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SERPENTINA – Mg3Si2O5(OH)4 A serpentina é um filosilicato bastante comum, ocorrendo principalmente em rochas metamórficas. É componente de rochas com aplicações variadas, como pedra-sabão (esteatito) e agalmatolito. “Serpentina” na realidade não é um mineral, mas apenas um termo genérico usado para minerais do Grupo da Caulinita-Serpentina. O Grupo é composto por: Clinocrisotilo - Mg3(Si2O5)(OH)4 monoclínico/triclinico, Ortocrisotilo - Mg3Si2O5(OH4) ortorrômbico/pseudohexagonal, Lizardita - Mg3(Si2O5)(OH)4 hexagonal, Antigorita - (Mg,Fe2+)3(Si2O5(OH)4 monoclínica. Em termos volumétricos a lizardita é a mais comum. Geralmente só se diferencia os minerais do Grupo por Difratometria de Raios X e outras técnicas analíticas. 1. Características: As características abaixo referem-se à lizardita. Sistema Cristalino Cor Hábitos Clivagem Hexagonal, pseudo-ortorrômbica Verde, amarelo claro a branco. Geralmente em flocos extremamente pequenos ou maciça. Cristais tabulares até 2 mm. {0001} perfeita. Tenacidade Flexível. Maclas Fratura Dureza Mohs Partição não sem informações. 2,5 não Traço Brilho Diafaneidade Densidade (g/cm3) Branco. Graxo. Transparente. 2,55 2. Geologia e depósitos: Serpentina é um mineral que ocorre em rochas máficas a ultramáficas que sofreram metamorfismo hidrotermal, ocorrendo substituição de olivina e piroxênio por serpentina. Nestas rochas podem ocorrer cristais de olivina e de piroxênio parcialmente substituídos por serpentina. Rochas compostas por serpentina são conhecidas como serpentinitos. A lizardita é um produto de retrometamorfismo, tipicamente de temperaturas mais baixas (250º) e possui oito variedades. 3. Associações Minerais: Serpentina associa-se a minerais comuns como quartzo, feldspatos (albita), piroxênios (diopsídio), anfibólios (actinolita, hornblenda-(Fe)), granada (grossulária, andradita), titanita, epidoto e olivina. Com outros filossilicatos como talco e clorita (clinocloro), bem como com “asbesto” (minerais aciculares ou fibrosos, podem ser piroxênios ou, mais comumente, anfibólios). Ocorre com carbonatos (calcita, dolomita, magnesita, hidromagnesita, hidrotalcita), óxidos (hematita, magnetita, ilmenita, cromita, cromita-(Mg)) e hidróxidos (brucita). Com minerais mais raros como chondrodita, deweylita, bultfonteinita e stichita. 4. MICROSCOPIA DE LUZ TRANSMITIDA: As características abaixo referem-se à lizardita. Índices de refração: nα: 1,583 – 1,554 nβ: 1,546 – 1,560 nγ: 1,546 – 1,560 ND Cor / pleocroísmo: incolor a verde fraco. Pleocroísmo ausente ou fraco em tons verde pálidos: X,Y = amarelo-verde, Z = verde pálido. Relevo: baixo. Clivagem: antigorita: {001} perfeita; lizardita: clivagem basal; crisotilo: fibroso, não tem clivagem. Normalmente a clivagem de antigorita e lizardita não são visíveis ao microscópio. Hábitos: grãos anédricos, hábito asbestiforme (fibras ± paralelas), foliado, textura de “mesh” (textura de rede em minerais alterando a serpentina), não há halos pleocróicos. Crisotilo é fibroso, lizardita e antigorita tendem a cristais tabulares, laminares, mas lizardita pode ser fibrosa. NC Birrefringência e cores de interferência: birrefringência de 0,001 a 0,01: corresponde a cores de meio de 1ª ordem, cinza em vários tons e branco, no máximo amarelo pálido, não alcança o laranja. Extinção: paralela em relação a fibras, clivagem ou limites cristalinos. Sinal de Elongação: SE(+) ou SE(-), não é diagnóstico. Maclas: raras. Zonação: não apresenta. LC Caráter: B(-). Quase sempre os cristais são tão pequenos que é impossível obter figuras de interferência. Ângulo 2V: 10 – 90º, pode ser quase zero. Simula ser uniaxial! Alterações: crisotilo altera para antigorita sob condições de metamorfismo de baixo grau. Antigorita altera para talco. Pode ser confundida com: a baixa birrefringência e o baixo relevo diferenciam serpentina de anfibólios fibrosos e micas. Clorita apresenta plecroísmo mais fraco e, a NC, geralmente cores de interferência anômalas. Com exceção da crisotila quando ocorre como fibras paralelas em veios (fibras perpendiculares à direção dos veios), os 3 membros só podem ser diferenciados por Difratometria de Raios X. Como serpentina frequentemente é um produto de alteração, ocorre em faixas ou zonas, misturadas com outros minerais, o que dificulta sua identificação. Serpentina a ND (à esquerda) e a NC (à direita). A ND é incolor e de relevo baixo, raramente com cores verde pálidas. A NC apresenta esta textura típica – não são grandes cristais individuais, mas agrupamentos de cristais extremamente pequenos formando alinhamentos irregulares. Duas imagens de serpentina a NC, observadas com a objetiva de menor aumento (2,5x). Em alguns casos os agrupamentos de serpentina possuem um desenvolvimento melhor, em outros casos seu desenvolvimento não é tão definido. À esquerda, mármore com grandes cristais de calcita e pseudomorfoses de serpentina sobre olivina. Os grãos originais de olivina foram substituídos completamente por serpentina. À direita, detalhe de uma destas substituições de uma olivina por serpentina, mostrando bem os complexos desenhos geométricos que a serpentina pode formar. A NC, calcita (castanha) e serpentina (cinza), mostrando nas duas imagens a variação de tamanho dos flocos, que é uma característica do mineral. 5. MICROSCOPIA DE LUZ REFLETIDA: A microscopia de Luz Refletida evidentemente não é o método analítico recomendado para a identificação da serpentina. Entretanto, é importante a confecção de uma lâmina ou seção polida para a identificação dos minerais opacos que ocorrem associados à serpentina, como magnetita, hematita, ilmenita e cromita. Preparação da amostra: o polimento da serpentina é simples e fica de qualidade muito boa, mas devem ser evitados abrasivos de granulação grosseira durante o desbaste em função da baixa dureza do mineral. ND Cor de reflexão: Cinza escura, como quartzo e feldspatos. Não é tão escura quanto piroxênios, anfibólios e clorita. Pleocroísmo: Não. Refletividade: Baixa (