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Resumo DIREITO CONSTITUCIONAL 1 ⚖ Resumo DIREITO CONSTITUCIONAL Resumo: Unidade 1 – Organização do Estado e dos Poderes no Brasil 1.1. Estrutura Federativa do Brasil O Brasil adota o modelo de Estado Federado, no qual o poder é distribuído entre entes federativos União, Estados, Distrito Federal e Municípios. Autonomia dos entes federativos Cada ente tem poder de decisão sobre suas políticas, leis e orçamento, mas não possui soberania (que pertence exclusivamente à República Federativa do Brasil em relação a outras nações). Características principais da federação: � Princípio Federativo Divisão de poder e autonomia entre os entes. � Pacto Federativo Repartição de competências e receitas. � Indissolubilidade Proibição de secessão. � Constituição rígida Estrutura jurídica que regula a federação. � Federalismo cooperativo União e demais entes atuam conjuntamente em áreas como saúde e educação. 1.2. Entes Federativos União Pessoa jurídica de direito público interno, autônoma e representante do Brasil nas relações internacionais. Tem competência para legislar, arrecadar tributos e administrar bens nacionais (ex.: terras devolutas, rios federais, plataforma continental). Resumo DIREITO CONSTITUCIONAL 2 Estados Também pessoas jurídicas de direito público, têm autonomia para criar suas constituições e leis, respeitando os limites da Constituição Federal. Bens dos Estados Águas, ilhas não federais, terras devolutas, entre outros. Podem ser criados, desmembrados ou fundidos mediante plebiscito e aprovação do Congresso Nacional. Municípios Ente autônomo para tratar de questões locais, regido por lei orgânica própria. Tem competência para legislar, arrecadar tributos municipais e prestar serviços públicos locais. Criação de Municípios Exige estudos de viabilidade, plebiscito e aprovação por lei estadual. Distrito Federal Ente federativo autônomo que acumula competências legislativas de Estados e Municípios. Regido por lei orgânica própria. Não pode ser dividido em municípios. 1.3. Territórios Federais Não são entes federativos. São administrados diretamente pela União e dependem de regulamentação por lei federal. Constituição Federal de 1988 – Organização do Estado Art. 1º O Brasil é uma República Federativa formada pela união indissolúvel de seus entes federativos, baseada nos princípios da soberania, cidadania, dignidade humana, valores sociais do trabalho e pluralismo político. Art. 18 Define a autonomia dos entes federativos, regula a criação de novos entes e garante a indissolubilidade da federação. Art. 60, §4º A forma federativa de Estado é cláusula pétrea, ou seja, não pode ser alterada por emenda constitucional. Importante: Forma de Governo Republicana. Sistema de Governo Presidencialista. Forma de Estado Federado. Resumo DIREITO CONSTITUCIONAL 3 Esses princípios e estruturas garantem a descentralização do poder, promovendo maior participação democrática e respeito às diversidades locais Intervenção nos Estados e Municípios A federação brasileira caracteriza-se pela autonomia dos entes federativos, e a intervenção é medida excepcional, prevista na Constituição, para situações de gravidade extrema. Esse ato político implica a restrição temporária da autonomia de um ente federativo, justificável apenas por razões constitucionais específicas. 1.3.1 – Intervenção da União nos Estados A União pode intervir nos Estados e no Distrito Federal nas hipóteses do Art. 34 da Constituição Federal, incluindo: � Manutenção da integridade nacional e repelir invasões (estrangeiras ou de outros Estados). � Garantia da ordem pública ou do exercício dos Poderes locais. � Reorganização financeira, quando houver descumprimento de obrigações por mais de dois anos consecutivos ou retenção de receitas municipais. � Execução de lei federal, ordem ou decisão judicial. � Garantia de princípios constitucionais, como direitos humanos, autonomia municipal e aplicação mínima em educação e saúde. Legitimidade e Procedimento Presidente da República Cabe ao Presidente decretar e executar a intervenção. Pode agir: De ofício Nos casos de integridade nacional, ordem pública e questões financeiras. Por provocação Para garantir o livre exercício dos Poderes Art. 34, IV ou em casos de desobediência judicial e princípios constitucionais. Controle pelo Congresso Nacional O decreto de intervenção deve ser enviado para apreciação do Congresso em até 24 horas. Casos específicos Resumo DIREITO CONSTITUCIONAL 4 � Recusa ao cumprimento de decisão judicial Art. 34, VI Depende de requisição do STF, STJ ou TSE. � Garantia de princípios constitucionais Art. 34, VII Requer decisão do STF a partir de representação do Procurador-Geral da República. Ação interventiva no Judiciário O Ministério Público pode promover ações de inconstitucionalidade ou representações para fins de intervenção, conforme Art. 129, IV. Fim da Intervenção Cessados os motivos, as autoridades afastadas retornam a seus cargos, salvo impedimentos legais Art. 36, §4º). 1.3.2 – Intervenção dos Estados nos Municípios Os Estados podem intervir nos municípios em hipóteses restritas previstas no Art. 35 da Constituição Federal, incluindo: � Dívida fundada Não pagamento por dois anos consecutivos, sem motivo de força maior. � Prestação de contas Descumprimento das obrigações legais. � Aplicação mínima em educação e saúde Falta de investimentos exigidos constitucionalmente. � Garantia de princípios constitucionais Requer representação acolhida pelo Tribunal de Justiça para assegurar execução de leis ou decisões judiciais. Resumo Final A intervenção é ato extremo, aplicável somente nas situações expressamente previstas na Constituição. Sua decretação exige rigoroso controle legal e constitucional, garantindo que a autonomia federativa seja respeitada e restaurada tão logo cessadas as causas motivadoras. Repartição Constitucional de Competências 1. Princípio Geral Resumo DIREITO CONSTITUCIONAL 5 A atuação do Poder Público está limitada ao que é permitido pelo sistema jurídico, conforme as competências atribuídas pela Constituição Federal. 1.4. Classificação das Competências a) Quanto à Natureza � Competência Material Administrativa): Atuação do poder executivo sobre temas específicos. � Competência Legislativa: Atuação do poder legislativo na criação de leis. b) Quanto à Forma � Competências Enumeradas: Estão expressas na Constituição. � Competências Residuais: Não atribuídas explicitamente; pertencem aos Estados-membros. Ex.: Art. 25 da CF. c) Quanto à Extensão � Competência Exclusiva: Atribuição de apenas um ente federativo (administrativa ou legislativa, conforme doutrina). Ex.: Art. 21, competências exclusivas da União. � Competência Privativa: Legislação de temas específicos, podendo ser delegada por lei complementar. Ex.: Art. 22, competência privativa da União. � Competência Comum: Atribuição administrativa compartilhada por todos os entes. Ex.: Art. 23. � Competência Concorrente: União legisla sobre normas gerais; Estados e DF podem suplementar. Na ausência de normas gerais, os Estados podem legislar plenamente Art. 24. Resumo DIREITO CONSTITUCIONAL 6 � Competência Suplementar: Estados e Municípios detalham normas gerais ou legislam sobre suas peculiaridades. 2. Competências dos Entes Federativos União Competência Exclusiva: Art. 21, como relações internacionais, defesa nacional e administração de bens públicos. Competência Privativa: Art. 22, legislar sobre direito civil, penal, trânsito, nacionalidade, etc. Estados Competência Residual: Art. 25, todas as matérias não atribuídas aos demais entes federativos. Exclusiva: Explorar serviços locais de gás canalizado Art. 25, § 2º). Municípios Competência Exclusiva: Art. 30, legislar sobre interesse local, transporte coletivo, ordenamento territorial, etc. Competência Suplementar: Complementar legislaçãofederal e estadual Art. 30, II. Distrito Federal Reúne competências de Estados e Municípios Art. 32. Não pode ser dividido em municípios. Resumo das Competências em Artigos Art. 21 Competências exclusivas da União. Resumo DIREITO CONSTITUCIONAL 7 Art. 22 Competências privativas da União. Art. 23 Competências comuns entre União, Estados, DF e Municípios. Art. 24 Competências concorrentes entre União, Estados e DF. Art. 25 Competências dos Estados. Art. 30 Competências dos Municípios. Art. 32 Competências do Distrito Federal. Esse modelo reflete a organização federativa brasileira e as limitações impostas pela Constituição Federal a cada ente. Da Organização dos Poderes 1. Poder Executivo Responsável pela administração pública e execução das leis. Compreende: Governo: Toma decisões fundamentais e conduz politicamente os objetivos do ente federativo Presidente da República, Conselhos e Ministérios). Administração Pública: Executa os objetivos definidos pelo Governo. Manoel Gonçalves Ferreira Filho: Define o Executivo como Governo (cabeça) e Administração (tronco e membros). 2. Presidente da República Chefe de Estado: Representa o país nas relações internacionais. Chefe de Governo: Gerencia negócios internos de natureza política e administrativa. Atribuições Exclusivas Art. 84 da CF Nomear e exonerar Ministros de Estado. Sancionar, promulgar e vetar leis. Decretar estado de defesa e de sítio. Comandar as Forças Armadas. Resumo DIREITO CONSTITUCIONAL 8 Nomear membros do STF e outros cargos de relevância após aprovação pelo Senado. Editar medidas provisórias e exercer outras funções previstas na Constituição. 2.1 Eleição e Mandato Requisitos de elegibilidade: Nacionalidade brasileira, direitos políticos plenos, alistamento eleitoral, domicílio eleitoral, filiação partidária, e idade mínima de 35 anos. Mandato de 4 anos, com posse em 1º de janeiro após a eleição. Vice-Presidente: Eleito com o Presidente. Substitui ou sucede o Presidente em caso de impedimento ou vacância. 2.2 Extinção do Mandato Motivos: Morte, renúncia, incapacidade civil, vacância, ausência prolongada do país ou cassação. Cassação do Mandato: Crime comum: Julgado pelo STF após autorização de 2/3 da Câmara dos Deputados. Crime de responsabilidade: Inclui infrações específicas contra a Constituição. Processo iniciado na Câmara e julgado pelo Senado. Necessita 2/3 dos votos para condenação. 2.3 Impeachment Base legal: Art. 85 da CF Define crimes de responsabilidade (como atentados à Constituição, probidade administrativa, lei orçamentária e decisões judiciais). Lei 1.079/1950 regula o processo. Processo: Resumo DIREITO CONSTITUCIONAL 9 Denúncia apresentada à Câmara dos Deputados. Comissão especial emite parecer sobre admissibilidade. Aprovada por 2/3 da Câmara, o processo segue para o Senado. Senado realiza julgamento com participação do Presidente do STF, exigindo 2/3 dos votos para condenação. 2.4 Prerrogativas do Presidente Foro por prerrogativa de função: Julgamento pelo STF em crimes comuns e de responsabilidade. Imunidade à prisão: Não pode ser preso antes de sentença condenatória em crimes comuns. Imunidade temporária à persecução penal: Não pode ser responsabilizado por atos estranhos às suas funções durante o mandato. Estado de Defesa e Estado de Sítio Estado de Defesa Instituído pelo Presidente da República, com consulta ao Conselho da República e ao Conselho de Defesa Nacional, tem como objetivo preservar ou restabelecer a ordem pública ou paz social ameaçadas por instabilidade institucional ou calamidade de grandes proporções. Características: Abrange áreas restritas e determinadas. Duração máxima de 30 dias, prorrogável por mais 30 dias. Medidas coercitivas autorizadas: Restrição de direitos de reunião e sigilo de comunicações. Ocupação e uso temporário de bens públicos em caso de calamidade. Prisões devem ser comunicadas imediatamente ao juiz competente. Controle pelo Congresso Nacional: Presidente deve justificar o decreto ao Congresso em até 24 horas. Resumo DIREITO CONSTITUCIONAL 10 O Congresso decide pela manutenção ou rejeição do estado de defesa em 10 dias. Estado de Sítio Decretado pelo Presidente da República, com autorização do Congresso Nacional, em situações de: � Comoção nacional grave ou ineficácia do estado de defesa. � Estado de guerra ou agressão armada estrangeira. Características: Suspensão de garantias constitucionais. Duração limitada: Até 30 dias para comoção grave (prorrogável). Indeterminado para guerra ou agressão armada enquanto durar o conflito. Medidas coercitivas: Restrições de liberdade, comunicação, reunião e imprensa. Intervenção em empresas de serviços públicos e requisição de bens. Obrigação de permanência em local determinado e busca domiciliar. Controle pelo Congresso Nacional: O Congresso deve autorizar e acompanhar a execução do decreto, permanecendo em funcionamento durante o período. Órgãos de Consulta � Conselho da República: Composto pelo Vice-Presidente, Presidentes das Casas Legislativas, líderes parlamentares, Ministro da Justiça e cidadãos indicados. Opina sobre intervenção federal, estado de defesa e sítio. � Conselho de Defesa Nacional: Resumo DIREITO CONSTITUCIONAL 11 Formado por membros do alto escalão do governo, incluindo Ministros da Defesa e Relações Exteriores, e Comandantes das Forças Armadas. Consulta em temas de soberania e defesa do Estado democrático. Estrutura do Legislativo Federal Sistema bicameral: composto por Câmara dos Deputados (representa proporcionalmente o povo) e Senado Federal (representa igualmente os Estados e o Distrito Federal). Câmara dos Deputados 513 deputados eleitos pelo sistema proporcional. Senado Federal 81 senadores 3 por Estado e Distrito Federal), eleitos pelo sistema majoritário, com mandato de 8 anos. Organização Interna Mesa Diretora: responsável pela administração das Casas. Comissões: Permanentes: atuam durante todo o período legislativo, emitindo pareceres especializados sobre temas, como Finanças ou Constituição e Justiça. Especiais: criadas para estudos ou investigações específicas (exemplo: PEC da Previdência). Comissões Especiais de Inquérito CPI: apuram irregularidades administrativas, com poder investigativo limitado, cujas conclusões são informativas. Funções do Legislativo � Função Legislativa: criação e votação de leis. � Função Deliberativa: decisões internas sobre organização e funcionamento das Casas. � Função de Fiscalização e Controle: Resumo DIREITO CONSTITUCIONAL 12 Controle externo das contas do Executivo com auxílio do Tribunal de Contas da União TCU. Processamento e julgamento de crimes de responsabilidade. Atribuições Congresso Nacional Art. 49: aprova leis, autoriza operações financeiras externas, aprova estados de defesa e intervenção, entre outros. Câmara dos Deputados Art. 51: autoriza abertura de processos contra o Presidente da República, elabora regimento interno, entre outros. Senado Federal Art. 52: julga crimes de responsabilidade de altas autoridades, aprova indicações para cargos importantes (ex. PGR e Ministros do STF, e analisa operações financeiras da União e Estados. Parlamentares Condições de Elegibilidade: Nacionalidade brasileira, pleno exercício dos direitos políticos, alistamento eleitoral, filiação partidária e idade mínima (variando de 18 a 35 anos, conforme o cargo). Prerrogativas: Imunidade Material: inviolabilidade civil e penal por opiniões e votos. Imunidade Formal: só podem ser presos em flagrante por crimes inafiançáveis. Foro Privilegiado: julgamento pelo STF. Outros direitos: limitação ao dever de testemunhar e isenção de serviço militar. Vedações: Não podem exercer cargo remunerado em entidades públicas, ter mais de um mandato eletivo ou patrocinar causas de interesse público. Perda de Mandato (Art. 55): Resumo DIREITO CONSTITUCIONAL 13 Por infringir proibições,quebra de decoro, ausência nas sessões, suspensão de direitos políticos ou condenação criminal. Este resumo organiza as principais informações sobre o Poder Legislativo e suas funções na estrutura constitucional brasileira. Processo Legislativo (Artigos 59 a 69 da Constituição Federal) O processo legislativo abrange a elaboração de emendas constitucionais, leis complementares, ordinárias, delegadas, medidas provisórias, decretos legislativos e resoluções. Ele segue regras específicas para cada tipo de norma. Emenda à Constituição (Art. 60) � Proposta: Pode ser feita por: 1/3 dos membros da Câmara ou do Senado; Presidente da República; Mais da metade das Assembleias Legislativas estaduais (com maioria simples dos membros). � Votação: Exige aprovação em dois turnos em cada Casa, com 3/5 dos votos. � Limitações: Não pode ser feita durante intervenção federal, estado de defesa ou de sítio. Não pode abolir: forma federativa, voto direto, separação de poderes e direitos individuais. Propostas rejeitadas não podem ser reapresentadas na mesma sessão legislativa. Leis (Art. 61 a 69) Iniciativa Legislativa (Art. 61) Pode ser exercida por parlamentares, comissões, Presidente da República, STF, tribunais superiores, Procurador-Geral da República e cidadãos Resumo DIREITO CONSTITUCIONAL 14 (iniciativa popular). Privativa do Presidente: Matérias como: Organização administrativa e judiciária; Regime de servidores públicos; Forças Armadas; Criação/extinção de ministérios e órgãos. Medidas Provisórias (Art. 62) Podem ser editadas pelo Presidente em caso de relevância e urgência. Restrições: Não podem versar sobre temas como nacionalidade, direito penal, orçamento, entre outros. Prazo: Perdem eficácia em 60 dias (prorrogáveis por mais 60 se não forem convertidas em lei. Tramitação prioritária: Após 45 dias de publicação, bloqueiam outras deliberações até sua votação. Processo de Aprovação (Art. 63 a 65) Início: Projetos de iniciativa presidencial ou judicial começam na Câmara dos Deputados. Veto presidencial: Pode ser total ou parcial, em até 15 dias úteis, e deve ser apreciado pelo Congresso em 30 dias. Leis Delegadas (Art. 68) Presidente da República elabora mediante autorização do Congresso. Excluem matérias como: Organização do Judiciário e Ministério Público; Nacionalidade, cidadania e direitos políticos; Orçamentos e planos plurianuais. Leis Complementares (Art. 69) Aprovadas por maioria absoluta. Resumo DIREITO CONSTITUCIONAL 15 O processo legislativo estabelece o equilíbrio entre poderes e garante transparência e controle na produção normativa do país. Organização dos Poderes – Poder Judiciário Introdução: O Poder Jurisdicional do Estado A função jurisdicional é realizada pelo Poder Judiciário, aplicando a lei em casos concretos por meio de processos regulares. O objetivo é produzir a coisa julgada, substituindo as vontades das partes envolvidas no conflito. Além de sua função típica, o Judiciário desempenha funções atípicas de caráter administrativo e legislativo. 3.1. Garantias Institucionais Autonomia administrativa O Judiciário organiza seu funcionamento e serviços, como prover secretarias e realizar concursos CF, art. 93. Autonomia financeira Possui orçamento próprio elaborado nos limites da Lei de Diretrizes Orçamentárias CF, art. 99. 3.2. Garantias e Vedações dos Magistrados Garantias CF, art. 95 � Vitaliciedade Adquirida após dois anos no cargo, a perda só ocorre por sentença judicial transitada em julgado. � Inamovibilidade Não podem ser transferidos, salvo por interesse público. � Irredutibilidade de subsídios Proventos não podem ser reduzidos, salvo exceções previstas na Constituição. Vedações: Exercer outro cargo ou função, exceto magistério. Receber custas ou participação em processos. Dedicar-se a atividades político-partidárias. Receber auxílios ou contribuições, salvo exceções legais. Resumo DIREITO CONSTITUCIONAL 16 Exercer advocacia no mesmo tribunal de que se afastaram, por três anos após aposentadoria ou exoneração. 3.3. Estrutura do Poder Judiciário Órgãos principais CF, art. 92STF, CNJ, STJ, TST, Tribunais e Juízes Federais, Eleitorais, do Trabalho, Militares, Estaduais, e do DF. Justiça Federal Comum: Competente para julgar ações envolvendo a União e entidades federais CF, art. 109. Especializada: � Justiça Militar Julga crimes militares. � Justiça Eleitoral Organiza e supervisiona processos eleitorais. � Justiça do Trabalho Processa ações oriundas de relações trabalhistas. Justiça Estadual Comum: Competente para causas não atribuídas à Justiça Federal ou especializada. Especializada: Inclui Justiça Militar Estadual (nos estados que a possuem). Tribunais Superiores STJ Responsável por uniformizar a interpretação da legislação infraconstitucional. STF Guarda da Constituição, julgando ações de inconstitucionalidade, entre outras competências. O STF é composto por 11 ministros indicados pelo Presidente da República, aprovados pelo Senado e com notável saber jurídico. Atua em casos envolvendo autoridades e matérias constitucionais, além de aprovar súmulas vinculantes que orientam decisões de outros órgãos. Controle de Constitucionalidade Definição Resumo DIREITO CONSTITUCIONAL 17 Controle de constitucionalidade verifica se atos normativos ou outros atos estão em conformidade com a Constituição. Em regra, o foco são atos normativos emitidos pelo Estado. Tipos de Controle: Quanto ao momento: � Preventivo: Antes do ato entrar em vigor. Exemplo: análise de projetos de lei em Comissões de Constituição e Justiça CCJ. � Repressivo: Após o ato já estar em vigor. Judicial: Exercido pelo Poder Judiciário. Legislativo: Sustação de atos normativos do Executivo que extrapolem sua competência Art. 49, V, CF. Exemplo: rejeição de Medida Provisória inconstitucional pelo Congresso Nacional Art. 62, CF. Quanto ao órgão responsável: � Político: Executado fora do Poder Judiciário (ex. CCJ e Legislativo). � Judicial: Exclusivo do Poder Judiciário. Quanto ao número de órgãos judiciais: � Difuso (ou aberto): Realizado por qualquer órgão do Judiciário no exame de casos concretos. Efeitos: Inter partes: Só atinge as partes do processo. Resumo DIREITO CONSTITUCIONAL 18 Ex-tunc: A decisão reconhece a nulidade do ato desde sua origem. Caso chegue ao STF, o Senado pode dar efeitos erga omnes à decisão Art. 52, X, CF. Exemplo: juiz pode deixar de aplicar uma lei inconstitucional em um caso concreto. � Concentrado: Realizado por órgão específico STF ou Tribunal de Justiça Estadual, dependendo do caso). Focado exclusivamente na análise da constitucionalidade de leis ou atos normativos. Efeitos: Erga omnes: Afeta toda a sociedade. Ex-tunc: Retroage à origem da norma. Ex-nunc: Possível por modulação de efeitos, considerando segurança jurídica Art. 27, Lei 9.868/99. Exemplos de ações: Ação Direta de Inconstitucionalidade ADIn) Ação Declaratória de Constitucionalidade ADC Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental ADPF Especificidades: � Medidas Provisórias: Controle repressivo pelo Congresso Nacional após entrada em vigor Art. 62, CF. � Leis Estaduais e Municipais: Controle concentrado de leis municipais só ocorre em face da Constituição Estadual Tribunal de Justiça). STF julga controle concentrado de leis estaduais ou federais Art. 102, CF. � Decretos do Presidente da República: Resumo DIREITO CONSTITUCIONAL 19 Controle apenas para decretos autônomos (não regulamentares). Esse resumo organiza as principais formas de controle de constitucionalidade, diferenciando seus momentos, responsáveis e efeitos jurídicos. Vias de Controle Concentrado de Constitucionalidade 1. Ação Direta de Inconstitucionalidade ADI A ADI é uma ação que visa declarar a inconstitucionalidade de leis ou atos normativos que contrariem a Constituição Federal. O Supremo Tribunal Federal STF éo principal responsável por julgar essas ações, mas tribunais estaduais podem tratar da constitucionalidade de normas estaduais ou municipais que contrariem a Constituição Estadual. Objeto Leis ou atos normativos (federais, estaduais ou distritais) que violem a Constituição Federal. Competência O STF, com a possibilidade de tribunais estaduais para questões de normas estaduais ou municipais. Legitimação Diversos órgãos, como o Presidente da República, a Mesa do Senado, Governadores, Procurador-Geral da República, entre outros. Procedimento A petição inicial deve ser detalhada, sendo que o STF pode pedir informações e a manifestação de entidades. A decisão final pode suspender ou declarar a nulidade da norma com efeitos erga omnes (para todos) e ex-tunc (retroativos). Medida Cautelar Pode ser concedida antes do julgamento final para suspender a eficácia da norma questionada. 2. Ação Direta de Inconstitucionalidade por Omissão ADO A ADO trata da ausência de atos normativos que deveriam ser criados para cumprir uma norma constitucional, configurando uma "inconstitucionalidade por omissão". Não há norma violando diretamente a Constituição, mas a falta de ação para implementar um comando constitucional. Objeto A falta de normas necessárias para dar efetividade a normas constitucionais de eficácia limitada. Competência O STF, como na ADI. Legitimação Os mesmos órgãos que podem propor a ADI. Resumo DIREITO CONSTITUCIONAL 20 Defesa Não há defesa do ato normativo, pois se trata da ausência de norma. O órgão responsável pela omissão deve ser chamado a se manifestar. Efeitos das Decisões: As decisões de ADI podem declarar a nulidade das normas, com efeitos retroativos, mas o STF pode modular esses efeitos para garantir a segurança jurídica ou por interesse social, decidindo que os efeitos só se aplicam após o trânsito em julgado ou em outro momento fixado. Ações de Controle Concentrado de Constitucionalidade � Ação Direta de Inconstitucionalidade por Omissão ADO A ADO visa corrigir a omissão de normas ou providências necessárias à efetivação de direitos constitucionais. Pode ser proposta pelos mesmos legitimados da Ação Direta de Inconstitucionalidade ADI. Admissibilidade: A petição inicial deve indicar a omissão (total ou parcial) de um dever constitucional, seja legislativo ou administrativo. Procedimento: Segue as disposições da ADI, com a possibilidade de manifestação de terceiros e pedidos de informações. Medida Cautelar: O STF pode conceder medida cautelar em casos urgentes, suspendendo a aplicação de atos ou procedimentos enquanto a omissão não for corrigida. Decisão: O Tribunal dará ciência ao órgão competente para adotar as providências necessárias, com prazos estabelecidos para ações de órgãos administrativos (geralmente 30 dias). � Ação Declaratória de Constitucionalidade ADC A ADC tem como objetivo afastar a insegurança jurídica sobre a constitucionalidade de normas em vigor. Pode ser proposta pelos mesmos legitimados da ADI. Procedimento: A petição inicial deve conter a controvérsia judicial relevante sobre a norma e o pedido de declaração de constitucionalidade. Medida Cautelar: O STF pode suspender processos judiciais que envolvam a norma questionada até o julgamento definitivo da ADC. Resumo DIREITO CONSTITUCIONAL 21 Decisão: Após o julgamento, a norma é declarada constitucional ou inconstitucional, com efeitos que podem ser ex nunc (a partir da decisão) ou ex tunc (retroativos). � Ação Direta de Inconstitucionalidade Interventiva ADI Interventiva) A ADI Interventiva permite que o Procurador-Geral da República solicite a intervenção da União em um Estado da Federação, quando este violar princípios constitucionais (como a forma republicana, a autonomia municipal, etc.). Competência: O STF decidirá sobre a intervenção com base em uma representação do Procurador-Geral da República. � Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental ADPF A ADPF visa proteger preceitos fundamentais da Constituição Federal, podendo ser usada quando outros meios de controle não são adequados. A ADPF pode ser utilizada para questionar atos normativos de qualquer esfera (municipal, estadual, federal) ou decisões judiciais com relevância constitucional. Preceitos Fundamentais: Incluem princípios constitucionais essenciais, como a divisão de poderes, direitos fundamentais, e a forma federativa do Estado. Exemplos: A ADPF foi usada em casos históricos como a descriminalização do aborto em casos de anencefalia ADPF 54, a união homoafetiva ADPF 132, e as cotas raciais em universidades ADPF 186. Julgamento: O STF pode declarar a inconstitucionalidade de normas ou atos que contrariem preceitos fundamentais, com efeitos vinculantes. Essas ações fazem parte do controle concentrado de constitucionalidade, onde o STF é o principal responsável por garantir que as normas e atos não contrariem a Constituição Federal. Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental ADPF � Objeto e Legitimidade Resumo DIREITO CONSTITUCIONAL 22 A ADPF é um mecanismo processual para evitar ou reparar lesão a preceito fundamental da Constituição, resultante de atos do Poder Público. Pode ser proposta por: Legitimados para a Ação Direta de Inconstitucionalidade ADI. O Procurador-Geral da República, mediante representação, quando necessário. � Petição Inicial A petição inicial deve conter: Indicação do preceito fundamental violado. Identificação do ato questionado. Prova da violação. O pedido com especificações. Comprovação de controvérsia judicial relevante, se aplicável. � Procedimento Indeferimento Liminar: O relator pode indeferir liminarmente a petição caso não atenda aos requisitos ou existam meios eficazes para sanar a lesão. Medida Liminar: O STF pode conceder liminar para suspender efeitos de atos normativos ou decisões judiciais, especialmente em casos urgentes. Informações: O relator solicitará informações às autoridades responsáveis e poderá designar audiências públicas ou perícias. � Julgamento Quorum: A decisão sobre a ADPF exige a presença de dois terços dos ministros do STF. Decisão Final: Após o julgamento, a decisão será vinculante, afetando todos os órgãos do Poder Público. Ela terá efeito imediato, salvo se o STF decidir restrições por segurança jurídica ou interesse social. � Efeitos e Publicação A decisão terá eficácia contra todos e será publicada em seção especial do Diário Oficial e do Diário da Justiça da União. Resumo DIREITO CONSTITUCIONAL 23 O STF pode restringir os efeitos da declaração de inconstitucionalidade ou determinar que ela tenha eficácia apenas após trânsito em julgado. � Irrecorribilidade A decisão sobre a ADPF é irrecorrível, não podendo ser alvo de ação rescisória. Reclamação pode ser feita caso a decisão não seja cumprida. Essas disposições ampliam o controle de constitucionalidade, permitindo que o STF se manifeste sobre a violação de preceitos fundamentais, abrangendo atos de qualquer poder ou esfera da administração pública. Funções Essenciais à Justiça e Estrutura dos Órgãos � Conselho Nacional de Justiça CNJ Criado pela Emenda Constitucional nº 45 de 2004, o CNJ visa melhorar o funcionamento do Judiciário no Brasil, com foco na transparência, controle e eficiência. Ele não tem jurisdição, mas atua administrativamente para garantir a autonomia do Judiciário e supervisionar o cumprimento do Estatuto da Magistratura. Suas atribuições incluem zelar pela ética judicial, julgar processos disciplinares e promover a publicação de relatórios sobre a atividade judicial. � Penas Disciplinares do CNJ O CNJ pode aplicar diversas sanções aos membros do Judiciário, como advertência, censura, remoção compulsória, e aposentadoria compulsória com vencimentos proporcionais ao tempo de serviço. � Composição do CNJ O CNJ é composto por 15 membros, incluindo ministros de tribunais superiores, juízes, advogados ecidadãos com notório saber jurídico, nomeados por diferentes órgãos como o Supremo Tribunal Federal STF, Superior Tribunal de Justiça STJ, e o Senado Federal. � Ministério Público O Ministério Público é uma instituição essencial para a defesa do regime democrático, atuando na promoção da justiça e nos interesses sociais. Ele tem autonomia funcional e administrativa e é composto por diferentes esferas, como o Ministério Público Federal e o Ministério Público dos Estados. A instituição tem funções como promover ações penais, zelar pelos direitos fundamentais e controlar a atividade policial. Resumo DIREITO CONSTITUCIONAL 24 � Advocacia Pública A Advocacia-Geral da União AGU representa a União judicial e extrajudicialmente e também realiza atividades de consultoria. A AGU é chefiada pelo Advogado-Geral da União, nomeado pelo Presidente da República. Procuradores dos Estados e do Distrito Federal representam as respectivas unidades federativas. � Defensoria Pública A Defensoria Pública é uma instituição permanente e essencial à justiça, destinada a garantir a defesa integral e gratuita dos direitos de pessoas necessitadas, tanto no âmbito judicial quanto extrajudicial. Ela é composta por defensores públicos que devem ser selecionados por concurso público, e tem autonomia funcional e administrativa. Esses órgãos desempenham funções essenciais para assegurar o funcionamento do sistema judiciário, a proteção dos direitos fundamentais e a justiça social.