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CÓDIGO DE LOCALIZAÇÃO DO DOCUMENTO 
 
O código de localização é composto por um grupo de elementos que 
objetiva remeter a representação do documento – realizada na descrição 
bibliográfica – à localização espacial do mesmo em uma determinada coleção (de 
uma biblioteca ou rede de bibliotecas ou outras unidades de informação). Por este 
motivo, este código deve individualizar (ou singularizar) o documento, ou seja, 
tornando-o único em todo o sistema, de modo a possibilitar os processos de 
controle e de acesso aos documentos da coleção. 
A princípio, as bibliotecas utilizavam uma localização fixa dos documentos, 
isto é, os mesmos eram organizados de acordo com seu tamanho e ordem de 
chegada, possuindo, portanto, um lugar permanente na estante. Tal prática 
impossibilitava o acesso direto às estantes pelos usuários. Por isso, passou a ser 
difundido em bibliotecas o método da localização relativa, que consiste no arranjo 
dos documentos de acordo com as relações de assunto existentes entre eles, de 
forma que possa haver descarte ou incorporação de documentos sem que a 
seqüência de assuntos seja afetada. Com este arranjo, os usuários passaram a 
realizar suas buscas a documentos de interesse pelo acesso às estantes. 
Deve-se considerar que, a esta época, os catálogos eram inexistentes ou 
embrionários e, portanto, não havia representação dos documentos satisfatória de 
forma a evitar ou diminuir a busca pela estante, ou seja, por browsing. Com o 
maior uso dos catálogos, decorrentes da sedimentação de regras de catalogação, 
do desenvolvimento da catalogação cooperativa e da incorporação dos avanços 
da tecnologia eletrônica e de telecomunicações, o código de localização passou a 
assumir, cada vez mais, o papel de ligação (ou de relacionamento) entre a 
representação do documento e o próprio. Neste modelo de organização, o 
instrumento de busca é prioritariamente o catálogo e não a estante de 
documentos. Isto é mais comum em bibliotecas e centros de documentação 
especializados onde os documentos representam poucos assuntos genéricos que 
os distingam, tornando pouco útil uma organização de documentos por assuntos; 
por outro lado, este tipo de organização é mais adequado em coleções de 
bibliotecas em que os assuntos são mais diversos e/ou o público demanda 
também a busca e exploração de documentos pelas estantes (como a 
comunidade em geral e o público infantil). 
Com a inserção do texto completo do documento no catálogo, este código 
de localização perdeu sua utilidade, pois o objeto físico “documento” e sua 
representação estão ancorados no mesmo ambiente informacional e relacionados 
entre si. Desta forma, ocorrem apenas codificações realizadas pelo sistema 
informatizado entre cada documento e sua representação em toda a coleção nele 
armazenada. 
No caso das coleções tradicionais, alguns métodos para a composição do 
código de localização do documento adotam critérios como: 
- ordem de chegada do documento na coleção (critério cronológico ou 
seqüencial) 
 2 
- por assunto e autor 
- por tipo de material, assunto e autor, 
- por tipo de material e ordem de chegada 
Contudo, o método que se consagrou em bibliotecas de coleções 
compostas por documentos convencionais (em especial, obras de referência e 
livros) é aquele nomeado número de chamada, e que é constituído 
essencialmente por elementos que representam um assunto genérico e a 
indicação de autoria. 
 
A estrutura básica do número de chamada é a que segue: 
 
 
Código de classificação 
 Código relativo ao assunto genérico do 
documento, retirado de um sistema de 
classificação. Objetiva reunir na estante, de forma 
relativa, todos os documentos de mesmo assunto 
ou de assuntos correlatos. 
 
 
Notação de autor 
 Código relativo à indicação de autoria (ou ao 
título, caso seja este o ponto de acesso principal 
determinado na descrição bibliográfica do 
documento). Possibilita a inclusão de informações 
a respeito do idioma, forma (comentário, 
dicionário, enciclopédia, etc.) e outros 
responsáveis (tradutor, biógrafo, etc.) do 
documento, de forma a distingui-lo de outros com 
o mesmo código de classificação. 
 
 
Outros elementos de 
individualização 
 Elementos adotados para finalizar a 
individualização do documento quando 
necessário: n. da edição, n. do volume, data de 
publicação, n. do exemplar no acervo, ou ainda, 
para indicar a disposição de tipos de documentos 
distintos em espaços separados. 
 
 
 
 
 
Código de classificação: 
Os códigos que representam os assuntos são retirados de sistemas de 
classificação, os quais consistem em listas estruturadas de assuntos 
representados por notações numéricas ou alfanuméricas. 
 3 
Os dois grandes sistemas de classificação internacionalmente empregados 
são a Classificação Decimal de Dewey (CDD) e a Classificação Decimal Universal 
(CDU), que foi inicialmente baseada na CDD. 
Há ainda sistemas adotados por bibliotecas que participam de redes 
temáticas de informação, como o sistema de classificação da National Library of 
Medicine (NLM), dos Estados Unidos. Também bastante conhecido é o sistema de 
classificação da Library of Congress (LC), também dos Estados Unidos, uma vez 
ser esta biblioteca depositária de coleção significativa em termos internacionais. 
Os sistemas de classificação inicialmente objetivavam possibilitar a 
localização de um documento por seu assunto e a organização dos mesmos no 
espaço da biblioteca. Contudo, estes sistemas foram amplamente desenvolvidos 
posteriormente de forma a virem a se constituir em linguagens para representação 
e recuperação da informação dos documentos. 
Por este motivo, este tópico será tratado em disciplina relativa ao 
tratamento do conteúdo dos documentos. 
 
Notação de autor: 
Código que representa a indicação de autoria ou o título, segundo aquele 
determinado como ponto de acesso principal na catalogação do documento. 
Charles Ami Cutter criou, em 1880, a primeira tabela numérica para 
representar nomes de autores. A esta tabela, seguiu-se a de Cutter-Sanborn, 
elaborada por Kate Sanborn, e a segunda tabela do próprio Cutter, ambas 
utilizando três algarismos. 
A tabela de Cutter-Sanborn, mais conhecida como “Tabela Cutter”, embora 
seja amplamente empregada no Brasil, é mais adequada aos nomes de língua 
inglesa. Pode-se dizer que a versão brasileira da Tabela Cutter – a Tabela PHA – 
surgiu em 1964, de autoria da bibliotecária Heloísa de Almeida Prado. Esta tabela 
apresenta uma melhor distribuição dos números para os nomes portugueses e 
brasileiros. 
Em geral, a notação de autor se faz pela inicial do sobrenome do autor – no 
caso de autor pessoal – seguida dos três algarismos correspondentes 
encontrados na tabela. Considera-se as iniciais da entidade no caso de autor 
corporativo, e do título, dependendo do ponto de acesso principal. 
Apesar do grande uso destas tabelas, outros métodos são adotados para a 
determinação da notação do autor. Como o objetivo é individualizar o documento 
em uma dada coleção, muitas bibliotecas utilizam apenas o código formado pelas 
três primeiras letras do sobrenome do autor. Por exemplo: 
Albuquerque, Lins (ponto de acesso principal de autor): ALB 
Planejamento...... (ponto de acesso principal de título): PLA 
 
De qualquer forma, deve-se consultar o catálogo para verificar se a 
notação de autor utilizada vai possibilitar a formação de uma codificação que 
individualize o documento na coleção. 
 
 4 
Orientações para uso das tabelas de notação de autor: 
 
1. Procurar na tabela o grupo de letras correspondente às primeiras letras do 
sobrenome do autor (ou primeiras letras do ponto de acesso principal) e 
verificar o número a ele correspondente. Ex.: 
Cutter=C991 
Tabela: Cutt 991 
 
2. Se as primeiras letras do nome não constarem na tabela, usar o número 
correspondente às letras mais próximas alfabeticamente anteriores. Ex.: 
Campello=C193Tabela: Campe 193 
 Campen 194 
 
3. Se o número encontrado já tiver sido usado, sugere-se acrescentar à tabela 
um outro, porém sempre em forma decimal. Recomenda-se não usar o 
número 0 pois este pode ser confundido com a letra O. Ex.: 
Sanchez, Jaime=S211 
Sanchez, Raul=S2113 (criado) 
 
4. Inicialmente, a notação do autor era composta como citada acima, mas era 
recomendado que se acrescentasse a primeira letra do título após os três 
algarismos retirados da tabela de autor, no caso de bibliotecas maiores, 
para garantir maiores possibilidades de singularização do número de 
chamada (ver LEHNUS, 1978). Contudo, atualmente, as bibliotecas que 
utilizam o número de chamada incluem a primeira letra do título. Ex.: 
 
autor: Sanchez, Jaime n. de chamada: 370.98 
tíitulo: Historia de la educación en América Latina S211h 
 
5. Se houver dois ou mais títulos do mesmo autor classificados sob o mesmo 
código e se suas iniciais coincidirem, diferenciá-los acrescentando outra 
letra do título. Ex.: 
 
autor: Pérez Galdós, Benito n. de chamada: 863.5 
tíitulo: Cánovas P438c 
 
autor: Pérez Galdós, Benito n. de chamada: 863.5 
tíitulo: Los cién mil hijos de San Luís P438ci 
 
6. No caso de autores que escrevem séries de livros cujos títulos se iniciam 
com as mesmas palavras, acrescentar outra letra de palavras significativas 
do título ou acrescentar números. Ex.: 
 5 
 
autor: Hergé 
títulos: Tintim no Tibete 
 Tintim na América 
 
respectivamente: 
843 ou 843 
H545tt H545t 
 
843 ou 843 
H545ta H545t2 
 
7. Para traduções, pode-se usar codificação especial que as reúna por seu 
título original. Ex.: 
 
autor: Laski, H. J. n. de chamada: 320 
tíitulo: El Estado en la teoría y en la práctica L345s.Eh 
título original: The state in theory and practice 
tradutor: Vicente Herrero 
 
onde: 
L=Laski (sobrenome do autor do documento) 
s=state (primeira palavra significativa do título original) 
E=idioma espanhol (idioma da tradução) 
h=Herrero (sobrenome do tradutor) 
 
8. Para biografias, distingue-se o biógrafo e o biografado da seguinte maneira: 
 
autor: Monduci, A. n. de chamada: B869.1 
tíitulo: Henriqueta Lisboa, vida e obra L769m 
 
onde: 
L=Lisboa (sobrenome do biografado) 
m=Monduci (sobrenome do biógrafo) 
 
9. Para livros anônimos e para publicações institucionais, publicações oficiais 
e congêneres, não finalizar a notação de autor pela primeira letra do título. 
Exs.: 
 
autor: Brasil. Ministério do Planejamento n. de chamada: 309.23 
tíitulo: Metas e bases de ação do Governo B823 
 6 
 
título: Enciclopédia Mirador Internacional n. de chamada: 030 
 E56 
 
autor anônimo n. de chamada: 398.21 
título: O livro das mil e uma noites M788 
tíitulo uniforme:Mil e uma noites 
 
10. Outros elementos distintivos: 
 
 indicação relativa a tipos de documentos distintos, que se queira armazenar 
em separado: 
R (para documentos de referência) 
015 
 
AV (para documentos audiovisuais) 
025.32 
 
 indicação de edições distintas de uma mesma obra: 
002 
R666d (primeira edição) 
 
002 
R666d 
2. ed. (segunda edição) 
 
 indicação de data, no caso de congressos, conferências e outros eventos, 
que se repetem em períodos estabelecidos: 
020.6381 
C749a 
1987 
 
020.6381 
C749a 
1989 
 
 indicação de volume, no caso de obras publicadas em mais de um volume: 
036.9 
E56 
3. ed. 
v. 1 
 7 
 
036.9 
E56 
3. ed. 
v. 2 
 
 indicação de exemplar, no caso da existência de mais de um exemplar do 
mesmo documento na coleção; é a última codificação do número de 
chamada: 
002 (primeiro exemplar) 
R666d 
v. 1 
 
002 (segundo exemplar) 
R666d 
v. 2 
ex. 2 
 
O arranjo dos documentos na estante segue, após a seqüência dos códigos de 
classificação, a ordem decimal da notação de autor que é apresentada nas 
tabelas. Exs.: 
869 
L23p 
 
869 
L233p 
 
BIBLIOGRAFIA: 
 
LEHNUS, Donald J. Notação de autor: manual para bibliotecas. Rio de Janeiro: 
BNG/Brasilart, 1978. 
MEY, Eliane Serrão Alves. Introdução à catalogação. Brasília: Briquet de 
Lemos/Livros, 1995. 
PRADO, Heloísa de Almeida. Tabela "PHA": para individualizar os autores dentro 
das diversas classes de assunto, isto é, dentro dos mesmos números de 
classificação. 3. ed. rev. São Paulo: T.A. Queiroz, 2001. 109 p.

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