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Aula 02 - Mito e Razão

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03/03/2013 
1 
Mito e Razão 
Universidade Estácio de Sá 
Disciplina: Filosofia 
Professora: Liana Ximenes 
O que é um mito? 
• É uma narrativa sobre a origem de alguma coisa, como por exemplo: 
– dos astros, 
– da Terra, dos homens, 
– das plantas, 
– dos animais, 
– do fogo, 
– da água, 
– dos ventos, 
– do bem e do mal, 
– da saúde e da doença, 
– da morte, 
– dos instrumentos de trabalho, 
– das raças, 
– das guerras, 
– do poder, etc 
 
(Chauí, 2000) 
 
Mito 
“O pensamento mítico consiste em uma forma 
pela qual um povo explica aspectos essenciais 
da realidade que vive: a origem do mundo, o 
funcionamento da natureza e dos processos 
naturais e da origem desse povo, bem como 
seus valores básicos”. 
“O mito caracteriza-se sobretudo pelo modo que 
essas explicações são dadas, isto é, pelo tipo 
de discurso que constitui.” 
(Marcondes, 2004) 
Mito 
• “Para os gregos, mito é um discurso pronunciado 
ou proferido para ouvintes que recebem como 
verdadeira a narrativa, porque confiam naquele 
que narra; é uma narrativa feita em público, 
baseada, portanto, na autoridade e 
confiabilidade da pessoa do narrador. 
• E essa autoridade vem do fato de que ele ou 
testemunhou diretamente o que está narrando 
ou recebeu a narrativa de quem testemunhou os 
acontecimentos narrados.” 
 
 
Chauí, 2000:30 
Mitos 
• O próprio termo mythos significa um tipo bem 
especial de discurso, o discurso fictício ou 
imaginário. 
• As lendas ou narrativas míticas não são 
produtos de um autor ou autores, mas parte 
da tradição cultural ou folclórica de um povo. 
• Origem cronológica indeterminada 
• Forma de transmissão é basicamente oral. 
(Marcondes, 2004) 
Quem narra o mito? 
• Quem narra o mito? 
– O poeta-rapsodo. 
– Acredita-se que o poeta é um escolhido dos 
deuses, que lhe mostram os acontecimentos 
passados e permitem que ele veja a origem de 
todos os seres e de todas as coisas para que 
possa transmiti-la aos ouvintes. 
– Sua palavra - o mito - é sagrada porque vem de 
uma revelação divina. 
– O mito é, pois, incontestável e inquestionável. 
(Chauí, 2000: 32) 
03/03/2013 
2 
Poetas que escreveram sobre os mitos 
• Poetas como Homero, que escreveu Ilíada e 
Odisséia e Hesíodo, que escreveu Teogonia 
são as principais fontes de conhecimento 
sobre os mitos gregos, mas na verdade não 
são autores destes mitos. 
• Eles sistematizaram poeticamente essas 
histórias recolhidas das tradições dos povos 
gregos. 
(Marcondes, 2004) 
Seres da mitologia grega 
 
• Deuses - engloba os que nasceram imortais, titãs (seres 
semi-humanos e semidivinos), monstros, ninfas... 
• Daímones - intermediários entre deuses e homens. 
Deuses menores, espíritos de heróis do passado e 
também protetores e inspiradores pessoais de cada 
indivíduo. 
• Heróis ou semideuses - filhos de um deus e um mortal, 
considerados semelhantes aos deuses, alguns após a 
morte eram divinizados. 
• Homens. 
 
 
Características dos Mitos 
• Origem na tradição oral dos povos. 
• O mito não se justifica, não se fundamenta, nem se 
presta ao questionamento, à crítica. 
• O mito pressupõe adesão, aceitação dos indivíduos. 
• Apelo ao sobrenatural, ao mistério, ao sagrado, a 
magia. 
• Sacerdotes, rituais e oráculos servem como 
intermediários entre o mundo humano e o mundo 
divino. 
• Pretende explicar a realidade, mas recorre a uma 
explicação sobrenatural ou divina. 
 
(Marcondes, 2004) 
Outras características da Narrativa 
mítica 
• Considerando-se a narrativa mítica a partir da 
mitologia grega, destacam-se como principais 
características: 
– antropomorfização das divindades; 
– caráter genealógico; 
– guerra ou aliança entre divindades; 
– recompensa ou castigos à obediência ou 
desobediência às divindades; 
– superposição de temporalidades e narrativas; 
– remissão ao tempo imemorial; 
– caráter fabuloso. 
Mitos 
• Como os mitos sobre a origem do mundo são 
genealogias, diz-se que são cosmogonias e teogonias. 
• Cosmogonia 
– Gonia quer dizer: geração, nascimento a partir da 
concepção sexual e do parto. 
– Cosmos quer dizer mundo ordenado e organizado. 
– Cosmogonia  narrativa sobre o nascimento e a 
organização do mundo, a partir de forças geradoras (pai e 
mãe) divinas. 
• Teogonia 
 a narrativa da origem dos deuses, a partir de seus pais e 
antepassados. 
Genealogia 
• A narração da origem é, assim, uma 
Genealogia. 
 
• Genealogia  narrativa da geração dos seres, 
das coisas, das qualidades, por outros seres, 
que são seus pais ou antepassados. 
03/03/2013 
3 
Mitologia 
• Um conjunto mais ou menos organizado de 
mitos de um país ou região, de um povo ou de 
uma cultura. 
• Conjunto de mitos característicos de uma 
determinada cultura ou tradição. 
 
Consciência Mítica 
• Considerando-se a consciência mítica expressa 
pela mitologia grega, destacam-se como 
principais características: 
– caráter coletivo; 
– caráter dogmático; 
– forma de compreensão da origem e dos fatos da 
realidade tanto natural, como social e individual a 
partir de divindades. 
Função dos Mitos 
• Função didática entre os gregos por meio de 
transmissão de valores da cultura; 
• formação coletiva de determinada concepção de 
vida; 
• produzir compreensão para origem de 
fenômenos naturais e sociais (Cosmo; vida e 
morte; fertilidade; técnica; artefatos, etc.); 
• justificar o presente a partir de passado 
imemorial; 
• justificativa de ritos sociais, dentre outras. 
Como o mito narra a origem do mundo 
e de tudo o que nele existe? 
• Encontrando o pai e a mãe das coisas e dos 
seres, isto é, tudo o que existe decorre de 
relações sexuais entre forças divinas pessoais. 
• Encontrando uma rivalidade ou uma aliança 
entre os deuses que faz surgir alguma coisa no 
mundo. 
• Encontrando as recompensas ou castigos que 
os deuses dão a quem os desobedece ou a 
quem os obedece. 
(Chauí, 2000: 33) 
Exemplo de Narrativa Mítica – Relacionamento entre 
forças sobrenaturais 
• Mito narra a origem do amor, isto é, o nascimento do deus Eros 
(que conhecemos mais com o nome de Cupido): 
• Houve uma grande festa entre os deuses. 
• Todos foram convidados, menos a deusa Penúria, sempre 
miserável e faminta. 
• Quando a festa acabou, Penúria veio, comeu os restos e dormiu 
com o deus Poros (o astuto engenhoso). 
• Dessa relação sexual, nasceu Eros (ou Cupido), que, como sua 
mãe, está sempre faminto, sedento e miserável, mas, como seu 
pai, tem mil astúcias para se satisfazer e se fazer amado. 
 
• Por isso, quando Eros fere alguém com sua flecha, 
 esse alguém se apaixona e logo se sente faminto e 
 sedento de amor, inventa astúcias para ser amado e 
 satisfeito, ficando ora maltrapilho e semimorto, ora 
 rico e cheio de vida. 
(Chauí, 2000: 33) 
Exemplo de Narrativa Mítica: Alianças ou Guerras 
• O poeta Homero, na Ilíada, que narra a guerra de Tróia, explica 
por que, em certas batalhas, os troianos eram vitoriosos e, em 
outras, a vitória cabia aos gregos. 
• Os deuses estavam divididos, alguns a favor de um lado e outros 
a favor do outro. 
• A cada vez, o rei dos deuses, Zeus, ficava com um dos partidos, 
aliava-se com um grupo e fazia um dos lados - ou os troianos ou 
os gregos - vencer uma batalha. 
• A causa da guerra, aliás, foi uma rivalidade entre as deusas. Elas 
apareceram em sonho para o príncipe troiano Paris, oferecendo 
a ele seus dons e ele escolheu a deusa do amor, Afrodite. 
• As outras deusas, enciumadas, o fizeram raptar a grega Helena, 
mulher do general grego Menelau, e 
 isso deu início à guerra entre os humanos. 
03/03/2013 
4 
Exemplo de Narrativa Mítica: 
Recompensas ou Castigos 
• Um titã, Prometeu, mais amigo dos homens do que 
dos deuses, roubou uma centelha de fogo e a trouxe de 
presente para os humanos. 
• Prometeu foi castigado (amarrado num rochedo para 
que as aves de rapina, eternamente, devorassem seu 
fígado). 
 
Qual foi o castigo dos homens? 
• Os deusesfizeram uma mulher encantadora, Pandora, 
a quem foi entregue uma caixa que conteria coisas 
maravilhosas, mas nunca deveria ser aberta. 
• Pandora foi enviada aos humanos e, cheia de 
curiosidade e querendo dar a eles as maravilhas, abriu 
a caixa. Dela saíram todas as desgraças, doenças, 
pestes, guerras e,sobretudo, a morte. 
• Explica-se, assim, a origem dos males no mundo. 
Alguns dos deuses da mitologia grega 
• Zeus 
• Hera 
• Apolo 
• Afrodite 
Zeus 
• Deus dos trovões, senhor do Olimpo, era filho de 
Cronos e Réia. Deus do céu. 
• Zeus tinha o poder dos fenômenos atmosféricos e 
fazia relâmpagos e trovões e com sua mão direita 
lançava a chuva, podia usar sua força como 
destruidora, mas também mandava chuvas para 
as plantações. 
• Zeus é o deus que dá ao homem o caminho da 
razão e também ensina que o verdadeiro 
conhecimento é obtido apenas a partir da dor. 
Hera 
• Deusa do casamento, das mães e das famílias. 
• Governava Olimpo ao lado do seu marido o Zeus. 
• Tinha a fama de ser ciumenta com razão, pois 
Zeus era muito infiel . 
• Hera durante muito tempo não só perseguia as 
amantes, mas também os filhos que Zeus teve 
fora do casamento. E sempre foi considerada 
 a deusa protetora das mulheres casadas. 
Outros deuses da Grécia Antiga 
• Apolo - É considerado o deus da juventude e 
da luz, identificado primordialmente como 
uma divindade solar. 
• Afrodite – deusa do amor, da beleza e do sexo. 
• Hermes - mensageiro dos deuses, 
representava o comércio e as comunicações. 
• Atena - deusa da sabedoria e da serenidade. 
Protetora da cidade de Atenas. 
Início da filosofia grega 
• Pensamento filosófico surge no século VI a.C., 
mas não rompe com o pensamento mítico de 
forma completa e imediata. 
• A influência do mito permanece em algumas 
escolas filosóficas. 
• O mito sobrevive, ainda que mude de função, 
vai passando a ser mais parte da tradição 
cultural do povo grego do que uma forma de 
explicação da realidade. 
 
03/03/2013 
5 
Mito Filosofia 
Narrativa sobre como as coisas eram ou 
tinham sido no passado imemorial, 
longínquo e fabuloso. 
Explica como e por que, no passado, no 
presente e no futuro (isto é, na totalidade 
do tempo), as coisas são como são. 
Narrativa sobre a origem através de 
genealogias e rivalidades ou alianças entre 
forças divinas sobrenaturais e 
personalizadas. 
Explica a produção natural das coisas por 
elementos e causas naturais e 
Impessoais. 
Narrativa que contém o fabuloso, o 
incompreensível, contradições. 
Explicação deve ser coerente, lógica e 
racional. 
Autoridade da explicação de escolhidos 
pelos deuses. 
A autoridade da explicação não vem da 
pessoa do filósofo, mas da razão, que é a 
mesma em todos os seres humanos. 
Início da filosofia grega 
• Surgiam perguntas como: 
– De onde vêm os seres? Para onde vão, quando 
desaparecem? 
– Por que se transformam? 
– Por que se diferenciam uns 
– dos outros? 
– Mas também, por que tudo parece repetir-se? 
• Foram perguntas como essas que os primeiros 
filósofos fizeram e para elas buscaram respostas. 
Início da filosofia grega 
• As explicações da religião, das tradições e dos 
mitos já não satisfaziam aos que interrogavam 
sobre as causas da mudança, da permanência, 
da repetição, da desaparição e do 
ressurgimento de todos os seres. 
• Haviam perdido força explicativa, não 
convenciam nem satisfaziam a quem desejava 
conhecer a verdade sobre o mundo. 
Importância do mito para a Psicologia 
• “Psicologia Analítica” . Importância do mito na obra de 
Carl Gustav Jung. 
• Podemos verificar que em suas obras os personagens 
mitológicos são fontes de compreensão para o 
entendimento dos processos humanos, pois são 
manifestações dos arquétipos em si. 
• Na psicologia analítica existem vínculos com os mitos 
para estudos dos arquétipos,tendo em vista que o 
inconsciente fala através da linguagem simbólica, a 
imagem arquetípica, podemos entendê-la a partir dos 
mitos. 
 
Psicologia Analítica de Jung 
• A herança psicológica universal é denominada 
por Jung de inconsciente coletivo. 
• Os conteúdos do inconsciente coletivo são 
denominados de arquétipos (tipos arcaicos) que 
surgem na consciência como imagens simbólicas 
(símbolo). 
• Através da concepção de inconsciente coletivo, 
Jung concebe que todos os homens 
compartilham de um conhecimento arquetípico 
universal. 
Psicologia Analítica de Jung 
• Para tanto o analista deve ter um conhecimento 
amplo acerca da origem e do sentido dos 
símbolos, para assim, fazer analogias entre os 
mitos arcaicos e o material onírico do paciente. 
• O estudo do material mitológico, presente na 
história da humanidade, é fundamental para um 
olhar mais profundo do ser humano. 
• Isso se deve ao fato do mito expressar estórias 
simbólicas que transmitem imagens significativas, 
que tratam das verdades dos homens de todos 
os tempos. 
Cortes, 2013 - http://www.jung-
rj.com.br/arquivos/fontes_simb
olicas.pdf 
03/03/2013 
6 
Mito do Herói 
• O arquétipo do herói é algo muito presente na 
contemporaneidade. Nos filmes, novelas, livros, 
etc, as sagas heroicas são a todo tempo contadas 
e recontadas, o que demonstra seu aspecto 
estruturador da psiqué. 
• O arquétipo do herói está associado aos ritos de 
passagem, fundamentais para estruturação da 
consciência, através do herói que mata o 
monstro, como no mito de Perseu que mata a 
Medusa. 
(Cortes, 2013) 
Mito de Perseu e da Medusa 
• Perseu é incumbido de trazer para o rei 
Polidectes, seu padrasto, a cabeça de Medusa, 
ser monstruoso com cabelos de serpente. 
• Esta, por transformar em pedra todos que a 
olham, representa o arquétipo da mãe 
devoradora e sua influência regressiva que 
aprisiona seus filhos. 
• O herói representa a natureza humana, que 
muitas vezes em sua imperfeição, é dominado 
pela vaidade, pelo orgulho. 
(Cortes, 2013) 
Mito de Perseu e da Medusa 
• No mito em questão, Perseu foi vitorioso 
graças à ajuda de Atena, Hades e Hermes, 
seus deuses tutelares. 
– Atena deu a ele um escudo tão bem polido, que 
podia se ver o reflexo ao olhar para ele. 
– Hades lhe deu um capacete que torna invisível 
quem o usa. 
– Hermes deu a ele suas sandálias aladas, objetos 
que foram definitivos para a vitória de Perseu. 
(Cortes, 2013) 
Mito de Perseu e da Medusa 
• O escudo de Atena, semelhante a um espelho, foi 
o instrumento fundamental no confronto com a 
Medusa, uma vez que simboliza a reflexão, 
aspecto necessário a Perseu. 
• Atena representa a mãe superior ou espiritual 
que auxilia seu filho na passagem da infância para 
a vida adulta. 
• Assim, podemos perceber no mito de Perseu os 
dois aspectos do arquétipo materno: devorador 
(Medusa) e o transformador (Atena). 
(Cortes, 2013) 
Mito e Filosofia 
• Diversos locais da Grécia (país onde a filosofia surgiu) 
serviam como portos e entrepostos comerciais. 
• Nesses locais conviviam diferentes culturas de forma 
harmoniosa, pois os interesses comerciais contribuíam 
para um clima maior de tolerância. 
• Uma possível explicação é que o caráter universal dos 
mitos teria se enfraquecido no encontro com 
diferentes tradições, revelando assim sua origem 
cultural. 
• Isso contribuiria para o surgimento do pensamento da 
escola de Mileto e dos filósofos posteriores.

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