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Aula 16 - Civil Parte Geral

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Gabriel Lugo

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Direito Civil – Parte Geral
Professora: Carla Froener
E-mail: carlafroener@gmail.com
AULA 15
PROVA DOS ATOS 
JURÍDICOS
SUMÁRIO DA AULA
1. Provas dos atos jurídicos
1.1. Conceito
1.2. Princípios gerais
1.3. Prova emprestada
1.4. Meios de prova
CONCEITO DE PROVA (art. 212-232 CC)
É o meio empregado para demonstrar a existência do ato ou negócio
jurídico. Assim, é utilizado para o convencimento do juiz.
Art. 369 CPC.
As partes têm o direito de empregar todos os meios legais, bem como os
moralmente legítimos, ainda que não especificados neste Código, para provar a
verdade dos fatos em que se funda o pedido ou a defesa e influir eficazmente na
convicção do juiz.
Requisitos da prova:
- Admissível - não proibida por lei e aplicável ao caso em exame (ex. provas
obtidas mediante coação física ou moral).
- Pertinente - adequada à demonstração dos fatos em questão.
- Concludente - esclarecedora dos fatos controvertidos.
Ex. O direito à indenização decorre da existência de danos que foram
provocados por alguém.
PRINCÍPIOS GERAIS
Iudex secundum allegata et probata a partibus iudicare debet
O juiz só deve decidir com base nos fatos alegados e provados pelas partes.
Quod non est in actis, non est in hoc mundo
O que não está nos autos, não está no mundo.
Cabe a parte demonstrar que os fatos ocorreram para que o juiz aplique o
direito correspondente.
Por isso, a ausência de prova pode levar ao indeferimento da pretensão,
não porque o fato não tinha ocorrido, mas porque não houve a prova
correspondente.
O sistema jurídico brasileiro adota o princípio de quem alega um fato deve
comprová-lo.
Art. 373. O ônus da prova incumbe:
I - ao autor, quanto ao fato constitutivo de seu direito;
II - ao réu, quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do
direito do autor.
Autor - o ônus de provar os fatos constitutivos do seu direito
Réu - ônus de provar fatos impeditivos, extintivos e modificativos do
direito do autor.
PROVA EMPRESTADA
É o material probatório produzido em um processo, mas que também é
utilizado como prova em outro, como forma de economizar tempo, recursos
financeiros e de pessoal.
Art. 372 do CPC:
O juiz poderá admitir a utilização de prova produzida em outro processo,
atribuindo-lhe o valor que considerar adequado, observado o contraditório.
Requisitos: 1- tenha sido produzida validamente, no processo de origem;
2- seja submetida ao contraditório (manifestação da parte
contrária), no processo onde se busca que surta os efeitos da prova.
MEIOS DE PROVA
Art. 212 do CC. 
São meios de provar o fato jurídico:
I - confissão;
II - documento;
III - testemunha;
IV - presunção;
V - perícia.
Rol não taxativo, sendo possível a utilização de outros meios de prova.
I - CONFISSÃO (art. 213-214 CC)
Ocorre quando a parte admite a verdade de um fato que é contrário ao seu
interesse e favorável ao adversário (art. 389 CPC).
Art. 389 CPC. Há confissão, judicial ou extrajudicial, quando a parte admite a
verdade de fato contrário ao seu interesse e favorável ao do adversário.
A confissão é irrevogável, salvo se houver nulidade: erro de fato; coação;
falta de capacidade civil do confessante.
No caso de ser realizada por representante, só gera efeitos se havia poder
específico para tal.
CONFISSÃO – Classificação
1- judicial - em curso de processo judicial
extrajudicial - fora do processo;
2 - espontânea – declaração voluntária
provocada – depoimento e acareação (confronto);
3 - expressa – na forma escrita ou oral
presumida ou ficta – consideram-se verdadeiras as alegações de fato
formuladas pelo autor e não impugnadas pelo réu.
II - DOCUMENTO (art. 215 - 226 CC)
É um escrito representativo de um determinado fato jurídico.
Ex.: escritura de compra e venda de um imóvel - doc público que prova a
alienação onerosa (venda);
procuração - doc público ou particular que prova o contrato de
mandato;
certidão de casamento - doc público que prova a relação conjugal;
convite de casamento - doc particular ??
recibo escrito por uma das partes
DOCUMENTO - Classificação
Públicos - são os documentos elaborados por autoridade pública, no
exercício de suas funções e na forma da lei. Ex: escritura pública, certidões,
traslados, guias de recolhimento de impostos.
Particulares - são os documentos elaborados por particulares. Ex: fotos,
telegrama, aviso de cancelamento de plano de saúde por expiração de
prazo sem pagamento, recibo de pagamento.
Os documentos poderão ser impugnados pela parte contrária (art. 223, 225
e 226 CC).
Escritura pública
É documento datado de fé pública (atesta certeza
e veracidade).
Art. 215 CC
§ 1 o Salvo quando exigidos por lei outros requisitos,
a escritura pública deve conter:
I - data e local de sua realização;
II - reconhecimento da identidade e capacidade das partes e de quantos hajam 
comparecido ao ato, por si, como representantes, intervenientes ou testemunhas;
III - nome, nacionalidade, estado civil, profissão, domicílio e residência das partes
e demais comparecentes, com a indicação, quando necessário, do regime de bens
do casamento, nome do outro cônjuge e filiação;
IV - manifestação clara da vontade das partes e dos intervenientes;
V - referência ao cumprimento das exigências legais e fiscais inerentes à
legitimidade do ato;
VI - declaração de ter sido lida na presença das partes e demais comparecentes,
ou de que todos a leram;
VII - assinatura das partes e dos demais comparecentes, bem como a do tabelião
ou seu substituto legal, encerrando o ato.
§ 2 o Se algum comparecente não puder ou não souber escrever, outra pessoa
capaz assinará por ele, a seu rogo.
§ 3 o A escritura será redigida na língua nacional.
§ 4 o Se qualquer dos comparecentes não souber a língua nacional e o tabelião
não entender o idioma em que se expressa, deverá comparecer tradutor público
para servir de intérprete, ou, não o havendo na localidade, outra pessoa capaz
que, a juízo do tabelião, tenha idoneidade e conhecimento bastantes.
§ 5 o Se algum dos comparecentes não for conhecido do tabelião, nem puder
identificar-se por documento, deverão participar do ato pelo menos duas
testemunhas que o conheçam e atestem sua identidade.
Certidões e traslados
Art. 216 CC. Farão a mesma prova que os originais as certidões textuais de qualquer
peça judicial, do protocolo das audiências, ou de outro qualquer livro a cargo do
escrivão, sendo extraídas por ele, ou sob a sua vigilância, e por ele subscritas, assim
como os traslados de autos, quando por outro escrivão consertados.
Art. 217 CC. Terão a mesma força probante os traslados e as certidões, extraídos
por tabelião ou oficial de registro, de instrumentos ou documentos lançados em suas
notas.
Art. 218 CC. Os traslados e as certidões considerar-se-ão instrumentos públicos, se
os originais se houverem produzido em juízo como prova de algum ato. Ex. certidão
de inventariante.
Instrumento particular
Art. 221 do CC. O instrumento particular, feito e assinado, ou somente assinado
por quem esteja na livre disposição e administração de seus bens, prova as
obrigações convencionais de qualquer valor; mas os seus efeitos, bem como os da
cessão, não se operam, a respeito de terceiros, antes de registrado no registro
público.
Ex. contrato de compra e venda de imóvel – é necessário o registro na
matrícula do imóvel.
III – TESTEMUNHA (art. 227-228 CC)
É a prova produzida por pessoa capaz chamada a juízo para depor o que
sabe sobre o fato litigioso.
A testemunha, chamada a depor em juízo, deve discorrer acerca do que
sabe e lhe for perguntado, devendo desconsiderar sua opinião e convicções
pessoais, sob pena de desvirtuar a verdade dos fatos, prejudicando a
administração da Justiça.
A prova testemunhal pode estar impregnada de alto grau de subjetividade.
TESTEMUNHA - Classificação
Testemunha instrumentária - pessoa que assina um documento na
condição de testemunha, ex. contrato.
Testemunha judicial - pessoa que presta testemunho em processo
judicial, ex. pessoa que presencia um acidente detrânsito ou a convivência
marital e presta testemunho em processo judicial (indenização ou união
estável, respectivamente).
Pessoas que não podem ser admitidas como testemunhas (art. 228 CC):
- os menores de 16 anos;
- o interessado no litígio;
- o amigo íntimo;
- o inimigo capital das partes;
- os cônjuges, os ascendentes, os descendentes e os colaterais, até o
terceiro grau de alguma das partes, por consanguinidade ou afinidade.
Exceção: o juiz pode admitir o depoimento das pessoas elencadas acima
para a prova de fatos que apenas elas conheçam (informantes).
IV - PRESUNÇÃO
É a conclusão que se extrai de um fato conhecido para se chegar a um
desconhecido, ou seja, é uma operação mental pela qual, partindo-se de
um fato conhecido, chega-se a um fato desconhecido, admitido como
verdadeiro.
Ex. a existência da pessoa natural termina com a morte, porém ela é
presumida quanto aos ausentes, nos casos em que a lei autoriza a abertura
de sucessão definitiva (art. 6.º do CC).
Parte da doutrina discorda que a presunção seja um meio de prova.
PRESUNÇÃO - Classificação
Legais (juris) - as que decorrem da lei, como a que recai sobre o marido,
que a lei presume ser pai do filho nascido de sua esposa, na constância do
casamento;
Comuns (hominis) - as que se baseiam no que ordinariamente acontece,
na experiência da vida. Presume-se, por exemplo, embora não de forma
absoluta, que as dívidas do marido são contraídas em benefício da família.
V – PERÍCIA (art. 231-232 CC)
A prova pericial é a produzida pelos peritos, englobando exames, vistorias e
avaliações.
- Exame é a apreciação de algo, por peritos, para auxiliar o juiz a formar a
sua convicção. Ex. exame grafotécnico (análise de assinatura); exame de
saúde hematológico nas ações de investigação de paternidade.
- Vistoria é perícia restrita à inspeção ocular. Ex. vistoria de um imóvel para
ver seu estado de conservação.
- Avaliação é a perícia que se destina a apurar o valor de mercado de
determinado bem. Ex. avaliação de imóveis para desapropriações ou leilões.
Art. 232 CC. A recusa à perícia médica ordenada pelo juiz poderá suprir a
prova que se pretendia obter com o exame.
Posição do Superior Tribunal de Justiça (STJ): “a recusa do investigado em
submeter-se ao exame DNA, aliada à comprovação de relacionamento sexual
entre o investigado e a mãe do autor impúbere, gera a presunção de
veracidade das alegações postas na exordial”.
Súmula 301 STJ: “Em ação investigatória, a recusa do suposto pai a submeter-
se ao exame de DNA induz presunção juris tantum de paternidade”.
(Presunção juris tantum é presunção relativa, ou seja, que admite prova em
sentido contrário)
Direito Civil 
Parte Geral
Professora: Carla Froener
E-mail: carlafroener@gmail.com

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