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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ - UESC DEPARTAMENTO DE ENGENHARIAS E COMPUTAÇÃO - DEC ENGENHARIA QUÍMICA ALEXSANDER LOPES SOUZA Coqueamento Retardado ILHÉUS 2024 Ciclo do tambor de coque O ciclo do tambor de coque transforma petróleo em coque, material usado como combustível e na produção de eletrodos para a indústria metalúrgica. A operação começa com o enchimento do tambor, onde o petróleo é aquecido. Depois, passam-se as etapas de purga, resfriamento, drenagem, abertura e descoqueamento, cada uma necessária para recuperar hidrocarbonetos e preparar o tambor para o próximo ciclo. Dois tambores funcionam em pares para garantir um fluxo contínuo de produção. A eficiência deste ciclo afeta diretamente a qualidade do coque, a rentabilidade e a segurança do processo, evitando problemas como pontos quentes e desgaste do equipamento. 1. Enchimento do tambor de coque (24 h): Nesta etapa, o tambor é preenchido com a carga de coque. O tempo de enchimento pode variar dependendo da capacidade do tambor e da vazão de carga da unidade. 2. Switch (0,5 h): Esta operação envolve a abertura e fechamento das válvulas que controlam a admissão de carga para o tambor vazio ou o corte de carga do tambor que já está cheio. É uma etapa crucial para a continuidade do processo. 3. Purga do leito de coque com vapor (2 h): O objetivo da purga é recuperar os hidrocarbonetos que ficaram retidos no leito de coque. Isso é feito através da injeção de vapor d'água, que ajuda a reduzir o teor de matéria volátil (VCM) do coque. A purga é iniciada antes do corte de carga para evitar o fechamento dos canais na massa de coque, prevenindo a formação de pontos quentes durante o resfriamento. 4. Resfriamento com água (para blowdown) (6 h): Antes da abertura do tambor, é necessário resfriar o leito de coque, que está a uma temperatura superior a 400 ºC. A água de resfriamento introduzida no tambor se vaporiza, provocando uma purga adicional dos compostos voláteis e resfriando o leito. Um resfriamento muito rápido pode causar deformações no tambor devido à diferença de expansão térmica entre o coque e o aço. 5. Drenagem da água (2 h): Após o resfriamento, a água que foi utilizada para resfriar o leito de coque é drenada. Essa água é direcionada para um decantador de finos de coque, onde é recuperada e armazenada para reutilização. 6. Abertura do tambor (1 h): O tambor é aberto para permitir a remoção do coque. Isso pode ser feito manualmente ou automaticamente, utilizando válvulas corrediças, o que proporciona maior agilidade e segurança operacional. 7. Descoqueamento (4 h): Após a abertura do tambor, inicia-se a remoção do coque. Essa operação geralmente é realizada em duas etapas, onde o coque é perfurado e removido do tambor. 8. Fechamento do tambor (1 h): Após a remoção do coque, o tambor é fechado novamente, preparando-o para o próximo ciclo de enchimento. 9. Purga com vapor e teste de estanqueidade (1 h): Nesta etapa, o tambor é purgado com vapor para garantir que não haja vazamentos e que o sistema esteja estanque antes de iniciar um novo ciclo. 10. Aquecimento do tambor (5 h): O tambor é aquecido novamente para preparar a próxima carga. O aquecimento é uma etapa crítica para garantir que o tambor esteja em condições adequadas para o próximo ciclo. 11. Folga (1,5 h): Esta etapa é um período de espera ou folga, onde o sistema pode estabilizar antes de iniciar o próximo ciclo de operação. O ciclo completo de limpeza do tambor ocorre em um intervalo de tempo que varia geralmente entre 16 h e 24 h, dependendo da vazão de carga da unidade e das dimensões do tambor. Sistema blowdown O sistema de blowdown é uma parte crucial do processo de coqueificação, projetado para gerenciar e tratar os vapores efluentes gerados durante as etapas de purga, resfriamento e aquecimento dos tambores de coque. Este sistema atua na recuperação de hidrocarbonetos e na separação de fases, contribuindo para a eficiência e segurança do processo. Objetivos do sistema de blowdown 1. Recolhimento de Vapores: O sistema é responsável por coletar os vapores que se formam durante as operações de purga e resfriamento dos tambores. Esses vapores contêm uma mistura de hidrocarbonetos e vapor d'água, que precisam ser tratados adequadamente. 2. Resfriamento e Separação: Após a coleta, os vapores são resfriados para permitir a separação dos hidrocarbonetos da fase aquosa. O resfriamento é essencial para evitar a condensação de água, que pode levar à formação de emulsões e prejudicar a eficiência do sistema. 3. Minimização de Perdas: O sistema de blowdown ajuda a minimizar as perdas de hidrocarbonetos, recuperando os vapores que, de outra forma, poderiam ser liberados no ambiente. Isso não apenas melhora a eficiência do processo, mas também contribui para a sustentabilidade ambiental. Componentes do sistema de blowdown • Vaso de blowdown: Este é o primeiro equipamento a receber os vapores efluentes dos tambores. O vaso é projetado para operar a altas temperaturas (cerca de 400 ºC) e deve manter a temperatura acima do ponto de condensação da água (aproximadamente 180 ºC) para evitar a formação de emulsões. • Resfriador: O resfriador é utilizado para condensar os vapores de topo do vaso de blowdown, que contêm vapor d'água e hidrocarbonetos leves, antes de serem enviados para o separador água-óleo. • Separador Água-Óleo: Este equipamento é um separador trifásico que divide os efluentes em frações leves, água e óleo. A água é tratada separadamente, enquanto o óleo pode ser reprocessado ou enviado para outros processos. • Vaso de Resíduo: Este vaso é utilizado para receber resíduos e descargas de válvulas de segurança, ajudando a gerenciar o volume de hidrocarbonetos no sistema. Importância do sistema de blowdown O sistema de blowdown é fundamental para a segurança e eficiência nas unidades de coqueificação. Ele controla a pressão e a temperatura do sistema, evita problemas operacionais e assegura a continuidade do processo, além de otimizar a recuperação de produtos valiosos.