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SISTEMAS URBANOS DE ÁGUA E ESGOTOSISTEMAS URBANOS DE ÁGUA E ESGOTO
SISTEMAS DE ABASTECIMENTOSISTEMAS DE ABASTECIMENTO
DE ÁGUADE ÁGUA
Autor: Me. Fabricio Alonso Richmond Navarro
Revisor : Suely de Medeiros Onofr io Gama
IN IC IAR
introdução
Introdução
Estimado(a) aluno(a), nesta unidade estudaremos os sistemas de abastecimento de água, que fazem
possível realizar atividades de subsistência humana, como higiene pessoal e preparação de
alimentos, promovendo a saúde e a qualidade de vida das pessoas, sendo também indispensáveis
para realizar atividades comerciais e industriais. Já pensou uma cidade sem água?
As instalações dos sistemas de abastecimento de água precisam ser planejadas, projetadas,
construídas, operadas e mantidas, por isso devem ser realizadas abordagens técnicas que amparem
essas etapas.
Assim, na presente unidade estudaremos temas de grande relevância:
Conceito de “sistema de abastecimento de água” e seus componentes.
Tipos de consumo de água e fatores intervenientes.
Vazões nos componentes dos sistemas de abastecimento.
Captações super�ciais e subterrâneas.
Os sistemas de abastecimentos de água têm grande importância para as cidades e os centros de
população, pois é por meio desses serviços de saneamento que atividades que protegem a saúde
humana são garantidas, evitando a propagação de doenças, além de garantir outras atividades
essenciais para a subsistência humana, como o preparo de alimentos. Com essas atividades
nomeadas “indispensáveis” estão outras atividades econômicas, vinculadas a serviços, lazer, estética
etc., que precisam dos sistemas de abastecimento de água.
A Portaria do Ministério da Saúde (MS) nº 2.914/2011, art. 5, inciso VI de�ne o sistema de
abastecimento de água para consumo humano como: “[...] instalação composta por um conjunto de
obras civis, materiais e equipamentos, desde a zona de captação até as ligações prediais, destinada
à produção e ao fornecimento coletivo de água potável, por meio de rede de distribuição” (BRASIL,
2011).
Essa distribuição citada deve assegurar três situações: o fornecimento deve ser contínuo; nas
quantidades mínimas para atender às necessidades básicas e com a qualidade própria segundo os
padrões de potabilidade.
Partes Constituintes
Os sistemas de abastecimentos podem ser divididos em dois grandes grupos: produção e
distribuição. No primeiro grande grupo estão:
Manancial
Captação
Adutora de água bruta e de água tratada
Estação de tratamento de água (ETA)
Estações elevatórias de água bruta (EEAB) e de água tratada (EEAT)
Já no segundo grupo estão:
Reservatórios de montante e jusante
Rede de distribuição
Sistemas deSistemas de
Abastecimento de Água eAbastecimento de Água e
seus Componentesseus Componentes
A Figura 1.1 mostra um reservatório elevado, um dos poucos elementos do sistema de
abastecimento que pode ser visto nas cidades brasileiras, pois a maioria desses elementos encontra-
se fora dos centros populacionais ou está enterrada.
Figura 1.1 - Reservatório elevado
Fonte: KOMKRIT MUANGCHAN / 123RF.
Na Figura 1.2 vemos um arranjo de um sistema de abastecimento de água com os componentes
citados anteriormente. Preste atenção ao fato de que o sistema começa na captação no manancial e
termina na rede distribuidora, com a água sendo transportada e tratada em seu percurso.
Figura 1.2 - Unidades componentes de um sistema de abastecimento de água
Fonte: Heller e Pádua (2010, p. 74).
Em outras literaturas da área, podemos encontrar três divisões: produção, transporte e distribuição.
Pertencem ao transporte aquelas unidades que têm a mesma vazão de entrada e de saída, como
são as adutoras.
No entanto, não se apegue aos sistemas unicamente como os apresentamos até agora: há
elementos que obrigatoriamente são de um grupo ou de outro, e pode-se encontrar variações na
vida real. Por exemplo, a classi�cação dos reservatórios de água bruta ou das estações elevatórias
de água tratada dentro das redes de distribuição, como mostra a imagem, dependerá
principalmente de sua função.
Concepções de Sistemas de Abastecimento
Quando uma população está precisando de um sistema de abastecimento de água, ou quando seu
atual sistema não atende às necessidades reais, é necessário primeiro concebê-lo. Realiza-se um
“estudo de arranjos, sob os pontos de vista qualitativo e quantitativo, das diferentes partes de um
sistema, organizadas de modo a formarem um todo integrado, para a escolha da concepção básica”
(ABNT, 1992, p. 1) A concepção básica é a melhor solução, avaliando pontos técnicos, econômicos,
�nanceiros e sociais.
Para normalizar esse tipo de estudo, a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), na Norma
Brasileira (NBR) 12.211/1992, Estudos de concepção de sistemas públicos de abastecimento de água
(ABNT, 1992a), �xa as condições exigíveis para sua realização. Essa norma indica que devem ser
observados os seguintes pontos:
Topogra�a e características geológicas da região.
Consumidores a serem atendidos.
Determinação da demanda de água e vazões de dimensionamento.
Aproveitamento do sistema atual (quando se aplica).
Determinação da disponibilidade do recurso de água (mananciais).
Integração do novo sistema com o antigo sistema.
Viabilidade do novo sistema: construção e operação.
Comparação econômica de várias soluções ao problema.
Recomenda-se revisar periodicamente e integralmente essa norma, pois, mesmo não sendo uma
norma extensa, ela de�ne claramente todos os procedimentos e detalhes do estudo de concepção,
ponto de partida para uma obra que impactará muitas pessoas em suas atividades diárias.
Os pontos mais relevantes na concepção de um sistema de abastecimento de água e seus
componentes serão apresentados neste estudo, levando você pelo caminho da água: desde o
manancial até os lares e comércios.
praticar
Vamos Praticar
Leia o seguinte texto:
“[...] este sistema de abastecimento é formado por um conjunto de órgãos que envolvem desde as obras de
construção civil a equipamentos elétricos, eletromecânicos, de automação e controle, acessórios,
instrumentação, tendo cada órgão uma função especí�ca [...]”.
CASTRO, A. R. A. Revisão bibliográ�ca da origem das perdas de água e sua gestão de controle em redes
de distribuição . 2019. Monogra�a (Licenciatura em Engenharia Civil) – Universidade Federal do Triângulo
Mineiro, Uberaba, MG.
Com respeito ao sistema de abastecimento, um componente do subsistema de produção é:
a) Rede distribuidora.
b) Ligação predial.
c) Reservatório de jusante.
d) Captação.
e) Estação de Água de Esgoto (ETE).
Quando desejamos projetar uma parte ou todo um sistema de abastecimento de água, devemos
conhecer qual será a demanda, ou seja, qual será o consumo de água total da população, dos
comércios, das indústrias e de qualquer outra atividade que esteja dentro da área de estudo.
A ABNT-NBR 12.218/2017 de�ne consumo como a “[...] quantidade de água utilizada pelo
consumidor em um determinado período” (ABNT, 2017b, p. 3). Tal conceito traz duas unidades de
medição que vamos estudar ao longo deste material: o volume, tipicamente em litros (l) ou metros
cúbicos (m3), e o tempo, que pode ser em dias (d) ou segundos (s).
Tipos de Consumo
A ABNT-NBR 12.218/2017 (ABNT, 2017b) indica que devem ser veri�cadas as distintas ocupações de
solo que estão dentro da área a ser abastecida, considerando sua ocupação atual e possível
expansão, segundo a legislação vigente. A norma de�ne cinco categorias que correspondem aos
principais tipos de consumo. Veja no infográ�co a seguir:
Consumo de ÁguaConsumo de Água
Residencial
Consiste nas unidades residenciais, como casas,
apartamentos, etc. Dentro deste tipo de consumo
estão as atividades de limpeza, consumo, preparo de
alimentos e outros usos típicos de uma residência. O
consumo é dado por habitante em litros por dia. Por
exemplo, o consumo médio em apartamentos é de
200 litros/dia por habitante.
123rf.com
Já em outros consumos menores estão as operações da ETA e as perdasdo sistema (as conexões
ilegais).
O Quadro 1.1 mostra a relação entre a tipologia do prédio (público, residencial e comercial) e o
consumo diário por dia de água.
TIPOLOGIA DE EDIFÍCIO
COEFICIENTES DE USO (Consumos
médios diários de água)
Aeroportos 10 a 12 litros/passageiro
Bares 40 litros/m²
Cinemas 2 litros/assento
Creches 50 a 80 litros/criança
Edifício de escritórios
50 a 80 litros/empregado ou 4 a 10
litros/m²
Escolas (externato) 50 litros/aluno
Hospitais 250 litros/leito
Hotéis 250 a 350 litros/hóspede
Indústrias (para �ns higiênicos) 50 a 70 litros/operário
Lojas e estabelecimentos comerciais 6 a 10 litros/m²
Lava-rápido automático de carros 250 litros/veículo
Lavanderias 1 a 2 litros/Kg de roupa
Parques e áreas verdes 2 litros/m²
Residências 200 litros/pessoa
Restaurantes 20 a 30 litros/refeição preparada
Shopping centers 4 litros/m²
Teatros 7 litros/m² ou 5 a 10 litros/assento
Quadro 1.1 - Unidades componentes de um sistema de abastecimento de água
Fonte: Nunes (2006, p. 68).
Esses são os valores  de referência. Na literatura de saneamento em geral poderão ser encontrados
outros valores que di�ram dos apresentados. Recomenda-se sempre revisar para cada caso os
valores que melhor representem as condições reais.
Conhecendo todos os consumos, podemos calcular um valor que é muito útil para a de�nição das
nossas unidades de produção e distribuição: o consumo per capita (qpc). Heller e Pádua (2010, p.
126) de�nem o qpc com a seguinte expressão:
Essa equação refere-se ao consumo médio diário por indivíduo de uma população, considerando as
demandas domésticas, públicas, comerciais, industriais, especiais e também as perdas do sistema.
Fatores Intervenientes
Para as cinco categorias apresentadas anteriormente, as atividades públicas, comerciais, industriais
e especiais dependem principalmente da tipologia da atividade, mas o caso do consumo residencial
é mais in�uenciado por fatores externos. Heller e Pádua (2010, p. 126-127) categorizam esses
fatores nas seguintes seis classes:
I. características físicas: temperatura e umidade do ar, intensidade e frequência de
precipitações;
II. condições de renda familiar;
III. características da habitação: área do terreno, área construída do imóvel, número de
habitantes etc.;
IV. características do abastecimento de água: pressão na rede, qualidade da água etc.;
V. formas de gerenciamento do sistema: micromedição, tarifas etc.;
VI. características culturais da comunidade.
Exemplo peculiar dessa situação é o caso do café da manhã nos lares da América: no Brasil pode ser
uma pequena refeição, como café com pão, por exemplo. Contudo, em alguns países de América
Central é uma refeição maior, com arroz, feijão e ovos com café. Nota-se que a diferença de culturas
faz com que o consumo aumente devido à preparação de alimentos. O caso mais comum é o
aumento de consumo por temperatura: em lugares mais quentes costuma-se tomar mais banhos
que em lugares mais frios.
A Figura 1.3, referente ao 24º Diagnóstico dos Serviços de Água e Esgotos do Sistema Nacional de
Informações sobre Saneamento (SNIS), mostra claramente essa diferença nos consumos. O Estado
do Rio de Janeiro é o que apresenta o maior valor de consumo por condições como temperatura,
renda das famílias e altas atividades de turismo.
qpc  (litros/hab. dia) =
m dia di ria do volume anual consumido por uma dada popula o  (m3)  xé á a~
popula o abastecida  (habitantes)a~
Figura 1.3 - Consumo médio per capita 2016, 2017, 2018 segundo estado e Brasil
Fonte: Brasil (2019, p. 76).
Como estão relacionados todos os fatores intervenientes e em que quantidade as variáveis
in�uenciam os consumos per capita são questões ainda não bem-de�nidas, pois são muitas as
relações e as atividades realizadas. Além disso, há falta de medição ou medição de�ciente, o que
di�culta as pesquisas.
praticar
Vamos Praticar
A prestadora de serviços de uma cidade de 100.180 habitantes indicou que no ano de 2019 a população
consumiu um total de 5.300.525,00 metros cúbicos de água, incluindo nesse valor todos os tipos de
consumo: residencial, comercial, público etc. Qual é o consumo per capita dessa cidade?
a) Aproximadamente 145 litros/hab.dia.
b) Aproximadamente 14.522 m3/dia.
c) Aproximadamente 53 litros/hab.dia.
d) Aproximadamente 14,5 litros/hab.dia.
e) Aproximadamente 0,052 litros/hab.dia.
Para projetar os componentes do sistema de abastecimento de água é necessário conhecer o valor
de vazão crítica, que determinará os diâmetros das tubulações, e a capacidade dos reservatórios em
cada caso. Para nosso uso, a vazão pode ser de�nida como um volume ou uma massa de água que
passa em determinado ponto de medição, por unidade de tempo. Preste muita atenção às unidades
em cada caso.
Primeiro, precisamos conhecer a vazão média (Qm) do nosso sistema, de�nida pela seguinte
expressão:
Onde:
P é a população em número de habitantes.
qpc é o consumo per capita em litros entre habitantes por dia.
Atente-se a várias coisas dessa expressão: 1) Qm é um valor médio, ou seja, não é a vazão crítica ou
máxima do sistema. Assim, haverá momentos em que esse valor será superado e, em outros, será
inferior. 2) Essa expressão pode ser usada quando fazemos o planejamento do nosso sistema, já que
não projetamos para as condições atuais de funcionamento, mas para as condições de
funcionamento em horizontes de 20 a 30 anos. Assim, é comum usar essa fórmula com a população
�nal do projeto e com o qpc estimado.
Para o caso de projeções de população, existem vários métodos para estimar seu crescimento, com
dados de censos anteriores. Instituições como o Instituto Brasileiro de Geogra�a e Estatística (IBGE)
conseguem projetar esse crescimento. Caso esteja sob sua responsabilidade um sistema de
abastecimento, seja criterioso em suas considerações de crescimento de população, pois é um
campo multidisciplinar, o que explica esse tipo de fenômeno.
Variações no Consumo
Vazões deVazões de
DimensionamentoDimensionamento
Q   (litros/seg. ) =m
P   (hab. )  x qpc  (litros/hab. dia)
86400  (seg. /dia)
Como comentamos, a vazão média é uma situação �ctícia do funcionamento do sistema. Em razão
disso, são usados coe�cientes de correção de vazão ou coe�cientes de reforço para simular as
situações críticas do sistema, nas quais devem funcionar, sem problema, os diversos componentes.
O primeiro coe�ciente que vamos estudar é o coe�ciente do dia de maior consumo (k1) : a razão
entre o maior consumo diário em um ano e o consumo médio diário desse ano. O mais
recomendado é ter valores de medições em campo, pois cada população pode ter costumes
diferentes; contudo, na ausência de estudos técnicos, recomenda-se usar 1,2. Na literatura tanto
nacional quanto internacional encontra-se que k1 pode variar entre 1,08 e 4,0 (HELLER; PÁDUA,
2010).
O segundo coe�ciente é o da hora de maior consumo (k2) : a razão entre a máxima vazão
registrada em uma hora e a vazão média do dia de maior consumo. Como poderá notar, essa análise
considera uma situação mais crítica e pontual. O mais recomendado é ter valores de medições em
campo, mas, na ausência de estudos técnicos, recomenda-se usar 1,5. Na literatura tanto nacional
quanto internacional encontra-se que k2 pode variar entre 1,3 e 10,0 (HELLER; PÁDUA, 2010).
Como você poderá ver, k1 simula o dia de maior consumo sobre a vazão média, e k2 simula a maior
vazão no dia de maior consumo. Dependendo da situação, podemos usar um ou outro, ou uma
combinação de ambos.
Vazão em cada Componente do Sistema
A vazão em cada componente do sistema de abastecimento pode variar em função de como o
sistema foi concebido, principalmente no que tange à disponibilidade do recurso de água, que
dependerá do manancial (ou mananciais) utilizado. A pouca �exibilidade nesse ponto faz com que o
sistema gire em torno dele.
Em segundo lugar está o funcionamento da ETA, que nem sempre é de 24 horas. Outros elementos,
como estações de recalque, tubulações e reservatórios,geralmente acompanham os valores
de�nidos nos outros componentes. Mesmo assim, as vazões devem ser cuidadosamente de�nidas,
realizando, para isso, uma análise principalmente econômica, pois, como se trata de um sistema, a
de�nição de uma vazão pode in�uenciar o custo total do projeto.
O Quadro 1.2 mostra como podem ser consideradas as vazões em cada componente. Toma-se como
premissa que 1) o manancial tem capacidade su�ciente para suprir qualquer consumo, 2) que a ETA
tem um consumo independente e 3) que existe um consumidor singular (Qs), ou grande
consumidor. Segundo a ABNT-NBR 12.218/2017 (ABNT, 2017b), esse consumidor singular é “aquele
que apresenta um consumo signi�cativamente maior que o consumo médio especí�co adotado para
a área”.
Componente Vazão (l/s)
Captação
Estação elevatória de água bruta
(EEAB)
Adutora de água bruta
Estação de Tratamento de Água
(ETA)
Adutora de água tratada
Reservatórios
Redes de distribuição
Estação elevatória de água tratada
(EEAT)
Depende de sua localização. Tem o regime da
adutora de água tratada ou da rede de distribuição.
Quadro 1.2 - Vazão em cada componente do sistema de abastecimento
Fonte: Elaborado pelo autor.
Onde:
Qm (l/s): vazão média
Q prod (l/s): vazão de produção, relacionada ao funcionamento da ETA
Q dist (l/s): vazão de distribuição
QETA (l/s): consumo da ETA
Qs (l/s): consumo do consumidor singular
t (h): horas por dia de funcionamento da ETA
k1 e k2: coe�cientes de reforço
No Quadro 1.2, vemos a vazão nos componentes segundo seus subgrupos: produção e distribuição.
Note que a magnitude da vazão de produção vai depender das horas de funcionamento da ETA:
quanto mais horas de funcionamento, menor vai ser a vazão nos componentes de produção. Por
outro lado, a vazão de distribuição depende dos coe�cientes de reforço, que vão aumentar 1,8 vezes
(1,5x1,2) a vazão média, simulando quando o sistema tem maior demanda.
praticarV P ti
Qprod = + +Qs
Qm× k1 × 24
t
QETA
Qprod = +Qs
Qm× k1 × 24
t
Qdist = (Qm× k1 × k2) +Qs
praticarVamos Praticar
Uma cidade de 150.100 habitantes tem um consumo per capita de 180 litros/hab.dia. Além disso, há uma
fábrica que consome 5 l/s, pelo que foi considerada consumidor singular. Calcule a vazão de distribuição na
rede de abastecimento considerando k1=1,2 e k2=1,5 como coe�cientes de reforço.
a) Aproximadamente 185 l/s.
b) Aproximadamente 313 l/s.
c) Aproximadamente 568 l/s.
d) Aproximadamente 375 l/s.
e) Aproximadamente 563 l/s
A captação está de�nida na ABNT-NBR 12.213/1992 (ABNT, 1992b) como: “[...] conjunto de estruturas
e dispositivos, construídos ou montados junto a um manancial, para a retirada de água destinada a
um sistema de abastecimento”.
O tema da captação está intimamente ligado ao tema dos mananciais, pois estes de�nem o tipo e as
características da captação de águas. Por isso, é necessário que o pro�ssional que trabalha na área
de saneamento faça uma re�exão sobre a disponibilidade e a qualidade da água, e que seja
comunicada à sociedade a necessidade de proteger bacias e mananciais super�ciais e subterrâneos.
Dada a importância do manancial para a captação de águas, temas como ciclo hidrológico, balanço
hídrico, precipitações máximas, períodos de estiagem, qualidade de água, fontes de contaminação
etc. tomam grande importância nas análises e na avaliação de captações de água.
Tipos de Captação
Assim como os mananciais são divididos em dois grandes grupos, super�ciais e subterrâneos,
podemos fazer essa divisão entre os tipos de captação.
O primeiro grande grupo pode ser dividido em:
Captações sem acumulação : quando a captação é direta do corpo de água, ou utilizando
uma barragem para regularizar o nível de água. No primeiro caso, tanto a vazão como o
nível da água, em condições de seca, são su�cientes para realizar a captação. No segundo
caso, pela topogra�a, o nível de água é insu�ciente para os tubos submergidos; assim,
utiliza-se uma estrutura para elevar esse nível.
Captações com acumulação : nesse caso é preciso acumular água nos tempos de
estiagem do manancial. Constroem-se reservatórios ou lagos para uso exclusivo de
abastecimento, ou com usos múltiplos. Na Figura 1.4 mostra-se um reservatório com
grande parte de seu volume armazenado consumido. Note-se que a água já esteve em
patamares superiores.
Captação de ÁguasCaptação de Águas
Figura 1.4 - Reservatório em níveis baixos
Fonte: Liliya Sayfeeva / 123RF.
O segundo grupo pode ser dividido segundo a profundidade da captação:
Captações rasas : entre essas captações estão poço manual simples, poço raso, drenos
horizontais e barragens subterrâneas. A profundidade máxima dessas captações não
supera os 20 metros. São soluções para residências unifamiliares e pequenas populações
rurais, por exemplo. Recomenda-se sempre revisar a qualidade da água, pois ela pode ser
afetada pelas atividades super�ciais.
Captações profundas : esse tipo de captação é realizado com equipamento mais
especializado, chegando a formações geológicas a profundidades acima dos 1.000 metros
e com diâmetros de até 36 polegadas. As vazões que podem ser exploradas nesse tipo de
captação são maiores que nas rasas.
saiba mais
Saiba mais
No Brasil, a utilização das captações subterrâneas é usada
em grande escala; em algumas ocasiões, por sua boa
qualidade, pouco ou nenhum tratamento é aplicado. Esse
tipo de manancial é mais resistente à poluição que os
mananciais super�ciais, mas a ação do homem pode colocar
em risco essas fontes de água. Veja no seguinte artigo um
estudo de vulnerabilidade dos mananciais subterrâneos:
DUARTE, M. L. et al . Vulnerabilidade à contaminação das
águas subterrâneas no município de Humaitá, Amazonas,
Brasil. Rev. Ambient. Água ,  Taubaté,  v. 11, n. 2, p. 402-
413,  jun.  2016.   Disponível em:
Acesso em: 24 abr.2020.
ACESSAR
Partes Constituintes
As partes constituintes de uma captação dependerão muito do tipo de manancial e das
necessidades deste para proporcionar a vazão de produção. Tsutiya (2006) identi�ca as seguintes
partes constituintes para captações super�ciais:
Barragem, vertedouro enrocamento : “ [...] obras executadas em cursos de água,
ocupando toda a sua largura para elevar o nível de água a uma cota predeterminada, de
modo a garantir o nível mínimo de água para o bom funcionamento da captação e das
bombas” (TSUTIYA, 2006, p. 79).
Tomada de água : “[...] conjunto de dispositivos destinados a conduzir a água do
manancial para as demais partes constituintes da captação” (TSUTIYA, 2006, p. 80).
Gradeamento : sistemas para evitar materiais �utuantes, em suspensão ou grosseiros
que possam dani�car os restos de partes constituintes.
Desarenador : dispositivos para retirar a areia por meio de processos de sedimentação.
Dispositivo de controle : válvulas e comportas para o controle da vazão.
Canais e tubulações : partes para as ligações entre elementos.
Para captações subterrâneas, as partes constituintes podem variar ainda mais. Para poços
profundos, mais comuns para populações consideráveis, suas principais partes seriam:
Proteção super�cial : tampa, boca e base de proteção de qualquer contaminação.
Bomba : parte mais importante do sistema, pois eleva a água até a superfície. Localiza-se
na câmara de bombeamento.
Tubo de revestimento e pé do poço : evitam o colapso do poço.
Filtro e pré-�ltro : elementos que evitam o ingresso de elementos abrasivos.
Tubulações : partes para as ligações entre elementos.
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1980-993X2016000200402&lng=en&nrm=iso
Outras considerações para a captação de água super�cial estão estandardizadas pela ABNT-NBR
12.213/1992 – Projeto de captação de água de superfície para abastecimento público –
Procedimento (ABNT, 1992b). Para poços profundos, aplica-se a NBR 12.212/2017 – Projeto de poço
tubular profundo para captação de água subterrânea (ABNT, 2017a) e a NBR 12.244/2006 – Poço
tubular – Construção de poço tubular para captação de água subterrânea. Além dessas normas
especí�cas,devem ser aplicadas aquelas sobre materiais, procedimentos construtivos e qualquer
outra que complemente essas atividades.
praticar
Vamos Praticar
Existe uma população rural que tem a possibilidade de instalar um sistema de abastecimento de água. Para
isso, ela estuda como opção a captação por um manancial super�cial: um córrego que, no verão, �ca com
vazões altas e, no inverno, não atenderia à demanda. Qual tipo de captação você recomendaria para esse
sistema de abastecimento?
a) Poço raso.
b) Reservatório de uso exclusivo.
c) Barragem subterrânea.
d) Captação direta.
e) Barragem para regularizar o nível de água.
reflita
Re�ita
Já pensou em quanto custa um litro de água da
torneira? Acha caro ou barato? A matemática é fácil:
basta dividir a conta pelos litros consumidos no
mês. Agora que você conhece o caminho que a
água percorre, desde o manancial até a sua casa,
passando por adutoras e redes de distribuição, e
também sabe o preço do tratamento na ETA, pode
concluir que se cobra pouco por um produto que,
em muitos lugares, está em falta, não tendo nem
disponibilidade nem qualidade de consumo, como,
por exemplo, no sertão do Nordeste.
indicações
Material
Complementar
FILME
Caminho das Águas
Ano : 2015
Comentário : A concepção de um sistema de abastecimento de água
depende da disponibilidade para nossas necessidades. Se não é possível
obter os volumes demandados pela população, o sistema de
abastecimento não consegue fornecer de maneira constante seu
serviço. Por essa razão é importante conhecer os detalhes, usos e a
situação da água no mundo e no Brasil. O �lme “Caminho das águas”
dará uma perspectiva dessa situação.
Para conhecer mais sobre o �lme, acesse o link a seguir.
TRA ILER
LIVRO
Abastecimento de Água para Consumo Humano
Editora : Editora UFMG
Léo Heller e Valter Lúcio de Pádua
ISBN : 8542301854.
Comentário : O livro desenvolve, em seus dois volumes, com detalhes,
os temas abordados nesta unidade sobre os sistemas de abastecimento
de água. Os autores interagem, usando exemplos da literatura clássica e
também brasileiros.
conclusão
Conclusão
Nesta unidade revisamos os pontos de maior importância dos sistemas de abastecimento de água.
Entendemos seu conceito, seus componentes, a função deles e como interagem. Estudamos as
diferentes necessidades de uma cidade e suas principais demandas de consumo, considerando que
há fatores que in�uenciam essas demandas. Além disso, conhecemos os valores de referência.
O estudo dos consumos serviu para estimar as vazões em cada componente do sistema de
abastecimento, fundamentado nos picos de consumo e no regime de funcionamento das unidades.
Por último, aprofundamos nosso entendimento sobre um dos pontos de maior relevância do
sistema, a captação de água, que é o início do sistema, podendo ser super�cial ou subterrânea,
dependendo das características do manancial.
referências
Referências
Bibliográ�cas
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