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O que é Pressuposição?
Em Semântica, a pressuposição é um tipo de inferência que se torna acessível a partir do significado de
uma sentença, sendo considerada uma informação implícita, mas que é considerada verdadeira pelos
participantes da comunicação, independentemente da veracidade da sentença em si. Este conceito é
fundamental na análise linguística e no estudo do significado das palavras e frases.
Uma pressuposição é uma informação que é assumida como verdadeira para que a sentença tenha
sentido. Por exemplo, na frase "O João parou de fumar", pressupõe-se que João fumava antes. A
sentença não afirma diretamente que João fumava, mas a pressuposição é ativada pelo verbo "parar",
que indica uma ação anterior. Mesmo se negarmos a frase ("O João não parou de fumar"), a
pressuposição de que ele fumava antes continua válida.
As pressuposições são frequentemente usadas para transmitir informações sem explicitá-las
diretamente. Isso pode ser feito por meio de diferentes mecanismos linguísticos, que funcionam como
gatilhos pressuposicionais. Estes gatilhos são elementos linguísticos que ativam automaticamente certas
pressuposições no processo de interpretação.
Verbos e Expressões
Verbos como "parar", "continuar", "voltar", "deixar de" e expressões como "é estranho que", "é
lamentável que" têm a capacidade de ativar pressuposições. Por exemplo:
"Maria continua estudando piano" (pressupõe que ela já estudava antes)
"É lamentável que Pedro tenha perdido o emprego" (pressupõe que Pedro realmente perdeu o
emprego)
"Ana voltou a trabalhar" (pressupõe que ela já havia trabalhado antes e tinha parado)
Sinônimos
O uso de sinônimos pode também ativar pressuposições. Por exemplo, "O João morreu" e "O João
faleceu" pressupõem que João estava vivo antes. Da mesma forma, verbos como "assassinar"
pressupõem não apenas que alguém morreu, mas também que foi por ação intencional de outra pessoa.
Adjetivos
Adjetivos como "ex-marido", "ex-presidente" também ativam pressuposições. A frase "O João é ex-
marido da Maria" pressupõe que ele foi casado com Maria antes. Outros exemplos incluem:
"O atual presidente" (pressupõe que existe um presidente)
"O novo professor" (pressupõe que havia um professor anterior)
"A primeira mulher a conquistar esse título" (pressupõe que nenhuma mulher havia conquistado
antes)
Artigos Definidos
O uso de artigos definidos também gera pressuposições. Por exemplo, "O rei do Brasil" pressupõe que
existe um rei do Brasil, mesmo que saibamos que isso não é verdade. Da mesma forma, "A minha irmã"
pressupõe que o falante tem uma irmã.
Orações Temporais
Construções com "antes de", "depois que", "durante" também geram pressuposições. Por exemplo,
"Antes de Maria se casar" pressupõe que Maria se casou ou vai se casar.
A compreensão de pressuposições é essencial para a interpretação precisa de textos e para a
comunicação eficaz. As pressuposições podem influenciar a interpretação do significado de uma
sentença e podem ter implicações importantes em situações como debates, negociações e
julgamentos. Por exemplo, em contextos jurídicos, as pressuposições podem ser usadas
estrategicamente para introduzir informações de maneira indireta.
No dia a dia, as pressuposições são fundamentais para a economia da comunicação, permitindo que
transmitamos informações de forma mais eficiente sem precisar explicitar todos os detalhes. No
entanto, é importante estar atento às pressuposições, pois elas podem ser usadas de forma
manipulativa em contextos como publicidade, política e argumentação em geral.