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P3 Psiquiatria | Stella Abujamra 
 
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TRANSTORNOS DO HUMOR 
DEFINIÇÃO 
• O humor pode ser definido como uma emoção ou um tom de sentimento difuso e persistente que influencia o 
comportamento de uma pessoa e colore sua percepção de ser no mundo. 
• Os transtornos do humor – às vezes chamados de transtornos afetivos – constituem uma categoria importante de doença 
psiquiátrica 
• Diversos adjetivos são usados para descrever o humor: deprimido, triste, vazio, melancólico, angustiado, irritável, 
desconsolado, excitado, eufórico, maníaco, jubiloso e muitos outros, todos de natureza descritiva. 
• Alguns podem ser observados pelo médico (p. ex., um rosto infeliz), e outros podem ser sentidos apenas pelo paciente 
(p. ex., desesperança). 
• O humor pode ser lábil, flutuar ou alternar rapidamente entre os extremos (p. ex., rindo alto e de modo expansivo em 
um momento, choroso e desesperado no seguinte). 
• Pacientes apenas com episódios depressivos maiores → transtorno depressivo maior ou depressão unipolar. 
• Aqueles com episódios tanto maníacos quanto depressivos ou somente com episódios maníacos → são considerados 
com transtorno bipolar. 
• Três categorias adicionais de transtornos do humor são: hipomania, ciclotimia e distimia. 
HISTÓRIA 
• Por volta de 400 a.C., Hipócrates usou os termos mania e melancolia para descrever distúrbios mentais. 
• Em torno de 30 d.C., o médico romano Celsus, em sua obra De re medicina, descreveu melancolia como uma depressão 
causada pela bile negra. 
✓ Jules Falret (1854): descreveu uma condição denominada folie circulaire, na qual os pacientes vivenciam 
estados de humor alternados de depressão e mania. 
✓ Karl Kahlbaum (1882): usando o termo ciclotimia, descreveu mania e depressão como estágios da mesma 
doença. 
✓ Emil Kraepelin (1899): descreveu a psicose maníaco-depressiva utilizando a maioria dos critérios que os 
psiquiatras atualmente utilizam para estabelecer o diagnóstico de transtorno bipolar I. De acordo com Kraepelin, 
a ausência de uma evolução para demência e deterioração na psicose maníaco-depressiva a diferencia de 
demência precoce (como a esquizofrenia era chamada na época). Kraepelin também descreveu uma depressão 
que veio a ser conhecida como melancolia involutiva, que, desde então, passou a ser vista como uma forma de 
transtorno do humor com início na vida adulta tardia. 
DEPRESSÃO 
• Um transtorno depressivo maior ocorre sem uma história de um episódio maníaco, misto ou hipomaníaco. 
• O episódio depressivo maior deve durar pelo menos duas semanas, e normalmente uma pessoa com esse diagnóstico 
também experimenta pelo menos quatro sintomas de uma lista que inclui: 
o alterações no apetite e peso 
o alterações no sono e na atividade 
o falta de energia 
o sentimentos de culpa 
o problemas para pensar e tomar decisões 
o pensamentos recorrentes de morte ou suicídio 
MANIA 
➔ Um episódio maníaco é um período distinto de humor anormal e persistentemente elevado, expansivo ou irritável 
que DURA PELO MENOS UMA SEMANA, com grave comprometimento das atividades sociais e dos 
Transtorno do humor → incluem mudanças no nível de atividade, nas capacidades cognitivas, na fala e nas funções vegetativas (p. 
ex., sono, apetite, atividade sexual e outros ritmos biológicos). Esses transtornos quase sempre resultam em comprometimento do 
funcionamento interpessoal, social e ocupacional. 
O campo da psiquiatria tem considerado a depressão maior e o transtorno bipolar como transtornos separados, particularmente nos 
últimos 20 anos. Entretanto, a possibilidade de que o transtorno bipolar seja, na verdade, uma expressão mais grave de depressão 
maior foi recentemente reconsiderada. 
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relacionamentos com outras pessoas exigindo internação, ou menos se o paciente tiver de ser hospitalizado, que 
geralmente cursa com: 
o exaltação do humor 
o tendência a louquacidade 
o aceleração do curso do pensamento 
o sensação de aumento da energia 
o menor necessidade de sono 
o irritabilidade 
o hipersexualidade 
o impulsividade 
o euforia pode evoluir para irritabilidade e à intolerância 
o fuga de ideias 
o atenção espontânea exacerbada com aumento da acuidade das percepções (notável distraibilidade) 
o quadros psicóticos: podem apresentar delírios de grandeza, podem surgir alucinações isoladas. Nas chamadas 
“mania delirante”, os delírios e alucinações se exacerbam, apresentando-se com maior elaboração, lembrando 
estados paranoides. A “mania confusa” também pode ocorrer, onde ocorre obnubilação da consciência. 
 
➔ Um episódio hipomaníaco DURA PELO MENOS QUATRO DIAS e é semelhante a um episódio maníaco, exceto por 
não ser grave o suficiente para causar comprometimento no funcionamento social ou ocupacional e por aspectos 
psicóticos não estarem presentes, não sendo necessário internação. 
 
• Tanto a mania como a hipomania estão associadas com autoestima inflada, 
necessidade de sono diminuída, distratibilidade, grande atividade física e 
mental e envolvimento excessivo em comportamento prazeroso. 
✓ Transtorno bipolar I = é definido como tendo um curso clínico de um 
ou mais episódios maníacos e, às vezes, episódios depressivos 
maiores. Um episódio misto é um período de pelo menos uma semana 
no qual tanto um episódio maníaco quanto um episódio depressivo 
maior ocorrem quase diariamente. 
✓ Transtorno bipolar II = Uma variante de transtorno bipolar 
caracterizada por episódios de depressão maior e hipomania, em vez 
de mania 
 
DISTIMIA E CICLOTIMIA 
• Ambos são caracterizados pela presença de sintomas menos graves do que os 
de transtorno depressivo maior e de transtorno bipolar I, respectivamente. 
• Distimia → é caracterizada por PELO MENOS DOIS ANOS DE HUMOR DEPRIMIDO NÃO GRAVE o suficiente para receber 
o diagnóstico de episódio depressivo maior. 
• Ciclotimia → é caracterizado por PELO MENOS DOIS ANOS DE OCORRÊNCIA FREQUENTE DE SINTOMAS HIPOMANÍACOS 
que não podem ser diagnosticados como um episódio maníaco E DE SINTOMAS DEPRESSIVOS que não podem ser 
diagnosticados como um episódio depressivo maior. 
EPIDEMIOLOGIA 
➢ Incidência e prevalência 
• Os transtornos do humor são comuns. Nos levantamentos mais recentes, o transtorno depressivo maior tem a 
prevalência mais alta ao longo da vida (quase 17%) de todos os transtornos psiquiátricos. 
• A taxa de prevalência ao longo da vida para depressão maior é de 5 a 17%. 
• A incidência anual de doença bipolar é geralmente considerada inferior a 1%, mas ela é difícil de estimar, porque formas 
mais leves desse transtorno muitas vezes passam despercebidas. 
➢ Sexo 
• Uma observação quase universal, independentemente de país ou cultura, é a prevalência duas vezes maior de 
transtorno depressivo maior em mulheres do que em homens. 
• Em contraste com o transtorno depressivo maior, o transtorno bipolar I tem uma prevalência igual entre homens e 
mulheres. 
• Episódios maníacos são mais comuns em homens, e episódios depressivos são mais comuns em mulheres. 
• Quando episódios maníacos ocorrem em mulheres, elas têm mais probabilidade do que os homens de apresentar um 
quadro misto (p. ex., mania e depressão). 
Existem nesses pacientes: alterações da 
afetividade (exaltação do humor, irritabilidade), 
alterações do pensamento (aceleração, com 
associações de pensamento não lógicas) e da 
atividade (agitação psicomotora com 
impulsividade) 
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➢ Idade 
• A idade de início do transtorno bipolar I é mais precoce do que a do depressivo maior, variando da infância (a partir 
dos 5 ou 6 anos) aos 50 anos, ou até mais, em casos raros, com idade média de 30 anos. 
• A idade média de início para transtorno depressivo maior é em torno dos 40 anos, com 50% de todos os pacientes tendo 
início entre os 20 e os 50 anos. 
• Dados epidemiológicos recentes revelam que a incidênciade transtorno depressivo maior pode estar aumentando entre 
pessoas com menos de 20 anos. É possível que isso esteja relacionado ao aumento do uso de álcool e do abuso de drogas 
nessa faixa etária. 
➢ Estado civil 
• O transtorno depressivo maior ocorre mais frequentemente em pessoas sem relacionamentos interpessoais íntimos e 
naquelas que são divorciadas ou separadas. 
• O transtorno bipolar I é mais comum em pessoas divorciadas e solteiras do que entre as casadas, mas essa diferença 
pode refletir o início precoce e a discórdia conjugal resultante característica do transtorno. 
➢ Fatores socioeconômicos e culturais 
• Não foi encontrada correlação entre condição socioeconômica e transtorno depressivo maior. 
• Uma incidência mais alta do que a média de transtorno bipolar I é encontrada entre os grupos socioeconômicos mais 
altos; entretanto, ele é mais comum em pessoas que não têm curso superior do que naquelas com diploma universitário, 
o que também pode refletir a idade de início relativamente precoce para o transtorno. 
• A depressão é mais comum em áreas rurais do que em áreas urbanas. 
• A prevalência de transtorno do humor não difere entre as raças. 
COMORBIDADE 
• Indivíduos com transtornos depressivos maiores têm maior risco de apresentar um ou mais transtornos comórbidos. 
Os mais frequentes são: abuso ou dependência de álcool, transtornos de pânico, transtorno obsessivo-compulsivo (TOC) 
e transtorno de ansiedade social. 
• De modo inverso, indivíduos com transtornos por uso de substâncias e de ansiedade também têm um risco elevado de 
transtorno do humor comórbido atual ou ao longo da vida. 
• Tanto no transtorno unipolar como no bipolar, enquanto os homens apresentam com mais frequência transtornos por 
uso de substâncias, as mulheres têm transtornos de ansiedade ou alimentares comórbidos. 
• Em geral, pacientes bipolares apresentam mais comorbidade com uso de substância e transtornos de ansiedade do que 
aqueles com depressão maior unipolar. 
ETIOLOGIA 
➢ Fatores biológicos 
• Muitos estudos relataram anormalidades biológicas em pacientes com transtornos do humor. Até recentemente, os 
neurotransmissores monoaminégicos –norepinefrina, dopamina, serotonina e histamina – eram o centro das teorias e 
da pesquisa sobre a etiologia desses transtornos. 
o Aminas biogênicas → A norepinefrina e a serotonina são os dois neurotransmissores mais implicados na 
fisiopatologia dos transtornos do humor. 
▪ NOREPINEFRINA: down regulation dos receptores β-adrenérgicos e as respostas clínicas aos 
antidepressivos é provavelmente a evidência isolada mais convincente indicando um papel direto do 
sistema noradrenérgico na depressão. Outras evidências implicaram também os receptores β2 pré-
sinápticos na depressão, visto que sua ativação resulta em redução da quantidade de norepinefrina 
liberada. A eficácia clínica dos antidepressivos com efeitos noradrenérgicos – por exemplo, a 
venlafaxina – apoia ainda mais um papel da norepinefrina na fisiopatologia de pelo menos alguns dos 
sintomas da depressão. 
▪ SEROTONINA: Com o forte efeito que os inibidores seletivos da recaptação de serotonina (ISRSs) – 
por exemplo, a fluoxetina – têm tido sobre o tratamento da depressão, a serotonina se tornou a amina 
biogênica neurotransmissora mais comumente associada à depressão. A depleção da serotonina 
pode precipitar depressão 
o Dopamina → Dados indicam que sua atividade pode estar reduzida na depressão e aumentada na mania. Os 
medicamentos que reduzem as concentrações da dopamina – por exemplo, a reserpina – e as doenças que 
também têm esse efeito (p. ex., doença de Parkinson) estão associados com sintomas depressivos. Duas teorias 
recentes sobre dopamina e depressão são que a via mesolímbica da dopamina pode ser disfuncional e que seu 
receptor D1 pode ser hipoativo na depressão. 
Os transtornos por uso de substâncias e de ansiedade comórbidos pioram o prognóstico da doença e aumentam de maneira acentuada 
o risco de suicídio entre indivíduos com depressão maior unipolar e bipolar. 
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o Acetilcolina → é encontrada nos neurônios que se distribuem de forma difusa por todo o córtex cerebral. Os 
agonistas podem produzir letargia, falta de energia e retardo psicomotor em indivíduos saudáveis, exacerbar 
os sintomas na depressão e reduzir os sintomas na mania. 
o GABA → tem um efeito inibidor sobre as vias ascendentes monoaminérgico, particularmente os sistemas 
mesocortical e mesolímbico. Reduções dos níveis plasmático, do LCS e cerebral de GABA foram observadas na 
depressão. Estudos com animais também revelaram que o estresse crônico pode reduzir e, por fim, esgotar os 
níveis de GABA. Por sua vez, os receptores de GABA sofrem regulação ascendente por antidepressivos 
o Glutamato e glicina → são os principais neurotransmissores excitatórios e inibitórios no SNC. O glutamato, 
portanto, pode operar em conjunto com a hipercortisolemia para mediar os efeitos neurocognitivos 
prejudiciais da depressão recorrente grave. 
o Segundos mensageiros e cascatas intracelulares → crescentes também indicam que agentes estabilizadores 
do humor agem sobre as proteínas G ou outros segundos mensageiros. 
o Alterações da regulação hormonal → Alterações duradouras nas respostas neuroendócrinas e 
comportamentais podem resultar de estresse precoce grave. Estresse prolongado, portanto, pode induzir 
alterações no estado funcional dos neurônios e acabar levando a morte celular. Atividade de HHS elevada é 
uma característica de respostas a estresse em mamíferos e uma das ligações mais claras entre depressão e a 
biologia do estresse crônico, de forma a se ter um quadro de Hipercortisolemia na depressão 
o Atividade do eixo tireoidiano → Aproximadamente 5 a 10% das pessoas avaliadas para depressão têm 
disfunção tireoidiana ainda não detectada, conforme refletido por nível basal do hormônio estimulante da 
tireoide (TSH) elevado 
o Hormônio do crescimento → O hormônio do crescimento (GH) é secretado da hipófise anterior após 
estimulação por norepinefrina (NE) e dopamina. A secreção é inibida por somatostatina, um neuropeptídeo 
hipotalâmico, e por CRH. Níveis de somatostatina do LCS diminuídos foram relatados na depressão e níveis 
aumentados foram observados na mania. 
o Prolactina → A prolactina é liberada da hipófise pela estimulação da serotonina e é inibida por dopamina. A 
maioria dos estudos não encontrou anormalidades significativas, embora uma resposta embotada a vários 
agonistas de serotonina tenham sido descrita. 
o Alterações da neurofisiologia do sono → A depressão está associada com perda prematura do sono profundo 
(de onda lenta) e aumento no despertar noturno. Este último é refletido por quatro 
tipos de distúrbio: 
✓ aumento nos despertares noturnos 
✓ redução no tempo de sono total 
✓ aumento do sono de movimentos oculares rápidos (REM) fásico 
✓ aumento da temperatura corporal. 
Combinação de movimento REM aumentado e sono de onda lenta diminuído 
resulta em uma redução significativa no primeiro período de sono não REM (NREM), 
um fenômeno chamado de latência REM reduzida. A combinação de latência REM 
reduzida, densidade REM aumentada e manutenção do sono diminuída identifica 
aproximadamente 40% dos pacientes ambulatoriais deprimidos e 80% dos 
internados deprimidos. 
o Distúrbios imunológicos → Os transtornos depressivos estão associados com várias anormalidades 
imunológicas, incluindo diminuição da proliferação de linfócitos em resposta a mitógenos e outras formas de 
imunidade celular comprometida. 
o Imagem cerebral estrutural e funcional → A anormalidade mais consistente observada nos transtornos 
depressivos é a maior frequência de hiperintensidades anormais nas regiões subcorticais, tais como as regiões 
periventriculares, os gânglios da base e o tálamo. Aumento ventricular, atrofia cortical e alargamento sulcal 
também foram relatadosem alguns estudos. Alguns pacientes deprimidos também podem ter volumes 
reduzidos do hipocampo ou do núcleo caudado, ou de ambos. Áreas de atrofia difusas e focais foram 
associadas com maior gravidade da doença, bipolaridade e aumento dos níveis de cortisol. O achado de 
tomografia por emissão de pósitrons (PET) mais amplamente reproduzido na 
depressão é uma diminuição no metabolismo cerebral anterior, que é em geral mais 
pronunciada no lado esquerdo. De um ponto de vista diferente, a depressão pode 
estar relacionada com um aumento relativo na atividade do hemisfério não 
dominante. Outros estudos observaram reduções mais específicas do fluxo 
sanguíneo ou do metabolismo cerebrais, ou de ambos, nos tratos 
dopaminergicamente inervados dos sistemas mesocortical e mesolímbico na 
depressão. Novamente, as evidências sugerem que os antidepressivos normalizam 
Foi verificado que pacientes 
que manifestam um perfil de 
sono caracteristicamente 
anormal são menos 
responsivos a psicoterapia e 
apresentam um risco maior 
de recaída ou recidiva e 
podem se beneficiar, 
sobretudo, da 
farmacoterapia. 
Maiores reduções do 
hemisfério esquerdo são 
vistas na depressão, 
comparadas com maiores 
reduções do hemisfério 
direito na mania. 
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essas mudanças pelo menos em parte. Foi observado aumento do metabolismo da glicose em diversas regiões 
límbicas, em particular entre pacientes com depressão recorrente relativamente grave e história familiar de 
transtorno do humor. Durante episódios de depressão, o aumento do metabolismo da glicose está 
correlacionado com ruminações importunas. 
o Considerações neuroanatômicas → Hipótese de que os transtornos do humor envolvem patologia do cérebro. 
A neurociência afetiva moderna focaliza-se na importância de quatro regiões cerebrais na regulação das 
emoções normais: o córtex pré-frontal (CPF), o cingulado anterior, o hipocampo e a amígdala. O CPF é 
considerado a estrutura que contém representações de objetivos e as respostas adequadas para alcançá-los. 
Pensa-se que o córtex cingulado anterior (CCA) sirva como ponto de integração de estímulos atencionais e 
emocionais. Foi proposto que a ativação do CCA facilita o controle da excitação emocional, sobretudo quando 
a realização do objetivo foi frustrada ou quando problemas novos foram encontrados. O hipocampo está mais 
claramente envolvido em várias formas de aprendizagem e memória, incluindo o condicionamento do medo, 
bem como na regulação inibitória da atividade do eixo HHS. A amígdala parece ser um local crucial para o 
processamento de estímulos novos de significado emocional e para a coordenação e organização de respostas 
corticais. Localizada logo acima dos hipocampos bilateralmente, a amígdala sempre foi considerada o coração 
do sistema límbico. 
➢ Fatores genéticos 
• Inúmeros estudos de famílias, de adoção e de gêmeos há muito têm documentado a hereditariedade dos transtornos 
do humor. 
• Dados familiares indicam que, se um dos genitores tem um transtorno do humor, um dos filhos tem um risco entre 10 
e 25% de também apresentá-lo. Se ambos os genitores são afetados, o risco praticamente duplica. 
• Quanto mais membros da família forem afetados, maior o risco para um filho. 
• O risco é maior se os afetados forem parentes em primeiro grau do que mais distantes. 
• Uma história familiar de transtorno bipolar confere um risco maior para transtornos do humor em geral e, em 
particular, um risco muito maior para transtorno bipolar. O transtorno unipolar costuma ser a forma mais comum de 
transtorno do humor em famílias de probandos bipolares. 
• Essa sobreposição familiar sugere algum grau de bases genéticas comuns entre essas duas formas de transtorno do 
humor. 
• A presença de doença mais grave na família também confere um risco maior 
• Dados de gêmeos fornecem evidências convincentes de que os genes explicam apenas 50 a 70% da etiologia dos 
transtornos do humor. O ambiente ou outros fatores não hereditários devem explicar o restante. Portanto, é uma 
predisposição ou suscetibilidade à doença que é herdada. 
• Os cromossomos 18q e 22q são as duas regiões com evidência mais forte de ligação a transtorno bipolar. Vários estudos 
de ligação encontraram evidências do envolvimento de genes específicos em subtipos clínicos 
• Outras 18 regiões genômicas também eram ligadas; algumas delas exibiam interações com o locus de CREB1. 
• Outro estudo relatou evidência de uma interação gene-ambiente no desenvolvimento de depressão maior. Foi 
demonstrado que indivíduos com eventos de vida adversos em geral tinham risco aumentado para depressão. Destes, 
entretanto, aqueles com uma variante no gene transportador de serotonina apresentavam o maior aumento no risco. 
Esse é um dos primeiros relatos de uma interação gene-ambiente específica em um transtorno psiquiátrico 
➢ Fatores psicossociais 
o Fatores ambientais → 
• Uma observação clínica de longa data é a de que eventos de vida estressantes mais frequentemente precedem os 
primeiros episódios de transtornos do humor, e não os subsequentes. 
• Uma teoria proposta para explicar essa observação é a de que o estresse que acompanha o primeiro episódio resulta 
em mudanças duradouras na biologia do cérebro. Essas mudanças podem alterar os estados funcionais de vários 
neurotransmissores e sistemas sinalizadores intraneuronais, mudanças que podem incluir mesmo a perda de neurônios 
e uma redução excessiva de contatos sinápticos. 
• Os dados mais convincentes indicam que o evento de vida associado 
com mais frequência ao desenvolvimento da depressão é a perda de um 
dos genitores antes dos 11 anos de idade. 
• O estressor ambiental mais associado ao início de um episódio de 
depressão é a perda do cônjuge. Outro fator de risco é o desemprego; 
o Fatores de personalidade → 
• Nenhum traço ou tipo de personalidade isolado predispõe de forma 
única uma pessoa a depressão; todos os seres humanos, com qualquer 
padrão de personalidade, podem e ficam deprimidos sob 
determinadas circunstâncias. 
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• Aqueles com certos transtornos da personalidade – obsessivo-compulsiva, histriônica e borderline – podem ter um 
risco maior de depressão do que pessoas com personalidade antissocial ou paranoide. 
• Pacientes com distimia e transtorno ciclotímico têm o risco de mais tarde desenvolver depressão maior ou transtorno 
bipolar I. 
• Acontecimentos estressantes recentes são os preditores mais poderosos do início de um episódio depressivo. 
o Fatores psicodinâmicos na depressão → 
• Sigmund Freud (expandido por Karl Abraham): visão clássica da depressão. 
▪ distúrbios na relação bebê-mãe durante a fase oral (os primeiros 10 a 18 meses de vida) predispõem a 
vulnerabilidade subsequente a depressão; 
▪ a depressão pode estar ligada a perda real ou imaginada do objeto; 
▪ a introjeção de objetos que partiram é um mecanismo de defesa invocado para lidar com o sofrimento associado 
com a perda do objeto; 
▪ visto que o objeto perdido é percebido com uma mistura de amor e ódio, sentimentos de raiva são dirigidos 
contra o self 
• Melanie Klein: entendia a depressão como envolvendo a expressão de agressão contra entes queridos. 
• Edward Bibring: a considerava um fenômeno que se instala quando uma pessoa se torna consciente da discrepância 
entre ideais extraordinariamente elevados e a incapacidade de alcançar esses objetivos. 
• Edith Jacobson: via o estado de depressão como semelhante ao de uma criança impotente e desamparada, vítima de um 
pai atormentador. 
• Silvano Arieti: observou que muitos pacientes deprimidos viviam suas vidas mais para os outros do que para si mesmos. 
Ele se referia à pessoa para quem o paciente deprimido vive como o outro dominante, que pode ser um princípio, um 
ideal ou uma instituição, bem como um indivíduo. A depressão seinstala quando o 
indivíduo percebe que a pessoa ou o ideal pelo qual estava vivendo nunca vai 
responder de forma a satisfazer suas expectativas. 
• Heinz Kohut: derivado de sua teoria psicológica do self, baseia-se na suposição de que 
o self em desenvolvimento tem necessidades específicas que precisam ser satisfeitas 
pelos pais, para dar à criança um sentimento positivo de autoestima e autocoesão. 
Quando os outros não satisfazem essas necessidades, há perda massiva de autoestima, 
que se apresenta como depressão. 
• John Bowlby: acreditava que apegos iniciais danificados e a separação traumática na 
infância predispõem a depressão. Diz-se que as perdas do adulto revivem a perda 
traumática na infância e, dessa forma, precipitam episódios depressivos no adulto. 
o Fatores psicodinâmicos na mania → A maioria das teorias acerca da mania 
considera os episódios maníacos uma defesa contra a depressão subjacente. 
Abraham, por exemplo, acreditava que esses episódios pudessem refletir uma incapacidade de tolerar uma 
tragédia do desenvolvimento, como a perda de um dos genitores. O estado maníaco também pode resultar de 
um superego tirânico, que produz autocrítica intolerável, que é, então, substituída pela autossatisfação 
eufórica. 
➢ Outras formulações de depressão 
o TEORIA COGNITIVA: De acordo com a teoria cognitiva, a depressão resulta de distorções cognitivas específicas 
presentes nas pessoas predispostas a desenvolvê-la. Essas distorções, referidas como esquemas 
depressogênicos, são modelos cognitivos que percebem tanto os dados internos quanto os externos de formas 
alteradas por experiências precoces. 
o Aaron Beck postulou a tríade cognitiva da depressão, que consiste em: 
▪ Visão sobre si próprio → uma autopercepção negativa 
▪ Sobre o mundo → uma tendência a experimentar o mundo como hostil e exigente 
▪ Sobre o futuro → a expectativa de sofrimento e fracasso. 
▪ A terapia tem por objetivo modificar essas distorções. 
o Impotência aprendida: associa fenômenos depressivos à experiência de acontecimentos incontroláveis. Pensa-
se que explicações causais internas produzem perda de autoestima após eventos externos adversos. Os 
behavioristas que apoiam a teoria enfatizam que a melhora da depressão depende de o paciente desenvolver 
um senso de controle e domínio do ambiente. 
DIAGNÓSTICO 
➢ Transtorno depressivo maior 
• A definição de depressão envolve a coexistência sindrômica de vários sintomas, por um determinado período (de no 
mínimo 2 semanas) que pode ser considerada grave ou leve segundo o número de sintomas observados 
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• Pode se apresentar como uma síndrome somática na qual as dores e o cansaço são frequentemente os sintomas 
principais 
• Diferentemente da tristeza que costuma ser uma resposta normal a perdas sofridas da vida e não é tão duradoura como 
a depressão, os quadros depressivos costumam surgir sem que haja uma razão específica, sem que nada terrível tenha 
acontecido, pois tem características biológicas. 
SINTOMAS PSICOLÓGICOS 
Sensação de estar para baixo – sem iniciativa ou estímulo 
Perda do prazer de viver e de fazer atividades 
habitualmente prazerosas 
Sensação de impotência sobre o futuro – “qual é meu 
objetivo?” 
Sensação de impotência – sentir-se a mercê 
Sensação de culpa 
Falta de autoestima e de autoconfiança 
Pensamentos de colocar fim à vida (suicidas) 
Sensação de irritação e até mesmo de raiva por causa de 
diferenças entre si próprio e os outros 
 
• Principais fatores de risco: História pregressa de depressão, história familiar, eventos de vida causadores de estresse, 
falta de apoio social, história de ansiedade, períodos pós-parto, abuso de álcool e drogas, comorbidade, presença de 
doenças graves, pessoas solteiras, idade mais avançada, condição socioeconômica mais baixa, sexo feminino 
• A depressão pode ocorrer como um episódio único ou ser recorrente 
o Episódio único → A diferenciação entre esses pacientes e os que têm dois ou mais episódios de transtorno 
depressivo maior é justificada pelo curso incerto do transtorno dos primeiros. Além disso, pacientes com 
transtorno bipolar I e aqueles com transtorno bipolar II (episódios depressivos maiores com hipomania) têm 
mais probabilidade de ter diagnósticos estáveis ao longo do tempo. 
o Recorrente → Indivíduos que estão vivenciando pelo menos um segundo episódio de depressão são 
classificados com transtorno depressivo maior, recorrente. 
 
✓ Transtorno bipolar I 
• Requerem a presença de um período distinto de humor anormal de pelo menos uma semana e incluem diagnósticos 
separados de transtorno bipolar I para um episódio maníaco único e para um episódio recorrente 
• Trata-se de uma síndrome em que um conjunto completo de sintomas de mania ocorre durante o curso do transtorno. 
o Transtorno bipolar I, episódio maníaco único → os pacientes devem estar vivenciando seu primeiro episódio 
maníaco para satisfazer os critérios diagnósticos 
o Transtorno bipolar I, recorrente → As questões relativas à definição do fim de um episódio de depressão 
também se aplicam à definição do fim de um episódio de mania. Os episódios maníacos são considerados 
distintos quando são separados por pelo menos dois meses sem sintomas significativos de mania ou 
hipomania. 
 
✓ Transtorno bipolar II 
• Os critérios diagnósticos para transtorno bipolar II são caracterizados por episódios depressivos e hipomaníacos durante 
o curso do transtorno, mas os episódios de sintomas maníaco-símiles não satisfazem por completo os critérios 
diagnósticos para uma síndrome maníaca completa 
 
ESPECIFICADORES (CARACTERÍSTICAS DOS SINTOMAS) 
• Com aspectos psicóticos → A presença de aspectos psicóticos no transtorno depressivo maior reflete doença grave e é 
um indicador de mau prognóstico. 
• Os próprios sintomas psicóticos são, muitas vezes, categorizados como congruentes com o humor, ou seja, em harmonia 
com o transtorno do humor (“Eu mereço ser punido porque sou muito mau”), ou incongruentes com o humor, em 
desarmonia com o transtorno do humor. 
• Pacientes com transtornos do humor com psicoses congruentes com o humor têm um tipo de transtorno do humor 
psicótico; entretanto, aqueles com transtorno do humor com sintomas psicóticos incongruentes com o humor podem ter 
transtorno esquizoafetivo ou esquizofrenia. 
• Os seguintes fatores foram associados a mau prognóstico para pacientes com transtornos do humor: 
o Longa duração dos episódios 
SINTOMAS ORGÂNICOS 
Perda de apetite, com emagrecimento considerável 
Perda de energia e disposição 
Sono prejudicado com despertar precoce 
Lentidão de pensamentos e movimentos 
Agitação (tremores), inquietude, incapacidade de ficar parado 
Perda da libido e da função sexual 
Constipação, cefaleias, amenorreia e outras dores/desconfortos 
Sensação de estar fisicamente doente 
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o Dissociação temporal entre o transtorno do humor e os sintomas psicóticos 
o História de mau ajustamento social pré-mórbido. 
o A presença de aspectos psicóticos também tem implicações significativas para o tratamento → Esses pacientes 
normalmente requerem medicamentos antipsicóticos além dos antidepressivos e dos estabilizadores do 
humor e podem necessitar de ECT para obter melhora clínica. 
• Com aspectos melancólicos → Ainda é usado em referência a uma depressão caracterizada por anedonia grave, 
despertar matinal precoce, perda de peso e sentimentos profundos de culpa (frequentemente por acontecimentos 
triviais). 
• Não é incomum pacientes melancólicos terem ideação suicida. 
• A melancolia está associada com alterações no sistema nervoso autônomo e nas funções endócrinas. Por essa razão, é 
algumas vezes referida como “depressão endógena” ou que se origina na ausência de estressores ou precipitantes 
externos da vida. 
• Com aspectos atípicos → Excesso de apetite ou ganhode peso, hipersônia e paralisia de chumbo (sentimento de peso 
nos braços e pernas). Esses sintomas, por vezes, têm sido referidos como sintomas vegetativos reversos, e seu padrão 
tem sido chamado, às vezes, de disforia histeroide. 
o Pacientes afetados por um transtorno depressivo maior com aspectos atípicos comparados a pacientes com 
depressão típica, possuem idade de início mais precoce; lentificação psicomotora mais grave; e diagnósticos 
coexistentes mais frequentes de transtorno de pânico, abuso ou dependência de substâncias e transtorno de 
somatização. 
o A depressão atípica pode mascarar sintomas maníacos 
• Com aspectos catatônicos → Catatonia pode estar presente em vários transtornos mentais, com mais frequência na 
esquizofrenia e nos transtornos do humor. 
o Os sintomas característicos de catatonia – estupor, afeto embotado, reclusão extrema, negativismo e retardo 
psicomotor acentuado – podem ser observados tanto na esquizofrenia catatônica como na não catatônica, no 
transtorno depressivo maior (frequentemente com manifestações psicóticas) e em doenças clínicas e 
neurológicas. 
• Com início no período pós-parto → O DSM-5 possibilita a especificação de um distúrbio do humor pós-parto se o início 
dos sintomas ocorrer no período de 4 semanas após o parto. 
• Ciclagem rápida → Pacientes com transtorno bipolar I com ciclagem rápida tendem a ser mulheres e a ter vivenciado 
episódios depressivos e hipomaníacos. Não existem dados que indiquem que a ciclagem rápida tenha um padrão de 
herança familiar; portanto, um fator externo, como estresse ou tratamento medicamentoso, pode estar envolvido em 
sua patogênese. Os chamados cicladores rápidos constituem pacientes que não respondem a terapia com lítio e que 
possuem quatro ou mais episódios por ano, de forma que os antidepressivos poderiam contribuir para esse tipo de 
manifestação. Os indivíduos com essa condição costumam ser mais refratários ao tratamento. 
• Padrão sazonal → Pacientes com um padrão sazonal de seus transtornos do humor tendem a vivenciar episódios 
depressivos durante uma determinada estação, mais comumente o inverno. O padrão tornou-se conhecido como 
transtorno afetivo sazonal (TAS). Primeiro, os pacientes tendem a responder ao tratamento com terapia luminosa de 
forma que os pacientes exibem diminuição da atividade metabólica no córtex orbitofrontal e no lobo parietal inferior 
esquerdo. 
• Tipos não incluídos no DSM-5 → 
o Depressão endógena: cursa com sintomas como a variação diurna, delírios, retardo psicomotor, despertar 
matinal precoce e sentimentos de culpa; 
o Depressão reativa: têm incluído insônia inicial, ansiedade, labilidade emocional e queixas somáticas múltiplas. 
o Depressões primárias: são ao que o DSM-5 se refere como transtornos do humor, exceto pelos diagnósticos de 
transtorno do humor causado por uma condição médica geral e transtorno do humor induzido por substância, 
que são considerados depressões secundárias. 
o Depressão dupla: é a condição na qual um transtorno depressivo maior se superpõe a uma distimia. 
o Equivalente depressivo: é um sintoma ou uma síndrome que podem ser uma forme fruste de um episódio 
depressivo. Por exemplo, uma tríade de ociosidade, abuso de álcool e promiscuidade sexual em um 
adolescente anteriormente bem comportado pode constituir um equivalente depressivo. 
CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS 
• Os dois padrões básicos de sintomas nos transtornos do humor são: 
1- Depressão 
2- Mania 
Episódios depressivos 
• O humor deprimido e perda de interesses ou prazer são os sintomas fundamentais da depressão. 
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• Os indivíduos podem dizer que se sentem tristes, desesperançados, na “fossa” ou inúteis. 
• Com frequência, os pacientes descrevem os sintomas de depressão como uma dor emocional angustiante e, às vezes, se 
queixam de serem incapazes de chorar, um sintoma que se resolve quando melhoram. 
• Cerca de dois terços de todos os pacientes deprimidos cogitam o suicídio, e 10 a 15% cometem-no. Aqueles 
recentemente hospitalizados por uma tentativa ou ideação suicida têm um risco mais alto durante a vida de suicídio bem-
sucedido do que aqueles que nunca foram hospitalizados pela mesma razão. 
• Alguns indivíduos deprimidos parecem não ter consciência de sua depressão e não se queixam de um distúrbio do humor, 
ainda que exibam afastamento da família, dos amigos e de atividades que antes lhes interessavam. 
• Quase todos os deprimidos (97%) se queixam de redução da energia, têm dificuldade de terminar tarefas, têm mau 
desempenho na escola e no trabalho e menos motivação para desenvolver novos projetos. 
• Cerca de 80% se queixam de dificuldades para dormir, especialmente de despertar matinal precoce (i.e., insônia 
terminal), e de despertares múltiplos ao longo da noite, durante os quais ruminam sobre seus problemas. 
• Muitos têm diminuição do apetite e perda de peso 
o Outros experimentam aumento do apetite e de peso e dormem por mais tempo do que o habitual. Esses 
pacientes são classificados com aspectos atípicos. 
• A ansiedade é um sintoma comum da depressão e afeta até 90% de todas as pessoas deprimidas. As várias mudanças 
na ingestão de alimentos e no repouso podem agravar condições clínicas coexistentes, como diabetes, hipertensão, 
doença pulmonar obstrutiva crônica e doenças cardíacas. Outros sintomas vegetativos incluem anormalidade na 
menstruação e diminuição do interesse e do desempenho nas atividades sexuais. 
• Ansiedade (incluindo ataques de pânico), abuso de álcool e queixas somáticas (p. ex., obstipação e cefaleias) 
frequentemente complicam o tratamento da depressão. C 
• erca de 50% de todos os pacientes descrevem uma variação diurna de seus sintomas, com aumento de gravidade pela 
manhã e diminuição dos sintomas à noite. 
• Os sintomas cognitivos incluem relatos subjetivos de incapacidade de se concentrar (84% dos pacientes em um estudo) 
e dificuldades para pensar (67% em outro estudo). 
o Depressão em crianças e adolescentes: 
• Fobia escolar e apego excessivo aos pais podem ser sintomas de depressão em crianças. 
• Mau desempenho escolar, abuso de drogas, comportamento antissocial, promiscuidade sexual, ociosidade e fuga de 
casa podem ser sintomas de depressão em adolescentes. 
o Depressão em idosos: 
• A depressão é mais comum em pessoas mais velhas do que na população em geral. Vários estudos indicam que a 
depressão em pessoas mais velhas pode estar correlacionada a condição socioeconômica baixa, perda de um cônjuge, 
doença física concomitante e isolamento social. 
• Outros estudos indicaram que a depressão em idosos é pouco diagnosticada e raramente tratada, sobretudo por médicos 
gerais. 
• O baixo reconhecimento dessa depressão pode ocorrer porque o transtorno aparece com mais frequência por meio de 
queixas somáticas nos idosos do que nos grupos mais jovens. 
 
➔ O sintoma mais grave da depressão é o SUICÍDIO!!!! Controlar a possibilidade de suicídio de um paciente requer 
tratamento cuidadoso individual, assim como o possível envolvimento da família do paciente. 
Fatores de encaminhamento de paciente deprimido ao psiquiatra → presença de sintomas psicóticos, intensa 
diminuição do nível de funcionamento, dificuldade em seguir orientações gerais, depressão recorrente, depressão 
crônica, refretária, forte possibilidade de suicídio, presença de transtorno bipolar, depressões graves, ideação suicida, 
para avaliação diagnóstica, por solicitação de família ou do paciente, necessidade de psicoterapia, necessidade de 
tratamento eletroconvulsivo 
Fatores de risco para suicídio: 
▪ Fatores de risco médicos → doenças psiquiátricas, uso de álcool ou outras drogas, doenças clínicas (doenças 
terminais, dores crônicas, comorbidades médicas graves), psicose (alucinações de voz de comando) 
▪ Fatores de risco da história → tentativas anteriores, história familiar de suicídio, comportamentoimpulsivo, 
datas comemorativas importantes 
▪ Fatores de risco epidemiológicos → sexo masculino, idade > 40 anos, solteiro ou divorciado recentemente, 
inexperiente e desempregado, acesso a meios letais, criminosos enfrentando a prisão, especialmente por crimes 
violentos ou sexuais perpetrados contra o cônjuge ou os filhos 
Episódios maníacos 
• Um estado de humor elevado, expansivo ou irritável é a característica de um episódio maníaco. 
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• Embora pessoas não envolvidas possam não reconhecer a natureza incomum do estado de humor do paciente, os que o 
conhecem identificam-no como anormal. 
• De forma alternativa, o humor pode ser irritável, em especial quando os planos excessivamente ambiciosos do paciente 
são contrariados. 
• Os pacientes muitas vezes exibem uma mudança do humor predominante, de euforia no início do curso da doença para 
uma posterior irritabilidade. 
• O tratamento de indivíduos maníacos em uma unidade hospitalar pode ser complicado por sua tentativa de testar os 
limites das regras da unidade, sua tendência a transferir a responsabilidade por seus atos para os outros, sua 
exploração das fraquezas dos outros e sua tendência a criar conflitos entre membros da equipe. 
• Fora do hospital, pacientes maníacos tendem a consumir álcool em excesso 
• Jogo patológico, tendência a se despir em lugares públicos, usar roupas e joias de cores brilhantes em combinações 
incomuns ou extravagantes e desatenção a pequenos detalhes (p. ex., esquecer de desligar o telefone) também são 
sintomáticos do transtorno. 
• Os pacientes agem de maneira impulsiva e, ao mesmo tempo, com um sentido de convicção e propósito. Estão 
frequentemente preocupados com ideias religiosas, políticas, financeiras, sexuais ou persecutórias que podem evoluir 
para sistemas delirantes complexos. 
• Algumas vezes, sofrem regressão e brincam com sua urina e suas fezes. 
o Mania em adolescentes: 
• A mania em adolescentes costuma ser diagnosticada de forma errônea como transtorno da personalidade antissocial ou 
esquizofrenia. Os sintomas podem incluir psicose, abuso de álcool ou outras substâncias, tentativas de suicídio, 
problemas escolares, ruminação filosófica, sintomas de TOC, queixas somáticas múltiplas, irritabilidade acentuada 
levando a brigas e a outros comportamentos antissociais. 
• Embora muitos desses sintomas sejam vistos em adolescentes sadios, sintomas graves ou persistentes devem levar os 
médicos a considerar o transtorno bipolar I no diagnóstico diferencial. 
Transtorno bipolar II 
• As características clínicas de transtorno bipolar II são as do transtorno depressivo maior combinadas com as de um 
episódio hipomaníaco. 
• Ainda que os dados sejam limitados, alguns estudos indicam que o transtorno bipolar II está associado com mais 
problemas conjugais e com uma idade de início mais precoce do que o bipolar I. 
• As evidências também apontam que pacientes com transtorno bipolar II têm risco mais alto tanto de tentar quanto de 
completar o suicídio do que os que apresentam transtorno bipolar I e transtorno depressivo maior. 
Transtornos coexistentes 
o Ansiedade 
• Sintomas significativos de ansiedade podem e costumam coexistir com sintomas significativos de depressão. 
 
ASPECTO DEPRESSÃO ANSIEDADE 
HUMOR Tristeza, melancolia, desinteresse, desilusão, 
alucinação ligada ao humor 
Apreensão, preocupação, irritabilidade 
COGNIÇÃO Pensamento de culpa, inutilidade, hipocondria, 
suicídio, pessimismo, ideias de desastre e doença, 
embaraço social 
= 
SOMATIZAÇÃO Anorexia, constipação, disfunção sexual, despertar 
prematuro, falta de energia 
Taquicardia, diarreia, excitação, transpiração, náuseas, 
tremor, insônia 
COMPORTAMENTO Agitação, retardamento, tentativas de suicídio, 
lamentação, fala lenta 
Mãos apertadas, hipervigilância, coceira 
 
o Dependência de álcool 
• A dependência de álcool com frequência coexiste com transtornos do humor. 
• Os dados disponíveis indicam que a dependência tem mais forte ligação com um diagnóstico coexistente de depressão 
em mulheres do que em homens. 
o Outros transtornos relacionados a substâncias. 
• Além da dependência de álcool, também é comum transtornos relacionados a substâncias estarem associados com 
transtornos do humor. 
• O abuso de substâncias pode estar envolvido na precipitação de um episódio de doença ou, de forma inversa, pode 
representar a tentativa do paciente de tratar a própria doença. 
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• Embora indivíduos maníacos raramente utilizem sedativos para atenuar sua euforia, os deprimidos costumam usar 
estimulantes, como cocaína e anfetaminas, para aliviar a depressão. 
• Medicamentos associados a depressão secundária → anticoncepcionais, corticoides, reserpina alfa-metildopa, 
inseticidas anticolinesterásicos, abstinência de anfetaminas ou cocaínas, abstinência de álcool e sedativos hipnóticos, 
cicloserina, cimetidina, mercúrio, tálio, drogas usadas contra Parkinson, vincristina, vimblastina 
o Condições clínicas 
• A depressão tende a ocorrer em associação com condições clínicas, de modo especial em pessoas mais velhas. Quando 
isso acontece, os médicos devem tentar determinar se a condição clínica subjacente está fisiopatologicamente 
relacionada à depressão ou se esta decorre de algum medicamento que o paciente esteja tomando para essa condição. 
EXAME DO ESTADO MENTAL 
EPISÓDIOS DE DEPRESSÃO 
Descrição geral: O retardo psicomotor generalizado é o sintoma mais comum de depressão, ainda que também seja observada 
agitação psicomotora, sobretudo em pacientes mais velhos. Torcer as mãos e arrancar cabelos são os sintomas mais observados 
da agitação. De forma clássica, o indivíduo deprimido tem uma postura encurvada, sem movimentos espontâneos e com o olhar 
desviado para baixo, sem encarar 
➢ Humor, afeto e sentimentos: A depressão é o sintoma-chave, embora cerca de 50% dos pacientes neguem sentimentos 
depressivos e não pareçam estar particularmente deprimidos. Membros da família ou empregadores muitas vezes os 
conduzem para tratamento devido a reclusão social e redução generalizada da atividade. 
➢ Fala: Muitos pacientes deprimidos evidenciam uma redução da taxa e do volume da fala; demoram a responder a 
perguntas e o fazem de forma monossilábica. O examinador pode literalmente ter de esperar 2 ou 3 minutos para obter 
a resposta a uma pergunta. 
➢ Distúrbios da percepção: Indivíduos deprimidos com delírios ou alucinações são referidos com um episódio depressivo 
maior com manifestações psicóticas. Mesmo na ausência de delírios ou alucinações, alguns médicos usam o termo 
depressão psicótica para alguns pacientes cuja regressão é visível – mudos, sem tomar banho e evacuando nas roupas. 
Diz-se que os delírios e as alucinações consistentes com um humor deprimido são congruentes com o humor → Delírios 
congruentes com o humor em uma pessoa deprimida incluem os de culpa, pecado, inutilidade, pobreza, fracasso, 
perseguição e doenças somáticas terminais (tais como câncer ou “apodrecimento” do cérebro). O conteúdo dos delírios 
ou das alucinações incongruentes com o humor não é compatível com um humor deprimido. Quando isso ocorre, um 
transtorno esquizofrênico deve ser considerado. 
➢ Pensamento: Pacientes deprimidos costumam ter visões negativas do mundo e de si próprios. O conteúdo de seus 
pensamentos muitas vezes inclui ruminações não delirantes sobre perda, culpa, suicídio e morte, geralmente 
apresentam bloqueio do pensamento e profunda pobreza de conteúdo. 
➢ Sensório e cognição: A maioria dos pacientes deprimidos está orientada em relação a pessoa, lugar e tempo, embora 
alguns possam não ter energia ou interesse suficientes para responder a perguntas sobre esses assuntos durante a 
entrevista. Cerca de 50 a 75% de todos os pacientes deprimidos têm um comprometimento cognitivo, algumas vezes 
referido como pseudodemênciadepressiva. Esses pacientes comumente se queixam de dificuldade de concentração e 
de esquecimento. 
➢ Controle dos impulsos: Em torno de 10 a 15% de todos os indivíduos deprimidos cometem suicídio, e cerca de dois 
terços têm ideação suicida. Os que apresentam aspectos psicóticos às vezes consideram matar alguém como resultado 
de seus sistemas delirantes, mas os mais gravemente deprimidos com frequência não têm a motivação e a energia para 
agir de forma impulsiva ou violenta. 
➢ Julgamento e insight: As descrições dos pacientes deprimidos a respeito de seu transtorno são muitas vezes hiperbólicas; 
eles enfatizam demais seus sintomas, seu transtorno e seus problemas de vida. É difícil convencê-los de que a melhora 
é possível. 
➢ Confiabilidade: Em entrevistas e conversas, os pacientes deprimidos dão grande ênfase ao ruim e minimizam o bom. 
Um erro clínico comum é acreditar sem questionamento em um indivíduo deprimido que declara não ter funcionado em 
uma tentativa anterior com medicamentos antidepressivos. Essas afirmações podem ser falsas e necessitam de 
confirmação de outras fontes. 
Aspectos do exame mental Depressão grave Depressão leve 
Julgamento Pode estar prejudicado, particularmente no 
que diz respeito a visão do paciente de que 
sua situação é sem saída 
Raramente prejudicado 
Orientação Usualmente normal, mas para um paciente 
severamente deprimido, a orientação com 
respeito ao tempo pode estar anormal 
Raramente prejudicado 
Funcionamento intelectual Pode estar prejudicado, principalmente 
atenção e concentração 
Raramente prejudicado 
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Memória Pode parecer prejudicada, porque as pessoas 
que estão deprimidas apresentam 
problemas de concentração 
Raramente prejudicado 
Afeto Quadro de retardo psicomotor → histórias 
de crise de choro, de forma que os pacientes 
deprimidos apresentam movimentos mais 
lentos e uma expressão de indiferença 
 
Conteúdo do pensamento Desesperança, em que um quadro de 
ideação suicida pode ou não estar presente, 
e pensamento delirante pode ocorrer 
Incluir ideias autodepriciatórias ou 
culpa 
Equivalentes orgânicos do afeto Alterados Perda de peso é incomum, ganho de 
peso é mais comum, libido diminuída 
 
EPISÓDIOS MANÍACOS 
Descrição geral: Os pacientes maníacos são excitados, tagarelas, às vezes divertidos e, frequentemente, hiperativos. Às vezes, 
estão francamente psicóticos e desorganizados, necessitando de contenção física e injeção intramuscular de sedativos. 
➢ Humor, afeto e sentimentos: Indivíduos maníacos classicamente são eufóricos, mas também podem ser irritáveis, em 
especial quando a mania esteve presente por algum tempo. Também têm baixa tolerância à frustração, que pode levar 
a sentimentos de raiva e hostilidade. Eles podem apresentar labilidade emocional, mudando do riso para irritabilidade 
e para depressão em minutos ou horas. 
➢ Fala: Indivíduos maníacos não podem ser interrompidos enquanto estão falando e costumam ser intrusivos e 
desagradáveis para com as pessoas a seu redor. Sua fala é frequentemente confusa. À medida que a mania fica mais 
intensa, a fala se torna mais alta, mais rápida e difícil de interpretar. Quando o estado de ativação aumenta, a fala é 
repleta de trocadilhos, piadas, rimas, jogos de palavras e irrelevâncias. Em um nível de atividade ainda maior, as 
associações se tornam frouxas, a capacidade de se concentrar desvanece e aparecem fuga de ideias, ressonância e 
neologismos. Na excitação maníaca aguda, a fala pode ser totalmente incoerente e indistinguível da de uma pessoa 
com esquizofrenia. 
➢ Distúrbios perceptuais: Delírios ocorrem em 75% de todos os pacientes maníacos. Os delírios congruentes com o humor 
são frequentemente relacionados com grande riqueza, capacidades extraordinárias ou poder. Delírios e alucinações 
bizarros e incongruentes com o humor também aparecem na mania 
➢ Pensamento: O conteúdo do pensamento de pacientes maníacos inclui temas de autoconfiança e 
autoengrandecimento. Esses indivíduos distraem-se com facilidade, e o desempenho cognitivo no estado maníaco 
caracteriza-se por um fluxo de ideias incontido e acelerado. 
➢ Sensório e cognição: De modo genérico, a orientação e a memória estão intactas, ainda que alguns pacientes maníacos 
possam ser tão eufóricos a ponto de responder incorretamente a perguntas para testar a orientação. 
➢ Controle dos impulsos. Cerca de 75% de todos os pacientes maníacos são agressivos ou ameaçadores. Eles tentam o 
suicídio e cometem homicídio, mas a incidência desses comportamentos é desconhecida. 
➢ Julgamento e insight: O comprometimento do julgamento é característica de indivíduos maníacos. Eles podem violar 
leis sobre cartões de crédito, atividades sexuais e finanças e, por vezes, envolvem suas famílias na ruína financeira. 
Também têm pouco entendimento de sua doença. 
➢ Confiabilidade. Os indivíduos maníacos são notoriamente não confiáveis em suas informações. Uma vez que a mentira 
e o disfarce são comuns na mania, os médicos inexperientes podem tratar esse grupo com desdém inadequado. 
DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL 
Transtorno depressivo maior 
• Doenças clínicas → O diagnóstico de transtorno do humor devido a uma condição médica geral deve ser considerado. 
Muitas doenças neurológicas e clínicas, bem como agentes farmacológicos, podem produzir sintomas de depressão. A 
maioria das causas clínicas de transtornos depressivos pode ser detectada com uma história médica abrangente, um 
exame físico e neurológico completo e exames de sangue e urina de rotina. A avaliação deve incluir testes para as 
funções tireoidiana e suprarrenal, porque doenças de ambos os sistemas endócrinos podem aparecer como transtornos 
depressivos. No transtorno do humor induzido por substância, uma regra razoável é que qualquer medicamento que 
o paciente deprimido esteja usando deve ser considerado um fator potencial para o transtorno do humor. 
• Condições neurológicas → Os problemas neurológicos mais comuns que manifestam sintomas depressivos são doença 
de Parkinson, doenças demenciais (incluindo a demência do tipo Alzheimer), epilepsia, doenças cerebrovasculares e 
tumores. 
• Pseudodemência → Os médicos geralmente podem diferenciar a pseudodemência do transtorno depressivo maior da 
demência de uma doença, como a do tipo Alzheimer, a partir de dados clínicos. Os sintomas cognitivos do transtorno 
depressivo maior têm início súbito, e outros sintomas, como autoacusação, também estão presentes. Pode ocorrer 
uma variação diurna dos problemas cognitivos, que não é observada nas demências primárias. 
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• Transtornos mentais → A depressão pode ser uma manifestação de 
praticamente qualquer transtorno mental, sendo os de maior destaque os 
situados na tabela ao lado 
• Outros transtornos do humor → Transtorno do humor causado por uma 
condição médica geral e transtorno do humor induzido por substância devem 
ser excluídos. Eles também devem determinar se um paciente teve: 
o Episódios com sintomas semelhantes a mania → indicando 
transtorno bipolar I (síndromes maníaca e depressiva completas) 
o Episódios depressivos maiores recorrentes com hipomania → 
transtorno bipolar II 
o Síndromes depressivas maníaca incompletas → transtorno 
ciclotímico. 
• Se os sintomas forem limitados a depressão, os médicos devem avaliar sua 
gravidade e duração para diferenciar entre: 
o Transtornos depressivo maior (síndrome depressiva completa por 
duas semanas) 
o Depressivo menor (síndrome depressiva incompleta, mas episódica) 
o Depressivo breve recorrente (síndrome depressiva completa, mas por 
menos de duas semanas por episódio) 
o Distimia (síndrome depressiva incompleta sem episódios claros). 
• Luto não complicado → O luto não complicado não é considerado um transtorno mental, ainda que cerca de um terço 
de todos os cônjuges enlutados satisfaça por um tempoos critérios diagnósticos para transtorno depressivo maior. 
Alguns pacientes com luto não complicado desenvolvem transtorno depressivo maior, mas o diagnóstico não é feito a 
menos que não ocorra a resolução do luto. No transtorno depressivo maior, sintomas comuns que evoluem a partir de 
um luto não resolvido são uma preocupação mórbida com inutilidade; ideação suicida; sentimentos de que a pessoa 
cometeu um ato (não apenas uma omissão) que causou a morte do cônjuge 
• Esquizofrenia → Alegria, entusiasmo e um humor contagiante são muito mais comuns nos episódios maníacos do que 
na esquizofrenia. A combinação de humor maníaco, fala rápida e pressionada e hiperatividade pesa fortemente para 
um diagnóstico de episódio maníaco. O início de um episódio maníaco costuma ser rápido e percebido como uma 
mudança acentuada do comportamento anterior do paciente. 
Transtorno bipolar I 
• Quando um paciente com transtorno bipolar I tem um episódio depressivo, o diagnóstico diferencial é o mesmo que para 
um paciente que está sendo avaliado para um diagnóstico de transtorno depressivo maior. 
• Se estiver maníaco, contudo, esse diagnóstico inclui transtornos bipolar I, bipolar II, ciclotímico, do humor causado por 
uma condição médica geral e transtorno do humor induzido por substância. 
• Para sintomas maníacos, exigem consideração especial os transtornos da personalidade borderline, narcisista, histriônica 
e antissocial. 
Transtorno bipolar II 
• O diagnóstico diferencial de pacientes que estão sendo avaliados para um transtorno do humor deve incluir outros 
transtornos do humor, transtornos psicóticos e transtorno de personalidade borderline. A diferenciação entre transtorno 
depressivo maior e transtorno bipolar I, por um lado, e transtorno bipolar II, por outro, baseia-se na avaliação clínica dos 
episódios semelhantes a mania. 
Transtorno depressivo maior versus transtorno bipolar 
• Os indicadores mais amplos de bipolaridade incluem as condições, 
listadas a seguir; nenhuma delas, por si só, confirma um diagnóstico 
bipolar, mas todas devem levantar a suspeita clínica nessa direção: 
▪ Depressão agitada 
▪ Depressão cíclica 
▪ Desregulação do sono episódica, ou uma combinação destas; 
▪ Depressão refratária (fracasso de antidepressivos de três 
classes diferentes); 
▪ Depressão em alguém com uma profissão envolvendo 
extroversão 
▪ Impulsividade periódica, como jogo, má conduta sexual e ânsia 
por viagens 
▪ Irritabilidade periódica, crises suicidas, ou ambas; 
▪ Depressão com transtornos da personalidade erráticos. 
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CURSO E PROGNÓSTICO 
• Transtornos do humor de modo geral tendem a apresentar cursos longos e que os pacientes têm propensão a recidiva. 
Embora os transtornos do humor sejam considerados benignos, em comparação com a esquizofrenia, representam uma 
profunda carga sobre os indivíduos afetados. 
Transtorno depressivo maior: 
▪ INÍCIO → Cerca de 50% dos pacientes que estão tendo o primeiro episódio de transtorno depressivo maior exibiram 
sintomas depressivos significativos antes do primeiro episódio identificado. Mesmo que sintomas possam ter estado 
presentes, indivíduos com transtorno depressivo maior geralmente não têm um transtorno da personalidade pré-
mórbido. O primeiro episódio depressivo ocorre antes dos 40 anos em cerca de 50% das pessoas. 
▪ DURAÇÃO → Um episódio depressivo não tratado dura de 6 a 13 meses; a maioria dos episódios tratados dura cerca de 
3 meses. A retirada dos antidepressivos antes desse período quase sempre resulta no retorno dos sintomas. À medida 
que o curso do transtorno progride, os pacientes tendem a vivenciar episódios mais frequentes, que duram mais tempo. 
Ao longo de um período de 20 anos, o número médio de episódios é de cinco ou seis. 
▪ DESENVOLVIMENTO DE EPISÓDIOS MANÍACOS → Cerca de 5 a 10% dos indivíduos com o diagnóstico inicial de 
transtorno depressivo maior têm um episódio maníaco 6 a 10 anos após o primeiro episódio depressivo. A idade média 
dessa mudança é de 32 anos, e ela frequentemente ocorre após 2 a 4 episódios depressivos. 
▪ PROGNÓSTICO → O transtorno depressivo maior não é uma condição benigna. Ele tende a ser crônico, e os indivíduos 
costumam ter recidivas. Pacientes que foram hospitalizados no primeiro episódio desse transtorno têm cerca de 50% de 
chance de se recuperarem no primeiro ano. A porcentagem de pacientes que se recuperam após hospitalizações 
repetidas diminui com o passar do tempo. Muitos não recuperados se mantêm afetados com distimia. Em geral, à 
medida que um paciente experimenta cada vez mais episódios depressivos, o tempo entre eles diminui, e a gravidade 
aumenta. 
o Bom prognóstico: Episódios leves, ausência de sintomas psicóticos e internação hospitalar curta, história de 
amizades sólidas durante a adolescência, funcionamento familiar estável e funcionamento social geralmente 
sadio nos cinco anos anteriores ao transtorno, ausência de um transtorno psiquiátrico comórbido e de um 
transtorno da personalidade 
o Mau prognóstico: aumenta com a coexistência de distimia, abuso de álcool ou outras substâncias, sintomas de 
transtorno de ansiedade e a história de mais de um episódio depressivo anterior. 
Transtorno bipolar I: 
▪ CURSO → O transtorno bipolar I, com muita frequência, começa com depressão (75% das vezes em mulheres, 67% em 
homens) e é uma condição recorrente. A maioria dos pacientes experimenta tanto episódios depressivos quanto 
maníacos, ainda que 10 a 20% experimentem apenas episódios maníacos. Os episódios maníacos costumam ter início 
rápido (horas ou dias), mas podem evoluir ao longo de algumas semanas. Um episódio maníaco não tratado dura cerca 
de três meses; portanto, os médicos não devem interromper a administração de medicamentos antes desse tempo. Das 
pessoas que têm um episódio maníaco isolado, 90% têm probabilidade de vivenciar outro. À medida que a condição 
progride, o tempo entre os episódios frequentemente diminui. 
o TRANSTORNO BIPOLAR I EM CRIANÇAS E IDOSOS → O transtorno bipolar I pode afetar tanto os muito jovens 
como pessoas idosas. Sua incidência entre crianças e adolescentes é de aproximadamente 1%, e o início pode 
ocorrer já aos 8 anos. O transtorno bipolar I com início tão precoce está associado com mau prognóstico. 
Sintomas maníacos são comuns em pessoas mais velhas 
o O início do transtorno bipolar I verdadeiro em pessoas mais velhas é bastante incomum. 
▪ PROGNÓSTICO → Pacientes com transtorno bipolar I têm um prognóstico pior do que os afetados por transtorno 
depressivo maior. Cerca de 40 a 50% dos pacientes com transtorno bipolar I podem ter um segundo episódio maníaco 
no período de dois anos do primeiro episódio. 
o Mau prognóstico: Uma situação ocupacional pré-mórbida insatisfatória, dependência de álcool, manifestações 
psicóticas, manifestações depressivas entre os episódios e gênero masculino 
o Bom prognóstico: A curta duração dos episódios maníacos, idade de início avançada, poucos pensamentos 
suicidas e poucos problemas psiquiátricos ou clínicos 
▪ Um terço de todos os pacientes com o transtorno desenvolve sintomas crônicos e evidência de declínio social 
significativo. 
Transtorno bipolar II 
• O curso e o prognóstico do transtorno bipolar II indicam que o diagnóstico é estável, porque há alta probabilidade de 
que pacientes com esse transtorno tenham o mesmo diagnóstico até cinco anos mais tarde. O transtorno é uma condição 
crônica que justifica estratégias de tratamento de longo prazo. 
TRATAMENTO 
• Portanto, o tratamento deve ser voltado à redução do número e da gravidade dos estressores nas vidas dos pacientes. 
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• Contudo, os transtornos do humor são crônicos, e o psiquiatra deve informar o paciente e a família sobre as estratégias 
futuras do tratamento. 
➢ Hospitalização 
• Indicações claras para hospitalizaçãosão: o risco de suicídio ou homicídio, a capacidade acentuadamente reduzida do 
indivíduo de obter alimento e abrigo e a necessidade de procedimentos diagnósticos. 
• Uma história de sintomas de rápida progressão e a ruptura do sistema de apoio habitual também são indicações para 
a hospitalização. 
• Qualquer mudança adversa nos sintomas ou no comportamento do paciente ou na atitude do sistema de apoio pode ser 
suficiente para justificar a hospitalização. 
➢ Terapia psicossocial 
• Três tipos de psicoterapia de curto prazo – terapias cognitiva, interpessoal e do comportamento – foram estudados para 
determinar sua eficácia no tratamento do transtorno depressivo maior. 
• Os principais objetivos da psicoterapia no transtorno bipolar, é garantir: adesão do paciente, melhorar o desempenho 
dos pacientes em atividades sociais e laborativas, detecção de sinais precoces de recorrência, educar o paciente acerca 
de sua doença e medicações, promoção de um estilo de vida saudável, criação de formas de lidar com o estresse. 
 
✓ Terapia cognitiva → Focaliza as distorções cognitivas postuladas como presentes no transtorno depressivo maior. O 
objetivo da terapia cognitiva é aliviar os episódios depressivos e prevenir sua reincidência ajudando-o a identificar e 
testar as cognições negativas; desenvolver formas de pensar alternativas, flexíveis e positivas; e ensaiar novas respostas 
cognitivas e comportamentais. 
✓ Terapia interpessoal → A terapia interpessoal concentra-se em um ou dois dos problemas interpessoais atuais do 
paciente. Alguns estudos apontam que a terapia interpessoal pode ser o método mais eficaz para episódios depressivos 
maiores graves quando o tratamento de escolha é apenas a psicoterapia. O programa de terapia interpessoal 
geralmente consiste em 12 a 16 sessões semanais e é caracterizado por uma abordagem terapêutica ativa. Os 
fenômenos intrapsíquicos, como mecanismos de defesa e conflitos internos, não são abordados. Comportamentos 
distintos – como falta de autoafirmação, comprometimento das habilidades sociais e pensamento distorcido – podem 
ser abordados. 
✓ Terapia comportamental → Ao abordar os comportamentos mal-adaptativos no tratamento, os pacientes aprendem a 
funcionar no mundo de maneira que recebam reforço positivo. 
✓ Terapia de orientação psicanalítica → Seu objetivo é efetuar uma mudança na estrutura da personalidade ou no 
caráter do paciente, não simplesmente aliviar os sintomas. Melhoras na confiança interpessoal, na capacidade para 
intimidade, nos mecanismos de enfrentamento, na capacidade de enfrentar o luto e na capacidade de vivenciar uma 
ampla gama de emoções são alguns dos objetivos dessa terapia. 
✓ Terapia familiar → A terapia familiar é indicada se o transtorno ameaçar o casamento do paciente ou o funcionamento 
da família, ou se for promovido ou mantido pela situação familiar. A terapia examina o papel do membro com a 
perturbação do humor no bem-estar psicológico geral de toda a família; também examina o papel da família na 
manutenção dos sintomas do paciente. 
➢ Terapias alternativas 
✓ Estimulação do nervo vago → A estimulação experimental do nervo vago verificou que os pacientes apresentavam 
melhora do humor. Essa observação levou ao uso da estimulação do nervo vago (ENV) por meio de um dispositivo 
eletrônico implantado na pele, semelhante a um marca-passo cardíaco. Estudos preliminares mostraram que muitos 
pacientes com transtorno depressivo maior recorrente, crônico, entravam em remissão quando tratados com ENV. 
✓ Estimulação magnética transcraniana → A estimulação magnética transcraniana (EMT) é promissora como tratamento 
para depressão. Ela envolve o uso de pulsos muito curtos de energia magnética para estimular células nervosas no 
cérebro. É indicada especificamente para o tratamento de depressão em adultos que não conseguiram obter uma 
melhora satisfatória com um medicamento antidepressivo anterior na dose e duração efetivas mínimas ou acima delas 
no episódio atual. Ela não é convulsivante, não requer anestesia, tem um perfil de efeito colateral seguro e não está 
associada com efeitos colaterais cognitivos. Os pacientes não necessitam de anestesia ou sedação e permanecem 
acordados e alertas. É um procedimento ambulatorial de 40 minutos prescrito por um psiquiatra, realizado no 
consultório, e costuma ser administrado diariamente por 4 a 6 semanas. O evento adverso mais comum relacionado ao 
tratamento foi dor ou desconforto no couro cabeludo. 
✓ Privação do sono → Os transtornos do humor são caracterizados por distúrbios do sono. A mania tende a ser 
caracterizada por redução na necessidade de sono, mas a depressão pode estar associada com hipersonia ou insônia. 
Cerca de 60% dos pacientes com transtornos depressivos exibem benefícios significativos, mas transitórios, com a 
privação total do sono. Os resultados positivos, em geral, são revertidos pela noite de sono seguinte. Várias estratégias 
têm sido utilizadas na tentativa de obter uma resposta mais permanente à privação do sono. Um dos métodos utilizou 
privação do sono total serial intercalada com um ou dois dias de sono normal. Esse método não obtém uma resposta 
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antidepressiva sustentada porque a depressão tende a retornar com ciclos de sono normais. Uma série de estudos 
sugeriu que a privação do sono total e parcial seguida por tratamento imediato com um antidepressivo ou lítio mantém 
os efeitos antidepressivos da privação do sono. 
✓ Fototerapia → Foi introduzida como um tratamento para transtorno afetivo sazonal (TAS). Nesse transtorno, as pessoas 
costumam experimentar depressão à medida que o fotoperíodo do dia diminui com a chegada do inverno. A 
fototerapia em geral envolve expor o paciente afetado a luz brilhante na variação de 1.500 a 10 mil lux ou mais, via de 
regra com uma caixa de luz sobre uma mesa ou escrivaninha. Os pacientes sentam-se na frente da caixa por 
aproximadamente 1 a 2 horas antes do amanhecer de cada dia, embora alguns também possam se beneficiar da 
exposição após o anoitecer. Além da depressão sazonal, a outra principal indicação para fototerapia pode ser os 
transtornos do sono. Ela tem sido utilizada para diminuir a irritabilidade e a redução da função associada com mudança 
de turno de trabalho. 
➢ Farmacoterapia 
• O objetivo do tratamento farmacológico é a remissão dos sintomas, não apenas sua redução. 
• Pacientes com sintomas residuais, em oposição à remissão total, têm mais probabilidade de vivenciar uma recidiva ou 
reincidência de episódios de humor e um comprometimento contínuo do funcionamento diário. 
TRANSTORNO DEPRESSIVO MAIOR 
• A utilização da farmacoterapia específica quase duplica a chance de que um paciente deprimido se recupere em um 
mês → a medicação antidepressiva é na maioria das vezes a primeira linha de tratamento de pacientes com transtornos 
depressivos, especialmente se os sintomas forem intensos, incapacitantes, crônicos ou recorrentes, ou se os pacientes 
tiverem uma história familiar de depressão ou uma história precedente ao tratamento antidepressivo 
• A escolha dos antidepressivos é determinada pelo perfil de efeito colateral menos prejudicial a condição física, 
temperamento e estilo de vida de um determinado paciente. 
➔ O erro clínico mais comum que leva a uma tentativa malsucedida de um medicamento antidepressivo é o uso de 
uma dosagem muito baixa por um tempo muito curto. A menos que eventos adversos 
impeçam, a DOSAGEM DE UM ANTIDEPRESSIVO DEVE SER ELEVADA AO NÍVEL 
MÁXIMO recomendado e mantida nesse nível por pelo menos 4 ou 5 semanas antes 
que a tentativa seja considerada infrutífera. 
• Quando um paciente começa a não responder a dosagens adequadas de um 
medicamento após 2 ou 3 semanas, os médicos podem decidir pela obtenção de uma 
concentração plasmática desse medicamento, se houver um teste disponível. O teste 
pode indicar falta deadesão ou disposição farmacocinética particularmente incomum do 
medicamento e pode sugerir, nesse caso, uma dosagem alternativa. 
• Quando o tratamento antidepressivo é interrompido → a dose do medicamento deve ser 
diminuída gradualmente ao longo de 1 a 2 semanas 
A remissão dos sintomas com retorno ao nível funcional anterior do indivíduo é o objetivo do tratamento!!! 
Duração e profilaxia: 
• O tratamento antidepressivo deve ser mantido por pelo menos seis meses ou de acordo com a duração de um episódio 
anterior, o que for maior. 
• O tratamento profilático com antidepressivos é eficaz para reduzir o número e a gravidade de reincidências. 
• Um estudo concluiu que, quando os episódios têm um intervalo de menos de dois anos e meio, o tratamento profilático 
por cinco anos provavelmente seja o indicado. 
• Outro fator que sugere tratamento profilático é a gravidade dos episódios depressivos anteriores → Episódios que 
envolveram ideação suicida significativa ou comprometimento do funcionamento psicossocial podem indicar a 
necessidade desse tratamento. 
• Divide-se o tratamento da depressão em três fases: 
✓ Inicial (aguda) → dura entre 4 a 12 semanas, começa com o diagnóstico depressivo e se conclui quando se 
alcança a remissão do quadro 
✓ Continuação → prevenção de recaídas e recuperação do funcionamento psicossocial 
✓ Manutenção → prevenção de recorrências e pode levar um 1 ano ou mais 
Principais classes: 
• Inibidores da monoamino oxidase → 
✓ Não seletivos e irreversíveis: tranilcipromina 
✓ Seletivos e reversíveis: moclobemida 
Todos os antidepressivos atualmente disponíveis podem levar até 3 a 4 semanas para exercer efeitos terapêuticos significativos, 
embora possam começar a apresentar seus efeitos mais cedo. 
De modo alternativo, se um 
paciente estiver melhorando 
clinicamente com uma 
dosagem baixa do 
medicamento, essa dosagem 
não deve ser aumentada a 
menos que a melhora clínica 
pare antes de o benefício 
máximo ser obtido. 
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• Inibidores não seletivos de recaptura de monoaminas (NE e 5-HT)→ 
✓ Tricíclicos: aminas terciárias – amitriptilina, clomipramina, imipramina 
✓ Tricíclicos: aminas secundárias – portriptilina 
✓ Tetracíclicos: maprotilina 
• Inibidores seletivos da recaptação de 5-HT → fluoxetina, paroxetina, sertralina, citalopram, fluvoxamina, escitalopram 
• Inibidores seletivos da recaptação de 5-HT e NE → Venlafaxina, milnaciprano, duloxetina 
• Drogas serotoninérgicas → Nefadozona, tianeptina, trazodona 
• Drogas noradrenérgicas → Maproptilina, reboxetina 
• Drogas dopaminérgicas → Amneptina, bupropiona 
• Antagonistas de alfa-2-adrenorreceptores → Mirtazipina, mianzerina 
 
 
 
 
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• A prevenção de novos episódios de humor (i.e., recidiva) é o objetivo da fase de manutenção do tratamento. Apenas 
indivíduos com depressões recorrentes ou crônicas são candidatos para tratamento de manutenção. 
Seleção do medicamento inicial: 
• Os antidepressivos disponíveis não diferem na eficácia global, na velocidade de resposta ou na eficácia de longo prazo. 
• Entretanto, diferem em sua farmacologia, nas interações medicamentosas, nos efeitos colaterais de curto e de longo 
prazos, na probabilidade de sintomas de descontinuação e na facilidade de ajuste da dose. 
• A falha em tolerar ou responder a um medicamento não significa que outros medicamentos também irão falhar. 
• A escolha do tratamento inicial depende da cronicidade da condição, do curso da doença (um curso recorrente ou 
crônico está associado com maior probabilidade de sintomas depressivos subsequentes sem tratamento), da história 
familiar de doença e resposta ao tratamento, da gravidade dos sintomas, das condições clínicas gerais ou outras 
condições psiquiátricas concomitantes, das respostas anteriores a outros tratamentos da fase aguda, de possíveis 
interações medicamentosas e da preferência do paciente. 
 
Tratamento de subtipos depressivos: 
• Os tipos clínicos de episódios depressivos maiores podem ter respostas variáveis a determinados antidepressivos ou a 
outros agentes. 
o Pacientes com transtorno depressivo maior com aspectos atípicos → podem responder preferencialmente a 
tratamento com IMAOs ou ISRSs ou bupropiona 
o Depressões melancólicas → Antidepressivos com ação dupla tanto em receptores serotonérgicos como 
noradrenérgicos demonstram maior eficácia nas depressões melancólicas. 
o O tratamento de episódios depressivos maiores com aspectos psicóticos → combinação de um antidepressivo 
e um antipsicótico atípico. Vários estudos também demonstraram que a ECT é eficaz para essa indicação – talvez 
mais eficaz do que a farmacoterapia. 
 
Fracassos do tratamento agudo: 
• Os pacientes podem não responder a um medicamento, porque: 
✓ Não conseguem tolerar os efeitos colaterais, mesmo diante de uma boa resposta clínica; 
✓ Um evento adverso idiossincrásico ocorre; 
✓ A resposta clínica não é adequada; 
✓ Um diagnóstico errado foi feito. 
• Os ensaios de medicamento na fase aguda devem durar de 4 a 6 semanas para determinar se uma redução significativa 
dos sintomas foi obtida. A maioria dos pacientes (mas não todos) que acabam respondendo totalmente apresenta pelo 
menos uma resposta parcial (i.e., pelo menos uma redução de 20 a 25% na gravidade do sintoma depressivo pré-
tratamento) na semana 4 se a dose for adequada durante as primeiras semanas. 
 
➔ Caso em três semanas, não apareça uma resposta favorável, a droga deve ser reajustada, aguardando mais três 
semanas 
➔ Se ainda sim, a resposta não for favorável, mudar para outro antidepressivo de classe farmacológica com 
mecanismo de ação diferente 
 
 
 
Em geral, cerca de 45 a 60% de todos os pacientes ambulatoriais com transtorno depressivo maior não complicado (i.e., comorbidade 
psiquiátrica e clínica geral mínima), não crônico, não psicótico, que iniciam o tratamento com medicamento respondem (i.e., obtêm 
redução de pelo menos 50% nos sintomas basais); contudo, apenas 35 a 50% alcançam a remissão (i.e., praticamente ausência de 
sintomas depressivos). 
A EFICÁCIA DE QUALQUER DROGA ESCOLHIDA PARA O TRATAMENTO DOS TRANSTORNOS DEPRESSIVOS SÓ PODERÁ SER 
QUESTIONADA APÓS SER UTILIZADA POR PELO MENOS TRÊS SEMANAS EM DOSE TERAPÊUTICA MÁXIMA TOLERADA PELO PACIENTE 
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Tratamento combinado: 
• Medicamento e psicoterapia → Várias tentativas de uma combinação de 
farmacoterapia e psicoterapia para pacientes ambulatoriais com depressão 
crônica mostraram resposta e taxas de remissão mais altas para a combinação do 
que para cada um dos tratamentos usados de maneira isolada. As modalidades 
mais indicadas de psicoterapia são a cognitiva, comportamental, interpessoal e 
autoajuda 
❖ Depressão leve → aconselhamento é o único tratamento exigido 
❖ Casos graves → farmacoterapia usualmente é necessária 
 
 
TRANSTORNOS BIPOLARES 
• O objetivo do tratamento é manter os pacientes sem sintomas, período no qual o paciente não apenas estaria sem 
sintomas, mas também reintegrado funcionalmente em suas atividades de rotina → manter o paciente em EUTIMIA!!!! 
• O tratamento farmacológico dos transtornos bipolares é dividido em fases aguda, continuação e de manutenção. 
o Tratamento de fase aguda → Tratar a mania sem causar depressão e/ou consistentemente melhor depressão 
sem causar mania 
o Tratamento de continuação → estabilizar os benefícios, reduzir efeitos colaterais, tratar até a remissão, reduzir 
a possibilidade de recaída e aumentar o funcionamento global 
o Tratamento de manutenção → prevenir a mania e/ou depressão e maximizar a recuperação funcional, ou seja, 
que o paciente continue em remissão 
OBS: Surgimento de sintomas na fase de continuação constitui uma recaída enquanto que se ocorrer na fase de manutenção,seria uma recorrência! 
• Entretanto, ele também envolve a formulação de estratégias diferentes para o paciente que está vivenciando mania ou 
hipomania ou depressão. 
 
TRATAMENTO DE MANIA AGUDA: 
• Mania aguda, ou hipomania, em geral é a fase dos transtornos bipolares mais 
fácil de tratar. 
• Os agentes podem ser usados de forma isolada ou em combinação para 
diminuir a exaltação do paciente. 
• É mais aconselhável tratar pacientes com mania grave no hospital, onde a 
dosagem agressiva é possível e uma resposta adequada pode ser obtida em 
alguns dias ou semanas. 
• A adesão ao tratamento, entretanto, é muitas vezes problemática, porque 
indivíduos com mania frequentemente não têm um entendimento de sua doença e se recusam a tomar medicamentos. 
ESTABILIZADORES DE HUMOR DEVEM ESTAR PRESENTES EM TODAS AS FASES DO TRATAMENTO!! 
❖ Carbonato de lítio → estabilizador do humor. 
o Contudo, visto que o início de sua ação antimaníaca é lento, ele geralmente é suplementado nas fases iniciais 
do tratamento por antipsicóticos atípicos, anticonvulsivantes estabilizadores do humor ou benzodiazepínicos 
de alta potência. 
o Os níveis terapêuticos do lítio estão entre 0,6 e 1,2 mEq/L. 
A ECT é eficaz nas formas de depressão 
psicótica e não psicótica, mas costuma 
ser recomendada apenas para casos 
repetidamente não responsivos ou a 
pacientes com transtornos muito 
graves. 
O lítio e sua combinação com antidepressivos, antipsicóticos e benzodiazepínicos tem sido a principal abordagem à doença 
Três anticonvulsivantes estabilizadores do humor – carbamazepina, valproato e lamotrigina – foram adicionados mais recentemente 
Visto que julgamento comprometido, 
impulsividade e agressividade se 
combinam para colocar em risco o 
paciente ou outras pessoas, muitos 
pacientes na fase maníaca são medicados 
para proteger a si e aos outros contra 
danos. 
Ansiedade é um quadro frequente em quadros de 
depressão → alguns pacientes podem ter a necessidade de 
fazer uso de ansiolíticos temporariamente, principalmente 
quando a classe escolhida do antidepressivo não oferece 
efeitos ansiolíticos 
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o Seu uso agudo tem sido limitado nos últimos anos por sua eficácia imprevisível, seus efeitos colaterais 
problemáticos e pela necessidade de exames laboratoriais frequentes. 
❖ Valproato → anticonvulsivante estabilizador de humor 
o O valproato é indicado apenas para mania aguda, embora a maioria dos especialistas concorde que ele também 
tem efeitos profiláticos. 
o Os níveis de dose típicos de ácido valproico são 750 a 2.500 mg por dia, alcançando níveis sanguíneos entre 50 
e 120 µg/mL. 
o Uma série de exames laboratoriais é necessária durante o tratamento com essa substância. 
❖ Carbamazepina e oxcarbazepina → anticonvulsivantes estabilizadores de humor 
o A carbamazepina tem sido usada no mundo todo por décadas como tratamento de primeira linha para mania 
aguda 
o Suas doses típicas para tratar mania aguda variam entre 600 e 1.800 mg por dia associadas com níveis 
sanguíneos entre 4 e 12 µg/mL. 
❖ Clonazepam e lorazepam → benzodiazepínicos estabilizadores de humor 
o Ambos podem ser eficazes e são amplamente utilizados para tratamento adjuvante de agitação maníaca aguda, 
insônia, agressividade e disforia, bem como de pânico. 
o A segurança e o perfil de efeito colateral benigno desses agentes os tornam adjuvantes ideais ao lítio, à 
carbamazepina ou ao valproato. 
❖ Antipsicóticos atípicos e típicos → 
o A eficácia dessas drogas no tratamento de manutenção ainda não é totalmente estudado, sendo utilizados de 
maneira predominante nas fases agudas dos transtornos 
o Quando antipsicóticos forem requeridos, deve-se dar preferência para os atípicos 
o Todos os antipsicóticos atípicos: olanzapina, risperidona, quetiapina, ziprasidona e aripiprazol – demonstraram 
efeitos antimaníacos. 
o Típicos: são eficazes no tratamento da mania, tendo pouca relevância no tratamento de manutenção. São 
menos utilizados em virtude dos efeitos colaterais importantes observados ao longo do tempo, como 
discinesia tadia, ganho de peso, sedação e disfunção sexual 
✓ Clozapina = para pacientes em fase maníaca do transtorno bipolar. Seu uso é limitado pelo risco de 
agranulocitose, podendo ser usado no tratamento de transtorno bipolar refratário 
✓ Rispiridona = evidência no tratamento da mania e em doses altas atua como antipsicótico típico 
✓ Olanzapina = papel positivo nas fases de manutenção do transtorno bipolar, conseguindo controlar a 
depressão bipolar, levando os pacientes a demorar mais tempo para ter recaídas, com efeitos colaterais 
de ganho de peso e hiperinsulinemia 
✓ Ziprasidona = eficaz no tratamento da mania aguda 
✓ Aripiprazol = eficaz no tratamento da mania aguda 
❖ Outros agentes → 
o Quando os tratamentos-padrão falham, outros tipos de compostos podem se revelar eficazes. 
o Antagonista do canal de cálcio verapamil → tem eficácia antimaníaca aguda (não fazem parte dos 
medicamentos de primeira linha) 
o Lamotrigina → não tem propriedades antimaníacas agudas, mas ajuda a prevenir a recidiva de episódios 
maníacos. 
o Fenitoína → Estudos pequenos sugerem a possível eficácia antimaníaca aguda e profilática 
o ECT → é eficaz na mania aguda, e tratamentos bilaterais são requeridos devido a relatos de que tratamentos 
unilaterais, não dominantes, são ineficazes ou podem até exacerbar sintomas maníacos. A ECT é reservada para 
pacientes com mania refratária rara e para aqueles com complicações clínicas, bem como exaustão extrema 
(hipertermia maligna ou catatonia letal). 
 
TRATAMENTO DE MANUTENÇÃO DE TRANSTORNO BIPOLAR: 
• Prevenir recidivas de episódios de humor é o maior desafio enfrentado pelos médicos. 
• Não apenas o regime escolhido deve alcançar seu objetivo principal – eutimia continuada – como também os 
medicamentos não devem produzir efeitos colaterais indesejados que afetem o funcionamento. 
• Sedação, comprometimento cognitivo, tremor, ganho de peso e erupções cutâneas são alguns efeitos colaterais que 
levam a descontinuação do tratamento. 
Segundo artigo Ibiracy: 
▪ Primeira linha de TTO: Lítio ou divalproato + rispiridona/ lítio + divalproato + quetiapina e lítio + divalproato + olanzapina 
▪ Segunda linha de TTO: carbamazepina, oxcarbamazepina, ECT 
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❖ Carbonato de Lítio → 
• Também utilizado no tratamento de manutenção 
• Previne recaídas de mania mais frequentemente que de 
depressão 
• Atua como antidepressivo 
• Reduz o risco de suicídio 
• É preferido em pacientes portadores de doenças hepáticas, no 
estágio final da gravidez ou em jovens adolescentes 
❖ Valproato → 
• Tratamento de manutenção do transtorno bipolar 
• Tem efeito profilático melhor que o lítio (manter a profilaxia por 
mais tempo com menor deteriorização dos sintomas 
depressivos) 
• Efeito profilático útil para evitar os episódios de maníacos do que 
contra os episódios depressivos 
• Preferido naqueles pacientes portadores de doenças cardíacas, 
renais, TCE, idosos com demência e dependência química. 
❖ Carbamazepina 
❖ Lamotrigina → 
• A lamotrigina parece ter propriedades antidepressivas agudas e 
profiláticas superiores, comparadas com propriedades 
antimaníacas. Visto que as depressões súbitas são um problema 
difícil durante a profilaxia, esse medicamento tem um papel 
terapêutico único. 
• Não apresenta ganho de peso nem déficit cognitivo, não sendo 
necessário o controle de níveis sanguíneos 
• Atua na recaídas depressivas 
❖ Suplementação tireoidiana → 
• É muitas vezes necessária durante o tratamento de longo prazo. 
Muitos pacientes tratados com lítio desenvolvem hipotireoidismo 
 
TRATAMENTO DE DEPRESSÃO BIPOLAR AGUDA: 
• Os medicamentos antidepressivos são, muitas vezes, potencializados com um 
estabilizador do humor no tratamento de primeira linha para um primeiroepisódio 
ou um episódio isolado de depressão bipolar. 
• O uso de anti-depressivos pode desestabilizar alguns pacientes 
• Os antidepressivos de escolha para tratar depressão bipolar são: 
❖ Primeira escolha: ISRS e bupropiona 
❖ Segunda escolha: Venlafaxina 
▪ Depressão leve ou moderada → estabilizador de humor em monoterapia 
▪ Depressão moderada → adicionar um segundo estabilizador/antidepressivo 
▪ Depressão com ciclagem rápida → evitar antidepressivos!! Associar ao estabilizador em uso outro estabilizador 
(preferencialmente lítio ou valproato) 
▪ Depressão grave → antidepressivo + estabilizador de humor 
▪ Depressão refratária → ECT 
• Paradoxalmente, muitos pacientes que são bipolares na fase deprimida não respondem ao tratamento com 
antidepressivos-padrão → Nesses casos, lamotrigina ou ziprasidona de baixa dose (20 a 80 mg por dia) podem ser 
eficazes. 
• A eletroconvulsoterapia também pode ser útil para pacientes com depressão bipolar que não respondem a lítio ou a 
outros estabilizadores do humor e a seus adjuvantes, de modo particular em casos nos quais a tendência suicida intensa 
se apresente como uma emergência médica. 
Lítio, carbamazepina e ácido valproico, 
isolados ou em combinação, são os 
agentes de mais ampla utilização no 
tratamento de longo prazo de pacientes 
com transtorno bipolar. 
Segundo artigo Ibiracy: 
▪ Primeira linha de TTO: Lítio, divalproato e olanzapina. Lamotrigina 
apenas para pacientes com mania leve 
Pacientes bipolares permanecem 
mais tempo em depressão do que 
em mania ou hipomania → logo, os 
transtornos bipolares seriam 
predominantemente depressivos 
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• A combinação lítio + fluoxetina parece prevenir a depressão em pacientes bipolares 
 
Tratamento de transtornos maníacos em casos especiais: 
▪ Gestantes → Estados maníacos e depressivos constituem um fator de risco para mãe e para o bebê, de forma que a 
consideração sobre riscos e benefícios de se tratar o transtorno devem ser levados em conta. Devido aos efeitos 
teratogênicos exercidos pelo lítio durante a gestação, recomenda-se a diminuição gradual dos níveis de lítio para as mães 
que desejam engravidar, devendo a diminuição do lítio ser feita de forma gradual, já que sua interrupção abrupta pode 
causar episódios da doença. Durante a gestação, o valproato deve ser evitado também pelos riscos de má-formação de 
forma que ele costuma ser mais compatível com a amamentação do que o lítio (que pode causar letargia e hipotonia no 
bebê). O período puerperal é de grande risco para recidivas da doença bipolar 
▪ Idosos → O clearence renal de lítio diminui com a idade e a meia-vida de eliminação do lítio em idosos é o dobro daquela 
encontrada em jovens. Em consequência, as doses de lítio devem ser menores no idosos em relação aquelas usadas 
para jovens e adultos. O divalproato é uma boa alternativa para pacientes com intolerância ou baixa resposta, de forma 
que os ISRS e bupropiona são os antidepressivos de escolha em relação aos tricíclicos (em função de seus efeitos 
anticolinérgicos, podem causar maior comprometimento do estado cognitivo) 
 
DISTIMIA 
• O aspecto mais característico da distimia, também conhecida como transtorno depressivo persistente, é a presença de 
um humor deprimido que dura a maior parte do dia e está presente quase continuamente. 
• Existem sentimentos associados de inadequação, culpa, irritabilidade e raiva; afastamento da sociedade; perda de 
interesse; e inatividade e falta de produtividade. 
• A distimia distingue-se do transtorno depressivo maior pelo fato de os PACIENTES SE QUEIXAREM DE QUE SEMPRE 
ESTIVERAM DEPRIMIDOS. Portanto, a maioria dos casos é de início precoce, começando na infância ou na adolescência 
e, sem dúvida, ocorrendo na época em que os pacientes atingem a faixa dos 20 anos. 
• Embora a distimia possa ocorrer como uma complicação secundária de outros transtornos psiquiátricos, seu conceito 
central se refere a um transtorno depressivo subafetivo ou subclínico com: 
✓ Cronicidade de baixo grau por pelo menos dois anos; 
✓ Início insidioso, com origem muitas vezes na infância ou na adolescência; 
✓ Um curso persistente ou intermitente. 
EPIDEMIOLOGIA 
• A distimia é comum entre a população em geral e afeta 5 a 6% de todas as pessoas. É observada entre pacientes em 
clínicas psiquiátricas gerais, onde afeta entre metade a um terço de todos eles. 
• Não há diferenças de gênero para as taxas de incidência. 
• A condição é mais comum em mulheres com menos de 64 anos do que em homens de qualquer idade e também entre 
indivíduos solteiros e jovens e naqueles com menor renda. 
• A distimia com frequência coexiste com outros transtornos mentais, particularmente o depressivo maior, e, nas pessoas 
com esse transtorno, há menos probabilidade de remissão completa entre os episódios. 
• Os pacientes podem também ter transtornos de ansiedade (em especial transtorno de pânico), abuso de substâncias e 
transtorno da personalidade borderline comórbidos. 
• Ela é mais comum entre aqueles que têm parentes em primeiro grau com transtorno depressivo maior. 
• Pacientes com distimia têm mais probabilidade de estar utilizando uma ampla variedade de medicamentos psiquiátricos, 
incluindo antidepressivos, agentes antimaníacos, como o lítio e a carbamazepina, e sedativos-hipnóticos. 
ETIOLOGIA 
• Fatores biológicos → A base biológica dos sintomas de distimia e de transtorno depressivo maior é semelhante, mas as 
bases biológicas da fisiopatologia subjacente aos dois transtornos são diferentes. 
o ESTUDOS DO SONO. A redução da latência dos movimentos oculares rápidos (REM) e o aumento de sua 
densidade são dois marcadores de estado de depressão no transtorno depressivo maior que também ocorrem 
em uma proporção significativa de pacientes com distimia. 
o ESTUDOS NEUROENDÓCRINOS. Os dois eixos neuroendócrinos mais estudados no transtorno depressivo maior 
e na distimia são o suprarrenal e o tireoidiano, que têm sido examinados com os testes de supressão com 
dexametasona (TSD) e de estimulação do hormônio liberador da tireotrofina (TRH), respectivamente. Maioria 
indica que pacientes com distimia têm menos probabilidade de ter resultados anormais em um TSD do que 
aqueles com transtorno depressivo maior. 
Segundo artigo Ibiracy: 
▪ Primeira linha de TTO: Lítio, Lamotrigina, lítio ou divalproato + ISRS, olanzapina + ISRS + Lítio + divalproato, lítio ou divalproato 
+ bupropiona, monoterapia com quetiapina 
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• Fatores psicossociais → As teorias psicodinâmicas sobre o desenvolvimento de distimia postulam que o transtorno 
resulta do desenvolvimento da personalidade e do ego e culmina em dificuldades de adaptação à adolescência e à 
idade adulta jovem. O principal mecanismo de defesa utilizado é a formação reativa. Baixa autoestima, anedonia e 
introversão costumam estar associadas ao caráter depressivo. 
o FREUD → afirmou que o desapontamento interpessoal precoce na vida pode causar uma vulnerabilidade para 
depressão que leva a relacionamentos de amor ambivalentes no adulto; perdas reais ou ameaçadas na vida 
adulta podem desencadear depressão. As pessoas suscetíveis à depressão são oralmente dependentes e 
requerem gratificação narcisista constante. Quando privadas de amor, afeição e cuidados, se tornam 
clinicamente deprimidas; quando vivenciam uma perda real, internalizam ou introjetam o objeto perdido e 
dirigem sua raiva contra ele e, dessa forma, contra si próprias. 
o TEORIA COGNITIVA → A teoria cognitiva da depressão também se aplica à distimia. Ela sustenta que a 
disparidade entre situações reais e fantasiadas leva a diminuição da autoestima e a um senso de impotência. 
O sucesso da terapia cognitiva no tratamento de alguns pacientes com distimia pode fornecer algum apoio para 
o modelo teórico. 
DIAGNÓSTICO E CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS 
• Estipulama presença de um humor deprimido a maior parte do tempo por pelo menos dois anos (ou um ano, para 
crianças e adolescentes). 
• Para satisfazer os critérios diagnósticos, um paciente não deve ter sintomas que sejam mais 
bem explicados por um transtorno depressivo maior e jamais ter tido um episódio maníaco 
ou hipomaníaco. 
• O perfil da distimia sobrepõe-se ao do transtorno depressivo maior, mas difere dele pelo 
fato de os sintomas tenderem a ser mais numerosos do que os sinais (depressão mais 
subjetiva do que objetiva). Isso significa que as alterações no apetite e na libido não são características e que agitação 
ou retardo psicomotor não são observados. 
 
• Entretanto, são vistas 
manifestações endógenas sutis, 
incluindo inércia, letargia e 
anedonia caracteristicamente 
piores pela manhã. 
• A distimia é bastante heterogênea. 
A ansiedade não é um componente 
necessário de seu quadro clínico; 
contudo, o transtorno é com 
frequência diagnosticado em pacientes com transtornos de ansiedade e fóbicos. Essa situação clínica é, às vezes, 
diagnosticada como transtorno misto de ansiedade e depressão. 
• Os aspectos essenciais da distimia primária incluem tristeza habitual, ruminação, falta de alegria na vida e preocupação 
com inadequação. A distimia, então, é mais BEM CARACTERIZADA COMO UMA DEPRESSÃO DE LONGA DURAÇÃO, 
flutuante, de baixo grau, vivenciada como uma parte intrínseca ao indivíduo e representando uma acentuação de traços 
observados no temperamento depressivo. 
Variantes distímicas → 
• A distimia é comum em indivíduos com transtornos físicos crônicos incapacitantes, em particular entre os idosos. Uma 
depressão subliminar, clinicamente significativa, semelhante a distimia, com duração de seis meses ou mais, também 
tem sido relatada em condições neurológicas, incluindo acidentes vasculares cerebrais. 
• Pessoas com distimia manifestada clinicamente na vida adulta tendem a seguir um curso unipolar crônico que pode 
ou não ser complicado por depressão maior. 
DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL 
• Dois transtornos são de particular importância para se considerar no diagnóstico diferencial da distimia – transtornos 
depressivo menor e depressivo breve recorrente. 
✓ Transtorno depressivo menor → 
▪ Esse transtorno caracteriza-se por episódios de sintomas depressivos menos graves do que os observados no depressivo 
maior. 
▪ A diferença entre distimia e transtorno depressivo menor é basicamente a natureza episódica dos sintomas neste último. 
▪ Entre os episódios, os pacientes com transtorno depressivo menor têm um estado de humor eutímico, enquanto 
aqueles com distimia quase não têm períodos eutímicos. 
✓ Transtorno depressivo breve recorrente → 
O DSM-5 possibilita aos 
clínicos especificar se o início 
foi precoce (antes dos 21 anos) 
ou tardio (21 anos ou mais 
velho). 
Tudo isso se traduz em uma depressão com sintomatologia atenuada. 
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▪ Esse transtorno caracteriza-se por períodos breves (menos de duas semanas) durante os quais episódios depressivos 
estão presentes. 
▪ Pacientes com o transtorno satisfariam os critérios diagnósticos para transtorno depressivo maior se seus episódios 
durassem mais tempo. Esses pacientes diferem daqueles com distimia em dois pontos: eles têm um transtorno 
episódico, e seus sintomas são mais graves. 
✓ Depressão dupla → 
▪ Estima-se que 40% dos pacientes com transtorno depressivo maior também satisfaçam os critérios para distimia, uma 
combinação muitas vezes referida como depressão dupla. 
▪ Os dados disponíveis apoiam a conclusão de que indivíduos com depressão dupla têm um prognóstico pior do que 
aqueles com somente transtorno depressivo maior. O tratamento deve ser direcionado para ambas as condições 
✓ Abuso de álcool e substâncias → 
▪ Pacientes com distimia costumam satisfazer os critérios para um transtorno relacionado a substâncias. 
▪ Essa comorbidade pode ter lógica; esses pacientes tendem a desenvolver métodos para lidar com seu estado depressivo 
crônico que envolvem abuso de substâncias. 
▪ Portanto, têm mais probabilidade de utilizar álcool e estimulantes como cocaína ou maconha, sendo que a escolha talvez 
dependa principalmente de seu contexto social. 
CURSO E PROGNÓSTICO 
• Cerca de 50% dos pacientes com distimia vivenciam um início insidioso de sintomas antes dos 25 anos de idade. Apesar 
do início precoce, eles costumam sofrer com os sintomas por uma década antes de procurar ajuda psiquiátrica e podem 
considerar o transtorno simplesmente parte da vida. 
• Esses indivíduos estão em risco tanto para transtorno depressivo maior quanto para transtorno bipolar I. 
• O prognóstico de pacientes com distimia varia. Agentes antidepressivos e tipos específicos de psicoterapias (p. ex., 
terapias cognitiva e comportamental) têm efeitos positivos no curso e no prognóstico do transtorno. Cerca de 25% de 
todos os pacientes com distimia nunca alcançam remissão completa. De modo geral, contudo, o prognóstico é bom com 
tratamento. 
TRATAMENTO 
• A combinação de terapia farmacológica e alguma forma de psicoterapia pode ser o tratamento mais eficaz para o 
transtorno. 
o Terapia cognitiva → É a técnica na qual os pacientes aprendem novas formas de pensar e de se comportar para 
substituir atitudes negativas defeituosas em relação a si próprios, ao mundo e ao futuro. É um programa de 
terapia de curto prazo orientada aos problemas atuais e a sua resolução. 
o Terapia comportamental → A terapia comportamental para os transtornos depressivos baseia-se na teoria de 
que a depressão é causada pela perda de reforços positivos como resultado de separação, morte ou mudanças 
súbitas no ambiente. Os vários métodos de tratamento focalizam objetivos específicos para aumentar a 
atividade, proporcionar experiências agradáveis e ensinar os pacientes a relaxar. Alterar o comportamento 
pessoal em indivíduos deprimidos parece ser a maneira mais eficiente de mudar os pensamentos e sentimentos 
depressivos associados. A terapia comportamental costuma ser utilizada para tratar o desamparo instruído de 
alguns pacientes que parecem enfrentar os desafios da vida diária com um sentimento de impotência. 
o Psicoterapia (psicanalítica) orientada ao insight → Método de TRATAMENTO MAIS COMUM PARA DISTIMIA, 
e muitos médicos o consideram a melhor escolha. A abordagem psicoterapêutica tenta relacionar o 
desenvolvimento e a manutenção de sintomas depressivos e aspectos da personalidade mal-adaptativos a 
conflitos não resolvidos da primeira infância. O insight quanto aos equivalentes depressivos (p. ex., abuso de 
substâncias) ou a desapontamentos da infância como antecedentes da depressão no adulto pode ser obtido 
por meio do tratamento. Relacionamentos ambivalentes atuais com pais, amigos ou outras pessoas na vida do 
paciente são examinados 
o Terapia interpessoal → Na terapia interpessoal para os transtornos depressivos, as experiências interpessoais 
atuais do paciente e suas formas de lidar com o estresse são examinadas para reduzir os sintomas depressivos 
e melhorar sua autoestima. Essa terapia dura aproximadamente 12 a 16 sessões semanais e pode ser combinada 
com medicamentos antidepressivos. 
o Terapias familiar e de grupo → A terapia familiar pode ajudar tanto o paciente como sua família a lidar com os 
sintomas do transtorno, especialmente quando uma síndrome subafetiva de base biológica parece estar 
presente. A terapia de grupo pode ajudar pacientes reclusos a aprender novas formas de superar seus 
problemas interpessoais em situações sociais. 
o Farmacoterapia → Devido às crenças teóricas de longa data e que costumam ser mantidas de que a distimia 
é primariamente uma condição determinada por fatores psicológicos, vários médicos evitam prescrever 
antidepressivos; entretanto, muitos estudos demonstraram sucesso terapêutico com esses agentes. 
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▪ Inibidores seletivos da recaptação de serotonina (ISRSs), a venlafaxina e a bupropiona são 
tratamentos eficazes para pacientes com distimia. 
▪ Os inibidores da monoaminoxidase (IMAOs) são eficazes em um subgrupo de pacientes com o 
transtorno, o qual também pode responder ao uso criterioso de anfetaminas. 
o Hospitalização → A hospitalização em geral não é indicada para pacientes com distimia, mas sintomas 
particularmente graves, incapacitação social ou profissional acentuada, a necessidade de procedimentos 
diagnósticos extensivos e ideação suicida são todos indicações para hospitalização. 
 
TRANSTORNO CICLOTÍMICO 
• O transtorno ciclotímico é sintomaticamente uma forma leve do transtorno bipolar II, caracterizado por episódios de 
hipomania e depressão leve → EPISÓDIOS DEPRESSIVO MENOR + HIPOMANIA 
• Ele se diferencia do transtorno bipolar II, que é caracterizado pela presença de episódios depressivos maiores (não 
menores) e de episódios hipomaníacos. 
• Emil Kraepelin descreveu a personalidade ciclotímica como a alternância das personalidades depressiva e maníaca. 
EPIDEMIOLOGIA 
• Indivíduos com transtorno ciclotímico podem constituir de 3 a 5% de todos os pacientes ambulatoriais psiquiátricos, de 
modo particular, talvez, aqueles com queixas significativas de dificuldades conjugais e 
interpessoais. Na população em geral, a prevalência ao longo da vida desse transtorno é 
estimada em cerca de 1%. 
• O transtorno ciclotímico, como a distimia, muitas vezes coexiste com o transtorno da 
personalidade borderline. 
• A razão mulher-para-homem do transtorno ciclotímico é de cerca de 3 para 2, e 50 a 75% 
de todos os pacientes têm um início entre as idades de 15 e 25 anos. 
ETIOLOGIA 
• Assim como no caso do transtorno distímico, há controvérsia sobre se o transtorno ciclotímico tem relação com os 
transtornos do humor, biológica ou psicologicamente. Alguns pesquisadores postularam que o transtorno ciclotímico 
tem uma relação mais próxima com o transtorno da personalidade borderline do que com os transtornos de humor. 
Apesar dessas controvérsias, a preponderância de dados biológicos e genéticos favorece a ideia de que ele seja, de fato, 
um transtorno do humor. 
o Fatores biológicos → Cerca de 30% de todos os pacientes com transtorno ciclotímico têm histórias familiares 
positivas para transtorno bipolar I. De forma inversa, a prevalência do transtorno ciclotímico em parentes de 
pacientes com transtorno bipolar I é muito mais alta do que a prevalência do transtorno ciclotímico em parentes 
de pacientes com outros transtornos mentais ou em pessoas mentalmente saudáveis. 
o Fatores psicossociais → A maioria das teorias psicodinâmicas postula que o desenvolvimento do transtorno 
ciclotímico se deve a traumas e fixações durante o estágio oral do desenvolvimento infantil. Para Freud, o 
estado ciclotímico é uma tentativa do ego de subjugar um superego severo e punitivo. A hipomania é explicada 
psicodinamicamente como a falta de autocrítica e ausência de inibições que ocorrem quando uma pessoa 
deprimida se livra do peso de um superego severo em excesso. 
DIAGNÓSTICO E CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS 
• Embora muitos indivíduos procurem ajuda psiquiátrica para a depressão, seus problemas muitas vezes estão 
relacionados ao caos que os episódios maníacos causaram. 
• Os médicos devem considerar o diagnóstico de transtorno ciclotímico quando a pessoa apresenta o que pode parecer 
problemas comportamentais sociopáticos. 
➢ Dificuldades conjugais e instabilidade nos relacionamentos são queixas comuns porque essas pessoas tendem 
a ser promíscuas e irritáveis quando estão nos estados maníacos ou mistos. 
➢ Pacientes se tornam desorganizados e ineficientes no trabalho e na escola durante esses períodos. 
• Os critérios diagnósticos do DSM-5 para transtorno ciclotímico estipulam que o paciente nunca tenha satisfeito os 
critérios para um episódio depressivo maior e não satisfaça os critérios para um episódio maníaco durante os primeiros 
dois anos do distúrbio. 
Assim como os pacientes 
com transtorno bipolar I, 
estes podem não estar 
conscientes de que têm um 
problema psiquiátrico 
O PRINCIPAL MECANISMO DE DEFESA NA HIPOMANIA É A NEGAÇÃO, pela qual o paciente evita os problemas externos e os 
sentimentos internos de depressão. 
Indivíduos com transtorno ciclotímico caracterizam-se por períodos de depressão alternados com períodos de hipomania. A exploração 
psicanalítica revela que essas pessoas SE DEFENDEM CONTRA TEMAS DEPRESSIVOS SUBJACENTES COM SEUS PERÍODOS EUFÓRICOS 
OU HIPOMANÍACOS. 
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• Os critérios também requerem a presença mais ou menos constante de sintomas por dois anos (ou um ano, para 
crianças e adolescentes). 
SINAIS E SINTOMAS 
• Os sintomas de transtorno ciclotímico são idênticos aos de transtorno bipolar II, exceto por serem menos graves. 
• Ocasionalmente, entretanto, os sintomas podem ser iguais em gravidade, mas com duração mais curta do que a 
observada no transtorno bipolar II. 
• Cerca de metade de todos os pacientes com transtorno ciclotímico tem depressão como seu sintoma principal, sendo 
mais propensos a procurar ajuda psiquiátrica quando deprimidos. 
• Alguns indivíduos com esse transtorno têm sobretudo sintomas hipomaníacos e menos probabilidade de consultar um 
psiquiatra do que aqueles principalmente deprimidos. Quase todos têm períodos de sintomas mistos com irritabilidade 
acentuada. 
• A maior parte das pessoas com transtorno ciclotímico atendida por 
psiquiatras não obteve êxito na vida profissional e social como resultado de 
seu transtorno, mas algumas têm grandes conquistas, porque trabalham por 
longas horas e necessitam de pouco sono. A capacidade que algumas pessoas 
têm de controlar os sintomas do transtorno com sucesso depende de vários 
atributos individuais, sociais e culturais. 
• No transtorno ciclotímico, as mudanças de humor são irregulares e 
repentinas e, por vezes, ocorrem no espaço de horas. A natureza 
imprevisível das mudanças do humor produz grande tensão. 
• Os pacientes, muitas vezes, sentem que seus estados de humor estão fora 
de controle. Em períodos irritáveis, mistos, eles podem se envolver em 
discórdias com amigos, familiares ou colaboradores sem qualquer 
provocação. 
• O abuso de álcool e de outras substâncias é comum em pacientes com 
transtorno ciclotímico, que usam as substâncias para se automedicar (com 
álcool, benzodiazepínicos e maconha) ou para obter uma estimulação ainda maior (com cocaína, anfetaminas e 
alucinógenos) quando estão maníacos. As pessoas com essa condição muitas vezes têm uma história de mudanças 
geográficas múltiplas, envolvimentos em cultos religiosos e diletantismo. 
DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL 
• Quando um diagnóstico de transtorno ciclotímico está sendo considerado, devemos descartar: 
o Todas as causas possíveis de depressão e mania 
o Clínicas e relacionadas a substâncias, como convulsões e determinadas drogas (cocaína, anfetamina e 
esteroides) 
o Transtornos da personalidade borderline, antissocial, histriônica e narcisista 
o Transtorno de déficit de atenção/hiperatividade 
o Transtorno bipolar II (caracteriza-se pela combinação de episódios depressivos maiores e episódios 
hipomaníacos) 
CURSO E PROGNÓSTICO 
• Alguns pacientes com transtorno ciclotímico são caracterizados por terem sido crianças sensíveis, hiperativas ou mal-
humoradas. O início dos sintomas mais evidentes do transtorno costuma ocorrer de forma insidiosa na adolescência 
ou no início da segunda década. 
• O surgimento de sintomas nessas épocas prejudica o desempenho na escola e a capacidade de estabelecer amizades 
com os colegas. 
• As reações das pessoas ao transtorno variam; as que usam estratégias de enfrentamento ou apresentam defesas do ego 
adaptativas têm desfechos melhores do que aquelas com estratégias de enfrentamento deficientes. Cerca deum terço 
de todos os pacientes com transtorno ciclotímico desenvolve um transtorno do humor maior, com mais frequência 
transtorno bipolar II. 
TRATAMENTO 
• Terapia biológica → 
▪ Carbamazepina e valproato → Os estabilizadores do humor e os medicamentos antimaníacos são a primeira 
linha de tratamento para indivíduos com transtorno ciclotímico 
▪ Antidepressivos → O tratamento com antidepressivos para pacientes deprimidos com transtorno ciclotímico 
deve ser feito com cautela, porque estes têm mais suscetibilidade a episódios hipomaníacos ou maníacos 
induzidos por antidepressivos. 
• Tratamento psicossocial → 
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• A psicoterapia para pacientes com transtorno ciclotímico deve ser direcionada a aumentar sua consciência acerca da 
própria condição e ajudá-los a desenvolver mecanismos de enfrentamento para as oscilações do humor. Os terapeutas 
geralmente precisam ajudar seus pacientes a reparar qualquer prejuízo, tanto relacionado ao trabalho quanto à família, 
causado durante episódios de hipomania. Em razão da natureza de longo prazo do transtorno ciclotímico, os pacientes 
muitas vezes requerem tratamento por toda a vida. 
• Terapias familiares e de grupo podem ser sustentadoras, educativas e terapêuticas para os pacientes e para as pessoas 
envolvidas em suas vidas. O psiquiatra que conduz a psicoterapia é capaz de avaliar o grau de ciclotimia e, assim, 
providenciar sistemas de alerta precoce para evitar que ocorram ataques maníacos plenos 
ARTIGOS IBIRACY 
ELETROCONVULSOTERAPIA (ECT): 
• Objetiva-se conseguir que flua uma carga de elétrons através do cérebro, com uma determinada voltagem, de forma que 
as células cerebrais sejam despolarizadas sincronicamente e se produza uma convulsão generalizada 
• A succinilcolina até hoje é utilizada apresentando curta ação e pequenos efeitos colaterais, se caracterizando por sua 
segurança. A injeção de succinilcolina sem anestésico prévio resulta desagradável para o paciente, pela sensação de 
paralisação dos músculos, de forma que hoje se preconiza o uso de barbitúricos ou outros sedativos para indução ao 
sono 
• Os anestésicos mais comumente utilizados são: metohexital, tiopental, propofol, etomidato (agente de primeira 
escolha) 
• Os aparelhos de ECT que utilizam corrente senoidal foram substituídos por instrumentos 
que produzem corrente de pulso breve , o que permite que a carga total do estímulo 
elétrico seja reduzida, com evidentes vantagens para os efeitos sobre a memória. 
• Hoje os aparelhos de ECT permitem o registro de eletroencefalograma, eletrocardiograma 
e da eletromiografia, além da saturação de hemoglobina e também permitem a 
determinação prévia da intensidade de corrente a ser utilizada 
✓ Principais indicações da ECT: 
o Depressões graves (maiores) com grande risco de suicídio 
• Aqueles quadros considerados melancólicos, onde há inibição psicomotora e marcadas alterações do 
sono e do apetite 
• Aquelas que evoluem para depressões psicóticas, com alucinações, delírios, manifestações catatônicas 
o Depressão bipolar e estados mistos 
o Estados catatônicos refratários ao tratamento 
• Respodem bem a ECT 
o Quadros confusionais 
o Mania aguda 
• ECT fica reservada para os casos mais graves e de difícil manejo, principalmente para aqueles que 
evoluem para estados mistos, mania psicótica e de furor maníaco 
o Esquizofrenia refratária com sintomas positivos 
• ECT é um tratamento muito eficaz para psicoses, principalmente naquelas que evoluem com sintomas 
produtivos (positivos), nos episódios iniciais, nas formas com notável agitação psicomotora e nas 
formas catatônicas especiais 
• O uso de ECT nos estágios iniciais da doença podem atenuar o curso progressivo e deteriorante da 
enfermidade 
o Transtorno esquizoafetivo ou esquizofreniforme 
o Casos que demandam rápida e pronta resposta, como casos em que os pacientes têm graves doenças clínicas 
associadas ou risco de ferir a si mesmos ou outrem 
o Delirium 
o Psicoses puerperais 
o Doença de Parkinson refratária 
o Síndrome neuroléptica maligna 
o Epilepsia refratária (ECT eleva o limiar convulsígeno) 
o Condições pscicóticas associadas à epilepsia 
✓ Condições médicas associadas a riscos que requerem cuidados especiais 
• Condições cardiovasculares instáveis ou graves 
• Aneurismas e malformações vasculares que possam romper devido ao aumento da pressão arterial 
• Aumento da pressão intracraniana (por tumores e lesões que ocupam espaço) 
• AVC 
OBS: pacientes que apresentam 
episódios mais longos de 
depressão e transtornos da 
personalidade tendem a 
responder pior à ECT 
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• Condições pulmonares tais como DPOC, pneumonia, asma não controlada 
✓ Escolha da intensidade do estímulo a ser aplicado 
• As convulsões para serem eficazes, devem ter uma certa duração, abaixo da qual não produzem os efeitos desejados 
• Admite-se que em geral, convulsões com duração menor que 20 ou 15 segundos não sejam terapêuticas, devendo ter 
no mínimo 20 segundos e a convulsão registrada pelo EEG no mínimo, 25 segundos 
• Não devem ultrapassar 180 segundos e se ocorrer de ultrapassarem esse limite, elas devem ser interrompidas com um 
benzodiazepínico (usa-se midazolam) 
• Cargas logo acima do limiar convulsígeno são menos eficazes 
• A escolha da intensidade do estímulo elétrico a ser aplicado depende do método de colocação dos eletrodos (bilateral 
ou unilateral): 
o Colocação bilateral → a intensidade do estímulo deve ser entre 50% e 150% acima do limiar convulsígeno (entre 
0,5 a 2,5 X maior) 
o Colocação unilateral → a intensidade do estímulo deve ser 500% acima do limiar convulsígeno (6 X maior) 
OBS: Um inconveniente do método unilateral é que as estimulações sucessivas sem que a elas se siga uma convulsão, têm fase 
vagal acentuada, que pode determinar assistolia e risco de parada cardíaca → a ECT unilateral produz menos efeitos cognitivos, 
sendo o déficit de memória menos intenso, ao passo que a ECT bilateral é recomendada em especial para os pacientes mais 
refratários 
• Convulsões produzidas por cargas muito acima daquelas que ultrapassam o limiar convulsígeno se associam a maiores 
efeitos colaterais (como perda de memória) 
• Existem tabelas que permitem estabelecer a dose inicial a ser utilizada, levando-se em conta o sexo do paciente e o tipo 
de colocação de eletrodos a ser utilizado, podendo a dosagem ser também baseada no eletroencefalograma (tido como 
um complemento para os outros os métodos de determinação de carga elétrica) 
• Se o paciente não tem uma convulsão adequada depois do primeiro estímulo, ele é reestimulado depois de um pequeno 
intervalo, com uma carga aproximadamente 50% maior que a primeira. 
• Para aumentar a carga elétrica, pode-se aumentar a frequência de pulsos (ciclos por segundo) ou a duração total da 
cadeia de estímulos 
✓ Alterações autonômicas durante a ECT 
• Após a aplicação do estímulo elétrico, seguem-se quatro fases: 
1- Estimulação parassimpática com queda da pressão arterial e bredicardia, podendo ocorrer assistolia 
2- Estimulação simpática, com aceleração cardíaca e aumento da pressão arterial 
3 – Sistema parassimpática é novamente reativado ao fim da fase crônica, podendo ocorrer novamente bradicardia 
4- Quando o paciente acorda, ocorre uma segunda fase de atividade simpática 
• É importante ressaltar que nos casos de crises frustras (quando não ocorre convulsão), a fase inicial da hiperatividade 
parassimpática fica sem oposição simpática que ocorreria logo em seguida → nesses casos, o risco de bradicardia 
acentuada e assistolia são maiores (necessidade de sempre contar com a presença de atropina ou outro agente 
anticolinérgico) 
✓ Avaliação prévia dos pacientes 
• Avaliar a gravidade do quadro psiquiátrico apresentado pelo paciente 
• Avaliar as funções cognitivas do paciente 
• Identificar e tratarquaisquer condições clínicas que possam associar-se ao risco de maiores 
efeitos colaterais a ECT, como: traumatismos cranioencefálicos,, malformações em ossos do 
crânio, história de aneurismas, AVC, epilepsia, história prévia de glaucoma, história anterior 
de arritmias,, história de HAS, sinais e sintomas de IC, presença de DM e medicamentos utilizados para seu controle, 
presença de lesões cerebrais que ocupem espaço (ou outras condições que aumentem a pressão intracraniana), IAM, 
hemorragia cerebral recente, aneurisma, descolamento de retina, feocromocitoma, aumento do risco anestésico 
✓ Exames complementares: 
• Contagem de glóbulos vermelhos, dosagem de hemoglobina e hematócrito devem sempre preceder o tratamento 
O limiar convulsígeno varia enormemente de uma pessoa para outra e para uma mesma pessoa inclusive, em diferentes momentos a 
depender de variados fatores → o limiar aumenta com a idade, fazendo com que os idosos necessitem receber carga elétrica maior, 
da mesma forma, pessoas do sexo masculino têm limiar convulsígeno mais elevado 
O limiar convulsígeno aumenta durante o curso do tratamento, após as sucessivas aplicações, em intensidade e velocidade muito 
variáveis 
Drogas como benzodiazepínicos, barbitúricos e anticonvulsivantes em geral aumentam o limiar convulsígeno, enquanto tricíclicos, 
anfetaminas, fenotiazinas, lítio e reserpina tendem a diminui-lo 
Não existe hoje 
nenhuma condição que 
se constitui como contra-
indicação absoluta para 
a ECT 
P3 Psiquiatria | Stella Abujamra 
 
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• Hemograma completo 
• Dosagem de glicemia em jejum, creatinina, ureia, sódio, potássio 
• ECG 
• RX PA e P 
• Avaliação da função hepática 
• Tempo de protrombina 
• TC 
• Eletroencefalograma e fundoscopia ocular 
• Medida da pressão intra-ocular e avaliação do risco de descolamento de retina 
SOBRE HOSPITALIZAÇÃO 
• Costuma-se tomar essa atitude quando pacientes psiquiátricos representam: 
o Perigo para si mesmos ou aos outros em seu ambiente a ponto de ser evidente a necessidade urgente de 
tratamento em uma instituição fechada. 
o Certos estados permitem a hospitalização involuntária quando os pacientes são incapazes de cuidar de si 
adequadamente. 
• Procedimentos de admissão: 
➔ Admissão informal: A admissão informal opera com o modelo do hospital geral, no qual o paciente é admitido a uma 
unidade psiquiátrica de um hospital geral da mesma maneira que um paciente médico ou cirúrgico. Em tais 
circunstâncias, aplica-se a relação médico-paciente habitual, com o paciente livre para entrar e sair do hospital, 
mesmo contra recomendações médicas. 
➔ Admissão voluntária: Nos casos de admissão voluntária, os pacientes solicitam por escrito a admissão a um hospital 
psiquiátrico. Eles podem chegar até o hospital por recomendação de um médico ou podem procurar ajuda por 
conta própria. Em qualquer um dos casos, os pacientes serão admitidos se um exame revelar a necessidade de 
tratamento hospitalar. O paciente é livre para deixar o hospital, mesmo contra recomendações médicas. 
➔ Admissão temporária: A admissão temporária é usada para pacientes que estão tão senis ou confusos que requerem 
hospitalização, mas que não são capazes de tomar decisões por conta própria, e para aqueles tão agudamente 
perturbados que precisam ser admitidos imediatamente a um hospital psiquiátrico em situação de emergência. Para 
esse procedimento, a pessoa é admitida ao hospital diante de recomendação por escrito de um médico. Depois que 
o paciente foi admitido, a necessidade de hospitalização deve ser confirmada por um psiquiatra da equipe do 
hospital. O procedimento é temporário, pois os pacientes não podem ser hospitalizados contra sua vontade por 
mais de 15 dias. 
➔ Admissão involuntária: A admissão involuntária envolve a questão de os pacientes serem suicidas, representando 
risco para si mesmos, ou homicidas, representando risco para os outros. Como essas pessoas não reconhecem sua 
necessidade de atendimento hospitalar, o pedido de admissão a um hospital deve ser feito por um parente ou 
amigo. Depois de feita a solicitação, o paciente deve ser examinado por dois médicos, e, se ambos confirmarem a 
necessidade de hospitalização, o paciente será, então, admitido. A hospitalização involuntária envolve um 
procedimento estabelecido de notificação escrita de um parente próximo. Além disso, os pacientes têm acesso, a 
qualquer momento, a um consultor jurídico, que pode levar o caso diante de um juiz. Se o juiz não considerar que a 
hospitalização seja indicada, a liberação do paciente poderá ser ordenada. A admissão involuntária permite que o 
paciente seja hospitalizado por 60 dias. Após esse tempo, se ele tiver de continuar hospitalizado, o caso deverá ser 
reexaminado periodicamente por um conselho composto por psiquiatras, médicos não psiquiatras, advogados e 
outros cidadãos não vinculados à instituição. 
➔ Hospital de Dia ou "Serviço de Internação Parcial": é uma estrutura organizacional de uma instituição de saúde com 
um espaço físico próprio onde se concentram meios técnicos e humanos qualificados, que fornecem cuidados de 
saúde de modo programado a doentes em ambulatório, em alternativa à hospitalização clássica, por um período 
normalmente não superior a 12 horas, não requerendo assim estadia durante a noite. Trata-se de uma modalidade 
de atendimento médico inicialmente pensada para redução de custos das pequenas cirurgias (cirurgias eletivas) com 
internamento e simultâneo benefício na redução de riscos para o paciente das infecções hospitalares. Os hospitais 
dia também se destinam ao atendimento de pacientes psiquiátricos que estão sendo reintegrados ao convívio 
social, sendo que o atendimento é intensivo, ou seja o paciente frequenta a unidade hospitalar diariamente durante 
o período diurno, passando o restante do dia com a família e a comunidade onde reside. Sua utilização nessa área 
justifica-se como: 
▪ Alternativos à hospitalização psiquiátrica; 
▪ Continuidade à internação fechada; 
▪ Extensão ao tratamento ambulatorial; 
▪ Reabilitação e apoio a crônicos 
Principais mudanças alcançadas = aumento do 
hipocampo em pacientes deprimidos com a ECT, 
proliferação de células-tronco, aumento das conexões 
dendríticas entre os neurônios

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