Prévia do material em texto
PSICOLOGIA A partir do reconhecimento das palavras escritas, o processamento linguístico que possibilitará a compreensão do texto, será igual àquele que ocorre com a linguagem oral. Essa constatação nos leva a apontar a enorme influência que a linguagem oral exerce sobre a compreensão leitora e a habilidade para elaborar textos escritos. Em outras palavras, o desempenho em leitura e escrita depende das habilidades em lingua- gem oral que a criança desenvolveu anteriormente e que envolvem aspectos fonológicos, morfológicos, sin- táticos, prosódicos, vocabulário e habilidades pragmáticas. Daí a importância de programas voltados para o desenvolvimento de competências linguísticas que promovam habilidades comunicativas e metalinguísticas que conduzam a criança a refletir sobre diversos aspectos da linguagem. Esses programas devem ter início na educação infantil, e devem vir acompanhados de protocolos que permitam a identificação de crianças com risco de problemas de aprendizagem, cujas dificuldades se manifestam, principalmente, na linguagem oral. POR QUE E COMO DESENVOLVER HABILIDADES EM CORRESPONDÊNCIA FONEMA/GRAFEMA? O ponto de partida para podermos responder esta questão é compreendermos a natureza dos sistemas alfabéticos de escrita. A humanidade criou, ao longo de sua trajetória de invenção da escrita, diferentes sis- temas. Dependendo das relações que existam entre os símbolos e as palavras que eles representam, distintas capacidades linguísticas e cognitivas serão demandadas. No caso das escritas alfabéticas, que foram criadas tendo em vista representar os sons da fala transformando-os em símbolos que denominamos letras, alguns conhecimentos serão essenciais para que a aprendizagem possa ocorrer de modo favorável: • O desenvolvimento de um tipo de capacidade denominado consciência fonológica que permite seg- mentar palavras em sílabas e fonemas, assim como constatar que as diferentes palavras se constituem a partir da combinação desses fonemas; • Compreender que, para cada fonema existe, no mínimo, uma letra para representá-lo. Isto significa aprender o valor sonoro das letras e estabilizar as correspondências fonemas-grafemas. Desta forma, a um conjunto limitado de fonemas também corresponde um conjunto limitado de símbolos gráficos; • Compreender que, para escrever uma palavra, o ponto de partida é analisar sua estrutura sonora, identificar cada um dos fonemas componentes, e atribuir a eles as letras correspondentes; • Como princípio geral, compreender que, para ler, deve-se atribuir às letras os sons que elas represen- tam, unir os fonemas em sílabas e as sílabas em palavras; • Complementarmente, faz-se necessário conhecer as letras, aprender a nomeá-las, a traçá-las, a dife- renciar nome da letra versus o som que ela representa e consolidar um processo sistemático de correspon- dências entre fonemas e grafemas. Buscando razões para desenvolver habilidades em correspondência fonema/grafema, podemos afirmar que, para chegar ao nível alfabético de escrita, ou seja, para estar alfabetizado, há necessidade de construir conhecimentos que permitam a compreensão de que os sons da fala se transformam em letras e que as le- tras representam sons. Graças a este entendimento podem ser constituídos os processos de leitura (letras se transformam em sons) e os de escrita (sons se transformam em letras). Como desenvolver as competências necessárias demanda a elaboração de procedimentos ou méto- dos que possam ser eficazes e que possam facilitar a aprendizagem, principalmente daqueles estudantes que apresentam algum tipo de dificuldade mais acentuada.