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Trabalho Transtorno Bipolar e Intervenções da Psicologia Abordagem Terapia Cognitiva Comportamental (TCC) INTRODUÇÃO ........... TRANSTORNO BIPOLAR OU TRANSTORNO AFETIVO BIPOLAR (TAB) O Transtorno Bipolar é um transtorno de humor que tem como principal característica períodos em que o indivíduo oscila entre momentos de extrema euforia, irritação e ansiedade, também conhecida por mania ou leve euforia, conhecida como hipomania à profunda depressão. “O Transtorno Bipolar (TB), também conhecido como “Transtorno Afetivo Bipolar” e originalmente chamado de “Insanidade Maníaco-Depressiva”, é uma condição psiquiátrica caracterizada por alterações graves de humor, que envolvem períodos de humor elevado e de depressão (polos opostos da experiência afetiva) intercalados por períodos de remissão, e estão associados a sintomas cognitivos, físicos e comportamentais específicos”. (CLEMENTE, 2015). A duração das crises varia muito, a mania dura aproximadamente 1 semana e a hipomania, geralmente 4 dias. A depressão pode ir de 15 dias até 2 anos. É considerado um distúrbio psiquiátrico extremamente complexo e perigoso, pois tem sido o problema de saúde mental que mais causa suicídios. No Brasil, mais especificamente na cidade de São Paulo, a taxa encontrada de prevalência do TB (sem diferenciar os subtipos) ao longo da vida foi de 1% e a prevalência anual foi de 0,5%. A taxa de mortalidade também é alta, e a razão mais frequente de morte entre os jovens afetados é o suicídio. Cerca de 25% da população dos adolescentes com TB apresentam comportamentos suicida. Grande número dos pacientes também recorre ao uso de álcool e/ou drogas, o que agrava ainda mais os sintomas”. (WALTERS, 2002 apud BOSAIPO; BORGES; JURUENA, 2016). SINTOMAS Os sintomas de Transtorno Bipolar muitas vezes são confundidos com outras doenças psicológicas como depressão, ansiedade e esquizofrenia, dificultando assim seu diagnóstico. Em períodos distintos, a pessoa com transtorno bipolar pode apresentar esses sintomas alternando os em mania onde existe uma extrema euforia, hipomania, que é a forma mais leve da mania e depressão, onde existe a tristeza profunda, acompanhada de apatia e pensamentos suicidas. “De acordo com a quinta edição do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM 5-V), o transtorno se diferencia em três tipos principais: o Tipo I, em que ocorrem episódios maníacos que podem ter sido antecedido ou seguido por episódios hipomaníacos ou depressivos maiores, o Tipo II no qual, ocorre uma depressão profunda e há uma elevação do humor mais branda e breve caracterizando episódios de hipomania e o transtorno ciclotímico no qual, as alterações de humor envolve tanto episódios de depressão leve quanto mania leve” (APA,2014). Alguns dos principais sintomas de forma variada: · Agitação · Euforia · Ansiedade · Abuso de álcool e drogas · Impulsividade · Desinibição · Irritabilidade moderada ou severa · Hiperatividade moderada ou severa · Insônia ou sono em excesso · Alucinações · Perda ou ganho de peso · Tristeza sem causa · Perda de interesse em atividades e/ou coisas · Lentidão Motora · Diminuição de Concentração · Letargia · Memória lenta · Isolamento · Pensamentos suicidas TIPOS DE TRANSTORNO BIPOLAR A classificação de tipos de Transtorno Bipolar mais utilizada atualmente é dividida em Tipo1, Tipo 2 e Ciclotimia TIPO 1 Consiste em oscilações de humor com episódios de mania extremamente acentuados como delírios e profunda depressão, causando crises drásticas para o indivíduo. TIPO 2 Onde o indivíduo pode apresentar um ou mais episódios de depressão oscilando entre leve e severa com pelo menos um episódio de hipomanias, que tendem a ter durações menores. CICLOTIMIA Oscilações leves tanto para episódios de hipomanias e depressão moderada, porém com períodos maiores, ou seja, o tipo mais leve da doença. OUTROS TRANSTORNOS BIPOLARES Existem ainda o Transtorno Bipolar induzido por substância ou medicamentos e Transtorno bipolar devido a outra condição médica. CAUSAS Embora exista substancial pesquisa sobre a bipolaridade, os especialistas não apontam uma causa exata para o transtorno. A principal hipótese é que existam uma combinação de fatores genéticos, biológicos, ambientais e sociais que torna uma pessoa mais vulnerável ao desenvolvimento da doença. Fatores Genéticos Em relação aos fatores genéticos é possível um indivíduo ou mais apresentarem sintomas, quando existam pessoas da mesma família já com a doença. Mas ainda há estudos sendo avançados neste quesito. Fatores biológicos Em pessoas com Transtorno Bipolar, através de exames de ressonância magnética foram observadas alterações cerebrais como, diminuição de áreas responsáveis pelo controle das emoções, hormônios, energia, memória e inibições, além de alterações nos níveis de neurotransmissores. Fatores ambientais e sociais São inúmeros achados ainda não conclusivos, mas alguns já apresentam alta prevalência como, histórico de vida e saúde com doenças degenerativas e de alterações hormonais, exposição níveis de estresse, medicações, comportamentos a fatores estressores, mulheres no pós-parto, entre outros. DIAGNÓSTICO Para um rápido e assertivo diagnóstico serão necessários alguns profissionais da saúde atuando em conjunto. O diagnóstico do Transtorno Bipolar é difícil pois, pode ser confundido com outras doenças emocionais. De início o médico deverá realizar exames clínicos, laboratoriais como dosagem de hormônios e de imagem para investigar as causas dos sintomas de depressão ou manias. Dando sequência para avaliação de saúde mental e emocional que deverá ser feita por um médico psiquiatra, que analisará questões comportamentais, emocionais, sintomáticas e qualidade de sono essenciais para prognóstico. Este também deverá encaminhar paciente para atendimento psicológico que irá auxiliar nas questões de autoconhecimento do paciente e tratamento através de terapias para o transtorno com base no DSM-5. O DSM- é o Manual de Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais da Associação Americana de Psiquiatria (APA), é referência para médicos e psicoterapeutas avaliarem distúrbios de saúde mental. TRATAMENTOS/FÁRMACOS / PSICOTERAPIAS O tratamento do Transtorno Bipolar deve ser combinado, ou seja, com medicações, psicoterapia, atividades físicas e mudanças no estilo de vida. Tendo como base as fases da doença: aguda, continuação ou de manutenção. A importância do tratamento farmacológico é a utilização de estabilizadores de humor e antipsicóticos para tratar a fase de manias, melhorar os quadros de depressão, prevenir recaídas e auxiliar na recuperação das funções do organismo em geral. O primeiro fármaco utilizado como estabilizador de humor foi o Carbonato de Lítio. O Lítio é um mineral encontrado na natureza, só a partir do século 19 começou a ser fabricado e prescrito por psiquiatras como comprimidos em formato de carbonato, fazendo a liberação de níveis seguros no sangue durante 24 horas. Ainda hoje o Lítio possuí maiores evidências favoráveis para uso, porém outros medicamentos têm demonstrado bastante eficácia e segurança no tratamento como o Valproato, a Carbamezepina e a Olanzapina. O Valproato de sódio é também um estabilizador de humor que age no cérebro ajudando a restaurar o equilíbrio dos neurônios, para um bom funcionamento cerebral. A Carbamazepina é um antidepressivo e antiepilético descoberto em 1953, mas só no início da década de 1970, começou a ser estudada no Japão para o tratamento de transtorno bipolar. Ela impede a descarga neuronal repetitiva, reduzindo a propagação sináptica dos impulsos excitatórios além de agir na membrana da célula nervosa para assim deixá-la estável. A Olanzapina é classificada como antipsicótico e estabilizador de humor. Age na organização de neurotransmissores cerebrais, como a serotonina e a dopamina, fazendo o bloqueio da dopamina, que em excesso causa alterações de comportamento e provoca outros sintomas do transtorno bipolar. Estudos continuam avançandopois a cada dia são descobertos novos medicamentos já utilizados para tratar outros problemas psiquiátricos também obtendo excelentes resultados na instabilidade de irritabilidade, agressividade, entre outros sintomas específicos nos tratamentos de transtorno bipolar. Foi demonstrado que o paciente bipolar usa em média 4,2 medicações. Assim, a monoterapia no transtorno bipolar é exceção ao invés de regra. De acordo com (Sachs e Thase, 2000), os pacientes com transtorno bipolar utilizam em média 4,2 medicações, podemos observar a partir disso a Terapia de combinação farmacológica, que se utiliza de drogas combinadas para garantir dosagens menores e melhores respostas, como podemos ver a seguir: Lítio + Antipsicótico� O lítio tem sido usado juntamente com antipsicótico em terapia de manutenção (Small et al., 1995). Lítio + Carbamazepina� Esta combinação é usada intensamente e parece segura e eficaz, especialmente no ciclo rápido (Small et al., 1995). Lítio + Fluoxetina� Esta combinação parece prevenir a depressão em pacientes bipolares (Tondo et al., 1997). Lítio + Lamotrigina� Relatos de caso indicam que esta pode ser uma combinação útil (Calabrese et al., 1996). Valproato + Carbamazepina� Houve diversos relatos da eficácia, por exemplo, quando o valproato foi adicionado aos pacientes que não respondiam à carbamazepina (Schaff et al., 1993). TCC / TÉCNICAS A psicoterapia é de fundamental importância para o tratamento do Transtorno de Bipolaridade, ela irá atuar de forma a tratar as dificuldades e sintomas emocionais A terapia cognitiva tem ajudado vários pacientes (Scott et al., 2001) bem como a terapia familiar (Miklowitz, 1997). Terapia de grupo pode também melhorar a adesão e a autoestima (Colom et al., 2003). Segundo Perry et al. (1999) os principais objetivos do tratamento psicoterápico no transtorno bipolar são: • adesão – é fundamental aumentar a adesão do paciente ao tratamento; • funcionamento social e ocupacional – melhorar o desempenho dos pacientes em atividades sociais e laborativas; • melhorar a detecção de sinais precoces de recorrências; • educar o paciente acerca de sua doença e suas medicações (explicar os vários sintomas, esclarecer sobre prognóstico, instalar esperança, envolver familiares); • regular o sono e promover um estilo de vida saudável • criar de forma colaborativa estratégias de lidar com estresses. No tratamento do Transtorno Bipolar, uma das terapias que tem obtido resultados significativos é a terapia cognitivo-comportamental (TCC) Antes de tudo o paciente será acolhido pelo terapeuta, formando vínculo de confiança e ajuda. Através da psicoeducação o psicólogo explica para o paciente todos os detalhes de seu transtorno, qual é o tratamento, e seu imprescindível papel para sua recuperação, além de aplicar técnicas capazes de auxiliar o paciente a controlar os sintomas, diminuindo o sofrimento e a desenvolvendo maneiras de lidar com as situações para sanar as crises e trazer qualidade de vida pessoal e social. Recebe orientações de como adaptações e inclusão de novos hábitos como prática de atividades físicas, evitar consumo de álcool e substâncias, alimentação saudável, hobbies entre outros podem auxiliar na evolução e melhora da saúde emocional. O paciente aprende a identificar e monitorar seus sintomas e fases, distorções cognitivas e com a compreensão de comportamentos que podem levá-lo as crises que agravarão seu quadro. CONCLUSÃO ................... Referências Bibliográficas https://www.psicologia.pt/artigos/textos/A1190.pdf https://brazilianjournals.com/ojs/index.php/BRJD/article/view/23490/18864 https://vtmneurodiagnostico.com.br/perguntas_respostas/o-cerebro-com-transtorno-bipolar/ https://www.readcube.com/articles/10.1590%2Fs0101-60832005000700004 https://www.scielo.br/j/rpc/a/M4MZLTXnj5rSfwT3gxHKHSx/?lang=pt&format=pdf https://www.adeb.pt/pages/tratamento-pelo-litio#:~:text=O%20que%20%C3%A9%20o%20L%C3%ADtio,um%20per%C3%ADodo%20de%2024%20horas. https://www.tuasaude.com/acido-valproico/ https://zenklub.com.br/blog/medicamentos/carbamazepina/ https://cuidadospelavida.com.br/saude-e-tratamento/esquizofrenia/como-medicamentos-antipsicoticos-atuam-cerebro https://www.scielo.br/j/rpc/a/M4MZLTXnj5rSfwT3gxHKHSx/?lang=pt#:~:text=L%C3%ADtio%20%2B%20Antipsic%C3%B3tico%E2%80%93%20O%20l%C3%ADtio%20tem,et%20al.%2C%201995).