Prévia do material em texto
PNEUMONIA Pneumonia adquirida na comunidade • Definição: doença da via aérea inferior, geralmente causada por um agente infeccioso em crianças não hospitalizadas no último mês. • Etiologia: Varia com a idade. Vírus, principalmente em 5 anos: FR ≥ 20 irpm 2. QUADRO CLÍNICO 2.1 Os principais sinais são: • FR alterada: sinal de maior SENSIBILIDADE! • Tosse • Presença de sinais de desconforto respiratório • Pode apresentar: febre alta ou hipotermia, recusa ao seio materno/alimentação, alterações de nível de consciência e irritabilidade. Menos característico, mas pode ter sibilância ou estridor associado. 2.2 Classificação OMS: 2 meses a 5 anos • Pneumonia muito grave: Cianose central, dificuldade respiratória grave, incapacidade de beber líquidos; • Pneumonia grave: Tiragem subcostal; • Pneumonia: Taquipneia, Estertores crepitantes; • Não é pneumonia: nenhum dos acima; 2.3 Complicações: • Sistêmicas: sepse, choque séptico, embolização infecciosa, falência de múltiplos órgãos, PARDS (Síndrome do desconforto respiratório agudo pediátrico), CIVD, óbito. • Derrame pleural • Pode-se realizar toracocentese diagnóstica – avaliar características físicas, celulares e bioquímicas do líquido pleural para identificar presença, especialmente, de empiema. • Características de um empiema: • - Pus PEDIATRIA2 • - Identificação da bactéria no Gram • - Leucócitos > 15.000, predominando neutrófilos • - Gli 1000 (lesão do parênquima) • Pneumonia necrosante • Os principais agentes: Pneumococo, Staphylococcus aureus e Streptococcus pyogenes. • Abscesso pulmonar: parede espessada + nível hidroaéreo Fontes de ambas as imagens: Acervo Pessoal 3. ETIOLOGIA 3.1 Vírus: São os principais agentes → PRINCIPAL em menores de 5 anos! • Responsáveis por 90% dos casos em crianças de até 1 ano de idade e 50% nos escolares; • Dentre os vírus o principal causador é o Vírus Sincicial Respiratório (VSR); • Outros vírus: influenza, parainfluenza, adenovírus, rinovírus, metapneumovírus (causador de pneumonias com necessidade de internação hospitalar em 2023), boca vírus; • Atual: SARS-COV-2 → maior gravidade nos 7 dias de vida • Citomegalovírus: agente etiológico importante e podem demonstrar outros sinais de infecção congênita • Listeria monocytogenes é uma bactéria importante de ser lembrada nos casos de sepse precoce neonatal. • 3 semanas – 3 meses • Chlamydia trachomatis: relacionada a infecção genital materna, causando um quadro afebril, subagudo com infiltrado intersticial. • VSR: pico nos 2-7 meses: Quadro clínico de rinorreia, sibilância e apresenta sazonalidade. • Parainfluenza: semelhante ao VSR em crianças maiores. • Streptococcus pneumoniae: causa mais comum de pneumonia bacteriana. • Bordetella pertussis: pensar em quadros mais graves. →Cianose, vômitos, tosses em salvas, guincho respiratório • S. aureus: frequentemente mais grave e complicada, sendo um agente relacionado a pneumatoceles, abscesso e derrame pleural. • 4 meses – 4 anos • Vírus respiratórios: VSR, parainfluenza, influenza, adenovírus, rinovírus → ainda são a causa mais frequente nessa faixa etária • S. pneumoniae: causa mais comum de pneumonia bacteriana • H. influenzae tipo B: em desaparecimento devido ao uso da vacina. • S. aureus: ainda relacionado a doença mais grave, sendo frequente causa de complicação. • M. pneumoniae: crianças mais velhas desse grupo. • M. tuberculosis: avaliar a exposição a paciente bacilífero, se há ausência de resposta ao tratamento para os agentes comuns. • 5-15 anos • S. pneumoniae: nessa faixa etária é o agente mais importante. • M. pneumoniae: causa frequente com apresentação radiológica variável. • C. pneumoniae: crianças mais velhas e adolescentes. • M. tuberculosis: maior incidência na adolescência e na gravidez. Atenção: pacientes com HIV, lembrar de infecção por Pneumocystis jirovecci! PNEUMONIA 3 4.1 Vacinação: • SUS - PNI - Antipneumocócica 10 • Antipneumocócica 7 valente → atualizada para a 10-valente (PCV10). • Após a implantação da PCV10 na rede pública em 2010, houve aumento de colonização nasofaríngea por sorotipos de pneumococo não contidos na vacina. • Lembrar que há pneumo 23 na rede pública para situações especiais nos CRIE’s. • A vacina contra Haemophilus influenza B, implantada no Brasil em 1999, gerou grande diminuição dos casos de PAC por este agente • O H. influenzae não tipável é pouco frequente em PAC, podendo acometer imunodeprimidos 4. PREVENÇÃO 5. DIAGNÓSTICO 5.1 Anamnese detalhada e exame físico: • Nos casos de Ins. Respiratória, deve-se lembrar de diagnósticos diferenciais correlacionados com a idade, como BVA e asma • A sibilância na pneumonia não é comum → atentar para diagnósticos diferenciais! ASMA Reversível Episódios prévios de sibilância BRONQUIOLITE AGUDA Sibilância Aumento do diâmetro AP do tórax ASPIRAÇÃO CORPO ESTRANHO Sibilância uni ou bilateral; Início agudo / não reversível com medicamentos; TUBERCULOSE Linfonodomegalia pode levar à obstrução de VA nas crianças pequenas; PNEUMONIA ASPIRATIVA FIBROSE CÍSTICA No lactente, pode ser causa de tosse crônica e sibilância; PNEUMONIA VIRAL Pode causar sibilância; 5.2 Imagem – corrobora com o diagnóstico: • Radiografia de tórax: Não deve ser realizado de rotina para o diagnóstico em crianças sem sinais de gravidadee sem necessidade de internação. Realizar se: • 1. Dúvida diagnóstica – se normal, não exclui a doença; • 2. Hipoxemia; • 3. Desconforto e sinais de gravidade; • 4. Ausência de resposta ao tratamento em 48- 72h; • 5. Paciente hospitalizado → realizar PA e perfil; • Não deve ser utilizado como controle após o tratamento, a melhora clínica muitas vezes vem antes da melhora radiológica; • USG pulmonar: tem um baixo custo e não possui radiação → pouco disponível; • TC de tórax: apenas se suspeita de complicações. 5.3 Laboratório: • Hemograma e prova inflamatória; • Hemocultura; • Quadro clínico compatível é o suficiente para o diagnóstico → é possível fazer testes sorológicos para os patógenos, como Mycoplasma pneumoniae; • Pode ser realizada a investigação do líquido pleural: • Coloração de Gram • Cultura: rendimento melhor que na HMC! • Teste moleculares de identificação por PCR • Pesquisa viral em secreção respiratória sempre que possível 6. TRATAMENTO • Antibioticoterapia empírica: Amoxicilina → primeira opção para tratamento ambulatorial. 6.1 De acordo com a SBP: • Se pneumonia sem tiragem subcostal: Pode-se administrar amoxicilina oral 50mg/kg/dia duas a três vezes ao dia por 7 dias. • Pneumonia complicada = internação hospitalar: Ampicilina parenteral 150-200mg/kg/dia 8/8h ou 12/12h ou penicilina cristalina 150000-200000 UI/ kg/dia 6/6h ou 4/4h. • Abscesso ou necrose pulmonar: Cefotaxima 200mg/kg/dia 6/6h EV + clindamicina 30-40mg/ kg/dia 6 a 8/8h por 3-4 semanas (não há consenso sobre indicação de tratamento cirúrgico). • Pneumonia em 5 anos: pode-se associar macrolídeos. PEDIATRIA4 • Menores de 3 meses • Hipoxemia (