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Análise da Evolução das Diretrizes Éticas para o Uso da IA em Saúde, Cuidados Paliativos e Fisioterapia
Introdução
Este documento apresenta uma análise detalhada sobre a evolução das diretrizes éticas para o uso de Inteligência Artificial (IA) em saúde, com foco específico em cuidados paliativos e fisioterapia, culminando no estado atual das diretrizes éticas para a utilização de IA na prescrição de exercícios terapêuticos em fisioterapia. Para fornecer uma visão abrangente, exploraremos inicialmente a evolução histórica das diretrizes éticas em IA no setor da saúde, as definições dos principais termos associados, e as diretrizes atualmente em vigor. O documento conclui com uma análise das limitações presentes e das necessidades para o avanço ético e seguro da IA neste campo.
1. Evolução Histórica das Diretrizes Éticas para o Uso da IA em Saúde
A utilização da Inteligência Artificial na saúde remonta à década de 1970, com os primeiros sistemas especializados como o MYCIN, desenvolvido para auxiliar na diagnose de infecções bacterianas (Shortliffe, 1976). A partir dos anos 2000, com o avanço do aprendizado de máquina e big data, a aplicação da IA expandiu-se em várias áreas da saúde, incluindo diagnóstico por imagem, previsão de doenças e personalização de tratamentos (Topol, 2019).
O desenvolvimento de diretrizes éticas começou mais intensamente após 2010, com organismos internacionais como a OCDE e a União Europeia iniciando os debates sobre transparência, segurança e proteção de dados. Em 2019, a OCDE publicou os princípios de IA confiável, destacando a importância da transparência, robustez e responsabilidade dos sistemas de IA, que serviram de base para diretrizes subsequentes (OCDE, 2019).
2. Definições dos Principais Termos Associados
Para uma melhor compreensão das diretrizes e das discussões éticas, é essencial definir os principais termos associados à aplicação da IA em saúde.
- **Inteligência Artificial (IA)**: Refere-se a sistemas computacionais capazes de realizar tarefas que normalmente exigem inteligência humana, como aprendizado, raciocínio e tomada de decisão (Russell & Norvig, 2016).
- **Aprendizado de Máquina (Machine Learning)**: Um subcampo da IA que utiliza algoritmos e modelos estatísticos para analisar e interpretar dados, identificando padrões e previsões (Goodfellow et al., 2016).
- **Diretrizes Éticas**: Conjunto de princípios orientadores que buscam assegurar que a implementação de IA respeite valores fundamentais como autonomia, beneficência e justiça (Floridi et al., 2018).
3. Diretrizes Atuais em Cuidados Paliativos e Fisioterapia
Nos cuidados paliativos, as diretrizes éticas enfatizam o respeito pela dignidade e autonomia do paciente, com a IA sendo aplicada de forma limitada, sobretudo em monitoramento e diagnóstico (EAPC, 2015). Em fisioterapia, o uso de IA está em crescimento, especialmente em avaliação e prescrição de exercícios, mas as diretrizes éticas específicas ainda estão em desenvolvimento (WHO, 2021).
A aplicação de IA para prescrição de exercícios exige atenção à explicabilidade e segurança dos algoritmos. A União Europeia, com o Ato de IA, classifica a IA em saúde como de alto risco, exigindo supervisão rigorosa (Comissão Europeia, 2021).
4. Limitações Atuais nas Diretrizes Éticas para IA em Fisioterapia e Cuidados Paliativos
Apesar das diretrizes existentes, ainda há várias limitações na aplicação ética da IA em fisioterapia e cuidados paliativos:
- **Transparência e Explicabilidade**: Muitos algoritmos de IA são considerados 'caixa-preta', o que dificulta a compreensão de suas decisões por parte dos profissionais de saúde e pacientes (Doshi-Velez & Kim, 2017).
- **Consentimento Informado**: A complexidade da IA torna o consentimento informado desafiador, já que os pacientes nem sempre compreendem como a IA contribui para seu tratamento (Morley et al., 2020).
- **Segurança e Validação Clínica**: Faltam validações empíricas rigorosas para muitos algoritmos usados em cuidados sensíveis como paliativos, o que levanta preocupações quanto à segurança (Topol, 2019).
5. Ponto de Situação Atual e Necessidades Futuras
Atualmente, o uso de IA para prescrição de exercícios em fisioterapia ainda enfrenta barreiras éticas e operacionais. As diretrizes europeias e da OMS fornecem orientações gerais, mas faltam diretrizes específicas que enderecem a realidade dos cuidados paliativos, onde a IA deve ser implementada com especial cuidado.
As necessidades futuras incluem o desenvolvimento de diretrizes éticas que foquem em:
- A transparência dos algoritmos para uso em cuidados paliativos.
- A explicabilidade para que pacientes e familiares compreendam as recomendações.
- O consentimento e a supervisão humana, assegurando que a IA complemente, e não substitua, o julgamento humano.
Referências Bibliográficas
Comissão Europeia. (2021). *Proposal for a Regulation laying down harmonised rules on artificial intelligence (Artificial Intelligence Act)*. Comissão Europeia.
Doshi-Velez, F., & Kim, B. (2017). *Towards a rigorous science of interpretable machine learning*. arXiv preprint arXiv:1702.08608.
EAPC. (2015). *Palliative care ethics: Principles and guidelines*. European Association for Palliative Care.
Floridi, L., Cowls, J., Beltrametti, M., Chatila, R., Chazerand, P., Dignum, V., ... & Schafer, B. (2018). *AI4People—An ethical framework for a good AI society: Opportunities, risks, principles, and recommendations*. Minds and Machines, 28(4), 689-707.
Goodfellow, I., Bengio, Y., & Courville, A. (2016). *Deep learning*. MIT press.
Morley, J., Floridi, L., Kinsey, L., & Elhalal, A. (2020). *From what to how: An initial review of publicly available AI ethics tools, methods and research to translate principles into practices*. Ethics in Information Technology, 22, 1-13.
OCDE. (2019). *OECD Principles on Artificial Intelligence*. OCDE Publishing.
Russell, S. J., & Norvig, P. (2016). *Artificial intelligence: A modern approach* (3rd ed.). Pearson.
Shortliffe, E. H. (1976). *Computer-based medical consultations: MYCIN*. Elsevier.
Topol, E. J. (2019). *Deep medicine: How artificial intelligence can make healthcare human again*. Basic Books.
WHO. (2021). *Ethics and governance of artificial intelligence for health: WHO guidance*. Organização Mundial da Saúde.

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