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ENERGIAS RENOVÁVEIS 
AULA 6 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Profª Muriele Bester de Souza 
 
 
2 
CONVERSA INICIAL 
Seja muito bem-vindo(a) à nossa aula. Nesta aula, falaremos sobre uma 
fonte de energia que tem sido foco de muito projetos em desenvolvimento na 
campanha Race to Zero (Corrida por Zero Emissões) da Convenção das Nações 
Unidas sobre Mudanças Climáticas: o hidrogênio. Vamos aprofundar um pouco 
sobre o que é o hidrogênio e quais suas características, como produzir 
hidrogênio verde, o que são e quais os tipos de células a combustível, além dos 
componentes de sistemas com célula a combustível, as tecnologias empregadas 
em células a combustível e suas principais aplicações. 
Diante do atual cenário preocupante causado pelo aquecimento global, a 
redução nas emissões de CO2 tem sido alvo de muitos países ao redor do 
mundo, que tem buscado, de maneira urgente, meios para suprir as demandas 
energéticas sem prejudicar ainda mais o meio ambiente. Uma solução que tem 
evoluído é o hidrogênio verde, também conhecido como hidrogênio renovável. A 
partir de seus governos e grandes empresas, estes países têm transformado o 
hidrogênio em um objetivo estratégico, pelo fato de ser uma fonte de energia de 
grande potencial para o futuro. 
Espera-se que, após a pandemia de COVID-19, o mercado de hidrogênio 
ganhe um espaço considerável no setor energético. Essa meta deverá ser 
alcançada a partir de políticas energéticas para a retomada da economia e para 
acelerar a transição energética em diversos países. 
TEMA 1 – O HIDROGÊNIO 
Dentre os elementos existentes no universo, o hidrogênio é o mais 
abundante, sendo que no planeta Terra ele corresponde a cerca de 70% da 
superfície. Na maior parte, está em forma de compostos, e quando não faz parte 
de substâncias químicas, pode ser encontrado exclusivamente na forma gasosa. 
Em seu estado natural e sob condições de temperatura e pressão normais, é 
incolor (sem cor), insípido (sem sabor), inodoro (sem odor) e também o mais leve 
dentre os elementos químicos. 
O hidrogênio (Hydrogen) está localizado na primeira casa da tabela 
periódica da família dos metais alcalinos (IA) e é representado pela letra H, 
porém não possui características físicas e químicas semelhantes aos elementos 
da família e, por isso, não faz parte dela. Em Ecycle (2021), vemos que o 
 
 
3 
hidrogênio é o elemento químico de menor massa atômica (1 u) e menor número 
atômico (Z=1) entre todos os elementos conhecidos até hoje. Como seu número 
atômico é 1, sua distribuição eletrônica é 1s¹ e seu peso atômico é 1,008. A figura 
a seguir mostra o elemento, conforme representado na tabela periódica. 
 
Fonte: konstantinks/Shutterstock. 
À primeira vista, o hidrogênio é o elemento mais simples que existe. Um 
átomo de hidrogênio tem um próton e um elétron, como representado na figura 
a seguir. 
 
Fonte: pikepicture/Shutterstock. 
O hidrogênio como gás (H2), entretanto, não existe naturalmente na Terra, 
podendo ser encontrado apenas na forma composta. Combinado com o 
oxigênio, forma água (H2O). Combinado com o carbono, ele forma compostos 
orgânicos como metano (CH4), carvão e petróleo. Como parte de inúmeros 
 
 
4 
compostos de carbono, o hidrogênio está presente em todos os tecidos animais 
e vegetais. 
Em seus estudos, IPEN (2008) apresenta informações interessantes 
sobre o hidrogênio. 
• Sua identificação ocorreu em 1776 pelo cientista britânico Henry 
Cavendish, sendo denominado de “ar inflamável”. 
• Essa descoberta levou a descobrir-se mais tarde que a água (H2O) é 
formada por hidrogênio e oxigênio. 
• Os cientistas ingleses William Nicholson e Sir Anthony Carlisle 
descobriram que a aplicação de uma corrente elétrica na água produzia 
hidrogênio e gases oxigênio. Esse processo foi posteriormente 
denominado eletrólise. 
• O gás hidrogênio (H2) não está presente na natureza em quantidades 
significativas, sendo, portanto, um vetor energético, ou seja, um 
armazenador de energia. 
• O hidrogênio deve ser extraído de uma fonte primária que o contenha para 
sua utilização, seja ela energética ou não. 
• A energia contida em 1,0kg de hidrogênio corresponde à energia de 
2,75kg de gasolina. 
• Devido à sua massa específica (0,0899kgNm–3 a 0°C e 1atm), a energia 
de um litro de hidrogênio equivale à energia de 0,27 litro de gasolina. 
O hidrogênio tem o maior conteúdo de energia do que qualquer 
combustível comum por peso, mas o menor conteúdo de energia por volume. O 
hidrogênio é o gás mais abundante no universo e a fonte de toda a energia que 
recebemos do sol, e também é um dos elementos mais abundantes na crosta 
terrestre. 
1.1 Fontes de hidrogênio 
Na natureza, o hidrogênio pode ser encontrado em gases vulcânicos e 
alguns gases naturais, na forma de um elemento livre. 
Uma característica muito interessante do hidrogênio é que ele pode ser 
obtido de várias maneiras, sendo mais comum em composição de diversos tipos 
de substâncias orgânicas e inorgânicas, tais como metano e água. Devido a toda 
 
 
5 
essa maleabilidade em se obter H2, cada país pode escolher qual a melhor 
maneira de produzi-lo, de acordo com as maneiras disponíveis. 
Através da eletrólise da água, este componente também pode ser obtido 
a partir de energia elétrica por fontes como hidroelétricas, geotérmicas, eólica e 
solar fotovoltaica, e da eletricidade de usinas nucleares. Pela reforma catalítica 
ou gaseificação, seguida de purificação de fontes como etanol, lixo, rejeitos da 
agricultura e outros, o hidrogênio ainda pode ser obtido da energia da biomassa, 
e da mesma forma, a partir do petróleo, carvão e gás natural, as fontes de 
hidrogênio mais viáveis economicamente são os combustíveis fósseis. 
O gás natural e outros combustíveis fósseis podem ser reformados para 
liberar o hidrogênio de suas moléculas de hidrocarbonetos e são a fonte da maior 
parte do hidrogênio fabricado atualmente nos Estados Unidos. Combinar esses 
processos com a captura, utilização e armazenamento de carbono reduzirá as 
emissões de dióxido de carbono. Atualmente, é um processo de produção de 
hidrogênio avançado e maduro que se baseia na infraestrutura de gás natural 
existente. 
A luz solar ou a força dos ventos podem fornecer energia elétrica para 
produzir hidrogênio. São recursos abundantes, porém intermitentes. O 
hidrogênio gerado poderia ser armazenado e então usado em células de 
combustível para gerar eletricidade durante os períodos do dia em que os 
recursos solares e eólicos estão baixos. 
A biomassa é um recurso renovável abundante que pode ser produzido 
internamente e pode ser convertido em hidrogênio e outros subprodutos por meio 
de vários métodos. Como o crescimento da biomassa remove o dióxido de 
carbono da atmosfera, as emissões líquidas de carbono desses métodos podem 
ser baixas. 
Linardi (2008) cita alguns exemplos de como alguns países escolheram 
produzir o hidrogênio: a Rússia tem a opção de hidrogênio de origem nuclear, a 
Argentina, por sua vez, optou pelo hidrogênio de origem eólica e o Brasil 
direciona-se para a produção de hidrogênio a partir do bioetanol. 
1.2 Formas de obtenção do hidrogênio 
A produção do gás hidrogênio pode ser realizada por meio de alguns 
processos básicos, conforme listados por Dias (2021): 
 
 
6 
• Reação de simples troca de ácidos com metais 
2 Al + 6 HCl → 2 AlCl3 + 3H2 
Nesta equação, podemos observar que quando o alumínio metálico reage 
com o ácido clorídrico (HCl), ocorre uma reação de simples troca que produz o 
cloreto de alumínio (AlCl3) e o gás hidrogênio (H2). 
• Reação de hidretos com a água 
NaH + H2O → NaOH + H2 
Nesta equação, o hidreto de sódio (NaH) reage com a água, o que resulta 
na formação do hidróxido de sódio (NaOH) e do gás hidrogênio (H2). 
• Decomposição de hidrocarbonetos com a ação do calor. 
• A ação do hidróxido de sódio ou hidróxido de potássio na eletrólisede 
alumínio da água. 
• Vapor em carbono aquecido. 
• Deslocamento de ácidos por metais. 
• Entre outras formas que ainda estão em desenvolvimento. 
1.3 Hidrogênio verde 
Para comparação, dependendo de como é produzido, são adotados 
diferentes “tons de hidrogênio”. 
• Hidrogênio marrom, produzido usando carvão, onde as emissões são 
liberadas para a atmosfera. 
• Hidrogênio cinza, produzido a partir do gás natural, onde as emissões 
associadas são liberadas para a atmosfera. 
• Hidrogênio azul, produzido a partir do gás natural, onde as emissões são 
capturadas usando a captura e armazenamento de carbono. 
• Hidrogênio verde, produzido a partir da eletrólise movida por eletricidade 
gerada a partir de fontes renováveis. 
Assim como sugere o assunto dos nossos estudos – energias renováveis 
–, o hidrogênio verde (Green Hydrogen) leva este nome pelo fato de estar 
vinculado à sustentabilidade e à preservação do meio ambiente, referindo-se ao 
hidrogênio produzido a partir da eletrólise da água com energia provida por 
 
 
7 
fontes renováveis, particularmente, a partir das energias solar e eólica, sem a 
emissão de carbono, como sugere a figura a seguir. 
 
Fonte: Scharfsinn/Shutterstock. 
Para se obter o hidrogênio, precisamos de eletricidade, precisamos de 
energia. Este processo para fazer hidrogênio verde é alimentado por fontes de 
energia renováveis, como eólica ou solar. Isso torna o hidrogênio verde a opção 
mais limpa, ou seja, hidrogênio de fontes renováveis de energia sem CO2 como 
subproduto. 
O hidrogênio dificilmente tem seu aproveitamento energético por 
combustão diferente dos combustíveis fósseis. Ele se dá por meio de uma 
transformação eletroquímica, realizada em células conhecidas como células a 
combustível, que serão estudadas a seguir. 
No futuro, a água substituirá os combustíveis fósseis como principal 
recurso para o hidrogênio. O hidrogênio será distribuído por meio de redes 
nacionais de dutos de transporte de hidrogênio e postos de abastecimento. A 
energia do hidrogênio e da célula a combustível será limpa, abundante, confiável, 
acessível e parte integrante de todos os setores da economia em todas as 
regiões. 
Além disso, a produção de hidrogênio pelo processo de eletrólise tem 
eficiência de aproximadamente 80%, o que significa que a maior parte da energia 
elétrica pode ser armazenada e distribuída na forma de hidrogênio. Assim, a 
economia de produção, armazenamento e utilização de hidrogênio baseado na 
eletrólise tornam-se bastante relevantes no contexto de mercados de 
eletricidade competitivos. 
 
 
 
8 
TEMA 2 – CÉLULAS A COMBUSTÍVEL 
O hidrogênio, como um transportador de energia, pode conectar vários 
recursos de energia para vários usos finais, levando ao desenvolvimento do 
conceito de economia do hidrogênio, que se originou no início dos anos 1970. 
Se fontes de energia não fósseis forem utilizadas para a produção de hidrogênio, 
ele ajudará significativamente a aliviar muitas preocupações ambientais. 
O hidrogênio e as células de combustível não precisam ser usados juntos. 
No entanto, o uso de células de combustível alimentadas com hidrogênio possui 
sinergias importantes e maximiza os potenciais benefícios em termos de 
eficiência energética, segurança energética e emissões de CO2 e outros 
poluentes. Como consequência, as células de combustível representam a 
tecnologia de escolha para usar o hidrogênio como um transportador de energia. 
No entanto, com a tecnologia atual, o único combustível que proporciona 
correntes elétricas de interesse prático é o hidrogênio, apesar de já existirem 
células que utilizam diretamente metanol como combustível. Mas, neste caso, as 
correntes elétricas obtidas ainda são relativamente baixas. 
As células a combustível, ou CaC, geram eletricidade de uma maneira 
mais ecológica e são muito eficientes, quase sem emissão de qualquer 
substância tóxica. Conceitua-se por ser um dispositivo eletroquímico, capaz de 
converter diretamente a energia química fornecida por um combustível e por um 
oxidante em energia elétrica e vapor de água. 
Na figura a seguir, é apresenta uma célula a combustível de caráter 
experimental. 
 
Fonte: luchschenF/Shutterstock. 
 
 
9 
Uma célula a combustível é um dispositivo eletroquímico que converte a 
energia química armazenada em um combustível gasoso ou líquido, por 
exemplo, hidrogênio, metano, metanol, etanol, outros, diretamente em energia 
elétrica (em corrente contínua), a temperatura constante. Esse tipo de processo 
de conversão de energia é diferente do processo clássico de conversão de 
energia termomecânica. 
Como um processo de conversão de energia eletroquímica, as células a 
combustível têm eficiência intrinsecamente mais alta e critérios de emissão de 
poluentes muito mais baixos do que os geradores à combustão de carvão ou 
gás. 
As células a combustível oferecem um papel promissor na abordagem da 
segurança energética e das emissões de carbono, devido aos seus processos 
de conversão de energia eficientes e perfis de emissão limpa, em comparação 
com o sistema baseado na combustão de combustível fóssil. 
As tecnologias de células de combustível tiveram um renascimento nos 
últimos anos, devido a várias razões. O aquecimento global e a poluição do ar 
local causados por vários processos de utilização de energia criaram uma 
infinidade de preocupações ambientais, promovendo o desenvolvimento de 
novas tecnologias com alta eficiência de conversão e baixas emissões 
(possivelmente emissão zero), no que diz respeito a gases de efeito estufa e 
outros poluentes. 
As células a combustível podem servir como uma fonte confiável de 
geração de energia elétrica. Ao se tornarem mais amplamente implantadas, elas 
podem melhorar as condições de saúde pública, devido à redução de poluentes 
atmosféricos, como SOx e partículas finas de usinas elétricas tradicionais à base 
de carvão. 
Como as células a combustível convertem a eletricidade diretamente da 
energia química, elas costumam ser muito mais eficientes do que os motores de 
combustão. As células a combustível podem ser todas de estado sólido e 
mecanicamente ideais, o que significa que não há partes móveis, caracterizando 
sistemas altamente confiáveis e duradouros. A falta de peças móveis também 
significa redução de ruídos. Além disso, produtos indesejáveis, como NOx, SOx 
e emissões de partículas, são virtualmente zero. 
Diferentemente das baterias, as células a combustível permitem um 
escalonamento independente e fácil entre a potência (determinada pelo tamanho 
 
 
10 
da célula de combustível) e a capacidade (determinada pelo tamanho do 
reservatório de combustível). As células a combustível oferecem densidades de 
energia potencialmente mais altas do que as baterias e podem ser recarregadas 
rapidamente no reabastecimento, enquanto as baterias devem ser jogadas fora 
ou conectadas para uma recarga demorada. 
Embora as células a combustível apresentem vantagens intrigantes, elas 
também possuem algumas desvantagens sérias. O custo representa uma 
grande barreira para a sua implementação. Por causa dos custos exorbitantes, 
a tecnologia ainda é apenas economicamente competitiva em algumas 
aplicações altamente especializadas (por exemplo, a bordo do ônibus espacial). 
A densidade de potência (quanta potência uma célula de combustível 
pode produzir por unidade de volume) é outra limitação significativa. 
A disponibilidade e o armazenamento de combustível apresentam outros 
problemas. As células a combustível funcionam melhor com gás hidrogênio, um 
combustível que não está amplamente disponível, apresenta uma densidade de 
energia volumétrica baixa e é difícil de armazenar. Combustíveis alternativos 
(por exemplo, gasolina, metanol, ácido fórmico) são difíceis de usar diretamente 
e geralmente requerem reforma. Esses problemas podem reduzir o desempenho 
da célula de combustívele aumentar os requisitos para equipamentos auxiliares. 
As limitações adicionais da célula de combustível incluem questões de 
compatibilidade de temperatura operacional, suscetibilidade a contaminação do 
combustível e baixa durabilidade sob o ciclo start-stop. 
2.1 Princípio básico de funcionamento 
É um tipo de dispositivo que utiliza energia química para gerar energia 
elétrica e aparece como uma forma alternativa de geração e armazenamento de 
energia. Esses dispositivos são chamados de células a combustível, ou fuel cells, 
em inglês. 
Uma célula a combustível é semelhante a uma bateria, pois produz 
eletricidade a partir de reações químicas. A maioria das baterias se esgota 
quando os produtos químicos dentro delas acabam. Entretanto, os produtos 
químicos nas células de combustível não se esgotam, pois eles vêm de um 
tanque de combustível separado, ou seja, a principal diferença entre as células 
de combustível e as baterias é o fato de as substâncias que sofrem reações 
químicas não se encontrarem inicialmente no interior delas, mas serem 
 
 
11 
introduzidas continuamente a partir do exterior. Enquanto houver combustível no 
tanque, a célula a combustível continuará funcionando e produzindo eletricidade. 
Hoje, a maioria das células de combustível usa hidrogênio como combustível 
nesse tanque. 
Uma célula a combustível consiste em dois eletrodos, sendo um ânodo 
negativo e um cátodo positivo, ambos envolvidos em torno de um eletrólito. Eles 
operam alimentando hidrogênio para o ânodo e oxigênio para o cátodo. Nesse 
ponto, ativados por um catalisador, os átomos de hidrogênio se separam em 
prótons e elétrons, que seguem caminhos diferentes para o cátodo. Os elétrons 
passam por um circuito externo, onde é gerada a eletricidade, enquanto os 
prótons migram através do eletrólito para o cátodo, onde se reúnem com o 
oxigênio e os elétrons para produzir água e calor. 
O hidrogênio se combina com o oxigênio do ar para formar a água. Essa 
é a mesma reação química que ocorre quando o hidrogênio queima. Na verdade, 
em uma célula a combustível, a reação produz eletricidade. 
Cada uma das duas reações de eletrodo cria uma diferença de potencial 
característica através da interface eletrodo/eletrólito sólido, que é diferente para 
as duas reações de acordo com os diferentes reagentes. A tensão geral da célula 
entre os dois eletrodos, que são unidos pelo mesmo eletrólito, permite que os 
elétrons gerados no ânodo e consumidos no cátodo criem um trabalho no circuito 
externo. Consequentemente, a energia química liberada pelas reações 
individuais dos eletrodos nos eletrodos separados localmente é transferida 
diretamente na forma de energia elétrica. Essa via é diferente da etapa de 
combustão na geração de energia termomecânica “clássica”, onde a oxidação 
do combustível e a redução do oxidante ocorrem no mesmo elemento de volume, 
gerando apenas calor. 
O hidrogênio gasoso (o combustível) penetra através da estrutura porosa 
do ânodo, dissolve-se no eletrólito e reage nos sítios ativos da superfície do 
eletrodo, liberando elétrons e formando prótons. Os elétrons liberados na 
oxidação do hidrogênio chegam ao cátodo por meio do circuito externo e ali 
participam da reação de redução do oxigênio. Os prótons formados no ânodo 
são transportados ao cátodo, onde reagem formando o produto da reação global 
da célula a combustível, a água. 
 
 
12 
 Em outras palavras, nessa célula a combustível, a reação que ocorre no 
ânodo é a oxidação de hidrogênio e a reação que ocorre no cátodo é a redução 
de oxigênio, usualmente do ar. 
Ambas as interfaces eletroquímicas devem pertencer a uma célula 
eletroquímica comum, sendo unidas na célula por um meio comum, um eletrólito 
condutor de íons. Ambos os eletrodos devem ser conectados eletronicamente 
por um circuito externo, contendo o dispositivo elétrico a ser operado, no qual os 
elétrons, devido à diferença de potencial criada pelas reações dos dois eletrodos, 
viajam do ânodo ao cátodo entregando a corrente elétrica. 
Embora o nome sugira a existência de uma combustão, o que ocorre na 
verdade é uma reação química que leva a oxidação completa de uma substância, 
que é conhecida como reação de combustão. A reação de oxidação desse 
combustível ocorre em um eletrodo, chamado ânodo, enquanto uma reação de 
redução de outra substância, geralmente o oxigênio, ocorre no cátodo. Dessa 
forma, as células a combustível não se descarregam como as baterias, mas 
funcionam continuamente enquanto forem fornecidas as substâncias que sofrem 
as reações químicas no seu interior. 
Assim, pode-se ter um reservatório externo que pode ser reabastecido 
rapidamente (como em um automóvel), não necessitando grandes tempos para 
serem recarregadas, como no caso das baterias. As grandes vantagens das 
células a combustível, além de poderem operar por longos períodos de tempo, 
é que são limpas, silenciosas, eficientes e podem operar a partir de substâncias 
renováveis. 
A estrutura básica de todas as células a combustível é semelhante: a 
célula unitária consiste em dois eletrodos porosos, cuja composição depende do 
tipo de célula, separados por um eletrólito e conectados por meio de um circuito 
externo. Os eletrodos são expostos a um fluxo de gás (ou líquido) para suprir os 
reagentes (o combustível e o oxidante). Um esquema de uma célula a 
combustível hidrogênio/oxigênio é apresentado na figura a seguir: 
 
 
13 
 
Fonte: Dimitrios Karamitros/Shutterstock. 
A seguir, podemos visualizar uma figura mais simples para o 
entendimento do funcionamento de uma célula a combustível. 
 
Fonte: Sergey Merkulov/Shutterstock. 
 
 
14 
TEMA 3 – COMPONENTES DE SISTEMAS COM CÉLULA A COMBUSTÍVEL 
As células de combustível são dispositivos de conversão de energia 
estática, os quais convertem a reação química dos combustíveis diretamente em 
energia elétrica, produzindo água como seu subproduto. 
Para efeito de comparação, os motores térmicos convencionais produzem 
eletricidade a partir de energia química com o uso de conversão de energia 
mecânica intermediária, o que resulta em eficiência reduzida em comparação 
com células de combustível. 
As células de combustível, por outro lado, combinam as melhores 
características de motores e baterias. Como um motor, elas podem operar 
enquanto o combustível estiver disponível, sem que nenhuma conversão de 
energia mecânica intermediária. Com relação à bateria, suas características são 
semelhantes quando em condições de carga. 
Uma célula de combustível é um dispositivo de conversão de energia que 
converte a energia química de uma reação diretamente em eletricidade com 
subproduto de água e calor. 
Cada unidade de uma CaC, como mostra, é constituída por três 
componentes básicos: o eletrólito, o eletrodo catódico (catodo) e o eletrodo 
anódico (anodo). 
Uma camada de catalisador é adicionada em ambos os lados da 
membrana. As camadas de catalisador convencionais incluem partículas de 
platina de tamanho nanométrico, dispersas em um suporte de carbono de alta 
área de superfície. Esse catalisador de platina é misturado com um polímero 
condutor de íons (ionômero) e instalado entre a membrana e as camadas de 
difusão de gás. 
No lado do ânodo, o catalisador de platina permite que as moléculas de 
hidrogênio sejam divididas em prótons e elétrons. Do lado do cátodo, o 
catalisador de platina permite a redução do oxigênio ao reagir com os prótons 
gerados pelo ânodo, produzindo água. O ionômero misturado às camadas de 
catalisador permite que os prótons viajem através dessas camadas. 
A célula de combustível consiste em uma camada de eletrólito em contato 
com dois eletrodos de cada lado. O combustível de hidrogênio é alimentado 
continuamente ao eletrodo anódico e o oxidante (geralmente o oxigênio do ar) é 
alimentado continuamente ao eletrodo catódico. 
 
 
15 
As camadas de difusão de gás ficam foradas camadas de catalisador e 
facilitam o transporte de reagentes para a camada de catalisador, bem como a 
remoção de água do produto. Cada camada é normalmente composta por uma 
folha de papel carbono em que as fibras de carbono são parcialmente revestidas 
com politetrafluoroetileno (PTFE). Os gases se difundem rapidamente através 
dos poros, os quais são mantidos abertos pelo PTFE hidrofóbico, que evita o 
acúmulo excessivo de água. 
Em muitos casos, a superfície interna do difusor de gás é revestida com 
uma fina camada de carbono de alta área superficial misturado com PTFE, 
chamada de camada microporosa. A camada microporosa pode ajudar a ajustar 
o equilíbrio entre a retenção de água, que é necessária para manter a 
condutividade da membrana, e a liberação de água, necessária para manter os 
poros abertos para que o hidrogênio e o oxigênio possam se difundir nos 
eletrodos. 
Na figura a seguir, é apresentada um tipo de célula a combustível com 
seus principais componentes. 
 
Fonte: sivVector/Shutterstock. 
 
 
16 
TEMA 4 – TECNOLOGIAS EMPREGADAS EM CÉLULAS DE COMBUSÍVEL 
Existem cinco tipos principais de células de combustível, que embora 
sejam baseados nos mesmos princípios eletroquímicos, todos eles operam em 
diferentes regimes de temperatura, incorporam diferentes materiais e muitas 
vezes diferem em suas características de tolerância ao combustível e 
desempenho. Vamos analisar esses cinco tipos. 
4.1 Célula a combustível de ácido fosfórico – Phosphoric acid fuel cell 
(PAFC) 
Nas células tipo PAFC, o eletrólito H3PO4 (ácido fosfórico) líquido (puro 
ou altamente concentrado) está contido em uma matriz fina de SiC (carbeto de 
silício), entre dois eletrodos de grafite porosos e revestidos com um catalisador 
de platina. O hidrogênio é usado como combustível e o ar ou oxigênio pode ser 
usado como oxidante. 
A tensão obtida de uma única célula a combustível é de 0,6 a 0,8V ou 
mais. Em usinas reais de energia, várias centenas de células são empilhadas e 
conectadas em série, formando uma subunidade chamada pilha de células. O 
calor é gerado devido às perdas de energia durante a reação eletroquímica do 
hidrogênio com o oxigênio, e assim as placas de resfriamento são inseridas em 
intervalos regulares entre as células de combustível. A água de resfriamento é 
passada por elas para manter uma temperatura de operação da célula a cerca 
de 200°C. 
Elas foram as primeiras células de combustível usadas comercialmente, 
e mais de 200 unidades estão em uso. Essas células de combustível toleram 
impurezas de hidrogênio e podem atingir eficiências gerais de cerca de 85% 
quando usados para eletricidade e cogeração de calor, e cerca de 37 a 42% 
apenas para geração de eletricidade. No entanto, são maiores e mais pesados 
do que outras células de combustível com a saída de potência equivalente. 
Como vantagens da tecnologia, podemos citar: 
• tecnologia madura; 
• excelente confiabilidade/desempenho de longo prazo; e 
• eletrólito apresenta custo relativamente baixo. 
 
 
 
17 
Como desvantagens, podemos citar: 
• catalisador de platina apresenta alto valor; 
• suscetível a envenenamento por CO (monóxido de carbono) e S (enxofre); 
e 
• eletrólito é um líquido corrosivo que deve ser reabastecido durante a 
operação. 
4.2 Célula a combustível com membrana de polímero eletrolítico – 
Polymer electrolyte membrane fuel cell (PEMFC) 
Essas células de combustível são construídas a partir de uma membrana 
eletrolítica de polímero condutor de prótons, geralmente um polímero de ácido 
sulfônico perfluorado, fina (20–200µm), flexível e transparente. É revestido em 
ambos os lados com uma fina camada de catalisador poroso à base de platina. 
Essa estrutura de sanduíche eletrodo-catalisador-membrana-catalisador-
eletrodo é conhecida como um conjunto de eletrodo de membrana, com menos 
de 1mm de espessura. Como a membrana de polímero deve ser hidratada com 
água líquida para manter a condutividade adequada, a temperatura de operação 
do PEMFC é limitada a 90°C ou menos. 
Devido à baixa temperatura de operação, os materiais à base de platina 
são os únicos catalisadores práticos disponíveis atualmente. Embora o 
hidrogênio seja o combustível de escolha, para aplicações portáteis de baixa 
potência (menor que 1kW), combustíveis líquidos, como metanol e ácido fórmico 
também estão sendo considerados. 
Atualmente, possuem a maior densidade de potência de todos os tipos de 
células de combustível (500–2500 mW/cm2). Também oferecem as melhores 
características de partida rápida e liga/desliga. Por essas razões, são adequados 
para aplicações de alimentação e transporte portáteis. O desenvolvimento de 
células de combustível na maioria das grandes empresas automotivas está 
quase exclusivamente focado no PEMFC. 
Seu desempenho é influenciado pelo conteúdo de água na membrana, 
sendo que a condutividade da membrana é proporcional ao seu conteúdo de 
água. A reação química forma água, mas quando a temperatura aumenta, o ar 
da reação que entra na célula a combustível tem um efeito de secagem, ou seja, 
a quantidade de água removida da célula a combustível é maior do que a água 
 
 
18 
produzida pela reação química. Requer resfriamento da célula para evitar 
superaquecimento. 
Como vantagens da tecnologia, podemos citar: 
• maior densidade de potência dentre todas as classes de células de 
combustível; 
• boa capacidade de acionamento e desligamento; e 
• a operação em baixa temperatura o torna adequado para aplicações 
portáteis. 
Como desvantagens, podemos citar: 
• a membrana de polímero e os componentes auxiliares são caros; 
• a gestão ativa da água é frequentemente necessária; 
• utiliza catalisador de platina de alto custo; e 
• muito baixa tolerância a CO (monóxido de carbono) e S (enxofre). 
4.3 Célula a combustível alcalina – Alkaline fuel cell (AFC) 
As células de combustível alcalinas foram um dos primeiros tipos de 
células de combustível extensivamente pesquisadas, sendo usadas pela NASA 
para as missões Gemini, Apollo e em ônibus espaciais, sendo que o primeiro 
modelo foi construído em 1939. 
Em seu funcionamento, a água é consumida no cátodo de um AFC 
enquanto é produzida (duas vezes mais rápido) no ânodo. Se o excesso de água 
não for removido do sistema, ele pode diluir o eletrólito KOH (hidróxido de 
potássio), levando à degradação do desempenho. 
A sobretensão de ativação do cátodo é significativamente menor do que 
em uma célula a combustível ácida de temperatura semelhante. Além disso, 
muitos mais catalisadores à base de metal são estáveis em um ambiente 
alcalino. Assim, sob algumas condições, catalisadores de níquel (em vez de 
platina) podem ser usados no cátodo. Como a cinética ocorre muito mais 
rapidamente em um meio alcalino do que em um meio ácido, pode-se atingir 
tensões operacionais de até 0,875V. 
Dependendo da concentração de KOH no eletrólito, essas células de 
combustível podem operar em temperaturas entre 60 e 250°C. Elas requerem 
hidrogênio e oxigênio puros como combustível e oxidante, porque não podem 
tolerar nem mesmo os níveis atmosféricos de dióxido de carbono. 
 
 
19 
Devido a essas limitações, não são economicamente viáveis para a 
maioria das aplicações terrestres. No entanto, demonstram eficiências e 
densidades de potência impressionantemente altas, levando a uma aplicação 
estabelecida na indústria aeroespacial. 
Como vantagens da tecnologia, podemos citar: 
• melhor desempenho do cátodo; 
• potencial para catalisadores de metal não preciosos; e 
• baixo custo de materiais, podendo utilizar eletrólito de custo 
extremamente baixo. 
Como desvantagens, podemos citar: 
• deve-se utilizar obrigatoriamente H2 (hidrogênio) e O2 (oxigênio) puros; 
• o eletrólito KOH pode precisar de reposição ocasional; e 
• deve-se remover a água do ânodo. 
4.4 Célula a combustível de carbonato fundido – Molten carbonate fuel 
cell(MCFC) 
O eletrólito no MCFC é uma mistura de carbonatos alcalinos fundidos, 
Li2CO3 (carbonato de lítio) e K2CO3 (carbonato de potássio), imobilizado em uma 
matriz LiO-AlO2. O íon carbonato (CO32–) atua como o portador de carga móvel. 
No MCFC, o CO2 (dióxido de carbono) é produzido no ânodo e consumido 
no cátodo. Portanto, esses sistemas devem extrair o CO2 do ânodo e o recircular 
para o cátodo – uma situação contrastante em relação ao AFC, onde o CO2 deve 
ser excluído do cátodo. O processo de reciclagem de CO2 é na verdade menos 
complicado do que se poderia supor. 
Normalmente, o fluxo de resíduos do ânodo é alimentado a um queimador, 
onde o excesso de combustível é queimado. A mistura resultante de vapor e CO2 
é então misturada com ar fresco e fornecida ao cátodo. O calor liberado no 
combustor pré-aquece o ar reagente, melhorando a eficiência e mantendo a 
temperatura de operação. 
Os eletrodos são de níquel, já o ânodo geralmente consiste em uma liga 
de níquel/cromo, enquanto o cátodo consiste em um óxido de níquel litiado. Em 
ambos os eletrodos, o níquel fornece atividade catalítica e condutividade. No 
ânodo, as adições de cromo mantêm a alta porosidade e a área de superfície da 
 
 
20 
estrutura do eletrodo. No cátodo, o óxido de níquel litiado minimiza a dissolução 
do níquel, o que poderia afetar negativamente o desempenho da célula a 
combustível. 
A temperatura operacional relativamente alta, em torno de 650°C, fornece 
flexibilidade de combustível, podendo funcionar com hidrogênio (desde que não 
seja puro), hidrocarbonetos simples (como metano) e álcoois simples. Estão 
sendo desenvolvidos para serem movidos a gás natural. A tolerância ao 
monóxido de carbono não é um problema, pois, ao invés de agir como um 
veneno, o CO age como um combustível. 
As células de combustível de carbonato fundido exigem temperaturas de 
operação muito altas, e a maioria das aplicações para esse tipo de célula é 
limitada a grandes usinas de energia estacionárias. A aplicação inicial prevista 
está associada ao calor residual, processamento industrial e em turbinas a vapor 
para gerar mais eletricidade. 
Devido às tensões criadas pelo ciclo de congelamento/descongelamento 
do eletrólito durante os ciclos de inicialização/desligamento, essas células de 
combustível são mais adequadas para aplicações de energia estacionárias e 
contínuas. A eficiência elétrica típica é de aproximadamente 50%. Em aplicações 
combinadas de calor e energia, a eficiência pode chegar perto de 90%. 
Como vantagens da tecnologia, podemos citar: 
• flexibilidade de combustível; 
• catalisador de metal não precioso (mais barato); e 
• calor residual de alta qualidade para aplicações de cogeração. 
Como desvantagens, podemos citar: 
• deve implementar a reciclagem de CO2; 
• eletrólito fundido e corrosivo; 
• degradação/problemas de ciclo de vida; e 
• materiais relativamente caros. 
4.5 Célula a combustível de óxido sólido – Solid-oxide fuel cell (SOFC) 
Essas células de combustível empregam um eletrólito sólido de cerâmica, 
geralmente feito de zircônia estabilizada com ítria (YSZ), que é um condutor de 
íon de oxigênio (vacância de oxigênio). Em um SOFC, a água é produzida no 
ânodo, e não no cátodo, como em um PEMFC. 
 
 
21 
Os materiais do ânodo e do cátodo são diferentes. O eletrodo de 
combustível deve ser capaz de suportar o ambiente de alta temperatura 
altamente redutor do ânodo, enquanto o eletrodo de ar deve ser capaz de 
suportar o ambiente de alta temperatura altamente oxidante do cátodo. O 
material mais comum para o eletrodo anódico é um cermet de níquel-YSZ (um 
cermet é uma mistura de cerâmica e metal). 
O níquel fornece condutividade e atividade catalítica. O YSZ adiciona 
condutividade iônica, compatibilidade de expansão térmica, estabilidade 
mecânica e mantém a alta porosidade e área de superfície da estrutura do 
ânodo. O eletrodo do cátodo é geralmente um material cerâmico misto condutor 
de íons e eletronicamente condutor. Os materiais catódicos típicos incluem 
lantânio manganita dopada com estrôncio (LSM), ferrita lantânio-estrôncio (LSF), 
lantânio-estrôncio cobaltita (LSC) e ferrita lantânio-estrôncio-cobaltita (LSCF). 
Esses materiais apresentam boa resistência à oxidação e alta atividade catalítica 
no ambiente catódico. 
A temperatura de operação do SOFC está atualmente entre 600 e 
1000°C. A alta temperatura operacional oferece desafios e vantagens. As 
vantagens incluem flexibilidade de combustível, alta eficiência e a capacidade de 
empregar esquemas de cogeração usando o calor residual de alta qualidade que 
é gerado. A eficiência elétrica do SOFC, operando sozinho, é de cerca de 50-
60%, enquanto em aplicações combinadas de calor e energia, a eficiência pode 
chegar a 90%. Os desafios incluem problemas no empilhamento do hardware, 
vedação e interconexão de células. A alta temperatura torna os requisitos de 
materiais, problemas mecânicos, questões de confiabilidade e tarefas de 
correspondência de expansão térmica mais difíceis. 
Um projeto de SOFC operando em temperaturas intermediárias, entre 400 
e 700°C, poderia remover a maioria das desvantagens associadas à operação 
em alta temperatura, mantendo os benefícios mais significativos. No entanto, 
ainda existem muitos problemas fundamentais que precisam ser resolvidos 
antes que a operação em temperatura mais baixa possa ser alcançada. 
Como vantagens da tecnologia, podemos citar: 
• flexibilidade de combustível; 
• catalisador de metal não precioso (menor custo); 
• calor residual de alta qualidade para aplicações de cogeração; 
• eletrólito sólido; e 
 
 
22 
• densidade de potência relativamente alta. 
Como desvantagens, podemos citar: 
• problemas significativos com materiais expostos a alta temperatura; 
• problemas de vedação; 
• componentes/fabricação relativamente caros; e 
• inicialização lenta. 
4.6 Outras 
As células de combustível são uma tecnologia com muita variedade para 
inovação. Apresentamos os principais tipos de células de combustíveis, no 
entanto, existem muitas outras células de combustível que representam 
variantes dos tipos padrão ou não se enquadram facilmente na classificação 
típica. 
• Célula a combustíveis direta de combustível líquido – Direct Liquid-Fueled 
Fuel Cells. 
• Células de combustível biológicas – Biological Fuel Cells. 
• Célula a combustíveis sem Membrana – Membraneless Fuel Cells. 
• Célula a metal e ar – Metal–Air Cells. 
• Célula a combustível de câmara única – Single-Chamber SOFC. 
TEMA 5 – PRINCIPAIS APLICAÇÕES 
O hidrogênio é um dos mais promissores portadores de energia para o 
futuro, pois possui alta eficiência e é um combustível pouco poluente. O 
hidrogênio é uma molécula muito importante com uma enorme amplitude e 
extensão de aplicação. Atualmente, está sendo usado em muitas indústrias, 
desde química e refino até metalúrgica, de vidro e eletrônica. 
O hidrogênio é amplamente considerado como um portador de energia 
promissor para descarbonizar o transporte rodoviário, mitigar a emissão de 
gases nocivos e aumentar a segurança do fornecimento de energia, 
consequentemente, a economia do hidrogênio tem atraído cada vez mais 
atenção em todo o mundo, recentemente. 
 
 
23 
O hidrogênio elementar encontra sua principal aplicação industrial na 
fabricação de amônia (um composto de hidrogênio e nitrogênio, NH3) e na 
hidrogenação de monóxido de carbono e compostos orgânicos. 
Dentre outras aplicações do hidrogênio, agora na forma de gás, tem a 
produção da amônia e do metanol, utilizado na remoção de enxofre de 
combustíveis, na hidrogenação de óleos e gorduras, na indústria de corantes e 
para aplicação criogênica. O hidrogênio já foi utilizado em balões e dirigíveis, 
mas, por ser inflamável, causou acidentes e foi descartado. 
Os usos atuais de hidrogênio em várias indústrias em todo o mundo 
podem ser notados devido ao aumentodo uso de óleos crus mais pesados, os 
quais contêm maiores quantidades de enxofre e nitrogênio, visando atender a 
padrões de emissão rigorosos. O hidrogênio está experimentando um 
crescimento muito rápido na indústria de refino de petróleo. 
Nos próximos anos, veremos um grande surgimento de células de 
combustível de hidrogênio como uma opção de energia alternativa tanto para 
transporte quanto para uso doméstico. A expectativa a longo prazo é que o 
hidrogênio seja usado como combustível, produzido a partir de energia 
renovável, fóssil ou nuclear, oferecendo uma fonte de energia ambientalmente 
aceitável e eficiente. 
Nos últimos anos, muitos cientistas e engenheiros entraram no campo do 
hidrogênio e das células de combustível porque apresenta grande espaço para 
inovação, com altos valores de financiamento. O objetivo é transformar a forma 
como a energia é fornecida e usada nos próximos anos, com grandes mudanças 
nas tecnologias de produção, distribuição e conversão, como uma resposta à 
instabilidade política de muitos países produtores de petróleo, incerteza sobre 
os recursos e aumento preocupações sobre os efeitos ambientais. 
Muitas são as aplicações do hidrogênio. A National Aeronautics and 
Space Administration ou Administração Nacional da Aeronáutica e Espaço 
(NASA) utiliza do hidrogênio tanto como combustível principal dos foguetes que 
levam o ônibus espacial até a órbita como em forma de baterias de hidrogênio, 
também chamadas de células de combustível, já estudada anteriormente, que 
alimentam o sistema elétrico da espaçonave e também utiliza a fonte como água 
pura para a tripulação. 
Um dos principais pontos para a utilização das células de combustível é a 
descarbonização do setor de transporte, como em carros de passageiros, ônibus 
 
 
24 
(transporte urbano e ônibus escolares), caminhões (entrega urbana, lixo, 
caminhões de transporte perto de portos, caminhões de distribuição, caminhões 
de carga), empilhadeiras, equipamento de apoio em solo de aeroporto, drones, 
aviões, trens, barcos (navios, balsas e embarcações de recreio). 
Nada mudará mais o futuro da mobilidade do que a eletrificação do trem 
de força para apoiar comportamentos sociais em constante mudança e 
regulamentações de emissões. O veículo do futuro usará menos combustível e 
produzirá menos emissões. 
Enquanto os carros movidos a bateria são ideais para viagens urbanas e 
curtas distâncias, os veículos com célula a combustível a hidrogênio são mais 
adequados para distâncias mais longas, reboques e reabastecimento rápido. 
Carros elétricos de célula a combustível de hidrogênio convertem 
hidrogênio do tanque de combustível em eletricidade para alimentar o motor 
elétrico do veículo. Esses veículos têm desempenho e aceleração semelhantes 
aos carros a gasolina ou diesel, com autonomia de até 700 quilômetros. 
A seguir, podemos verificar o esquema de funcionamento de um carro 
movido a célula a combustível. 
 
Fonte: metamorworks/Shutterstock. 
 
 
25 
O setor de caminhões é um dos maiores contribuintes em emissões de 
gases de efeito estufa e problemas de qualidade do ar urbano em muitos países, 
já que quase todas as mercadorias viajam de caminhão, desde os fabricantes 
até os consumidores. 
Embora os caminhões representem apenas 10% de todos os veículos nas 
estradas, eles contabilizam cerca de 40% das emissões de carbono, e isso deve 
aumentar ainda mais devido ao crescimento do comércio eletrônico e de outras 
atividades de frete rodoviário para apoiar o aumento da população. 
Os caminhões com células de combustível com extensão ampliada 
oferecem vantagens significativas em relação aos caminhões elétricos com 
bateria pura, pois o peso é o inimigo da quilometragem nessa aplicação. Tentar 
ganhar alcance adicionando mais bateria reduz a quantidade de carga útil que 
um caminhão pode carregar. E a capacidade de reabastecer rapidamente é de 
grande importância para frotas de caminhões que não conseguem acomodar o 
tempo de inatividade com seus padrões de frete. 
Um sistema estendido com várias células de combustível é a solução ideal 
para veículos pesados, pois estende a distância percorrida usando hidrogênio a 
bordo. Nesse formato híbrido, as baterias ajudam a fornecer potência de pico, 
enquanto durante a desaceleração elas recuperam energia por meio de 
frenagem regenerativa. 
A indústria de frete marítimo tornou-se um foco importante para a 
mudança em direção a emissões zero, especialmente desde que os 170 países 
membros da Organização Marítima Internacional concordaram em reduzir pela 
metade as emissões de transporte até 2050, em comparação com a linha de 
base de 2008. 
Os sistemas de células a combustível também podem ser usados como 
sistemas de geração distribuída, com fornecimento de energia próximo à carga, 
evitando a construção da linha de transmissão ou perdas na linha. Os sistemas 
de células a combustível com fornecimento de gás natural resultam em emissões 
gerais de CO2 mais baixas quando comparados com geração por carvão ou outro 
combustível fóssil. 
Outra razão para o alto interesse gerado pelo hidrogênio é que ele 
também pode servir como um transportador de energia para armazenar e 
fornecer energia sustentável e renovável, como eólica, solar e bioenergia etc. 
Portanto, o hidrogênio desempenha um papel promissor e significativo para o 
 
 
26 
desenvolvimento de um sistema de energia sustentável e ecologicamente 
correto no futuro do mundo. 
O setor de energia estacionária, como energia primária e aquecimento 
para casas e edifícios, iluminação de emergência ou crítica, geradores ou outros 
usos quando os sistemas regulares falham, fonte de alimentação ininterrupta 
(UPS), variando de pequenos sistemas de backup de energia a grandes 
sistemas residenciais, industriais e primários, ou para sistemas combinados de 
aquecimento e energia. Cada um desses sistemas de células de combustível 
estacionárias fornece energia confiável, limpa e silenciosa, bem como maior 
eficiência, resiliência, emissões reduzidas e custos de energia mais baixos. 
Como exemplo, podemos citar as células de combustível que forneceram 
energia reserva de emergência para torres de telecomunicações. 
As células de combustível podem ser empregadas em equipamentos 
portáteis, que são projetados e construídas para serem movidos. Isso inclui 
aplicações militares, unidades de energia auxiliares, produtos portáteis 
(equipamentos de poda), pequenos aparelhos eletrônicos pessoais (MP3 player, 
câmeras digitais, celulares), grandes aparelhos eletrônicos pessoais (laptop, 
impressoras, rádios), kits educacionais e brinquedos. 
Para fornecer energia a esses produtos, células de combustível portáteis 
estão sendo desenvolvidas em uma ampla gama de tamanhos, variando de 
menos de 5W até mais de 500W. 
A seguir podemos visualizar de forma mais resumida boa parte das 
aplicações do hidrogênio. 
 
 
27 
 
Fonte: vectorwin/Shutterstock. 
FINALIZANDO 
Chegamos ao final da nossa aula, em que pudemos estudar sobre o 
hidrogênio e as células a combustível. 
Ele é abundante, muito eficiente e não produz emissões quando utilizado 
em uma célula a combustível. Não é tóxico, pode ser produzido a partir de fontes 
renováveis e não gera gases de efeito estufa como subproduto. 
Ao longo da nossa aula, foram apresentados os conceitos de células a 
combustível, como elas funcionam e quais os passos necessários para se obter 
energia elétrica através da utilização do hidrogênio. 
Em seguida, verificamos quais os principais componentes de uma célula 
a combustível, as partes necessárias para montar o dispositivo de conversão de 
energia química. 
 
 
28 
Foram detalhados os cinco tipos mais comuns de células a combustível 
utilizados atualmente, bem como alguns exemplos adicionais de sistemas que 
ainda necessitam de maiores estudos para que possam apresentar maior 
maturação. 
Por fim,com o intuito de exemplificar a utilização de tudo o que falamos 
na nossa aula, foram apresentados os exemplos de aplicação da tecnologia de 
células a combustível e o quão longe a tecnologia pode chegar, contribuindo 
para que possamos reduzir as emissões de gases poluentes para a atmosfera. 
Espero que vocês tenham gostado dos nossos estudos sobre energias 
renováveis e que todo o conteúdo apresentado tenha sido proveitoso. 
Bons estudos! 
 
 
 
29 
REFERÊNCIAS 
DIAS, D. L. Hidrogênio. Manual da Química, 2021. Disponível em: 
. Acesso em: 
19 out. 2021. 
ECYCLE, J. A. O que é hidrogênio e quais suas características? Matéria, 2021. 
Disponível em: . Acesso em: 17 out. 
2021. 
LINARDI, M. Hidrogênio e Células a Combustível. Instituto de Pesquisas 
Energéticas e Nucleares IPEN/CNEN-SP, 2008. Disponível em: 
. Acesso em: 19 out. 2021. 
	CONVERSA INICIAL
	TEMA 1 – O HIDROGÊNIO
	1.1 Fontes de hidrogênio
	1.2 Formas de obtenção do hidrogênio
	1.3 Hidrogênio verde
	TEMA 2 – CÉLULAS A COMBUSTÍVEL
	2.1 Princípio básico de funcionamento
	TEMA 3 – COMPONENTES DE SISTEMAS COM CÉLULA A COMBUSTÍVEL
	TEMA 4 – TECNOLOGIAS EMPREGADAS EM CÉLULAS DE COMBUSÍVEL
	4.1 Célula a combustível de ácido fosfórico – Phosphoric acid fuel cell (PAFC)
	4.2 Célula a combustível com membrana de polímero eletrolítico – Polymer electrolyte membrane fuel cell (PEMFC)
	4.3 Célula a combustível alcalina – Alkaline fuel cell (AFC)
	4.4 Célula a combustível de carbonato fundido – Molten carbonate fuel cell (MCFC)
	4.5 Célula a combustível de óxido sólido – Solid-oxide fuel cell (SOFC)
	4.6 Outras
	TEMA 5 – PRINCIPAIS APLICAÇÕES
	FINALIZANDO
	REFERÊNCIAS

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