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1 CAPÍTULO 3 3 PROPRIEDADES VOLUMÉTRICAS DE FLUIDOS PUROS O conhecimento do comportamento das substâncias, através das suas propriedades, é essencial na análise de processos e sistemas termodinâmicos.1 Já definimos e utilizamos algumas propriedades termodinâmicas ao longo do capítulo 2. As propriedades mais utilizadas foram: a pressão, o volume específico ou molar, a temperatura, a energia interna, a entalpia e os calores específicos, mais tarde serão introduzidas novas propriedades como a Energia Livre de Gibbs e a Energia Livre de Helmholtz. 3.1. COMPORTAMENTO PVT DE SUBSTÂNCIAS PURAS As propriedades volumétricas, pressão, volume e temperatura (PVT) além de serem utilizadas para cálculo da U e da H, são importantes na medição de fluidos e no dimensionamento de vasos e tubulações. Por estas razões, o comportamento PVT de fluidos puros será estudado.2 3.1.1. Fluido homogêneo ou Substância pura Uma substância pura é aquela que tem composição química invariável e homogênea. Pode existir em uma ou mais fases, mas a composição química é a mesma em todas as fases. As substâncias podem apresentar-se em diferentes fases, dependendo das condições de pressão e de temperatura a que estão submetidas. Apesar de serem três as fases principais – sólida, líquida e gasosa - uma substância pode apresentar várias fases diferentes dentro de uma mesma fase principal. Pro exemplo, o carbono pode existir nas formas de grafite e de diamante, o hélio tem duas fases líquidas e o gelo pode existir em sete fases diferentes dependendo da pressão que é submetido. A fase duma substância é caracterizada por possuir uma estrutura molecular homogênea através de toda a sua massa e por estar separada das outras fases por superfícies (fronteiras) bem definidas. As forças de ligação entre moléculas são muito fracas nos gases, por serem muito grandes as respectivas distâncias intermoleculares, e são fortes nos sólidos, por serem muito pequenas essas distâncias nos sólidos. Nestes, as moléculas dispõem-se num arranjo tridimensional (rede) que se repete através de todo o sólido. Devido à existência de forças de atração fortes as 1 VAN WYLEN,G.J.; BORGNAKKE, C.; SONNTAG, R.E. Fundamentos da Termodinâmica. 6.ed p.37 2 SMITH, J.M.; VAN NESS, H.C.; ABBOTT, M.M. Introdução à Termodinâmica da Engenharia Química. 5.ed. p. 46 2 moléculas dos sólidos mantêm-se em posições fixas, umas relativamente às outras, podendo, apenas, oscilar em torno de posições médias de equilíbrio. Durante as oscilações a sua velocidade aumenta com a temperatura. A temperaturas suficientemente altas a velocidade pode aingir tal valor que as forças intermoleculares são vencidas e grupos de moléculas separam-se das restantes. É o início do processo de fusão. Na fase líquida o espaço intermolecular não é muito diferente do da fase sólida. No entanto, as moléculas já não ocupam posições fixas, umas relativamente às outras. Num líquido, aglomerados de moléculas flutuam em torno de outros aglomerados, contudo no interior de cada aglomerado as moléculas mantêm uma estrutura ordenada3. FIGURA 3.1 O arranjo dos átomos nas diferentes fases: (a) Nos sólidos, as moléculas estão relativamente fixas, (b) nos líquidos, grupos de moléculas flutuam à volta de outros grupos, (c) nos gases, as moléculas movem-se ao acaso. Uma das maneiras mais interessantes de representar as fases e as variáveis físicas que caracterizam um sistema é através dos diagramas PVT, ou seja, através de um sistema de coordenadas cartesianas onde em seus eixos representam-se os valores de pressão, volume e temperatura. As variações que as propriedades experimentam durante um processo de mudança de fase são estudadas com a ajuda dos diagramas de propriedades,T-V P-V e P-T, que vamos estudar a seguir. 3.1.2. Diagramas PT A figura 3.2 mostra o diagrama P-T para uma substância pura. Este diagrama denomina-se diagrama de fases, porque as três fases, sólida, líquida e vapor, correspondem a três regiões 3 LISBOA Propriedades de substâncias Puras – Cap.2 3 diferentes do diagrama e estão separadas umas das outras por três linhas. A linha de sublimação separa a região do sólido da região do vapor, a linha de vaporização separa as regiões de líquido e de vapor e a linha de fusão separa a região de sólido da região de líquido. Estas três linhas encontram-se no ponto triplo, onde as três fase coexistem em equilíbrio. De acordo com a regra das fases ele é invariante. A linha de vaporização termina no ponto crítico. As coordenadas desse ponto são a pressão crítica PC e a temperatura crítica TC ou seja a temperatura e a pressão mais elevadas nas quais uma espécie pura pode existir em equilíbrio líquido/vapor. A região de fluido, existe em temperaturas e pressões maiores que a TC e PC. Nessa região existe um fluido que não é gás nem líquido. A figura 3.2 não fornece qualquer informação sobre o volume ela mostra simplesmente as fronteiras entre fases em um diagrama PT. P re ss ão Temperatura Região de Sólido Região de Líquido Região de Vapor Região de fluido Região de Gás A B C 1 2 3 Ponto triplo TC Figura 3.2 Diagrama PT para uma substância pura. 3.1.3. Diagramas PV O diagrama PT (figura 3.2) não fornece qualquer informação sobre o volume e mostra, simplesmente, as fronteiras entre fases. Estas fronteiras aparecem em um diagrama PV (Figura 3.3) como áreas, representando regiões onde três fases, sólido/líquido, sólido/vapor e líquido/vapor coexistem em equilíbrio a uma dada temperatura e pressão. O volume específico (ou molar) depende das quantidades relativas das fases presentes. 4 Na figura 3.4 foram adicionadas quatro isotermas. Essas isotermas cortam as regiões do líquido, do equilíbrio líquido/vapor e do vapor. Os segmentos horizontais representam uma mudança de fase entre líquido e vapor. A pressão na qual a mudança de fase ocorre, para uma determinada temperatura, é denominada pressão de saturação ou pressão de vapor. FIGURA 3.3 Diagrama PV para uma substância pura. Os pontos ao longo das linhas horizontais representam todas as possíveis misturas de líquido e vapor em equilíbrio, abrangendo deste 100% de líquido na extremidade esquerda e 100% na extremidade direita. O lugar geométrico desses pontos extremos é a curva em forma parabólica identificada por BCD, na qual a metade esquerda BC representa o líquido saturado e a metade direita CD, vapor saturado. A região bifásica encontra-se abaixo da forma parabólica BCD, enquanto as regiões do líquido e do gás estão à sua esquerda e à sua direita, respectivamente. Os segmentos horizontais das isotermas na região bifásica tornam-se progressivamente menores à medida que a temperatura cresce, sendo finalmente reduzidos a um ponto em C. 5 Assim, a isoterma crítica, identificada por TC, exibe uma inflexão horizontal no ponto crítico C no topo da cúpula. Nesse local, as fases líquida e vapor não podem ser distinguidas, pois as suas propriedades tornam-se idênticas. As isotermas na região de líquido são bastante inclinadas porque o volume de líquidos varia pouco com grandes variações de pressão. FIGURA 3.4 Diagrama PV para as regiões de líquido, vapor e ELV para fluido puro. O comportamento PVT de uma substância pura também pode ser representada através de uma superfície de estado ou superfície PVT (Figura 3.5). FIGURA 3.5 Superfície de estado 6 3.1.4. Equações de Estado Existem equações que relacionam as propriedades PVT, estas equações são conhecidas como equações de estado. Através dos diagramas, pode-se perceber que equações que ajustem os pontos experimentais devem ser complexas. A complexidade das equações depende: • Da exatidão do experimento • Precisão desejada • Do intervalo do experimentoUma equação de estado é uma expressão matemática que define o estado termodinâmico de uma substância e relaciona P, V e T que pode ser representada pela equação funcional: f(P,V,T)=0 A equação de estado mais simples é a Lei dos gases ideais PV=RT, que tem validade aproximada na região do gás a baixas pressões da figura 3.4. Uma equação de estado pode ser resolvida para qualquer uma das três quantidades P, V ou T como função das outras duas. Por exemplo, se V for considerado uma função da P e da T, então: dP P V dT T V dV TP ∂ ∂ + ∂ ∂ = (3.1) A equação (3.1) é uma diferencial exata. As derivadas parciais possuem significado físico e são grandezas mensuráveis. Elas estão relacionadas a duas propriedades que são comumente encontradas em tabelas para líquidos. β≡ ∂ ∂ PT V V 1 (3.2) Expansividade volumétrica κ≡ ∂ ∂ − TP V V 1 (3.3) Compressibilidade isotérmica Combinado as equações (3.1), (3.2) e (3.3) : dPdT V dV κ−β= (3.4) Do diagrama PV observamos que na região de Líquido: • V varia pouco com a P • V varia pouco com a T β e κ são pequenos � IDEALIZAR : Fluído Incompressível onde β=κ=0 7 Como β e κ são pouco sensíveis à temperatura e a pressão podemos integrar a equação (3.4): ( )1212 1 2 PPTT V V −κ−−β= )(ln (3.5) 3.2. PROPRIEDADES VOLUMÉTRICAS DE GASES Para cálculo das propriedades PVT podemos utilizar as equações de estado ou as correlações generalizadas. Equações de estado analíticas: • Virial • Cúbicas • Complexas Correlações Generalizadas: • À dois parâmetros • À três parâmetros 3.2.1. Fator de compressibilidade • Para gás ideal : PV=RT • Para gás real: PV≠ RT � por que? GÁS REAL: A interação molecular não pode ser desprezada. ⇓ Forças atrativas e repulsivas Forças Atrativas: • Têm longo alcance • São efetivas para distâncias maiores que o diâmetro molecular • São importantes quando as moléculas estão juntas mas não em contato. Forças Repulsivas: • São significativas apenas quando as moléculas estão em contato. Ex.: sistemas em alta pressão Portanto: “as forças de interação moleculares = f( distância entre as moléculas)”, como pode ser vista também na figura 3.6. 8 O gás real reflete esta dependência da força de interação com a distância, e esta dependência é avaliada pelo FATOR COMPRESSIBILIDADE. Desta forma a equação PV=RT poderá ser utilizada desde que seja corrigida através do fator compressibilidade “z”. RT PV z = (3.6) EP Distância 0 Força atrativa Força repulsiva Figura 3.6 Energia das forças de interação em relação a distância Figura 3.7 Dados experimentais do fator compressibilidade 9 Da figura 3.7 concluímos que: • P≅ 0 , todos os gases apresentam z≅1 • P elevadas : todos os gases apresentam z > 1 • P moderadas: o Alguns apresentam z> 1 o Alguns apresentam z 2 atm z.....P´DP´CP´B1 RT PV 32 =++++= (3.9) Forma de Berlin – 1925 A equação (3.9) pode ser escrita de outra forma: f(V) z..... V D V C V B 1 RT PV 32 =++++= (3.10) Forma de Leiden – 1903 As duas equações são conhecidas como expansões do Virial. RT B ´B = 2 2 )RT( BC ´C − = 3 3 )RT( B2BC3D ´D −− = (3.11) B,C,..... B´, C´ .....: experimentais e tabeladas. As equações do virial têm fundamentação teórica e os coeficientes têm significado físico. Segundo coeficiente do virial: desvios da idealidade devido às forças de interação de duas moléculas. Terceiro coeficiente: desvios da idealidade devido às forças de interação de três moléculas. 11 Para gás ideal : A,B,C .....=0 ⇒ PV=RT As equações (3.9) e (3.10) são séries infinitas, para a engenharia estas equações só são viáveis quando a convergência for rápida ou seja, quando 2 ou 3 termos já forem suficientes para fornecer uma boa aproximação. EQUAÇÕES TRUNCADAS Da equação (3.9): zP´B1 RT PV =+= como RT B B´ = RT BP 1z += RT BP 1z += (3.12) Da equação (3.10): RT BP 1z += V B 1z += (3.13) B= f(T, natureza do gás) OBS.: se CV2 1 V 1 > ⇒ as equações truncadas no segundo termo não podem ser usadas. Se 15precisão a razão de equilíbrio em sistemas • Prever o comportamento de sistemas binários e multicomponentes. 15 Na indústria são amplamente utilizadas as equações de RK e PR. 3.2.8. Equações Analíticas Complexas 3.2.8.1. Equação de Beatie-Bridgeman −−−−−−−− −−−− −−−−−−−−==== V a A VT c V b BoVRTPV o 111 3 2 (3.24) Ao, Bo, a, b, c: constantes empíricas Características da equação: • Não reproduz bem o comportamento no ponto crítico • Muito precisa, desde que a faixa de operação esteja dentro dos dados coletados para as constantes. • Pode apresentar um erro de 0,18%. 3.2.8.2. Benedict-Web-Rubin (BWR)-1940 Benedict sugeriu modificações no parâmetro de atração. (((( )))) −−−− ++++ ++++++++−−−−++++ −−−−−−−−++++==== 22 2 36322 exp 11 111 ) 1 VT V V c V a V abRT VT C ARTB V RT P o oo γγγγγγγγ αααα (3.25) Características da equação: • É mais complicada. • Apresenta bons resultados para uma ampla faixa de temperatura e pressão. • Devido ao grande número de parâmetros fica difícil a sua utilização para misturas É utilizada na indústria de petróleo e gás. 16 3.2.9. Correlações Generalizadas Princípio dos Estados Correspondentes: “Todos os fluidos, quando comparados nas mesmas Temperatura e Pressão reduzidas ( TR, PR), têm o mesmo fator de compressibilidade (z) e todos se desviam do comportamento ideal da mesma forma.” Uma equação de estado que expressa z=f(TR,PR) é uma equação generalizada. 3.2.9.1. Correlações a dois Parâmetros A função z= f(TR,PR) , foi obtida a partir de dados experimentais PVT por NELSON E OBERT, e as curvas obtidas estão mostradas na figura 3.8 e são conhecidas como CARTAS DE COMPRESSIBILIDADE. Figura 3.8 Cartas de Compressibilidade. 17 Onde Ci Ri V V V ==== (3.26) C C Ci P RT V ==== (3.27) VRi: volume reduzido ideal VCi: volume crítico ideal • O uso das cartas não é adequado para polares, He, H2 ou Ne. 3.2.9.2. Correlações a três Parâmetros Para melhorar a precisão das correlações generalizadas e aumentar a sua aplicabilidade várias modificações foram propostas: • Pitzer: fator acêntrico “Pitzer sugere que moléculas com o mesmo fator acêntrico tenham idêntica função z=f(TR,PR)” (((( )))) (((( )))) RRRR o PTzPTzz ,, )1()( ωωωω++++==== (3.28) z(o) e z(1) � tabelados por Pitzer : gases e líquidos Muitas outras modificações foram propostas e publicadas entre elas Lee-Kesler. • Lee- Kesler: utilizou z(o) tabelado por Pitzer e recalculou z(1) o Os valores obtidos por Lee-Kesler são mais aceitos o Pode ser aplicada a gases e líquidos o Utiliza-se para não polares e fracamente polares o Erro: 2-3% O uso de tabelas não é conveniente para cálculos iterativos: 18 Equações Analíticas Generalizadas � Equação do virial � Equação de Redlich-Kwong VIRIAL GENERALIZADA: RT BP RT PV z ++++======== 1 RC RC TTT PPP ==== ==== R R C C T P RT BP z ++++==== 1 (3.29) PITZER sugeriu que: )1()( BB RT BP o C C ωωωω++++==== (3.30) (3.30) em (3.29) R R R Ro T P B T P Bz )1()(1 ωωωω++++++++==== (3.31) Comparando (3.31) com a (3.28) temos: R Roo T P Bz )()( 1 ++++==== R R T P Bz )1()1( ==== (3.31) Onde: 6,1 )( 422,0 083,0 R o T B −−−−==== 2,4 )1( 172,0 139,0 R T B −−−−==== (3.32) 19 VALIDADE DA EQUAÇÃO: até 15 bar. REDLICH-KWONG GENERALIZADA: ++++ −−−− −−−− ==== h h Th z R 1 934,4 1 1 5,1 (3.33a) R R zT P 08664,0h = (3.33b) 3.3. PROPRIEDADES VOLUMÉTRICAS DE LÍQUIDOS • As equações cúbicas podem ser utilizadas mas não são muito precisas. • Lee-Kesler pode ser utilizado para não-polares e fracamente polares. • Outras equações podem ser utilizadas especificamente para líquidos saturados e sub-resfriados. 3.3.1. Líquidos saturados Equações generalizadas : • Rackett • Rackett modificada • Bhirud RACKETT – 1970: 2857,0 )1( RT CCS zVV −−−−==== (3.34) erro: 1-2% SPENCER E DANNER : Rackett modificado 20 (((( )))) −−−−++++ ==== 7 2 11 RT RA C C S z P RT V (3.35) ωωωω08775,029056,0 −−−−==== RA z ERRO : 1% BHIRUD- líquidos apolares )1()( lnlnln VV RT VP o C SC ωωωω++++==== (3.36) 65432)( 1088,75671,256805,355719,255615,102076,2439644,1ln RRRRRR o TTTTTTV ++++−−−−++++−−−−++++−−−−==== 65432)1( 737,176277,72843,1231453,109138,5337437,1354412,13ln RRRRRR TTTTTTV ++++−−−−++++−−−−++++−−−−==== • Para hidrocarbonetos 0,3de saturação Tsat). Analogamente, ao caso anterior, é realizado um experimento para um sistema composto por água líquida, mantendo-se a temperatura constante. O sistema é submetido a uma diminuição de pressão. É possível verificar que em uma dada pressão o processo de mudança de fase tem início. A essa pressão dá-se o nome de pressão de vapor (PV) ou pressão de saturação (Psat). A pressão permanece constante até que se complete a mudança de fase. Todo líquido que se encontra abaixo da sua Tsat é denominado líquido comprimido ou sub- resfriado, e todo o vapor acima da sua Tsat é denominado vapor superaquecido. A pressão de vapor é uma propriedade das substâncias puras e o seu valor é função da forças intermoleculares e da energia cinética da moléculas, que por sua vez é função da temperatura. O ponto de ebulição de um composto qualquer é definido como sendo a temperatura na qual a pressão de vapor do líquido se iguala a pressão do sistema. Ocorre a vaporização inteira do líquido. 5 HIMMELBLAU, D.M. Engenharia Química Princípios e Cálculos. PHB Prentice-Hall do Brasil. p.248. 23 FIGURA 3.10 Processo de vaporização a pressão constante(a) e Temperatura constante (b). 3.4.1. Previsão dos valores da pressão de vapor Como a pressão de vapor função do nível energético do sistema, Clausius-Clapeyron definiram a seguinte equação: ( ) zPVRT H dT dP 2 VV ∆ ∆ −= / ou 24 ( ) zR H d dP V T 1 V ∆ ∆ −= (3.39) A maioria das equações para prever a Pv utiliza a equação (3.39) como base. a) EQUAÇÃO DE ANTOINE (1888) Válida para determinadas faixas de temperatura. CT B APV + −=ln (3.40) onde, A,B e C são constantes empíricas. Normalmente a pressão é dada em mmHg, temperatura sempre em Kelvin. Apresenta erro de até 2% desde que usada dentro da faixa de temperatura pesquisada. Utilizada para previsões de Pv dentro da faixa de 10 a 1500 mmHg. b) EQUAÇÃO DE HARLACHER-BRAUN (1970) Válida para a faixa de 10 mmHg até a Pressão crítica, pressão em mmHg e T(K). 2 V V T P DTC T B AP +++= lnln (3.41) c) Equações Polinomiais Existem várias equações polinomiais entre elas a equação (3.42) de Wagner (1973), Riedel, Gómez-Thodos .... [ ]63511 Vr DxCxBxAxx1P +++−= − ,)(ln (3.42) onde x=1-TR PVR é a pressão de vapor reduzida 3.5. SATURAÇÃO 25 Quando qualquer gás puro ( ou mistura) entra em contato com um líquido, algumas moléculas da fase líquida passam para a fase gás. Se o contato for mantido por um tempo suficiente será atingido o equilíbrio. Considere a figura 3.11. Figura 3.11 Equilíbrio líquido-vapor – Saturação Após o equilíbrio ter sido atingido não haverá aumento na quantidade de vapor de água no gás, pois o gás atingiu o seu estado de saturação. O quer equivale a dizer que a mistura gasosa ( gás + vapor) atingiu o seu Ponto de orvalho. Ponto de Orvalho: para um mistura de vapor puro e gás incondensável é a T na qual o vapor inicia a condensação. Exemplo: Examine agora o que acontece com a pressão e com o volume se você injetar água líquida a 65oC em um cilindro de ar a 65oC, mantendo-se a T constante e a pressão total de 101,3kPa, conforme a figura 3.12. 26 Figura 3.12 Saturação – Pressão constante Exemplo: Analise agora o que ocorre com o volume e a pressão se você mantiver o cilindro a 65oC e com volume constante. Figura 3.13. Figura 3.13 saturação – volume constante Considerando que o ar é um gás ideal podemos utilizar a Lei de Dalton: 27 Para T=constante : água ar agua ar n n p p = e água ar agua ar n n V V = Igualando arT ar arT ar água ar agua ar VV V pP p V V p p − = − == (3.43) Algumas definições: Umidade: u oar v oar água m m m m secsec == Umidade molar: um= vT v águaT água oar água oar água pP p pP p p p n n − = − == secsec Umidade relativa: % H = ** v v água água p p 100x p p = Onde págua : pressão parcial do vapor na mistura Págua *: pressão parcial do vapor na saturação 3.6. PROPRIEDADES PVT DE MISTURA GASOSA Até aqui, as equações de estado cúbicas foram utilizadas para cálculo das propriedades PVT de componente puro. Ao estender este cálculo para mistura de gases precisamos utilizar uma regra de mistura adequada. As regras de mistura clássicas propõem que as propriedades de um fluido sejam as propriedades de um fluido hipotético à mesma T e P da mistura mas com as suas constantes características convenientemente ponderadas em relação à sua composição. Por exemplo, para que a equação de Van der Waals possa ser utilizada para cálculo das propriedades PVT de uma mistura de gases a regra de mistura para as constantes “a” e “b” são: 2 V a bV RT P − − = (3.16) ( )25,0∑= ii axa (3.44a) ∑= ii bxb (4.44b) 28 Lembrando que: C C P TR a 22 64 27 = C C P RT b 8 1 = Outras regras de mistura serão vistas na disciplina TQ079. EXERCÍCIOS 1) Calcule o V e z do isopropanol a 200oC e 10bar através da: a) equação do gás ideal b) Equação de virial (3.12) c) Equação de virial (3.14) Os coeficientes do virial para isopropanol são: B= -388 cm3/gmol C=-26000 cm3/gmol 2) Um reator de 1 m3 deverá conter NH3. Calcule a pressão no reator para uma carga de 40 kg a 560oC, usando VDW e RK. Dados: R= 0,082 m3.atm.(kmol.K)-1 PC (atm) TC (K) ω PM 111,3 405,6 0,250 17,03 3) Sabendo-se que a pressão de vapor do acetato de metila a 60oC é 13,76 bar, utilize a equação de RK para estimar os volumes molares do vapor saturado e do líquido saturado nestas condições. Dados: R= 83,14 cm3.bar.(mol.K)-1 PC (bar) TC (K) ω PM 66,8 416,3 0,324 74 4) Calcule o volume do i-buteno liquido saturado a 310,9K. o valor experimental é 108,2 cm3 gmol-1. Dados: R= 83,14 cm3.bar.(mol.K)-1 PC (bar) TC (K) ω PM 36,98 408,2 0,183 56 29 5) Propileno líquido deixa um trocador de calor a 223K e 20 bar. Determinar a vazão volumétrica para uma descarga de 20000kg/h de propileno. Dados: 1bar= 0,9869 atm PC (bar) TC (K) VC(cm3/gmol) ω PM zC 46,2 365 181 0,148 42,08 0,275 Antoine A B C 15,7027 1807,56 -26,15 6) Calcule a pressão de vapor do etilbenzeno para T= 74,1oC. 7) Calcule a pressão de vapor do etanol a 203oC utilizando a equação de Antoine e a equação de Harlacher. 8) Calcule a pressão de vapor do isopropanol a 450K utilizando a equação de Wagner. Dados: Tc= 508,3K Pc= 47 atm 9) A indústria onde você trabalha tem um reservatório de etano de 40 m3. Um cliente deseja adquirir 600kg do produto. Você vai acompanhar a carga pela variação da pressão no tanque. A temperatura do reservatório é mantida a 30oC e a pressão atual é de 40 atm. Em qual pressão você deverá interromper o carregamento de modo a entregar a quantidade necessária de etano? Dados: R= 0,082 m3.atm.(kmol.K)-1 PC (atm) TC (K) PV (atm) PM 48,2 305,4 42,2 30 10) Calcule o trabalho de compressão isotérmica (298K), mecanicamente reversível, de 1 mol de um gás de 1 bar até 15 bar. Utilize a equação de virial truncada no segundo termo (forma de Berlin). Dados: B=-140 cm3gmol-1. 11) Estime o volume ocupado por 18 kg de etileno a 55oC e 35 bar. 12) Estime a massa de etileno contido em um cilindro de 0,25m3 a 50oC e 115 bar. Dados para etileno: Tc(K) Pc(atm) Vc(cm3/mol) Zc ω 282,4 49,7 129,0 0,276 0,085 13) Qual a quantidade mínima ( em m3) de ar seco a 20oC e 100 kPa (750 mmHg) necessário para evaporar 6 kg de álcool, sendo mantida a T e a P constantes. Considere que o ar seja insuflado de tal forma que a pressão na saída da mistura ar+ álcool seja 100kPa. 30 Dados:Antoine para etanol: A= 16,9119; B=3803,98; C=-41,68 Validade : 270-369 K P: kPa 14) Calcule o volume molar de uma mistura a 90atm e 100oC, contendo 60% molar de metano e 40% molar de etileno. EXERCÍCIOS PARA CASA: 1. Utilizando a equação de Rackett estime a densidade da amônia a 310 K, considerando líquido saturado. Resp.: V=28,33 cm3/mol. 2. Através da equação de Chueh-Prausnitz estime o volume da amônia a 310K e 100bar, compare com o valor obtido pelas cartas de compressibilidade de líquidos. Resp.: 27,88 cm3/mol . 3. Resolver o problema 6 da lista anterior usando a`equação de RK. Resp. 36atm. 4. Um cilindro de aço de 5 litros contém 400 gramas de N2. Calcular a T na qual o cilindro pode ser aquecido sem que a pressão exceda 50 atm. Use as equações de PR e SRK. Resp.: 225K 5. A densidade do propionato de etila ( líquido) a 20oC e 1 atm é 0,891g/cm3. Calcular a densidade nas condições abaixo: a. 146oC e 30 atm b. 257oC na saturação. Dados: zc= 0,254 Tc=546,1K Pc= 33bar 6. Calcule a pressão em um cilindro que tem um volume de 360 litros e contém 70 kg de CO2 a 67oC. Resp.: 83,8 atm. 7. Empregando a equação de Beattie-Bridgemnan. Calcular a pressão exercida por 30 litros de ar medidos a 20oC e 740 mmHg quando se comprime até um volume de 200 cm3 a uma temperatura de 0oC. Suponha que a pressão é suficientemente baixa e a equação dos gases ideais pode ser aplicada. Dados: Ao A Bo B C N2 1,3445 0,02617 0,05046 -0,00691 4,2x104 O2 1,4911 0,02562 0,04624 0,004208 4,8x104 31 8. Quantidades iguais de NH3 e CH4 estão em idênticas condições de volume e temperatura. Qual dos gases apresenta a maior pressão? Considere comportamento não ideal. 9. Determine a expressão para T V P ∂∂∂∂ ∂∂∂∂ para a equação de Van der Waals e para a equação do virial. 10. A constante de compressibilidade isotérmica βm é definida como T m m m P V V 1 ∂ ∂ −=β . Calcule a sua quantidade para: a. Equação de gás ideal b. Equação de Van der Waals 11. Utilizando a equação de Van der Waals achar a expressão da expansão reversível isotérmica de n moles de um gás de um volume V1 para volume V2, cuja temperatura é T. ********** ****************