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2 CENTRO UNIVERSITÁRIO PLANALTO DO DISTRITO FEDERAL - UNIPLAN CURSO SUPERIOR DE LICENCIATURA EM PEDAGOGIA RELAÇÃO FAMÍLIA-ESCOLA: LIMITES E POSSIBILIDADES CINTYA GRACIELE ASSUNÇÃO DE SOUZA - UL 22110973 LIVIANE DOS SANTOS OLIVEIRA - UL 22115168 MARIA CRISTINA SOARES MACHADO - UL 22107457 RAYSSA MAYARA MACEDO DE LIMA – UL 22107461 MARITUBA – PA 2024 CINTYA GRACIELE ASSUNÇÃO DE SOUZA - UL 22110973 LIVIANE DOS SANTOS OLIVEIRA - UL 22115168 MARIA CRISTINA SOARES MACHADO - UL 22107457 RAYSSA MAYARA MACEDO DE LIMA - UL22107461 RELAÇÃO FAMÍLIA-ESCOLA: LIMITES E POSSIBILIDADES Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Licenciatura em Pedagogia, do Centro Universitário Planalto do Distrito Federal – UNIPLAN, como requisito parcial para a obtenção do título de pedagogo. Orientador (a): Prof. Elma Fernandes de Oliveira. MARITUBA – PA 2024 CIP - Catalogação na Publicação Relação Família-Escola: Limites e Possibilidades / Cintya Graciele Assunção de Souza...[et al.]. - 2024. 45 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação) apresentado ao Instituto de Ciência Humanas do Centro Universitário Planalto do Distrito Federal - UNIPLAN, Marituba, 2024. Área de Concentração: Ciências da Educação. Orientadora: Prof: Elma Fernandes de Oliiveira. 1. Família. 2. Escolas. 3. Ensino. I. Souza, Cintya. II. Oiliveira, Elma. Elaborada pelo Sistema de Geração Automática de Ficha Catalográfica da Centro Universitário Planalto do Distrito Federal - UNIPLAN com os dados fornecidos pelo(a) autor(a). ATA DE APRESENTAÇÃO DA DEFESA DO TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO Aprovação: Coordenação Acadêmica UNIPLAN UNIDADE: ALBERT EINSTEIN – MARITUBA/PA CURSO: LICENCIATURA EM PEDAGOGIA DATA: 13/08/2024 DATA DE ENTREGA DO TRABALHO: 29/11/2024 TÍTULO DO TCC: RELAÇÃO FAMÍLIA-ESCOLA: LIMITES E POSSIBILIDADES NOME MATRÍCULA NI NC NOTA GERAL 1. CINTYA GRACIELE ASSUNÇÃO DE SOUZA UL - 22110973 2. LIVIANE DOS SANTOS OLIVEIRA UL - 22115168 3. MARIA CRISTINA SOARES MACHADO UL - 22107457 4. RAYSSA MAYARA MACEDO DE LIMA UL - 22107461 OBSERVAÇÕES: ________________________________________________ Prof.ª Elma Fernandes de Oliveira Orientador ________________________________________________ Prof. Convidado (a) ______________________________________________ Prof. Convidado (a) ________________________________________________ Prof. Convidado (a) AGRADECIMENTOS Agradeço à minha família por ser meu alicerce em todos os momentos, oferecendo amor, compreensão e incentivo quando mais precisei. Aos meus amigos pela força, pelas palavras de motivação e por acreditarem no meu potencial, mesmo quando eu mesma duvidava. À equipe da faculdade, professores, orientadores e às meninas Livi, Rayssa, Cris, deixo minha gratidão por compartilharem conhecimentos, experiências e por guiarem esse percurso acadêmico com paciência e dedicação. Vocês foram fundamentais para que eu crescesse como profissional e como pessoa. A todos que direta ou indiretamente, contribuíram para realização deste trabalho. Cada gesto de apoio e incentivo foi essencial para que este momento se tornasse realidade. Cintya Graciele Assunção de Souza. Agradeço imensamente a todos que contribuíram para a realização deste trabalho. Sou grata por cada pessoa que me apoiou durante esta jornada acadêmica. Agradeço, principalmente, pela oportunidade de aprender e crescer. A todos que acreditaram no nosso potencial. Aos meus familiares, pelo incentivo, amor e apoio constante. Aos professores, por suas lições valiosas. A todos que contribuíram para esta pesquisa. Este trabalho é fruto do esforço coletivo; agradeço a cada um. Liviane dos Santos Oliveira. Meus agradecimentos ao meu marido, Paulo Machado Silva, pela força e por acreditar em mim em todos os momentos. Aos professores que, com atenção e carinho, nos proporcionaram vivências significativas, para além do conteúdo, mas experiências para vida profissional e pessoal. Maria Cristina Soares Machado. Agradeço imensamente ao meu ex-marido pela ajuda financeira com as mensalidades e o transporte, contribuindo significantemente para a conclusão do meu curso. À toda a minha equipe que esteve comigo desde início dessa jornada, me apoiando e incentivando em vários momentos da vida acadêmica. Rayssa Mayara Macedo de Lima Chegar até aqui foi um desafio repleto de aprendizados, superações e momentos marcantes, e essa conquista não seria possível sem o apoio dessas pessoas tão especiais em nossas vidas. Muito obrigada! RESUMO A presente monografia deslindar-se-á por intermédio de uma revisão bibliográfica de artigos e trabalhos científicos acerca da importância da participação da família na escola, de modo efetivo, visando o processo de educação, proporcionando um ensino/aprendizagem de excelência. É de propriedade desse assunto que esse trabalho se apropria da seguinte da indagação: qual é o impacto da participação das famílias no processo de ensino-aprendizagem, na permanência dos alunos na escola e na criação de uma instituição educacional mais democrática e inclusiva? Afim de estabelecer respostas pontuais para a problemática traçada, esse trabalho deteve-se em assumir como objetivo geral de pesquisa: analisar e compreender os limites e as possibilidades na relação colaborativa entre família e escola, focando na relevância da participação familiar no ambiente escolar como um recurso no processo de ensino-aprendizagem. Ainda como modo de sedimentar o objetivo geral e assegurar a sua elaboração, enquanto fator de solução, este trabalho apresentou os seguintes objetivos específicos investigar a importância da participação dos pais para o êxito dos filhos, compreender a colaboração entre família e escola como um direito e um suporte social, incentivar a participação dos genitores no processo de ensino-aprendizagem e examinar as dificuldades encontradas nessa interação entre família e escola. Sob a perspectiva científica, o objetivo é apresentar dados sobre os efeitos benéficos da colaboração entre família e escola no processo de ensino e aprendizagem, a inclusão ativa dos familiares que contribui para a construção da confiança na criança, o que leva a uma melhoria não só na qualidade do aprendizado, mas também na sua qualidade de vida. No que diz respeito ao âmbito profissional e social, a efetivação desse trabalho fundamenta-se na relevância de reconhecer essa parceria na sociedade, atuando como um meio para estimular a participação dos pais ou responsáveis no ambiente escolar. Palavras-chave: Família. Escola. Educação. Ensino/aprendizagem. Participação. Limites. Possibilidades. ABSTRACT This monograph will be revealed through a bibliographical review of articles and scientific works about the importance of family participation in school, effectively, aiming at the education process, providing excellent teaching/learning. It is in line with this subject that this work addresses the following question: what is the impact of family participation in the teaching-learning process, on students' retention at school and on the creation of a more democratic and inclusive educational institution? In order to establish specific responses to the problem outlined, this work focused on assuming as a general research objective: to analyze and understand the limits and possibilities in the collaborative relationship between family and school, focusing on the relevance of family participation in the school environment as a resource in the teaching-learning process. Still as a way of establishing the general objective and ensuring its elaboration, as a solution factor, this work presented the following specific objectives: investigate the importance of parental participation for the success of their children, understand collaboration between family and school as a right and social support, encourage the participation of parents in the teaching-learning process andencontrados na pesquisa sempre apontam para uma mesma direção: a aproximação da família como ponto central para a resolução e prevenção de diversos problemas educacionais. Porém, estudos constatam a falta de fator fundamental, uma formação de professores voltada para a parceria com família. De acordo com os estudos de Teixeira e Marin (2021) poucos são os professores que têm uma formação inicial que contenha conteúdos sobre o desenvolvimento e manutenção de programas de parceria com a família, o que dificulta o envolvimento do professor em movimentos em prol dessa aproximação. “É fato que as práticas pedagógicas dos professores precisam ser redimensionadas urgentemente contextualizando com a rotina dos alunos, abrangendo os conhecimentos culturais, sociais, históricos e afetivos presentes nas relações cotidianas dos alunos.” (MORAES; SANTOS, 2021, s/p). Há, portanto, a necessidade de preparação específica que embase e oriente as práticas pedagógicas. Também não há clareza sobre os modos que essa aproximação pode se dar no ambiente escolar ou de que maneiras a família pode auxiliar e participar ativamente da vida escolar dos seus filhos. Essa clareza poderia ser alcançada se houvessem formações para os professores que tratassem do tema e das possíveis práticas. No entanto, “ainda não há um panorama consistente de pesquisas sobre o tema. Salienta-se que quando a escola possui programas de parceria bem desenvolvidos, os pais se fazem mais presentes na vida escolar [...]”. (TEIXEIRA; MARIN, 2021, p.27) Outro ponto de entrave nas relações família-escola foi apontado Teixeira e Marin (2021). Respondendo acerca das dificuldades que os professores enfrentam na tentativa por aproximação maior diálogo com a família, um dos professores entrevistados respondeu: Como todo mundo tem seu horário de trabalho fica muito difícil de os pais se inserirem naquele horário que o professor está disponível. Então, eu acho que poderíamos ter mais reuniões de pais do que a gente já tem agendado porque, às vezes, você precisa conversar com eles e as reuniões são mais gerais, mas os pais querem falar especialmente de seus filhos. No horário de planejamento não conseguimos agendar todos os pais que a gente precisa e aqueles que gostariam porque depende de agendas de fora também. Isso deixa mais difícil, mas se a gente conseguisse mais horários disponíveis ou reuniões específicas para grupos de pais, talvez seria melhor. (P. I.) (TEIXEIRA; MARIN, 2021, p.27) De acordo com o professor a dificuldade consiste em disponibilidade de ambas as partes, pois nem sempre os horários coincidem. Uma possível solução apresentada pelo professor seria a disponibilização de mais horários para o encontro com os pais, ou mais reuniões com grupos específicos de pais. No entanto, as pesquisas até aqui apontam para uma constância necessária, para o envolvimento de modo menos formal com uma reunião. Souza (2009) há a necessidade de uma comunicação constante, por meios corretos e mensagens adequadas à cada situação e necessidade. Isso poderia garantir um grau de intimidade com a escola e sua dinâmica pedagógica. Desse modo, reduziria também os problemas com relação à disponibilidade de horários apresentada pelo professor em Teixeira e Marin (2021, p. 27) e despertem sentimentos de valorização nos pais e responsáveis, alcançando os resultados descritos por Souza (2009): Socializar conhecimentos, manter os pais informados sobre vários assuntos, mas principalmente sobre a educação. Criar um ambiente simples e interativo foi um estímulo para os pais, que aos poucos foram deixando a timidez de lado e expressando suas opiniões e colocando seus problemas. Os alunos por sua vez, se sentiram mais seguros e confiantes ao perceberem o estreitamento da relação entre a escola e suas famílias. Isso não quer dizer que todo o problema do fraco desempenho escolar tenha sido erradicado, mas foi em grande parte solucionado. (SOUZA, 2009, p. 21) O projeto da autora garantiu resultados bastante positivos no que se refere a aproximação dos pais e engajamento, constatando e demonstrando na prática que, por consequência dessa maior interação, foi possível alcançar melhores resultados no desenvolvimento e desempenho dos alunos matriculados numa turma de 5º ano, na escola escolhida. Compreender como as interações familiares impactam o rendimento escolar é crucial para desenvolver estratégias eficazes de apoio aos estudantes e promover um ambiente de aprendizagem mais favorável. Ao desvendar os mecanismos que conectam a vida familiar ao desempenho escolar, podemos identificar oportunidades para fortalecer os laços familiares e, consequentemente, otimizar o processo de ensino e aprendizagem. CAPÍTULO II – METODOLOGIA 2.1 Enfoque teórico metodológico e o contexto da investigação A importância de desenvolver uma interação dentro da própria escola e o desejo de aproximá-la da família visa criar um ambiente onde se possa “... planejar e firmar compromissos e acordos mínimos que ajudem a superar o bloqueio gerado nessa situação” (Bassedas, 1996, p.35). Trata-se de estabelecer uma colaboração que fortaleça a contribuição da família para o desempenho escolar das crianças e o papel da escola na formação de indivíduos autônomos, tanto em termos morais quanto intelectuais. De acordo com a perspectiva piagetiana, a relação entre escola e família deve ser fundamentada no respeito mútuo, o que implica alinhar as funções de pais e educadores. Isso permitirá que os pais se sintam à vontade para compartilhar suas opiniões, escutar os professores sem temor de avaliações ou críticas, promovendo uma troca de ideias enriquecedora. Essa colaboração envolve a disposição de se colocar na perspectiva do próximo, e não apenas como uma simples troca de benefícios, mas “(...) a cooperação, no seu sentido mais prodigioso: o de supor afetos, permitir as escolhas, os desejos, o desenvolvimento moral como construção dos próprios sujeitos, um trabalho constante com estruturas lógicas e as relações de confiança”. (Tognhetta, 2002, p.98). Uma pesquisa feita pelo Movimento Todos pela Educação, publicada no dia 06/11/2014, declara que: 19% dos pais de estudantes são considerados distantes do ambiente escolar e da própria relação com os filhos. No outro extremo, 12% dos pais sãos comprometidos, ou seja, acompanham o desempenho dos filhos na escola, comparecem às atividades escolares e têm relação próxima com crianças e jovens. É extremamente importante entender que as duas dimensões precisam estar em equilíbrio, interligadas e dependentes uma da outra. Um vínculo afetivo forte não tem valor se a escola não é valorizada; da mesma forma, um responsável que reconhece a importância da educação, mas não estabelece um diálogo ou um laço afetivo, enfrentará dificuldades no processo educativo. A união entre família e escola traz impactos positivos claros na trajetória acadêmica dos estudantes. Isso ocorre porque ambas estão em constante comunicação, e essa troca de informações contribui para o desenvolvimento dos alunos. O engajamento familiar nas atividades escolares é essencial; portanto, é fundamental que o gestor e/ou professor garanta que sua equipe pedagógica esteja preparada para orientar os pais e responsáveis com explicações e sugestões. Um aspecto relevante dessa relação entre família e escola diz respeito ao lado emocional. Quando o aluno percebe que conta com o apoio da família e da escola, sente-se acolhido e respeitado, sabendo que terá espaço para expressar suas emoções e receber a ajuda necessária. É interessante observar que a escola busque estabelecer uma colaboração com profissionais especializados em educação socioemocional, a fim de desenvolver projetos que promovam a inclusão de todos. Dessa maneira, ao haver essa conexão entre os dois ambientes essenciais da educação – a sala de aula e o lar –, os alunos se sentem mais seguros ao perceber que ambas as esferas trabalham em conjunto para o seu crescimento. Essa percepção gera neles um entendimentode que estão recebendo apoio, reconhecimento e motivação, aspectos que muitas vezes são o que falta para que possam se desenvolver plenamente no contexto acadêmico. Os jovens, tanto crianças quanto adolescentes, estão inseridos tanto no ambiente familiar quanto no escolar. É habitual que eles transfiram saberes e aprendizados de um contexto para o outro, o que torna essencial que essas duas esferas estejam interligadas. Assim, assegura-se que a conexão entre família e escola contribui para o bem-estar dos jovens, proporcionando o suporte necessário de ambas as partes para seu desenvolvimento social e educacional. O principal propósito desta monografia é sensibilizar as instituições de ensino sobre seu papel na formação dessa parceria. A abordagem pedagógica em relação a essas questões deve envolver a promoção de reflexões para as famílias, permitindo que reconstruam sua autoestima. É essencial que se sintam, primeiramente, compreendidas e não acusadas, acolhidas e não rejeitadas pela escola. Além disso, a instituição deve se esforçar para fazê-las sentir-se valorizadas e fortalecidas enquanto parceiras nesse relacionamento, que é tão crucial nos dias atuais e está, de certo modo, "desconsiderado". 2.2 Tipo de pesquisa e abordagem metodológica Este estudo utilizou a revisão da literatura como metodologia, com uma abordagem qualitativa e descritiva, permitindo responder à seguinte questão: De que maneira a participação da família pode impactar o processo de ensino-aprendizagem, a permanência dos alunos na escola e a criação de uma instituição mais democrática e inclusiva? A monografia se desenvolveu através de uma revisão bibliográfica que tem como objetivo aprofundar o conhecimento sobre o envolvimento familiar na escola, um assunto de extrema importância para a promoção de uma educação de qualidade e integral. Através deste documento, procurou-se entender os limites e as oportunidades da colaboração entre família e escola, reconhecendo as principais dificuldades e as práticas mais eficientes para fortalecer essa parceria. Além disso, busca-se aprofundar o conhecimento sobre as diversas formas de participação da família na escola, contribuindo para a construção de um referencial teórico robusto e para a identificação de lacunas na pesquisa. Segundo Gil (2017), a pesquisa é um procedimento racional e sistemático voltado para encontrar respostas aos problemas apresentados. A abordagem adotada será qualitativa e descritiva. Gil (2017, p. 32) afirma que a pesquisa descritiva tem como objetivo fazer “a descrição das características de determinada população ou fenômeno [...] com a finalidade de identificar possíveis relações entre variáveis”. A pesquisa bibliográfica, para Fonseca (2002), é realizada [...] a partir do levantamento de referências teóricas já analisadas, e publicadas por meios escritos e eletrônicos, como livros, artigos científicos, páginas de web sites. Qualquer trabalho científico inicia-se com uma pesquisa bibliográfica, que permite ao pesquisador conhecer o que já se estudou sobre o assunto. Existem, porém, pesquisas científicas que se baseiam unicamente na pesquisa bibliográfica, procurando referências teóricas publicadas com o objetivo de recolher informações ou conhecimentos prévios sobre o problema a respeito do qual se procura a resposta (FONSECA, 2002, p. 32). A pesquisa fundamenta-se na análise da teoria previamente divulgada, sendo essencial que o pesquisador se aproprie do conhecimento e organize todo o material em estudo. No decorrer da pesquisa bibliográfica, é necessário que o pesquisador realize a leitura, reflita e escreva sobre os conteúdos estudados, dedicando-se para reconstruir a teoria e aprimorar os fundamentos teóricos. A pesquisa bibliográfica consiste no levantamento ou na revisão de obras publicadas relacionadas à teoria que orientará o trabalho científico. Esse processo exige compromisso, estudo e análise por parte do pesquisador encarregado da execução do trabalho. O objetivo é reunir e examinar textos já publicados, a fim de sustentar a pesquisa científica. As vantagens de recorrer à pesquisa bibliográfica incluem: o baixo custo, pois o pesquisador praticamente não necessita sair de casa para localizar estudos científicos disponíveis. Graças à internet, há uma vasta quantidade de pesquisas já feitas ao alcance de todos. O pesquisador tem a oportunidade de explorar uma ampla gama de publicações para compreender melhor o fenômeno que está sendo investigado. No entanto, existem desvantagens a serem consideradas: se o pesquisador não examinar as fontes bibliográficas adequadamente, a pesquisa resultará em baixa qualidade, fundamentada em dados frágeis. Além disso, a escolha de um tema com escassez de publicações pode prejudicar a profundidade do estudo. 2.3 Estruturação e subdivisão da pesquisa Esta monografia esclarece a relevância da colaboração entre família e escola, pois é evidente que a interação entre esses dois âmbitos é crucial para a questão em discussão. A cooperação entre eles é fundamental para o desenvolvimento saudável das crianças. O conteúdo foi estruturado em cinco subcapítulos: o primeiro aborda a relevância da participação dos pais no êxito dos filhos; o segundo e o terceiro tratam da colaboração entre família e escola como um direito e uma forma de apoio social; o quarto enfoca a promoção da participação dos pais ao longo do processo de ensino-aprendizagem; e o quinto conclui discutindo as limitações que existem na relação entre família e escola. Cada subcapítulo é fundamentado em pesquisas exploratórias de caráter qualitativo, embasadas em artigos, revistas, livros científicos, teses e outros trabalhos que evidenciam a importância da relação entre família e escola, servindo como um meio de entender como o curso de Pedagogia pode fomentar essa interação de maneira respeitosa. Assim, compreende-se que a pesquisa bibliográfica se configura como uma revisão crítica das obras científicas já existentes sobre o tema, envolvendo uma nova elaboração e proposição com o objetivo de expandir o conhecimento. Isso é especialmente relevante uma vez que as questões relativas à interação entre família e escola são muito significativas em diversas partes do mundo, em particular no Brasil. Para essa discussão, foram enfatizadas diversas leis e diretrizes, como a BNCC – Base Nacional Comum Curricular (Brasil, 2018), a LDB – Lei de Diretrizes e Bases (Brasil, 1996), o ECA – Estatuto da Criança e do Adolescente (Brasil, 1990) e o PNE – Plano Nacional de Educação (Brasil, 2014). O enfoque se deu, preferencialmente, em obras publicadas nos últimos 10 anos, mas alguns títulos também foram considerados devido à sua importância para a pesquisa. Critérios de inclusão foram definidos para este estudo, englobando teses, trabalhos e artigos que oferecem dados científicos de fontes confiáveis, além de investigações que elucidam o tema, aumentando a credibilidade da discussão. Em relação aos critérios de exclusão, não serão considerados artigos que não possuam comprovação científica. As características de uma pesquisa bibliográfica incluem a utilização de fontes confiáveis e concretas que embasam a investigação a ser realizada. Essas fontes são categorizadas em: · Fontes primárias, que são as informações originadas do próprio pesquisador, como artigos, teses, anais, dissertações e periódicos. · Fontes secundárias, que servem como bibliografia complementar, organizando o conhecimento de forma mais sistemática, incluem enciclopédias, dicionários, bibliografias, bancos de dados e livros. · Fontes terciárias, que atuam como referências para as fontes primárias e secundárias, por exemplo: catálogos de bibliotecas, diretórios, revisões de literatura e outros. Utilizou-se exclusivamente pesquisas bibliográficas através de uma perspectiva qualificada, dado que as características da pesquisa qualitativa fazem do ambiente natural a fonte primária de dados, com o pesquisador atuando como o principal instrumento, sendo os dados coletadosessencialmente descritivos. Segundo Chizzotti (2003), a pesquisa qualitativa baseia-se em princípios distintos dos das pesquisas experimentais. Nesse contexto, a interação entre o mundo e a pesquisa é caracterizada por uma interdependência, e não por um afastamento. Ademais, o conhecimento não é constituído por dados isolados; em vez disso, esses dados estão interligados por uma vivência e por diretrizes que servem de base. Dessa forma, é possível afirmar que, em suas considerações, o autor ressalta a preocupação com o processo, que se revela muito mais significativo do que o produto final. Assim, evidencia-se que o interesse do pesquisador em investigar o problema se funda na verificação dos fenômenos, ou seja, ao analisar como o problema se manifesta nas atividades e interações cotidianas, descrevendo-os. Com essa perspectiva em mente, a pesquisa atual buscou examinar os fatos em discussão sob um ponto de vista qualitativo para compreender os processos envolvidos na relação entre escola e família: limites e possibilidades. O objetivo foi aprofundar a compreensão sobre esse tema e estimular reflexões e questionamentos a respeito dele, além de destacar a importância da interação entre família e escola. Definimos nossa abordagem como qualitativa, uma vez que “a investigação qualitativa é descritiva”, onde os pesquisadores desse campo “tendem a analisar os seus dados de forma indutiva. Não recolhem dados ou provas com o objetivo de confirmar ou infirmar hipóteses construídas previamente (…)” (Bogdan & Biklen, 1994, p.48). Segundo esses autores, a metodologia qualitativa se destaca por nos oferecer uma melhor compreensão, descrição e interpretação dos fenômenos relacionados ao estudo. Embora família e escola sejam instituições distintas, elas desempenham papéis que se complementam quando o objetivo principal é proporcionar uma educação de qualidade aos alunos. Para isso, é essencial que ambas colaborem em prol da aprendizagem dos estudantes. Dessa forma, a interação entre família e escola deve ser um assunto abordado nas reuniões escolares e nas articulações relacionadas à vida educacional e acadêmica dos alunos. Isso porque já foi evidenciado que a presença da família no ambiente escolar é fundamental, especialmente no que diz respeito ao desenvolvimento individual de cada aluno. 2.4. Cronograma Os dados foram analisados por meio de uma análise temática, buscando identificar os principais temas e categorias presentes na literatura. Seguindo o trabalho, foi realizada a escrita da Monografia, seguindo o cronograma de atividades a seguir: Quadro 1: Cronograma de Atividades: ATIVIDADES 2024/2 - TCC JUL AGO SET OUT NOV DEZ Escolha do tema. Definição do problema de pesquisa X Definição dos objetivos, justificativa. X X Pesquisa bibliográfica e elaboração da fundamentação teórica. X X X Definição da metodologia. X Desenvolvimento e revisão de todo o texto. Verificação das referências utilizadas. X X X Elaboração de todos os elementos pré e pós-textuais. X X Entrega da Monografia X Defesa do Monografia X Fonte: Elaborado pelas autoras para esta monografia O presente estudo seguiu um cronograma para garantir a conclusão do trabalho no prazo estabelecido. As atividades foram distribuídas ao longo dos meses de julho a dezembro de 2024, iniciando com a definição do tema e do problema de pesquisa. Em seguida, foram estabelecidos os objetivos e a justificativa do estudo, seguidos de uma intensa fase de pesquisa bibliográfica e elaboração da fundamentação teórica. 2 A metodologia utilizada foi definida no mês de agosto de 2024 e os meses seguintes foram dedicados à escrita e revisão do texto, bem como à elaboração dos elementos pré e pós-textuais. Essa organização permitiu um desenvolvimento gradual e consistente do trabalho, garantindo a qualidade e a profundidade da análise realizada. CAPÍTULO III – ARGUMENTAÇÃO E DISCUSSÃO 3.1. Entre os limites e as possibilidades A questão da participação familiar na escola ainda é um tema pouco abordado no Brasil. Apesar de ser evidente que tanto a família quanto a escola são fundamentais para o desenvolvimento humano, muitos não reconhecem a real importância dessas instituições que desempenham um papel crucial na sociedade. Atualmente, a problemática do envolvimento dos pais na educação é uma das questões mais relevantes, já que o progresso das crianças na escola é essencial. Quando as crianças recebem o suporte adequado em sua trajetória escolar, em colaboração com os pais, elas tendem a se tornar cidadãos com uma visão de vida e de aprendizado significativamente aprimorada. O contexto familiar, a interação com a escola e a falta de continuidade entre esses dois elementos são fatores cruciais na questão da participação dos pais na escola. Contudo, surge a percepção de que o ambiente familiar pode tanto contribuir quanto prejudicar o desenvolvimento da capacidade de aprendizado das crianças. Assim, para que um ambiente familiar seja propício à aprendizagem, o que realmente importa é a natureza das atividades e atitudes dos pais, em vez de seu status socioeconômico ou nível de conhecimento. Isso significa que o que os pais realizam em conjunto com seus filhos é mais relevante do que quem eles são ou do que sabem. A pesquisa realizada foi possível considerar que os limites e as possibilidades estratégicas presentes na literatura pesquisada não se diferem muito. Quanto à promoção de um ambiente democrático no qual família e escola andam lado a lado, os estudos apontam a parceria família-escola como um direito e como apoio social. O PNE (Plano Nacional de Educação), em seus artigos 2.9 e 19.6, incentivam o estreitamento dessa relação, considerando como parte fundamental do sucesso escolar do aluno. famílias na escola. Essa participação é compreendida como fundamental para o sucesso do processo educativo, pois envolve o estreitamento das relações entre escolas e famílias, estando a instituição responsável pela busca por estratégias que promovam a participação ativa das famílias, estabelecendo assim, uma relação de colaboração e corresponsabilidade, numa educação subjetiva. A LDB 9.394/96, art.12, Inciso VI, prevê uma articulação entre família e comunidade, num processo de integração entre as duas entidades. a BNCC percebe a importância do diálogo e da participação da família no processo educativo, apontando para a necessidade de se considerar as especificidades de cada estudante e de cada contexto familiar. A pesquisa evidencia o fato de que o vínculo familiar, junto ao vínculo docente e à proximidade com amigos pode contribuir para um melhor desempenho escolar, provando a necessidade de a escolar manter um relacionamento mais aprofundado e saudável com as famílias e a comunidade escolar, contribuindo para a percepção de apoio social dos alunos. A participação da comunidade escolar na gestão escolar é considerada por Santos Duvernoy (2021) como alicerce para um ambiente educativo democrático, dialógico e transformadora brindo espação para a construção coletiva de uma educação inclusiva e de qualidade., no qual necessidades e expectativas são consideradas de modo primordial. A criação de uma APM não apenas fortalece o vínculo entre escola e comunidade, mas também contribui para a formação de cidadãos mais críticos e participativos na comunidade. A associação deve, no entanto, ir além da responsabilidade contábil, mas uma responsabilidade social compromissada com uma educação de qualidade para todos. De acordo com Santos (2022) a gestão escolar é democrática quando elabora, executa, acompanha e avalia os processos educacionais, expressos no PPP, sendo de conhecimento de todos e contextualizado com as especificidades locais. Para essa contextualização, é imperial que haja a participação ativa de atores da comunidade local. o PPP garante que a formação do estudante esteja alinhada com as demandas da sociedade e com a realidade local. Para isso, a participaçãoativa da comunidade escolar na implementação do PPP é indispensável para que este reflita as necessidades e expectativas da comunidade escolar, fortalecendo os vínculos entre a escola e a comunidade com vista a contribuir para a qualidade da educação. A pesquisa também abordou as dificuldades para a efetivação da integração família-escola. Silva, Ribeiro e Lima (2022) acreditam que o ato da matrícula do estudante na escola deve ser um ato de compromisso de construção de uma relação próxima e colaborativa entre a família e a escola. É fato que as mudanças nos conceitos de família têm gerado discussões e preconceitos por parte dos professores, o que dificulta uma relação saudável, trazendo à tona uma relação de culpabilidade mútua. (SARAIVA; WAGNER, 2013). Por consequência, ao invés de uma aproximação da família, há uma tentativa de adequação aos padrões estabelecidos pelas escolas, em detrimento da compreensão das diferenças e necessidades dessas famílias, tornando a relação distanciada e preconceituosa. (OLIVEIRA e MARINHO-ARAÚJO, 2010; SARAIVA e WAGNER, 2013). Há muita discordância entre professores e responsáveis, entre eles, as dificuldades que os segundos têm em arrumar tempo para cumprir suas obrigações com a educação dos seus filhos, delegando à escola a parte lhes cabe, num processo que deveria ser em conjunto. (SOUZA, 2009; MARIN, VALANDRO, KOLTERMANN, 2024; (SILVA, SILVA. BENTO, 2019; SARAIVA, WAGNER, 2013). Dentre as possibilidades encontradas para que se efetive a aproximação dos pais na educação escolar do seu filho foram elaboração democrática do PPP, participações em projetos, reuniões de pais e mestres, atividades extraclasse (deveres de casa), dando ênfase para que essas ações precisam ser contínuas, baseadas na participação efetiva, nas quais a família opina e planeja, estabelecendo acordos com vistas a promover melhoria na educação dos seus filhos. Resumindo, é preciso criar meios de aproximação com estratégias que visem o convívio dos pais no ambiente escolar de modo que haja um diálogo constante, pois “todos precisam ser ouvidos e terem a chance de participar.” (BISPO, 2022, p. 24). 2 CONSIDERAÇÕES FINAIS Este estudo confirma a importância essencial da família na educação, embora existam consideráveis desafios para garantir sua participação no ambiente escolar. A interação entre a família e os profissionais da educação é vital no cenário educacional, uma vez que permite uma reflexão sobre os conceitos que ainda persistem sobre a qualidade do ensino. Este assunto é de suma importância para a formação dos profissionais da área de Pedagogia. Compreendemos que, no que diz respeito à educação de cada indivíduo, a família exerce um papel crucial, sendo o primeiro grupo que proporciona influência cultural e social. É nela que se transmite valores humanitários e éticos, e é também através da família que o estudante recebe estímulos. Portanto, é fundamental que a família desenvolva uma conexão efetiva com a escola, garantindo que, com sua presença, seus filhos se tornem mais engajados e comprometidos com o aprendizado. Reconhecemos que este estudo revelou que a presença da família na escola é fundamental para garantir uma educação de excelência. Também no âmbito científico, essa interação fornece dados relevantes sobre os benefícios dessa colaboração entre família e escola no processo de ensino e aprendizagem. De fato, quando a família se envolve ativamente na vida escolar da criança, isso gera uma maior confiança nela, resultando em um aprimoramento tanto na qualidade da aprendizagem quanto na qualidade de vida. Educar demanda compromisso, perseverança, continuidade e eficácia. É imprescindível que todos se envolvam com o propósito de oferecer uma educação que seja de qualidade e equitativa. Apesar dos diversos desafios que impactam essa questão, os profissionais da educação, em parceria com as famílias, devem permanecer unidos e determinados a assegurar uma educação superior para seus alunos e filhos. Para que isso aconteça, é fundamental que sejam implementadas novas estratégias, a fim de construir uma sociedade onde crianças e adolescentes não apenas adquiram conhecimento científico, mas também desenvolvam saberes sociais, éticos e morais, visando formar futuros profissionais de excelência e cidadãos de caráter. Quando a família e a escola compartilham um propósito comum e se empenham, em conjunto, na busca por soluções para os desafios enfrentados, certamente encontrarão resultados satisfatórios que beneficiarão tanto o núcleo familiar quanto o ambiente escolar. Acima de tudo, isso impactará positivamente a vida dos alunos, sendo essencial que haja incentivos positivos para que tais resultados sejam possíveis. É vital que os pais e responsáveis atuem como aliados das instituições de ensino, assim como estas devem reconhecer a família como uma colaboradora imprescindível no processo educacional. Essa aliança gera impactos benéficos na vida dos estudantes, contribuindo para seu desenvolvimento profissional e trazendo um clima de entusiasmo para as escolas. Apresentações teatrais, festividades, competições escolares e encontros abertos ao público familiar contribuem para que as famílias se sintam integradas ao ambiente escolar. Como consequência, elas se tornam mais motivadas a participar ativamente das atividades escolares, gerando benefícios para todos os envolvidos. Quanto mais forte for a conexão entre a família e a escola, mais efeitos positivos podem ser observados. Essa dinâmica entre família e escola revela que ambas têm expectativas em relação uma à outra. Para promover uma melhor colaboração, é fundamental estabelecer um diálogo efetivo que se baseie no envolvimento e no respeito mútuo, possibilitando uma troca de informações de maneira construtiva. Para que essa interação seja frutífera, é necessário que ambas as partes estejam dispostas a ouvir e entender as perspectivas do outro, mesmo quando existem divergências, tendo sempre como principal objetivo o bem-estar dos alunos e filhos. Dessa forma, podemos concluir que a educação requer o comprometimento contínuo tanto da família quanto da escola, uma vez que ambas têm papéis essenciais no desenvolvimento dos filhos e alunos. Portanto, é evidente a necessidade de que as instituições de ensino implementem cada vez mais iniciativas e projetos que incluam as famílias, promovendo uma interação crescente entre todos os envolvidos e, assim, alcançando resultados mais satisfatórios para a formação de indivíduos com caráter e sabedoria. 2 REFERÊNCIAS ARANHA, M.L. DE A. Filosofia da Educação. São Paulo: Moderna, 1989. ARIÉS, Phillippe. História social da criança e da família. 2. ed. Rio de Janeiro: Guanabara, 1978. BANDEIRA, Carla dos Santos. Família na escola. 2015. 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From a scientific perspective, the objective is to present data on the beneficial effects of collaboration between family and school in the teaching and learning process, the active inclusion of family members that contributes to building confidence in the child, which leads to an improvement not only in the quality of learning, but also in their quality of life. With regard to the professional and social sphere, carrying out this work is based on the relevance of recognizing this partnership in society, acting as a means to encourage the participation of parents or guardians in the school environment Keywords: Family. School. Education. Teaching/learning. Participation. Limits. Possibilities. SUMÁRIO INTRODUÇÃO 6 CAPÍTULO I – FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 9 1.1 A importância da participação dos pais no sucesso dos filhos 10 1.2 A parceria família-escola como um direito 12 1.3 A parceria família-escola como apoio social 15 1.4 Promovendo a participação dos pais no processo de ensino aprendizagem 17 1.5 Limitações na relação família-escola 24 CAPÍTULO II – METODOLOGIA 35 2.1 Enfoque teórico metodológico e o contexto da investigação 35 2.2 Tipo de pesquisa e abordagem metodológica 37 2.3 Estruturação e subdivisão da pesquisa 38 2.4. Cronograma 41 CAPÍTULO III – ARGUMENTAÇÃO E DISCUSSÃO 42 3.1. Entre os limites e as possibilidades 42 CONSIDERAÇÕES FINAIS 45 REFERÊNCIAS 47 INTRODUÇÃO A falta da presença familiar no ambiente escolar traz uma série de desafios, afetando tanto a comunicação entre pais e educadores quanto a participação nas decisões administrativas da escola. Essa ausência de envolvimento se traduz na desinformação dos pais acerca do funcionamento e das diretrizes da escola, bem como em uma participação reduzida dos alunos em atividades extracurriculares. Além disso, essa situação pode ser piorada pela falta de compreensão dos professores em relação a certos comportamentos dos alunos, que podem ser reflexos das experiências vividas em seus lares. Portanto, é essencial quebrar o estigma de que a interação da família com a escola pode acarretar mais problemas do que soluções. Esta monografia se desenvolverá por meio de uma revisão da literatura, incluindo artigos e estudos científicos que abordam a relevância da participação familiar no ambiente escolar. O objetivo é facilitar a adaptação do aluno a esse novo processo educativo, assegurando uma aprendizagem de alta qualidade. Na sociologia, a família é considerada a primeira e mais significativa instituição responsável pela socialização dos indivíduos, desempenhando um papel complexo ao conectar a natureza, a cultura e os grupos sociais aos mais jovens da sociedade. Ao longo do tempo, a família, como instituição, é profundamente influenciada e transformada pelos contextos sociais e históricos. Conforme Ariés (1978, p. 225), com o transcorrer dos séculos "a família transformou-se profundamente na medida em que modificou suas relações internas com as crianças", isto é, desde que a sociedade começou a reconhecer as crianças como o futuro, foram criados vínculos e direcionadas atenções para essa fase inicial da vida, resultando em uma preocupação e dedicação crescente com a educação infantil. Quando a família é bem estruturada, a criança tende a ser positivamente influenciada no processo de ensino e aprendizagem, o que proporciona segurança e uma boa adaptação a diferentes ambientes, sejam eles escolares ou sociais. A escola, por sua vez, é vista como uma instituição que facilita o ensino e tem como objetivo principal desenvolver e formar indivíduos em seus aspectos cognitivos, culturais e sociais. Assim, fica evidente que a colaboração entre esses dois contextos é fundamental para o desenvolvimento saudável e o desempenho do ser humano, especialmente durante a infância. É importante destacar que a valorização da participação familiar no ambiente escolar é um tema em voga, já que, até recentemente, os familiares não desempenhavam um papel significativo nesse processo. Atualmente, reconhece-se o valor da presença da família na educação, considerando que sua atuação contribui para o estudo, a transformação e o esclarecimento da adaptação cultural e social. Atualmente, as instituições de ensino expressam preocupação pela falta de envolvimento dos familiares no acompanhamento do desempenho de seus filhos, a escassez de limites impostos pelos pais e as dificuldades que enfrentam para transmitir valores éticos e morais essenciais para a convivência em sociedade. Por outro lado, os familiares se queixam da pressão excessiva das escolas para que assumam uma responsabilidade maior pela aprendizagem das crianças, da falta de um currículo que priorize a transmissão de valores e da preparação dos alunos para os desafios sociais e profissionais que não são necessariamente acadêmicos. É necessário entender a família como um fenômeno historicamente situado, sujeito as alterações, de acordo com as mudanças das relações de produção estabelecidas entre os homens [...]. É evidente que as funções da família vão depender do lugar que ela ocupa na organização social e na economia. (ARANHA, 1989, p. 75). Frente a essas defesas, a investigação sobre a conexão entre as instituições, escola e família, juntamente com as disparidades que existem entre elas, isto é, os aspectos importantes que levam em conta as singularidades e as mudanças histórico-sociais, permite levantar questões sobre qual é a verdadeira e atual relação entre esses dois ambientes, assim como de que forma essa interação acontece na atualidade. Di Santo (2006, p. 2), em seu artigo intitulado "Família e Escola: uma relação de ajuda", destaca que, nos dias de hoje, as famílias têm transferido para as escolas a responsabilidade de instruir e educar seus filhos, esperando que os educadores transmitam valores morais, princípios éticos e normas de comportamento, que vão desde boas maneiras até práticas de higiene pessoal. Os pais justificam essa transferência de responsabilidades alegando que trabalham cada vez mais e não têm tempo para cuidar dos filhos. Ademais, sustentam que a educação, em seu sentido mais amplo, é uma função que cabe à escola. De maneira contraditória, as famílias, em especial aquelas em situação de desvantagem, não dão a devida importância à escola e à educação, que outrora era percebida como um caminho para a ascensão social. É a partir dessa questão que este trabalho se debruça sobre a seguinte reflexão: qual é o impacto da participação das famílias no processo de ensino-aprendizagem, na permanência dos alunos na escola e na criação de uma instituição educacional mais democrática e inclusiva? Com o intuito de proporcionar respostas eficazes à questão apresentada, o presente estudo definiu como objetivo principal analisar e compreender os limites e as oportunidades na relação colaborativa entre família e escola, focando na relevância da participação familiar no ambiente escolar como um recurso no processo de ensino-aprendizagem. Além disso, para solidificar o objetivo geral e garantir sua implementação como uma solução viável, esta pesquisa estabelece os seguintes objetivos específicos: investigar a importância da participação dos pais para o êxito dos filhos, compreender a colaboração entre família e escola como um direito e um suporte social, incentivar a participação dos genitores no processo de ensino-aprendizagem e examinar as dificuldades encontradas nessa interação entre família e escola. 2 Do ponto de vista científico, busca-se fornecer informações sobre os resultados positivos dessa parceria entre família e escola no processo de ensino e aprendizagem da educação infantil. A participação ativa dos familiares favorece a confiança da criança, resultando em aprimoramento tanto da qualidade do aprendizado quanto da sua qualidade de vida. Já em termos profissionais e sociais, a implementação desse trabalho se baseia na importância de validar essa colaboração perante a sociedade,servindo como uma ferramenta para incentivar a participação dos pais ou responsáveis no contexto escolar. CAPÍTULO I – FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA A relação entre família e escola constitui um dos pilares para o desenvolvimento integral do indivíduo. A participação ativa dos pais no processo educativo dos filhos é fundamental para o sucesso escolar e para a formação de cidadãos críticos e conscientes. A família, como primeiro núcleo e contato social, exerce um papel primordial na construção da identidade e dos valores do indivíduo, enquanto a escola atua como um espaço de contato com a sociedade e a aprendizagem. A troca de saberes e experiências que acontece entre esses dois ambientes proporciona um ambiente propício para o desenvolvimento de habilidades cognitivas, sociais e emocionais, contribuindo significativamente para o sucesso acadêmico e para a formação de sujeitos autônomos e preparados para enfrentar os desafios da vida contemporânea e futura. Essa relação influencia o processo de ensino-aprendizagem do educando dos Anos Iniciais do Ensino Fundamental é um estudo relevante, especialmente considerando a experiência prática em sala de aula. A observação de que alunos com maior envolvimento familiar tendem a apresentar melhor desempenho acadêmico motivou esta pesquisa. Por outro lado, a ausência familiar na escola gera diversas problemáticas, como a dificuldade de comunicação entre pais e professores, a falta de participação em decisões escolares e o baixo engajamento dos alunos em atividades extracurriculares, a não percepção dos contextos familiares nos quais a escola está inserida. Essa ausência também pode influenciar o comportamento dos estudantes em sala de aula, uma vez que fatores familiares podem refletir em suas ações. A escolha desses objetivos se deve à necessidade de aprofundamento da compreensão acerca da importância da parceria entre escola e família, um tema fundamental para a educação. Ao analisar a literatura científica, o contexto normativo e as práticas pedagógicas, a pesquisa contribuirá para a produção de conhecimento sobre o assunto e poderá subsidiar a elaboração de políticas públicas, formações e práticas pedagógicas mais eficazes. 1.1 A importância da participação dos pais no sucesso dos filhos A relação entre família e escola constitui um dos pilares para o desenvolvimento integral do indivíduo. A participação ativa dos pais no processo educativo dos filhos é fundamental para o sucesso escolar e para a formação de cidadãos críticos e conscientes. A família, como primeiro núcleo social, exerce um papel primordial na construção da identidade e dos valores do indivíduo, enquanto a escola atua como um espaço de socialização e aprendizagem. Importa reconhecer o papel e a importância de cada instituição na vida da criança e do adolescente, considerando que cada qual possui suas responsabilidades com relação à educação desses alunos, buscando promover seu desenvolvimento saudável. Muitas vezes a escola é responsabilizada, mas, não depende apenas dela a tarefa de educar. Para haver realmente parceria entre a família e a escola, é preciso que cada um saiba exatamente quais as suas atribuições, ou seja, o que é responsabilidade da escola e o que é responsabilidade da família. A sinergia entre esses dois ambientes proporciona um ambiente propício para o desenvolvimento de habilidades cognitivas, sociais e emocionais, contribuindo significativamente para o sucesso acadêmico e para a formação de sujeitos autônomos e preparados para enfrentar os desafios da vida contemporânea. Por melhor que seja essa escola, por mais bem preparados que estejam seus professores, nunca a escola vai suprir a carência deixada por uma família ausente. Pai, mãe, avó ou avô, tios, quem quer que tenha a responsabilidade pela educação da criança deve participar efetivamente sob pena de a escola não conseguir atingir seu objetivo. (Chalita, 2017, p. 20) O alinhamento entre família e escola é essencial para o desenvolvimento integral do indivíduo. A participação ativa dos pais no processo educativo dos filhos, em conjunto com as ações da escola, contribui para a formação de cidadãos críticos e conscientes. A família, como primeiro núcleo social, e a escola, como espaço de aprendizado e socialização, atuam de forma complementar, proporcionando um ambiente propício para o desenvolvimento de habilidades cognitivas, sociais e emocionais. Essa parceria é fundamental para o sucesso acadêmico e para a formação de sujeitos autônomos, socialmente ativos e preparados para os desafios do mundo contemporâneo. Conforme aponta Bandeira (2021, p. 2) “não é possível refletir sobre o diálogo entre família e escola sem falar dessa nova realidade, pois essas transformações ocorridas no seio familiar afetaram a sociedade e por consequência a educação escolar”. Segundo o autor, as profundas transformações sociais ao longo da história moldaram significativamente a estrutura e a dinâmica familiar, e por consequência, a dinâmica escolar. A evolução social, marcada por mudanças na estrutura familiar, especialmente com a emancipação feminina, impulsionou a escola a assumir um papel cada vez mais relevante na educação e formação dos indivíduos. Essas transformações ocorridas na sociedade exigiram da escola uma adaptação às novas demandas, ampliando suas funções e responsabilidades. Seguindo o pensamento do autor, a emancipação feminina, um marco fundamental nesse processo, ampliou o papel da escola, demandando que esta instituição assumisse novas responsabilidades na educação e formação dos indivíduos. A escola, ao longo do tempo, tem se mostrado sensível às transformações sociais. Essa emancipação feminina, por exemplo, impulsionou a instituição escolar a ampliar suas funções, tornando-se um espaço fundamental para a educação e o desenvolvimento integral dos indivíduos, em consonância com as novas dinâmicas familiares e sociais. (BANDEIRA, 2021) Por outro lado, a família, como enfatizam Santos et al. (2024), continua sendo o núcleo fundamental da sociedade. É nesse ambiente que os indivíduos são socializados, internalizando valores, crenças e comportamentos que guiarão suas vidas. As experiências familiares moldam nossa visão de mundo e influenciam nossas decisões, tornando a família um elemento central na construção da identidade do sujeito. Reconhecer a importância da família na educação dos seus membros é essencial para compreender seu impacto no desenvolvimento individual e coletivo. [...] uma educação verdadeiramente humanizada, [...] requer um esforço constante não apenas da instituição de ensino, mas também da família. A colaboração entre esses dois agentes é fundamental para implementar os princípios de uma educação emancipadora, que valorize o desenvolvimento integral e crítico dos indivíduos. (SANTOS et al., 2024, p. 11) Os autores acrescentam ainda que a família, além de oferecer suporte emocional, desempenha um papel fundamental na formação integral dos filhos, influenciando diretamente seus hábitos, atitudes e desempenho escolar. A participação ativa dos pais e responsáveis nas atividades escolares é essencial para que se possa conhecer melhor a família do estudante, com vistas à proporcionar um ambiente contextualizado, que estimule o aprendizado e a formação de valores duradouros. A interação constante entre a família e a escola garante que os alunos recebam o apoio necessário para seu desenvolvimento, promovendo uma integração eficaz entre os dois ambientes e contribuindo para o sucesso acadêmico e pessoal dos estudantes. (SANTOS et al., 2024). A importância da família na educação dos filhos hoje envolve mais do que a aplicação de regras e conselhos prescritos; requer uma abordagem mais abrangente e adaptativa. A família deve atuar como um ambiente de suporte que responde às necessidades individuais das crianças e promove um desenvolvimento equilibrado, integrando aspectos emocionais, sociais e acadêmicos. (SANTOS et al., 2024, p. 14) As práticas educativas, conforme Santoset al. (2024) precisam considerar, para as relações família-escola, a influência de fatores externos, como os múltiplos ambientes aos quais pertencem e as mudanças na dinâmica familiar, para garantir que a educação oferecida seja contextualizada, relevante e eficaz. Portanto, a integração entre os conhecimentos históricos e as necessidades contemporâneas é crucial para apoiar a evolução das práticas educativas familiares e garantir um desenvolvimento saudável e abrangente dos filhos. 1.2 A parceria família-escola como um direito A Constituição Federal de 1988, como bem destaca o Artigo 205, estabelece a educação como um direito fundamental e um dever compartilhado entre Estado, família e sociedade. Essa legislação, ao enfatizar a importância da educação no desenvolvimento integral do indivíduo, demonstra a preocupação do Estado em garantir que as necessidades de crianças e adolescentes sejam atendidas. A legislação estabelece a educação como um direito fundamental e uma responsabilidade compartilhada, conforme explicitado no Artigo 205 da Constituição Federal, o qual sinaliza a necessidade de uma abordagem integrada e colaborativa. Essa perspectiva, que transcende os muros da escola, reconhece que o desenvolvimento integral das crianças e adolescentes depende da parceria entre os diversos atores sociais. A família, a escola, a comunidade e o Estado devem trabalhar em conjunto para criar um ambiente propício ao aprendizado e ao desenvolvimento humano, superando as fragmentações e garantindo que as necessidades de cada indivíduo sejam atendidas de modo integral. O Estatuto da Criança e do Adolescente de 1990 (ECA/90) também contribui significativamente para os argumentos em discussão. Destacamos, a seguir, um artigo específico: É dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do poder público assegurar, com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária. (BRASIL, 2019, p. 16). Ao considerar o papel da família na educação, como afirma a legislação brasileira, percebe-se que a participação ativa dos pais e responsáveis é um complemento essencial ao trabalho realizado pela escola. Essa parceria permite um acompanhamento mais próximo do desenvolvimento integral dos estudantes, englobando aspectos cognitivos, emocionais e sociais. A identificação precoce de dificuldades e a implementação de estratégias de apoio se tornam mais eficazes quando a família e a escola trabalham em conjunto, garantindo que as necessidades de cada aluno sejam atendidas de modo subjetivo. O Plano Nacional de Educação (PNE), de 2014, determina que as escolas devem promover a participação das famílias no processo educativo: 2.9) incentivar a participação dos pais ou responsáveis no acompanhamento das atividades escolares dos filhos por meio do estreitamento das relações entre as escolas e as famílias; 19.6) estimular a participação e a consulta de profissionais da educação, alunos (as) e seus familiares na formulação dos projetos político-pedagógicos, currículos escolares, planos de gestão escolar e regimentos escolares, assegurando a participação dos pais na avaliação de docentes e gestores escolares; (PNE, 2014). O PNE (Plano Nacional de Educação), em seus artigos 2.9 e 19.6, explicitamente incentiva a participação das famílias na escola. Essa participação é compreendida como fundamental para o sucesso do processo educativo, pois envolve o estreitamento das relações entre escolas e famílias. Os artigos preconizam que as escolas devem buscar estabelecer relações mais próximas com as famílias, incentivando-as a acompanhar de perto as atividades escolares dos filhos. Essa aproximação visa fortalecer os laços entre a escola e a comunidade, promovendo uma educação mais personalizada e eficaz. Conforme disposto no Plano Nacional de Educação (PNE) de 2014, as instituições de ensino devem implementar estratégias para fomentar a participação ativa das famílias no processo educativo, estabelecendo uma relação fundamentada na colaboração e corresponsabilidade. O artigo 19.6 do PNE vai além do acompanhamento das atividades escolares, propondo a participação ativa das famílias na gestão escolar. Essa participação deve ocorrer em diferentes níveis, desde a formulação de projetos político-pedagógicos até a avaliação de docentes e gestores. Ao envolver as famílias na construção do projeto educativo da escola, o PNE busca garantir que a escola seja cada vez mais relevante e significativa para a comunidade. A LDB - Lei nº 9.394/96 nos artigos 12 e 14, apontam os princípios para a efetivação de uma gestão democrática dentro das escolas públicas: Art. 12. Os estabelecimentos de ensino, respeitadas as normas comuns e as do seu sistema de ensino, terão a incumbência de: VI - Articular-se com as famílias e a comunidade, criando processos de integração da sociedade com a escola. Art. 14. Os sistemas de ensino definirão as normas da gestão democrática do ensino público na educação básica, de acordo com as suas peculiaridades e conforme os seguintes princípios: I - participação dos profissionais da educação na elaboração do projeto pedagógico da escola; II - Participação das comunidades escolar e local em conselhos escolares ou equivalentes (BRASIL, 1996) A parceria entre escola e família é um pilar fundamental para a construção de uma escola e, por consequência, uma sociedade mais justa e equitativa. Tanto a escola quanto a família desempenham papéis complementares e indispensáveis na formação do cidadão, oferecendo ao indivíduo as ferramentas necessárias para sua vida em sociedade. Nessa perspectiva, também a LDB concebe “a educação, dever da família e do Estado, inspirados nos princípios de liberdade e nos ideais de solidariedade humana, tem por finalidade o pleno desenvolvimento do educando, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho.” (BRASIL, 2017, p. 8). A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) representa um marco fundamental para a educação brasileira, estabelecendo diretrizes para o desenvolvimento integral dos estudantes. Ao enfatizar a importância do diálogo e da parceria entre escola e família, a BNCC (2018) reconhece que a construção do conhecimento é um processo colaborativo, no qual todos os envolvidos desempenham um papel crucial. (BRASIL, 2018) Com o objetivo de promover uma educação integral, a BNCC (2018) orienta as práticas pedagógicas, enfatizando a necessidade de um trabalho conjunto entre escola e família. Ao estabelecer competências e habilidades a serem desenvolvidas pelos estudantes, a BNCC consolida a importância do diálogo e do compartilhamento de responsabilidades como pilares para uma educação de sucesso. 1.3 A parceria família-escola como apoio social Fernandes et al. (2018) definem o apoio social como a percepção individual de ser acolhido e valorizado por pessoas significativas, como familiares, amigos e professores. Essa percepção, proveniente das relações com esse conjunto de relações interpessoais, exerce um papel fundamental no desenvolvimento do adolescente, influenciando positivamente seu bem-estar psicológico, autoestima, além da motivação para o sucesso em diversas áreas da vida, dentre eles, a melhoria no desempenho escolar. De acordo com estudos de Fernandes et. al (2018), a percepção de apoio social proveniente da família, dos amigos e da escola é fundamental para o desenvolvimento socioemocional dos adolescentes. A família, em particular, proporciona um senso de segurança que facilita a construção de relacionamentos e o desenvolvimento da autoestima. Essa rede de apoio familiar é sobretudo importante para os alunos com dificuldades escolares, pois aumenta suas chances de permanecer na escola e de alcançar sucesso. “Com relação ao apoio social, pesquisas têm indicado que [...] em conjunto da escola (professores e outros atores do contexto educativo) e da família favorecem o desenvolvimentotanto das habilidades sociais quanto de competências acadêmica.” (FERNANDES et al, 2018, p. 218). O apoio social dos amigos na escola desempenha um papel crucial no desempenho acadêmico, pois os adolescentes se sentem integrantes de um grupo com o qual se identificam, encontrando nele suporte para superar desafios que não são plenamente atendidos pelos professores. A escola, por sua vez, vai além de ser um espaço de aprendizado de conteúdos acadêmicos, oferece aos adolescentes um ambiente estruturado e seguro, com regras claras, que os ajuda a se sentirem protegidos e apoiados em seu processo de crescimento e desenvolvimento de habilidades sociais e emocionais. (FERNANDES et al, 2018). Reforçando os estudos das autoras, Rosa, Silveira e Magalhães (2024) afirmam “que crianças com histórico de repetência apresentaram desempenho escolar negativo, e as crianças com bom desenvolvimento de habilidades sociais e percepção de apoio social do professor mostraram resultados positivos.” (p. 2). Fernandes et al. evidenciam que o apoio social proveniente da família, escola e amigos é um fator crucial para a permanência dos estudantes na escola. Quando os alunos se sentem apoiados em seus diversos ambientes de vida, principalmente aqueles com dificuldades acadêmicas, são mais propensos a persistir em seus estudos e isso leva à redução dos índices de evasão escolar. Os estudos de Fernandes et al. (2018) indicam, portanto, que o baixo desempenho escolar está frequentemente associado a uma falta de apoio social. Alunos com notas baixas tendem a apresentar dificuldades em casa, na escola e nas relações com seus pares, o que aumenta o risco de abandono escolar. Em outras palavras, enquanto um ambiente escolar e familiar que oferece apoio social pode impulsionar o desenvolvimento socioemocional e a permanência escolar de alunos com baixo desempenho, a falta desse apoio, seja em casa, na escola ou entre os pares, pode levar à evasão escolar. Em contrapartida, um ambiente escolar e familiar que oferece suporte, juntamente com relações interpessoais positivas, contribui significativamente para o sucesso acadêmico e a prevenção da evasão. Diante das evidências apresentadas, a parceria entre família e escola emerge como um fator determinante para o sucesso escolar dos adolescentes. Ao trabalharem em conjunto, família e escola criam um ambiente de apoio que favorável ao bom desenvolvimento dos estudantes, contribuindo para a melhoria do desempenho acadêmico, a prevenção da evasão escolar e o bem-estar socioemocional dos jovens. Em suma, a escola, como instituição educacional, possui um papel fundamental na promoção da parceria família-escola. Ao estabelecer canais de comunicação eficazes e promover ações conjuntas, criando um ambiente de colaboração mútua, promovendo atividades conjuntas, a escola pode fortalecer os vínculos entre família e escola, contribuindo para o sucesso dos estudantes e para a construção de uma comunidade escolar mais engajada. Ao trabalharem em conjunto, família e escola podem oferecer aos estudantes o apoio necessário para alcançar seu pleno potencial. 1.4 Promovendo a participação dos pais no processo de ensino aprendizagem O desenvolvimento integral do indivíduo depende de uma relação estreita entre família e escola. A participação ativa dos pais no processo educativo é um fator determinante para o sucesso escolar e para a formação de cidadãos críticos e conscientes. A família e a escola, quando trabalham juntas, geram um ambiente propício para o desenvolvimento de habilidades cognitivas, sociais e emocionais, preparando os alunos para os desafios da vida em sociedade. Há, portanto, a necessidade de uma boa interação entre ambos. Para uma boa interação com a comunidade escolar, e consequentemente com os responsáveis dos alunos, a escola precisa conhecer muito bem seu público-alvo, e a partir disso criar estratégias para chamá-los para dentro do ambiente escolar, o diálogo entre todos que ali convivem precisa ser constante, e todos precisam ser ouvidos, terem a chance de participar, e levar suas ideias. (BISPO, 2022, p. 24) Ao estabelecer a importância do diálogo e da participação da família no processo educativo, a BNCC (2018) reafirma a necessidade de uma educação que considere as especificidades de cada estudante e de seu contexto familiar, contribuindo para a construção de uma escola mais democrática e inclusiva. A legislação brasileira, ao enfatizar a corresponsabilidade entre Estado, família e sociedade na educação, reconhece a importância da parceria entre escola e família para o sucesso escolar dos alunos. A presença ativa dos pais no processo educativo contribui significativamente para o desenvolvimento integral dos estudantes, permitindo que a escola ofereça um atendimento mais personalizado e eficaz. Deste modo, escola e família podem identificar e superar as dificuldades enfrentadas pelos alunos, promovendo seu crescimento pessoal e escolar. Um modo de promover essa participação é a criação de conselhos escolares, incentivando e firmando uma parceria formal com as famílias dos educandos, intervindo diretamente nas decisões da unidade escolar, na busca por identificar e preencher lacunas. Bandeira (2015. p.11) apud Brasil, 2004, p. 42): [...] a necessidade de “promover a participação da comunidade na gestão das escolas, universalizando, em dois anos, a instituição de Conselhos Escolares ou órgãos equivalentes”. Dessa forma, cabe ao diretor da escola ou a quaisquer representantes dos segmentos das comunidades escolares e locais a iniciativa de criação dos Conselhos Escolares, convocando todos para organizar as eleições do colegiado. (BRASIL, 2004, p. 42) Essa participação democrática garante que as decisões tomadas na escola reflitam as necessidades e expectativas de todos os envolvidos. O conselho é um espaço de diálogo e participação democrática onde diferentes atores da comunidade escolar podem se reunir para discutir e tomar decisões sobre questões relevantes para a escola. Para Bispo (2022), a gestão escolar deve priorizar a construção de um ambiente democrático e participativo, no qual todos os membros da comunidade escolar – pais, alunos, professores e demais funcionários – sintam-se acolhidos e tenham a oportunidade de contribuir com suas ideias e sugestões. Quando há o incentivo à participação de todos, a escola se transforma em um espaço mais justo e equitativo, no qual as decisões são tomadas de modo coletivo. Além do Conselho escolar, as pesquisas realizadas apontaram para a reunião de pais e mestres como modo de aproximação da família com a escola. De acordo com a tese de Oliveira (2015. p.71 apud Tavares e Nogueira 2013, p.54): A reunião deve sempre focalizar a troca de informações em que família e escola possam em conjunto elaborar uma solução para os problemas encontrados no cotidiano da escolarização dos filhos. Sendo assim, as mesmas devem ocorrer durante todo o ano, e não somente no fechamento de notas ou para dar “notícias” do rendimento dos alunos. (TAVARES; NOGUEIRA 2013, p.54) Concordando com Tavares e Nogueira, Oliveira (2015) afirma que as reuniões entre escola e família devem ser momentos de diálogo contínuo e colaborativo, com o objetivo de encontrar soluções conjuntas para os desafios enfrentados no processo de aprendizagem dos alunos. É fundamental que essas reuniões ocorram regularmente ao longo do ano letivo, e não apenas em ocasiões pontuais, como no fechamento de bimestres. A partir das sugestões dos autores, pode-se afirmar que as reuniões entre escola e família devem ser momentos de diálogo aberto e construtivo, com o objetivo de identificar as dificuldades e potencialidades de cada estudante, buscando soluções que promovam seu desenvolvimento integral. Não somente as reuniões, mas também as associações de pais e mestres (APMs) desempenham um papel fundamental na construção de uma escola mais democrática e participativa. Conforme identificado nas pesquisas, as APMs contribuem para a criação de um ambiente escolar mais acolhedor e colaborativo, umambiente onde todos se sentem valorizados e tem suas ideias, opiniões e sugestões respeitados. O sucesso do processo educativo depende da construção de parcerias sólidas, e as APMs são cruciais nesse sentido, ao incentivar a participação ativa dos pais e responsáveis na vida escolar dos seus filhos e ao fortalecer os laços entre a escola e a comunidade. (SANTOS; DUVERNOY, 2021). Sobre as APMs, Paraná (2018) afirma que: Ao agir desta forma, engajados e integrados, recebem e carregam desejos e anseios da categoria a qual representa. Por esta razão, tais órgãos de gestão escolar exercem um papel fundamental nos encaminhamentos de situações no cotidiano escolar. Nesse cenário de busca pelas mudanças pelas melhorias, é possível citar o papel das Associações de Pais e Mestres (APM), sendo vista não apenas como agentes que auxiliam no bom uso de recursos oriundos da União e de convênios, porém como um órgão colegiado que tem suma importância para as demais questões existentes na escola, principalmente quando se trata de contribuir para a criação de um ambiente escolar democrático, dinâmico e que favorece o trabalho coletivo (PARANÁ, 2018, p. 7). As Associações de Pais e Mestres (APMs) e a democracia estão intrinsecamente ligados, pois todos os membros da comunidade escolar têm voz e vez nas decisões que afetam o cotidiano da instituição. A participação ativa das APMs na gestão escolar é essencial para garantir que as decisões tomadas reflitam as necessidades e expectativas da comunidade escolar, promovendo assim um maior engajamento de todos os envolvidos. Além disso, as APMs atuam como um canal de comunicação entre a escola e a comunidade, contribuindo para a criação de um ambiente propício à aprendizagem e para a melhoria dos processos pedagógicos, a criação de projetos inovadores e a valorização do trabalho docente. São ainda um importante elo entre a escola e a comunidade, promovendo a integração e a participação social, e contribuindo para fortalecer os vínculos entre os diferentes atores envolvidos no processo educativo, despertando na comunidade a consciência e o papel de sujeitos atuantes na comunidade, promovendo e resgatando sentimentos de pertencimento. Por representarem os interesses da comunidade escolar, as APMs podem contribuir para a construção de uma escola mais aberta e inclusiva, que valorize a diversidade e promova a cidadania. Além de promover a participação democrática, as APMs também desempenham um papel importante na gestão dos recursos financeiros da escola, garantindo que sejam utilizados de forma transparente e eficiente para atender às necessidades da comunidade escolar. Atuam, portanto, como parceiras da escola na busca por recursos e na otimização do uso deles, contribuindo para a melhoria da infraestrutura e do material pedagógico. A Associação de Pais e Mestres (APM) foi criada pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), nº 5.692/71, em seu Artigo 62, e continua assegurada pela reformulação da (LDB), nº 9.394/96, como entidade civil com personalidade jurídica própria e sem fins lucrativos. Tem como objetivo principal estabelecer uma relação entre a escola e as famílias, na intenção de auxiliar a direção escolar no desenvolvimento das atividades administrativas, pedagógicas e sociais da escola, podendo ainda arrecadar recursos para serem empregados nas necessidades e demandas apresentadas pela instituição. Estas arrecadações funcionam de forma complementar às verbas existentes. (SANTOS; DUVERNOY, 2021, p 211) Para Santos Duvernoy (2021) ao promover a participação de todos na gestão escolar, a escola se torna um espaço de diálogo e construção coletiva, onde as decisões são tomadas de forma democrática e transparente. Essa prática educativa não apenas possibilita a troca de informações e a integração da comunidade, mas também cria um ambiente propício para a transformação e a construção de uma sociedade mais justa e democrática. É nesse contexto que a criação da associação de pais e mestres se revela fundamental, pois ela garante a participação de todos os membros da comunidade escolar na construção de um projeto educativo que atenda às necessidades e expectativas de todos. A participação da comunidade escolar na gestão da escola é essencial para garantir que as decisões tomadas atendam às necessidades e expectativas de todos. Ao criar um espaço de diálogo e participação, a escola se torna um lugar onde todos se sentem valorizados e pertencentes. A associação de pais e mestres desempenha um papel fundamental nesse processo, ao promover a integração entre os diferentes segmentos da comunidade escolar e ao garantir que as vozes de todos sejam ouvidas. Importa perceber aqui que os objetivos de uma APM vão além da contabilidade ou de levantar recursos para a escola, ou de mera prestação de contas, mas de envolvimento social, bem como a participação familiar na educação ultrapassa o simples apoio às tarefas escolares, englobando a construção de ambientes escolares e familiares que promovam, em conjunto, o desenvolvimento integral do indivíduo. Uma gestão verdadeiramente democrática é um processo de construção coletiva que visa a garantia de participação de todos os envolvidos nas decisões que afetam a escola. Desde a elaboração de projetos pedagógicos até a avaliação dos resultados, a comunidade escolar tem a oportunidade de contribuir com suas ideias e experiências, tornando a escola um espaço mais democrático e participativo. A participação da comunidade na gestão escolar é fundamental para o desenvolvimento da cidadania, o fortalecimento do senso de pertencimento e a melhoria da qualidade do ensino. Essa prática democrática promove a autonomia da escola e a participação da comunidade escolar, contribuindo para a construção de ações mais justas e equitativas, onde todos têm voz e vez nas decisões que os afetam diretamente. Santos (2022) afirma que “Um processo de gestão democrática consiste na elaboração, execução, acompanhamento e avaliação do projeto educativo que deve ser expresso no PPP e ser conhecido por toda a comunidade”. (SANTOS, 2022, p.2). De acordo com o autor, para a garantia de que o processo de ensino-aprendizagem seja significativo e contextualizado, a escola deve utilizar o Projeto Político Pedagógico como referência. O PPP, por definir os conteúdos e as estratégias pedagógicas, permite que a escola conecte a teoria à prática, promovendo a formação de cidadãos críticos e reflexivos. Nesse sentido, é fundamental analisar o nível de participação da comunidade escolar na elaboração e execução do PPP, uma vez que essa participação é essencial para garantir que o projeto esteja alinhado com as necessidades e expectativas dos interessados. Todo projeto político pedagógico requer com o um dos seus princípios básicos a participação da comunidade escolar na elaboração do mesmo, sendo que cada parte integrante desta comunidade tem sua importância nesta elaboração, assim sendo, os professores como pessoas diretamente ligadas ao processo de ensino aprendizagem, tem uma grande força dentro de sala para pôr em prática todo um planejamento formado dentro do PPP. (SANTOS, 2022, p. 2) O Projeto Político Pedagógico (PPP) constitui-se em um referencial fundamental para a organização e o direcionamento das ações pedagógicas da escola. Ao definir os conteúdos e as estratégias de ensino, o PPP garante que a formação do estudante esteja alinhada com as demandas da sociedade e com a realidade local. A participação ativa da comunidade escolar na construção e implementação do PPP assegura que o documento reflita essas demandas, o que contribui para o fortalecimento e estreitamento dos vínculos entre a escola e a comunidade, abrindo espaço para a melhoria na qualidade do ensino. A LDB (Brasil, 1996, art.12) prevê que para uma gestão democrática na escola, a escola precisa “articular-se com as famílias e a comunidade, criando processos de integração da sociedade com a escola.” Para garantir o sucesso escolar, a escola precisa focar na construção de uma relação de parceriacom cada um e com todos os membros da comunidade escolar, conhecendo suas realidades, necessidades, limites e potencialidades. Quando estabelece um vínculo de confiança e respeito, a escola garante um suporte personalizado e eficaz, preparando os estudantes para os desafios da vida em sociedade. Essa abordagem, além de promover o aprendizado, contribui para a formação de cidadãos mais conscientes e atuantes na sociedade a qual pertence. Outros modos de estreitamentos da relação família-escola apontadas na pesquisa se refere às atividades extraclasse e presença constante da família no ambiente escolar, com participações em diversas atividades e projetos. Uma pesquisa realizada por Teixeira e Marin (2021) aponta para uma participação que vai além de chamar os pais para assistirem uma apresentação de algo já realizado, mas participar ativamente de todo o processo, desde o projeto até a sua culminância. Nas falas de um professor entrevistado acerca do tema: Quando o professor consegue aproximar a família da escola, o pai e a mãe vão te olhar com outros olhos, conseguem se sentir integrantes ali, seja ajudando em festas ou em gincanas. Se o professor não chamar os pais eles não vêm, mas quanto mais ‘tu chamar’, mas eles vêm. (P. J.) (TEXEIRA E MARIN, 2021, p. 26) Outra pesquisa realizada por Silva (2018), em uma escola do campo, professores e gestores responderam acerca dos métodos que a escola pode utilizar para trazer os pais ao ambiente escolar, se destacando com maior incidência de respostas: reuniões de pais e mestres, projetos interdisciplinares com envolvimento da família; atividades extraclasse para o fim de semana que contenham a necessidade de apoio dos pais e/ou responsáveis; a conscientização dos envolvidos nos processos. Os professores entrevistados concordaram com o fato de que alunos apoiados pelos pais possuem melhor desempenho escolar. Complementando esse pensamento, pode-se, portanto, considerar imprescindível a atenção dos responsáveis pelo aluno no acompanhamento dessas atividades extraclasse, pois, deste modo, contribuem para a autoestima desses alunos que se sentem apoiadas e incentivadas a aprender mais. (MORAES; SANTOS, 2021). Conceição, Gonçalves e Maués (2018) reconhecem que “a participação dos pais é fundamental tanto na escola quanto nas atividades extraclasses, nas quais os alunos levam trabalhos para serem realizados em casa com a ajuda dos pais ou responsáveis”. (CONCEIÇÃO; GONÇALVES; MAUÉS, 2018, p.117). Entretanto, esses modos de aproximação apresentados nas publicações, apesar de relevantes, apresentam-se como modo de realinhamento das relações, ponto comum encontrado nas pesquisas. No entanto, há uma perspectiva interessante apontada por Conceição, Gonçalves e Maués (2018) na qual os autores consideram que o ato da matrícula já se configura como uma espécie de tratado de vínculo diário assinado por pais, professores e gestão, uma aliança de confiabilidade mútua, um trabalho recíproco, que começa a partir da matrícula do estudante na escola. Nesse sentido, Soares (2010) observa que: A família somente é lembrada pela escola quando há problemas ocasionados pelos (as) alunos(as) no ambiente escolar. Neste sentido, muitos pais acabam se afastando da escola, percebendo esta como um lugar negativo, já que poucas atividades recreativas e prazerosas são oferecidas a eles na escola. A escola deveria ser o ponto central de uma comunidade, um local onde todos pudessem participar e ter acesso. (SOARES, 2010, p. 9) É necessário perceber também que a relação família-escola não se reduz a contribuições financeiras para a manutenção da escola ou de presenças e contribuições para datas como dia dos pais ou das mães, vista como tarefa enfadonha pelos pais e professores. Importa, então, construir interações contínuas, de participação efetiva, nas quais a família opina e planeja, estabelecendo acordos com vistas a promover melhoria na educação dos seus filhos. “Esta busca essencial por uma relação intima entre família e escola deve ser prioridade quando o foco é um indivíduo que está aprendendo e a qualidade da formação acadêmica e cidadã que está recebendo.” (MORAES; SANTOS,2021, s/p.). Considerando as possibilidades de aproximação da família aqui expostos, a pesquisa segue para as limitações que podem interferir no andamento saudável da relação família-escola, percebendo, por meio da literatura investigada, possíveis dificuldades no estabelecimento dessa relação e as dificuldades de professores e responsáveis nessa busca por uma educação mais democrática e inclusiva. 1.5 Limitações na relação família-escola Silva, Ribeiro e Lima (2022) acreditam que a escola, ao receber um estudante, assume o compromisso de construir uma relação próxima e colaborativa com a família. Essa interação deve ser proativa, buscando criar mecanismos que facilitem a comunicação e a participação dos pais no processo educativo, garantindo assim o cumprimento da função social da escola. É de fundamental importância romper a concepção de que os pais e/ou responsáveis só devem ir à escola em caso de indisciplina dos filhos ou para receber o boletim, em alguns casos existem pais que nem se atentam a este momento. (MORAES, SANTOS, 2021, s/p.) Um dos primeiros desafios apontados aqui são os paradigmas de que os pais e responsáveis só devem intervir no processo disciplinar, indo à escola somente em momentos de indisciplina e mau comportamento de seu filho. Importa que a matrícula de um estudante na escola marque um início de uma parceria entre a família e a instituição de ensino. “A professora Maria afirmou em entrevista que o desinteresse dos pais sobre o desempenho escolar dos filhos, interfere na efetivação das metodologias utilizadas em sala de aula.” (MORAES; SANTOS, 2021. s/p). Cabe então, à escola, atrair esse interesse dos pais. Para isso, é fundamental que a escola promova ações contínuas para fortalecer essa parceria, buscando criar um ambiente de diálogo e colaboração que favoreça o bom desempenho do aluno. É preciso mais do que uma presença em dias específicos e programados. No entanto, há outros paradigmas que interferem nas relações, como o de que a família na escola nem sempre é bom para o andamento da escola e que a família deve manter um padrão estipulado pela escola. De acordo com Saraiva e Wagner (2013, p. 740) sob “o enfoque sociológico considera os determinantes ambientais e culturais e denuncia conflitos entre a educação e a classe social, entre os objetivos da escola e a organização das famílias.”. Nessa perspectiva, as famílias que não se encaixam ou não de adaptam ao modelo de família e educação familiar idealizado pela escola são responsabilizadas pelas dificuldades dos estudantes em alcançar os objetivos pretendidos em sala de aula. A expectativa da escola é que as famílias adotem as mesmas práticas educativas que a escola, e quando há divergências entre essa expectativa e a realidade é vista como um problema social e não escolar. As pesquisas de Ribeiro e Andrade (2006) percebem que o desejo da escola é similar aos das famílias e ambas possuem modelos idealizados, e que o modelo cultuado e imposto pela escola, é o modelo pelo qual as famílias buscam encaixar-se. Para Marin, Valandro e Koltermann (2024, p. 148), “não é preciso que família e escola modifiquem sua dinâmica e como se organizam, mas que estejam abertas à troca de experiências mediante uma efetiva parceria.”. É preciso reconhecer que: [...] família, educadores e educandos devem partilhar experiências e trabalhar as questões envolvidas no seu dia a dia procurando compreender cada situação, uma vez que tudo que se relaciona ao educando tem a ver de algum modo, com os pais e com a escola. As duas instituições, cada qual com seus valores e objetivos específicos na educação de uma pessoa, constituem uma estrutura intrínseca, onde quanto mais diferentes são, mais necessitam uma da outra. (SANTANNA, 2020, p. 42). Os estudos de Marin, Valandro e Koltermann (2024) apontaram para uma escola que espera que a família complemente suas expectativasde família e educação familiar ideal e culpa os próprios alunos e contextos familiares pelas dificuldades de aprendizado. E reconheceram a necessidade de um movimento partindo dos professores em busca de compreensão da realidade vivenciada no cotidiano discente e de suas famílias, não para culpar, mas para compreender as necessidades de cada aluno. Consideram também que a escola tem mantido um padrão de hierarquização do saber, no qual os pais possuem um papel submisso, mantendo uma participação não verdadeiramente efetiva. Percebe-se que a relação família-escola se torna dependente da adesão da família à filosofia educativa da escola. Quando isso não ocorre, a escola busca intervir, oferecendo programas e ações para "educar" as famílias consideradas "desestruturadas", como apontam Oliveira e Marinho (2010). Garbó (2013), por sua vez, alerta para o fato de que o termo "desestruturado" carrega um julgamento negativo, desvalorizando famílias que não se encaixam no modelo tradicional, mesmo que essas famílias ofereçam cuidados e educação de qualidade. Na visão das escolas, as famílias deveriam adotar as mesmas estratégias de socialização as crianças e jovens por elas utilizadas. Assim, quando os resultados são insatisfatórios e deficitários, ou se existem conflitos entre o currículo escolar e a educação doméstica, é sinal de que há problemas. (SARAIVA; WAGNER, 2013, p. 740) Saraiva e Wagner (2013) identificaram que os professores compreendem a relevância das expectativas familiares para o desenvolvimento escolar dos alunos. No entanto, esses mesmos docentes, muitas vezes, não percebem como suas próprias expectativas em relação às famílias podem influenciar o desempenho dos estudantes. A relação entre escola e família é um processo interativo, onde as expectativas mútuas se retroalimentam. Sob essa perspectiva, as autoras observaram que, há casos em que professores manifestam preconceitos em relação a determinadas famílias, o que pode interferir negativamente na construção de uma relação colaborativa e produtiva, em outras palavras, quando os professores carregam pré-conceitos em relação a algumas famílias, essa relação pode ser prejudicada, perdendo o potencial de ser um fator transformador na vida dos estudantes. Conforme Saraiva e Wagner (2013, p. 764), tanto as mães quanto as professoras tendem a ter uma visão bastante crítica da relação família-escola, enfatizando os aspectos negativos em detrimento dos positivos. As professoras, em particular, descrevem as famílias de forma estereotipada, destacando problemas estruturais e funcionais que, segundo elas, dificultam o processo de ensino e aprendizagem. As autoras observam que existe uma tendência a generalizar, classificando determinadas famílias como "difíceis" e "não gostam" da escola, o que contribui para o distanciamento entre esses dois atores. A partir das informações dos participantes, pode-se constatar que essa visão estereotipada e reativa ainda persiste, limitando a construção de uma relação colaborativa entre família e escola. A falta de uma reflexão mais aprofundada sobre o fenômeno por parte de ambos os lados impede a identificação de soluções mais eficazes para os desafios enfrentados no cotidiano escolar. Nessa perspectiva, as famílias que não se encaixam no modelo idealizado pela escola são responsabilizadas pelas dificuldades, com a atribuição de culpas mútuas, impede a construção de uma parceria que beneficie o desenvolvimento integral dos estudantes. Essa visão fragmentada da educação, na qual a família e a escola são vistas como entidades isoladas e em oposição, dificulta a criação de um ambiente de colaboração e de apoio mútuo. Há também os pais que culpam a escola pelo mau desempenho dos filhos e atribuem aos professores todas responsabilidades na educação dos seus filhos. Por outro lado, “[...] temos observado que nos últimos anos a família está deixando para a escola a responsabilidade da educação das crianças, não está havendo de fato, uma integração entre esses dois sistemas no que concernem as tarefas relativas ao aprendizado das crianças.” (SILVA; SILVA; BENTO, 2019, p. 271) Contrariando os autores até aqui encontrados que pregam que a aproximação deve vir da escola e não dos responsáveis pelos alunos, Zafani e Omote (2016) apesar de não retirar a posição de destaque dos professores no que tange ao estabelecimento do vínculo família-escola, afirmam que esse processo de vinculação deve ser recíproco, cabendo aos professores transmitirem suas expectativas e objetivos de aprendizagem tanto quanto a expectativa de participação dos pais nesses processos. Da mesma forma, deve haver a busca por esclarecimentos da parte dos pais para com os professores, abrindo espaço para que suas opiniões e necessidades sejam ouvidas e atendidas de modo satisfatório. Assim, antes ou ao invés de procurar um responsável ou um culpado como aparece nas pesquisas, é, sobretudo, necessário considerar que: [...] a família e a escola são dois dos principais sistemas de desenvolvimento humano que compartilham funções educativas e sociais (diferentes e similares), podendo agir como propulsores ou inibidores do desenvolvimento físico, cognitivo, emocional e social de crianças e adolescentes. (MARIN, VALANDRO E KOLTERMANN, 2024, p.127, grifos nossos). As autoras consideram a necessidade de investigação dos efeitos individuais de cada família, ao passo em que se busque contemplar a interação entre os contextos familiares e escolares em prol de um bom desenvolvimento acadêmico. Entretando, a concepção de família muda constantemente e os contextos são muito variados, tornando difícil a compreensão de cada necessidade diferente apresentada por cada aluno aos professores. Mudanças econômicas, políticas e sociais, trazem consigo novas estruturações familiares. Torna-se incomum o padrão familiar constituído de pai, mãe e filhos, talvez alguns outros membros. A concepção de patriarcal ou matriarcal dá lugar às novas composições familiares, constituídas sob as mais variadas formas. (SOUZA, 2009). Além disso, os atropelos da vida moderna que acarretam a falta de tempo dos pais para uma boa convivência com os filhos, a velocidade com que essas transformações têm ocorrido, além do grande número de separações e divórcios, dificultam para as famílias oferecerem o que costumamos chamar de “educação de berço”. (SOUZA, 2009, p. 12) De acordo com a autora, há um aumento exponencial de pequenas famílias, formadas por jovens mães e seus filhos, que lutam por sua firmação financeira. Isso se deve a outras mudanças como o aumento da expectativa de vida, redução da mortalidade, mulheres buscando sua independência financeira, mães solteiras ou com histórico de separações e divórcios. (SOUZA, 2009). Sobre a questão financeira, as pesquisas de Saraiva e Wagner (2013) observam que aspectos financeiros também podem se tornar um empecilho para uma participação mais ativa dos pais na escola, sabendo que há custos par ida à escola e os horários – que coincidem com o do trabalho, não cooperam para essa participação. Muitos empregadores não estão dispostos a liberar os pais para um chamado na escola ou uma reunião. Com a mudança contínua da estrutura familiar moderna, pais e mães por sua vez apresentam atitudes negativas na educação de seus filhos; somente apontam defeitos e corrigem, são superprotetores, impedindo a capacidade de autonomia, são pessimistas e desestimulam os filhos a sonhar com a realização pessoal. (OLIVEIRA; SILVA; BENTO, p. 275) Percebe-se, que os contextos familiares são muito variados, tornando o desafio de contextualizar o cotidiano escolar com o cotidiano familiar e social muito mais complexo para professores e pedagogos. Entretanto os papéis da família e da escola não se modificam, mesmo que os professores se sintam sobrecarregados de tarefas que cabem à família, tentando preencher lacunas deixadas por familiares, a função da família permanece em meio a tantas mudanças. Ampliando ainda mais o contexto: O que notório observar é que por conta da correria atual,é que os pais estão delegando a outros essa tarefa tão importante que é EDUCAR, sendo esta tarefa de responsabilidade exclusiva dos pais e não de babás, tias, avós, sendo estas pessoas muito importantes, como apoio desse processo educativo quando seguem a mesma linha de educação. (SILVA, SILVA; BENTO, 2019, p. 272, grifo dos autores) A correria e a busca por se manter estável financeiramente, entre outros tantos motivos, os pais passam a delegar a outros tarefas que são de sua inteira responsabilidade. Aos parentes próximos e babás cabem uma participação complementar e alinhada à educação proporcionada pelos pais. Os pais, no entanto, têm deixado a encargo de outros, incluindo a escola, e culpando outros, inclusive a escola, pelos atropelos no caminho do desenvolvimento do seu filho. É preciso reconhecer os papéis de cada um no processo de desenvolvimento do aluno, não confundindo as funções de cada um nesse processo. Nas palavras de Silva; Silva e Bento (2019, p. 272): [...] a escola não quer que a família ensine conteúdos, pois isso é pertinente à escola fazê-lo, o que ela precisa é que os pais acompanhem seus filhos no sentido de organizá-los quanto aos horários de estudo, descanso e lazer, sendo o hábito de estudo diário, fundamental para que ele possa realizar suas tarefas com responsabilidade e autonomia. (SILVA; SILVA; BENTO, 2019, p. 272) Entende-se então, que a família fica na incumbência de cobrar dos filhos as responsabilidades que lhes cabem, orientando-os, auxiliando-os nas tarefas, estimulando-os a retirar suas dúvidas com o professor, mantendo diálogos abertos acerca dos estudos e sua importância e necessidade para o futuro. Os estudos de Saraiva e Wagner (2013) constatam mais uma dificuldade no que tange aos diferentes contextos em que a criança está inserida que dificultam o diálogo e a relação-família. No âmbito escolar, professores provenientes de contextos culturais (ou sociais) distantes dos seus educandos, são menos predispostos a perceber as necessidades desses sujeitos e suas famílias, quando se comparam àqueles provenientes de contextos culturais análogos aos das famílias que são atendidas na escola em que atuam. De acordo com as autoras, “as diferenças culturais entre professores e famílias fazem com que os primeiros acreditem que os alunos e pais sejam desinteressados ou não envolvidos como deveriam na escolarização dos seus filhos.” (SARAIVA; WAGNER, 2013, p. 741). É notável que a interação família-escola permanece, ao longo dos anos, muito aquém do necessário no que se refere à promoção conjunta do desenvolvimento integral de crianças e adolescentes. Ora a escola tenta corrigir o que considera erros das famílias, ora as famílias tentam se adequar à escola, ora a escola tenta ser mais parecida com a família ou de como ela gostaria que uma família fosse, ora a família tenta se afastar. E todos esses caminhos levam ao distanciamento das duas instituições porque sempre pesam para um lado, não se tornando objetivos e interesses comuns, com ações baseadas em estereótipos e paradigmas. Estudos apontam que a solução para reduzir o distanciamento entre família e escola, seria um ensino-aprendizagem mais contextualizado com a comunidade escolar, por consequência, mais significativo aos alunos para que os pais percebessem essa abordagem e se interessassem cada vez mais pelos estudos dos filhos, dando mais apoio e se aproximando mais da escola. (MORAES; SANTOS, 2021). As pesquisam apontam para um mesmo caminho: o diálogo intenso e contínuo, dotado de objetivos comuns. Conforme Perrenoud (2001, p. 5), esse diálogo deveria ser “permanente, aberto e construtivo”, mas na prática é “frágil e desigual”, às vezes são muito difíceis e às vezes, nem existe o diálogo. O motivo para o diálogo ter essas características se dão pela diversidade de perspectivas e também porque cada família e cada escola possui práticas educativas que consideram adequadas. Quando essas práticas entram em conflito, geram divergências, o que dificulta a comunicação. De acordo com Soares (2016) os empecilhos ao diálogo se devem à uma “assimetria de poderes” que se nota que o professor já possui um vocabulário diferente da comunidade escolar, previamente preparado para “negociar” com moldes predefinidos, como reuniões, plantões pedagógicos, dentre outros. Esse vocabulário, segundo a autora, esse vocabulário hierarquiza a conversa, distanciando a comunidade escolar. (SOARES, 2016, p. 33) Além disso, embora a intenção seja orientar, o diálogo com os professores pode trazer aos pais sensação de inferioridade, insignificância ou incapacidade de educar seus filhos de modo satisfatório, o que pode resultar em distanciamento do ambiente escolar (SARAIVA; WAGNER, 2013). Portanto, o que se vê nas escolas é um distanciamento, apesar da consciência acerca da necessidade a aproximação. Para que haja entendimento entre família e escola é necessária uma comunicação eficaz, pois uma comunicação truncada, não alcança o entendimento almejado. O diálogo é um fator determinante para o sucesso na relação família-escola (PARO, 2007). Ribeiro e Andrade (2006) percebem uma dificuldade que os professores têm em aceitar a presença dos pais no ambiente escolar causada pela falta de uma delimitação mais assertiva acerca das funções educativas de cada um - família e escola – que cria um clima de ameaça mútua, em outras palavras, um tipo de rivalidade que contribui para o distanciamento das duas instituições. Por lado, “A maioria dos pais acredita que a escola é a continuação do seu lar e cobra dela o que é de sua função, é nesse período que acontece o confronto, pois a partir da entrada do filho na escola, o sistema familiar tem seus valores colocados à prova e são expostos.” (OLIVEIRA; SILVA; BENTO, 2019, p. 275). Nesse sentido, ambas as partes se evitam. Os pais não se sentem à vontade para ir à escola e os professores evitam ao máximo chamar os pais. Conforme Soares (2010): A família somente é lembrada pela escola quando há problemas ocasionados pelos (as) alunos(as) no ambiente escolar. Neste sentido, muitos pais acabam se afastando da escola, percebendo esta como um lugar negativo, já que poucas atividades recreativas e prazerosas são oferecidas a eles na escola. A escola deveria ser o ponto central de uma comunidade, um local onde todos pudessem participar e ter acesso. (SOARES, 2010, p. 9) Segundo a autora, os pais têm que pedir licença para sair do seu trabalho e ir à escola para ouvirem reclamações e resolverem problemas de disciplina dos seus filhos ou de dificuldades de aprendizagem. Isso faz com que os pais se afastem, se desinteressem por ir à escola. Além desses chamados, há ainda os chamados para reuniões que não falam a mesma língua dos pais, que mais parecem ser de interesse dos professores do que deles. Não há nas escolas uma explicitação dos motivos para os pais participarem das reuniões pois são uma apresentação do trabalho que foi, está sendo ou será realizado na escola. O mais perto de lúdico que pode ser uma ida à escola, são as apresentações de culminância de projetos ou datas como Dia dos Pais e mães, que costuma ser mais enfadonho para a maioria, do que lúdico, principalmente para os pais de crianças maiores, do Ensino Fundamental. A solução para esses impasses encontradas na pesquisa foi a participação dos pais não somente quando os professores julgarem necessários, para sanar problemas, mas para planejar, participar, cooperar e colher os resultados desse trabalho em conjunto com a escola. É preciso refletir sobre a participação da comunidade dentro da escola, num processo em que tenha o poder de decidir e agir, composta por sujeitos formadores de sua própria história. É preciso romper com o modelo tradicional de educação, através do cultivo da participação, do trabalho coletivo. É necessário possibilitar momentos de experimentação da democracia na escola, possibilitando que ela se torne uma prática efetiva, consolidada e possível de ser naturalmente vivenciada. (SILVA, SILVA, BENTO, 2019, p. .276) Os autores e trabalhos