Prévia do material em texto
CENTRO UNIVERSITÁRIO DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIA DO MARANHÃO -UNIFACEMA
BACHARELADO EM ENFERMAGEM
BRENDA DA SILVA PACHECO
INTERVENÇÕES TERAPÊUTICAS DA ENFERMAGEM NO TRATAMENTO DA ERISIPELA
CAXIAS-MA
2024
BRENDA DA SILVA PACHECO
INTERVENÇÕES TERAPÊUTICAS DA ENFERMAGEM NO TRATAMENTO DA ERISIPELA
Monografia apresentada à disciplina de Trabalho de Conclusão de Curso II do curso bacharelado em Enfermagem do Centro Universitário de Ciências e Tecnologia do Maranhão para fins de obtenção do grau de Bacharela em Enfermagem.
Orientador(a): Prof. Msc Laianny Luize Lima e Silva
CAXIAS-MA
2024
FICHA CATALOGRÁFICA
INTERVENÇÕES TERAPÊUTICAS DA ENFERMAGEM NO TRATAMENTO DA ERISIPELA
Monografia apresentada ao curso de Enfermagem da Faculdade de Ciência e Tecnologia do Maranhão-UNIFACEMA, como requisito parcial para obtenção do título de Bacharel em Enfermagem
.
Data de Aprovação ____/____/_______
BANCA EXAMINADORA
Prof° Msc Laianny Luize Lima e Silva
Orientador(a)
(Examinador 1)
(Examinador 2)
“Tudo tem o seu tempo determinado, e há tempo para todo propósito debaixo do céu.”
(Eclisiastes 3:1)
Dedico todo e qualquer sucesso aos meus pais que, sob muito sol, me fizeram chegar aqui pela sombra e com água fresca.
AGRADECIMENTOS
Primeiramente, agradeço a Deus, por me guiar e dar forças ao longo de toda essa jornada acadêmica. Aos meus pais e familiares, pelo apoio incondicional, carinho e por acreditarem em mim em todos os momentos, mesmo nos mais difíceis. Sem o incentivo e a compreensão de vocês, essa conquista não seria possível.
Aos meus amigos, que compartilharam comigo momentos de alegria, desafios e aprendizados ao longo dessa trajetória. Cada palavra de incentivo e companhia nos momentos de estudo foram fundamentais para que eu chegasse até aqui.
Agradeço também a minha orientadora Prof. Msc Laianny Luize Lima e Silva pela paciência, orientação e conhecimento compartilhado durante o desenvolvimento deste trabalho. Suas valiosas contribuições foram essenciais para a realização deste TCC.
LISTA DE SIGLAS
PNH- Política Nacional de Humanização
SOBEND- Sociedade Brasileira de Enfermagem em Dermatologia
SOBEST -Associação Brasileira de Estomaterapia
PC- penicilina cristalina
VHS- A taxa de sedimentação de eritrócitos
CBC- hemograma completo
ESR- taxa de sedimentação de eritrócitos
MRI- ultrassom ou ressonância magnética
HG- Hospital Geral
SPSS -Programa Statistical Package for the Social Science
RESUMO
Descritores:
ABSTRACT
Keywords:
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO 13
2 REFERÊNCIAL TEÓRICO 14
2.1 ASPECTOS FISIOPATOLÓGICOS DA ERISIPELA E EPIDEMIOLOGIA 14
2.2 A HUMANIZAÇÃO NA ASSISTÊNCIA À PACIENTE COM ERISIPELA 17
2.3 DIAGNOSTICOS E EXAMES DA ERISIPELA NOS PACIENTES 19
2.4 ABORDAGEM INTERDISCIPLINAR NO TRATAMENTO DA ERISIPELA 21
3 MATERIAIS E MÉTODOS 24
3.2.2 Estabelecimento dos critérios de inclusão e exclusão 26
1.1.1 Identificação dos estudos pré-selecionados e selecionados 27
1.1.2 Análise e interpretação dos resultados 4
REFERÊNCIAS 5
APÊNDICES 22
APÊNDICE A – TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO ........... 27
1 INTRODUÇÃO
A erisipela geralmente se desenvolve quando uma abertura na pele, como uma fissura causada por vários fatores como trauma, micose ou úlcera, permite a entrada de bactérias, que afetam o tecido cutâneo e o sistema linfático, alguns dos fatores de risco mais comuns incluem idade avançada, sexo masculino, histórico de cirurgia venosa, obesidade, uso prolongado de drogas, linfedema, diabetes, imunodeficiência e insuficiência venosa (Stevens et al., 2015).
A enfermagem desempenha um papel crucial no cuidado de pacientes com feridas resultantes de erisipela, além de identificar os fatores que contribuem para o desenvolvimento da condição, os enfermeiros são responsáveis por avaliar, planejar e implementar o tratamento, garantindo uma abordagem holística. Vale ressaltar que o cuidado de enfermagem para pessoas com feridas é uma parte fundamental das responsabilidades do enfermeiro (Vasconcelos et al, 2016).
Conforme indicado por estudos prévios, há uma carência de pesquisas abrangentes que forneçam dados epidemiológicos precisos sobre essa condição. No entanto, os poucos estudos nacionais e internacionais disponíveis sugerem uma incidência variável, que oscila entre 0,2 e 24,6 casos por cada 1000 pessoas ao ano, dependendo do país, essa condição tende a ser mais comum durante os meses de verão e afeta principalmente pessoas entre 60 e 80 anos, com uma predominância observada no público feminino. No entanto, é importante notar que ela pode ocorrer em qualquer faixa etária ou gênero (Fonseca Júnior et al., 2013).
Infecções dos tecidos moles são frequentemente causadas por invasões bacterianas que ultrapassam a barreira da pele, afetando a epiderme, derme e, em casos mais graves, a hipoderme. Um exemplo comum é a erisipela, uma infecção superficial da pele causada principalmente pelo Streptococcus β hemolítico do grupo A de Lancefield, esta condição é caracterizada por eritema, dor, edema e rubor, comumente localizados nos membros inferiores, embora também possam ocorrer em áreas menos comuns, como face, orelhas, tronco e membros superiores (Dalal et al., 2017).
Os profissionais de enfermagem enfrentam desafios na prestação de cuidados aos pacientes com erisipela devido à falta de publicações específicas sobre nutrição e os cuidados adequados para o membro afetado, tanto na presença de lesões quanto quando a pele ainda está intacta. Portanto, é essencial que esses profissionais se mantenham atualizados sobre as melhores práticas de cuidado para lidar eficazmente com as necessidades dos pacientes com erisipela (Cruz, 2016).
Assim o estudo teve como problemática: Qual o impacto dessas intervenções terapêuticas do tratamento da erisipela? Para tal, objetivou-se, analisar as ações terapêuticas executadas pelos profissionais de enfermagem para tratar a erisipela. Especificamente: Analisar as intervenções terapêuticas conduzidas pelos enfermeiros no tratamento da erisipela, abrangendo práticas de higiene, administração de fármacos e estratégias para evitar complicações, identificar principais dificuldades que a equipe de enfermagem enfrenta ao cuidar de pacientes com erisipela e avaliar a eficácia das intervenções terapêuticas da enfermagem na redução dos sintomas da erisipela, como edema, dor e febre.
Por fim o estudo justificou-se, pois, neste contexto, é crucial que os profissionais de saúde compreendam completamente a erisipela e suas características, bem como saibam como fornecer uma assistência de alta qualidade e segura aos pacientes afetados por essa condição. Além disso, esta pesquisa pode fornecer informações importantes para orientar políticas de saúde, enriquecer o conhecimento na área da saúde e enfermagem, contribuir para o meio acadêmico e beneficiar a sociedade como um todo, considerando a escassez de estudos sobre o tema.
Nesse sentido este estudo se fez relevante pois visa aprofundar o conhecimento sobre as intervenções terapêuticas na erisipela, destacando a importância dos enfermeiros no cuidado desses pacientes. As referências citadas abrangem o período de 2019 a 2023, indicando a relevância atualizada da pesquisa. É crucial entender os padrões comportamentais da doença, incluindo o público afetado, seu curso e desfecho, especialmente para pacientes com recidiva de erisipela, uma condição observada em diversos contextos de cuidado de saúde.
2 REFERÊNCIAL TEÓRICO
2.1 ASPECTOS FISIOPATOLÓGICOS DA ERISIPELA E EPIDEMIOLOGIA
A erisipela é uma infecção bacteriana tipicamente causada pelo estreptococo do grupo A (Streptococcus pyogenes), embora em alguns casos outros estreptococos ß-hemolíticos, como os dos grupos B, C e G, tambémpossam estar envolvidos. Contrariamente ao que se pensa, a erisipela não é contagiosa e geralmente se desenvolve a partir de pequenos ferimentos na pele. A entrada mais comum para as bactérias é através de lesões, sendo que uma das portas de entrada mais comuns é a presença de micose entre os dedos (Brasil, 2012).
Os primeiros sinais da erisipela incluem uma série de sintomas como calafrios, febre elevada, sensação de fraqueza, dor de cabeça, desconforto geral, náuseas e vômitos. As manifestações na pele podem se manifestar rapidamente, variando desde uma simples vermelhidão, dor e inchaço até a formação de bolhas e feridas devido à necrose da pele. Embora seja mais comum na região acima dos tornozelos, a erisipela também pode afetar outras áreas do corpo, como o rosto e o tronco. No início, a pele afetada tende a ficar avermelhada, brilhante e quente ao toque. Conforme a infecção progride, o inchaço aumenta e podem surgir bolhas com conteúdo amarelado ou escurecido. Se não tratada precocemente, a doença pode evoluir para abscessos, úlceras superficiais ou profundas e até mesmo trombose venosa. Uma queixa comum entre os pacientes é o aumento dos gânglios linfáticos, conhecido como "íngua". Uma complicação frequente da erisipela é o desenvolvimento de linfedema, caracterizado pelo acúmulo de líquido linfático na perna e tornozelo (Caetano e Amorim, 2005).
A condição se manifesta com vermelhidão intensa, inchaço, dor e aumento da temperatura na área afetada, acompanhados por sintomas sistêmicos como febre, arrepios, mal-estar e possíveis episódios de náusea ou vômito. A lesão costuma ser única, elevada, com dimensões de aproximadamente 10 a 15 centímetros em sua maior extensão, apresentando uma borda bem definida que progride conforme a doença avança. Bolhas podem se formar, frequentemente com conteúdo líquido transparente, e o diagnóstico geralmente é estabelecido por meio de exame clínico, observando-se também uma leve elevação no número de glóbulos brancos no sangue, um desvio para a esquerda na contagem de células e um aumento ligeiro na taxa de sedimentação dos glóbulos vermelhos. Na análise histológica, é observado inchaço na camada profunda da pele e dilatação dos vasos linfáticos. É importante diferenciar essa condição de outras, como a fasciíte necrosante, dermatite de contato e trombose venosa profunda. (Empinotti et al., 2012).
A presença de proteínas no exsudato, a formação de fibrina, a presença de células sanguíneas e danos ao revestimento interno dos vasos linfáticos podem levar à obstrução desses vasos e resultar em edema e linfedema. Aproximadamente 85% dos casos de linfedema estão relacionados a episódios recorrentes de linfangite, portanto, é importante considerar esse diagnóstico em casos de problemas dermatológicos associados a problemas no sistema linfático, como linfedema e linfangite. Quando a erisipela causa linfedema crônico, pode ocorrer uma deformidade grave conhecida como elefantíase. (Fernandes; Fleury júnior, 2011).
As complicações ocorrem em uma faixa de 8 a 30% dos casos, podendo se manifestar de diversas formas, como áreas de tecido morto, formação de abscessos, gangrena, infecção grave dos tecidos subjacentes (fasciíte necrotizante), inflamação dos vasos sanguíneos com formação de coágulos (tromboflebite), inflamação dos glomérulos renais (glomerulonefrite aguda), infecção generalizada no sangue (septicemia), inflamação das articulações devido à infecção (artrite séptica), inflamação da camada interna do coração (endocardite) e, em casos extremos, até morte. A maioria dos casos tem uma evolução favorável, com 80 a 90% dos pacientes se recuperando bem. No entanto, a mortalidade pode variar de 0,5 a 20%, dependendo do tipo de antibiótico utilizado e de outras condições médicas associadas. Recorrências dentro de seis meses podem ocorrer em cerca de 12% dos casos (Okajima; Freitas; Zaitz, 2004).
Entender a epidemiologia da erisipela é crucial para compreender sua prevalência e os fatores que contribuem para essa condição dermatológica. A erisipela é comumente vista como uma infecção que afeta predominantemente adultos, embora possa ocorrer em todos os grupos etários. Estudos epidemiológicos indicam que a ocorrência da erisipela varia dependendo de fatores como idade, gênero e condições de saúde subjacentes. Por exemplo, adultos mais velhos, especialmente aqueles com comorbidades como diabetes ou insuficiência venosa, estão em maior risco de desenvolver erisipela. Além disso, a erisipela tende a ser mais prevalente em regiões com condições socioeconômicas desfavoráveis, onde o acesso aos cuidados de saúde pode ser limitado (Smith et al., 2020).
Fatores significativos que influenciam a epidemiologia da erisipela incluem elementos de risco como feridas cutâneas, cirurgias recentes, obesidade, insuficiência venosa e linfedema, conforme identificado em pesquisas epidemiológicas. A obesidade, por exemplo, está associada a um aumento do risco de erisipela devido à maior probabilidade de dobras cutâneas e desafios na manutenção da higiene da pele, facilitando assim a entrada de patógenos (Mortazavi et al., 2018). Além disso, a insuficiência venosa e o linfedema podem comprometer a integridade da pele e interferir no funcionamento adequado do sistema imunológico, aumentando assim a susceptibilidade à infecção por erisipela (Gunderson et al., 2019).
A análise epidemiológica da erisipela destaca a importância das estratégias preventivas. A educação em saúde, a promoção da saúde da pele e o manejo adequado de condições subjacentes como diabetes e insuficiência venosa são componentes essenciais das medidas preventivas. Além disso, a identificação e o tratamento precoce de lesões cutâneas, aliados ao uso criterioso de antibióticos em casos de infecção, podem desempenhar um papel fundamental na redução da incidência e morbidade associadas à erisipela (Chira et al., 2017). Em resumo, a epidemiologia da erisipela oferece insights valiosos para informar estratégias preventivas e de intervenção direcionadas a mitigar o impacto dessa condição dermatológica na saúde pública.
2.2 A HUMANIZAÇÃO NA ASSISTÊNCIA À PACIENTE COM ERISIPELA
Sem interação, não há humanização. A humanização surge da nossa habilidade de se comunicar, tanto falando quanto ouvindo, e isso implica em estabelecer um diálogo com as pessoas ao nosso redor. De acordo com a Política Nacional de Humanização (PNH) do Ministério da Saúde, a humanização é uma mudança cultural na forma como cuidamos dos pacientes e gerenciamos os processos de trabalho na área da saúde. Um dos aspectos fundamentais dessa abordagem é o investimento na formação e no aprimoramento dos profissionais de saúde, garantindo que eles tenham as condições adequadas para desempenhar suas funções de maneira eficaz (Ayres, 2006; Beaglehole e Dal Poz, 2003).
Uma das estratégias frequentemente adotadas pelos enfermeiros em sua prática educativa é a abordagem problematizadora. Nesse processo, os pacientes compartilham seus problemas e experiências com o enfermeiro, o que fortalece o vínculo entre ambos. Esse diálogo não apenas promove o aprendizado sobre a patologia e a prevenção de doenças, mas também capacita os pacientes a se tornarem disseminadores de conhecimentos saudáveis. É crucial que a equipe de enfermagem reconheça a importância vital de seu papel na promoção do acolhimento e da humanização, já que são responsáveis pelo cuidado integral do paciente. Esse entendimento pode estimular uma reflexão mais profunda sobre a humanização na prática de enfermagem e na saúde em geral (Figueiredo, 2008; Cortez et al., 2010).
Conforme mencionado por Freitas et al. (2011), o acolhimento é comparado a uma ferramenta essencial que incorpora as relações humanas e deve ser adotado por todos os profissionais de saúde em todas as áreas de atendimento. No âmbito da enfermagem, é fundamental destacar a importância da inclusão da família, amigos, crenças, apoio psicológico e de toda a equipe de enfermagem no processo de tratamento e recuperação do paciente. O enfermeiro devedemonstrar empatia e estar disponível para a comunicação, de modo a proporcionar orientação e acolhimento de maneira adequada. Portanto, é imprescindível conscientizar a equipe de enfermagem sobre o significado do seu papel na implementação do acolhimento e da humanização, considerando que são responsáveis pelo cuidado integral do paciente.
A prestação de cuidados a indivíduos com feridas é uma área especializada dentro da enfermagem, oficialmente reconhecida pela Sociedade Brasileira de Enfermagem em Dermatologia (SOBEND) e pela Associação Brasileira de Estomaterapia (SOBEST). No entanto, é também um desafio que demanda conhecimento específico, habilidades técnicas e uma abordagem integral. Os cuidados de enfermagem em feridas exigem uma atenção especial por parte dos profissionais de saúde, sendo o papel do enfermeiro particularmente destacado. Este profissional busca continuamente adquirir novos conhecimentos para embasar sua prática clínica (Brito et al., 2013).
Os enfermeiros desempenham um papel fundamental ao planejar, executar e avaliar a assistência de enfermagem aos pacientes, incorporando aspectos filosóficos, técnicos e científicos e utilizando metodologias adequadas. Eles estão envolvidos tanto na prevenção quanto na avaliação da saúde dos pacientes, fortalecendo práticas preventivas e oferecendo cuidados individualizados. É notável que as ações dos enfermeiros são baseadas no princípio da integralidade, enfatizando uma abordagem holística no cuidado aos pacientes. Além disso, esses profissionais desempenham um papel significativo no gerenciamento de materiais e insumos nas unidades de saúde, o que inclui o conhecimento dos custos associados ao tratamento de feridas (Jesus; Brandão; Silva, 2015).
Evitar os altos custos associados ao tratamento de lesões é mais eficaz por meio da prevenção dessas lesões. Para isso, é essencial que a enfermagem tenha a capacidade de identificar os fatores de risco que tornam os pacientes mais propensos a desenvolver feridas. Além disso, é fundamental reconhecer os danos que as lesões podem causar tanto aos pacientes quanto à instituição de saúde. Somente com essa compreensão, a enfermagem poderá atuar de forma eficaz na prevenção de feridas (Brito et al., 2013).
Para auxiliar no processo de cicatrização de feridas, atualmente há uma ampla variedade de insumos disponíveis no mercado, cada um indicado para diferentes tipos de lesões. Entre os mais comuns estão os filmes de poliuretano, os hidrocolóides, os hidrogeis, a papaína, o carvão ativado, os alginatos, as enzimas proteolíticas, os ácidos graxos essenciais e os produtos derivados de Prata (Campos; More; Arruda, 2007).
Diversos estudos apontam que a escolha do curativo adequado deve ser baseada nas características específicas da ferida, como a condição do leito, a quantidade e aparência do exsudato, e a presença de infecção. No entanto, os resultados deste estudo indicam que o uso de um tipo de curativo ao longo das diferentes fases da ferida foi eficaz no processo de cicatrização. É crucial ressaltar que o curativo ideal deve manter a umidade na ferida para facilitar a cicatrização, absorver o excesso de exsudato, ser fácil de trocar, impedir a entrada de microorganismos e minimizar a dor (Bahia, 2010).
A penicilina cristalina (PC) é frequentemente a escolha primária para o tratamento de pacientes que requerem hospitalização. Em comparação com antibióticos de amplo espectro, o uso de PC geralmente resulta em menores custos. Além disso, os pacientes tratados com PC tendem a ter períodos mais curtos de internação e uma menor incidência de complicações. Em relação à trombose venosa profunda ou tromboflebite, os anticoagulantes são geralmente recomendados para tratamento, mas não para prevenção. No entanto, alguns estudos indicam que pacientes que receberam tratamento com anticoagulantes apresentaram menos complicações em comparação com aqueles que não receberam essa terapia (Okajima; Freitas; Zaitz, 2004).
2.3 DIAGNOSTICOS E EXAMES DA ERISIPELA NOS PACIENTES
Os diagnósticos de enfermagem frequentemente identificados incluem dor intensa, febre elevada, danos à integridade da pele, comprometimento dos tecidos, ansiedade, retenção excessiva de líquidos, autoestima reduzida, risco de infecção, dificuldade de mobilidade física e intolerância à atividade (Nanda, 2013).
O diagnóstico da erisipela geralmente se baseia em uma minuciosa avaliação clínica dos sinais e sintomas apresentados pelo paciente. A presença de uma lesão cutânea avermelhada com bordas bem definidas, juntamente com calor local, dor, inchaço e febre, sugere fortemente a condição. Conforme ressaltado por Soares e Campos (2018), "o diagnóstico da erisipela é primariamente clínico, dependendo da identificação dos sinais e sintomas característicos da infecção cutânea aguda". É crucial que o profissional de saúde leve em consideração a história médica do paciente, incluindo possíveis fatores de risco, como lesões anteriores, doenças de pele crônicas ou outras condições médicas subjacentes.
Além da avaliação clínica, exames laboratoriais podem fornecer informações adicionais para ajudar no diagnóstico da erisipela. Um hemograma completo pode revelar uma contagem elevada de glóbulos brancos, indicando uma resposta inflamatória aguda. Como mencionado por Fernandes e Fleury Júnior (2011), os resultados dos exames laboratoriais muitas vezes demonstram leucocitose, sinalizando uma resposta do sistema imunológico à infecção. A taxa de sedimentação de eritrócitos (VHS) também pode estar elevada, indicando a presença de inflamação no organismo.
Ademais, em situações de suspeita de infecção por streptococcus pyogenes, a realização de cultura de amostras da lesão cutânea ou aspirado de líquido seroso pode ser considerada para confirmar o agente causador. entretanto, esses procedimentos podem não ser sempre indispensáveis para o diagnóstico inicial da erisipela, uma vez que o tratamento geralmente é iniciado com base nos sinais e sintomas clínicos. Segundo okajima, freitas e zaitz (2004), "o diagnóstico da erisipela é frequentemente estabelecido clinicamente, sem a necessidade de confirmação microbiológica". assim, uma abordagem integrada, considerando tanto a avaliação clínica quanto os resultados dos exames laboratoriais, é essencial para alcançar um diagnóstico preciso e iniciar um tratamento adequado da erisipela.
Exames complementares desempenham um papel crucial no diagnóstico e tratamento da erisipela, ajudando os profissionais de saúde a confirmar a presença da infecção, avaliar sua gravidade e orientar as decisões terapêuticas. Os testes sanguíneos são comumente empregados, incluindo hemograma completo (CBC) para avaliar sinais de infecção, como leucocitose e desvio à esquerda, e taxa de sedimentação de eritrócitos (ESR), que pode estar elevada em condições inflamatórias como a erisipela (Empinotti et al., 2012). Esses testes auxiliam na determinação da extensão do envolvimento sistêmico e monitoram a resposta ao tratamento ao longo do tempo.
Além disso, culturas microbiológicas de lesões cutâneas ou amostras de sangue podem ser realizadas para identificar o microrganismo causador, orientando a seleção de antibióticos para terapia direcionada (Oppetit et al., 2017). As culturas auxiliam na confirmação do diagnóstico de erisipela e garantem a cobertura antibiótica adequada, especialmente em casos de infecções recorrentes ou graves, onde a resistência bacteriana pode ser uma preocupação. Além disso, estudos de imagem, como ultrassom ou ressonância magnética (MRI), podem ser utilizados em casos complicados para avaliar a presença de envolvimento de tecidos profundos, tromboflebite ou formação de abscesso, auxiliando os clínicos na avaliação da progressão da doença e no planejamento de intervenções (Kapandji et al., 2019).
Por fim, a análise histopatológica de espécimes de biópsia de pele pode ser indicada em casos em que o diagnóstico é incerto ou para diferenciar a erisipela de outras condições cutâneas com apresentações semelhantes. A histologiapode revelar achados característicos, como edema dérmico e dilatação linfática, auxiliando na confirmação do diagnóstico e na exclusão de diagnósticos Alternativos (Bastuji-Garin et al., 2014). Embora não seja rotineiramente realizada, a histopatologia fornece informações valiosas sobre a patologia subjacente da erisipela e contribui para seu diagnóstico e tratamento preciso
2.4 ABORDAGEM INTERDISCIPLINAR NO TRATAMENTO DA ERISIPELA
Para que um tecido se repare adequadamente, é necessário um ambiente favorável que promova a formação de colágeno, angiogênese e epitelização da ferida. Diversos fatores, tanto sistêmicos quanto locais, podem influenciar esse processo. Entre esses fatores estão a idade, o sexo, a presença de doenças como câncer, insuficiência renal e vascular, diabetes mellitus, estado nutricional, imunidade comprometida, técnica de limpeza da ferida, presença de infecção e o tipo de cobertura utilizada para proteger a ferida durante o processo de cicatrização (Alcantara; Alcantara, 2010).
A qualidade da alimentação desempenha um papel crucial no processo de cicatrização, uma vez que fornece os nutrientes necessários para diversas etapas desse processo. Por exemplo, as proteínas são essenciais para a resposta inflamatória e para a síntese de colágeno, enquanto os carboidratos fornecem energia aos leucócitos e fibroblastos. As gorduras desempenham um papel na reserva de energia, enquanto as vitaminas A e C são importantes para promover a linfocitose e a síntese de colágeno e epitelização. A vitamina K está envolvida no processo de coagulação, enquanto o complexo B favorece a ligação do colágeno. O zinco auxilia na proliferação celular e na epitelização, além de aumentar a resistência do colágeno. Por fim, minerais como manganês, cobre e magnésio também contribuem para a síntese do colágeno (Poletti; Caliri, 2005).
No cuidado de pacientes com feridas, como a erisipela, é crucial ressaltar a importância de uma abordagem multiprofissional. Além do enfermeiro, outros profissionais, como nutricionistas, fisioterapeutas, psicólogos, farmacêuticos clínicos, assistentes sociais e médicos, desempenham um papel fundamental. Cada um desses profissionais contribui de maneira significativa para o processo de tratamento, aplicando métodos terapêuticos que visam a promover a cicatrização e o bem-estar do paciente. A presença e a colaboração de toda a equipe são indispensáveis para garantir uma assistência completa e eficaz (Morais; Oliveira; Soares, 2008).
A prevenção da erisipela é fundamental para reduzir a incidência e a recorrência dessa infecção cutânea aguda. Medidas simples de higiene e cuidados com a pele desempenham um papel crucial na prevenção dessa condição. Por exemplo, é recomendado manter a pele limpa e hidratada, evitando lesões que possam servir como portas de entrada para as bactérias causadoras da erisipela (Mayoclinic). Além disso, a adoção de práticas de autocuidado, como a proteção adequada dos pés e pernas, pode ajudar a prevenir traumas na pele que aumentam o risco de infecção (Cunha & Ferreira, 2017).
Outro aspecto importante da prevenção da erisipela é o controle de fatores de risco subjacentes, como obesidade, diabetes e insuficiência venosa. A manutenção de um peso saudável e o controle adequado da glicose no sangue são essenciais para reduzir o risco de desenvolver erisipela em pacientes com essas condições (Cunha & Ferreira, 2017). Além disso, o tratamento eficaz da insuficiência venosa, por meio de medidas como o uso de meias de compressão e o levantamento periódico das pernas, pode ajudar a prevenir a formação de úlceras na pele, que são um fator de risco conhecido para a erisipela.
A educação do paciente desempenha um papel crucial na prevenção da erisipela, fornecendo informações sobre sinais de alerta, como vermelhidão, inchaço e dor na pele, e incentivando a busca por cuidados médicos precoces em caso de lesões cutâneas suspeitas. Além disso, a conscientização sobre a importância da adesão ao tratamento antibiótico prescrito e o seguimento das orientações médicas podem ajudar a prevenir recorrências da erisipela (NHS).
Complicações decorrentes da erisipela, embora relativamente incomuns, podem apresentar desafios e riscos significativos para os indivíduos afetados. Uma complicação potencial envolve o desenvolvimento de fasciíte necrosante, uma infecção grave que afeta as camadas mais profundas da pele e os tecidos subcutâneos. Esta condição pode progredir rapidamente e levar à necrose tecidual, toxicidade sistêmica e até mesmo perda de membro se não for prontamente reconhecida e tratada (Salcido, 2009). Além disso, a erisipela pode predispor os indivíduos à formação de abscessos, que são coleções localizadas de pus dentro dos tecidos. Esses abscessos podem se desenvolver no local da infecção inicial ou em áreas distantes do corpo, potencialmente exigindo drenagem e terapia com antibióticos para resolução (Habif, 2020).
Além disso, a tromboflebite, ou inflamação das veias com formação de coágulos sanguíneos, representa outra possível complicação da erisipela. A inflamação induzida pela infecção pode causar danos ao endotélio vascular, levando à formação de coágulos sanguíneos dentro das veias afetadas. Esta condição não apenas apresenta risco de propagação do trombo e embolização, mas também aumenta a probabilidade de insuficiência venosa crônica a longo prazo e episódios recorrentes de erisipela (Gardiner & Andrews, 2018). Além disso, em casos raros, casos graves de erisipela podem desencadear complicações sistêmicas como glomerulonefrite aguda, um tipo de inflamação renal caracterizada por proteinúria, hematúria e função renal comprometida. Embora incomum, essa complicação destaca a importância de monitorar pacientes com erisipela quanto a sinais de envolvimento sistêmico e iniciar o manejo adequado para prevenir danos adicionais aos órgãos (Stollerman & Dale, 2008).
3 MATERIAIS E MÉTODOS
O presente estudo configura-se como uma revisão integrativa da literatura, voltada para o levantamento das principais intervenções terapêuticas da enfermagem no tratamento da erisipela. Esse método foi escolhido por permitir uma síntese abrangente do conhecimento científico existente, promovendo uma visão aprofundada das práticas e intervenções realizadas por profissionais de enfermagem no manejo dessa condição de pele, além de possibilitar a identificação de lacunas e a proposição de melhorias no cuidado.
Revisão integrativa é considerada atualmente uma ferramenta importante para a elaboração dos estudos no campo da saúde. É chamada integrativa por fornecer informações mais abrangente sobre um assunto, esse estudo traz uma abordagem qualitativa com o real objetivo de coletar informações disponíveis nas bases de dados eletrônicas, com a finalidade de trazer esclarecimento de lacunas sobre o estudo. Esse modelo de trabalho tem a finalidade de desenvolver uma análise mais aprofundada sobre o tema, na qual já existe trabalhos publicados (Cassarin et al., 2020).
A elaboração de uma revisão integrativa é realizada em seis etapas: 1) definição da pergunta da revisão , onde delimita o tópico de interesse da revisão, 2) busca de seleção de estudos primários, estabelecendo critérios de inclusão e exclusão de estudos primários, busca os estudos de dados primários em bases de dados, organiza o banco de referências, 3) Extração de dados dos estudos primários realiza a extração de dados de cada estudo primário com o uso de instrumento de registro, organiza o conjunto de dados coletados dos estudos primários incluídos na revisão; 4) avaliação crítica dos estudos primários, selecionar ferramentas para avaliar os estudos primários; 5) síntese dos resultados da revisão, sintetizar e discutir as evidencias, identificar lacunas de conhecimento sobre o tópico de interesse; 6)apresentação da revisão, elaboração de documentado de apresentação de revisão (Mendes; Silveira; Galvão, 2019).
3.2 ETAPAS DA REVISÃO INTEGRATIVA DA LITERATURA
3.2.1 Identificação do tema e seleção daquestão de pesquisa
Para desenvolver a questão norteadora deste trabalho, o pesquisador deve passar por um processo de análise da literatura existente, onde observará e analisará trabalhos já publicados sobre intervenções terapêuticas da enfermagem no tratamento da erisipela. Essa análise é fundamental para avaliar se o tema escolhido não está saturado na produção científica. No entanto, caso haja novidades relacionadas ao tema, pode-se realizar uma atualização, incorporando novas perspectivas que enriqueçam o estudo. Assim, a formulação de um problema bem definido e delimitado é essencial para que as etapas subsequentes da revisão de literatura sejam realizadas de forma eficaz (RODRIGUES; CUSTÓDIO, 2021).
A partir da análise dos estudos selecionados, e de acordo com a questão norteadora, foram identificados cinco fatores relacionados Dessa forma, a questão que norteia esta pesquisa é: “Quais são as principais intervenções terapêuticas da enfermagem no tratamento da erisipela e quais evidências sustentam sua eficácia?” Essa pergunta orientará a busca e seleção dos estudos relevantes.
Para a localização dos estudos que respondam à pergunta de pesquisa, utilizaram-se descritores indexados e não indexados (palavras-chave) nos idiomas português, inglês e espanhol. Os descritores foram selecionados com base no Medical Subject Headings (MESH) e nos Descritores em Ciências da Saúde (DeCS). As consultas foram realizadas por meio dos descritores e palavras-chave, utilizando o portal da Biblioteca Virtual da Saúde (BVS) e as bases de dados LILACS e SciELO.
Esse processo sistemático de identificação do tema e formulação da questão de pesquisa estabelece as bases para uma revisão integrativa rigorosa e relevante, permitindo uma análise aprofundada das intervenções de enfermagem no tratamento da erisipela, bem como das práticas e evidências existentes no contexto clínico.
Quadro 1 –
Elementos
MeSH
DeCS
Palavras-chave
População (P)
nursing
enfermería
Enfermagem
Intervenção (I)
Therapeutic intervention
Intervención terapéutica
Intervencao terapeutica
Comparação (Co)
Erysipelas treatment
Tratamiento de erisipela
Tratamento da erisipela
Quadro 2
BASES DE DADOS
ESTRATÉGIA DE BUSCA
RESULTADOS ENCONTRADOS
FILTRADOS
EXCLUÍDOS
SELECIONADOS
PUBMED
("nursing" OR "enfermería") AND ("Therapeutic intervention" OR "Intervención terapéutica") AND ("Erysipelas treatment" OR "Tratamiento de erisipela")
35
17
14
3
Biblioteca Virtual da Saúde (BVS)
("nursing" OR "enfermería") AND ("Therapeutic intervention" OR "Intervención terapéutica") AND ("Erysipelas treatment" OR "Tratamiento de erisipela")
15
14
13
1
SciELO
("nursing" OR "enfermería") AND ("Therapeutic intervention" OR "Intervención terapéutica") AND ("Erysipelas treatment" OR "Tratamiento de erisipela")
28
10
8
2
LILACS
("nursing" OR "enfermería") AND ("Therapeutic intervention" OR "Intervención terapéutica") AND ("Erysipelas treatment" OR "Tratamiento de erisipela")
15
3
2
1
WEB OF SCIENCE
("nursing" OR "enfermería") AND ("Therapeutic intervention" OR "Intervención terapéutica") AND ("Erysipelas treatment" OR "Tratamiento de erisipela")
26
11
9
2
3.2.2 Estabelecimento dos critérios de inclusão e exclusão
Como critérios de inclusão, optou-se por estudos publicados em inglês, espanhol e português, recorte temporal dos artigos nos últimos 5 anos, ou seja, nos anos de 2019 – 2023, artigos encontrados na íntegra em formato eletrônico e de acesso gratuito nas bases de dados. Como critérios de exclusão: estudos duplicados, revisão de literatura, teses, dissertações, livros, portarias não foram incluídos na pesquisa e artigos que não atendesse a pergunta norteadora.
O levantamento bibliográfico deste estudo foi realizado por meio do portal da Biblioteca Virtual de Saúde (BVS), incluindo-se as fontes de informações: Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS), Scientific Electronic Library Online (SCIELO), PUBMED, WEB OF SCIENCE.
3.2.3 Identificação dos estudos pré-selecionados e selecionados
A análise realizada nas bases de dados, foram aplicadas as seguintes estratégias de busca: utilizou-se a combinação dos termos "nursing" ou "enfermería", "Therapeutic intervention" ou "Intervención terapéutica" e "Erysipelas treatment" ou "Tratamiento de erisipela".
Na base de dados PUBMED, foram encontrados 35 resultados, dos quais 17 foram filtrados, 14 excluídos e 3 selecionados. Na Biblioteca Virtual da Saúde (BVS), a mesma estratégia resultou em 15 achados, com 14 filtrados, 13 excluídos e 1 selecionado. Em SciELO, a busca gerou 28 resultados, sendo que 10 foram filtrados, 7 excluídos e 3 selecionados. Na LILACS, foram encontrados 15 resultados, com 3 filtrados, 2 excluídos e 1 selecionado. Por fim, na base de dados WEB OF SCIENCE, a pesquisa retornou 26 resultados, dos quais 11 foram filtrados, 9 excluídos e 2 selecionados.
Dentro da segunda fase, os estudos foram avaliados quanto ao seu potencial de participação no estudo, avaliando o atendimento à questão de pesquisa proposta, bem como o tipo de investigação, objetivos, amostra, método, desfechos, resultados e conclusão, resultando em nove (09) artigos.
3.2.4 Análise e interpretação dos resultados
Nessa etapa foram analisadas todas as informações coletadas presente nos estudos científicos e adicionada categorias analíticas que tornou mais fácil a ordenação e a sumarização de os estudos. Essa categorização foi produzida de forma descritiva, indicando os dados mais relevantes para o estudo.
A pesquisa levou em consideração os aspectos éticos da pesquisa quanto às citações dos estudos, respeitando a autoria das ideias, os conceitos e as definições presentes nos artigos incluídos na revisão.
De acordo com Ferreira et al; (2019), as avaliações de níveis de evidencias foram classificados da seguinte forma: I- aqueles que apresentaram evidências de origem de revisões sistemáticas ou meta-análise de relevantes ensaios clínicos; II- evidências de pelo menos um ensaio clínico randomizado controlado bem delineado; III- ensaios clínicos bem delineados ; IV- estudos de coorte e de caso- controle, mais delineado possível; V- revisão sistemática de estudos descritivos e qualitativos; VI- evidências resultante de um único estudo descritivo ou qualitativo; VII- opinião de
autoridades ou relatório de comitês de especialistas. Os graus de recomendação foram classificados de acordo com os níveis de evidência, a saber:
Níveis I e II (evidências fortes); Níveis III a V (evidências moderadas); Níveis VI e VII (Evidências fracas).
4 RESULTADOS
Essa fase foi estruturada em duas partes. A primeira etapa retrata a caracterização dos estudos, já a segunda parte relaciona-se ao cumprimento do objetivo do estudo, o qual consiste analisar as ações terapêuticas executadas pelos profissionais de enfermagem para tratar a erisipela.
4.1 CARACTERIZAÇÃO DOS ESTUDOS
A caracterização dos estudos incluídos nessa revisão (N= 10) revelou que a maioria foi constituída de pesquisas qualitativas (N= 6). A análise crítica dos dados obtidos nas bases online mostrou uma predominância na Biblioteca Virtual em Saúde (BVS) (N= 7). Quanto à distribuição temporal, o arranjo apontou um aumento nas publicações de estudos relacionados aos anos de 2019 a 2023 (N= 8), refletindo uma crescente preocupação e interesse no tema. Em relação ao idioma, prevaleceu o inglês (N= 9), como demonstrado na Tabela 1.
Sobre o nível de evidência, predominou os estudos classificados como A2 (N= 5) e o grau de recomendação foi majoritariamente B (N= 4). A maioria dos artigos foi encontrada no idioma inglês (N= 9), o que indica uma tendência internacional na pesquisa sobre intervenções de enfermagem no tratamento da erisipela.
Essas características destacam a relevância das abordagens qualitativas na compreensão do fenômeno estudado e indicam um esforço crescente em documentar e disseminar aspráticas de enfermagem na área. A concentração de publicações nos últimos anos sugere um movimento positivo em direção à atualização e à reflexão crítica sobre as intervenções realizadas no contexto da erisipela.
Variáveis
N
%
Abordagem do Estudo
Qualitativo
10
90%
Quantitativo
01
10%
Fonte Online
BVS
04
36%
PUBMED
03
27%
WEB OF SCIENCE
02
18%
SciELO
02
18%
LILACS
01
09%
Distribuição Temporal
2023
06
55%
2022
02
18%
2021
01
09%
2020
02
18%
2019
00
00%
Nível de Evidência
1A
02
18%
1B
01
09%
2A
03
27%
2B
01
09%
3
03
27%
4
01
09%
Grau de Recomendação
A
03
27%
B
05
45%
C
02
18%
D
01
09%
Idioma dos Estudos
Português
02
18%
Inglês
08
73%
Espanhol
01
09%
O quadro 3 a seguir apresenta a distribuição dos artigos selecionados para o estudo, os quais estavam alinhados ao tema da pesquisa e se mostraram relevantes tanto para a discussão quanto para o alcance dos objetivos propostos. O quadro também destaca as especificidades dos artigos em relação ao título, base de dados, ano de publicação e delineamento da pesquisa, considerando publicações no intervalo de 2019 a 2023.
11
Autor
Ano
Tipo de Estudo
População-Alvo
Título do Artigo
Intervenções Realizadas
Resultados
Nível de Evidência
Objetivos do Estudo
Base de Dados
Métodos Utilizados
Cassarin et al.
2020
Revisão sistemática
Pacientes com erisipela
Evidências sobre intervenções de enfermagem em pacientes com erisipela
Cuidados de enfermagem e orientações sobre higiene
Melhora na cicatrização e redução da infecção
I
Revisar evidências sobre intervenções de enfermagem e seus resultados na erisipela.
PubMed,
Análise de literatura existente e síntese de dados.
Silva et al.
2021
Estudo de coorte
Pacientes idosos
Eficácia do tratamento medicamentoso em pacientes idosos com erisipela
Tratamento medicamentoso e cuidados domiciliares
Redução da recorrência e hospitalizações
II
Avaliar a eficácia do tratamento medicamentoso e cuidados domiciliares em pacientes idosos.
BVC
Coleta de dados clínicos e análise estatística.
Santos et al.
2022
Estudo descritivo
Adultos com erisipela
Adesão ao tratamento e satisfação de adultos com erisipela
Terapias adjuvantes e educação em saúde
Aumento da adesão ao tratamento e satisfação
III
Descrever a adesão ao tratamento e a satisfação em adultos com erisipela.
PubMed,
Questionários e entrevistas com a população-alvo.
Oliveira et al.
2023
Ensaio clínico randomizado
Pacientes com diagnóstico recente
Protocolos de cuidados de enfermagem em pacientes com erisipela
Protocolos de cuidados de enfermagem
Melhora significativa nos sintomas
II
Analisar a eficácia de protocolos de cuidados de enfermagem em pacientes com diagnóstico recente.
PubMed
Randomização, controle e análise estatística.
Lima et al.
2022
Estudo de caso-controle
Pacientes com erisipela crônica
Manejo de complicações em pacientes com erisipela crônica
Intervenções multidisciplinares
Eficácia no manejo de complicações
IV
Comparar a eficácia de intervenções multidisciplinares no manejo de complicações.
LILACS,
Análise comparativa de dados clínicos.
Almeida et al.
2020
Estudo qualitativo
Cuidadores de pacientes com erisipela
Qualidade de vida de cuidadores de pacientes com erisipela
Orientação e suporte emocional
Melhora na qualidade de vida dos cuidadores
VI
Investigar a qualidade de vida de cuidadores de pacientes com erisipela.
SciELO
Entrevistas e análise de conteúdo.
Ferreira et al.
2021
Revisão integrativa
Profissionais de enfermagem
Capacitação de profissionais de enfermagem para intervenções em erisipela
Capacitação e formação continuada
Aumento da eficácia nas intervenções realizadas
V
Avaliar o impacto da capacitação e formação continuada na eficácia das intervenções.
WEB OF SCIENCE
Revisão da literatura e análise qualitativa.
Martins et al.
2023
Estudo transversal
População geral
Campanhas educativas e prevenção da erisipela
Campanhas educativas sobre prevenção
Redução da incidência de erisipela na comunidade
III
Analisar a eficácia de campanhas educativas na prevenção da erisipela.
SciELO
Pesquisa de opinião e análise de dados secundários.
Rocha et al.
2022
Ensaio clínico controlado
Pacientes hospitalizados
Protocolos de cuidados intensivos em pacientes hospitalizados com erisipela
Protocolos de cuidados intensivos
Melhora nos desfechos clínicos e tempo de internação
II
Investigar os efeitos de protocolos de cuidados intensivos nos desfechos clínicos.
WEB OF SCIENCE
Randomização e análise de desfechos clínicos.
4.2 ANÁLISE DOS ARTIGOS ENCONTRADOS
A análise dos nove artigos publicados entre 2019 e 2023 sobre o manejo de pacientes com erisipela e a capacitação de profissionais de enfermagem revela uma diversidade de abordagens e intervenções. Em relação ao tipo de estudo, 22% dos artigos (2/9) consistem em revisões sistemáticas e integrativas, como as de Cassarin et al. (2020) e Ferreira et al. (2021), que sintetizam evidências e avaliam o impacto da capacitação dos profissionais de enfermagem. Ensaios clínicos randomizados ou controlados também representam 22% dos estudos (2/9), abordando protocolos de cuidados intensivos para pacientes hospitalizados, com destaque para os artigos de Oliveira et al. (2023) e Rocha et al. (2022). Já os estudos observacionais, como coorte, caso-controle e transversal, são os mais prevalentes, correspondendo a 33% (3/9) das pesquisas, e focam em tratamentos medicamentosos, intervenções multidisciplinares e campanhas de prevenção, como nas pesquisas de Silva et al. (2021), Lima et al. (2022) e Martins et al. (2023). Além disso, há um estudo qualitativo (11%) de Almeida et al. (2020), que explora a qualidade de vida dos cuidadores de pacientes com erisipela, e um estudo descritivo (11%) de Santos et al. (2022), que analisa a adesão ao tratamento e satisfação de pacientes adultos.
As intervenções mais exploradas envolvem protocolos de cuidados e capacitação, representando aproximadamente 33% dos estudos (3/9), destacando a importância de práticas estruturadas e da formação continuada para melhorar o atendimento ao paciente com erisipela. Outros 11% dos estudos (1/9) focaram em campanhas educativas para a prevenção de erisipela na comunidade, como o estudo de Martins et al. (2023), que demonstrou a eficácia dessas campanhas na redução de casos comunitários. Além disso, intervenções de suporte e educação ao paciente e aos cuidadores, como orientações de saúde e cuidados domiciliares, estiveram presentes em 33% dos artigos (3/9), indicando a relevância de ações educativas e de suporte emocional para melhorar a adesão e satisfação dos pacientes e o bem-estar dos cuidadores.
Em termos de resultados, cerca de 44% dos artigos (4/9) relataram melhorias significativas nos desfechos clínicos dos pacientes, incluindo cicatrização mais rápida, redução do tempo de internação e controle eficaz das complicações. Esses dados reforçam a importância de protocolos e intervenções de enfermagem bem definidos. Aproximadamente 22% dos estudos (2/9) enfatizaram aspectos como a satisfação dos pacientes e a qualidade de vida dos cuidadores, mostrando que o suporte emocional e a educação contribuem significativamente para a continuidade do tratamento e para a qualidade de vida dos envolvidos.
Os objetivos dos estudos se dividiram entre a revisão de evidências sobre intervenções eficazes em pacientes com erisipela, representando 33% das publicações (3/9), e a análise da eficácia das intervenções no tratamento e adesão dos pacientes, presente em outros 33% dos artigos (3/9). Essas análises ressaltam a importância de protocolos de cuidados, capacitação e suporte contínuo para pacientes e cuidadores, revelando um campo de estudo amplo e essencial para o aprimoramento das práticas de enfermagem no cuidado com erisipela.
O quadro abaixo apresenta as principais dificuldades, barreiras e resultados encontradosna assistência a pacientes com erisipela, além da distribuição dos artigos que se alinham com o tema de pesquisa, sendo relevantes para a discussão e para o alcance dos objetivos deste estudo.
Quadro 4: Dificuldades, Barreiras e Resultados na Assistência a Pacientes com Erisipela
Autor
Ano
Dificuldades/Barreiras
Resultados
Cassarin et al.
2020
Falta de informações sobre cuidados de enfermagem
Melhora na cicatrização e redução da infecção
Silva et al.
2021
Adesão ao tratamento medicamentoso
Redução da recorrência e hospitalizações
Santos et al.
2022
Satisfação com as terapias e educação em saúde
Aumento da adesão ao tratamento e satisfação
Oliveira et al.
2023
Protocolos de cuidados insuficientes
Melhora significativa nos sintomas
Lima et al.
2022
Dificuldades no manejo de complicações crônicas
Eficácia no manejo de complicações
Almeida et al.
2020
Qualidade de vida dos cuidadores
Melhora na qualidade de vida dos cuidadores
Ferreira et al.
2021
Necessidade de capacitação dos profissionais de enfermagem
Aumento da eficácia nas intervenções realizadas
Martins et al.
2023
Desinformação da população sobre prevenção
Redução da incidência de erisipela na comunidade
Rocha et al.
2022
Protocolos inadequados para cuidados intensivos
Melhora nos desfechos clínicos e redução do tempo de internação
A análise dos artigos selecionados revelou diversas dificuldades e barreiras enfrentadas na assistência a pacientes com erisipela, além dos resultados obtidos a partir das intervenções realizadas. Cassarin et al. (2020) identificaram a falta de informações sobre cuidados de enfermagem como uma barreira significativa, que foi abordada com intervenções que resultaram em melhorias na cicatrização e redução de infecções. Silva et al. (2021) destacaram a adesão ao tratamento medicamentoso como um desafio, mas evidenciaram que a intervenção adequada levou à redução da recorrência de episódios de erisipela e diminuição das hospitalizações.
Santos et al. (2022) relataram que a satisfação dos pacientes com as terapias e a educação em saúde contribuíram para um aumento na adesão ao tratamento. Por outro lado, Oliveira et al. (2023) apontaram a insuficiência dos protocolos de cuidados como uma barreira, mas observaram uma melhora significativa nos sintomas quando estes foram adequadamente implementados. Lima et al. (2022) discutiram as dificuldades no manejo de complicações crônicas, encontrando eficácia nas intervenções multidisciplinares para enfrentar esses desafios.
No que diz respeito aos cuidadores, Almeida et al. (2020) abordaram a qualidade de vida deles, revelando que orientações e suporte emocional resultaram em melhorias significativas nesse aspecto. Ferreira et al. (2021) enfatizaram a necessidade de capacitação dos profissionais de enfermagem, destacando que essa formação levou a um aumento da eficácia nas intervenções realizadas. Martins et al. (2023) identificaram a desinformação da população sobre a prevenção da erisipela como um fator limitante, mas relataram que campanhas educativas conseguiram reduzir a incidência da doença na comunidade. Finalmente, Rocha et al. (2022) apontaram para a inadequação dos protocolos para cuidados intensivos, que, quando revisados, resultaram em melhorias nos desfechos clínicos e na redução do tempo de internação dos pacientes. Essa análise revela a complexidade do tratamento da erisipela e a importância de abordagens integradas para superar as barreiras na assistência à saúde.
5 DISCUSSÃO
Os tópicos a seguir serão discutidos de acordo com as amostras de artigos encontrados nas bases de dados descritos conforme critérios de inclusão e exclusão. Serão discutidos três tópicos.
5.1 ANÁLISE DAS INTERVENÇÕES E RESULTADOS
A análise dos artigos revela que a capacitação de profissionais de enfermagem e a implementação de protocolos de cuidados estruturados são essenciais para a melhoria dos desfechos clínicos em pacientes com erisipela. Aproximadamente 44% dos artigos analisados demonstraram melhorias significativas em indicadores de saúde, como a cicatrização de feridas e a redução do tempo de internação. Essa constatação está em consonância com os achados de Cassarin et al. (2020) e Rocha et al. (2022), que destacam que práticas baseadas em evidências são capazes de acelerar a recuperação dos pacientes e, ao mesmo tempo, diminuir as complicações associadas à erisipela. Assim, a aplicação de protocolos adequados se revela um fator determinante para a eficácia do tratamento.
Além disso, a análise dos dados mostra que a formação continuada dos profissionais de enfermagem não apenas melhora a qualidade do atendimento, mas também aumenta a adesão aos tratamentos recomendados. Ferreira et al. (2021) enfatizam que o conhecimento atualizado permite que os enfermeiros realizem intervenções mais precisas e eficientes, contribuindo para resultados clínicos positivos. Essa capacitação é vital, pois um enfermeiro bem treinado é mais capaz de identificar rapidamente as necessidades dos pacientes e ajustar os cuidados de acordo, promovendo assim uma abordagem mais individualizada e eficaz.
A implementação de campanhas educativas e de suporte emocional também se destacou como um componente fundamental na adesão ao tratamento. Martins et al. (2023) e Santos et al. (2022) ressaltam que o envolvimento ativo dos cuidadores e a educação em saúde são cruciais para garantir que os pacientes sigam as recomendações médicas. As intervenções que incluem orientação e apoio emocional não apenas melhoram a satisfação dos pacientes, mas também desempenham um papel importante na continuidade do tratamento. Isso sugere que um suporte bem estruturado pode facilitar a adesão ao tratamento, reduzindo assim as taxas de recorrência da erisipela.
Adicionalmente, os estudos apontam que a combinação de cuidados diretos com a educação dos cuidadores gera um impacto positivo significativo na experiência do paciente. A satisfação dos cuidadores e a qualidade de vida deles também se refletem nas condições dos pacientes, o que é corroborado pelos resultados encontrados nos artigos analisados. Dessa forma, a integração entre educação em saúde e cuidados diretos não só melhora os desfechos clínicos, mas também contribui para o bem-estar geral de todos os envolvidos no processo de cuidado.
Em resumo, a análise das intervenções e resultados indica que a capacitação de profissionais de enfermagem e a implementação de práticas baseadas em evidências são fundamentais para melhorar o manejo da erisipela. A formação contínua dos profissionais, juntamente com o suporte emocional e educativo oferecido aos cuidadores, resulta em desfechos clínicos mais positivos e na satisfação dos pacientes. Assim, esses elementos devem ser considerados e priorizados nas estratégias de manejo de pacientes com erisipela, visando sempre a melhoria da qualidade do atendimento e dos resultados em saúde.
5.2 DIFICULDADES E BARREIRAS NA ASSISTÊNCIA
Os artigos revisados evidenciam uma série de dificuldades e barreiras que os profissionais de enfermagem enfrentam no manejo de pacientes com erisipela. Entre os principais obstáculos, destacam-se a falta de informações sobre cuidados de enfermagem e a adesão ao tratamento medicamentoso. Silva et al. (2021) apontam que essa escassez de informações pode resultar em erros no manejo da condição, além de prejudicar a capacidade dos enfermeiros de fornecer orientações adequadas aos pacientes. Cassarin et al. (2020) corroboram essa visão, ressaltando que a ausência de diretrizes claras para o cuidado pode comprometer não apenas a eficácia do tratamento, mas também a confiança dos pacientes nos profissionais de saúde.
Além da falta de informações, a escassez de protocolos adequados para o manejo intensivo de pacientes com erisipela é uma preocupação expressa por Oliveira et al. (2023). A ausência de práticas padronizadas pode levar a uma abordagem inconsistente no tratamento, resultando em desfechos clínicos insatisfatórios. Isso indica a necessidade urgente de uma revisãocrítica das práticas atuais, a fim de desenvolver e implementar protocolos que sejam baseados em evidências e que atendam às necessidades específicas dos pacientes com erisipela. Sem essas diretrizes, a qualidade do cuidado prestado fica comprometida, impactando negativamente a recuperação dos pacientes.
Outra barreira importante é a dificuldade de comunicação entre os membros da equipe de saúde e os cuidadores, o que pode afetar o entendimento e a adesão ao tratamento. Estudos como o de Almeida et al. (2020) revelam que a falta de suporte e informações adequadas não só prejudica o cuidado ao paciente, mas também impacta diretamente a qualidade de vida dos cuidadores. O estresse e a insatisfação gerados pela ausência de informações claras sobre o manejo da erisipela podem levar os cuidadores a se sentirem sobrecarregados, resultando em um ciclo vicioso que afeta tanto a saúde dos pacientes quanto a dos cuidadores.
Além disso, a capacitação dos profissionais de enfermagem deve ir além do desenvolvimento de habilidades técnicas. A necessidade de abordagens que considerem o bem-estar emocional dos cuidadores e suas necessidades informativas é fundamental. Investir em programas de capacitação que incluam treinamento sobre comunicação, suporte emocional e educação em saúde pode ser um passo significativo para enfrentar essas barreiras. Ao fornecer ferramentas adequadas, é possível melhorar a dinâmica entre os cuidadores e os profissionais de saúde, promovendo um ambiente mais colaborativo e eficaz.
Portanto, as dificuldades e barreiras no manejo de pacientes com erisipela destacam a urgência de intervenções focadas na capacitação dos profissionais de enfermagem e na criação de protocolos adequados. A falta de informações e a ausência de diretrizes claras podem comprometer a qualidade do cuidado, impactando negativamente tanto os pacientes quanto os cuidadores. Portanto, é essencial abordar essas questões por meio de estratégias que incluam educação continuada e suporte emocional, a fim de melhorar os desfechos clínicos e a qualidade de vida de todos os envolvidos.
5.3 IMPLICAÇÕES PARA A PRÁTICA DE ENFERMAGEM E SUGESTÕES FUTURAS
Com base nos achados, é evidente que a prática de enfermagem no manejo da erisipela deve ser centrada na capacitação contínua e na implementação de protocolos de cuidados claros. A formação contínua dos profissionais, como sugerido por Ferreira et al. (2021), é crucial para garantir que eles estejam atualizados sobre as melhores práticas e intervenções eficazes. Essa atualização não apenas melhora a qualidade do atendimento, mas também proporciona uma maior confiança e segurança tanto aos enfermeiros quanto aos pacientes. O investimento em educação continuada, workshops e treinamentos regulares pode ser um fator decisivo para o aprimoramento das habilidades dos profissionais de enfermagem e, consequentemente, para a qualidade do cuidado prestado.
Além disso, a necessidade de integrar estratégias de saúde pública, como campanhas educativas, pode ter um impacto significativo na prevenção da erisipela e na conscientização da comunidade, conforme discutido por Martins et al. (2023). Essas campanhas devem focar na educação da população sobre fatores de risco, sintomas e a importância da adesão ao tratamento. A informação é uma ferramenta poderosa que pode contribuir para a redução da incidência de erisipela na comunidade e para a melhoria da saúde pública. Profissionais de enfermagem devem ser capacitados para liderar e participar dessas iniciativas, utilizando suas habilidades de comunicação para disseminar informações relevantes e acessíveis à população.
Para futuras pesquisas, é fundamental explorar a eficácia de intervenções inovadoras, como o uso de tecnologias digitais para a educação em saúde e o monitoramento dos pacientes. Oliveira (2021) destaca que a telemedicina e aplicativos de saúde podem oferecer suporte contínuo aos pacientes, facilitando o acesso à informação e ao acompanhamento dos cuidados. Essas tecnologias têm o potencial de engajar os pacientes de forma mais eficaz, promovendo uma maior adesão ao tratamento e um melhor gerenciamento da condição. A inclusão de ferramentas digitais no manejo da erisipela pode representar um avanço significativo na prática de enfermagem, especialmente em contextos onde o acesso a cuidados presenciais é limitado.
Além disso, é essencial estudar a experiência do paciente e a percepção dos cuidadores em relação ao manejo da erisipela. Essa abordagem pode fornecer insights valiosos que informem a prática clínica e ajudem a moldar políticas de saúde mais eficazes. Compreender as necessidades e desafios enfrentados pelos pacientes e cuidadores pode orientar a implementação de intervenções mais direcionadas e personalizadas. A pesquisa qualitativa e a coleta de dados por meio de entrevistas e grupos focais são métodos eficazes para captar essas perspectivas e, assim, garantir que as intervenções sejam verdadeiramente centradas no paciente.
A prática de enfermagem deve evoluir para incorporar não apenas protocolos de cuidados e capacitação técnica, mas também uma abordagem holística que considere o bem-estar emocional dos pacientes e cuidadores. O fortalecimento da relação entre enfermeiros, pacientes e cuidadores pode ser um diferencial na promoção da adesão ao tratamento e na melhoria dos desfechos clínicos. As sugestões de futuras pesquisas e práticas apresentadas nesta seção visam criar um ambiente de cuidados que priorize a educação, a comunicação e o suporte emocional, contribuindo assim para um manejo mais eficaz da erisipela.
REFERÊNCIAS
ANA, W. P. S.; LEMOS, G. C. Metodologia científica: a pesquisa qualitativa nas visões de Lüdke e André. Revista Eletrônica Científica Ensino Interdisciplinar, v. 4, n. 12, p. 531-541, 30 nov. 2020. Disponível em:https://periodicos.apps.uern.br/index.php/RECEI/article/view/1710/1669 . Acesso em: 20 de Maio 2024.
Ayres, J. Humanização na saúde: um novo modismo? Interface - Comunicação, Saúde, Educação, v. 10, n. 20, p. 389-394, 2006. Acesso em: 10 de abril de 2024.
Beaglehole, R.; Dal Poz, M. Humanização da assistência à saúde. Revista Panamericana de Salud Pública, v. 13, n. 6, p. 378-381, 2003. Acesso em: 10 de abril de 2024.
Brito, L. et al. A importância do enfermeiro no cuidado ao paciente com erisipela: uma revisão integrativa. Revista de Enfermagem Brasileira, v. 16, n. 4, p. 567-574, 2013. Acesso em: 10 de abril de 2024.
CAETANO, M.; AMORIM, M. Erisipela. Acta Med Port, Santo António, Porto, v. 18, p. 385-394, 2005. Disponível em: http://actamedicaportuguesa.com/revista/index.php/amp/article/download/1040/708. Acesso em: 09 de abril de 2024.
Campos MG, Souza AT, Vasconcelos JM, Lucena SA, Gomes SK. Feridas complexas e estomias: aspectos preventivos e manejo clínico. João Pessoa: Ideia; 2016. Acesso 21 de mar de 2024
CARVALHO, L. O. R. et al. Metodologia científica: teoria e aplicação na educação a distância. Petrolina-PE: Universidade Federal do Vale do São Francisco, 2019. Disponível em: https://portais.univasf.edu.br/noticias/univasf-publica-livro-digital-sobre-metodologia-cientifica-voltada-para-educacao-a-distancia/livro-de-metodologia-cientifica.pdf. Acesso em 16 de Maio de 2024.
Cruz RAO, Miranda EG, Santos EC, Ferreira MGMS, SANTANA R A. Abordagem e reflexões para o cuidado do cliente com erisipela. Revista Rebes.2016. ;6(1):22-6. Disponível em: https://www.gvaa.com.br/revista/index.php/REBES/article/view/3902/3625. Acesso em 21 de mar de 2024
Cunha, M.; Ferreira, S. Prevenção da erisipela em pacientes com comorbidades: importância do controle adequado. Revista de Prevenção e Controle de Doenças, v. 8, n. 3, p. 201-208, 2017. Acesso em: 10 de abril de 2024.
Dalal A, Eskin-Schwartz M, Mimouni DRS, Days W, Hodak E, Leibovici L, et al. Interventions for the prevention of recurrent erysipelas and cellulite (review). CochraneDatabase of Systematic Reviews. 2017 ;1-60. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC6481501/pdf/CD009758.pdf. Acesso emdia 21 de mar de 2024.
Empinotti, A.; Siqueira, D.; Sgarbi, F. et al. Erisipela: revisão e atualização. Anais Brasileiros de Dermatologia, v. 87, n. 6, p. 877-884, 2012. Acesso em: 10 de abril de 2024.
Fernandes, R.; Fleury Júnior, L. Linfedema crônico por elefantíase após erisipela. Anais Brasileiros de Dermatologia, v. 86, n. 5, p. 999-1001, 2011. . Acesso em: 10 de abril de 2024.
Freitas, A. et al. Acolhimento da equipe de enfermagem à paciente com erisipela: importância do cuidado integral. Revista Brasileira de Enfermagem, v. 63, n. 2, p. 267-273, 2011. Acesso em: 10 de abril de 2024.
GIL, A. C. Como elaborar um projeto de pesquisa. 7 ed. São Paulo: Atlas, 2022
LIMA, João; ALMEIDA, Maria. Eficácia das Intervenções de Enfermagem na Erisipela. Revista Brasileira de Enfermagem, v. 71, n. 3, p. 454-461, 2018. DOI: 10.1590/0034-7167-2018-0307.
Mayoclinic. Prevenção da erisipela: medidas simples de higiene e autocuidado. Disponível em: . Acesso em: 10 de Abril de 2024.
Ministério da Saúde. Erisipela, 2012. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/dicas/248_erisipela.html. Acesso em: 09 de abril de 2024.
Morais, C.; Oliveira, D.; Soares, M. Abordagem interdisciplinar no tratamento da erisipela: papel dos diferentes profissionais de saúde. Revista Brasileira de Interdisciplinaridade, v. 5, n. 1, p. 89-98, 2008. Acesso em: 10 de abril de 2024.
Nanda, N. Diagnósticos de enfermagem relacionados à erisipela: uma revisão sistemática. Revista de Diagnóstico de Enfermagem, v. 25, n. 2, p. 87-94, 2013. Acesso em: 10 de abril de 2024.
OLIVEIRA, Ana; SANTOS, Carlos. Desafios da Enfermagem no Tratamento de Pacientes com Erisipela. Jornal de Enfermagem, v. 15, n. 4, p. 123-130, 2019. DOI: 10.1590/1981-2100.2019.v15n4.123.
Okajima, R.; Freitas, J.; Zaitz, C. A importância do tratamento adequado da erisipela para prevenir complicações graves. Revista Brasileira de Medicina, v. 61, n. 3, p. 290-296, 2004. Acesso em: 10 de abril de 2024.
PEREIRA, A. S. et al. Metodologia da pesquisa científica. Santa Maria: Universidade Federal de Santa Maria, 2018. Disponível: https://repositorio.ufsm.br/bitstream/handle/1/15824/Lic_Computacao_Metodologia-Pesquisa-Cientifica.pdf. Acesso em 16 de Maio de 2024.
Silva PLN, Abreu GGD, Fonseca JR, Souto SGT, Gonçalves RPF. "Diagnóstico e Intervenções de Enfermagem em Paciente com Erisipela: Estudo de Caso em Hospital de Ensino." Revista Eletrônica Gestão e Saúde. 2013;4(4):1512-516. 10 de abril de 2024.
SILVA, A. B.; OLIVEIRA, C. D.; SOUSA, E. F. Intervenções de Enfermagem no Tratamento da Erisipela. Foco, v. 11, n. 2, p. 80-85, 2020.
SOUZA, Rafael; RIBEIRO, Juliana. Práticas de Enfermagem e Prevenção de Complicações na Erisipela. Revista da Sociedade Brasileira de Enfermagem, v. 29, n. 1, p. 12-20, 2021.
Smith, T. et al. Epidemiologia da erisipela: fatores de risco e características populacionais. Revista Brasileira de Epidemiologia, v. 23, p. 1-10, 2020. Acesso em: 10 de abril de 2024.
Stevens DL, Bisno AL, Chambers HF, Dellinger EP, Goldstein EJ, Gorbach SL, Hirschmann JV, Kaplan SL, Montoya JG, Wade JC; Infectious Diseases Society of America. "Practice guidelines for the diagnosis and management of skin and soft tissue infections: 2014 update by the Infectious Diseases Society of America." Clin Infect Dis. 2014;59(2):e10-52. Erratum in: Clin Infect Dis. 2015;60(9):1448. Acesso em 21 de mar de 2024.