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Licenciado para: ANTONIO CARLOS - CPF: 013.229.675-63
 
 
 
 
1 
Sumário 
 
1. Ciências Criminais e conceitos ................................................................................................................................ 3 
1.1 Linha do tempo do estudo da Criminologia .......................................................................................................... 7 
1.1.1 Introdução e Elementos Principais ..................................................................................................................... 8 
1.1.1.1 Conceitos, Métodos, Funções, Objetos de Estudo ........................................................................................ 10 
1.1.2 Evolução Histórica ........................................................................................................................................... 38 
1.1.2.1 Etapa pré-científica (Escola Clássica) e científica (Escola Positiva ou Positivista) ..................................... 38 
1.1.3 Modelos Teóricos Explicativos ........................................................................................................................ 51 
2. Temas atuais da Criminologia ............................................................................................................................... 80 
2.1 Criminologia Feminista ....................................................................................................................................... 83 
2.2 Criminologia Queer ............................................................................................................................................. 84 
2.3 Criminologia Cultural .......................................................................................................................................... 86 
3. Cifras ..................................................................................................................................................................... 89 
4. Já Caiu ................................................................................................................................................................... 90 
5. Bibliografia .......................................................................................................................................................... 102 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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2 
 
Qual a importância de estudar CRIMINOLOGIA? 
Muitos se perguntam por que estudar criminologia. Para muitos, a criminologia não parece, à 
primeira vista, tão relevante quanto o estudo do Direito Penal ou do Direito Processual Penal, ou mesmo da 
política criminal. Às vezes, tem-se a impressão de que, dentro das denominadas ciências criminais, a 
criminologia foi deixada de lado, enquanto se deu muita importância às outras ciências, que se 
desenvolveram e ganharam mais status na ciência jurídica. 
Contudo, é comum encontrar pessoas discutindo, por exemplo, o problema da violência urbana, a 
escalada da corrupção ou o aparelhamento do crime organizado. Diz-se que, atualmente, todos comentam 
sobre futebol e violência, existindo milhares de técnicos desse esporte, e, na mesma proporção, 
criminólogos. 
Os meios de comunicação evoluíram nas últimas décadas, e com o uso frequente das redes sociais, 
que dão às pessoas a possibilidade de tecer opinião sobre qualquer assunto, a discussão a respeito da 
criminalidade é constante, principalmente em casos de maior repercussão divulgados pela mídia. 
Conhecer as premissas e métodos da criminologia como ciência apura a visão crítica e científica 
daquele que se propõe a analisar o problema da delinquência. De maneira geral, as pessoas que 
desconhecem a criminologia são facilmente influenciadas por informações equivocadas, divulgadas 
torrencialmente todos os dias na mídia e nas redes sociais. Assim, essa parcela leiga da população aceita e 
reproduz comentários fundados em teorias e conceitos não científicos, que anuviam sua percepção a 
respeito das causas reais do fenômeno delitivo, e que permitem a manipulação da opinião popular para 
aprovação de medidas meramente paliativas, que nada fazem para atingir o cerne do problema. Portanto, 
estudar criminologia, além de importante, é extremamente necessário. 
O incremento da complexidade dos fenômenos criminais, como o aumento da violência urbana e o 
crescimento gradativo da população carcerária e do caos dos estabelecimentos penais, são motivos 
significativos para a ascensão da criminologia, ciência que pode fornecer respostas mais pormenorizadas a 
esses problemas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Licenciado para: ANTONIO CARLOS - CPF: 013.229.675-63
 
 
 
 
3 
CRIMINOLOGIA para 
Delegado de Polícia Civil 
 
1. Ciências Criminais e Conceitos 
 
Primeiramente, antes de adentrar ao tema “Criminologia” especificamente, é necessário fazer uma 
reflexão sobre a localização dessa ciência dentro do Direito, e de antemão é importante saber que a mesma se 
encontra alocada dentro da chamada “Ciências Criminais”. 
 
No estudo das Ciências Criminais, tendo como referência a doutrina, podemos afirmar que temos 03 
(três) pilares que sustentam essa ciência: o Direito Penal, a Criminologia e a Política Criminal. 
 Pilares das Ciências Criminais: 
ü Direito Penal; 
ü Criminologia; 
ü Política Criminal. 
Em RESUMO: 
 
 
Quando falamos em Direito Penal estamos falando de uma ciência normativa, lógica, abstrata, dedutiva. 
Assim, o Direito Penal em seu palco de atuação tem o papel de criar normas penais incriminadoras, de 
regulamentar a Teoria do Crime, a Teoria da Pena, enfim, a Teoria da Norma Penal. 
Ciências 
Criminais
Criminologia
Ciências 
Criminais
Direito Penal Criminologia Política 
Criminal
Licenciado para: ANTONIO CARLOS - CPF: 013.229.675-63
 
 
 
 
4 
Nesse sentido, preleciona Eduardo Fontes e Henrique Hoffmann (2020): 
O Direito Penal, por sua vez, embora também esteja intimamente ligado ao crime, possui características 
diferentes, tendo em vista que se trata de uma ciência formal e normativa, cuja finalidade principal é a 
proteção de bens jurídicos fundamentais para o convívio social, por meio da criação de figuras típicas 
penais, impondo a respectiva sanção. Segundo o conceito analítico de crime, numa visão tripartite e finalista, 
o delito é composto de fato típico, ilícito, sendo praticado por agente culpável. 
 
Quem seria o penalista, o jurista do Direito Penal? Aquele que possui graduação, mestrado, doutorado, 
pós-doutorado, várias produções científicas e acadêmicas, muitos livros de Direito Penal lidos (direito nacional, 
direito comparado), ou seja, aquele que está “preso” aos critérios abstratos, critérios estes que envolvem 
discussões sobre o problema do crime, a teoria da pena, da norma, entre outros. 
A Criminologia, por sua vez, não deixa de perseguir o mesmo caminho que o Direito Penal no sentido de 
analisar como prevenir e reprimir a criminalidade. Todavia, a Criminologia vai agir de modo completamente 
diverso ao do Direito Penal. 
A Criminologia é uma ciência empírica, de análise da realidade, prática, sendo assim, não é ciência 
normativa, abstrata, jurídica. 
No tocante ao conceito de criminologia, discorre Natacha Alves (2019)1: 
A criminologia é a ciência autônoma, empírica e interdisciplinar, que tem por objeto o estudo do crime, do 
criminoso, da vítima e do controle social da conduta criminosa, com o escopo de prevenção e controle da 
criminalidade. 
Afirma-se que consiste em uma ciência, pois apresenta função, método e objeto próprios, prestando-se a 
fornecer, a partir do método empírico, informações dotadas de validade e confiabilidade sobre o delito. 
Trata-se de uma ciência empírica, pois se baseia na experiência e na observação da realidade dos fatos, visto 
que seu objeto de estudo (crime, criminoso, vítimado homicídio por legítima defesa; 
b) Vítima Simuladora, que através de uma premeditação irresponsável induz 
um indivíduo a ser acusado de um delito, gerando, dessa forma, um erro 
judiciário; 
c) Vítima imaginária, que se trata de uma pessoa portadora de um grave 
transtorno mental que, em decorrência de tal distúrbio leva o judiciário à erro, 
podendo se passar por vítima de um crime, acusando uma pessoa de ser o autor, 
sendo que tal delito nunca existiu, ou seja, esse fato não passa de uma 
imaginação da vítima. 
 
v Controle Social: 
 
O controle social é também um dos caracteres do objeto criminológico, constituindo-
se em um conjunto de mecanismos e sanções sociais que buscam submeter os 
indivíduos às normas de convivência social. Há dois sistemas de controle que 
coexistem na sociedade: o controle social informal (família, escola, religião, 
profissão, clubes de serviço etc.), com nítida visão preventiva e educacional, e o 
controle social formal (Polícia, Ministério Público, Forças Armadas, Justiça, 
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32 
Administração Penitenciária etc.), mais rigoroso que aquele e de conotação político-
criminal. 
 
Instituições, estratégias e sanções sociais que pretendem promover a submissão dos 
indivíduos aos modelos e normas comunitárias de modo orientador e fiscalizador. 
Com relação aos seus destinatários, pode ser difuso (à coletividade) ou localizado (a 
determinados grupos). Subdivide-se em controle social formal (realizado pelo 
Estado, caracterizado pelo Sistema de Justiça Criminal – Polícias, Poder Judiciário, 
MP, Administração Prisional) e controle social informal (realizado pela sociedade 
civil – família, mídia, opinião pública, religião, ambiente de trabalho etc.) 
 
O que seria o Controle Social? 
Como controle social, temos as instituições que regulam e moldam nossos 
comportamentos desde nossa infância. Como exemplo dessas instituições, temos a 
família, a escola, a igreja, o trabalho, etc.. Esse controle social alheio ao Estado do 
ponto de vista coercitivo é o que chamamos de Controle Social Informal. 
(observação: a Escola ainda que seja da rede de ensino pública, estadual ou municipal, é 
considerada como controle social informal). 
Quando as instituições de controle social informal não são suficientes para frear, 
impedir o comportamento delitivo entram em ação as instâncias de Controle Social 
Formal (Polícia, MP, Judiciário, Estabelecimentos Prisionais, etc..). 
 
 
Para a doutrina, tanto o Controle Social Informal, quanto o Informal possuem 03 
(três) elementos a serem considerados: 
 - Norma 
 - Processo 
 - Sanção 
Atenção: muitos acham que esses elementos pertencem somente ao controle social formal, mas o 
controle social informal igualmente os contém. 
 
Sanções do Controle Social: 
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33 
• Sanções formais (aplicadas pelo Esta podendo ser cíveis, administrativas 
e/ou penais) e sanções informais (que não tem força coercitiva); 
• Meios positivos (prêmios e incentivos) e meios negativos (imposição de 
sanções); 
• Controle interno (autocoerção) e controle externo (ação da sociedade ou do 
Estado, como multas e penas privativas de liberdade). 
Assim temos: “Quando as formas de controle social informal falham, agem as 
forma de controle social formal”. 
 
Atenção, muito cuidado: quando estudarmos as Teorias de Conflito, iremos analisar a Teoria do 
Labeling Approach, também conhecida como Teoria do Etiquetamento. O controle social para essa Teoria é 
constitutivo e definitorial da criminalidade, agindo com discriminação, seletividade, com desigualdade. 
Para o Labeling Approach, por exemplo, o Estado, a Polícia, o Ministério Público, o Judiciário e o 
Sistema Prisional, não agem em respeito estrito às leis (criminalizando “todos” os indivíduos que por ventura 
venham ser transgressores). Para eles (adeptos do Labeling Approach) as “Agências de Controle” escolhem quem 
elas querem criminalizar. 
Nessa toada, temos para a Teoria do Etiquetamento (Labeling Approach) que: 
- o policial quando está em ronda noturna escolhe quem ele irá abordar; 
- a autoridade policial, ‘dentre os milhares de procedimentos investigativos’ escolhe qual irá investigar; 
- o MP escolhe quem irá denunciar; 
- o juiz escolhe quem irá condenar; 
- o Legislador na ‘criminalização primária segundo Zaffaroni’ escolhe quais os tipos de condutas irá 
criminalizar. 
Com isso, alegam e defendem a existência de uma estigmatização desde a criminalização primária (quando do 
estabelecimento de forma abstrata dos tipos penais), até a criminalização secundária, ou seja, a efetiva 
aplicação da lei. 
 
Resumindo: Para o Labeling Approach somente algumas pessoas “entram na portinha da 
criminalização”, embora a conduta praticada esteja tipificada como crime. 
 
d) Funções da Criminologia 
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34 
Para a doutrina de uma forma geral a Criminologia possui 03 (três) principais funções, e, em cada 
uma dessas 03 (três) encontraremos 03(três) elementos. 
- Explicar e prevenir o crime; 
Realização de diagnóstico. Evitar que o crime ocorra. 
Quando falamos em prevenção na Criminologia, podemos falar em: 
1) Prevenção Primária: medidas a médio e longo prazo que atingem a raiz do 
problema criminal. Exemplo: investimento em Educação, Saúde, Lazer, etc.. 
 
2) Prevenção Secundária: atua onde o crime se manifesta ou se exterioriza. As 
medidas de prevenção são implementadas em áreas críticas, zonas quentes de 
criminalidade. Exemplo: Atuação Policial, Controle dos Meios de Comunicação, 
Medidas de Coordenação Urbana. 
 
3) Prevenção Terciária: aquela que age em um individuo específico: no apenado 
(podendo ser no preso preventivo ou aquele que cumpre pena). 
Qual o objetivo da prevenção terciária ‘em cima’ desse recluso, desse apenado? 
 Evitar a sua reincidência, possibilitando sua ressocialização. 
 
 Dica de Prova – Caiu na Prova de DPC do Rio Grande do Sul: 
Qual das características abaixo dificulta, obstaculiza a prevenção terciária? 
Uma das alternativas (e a que deveria ser assinalada) era superlotação carcerária. 
 
- Intervir na pessoa do infrator (analisar qual é o impacto real da pena, avaliar 
programas reais de inserção e fazer a sociedade perceber que o crime é um problema 
comunitário). 
A Criminologia tem como objetivo estabelecer a melhor forma de intervenção no infrator, 
mas não somente pensando no viés punitivo, mas também que essa intervenção possa 
possibilitar um atendimento mais efetivo e positivo de ressocializá-lo, por exemplo. 
Para a doutrina, temos 03 (três) metas nessa intervenção positiva no infrator: 
1) Impacto real da pena em quem a cumpre e os seus efeitos; 
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Aqui não temos estudo do impacto da pena de forma normativa e abstrata, mas sim de forma real, como 
ocorre verdadeiramente. Observe: 
 Como um penalista estuda a pena? 
Analisando as Teorias da Pena (teorias absolutas, relativas; prevenção especial, prevenção 
geral positiva, negativa); 
 Como que um Criminólogo estuda, analisa o impacto da pena? 
No apenado, com visitas, questionamentos pessoais a este e a membros familiares próximos. 
 
2) Desenhar e avaliar programas de reinserção (não individualista, mas funcional); 
Cuidado: como estamos falando em intervenção positiva, esse modelo de reinserção não poder ser 
individual, cuidando somente de um infrator. 
O modelo de reinserção que a criminologia propõe não é meramente um modelo individual, mas um 
modelo funcional. Se o crime faz parte da nossa realidade, a sociedade deve de alguma forma proporcionar 
algum tipo de abertura para que o apenado após o cumprimento de sua pena seja bem recebido. 
(logicamente a proposta não é defender um mundo utópico). Sabemos que a grande estigmatizaçãoque 
ocorre com os ex-presos se dá pelo fato da sociedade saber que a chance deste sair pior do que entrou é 
muito maior que o inverso. 
 
3) Fazer a sociedade perceber que o crime é um problema de todos (sociedade assumindo 
responsabilidades). Crime como problema social; 
Aqui a missão é fazer com que a sociedade veja que o problema da criminalidade é um problema social e 
não somente do criminoso. Sendo assim a coletividade deve agir de forma a assumir responsabilidades, 
devendo estar preocupada com o tratamento que ela espera que seja dado ao criminoso, afim de que ele 
saia melhor do que entrou, e par isso deve fiscalizar esse tratamento. 
A criminologia nesse exato ponto denuncia e critica a ausência de comprometimento social da sociedade. 
Observação: quando falamos em intervenção positiva no infrator, não estamos afirmando 
que iremos analisar somente este “como um indivíduo considerado”, mas sim que iremos 
analisar os aspectos da pena nele e também analisar os modelos de reinserção, trazendo a 
sociedade para essa discussão. 
 
- Avaliar as diferentes formas de resposta ao crime (estudo de modelos de resposta ao 
delito): 
 Qual(is) seria(m) a(s) forma (s) adequada(s) como resposta ao delito? 
 Será que podemos pensar somente na punição, ou seja, no caráter intimidatório da pena? 
 Será que a prioridade é a ressocialização desse indivíduo? 
 Será que a prioridade é reparar os danos causados a vítima? 
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36 
 Com quem devemos realmente nos preocupar? 
 
Com base nesse contexto temos 03 (três) modelos de reposta ao delito. É importante ainda 
observar que esses modelos da Criminologia conversam com a atuação efetiva do Direito 
Penal. 
Veja: Se defendermos um modelo clássico, dissuasório ou retributivo (que iremos ver mais a frente, 
mas adiantamos que é aquele modelo que acredita na punição e no caráter intimidatório da pena), 
teremos como reflexo no Direito Penal, a existência deste como um Direito Penal Simbólico e atuante 
no sentido de ser predatório, punitivo. 
Por sua vez, se pensarmos em um segundo modelo, sendo este de ressocialização, o Estado 
legalmente vai agir através do Direito Penal com medidas de ressocialização. 
Seguindo a lógica, ao trabalharmos com um terceiro modelo, considerado Restaurador, estará o 
Estado preocupado com a vítima. 
Existe uma discussão que a Criminologia aponta, principalmente no viés do Direito Penal Mínimo 
com relação aos crimes patrimoniais, onde haveria a possibilidade de num estado de evolução que o 
crime patrimonial, por exemplo, sem grave ameaça ou violência, pudesse ter extinta a punibilidade do 
agente se este reparasse os danos causado à vítima. Explicamos. 
Exemplo: Imaginemos que o individuo passa correndo na rua e pegue a carteira da vítima, a 
polícia aborda logo em seguida esse indivíduo que repara o dano com a entrega da carteira. 
Até que ponto poderíamos considerar isso como causa extintiva da punibilidade, uma vez que 
o bem jurídico violado (patrimônio) foi devolvido? 
 
Curiosidade e Provocações: 
Quando analisamos a população carcerária temos que, 76% dessa população está vinculada a 03 (três) 
bem jurídicos específicos num mundo jurídico de mais de 1.000 (mil) bens jurídicos tutelados pelo 
Direito Penal. Seriam eles: Saúde Pública (tráfico de drogas), Patrimônio (furto, roubo, etc), e Vida 
(só que dos 76% somente 11% são crimes contra a vida, homicídio, aborto, etc.). Assim, 65% desses 
crimes são de somente 02 bens jurídicos: Saúde Pública e Patrimônio. 
Segue provocação: Será que esses crimes representam a população criminosa no Brasil, ou 
será que representam apenas uma parcela da população que comente crimes? 
Até que ponto esses bens jurídicos não são definidos por alguém “lá atrás” - pelo próprio 
Estado - onde ele resolve quem ele quer criminalizar? 
 São encontrados com frequência nos presídios brasileiros presos pelo cometimento de crimes de 
“colarinho branco”, lavagem de dinheiro, crimes tributários? 
Sabemos muito bem que nos crimes tributários temos condutas que quando praticadas pelo acusado 
podem extinguir a punibilidade. 
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37 
(É aqui que a Criminologia trabalha com vários questionamentos pertinentes e interessantes) 
 
Voltando aos modelos de resposta ao delito temos: 
1) Modelo Clássico/Retributivo/Dissuasório: 
A crença desse modelo é a punição, o caráter intimidatório da pena. Quem participa desse modelo 
é somente o Estado (quem pune) e o Criminoso (quem é punido), não estando o Estado 
preocupado com a ressocialização, nem tão pouco com a vítima. A única e exclusiva preocupação 
é PUNIR. 
 
A base do modelo está na punição do delinquente, que deve ser intimidatória e proporcional ao 
dano causado. Os protagonistas do modelo são o Estado e delinquente, estando excluídos a vítima 
e a sociedade. 
 
2) Modelo Ressocializador: 
A preocupação nesse modelo, como o próprio nome já aponta, é a ressocialização do criminoso. 
O modelo revela 03 (três) participantes, o Estado, o criminoso e a sociedade, e esta última exerce 
papel fundamental na ressocialização. 
Nessa toada, o Estado dá o devido tratamento ao apenado, mas quem de fato “abraça” esse 
indivíduo quando de seu retorno social é a coletividade. 
 
Este modelo se preocupa com a reinserção social do delinquente. Assim, a finalidade da pena não 
se reduz ao retribucionismo (retribuição do mal feito pelo castigo corporal), mas procura 
ressocializar o agente para reinseri-lo na sociedade. 
A sociedade tem papel de destaque na efetivação da ressocialização, pois cabe a esta afastar 
estigmas, como o de ex-presidiário. 
 
 
3) Modelo Restaurador/Integrador/Justiça Restaurativa: 
O modelo tem como preocupação a vítima. Visa que se possa “devolver” a vítima seu status 
anterior. Assim, o Estado busca meios para que se possa repar, ou minimizar os danos causados a 
vítima. 
Quando temos na lei 9.099/95 crimes condicionados a representação, nada mais é que o Estado 
sinalizando que está à disposição para atuar quando ela (vítima) achar necessário, e que somente 
se manifestará quando provocado. 
 
Este modelo procura restaurar o status quo antes da prática do delito. Para tanto se utiliza meios 
alternativos de solução. A restauração do controle social abalado pelo delito se dá pela via da 
reparação do dano pelo delinquente. A ação conciliadora, com a participação dos envolvidos no 
conflito, é fundamental para a solução do problema criminal. 
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38 
Exemplo no sistema brasileiro: composição civil dos delitos nos Juizados Especiais Criminais. 
 
Observação: Apesar de haver uma divisão e distinção entre os 03 (três) modelos de resposta ao delito, na 
prática, no Brasil, nós temos medidas que misturam esses 03 (três) modelos. 
 
Dica de Prova - Atenção: As provas quando questionam sobre os modelos de resposta ao delito, geralmente indagam 
quem participa dessa relação. 
Assim gravem: 
1) Relação/método: Estado e Criminosos. 
2) Relação/Método: Estado, Criminoso e Sociedade (Protagonista). 
3) Relação/Método: Estado e Vítima (Protagonista). 
 
1.1.2 Evolução Histórica 
 
Quando a doutrina fala em Criminologia divide-a em 02 (duas) etapas: Etapa Pré-científica e Etapa 
Científica. 
Temos num primeiro momento a Etapa Pré-Científica onde iremos trabalhar com os pioneiros estudos e 
produções realizadas sobre Criminologia (Escola Clássica), quando esta ainda não tinha autonomia que tem hoje 
de ciência. 
Na sequência (Etapa Científica), se inaugura os estudos e conhecimentos científicos da Criminologia, 
com a chamada Escola Positiva ou Positivista. 
 
1.1.2.1 Etapa Pré-científica (Escola Clássica) e Científica (Escola Positiva ou Positivista) 
 
Inicialmente, cumpre apontarmos que não existe uniformidade na doutrinaquanto ao surgimento da 
criminologia segundo padrões científicos, porque há diversos critérios e informes diferentes que procuram situa-la 
no tempo e no espaço. 
No plano contemporâneo, a criminologia decorreu de longa evolução, marcada, muitas vezes, por atritos 
teóricos irreconciliáveis, conhecidos por “disputas de escolas”. 
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39 
O próprio Cesare Lombroso não se dizia criminólogo e sustentava ser adepto da escola antropológica 
italiana. É bem verdade que a criminologia como ciência autônoma existe há pouco tempo, mas também é 
indiscutível que ela ostenta um grande passado, uma enorme fase pré-científica. 
Para que se possa delimitar esse período pré-científico, é importante definir o momento em que a 
criminologia alcançou status de ciência autônoma. 
Muitos doutrinadores afirmam que o fundador da criminologia moderna foi Cesare Lombroso, com a 
publicação, em 1876, de seu livro “O homem delinquente”. 
Para outros, foi o antropólogo francês Paul Topinard quem, em 1879, teria empregado pela primeira vez a 
palavra “criminologia”, e há ainda os que defendem a tese de que foi Rafael Garófalo quem, em 1885, usou o 
termo como nome de um livro científico. 
Ainda existem importantes opiniões segundo as quais a Escola Clássica, com Francesco Carrara 
(Programa de Direito Criminal, 1859), traçou os primeiros aspectos do pensamento criminológico. 
Não se pode perder de vista, no entanto, que o pensamento da Escola Clássica somente despontou na 
segunda metade do século XIX e que sofreu uma forte influência das ideias liberais e humanistas de Cesare 
Bonesana, o Marquês de Beccaria, com a edição de sua obra genial, intitulada “Dos delitos e das penas”, em 1764. 
Quando falamos em Escola Pré-científica estamos trabalhando com tudo aquilo que foi estudado desde os 
primórdios e que tinha alguma relação com nosso objeto de estudo, tendo em visa que o crime existe desde 
sempre. 
 
Etapa Pré-Científica – Escola Clássica: 
A primeira Escola que passou a enfrentar de forma mais organizada o estudo sobre crime, criminoso, 
pena, e castigo foi a Escola Clássica, contudo esta estava na etapa pré-cientifica da Criminologia. Os métodos 
utilizados por essa Escola eram métodos típicos do Direito Penal (método normativo, lógico, abstrato, dedutivo) e, 
por esse motivo fora considerada uma Escola que não fazia parte da etapa científica da Criminologia. 
 
Etapa Científica – Escola Positiva ou Positivista: 
Noutro giro, sabemos que quem trouxe pela primeira vez um método específico da Criminologia, 
sobretudo o método empírico foi a Escola Positivista. Vimos ainda que o marco científico, teórico e a primeira 
obra elabora nesse período fora “O homem delinquente” de Lombroso. 
 
1.1.2.1.1 Luta entre Escolas: Escola Clássica e Escola Positiva. 
Licenciado para: ANTONIO CARLOS - CPF: 013.229.675-63
 
 
 
 
40 
 
1.1.2.1.2 Escola Liberal Clássica: esse período é conhecido como “época dos pioneiros”. Nesse momento 
tivemos as primeiras teorias mais organizadas sobre o crime, delito penal e a pena. O período em 
que essa Escola produziu seus ensinamentos foi do século XVIII (18) ao início do século XIX (19). 
No que diz respeito aos principais autores da Escola Clássica podemos mencionar: Feuerbach (que 
influenciou muito mais no Direito Penal que na criminologia), Cesare Beccaria, Carrara, etc. Iremos 
enfrentar nesse momento uma Escola Clássica com influência Itáliana. (Escola Clássica de direito 
Penal na Itália – aqui relembramos que quem exercia nesse contexto poder econômico, intelectual, 
entre outros no mundo era a Europa, por isso a influencia de países europeus. Só iremos ter uma 
mudança no eixo político, econômico, no período pós Guerra, quando os EUA passam a influenciar 
de forma mais presente a Criminologia). 
É importante mencionar que a Escola Clássica embora faça parte da evolução Criminológica trouxe 
muito mais contribuições ao Direito Penal que para a Criminologia. 
 
Escola Liberal Clássica Período conhecido como “época dos pioneiros” 
Momento histórico Século XVIII a Século XIX 
Autores de destaque Feuerbach, Cesare Beccaria, Francesco Carrara, 
Giandomenico Romagnosi. 
 
 
* Giandomenico Romagnosi aparece pouco nas 
doutrinas em geral, mas é muito citado por 
Alessandro Baratta em suas obras, e Baratta é 
muito cobrado em concursos públicos, notadamente 
nos de DPC. 
 
Influência da Escola Clássica Italiana Europa era quem tinha o poder econômico, 
intelectual, etc. 
 
Paradigma histórico Transformação iluminista, tivemos nesse 
momento a Revolução Francesa, e esses ideais 
iluministas trabalharam como pano de fundo para 
os ideais da Escola Clássica. 
 
Ideal da Escola Clássica (de forma geral) Filosofia do Direito Penal e uma fundamentação 
filosófica da ciência do Direito Penal. Trabalhava 
também com os ideais do Contrato Social, da 
divisão dos poderes e de uma teoria jurídica do 
delito e da pena. 
 
O crime para a Escola Clássica representa a quebra 
do contrato social. Para ela são ilegítimas todas as 
penas que não revelem uma salvaguarda do 
contrato social. 
 
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41 
O delito surge da livre vontade do indivíduo, ou 
seja, o homem por vontade livre e consciente optou 
por esse caminho. 
 
Obra Inaugural “Dos Delitos e das Penas” – 1764 – Beccaria 
 
 
 
Análise dos Autores 
• Beccaria Pressuposta a racionalidade do homem, haveria de se indagar, 
apenas, quanto à racionalidade da lei. 
 
Beccaria defendia em sua obra, portanto, que as leis deveriam 
ser simples, conhecidas e captadas por todos os cidadãos. 
 
A obra de Beccaria é uma obra muito atual, se analisarmos 
que as críticas que ele aponta ao sistema penal, são vistas 
ainda hoje. 
 
Obs: para Beccaria, o dano social e a defesa social constituem 
os elementos fundamentais da teoria do delito e a teoria da 
pena, respectivamente. 
 
Ou seja, o que fundamenta a criação de um tipo penal 
incriminador seria um dano social, e a defesa social seria a 
justificativa para a aplicação da pena. 
 
Assim temos para Beccaria: 
 
- Dano Social – justificativa para a criação do tipo penal 
(seria elemento fundamental da Teoria do Crime) 
 
- Defesa Social – Justificativa para a aplicação da pena (seria 
elemento fundamental da Teoria da Pena) 
 
A base da justiça humana de Beccaria seria a utilidade 
comum. 
(essas frases costumam aparecer em prova). 
 
 
Questionamento: 
Se Beccaria entende que o dano social é elemento 
fundamental da teoria do delito e a defesa social é 
elemento fundamental da teoria da pena, quais seriam os 
critério utilizados para justificar a necessidade da 
aplicação de uma pena? 
 
Para Beccaria, as penas devem estar baseadas em critérios de 
NECESSIDADE / UTILIDADE e PRINCÍPIO DE 
LEGALIDADE. 
Nos mesmos moldes se para Beccaria as penas deveriam ter 
esse elemento de salvaguarda do contrato social de reparação 
dessa violação, essa pena deveria ser certa e por período 
determinado. 
 
Assim, a pena teria DURAÇÃO PROPORCIONAL, 
NECESSÁRIA, ÚTIL. 
 
*** Essa informação é importante porque mais para 
frente veremos que na Escola Positivista os 
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42 
Positivistas acreditavam que o problema do 
criminoso estava justamente no homem e a pena 
possuíam outros critérios: tinha caráter curativo, 
como se atuasse como a medida de segurança nos 
dias de hoje. 
 
• Giandomenico Romagnosi 
 
(bastante mencionado na obra de Alessandro 
Baratta) 
Sabemos que tem outros autores importantes para a 
Escola Clássica, mas em termos de Concursos 
Públicos vêm sendo bem cobrado. 
 
 
O princípio natural é a conservação da espécie. 
 
A ideia central das observações e estudos de 
Romagnosi é que, o que nos rege em sociedade é a 
conservação da espécie humana. 
 
E, se o princípio natural é essa conservação, ele cria 
direito e deveres relacionadosa essa conservação 
da espécie humana. 
Entende pelo direito de não termos nossa existência 
violada, e em contrapartida o dever de não atentar 
contra a existência de outrem. 
 
 
Já caiu em prova – Frase de Giandomenico – Juiz Federal 
e Delegado de Polícia. 
Para ele a pena constitui um contraestimulo ao impulso 
criminoso. 
 
“Se depois do primeiro delito existisse uma certeza 
moral de que não ocorreria nenhum outro, a 
sociedade não teria direito algum de punir o 
delinquente”. 
(Giandomenico Romagnosi) 
 
Assim, se a pena serve como contraestimulo para o 
criminoso não seria viável a punição. 
A justificativa é que o impacto da pena para 
Giandomenico não é o castigo, mas sim um 
contraestimulo. 
 
• Francesco Carrara 
 
(apesar de Beccaria ter sido o primeiro autor da 
Escola Clássica, Carrara é considerado o principal 
dessa Escola). 
Teve contribuições para a moderna ciência do 
Direito Penal italiano. 
 
Para Carrara o delito não é um ente de fato, mas 
sim um ente jurídico. 
 
E porque o delito seria um ente jurídico? 
Porque decorre da violação de um direito. 
 
E esse direito é necessariamente positivado? 
Não. Ele fala em um direito geral. 
 
Que direito seria esse que caracteriza a violação 
de um crime? 
Para Carrara temos uma parte teórica (abstrata) e 
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43 
uma prática (normativizada). 
Nesses moldes, quando ele diz que existe uma 
violação do direito, ele se refere ao direito abstrato 
e não a esse direito normativo, positivado. 
 
 
Adendo: observe que os clássicos estão a todo o momento 
justificando o crime, num aspecto simples e objetivo, como 
numa disposição de vontade. Como sabemos para eles o 
homem comete delitos porque quer, pela vontade e assim 
escolhe agir. (livre arbítrio). 
 
O fim da pena para Carrara não é a punição 
(castigo) como retribuição, mas sim a eliminação 
de perigo social que sobreviria se não houve a 
punição. Nesse sentido se não fosse aplicado a pena 
ao criminoso, as demais pessoas pensariam que 
daquele fato não se originou nenhuma “punição”. 
 
 
Obs: Frase de Carrara que costuma aparecer em provas: 
 
“O homem viola a lei porque TEM VONTADE 
(livre arbítrio)”. 
 
Quem traz justamente a ideia de livre arbítrio para 
Criminologia é Francesco Carrara. 
 
 
Obs: iremos encontrar na doutrina a explicação de Francesco 
Carrara com base na lógica Hegel. E Hegel afirmava que o 
crime é a negação ao Direito. E a pena seria e deveria ser 
aplicada para reforçar que aquela conduta nociva é uma 
conduta indesejada. 
 
Conclui-se então que se o crime é a negação ao 
crime, a pena seria a negação da negação ao 
Direito. 
 
 
“Pena, negação da negação ao Direito”. 
 
Obs: Frase de Francesco Carrara: 
 
“A reeducação do condenado pode ser um 
resultado acessório e desejável, mas não a função 
essencial da pena”. 
 
A função essencial da pena para Carrara era a já 
mencionada eliminação do perigo social. 
 
 
Principais Características da Escola Clássica 
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44 
e) Escola Clássica mais dogmática, teórica, devido metodologia utilizada. 
Percebemos isso vez que os ensinamentos da Escola Clássica ficam vinculados aos autores do 
campo dogmático e teórico. 
f) Século XVIII e início do século XIX 
g) Período histórico – transformação e Ideais Iluministas 
h) Criminoso: era ser normal que optava pela pratica do crime – adepta a vontade racional, livre arbítrio; 
i) Crime: quebra do contrato social; 
j) Pena: prazo certo e determinado; 
 
Obs – a Escola Clássica não se utilizava de métodos científicos e experimentais como a Escola Positivista, 
exatamente por esse motivo ela é considerada como uma Escola pertencente à fase/etapa pré-científica. 
 
1.1.2.1.3 Escola Positivista: escola que estuda a Criminologia como disciplina autônoma, e tem suas teorias 
e estudos realizados no final do século XIX (19) e início do século XX (20). Como referência de 
autores desse período, podemos mencionar: da Escola Sociológica Francesa (Gabriel Tarde), da 
Escola Social na Alemanha (Franz Von Liszt) e na Escola Positiva Italiana (Lombroso, Enrico Ferri 
e Raffaele Garofalo). 
Vale lembrar que se Escola Positiva inaugura a etapa científica, nesse período passam a 
utilizar da metodologia típica da Criminologia. 
Escola Positivista Estuda a Criminologia como ciência autônoma 
Momento histórico Século XIX a Século XX 
Autores de destaque Gabriel Tarde, Franz Von Liszt, Lombroso, Ferri e 
Raffaele Garofalo 
Obra Inaugural “O Homem Delinquente”–Cesare Lombroso - 
1876 
 
Porque Lombroso é considerado o primeiro autor 
da Escola Positiva da Criminologia? 
Porque em sua obra o “Homem Delinquente”, 
utilizou da metodologia empírica para fazer suas 
conclusões. 
 
Lombroso no uso da metodologia empírica se valia 
de entrevistas com presos, análises de crânios, de 
órgãos, de características físicas de pessoas presas. 
(Lombroso fez mais de 25 mil análises de criminosos 
presos, para que pudesse estabelecer uma 
característica comum). 
 
Crítica: a grande crítica/falha apontada pela doutrina 
aos estudos e conclusões de Lombroso é que ele 
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45 
analisou somente os criminosos que estavam presos. 
E o criminoso preso poderia não necessariamente 
representar a figura do criminoso. 
 
* Outro ponto é que ele analisava os presos que ficam detidos 
em porões, ambientes úmidos e mal iluminados. As 
características apresentadas pelos presos muitas vezes estavam 
relacionadas às condições do ambiente. Com isso esses presos 
(a depender do tempo de reclusão) poderiam ter sofrido 
mutações. 
 
Exemplo de características: 
- olhar de cima para baixo: consequência da pouca iluminação e 
medo de apanhar (já que eram constantemente castigados) 
- Postura arqueada: devido ao pouco espaço nos porões ficavam 
sempre abaixados; etc.. 
 
 
Considerações de Alessandro Baratta sobre a 
Escola Positivista: 
“O foco era o homem delinquente, considerado 
como um indivíduo diferente e, como tal, 
clinicamente observável”. 
 
Nesse sentido ao considerar que o problema do crime 
estava no homem, a Escola Positivista acreditava que 
a melhor forma de entender o crime era estudar esse 
homem. 
Modelo Positivista da Criminologia: Estudo das causas ou dos fatores da criminalidade 
(paradigma etiológico), a fim de individualizar as 
medidas adequadas para removê-los, intervindo, 
sobretudo no sujeito criminoso. 
 
Paradigma etiológico – essa expressão cai muito em 
provas. 
§ (etiologia – investiga o que deu causa, sua 
origem) 
§ (paradigma – serve como modelo, padrão) 
 
Cuidado para não confundir com Etimologia !!! 
(A prova de DPC/MG colocou etimologia e 
confundiu a cabeça dos candidatos) 
 
§ Etimologia – origem da palavra 
(Etimologia da Criminologia seria então a 
origem de seu nome – latim – Estudo do 
Crime) 
 
Cesare Lombroso (1835-1909) Conceito de Criminoso: 
Lombroso tinha o criminoso como ser atávico, 
instintivo, animal, selvagem, alguém pré-disposto ao 
crime. Lombroso acreditava que o criminoso já 
nascia criminoso, e que fatores externos não 
determinavam as condutas, mas funcionava somente 
como uma “pólvora”, um “pavio”, para que esse 
criminoso demonstrasse sua face. 
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Principal contribuição: 
Foi o estabelecimento dessas características físicas, 
como forma de identificar o criminoso? 
NÃO, muito cuidado com isso. 
 
A principal contribuição de Lombroso para a 
Criminologia foi a utilização do método empírico. 
De analise de observação da realidade. Enquanto os 
Clássicos usavam de teorias e abstrações, Lombroso 
foi a ‘campo’, in loco com a finalidade de criar uma 
teoria (aceita ou não), mas que estava baseada em 
critérios práticos e reais. 
 
Influência no Brasil – principal seguidor: 
Raimundo Nina Rodrigues conhecido como 
“Lombroso dos trópicos”.Obs: vimos que Lombroso era bastante radical e que para ele o 
criminoso era prisioneiro de sua patologia. Nessa época, 
logicamente ainda não se falava em DNA, mas para o autor a 
criminalidade estava no individuo, em seu ser, em seu sangue. 
Enrico Ferri (1856-1929) (sucessor e genro de Lombroso) 
Apesar de sucessor e genro de Lombroso, 
diferentemente do esperado Enrico Ferri, dá ênfase 
às ciências sociais, com uma compreensão mais 
alargada da criminalidade, evitando-se o 
reducionismo antropológico. 
 
Para Ferri, o fenômeno da criminalidade decorria de 
fatores antropológicos, físicos e sociais, e estes de 
alguma forma poderiam impactar esse criminoso. 
 
§ Antropológicos: constituição orgânica e psíquica do 
indivíduo (raça, idade, estado civil, etc); 
 
§ Físicos: clima, estação, temperatura, etc.; 
 
§ Sociais: densidade da população, opinião pública, 
família, moral, religião, educação, etc. 
 
 
Questionamento – Por que Ferri não é 
considerado como “Pai da Sociologia” já que ele dá 
ênfase as Ciências Sociais? 
Porque ele continua a considerar que o problema está 
no indivíduo. Para ele esses fatores podem 
influenciar, mas ainda sim o criminoso é um ser 
anormal. (não como os ensinamentos de Lombroso, 
mas ainda sim seria um ser anormal). 
 
Ferri cria categorias de delinquentes: 
Apesar de Lombroso ter colocados os criminosos em 
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47 
categorias, a classificação de Ferri é a que mais 
aparece em provas. 
 
§ Nato: seria exatamente o criminoso descrito por 
Lombroso, um ser selvagem, anormal, atávico, com 
características físicas peculiares. (veja então que Ferri 
não refutou completamente a teoria de Lombroso). 
 
§ Louco: era aquele que possuía alguma 
deficiência/enfermidade mental, mas que também 
possuía uma atrofia do senso moral. Era um individuo 
que não era capaz de definir com clareza se 
determinada atitude era certa ou errada. 
(Cuidado: ele era considerado um indivíduo louco 
quando a pratica do ato criminoso estava vinculado a 
essa enfermidade/deficiência). 
 
§ Habitual: aquele em que o crime sempre fez parte de 
sua realidade, aquele que sempre em seu contexto de 
miséria viu o crime muito próximo. Esse indivíduo 
inicia sua vida criminosa com pequenos furtos e vai 
evoluindo nas praticas desses crimes. Para Ferri como 
esse individuo sempre viveu muito próximo e em 
contato constante com o crime, para ele era muito 
difícil deixar de praticá-los, assim, era considerado 
alguém com alto grau de periculosidade e baixo grau 
de recuperabilidade, readaptabilidade. 
 
§ Ocasional: aquele que pratica o crime diante de 
circunstâncias emergenciais, transitórias. 
 
(exemplo: pai que para não deixar os filhos morrerem 
de fome, começa a praticar crimes patrimoniais). 
 
Para Ferri cessando as circunstâncias emergenciais que 
envolvem esse criminoso, o mesmo deixa de cometer 
delitos que vinha praticando. Exatamente por esse 
motivo, o criminoso habitual possui baixo grau de 
periculosidade e alto grau de readaptabilidade e 
recuperabilidade. 
 
 
§ Passional: seria o criminoso impelido por paixões e 
sentimentos pessoais, podendo essa paixão ser 
religiosa, ideológica, política, etc. 
 
Obs: atente-se que o problema está em todos os 
momentos vinculado ao homem e não a situação, o 
contexto. 
 
Citação de Ferri, que representa justamente a 
diferença da Escola Positiva/Positivista para a 
Escola Clássica: 
 
“Para eles (os Clássicos), a ciência só necessita de 
papel, caneta e lápis, e o resto vai de um cérebro repleto 
de leituras de livros, mais ou menos abundantes, e feitos 
da mesma matéria. Para nós, a ciência requer um gasto 
de muito tempo, examinando um a um os feitos, 
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48 
avaliando-os, reduzindo-os a um denominador comum e 
extraindo dela a ideia nuclear”. (FERRI) 
 
(Essa frase demonstra muito bem o momento de 
transição da Escola Clássica para a Escola Positiva, e 
suas respectivas mudanças). ***** 
 
Ferri com essa citação vem afirmando que os 
Clássicos são normativos, abstratos, teóricos, aqueles 
que leem muito. Já os Positivistas aderiam a um 
perfil que se utilizava de um método empírico, 
indutivo. 
Raffaele Garofalo (1851-1934) 
(Jurista -Italiano) 
 
 
Obs – Lembrando que quem criou o termo, 
Criminologia foi Paul Topinard, mas quem 
difundiu a expressão no cenário internacional foi 
Garofalo. 
Para Garofalo, o crime está no indivíduo, e que é 
uma revelação de uma natureza degenerativa, sejam 
as causas antigas ou recentes. 
 
Estando alocado, e sendo considerado um dos 
autores da Escola Positivista, Raffaele Garofalo, 
igualmente aos demais autores acredita que o 
criminoso seja um ser anormal. 
 
Vale destacar que Garofalo acredita em uma 
anomalia psíquica ou moral no criminoso e que o 
crime estaria no individuo e revelava uma natureza 
degenerativa do mesmo. 
 
Para o estudioso o crime está fundamentado em uma 
anomalia – não patológica -, mas psíquica ou moral 
(déficit na esfera moral da personalidade do 
indivíduo, de base interna, de uma mutação 
psíquicia, transmissível hereditariamente). 
 
Para explicar essa teoria Garofalo se utiliza de duas 
expressões: 
§ TEMIBILIDADE (grau de periculosidade do 
individuo), perversidade constante e ativa do 
delinquente e a quantidade do mal previsto 
que se deve temer por parte deste 
delinquente. 
 
Garofalo ainda tentou criar um conceito universal de 
crime, o que ele chamou de DELITO NATURAL. 
 
§ DELITO NATURAL: violação daquela parte 
do sentido moral que consiste nos 
sentimentos altruístas fundamentais de 
piedade e probidade, segundo o padrão médio 
em que se encontram as raças humanas 
superiores, cuja média é necessária para a 
adaptação do individuo à sociedade. 
 
Ou seja, para Garofalo o crime sempre viola 
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49 
sentimentos altruístas, sentimentos fundamentais da 
nossa sociedade. 
 
(Houve crítica e questionamentos pela doutrina sobre 
o referido conceito, vez que se baseava na existência 
de raça superior). 
 
Por fim, o ponto mais importante que temos para 
estudar de Garofalo é sem duvidas a sua ideia 
relacionada à filosofia dos castigos, fins da pena e 
sua fundamentação. 
O Estado deve eliminar o delinquente que não se 
adapta à sociedade e às exigências da convivência. 
 
 
Garofalo faz uma comparação com a Teoria 
Evolucionista. 
Para ele se a ciência pode separar os indivíduos que 
estão mais bem adaptados, mais fortes etc, e se a 
natureza permite a exclusão dos mais fracos o Estado 
também pode fazer isso com seus criminosos. 
 
De que forma? 
Eliminando-os. 
Quais são as duas formas que Garofalo defende na 
sua teoria? 
Deportação e Pena de morte. 
 
 
Nesse sentido, temos que o autor defende a aplicação 
da pena de morte aos criminosos em situações 
específicas, e cita em sua obra pelo menos 03 desses 
criminosos: 
 
§ Criminosos habituais; 
§ Ladrões profissionais; 
§ Criminosos violentos; 
 
O autor então defende e entende ainda ser possível a 
pena de morte para esses criminosos assim como 
penas severas em geral. 
(Ex: envio de um criminoso por tempo 
indeterminado para colônias agrícolas). 
 
Veja que se para os Positivistas estando o problema 
do crime no criminoso, a pena deveria atingir a 
‘cura’ desse individuo. 
 
Obs: (Os Clássicos estavam preocupados com o fato, assim a 
pena deveria trazer salvaguarda do contrato social. Já para os 
Positivistas, a pena está intimamente ligada à pessoa do 
criminoso, o que chancelava a possibilidade a pena ser aplica 
por prazo indeterminado). 
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Principais características da Escola Positiva 
k) Século XIX início do Século XX 
l) Adoção do método empírico; 
m) Delinquente é ser anormal; 
n) Pena: cura e recuperação; 
o) Pena como medida de defesa social, para a recuperação do criminoso,por tempo indeterminado (até obtida 
a sua recuperação “cura”); 
p) Como a recuperação é considerada como “cura” enquanto o criminoso não estiver curado podemos manter 
essa pena; 
q) Critério de mediação de pena não está ligado ao fato, mas ao indivíduo; 
r) A duração deve ser medida em relação aos efeitos (melhoria e reeducação), enquanto o indivíduo não 
estiver, melhor, curado, reeducado os positivistas defendem de forma legítima a continuidade de aplicação 
dessa pena ainda que tenha prazo indeterminado. 
 
Anote aí – Considerações de Alessandro Baratta: 
“O delito é, também para a Escola Positiva, um ente jurídico, mas o direito que qualifica este fato 
humano não deve isolar a ação do individuo da totalidade natural (biológica e psicológica) e 
social”. 
Quando Baratta diz que o delito também é um ente jurídico, ele está dizendo o ente jurídico da 
Escola Clássica, (principalmente a contribuição de Carrara). Mas afirma que a violação ao direito 
(delito) que para os Clássicos era proveniente de uma vontade racional do homem, na Escola 
Positivista não ocorre. (“não deve ser isolar o direito que qualifica esse fato desvinculado da 
totalidade natural...”). 
Para Barrata não podemos vincular como os Clássicos vincularam, ou seja, somente a vontade do 
indivíduo. Os Positivistas demonstraram que outras questões (antropológicas, biológicas, físicas, 
sociais, etc) também podem de alguma foram impactar essa realidade, e a conduta do agente. 
Obs: Se isso hoje é aceito ou não na atual e moderna Criminologia não está em discussão. O que deve ser 
registrado é que os Positivistas mostraram que os Clássicos ficaram muito presos a ideia de livre arbítrio e 
vontade racional, fato que não pode ser desconsiderado. 
 
Resumindo – para os Positivistas o homem deve ser analisado em sua TOTALIDADE!!!!!!. 
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 “Luta” entre as Escolas 
 
Aqui temos uma reflexão importantíssima a ser feita. 
Com o passar do tempo e de maiores análises pelos estudiosos que sucederam essas Escolas (Clássica e Positiva) perceberam 
que na verdade não estamos diante de uma luta entre Escolas propriamente dita, mas sim diante de uma luta de métodos de 
estudos sobre a Criminologia. 
Essa “Luta” existia, porque os Clássicos possuíam pensamentos baseados em métodos totalmente normativos, abstratos e 
lógicos, já os Positivistas realizavam seus estudos fundamentando-os em métodos empíricos, experimentais, e buscavam adquirir 
conhecimentos através da pesquisa em campo, na sua realidade. 
Esgotados os assuntos pertentes às Escolas Clássica e Positiva/Positivista, é necessário mencionarmos que 
alheia a essas Escolas tivemos demais ramos que trouxeram considerações importantes relacionadas à 
Criminologia, e não podemos negligenciar a existências desses. Nesse sentido é importante trabalharmos 
também outros modelos teóricos explicativos da Criminologia, como por exemplo, Biologia Criminal, 
Sociologia Criminal, Psicologia Criminal, etc. 
 Atenção: antes de adentrar ao tema é importante deixar registrado as seguintes situações: 
(Faça nesse momento uma linha do tempo mental e perceba a evolução da matéria no tempo) 
§ A Criminologia da Escola Positiva vai até o início do século XX; 
§ Até o início do século XX tínhamos como objeto da Criminologia somente 02 elementos (Crime 
e Criminoso); 
§ Depois do século XX esses objetos foram então ampliados para 04 elementos: Crime, 
Criminoso, Vítima e Controle Social; 
§ Até o século XX a Criminologia se importava somente/exclusivamente com o Crime e o 
Criminoso; (não há o que se falar nesse período de vítima ou controle social). 
§ Tivemos um giro sociológico após o século XX e devido a estudos e elaboração de outros 
modelos teóricos explicativos é que a Criminologia avança em outras discussões sobre vítima, 
controle social, sociedade, etc.. 
1.1.3 Modelos Teóricos Explicativos 
Temos para da Criminologia diversas classificações sobre esses modelos teóricos. 
Alguns professores elegem Molina como o doutrinador que melhor classifica os modelos teóricos explicativos. 
Molina classifica os modelos em: 
I. Criminologia Clássica e Neoclássica 
II. Criminologia Positivista 
III. Sociologia Criminal 
VI. Diversas correntes da moderna Criminologia (aqui chamamos a atenção: a atual e moderna Criminologia não 
esta mais preocupada com o caráter etiológico da Criminologia, ou seja, sobre as causas, conceitos de delito e delinquente, mas Licenciado para: ANTONIO CARLOS - CPF: 013.229.675-63
 
 
 
 
52 
sim em analisar e estudar modelos sequenciais, de carreiras criminais, estudos de seguimentos, trajetórias criminais. Não se trata 
assim de estudo de conhecimentos estanques, mas sim de conhecimentos harmonizados). 
 
 
I. Criminologia Clássica e Neoclássica: 
Quando falamos em Criminologia Neoclássica, Molina traz principalmente um modelo de Teoria 
Criminológica. 
 * Modelo da “Opção Racional como opção Econômica (modelo economicista neoclássico)”. 
“O crime como resultado de uma opção livre, racional e interessada do indivíduo de acordo com uma 
análise prévia de custos e benefícios”. 
 
Veja que Molina vincula as ideias da Escola Clássica (livre-arbítrio e a vontade racional), mas liga a uma 
opção racional, e essa opção racional do homem é baseada em critérios econômicos. 
Cuidado ! 
Não é econômico do ponto de vista financeiro somente. 
Essa teoria vai explicar porque o homem opta pela realização do crime, quais as circunstâncias que ele 
visualiza como interessantes para optar por cometer o delito. 
 
Para essa teoria o criminoso ao optar pelo crime analisa a relação entre o custo e benefício (analisará se 
existirão mais vantagens ou desvantagens). Vale mencionar ainda que, essa teoria enfatiza que o criminoso apesar 
de analisar as vantagens e desvantagens, não faz projeções em longo prazo sobre circunstâncias, e optará com base 
em aspectos momentâneos, imediatos. Dessa forma, esse criminoso não estará preocupado com as cominações de 
penas, suas possíveis qualificadoras e elementos relacionados à execução penal e outros pontos legais. 
Curiosidade – uma pesquisa (na verdade um documentário) realizou várias entrevistas com 
criminosos presos nos Estados Unidos. Dentre esses presos um criminoso que cometeu uma série de 
crimes graves foi entrevistado, e posteriormente essa entrevista contribui muito para a Escola 
Neoclássica. 
A questão realizada pra o criminoso foi a seguinte: 
 
Você no momento do crime pensou que poderia ser preso? 
 
A resposta do criminoso foi negativa, alegando que caso assim pensasse, não teria cometido o crime. 
O preso ainda debochou do pesquisador que o entrevistava tendo em vista a pergunta feita. 
 
O pesquisador continuou os questionamentos, perguntado se o preso não pensou nos riscos, ou numa projeção 
sobre a possibilidade da captura e o cumprimento de mais de 20 anos de pena em sistema penitenciário. 
O preso respondeu que pensou que poderia ser preso, mas que essa previsão de cumprimento de pena ninguém 
faz. Reiterou ainda afirmando que pensou somente no dinheiro fácil que ira conseguir. 
 
Quais são as razões apresentada para que possamos considerar essa teoria vinculada ao modelo clássico? 
Razões para o retorno dos ideais clássicos: 
- Fracasso do positivismo de oferecer uma teoria generalizadora 
- Baixo êxito dos programas ressocializadores 
Licenciado para: ANTONIO CARLOS - CPF: 013.229.675-63
 
 
 
 
53 
- Incremento da criminalidade 
 
Dessa Teoria Neoclássica temos derivadas outras duas teorias que não são consideradas de forma específica por 
Molina como teoria Neoclássica, mas são teorias prevencionistas e, que de alguma forma consideram essa opção 
racional. 
Dica de Prova: 
Se a sua Prova for especifica com base em obra de Antonio Garcia-pablos de Molina, e vier perguntando qual a teoria 
vincula a chamada Escola Neoclássica, devemos mencionar ou assinalar aTeoria da Opção Racional como opção 
Econômica (modelo economicista neoclássico”. Mas lembrar de que, ele traz em sua obra mais 02 teorias que são mais 
ligadas à prevenção de crimes, e que são muito discutidas, ensinadas e lecionadas em Cursos de Formação de Polícia 
Administrativa (PM e PRF, por exemplo. Esses cursos de formação priorizam essas teorias prevencionistas, justamente 
focando na prevenção de crimes, vez que são polícias ostensivas e não judiciárias). 
 
I. 1. Teoria das Atividades Rotineiras – (Teoria da Oportunidade) 
Para uma parcela da doutrina (e Molina faz parte dessa parcela) eles dão um sinônimo para essa 
teoria, e a chamam de Teoria da Oportunidade. 
Essa teoria entende que não basta para a ocorrência do delito que esse indivíduo tenha vontade de 
praticar o crime, mas sim que, aliada a vontade racional exista de uma oportunidade. 
(Vontade racional + Oportunidade) 
 a 
 
 
b c 
 
A teoria das atividades rotineiras traz para sua explicação um triângulo, que seria uma convergência 
de fatores no tempo e no espaço, para que o crime efetivamente ocorra. Ou seja, para que tenhamos 
a pratica de um crime, temos que ter no mesmo tempo, no mesmo espaço a existência de 03 (três) 
circunstâncias: 
a) Infrator motivado: aquele que queira praticar um crime e que tenha habilidades para 
tanto. Essa motivação do infrator pode ainda estar relacionada a uma série de fatores. 
(motivação financeira, social, etc..). 
 
Dica de prova - A teoria traz ainda uma série de outras características que são comuns serem cobradas 
em prova. 
Motivação do infrator: patologia individual, maximização do lucro, desorganização social, 
oportunidade entre outros. 
 
 
 
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54 
Obs – Nota: patologia individual (aqui pode entrar os casos de crimes sexuais, muitos pensam 
somente dos crimes patrimoniais, mas nos casos de patologias individuais, temos grande ocorrência de 
crimes sexuais). 
 
b) Alvo adequado: dentro do alvo adequado podemos ter vítima adequada, local adequado 
ou objeto adequado. 
 
c) Ausência de Guardião: essa ausência pode ser um objeto, um segurança, um animal, 
uma testemunha, policiais, etc. 
 
Para a Teoria da atividade rotineira se estiver ausente um desses fatores, o crime não ocorre. 
 
Exemplo de situação pratica: criminoso segue pessoa idosa passando com sua bolsa aberta e envelope a 
mostra depois de sair de agencia bancária. Contudo, a uns 50 metros da idosa tem um homem grande e 
forte. Veja que a vítima é fácil, o momento é oportuno, mas existe uma 3ª pessoa nas proximidades. 
Assim, apesar de objeto, e vítima se adequarem a uma oportunidade propícia, a pessoa (testemunha) que 
está no momento pode atrapalhar a ação. 
 
Como se trata de teoria prevencionista, baseada então em aspectos para evitar que o crime ocorra, 
essa teoria traz os instrumentos e ações que devem ser utilizados para que se possa evitar o delito. 
Solução apresentada pela Teoria das Atividades Rotineiras: 
Quanto ao Infrator motivado: 
É necessária a existência de pessoas que exerçam certo grau de intimidação (e aqui 
não falamos de guardião, mas de outros meios, como a presença de uma mãe 
enérgica na criação do filho). Teríamos então como meio inibidor a presença de um 
agente controlador. 
 
Quanto ao alvo adequado: 
É necessária a existência de um ambiente responsável, onde existisse a orientação e 
recomendações constantes sobre evitar andar sozinho em locais ermos, distantes e 
com índices altos de criminalidade; evitar demonstrar bens de valor; etc. 
 
 Quanto a Ausência de Guardião: 
Que exista sempre a presença de um guardião, podendo ser: Segurança privada, 
cercas, cachorros, sistemas de monitoramento, etc. 
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55 
 
 Por que essa Teoria se denomina Teoria das Atividades Rotineiras? 
Porque em nossa sociedade pós-industrial, o nosso atual modo de viver PERMITE que essas situações 
ocorram com maior frequência, ou seja, com maior facilidade. Temos visivelmente uma rotina 
estabelecida. 
 Na época de nossos avós a realidade de uma casa era totalmente diferente, o marido saia para trabalhar e a mulher ficava em 
casa cuidado dos filhos (e aqui a analise não contém caráter machista, pois era a realidade da época) e com isso o lar estava 
sempre cheio, sempre havia alguém cuidando da casa e dos filhos. As cidades eram menores e os vizinhos se conheciam e, 
sempre se tinha alguém próximo para ajudar. As pessoas possuíam vínculos mais fortes. 
A realidade atual é individualista, ninguém se envolvem na vida do outro, não criamos mais vínculos pessoais. E temos um 
agravante, vivemos atualmente numa das maiores crises que uma sociedade pode viver, que é a da sociedade da aparência e do 
espetáculo, potencializada pelas redes sociais e internet. 
ESQUEMATIZANDO 
Teoria das Atividades Rotineiras ou TEORIA DA OPORTUNIDADE 
 
Não basta a existência de um delinquente disposto (motivado) para a ocorrência do delito, mas também a 
oportunidade propícia ou situação idônea para que aquece passe à ação. Para que um CRIME ocorra 
deve haver CONVERGÊNCIA de TEMPO e ESPAÇO de pelo menos três elementos (tais elementos são 
representados como três lados de um triângulo): 
I) INFRATOR MOTIVADO e 
com habilidades necessárias. 
Essa motivação pode estar 
vinculada a diversos fatores, 
como patologia individual, 
maximização do lucro, o 
criminoso como subproduto de 
um sistema social perverso ou 
deficiente, desorganização social 
e oportunidade. 
II) ALVO ADEQUADO: pode 
se referir tanto a uma pessoa, 
como objeto ou local. Se o 
crime, por exemplo, é um 
arrombamento em um comércio, 
então o alvo adequado deve ser 
um local em que se acredita 
haver dinheiro ou um produto 
com valor significativo de 
revenda. Se o crime é um roubo, 
cometido em uma avenida 
qualquer, o alvo adequado, por 
exemplo, pode ser uma mulher 
de idade avançada carregando 
objetos de valor para o agressor, 
desprotegida e com pequenas 
chances de reagir. 
 
III) AUSÊNCIA DE UM 
GUARDIÃO. O termo guardião 
pode se referir a policiais, 
vigilantes privados, testemunhas 
que passam pelo local, um cão de 
guarda na residência ou no 
estabelecimento, câmeras de 
monitoramento, cercas, alarmes 
etc. 
 
→Para prevenir o crime, Glensor e Peak recomendam que a polícia e a comunidade estejam atentas a 
três fatores vinculados a cada um dos lados do triângulo. Deve haver um CONTROLADOR DO 
INFRATOR (alguém que exerça influência neste a fim de evitar o crime, como seus pais, sua mulher, 
seu marido etc), um AMBIENTE RESPONSÁVEL (alvos inadequados) e a PRESENÇA de um 
guardião. 
 
Para a teoria, a sociedade pós-industrial oferece mais ou melhores oportunidades ao delinquente, já que a 
organização tempo-espacial de suas atividades cotidianas e estilos de vida atuais possibilitam tais 
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56 
oportunidades. Ex: locomoções diárias dos cidadãos, lares vazios por longos espaços de tempo, saídas 
noturnas e de fim de semana, vitrine de bens valiosas, a necessidade de expor seus bens materiais (ex: 
redes sociais ostentando viagens e itens de luxo) etc. Assim, o aumento da criminalidade guarda relação 
direta com o perfil e a organização das atividades cotidianas lícitas de nossa sociedade. 
 
 
I. 2. Teoria do Meio ou Entorno Físico - (Teoria espacial – tradição ecológica) 
Essa teoria do meio ou do entorno físico, não deixa de ser um desdobramento das atividades rotineiras. 
Nesse sentido a teoria, vincula a opção racional estritamente ao ambiente e ao espaço físico adequado, 
demonstrando ser de certa forma um desdobramento ou a teoria incompleta das atividades rotineiras. 
Para essa teoria o espaço físico exerce papel de relevância para a gênese do comportamento delitivo e 
defende ainda a criação de teorias prevencionistase da criação de um “defensible space”, criação de 
ambientes controlados de modo a evitar a pratica dessa criminalidade. 
 
(É necessário se registrar que certamente quem terá acesso a esses tipos de locais e ambientes, são sem dúvidas as 
pessoas que possuem alto poder aquisitivo. E como prova dessa ocorrência podemos citar a existências de diversos 
modelos de condomínios residenciais que o morador possui dentro dos muros desses condomínios: escola, 
supermercado, farmácias, complexo esportivo, etc.. A finalidade é que o morador não precise sair de sua zona de 
conforto, ou seja, segurança). 
 
Curiosidade – uma forma de se mapear e tentar ter controle sobre a população é a implementação da verticalização 
urbana nos bairros de difícil acesso. Em morros e bairros aglomerados, muitas vezes o poder público quando tem a 
intenção de investir nesses locais opta pela construção de prédios/apartamentos, ou ainda de residências separadas 
por blocos e ruas determinadas. Tudo isso para que, caso haja a necessidade urgente ou não de adentrar e localizar 
determinado morador, isso possa ser realizado com maior facilidade e segurança. (mandado/ fiscalização/ etc. - no 
bloco “X” apto “Y”, morador “S”). 
 
Adendo – a Escola de Chicago que será estudada mais para frente, acredita que a questão visual do ambiente, meio 
ou entorno físico, favorece ou prejudica a criminalidade. 
 
Exemplo: Policia investigativa acompanhou um caso em que 02 aglomerados foram demolidos pelo Poder Público 
e substituídos por 02 prédios com diversos apartamentos. Um dos prédios tinha como sindico um servidor no Poder 
Publico, que ficava responsável pela manutenção e organização administrativa do prédio, o outro o Poder Público 
entregou aos moradores para que eles resolvessem como iriam administrar o imóvel. 
O prédio que não teve acompanhamento foi invadido por traficantes, depredado e ali se instalou o caos, com a 
presença constante de criminalidade. Verificou-se então que o prédio administrado pelo funcionário tinha além do 
bom aspecto visual, seus índices de criminalidade bem reduzidos. 
 
Aprofundamento – Teorema de Pareto – conhecido como “80-20”. 
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57 
Temos um teorema chamado de PARETO, mas conhecido como 80-20 (oitenta vinte), que é 
interessante mencionar nesse momento e explica muito bem essa teoria apresentada. 
Para esse teorema 80-20 e para a estatística, 80% dos crimes ocorrem em 20% dos locais. Ou seja, 
20% dos locais concentram 80% dos crimes, e 80% das vítimas representam um total de 20% vítimas. 
(os locais são sempre os mesmos e as vítimas são sempre as mesmas). 
 
(Mas.....logicamente são teorias e teoremas que vão explicar “parcialmente” as questões relacionadas aos crimes. É 
importante deixarmos claro que não podemos e não conseguimos vincular todo e qualquer tipo de crime em uma 
única teoria). 
Questionamento importante sobre a Teoria do Meio ou Entorno Físico. 
Podemos fazer uma ligação entre a Teoria do Meio ou Entorno Físico com a Política 
Criminal? 
Sim. A partir do momento que falamos que se trata de uma Teoria Prevencionista e que está 
preocupada com uma atitude prática para evitar o delito, pode ser que do surgimento ou da 
discussão dessas teorias nós tenhamos medidas de Política Criminal. 
ESQUEMATIZANDO 
Teoria do Meio ou Entorno Físico 
Para a teoria, o espaço físico exerce papel de relevância para a gênese do comportamento delitivo. 
OPÇÃO RACIONAL + ESPAÇO FÍSICO ADEQUADO. Aponta mais para metas prevencionistas do 
que para modelos etiológicos explicativos do crime. Newman, um dos estudiosos do tema, cria a 
expressão “defensible space”: modelo para ambientes residenciais que inibe o delito, criando a 
expressão física de uma fábrica social que se defende a si mesma. Área de maior eficácia do controle 
social informal. O desenho arquitetônico e urbanístico favorece o crime. O meio ou o entorno 
interagem com a motivação do criminoso. Ex: em crimes patrimoniais, o criminoso busca locais mais 
escuros, com vítimas desconhecidas, evitando a presença de testemunhas. Resumo: o local é relevante 
para a ocorrência da criminalidade 
 
 
III. Sociologia Criminal 
A sociologia criminal, em seu início e postulados, confundiu-se com certos preceitos da antropologia 
criminal, uma vez que buscava a gênese delituosa nos fatores biológicos, em certas anomalias cranianas, na 
“disjunção” evolutiva. 
O próprio Lombroso, no fim de seus dias, formulou o pensamento no sentido de que não só o crime surgia 
das degenerações, mas também certas transformações sociais afetavam os indivíduos, desajustando-os. 
No entanto, a moderna sociologia partiu para uma divisão bipartida, analisando as chamadas teorias 
macrossociológicas, sob enfoques consensuais ou de conflito. 
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58 
Nessa perspectiva macrossociológica, as teorias criminológicas contemporâneas não se limitam à análise 
do delito segundo uma visão do indivíduo ou de pequenos grupos, mas sim da sociedade como um todo. 
O pensamento criminológico moderno é influenciado por duas visões: 
1) uma de cunho funcionalista, denominada teoria de integração, mais conhecida por teorias de consenso; 
2) uma de cunho argumentativo, chamada de teorias de conflito. 
 
Vimos que os positivistas estavam presentes até o início do século XX, nos seus primeiros 20, 30 anos. 
Temos a partir da década de 40, principalmente na década de 50 o surgimento de teorias sociológicas. 
Os Estados Unidos estava no auge da filosofia “American Dream” (Sonho Americano). 
Terminada as guerras os EUA virou o palco do capitalismo mundial, surgindo como potencia mundial, com 
a bandeira do consumismo e do capitalismo, e com isso proporcionando aos seus cidadãos enriquecimento, 
acumulo patrimonial e qualidade de vida. 
Quando pegamos esse período histórico percebemos, sobretudo na cidade de Chicago, a existência de uma 
cidade com grande progressão aritmética em relação à migração (consequência dos refugiados pós-guerra) e com 
isso a cidade de Chicago vivia um intenso fluxo de pessoas. Era nítido que Estado não conseguia acompanhar as 
evoluções sociais. 
Com as primeiras teorias sociológicas, dividas em Teorias de Consenso e Teorias de Conflito, temos a 
chamada Escola de Chicago. 
O primeiro ponto a ser discutido, é que a classificação sobre Teoria de Consenso e Conflito, ou quais são as 
Teorias que integram cada um desses grupos não é uma classificação pacifica. E isso ocorre porque a Criminologia 
não é uma ciência exata e todos esses movimentos foram acontecendo de forma cumulativa. 
Prevalece então na doutrina que temos 04 principais Teorias de Consenso (Escola de Chicago, Teoria da 
Anomia, Teoria da Associação Diferencial e Teoria da Subcultura Delinquente) e para Molina a Escola de Chicago 
é a primeira teoria que vai influenciar todas as demais. Vale registrar ainda que, Molina faz uma estruturação um 
pouco diferente, ele cria dentro da Teoria das Subculturas, uma subdivisão em Teoria da Subcultura Delinquente e 
Teoria da Associação Diferencial. 
Dica de Prova – Se encontrarem em provas que a Teoria da Associação Diferencial e Teoria da Subcultura Delinquente 
pertencem ao grupo das Subculturas, lembrar que pode ser uma afirmativa fazendo uma menção a classificação de 
Molina, e essas Teorias da Subcultura estão dentro desse eixo das Teorias de Consenso. 
Dica de Doutrina – Sergio Salomão Shecaira é adotado por muitos estudiosos pelo fato de ser muito didático com 
relação a essa classificação e separação das Teorias de Consenso e Conflito. 
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De forma rápida mencionamos ainda que quando falamos em Teoria de Consenso, temos que essas teorias 
se integram e se classificam no mesmo grupo, porque elas defendem que na criação da sociedade temos um 
consenso, que os indivíduosde forma consensual acordaram uma vida pacífica em sociedade, e que cada elemento 
exerce uma função indispensável e importante na sociedade. 
A Teoria de Conflito, no entanto possuiu um viés um pouco mais crítico, alegando que não havia 
consenso na sociedade, e que ela era mantida com base na coerção de alguns grupos sobre outros. Grupos 
dominantes dominam os dominados, os superiores exercem um poder sobre os inferiores, pelos mais diversos 
motivos: sujeição econômica, pela fé, pelo patrimônio, classe profissional, etc.. 
 
VI. Diversas correntes da moderna Criminologia 
 
1.1.1.2 Modelos de Biologia Criminal 
1.1.1.3 Modelos de Psicologia Criminal 
1.1.1.4 Modelo de Sociologia Criminal (maior enfoque) 
 
MODELO BIOLÓGICO MODELO PSICOLÓGICO MODELO SOCIOLÓGICO 
Foco no homem delinquente. O 
objetivo aqui é localizar e 
identificar, em alguma parte do 
corpo ou nos sistemas e 
subsistemas deste, o fator 
diferencial que explica a 
conduta delitiva. O crime é 
encarado como consequência 
de alguma patologia, disfunção 
ou transtorno orgânico do 
indivíduo. 
 
 
Ex: estudos sobre Biotipologia, 
anomias, genética etc. 
Buscam a explicação do 
comportamento delitivo no 
mundo anímico do homem, nos 
processos psíquicos anormais 
(psicopatologia) ou nas 
vivências subconscientes que 
têm sua origem no passado 
remoto do indivíduo e que só 
podem ser captadas por meio da 
introspecção (Psicanálise); ou, 
ainda, creem que o 
comportamento delitivo, em sua 
gênese (aprendizagem), 
estrutura e dinâmica, têm 
idênticas características e se 
rege pelas mesmas pautas que o 
comportamento não delitivo 
(teorias psicológicas de 
aprendizagem). 
 
Ex: estudos sobre a Teoria 
Psicanalítica, pensamento de 
Freud, Esquizofrenia, 
Transtorno Bipolar etc. 
 
Segundo Molina, os modelos 
sociológicos contemplam o fato 
delitivo como “fenômeno 
social”, aplicando à sua análise 
diversos marcos teóricos 
precisos: ecológico, estrutural-
funcionalista, subcultural, 
conflitual, interacionista etc. 
Daremos enfoque, segundo os 
ditames do edital, nas Teorias 
Sociológicas. 
 
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1.1.2.4.1 Teorias de Consenso 
 
Ø Escola de Chicago - (Teoria Ecológica ou Teoria da Ecologia Criminal) 
(há ainda quem vincule a Escola de Chicago ao nome Teoria Espacial, mas nesse ponto temos certa discussão na 
doutrina por conta do meio ou entorno físico que alguns consideram como Teoria Espacial também. Por esse motivo é 
melhor focarmos na Teoria Ecológica e Ecologia Criminal). 
 
A Escola de Chicago surge na cidade de Chicago, e a cidade teve essa exposição e pesquisa da 
criminologia ‘porque viveu na pele’ o movimento migratório e foi uma área que recebeu 
expressivos recursos, principalmente de Rockefeller que pretendia tornar a cidade referência 
mundial. Rockefeller fez isso usando seu prestigio, seu poder político e econômico, e paralelamente 
a isso a cidade de Chicago crescia expressiva e descontroladamente. 
A Escola de Chicago vai estudar a influência desse meio ambiente e, sobretudo o crescimento 
exponencial da cidade como fator potencializador da criminalidade. 
 
Dica de Prova – Se o examinador mencionar as expressões desorganização social, ou desorganização criada 
pelo crescimento da cidade, ou crescimento exponencial, provavelmente estará se referindo a Escola de 
Chicago. 
 
 02 (dois) conceitos centrais surgem da Escola de Chicago: 
ü A Desorganização Social 
ü Zonas de Delinquência ou Área de Delinquência. 
 
E o que isso significa? 
Significa que para a Escola de Chicago esse crescimento desenfreado da cidade e essa omissão 
estatal (onde o Estado não consegue acompanhar esse crescimento acelerado), geram áreas 
desorganizadas socialmente. As pessoas ficam amontoadas, convivem umas com as outras em 
barracos, em locais aglomerados, ou ainda em regiões muito distante da cidade. A população passa 
então a viver em subúrbios, sem condições mínimas de saneamento básico, sem energia e demais 
estruturas mínimas de sobrevivência. Ao analisar esse contexto a Escola de Chicago traça um perfil 
concêntrico da cidade, separando esta em círculos. 
 
 
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O ponto mais ao centro desse círculo era denominado como LOOP, e era considerado como a área 
central da cidade. Lá trabalham a maior parte dos moradores, vez que as empresas, fábricas, 
prestadoras de serviços, etc., encontravam-se nessa região. 
Os pobres trabalhadores, não possuíam condições de morar em áreas estritamente residenciais e 
também não conseguiam arcar com despesas de transporte caso resolvessem morar em local distante 
desse “centro de trabalho”. Tal situação favoreceu que essas pessoas de baixa renda e trabalhadores 
viessem a residir amontoados na região central, dividindo pensões, aluguel, morando em pisos 
superiores de prédios comerciais ou nas ruas. Essa localidade central passa a ser então um local de 
superpopulação e de constante omissão estatal. 
Noutro giro, a Escola de Chicago vai explicar que outras pessoas vão morar em subúrbios, ou seja, 
em região periférica da cidade, locais distantes do centro, já que não possuem condições financeiras 
de residirem em locais estratégicos e residenciais como assim faziam os ricos. 
Nesse sentido, temos que: ou o pobre trabalhador residia na região central no meio da bagunça, 
superpopulação, sujeira, poluição visual, etc., ou residia nos subúrbios, periferias isoladas e 
enfrentavam horas e horas de trânsito para que pudessem trabalhar ou ir à região central. 
Com isso, diante de toda essa omissão estatal existente nos dois extremos, visualizamos 
perfeitamente a mencionada Desorganização Social e, essa desorganização para a Escola de Chicago 
criavam as chamadas Zonas ou Áreas de Delinquência áreas de uma incidência significativa do 
crime. 
 
Soluções para Criminalidade dada pela Escola de Chicago 
Questionamento – Qual ou quais seriam as soluções apresentadas pela Escola de Chicago para 
minimizar o problema da criminalidade? 
Macrointervenção da comunidade – criar zonas independentes da central nas periferias. 
Se tivermos zonas com bons hospitais, órgãos públicos, delegacias, escolas, postos de trabalho, associação de 
moradores, o morador da periferia não terá a necessidade de sair de seu território. Criam-se então zonas 
independentes e fortes e assim o Estado se mostra presente. 
 
Outro ponto a ser destacado da Escola de Chicago é que sua preocupação com monumentos, obras 
arquitetônicas. Para a escola a melhoria do aspecto visual da cidade, bairros e ruas, também é uma 
solução para a criminalidade. Um ponto de influência da Escola do Chicago no Brasil é a 
criminalização da pichação. (Lei de Crimes Ambientais – Lei 9.605/98). 
 
 
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Críticas relacionadas à Escola de Chicago: 
A Escola não consegue estabelecer uma explicação generalizada para a criminalidade, vez 
que ela não define porque ocorrem crimes nas regiões de alto poder econômico, nos bairros de 
classe alta. Nesse sentido, a Escola de Chicago é criticada por não oferecer uma explicação para os 
motivos gerais da ocorrência de crimes, limitando-se somente a questões pontuais, concentradas e 
especificas da ocorrência de crimes. 
Outra crítica a ser feita é que a Escola de Chicago não levou em consideração os diferentes 
tipos de delito que variam conforme as classes sociais e locais mais ou menos organizados. Alguns 
crimes são típicos de classes mais pobres, mas outros são típicos de áreas ricas, por exemplo. A 
Escola de Chicago não explica os crimes cometidos fora das “áreas delitivas”. 
 
Dicas para identificar a Escola de Chicago na hora da prova: 
ü Desorganização Social 
ü Área de delinquência 
ü Crescimento desenfreado das cidades 
ü Teoria Ecológica ou Teoria da Ecologia Criminal 
 
Ø Teoria da Anomia(Cultura Estrutural Funcionalista) 
A Teoria da Anomia possui 02 (dois) principais autores e cada um tem sua contribuição peculiar: 
Émile Durkheim e Robert King Merton. Para os autores da Teoria da Anomia, essa expressão seria a 
ausência de normas e de leis, seria a injustiça, a desordem, o caos. Os dois autores buscam explicar (cada 
um de sua forma específica), porque a anomia, ou seja, a ausência de normas pode potencializar a 
criminalidade. 
 
v Contribuições de Émile Durkheim 
Para Durkheim, o crime gera uma crise ou ferida nos sentimentos/consciência 
coletiva. Durkheim traz uma definição interessante do crime e que pode ser objeto de 
cobrança em provas. 
Para ele, o crime é útil à sociedade e graças à existência e ocorrência de crimes é que 
a sociedade evolui em seu aspecto criminológico e de segurança. Muitas das 
condutas que foram criminalizadas no decorrer da história e que estavam 
relacionadas a crimes graves, para Durkheim, contribuíram para o crescimento da 
sociedade. Por exemplo, podemos citar as greves que, antigamente, em algumas 
legislações era considerado ato mais grave que o homicídio ou roubo. Licenciado para: ANTONIO CARLOS - CPF: 013.229.675-63
 
 
 
 
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Lógica de Durkheim 
Os movimentos políticos, religiosos, feministas, raciais, entre outros não foram decisivos 
para a evolução e mudança da sociedade? Sim. 
Pois é temos aqui exatamente o pensamento de Durkheim. 
 
Nesse sentido alguns crimes são úteis e, só passam a ser preocupantes quando 
ultrapassam certos limites. Para Émile D. o subincremento dessa criminalidade, o 
aumento expressivo desse crime, decorre justamente dessa situação de anomia, de 
falta de normas. Para ele anomia nada mais é que o desmoronamento nas normas 
sociais de referência. Se tivermos índices de criminalidade assustadores, ele sugere 
uma consciência coletiva. 
Durkheim entende então que as penas devem atingir, sobretudo, as pessoas honestas, 
visando “curar, cicatrizar” as feridas dos sentimentos coletivos, causadas pelos 
crimes. 
Em uma comparação bem superficial, podemos explicar essa recuperação da ferida dos 
sentimentos e consciência coletiva, com a ‘sensação de alívio’ que atualmente muitos sentem 
ao ver o autor de um crime bárbaro de repercussão nacional e que chocou a todos, ser preso, 
julgado e condenado. 
 
Essa crise de valores que é gerada pelo crime, é suavizada de alguma forma com a 
pena, que irá agir muito mais na pessoa honesta, que no criminoso, vez que este 
último muitas vezes poderá voltar a delinquir. 
 
 Dica de Prova: 
Se a Banca mencionar as expressões: 
ü Crime como situação normal; 
ü Crime ferindo consciência coletiva; 
ü Incremento da criminalidade decorrendo da ausência de integração 
de normas sociais de referência; 
Estaremos trabalhando com a explicação de Durkheim sobre a Teoria da 
Anomia. 
 
v Contribuições de Robert King Merton 
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64 
Merton no que tange as suas explicações para a Teoria da Anomia é bem mais 
didático que Durkheim, vez que a sua explicação é muito menos abstrata. 
Para Merton a anomia nada mais é que o desajuste entre metas culturais e meios 
institucionais. 
 Meta Cultural – modelo de sucesso; 
 Meios Institucionais – aquilo que se recebe para atingir o modelo de sucesso 
 
Visando explicar essa situação Meta Cultural x Meios Institucionais, Merton criou 05 
(cinco) tipos de adaptação individual. 
 
1º Conformidade – o que seria a conformidade? 
Aqui temos uma divergência na doutrina. 
Alguns autores dizem que a conformidade é quando o individuo com aquilo que ele 
ganha atinge o modelo de sucesso. Os meios institucionais que lhe são 
disponibilizados são suficientes para que possa atingir suas metas culturais. 
Para outros autores, a conformidade seria aquela acomodação em que as pessoas 
não renunciam ao modelo de sucesso, mas vivem no comodismo de forma normal, 
conforme a vida permite. 
Obs: essa parcela da sociedade não praticaria crimes, mas de certa forma contribuem para a 
não evolução da sociedade. 
 2º Ritualismo: 
No ritualismo há uma renúncia às metas culturais, ao modelo de sucesso. O indivíduo 
sabe que não vai alcançar aquele modelo e então abre mão de seus sonhos, mas 
continua a seguir as normas sociais de referência e a se comportar de forma normal. 
 
3º Retraimento: (Apatia – Alessandro Baratta usa essa expressão) 
Aqui temos uma renúncia a ambos os institutos, ao modelo de sucesso e a obediência 
às normas sociais de referência. (o individuo se comporta como se não fosse daquele 
mundo, daquele universo. Não liga para banhos, cumprimentar pessoas, fazer parte 
da sociedade, interagir, etc..) 
A doutrina cita como exemplo os viciados em drogas e mendigos. Mas muita atenção !! 
Isso não quer dizer que os viciados em drogas e mendigos renunciaram por vontade própria. 
Não se discute nessa teoria os fatores que levaram o indivíduo a essa renuncia, mas tão 
somente que esta existe. 
 
 4º Inovação: (esse seria o tipo de adaptação mais importante para criminologia). 
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Na inovação temos a presença marcante do uso de meios ilegais para atingir 
objetivos ou metas culturais. É exatamente esse comportamento que interessa para a 
criminologia, vez que potencializa a criminalidade. 
 
5º Rebelião: 
Aqui temos a presença marcante do inconformismo e revolta, os indivíduos refutam 
os padrões vigentes. Para eles o modelo padrão de sucesso não é ficar rico ou 
acumular patrimônio, eles pensam simplesmente em viver em outro contexto, o qual 
vai à contramão dos comportamentos tidos como padrão. 
 
 Sobre a Teoria da Anomia, toda a vez que a sociedade tem como valor um modelo de 
sucesso determinada situação, mas não dá aos seus indivíduos condições para que estes possam 
alcançar tais modelos, teremos a ANOMIA, e esta potencializa a criminalidade. 
Vale ressaltar ainda que não é somente o Estado que fomenta esse modelo de sucesso, a sociedade 
também contribui de forma considerável para a existência de um modelo de sucesso ou metas. 
(redes sociais, exposição de vidas luxuosas, viagens, negócios, patrimônios, etc.) 
 
Por fim, na explanação dos estudiosos acima pudemos perceber nitidamente a maior didática 
de Merton com relação à Durkheim no que tange a Teoria da Anomia desenvolvida com base 
na cidade de Chicago na década de 50. Merton consegue colocar todos os entendimentos sobre 
a teoria da anomia em casos reais, fáceis de serem visualizados e compreendidos, ao passo que 
Durkheim apresenta sua ideia baseada em situações mais abstratas, como por exemplo, a 
consciência ferida da coletividade. 
 
Ø Teoria da Associação Diferencial (Sutherland) 
A Teoria da Associação Diferencial assim como as demais teorias foi influenciada pela Escola de 
Chicago, mas Sutherland apesar de ter consciência dessa influência se insurgiu no sentido de que a 
Escola de Chicago não soube em sua teoria explicar por que que o crime ocorre fora da área de 
desorganização social e por que os indivíduos que possuem grande poder aquisitivo cometem 
crimes. 
Com essa intenção de novos estudos a Teoria da Associação Diferencial Sutherland visa dar uma 
nova explicação do porquê que os indivíduos cometem crimes. 
Para a Teoria da Associação Diferencial, o crime nada mais é que um processo de aprendizagem. 
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(Cuidado – O examinador pode inovar e na hora da prova fazer menção a essa teoria 
da seguinte forma: “Segundo a Teoria da Aprendizagem.... ” ). 
Ao entender que o crime é um processo de aprendizagem, Sutherland tenta expor seu pensamento 
de que assim como tudo na vida, os indivíduos agem conforme suas experiências pessoais. Para 
Sutherland não é a desorganização social, o ambiente ou outra influência material que vai explicar ae controle social) se situa no plano da realidade e não no 
plano dos valores. Neste aspecto, difere do Direito, porquanto é considerada uma ciência do "ser", ao passo 
que o Direito é uma ciência do "dever ser", com caráter normativo e valorativo. 
Outrossim, consiste em uma ciência interdisciplinar, pois se vale do conhecimento de diversos ramos da área 
do saber, como a sociologia, a psicologia, o direito, a biologia, a medicina legal, a psiquiatria, a antropologia 
etc. 
 
A Política Criminal, por sua vez, apresenta diretrizes, soluções práticas para o enfrentamento da 
criminalidade. Vejamos o conceito extraído da obra de Antonio Garcia-Pablos de Molina: 
 
1 Criminologia/ Natacha Alves de Oliveira - Salvador: Editora JusPodivm, 2019. 304 p. (Sinopses para Concursos/ coordenador Leonardo 
Garcia). Licenciado para: ANTONIO CARLOS - CPF: 013.229.675-63
 
 
 
 
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“Política Criminal seria uma disciplina que oferece aos poderes públicos as opções científicas concretas 
mais adequadas para o controle do crime.” 
 
Nesse sentido, não é a toa que Molina afirma que Política Criminal é a ponte eficaz entre a Criminologia 
e o Direito Penal. 
Iniciando um estudo mais voltado a Criminologia, iremos perceber que esta irá observar a realidade, nua e 
crua, de forma empírica, prática. E, com essa análise reiterada de vários anos, a Criminologia começa a estabelecer 
conclusões, e essas conclusões não raras vezes são utilizadas pela Política Criminal, e até mesmo como razões e 
fundamentos para a criação de novas normas penais incriminadoras. Prova disso é o fato de não raras vezes, 
encontrarmos fundamentos criminológicos na Exposição de Motivos do Código Penal e de Leis Penais Especiais. 
Porque iremos criar um novo tipo penal incriminador? 
Geralmete a Exposição de Motivos vem embasada, sustentada, com fundamentos e estudos criminológicos, 
dessa análise clínica, do crescimento de determinada conduta e da necessidade do Direito Penal agir de 
maneira específica em determinados casos, etc.. 
Observação Doutrina Majoritária: 
Para a maior parte da doutrina, o Direito Penal tem autonomia de Ciência e a Criminologia igualmente. Isso 
porque, possuem metodologia e conhecimento próprios, já a Política Criminal não teria essa autonomia de 
Ciência. Mas alertamos para a expressão “maior parte”, sendo assim, não falamos nesse aspecto em 
unanimidade. 
(Atenção: Podemos encontrar algumas doutrinas que irão trabalhar com a Política Criminal como ciência 
autônoma, mas reforçamos que será a doutrina minoritária que se declinará nesse sentido). 
 
Agora daremos um exemplo de Política Criminal, para que possamos desvincular ela de seu conceito 
científico. Segue: 
 Exemplo: 
Imaginemos que determinada área de um Estado apresenta alta e expressiva incidência de crimes sexuais. Ao 
analisar os fatores envolvidos nos estudos verifica-se que o local de ocorrência dos crimes se trata de área 
escura (reflexo da ausência de iluminação pública), deserta (sem a presença de pontos de ônibus, pessoas 
percorrendo longos trajetos), além de ser uma região envolvida por grande mata. Após toda essa análise in 
loco, verifica-se que tais fatores reunidos favorecem de maneira expressiva a ocorrência dos delitos, e 
justificam o aumento da incidência dos delitos sexuais. 
 
A Criminologia realiza essa análise clínica. O criminólogo vai in loco buscando entender o porquê 
determinado delito vem ocorrendo ou crescendo significativamente, estabelece critérios para os fenômenos 
dessa criminalidade, analisa o delito, o delinquente, a vítima e formas de controle social. 
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O Direito Penal dentro de sua esfera de atuação irá se preocupar em amoldar, “encaixar” determinada conduta 
criminosa ao tipo penal específico e, posteriormente dá suporte para que as Agências de Controle (Polícia, MP, 
Judiciário, Sistema Prisional) possam vir a atuar de forma eficaz. 
Já a Política Criminal ficará incumbida de buscar diretrizes práticas para resolver ou amenizar determinado 
problema relacionado ao fato criminoso apresentado, na busca de mitigar a criminalidade. 
 
Seguindo o caso exemplo: o Chefe do Poder Executivo Municipal, determina algumas medidas: 
 - que seja instalado o dobro de lâmpadas no local onde os delitos estão ocorrendo com maior frequência; 
- seja implantado um Posto da Guarda Municipal na região; 
- liberação e construção de 02 (dois) pontos de ônibus (linhas) em locais estratégicos; 
 
Observe que a Política Criminal, embora esteja baseada em aspectos e natureza criminológica é uma 
diretriz, uma solução prática, baseada em conhecimento próprio, em um método próprio, por isso (voltamos a 
reforçar) que a maior parte da doutrina sustenta que não tem autonomia de Ciência. 
Aprofundamento: aproveitando o tema é necessário mencionar a discussão que vem ocorrendo recentemente 
na Criminologia, em que Zaffaroni defende que principalmente no modelo latino americano, não conseguimos 
separar Política Criminal de Criminologia. Zaffaroni afirma isso baseado no fato de que o saber criminológico 
estaria vinculado ao Poder Político, sendo assim as opções da Política Criminal e Criminologia ficariam 
vinculadas a essa esfera de Poder . 
Dica de Prova: logicamente essa análise (interpretação apresentada por Zaffaroni) é muito incipiente em 
provas, podendo ser cobrada com maior incidência em prova mais aprofundadas, ou ainda em etapas 
dissertativas, todavia, é muito importante que o candidato tenha essa noção e perceba quais os possíveis rumos 
que podem tomar os entendimentos dos doutrinadores mais influentes de nosso ordenamento ou do direito 
comparado no que diz respeito a essa vinculação Política Criminal e Criminologia. 
 
 Corroborando ao exposto, preleciona Eduardo Fontes e Henrique Hoffmann (2020): 
A criminologia investiga as causas do fenômeno da criminalidade segundo o método experimental, isto é, 
analisando o mundo do ser. Aborda de maneira científica os fatores que podem levar o homem a delinquir. 
O Direito Penal analisa os fatos humanos indesejados e tipifica criminalmente as condutas indevidas por 
meio de normas penais, no plano do dever ser. Essa dogmática penal abrange a sistematização, interpretação 
e aplicação das leis penais. Tem as normas positivadas como ponto de partida para a solução dos problemas. 
A política criminal tem por objetivo criar estratégias concretas de controle da criminalidade, a fim de manter 
seus índices em níveis toleráveis. Toma como base o fundamento científico fornecido pela criminologia, e 
por meio de juízo de valor busca criticar e apresentar propostas para a reforma do Direito penal. Nesse 
sentido, representa uma ponte entre a criminologia e o Direito Penal. 
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Em RESUMO: 
Direito Penal Criminologia Política Criminal 
Analisa os fatos humanos 
indesejados, define quais devem ser 
rotulados como crime ou 
contravenções anunciando as 
respectivas penas. Ocupa-se do 
crime enquanto norma. Ocupa-se 
do crime enquanto norma. O 
CRIME é considerado como fato 
típico, antijurídico e culpável. 
Aplicando-se pena aos imputáveis e 
medida de segurança aos 
inimputáveis. 
Ciência empírica que estuda o 
crime, o criminoso, a vítima e o 
comportamento da sociedade. 
Ocupa-se do crime enquanto fato. 
Conjunto de conhecimentos que 
objetiva a ressocialização do 
delinquente, por meio de um estudo 
que busca compreender o fenômeno 
da criminalidade, as causas, a 
personalidade do agente e sua 
conduta delituosa. 
Trabalha as estratégias e meios de 
controle social da criminalidade. 
Ocupa-se do crime enquanto valor. 
 
1.1 Linha do tempo do estudo da Criminologia 
 
Quando falamos em Criminologia é importante ressaltar que estamos lidando com estudos de 200, 300 
anos atrás. E sobre o avanço desses estudos nos deparamos com o seguinte questionamento: 
Tudocriminalidade, mas sim a relação que o individuo tem com determinada pessoa ou grupos de 
pessoas. 
Aqui daremos um exemplo bem extremo (e que não serve para justificar os crimes ou comportamentos 
delitivos), mas que são utilizados para que possamos compreender o raciocínio da presente teoria: 
CASO “A” - Imaginemos um menino que mora no morro dominado pelo tráfico e pela marginalização. Sua 
vida é na pobreza e sem qualquer acesso à educação, saneamento básico, infraestrutura, hospitais, lazer, entre 
outros. O único contato que ele possui é com traficantes e pessoas ligadas ao crime. A figura do Estado para 
esse jovem é somente a da polícia subindo o morro e trocando tiros com os moradores de sua comunidade. 
Esse jovem não tem acesso a nenhum projeto social ou benefícios estatais, sua única visão de trabalho é a 
“empresa” do tráfico que funciona perfeitamente e tem “carreira profissional crescente”. Quando ele precisa de 
médico ou alimentação a única pessoa com ele pode contar é com o mega traficante que comanda o morro e 
que muitas vezes “quebra o galho” dos moradores da comunidade. Diante desse envolvimento e associação 
com determinados grupos de pessoas questionamos: Qual a chance de que esse jovem se envolva desde muito 
cedo no trafico de drogas e demais crimes? Com certeza muito maior que a chance de procurar um emprego 
fora desse contexto, emprego este que, ainda iria lhe demandar horas e horas de transporte público de péssima 
qualidade, baixa remuneração (ele não tem estudo) que muitas vezes nem paga o valor gasto com 
deslocamento e alimentação. Esse jovem, possivelmente entrará para vida do crime e se envolverá com crimes 
de tráfico de drogas, organização criminosa, roubos, homicídios, etc. 
CASO “B” - Noutro giro temos um jovem de classe alta que tem ao seu redor todos os meios suficientes (na 
verdade de sobra) para que possa prosperar na vida: Boa educação, Alimentação, Lazer, Cultura, Moradia, 
acesso a viagens e intercâmbios, e que convive constantemente com grandes empresários e pessoas de grande 
influência política e econômica. Os assuntos diários que o cerca são empreendimentos, investimentos em bolsa 
de valores e empresas em crescimento. A atuação estatal e desenvolvimento do país para esse jovem não tem 
muita importância, vez que ele já possui um “império” ao seu redor. A figura do Estado para ele é de um Ente 
que somente lhe cobra impostos, e que não faz absolutamente nada em prol da sociedade com tais valores 
arrecadados. Para o jovem, se sua empresa pode crescer e lucrar ainda mais caso haja a sonegação de 
determinados impostos, é isso que deverá ser feito, vez que o Estado é sempre omisso. Sendo assim, 
questionamos novamente: Qual a chance de que esse jovem cometa crimes contra a ordem tributária ou 
econômica? Grande. 
Vejam então que, assim como os crimes patrimoniais e de tráfico estão para o pobre esquecido e negligenciado 
pelo Estado, os crimes chamados “crimes do colarinho-branco” estão para aqueles que possuem alto nível 
econômico e atuam em ramos empresariais. 
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Com isso de maneira bem “grosseira”, mas bem próxima de nossa realidade, podemos visualizar perfeitamente 
o entendimento que Sutherland possuía da criminalidade e sua origem. Para ele o crime não estava relacionado 
à desorganização, ambiente ou outros fatores ambientais, mas sim ao grupo em que o indivíduo pertencia e aos 
aprendizados que ali desenvolvia e tinha como padrão. O crime estaria intimamente ligado à integração com 
pessoas. 
A Teoria da Associação Diferencial tem essa terminologia porque os processos para seguir condutas 
lícitas são exatamente os mesmos para seguir condutas ilícitas. Sutherland ao desenvolver sua teoria 
cria a expressão (mencionada anteriormente) “crimes de colarinho-branco”, que seriam crimes 
cometidos no âmbito da profissão por pessoas de respeitabilidade e elevado status social. 
Para o autor da Teoria, não é somente pobres que cometem crimes e, é exatamente nesse contexto 
que ele critica os estudos apresentados pela Escola de Chicago. 
Quais são as 03 (três) principais dificuldades apontadas por Sutherland para punição dos 
crimes de “colarinho-branco”? 
1º influência política e econômica que os autores desses tipos de crimes possuem, sendo muitas 
vezes até temidos por determinada classe de pessoas; 
2º legislação sobre tais crimes é branda e há uma série de obstáculos até se conseguir a efetiva 
punição; 
3º os efeitos dos crimes de “colarinho-branco” não são sensorialmente vistos. 
 
Principais pontos dessa Teoria para lembrar na hora da prova: 
ü Crime como processo de aprendizagem; 
ü Sutherland; 
ü Crimes de colarinho-branco; 
 
 
Ø Teoria da Subcultura Delinquente (Cohen) 
Essa Teoria é inaugurada com a obra “Delinquent Boys - 1955” de Albert K. Cohen, e é classificada 
por alguns doutrinadores, especialmente por Sérgio Salomão Shecaira, como a última das Teorias 
do Consenso. 
A Teoria da Subcultura delinquente da mesma forma que a Escola de Chicago, vai dar uma 
explicação parcial para criminalidade, sendo assim, explica somente determinados grupos de 
criminosos e, somente alguns tipos de criminalidade. Não obstante a Teoria da Subcultura 
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Delinquente, criticar a Escola de Chicago alegando que na verdade não há a chamada 
desorganização social, ou que não seja a desorganização social o fator pontual da delinquência, essa 
teoria também apresenta algumas falhas, explicando somente uma parcela da ocorrência de crimes. 
Para a Teoria da Subcultura Delinquente temos a delinquência juvenil de alguns grupos. 
Explicamos. A Teoria da Subcultura Delinquente vem de frente à Escola de Chicago afirmando que 
não é que a sociedade se desorganize com a omissão estatal, mas ao contrário. Para essa teoria pode 
ser que essa sociedade se organize em rebeldia ao sistema regras, princípios e normas próprias. 
Vale mencionar que, quando o autor fala em “grupos criminosos” nessa teoria, não está se 
remetendo as organizações criminosas de tráfico etc., mas sim às gangues de periferia e que estas 
não possuíam um fim utilitarista (uma justificativa útil), mas sim um fim específico de rechaçar as 
normas e regras dos grupos dominantes. 
Como citação de Albert Cohen, temos que a constituição de subculturas delinquentes representa a 
reação necessária de algumas minorias desfavorecidas diante da exigência de sobreviver, de se 
orientar dentro de uma estrutura social. 
Cohen quer dizer com isso que: esses pequenos grupos (essas pequenas subculturas criminais) criam 
uma espécie de código de conduta contendo regras e normas próprias, para que possam sobreviver 
considerando que são grupos desfavorecidos de alguma forma. Essa subcultura atuaria como um 
comportamento de transgressão, determinado por um subsistema de conhecimento, ou seja, por 
regras, princípios e normas próprias que irão determinar um comportamento diferenciado desses 
indivíduos. 
 
Características das Subculturas Delinquentes 
1º) Não utilitarismo da ação - isso significa que essas ações cometidas pela subculturas não 
possuem um fim utilitarista. Esses criminosos cometem determinados tipos de crimes sem objetivo 
específico, sem um objetivo útil (ainda que do ponto de vista criminoso). 
Como exemplo de subcultura delinquente que se encaixa perfeitamente na teoria de Albert Cohen é a pichação, 
e também ALGUNS (e aqui não falamos de forma generalizada) torcedores pertencentes a torcidas 
organizadas, que muitas vezes arrumam confusões sem motivos, sem um objetivo. 
2º Malícia da Conduta – tais condutas são praticadas para causar desconforto alheio. É um 
complemento ao não utilitarismo da ação, vez que não tem um fim específico e somente são 
praticadas para gerar esse desconforto. 
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3º Negativismo da Ação – essas condutas são praticadas para demonstrar o rechaço aos valores de 
referência, às normas sociais de convivência. 
Temos no Brasil um exemplo muito triste que foi a morte do índio da tribo Pataxó, ocorrida no ponto de ônibus 
em Brasília, em que este foi morto por indivíduos de classe média alta que, simplesmente ao verem o índio no 
ponto de ônibus resolveram queimá-lo. 
Cuidado! Apesar de Albert Cohen ter falado em sua obra e teoria de classes desfavorecidas, ele 
acaba por fim afirmando que essas subculturas não são exclusivas de classes pobres. 
 
Críticas sobre a Teoria do Consenso de Albert Cohen 
Ela não consegue explicar a criminalidade de forma generalizada, mas só consegue explicar alguns 
crimes praticados por alguns grupos. 
 Dica para lembrar dessa teoria na hora da prova: 
ü Albert Cohen; 
ü Delinquent Boys; 
ü Ano de 1955, ou seja, década de 50; (ainda na fase do “american dream”); 
ü Não utilitarismo da ação; 
ü Malicia da conduta; 
ü Negativismo da ação; 
Antes de adentrarmos nas Teorias de Conflito, devemos relembrar que para as teorias apresentadas acima 
(Teoria do Consenso), há um “consenso” na criação da sociedade e que cada elemento tem sua função 
principal, uma função importante, fator este oposto ao das Teorias do Conflito. 
 SE LIGA – Resumindo - Teoria do Consenso: 
o Escola de Chicago 
o Teoria da Anomia 
o Teoria da Associação Diferencial 
o Teoria da Subcultura Delinquente 
Essas seriam para a doutrina as principais teorias da Teoria de Consenso. 
 
 Dica de expressões relacionadas a cada Teoria do Consenso: 
o Escola de Chicago: 
- cidade de Chicago; 
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- crescimento desenfreado; 
- omissão estatal gera desordem; 
- áreas/zonas de delinquência; 
o Teoria da Anomia (Cultura Estrutural Funcionalista) 
- Émile Durkheim e Robert Merton; 
- Durkheim fala que crime é fenômeno normal/útil, fere a consciência coletiva e que as penas surtem mais efeitos em 
pessoas honestas. 
- Merton fala do desajuste de meta cultural e meio institucional (modelo de sucesso e meio efetivamente disponível) 
o Teoria da Associação Diferencial 
- Sutherland; 
- crimes de colarinho branco; 
- teoria da aprendizagem; 
- dificuldade de punir os autores dos crimes de colarinho-branco; 
 
o Teoria da Subcultura Delinquente 
- Albert Cohen; 
- Delinquent Boys; 
- Ano de 1955, ou seja, década de 50; (ainda na fase do “american dream”); 
- Não utilitarismo da ação; 
- Malícia da conduta; 
- Negativismo da ação; 
- Gangues de periferias; 
 
 Dica de Autor adotado pela Banca 
 Posicionamento de Antonio Garcia-pablos de Molina: 
Registra-se ainda que para Molina, a Escola de Chicago vai influenciar todas as demais e para ele as duas 
últimas teorias (Teoria da Associação Diferencial e da Subcultura Delinquente) estão dentro da Teoria das 
Subculturas. 
 
 
1.1.2.4.2 Teorias de Conflito 
Nesse momento dos estudos da Criminologia, temos um visível giro sociológico. 
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Ø Labeling Approach (Rotulação Social, Etiquetamento, Interacionista, Reação Social, 
etc..) 
 
• Dica de Prova - Atenção! É quase impossível uma prova de Criminologia não abordar ao 
menos 01 questão sobre essa teoria, sendo assim os candidatos devem atenção especial ao 
tópico e se possível aprofundar. 
 
É a partir desse momento na Criminologia que temos segundo a doutrina o “abandono do 
paradigma etiológico”. Vimos anteriormente no início dos estudos que a Criminologia 
Clássica estava preocupada na explicação das causas da criminalidade (o que era delito, o 
que era delinquente, qual era a necessidade e utilidade da pena, etc..). 
Vimos também algumas das teorias de Consenso, e essa tese ainda persiste (crimes ocorrem 
por conta do ambiente, da sociedade, etc..). 
Todavia, com as Teorias de Conflitos temos uma mudança de eixo na Criminologia, e ela 
dará o seu enfoque, sobretudo nos dois últimos objetos de estudo da Criminologia: Vítima e 
Controle Social (principalmente as Agências de Controle Formal). 
 
Sendo assim muita atenção, porque a Teoria do Labeling Approach vai dar um grande 
enfoque a vítima e ao controle social fazendo severas críticas sobre as agências de Controle. 
 
Visando estudar com maior responsabilidade o tema, é necessário antes fixar alguns 
conceitos pertinentes e importantes: 
 
- Desviação Primária: primeira vez (momento) em que alguém comete um crime; 
- Desviação Secundária: a reincidência; 
 
Questionamento/ Provocação – A Teoria do Labeling Approach está preocupada com a(s) razão (ões) 
que fizeram o indivíduo cometer pela primeira vez o crime? 
NÃO. A Teoria do Labeling Approach surge na década de 60 nos Estados Unidos (EUA) e nesse momento 
histórico, os EUA estavam vivenciando os chamados “fermentos de ruptura” movimentos sociais, religiosos, 
estudantis, políticos, feministas, uma série de greves e reivindicações. Dessa efervescência politica e social, 
tivemos então a discussão dentro do Labeling Approach. 
 
Os principais autores dessa teoria são: Erving Goffman e Howard Becker. 
(Becker possui uma obra denominada Outsiders, muito interessante e recomendada pelos professores da área). 
 
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A Teoria do Labeling Approach como teoria do Conflito, acredita que a sociedade é criada 
pela imposição de determinados membros sobre outros, e não pelo consenso destes. Com 
isso, o foco da Teoria vem no sentido do explicar a reação social, dando enfoque aos 
processos de criminalização e à reação social, dada especialmente pelas agências de controle 
social do Estado. Isso ocorre dentro da desviação primária, ou seja, no momento em que o 
indivíduo comete pela primeira vez o delito. A teoria analisa então de que forma o Estado 
classifica e trata as pessoas que ele considera como criminosas. 
 
O ponto de debate do Labeling Approach não gira em torno dos motivos que levaram 
determinada pessoa a cometer um crime, mas sim: 
- Quais pessoas são rotuladas e etiquetadas como autores desses crimes; 
- Porque determinadas pessoas são consideradas como criminosas; 
- Qual a legitimidade dessa rotulação, desse etiquetamento; 
 
Vejamos o que a teoria diz: 
Exemplo: Imaginemos que uma pessoa (usuário de drogas) está na “boca de fumo” aguardando “sua 
vez” para que possa adquirir a droga. O local está cheio de pessoas, e de repente todos que ali estão 
são surpreendidos por abordagem policial (PC, PM ou PF) no referido ponto. 
Logicamente diante da abordagem, a movimentação é intensa e muitas pessoas fogem do local. 
Em meio a toda a confusão o traficante de drogas que ali estava ao perceber a presença da policia 
evade-se do local deixando para trás uma mochila contendo vários pacotes de drogas que seriam 
vendidos, balança de precisão, radio comunicador, entre outros objetos. 
Após o término da abordagem a polícia apreende essa mochila e conduz uma pessoa que estava 
próxima a ela à Delegacia. A pessoa conduzida é no exemplo, o nosso “usuário” de drogas, 
mencionado no início do caso, que estava no local SOMENTE para comprar a substância de consumo 
pessoal. 
 (Vejam que, embora o usuário não seja o dono e responsável por todos os objetos apreendidos, e 
embora os policiais não tenham no momento da abordagem constatado visualmente que foi aquele 
indivíduo conduzido que abandonou a mochila, o mesmo foi abordado em local tido como de 
comercialização de drogas, e a mochila foi encontra próxima a ele). 
Chegando a delegacia o Delegado de Polícia lavra o APF do conduzido por tráfico de drogas. 
Chegando ao final da investigação, é feito um levantamento de vida pregressa. 
O Delegado de Polícia indicia o preso. 
O membro do MP denuncia. 
O juiz processa e condena. 
Reflexão – o preso era traficante de drogas? NÃO 
 -essa situação ocorre muito na pratica? SIM. 
 
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Nesse momento em que o individuo entra no sistema penitenciário, para a Teoria do Labeling 
Approach, o Estado e a sociedade “dão” um rótulo para essa pessoa. (“Você é um criminoso”). 
E em consequência de uma série de atos, conhecidos como “cerimônias degradantes”, o que o 
Estado faz com o indivíduo? 
Aquilo que chamamos de prisionalização. (cortar o cabelo, tirar a barba, colocar uniforme, chamar 
pelo número e não pelo nome, etc.) 
Curiosidade: alguns estudos da psiquiatria forense apontam que em certo momento esse 
individuo preso por engano acaba acreditando que ele realmente é um criminoso, gerando 
então uma confusão mental no indivíduo. 
 
Voltando ao exemplo, imaginemos agora que por algum motivo, o indivíduo preso como “traficante 
de drogas” é colocado em liberdade, e 05 meses depois volta ao mesmo local no qual foi abordado 
para comprar 05 pedras de crack ou 05 buchas de maconha para seu consumo pessoal. Após a compra 
coloca a droga adquirida no bolso juntamente com a nota de 100,00 (que lá já estava) e vai embora 
para sua casa. No caminho de casa é abordado por policiais. 
 Questionamos: 
Essas 05 pedras de crack ou 05 buchas de maconha são por si só suficientes para 
determinar que o caso se trata de trafico de drogas? 
 NÃO. Precisaremos de outros elementos. 
 Voltemos ao caso: 
O policial questiona se o indivíduo já foi preso, e ele responde que sim e ainda explica que ficou preso 
por 01 ano e 05 meses por trafico de drogas, mas que ele era usuário e que foi condenado 
anteriormente por conta da existência de uma mochila que fora deixada do lado dele no momento da 
abordagem policial. 
Nesse momento o policial da abordagem vai acreditar que as drogas encontradas agora são 
destinadas ao comércio e não ao consumo? 
Dificilmente acreditará que serão para consumo. 
Esse indivíduo é mais uma vez conduzido a Delegacia e submetido à apreciação do Delegado de 
Policia, que não raras vezes, vai lavrar o APF, que posteriormente irá para o MP e servirá como base 
para denúncia. 
Haverá processo e possível condenação. 
Vemos então que essa reação dada pelos órgãos de controle serão significativas, para que o 
indivíduo volte a passar pelo sistema penitenciário, seja por uma injustiça como no caso 
inventado no exemplo, seja por conta da reação social da prisionalização refletindo como única 
opção que lhe sobre, ou escolha. 
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Por isso que essa teoria é chamada de Teoria do Etiquetamento, ou da Rotulação Social. O 
Estado coloca um “carimbo” no indivíduo, e esse carimbo o acompanha pelo resto da vida. 
Geralmente a primeira coisa que os agente policias perguntam no momento da abordagem de pessoas em 
atividades suspeitas, é qual deles já possuem passagem pela policia. 
Nesse sentido, para essa teoria não seria para todas as pessoas que o Estado “dá esse rotulação, 
esse etiquetamento”, na verdade o Estado escolhe “quem é seu cliente, e quem não é”. E, essa 
escolha pode ser dar de duas formas: 
- na chamada criminalização primária (Lembrar de Zaffaroni – no momento da criação 
das normas penais abstratas o legislador já estaria realizando uma seleção – ou seja, quando 
o Poder Legislativo elege os bens jurídicos que serão punidos criminalmente, ele já realiza 
uma escolha, uma seletividade). – 
- na criminalização secundária. 
Quem polícia aborda na rua? 
A polícia aborda geralmente aqueles que estão bem vestidos? 
Não. Muitas vezes os abordados são aqueles que tendem a reproduzir aqueles dos 76% dos encarcerados. 
 
Para o Labeling Approach essa reação social é constitutiva da criminalidade. 
Controle Social para o Labeling Approach é constitutivo, é definitorial, porque são as 
Agências de Controle que escolhem quem irá criminalizar. Para a teoria as medidas adotadas 
pelo Controle Social são desmedidas, desproporcionais, estigmatizantes, e principalmente muito 
impactante no sentido de influenciar que esse indivíduo volte a delinquir. 
 Lembrando que essa reação também é da Sociedade. 
Indiretamente ela chancela a reação dada pelo Estado, não concedendo oportunidade ao 
regresso. 
A criminalização primária para o Labeling Approach gera a vitimização primária, a rotulação o 
etiquetamento, e essa rotulação e etiquetamento geram a criminalização secundária, desviação 
secundária. 
Dica de Prova – Se a banca cobrar “cerimônias degradantes” na teoria do Labeling Approach podemos 
interpretar como a experiência carcerária. 
Para a Teoria do Labeling Approach, longe de ser ressocializado para a vida livre, a prisão acaba 
socializando o individuo para que ele se acostume a ficar preso. Na verdade, o preso não é 
ressocializado para a vida em sociedade, mas ele é socializado ao cárcere. 
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75 
 
Questionamento – Por que essa teoria é chamada de Teoria Interacionista? 
O ato criminoso não é um ato isolado, mas sim a expectativa de reação ao ato, e a própria interação 
com o ato. 
(Para a Teoria interacionista essa reação social, de quem será criminoso, e de quem não será 
criminoso, depende da interação das agências de controle com esse próprio ato. Não é o ato puro 
simplesmente, ele é um ato interpretado, resignificado). 
 
Essa reação social é desmedida porque ela gera uma marginalização. A aplicação da pena gera uma 
marginalização no aspecto escolar e também no aspecto do mercado de trabalho. 
 
Efeitos/Influências da Teoria do Labeling Approach no Brasil: 
Questionamentos: 
Se o Labeling Approach vai criticar essa reação social, essa teoria vai defender a utilização máxima da pena 
privativa de liberdade? 
NÃO. 
Para o Labeling Approach a pena privativa de liberdade é algo bom, positivo? 
NÃO. 
Nesse sentido, iremos adotar a pena privativa de liberdade para essa teoria como a ultima ratio, com o ultimo 
instrumento processual a ser utilizado. Se pudermos resolver o problema apresentado com outros ramos do direito 
e, ainda que seja com o Direito Penal, a pena de prisão sempre deve ser a última opção a ser usada. 
 (Deve ser substituída por medidas cautelares diversa da prisão, medidas despenalizadoras, etc . 
Sendo assim, diante dessa reflexão, quando falamos na influência do Labeling Approach no Brasil, 
temos que nos lembrar das medidas que tendem a excepcionar a aplicação da pena privativa de 
liberdade. Como exemplos, temos: 
 
 
- Progressão de regime; (simulação do retorno a sociedade, alterações gradativas) 
- Adoção de penas alternativas a prisão; 
- Vários dispositivos da LEP; (preso tem o direito de ser chamado pelo nome, te ter a sua integridade 
física preservada de forma a minimizar essa reação social). 
- Lei 9.099/95 (benefícios despenalizadores) 
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Se na análise da Teoria do Labeling Approach aproximamos as condutas criminosas de uma reação 
social (de uma atuação das agências de controle), quem na verdade estamos investigando, não são 
os criminosos, mas sim as próprias agências (ou seja, o pensamento seria o seguinte: de que forma 
age a Policia, o MP, o Poder Judiciário, os Sistemas Prisionais, etc.). Com isso, em verdade, o 
enfoque é dado ao processo de criminalização, mas, sobretudo, a atuação das agências de controle. 
 
Críticas a Teoria do Labeling Approach: 
- Teoria não se preocupou em explicar as causas primeiras da criminalidade; 
- Teoria não está preocupada nas razões que levaram o individuo a cometer seu primeiro 
crime; 
Podemos perceber muito bem, a mudança de pensando, a mudança de foco, e isso ocorre porque 
temos um abandono do chamado paradigma etiológico, e há uma mudança de eixo na criminologia 
e nos aspectos de investigação. A preocupação passa a ser principalmentena investigação da 
atuação das Agências de Controle Social e em seu papel de reprodução poder. 
(O que a polícia faz para o Labeling Approach em sua maior parte nada mais é que reforçar um 
modelo de poder). 
Finalizando, o foco, o objeto, a solução para essa teoria seria uma prudente e racional 
intervenção penal, ou seja, o Direito Penal mínimo, Direito Penal de ultima ratio, Direito Penal 
excepcional. 
Outro questionamento importante a ser feito é o seguinte: 
A teoria do Labeling Approach culpa a reação social ao modo de produção capitalista? 
Seria uma teoria com base marxista? 
NÃO para ambas as questões. A teoria o Labeling Approach vai analisar de que forma essa reação é dada, mas 
ela não culpa o modo de produção capitalista, não tem essa base marxista que iremos ver no próximo tópico a 
ser estudado (Criminologia Crítica). 
E derradeiro, nesse momento da Teoria do Labeling Approach tivemos a mudança da Criminologia 
para a “Cultura do Desvio”. 
 
Ø Criminologia Crítica (Nova Criminologia, Criminologia Radical, Criminologia 
Marxista). 
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Última Teoria de Conflito. 
Surge na década de 70 na Escola de Berkeley (EUA) e também, praticamente de forma simultânea 
na National Deviance Conference (Inglaterra). 
Aqui há uma crítica a postura tradicional da Criminologia de Consenso, que para a Criminologia 
Critica são incapazes de entender o fenômeno da criminalidade em sua totalidade. 
As bases da Criminologia Crítica são marxistas. E, se levamos em consideração esse aspectos temos 
que o crime para a Criminologia Crítica é encarado como um fenômeno decorrente do modo de 
produção capitalista. 
Se liga - Expressões de Criminologia Crítica que pode aparecer nas provas: 
“O Direito não é ciência, é ideologia.” 
Para a Criminologia Crítica, o Direito Penal é uma criação e é manipulado pela classe dominante 
servindo de modelo de reprodução de desigualdade social. 
As leis penais para Criminologia Crítica são criada para gerar uma estabilidade temporária, para 
encobrir um conflito entre classes sociais. Aceitar a definição legal de delito para a Criminologia 
Crítica é acreditar na ficção do Direito, em neutralidade do Direito. 
Para a Criminologia Crítica, na forma em que nós temos, os problemas criminais são insolúveis. O 
Direito Penal atua de forma específica, incisiva e letal nas mesmas pessoas de sempre. 
(Os ricos irão continuar a se esquivar do Direito Penal, e os pobres que não possuem nenhum tipo de reação 
frente ao sistema sofrem as punições estatais). 
Todo esse aparato do Direito Penal como, por exemplo, meio de prevenção geral, ou a pena agindo 
como instrumento de intimidação, neutralização, chega a soar como uma provocação aos olhos da 
Criminologia Crítica, vez que para ela o Direito Penal só vai servir para tutelar direito de classe 
dominante. 
Em suma, essa Criminologia como o próprio nome diz se apresenta como uma verdadeira crítica 
ao sistema. Ela não tenta criar um conceito de Delito, Delinquente, as causas, ou entendimento 
sobre o Controle Social. Ela acredita e defende a existência que um sistema que somente vai 
reproduzir mais e mais desigualdade social. 
 
 Após 10 anos dos estudos da chamada Criminologia Critica, a doutrina aponta 03 tendências atuais da 
Criminologia Critica: 
 
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1. NEORREALISMO DE ESQUERDA: imagine uma sociedade em que os valores 
conservadores, valores defendidos, são valores punitivistas a qualquer custo, são valores 
lastreados no direito penal máximo. (defesa de redução de maioridade penal, de tortura 
como critério investigativo, de pena de morte, etc..). 
 
Nesse contexto, um abolicionista consegue sentar-se em uma mesa e conversar com quem defende 
uma politica de tolerância zero? 
(Logicamente que não) 
Falamos muito em Teoria da Tolerância Zero e das Janelas Quebradas, teorias estas que defendem que 
a aplicação imediata da lei (mesmo em delitos pequenos) serve para conter a expansão do crime, vez 
que impede com que os crimes pequenos se tornem condutas mais graves. 
Ao mencionar o tema, podemos lembrar-nos da política de tolerância zero implantada pelo prefeito 
Rudolph William Louis Giuliani. Nesse período tivemos a alegação de que o índice de violência havia 
caído consideravelmente na cidade de Nova Iorque. Noutro giro, tivemos também estudos que 
apontaram que o índice de criminalidade realmente apresentou uma queda, todavia não seria 
consequência da implantação da teoria da tolerância zero, mas sim da melhora econômica e do poder 
aquisitivo da população. 
 
Por sua vez, a Criminologia Crítica, baseada em uma tese de esquerda, marxista, tentou criar 
um ramo, um desdobramento que pudesse tentar conversar com esse modelo, no sentido de 
defender os seus ideais e criar um modelo mais próximo para que houvesse esse diálogo. 
Temo então o NEORREALISMO DE ESQUERDA. 
A ideia continua sendo socialista, mas acaba por ser mais realista. O neorrealismo de 
esquerda defende uma aproximação da polícia com a sociedade/ comunidade. Temos 
também a defesa de que as penas privativas de liberdade em alguns casos envolvendo crimes 
mais graves são necessárias, mas mesmo assim, mantem seu caráter de exceção. Para o 
Neorrealismo de esquerda nós precisamos ter uma linha reducionista na Politica Criminal, 
descriminalizando certos comportamentos, e criminalizando outros.No Neorrealismo cárcere 
é aceito, mas somente em situações extremas. 
 
2. DIREITO PENAL MÍNIMO: temos no Direito Penal Mínimo, um Direito Penal racional, 
e que deve ser utilizado em última circunstância, ultima ratio. 
Somente irá agir quando absolutamente e efetivamente necessário. 
Para o Direito Penal Mínimo, qualquer aplicação radical da pena pode produzir resultados 
mais gravosos que o próprio ato criminoso. Vale mencionar que no Direito Penal Mínimo e, 
ainda de uma forma mais acentuada que o Neorrealismo de Esquerda, a sociedade tem que 
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79 
se preocupar com a criminalidade de “colarinho-branco”, de bem difuso, com a corrupção, 
lavagem de dinheiro, de racismo, deixando de atribuir relevo de importância àqueles 
comportamentos tidos como “crimes de rua” (pequenos furtos). 
 
Posteriormente, após analisarmos o Abolicionismo Penal, poderemos ver nitidamente que o Direito 
Penal Mínimo, acaba por ser um meio termo entre o Neorrealismo de Esquerda e o Abolicionismo 
Penal. 
 
3. ABOLICIONISMO PENAL: (tendência mais radical da Criminologia Crítica). 
Dentro dessa visão de Criminologia Crítica temos no Abolicionismo Penal uma teoria que 
prega pelo fim do Direito Penal. Essa ideia se baseia na justificativa de que o Direito Penal 
não cumpre nenhuma de suas funções e, só serve para legitimar um discurso de poder, 
reforçar a desigualdade social, aplicar a lei penal dura e crua no pobre, no negro e nos menos 
favorecidos. 
A existência do Direito Penal para o Abolicionismo não é viável. 
O Direito Penal para o Abolicionismo é um “Sistema Anômico” (expressão que pode cair 
em prova), ou seja, um sistema que não cumpre a sua função. Ele é seletivo, discriminador, 
estigmatizante. 
 Contribuições da Criminologia Crítica no ordenamento jurídico no Brasil: 
- campanha pela criminalização da ofensa a bem jurídico difuso; (ex: lei de crimes ambientais, lei de 
organizações criminosas, alterações da lei de lavagem de capitais, crimes contra a ordem tributária). 
- discussão por uma maximização da punição dos crimes de colarinho branco; 
- descriminalização de algumas condutas praticadas por classes menos desfavorecidas; 
 
 
ESQUEMATIZANDO 
Neo-realismo de esquerda 
(law and order): 
Teoria do direito penal 
mínimo 
O pensamento abolicionista 
A ideia continua a ser socialista, 
mas realista. Defendem uma nova 
relação entre a polícia e a 
sociedade,com a finalidade de 
contribuir para uma luta comum 
contra o delito. Sugerem, de outra 
parte, uma linha reducionista na 
política criminal, descriminalizando 
Qualquer radical aplicação da pena 
pode produzir consequências mais 
gravosas quanto aos benefícios que 
pode trazer. Deve-se deixar de 
atribuir relevo aos pensamentos 
tradicionais da criminalidade de 
massa de rua (roubo, furto) para 
pensar uma criminalidade dos 
O sistema penal só tem servido para 
legitimar e reproduzir as 
desigualdades e injustiças sociais. 
Para os abolicionistas, nós já 
vivemos sem Direito Penal (cifras 
negras), o sistema é anômico (não 
cumpre as funções esperadas), 
seletivo, estigmatizante e burocrata. 
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80 
certos comportamentos e 
criminalizando outros. Os crimes 
graves merecem uma resposta 
enfática da sociedade. Aceitam a 
ideia do cárcere, em situações 
extremas. 
oprimidos (racismo, crimes do 
colarinho-branco, etc.). O direito 
deve ser utilizado para a defesa do 
mais fraco perante uma eventual 
reação mais forte que a pena 
institucional por parte do ofendido 
e em prevenção ao cometimento ou 
ameaça de novo delito. Contração 
do sistema penal em certas áreas 
para expansão de outras. Caráter 
fragmentário do direito penal, 
intervenção punitiva como última 
ratio e reafirmação da natureza 
acessória do direito penal. 
Contribuições da teoria crítica: 
mudança do paradigma das 
criminalizações. Campanha pela 
criminalização dos bens jurídicos 
difusos (legislações protetivas do 
meio ambiente, da ordem 
econômica, financeira, tributária, 
etc.). Maximização da intervenção 
punitiva para os crimes de 
colarinho-branco, racismo, etc., e 
minimização da intervenção 
punitiva, quando não a própria 
descriminalização da conduta para 
os crimes das classes mais 
desprotegida (reflexos da 
mendicância, vadiagem, princípio 
da insignificância em pequenos 
furtos, etc.). 
 
Vemos que a Criminologia Crítica vai desconstruir uma suposta neutralidade da dogmática penal. 
 
2. Temas atuais da Criminologia 
 
 Sistema Penal e Reprodução da Realidade Social (Alessandro Baratta) 
 
O sistema escolar e o sistema penal reproduzem e asseguram as relações sociais existentes, baseadas em 
“ricos e pobres”. 
Para Alessandro Baratta, o sistema escolar, no conjunto que vai da instrução elementar média à superior, 
reflete a estrutura vertical da sociedade e contribui para criá-la e para conservá-la, através de mecanismos de 
seleção, discriminação e marginalização. 
Veja que o autor de forma bem crítica vai questionar o papel desempenhado pelo sistema escolar e 
pelo sistema penal. 
Para Alessandro Baratta o novo sistema global de Controle Social (e aqui estão inseridos também o 
sistema educacional e o sistema penal), vai agir, ainda que de uma forma sutil, na marginalização, na 
discriminação, na estigmatização de pessoas. Ou seja, para Baratta tanto o sistema penal, quanto o sistema 
educacional reproduzem e asseguram essa relação baseada entre ricos e pobres. Baratta chega a criticar o teste 
reconhecido mundialmente, o teste cociente de inteligência (QI), alegando que o teste do QI também é baseado em 
critérios discriminatórios, em relações e experiências que somente uma parcela da sociedade tem acesso. 
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81 
Vale ainda registrar uma reflexão feita pelo autor, em que ele comenta que estudos de educação apontam 
que a aprendizagem do aluno está relacionada àquilo que o aluno acha que o mestre espera dele. Sendo assim, a 
forma do professor lecionar, estimular e provocar a curiosidade dos alunos impacta no rendimento e percepção da 
realidade. Baratta afirma ainda que as pessoas marginalizadas, mais pobres, e que demonstram uma carência de 
estrutura familiar, são também discriminadas por esse professor. 
 
Dica de Prova – Quando a Banca examinadora trouxer no certame Alessandro Baratta como um dos 
autores indicados é importantíssimo lembrar que ele tem esse viés bem crítico, e que coloca o sistema 
de educação assim como o sistema penal, como um sistema que confirma e amplia a estigmatização e 
discriminação. 
 
 Cárcere e Marginalidade 
Os institutos de detenção produzem efeitos contrários à reeducação e a reinserção do condenado, e 
favoráveis à sua estável inserção na população criminosa. 
Uma longa pena carcerária não é capaz de transformar um delinquente antissocial violento em um 
indivíduo adaptável. 
“Cerimônias” (corte de cabelo, barda, uso de uniformes, identificação por numero, etc) no preso 
geram “socialização ao cárcere” e aculturação. (Podendo até gerar uma crise de identidade). 
Prisionalização: educação para ser criminosos e educação para ser um bom preso. 
 
Misturando o tema do Cárcere e Marginalidade Social com o tema do Sistema Penal e reprodução da 
realidade social, Baratta faz aquela reflexão trazendo os conceitos de Zaffaroni, da criminalização primária e da 
criminalização secundária. 
 
 
Relembrando 
– Criminalização Primária: criação de tipos penais abstratos; 
- Criminalização Secundária: aplicação da lei efetivamente; 
 
Para Zaffaroni assim como para Barrata a criminalização começa na criminalização primária (quais 
condutas iremos considerar como crimes, o que será considerado como causa de extintiva da criminalidade, como 
causa de aumento e redução de pena, etc..) 
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82 
E isso se acentua também na ação punitiva da lei, na criminalização secundária. 
Para Baratta, na criminalização secundária a ação punitiva exercida sobre pessoas concretas, que acontece 
quando as agências policiais detectam a pessoa que suponham tenha praticado certo ato criminalizador, evidencia 
o caráter seletivo do Direito Penal. 
Ele acrescenta ainda que há uma distância linguística que separa julgador e julgado e, a menor 
possibilidade de desenvolver um papel ativo no processo e de servir-se do trabalho de advogados prestigiosos, 
desfavorece os indivíduos socialmente mais débeis. Menciona também que há uma tendência enorme de juízos 
diversificados a depender da posição social dos acusados. 
Para Alessandro Baratta, a relação entre sociedade e preso é a relação de quem exclui e de quem é 
excluído. Sendo assim, antes de mudar a situação do excluído, deve ser mudada a realidade daquele que exclui. 
(Grande parte das pessoas e a sociedade como um todo acham que o crime é um fenômeno alheio e que não 
pertencem a eles, não percebendo que o crime na verdade é um problema social). 
 
Sendo assim, além dessa relação de quem exclui e é excluído, o cárcere reflete a sociedade capitalista: 
relações baseadas no egoísmo e na violência ilegal, onde indivíduos mais débeis são constrangidos a papéis de 
exploração e submissão. 
(aqui Baratta ainda enfatiza que as cenas que vemos em presídios e que muitas vezes nos deixam 
impressionados, nada mais é que um “aquário”, uma “maquete” que reflete as mesmas situações que ocorrem 
na sociedade). 
 
 Modelo Consensual de Justiça Criminal 
Necessidade de separar a GRANDE da PEQUENA e MÉDIA criminalidade, com respostas quantitativa e 
qualitativamente diferentes. 
Nova filosofia político-criminal = vítima, reparação dos danos e o direito penal de ultima ratio. 
Enfraquecimento da crença do “full enforcement”. 
Hoje quando falamos em Justiça Restaurativa, Justiça Negocial em mediação e em reparar os danos da 
vítima estamos falando em um novo modelo de justiça, o modelo consensual. 
 
TEMAS INTERESSANTES: 
Ø Criminologia Feminista 
Ø Criminologia 
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83 
Ø Criminologia Cultural 
Obs: esses pontos foram cobrados pela primeira vez no concurso de Delegado de Polícia Civil do Rio Grande do Sul. 
 
2.1 Criminologia Feminista 
Antes de falarmos na Criminologia Feminista é interessante falarmos sobre a TeoriaFeminista. 
 
Teoria Feminista 
Qual é o ideal da Teoria Feminista? 
Desconstruir a ideia de superioridade masculina. É a ideia de que a mulher tenha acesso, igualde de 
gênero, igualdade de oportunidades, e não só na questão do acesso e oportunidade, mas também da ressignificação 
do papel desenhado para a mulher. 
Na teoria feminista temos a desconstrução do ideal de masculinidade que inferioriza e violenta as 
mulheres e luta pela igualdade de gênero a partir da crítica aos papéis sociais designados às mulheres. Além de 
questionar o papel das mulheres na visão da família tradicional (mulher como esposa e mãe), a teoria feminista dá 
visibilidade aos episódios de violência praticados em desfavor das mulheres nesses ambientes (violência 
doméstica contra a mulher). 
Após uma análise sobre o conceito da Teoria Feminista podemos partir então para o campo da 
Criminologia Feminista e seus estudos. 
O que seria então a Criminologia Feminista? 
Quais seriam os propósitos da Criminologia Feminista? 
A Criminologia Feminista procura dar visibilidade a qualquer tipo de forma de dominação de gênero 
baseada na lógica patriarcal. Denuncia, por exemplo, o sexismo institucional que reproduz variadas formas de 
violência contra a mulher na elaboração, interpretação, aplicação e execução da lei penal. 
Temos com isso, um olhar de que a mulher não é somente violentada dentro do ambiente doméstico e 
familiar, há uma cultura de superioridade masculina desde o Poder Legislativo na elaboração das normas, assim 
como na representatividade, nas políticas públicas no Poder Executivo, no julgamento, na execução de uma lei 
penal, ou seja, ainda temos uma sociedade machista formada por esses setores. 
A Criminologia Feminista busca dar visibilidade a isso, a esse problema, a esse aspecto apresentado, 
trazendo-os ao campo criminológico, denunciando esses eventos e estudando porque a mulher sofre determinadas 
violências. 
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Essa Criminologia vai estudar nesse viés Criminológico, o conceito desse delito, quem é esse delinquente, 
qual é o papel do controle social, como a nossa sociedade analisa os episódios de violência doméstica e familiar 
contra a mulher, como nossa sociedade valora essa mulher, etc. 
 
2.2 Criminologia Queer 
Nos mesmos moldes da Criminologia Feminista que analisamos primeiramente o conceito da Teoria 
Feminista, na Criminologia Queer faremos o mesmo. 
 
Teoria Queer: emerge nos EUA na década de 80. 
Analisa como a heterossexualidade se manteve como norma dominante (heteronormatividade), 
promovendo privilégios, desigualdades e violência. A Teoria Queer procura desestabilizar algumas zonas de 
conforto culturais criadas pelo heterossexismo (polarização entre homens e mulheres/institucionalização da 
hetetonormatividade compulsória). 
 
Temos num paralelo que, enquanto a Teoria Feminista vai questionar a superioridade masculina, a Teoria 
Queer vai questionar a superioridade masculina heterossexual. 
 
Salo de Carvalho trabalha muito bem esse tema e, para ele há 03 (três) níveis fundacionais que 
configuram as culturas heteromoralizadoras e heteronormalizadoras. 
 
I) Violência Simbólica (Cultura Homofóbica): constituída a partir de discursos de interiorização de 
diversidade sexual e orientação de gênero. 
(aqui temos as piadinhas, desprestigiar, zombar, etc..) 
 
II) Violência das Instituições (Homofobia do Estado): criminalização e patologização das 
identidades não heterossexuais. 
(quando tudo que foge ao “padrão” é considerado equivocadamente como doença). 
 
III) Violência Interpessoal (Homofobia Individual): ocorre com os atos brutais de violência 
(violência real, física) para anular a diversidade. 
(situação daquele individuo que sai sozinho na rua e é agredido pelo fato de ser homossexual). 
 
Para a Criminologia Queer, temos esses três âmbitos de violência, que começa desde o discurso (da 
cultura), passando posteriormente por uma ramificação institucional, e por fim chega ao último 
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grau, e atinge o homossexual na sua individualidade, fazendo com que esse sinta literalmente na 
“pele” toda essa violência. 
 
O heterossexismo é a promoção incessante, pelos indivíduos ou instituições, da superioridade da 
heterossexualidade e da subordinação simulada da homossexualidade. (Salo de Carvalho). 
 
Para Salo de Carvalho, a Criminologia Queer é composta de uma pluralidade de perspectivas teóricas, 
mais ou menos identificadas como o ativismo político dos movimentos LGBTs, dialogando com a teoria feminista, 
os estudos culturais, a sociologia da sexualidade etc. 
 
Desafio da Criminologa Queer: não apenas descontruir o padrão sexista e misógino que inferioriza o 
feminino, mas romper também com o ideal de masculinidade hegemônico para além das diferenças de gênero. 
 
Desafio da Criminologia Contemporânea: compreender os inúmeros fatores que tornam as pessoas 
vulneráveis aos processos de vitimização e criminalização, dentre os quais relacionados à identidade de gênero e à 
orientação sexual. 
 
A criminologia não irá nesses temas se voltar aos estudos de forma a se direcionar a leitura de livros e 
teses, mas sim de analisar na realidade tudo aquilo que está ocorrendo na sociedade. Essa abordagem deve 
ser realizada porque que essas situações não serão devidamente estudas e resolvidas com a dogmática, com o 
Direito Penal e sua normatividade, mas sim com a análise criminológica. 
Qual a função da Criminologia? Explicar e prevenir o crime, agir positivamente na pessoa do 
infrator, estudar modelos de resposta ao delito, ou seja, dar uma resposta Criminológica ao delito que surge 
na sociedade. Trata-se de um desafio da Criminologia Contemporânea, que não fica restrito como dito 
anteriormente à norma penal, à princípios penais, à legalidade, a anterioridade, ao Direito Comparado. No estudo 
da Criminologia o viés é outro, utiliza-se de outros meios de estudos, como Psicologia, Psiquiatria, 
Sociologia. 
 
A criminologia busca reunir conhecimentos sobre o crime, o criminoso, a vítima e o 
controle social para compreender cientificamente o fenômeno criminal, para assim 
possibilitar que o crime possa ser prevenido e reprimido com eficiência (intervenção no 
delinquente) e que os diferentes modelos de resposta ao fenômeno criminal possam ser 
valorados. 
Essa ciência se presta a fornecer um diagnóstico sobre o delito e permitir a atuação 
sobre o homem criminoso. 
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Não se trata de um estudo causalista com leis universais exatas, ou tampouco mera 
fonte de dados ou estatística. Cuida-se de ciência prática que tem a missão de resolver 
problemas concretos. Daí o papel da criminologia de controle e prevenção do fenômeno 
criminal. 
Destarte, a criminologia deve orientar a política criminal possibilitando a prevenção 
de crimes, e influenciar o Direito Penal na repressão das condutas indesejadas que não 
foram evitadas. Essa ciência busca adotar programas de prevenção eficazes no 
comportamento delitivo, técnicas de intervenção positiva no homem delinquente e nos 
diversos sistemas de resposta ao delito. 
As várias teorias desenvolvidas buscam entender as razões que levam as pessoas a 
cometerem crimes, e por que motivo esses delitos ocorrem na sociedade. Enfim, a 
criminologia como ciência cumpre papel de extrema relevância social, já que através do 
método cientifico busca obter respostas para os problemas que surgem no seio da 
sociedade. 
 
2.3 Criminologia Cultural 
 
É considerada uma das vertentes da Criminologia Crítica a partir da década de 90. Há um enfoque nas 
qualidades emocionais e interpretativas do crime e do delito (desvio). Um exemplo é a violência vendida como 
entretenimento, como jornalismo, como experiência de consumo pelo jornalismopolicial (sensacionalista). 
Obs: a Criminologia Queer e Feminista é da década de 80, já a Criminologia Cultural é da 
década de 90, e a partir dos anos 2000 tivemos o surgimento do Bullyng que passou a ser 
objeto de discussão na Criminologia, em decorrência de Cyberbullyng, do Bullyng nas 
escolas. Mas vejam que tais situações não começaram a ocorre de “um tempo para cá”. Elas 
já ocorriam, mas passaram a ser estudas com mais afinco somente a partir dos períodos 
mencionados. 
 
Para Salo de Carvalho, a Criminologia Cultural, configura-se, portanto, como uma tendência do 
pensamento criminológico crítico que se preocupa com a análise dos processos de mercantilização do desvio e da 
violência, transformados, pelas agências configuradoras do sistema penal. Notadamente a grande mídia, em ícones 
e símbolos da cultura contemporânea. 
 
Ø REVISÃO 
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ü Elementos Principais: 
o O conceito de Criminologia; 
o A Criminologia dentro da chamada tríade do direito criminal; 
o Terminologia 
§ Estudo do crime do latim e do grego. 
o Marco Científico 
§ Obra de Lombroso “O homem Delinquente”. 
o Métodos da Criminologia 
§ Empírico, Indutivo, Interdisciplinar; 
o Funções da Criminologia 
§ Explicar e prevenir o crime; 
§ Intervir positivamente na pessoa do infrator; 
§ Estudar modelos de resposta ao delito (retributivo, ressocializador, integrador) 
§ Prevenção e pretensão primária, secundária, terciária; 
 
 
 
o Quatro objetos de estudo da Criminologia: 
§ Delito – conceito de delito: incidência massiva da população, incidência aflitiva, 
persistência espaço-temporal, inequívoco consenso; 
§ Delinquente - para as mais variadas Escolas da Criminologia (Clássicos, Positivistas, 
Correcionalistas, Marxismo, Criminologia Moderna etc..) 
§ Vítima – períodos históricos, protagonismo e idade de ouro, esquecimento e neutralização, 
redescobrimento e revalorização; Vitimização: primária, terciária e secundária; 
Classificação das Vítimas (Mendelsohn). 
§ Controle Social – instituições que regulam e orientam nosso comportamento; Controle 
Social Formal e Controle Social Informal. 
 
o Nascimento da Criminologia – Etapas Científicas e Pré-Científicas da Criminologia. 
§ Pré-Cientifica – Escola Clássica- início do Século XVIII a XIX (transformações Iluministas 
e Revolução Francesa); Beccaria, Giandomenico Romagnosi; Feuerbach (influenciou mais o 
Direito Penal, mas contribuiu); Carrara; Etc. 
(Ser normal – Livre Arbítrio - Escolhas) 
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88 
(Lembrando que a Escola Clássica era considerada pré-científica porque se utilizava de 
metodologias típicas do Direito Penal – normativa, lógica, abstrata, jurídica). 
 
§ Fase Científica - Escola Positiva ou Positivista – final do século XIX início do século XX. 
Metodologia empregada é a típica da Criminologia – Método Empírico (análise da 
realidade), sendo Lombroso o primeiro utilizar dessa metodologia. Lombroso, Enrico Ferri, 
Raffaele Garofalo. 
(Ser Anormal) 
 
§ Outros Modelos Teóricos Explicativos – Para Molina tivemos 04 modelos: 
o Escola Clássica 
o Neoclássica 
§ (Opção racional/Opção econômica) 
§ Teorias Prevencionistas 
- Teoria das Atividades Rotineiras; 
- Teoria do Entorno ou Meio Físico 
 
 
o Positivistas 
§ Modermos modelos de Criminologia estão focados em estudos de carreiras 
criminais, de trajetórias criminais, estudos de casos, etc. 
o Biologia Criminal 
o Psicologia Criminal 
Mas o enfoque foi o chamado giro sociológico as chamadas teorias sociológicas. 
o Teorias Sociológicas 
§ Teorias de Consenso 
- Escola de Chicago – crescimento da cidade desenfreado; 
- Teoria da Anomia – contribuição de Durkheim e Merton – anomia 
potencializa a criminalidade (desajuste entre modelo de sucesso e meios 
disponíveis) 
- Associação Diferencial – Sutherland: colarinho-branco – aprendizagem 
- Subcultura Delinquente – Albert Cohen: pichadores – gangues da década de 
90 – algumas torcidas – (Lembrar-se dos 03 pontos característicos: 
Negativismo da Ação, Malícia da Conduta e não utilitarismo). 
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89 
*(maior parte dessas Teoria desenvolvidas nos EUA na década de 50, devido 
ao novo eixo político pós-guerra – migração) 
 
§ Teorias de Conflito 
- Labeling Approach – devido a preocupação com os processos de 
criminalização há uma mudança de foco nesse momento na Criminologia; 
Agências de Controle; preocupação não com a reação primária, mas a 
secundária que produz rótulo, etiqueta, discriminação, etc. 
- Criminologia Crítica – base marxista – três tendências: Neorrealismo de 
Esquerda, Direito Penal Mínimo e Abolicionismo Penal. 
 
o Temas Atuais: 
§ Contribuições da Obra de Alessandro Baratta; 
- Sistema Penal e reprodução da realidade social; 
- Cárcere e Marginalidade Social; 
- Modelo Consensual de Justiça Criminal; 
 
§ Criminologia Cultural – (década de 90) 
§ Criminologia Feminista – (década de 80) 
§ Criminologia Queer; 
Lembrando que essa linha do tempo imaginária da Criminologia não ocorreu de forma linear, ou seja, 
acabando um movimento ou Escola e se iniciando outro de forma estanque. NÃO! Os métodos e teorias foram se 
desenvolvendo ao longo do tempo e de acordo com a realidade vivenciada pela sociedade da época 
correspondente. E, é justamente por esse motivo que aconselhamos que a “leitura” da evolução criminológica 
seja sempre realizada juntamente com os momentos históricos. Bons Estudos. 
 
3. Cifras 
 
Cifra Negra 
Refere-se à porcentagem de crimes não solucionados ou punidos, à 
existência de um significativo número de infrações penais 
desconhecidas "oficialmente". É a “mãe” de todas as cifras. 
Cifra Cinza 
Tratam-se dos crimes que chegam ao conhecimento da autoridade 
policial, entretanto não prosperam na fase processual. 
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90 
Cifra Dourada 
Trata-se especificamente da criminalidade cometida pelas classes 
privilegiadas, referindo-se também a expressão “crimes de colarinho 
branco”. 
Como exemplo pode-se citar crimes como: sonegação fiscal, lavagem 
de dinheiro, crimes eleitorais. 
Cifra Verde 
Dizem respeito aos crimes ambientais que não chegam ao 
conhecimento das autoridades. 
Cifra Amarela 
São os crimes cometidos por funcionários públicos, onde geralmente a 
vítima deixa de denunciar o fato às autoridades competentes por medo 
de represálias. 
Cifra Rosa Tratam-se dos crimes com viés homofóbico. 
Cifra Azul 
Contrapõem-se aos chamados “crimes do colarinho branco”, dizem 
respeito aos pequenos crimes comuns praticados por pessoas 
economicamente desabastadas e se verifica como uma alusão aos 
macacões azuis utilizados nas fábricas dos Estados Unidos. 
 
4. Já Caiu 
 
1. (VUNESP – 2014 – PC-SP – Investigador de Polícia) A criminologia pode ser conceituada como uma 
ciência ______, baseada na observação e na experiência, e ________ que tem por objeto de análise o crime, o 
criminoso, a vítima e o controle social. 
a) exata … multidisciplinar; 
b) objetiva … monodisciplinar; 
c) humana … unidisciplinar; 
d) biológica … transdisciplinar; 
e) empírica … interdisciplinar. 
 
2. (VUNESP – 2014 – PC-SP – Desenhista Técnico-Pericial) A criminologia é conceituada como uma 
ciência: 
a) jurídica (baseada nos estudos dos crimes e nas leis) monodisciplinar. 
b) empírica (baseada na observação e na experiência) e interdisciplinar. 
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91 
c) social (baseada somente nos estudos do comportamento social do criminoso) e unidisciplinar. 
d) exata (baseada nas estatísticas da criminalidade) e multidisciplinar. 
e) humana (baseada na observação do criminoso e da vítima) e unidisciplinar. 
 
3. (VUNESP – 2014 – PC-SP – Desenhista Técnico-Pericial) Paraa criminologia, o crime é um fenômeno: 
a) científico. 
b) ideológico. 
c) regionalizado. 
d) político. 
e) social. 
 
4. (VUNESP – 2014 – PC-SP – Fotógrafo Técnico-Pericial) A criminologia geral consiste ______________; e 
a criminologia clínica consiste na _____________. Assinale a alternativa que preenche, correta e 
respectivamente, as lacunas. 
a) no estudo do crime e do criminoso, mas não serve para subsidiar a elaboração das leis penais ... análise da 
vítima e da conduta social para subsidiar no planejamento das políticas criminais; 
b) no estudo da vítima e da conduta social, subsidiando a elaboração dos tipos penais ... análise do crime e do 
criminoso para servir no planejamento das políticas criminais; 
c) no estudo do comportamento da vítima e do delinquente, traçando uma relação de causalidade sem que, 
contudo, influencie na elaboração de legislação correlata ... análise dos crimes, tanto em quantidade como em 
qualidade para servir no planejamento das políticas criminais; 
d) na relação sistemática do poder público quanto à elaboração de leis que procuram evitar o crime e sua 
reincidência ... análise e estudos da vítima e sua participação no delito; 
e) na sistematização, comparação e classificação dos resultados obtidos no âmbito das ciências criminais acerca de 
seus objetos ... aplicação dos conhecimentos teóricos daquela para o tratamento dos criminosos. 
 
5. (VUNESP – 2013 – PC-SP – Escrivão de Polícia) A Criminologia dos dias atuais: 
a) é uma ciência empírica, interdisciplinar, multidisciplinar e integrada. 
b) é uma ciência jurídica, autônoma, não controlável e sistematizada. 
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c) não é considerada uma ciência, mas parte do Direito Penal. 
d) não é considerada uma ciência, mas parte da Sociologia. e) não é considerada uma ciência, mas parte da 
Antropologia. 
 
6. (VUNESP – 2014 – PC-SP – Delegado de Polícia) A obra O homem delinquente, publicada em 1876, foi 
escrita por: 
a) Cesare Lombroso. 
b) Enrico Ferri. 
c) Rafael Garófalo. 
 d) Cesare Bonesana. 
e) Adolphe Quetelet 
 
7. (MPE-SC – 2016 – MPE-SC – Promotor de Justiça – Matutina) O italiano Cesare Lombroso, autor da 
obra “L’Uomo delinquente”, foi um dos precursores da Escola Clássica de Criminologia, a qual admitia a 
ideia de que o crime é um ente jurídico – infração – e não ação. 
 
8. (VUNESP – 2013 – PC-SP – Papiloscopista Policial) Este autor foi o criador da chamada ‘sociologia 
criminal’. Para ele, a criminalidade derivava de fenômenos antropológicos, físicos e culturais. Trata-se de: 
a) Francesco Carrara. 
b) Cesare Lombroso. 
c) Rafael Garófalo. 
d) Enrico Ferri. 
e) Franz von Lizst. 
 
9. (Ano: 2018 Banca: CESPE Órgão: PC-SE Prova: CESPE - 2018 - PC-SE - Delegado de Polícia): 
Texto associado 
Texto 1A9-I: Sentença 
Ação: Medidas Protetivas de Urgência (Lei Maria da Penha) 
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93 
Processo n.º: XXXXXXX 
Ana de Jesus foi à polícia reclamar que Mário, seu ex-namorado, alcoólatra e usuário de drogas, lhe fez ameaça de 
morte e ainda lhe deu umas refregas (sic), ao que se seguiram a comunicação do fato e o pedido de medida 
protetiva. É lamentável que a mulher não se dê ao respeito e, com isso, faça desmerecido o poder público. 
Simplesmente decidir que o agressor deve manter determinada distância da vítima é um nada. Depois que o 
sujeito, sentindo só a debilidade do poder público, invadir a distância marcada, caberá à vítima, mais uma vez, 
chamar a polícia, a qual, tendo ido ao local, o afastará dali. Mais que isso, legalmente, pouco há que fazer. Enfim, 
enquanto a mulher não se respeitar, não se valorizar, ficará nesse ramerrão sem fim — agressão, reclamação na 
polícia, falta de proteção. Por outro lado, ainda vige o instituto da legítima defesa, muito mais eficaz que qualquer 
medidazinha (sic) de proteção. Intimem-se, inclusive ao MP. 
Texto 1A9-II 
No Brasil, a edição da Lei Maria da Penha retratou a preocupação da sociedade com a violência doméstica contra a 
mulher, e a incorporação do feminicídio ao Código Penal refletiu o reconhecimento de conduta criminosa reiterada 
relacionada à questão de gênero. Mesmo com tais medidas, que visam reduzir a violência contra as mulheres, as 
estatísticas nacionais apontam para um agravamento do problema. No caso do estado de Sergipe, de acordo com 
dados do Panorama da Violência contra as Mulheres no Brasil (2016), a taxa de violência letal contra mulheres é 
superior à taxa nacional, enquanto a taxa de estupros é inferior, o que pode ser resultado de uma subnotificação 
desse tipo de violência. 
Internet: (com adaptações). 
Considerando os textos apresentados, julgue o item que se segue, pertinentes aos objetos da criminologia. 
De acordo com estudos vitimológicos, a diferença entre os crimes sexuais praticados e os comunicados às agências 
de controle social é de aproximadamente 90%, o que estaria em consonância com os dados do Panorama da 
Violência contra as Mulheres no Brasil (texto 1A9-II), que indica a ocorrência de subnotificação nos casos de 
estupros praticados em Sergipe. Esse fenômeno, de apenas uma parcela dos crimes reais ser registrada 
oficialmente pelo Estado, é o que a criminologia chama de cifra negra da criminalidade. 
CERTO ( ) 
ERRADO ( ) 
 
10. (Ano: 2018 Banca: CESPE Órgão: PC-SE Prova: CESPE - 2018 - PC-SE - Delegado de Polícia): 
Texto associado 
Texto 1A9-I: Sentença 
Licenciado para: ANTONIO CARLOS - CPF: 013.229.675-63
 
 
 
 
94 
Ação: Medidas Protetivas de Urgência (Lei Maria da Penha) 
Processo n.º: XXXXXXX 
Ana de Jesus foi à polícia reclamar que Mário, seu ex-namorado, alcoólatra e usuário de drogas, lhe fez ameaça de 
morte e ainda lhe deu umas refregas (sic), ao que se seguiram a comunicação do fato e o pedido de medida 
protetiva. É lamentável que a mulher não se dê ao respeito e, com isso, faça desmerecido o poder público. 
Simplesmente decidir que o agressor deve manter determinada distância da vítima é um nada. Depois que o 
sujeito, sentindo só a debilidade do poder público, invadir a distância marcada, caberá à vítima, mais uma vez, 
chamar a polícia, a qual, tendo ido ao local, o afastará dali. Mais que isso, legalmente, pouco há que fazer. Enfim, 
enquanto a mulher não se respeitar, não se valorizar, ficará nesse ramerrão sem fim — agressão, reclamação na 
polícia, falta de proteção. Por outro lado, ainda vige o instituto da legítima defesa, muito mais eficaz que qualquer 
medidazinha (sic) de proteção. Intimem-se, inclusive ao MP. 
Texto 1A9-II 
No Brasil, a edição da Lei Maria da Penha retratou a preocupação da sociedade com a violência doméstica contra a 
mulher, e a incorporação do feminicídio ao Código Penal refletiu o reconhecimento de conduta criminosa reiterada 
relacionada à questão de gênero. Mesmo com tais medidas, que visam reduzir a violência contra as mulheres, as 
estatísticas nacionais apontam para um agravamento do problema. No caso do estado de Sergipe, de acordo com 
dados do Panorama da Violência contra as Mulheres no Brasil (2016), a taxa de violência letal contra mulheres é 
superior à taxa nacional, enquanto a taxa de estupros é inferior, o que pode ser resultado de uma subnotificação 
desse tipo de violência. 
Internet: (com adaptações). 
Considerando os textos apresentados, julgue o item que se segue, pertinentes aos objetos da criminologia. 
Conforme o conceito de delito na criminologia, o feminicídio caracteriza-se como um crime por ser um fato 
típico, ilícito e culpável. 
CERTO ( ) 
ERRADO ( ) 
Considerações: 
O conceito de delito para a Criminologia não é o mesmo utilizado pelo Direito Penal (Teoria Tripartite do Crime). 
Para o saber criminológico, delito é toda conduta com incidência massiva na sociedade, capaz de causar dor, 
aflição e angústia (incidência aflitiva), com persistência espaço-temporale que se tenha um inequívoco consenso a 
respeito de suas causas e suas possíveis punições. 
 
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95 
11. (Ano: 2018 Banca: CESPE Órgão: PC-SE Prova: CESPE - 2018 - PC-SE - Delegado de Polícia). 
Texto associado 
Texto 1A9-I: Sentença 
Ação: Medidas Protetivas de Urgência (Lei Maria da Penha) 
Processo n.º: XXXXXXX 
Ana de Jesus foi à polícia reclamar que Mário, seu ex-namorado, alcoólatra e usuário de drogas, lhe fez ameaça de 
morte e ainda lhe deu umas refregas (sic), ao que se seguiram a comunicação do fato e o pedido de medida 
protetiva. É lamentável que a mulher não se dê ao respeito e, com isso, faça desmerecido o poder público. 
Simplesmente decidir que o agressor deve manter determinada distância da vítima é um nada. Depois que o 
sujeito, sentindo só a debilidade do poder público, invadir a distância marcada, caberá à vítima, mais uma vez, 
chamar a polícia, a qual, tendo ido ao local, o afastará dali. Mais que isso, legalmente, pouco há que fazer. Enfim, 
enquanto a mulher não se respeitar, não se valorizar, ficará nesse ramerrão sem fim — agressão, reclamação na 
polícia, falta de proteção. Por outro lado, ainda vige o instituto da legítima defesa, muito mais eficaz que qualquer 
medidazinha (sic) de proteção. Intimem-se, inclusive ao MP. 
Texto 1A9-II 
No Brasil, a edição da Lei Maria da Penha retratou a preocupação da sociedade com a violência doméstica contra a 
mulher, e a incorporação do feminicídio ao Código Penal refletiu o reconhecimento de conduta criminosa reiterada 
relacionada à questão de gênero. Mesmo com tais medidas, que visam reduzir a violência contra as mulheres, as 
estatísticas nacionais apontam para um agravamento do problema. No caso do estado de Sergipe, de acordo com 
dados do Panorama da Violência contra as Mulheres no Brasil (2016), a taxa de violência letal contra mulheres é 
superior à taxa nacional, enquanto a taxa de estupros é inferior, o que pode ser resultado de uma subnotificação 
desse tipo de violência. 
Internet: (com adaptações). 
Considerando os textos apresentados, julgue o item que se segue, pertinentes aos objetos da criminologia. 
A sentença transcrita (texto 1A9-I) exemplifica o que a teoria criminológica descreve como revitimização ou 
vitimização secundária, que se expressa como o atendimento negligente, o descrédito na palavra da vítima, o 
descaso com seu sofrimento físico e(ou) mental, o desrespeito à sua privacidade, o constrangimento e a 
responsabilização da vítima pela violência sofrida. 
CERTO ( ) 
ERRADO ( ) 
 
Licenciado para: ANTONIO CARLOS - CPF: 013.229.675-63
 
 
 
 
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12. (Ano: 2018 Banca: CESPE Órgão: PC-SE Prova: CESPE - 2018 - PC-SE - Delegado de Polícia). No que 
se refere à prevenção da infração penal no Estado democrático de direito, julgue o próximo item. 
 
A prevenção terciária da infração penal consiste em medidas de longo prazo, como a garantia de educação, a 
redução da desigualdade social e a melhoria das condições de qualidade de vida, enquanto a prevenção primária é 
voltada à pessoa reclusa e visa à sua recuperação e reintegração social. 
CERTO ( ) 
ERRADO ( ) 
 
Considerações: 
Os conceitos da assertiva estão trocados. Em verdade, a prevenção terciária possui um destinatário específico, o 
recluso. Possui objetivo certo: ressocialização do preso, evitando a reincidência. Por outro lado, a prevenção 
primária são medidas de médio e longo prazo que atingem a raiz do conflito criminal. Investimentos em educação, 
trabalho, bem-estar social. 
 
13. (Ano: 2018 Banca: CESPE Órgão: PC-SE Prova: CESPE - 2018 - PC-SE - Delegado de Polícia). No que 
se refere à prevenção da infração penal no Estado democrático de direito, julgue o próximo item. 
A alteração dos espaços físicos e urbanos, como, por exemplo, a elaboração de novos desenhos arquitetônicos e o 
aumento da iluminação pública, pode ser considerada uma forma de prevenção delituosa. 
CERTO ( ) 
ERRADO ( ) 
 
14. (Ano: 2018 Banca: CESPE Órgão: PC-SE Prova: CESPE - 2018 - PC-SE - Delegado de Polícia). Acerca 
do conceito e das funções da criminologia, julgue o item seguinte. 
A criminologia é uma ciência dogmática que se preocupa com o ser e o dever ser e parte do fato para analisar suas 
causas e buscar definir parâmetros de coerção punitiva e preventiva. 
CERTO ( ) 
ERRADO ( ) 
 
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97 
Considerações: 
“Ciência empírica e interdisciplinar, que se ocupa do estudo do crime, da pessoa do infrator, da vítima e do 
controle social do comportamento delitivo, e que trata de subministrar uma informação válida, contrastada, sobre a 
gênese, dinâmica e variáveis principais do crime – contemplado este como problema individual e como problema 
social -, assim como sobre os programas de prevenção eficaz do mesmo e técnicas de intervenção positiva no 
homem delinquente e nos diversos modelos ou sistemas de resposta ao delito.” (MOLINA). 
Pelo conceito, ela é uma ciência, ou seja, possui objeto, método e função próprios. Não é dogmática e normativa, 
pois seu objeto não é a norma; sendo, portanto, a ciência do fato, do “ser”. 
O Direito Penal também é uma ciência autônoma, possui objeto, método e função próprios; sendo o objeto do 
direito a norma penal, é uma ciência normativa, seu método é o dogmático e dedutivo, sua função é a aplicação da 
norma penal, visando à proteção dos bens jurídicos, sendo uma ciência do “dever ser”. 
 
15. (Ano: 2018 Banca: CESPE Órgão: Polícia Federal Prova: CESPE - 2018 - Polícia Federal - Delegado de 
Polícia Federal). Julgue o item a seguir, relativos a modelos teóricos da criminologia. 
De acordo com a teoria da anomia, o crime se origina da impossibilidade social do indivíduo de atingir suas metas 
pessoais, o que o faz negar a norma imposta e criar suas próprias regras, conforme o seu próprio interesse. 
CERTO ( ) 
ERRADO ( ) 
 
16. (Ano: 2018 Banca: CESPE Órgão: Polícia Federal Prova: CESPE - 2018 - Polícia Federal - Delegado de 
Polícia Federal). Julgue o item a seguir, relativos a modelos teóricos da criminologia. 
 
Conforme a teoria ecológica, crime é um fenômeno natural e o criminoso é um delinquente nato possuidor de uma 
série de estigmas comportamentais potencializados pela desorganização social. 
CERTO ( ) 
ERRADO ( ) 
 
17. (Ano: 2018 Banca: VUNESP Órgão: PC-SP Prova: VUNESP - 2018 - PC-SP - Delegado de Polícia). No 
que concerne às Escolas Penais, é correto afirmar que a 
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A. “Positiva” entende que o crime deriva de circunstâncias biológicas ou sociais, tendo sido defendida por 
Feuerbach. 
B. “Clássica” funda-se no livre-arbítrio e tem em Carrara um de seus maiores expoentes. 
C. “Lombrosiana” acredita que o homem é racional e nasce livre, sendo o crime fruto de uma escolha errada, 
concepção hipotetizada por Lombroso e também por Ferri. 
D. “Clássica” entende que a pena é medida profilática, de cura, pensamento difundido por Carmignani. 
E. “Positiva” nasce em contraposição às ideias de Lombroso, defende o naturalismo-racional e tem em Garofalo 
um de seus doutrinadores. 
 
18. (Ano: 2018 Banca: FUMARC Órgão: PC-MG Prova: FUMARC - 2018 - PC-MG - Delegado de Polícia 
Substituto). 
“Por debaixo do problema da legitimidade do sistema de valores recebido pelo sistema penal como critério 
de orientação para o comportamento socialmente adequado e, portanto, de discriminação entre 
conformidade e desvio, aparece como determinante o problema da definição do delito, com as implicações 
político-sociais que revela, quando este problema não seja tomado por dado, mas venha tematizado como 
centro de uma teoria da criminalidade. Foi isto o que aconteceu com as teorias da ‘reação social’, ou 
labeling approach, hoje no centro da discussão no âmbito da sociologia criminal.” BARATTA, Alessandro.Criminologia Crítica e Crítica do Direito Penal. Introdução à sociologia do Direito Penal. 3. ed. Rio de 
Janeiro: Revan: Instituto Carioca de Criminologia. p. 86. (Coleção Pensamento Criminológico) 
Com base no excerto acima, referente ao paradigma do labeling approach, analise as asserções a seguir: 
I – O labeling approach tem se ocupado em analisar, especialmente, as reações das instâncias oficiais de controle 
social, ou seja, tem estudado o efeito estigmatizante da atividade da polícia, dos órgãos de acusação pública e dos 
juízes. 
PORQUE 
II – Não se pode compreender a criminalidade se não se estuda a ação do sistema penal, pois o status social de 
delinquente pressupõe o efeito da atividade das instâncias oficiais de controle social da delinquência. 
Está CORRETO o que se afirma em: 
A. I e II são proposições falsas. 
B. I e II são proposições verdadeiras e II é uma justificativa correta da I. 
C. I é uma proposição falsa e II é uma proposição verdadeira. 
Licenciado para: ANTONIO CARLOS - CPF: 013.229.675-63
 
 
 
 
99 
D. I é uma proposição verdadeira e II é uma proposição falsa. 
 
19. (Ano: 2018 Banca: NUCEPE Órgão: PC-PI Prova: NUCEPE - 2018 - PC-PI - Delegado de Polícia Civil). 
Sobre a Criminologia é CORRETO afirmar: 
A. o crime é um fenômeno social. 
B. estuda o crime, o criminoso, mas não a vítima. 
C. é uma ciência normativa e valorativa. 
D. o crime é um fenômeno filosófico. 
E. não tem por base a observação e a experiência. 
 
20. (Ano: 2018 Banca: NUCEPE Órgão: PC-PI Prova: NUCEPE - 2018 - PC-PI - Delegado de Polícia Civil). 
Sobre a Vitimologia, assinale a alternativa CORRETA. 
A. De acordo com a classificação das vítimas, formulada por Mendelsohn, a vítima simuladora é aquela que 
voluntária ou imprudentemente, colabora com o ânimo criminoso do agente. 
B. É denominada terciária a vitimização que corresponde aos danos causados à vítima em decorrência do crime. 
C. De acordo com a ONU, apenas são consideradas vítimas as pessoas que, individual ou coletivamente, tenham 
sofrido lesões físicas ou mentais, por atos ou omissões que representem violações às leis penais, incluídas as leis 
referentes ao abuso criminoso do poder. 
D. O surgimento da Vitimologia ocorreu no início do século XVIII, com os estudos pioneiros de Hans Von 
Hentig, seguido por Mendelsohn. 
E. É denominada secundária a vitimização causada pelas instâncias formais de controle social, no decorrer do 
processo de registro e apuração do crime. 
21. (Ano: 2018 Banca: NUCEPE Órgão: PC-PI Prova: NUCEPE - 2018 - PC-PI - Delegado de Polícia Civil). 
O crime é um comportamento valorado pelo direito. Acerca da Sociologia Criminal, podemos afirmar: 
A. Ciência que tem como finalidade o estudo do criminoso-nato, sob seu aspecto amplo e integral: psicológico, 
social, econômico e jurídico. 
B. Ciência que explica a correlação crime-sociedade, sua motivação, bem como sua perpetuação. 
C. Busca, precipuamente, explicar e justificar os fatores psicológicos que levam ao crime. 
D. Tem como objetivo maior, a ressocialização do preso, estabelecendo estudos de inclusão social. 
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100 
E. Ciência que estuda as relações entre as pessoas que pertencem a uma comunidade, e se ocupa em estudar a vida 
social humana. 
 
22. (Ano: 2018 Banca: FUNDATEC Órgão: PC-RS Prova: FUNDATEC - 2018 - PC-RS - Delegado de 
Polícia - Bloco II). 
A Criminologia é definida tradicionalmente como a ciência que estuda de forma empírica o delito, o delinquente, a 
vítima e os mecanismos de controle social. Os autores que fundaram a Criminologia (Positivista) são: 
A. Cesare Lombroso, Enrico Ferri e Raffaele Garofalo. 
B. Franz Von Liszt, Edmund Mezger e Marquês de Beccaria. 
C. Marquês de Beccaria, Cesare Lombroso e Michel Foucault. 
D. Cesare Lombroso, Enrico Ferri e Michel Foucault. 
E. Enrico Ferri, Michel Foucault e Nina Rodrigues. 
 
23. (Ano: 2018 Banca: VUNESP Órgão: PC-BA Prova: VUNESP - 2018 - PC-BA - Delegado de Polícia). 
Assinale a alternativa que indica a correta relação da Criminologia com a Política Criminal, Direito Penal ou com 
o Sistema de Justiça Criminal. 
A. O Direito Penal é condicionante e moldura da criminologia, visto que esta tem por objeto o estudo do crime e, 
assim, parte em suas diversas correntes e teorias, das definições criminais dogmáticas e legais postas pelo Direito 
Penal, e a elas se circunscreve. 
B. A Criminologia, especialmente em sua vertente crítica, tem como incumbência a explicação e justificação do 
Sistema de Justiça Criminal que tem por finalidade a implementação do Direito Penal e consequente prevenção 
criminal. 
C. A Política Criminal é uma disciplina que estuda estratégias estatais para atuação preventiva sobre a 
criminalidade, e que tem como uma das principais finalidades o estabelecimento de uma ponte eficaz entre a 
criminologia, enquanto ciência empírica, e o direito penal, enquanto ciência axiológica. 
D. A Política Criminal é condicionante e moldura da criminologia, visto que esta tem por objeto o estudo do crime 
e, assim, parte em suas diversas correntes e teorias, das definições criminais dogmáticas e legais postas pela 
Política Criminal, e a elas se circunscreve. 
E. As teorias criminológicas da integração ou do consenso apontam o sistema de justiça criminal como fator que 
pode aprofundar a criminalidade, deslocando o problema criminológico do plano da ação para o da reação. 
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101 
 
24. (Ano: 2018 Banca: VUNESP Órgão: PC-BA Prova: VUNESP - 2018 - PC-BA - Delegado de Polícia). No 
tocante às teorias da subcultura delinquente e da anomia, assinale a alternativa correta. 
A. Uma das principais críticas às teorias da subcultura delinquente é a de que ela não consegue oferecer uma 
explicação generalizadora da criminalidade, havendo um apego exclusivo a determinado tipo de criminalidade, 
sem que se tenha uma abordagem do todo. 
B. A teoria da anomia, sob a perspectiva de Durkheim, define-se a partir do sintoma do vazio produzido no 
momento em que os meios socioestruturais não satisfazem as expectativas culturais da sociedade, fazendo com 
que a falta de oportunidade leve à prática de atos irregulares para atingir os objetivos almejados. 
C. A teoria da anomia, sob a perspectiva de Merton, define-se a partir do momento em que a função da pena não é 
cumprida, por exemplo, instaura-se uma disfunção no corpo social que desacredita o sistema normativo de 
condutas, fazendo surgir a anomia. Portanto, a anomia não significa ausência de normas, mas o enfraquecimento 
de seu poder de influenciar condutas sociais. 
D. O utilitarismo da ação é um dos fatores que caracterizam a subcultura deliquencial sob a perspectiva de Albert 
Cohen. 
E. O sentimento de impunidade vivenciado por uma sociedade é antagônico ao conceito de anomia identificado 
sob a ótica de Durkheim. 
 
25. (Ano: 2018 Banca: CESPE Órgão: PC-MA Prova: CESPE - 2018 - PC-MA - Delegado de Polícia Civil). 
Dados publicados em dezembro de 2017 pelo Ministério da Justiça mostram que o Brasil tem uma taxa de 
superlotação nos estabelecimentos prisionais na ordem de 197,4%. 
Agência de Notícias, Empresa Brasil de Comunicação. 
Sob o enfoque da prevenção da infração penal no Estado democrático de direito, a superlotação carcerária 
aludida no fragmento de texto anterior é um problema que prejudica a 
I prevenção primária. 
II prevenção secundária. 
III prevenção terciária. 
 
Assinale a opção correta. 
A. Apenas o item II está certo. 
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102 
B. Apenas o item III está certo. 
C. Apenas os itens I e II estão certos. 
D. Apenas os itens I e III estão certos. 
E. Todos os itens estão certos. 
 
GABARITO 
1 – E; 2 – B; 3 – E; 4 – E; 5 – A; 6 – A; 7 – E; 8 – D; 9 – C; 10 – E; 11 – C; 12 – E; 13 – C; 14 – E; 15 – C; 16 – 
E; 17 – B; 18 –o que ocorreu, concretizou-se de forma linear? 
Ao acabar uma Escola da Criminologia, começava outra na sequência? 
A resposta para esses questionamentos é não, vez que sabemos que movimentos históricos em todos os 
momentos influenciaram e ainda influenciam na produção e evolução da Criminologia. E ousamos dizer que, 
talvez o principal fenômeno histórico que tenha influenciado a Criminologia - atuando como um divisor de águas -
tenha sido o período pós-guerra, o fim da 1ª Guerra Mundial principalmente. 
E nesse cenário, o que tivemos com relação ao eixo de poder do mundo? 
Houve mudanças que influenciaram na Criminologia? 
Explicamos. 
Até a 1ª Guerra Mundial quem detinha o poder bélico, financeiro, econômico, artístico e cultural do 
mundo era a Europa. Isso se comprova pelo fato de que todas as produções Criminológicas de referência dessa 
época são da Europa, principalmente da Itália. 
Posterior a esse período pós-guerra e devido suas consequências, temos o deslocamento desse eixo 
politico, econômico, cultural, entre outros para os países dos Estados Unidos da América, e com isso ganhamos 
um campo fértil para a discussão de ideias criminológicas. 
 
Aqui vale um “parêntese”. Quando falamos em Teoria do Consenso e Teoria do Conflito, ocorrido no 
chamado giro sociológico da Criminologia (que veremos mais a frente) é justamente o momento em que os 
EUA assumem o papel de protagonismo na produção de Teorias Criminológicas: Escola de Chicago, 
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8 
Associação Diferencial, Anomia, Subcultura Delinquente, Labeling Approach, a própria Criminologia Crítica 
(que surge de uma Escola e Universidade Americana e de uma Universidade Inglesa). 
Assim, é muito importante que o candidato tenha em mente e faça a todo o momento, essa correlação 
histórica da Criminologia, para ajudar a situar-se na cronologia dos fatos, e fugir da mesmice, desprendendo-
se da ideia de que devemos somente nos ater aos princípios quando o tema é a Criminologia. Temos e 
devemos fazer sempre um “link” com a História. Isso ajuda a entender melhor o tema, assim como 
enriquecer o conhecimento com datas, fatos e momentos marcantes. Trata-se de um ponto essencial para as 
provas dissertativas. 
 
Dica – Aprofundamento – Provocações: 
Professor Murillo Ribeiro, faz menção interessante sobre a abordagem de um magistrado 
do Estado de São Paulo sobre a Criminologia e o Direito Penal. Replicamos: 
O doutrinador, operador de Direito Penal (o penalista, o estudioso do Direito Penal) fica vinculado a um 
tabuleiro de xadrez. Assim, dentro daquele tabuleiro ele poderá mexer as peças, que são os princípios, as 
normas. Ele pode dar um “xeque-mate”, pode mover um princípio ou outro dentro daquele tabuleiro, 
contudo, ainda sim tem sua atuação limitada e fica restrito às regras daquele jogo. 
Já o Criminólogo, o que ele faz com esse “tabuleiro”? Joga ele para cima. 
O criminólogo quer saber o que tem debaixo daquele tabuleiro, quer saber aquilo que não está expressamente 
escrito, o que se tem por trás, o que está obscuro, escondido. O criminólogo é sempre alguém curioso, que 
quer conhecer a fundo a realidade e que vai tecer profundas críticas sobre os fatos analisados, de forma clara, 
ou nas entrelinhas. 
1.1.1 Introdução e Elementos Principais 
 
- Terminologia 
Nada melhor que introduzir um tema com sua terminologia. 
Etimologicamente, criminologia vem do latim crimino (crime) e do grego logos (estudo, tratado), 
significando o “estudo do crime”. Para Afrânio Peixoto (1953, p. 11), a criminologia” é a ciência que estuda os 
crimes e os criminosos, isto é, a criminalidade”. Entretanto, a criminologia não estuda apenas o crime, mas 
também as circunstâncias sociais, a vítima, o criminoso, o prognóstico delitivo etc. 
A palavra “criminologia” foi pela primeira vez usada em 1883 por Paul Topinard e aplicada 
internacionalmente por Raffaele Garófalo, em seu livro Criminologia, no ano de 1885. Pode-se conceituar 
criminologia como a ciência empírica (baseada na observação e na experiência) e interdisciplinar que tem por 
objeto de análise o crime, a personalidade do autor do comportamento delitivo, da vítima e o controle social das 
condutas criminosas. 
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A criminologia é uma ciência do “ser”, empírica, na medida em que seu objeto (crime, criminoso, vítima 
e controle social) é visível no mundo real e não no mundo dos valores, como ocorre com o direito, que é uma 
ciência do “dever-ser”, portanto normativa e valorativa. 
A interdisciplinaridade da criminologia decorre de sua própria consolidação histórica como ciência 
dotada de autonomia, à vista da influência profunda de diversas outras ciências, tais como a sociologia, a 
psicologia, o direito, a medicina legal etc. 
 
Nessa toada, trazemos o significado da palavra Criminologia, ou seja, sua origem. Sua terminologia vem 
o latim crimen, crimino (crime delito) e logo (tratado/estudo), portanto, a Criminologia na sua origem 
etimológica (e aqui não confundir com etiológica- causa), vem do latim, que significa tratado ou estudo do 
crime. 
 
Até o século XX a Criminologia só se preocupava com delito e delinquente (crime e criminoso). Contudo 
e, principalmente depois do mencionado giro criminológico, passa-se a discutir outros aspectos relevantes para a 
Criminologia, como a vítima e o controle social. 
- Conceito 
A CRIMINOLOGIA pode ser conceituada como sendo a ciência empírica e interdisciplinar, que se ocupa 
do estudo do crime, da pessoa do infrator, da vítima e do controle social do comportamento delitivo, e que trata de 
subministrar uma informação válida, contrastada, sobre a gênese, dinâmica e variáveis principais do crime – 
contemplado este como problema individual e como problema social - , assim como sobre os programas de 
prevenção eficaz do mesmo e técnicas de intervenção positiva no homem delinquente e nos diversos modelos ou 
sistemas de resposta ao delito (Antonio García-Pablos de Molina). 
 
Curiosidade: Quem criou o termo Criminologia? 
(poucas provas cobram esses aspectos pontuais, um exemplo é a banca do Estado de São Paulo). 
Quem criou o termo foi Paul Topinard (1830-1911), mas apesar de ser o criador da terminologia, ela foi 
difundida no cenário internacional por Raffaele Garofalo (1851-1934). 
 Marco Científico 
 Quando falamos em marco científico é importante que se estabeleça qual foi a primeira obra (produção) 
dessa determinada etapa científica da Criminologia. Nesse sentido, destacamos aqui a obra de “O Homem 
Delinquente -1876” de Cesare Lombroso, como marco científico, sendo a obra inaugural da fase positivista. 
 
Mas e a obra dos Delitos e das Penas? 
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Observação: temos ainda a obra “Dos delitos e das Penas 1764” de Beccaria (Marquês de Beccaria, ou ainda 
Cesare Bonesana), mas este foi o autor da 1ª obra da Escola Clássica. A obra apesar de abordar aspectos 
relevantes para a Criminologia está localizada na etapa pré-científica (como já mencionado na Escola 
Clássica) e o método adotado por essa Escola, era um método típico do Direito Penal – normativo, lógico, 
abstrato. Assim, apesar de termos uma obra mais antiga que a de Lombroso, é somente a partir da etapa 
científica que temos o chamado marco científico ou marco teórico. 
*Em tempo ressaltamos que sempre tivemos estudos, desde as épocas mais remotas, sobre crime e 
criminalidade, mas, com aspecto científico, de autonomia científica é somente na Escola Positivista com “O 
Homem Delinquente” de Lombroso que damos esse “start”, sendo essa considerada a primeira obra da 
Criminologia. 
1.1.1.1 Conceitos, Métodos, Funções, Objetos de Estudo 
 
a) Conceito 
O conceito apresentado não terá o objetivo de ser o único dentre as doutrinas a se encaixar no contexto, 
mas sem dúvidas pode serB; 19 – A; 20 – E; 21 – B; 22 – A; 23 – C; 24 – A; 25 – B. 
 
5. Bibliografia 
 
 Penteado Filho, Nestor Sampaio Manual esquemático de criminologia / Nestor Sampaio Penteado Filho. – 
8. ed. – São Paulo : Saraiva Educação, 2018. 
 COLEÇÃO CARREIRAS POLICIAIS - CRIMINOLOGIA (2018); Autores: Eduardo Fontes e Henrique 
Hoffmann. 
 Criminologia/ Natacha Alves de Oliveira - Salvador: Editora JusPodivm, 2019. 304 p. (Sinopses para 
Concursos/ coordenador Leonardo Garcia). 
 COLEÇÃO CARREIRAS POLICIAIS - CRIMINOLOGIA (2020); Autores: Eduardo Fontes e Henrique 
Hoffmann. 
 
 
 
 
Licenciado para: ANTONIO CARLOS - CPF: 013.229.675-63considerado o que mais se amolda ao objeto do estudo. Trata-se de conceituação 
elaborada por Antonio Garcia-plabos De Molina e, julgamos a mais relevante vez que, dentro do próprio conceito 
ele avança em objeto de estudo, métodos e funções da Criminologia. Segue: 
 
“Ciência empírica e interdisciplinar, que se ocupa do estudo do crime, da pessoa do 
infrator, da vítima e do controle social do comportamento delitivo, e que trata de 
subministrar uma informação válida e contrastada, sobre a gênese, dinâmica e variáveis 
principais do crime, contemplando-o este como problema individual e como problema 
social, assim como sobre os programas de prevenção eficaz do mesmo e técnicas de 
intervenção positiva no homem delinquente e nos diversos modelos ou sistemas de 
resposta ao delito”. 
 
 No presente conceito podemos vislumbrar: 
ü Métodos – Empírico e Interdisciplinar; 
ü Objetos – Crime, Delinquente, Vítima e Controle Social; 
ü Funções – Programas de Prevenção, Técnicas de Intervenção e Modelos ou Sistemas de 
resposta ao delito; 
 
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A criminologia é a ciência autônoma, empírica e interdisciplinar, que tem por objeto o estudo do crime, 
do criminoso, da vítima e do controle social da conduta criminosa, com o escopo de prevenção e controle da 
criminalidade. 
Inicialmente, afirma-se que consiste em uma ciência, pois apresenta função, método e objeto próprios, 
prestando-se a fornecer, a partir do método empírico, informações dotadas de validade e confiabilidade sobre o 
delito. 
Trata-se de uma ciência empírica, pois se baseia na experiência e na observação da realidade dos fatos, 
visto que seu objeto de estudo (crime, criminoso, vítima e controle social) se situa no plano da realidade e não no 
plano dos valores. Neste aspecto, diferencia-se do Direito, já que é considerada uma ciência do “ser”, ao passo que 
o Direito é uma ciência do “dever ser”, com caráter normativo e valorativo. 
Revela-se como uma ciência interdisciplinar, pois se vale do conhecimento de diversos ramos da área do 
saber, como a sociologia, a psicologia, o direito, a biologia, a medicina legal, a psiquiatria, a antropologia etc. 
 
b) Métodos da Criminologia 
(comparativo dos métodos da ciência criminológica, com os métodos do Direito Penal). 
 
A Criminologia está oposta ao Direito Penal, uma vez que trabalha de forma indutiva, e não dedutiva, 
como o segundo. Enquanto a Criminologia utiliza um método empírico, observando a realidade para analisá-la e 
extrair das experiências as consequências, o Direito Penal faz uso do método dedutivo, partindo da regra geral para 
o caso concreto de forma lógica e abstrata. Se à criminologia interessa saber como é a realidade, para explicá-la e 
compreender o problema criminal, bem como transformá-la, ao Direito Penal só lhe preocupa o crime enquanto 
fato descrito na norma legal, para descobrir sua adequação típica. A criminologia se baseia mais em fatos que em 
opiniões, mais na observação que nos discursos ou silogismos. 
A presente matéria se utiliza dos métodos biológico e sociológico. Como ciência empírica e experimental 
que é, utiliza-se da metodologia experimental, naturalística e indutiva para estudar o delinquente, não sendo 
suficiente, no entanto, para delimitar as causas da criminalidade. Por consequência disso, busca auxílio dos 
métodos estatísticos, históricos e sociológicos, além do biológico. 
Nessa linha, corroborando ao exposto (Penteado Filho, Nestor Sampaio Manual esquemático de 
criminologia / Nestor Sampaio Penteado Filho. – 8. ed. – São Paulo : Saraiva Educação, 2018): 
Método é o meio pelo qual o raciocínio humano procura desvendar um fato, referente à 
natureza, à sociedade e ao próprio homem. 
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12 
No campo da criminologia, essa reflexão humana deve estar apoiada em bases científicas, 
sistematizadas por experiências, comparadas e repetidas, visando buscar a realidade que 
se quer alcançar. A criminologia se utiliza dos métodos biológico e sociológico. 
Como ciência empírica e experimental que é, a criminologia utiliza-se da metodologia 
experimental, naturalística e indutiva para estudar o delinquente, não sendo suficiente, no 
entanto, para delimitar as causas da criminalidade. Por consequência disso, busca auxílio 
dos métodos estatísticos, históricos e sociológicos, além do biológico. Observando em 
minúcias o delito, a criminologia usa, portanto, métodos científicos em seus estudos. Os 
fins básicos (por vezes confundidos com suas funções) da criminologia são informar a 
sociedade e os poderes constituídos acerca do crime, do criminoso, da vítima e dos 
mecanismos de controle social. Ainda: a luta contra a criminalidade (controle e prevenção 
criminal). 
A criminologia tem enfoque multidisciplinar, porque se relaciona com o direito penal, com 
a biologia, a psiquiatria, a psicologia, a sociologia etc. 
 
Métodos da Criminologia 
Método Empírico – análise e observação da realidade. O Criminólogo é alguém que vai in loco, para 
estudar aquilo que pretende. Sendo assim, se o objeto de estudo de determinado criminólogo é o estudo de crimes 
cometidos em zonas rurais, ele certamente irá se deslocar a até as zonas rurais para que possa verificar todos os 
fatos e pontos relevantes. (irá conversar com os agricultores, analisará o ambiente, as pessoas, os índices, ou seja, 
vai realizar uma verdadeira observação da realidade, para somente depois tirar/elaborar certas conclusões). 
 
 Questão – Empírico é o mesmo que experimental? 
Cuidado. Algumas obras de Criminologia trazem essas expressões como sinônimas 
trazendo que Criminologia é uma ciência experimental, mas atenção, Molina faz essa 
advertência e é muito relevante. Embora a maior parte da análise da observação da 
realidade seja empírica e experimental, não é sempre que isso acontece. 
Por quê? 
Pode ser que na prática seja inviável essa experimentação, ou que ela seja até mesmo 
ilícita. 
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13 
Exemplo: Criminólogo quer fazer um estudo da influência do uso de drogas e 
eventual potencialidade delitiva. 
Ele poderá fazer uma análise empírica desse fenômeno, e para isso bastará se 
deslocar aos locais onde usuários vivem e frequentam, onde consomem drogas, onde 
eventualmente praticam os crimes, e poderá ainda, caso aceitem, entrevistá-los. 
No entanto, esse criminólogo poderá experimentar essa realidade, fazendo uso de 
drogas para ver a potencialidade e influência desta para o cometimento de delitos? 
Não. No Brasil essa conduta não poderia ser realizada, isso porque o simples fato 
dele importar a droga para consumo caracterizaria o crime previsto na lei 
11.343/2006, isso sem contar os efeitos nocivos que a substância iria causar em seu 
organismo, estando esse violando sua integridade física e saúde, em razão do 
consumo. 
Se liga: 
Nesse exemplo vemos claramente que o estudo será empírico, mas nem sempre experimental. 
Assim, é fundamental essa diferenciação. Nesse sentido concluímos que a relação 
empírico/experimental, é contingencial e não necessária. 
 Método Indutivo – seria aquela análise de uma situação particular para uma situação geral. Com isso o 
criminólogo irá analisar situações particulares e concretas para depois tecer algum tipo de conclusão. (assim ele 
estaria “indo” de baixo para cima). 
Questão – O Direito Penal usa o método indutivo, principalmente na aplicação da lei 
penal? 
Não. O Direito Penal usa o método inverso (dedutivo). Primeiro nós temos o tipo penal 
incriminador (saímos de uma situação abstrata) para depois verificar se a conduta praticada 
pelo agente se “encaixa” na norma incriminadora. 
Podemos ter a conduta e depois criar um tipo penal incriminador visando puni-la? 
Sabemos muito bem que não. Princípio da Anterioridade da Norma Penal.Aqui ainda podemos mencionar uma relação entre o método empírico e o dedutivo, vez que o 
criminológo parte da análise do caso concreto (realidade), para depois tecer comentários, conclusões. 
Observação: muitos podem se questionar: Mas na Exposição de Motivos, na criação de normas penais, não 
podemos ter a contribuição da Criminologia na sua análise empírica? 
Claro que pode, mas não é um método do Direito Penal na aplicação da lei penal. 
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RESUMINDO: 
 O Método é empírico e não necessariamente experimental: a observação é necessária, pois o objeto da 
investigação pode tornar inviável ou ilícita a experimentação. Dada complexidade do fenômeno delitivo, cabe sim 
completar o método empírico com outras de natureza qualitativa, não incompatíveis com aquele. 
 
 Método Interdisciplinar - A Criminologia seria uma disciplina interdisciplinar porque para a criação de seu 
conhecimento específico/ científico, vai se utilizar da contribuição de diversos outros ramos, de diversas outras 
ciências. 
 Quando trabalhamos com Direito Penal, vamos buscar fundamentação jurídica, Teorias Nacionais, Teorias 
Estrangeiras, Tipicidade, Ilicitude, Culpabilidade, Teoria da Norma, Teoria da Pena, do Crime, etc.. 
 Na Criminologia, para a produção desse conhecimento, várias outras disciplinas irão auxiliar, como por 
exemplo: Psicologia Criminal, Biologia Criminal, Geografia Criminal, Sociologia Criminal, etc.. 
 
Cuidado: isso não quer dizer que a Criminologia não tem um conhecimento próprio. Ela cria seu 
conhecimento científico baseado na contribuição de diversas outras áreas. 
Observação: essas considerações mencionadas serão as que encontraremos na maioria das obras sobre 
Criminologia, contudo, é necessário fazer uma observação quanto à obra “Manual Esquemático de 
Criminologia”, do Delegado de Polícia do Estado de São Paulo, Nestor Sampaio Penteado Filho, que 
adota como método da criminologia os métodos Biológicos e Sociológicos. 
E com relação a esses métodos, ele quer dizer que em uma análise da realidade, partindo de uma situação 
particular, trabalhando com essa cooperação de diversas disciplinas, a Criminologia usa também de métodos 
biológicos e sociológicos, não ficando restrita a questão biológica, ou somente a sociológica. Sendo assim 
cuidado, porque mesmo que essas expressões sejam minoritárias no meio das doutrinas, vez ou outra, os 
concursos para Delegado de Polícia vêm cobrando. (principalmente no estado de São Paulo). 
 
 Métodos do Direito Penal: 
 - Método Normativo (Ciência Normativa) 
 - Método Lógico 
 - Método Abstrato 
 - Método Dedutivo 
 
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Dica de Prova: 
Analisando esses métodos utilizados pelo Direito Penal, podemos facilmente eliminar muitas afirmações 
erradas colocadas em provas como: 
 - a Criminologia é uma ciência normativa; 
 - a Criminologia é uma ciência lógica; 
 - a Criminologia é uma ciência abstrata; 
 - a Criminologia é uma ciência dedutiva; 
 
Vimos que o Direito Penal se apropria dos estudos da Criminologia (Exposição de Motivos das 
normas penais). 
Diante disso podemos afirmar que há uma subordinação da Criminologia perante o 
Direito Penal? 
NÃO. Muito cuidado com isso. 
Não há subordinação da Criminologia para com o Direito Penal. 
 
 Observação: 
Aqui, vale fazer um “link futuro” registrando que essa diferenciação entre os métodos será muito 
importante quando formos estudar as diferenças entre as Escolas Criminológicas, onde na verdade não 
houve uma “luta de/ou entre Escolas”, mas sim uma “luta de métodos”, isso porque, os “clássicos” 
adotavam a metodologia típica do Direito Penal como base de estudos, e os “positivistas” adotavam a 
metodologia típica da Criminologia. 
 
Nessa toada, ainda registramos que Antonio Garcia-pablos de Molina traz 02 (duas) classificações 
aprofundando esse conhecimento sobre métodos. Ele traz nomenclaturas próprias e, se o candidato não tiver 
conhecimento, dificilmente acertará na prova. Para Molina temos métodos e técnicas de investigação 
denominadas: Quantitativa, Qualitativa, Transversais e Longitudinais. 
Vejamos: 
Quantitativa: Estatística (método por excelência), questionário, métodos de medição. 
Explicam a etiologia, a gênese e o desenvolvimento. Por si só são insuficientes. 
 Exemplo: questionar em sala de aula quem já foi vítima de crime patrimonial. 
Qualitativa: Observação participante e a entrevista. 
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Permite compreender as chaves profundas de um problema. 
Exemplo: pegar os alunos que já foram vítimas de crimes patrimoniais, e fazer uma reunião 
para debater esse assunto e verificar outros pontos, fazer mais questionamentos. 
Transversais: tomam uma única medição da variável ou do fenômeno examinado. 
 Exemplo: Estudos estatísticos. 
Longitudinal: tomam várias medições, em diferentes momentos temporais. 
Exemplo: Estudos de seguimento (follow up), as biografias criminais, os ‘case studies’. Os 
Modernos estudos sobre carreiras criminais. 
 Observação - aqui podemos fazer uma reflexão: 
Quando falamos em Criminologia Atual, não podemos mais ficar “presos” aos pontos que estudamos na Escola 
Clássica e Positiva. Isso porque, essas Escolas estavam preocupadas somente em conceituar quem é o 
delinquente, o que é o delito, qual a contribuição da vitima, qual o tipo de pena que deveria ser adotada para 
determinado caso, enfim, tinha-se uma preocupação etiológica, causal do fenômeno explicativo. 
O atual e moderno estudo da Criminologia já toma outra vertente, são chamados de “estudos de carreiras 
criminais”. Assim estudam-se as atuais discussões de Criminologia (os filmes mostram muito isso - no FBI, 
nas Universidades de Direito dos EUA, nas agências de controle, na Scotland Yard, na CIA, etc..), e com isso 
podemos perceber que esses estudos, são estudos de carreiras criminais, por exemplo, o estudo sobre serial 
killers. 
Exemplo: Adianta simplesmente estudar o serial killer e estabelecer um conceito de delito e 
conceito de delinquente? 
Não. A Criminologia atual vai “pegar” esse individuo e estudar de que forma ele foi atuado ou 
atingido na sua vida toda. Seria um estudo de carreira criminal: qual foi seu primeiro contato com o 
crime; como era sua relação familiar; de que forma o primeiro crime o influenciou para que ele 
cometesse o segundo crime; (esses são exemplos de técnicas longitudinais que irão analisar vários 
métodos de medição). 
Vejam que a Criminologia atual está mais relacionada na carreira criminal, onde se utiliza de 
diversos períodos da vida do infrator e se analisa alguns aspectos. 
 
Curiosidade: lembramos ainda que os estudos da Criminologia Atual não se voltam necessariamente 
no caráter repressivo (estudos de pessoas que já são criminosas), os estudos vão além desse grupo de pessoas. 
Em Portugal, temos notícias que de já estão analisando e fazendo modelos de prevenção baseados em 
Criminologia com crianças de 06 e 07 anos. Estão observando o comportamento dessas crianças, verificando 
de que forma: 
• As escolas passam valores; 
• As escolas analisam os diversos perfis dessas crianças; 
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17 
• É oferecido ou veiculado um sonho ou modelo de sucesso para essas crianças; 
• Essas crianças absorvem os valores internos de sua residência, etc.. 
Tudo isso para prevenir que no futuro elas se tornem criminosas. Assim, pequenos desvios de conduta, nessa 
fase tão precoce da vida já são observados pela “Moderna Criminologia". 
❌"# Cuidado: 
Não se trata de afirmação de que determinada criança tem um gene criminoso (Teoria de Lombroso), que 
nasceu criminosa e é só uma questão de tempo para que isso se exteriorize. Não! Não é nada disso! 
A ModernaCriminologia tem como forma de estudo analisar como “vários fatores”, ou seja, 
“razões multifatoriais” podem impactar na criminalidade. 
 Hoje no Brasil quais são os principais aspectos relacionados à Criminologia? 
O Sistema Prisional. Temos que ele é uma espécie de aquário. Ao analisarmos o que ocorre lá 
dentro, vemos um campo fértil para a discussão da Criminologia. Podemos trabalhar 
questionamentos como: 
De que forma esse indivíduo constrói uma carreira criminal, baseado em seu cárcere, ou em sua 
primeira prisionalização? (e, diga-se de passagem, trata-se de um ponto que posteriormente será 
discutido muito ao falarmos na Teoria do Labeling Approach, nas Teorias de Conflito). 
 
Finalizando, temos que, quando falamos nesses métodos e técnicas trabalhados por Antonio 
Garcia-pablos de Molina, (métodos longitudinais) é o que a atual e moderna Criminologia tem 
feito como base de estudo pelo mundo todo. 
 
c) Objetos da Criminologia – Delito, Delinquente, Vítima e Controle Social. 
 
Embora tanto o Direito Penal quanto a Criminologia se ocupem em estudar o crime, ambos dedicam 
enfoques diferentes para o fenômeno criminal. 
O Direito Penal é ciência normativa, visualizando o crime como conduta anormal para a qual fixa 
uma punição, conceitua crime como conduta (ação ou omissão) típica, antijurídica e culpável 
(corrente causalista). 
Por seu turno, a Criminologia vê o crime como um problema social, um verdadeiro fenômeno 
comunitário, abrangendo quatro elementos constitutivos, a saber: 
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18 
 - a incidência massiva na população (não se pode tipificar como crime um fato isolado); 
 - a incidência aflitiva do fato praticado (o crime deve causar dor à vítima e à comunidade); 
- persistência espaço-temporal do fato delituoso (é preciso que o delito ocorra 
reiteradamente por um período significativo de tempo no mesmo território) e; 
-consenso inequívoco acerca de sua etiologia e técnicas de intervenção eficazes (a 
criminalização de condutas depende de uma análise minuciosa desses elementos e sua 
repercussão na sociedade). 
Desde os primórdios até os dias de hoje a Criminologia sofreu mudanças importantes em seu objeto 
de estudo. Houve tempo em que ela apenas se ocupava do estudo do crime (Beccaria), passando 
pela verificação do delinquente (Escola Positiva). Após a década de 1950, alcançou projeção o 
estudo das vítimas e também os mecanismos de controle social, havendo uma ampliação de 
seu objeto, que assumiu, portanto, uma feição pluridimensional e interacionista. 
Atualmente o objeto da Criminologia está dividido em quatro vertentes: delito, delinquente, vítima 
e controle social. Vimos anteriormente que na Criminologia tradicional a vítima e o controle social 
não integravam a ciência enquanto objeto de estudo. 
Dessa forma, temos que até o século XX, tínhamos apenas o estudo do delito e do delinquente, 
vindo somente depois a Criminologia se preocupar com o estudo da vítima e do controle social. 
Com isso reforçamos a fixação com o seguinte questionamento: 
Hoje em nosso atual estágio de evolução científico, podemos considerar somente o crime e o 
criminoso para análise criminológica? 
Não. Diversos fatores influenciam, desde fatores físicos; ambientais; local onde o crime é cometido. 
Até aspectos relacionados com o clima e momento político devem ser verificados. Pontos 
relacionados à sociologia; valor de sucesso; sociedades competitivas; modelo de sistema de 
governo; etc.. Tudo isso pode influenciar e deixar essa análise mais complexa e completa. Por esse 
motivo os atuais objetos da Criminologia são 04 (quatro): Delito, Delinquente, Vítima e Controle 
Social. 
 
RESUMINDO 
Temos que por muito tempo, o objeto tradicional de estudo da Criminologia foi embasado pelos 
ideais da Escola Positiva (Lombroso, Garofalo, Ferri), sendo subdividido em dois: DELITO e 
DELINQUENTE. Nos meados do Século XX, particularmente de sua metade até os dias atuais, 
foram acrescentados dois outros pontos de interesse: VÍTIMA e CONTROLE SOCIAL. Hoje, 
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19 
portanto, é pacífica a divisão do objeto da Criminologia em quatro vertentes: DELITO, 
DELINQUENTE, VÍTIMA e CONTROLE SOCIAL. 
Qual seria então o objeto da criminologia? 
O estudo do crime, do criminoso, da vítima e do controle social (objeto atual) e que trata de 
fornecer uma informação segura sobre a gênese, dinâmica e variáveis principais do evento delitivo. 
 
 
Análise dos OBJETOS da Criminologia: 
v Delito - iniciamos esse objeto com a seguinte provocação: 
O conceito de delito para a Criminologia é o mesmo do que para o Direito Penal? 
Não. O que temos no Direito Penal é uma ciência normativa, lógica e abstrata, para criar, 
sobretudo normas penais incriminadoras e assim viabilizar a persecução penal. Por certo 
prisma podemos concordar que o Direito Penal trabalha com o estudo do fenômeno da 
criminalidade, em sua prevenção. Nesse sentido, o Direito Penal pode sim ser considerado 
uma forma jurídica abstrata de controlar a sociedade. 
Conforme exposto acima, tanto o Direito Penal quanto a Criminologia se ocupam em estudar 
o crime, ambos dedicam enfoques diferentes para o fenômeno criminal. O direito penal é 
ciência normativa, visualizando o crime como conduta anormal para a qual fixa uma 
punição. O direito penal conceitua crime como conduta (ação ou omissão) típica, antijurídica 
e culpável (corrente causalista). Já a Criminologia vê o crime como um problema social, um 
verdadeiro fenômeno comunitário. 
 
MAS ATENÇÃO – Reforçamos o tema porque foi objeto de cobrança na prova de Escrivão de Minas 
Gerais: 
O conceito de delito para Criminologia é o mesmo do Direito Penal? 
Como vimos, não. 
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Contudo teve uma frase polêmica no certame acima mencionado que dizia o seguinte: 
Os objetivos da Criminologia e do Direito Penal são os mesmos, mas a metodologia e a forma de agir seriam 
diferentes. 
 Veja, muito cuidado: 
Os objetivos da Criminologia não são diversos do Direito Penal, vez que nela: estudamos os 
fenômenos do crime; tentamos explicar e prevenir o delito; buscamos a melhor forma de intervenção 
positiva ao infrator; se estuda o melhor modelo de prevenção e resposta aos delitos, etc.. 
O que diverge a Criminologia do Direito Penal são os métodos utilizados. O Direito Penal fica 
vinculado de certa forma a dogmática jurídica, e justamente essa vinculação é motivo de criticas pela 
Criminologia. A Criminologia vai criticar o Direito Penal, porque ele trabalha com um “pano de 
fundo” baseado num critério político, de dominação de poder (quem cria normas penais 
incriminadoras? Na Teoria seríamos nós, vez que todo Poder emana do Povo, mas na prática tais 
normas são criadas pelo Poder Legislativo dominado por diversos interesses). 
Sendo assim, a metodologia de estudo da Criminologia e do Direito Penal são completamente diferentes, mas 
os seus objetivos desaguam num denominador comum. Com isso, a AFIRMATIVA APRESENTADA NA 
PROVA DE ESCRIVÃO DE MINAS GERAIS TEM UM CUNHO VERDADEIRO, ou seja, sim a 
Criminologia e o Direito Penal possuem os mesmos objetivos, apesar de muitos ao realizarem uma análise 
rápida e superficial da afirmativa acharem que não. Nessa toada, verificamos a importância da distinção de 
conceito, objeto e objetivo. 
 
Na Criminologia iremos nos preocupar com 04 (quatro) características do conceito de delito: 
• Incidência massiva na população: 
O que isso significa? 
Por que a Criminologia adota a incidência massiva na população, na 
sociedade como uma característica do conceito de delito? 
Porque o delito não pode ser um fato isolado, ele precisa tem uma incidência 
massiva na população. E aqui vale mencionar a crítica de Sérgio Salomão 
Shecaira à criminalização do tipo penal que temos noBrasil que é o de 
“molestar cetáceo” (incomodar baleias, constranger golfinhos). 
 
Curiosidade – Caso do Golfinho encalhado na praia do Rio de Janeiro. 
Na década de 80 no Rio de Janeiro, um filhote de golfinho ficou encalhado na areia 
da praia e um indivíduo que estava em volta do cetáceo (como os demais curiosos) 
enfiou um palito de sorvete que tinha em sua mão na narina do animal. Na sequência 
devido à obstrução nasal causada pelo palito de sorvete, o filhote veio a morrer. 
 
• Incidência aflitiva: 
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O crime é capaz de causar constrangimento, angústia? 
O crime é algo necessariamente ruim, constrangedor (claro que em maior e 
menor grau) à uma pessoa individualmente considerada ou a um número 
determinado de pessoas. 
Quando temos um crime como o de pesca irregular, temos a 
violação de um bem jurídico de uma pessoa individualmente 
considerada? 
Não. O ecossistema, sua manutenção e equilíbrio são os violados. 
 
Ainda sobre a incidência aflitiva temos a seguinte pontuação: 
Sérgio Salomão Shecaira faz novamente outra crítica a nossa legislação. 
Temos uma lei penal no Brasil (bastante antiga, mas ainda em vigor), que 
pune criminalmente a utilização da expressão “couro sintético” em 
mercadorias. Ou seja, se usarmos a expressão couro sintético estamos 
cometendo um crime, isso porque se é couro não é sintético, e se é sintético 
não é couro. 
Essa conduta tem incidência aflitiva? 
Ao lermos uma etiqueta com tais dizeres ficamos constrangidos? 
Obviamente que não. Temos aqui então mais uma prova de que num viés 
criminológico essa conduta não poderia ser considerada como um delito para 
a Criminologia, tão pouco para o Direito Penal. 
 
• Persistência Espaço-temporal: além de ter incidência massiva na população, 
ter incidência aflitiva, a conduta considerada criminosa deve acontecer com 
certa regularidade no espaço e no tempo para que possa de fato ser mantida 
nesse conceito de delito. 
(Atenção: não é que a conduta deve ocorrer em todo lugar do mundo, mas 
deve haver essa persistência no espaço e no tempo de determinada 
localidade). 
 
• Inequívoco consenso da necessidade de punição, de criminalização de um 
delito: nesse ponto temos que determinada conduta possa ter as 03 (três) 
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22 
características já mencionadas acima, contudo ainda sim não há na sociedade 
inequívoco consenso de que ela deva ser criminalizada. 
 
(O exemplo mais clássico que temos, e inclusive é o adotado por Shecaira, é a 
conduta/prática do uso do álcool). 
Vale ainda mencionar que a única diferença entre o consumo do álcool e da maconha no 
Brasil seria essa ultima característica apresentada: inequívoco consenso da necessidade de 
criminalização. 
 
Curiosidade: é importante deixar aqui como curiosidade que a proibição do uso de 
determinadas substâncias tem mais haver com o próprio controle do uso de drogas do que 
com o consumo em si. A maconha, por exemplo, fora criminalizada nos Estados Unidos 
porque era uma droga utilizada pelos mexicanos, e o seu uso atrapalhava a produtividade 
destes em seus trabalhados, fazendo com que ficassem mais lerdos prejudicando a produção 
das fábricas americanas. A criminalização do ópio no Egito também tem haver com a 
dominação de terras. No Brasil muito se falou na criminalização da maconha, porque esta era 
a substância utilizada pelos negros. 
Nesse passo, aqueles que se aprofundam um pouquinho mais nesse tema podem 
perfeitamente perceber que se trata muito mais de controle, dominação e poder do que de 
consumo. Como prova disso lembramos que as drogas utilizadas pelas classes superiores 
foram criminalizadas muito tempo depois das acima mencionadas. 
 
RESUMINDO 
Na visão da Criminologia, o crime é um fenômeno social, o qual exige uma percepção 
apurada para que seja compreendido em seus diversos sentidos. A relatividade do 
conceito de delito é patente na Criminologia, que o observa como um problema social. 
Diferentemente do Direito Penal, (ciência segundo a qual para a conduta ser considerada 
crime basta que viole uma lei penal preenchendo os requisitos tipicidade, ilicitude e 
culpabilidade), a Criminologia trabalha com requisitos diversos para conceituar crime. 
Para a criminologia, somente se pode falar em delito se a conduta preencher os seguintes 
elementos constitutivos: 
a) incidência massiva na população: reiteração na sociedade. Exemplo: incomodar 
cetáceo não é um comportamento que se repete diuturnamente na sociedade brasileira. 
Portanto, embora a conduta seja crime para o Direito Penal (art. 1º da Lei 7.643/87), para 
a criminologia lhe falta esse requisito. 
b) incidência aflitiva: produção de dor à vítima e à sociedade. Exemplo: utilizar 
inadequadamente a expressão couro sintético não traz aflição para a comunidade, 
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23 
embora se trate de delito para o Direito Penal (art. 1º da Lei 4.888/65 e art. 196 do 
Código Penal), para a criminologia é um irrelevante. 
c) persistência espaço-temporal: prática ao longo do território por um período de 
tempo relevante. Exemplo: a conduta de desatarraxar o esguicho do para-brisa do Fusca, 
conduta que virou febre na década de 60, não deve receber tratamento criminal especial. 
d) consenso sobre sua etiologia e técnicas de intervenção: concordância sobre suas 
causas e métodos de enfrentamento. Exemplo: o consumo imoderado de bebida alcoólica 
não tem contra si uma rejeição ampla e pacífica, daí porque não deve ser considerado 
crime. 
 
v Delinquente: 
 Não apenas o crime interessa à criminologia. O estudo do delinquente se mostra 
muito sério e importante. Dentro da Criminologia, as diversas escolas existentes, tanto as 
surgidas no âmbito da Criminologia Tradicional quanto da Criminologia Moderna, 
apresentam diferentes elementos sobre o delinquente. Conhecer cada uma dessas correntes é 
fundamental, e nada melhor que compreender “quem é o criminoso” em cada uma para 
dominar as demais questões da ciência criminológica. 
Quem é o delinquente, quem é o criminoso para a Criminologia? 
Não iremos esgotar os conceitos de delinquente para a Criminologia, mas de forma didática 
apresentaremos conceitos trazidos pelas Escolas Clássica, Positiva, Correcionalista, sobre o 
que seria delinquente para os Marxistas e qual seria o conceito de delinquente para a 
moderna e atual Criminologia. 
Delinquente – Escola Clássica: 
 (lembrando que a Escola Clássica encontra-se na etapa pré-cientifica da Criminologia) 
Quem era o delinquente para os Clássicos? 
Era o pecador que optou pelo mal. Tal conceituação se dava porque os clássicos 
acreditavam no livre-arbítrio, na vontade racional do homem. 
(para os clássicos o delinquente era aquele indivíduo que, por um juízo de valor seu 
‘pessoal’ optou por cometer crimes). 
Para a Escola Clássica, o criminoso era um ser que pecou, que optou pelo mal, 
embora pudesse e devesse escolher o bem. 
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24 
Nesse passo, ao optar realização de delitos o homem acabava por romper um elo de 
confiança com a sociedade, ou seja, quebrava de certa forma um ‘contrato social’ 
(link com Contrato Social de Rousseau). Contrato social grosso modo foi um modelo 
criado para que um Ente fictício pudesse regulamentar sociedade. 
(Antes do modelo do Contrato Social, a sociedade vivia em “guerra”, no sentido de os mais 
fortes e armados para o combate, vencia). 
Hoje essa não é mais uma realidade (ou pelo menos não deveria ser). Atualmente contamos 
com instrumentos jurídicos para solucionar os conflitos existentes entre os indivíduos. E para 
que chegássemos ao modelo que temos hoje, algumas liberdades foram limitadas pelo Estado 
para que houvesse a harmonia na sociedade. 
O crime para os clássicosseria então uma opção do homem que resultava na “quebra 
do contrato social”, ou seja, mesmo diante do livre arbítrio optava por ser um 
delinquente, infrator da norma. 
 
Delinquente – Escola Positiva/Positivista: 
(aqui já estamos dentro da etapa científica da Criminologia) 
Quem era o delinquente para os Positivistas? 
Os Positivistas de uma forma geral consideravam que o homem delinquente era um 
ser anormal, problemático, que possuía essa característica em seu DNA (nascia 
selvagem e criminoso) ou ainda que poderia ser influenciado por fatores físicos, 
sociais, antropológicas. Para Garofalo, o homem possuía uma anomalia psíquica e 
moral (como se fosse um déficit moral) e esse fato justificava as condutas 
criminosas. 
Resumindo, para os positivistas o criminoso seria um prisioneiro de sua própria 
patologia ou de processos causais alheios. Assim, para eles o problema do crime 
estava sempre no criminoso. 
 
A Escola Positiva entendia que o criminoso era um ser atávico, preso a sua 
deformação patológica (às vezes nascia criminoso). 
 
Delinquente - Escola Correcionalista: 
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25 
(Escola pouco mencionada pela doutrina. Não teve influência na América do sul. Um ou outro país 
Latino baseou-se nos estudos apresentados por essa Escola. Dessa forma não será estuda na linha do 
tempo das Escolas Criminológicas, justamente por não trazer muitos conceitos e influências à 
Criminologia do Brasil além de não ser objeto de cobrança em provas). 
Outra dimensão do delinquente foi confeccionada pela Escola Correcionalista, na 
qual o criminoso era um ser inferior e incapaz de se governar por si próprio, 
merecendo do Estado uma atitude pedagógica e de piedade. 
Para a Escola Correcionalista o delinquente era um animal inferior, um ser débil. E 
como um animal inferior e débil o Estado não deveria puni-lo, mas sim protegê-lo e 
orientá-lo. 
Resumindo, temos que para a Escola Correcionalista a atitude do Estado deveria ser 
sempre a de proteção e orientação. 
Observação - Talvez a única influência que o Brasil tenha tido com os estudos da Escola 
Correcionalista, tenha sido no tratamento dado ao adolescente infrator. 
(A Delegacia de Infrações cometidas por menores em Minas Gerais, por exemplo, é chamada 
Delegacia de Orientação e Proteção ao Menor Infrator). 
Assim, se o menor está em estágio de amadurecimento mental, intelectual, o Estado deve agir 
para orientá-lo e protegê-lo, dando o tratamento adequado para que ele possa entender o 
caráter ilícito de seus atos e de alguma forma se ressocializar, evitando que essa prática se 
torne frequente. 
(Reflexão: justamente por esse motivo é necessário analisar com cautelosos critérios a 
questão da menoridade penal). 
 
 Delinquente – Marxismo: 
 Quem era considerado culpado pela criminalidade para Marx? 
A própria sociedade, diante de certas estruturas econômicas. O modo de criação 
capitalista para essa parcela dos estudiosos era o que fomentava as desigualdades 
sociais e potencializava as condutas criminosas. 
Para os adeptos dessa Escola, atribui-se a responsabilidade do crime a determinadas 
estruturas econômicas, de maneira que o criminoso torna-se mera vítima daquelas. 
 
 
 
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Delinquente – Criminologia Atual/Moderna: 
Segundo o professor Sérgio Salomão Shecaira (Molina fala um pouco disso 
também), o conceito atual de delinquente seria aquele em que o indivíduo está sujeito 
às leis podendo ou não segui-las por razões multifatoriais. 
Nessa linha, o delinquente é examinado como unidade biopsicossocial, e não de uma 
perspectiva biopsicopatológica – os elementos biológicos, psicológicos e sociais 
ajudam a entender a conduta, mas não são determinantes de forma absoluta (fim da 
relação causa-efeito do paradigma etiológico). 
 
ESQUEMATIZANDO 
ESCOLA 
CLÁSSICA: 
ESCOLA 
POSITIVA: 
ESCOLA 
CORRECIONALISTA: 
MARXISMO: 
O delinquente era 
encarado como o pecador 
que optou pelo mal, 
embora pudesse e devesse 
respeitar a lei. 
 
Herança da doutrina do 
Contrato Social, de 
Rousseau. 
 
O cometimento do crime 
era um rompimento ao 
pacto e a pena deveria ser 
proporcional ao mal 
causado. 
 
O comportamento 
criminoso seria um mau 
uso da liberdade. 
 
Para a Escola Positiva, o 
infrator era um prisioneiro 
de sua própria patologia 
(determinismo biológico) 
ou de processos causais 
alheios (determinismo 
social). 
 
Enquanto para os 
clássicos a pena deveria 
ser proporcional ao mal 
causado, para os 
positivistas deveria ser 
utilizada uma medida de 
segurança com finalidade 
curativa, por tempo 
indeterminado, enquanto 
persistisse a patologia. 
 
Não teve reflexos 
significativos no Brasil. 
 
Defendia que o criminoso 
era um ser débil, inferior, 
e que deveria receber do 
Estado uma postura 
pedagógica e de proteção. 
 
Ex: proteção ao menor 
infrator no Brasil, tida 
como uma influência da 
corrente correcionalista. 
Para Marx, quem é 
culpável pelo crime é a 
própria sociedade, já que 
o crime seria decorrente 
de certas estruturas 
econômicas. 
 
Contemporaneamente, no 
entanto, há o giro 
sociológico da 
Criminologia e a 
necessidade de atenção 
aos enfoques político-
criminais. Abandona-se a 
perspectiva 
biopsicopatológica e 
assume-se a noção 
biopsicossocial. 
 
Nos dias atuais, portanto, 
delinquente é o indivíduo 
que está sujeito às leis, 
podendo ou não segui-las 
por razões multifatoriais e 
nem sempre assimiladas 
por outras pessoas. 
 
 
v Vítima: quando falamos em vítima na Criminologia, 03 principais assuntos 
costumam cair em prova: 
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27 
 - Períodos Históricos (análise da importância da vítima em toda nossa história); 
 - Tipos de vitimização (vitimização primária, secundária e terciária); 
 - Classificação das vítimas; 
 
Outro aspecto do objeto da criminologia se relaciona com o papel da vítima na gênese 
delitiva. Nos dois últimos séculos, o Direito Penal praticamente desprezou a vítima, 
relegando-a a uma insignificante participação na existência do delito. 
Nesse cenário, temos que a vítima passou a ser objeto de estudo da Criminologia a partir do 
século XX, momento em que tivemos uma ampliação dos objetos de estudos dessa ciência. 
 Historicamente, a figura da vítima observou 03 (três) fases bem delineadas: 
 
• Protagonismo (Idade de Ouro): esse período surge desde os primórdios da 
civilização e estendeu-se até o fim da alta Idade Média. No protagonismo a 
vítima atuava como detentora do Poder Punitivo e “reinava” a autotutela, a 
vingança privada, a Lei de Talião, “Olho por Olho, Dente por Dente”. 
A idade do ouro compreende desde os primórdios da civilização até o fim da 
Alta Idade Média (autotutela, lei de Talião etc.); 
• Neutralização (Esquecimento): no final da Alta Idade Média a vítima foi de 
certa forma neutralizada, caindo no esquecimento. O Estado tomou para si o 
monopólio da punição, não se preocupando mais com a vítima. A única 
relação que passou a existir foi a entre o Estado (que pune) e o infrator (que 
era punido). Não mais importava nesse momento histórico se a vítima ficou 
(ou não) traumatizada, se não teve (ou não) seus bens restituídos, etc. 
Exatamente nesse período institutos importantes como a legítima defesa, 
foram esquecidos pelas legislações. (registre-se: foram esquecidos 
propositalmente). 
 
• Redescobrimento (Revalorização): Somente após as ideias do Liberalismo 
Moderno, com ênfase no período pós-guerra, é que no tivemos o atual 
momento da vítima que chamamos de redescobrimento, revalorização. 
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A visão sobre a pessoa da vítima passou a ter contornos mais humanos, o 
Estado passou a se preocupar com ela, seus sentimentos, etc.. É exatamente 
nesse momento que tivemos a criaçãoda chamada “Vitimologia” que, para 
muitos tem autonomia de ciência. (não se trata de unanimidade, alguns 
defendem essa tese). 
 
O Brasil tem exemplos legislativos dessa preocupação com a vítima? 
Sim. 
- Lei 9.807/99 - Lei de Proteção a vítimas e testemunhas ameaçadas; 
- Lei 9.099/95 – Lei dos Juizados Especiais. 
(Temos ainda no mesmo sentido a Justiça Restaurativa, a Mediação, enfim, 
todos esses instrumentos que tentam evitar uma judicialização). 
 
Vitimização: aproveitando o estudo da VÍTIMA como objeto da Criminologia, é pertinente 
que façamos algumas considerações sobre os tipos de vitimização. 
Vitimização seria o sofrimento suportado pela vítima em razão de um evento traumático, 
(para a Criminologia - o crime). Assim, quando falarmos em vitimização devemos entender 
como sendo o sofrimento causado a vítima em decorrência de um crime. 
A vitimização por sua vez apresenta-se das seguintes formas: 
 
- Vitimização Primária: sofrimento suportado pela vítima em razão dos efeitos 
direitos e indiretos da conduta criminal. 
Cuidado: na vitimização primária temos efeitos da conduta criminal, mas os efeitos 
DIRETOS e INDIRETOS que possuem relação com a CONDUTA, com a AÇÃO do 
criminoso. 
Ex: vítima de roubo – efeito direto: subtração do patrimônio, indireto: trauma pela violência. 
 
- Vitimização Secundária: sofrimento suportado pela vítima em razão da 
burocratização estatal, aquele sofrimento suportado perante das fases de inquérito e 
processo, por exemplo. 
Ex: a vítima de crime sexual que optou por denunciar os fatos e acionar a polícia: 
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29 
- Conta todos os fatos inicialmente ao membro da polícia que atendeu a ocorrência; 
- Dá informações à equipe de apoio; 
- Dá informações ao Delegado; 
 - Declarações a termo; 
- Submete-se a exame de corpo de delito; 
- Audiência; 
Etc. 
 
- Vitimização Terciária: sofrimento suportado pela vítima em razão da omissão 
estatal e da estigmatização pela sociedade. 
Ex: certamente a vítima de crimes sexuais não terá um tratamento (social, psicológico, ...) 
adequado após o ocorrido, assim como não terá também o amparo da sociedade. 
 
Esquematizando 
Vitimização Primária Vitimização Secundária Vitimização Terciária 
É o processo através do qual um 
indivíduo sofre direta ou 
indiretamente os efeitos nocivos 
ocasionados pelo delito, que variam 
de acordo com o bem jurídico 
lesionado e podem ser, em regra, 
materiais ou psíquicos 
É entendida como o sofrimento 
suportado pela vítima nas fases do 
inquérito e do processo, em que 
muitas vezes deverá reviver o fato 
criminoso por meio de 
interrogatórios, declarações e 
exames de corpo de delito, além de 
submeter-se a situações como: 
- presenciar a argumentação dos 
defensores do autor sugerindo que 
deu causa ao fato; 
-reencontro com o delinquente. 
Corresponde à ausência de 
receptividade social em relação à 
vítima, que em diversos casos se vê 
compelida a alterar sua rotina, os 
ambientes de convívio e círculos 
sociais em razão da estigmatização 
causada pelo delito. 
São exemplos a segregação social 
sentida pelas vítimas de crimes 
sexuais e as consequências da 
divulgação não autorizada de fotos 
ou vídeos íntimos nas redes sociais. 
 
• Vitimização primária é aquela que se relaciona ao indivíduo atingido diretamente pela conduta criminosa. 
• Vitimização secundária é uma consequência das relações entre as vítimas primárias e o Estado, em face 
da burocratização de seu aparelho repressivo (Polícia, Ministério Público etc.). 
• Vitimização terciária é aquela decorrente de um excesso de sofrimento, que extrapola os limites da lei do 
país, quando a vítima é abandonada, em certos delitos, pelo Estado e estigmatizada pela comunidade, 
incentivando a cifra negra (crimes que não são levados ao conhecimento das autoridades). 
 
 Classificação das Vítimas – (Mendelsohn) 
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30 
(Temos em Criminologia uma infinita classificação de vítimas, uma pior que a outra, e iremos perceber que a 
classificação de Mendelsohn é também uma classificação problemática, mas será objeto de estudo por um 
único motivo: é cobrado nas provas de Delegado de Polícia, e é cobrado exatamente da forma que será 
explicada a seguir). 
Veja que Mendelsohn classifica as vítimas em critérios, ou seja, em gradações. 
• Vítima completamente inocente – (vítima ideal): vítima que não provoca e 
não colabora com a ação criminosa. 
• Vítima de culpabilidade menor – (vítima por ignorância): ocorre quando 
há o impulso não voluntário, mas que de alguma forma contribui com a ação 
criminosa. 
(exemplo de Mendelsohn – costuma cair em provas – casal de namorado que está na 
varanda do apartamento e olham a sacada do apartamento do vizinho e resolvem lá 
praticar sexo. O vizinho invadido, chegando a seu apartamento e vendo a cena de 
sexo explícito em sua sacada, lesiona ambos os indivíduos). 
Veja que a conduta das vítimas de certa forma contribui para que fossem lesionados, 
vez que a ação criminosa e desmedida do vizinho se deu porque havia alguém 
praticando sexo em sua residência. 
• Vítima voluntária ou tão culpada: para Mendelsohn essa vítima pode ao 
mesmo tempo ser vítima e criminoso. 
(exemplo de Mendelsohn – roleta russa). O sobrevivente da roleta russa responde 
por algum crime? Há discussão, mas prevalece que responde por indução, instigação 
e auxílio, porque o ato é praticado pela própria pessoa. 
• Vítima mais culpada que o infrator: (Cuidado para não confundir com a 
vítima por ignorância) 
 -Vítima provocadora: aquela que incita o autor do crime. 
-Vítima por imprudência: (a classificação mais complicada de 
Mendelsohn): aquela que ocasiona o acidente por não se controlar, 
ainda que haja uma parcela de culpa do autor. 
• Vítima unicamente culpada: essa classificação de vítima se subdivide em 
outras 03 (três): 
- Vítima infratora: aquela que comete o crime e depois se torna 
vitima. 
Exemplo – aquele que pula o muro de residência para matar o morador e é 
morto pelo mesmo em decorrência de legítima defesa. 
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- Vítima simuladora: aquela que por premeditação culpa uma terceira 
pessoa gerando erro no judiciário. 
- Vítima imaginária: aquela que sofre de grave transtorno mental e, 
ou ela acusa uma pessoa inocente, ou relata um crime que nunca 
existiu. 
Observação- Cuidado: Veja que a diferenciação entre a vítima simuladora 
e a vítima imaginária é a existência de um transtorno mental. 
 
Esquematizando 
Vítima completamente 
inocente ou vítima ideal. 
Trata-se da vítima completamente estranha à ação do criminoso, não 
provocando nem colaborando de alguma forma para a realização do delito. 
Exemplo: uma senhora que tem sua bolsa arrancada pelo bandido na rua. 
Vítima de culpabilidade 
menor ou por ignorância. 
Ocorre quando há um impulso não voluntário ao delito, mas de certa forma 
existe um grau de culpa que leva essa pessoa à vitimização. Exemplo: um casal 
de namorados que mantém relação sexual na varanda do vizinho e lá são 
atacados por ele, por não aceitar esta falta de pudor. 
Vítima voluntária ou tão 
culpada quanto o 
infrator. 
Ambos podem ser o criminoso ou a vítima. Exemplo: Roleta Russa (um só 
projétil no tambor do revólver e os contendores giram o tambor até um se 
matar). 
Vítima mais culpada que 
o infrator. 
Enquadram-se nessa hipótese as vítimas provocadoras, que incitam o autor do 
crime; as vítimas por imprudência, que ocasionam o acidente por não se 
controlarem, ainda que haja uma parcela de culpa do autor. 
Vítima unicamente 
culpada. Dentro dessa 
modalidade, as vítimas 
são classificadas em: 
a) Vítima infratora; 
b) Vítima Simuladora; 
c) Vítima imaginária. 
a) Vítima infratora, ou seja, a pessoa comete um delito e no fim se torna 
vítima, como ocorre no caso

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