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Faculdade de Ciências Jurídicas de Jacobina
Docente: Dr. Marcus Costa
Discente: Maxwell Silva Amorim Carvalho, Manoel Ferreira Melo, Natiane dos Santos Cerqueira, Wellington Souza Conceição
Disciplina: Direito Previdenciário – Princípios informadores
Semestre:
Atividade sobre Princípios da Seguridade Social
Decisões jurisprudenciais comentadas 
Jacobina, Agosto de 2024.
Jurisprudência 1 
RE 599309
Repercussão Geral – Mérito (Tema 470)
Órgão julgador: Tribunal Pleno
Relator(a): Min. RICARDO LEWANDOWSKI
Julgamento: 06/06/2018
Publicação: 12/12/2019
Ementa
Ementa: RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM REPERCUSSÃO GERAL RECONHECIDA. INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS. ALÍQUOTA ADICIONAL DE 2,5% SOBRE A CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA INCIDENTE NA FOLHA DE SALÁRIOS. § 2° DO ART. 3° DA LEI 7.787/1989. CONSTITUCIONALIDADE. EXAÇÃO FUNDADA NOS PRINCÍPIOS DA SOLIDARIEDADE, EQUIDADE E CAPACIDADE CONTRIBUTIVA. POSTULADOS CONSTITUCIONAIS QUE NORTEIAM A SEGURIDADE SOCIAL. APORTES ORIGINADOS DE DISTINTAS FONTES DE CUSTEIO. INEXIGIBILIDADE DE CONTRAPARTIDA. PODER JUDICIÁRIO. ATUAÇÃO COMO LEGISLADOR POSITIVO. IMPOSSIBILIDADE. I - É constitucional a alíquota adicional de 2,5% (dois e meio por cento), estabelecida pelo § 2° do art. 3° da Lei 7.787/1989, incidente sobre a folha de salários de bancos e entidades assemelhadas. II - É defeso ao Poder Judiciário atuar na condição anômala de legislador positivo, com base no princípio da isonomia, para suprimir ou equiparar alíquotas de tributos recolhidos pelas instituições financeiras em relação àquelas suportadas pelas demais pessoas jurídicas. III - Recurso extraordinário ao qual se nega provimento.
Tema
470 - Contribuição adicional de 2,5% sobre a folha de salários de instituições financeiras estabelecida antes da EC 20/98.
Tese
É constitucional a contribuição adicional de 2,5% (dois e meio por cento) sobre a folha de salários instituída para as instituições financeiras e assemelhadas pelo art. 3º, § 2º, da Lei 7.787/1989, mesmo considerado o período anterior à Emenda Constitucional 20/1998.
O princípio envolvido nesse recurso extraordinário (RE) é o da equidade na forma de participação no custeio, que se encontra abrigado pela Lei 8.212/91, art. 1º, § único, “e”, “equidade na forma de participação no custeio”; bem como pela CRFB/1988, no art. 145, § 1º, com a seguinte literalidade: 
§ 1º Sempre que possível, os impostos terão caráter pessoal e serão graduados segundo a capacidade econômica do contribuinte, facultado à administração tributária, especialmente para conferir efetividade a esses objetivos, identificar, respeitados os direitos individuais e nos termos da lei, o patrimônio, os rendimentos e as atividades econômicas do contribuinte.
Ele, portanto, estabelece que a participação do contribuinte no custeio da Seguridade Social está em função de sua capacidade contributiva, isto é, maior rendimento, maior contribuição. Conforme se verifica nas contribuições dos trabalhadores, cujas alíquotas (8%, 9% e 11%) variam de acordo com os salários por eles percebidos. Nesse mesmo diapasão, também o art. 195, § 9° da CRFB/1988, transcrito a seguir, traz a hipótese de equidade no custeio quando prevê a possibilidade de diferenciação de alíquotas ou bases de cálculo.
Art. 195, § 9º As contribuições sociais previstas no inciso I do caput deste artigo poderão ter alíquotas ou bases de cálculo diferenciadas, em razão da atividade econômica, da utilização intensiva de mão-de-obra, do porte da empresa ou da condição estrutural do mercado de trabalho.
Convém salientar ainda que é fundamentado nesse princípio que advém a justificativa para o fato de que os beneficiários da assistência social não contribuem para o sistema, tendo em vista seu estado de necessidade.
Ademais, é razoável inferir que o princípio em apreço consubstancia a solidariedade, que constitui um dos objetivos fundamentais do Estado brasileiro, consoante art. 3º, I da CRFB/1988. 
De sorte que se observa neste princípio a preocupação com a solidariedade e, para além disso, contempla o princípio isonômico, na medida em que trata os iguais de forma igual e de maneira desigual, os desiguais, na medida de suas desigualdades.
Jurisprudência 2 
AI 487075 AgR
Órgão julgador: Primeira Turma
Relator(a): Min. RICARDO LEWANDOWSKI
Julgamento: 27/11/2007
Publicação: 19/12/2007
Ementa
EMENTA: CONSTITUCIONAL. TRIBUTÁRIO. AGRAVO REGIMENTAL EM AGRAVO DE INSTRUMENTO. REGIME GERAL DE PREVIDÊNCIA SOCIAL. CONTRIBUIÇÃO SOCIAL. REPERCUSSÃO POSITIVA DA CONTRIBUIÇÃO SOCIAL. CONSTITUCIONALIDADE DA COBRANÇA. INSTRUMENTO DE ATUAÇÃO DO ESTADO NA ÁREA DE PREVIDÊNCIA. INSTITUIÇÃO MEDIANTE LEI ORDINÁRIA. CONSTITUCIONALIDADE. ALEGADA OFENSA AO ART. 201, CAPUT, § 11. OFENSA REFLEXA. AGRAVO IMPROVIDO. I - Esta Corte entende que o tributo previsto no art. 195, II, da Constituição Federal, classifica-se como contribuição social, diferenciando-se, portanto, das taxas e impostos. II -A referida contribuição social é instrumento de atuação do Estado na área de previdência social e sua exigência se dá em "obediência aos princípios da solidariedade e do equilíbrio financeiro e atuarial, bem como aos objetivos constitucionais de universalidade, equidade na forma de participação no custeio e diversidade da base de financiamento". III - Esta Corte entende ser possível a instituição de contribuição de seguridade social por meio de Lei Ordinária. IV - A apreciação dos temas constitucionais depende do prévio exame de normas infraconstitucionais. Afronta indireta à Constituição. V - Precedentes. VI - Agravo regimental improvido.
O Agravo regimental (AgR) em apreço questiona a constitucionalidade da instituição de contribuição de seguridade social por meio de Lei Ordinária. 
Encontram-se envolvidos nesse AgR os princípios da Seguridade Social da universalidade, equidade na forma de participação no custeio e, com ênfase dada pela Suprema Corte, o da diversidade de base de financiamento. 
Esse princípio encontra guarida na Lei 8.212/91, art. 1º, § único, “f”, “A Seguridade Social obedecerá aos seguintes princípios e diretrizes: f) diversidade da base de financiamento”; assim como na CRFB/1988, no art. 195§ 4º, transcrito a seguir: 
A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e das seguintes contribuições sociais: A lei poderá instituir outras fontes destinadas a garantir a manutenção ou expansão da seguridade social, obedecido o disposto no art. 154, I”.
Assim, dessa forma, cabe à toda a sociedade, de forma direta ou indireta, o custeio da Seguridade Social. Trata-se de uma forma de assegurar-lhe maior solidez e capacidade para cumprir sua finalidade, porque quanto maior for o número de segmentos sociais envolvidos na base de seu financiamento, maior será a sua aptidão em atender às demandas normativas que lhe foram impostas e consequente redução do risco de desequilíbrio fiscal; e, para além disso, evita-se, que o ônus do financiamento recaia sobre um pequeno segmento social, inclusive, contemplam-se os objetivos fundamentais de construção de uma sociedade justa e solidária, previstos no art. 3º CRFB/1988.
Portanto, de forma bem diversificada, contribui para o financiamento da Seguridade Social trabalhadores de qualquer modalidade, empregadores, o Poder Público, em todas as suas divisões administrativas (União, Estados-membros, Distrito Federal, Municípios; além de receitas de concursos de prognósticos e importadores de bens e serviços do exterior.
Jurisprudência 3
Re: 104654
Órgão julgador: Superior Tribunal Federal
Relator(a): Min. FRANCISCO REZEK 
Julgamento : 11/03/1986
Publicação: 25/04/1986
EMENTA: PREVIDENCIÁRIO. RECURSO ESPECIAL. SALÁRIO-MATERNIDADE. TRABALHADORA RURAL MENOR DE 16 ANOS. ATIVIDADE CAMPESINA COMPROVADA. ART. 11, VII, c, § 6º. DA LEI 8.213⁄91. CARÁTER PROTETIVO DO DISPOSITIVO LEGAL. NORMA DE GARANTIA DO MENOR NÃO PODE SER INTERPRETADAEM SEU DETRIMENTO. PRINCIPIO DA UNIVERSALIDADE DA COBERTURA DA SEGURIDADE SOCIAL. IMPERIOSA PROTEÇÃO DA MATERNIDADE, DO NASCITURO E DA FAMÍLIA. DEVIDA A CONCESSÃO DO BENEFÍCIO. RECURSO ESPECIAL DO INSS DESPROVIDO
Ocorreu que, a pessoa menor de 16, trabalhadora rural e grávida solicitou o auxílio maternidade, porém o INSS negou o provimento do benefício. No seu apelo especial, indicou o Recorrente (INSS) desrespeito aos artigos 11, VII, c e § 6º da Lei 8.213⁄91 e 428 da CLT, sob a alegação de que não é viável a autorização de salário maternidade à envolvida na Ação Civil Pública, pois no momento do parto, não possuía idade mínima necessária para se filiar à Previdência Social. Argumenta que a legislação não contempla a presença do aprendiz no serviço rural e não atribui a qualidade de segurado especial aos menores de 16 anos, motivo pelo qual não se pode reconhecer a condição de segurada da referida, o que impede a concessão de qualquer benefício. Entretanto, a jurisprudência do STF tem orientado que:
“a exclusão dos menores de 14 anos do elenco legal dos segurados é, sem sombra de dúvida, pura consequência da sua proteção jurídica, bem definida na proibição de que sejam empenhados no trabalho, não podendo tal norma de proteção ser invocada em seu desfavor, conseqüencializando-se, ao contrário, que da sua violação resultam-lhe todos os direitos decorrentes do tempo de serviço, como fato jurídico” (RESP 936.939, Relator Ministro Hamilton Carvalho, DJ 20⁄06⁄2007). Precedentes também do STF (v.g., RE 104654, Relator Ministro Francisco Rezek, Segunda Turma, j. 11⁄03⁄1986) e do TRF4 (v.g.,AR 0001603-76.2011.404.0000, Terceira Seção, Relator Celso Kipper, D.E. 24⁄09⁄2012).
Em primeiro lugar, vale frisar que a finalidade do legislador infraconstitucional ao firmar um parâmetro mínimo de 16 anos de idade para o registro no RGPS era a de refrear a exploração do trabalho da criança e do adolescente, aportado no art. 7º., XXXIII da Constituição Federal.
“Proibição de trabalho noturno, perigoso ou insalubre aos menores de dezoito e de qualquer trabalho a menores de quatorze anos, salvo na condição de aprendiz” 
Dito isso, fica cristalino que nessa corte já foi convencionado o entendimento de que o direito, ao proibir o labor infantil, teve por desígnios a sua assistência e proteção, tendo sido determinado a vedação em benefício do absolutamente incapaz e não em seu prejuízo, utilizando-se do princípio da universalidade da cobertura da Seguridade Social. Nesta situação, o STJ entende, baseado em jurisprudência do STF, que é inconcebível que o não enquadramento do exigido etário para filiação ao RGPS, por uma jovem compelida a trabalhar na pré-adolescência, comprometa o proveito ao benefício previdenciário, sob pena de desamparar não só a adolescente, mas juntamente o nascituro, que seria privado não só da proteção social, como também do convívio familiar, uma vez que sua mãe teria de voltar às lavouras após seu nascimento.
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