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Psicologia, Ética e Direitos Humanos OBS: Recorte de livros e artigos das referências bibliográficas do plano de aula Inclusão social A inclusão social é o conjunto de medidas direcionadas a indivíduos excluídos do meio social, por alguma deficiência física ou mental, cor da pele, orientação sexual, gênero ou poder aquisitivo dentro da comunidade. Portanto, o objetivo dessas ações é possibilitar que todos os cidadãos tenham oportunidades de acesso a bens e serviços, como saúde, educação, emprego, renda, lazer, cultura, justiça. Com a Declaração Universal dos Direitos Humanos, de 1948, a liberdade e a igualdade entre as pessoas começou a ganhar evidência para debate público. Em consequência, o debate acerca da inclusão social está cada vez mais relevante, fator que faz com que as pessoas sejam estimuladas a recusarem comportamentos excludentes e discriminatórios. Por isso, a inclusão social é importante pois combate a segregação social e viabiliza a democratização de diversos espaços e serviços para aqueles que não possuem acesso a eles. O primeiro registro de direitos das pessoas foi, há aproximadamente, 500 anos antes de Cristo, quando Ciro, rei da Pérsia, declarou a liberdade aos escravos, e alguns outros direitos de igualdade humana, já existentes na época. O conceito de Direitos Humanos, mudou ao longo da história. Há alguns acontecimentos que foram importantes para essa evolução, tais como a criação da Declaração dos Direitos de Virgínia, nos Estados Unidos, em 1789; a criação da ONU (Organização das Nações Unidas) na França, em 1945. No ano de 1948, a Organização mundial das Nações Unidas (ONU) aprovou a criação da Declaração dos Direitos Humanos e, em 1966, foram criados o Pacto Internacional sobre os Débitos Civis e Políticos, e, o Pacto Internacional sobre os Direitos Econômicos, Sociais e Culturais. Em 1988, a República Federativa tinha, como objetivo fundamental, a construção de uma sociedade livre, justa e solidária, sem preconceitos ou discriminação de origem, raça, cor, idade ou qualquer outra forma de preconceito. A Constituição Federal de 1988, em seu título II, normatiza praticamente todos os Direitos Humanos, destacando-se os do Art. 5º, razão pela qual, Leite (2011) assevera não haver motivos, para se estabelecer distinção do ponto de vista do Direito, entre os Direitos Fundamentais e os Direitos Humanos. Na prática, o conteúdo dos dois Direitos é essencialmente o mesmo. O que os difere é o plano para qual estão direcionados Enquanto os Direitos Humanos estão ligados à liberdade, igualdade e estão garantidos no plano internacional, os Direitos Fundamentais são os Direitos Humanos constantes na Constituição Federal. A Constituição Federal, em seu Art. 5º, aponta, dentre seus fundamentos, a dignidade da pessoa humana. Direito pelo qual a comunidade de Lésbicas, Gays, Bissexuais e Travestis (LGBT) vem lutando para provar que são dignos como qualquer outro cidadão e que gozam dos mesmos direitos. A dignidade, base do reconhecimento de todos os direitos da pessoa, ainda só pode ser conseguida, na maioria das vezes, apenas pela via jurídica. Um dos primeiros Direitos Humanos na Declaração Universal é a garantia dos Direitos Individuais. A Constituição Federal, Art. 5º, declara que todos os cidadãos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza: raça, cor, religião, entre outros. A Carta Magna, por sua vez, prevê punição para qualquer discriminação atentória aos Direitos e Liberdade Fundamentais, além de dispor, que cabe ao Estado assegurar instrumentos adequados, para que a proteção de toda e qualquer forma de tratamento desumano, contra qualquer pessoa, seja praticado por órgãos públicos, ou por outras pessoas (Constituição Federal/1988, Art 5º, III e X, LII). Ainda que existam várias leis que tratem dos Direitos Humanos, é importante saber que eles não são limitados, e, como se disse, são previstos em lei. Outros direitos podem ser incluídos como Direitos Humanos, com o passar do tempo, e, de acordo com as necessidades, as transformações sociais e o modo de vida da sociedade. Sobre os Direitos Humanos e Fundamentais e a inclusão da comunidade LGBT, é fundamental, entender, como foi dito, o que significa esta sigla. LGBT designa lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais. Em alguns locais no Brasil, o T, que representa a presença de Travestis e Transexuais no movimento, também diz respeito a Transgêneros, ou seja, pessoas cuja identidade de gênero não se alinha de modo contínuo ao sexo, que foi designado no nascimento (Crossdressers, Drag Queens, Transformistas, entre outros). Percebe-se que há, nesse movimento, uma diversidade de questões envolvidas, e, principalmente relacionadas ao gênero e à sexualidade. O movimento brasileiro nasceu no final dos anos 1970, predominantemente formado por homens homossexuais. Mas, logo nos primeiros anos, as Lésbicas começaram a se agregar. Nos anos 1990, os Travestis, e depois, os Transexuais passaram a participar do movimento. No início de 2000, foram os Bissexuais que começam a se fazer visíveis e a cobrar o reconhecimento no movimento. Nomenclaturas Muitas siglas foram usadas para representar comunidades marginalizadas. A inclusão de letras e símbolos, ao longo dos anos, tem um propósito básico: reconhecer populações que são marginalizadas e invisibilizadas. Orientação sexual diz respeito com quem as pessoas se relacionam afetivamente ou sexualmente. A pessoa pode preferir se relacionar com homens, mulheres ou ambos. O que é bem diferente da identidade de gênero, que trata sobre a forma como o indivíduo expressa o gênero com o qual ele se identifica. Ou seja, uma pessoa categorizada como menina ao nascer, pode se sentir desconfortável com essa identidade e passar a querer se expressar no mundo como homem. Ou ainda não desejar querer se expressar como nenhum dos dois. GLS Nos anos 2000, era muito popular fazer uso da sigla GLS (gays, lésbicas e simpatizantes) para se dirigir a essa comunidade. A conjunto de letras contemplava os gays (homens que se sentem atraídos por outros homens) e lésbicas (mulher que tem atração afetiva ou sexual por outra mulher). Já os simpatizantes eram heterossexuais que apoiavam a causa. A letra S foi retirada posteriormente porque eles não eram os protagonistas dessa luta. GLBT Em 2008, durante a I Conferência Nacional de Políticas Públicas de Direitos Humanos, é formada a sigla GLBT (gays, lésbicas, bissexuais, transexuais e travestis). O S, de simpatizantes, sai de cena e entra o B, de bissexuais. Isto é, indivíduos que se relacionam tanto com homens quanto com mulheres dentro do contexto da orientação sexual. O T, que foi acrescentado, se refere às pessoas transexuais e travestis e está ligado à identidade de gênero. Transexuais são pessoas que não se identificam com o gênero designado no nascimento. LGBT Na II Conferência Nacional de Políticas Públicas de Direitos Humanos, realizada em 2011, as mulheres lésbicas reivindicaram maior visibilidade. Por isso, as duas primeiras legras foram invertidas e a nomenclatura passou a ser LGBT (lésbicas, gays, bissexuais, transexuais e travestis). LGBTI+ Após a conferência de 2011, não aconteceu outra. Por isso, o termo ainda está em disputa e despontam duas formas de uso. Na nomenclatura LGBTI+ (lésbicas, gays, bissexuais, transexuais, travestis e intersexo), o I representa os intersexuais, pessoas com características sexuais de ambos os sexos. São os antigos “hermafroditas” e define a pessoa que tem características sexuais femininas e masculinas – genitália e aparelho reprodutor de ambos. LGBTQIA+ A outra forma que se tem usado é a LGBTQIA+ (lésbicas, gays, bissexuais, transexuais, travestis, queer, intersexo e assexuais). Nela, o Q vem da palavra inglesa queer e serve para designar quem transita entre os gêneros feminino e masculino e até mesmo para além dessa binaridade. O A refere-se aos assexuais, os que não sentem atração sexual ou afetiva por outra pessoa, independentemente de orientação sexual e de identidade degênero. Dicionário on-line: Queer é um termo "guarda-chuva" proveniente do inglês usado para designar pessoas que são colocadas à margem da sociedade por não seguirem o padrão da heterossexualidade ou do binarismo de gênero. ... Queer usualmente relacionado com pessoas gays, lésbicas, bissexuais ou transgêneros. Orientação Sexual A orientação sexual é a atração ou afetividade que se sente por outra pessoa. Indivíduos que gostam de outros do sexo oposto (homem que se interessa por mulher ou mulher que se interessa por homem) são chamados de heterossexuais ou heteroafetivos. Quando o interesse é por uma pessoa do mesmo sexo, a pessoa é denominada como homossexual ou homoafetivo. No caso dos homens, são popularmente chamados de gays, enquanto as mulheres são conhecidas como lésbicas. Existem pessoas que sentem atração por homens e mulheres. Trata-se dos bissexuais ou biafetivos. Há também os assexuais, indivíduos que não se interessam sexualmente ou de forma afetiva por nenhum gênero. A orientação sexual (hétero, homo ou bi) não possui explicação científica e também não é uma escolha, por isso o termo “opção sexual” não é correto. A pessoa descobre-se ao longo de seu desenvolvimento e, a partir daí, tem noção de sua atração por um ou mais gêneros. Esse descobrimento se dá nas relações sociais. O termo “homossexualismo” ou “bissexualismo”, não deve ser utilizado já que o sufixo - ismo refere-se a doenças. A mudança na nomenclatura para o sufixo - dade, que significa vivência ou prática, foi estabelecida em 1993, após a Classificação Internacional de Doenças (CID) deixar de considerar as práticas homoafetivas como doenças. O reconhecimento da homoafetividade como prática normal ligada à orientação sexual do ser humano sofre constantemente com o preconceito. Em 1999, gays, lésbicas e bissexuais ganharam uma importante luta: a proibição da realização de terapias curativas feitas por psicólogos, decisão tomada pelo Conselho Federal de Psicologia. Resolução CFP nº 01/99 determina que os profissionais de Psicologia no Brasil não podem oferecer nenhuma terapia ou prática de reversão sexual, e devem reconhecer que a homossexualidade não é patologia, doença ou desvio. https://site.cfp.org.br/stf-concede-ao-cfp-liminar-mantendo-resolucao-01-99/ A Resolução CFP N.º 01/99 regulamenta que os psicólogos deverão contribuir com seu conhecimento para o desaparecimento de discriminações e estigmatizações contra aqueles que apresentam comportamentos ou práticas homoeróticas. Neste sentido proíbe os psicólogos de qualquer ação que favoreça a patologização de comportamentos ou práticas homoeróticas e proíbe os psicólogos de adotarem ações coercitivas tendente a orientar homossexuais para tratamentos não solicitados. A Resolução impede os psicólogos de colaborarem com eventos ou serviços que proponham tratamentos e cura das homossexualidades, seguindo as normas da Organização Mundial de Saúde e impede que os psicólogos participem e se pronunciem em meios de comunicação de massa de modo a reforçar o preconceito social existente em relação aos homossexuais como portadores de desordem psíquica. A Resolução não impede os psicólogos de atenderem pessoas que queiram reduzir seu sofrimento psíquico causado por sua orientação sexual, seja ela homo ou heterossexual. A proibição é claramente colocada na adoção de ações coercitivas tendentes à cura e na expressão de concepções que consideram a homossexualidade doença, distúrbio ou perversão. Gênero Elemento fundamental para entendermos as relações humanas e a forma como o ser humano define-se como “persona” é o gênero. O gênero é o sexo (biológico) que a pessoa nasce, masculino ou feminino. Existe as exceções, como os hermafroditas (intersexo ou terceiro sexo), pessoas que possuem as duas genitálias ou sistemas reprodutores mistos. Entretanto, a forma como uma pessoa sente-se em relação ao próprio corpo e como ela define-se vão além do seu gênero de nascimento. Identidade de Gênero A sociedade criou padrões heteronormativos de identidade sexual. Entretanto existem pessoas que não se identificam com o seu gênero. Os transgêneros são pessoas que nascem com um determinado “sexo”, mas se veem com o gênero oposto. Eles dividem-se em transexuais e travestis. As travestis nascem com o corpo masculino, mas se identificam com a figura feminina. Desse modo, elas optam por fazer modificações que vão desde o vestuário até o uso de hormônios. Apesar da identificação com o gênero oposto, as travestis reconhecem seu sexo de nascimento e costumam permanecer com a sua genitália masculina. OBS: os termos trans, transgênero e transexual podem ser utilizados tanto para identidades masculinas, quanto femininas. Já o termo travesti é utilizado apenas pessoas trans com identidades femininas. Desse modo, o artigo e os pronomes corretos são A travesti e ELA. As (os) transexuais, por sua vez, não conseguem conviver de forma saudável com o seu gênero, já que, do ponto de vista psicológico, essas pessoas sentem-se como se tivessem nascido em um corpo errado. As (os) trans fazem tratamentos hormonais para alcançar a aparência desejada, modificar a voz e, com a autorização psiquiátrica, realizam a mudança de sexo e outras intervenções cirúrgicas. Os transgêneros propendem procurar atendimento especializado para que as mudanças possam ser feitas em seu corpo. Os acompanhamentos psiquiátrico e psicológico são essenciais para que a pessoa tenha certeza de sua necessidade em encontrar o seu novo gênero. Uma confusão muito comum é entre os conceitos de travesti e drag queen. As travestis são pessoas que levam a figura feminina para o seu dia a dia por identificação pessoal. Já as drag queens são artistas (homens ou mulheres) que se “montam” (cabelo, maquiagem, roupas e acessórios) com a intenção de divertir e expressar sua arte. Ser drag não está relacionado à orientação sexual, já que héteros também podem incorporar tais personagens. Existem três principais identidades de gênero: Cisgênero: pessoa que se identifica com seu gênero biológico. Transgênero: identificação com um gênero diferente do biológico. Não-binário: pessoas que não se identificam com nenhum dos gêneros (feminino ou masculino). Cisgênero é a expressão utilizada para se referir ao indivíduo que se identifica, em todos os aspectos, com o seu "gênero de nascença". Homem cisgênero: pessoa que nasce com o órgão sexual masculino, se expressa socialmente conforme o papel de gênero masculino e se reconhece como um homem. Mulher cisgênero: uma mulher cis é uma pessoa nasceu com o órgão sexual feminino e se identifica com o gênero feminino. Não-Binário O termo refere-se as pessoas que não se percebem como pertencentes a um gênero exclusivamente. Sua identidade de gênero e expressão de gênero não são limitadas ao masculino e feminino. Também chamadas de genderqueer (jendecuier), as pessoas que se consideram não-binárias podem não se reconhecer com a identidade de gênero de homem ou mulher - ausência de gênero - ou podem se caracterizar como uma mistura entre os dois. Ou seja, apesar de possuir os órgãos genitais de determinado sexo, não se reconhecem totalmente com esse gênero. Bandeira da visibilidade não-binária A bandeira que representa a causa não-binária foi criada por Kye Rowan, em 2014. Ela é composta por quatro cores, com significados distintos: Amarelo: gêneros fora do masculino e feminino. Branco: gêneros múltiplos (trigêneros, poligêneros). Púrpura: gêneros masculino e feminino misturados. Preto: ausência de gênero. Pessoa trans O termo trans é utilizado para se referir a uma pessoa que não se identifica com o gênero ao qual foi designado em seu nascimento. Quando o indivíduo nasce, seu gênero é determinado pelo seu sexo biológico. Por isso, uma pessoa que nasce com um pênis é considerada como um homem e uma pessoa que nasce com uma vagina, como uma mulher. Todavia, algumas pessoas percebem que se identificam com outro gênero e passam a viver como assim desejam e se sentem melhor consigo mesmas. Mulhertrans ou pessoa trans feminina – pessoa que nasceu com gênero (sexo) masculino, como homem, mas se auto identifica como uma mulher. Homem trans ou pessoa trans masculina - pessoa que nasceu com gênero (sexo) feminino, como mulher, mas se auto identifica como um homem. Transfobia O termo “fobia” é utilizado para designar medo, repulsa, desconforto ou ódio. Dessa forma, o termo “Transfobia” pode ser definido como uma série de atitudes, sentimentos ou ações preconceituosas ou discriminatórias contra pessoas trans. As ações podem ser violentas ou veladas. image1.png image2.png