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ISSN: 1984-7688 ARTIGO DE REVISÃO INTEGRATIVA IMPORTÂNCIA DA FISIOTERAPIA NA SAÚDE DA MULHER PARA PREVENÇÃO DE DISFUNÇÕES DO ASSOALHO PÉLVICO EM MULHERES PRATICANTES DE CROSSFIT IMPORTANCE OF PHYSIOTHERAPY IN WOMEN'S HEALTH FOR PREVENTION OF PELVIC FLOOR DYSFUNCTIONS IN WOMEN PRACTICING CROSSFIT Clara Isabely da Silva Cordeiro¹; Leonardo Silva Augusto²; Kethlin Aguilar Fagundes Nogueira³. 1. Acadêmica de Fisioterapia. Centro Universitário de Belo Horizonte – UNIBH, 2022, Belo Horizonte, MG 2. Leonardo Silva Augusto - Fisioterapia – UNIBH; Mestre Ciências da Saúde – CMMG; Doutorando em Fisiologia - UFMG; Prof. Centro Universitário UNA; Prof. centro Universitário UNI – BH; Prof. Pós Graduação Interfisio; Coordenador Fisioterapia Hospital da Baleia; Coordenador pós de Fisioterapia em Terapia Intensiva com Reabilitação Hospitalar – ISMD; Coordenador pós de Fisioterapia em traumato - ortopedia – ISMD; Coordenador pós de Fisioterapia Neurofuncional – ISMD. 3. Kethlin Aguilar Fagundes Nogueira – Graduada em Fisioterapia – UNIBH 2017; Especialista em Fisioterapia na Saúde da Mulher; Preceptora dos Estágios de Fisioterapia da Faculdade Una – 2018. Recebido em: 07/12/2022- Aprovado em: 07/12/2022 - Disponibilizado em: 12/12/2022 RESUMO: O CrossFit é uma modalidade esportiva considerada de alto impacto, possuindo treinos de levantamento de pesos e saltos. As mulheres praticantes desta modalidade podem desenvolver problemas relacionados a saúde, principalmente no assoalho pélvico, como por exemplo a incontinência urinária (IU), sendo a incontinência urinária de esforço a mais comum dentre elas. Visando os tipos de tratamento para estas disfunções, a fisioterapia na saúde da mulher é considerada padrão ouro. A mesma se concentra na prevenção e tratamento de todos os tipos de distúrbios funcionais da região abdominal, pélvica e lombar em mulheres. Este estudo teve como objetivo identificar a importância da Fisioterapia na saúde da mulher para a prevenção de disfunções do assoalho pélvico para mulheres praticantes de CrossFit. O desenho deste estudo foi uma revisão integrativa da literatura. A seleção dos artigos foi realizada pelas bases de dados PEdro, PubMed e Scielo. A estratégia de busca utilizada foi: (i) Pelvic Floor Dysfunctions and CrossFit‘; (ii) Pelvic Floor and CrossFit'; (iii) Urinary Incontinence and CrossFit; (4) Women practicing CrossFit; (5) Prolapse in women practicing CrossFi'. O intervalo da pesquisa se deu entre os 2 anos de 2018 e 2022. Após o processo de inclusão e exclusão, foram incluídos 4 artigos para revisão. Todos os artigos selecionados para o estudo foram de método transversal, baseados em questionário online. Como resultados, relataram que mulheres praticantes de Crossfit tem alta incidência em adquirir disfunções no assoalho pélvico, devido aos treinos de alto impacto. Os estudos concluíram que as disfunções do assoalho pélvico mais frequentemente encontradas entre as mulheres praticantes de CrossFit são a IU, com ênfase na IUE, a IA, e o aumento da pressão intra-abdominal. Não devemos descartar a possibilidade de realizar esse tipo de treinamento, mas é necessário conscientizar as praticantes que já possuem alguma destas disfunções que elas devem buscar atendimento fisioterapêutico. A Fisioterapia na saúde da mulher é considerada tratamento padrão ouro para as disfunções relatadas. Para as praticantes que não possuem nenhum tipo de queixa, devemos orientar que comece a prefinir futuras disfunções. É fundamental a realização de novos estudos, de forma presencial, em que seja realizada uma avaliação específica do assoalho pélvico. Para a redução significativa dessas disfunções, não somente das mulheres aqui entrevistadas, mas também como forma de conscientização sobre a importância de cuidar e prevenir essas anormalidades. PALAVRAS-CHAVE: CrossFit, Fisioterapia, assoalho pélvico, disfunções de assoalho pélvico, mulheres praticantes de Crossfit, Incontinência urinária e CrossFit e Prolapso em mulheres praticantes de CrossFit. SUMMARY: CrossFit is a sport considered high impact, with weight lifting and jumping workouts. Women who practice this sport may develop health-related problems, especially in the pelvic floor, such as urinary incontinence (UI), being stress urinary incontinence the most common among them. Aiming at the types of treatment for these dysfunctions, physiotherapy in women's health is considered the gold standard. It focuses on the prevention and treatment of all types of functional disorders of the abdominal, pelvic and lumbar region in women. This study aimed to identify the importance of Physical Therapy in women's health as prevention of pelvic floor dysfunctions for women practitioners of CrossFit. The design of this study was an integrative literature review. Articles were selected using the PEdro, PubMed and Scielo databases. The search strategy used was: (i) Pelvic Floor Dysfunctions and CrossFit'; (ii) Pelvic Floor and CrossFit; (iii) Urinary Incontinence and CrossFit; (4) Women practicing CrossFit'; (5) Prolapse in women practicing CrossFit. The research interval was between the years 2018 and 2022. After the inclusion and exclusion process, 4 articles were included for review. All articles selected for the study were cross-sectional method articles based on online questionnaire. As results, the articles reported that women practitioners of Crossfit have high incidence in acquiring pelvic floor dysfunctions, due to the high-impact workouts. The studies reported that the pelvic floor dysfunctions most frequently found among women who practice CrossFit are UI, with emphasis on SUI, AI, and increased intra-abdominal pressure. We should not rule out the possibility of performing this type of training. But we must make practitioners who already have some of these dysfunctions aware that they should seek physical therapy. Since physical therapy in women's health is considered the gold standard treatment for the dysfunctions reported. And for those practitioners who have no complaints, we must guide them to begin to predict future dysfunctions. It is essential to conduct new studies, in person, in which a specific evaluation of the pelvic floor is performed. For the significant reduction of these dysfunctions, not only in the women interviewed here, but also as a form of awareness about the importance of caring for and preventing these abnormalities. 3 KEYWORDS: CrossFit, Physiotherapy, pelvic floor, pelvic floor dysfunctions, women practicing Crossfit, Urinary Incontinence and CrossFit and Prolapse in CrossFit women. 1. INTRODUÇÃO O CrossFit é uma modalidade esportiva, de alta intensidade, que gera alto gasto calórico e tem a capacidade de utilizar diversos tipos de treinamentos dentro de uma só modalidade. Surgiu nos Estados Unidos pelo treinador Greg Glassman, no ano de 1980, com o intuito de melhorar o condicionamento físico dos soldados das Forças Armadas Americanas (Silva,Thayná et al., 2020). Esta modalidade esportiva está localizada em mais de 142 países em todos os 7 continentes, totalizando, atualmente, mais de 14.000 afiliados (Dominski,Fábio – Serafm,Thiago – Siqueira,Thais – Andrade, Alexandre et al., 2021). No Brasil, o número de afiliados ultrapassa 1.055, considerando os praticantes do CrossFit. Uma vez que o Crossfit é uma modalidade crescente entre as mulheres e é considerada uma atividade de alto impacto, possuindo treinos de levantamento de pesos e saltos, como por exemplo o double under (pulo com giro duplo de corda) e box jump (salto na caixa), as praticantes podem desenvolver problemas relacionados a saúde, como por exemplo a incontinência urinária (IU), sendo a incontinência urinária de esforço a mais comum, isto devido ao grande impacto que se dá no assoalho pélvico ao praticar os exercícios de pulos ea alta quantidade de peso a ser carregada para execução dos exercícios (Elks,Whitney - Huff,Ashley – Murder, Lauren - Petersen, Timothy – Komesu,Yuko et al., 2020). A IU é uma disfunção do assoalho pélvico (DAP) frequente entre as mulheres praticantes desta modalidade. De acordo com o estudo de Elks,Whitney - Huff,Ashley – Murder, Lauren - Petersen, Timothy – Komesu,Yuko et al., 2020 que comparou a presença da IU em mulheres praticantes do CrossFit e de não praticantes, 80% das mulheres do grupo de praticantes relataram IU de moderada a severa e no grupo de não praticantes este número foi menor que 50%. Outro problema que pode ser desenvolvido pelas mulheres que praticam o CrossFit regularmente é o aumento da pressão intra- abdominal. Este é um estado patológico causado pelo aumento sustentado de pressão na cavidade peritoneal, que pode levar à disfunção tanto dos órgãos abdominais quanto dos extra-abdominais. (Gephart,Laura – Doersch,Karen - Reyes, Michelle - Kuehl,Thomas - Danford,Jill et al., 2018). Devido aos impactos que a prática do CrossFit pode gerar na saúde das mulheres, a fisioterapia focada para esta situação é uma grande aliada. A fisioterapia pélvica se concentra na prevenção e tratamento de todos os tipos de distúrbios funcionais da região abdominal, pélvica e lombar em mulheres. O fisioterapeuta pélvico pode realizar o diagnóstico da condição do paciente, promover a educação levando informações, realizar o treinamento muscular do assoalho pélvico (TMAP), o treinamento vesical (TV), estimulação elétrica, biofeedback, treinamento de https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/?term=Elks%2BW&cauthor_id=31990796 https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/?term=Jaramillo-Huff%2BA&cauthor_id=31990796 https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/?term=Petersen%2BTR&cauthor_id=31990796 https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/?term=Komesu%2BYM&cauthor_id=31990796 https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/?term=Elks%2BW&cauthor_id=31990796 https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/?term=Jaramillo-Huff%2BA&cauthor_id=31990796 https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/?term=Petersen%2BTR&cauthor_id=31990796 https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/?term=Komesu%2BYM&cauthor_id=31990796 balão retal, entre outros (Berghmans, Bary et al., 2006). Para pacientes com IU, a fisioterapia é geralmente considerada o tratamento de primeira linha, devido ao seu caráter não invasivo (Berghmans, Bary et al., 2006). Diante deste cenário, objetivou-se identificar artigos (Tabela 1), publicados nos últimos 6 anos, em língua inglesa e portuguesa. Desse total de citações, foram selecionados 06 (seis) artigos originais (Tabela 2). Tabela I - Estratégias de busca Pedro - Pubmed – sCielo. através de uma revisão integrativa da literatura, a importância da Fisioterapia na saúde da mulher como prevenção de disfunções do assoalho pélvico para mulheres praticantes de CrossFit. 2 . METODOLOGIA O delineamento desse estudo foi uma revisão integrativa da literatura, sobre a importância da fisioterapia na saúde da mulher para prevenção de disfunções do assoalho pélvico em mulheres praticantes de CrossFit. A seleção dos estudos foi realizada através da análise de artigos que se enquadravam aos critérios de inclusão, descritos a seguir. As buscas foram realizadas a partir das bases de dados PEdro, PubMed e Scielo, por meio das palavras chaves encontradas nos Descritores em Saúde (DECS) cadastrados na Biblioteca Virtual de Saúde (BVS): CrossFit, Fisioterapia, assoalho pélvico, disfunções de assoalho pélvico, mulheres praticantes de Crossfit, Incontinência urinária e CrossFit e Prolapso em mulheres praticantes de CrossFit, e suas traduções em inglês. Os termos pesquisados pelas palavras em inglês foram: (i) “Pelvic Floor Dysfunctions and CrossFit”'‘; (ii) “Pelvic Floor and CrossFit ''; (iii) “Urinary Incontinence and CrossFit ''; (4) “Women practicing CrossFit''; (5) “Prolapse in women practicing CrossFit '' . A busca resultou em 53 Os critérios de inclusão estabelecidos para este estudo foram: Textos na íntegra, artigos publicados em inglês e português e artigos que se tratavam de mulheres praticantes de CrossFit. Foram excluídos os artigos em que se tratavam de ESTRATÉGI A DE BUSCA PEdro PUB MED SCIE LO EXCLU ÍDOS PELO TÍTULO EXCLUÍD OS PELA LEITURA NA ÍNTEGR A “Pelvic Floor Dysfunction s AND CrossFit” 0 0 0 0 0 “Pelvic Floor AND CrossFit” 0 0 0 0 0 “Urinary Incontinence AND CrossFit " 0 19 02 10 08 “Women practicing CrossFit” 0 06 02 03 03 “Prolapse in women practicing CrossFit” 0 01 0 01 0 TOTAL 0 26 04 14 10 outras modalidades esportivas além do CrossFit ou que se tratavam de lesões não relacionadas às disfunções do assoalho pélvico, artigos duplicados, artigos de revisão e artigos pagos. O intervalo da pesquisa se deu entre os anos de 2018 e 2022. Durante as buscas, não foram identificados estudos que apresentassem duplicidade entre as bases. Assim, foi realizada uma análise por título, seguida por análise do resumo, onde foi necessária a exclusão de alguns estudos. Os estudos selecionados foram lidos na íntegra e incluídos na revisão seguindo os critérios de inclusão e exclusão. Os resultados das buscas estão representados no fluxograma abaixo (Figura 1): Tabela 2 – Relação de artigos levantados pela revisão bibliográfica. ARTIGO E REFERÊNCI A MÉTODOS UTILIZADOS NO ARTIGO SELECIONAD O PROBLEMAS ENCONTRADO S SOLUÇÃO PARA O PROBLEMA ELKS Transversal Comparação Relata a et al.(2020) em pesquisa da maior online. prevalência prevalência de IU em e gravidade mulheres de IU em praticantes e mulheres não praticantes praticantes de de CrossFit. participantes do CrossFit relatam incontinência urinária (IU), e que a IUE vem sendo uma preocupação maior em mulheres praticantes de crossfit. Através destes dados, o objetivo do estudo, realizado por meio de metodologia transversal, em formato de questionário online, foi de comparar a prevalência e a gravidade da IU em mulheres praticantes de CrossFit e mulheres que participam de aulas de ginástica (não Crossfit). Ao todo, foram 423 mulheres, sendo 322 no grupo de praticantes de CrossFit e 101 no grupo de não participantes de CrossFit. Foi observado que as medianas de ambos os grupos estavam na quarta década de vida. 3 . RESULTADOS E DISCUSSÃO Dos quatro artigos selecionados na amostra, Segundo os autores, não foram encontradas diferenças significativas no Índice de Massa Corporal (IMC), paridade, comorbidades, estado menopausal, tabagismo, uso de Terapia de Reposição Hormonal (TRH) e uso de medicação para Incontinência Urinária de Urgência (IUU). Tendo em conta o resultado das entrevistas, foi observado que o parto vaginal aumentou o risco de IU em ambos os grupos. Entre as mulheres praticantes de CrossFit e as não praticantes, altas taxas de IUE foram detectadas nas praticantes ao levantar peso, bem como se obteve um alto índice de perda ao pular corda e ao levantar peso entre 101 e 200lb. todos são estudos transversais, denotando a preferência por essa estratégia de pesquisa nos estudos relacionados a disfunções do assoalho pélvico, com ênfase na incontinência urinária de esforço (IUE), e fisioterapia na saúde da mulher. Elks et al., (2020), afirmam que, de acordo com estudos realizados, mais de 80% das No grupo de praticantes, 89% das mulheres procuraram algo para solucionar este problema, sendo o uso de absorvente, aparelhos físicos ou exercícios para o assoalho pélvico. Já no grupo das não praticantes de CrossFit, elas relataram não realizar nada para solucionar a perda de urina. Foi concluído que as mulheres praticantes CrossFit. PISANI etal. (2020) Estudo Transversal em pesquisa online. Ocorrência de disfunções do assoalho pélvico em praticantes de CrossFit. Relata que a IA foi a disfunção de maior prevalência. LOPES et al. (2020) Estudo Transversal em pesquisa online. Verificar a frequência de IU em mulheres praticantes de CrossFit. Relata que a frequência de IU em atletas do sexo feminino foi de 20%. ARAUJO et Estudo Comparação Relata que al. (2020) Transversal da a em pesquisa prevalência quarentena online. de IU antes e melhorou a durante a IU em quarentena de praticantes COVID-19 em de CrossFit mulheres devido à praticantes de diminuição CrossFit. da intensidade dos treinamento s. de CrossFit tem maior prevalência e gravidade de IU em comparação com as que não participam das aulas. Tendo em vista uma preocupação no futuro em relação ao desenvolvimento de disfunções no assoalho pélvico, levando a necessidade de ir em busca de Fisioterapia na saúde da mulher, e/ou de realização de cirurgias para correção da IU. No estudo realizado por Pisani et al., (2020), utilizando o método transversal, foi aplicado um questionário online composto por 30 questões, para mulheres praticantes de crossfit. O objetivo foi de investigar a presença de sintomas de IA (flatos e fezes), IU, disfunções sexuais (dispareunia e vaginismo) e sintomas de Prolapso dos Orgãos Pélvicos (POP), bem como os fatores associados a estas disfunções. O estudo foi efetuado com 828 mulheres e os resultados apontaram que a IA foi a disfunção mais prevalente, sendo relatado por 52,7% das participantes. Já a IU acometeu 36% das mulheres, e dentre elas, a mais relatada foi a IUE (88,2%), a dispareumia por 48,7%, o vaginismo 2,5%, e POP 1,4% das atletas. Com base nesses resultados é visto o quão é importante o desenvolvimento de estudos nesta temática, de forma a realizar uma avaliação física no assoalho pélvico, uma vez que pesquisas online podem não refletir totalmente a realidade, por se tratarem de auto relato. Além disso, os autores relatam que sintomas sexuais como dispareunia e vaginismo ainda não foram estudados, o que demonstra a necessidade da realização de pesquisas futuras para obter novos resultados. No estudo de LOPES et al., (2020) também foi estudado a relação entre a frequência de IU e a prática do CrossFit, em que 50 mulheres, entre 18 e 35 anos, praticantes de CrossFit há no mínimo seis meses, treinando pelo menos três vezes na semana, foram submetidas a uma entrevista online, elaborada pelo pesquisador, contendo informações sociodemográficas, métricas e esportivas, além de dados antropológicos relativos à presença de constipação intestinal e histórico de IU. Ao concluir os resultados deste estudo, LOPES et al. (2020), observaram que a frequência de IU foi igual a 20% do total da amostra, sendo que 80% das perdas urinárias observadas, foram por esforço. Porém, foi salientado que seis meses não seria um tempo suficiente para o surgimento da IU. Desta forma, assim como relatado por Elks et al., (2020), conclui-se que a prática do CrossFit pode ter alta relação com o desenvolvimento de IU, principalmente IUE, demonstrando a importância dos estudos que fazem esta ligação, uma vez que está relacionado com a qualidade de vida das mulheres praticantes deste esporte que vem crescendo a cada dia. Os estudos relatados acima, foram realizados de forma online por questionário, por meio de auto relato, podendo ter alteração de resultados. Sendo assim, ambos os estudos denotam a importância da avaliação, e da realização de testes, junto ao questionãrio realizado por um fisioterapeuta na área da saúde da mulher para obter resultados mais eficazes. Araujo et. al. (2020) realizaram um estudo transversal, composto por 197 mulheres praticantes de CrossFit, com o objetivo de comparar a prevalência de incontinência urinária antes e durante a quarentena de COVID-19 em mulheres praticantes de CrossFit e sua relação com o nível de treinamento. A intervenção foi realizada após a quarentena do Brasil, por meio de um questionário online composto por perguntas relacionadas a vida pessoal, variáveis relacionadas ao treinamento de CrossFit e ao COVID-19 e sobre IU. A intervenção contou com dois grupos: o de inclusão, que foi composto por mulheres nulíparas, entre 18 e 45 anos, que tivessem treinado antes da quarentena em academias credenciadas, e seguindo os protocolos da pandemia, além de praticar a modalidade 3x na semana. E o grupo de exclusão, que teve como critério não seguir os protocolos da COVID-19 e ter IU em outras ocasiões que não seja o esporte. Após a intervenção, foi identificado uma redução de 64% no treinamento de CrossFit durante a quarentena. E com base neste dado, obteve-se uma redução de 18% da IU durante este período. Devido ao COVID-19, as participantes tiveram que mudar o estilo de vida, mudando assim a maneira de praticar a atividade física, tendo em vista que as academias de CrossFit estiveram fechadas devido ao isolamento social, assim, praticando os exercícios com o peso corporal em casa. Com isso, o estudo relata que a redução da IU durante o exercício após o início da quarentena foi estatisticamente significante, e os motivos apontados pelos entrevistadores foram a interrupção do exercício em dupla e a redução da intensidade do treino. Foi concluído que a interrupção da prática de CrossFit na quarentena, agiu indiretamente de maneira positiva e protetora, reduzindo a incidência de IU. 4 . CONCLUSÃO De acordo com a análise dos estudos incluídos nesta revisão, a IU, com ênfase na IUE, a IA, e o aumento da pressão intra-abdominal são disfunções recorrentes em mulheres praticantes de CrossFit. Não obstante, foi observado que são necessárias as práticas fisioterapêuticas na área da saúde da mulher dentro dos box de CrossFit para a prevenção e tratamento da musculatura do assoalho pélvico (MAP), tendo em vista que, não necessariamente devemos excluir a possibilidade de praticar esse tipo de modalidade, e sim, que mulheres praticantes que já possuem alguma destas disfunções devem buscar atendimento fisioterapêutico, uma vez que a Fisioterapia é considerada tratamento padrão ouro para as disfunções relatadas. Além disso, as praticantes que não possuem nenhum tipo de queixa devem começar a prevenir disfunções futuras. Todos os estudos incluídos nesta revisão, foram realizados por meio de questionário online, o que foi necessário, devido ao fato de todos eles terem sido conduzidos durante a pandemia de COVID- 19. Sendo assim, necessário a realização de novos estudos, de forma presencial, onde seja realizada uma avaliação específica do assoalho pélvico, de forma a reduzir o viés de auto-relato das mulheres entrevistadas. 5 . REFERÊNCIA 1- Artigo – Ideário – Revista Científica do INSTITUTO IDEIA – Crossift: O grande vilão das lesões esportivas? Uma revisão bibliográfica – Thayna Najila Macedo e Silva. 2- High R, Thai K, Virani H, Kuehl T, Danford J. Prevalence of Pelvic Floor Disorders in Female CrossFit Athletes. Female Pelvic Med Reconstr Surg. 2020 Aug;26(8):498- 502 doi: 10.1097/SPV.0000000000000776. PMID: 31498240. 3- Elks W, Jaramillo-Huff A, Barnes KL, Petersen TR, Komesu YM. The Stress Urinary Incontinence in CrossFit (SUCCeSS) Study. Female Pelvic Med Reconstr Surg. 2020 Feb;26(2):101-106. doi: 10.1097/SPV.0000000000000815. PMID: 31990796. 4- Berghmans B. El papel del fisioterapeuta pélvico [The role of the pelvic physical therapist]. Actas Urol Esp. 2006 Feb;30(2):110-22. 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Prevalence of Urinary Incontinence in CrossFit Practitioners before and during the COVID-19 Quarantine and its Relationship with Training Level: An Observational Study. Rev Bras Ginecol Obstet. 2021 Nov;43(11):847-852. English. doi: 10.1055/s-0041-1739463. Epub 2021 Dec 6. PMID: 34872143. Clara Isabely da Silva Cordeiro¹; Leonardo Silva Augusto²; Kethlin Aguilar Fagundes Nogueira³. 2 3 1. Introdução 4 . Conclusão 5 . Referência