e debochada, que constata com realismo a força de um fenômeno popular de massas nascente (o carnaval urbano na capital de um país mestiço e tardo-escravocrata), ao mesmo tempo que projeta nele as energias utópicas de um novo modelo de arte que engolfaria consigo os modelos tradicionais de importação europeus.
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Quem foi que inventou o Brasil?  foi seu Cabral  foi seu Cabral  no dia 21 de abril  dois meses depois do carnaval  Aí Peri beijou Ceci  Ceci beijou Peri  ao som  ao som do Guarani  do Guarani ao guaraná  criou-se a feijoada  e depois a Parati 
(Lamartine Babo)
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4. Identificar o que é um intelectual por meio de algumas definições clássicas.
Começo com a instigante indagação de Gramsci (1988) a respeito dos intelectuais: seriam eles um grupo social autônomo ou estariam ligados e dependentes da classe social dominante? Para Gramsci, os que desempenham a função social de intelectuais constituem-se numa categoria específica, diferindo das outras categorias de trabalhadores. 
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Kátia Baggio destaca pelo menos duas vertentes de intelectuais que se envolveram na produção de projetos para o “futuro da nação” nesta época: a que valorizava o conservadorismo monárquico e a que defendia o republicanismo liberal como verdadeiro projeto de identidade nacional. Dentre os adeptos da primeira, pode-se destacar o autor de ‘A ilusão americana’, Eduardo Prado que via com maus olhos a “importação” do modelo republicano norte-americano pelo Brasil. 
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Em contraposição a essa corrente havia os que recusavam a herança ibérica portuguesa, associada ao período colonial, à monarquia e ao atraso. A república era considerada então como o caminho natural e necessário de superação do atraso em direção a construção de uma nação “moderna”, “civilizada” e “progressista”. O republicanismo liberal-democrático norte-americano era então o principal modelo a ser seguido. Dentre os expoentes desta vertente se encontram intelectuais como Rui Barbosa, José Veríssimo, Quintino Bocaiuva, Euclides da Cunha e Sílvio Romero. 
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Compreender o papel do intelectual na sociedade e suas relações com o poder; entender a figura do Intelectual hoje.
O livro de Karl Mannheim, ‘Ideologia e utopia’ (1972), é cheio de pistas para quem está preocupado em estudar as bases histórico-sociais do pensamento e da inteligência. Assim como Gramsci, ele afirma que não existe intelecto puro; as ideias não nascem espontaneamente no cérebro, pois estão ligadas às instâncias exteriores que preexistem aos indivíduos que pensam. 
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Textos e ideias são elaborações coletivas e não nascem de iniciativas individuais. O pensador italiano ligou quem pensa, o intelectual, às instituições, classes e grupos de status de classe a que se vincula; Mannheim, ao grupo social. 
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Segundo o autor de Ideologia e utopia, a principal tese da Sociologia do Conhecimento refere-se à impossibilidade de compreender os modos de pensamentos sem pensar na sua origem social e histórica. Visto dessa maneira, qual é o papel do indivíduo que pensa? Ele é um epifenômeno da estrutura, ou melhor, do grupo social a que está vinculado? 
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Mannheim sublinhou o grau de determinação do coletivo, mas deixou claro que “só o indivíduo é capaz de pensar”. Portanto, nenhuma instância, como a “mente de grupo”, pode pensar por ele. Mas engana-se aquele que acredita poder captar o pensamento ou o sentimento de um individuo recorrendo apenas à sua “experiência de vida”. 
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Na Idade Média, os intelectuais, que eram uma casta sacerdotal, detinham o monopólio da produção do conhecimento. Surge uma “intelligentsia livre” e os intelectuais passam a ser recrutados em estratos variados. Em consequência, o pensamento não é mais regulado por uma organização tipo casta e começa a haver disputa entre modos de pensamentos e experiências. 
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Em 1845, quando Marx e Engels escreviam a Ideologia alemã, o mundo das ordens não existia mais. Na Europa, a intensa atividade nas fábricas e a agitação política revolucionavam as relações sociais, provando que a sociedade podia ser recriada pela iniciativa e a audácia de diferentes protagonistas. 
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Nesse contexto, os intelectuais não podiam se limitar mais ao mundo das ideias e das palavras. Assim, enquanto lançava suas críticas ao idealismo abstrato, ao positivismo cientificista e ao materialismo vulgar, Marx mostrava, com seu envolvimento nas lutas operárias, que estava despontando um outro tipo de intelectual: um ser, ao mesmo tempo, cientista, critico e revolucionário. Nascia, então, a filosofia da práxis. E, com ela, novos intelectuais politicamente compromissa

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